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EXAME NACIONAL DE HISTÓRIA A 12º ANO 10ºANO Módulo 3: A abertura europeia ao mundo – mutações nos conhecimentos, sensibilidade e valores nos séculos XV e XVI Unidade 1 – A geografia cultural europeia de quatrocentos e quinhentos 1.1. Principais centros culturais de produção e difusão de sínteses e inovações Objetivo 1. A ampliação do conhecimento do Mundo pelos Europeus nos séculos XV e XVI Idade Moderna: 1450 - 1789 (Rev. Francesa) – desanuviamento da “trilogia negra” – propícios à época dos Descobrimentos. Séculos XV e XVI: paz, apoio da Burguesia há expedições e auxílio dos inventos técnicos (mapa com rosa-dos-ventos, bússola, astrolábio, balestilha e caravela portuguesa). Descobrimentos - Destaque para os Portugueses e os Espanhóis: Bartolomeu Dias (1487/88) – Cabo das Tormentas; Vasco da Gama (1497/99) – Caminho marítimo para a Índia – Rotas marítimas de comércio das especiarias; Pedro Álvares Cabral (1500) – Descoberta d Brasil – Colónias portuguesas mais promissoras; Cristóvão Colombo (1492/93) Antilhas (continente americano); Fernão de Magalhães (1519/22) – Circum-navegação – Alteração dos conhecimentos geográficos e astronómicos. Objetivo 2. Progresso económico, demográfico, social e político Idade Moderna - Dinamismo geral: Crescimento demográfico, Desenvolvimento económico (comércio mundial), Criação de elites burguesas e aristocráticas e Reforço do poder político de príncipes e monarcas. Objetivo 3. Importância de certos inventos Séculos XV e XVI - Proliferação de inventos técnicos - Navegação transoceânica: p.e. astrolábio e caravela;

História A - módulo 3, 4 e 6

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EXAME NACIONAL DE HISTÓRIA A 12º ANO

10ºANO

Módulo 3: A abertura europeia ao mundo – mutações nos conhecimentos, sensibilidade e valores nos séculos XV e XVI

Unidade 1 – A geografia cultural europeia de quatrocentos e quinhentos

1.1. Principais centros culturais de produção e difusão de sínteses e inovações

Objetivo 1. A ampliação do conhecimento do Mundo pelos Europeus nos séculos XV e XVI

Idade Moderna: 1450 - 1789 (Rev. Francesa) – desanuviamento da “trilogia negra” – propícios à época dos Descobrimentos.

Séculos XV e XVI: paz, apoio da Burguesia há expedições e auxílio dos inventos técnicos (mapa com rosa-dos-ventos, bússola, astrolábio, balestilha e caravela portuguesa).

Descobrimentos - Destaque para os Portugueses e os Espanhóis:

Bartolomeu Dias (1487/88) – Cabo das Tormentas; Vasco da Gama (1497/99) – Caminho marítimo para a Índia – Rotas marítimas de comércio

das especiarias; Pedro Álvares Cabral (1500) – Descoberta d Brasil – Colónias portuguesas mais

promissoras; Cristóvão Colombo (1492/93) – Antilhas (continente americano); Fernão de Magalhães (1519/22) – Circum-navegação – Alteração dos conhecimentos

geográficos e astronómicos.

Objetivo 2. Progresso económico, demográfico, social e político

Idade Moderna - Dinamismo geral: Crescimento demográfico, Desenvolvimento económico (comércio mundial), Criação de elites burguesas e aristocráticas e Reforço do poder político de príncipes e monarcas.

Objetivo 3. Importância de certos inventos

Séculos XV e XVI - Proliferação de inventos técnicos

- Navegação transoceânica: p.e. astrolábio e caravela;

- Dominação europeia: pólvora e armas de fogo;

- Quotidianos: óculos, relógio portátil.

- Invenção da imprensa: passagem da cópia manual à impressão em tipos, por Gutenberg, permitiu a rápida difusão dos escritos gregos e latinos e também das obras revolucionadoras da perceção do mundo. O livro impresso tornou-se no meio de difusão cultural (fácil acesso e barato). O primeiro exemplar impresso foi a Bíblia.

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Objetivo 4. A renovação renascentista

Renascimento (Vasari, século XVI): A Europa fez renascer toda a cultura greco-latina, esquecida durante a Idade Média.

A Antiguidade Clássica (Grécia e Roma) foi o grande modelo dos humanistas (intelectuais) do Renascimento: na arte e na inspiração em filósofos gregos.

Objetivo 5. Principais centros culturais da Europa do Renascimento

Itália – Primeiro centro cultural do Renascimento

Países Baixos – Jan Van Eyck, pintura a óleo; Erasmo de Roterdão, exemplar modelar do humanista do Renascimento, graças aos escritos plenos de espirito crítico.

França – Paris e Lião, lugares centrais do Renascimento, apoiado por Francisco I.

Império Germânico – Invenção da imprensa, centros de Humanismo (universidade de Nuremberga ou cidade de Colónia) - Pintores: Durer e Holbein.

Inglaterra – Universidade de Oxford e Cambridge – Thomas More, Utopia.

Península Ibérica – Colégio das Artes e Humanidades em Coimbra, por D. João III em 1547

Hungria – Biblioteca Corviniana, pelo monarca Matias Corvino

Polónia – Rei Casimiro IV estimulou a difusão cultural, Universidade de Cracóvia – Nicolau Copérnico, teoria heliocêntrica

Objetivo 6. O papel inspirador de Itália

Pontos fortes de Itália: Herança, em solo próprio, dos vestígios da cultura greco-latina; Passado histórico de sucesso económico (Idade Média, dominaram os principais circuitos mercantis entre a Europa e o restante mundo conhecido); Presença de famílias ricas ligadas ao poder religioso que apoiaram financeiramente os artistas (mecenato) – os Médicis em Florença.

Polos culturais italianos:

- Florença: sábio Picco della Mirandola, arquiteto Brunelleschi, escultor Donatello, pintor Boticelli, génio Leonardo da Vinci;

- Nápoles: Lorenzo Valla;

- Roma: obras de Rafael e Miguel Ângelo;

- Veneza: pintores Tintorretto e Ticiano (oficinas tipográficas).

Objetivo 7. Inovações e sínteses culturais

Homens do renascimento: Intervieram na arte e na cultura movidos pelas preocupações do seu tempo.

Fusão entre a influência greco-latina e as diversidades regionais:

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- Construções manuelinas em Portugal (Torre de Belém): decoração arcaizante a elementos marítimos (Descobrimentos);

- Castelos do vale de Loire (castelo de Chambord): decoração de gosto italiano às estruturas do gótico francês.

Objetivo 8. Dinamismo civilizacional e a “promoção do Ocidente”

Nos séculos XV e XVI houveram transformações que colocaram a Europa a um nível equiparável ao das avançadas civilizações chinesa e muçulmana. Destacam-se como fatores de dinamismo:

- Produção de grandes obras literárias escritas tanto em grego e latim como nas línguas nacionais;

- Nascimento do sentimento nacionalista;

- Desenvolvimento do individualismo;

- Reformas religiosas (protestantes e católica);

- Difusão da instrução entre as classes privilegiadas;

- Progresso económico;

- Descoberta (e exploração económica) do Extremo Oriente e da América;

- Enorme quantidade de inventos ou aperfeiçoamentos técnicos;

- Revisão de conhecimentos científicos sobre o Homem e o universo.

Em suma, o Renascimento consistiu no “grande momento da promoção do Ocidente”.

Objetivo 9. Especificidade do contributo ibérico para a síntese renascentista

O principal contributo da Península Ibérica para o Renascimentos consistiu, por um lado, na descoberta do Mundo, através das viagens de navegação e, por outro lado, o domínio do tráfico comercial à escola mundial, transferindo o centro da economia do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico.

1.2. O cosmopolitismo das cidades hispânicas – importância das Lisboa e Sevilha

Objetivo 10. O cosmopolitismo de Lisboa e Sevilha

Lisboa – Século XVI foi um período áureo. Herdeira de uma tradição comercial, a cidade beneficiou da expansão ultramarina portuguesa. O seu espaço urbano expandiu-se, enquanto o contingente populacional aumentou: final do século, Lisboa registava uma população superior à de Roma e à de Amesterdão, devido ao intenso cosmopolitismo (capacidade de atração). A cidade do Porto, que teve um importante papel na aventura dos Descobrimentos, evoluiu em menor escala e passou para segundo plano.

Marcos de prosperidade na Lisboa quinhentista:

1. O intenso tráfego, no porto de Lisboa, de navios de diferentes origens e envergaduras.2. Os estaleiros da Ribeira das Naus, onde se construíam e reparavam as embarcações.

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3. O afluxo de produtos e de metais preciosos às Casas da Mina e da Índia.4. A vinda de mercadorias e de banqueiros europeus a Lisboa.5. A riqueza em conhecimentos geográficos, astronómicos e cartográficos, proporcionada

pelas viagens de descoberta.6. A expansão urbana.7. Afirmação de Lisboa enquanto metrópole politica.

Sevilha – controlo da Carreira das Índias (rota dos metais preciosos que ligava a Espanha à América, continente descoberto por Cristóvão Colombo em 1492). Aspetos importantes:

1. O movimento portuário.2. A riqueza da cidade em homens.3. A riqueza em bens alimentares.4. A tradição comercial.5. Os conhecimentos de astronomia e de cartografia.6. A riqueza em ouro e prata.7. O controlo da rota do Extremo Oriente.8. A renovação urbanística.9. O poder dos reis Católicos.

Unidade 2 – O alargamento do conhecimento do mundo***

1.1. O contributo português***

Objetivo 1. Os progressos náuticos e cartográficos

Os principais progressos náuticos e cartográficos resultaram do aperfeiçoamento de técnicas muito antigas, difundidas por Árabes e Judeus:

1. A bússola ou agulha de marear (navegação por rumo);2. O astrolábio (navegação astronómica);3. A balestilha (navegação astronómica);4. O leme montado no cadaste (mudança mais rápidas de direção);5. A tábua quadrienal de declinação solar (valor da latitude);6. A caravela portuguesa (viagens de exploração costeiras);7. A nau e o galeão (viagens de longo curso);8. Os guias náuticos e os roteiros resumiam os dados mais relevantes para a navegação –

ventos, correntes, etc.;9. As cartas-portulanos eram onde se assinalavam os portos e as rotas de navegação obtidas

através da bússola.

Objetivo 2. Apropriação do espaço planetário proporcionado pela expansão marítima

1. As viagens de expansão marítima colocaram problemas novos aos marinheiros, tais como os ventos contrários e a força das correntes. Para tal, a caravela, navio veloz e manobrável, permitia navegar à bolina graças às suas velas triangulares ou latinas;

2. As viagens do longo curso, até ao Oriente e à América, exigiam navios maiores (mais mercadoria) e mais resistentes (evitar naufrágios). A nau e o galeão surgiram para tal;

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3. A navegação costeira e a navegação por rumo e estima, com recurso à bússola, não eram suficientes. Assim, os Portugueses recorreram ao astrolábio e ao quadrante e inventarem a balestilha. Associaram-nos às tábuas de declinação solar, inaugurando a navegação astronómica;

4. Aas anotações feitas durante as viagens marítimas originaram os guias náuticos e roteiros, bases de dados de apoio à navegação fundamentada na experiência direta;

5. Até às viagens de descoberta, a cartografia existente era falsa: existiam apenas três continentes e a configuração de África e do Oriente não correspondia à verdade;

6. As viagens de descoberta revelaram a invalidade dos mapas anteriores, substituindo-os por cartas-portulanos (bacia do mediterrâneo), cartas com escala de latitudes, planisférios (cabo da Boa Esperança, litoral brasileiro e costa africana.

Objetivo 3. Contributos da expansão marítima nos domínios da Geografia física e humana, da Botânica, da Zoologia e da Cosmografia

Os portugueses descobrirão que as regiões equatoriais eram habitáveis e que a comunicação entre os oceanos Atlântico e Índico era possível. Graças à navegação astronómica, a cartografia avançou bastante, com base em informações exatas quanto aos contornos geográficos e às distâncias.

O encontro com outros povos e regiões deu a conhecer novas culturas, novas faturas e novas floras.

No que diz respeito à cosmografia, as viagens de descoberta tornaram impossível sustentar as antigas noções sobre o universo (p.e., a teoria geocêntrica).

1.2. O conhecimento científico da Natureza***

Objetivo 4. Carater experiencialistas deste novo saber

Na Idade Moderna, em virtude do contacto direto com outros continentes aquando da Expansão ultramarina, privilegia-se um novo tipo de saber, o experiencialismo, baseado na observação e descrição direta da natureza.

Paralelamente ao experiencialismo, foi-se afirmando uma mentalidade quantitativa: para que a observação se tornasse objetiva, era fundamental recorrer ao número.

Objetivo 5. Experiencialismo VS ciência moderna

O experiencialismo baseava-se mais nos sentidos e no bom senso. A ciência, baseada em hipóteses verificadas pela experiência, só surge no século XVII.

Objetivo 6. A Revolução cosmológica coperniciana – manifestação de ciência moderna

O nascimento da ciência moderna associa-se à afirmação da Matemática como linguagem científica universal. Leonardo da Vinci, Itália, já defendia a verificação matemática das hipóteses, assim como Pedro Nunes, Portugal, defendia as demonstrações matemáticas.

O papel da matemática eleva-se no campo da visão cosmológica do Universo. A teoria geocêntrica (Aristóteles e Ptolomeu), que agradava à Igreja não era válida. Nicolau Copérnico concluiu, no século XVI, a partir da observação astronómica, que o Sol era o centro do

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Universo, sobre qual giraria tudo o resto. A teoria heliocêntrica resultou de cálculos matemáticos e provocou uma revolução cosmológica: Galileu inaugura o pensamento científico moderno – realização de experiências com telescópio, utilização da matemática como linguagem universal e espírito crítico. Apesar da perseguição pela Inquisição, as ideias de Galileu (teoria heliocêntrica, fases da Lua, anéis de saturno, etc.) impuseram-se pela demonstração dos factos, nascendo a ciência moderna (século XVI).

Unidade 3 – A produção cultural***

1.1. Distinção social e mecenato

Objetivo 1. Atitudes socioculturais de cariz individualista

Renascimento – Um das suas principais características é reconhecimento do valor do indivíduo. O Homem é válido por si próprio, pelas suas qualidades intelectuais. O individualismo revela-se na ostentação das elites cortesãs e burguesas, no estatuto de prestígio de intelectuais e artistas, na prática do mecenato, na mentalidade antropocêntrica, na redescoberta do indivíduo na arte.

Objetivo 2. Ostentação das elites cortesãs e burguesas

Na Idade Moderna, as elites cortesãs e burguesas viviam em ambiente de desafogo económico e otimismo, o que as levava a exibir a sua condição privilegiada: vestes luxuosas, joias, banquetes, palácios decorados, bibliotecas, símbolos de ostentação. A demonstração de riqueza servia o propósito de reforçar a sua ascensão social.

Assim, a cultura foi incentivada e apoiada pelas elites, transformando-se num símbolo de refinamento e de riqueza material.

Objetivo 3. A sociabilidade renascentista

As relações sociais entre as elites renascentistas desenvolviam-se no âmbito das cortes. A vida cortesã tinha grandes festas e eventos culturais onde brilhavam os talentos artísticos dos humanistas. O cortesão, pelo seu estatuto, estava sujeito a regras pré-definidas quanto ao seu comportamento em sociedade: as regras de civilidade, devendo assim ser um modelo em boas maneiras: porte elegante, vestuário cuidado, capacidades militares, dotes de sociabilidade e erudição. Devia também respeitar e elogiar as mulheres.

Objetivo 4. O mecenato e o estatuto de prestígio dos intelectuais e artistas

No Renascimento, os artistas encontravam-se dependentes financeiramente de burgueses ou nobres de elevado estatuto. Esta prática do mecenato, que condicionou a criação artística, foi fundamental para toda a produção cultural do Renascimento, do qual se destacam os mecenas: Médicis, de Florença, Papa Leão X, e D. João II, D. Manuel I e D. João III de Portugal.

O estatuto dos intelectuais e artistas ascendeu: o artista plástico passou a ser valorizado pela sua função criativa, passando a assinar as suas obras – Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, Botticelli, Rafael ou Brunelleschi. Intelectuais como Erasmo de Roterdão ou

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Rabelais eram admirados por reis e papas, adquirindo uma dignidade ímpar na sociedade. Por vezes os protegidos, devido ao seu prestígio, chegavam a impor os seus desejos aos seus protetores.

Objetivo 5. Ambiente propiciador de cultura na corte régia portuguesa

Os reis D. João II, D. Manuel I e D. João III favoreceram a arte e a cultura e utilizaram-nas como meio de reforço do poder régio: acolhimento de humanistas estrangeiros, atribuição de bolsas a estudantes portugueses no estrangeiro, fundação do Colégio das Artes (D. João III), contratação de artistas estrangeiros para a corte portuguesa, construção e intervenção em grandes obras arquitetónicas (mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, Mosteiro da Batalha), casamentos reais, embaixadas.

1.2. A reinvenção das formas artísticas

Objetivo 6. Características antropocêntricas do Humanismo

O Renascimento inaugura uma visão antropocêntrica do Universo, colocando o Homem no centro das suas preocupações.

No antropocentrismo, o Homem é um ser cuja principal característica é o livre-arbítrio, o que permite a sua elevação espiritual mas também a sua corrupção, perda de dignidade e equivalência a seres não-racionais.

O Humanista deve escolher dignificar-se para atingir a perfeição.

Objetivo 7. Valorização da antiguidade pelo Humanismo

Renascimento = renascer da cultura da Antiguidade Clássica (dos gregos e dos romanos).

A cultura greco-latina, o modelo dos humanistas, era recuperada de variadas formas: Investigação, preservação e difusão (imprensa e bibliotecas públicas) dos manuscritos clássicos (Homero, Virgílio e Cícero); Aprendizagem do grego, do latim (e do hebreu) como fundamento da erudição; Imitação dos autores greco-latinos (Eneida de Virgílio serviu de inspiração para Os Lusíadas); Tradução e reinterpretação de obras clássicas (deturpadas na Idade Média); Vinda de sábios gregos a várias cidades europeias e deslocação de humanistas a locais de interesse cultural, para satisfazer a sede de conhecimento sobre os antigos.

Objetivo 8. A consciência da modernidade no movimento humanista

O humanista era o intelectual (eclesiástico ou universitário) que, inspirado na herança greco-latina, fazia progredir a arte, a literatura, a ciência ou o pensamento filosófico, fundindo o legado antigo com os valores do cristianismo e com as novas conceções renascentistas (observação experimental, saber enciclopédico, espírito crítico).

Os humanistas reinventaram o modelo clássico. O próprio estudo das línguas clássicas beneficiou a evolução das línguas nacionais, nas quais foram escritas as grandes obras literárias do Renascimento (Cervantes, Shakespeare ou Camões).

Objetivo 9. O espírito crítico humanista e a critica social e as utopias

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A independência de espirito dos humanistas refletiu-se nas suas obras: os humanistas evidenciaram os problemas existentes (crítica social) e propuseram alternativas, muitas sem possibilidade de aplicação (utopias).

Salientam-se: Erasmo de Roterdão - criticou os cortesãos, expôs o luxo e a corrupção do Clero, tornou-se num exemplo para a Igreja cristã devido ao respeito dos seus princípios originais; Gil Vicente – satirizou tipo sociais portugueses; Cervantes – parodiou a fantasia de grandeza presente na sociedade espanhola.

As utopias correspondiam ao desejo de justiça dos seus autores: Rabelais (Pantagruel) e Thomas More (Utopia, mundo onde a racionalidade era valorizada e havia liberdade religiosa, valeu-lhe a condenação à morte por Henrique VIII).

Objetivo 10. A ascensão e o declínio do Humanismo em Portugal

A política cultural de D. Manuel I e D. João III privilegiava a atribuição de bolsas a estudantes portugueses no estrangeiro, onde recebiam formação de acordo com as ideias humanistas.

Os monarcas convidavam também a residir em Portugal vários humanistas de renome, estrangeiros ou portugueses residentes no estrangeiro.

Ao nível da literatura temos: Fernão Mendes Pinto, André de Resende, Sá de Miranda, Damião de Góis, António Ferreira, Luís de Camões.

Porém, o dinamismo renascentista em Portugal registou um declínio a partir do último quartel do século XVI, devido à ação da Inquisição e do Índex.

1.3. Os caminhos abertos pelos humanistas

Objetivo 11. Características clássicas e naturalistas da pintura e da escultura renascentistas

A pintura e a escultura do Renascimento obedeciam ao classicismo e ao naturalismo.

Classicismo – inspiração nos artistas da Antiguidade Clássica:

Utilização de elementos arquitetónicos greco-romanos; Evocação de elementos clássicos (colunas, águias romanas) em túmulos católicos

construídos por escultores do Renascimento; Temas retratados: mitologia e história clássicas (p.e., os deuses romanos na pintura de

Botticelli); Representação do corpo humanos, glorificando-o (escultura de David de Miguel Ângelo, o

primeiro nu desde o Império Romano); Valorização da proporção, da simetria, da harmonia (escultura de David de Miguel Ângelo).

Naturalismo – admiração pela Natureza; representação verosímil dos rostos, da anatomia, do movimento e de todo o tipo de paisagens. Na escultura, é a estátua equestre onde se verifica o extremo realismo.

Aplicação das regras da perspetiva (ilusão da 3ª dimensão numa superfície plana); Pintura a óleo (Jan van Eyck, maior detalhe, gradação de cores e secagem mais rápida).

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Objetivo 12. A superação do legado antigo na pintura renascentista

No Renascimento, o artista adquiriu um estatuto de prestígio pois demonstrou a sua originalidade ao reproduzir as obras dos antigos, daí a existência de enumeras obras-primas. Miguel Ângelo e Leonardo da Vinci foram considerados génios artísticos, pela mestria técnica e inventividade da sua arte.

No entanto, os génios tiveram os seus mestres: Giotto (séc. XIII – XIV, pintura da paisagem, recriação dos volumes e representação dos sentimentos); Masaccio (séc. XV, tridimensionalidade e realismo); Jan van Eyck (técnica da pintura a óleo, naturalismo e luminosidade).

Novas técnicas e fundamentos teóricos:

Pintura a óleo (novos efeitos de pormenor, luz e sombra); Perspetiva (criação dum espaço tridimensional – perspetiva linear, figuras mais afastadas e

de menor dimensão e linhas convergente para um ponto de fuga, e perspetiva aérea, gradação da luz ou sfumato, sensação de afastamento);

Geometrização (cenas representadas desenhavam um pirâmide, na arquitetura um cubo ou paralelepípedo);

Proporção (rigor matemático nas proporções do Homem e dos edifícios); Representações naturalistas (demonstradas no realismo e na expressão de sentimentos

dos rostos, no pormenor das representações anatómicas e na valorização do fundo paisagístico).

Objetivo 13. Características da nova estrutura arquitetónica e da respetiva gramática decorativa

Nova estrutura arquitetónica:

1. Proporção – calculadas matematicamente a partir de uma unidade-padrão;2. Simetria – Planta centrada e simetria das portas e janelas;3. Perspetiva linear – Pirâmide visual;4. Linhas e ângulos retos – Horizontalidade dos edifícios;5. Abóbadas de berço e de arestas;6. Cúpula;7. Arco de volta perfeita;8. Gramática decorativa inspirada na arquitetura clássica – às colunas das ordens

arquitetónicas clássicas juntou-se a orem colossal (elevadas dimensões).

Objetivo 14. A oposição ao estilo Gótico e a inspiração na Antiguidade Clássica

A arquitetura renascentista elegeu como modelo a arquitetura clássica, visível na preferência pela planta centrada, na horizontalidade das linhas dos edifícios, no gosto pelas cúpulas ou no arco de volta perfeita e nas abóbadas de berço.

Na decoração a inspiração clássica é visível na aplicação das ordens arquitetónicas (dórica ou toscana, jónica e coríntia), dos frontões e dos grotescos (decoração das paredes em fresco ou alto-relevo).

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Objetivo 15. Matematização das formas arquitetónicas

A proporção entre as partes do edifício estabelecia-se a partir de uma unidade-padrão, repetida ou multiplicada sucessivamente: p.e., numa igreja todas as medidas (nave central, naves laterais, capela-mor, capelas laterais, etc.) eram rigorosamente calculadas de maneira a inscrever o edifício numa forma geométrica.

O objetivo da simetria absoluta levou à escolha do círculo (forma perfeita, divina, sem principio nem fim, para plantas dos templos. Nas fachadas, a distância entre as janelas e portas era rigorosamente calculada.

Surge uma nova teoria das regras de proporção entre os componentes da ordem: o módulo, medida base.

Objetivo 16. Estilo Manuelino e a persistência e renovação do Gótico

O estilo gótico-manuelino caraterizou a arquitetura portuguesa entre a última década do séc. XV e o primeiro quartel do séc. XVI. É um estilo hibrido devido à mistura de elementos góticos com uma decoração exuberante baseada em motivos naturalistas e com um simbólica heterogénea. A inspiração nos Descobrimentos verifica-se na presença de troncos, ramagens, conchas, boias, cordas e corais. No entanto, o estilo gótico-manuelino português reinterpretou o estilo gótico, através do uso de múltiplos arcos e da abobada rebaixada e única para as 3 naves. Exemplos: Janela da Sala do Capítulo no Convento de Cristo em Tomar, Sé de Viseu, Igreja do Mosteiro dos Jerónimos, pórtico das Capelas Imperfeitas no Mosteiro da Batalha.

Objetivo 17. Caracterizar a pintura e a escultura portuguesas do Renascimento

Escultura – Encontramos os estilos gótico, manuelino e clássico nos túmulos, portais, estátuas de santos, estátuas jacentes e outros elementos religiosos. Para além dos escultores portugueses o património escultório é devedor da presença dos franceses Chanterene, João de Ruão e Filipe Hodarte.

Pintura – Aproximação ao Renascimento surge graças à presença de estrangeiros. Portugueses destacam-se Nuno Gonçalves, com os Painéis de S. Vicente, e Vasco Fernandes (Grão Vasco), com a Sé de Viseu, p.e.

Unidade 4 – A renovação da espiritualidade e da religiosidade***

1.1. A Reforma protestante***

Objetivo 1. Manifestações de crise na Igreja nos fins da Idade Média/ inícios da Idade Moderna

Nos séculos XIV e XV, a Igreja Católica viveu um período conturbado devido à divisão (Cisma) entre dois papas do Ocidente: o de Roma e o de Avinhão.

Além disso, a conduta moral do clero encontrava-se afastada dos princípios do cristianismo: o luxo substituiu o voto de pobreza, os membros do clero tinham filhos

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(desrespeito do voto de castidade), a corrupção assolava a Igreja. Assim, surgem várias críticas e alternativas de fé por parte de fiéis devotos:

O movimento religioso Devotio Moderna (séc. XV) apelava ao desprezo pelos bens materiais e a uma busca individual e interior de Deus;

Wiclif prezava o estudo direto da Bíblia, afastando o valor do claro ou dos sacramentos; Erasmo de Roterdão critica à corrupção, ignorância e hipocrisia do clero; Savonarola criticou os desvios à pureza do cristianismo pelo clero e pelo papa Alexandre

VI.

Alguns deste crítico da Igreja pagaram com a vida a sua frontalidade, muito acabaram queimados na fogueira.

Objetivo 2. A questão das indulgências e a Reforma protestante

Uma das maiores polemicas no seio da Igreja Católica foi a venda de indulgências (perdão para os pecados), o que desvalorizou a prática do “boas obras”. O dinheiro obtido na venda das indulgências servia para as obras da Basílica de S. Pedro do Vaticano

Martinho Lutero, monge agostinho que levava uma vida de despojamento e misticismo, insurge contra a venda de indulgências e afixa, em 1517, na porta da catedral de Wittenberg, as suas “95 teses contra as indulgências”.

O facto de não ter mostrado arrependimento e de ter afirmado que a Bíblia era a única fonte de autoridade e após ter queimado a bula papal que condenava as suas teses e ameaça a excomungação, levaram à sua excomungação e banimento, em 1520, da Igreja Católica.

Banido também do Império, refugiou-se junto dum príncipe e deu início a uma nova doutrina, o luteranismo.

Objetivo 3. Princípios do luteranismo

O luteranismo, de modo a resolver os problemas que minavam a Igreja Católica, estabeleceu novos princípios, buscando a pureza original do cristianismo:

1. Justificação pela Fé2. Teoria da predestinação3. Primado das Escrituras4. Ritos simplificados5. Sacerdócio universal6. Igrejas Nacionais Evangélicas7. Dois Sacramentos – Batismo e Comunhão

Objetivo 4/5. Inovação teológica do luteranismo e a sua rápida difusão

A Igreja Luterana assenta nas relações individuais de cada um dos fiéis com Cristo, sem a obrigatoriedade de seguir com o clero como intermediário.

A hierarquia religiosa foi desvirtuada do poder e do carisma de que goza na Igreja Católica.

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Em suma, esta inovação teológica consistiu em aproximar a Igreja do povo. Para tal contribuiu a difusão da Bíblia (invenção da imprensa) e o uso de línguas nacionais, quer na Bíblia quer na pregação religiosa.

A expansão do luteranismo deveu-se à adesão dos príncipes e da pequena nobreza. Estes apoderaram-se dos bens materiais da Igreja alemã que tinham sido secularizados. Também contribuiu para a expansão a aceitação dos novos princípios teológicos pelos burgueses e pelos camponeses, que aspiravam maior justiça social. Por último, a difusão da reforma está ligada ao avanço da tecnologia da informação: a impressão de livros, imagens e panfletos de humanistas e artistas atuou como veículo de propaganda do luteranismo. Apenas em 1555 é que a Alemanha declarou liberdade religiosa – Paz de Augsburgo.

Objetivo 6. Diversidade de credos protestantes

A vontade de aproximação à doutrina original do Cristianismo concretizou-se na Reforma, na qual se incluem o luteranismo, o calvinismo e o anglicanismo.

Objetivo 7.Calvinismo VS luteranismo

O calvinismo (Suíça) aproximava-se do luteranismo em princípios como a justificação pela fé, a primazia da Bíblia e o sacerdócio universal. Também não se prestava ao culto de deuses nem à Virgem e apenas aceitavam os sacramentos do Batismo e da Eucaristia. Houveram também alterações na hierarquia religiosa.

Só a interpretação da Bíblia por Calvino era considerada correta: a abolição da hierarquia sujeitava o Estado à Igreja, o que originou uma sociedade teocrática que perseguia católicos e protestantes; na Eucaristia, Cristo estava apenas presente em espírito. A teoria da predestinação era absoluta, pois Deus veria toda a eternidade, decidindo o que fazer com cada Homem. Todo aquele que tivesse fé não a perderia jamais, enquanto para Lutero o crente poderia deixar de o ser, comprometendo, assim, a sua salvação.

Objetivo 8. O calvinismo e expansão do capitalismo

Calvino admitia, nas suas teses, a legitimidade do lucro e valorizava o trabalho e a poupança como referências válidas para a formação do ser humano. O homem de negócios tinha lugar entre o grupo de eleitos.

Objetivo 9. A Reforma na Inglaterra

Na Inglaterra, o desejo de divórcio do rei Henrique VIII, invocando a falta de sucessor varão, levou ao seu afastamento da Igreja Católica. Vendo o seu pedido de divórcio recusado, proclamou, em 1534, o Ato de Supremacia, segundo o qual o rei era o único chefe supremo da Igreja de Inglaterra. Esta conversão para o calvinismo, fez com que as igrejas entregassem ao rei todas as suas riquezas (reinado de Eduardo VI).

Objetivo 10. Originalidade do anglicanismo

O anglicanismo instaurado no reinado de Isabel I, que a tornava, segundo o novo Ato de Supremacia de 1559, a administradora suprema da Igreja inglesa. Os princípios do anglicanismo foram consignados na Declaração dos Trinta e Nove Artigos, de 1563:

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1. Justificação pela fé;2. Primazia das Escrituras;3. Dois sacramentos: Batismo e Eucaristia;4. Abolição do celibato;5. Culto em língua inglesa;6. Abolição do culto dos santos, imagens, relíquias e da doutrina do Purgatório;7. Rejeição da predestinação absoluta do calvinismo.

Objetivo 11. Clima de intolerância nos séculos XVI-XVII

Na Alemanha, o luteranismo deu origem a episódios de guerra civil. Em 1565, deu-se a revolta dos Países Baixos devido à expansão do calvinismo.

Em Inglaterra, Isabel I enfrentou a desaprovação de católicos e calvinistas. Estes foram perseguidos reforçando, assim, através do domínio sobre a Igreja, a autoridade real e o poderio da Inglaterra no mundo.

Na França, Catarina de Médicis deu início a um período de perseguições cruéis contra calvinistas.

Por último, ao nível europeu, no séc. XVII, travou-se a Guerra dos Trinta Anos entre protestantes da Boémia, Alemanha, Dinamarca, Suécia, França e Províncias Unidas e a Casa dos Habsburgos, que acabou por assinar a Paz de Vestefália, reafirmando a liberdade de culto.

1.2. Contrarreforma e Reforma católica. O impacto na sociedade portuguesa***

Objetivo 12. Resposta da Igreja Católica à Reforma protestante

No século XVI, perante o afastamento crescente dos fiéis em relação à Igreja Católica, esta empreendeu, por uma lado, uma Reforma da Igreja, no sentido de a aproximar dos princípios doutrinários cristãos e, por outro lado, uma Contra-Reforma, através da condenação explícita e da perseguição das várias formas de protestantismo.

Objetivo 13. Conclusões do Concílio de Trento

Em 1545, deu-se o Concilio de Trento (Itália), o qual evidenciou a Contra-Reforma da Igreja Católica e reafirmou os seus dogmas:

1. Recusa da justificação pela fé;2. Confirmação do dogma da transubstanciação;3. Confirmação da crença no Purgatório;4. Reafirmação do valor dos escritos dos Padres da Igreja como fonte de fé;5. Reafirmação dos 7 sacramentos: Batismo, Eucaristia, Confissão, Crisma, Matrimónio,

Ordens Sagradas, Extrema-Unção;6. Reafirmação da suprema autoridade do Papa sobre a Igreja;7. Reafirmação do culto dos santos e da Virgem Maria;8. Valorização dos rituais;9. Manutenção do latim como língua litúrgica;10. Reafirmação do culto das imagens.

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O Concilio de Trento regulamentou, também, as questões disciplinares, para evitar os abusos e a corrupção do clero:

1. Preparação dos futuros sacerdotes em seminários;2. Obrigação do celibato eclesiástico;3. Estabelecimento de idades mínimas para os cargos de sacerdote e de bispo;4. Obrigação de residência dos padres nas paróquias e dos bispos nas dioceses;5. Obrigação de realização de visitas dos bispos às paróquias das dioceses;6. Proibição de acumulação dos benefícios eclesiásticos.

Para uniformizar a doutrina e regulamentar o culto, redigiram-se 3 documentos importantes: o Catecismo, o Missal e o Breviário.

Objetivo 14. Repressão exercida pelo Índex e pela Inquisição

Índex – lista dos livros proibidos pela Igreja Católica.

Inquisição – tribunal da Igreja Católica criado para perseguir os suspeitos de heresia.

Os principais alvos das perseguições eram os cristãos-novos, mas também todos aqueles suspeitos de contacto com os ideais humanistas. Qualquer comportamento que se afastasse da norma podia ser condenado sob a acusação de bruxaria, bigamia ou sodomia. Uma denúncia levava a interrogatório pela Inquisição, já que eram possível recorrer à sociedade cível para fazerem o seu trabalho. Este facto iniciou um clima de delação constante e medo da denúncia, até porque os métodos usados na averiguação das culpas incluíam a tortura.

Os considerados culpados não obtinham qualquer forma de piedade cristã: nomes afixados, bens confiscados e penas incluíam prisão e auto-de-fé. Quando o condenado era relaxado ao braço secular a jurisdição cumpriria o auto-de-fé, através da morte na fogueira, morte lenta e dolorosa.

Desta forma pereceram grandes figuras da intelectualidade portuguesa: António da Silva (o Judeu) e Damião de Góis, conhecido de protestantes.

Objetivo 15. Ação das novas congregações religiosas

A reforma da Igreja Católica manifestou-se no proselitismo (fervor religioso) das novas congregações religiosas. Destacando-se os Jesuítas da Companhia de Jesus a 3 níveis: Missionação (Ásia, América, Africa), Pregação (sermões do padre António Vieira) e Ensino.

Objetivo 16. Impacto da Contra-Reforma e da Reforma católica na sociedade portuguesa

A dureza com que foram aplicadas, em Portugal, as medidas da Contra-Reforma, principalmente nas penas impostas pela Inquisição e aos Indexes portugueses, valeu-nos um atraso cultural que se arrastou. A ação eficaz das autoridades portugueses que acatavam as medidas repressivas emanadas em Roma provocou a fuga de inúmeras figuras da intelectualidade e do panorama económico (judeus).

Unidade 5 – As novas representações da humanidade

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1.1. O encontro de culturas e as dificuldades de aceitação do princípio da unidade do género humano

Objetivo 1. A atitude dos Ibéricos face aos novos povos que as Descobertas marítimas lhes desvendaram

O desconhecimento em relação aos povos que habitavam o mundo levou à criação de mitos sobre seres monstruosos. Graças às Descobertas marítimas de Portugueses e Espanhóis, as ideias antigas, finalmente desmitificadas, deram lugar ao espanto e à curiosidade. Este encontro criou a ocasião para registar, por escrito, e transmitir ao rei e aos habitantes da metrópole as características fisionómicas e os costumes dos povos encontrados.

Objetivo 2. Encontro entre povos e os confrontos

A crença na superioridade da raça branca e da religião cristã foi o fundamento para as atitudes de preconceito e discriminação que desde cedo envolveram o contacto entre culturas. O “outro” era constantemente interpretado à luz de uma perspetiva europocêntrica.

Para além desta desconfiança pela diferença, um fator entravou o encontro: o desnível entre o poder do Europeu, baseado nas armas de fogo, e o poder do indígena, assegurado, apenas, pelas armas tradicionais.

Objetivo 3/4. Prática da escravatura

Embora a prática da escravatura não fosse nova na Idade Moderna, a partir de 1448 inicia-se o tráfico de escravos africanos destinados aos trabalhos mais duros nas colónia americanas e na Europa.

A justificação económica e a pretensa justificação moral constituíram as bases da escravização e do completo desrespeito pelos direitos humanos que a acompanhou.

A brutalidade com que os detentores de terras espanhóis tratavam os amerindios, sujeitando-os a trabalhos forçados, massacrando-os e desrespeitando a sua imensa riqueza cultural e patrimonial, levantou a questão da legitimidade, ou não, de se condenar os índios à escravização.

Defendendo a igualdade entre todos os seres humanos, de acordo com os princípios do Cristianismo, alguns sacerdotes da Igreja Católica posicionaram-se em defesa clara dos índios.

Relativamente ao caso português, é incontornável a figura do Padre António Vieira (jesuíta) na defesa dos índios do Brasil, no séc. XVII. Ousou contrariar o argumento económico, desafiando os colonos a desempenharem as funções habitualmente realizadas pelos índios, e ameaçou abertamente com a condenação ao Inferno todos aqueles que oprimiam os índios, frontalidade que lhe custou o encarceramento da Inquisição.

Objetivo 5. Processo de missionação posto em prática por Portugueses e Espanhóis

No processo das Descobertas, a motivação religiosa desempenhou um papel importante. A Igreja sempre apoiou a expansão ibérica devido à função evangelizadora que lhe

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era inerente. Assim, a Expansão foi subsidiada, em parte, pelas Ordens religiosas, que daí retiravam influência em matéria religiosa sobre os territórios conquistados.

Porém, os missionários não expandiam apenas a religião cristã; incutiam também, pela sua presença, a cultura do povo conquistador, do que resultou a adoção dos valores culturais europeus.

Em numerosos casos, a evangelização foi exercida pelo uso da força.

Ao invés, ficaram famosas as atitudes de defesa e ensino dos povos indígenas da América por parte de frades franciscanos, beneditos e jesuítas.

Objetivo 6. Miscigenação levada a cabo pela colonização ibérica

As uniões maritais entre diferentes grupos étnicos eram encorajadas pelos monarcas Portugueses e Espanhóis e pelo claro das colónias com os objetivos de fomentar o enraizamento dos Portugueses nos territórios conquistadores e de obter maiores êxitos numa missionação levada a cabo por sacerdotes indígenas.

Porém, esta estratégia nem sempre surtiu efeito: os mestiços e os mulatos eram olhados com preconceito e discriminação no acesso aos cargos eclesiásticos e civis.

11ºANO

Módulo 4: A Europa nos séculos XVII e XVIII – sociedade, poder e dinâmicos coloniais

Unidade 1 – A população da Europa nos séculos XVII XVIII: crises e crescimento

1.1. A evolução demográfica

Economia Pré-Industrial:

Base agrícola;

Evolução tecnológica lenta.

Agricultura (ocupava mais de 80% da mão-de-obra disponível):

Utensílios rudimentares;

Sem fertilizantes químicos;

Sem meios para combater as pragas;

Dependente da fertilidade dos solos;

Dependente do clima.

Tecnologia (era debilitada):

Condicionava a produção

o Impediu o seu aumento contínuo;

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o Colocou um entrava aos recursos alimentares disponíveis e ao limite máximo do numero de homens.

O equilíbrio entre os recursos alimentares e a população “rompia” com frequência: A morte levava os mais desfavorecidos, criando picos súbitos na mortalidade.

Modelo Demográfico Antigo (até ao séc. XVII):

Elevada mortalidade;

Elevada mortalidade;

Crises demográficas periódicas;

Crescimento ligeiro ou estagnação.

Exemplo do séc. XVII (Século trágico)

Trilogia negra (fomes, pestes e guerras);

Frio extremo – Colheitas apodrecem – Preços elevam-se (Inflação) – Crises de subsistências sucedem-se – mortes por fome;

Fomes – corpos debilitados – doenças – contágio mais rápido – Epidemias – mortes;

Guerras – Destruíam tudo à sua volta – morriam inocentes nas mãos de soldados cruéis – mortes (ex.: Guerra dos 30 anos);

Mortes – falta de mão-de-obra – pouca produção – Inflação – mortes.

Modelo Demográfico Novo (Séc. XVIII):

Diminuição da mortalidade:

o Revolução agrícola;

o Revolução Industrial;

o Desenvolvimento dos transportes (Menor dependência);

o Desenvolvimento da medicina (vacinas).

Crescimento demográfico:

o Diminuição das fomes e das doenças;

o Bom clima (boas colheitas).

Epidemias desaparecem:

o Generalização das quarentenas;

o Aumento dos cuidados higiénicos- sanitário;

o Descoberta da vacina.

Mais importância dada à infância:

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o Prática médica no campo da obstetrícia (formação de parteiras);

o Criança torna-se o centro de atenções das famílias.

Rejuvenescimento da população:

o Aumento da Esperança média de vida.

Unidade 2 – A Europa dos Estados Absolutos e a Europa dos Parlamentos

1.1. Estratificação social e poder político nas sociedades do Antigo Regime (século XVI – finais XVIII) ***

Objetivo 1. A sociedade do Antigo Regime

A Sociedade do Antigo Regime era constituída por 3 ordens ou estados, definidos pelo nascimento e pelas funções sociais desempenhadas. A mobilidade era rara, devido à hierarquização da sociedade.

Objetivo 2. As ordens (composição e estatuto)

Clero:

Considerado o mais digno devido à proximidade a Deus e por ser protetor de todas as ordens;

Composto por elementos de todos os grupos sociais, dividindo-se em alto clero e baixo clero;

Único grupo cujo estatuto não se adquiria pelo nascimento; Tinha muitos privilégios: Tribunal próprio; isenção de impostos; direito de asilo; recebia a

dízima e as doações dos crentes por isso vivia em desafogo económico, e até de maneira luxuosa; exercia cargos na administração.

Nobreza:

Retirava o seu enorme prestígio da antiguidade da sua linhagem e da proximidade ao Rei; Dedicava-se à carreira das armas (nobreza de sangue ou de espada) ou a cargos públicos

(nobreza de toga); Ocupava os cargos mais elevados da administração e do exército; Regime jurídico próprio; Não pagava impostos ao Rei; Detinha grandes propriedades; Fornecia os elementos que integravam o alto clero.

Terceiro Estado:

Ordem mais heterogénea: elite burguesa, ofícios manuais; mendigos e vagabundos; Dedicava-se principalmente à agricultura;

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Pagava impostos.

Objetivo 3. Reconhecer, nos comportamentos, os valores da sociedade de ordens

Todos os comportamentos estavam rigidamente estipulados para cada uma das ordens sociais. Assim, o estatuto jurídico, o vestuário, a alimentação, a forma de tratamento, etc. deviam refletir a pertença a cada uma das ordens.

Esta preocupação em tornar visível a diferenciação social exprimia os principais valores defendidos na sociedade de ordens: a defesa dos privilégios pelas ordens sociais mais elevadas a primazia do nascimento como critério de distinção e a fraquíssima mobilidade social.

Objetivo 4. Vias de mobilidade social

As vias de mobilidade ascendente da burguesia eram, de forma geral, o estudo, o casamento com nobreza, o dinheiro e a dedicação aos cargos do Estado (nobreza de toga – títulos nobiliárquicos).

Objetivo 5. Características do poder absoluto

O Antigo Regime caracterizou-se, a nível político, pelo sistema de monarquia absoluta, que atingiu o expoente máximo nos séculos XVII e XVIII. Assim, o poder do Rei tinha 4 atributos:

1. Era sagrado (Direito divino, só presta contas a Deus);2. Era absoluto (Mas tem que assegurar a ordem e garantir os privilégios da Igreja e Nobreza.

Tem os 3 poderes – legislativo, judicial e executivo);3. Era paternal (Tem que satisfazer as necessidades do seu povo);4. Era sujeito à razão (sabedoria do rei).

Os monarcas absolutos não reuniam os órgãos de representação da sociedade (Cortes), apesar de eles existirem.

Objetivo 6. Papel desempenhado pela corte no regime absolutista

O rei utilizava a vida em corte para mais facilmente controlar a Nobreza e o Clero. A sociedade de corte estava constantemente à vigilância deste.

Objetivo 7. Encenação do poder

Todos os atos quotidianos do rei eram ritualizados, “encenados” de modo a endeusar a sua pessoa e a submeter as ordens sociais. Cada gesto tinha um significado social ou político, pelo que, através da etiqueta, o Rei controlava a sociedade.

Objetivos.

Preponderância da nobreza fundiária: A restauração da independência, em 1640, por iniciativa da nobreza, concedeu a estes grandes proprietários de terras um papel social importante, reforçado pelos cargos na governação, na administração ultramarina e no comércio. Assim, a sociedade de ordens em Portugal caracteriza-se pela preponderância política da nobreza de sangue e pelo afastamento da burguesia do poder. A debilidade da

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burguesia portuguesa deveu-se, em grande parte, à centralização das atividades mercantis nas mãos da Coroa e da nobreza e à perseguição de judeus e cristãos-novos pela Inquisição.

O cavaleiro-mercador: Em Portugal, a nobreza mercantilizada (que se dedica ao comércio) dá origem ao «cavaleiro-mercador», que investe os lucros do comércio não em atividades produtivas mas em terras e bens de luxo. Isto tem duas consequências: a difícil afirmação da burguesia portuguesa (que só no século XVIII, já com o Marquês de Pombal, ganhará preponderância) e o atraso económico de Portugal em relação a outros países da Europa.

Relações entre o aparelho burocrático e a centralização do poder: Ao longo dos séculos XVII e XVIII os reis portugueses procederam a uma centralização do poder: Século XVII - Depois do domínio filipino, D. João IV reestrutura os órgãos da administração central para enfrentar a guerra. Não sendo um rei de tipo absolutista criou órgãos em quem delegava poderes (Secretarias e Conselhos). Ao longo do século XVII as resoluções tomadas em Cortes tinham cada vez menos importância para a governação do reino, que a sua convocação foi-se tornando cada vez mais rara (até se extinguirem, praticamente, a partir de 1697).Século XVIII - a figura mais marcante do absolutismo português, o rei D. João V, teve um papel muito interveniente na governação, remodelando os órgãos do aparelho de estado e rodeando-se de colaboradores de confiança. Contudo, o Estado não se tornou mais eficiente para os súbditos: faltava a ligação entre a administração central e a administração local e a dependência de todas as decisões da aprovação do rei, tornava qualquer pedido num processo muito lento. Na prática, a burocracia afastava o povo do rei.

Características do absolutismo joanino: O fenómeno da “encenação do poder” também estava presente na monarquia absoluta portuguesa, em particular no reinado de D. João V. Tal como Luís XIV, D. João V realçava afigura régia através da magnificência (luxo) permitida pelo ouro e diamantes do Brasil, da autoridade e da etiqueta, de que se salientam os seguintes aspetos:

Subordinação das ordens sociais (não reúne Cortes); Apoio às artes e às letras (criação da biblioteca da Universidade de Coimbra e da Real

Academia de História); Envio de embaixadas ao estrangeiro; Distribuição de moedas de ouro pela população (o

que lhe valeu o cognome de o Magnânimo, o generoso); Política de grandes construções (em especial a do palácio-convento de Mafra, obra que se

tornou no símbolo do seu reinado).1.2. A Europa dos Parlamentos: sociedade e poder político

Objetivo 12. Fusão do poder político com o poder económico nas Províncias Unidas

Foi o dinheiro que abriu à burgueis das províncias unidas as portas da ascensão social. Com o tempo, a ascensão da burguesia de negócios foi consolidada pela educação, pelos casamento e pela dedicação aos cargos do Estado: graças à descentralização administrativa, eram os chefes das famílias burguesas quem dominava os conselhos das cidades e das províncias, formando uma elite governante.

Foram-se quebrando, assim, os princípios da sociedade de ordens baseados nos privilégios do nascimento.

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Objetivo 13. Teoria do mare liberum

O Tratado de Tordesilhas, de 1494, ratificou o monopólio de Espanha e de Portugal com o mare clausum, restando a opção de corso aos outros estados.

A defesa do mare liberum era uma forma de legitimar as pretensões holandesas ao comércio internacional, uma vez que o séc. XVII foi, para a Holanda, uma época de grande prosperidade.

Objetivo 14. Acontecimentos importantes da história política inglesa (séc. XVII)

A luta histórica entre o povo – Parlamento – e os soberanos ingleses remonta à Idade Média (Magna Carta). Porém, é no século XVII que vinga o Parlamentarismo inglês devido a 2 Revoluções:

1. Instauração da República inglesa – Carlos I assinou a Petição dos Direitos (respeitar a vontade popular), em 1628, mas não a cumpriu, facto que levou à sua morte. O seu sucessor foi Cromwell que instaurou um República repressiva, que durou até à sua morte (volta para a monarquia);

2. Revolução Gloriosa – 1688, Guilherme de Orange vence Jaime II e compromete-se a respeitar solenemente as liberdades do povo consignadas na Bill of Rights (1689). Este texto estabelecia limites ao poder real, protegendo os direitos dos súbditos.

Objetivo 15. Caráter liberal do regime parlamentar

O regime parlamentar assume-se como defensor das liberdades políticas, económicas e religiosas. O cidadão, protegido das arbitrariedades do governo, substitui o súbdito, e os poderes legislativos, executivo e judicial são divididos por vários órgãos do poder.

Objetivo 16. Filosofia política de Locke e o parlamentarismo inglês

John Locke – Justificação teórica do parlamentarismo: defende que todos os homens se encontram naturalmente num estado de perfeita liberdade e num estado de igualdade ao qual renunciam, apenas, em favor da coletividade, quando se fazem representar pelos seus governantes.

O poder supremo do Estado era o poder legislativo, exercido pelo Parlamente. Se o poder legislativo fosse exercido de maneira absoluta ou prejudicasse o bem comum, então os governantes poderiam ser depostos.

Objetivo 17. Modelo sociopolítico absolutista VS modelo parlamentar

Modelo absolutista:

O Rei detém todo o poder (absoluto); O Rei não convoca Cortes; O Rei detém um poder sagrado, paternal, absoluto e submetido à razão; O Rei encena o seu poder de modo a controlar as ordens privilegiadas; Os cargos da chefia são entregues à nobreza e ao clero.

Modelo parlamentar:

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O poder é repartido entre o Rei e o Parlamento; O Parlamento ocupa o lugar central na estrutura governativa; A burguesia ocupa cargos importantes na administração do Estado; Os critérios sociais baseados no nascimento anulam-se.

Unidade 3 – O triunfo dos Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII***

1.1. O reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio***

Objetivo 1. Princípios mercantilistas

O mercantilismo (riqueza e poder assenta na quantidade de metais preciosos) na foi a doutrina económica vigente nos séculos XVI, XVII e XVIII. Princípios fundamentais:

Balança comercial positiva; Protecionismo económico; Fomento da produção industrial; Regulamentação do comércio externo.

Objetivo 2. Coerência interna do mercantilismo

O mercantilismo foi o meio de fortalecer as monarquias e de aumentar a riqueza nacional. A intervenção do Estado na economia consistia em aumentar a quantidade de dinheiro em circulação no reino; para atingir esse objetivo, a relação entre as importações e as exportações devia ser favorável, de maneira a impedir a saída de metal precioso do país.

Para reforçar a restrição às importações, sobrecarregava-se de direitos alfandegários (impostos) a entrada de produtos estrangeiros, o que tornava os produtos nacionais mais baratos, logo mais competitivos (protecionismo económico). O protecionismo reforçava-se com leis que impediam o uso de produtos de luxo importados (leis pragmáticas).

Objetivo 3/4. Mercantilismo de Cromwell VS mercantilismo de Colbert

O mercantilismo francês foi implementado por Colbert (ministro do rei Luís XIV). A sua política económica, muito dirigista, concedeu o principal relevo ao desenvolvimento das manufaturas como meio de substituir as importações de produtos estrangeiros por produtos franceses. O Colbertismo salientou-se pelo desenvolvimento da frota mercante e da marinha de guerra e pela criação de companhias monopolistas.

Cromwell, chefe inglês, encarnou uma faceta do mercantilismo mais flexível, mas igualmente empenhada na supremacia da economia nacional. As suas medidas económicas valorizavam a marinha e o setor comercial (Atos de Navegação).

Mercantilismo francês – setor manufatureiro – medidas:

Criação de novas indústrias; Importação de técnicas; Criação de manufaturas reais;

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Controlo da atividade industrial por inspetores do Estado

Mercantilismo inglês – setor comercial – medidas:

Publicação dos Atos de Navegação – apenas podiam entrar em Inglaterra as mercadorias que fossem transportadas em barcos ingleses ou do país de origem;

Política de expansão comercial; Criação de grandes companhias de comércio, entre as quais a Companhia das Índias

Orientais inglesa, que detinha o exclusivo de comércio com o Oriente e amplos poderes a nível da administração, defesa e justiça.

Objetivo 5. Protecionismo económico e o agudizar das tensões internacionais

As medidas de caráter protecionista dos países mercantilistas levaram à contração do comércio entre os países europeus. Como alternativa, esses países comerciavam com as suas próprias colónias, num regime de exclusivo colonial.

Consequentemente, a criação de um império colonial e comercial passou a figurar como prioridade dos estados europeus. A prática do capitalismo comercial levou ao agudizar das tensões internacionais. O ponto alto deste clima de tensão foi o desfecho da Guerra dos Sete Anos (1756-1763) que consagrou a supremacia da Inglaterra no comércio mundial.

Objetivo 6. Áreas coloniais disputadas pelos estados atlânticos

Regiões governadas pelos estados atlânticos:

Império espanhol detém territórios na América espanhola e Filipinas; Holanda detém territórios na Ásia, na África e no continente americano; Inglaterra ocupou as possessões francesas nas Índias, territórios na América e feitorias em

África; Império francês detém territórios em África, no Oceano Índico e na Índia; Império português retirava proventos do Brasil, das colónias em África e na Índia.1.2. A hegemonia económica britânica***

Objetivo 7. Importância das inovações agrícolas e o sucesso económico inglês

A revolução agrícola teve o apoio do Paramento, o que permitiu todas as inovações:

Sistema de rotação quadrienal de culturas; Articulação entre a agricultura e a criação de gado: forrageiras que asseguravam o estrume

necessário e incentivavam o melhoramento das raças animais; Vedação dos campos comunitários (enclosures); Inovações técnicas: a introdução de máquinas nos campos.

As inovações agrícolas resultaram num aumento da produtividade, o qual, por sua vez, estimulou o crescimento demográfico e canalizou a mão-de-obra excedentária para as cidades.

Objetivo 8. O mercado nacional

A Inglaterra foi o país que mais cedo se transformou num espaço económico unificado – fatores:

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Crescimento demográfico e urbano – motores de desenvolvimento económico, devido ao maior consumo interno;

Desenvolvimento dos transportes e vias de comunicação (sistema de canais, mais estradas) permitia resolver os problemas de abastecimento;

Inexistência de alfândegas internas retirava os entraves ao comércio; União da Inglaterra com a Escócia e com a Irlanda criava um contexto político propício à

circulação de produtos.

Objetivo 9. Impacto do alargamento dos mercados na economia inglesa

Ao nível do mercado esterno, os Ingleses conseguiram abrir brechas no rigoroso protecionismo dos estados europeus e, ainda, comerciar com os continentes americano e asiático:

Comércio triangular – África, América e Inglaterra; Oriente – Guerra dos Sete Anos, expulsou os Franceses da Índia, assegurando à Companhia

Inglesa das Índias Orientais o comércio dos produtos indianos para exportação para a Europa e para trocas locais, proibindo os produtores locais de venderem a outros estrangeiros que não os Ingleses. Índia – China (chá) – Inglaterra. O alargamento dos mercados é um dos fatores da preponderância inglesa sobre o Mundo.

Objetivo 10. Progresso no sistema financeiro

O sistema financeiro favoreceu o sucesso inglês:

Bolsa de Londres – a compra de ações do Estado ou de companhias industriais permitiu reunir capitais em grande escala e fornecer lucros aos particulares e ao Estado;

Banco de Inglaterra – realizava as operações de apoio ao comércio, emitia o papel-moeda e financiava a atividade comercial e industrial.

Objetivo 11. Contexto do arranque industrial

Segunda metade do século XVIII – Revolução Industrial – alteração tecnológica na produção acompanhada de ruturas em vários aspetos da vida humana.

Após a Revolução Agrícola, a rutura tecnológica surgiu nos setores do algodão e da metalurgia.

Setor algodoeiro - quando um dos ramos do setor têxtil se desenvolvia, o outro era obrigado a acompanhá-lo.

Metalurgia - libertar a indústria do problema de escassez do combustível: carvão de coque em vez do tradicional carvão de madeira, que melhorou o abastecimento de ar quente aos altos-fornos.

Máquina a vapor – invento mais importante – 1767, fonte de energia artificial, eficaz e adaptável a muitos usos.

Objetivo 12. Condições da hegemonia britânica

Condições favoráveis à hegemonia inglesa sobre o mundo:

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1. No âmbito técnico e económico: Sistema de rotação de culturas; Articulação entre a agricultura e criação de gado; Vedações (enclosures); Novas máquinas agrícolas; Inovações técnicas no setor algodoeiro e metalúrgico; Substituição da manufatura pela maquinofatura nos diferentes setores da economia.

2. No âmbito social e demográfico: Espírito empreendedor dos landlords; Afirmação da burguesia industrial; Crescimento demográfico; Migração para os centros urbanos.

3. No âmbito político-militar: Apoio do sistema Parlamentar às enclosures; Promulgação dos Atos de Navegação; Criação das Companhias de Comércio; Guerras contra a França e a Holanda de que a Inglaterra saiu vitoriosa.

4. No âmbito ideológico: Fisiocratismo (nova doutrina económica que considerava a agricultura a base

económica da nação).5. No âmbito comercial e financeiro:

Comércio triangular a partir dos portos da Inglaterra; Tratado de Eden (realizado entre a França e a Inglaterra, em 1786, com clara vantagem

da Inglaterra devido à exportação de lanifícios e ferragens em condições vantajosas); Ação da Companhia Inglesa das Índias Orientais; Comércio com a China; Bolsa de Londres e Banco de Inglaterra.

1.3. Portugal – dificuldades e crescimento económico***

Objetivo 13. Adoção do mercantilismo e a crise comercial de 1670-92

Entre 1670 e 1692, Portugal enfrentou uma grave crise comercial provocada:

Pela concorrência de Franceses, Ingleses e Holandeses – produção de açúcar e tabaco; Pelos efeitos da política protecionista de Colbert; Pelos efeitos da crise espanhola de 1670-1680.

Deflação (stocks acumulados e preços muito baixos) – a política do reino orientou-se para a criação de manufaturas e a implementação de medidas protecionistas.

Objetivo 14. Semelhanças ao mercantilismo francês

Conde da Ericeira adotou o mercantilismo, a estas foram as suas principais medidas:

1. Estabelecimento de fábricas com privilégios;2. Contratação de artífices estrangeiros que introduziram em Portugal novas técnicas de

produção;3. Proteção da produção nacional através das pragmáticas;

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4. Desvalorização monetária;5. Criação de companhias monopolistas.

Objetivo 15. O retrocesso da política industrializadora portuguesa

A decadência do esforço industrializante deveu-se à descoberta de minas de ouro no Brasil, que levaram a um clima de prosperidade sem o esforço do investimento manufatureiro. As leis pragmáticas já não eram respeitadas e o país voltou-se para o comércio como atividade prioritária.

A procura do ouro do Brasil era feita pelas bandeiras, que proporcionaram o alargamento e desbravamento do território brasileiro, cujas fronteiras foram então definidas segundo limites mais amplos do que aqueles inicialmente previstos no Tratado de Tordesilhas na época de D. João II.

Objetivo 16. Dependência da economia portuguesa face à Inglaterra

Segundo o tratado de Methuen (1703), a Inglaterra comprava os vinhos portugueses com vantagem competitiva em relação aos vinhos franceses, enquanto Portugal comprava os lanifícios ingleses sem restrições.

Isto gerou uma situação de dependência de Portugal em relação à Inglaterra pois contribuía para o abandono das manufaturas de penos em Portugal e para o escoamento do ouro brasileiro para pagar as importações inglesas.

Objetivo 17. Contexto da política económica pombalina

Face à nova crise de meados do século XVIII, o rei D. José I tentou uma estratégia de mudança em relação à política do seu pai. Marquês de Pombal delineou a recuperação económica com base nos pressupostos mercantilistas. As principais medidas económicas:

Concessão de privilégios às indústrias existentes; Criação das manufaturas da Covilhã e Portalegre para desenvolver a indústria de lanifícios; Introdução dos têxteis de algodão; Desenvolvimento da indústria de vidro da Marinha Grande; Fomento de vários setores da indústria; Contratação de empresários estrangeiros e de mão-de-obra especializada; Publicação de pragmáticas com o objetivo de diminuir as importações; Reorganização da Real Fábrica da Seda.

O comércio foi também reorganizado de modo a diminuir o défice e de colocar as trocas na mão da burguesia portuguesa, através destas medidas:

Criação de companhias monopolistas que aliavam os capitais privados do Estado; Atribuição do estatuto nobre aos grandes burgueses acionistas das companhias

monopolistas; Instituição da Aula do Comércio, escola comercial para os filhos dos burgueses; Criação da Junta do Comércio, órgão que controlava a atividade comercial do reino.

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Em consequência desta política económica, o final do século XVIII foi, para Portugal, um período de prosperidade, com uma balança comercial positiva e a resolução do problema do défice comercial com a Inglaterra.

Unidade 4 – Construção da modernidade europeia

1.1. O método experimental e o progresso do conhecimento do Homem e da Natureza

Objetivo 1. Reações de aristotélicos e experimentalistas ao conhecimento

No século XVII, a atitude perante a ciência dividia-se entre a crença dogmática nos livros dos “Antigos” e a procura do saber através da experiência. Para a nova atitude experimentalista contribuíram:

Espirito crítico herdado do período do Renascimento (séc. XV – XVI); Conhecimento da Natureza proporcionado pelas viagens da Descoberta.

Os eruditos (sábios) criavam associações onde podiam realizar experiencias, debate-las e difundi-las e reuniam coleções privadas de livros, maquinismo, plantas e animais.

Objetivo 2. Impacto do método experimental no progresso da ciência

Bacon expôs as etapas do método indutivo ou experimental - observação, formulação de hipóteses, repetição das experiencias e determinação de leis gerais -, valorizando a realização de experiências, apoiadas num método seguro e fixo. Este método foi reforçado pelo “método da dúvida” de Descartes, o qual estabelecia o primado do pensamento racionalista. Isto originou a Revolução científica – tentativa de apartar a superstição da verdade comprovável, de substituir a credulidade pela investigação.

Objetivo 3. Contributos dos principais cientistas dos séculos XVII e XVIII

Galileu corroborou com a teoria heliocêntrica de Copérnico. Com a invenção do telescópio comprovou as fases de Vénus e a irregularidade da Lua, percebendo assim que a matemática deveria ser usada como língua universal. Isto valeu-lhe o julgamento da Igreja Católica.

Newton formulou a hipótese de um Universo infinito, sujeito à lei da gravitação universal. Assim, aplicou metodicamente a matemática à pesquisa científica, tendo contribuído para o avanço de áreas como a ótica, química e mecânica.

Harvey descobriu a existência da circulação sanguínea. Contrariando os preconceitos religiosos quem impediam as dissecações do corpo humano, abriu caminho ao desenvolvimento da medicina como prática.

Objetivo 4.

A Revolução Científica consistiu em banir da pesquisa sobre a Natureza toda a forma de superstição e de pensamento dogmático. Esta teve como base: o método experimental, a

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matemática como linguagem universal, a medicina como prática e o primado do racionalismo. No entanto, a revolução enfrentou resistência nos países católicos (Índex e Inquisição).

1.2. A filosofia das Luzes***

Movimento filosófico e cultural que era a favor da separação de poderes e da soberania popular, da liberdade, da valorização da razão e ensino, da igualdade e direito à propriedade, e do direito à justiça e tratamento com humanidade; e contra o Absolutismo (poderes concentrados – poder divino), o fanatismo religioso/Inquisição/Igreja Católica, a escravatura/Censura, a Ignorância/Obscurantismo, a sociedade desigual, e os métodos bárbaros de aplicação da justiça.

Pontos-chave do pensamento iluminista:

Igualdade entre todos os Homens; Liberdade de todos os homens (sem abolir classes); Direito à posse de bens; Direito a julgamento justo; Direito à liberdade de consciência

O pensamento iluminista defendia que estes direitos eram universais e por isso estavam acima das leis de cada Estado, sendo que este deveria usar o poder politico para os assegurar assim como para garantir a felicidade do Homem. O Iluminismo apreciava o individualismo pois cada individuo deveria ser valorizado, independentemente dos grupos em que se integrasse.

A Apologia da Razão e do Progresso

Valor da Razão humana como motor de progresso. Acreditava-se que o uso da Razão, livre de preconceitos e outros constrangimentos, conduzira ao aperfeiçoamento moral do Homem, das relações sociais e das formas de poder político, promovendo a igualdade e a justiça. Em suma, a Razão seria a luz que guiaria a Humanidade.

O século XVIII ficou conhecido como o século das Luzes. Por luzes ou Iluminismo designa-se o conjunto das novas ideias que marcaram a época.

O Direito Natural

O espírito e a filosofia das Luzes são fundamentalmente burgueses. A valorização da Razão, da qual são dotados todos os homens vinha estabelecer um princípio de igualdade que punha em causa a ordem estabelecida, favorecendo a convicção de que todos os indivíduos possuem determinados direitos e deveres que lhes são conferidos pela Natureza. Os iluministas consideram o direito natural superior às leis impostas pelos Estados.

Com o Iluminismo esta noção se consolidou, tendo-se definido claramente o conjunto básico dos direitos inerentes à natureza humana: o direito à liberdade; à justiça; à posse de bens; e, mais importante, à liberdade de consciência.

Ao proclamarem os direitos naturais do Homem, os pensadores iluministas combatiam a “razão de Estado”. Contrapunham-lhe o valor próprio do indivíduo que tinha o direito de ver respeitada a sua dignidade. Estabeleceu-se uma moral natural e racional, independente dos

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preceitos religiosos. Baseada na tolerância, na generosidade e no cumprimento dos deveres naturais, deveria orientar os homens na busca da felicidade terrena.

O Contrato Social e a Separação dos Poderes

A liberdade e a igualdade defendidas pelos iluministas pareciam em contradição com a autoridade dos governos.

John Locke solucionou o problema com um contrato livremente assumido entre os governados e os governantes, onde o povo conferia aos seus governantes a autoridade necessária ao bom funcionamento do corpo social. Rosseau reforça, no Contrato, a ideia que que a soberania popular se mantém isto porque é através do contrato que os indivíduos asseguram a igualdade de direitos, submetendo-se, de forma igual, à vontade da maioria. Caso a autoridade política se afaste dos seus fins, pode e deve ser legitimamente derrubada pelo povo. O poder tirânico é, para os iluministas, sinónimo de desrespeito pelos direitos naturais e de opressão.

Montesquieu defende um governo monárquico, moderado e representativo, em que o soberano se rege pelas leis e vê as suas atribuições limitadas pela separação dos poderes. A Teoria da Separação de Poderes advoga o desmembramento da autoridade do Estado em três poderes: legislativo, executivo e judicial. Só a separação destes poderes garantiria a liberdade dos cidadãos.

A difusão das Luzes

Colocadas no centro da vida intelectual da época, as propostas iluministas invadiram os salões burgueses, os clubes privados, os cafés, as academias, as universidades. Surge também a Enciclopédia e a Maçonaria.

1.3. Portugal – o projeto pombalino de inspiração iluminista***

Objetivo 11. As medidas pombalistas e o pensamento setecentista

Na lógica do despotismo iluminado do século XVIII, o Marquês de Pombal, enquanto secretário de Estado de D. José I, levou a cabo a reforma do reino em diversas áreas, em todas trabalhando para o reforço do poder régio e o controlo das classes privilegiadas.

1. Instituições de centralização do poder: O Erário Régio, que centralizava a receção das receitas públicas e a sua

redistribuição por todas as despesas; A Intendência-Geral da Polícia, criada no âmbito da reforma judicial que

uniformizou a justiça em termos territoriais; A Real Mesa Censória, organismo do Estado que retirava a função de censura

da alçada da Igreja.2. Principais episódios da repressão exercida sobre o clero e a nobreza:

O suplício dos Távora (acusados de tentativo de regicídio, toda a família foi executada);

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A expulsão da Companhia de Jesus de Portugal e das suas colónias.3. Ação urbanística: a reconstrução da cidade de Lisboa após o sismo de 1 de

novembro de 1755 foi orientada de acordo com o racionalismo iluminista da época. Traçado geométrico; Ruas largas e retilíneas; Subordinação dos projetos particulares à unidade do conjunto; Sentido prático (evidenciado, p.e., no sistema da gaiola antissísmico); Valorização da burguesia (Terreiro do Paço passa a Praça do Comércio).

4. Reforma do ensino: os estrangeiros foram colhidos pelo Marquês de Pombal. Criação do Real Colégio dos Nobres; Criação da Aula de Comércio para os filhos dos burgueses; Fundação das Escolas Menores, oficiais e gratuitas; Instituição de várias classes de preparação para a Universidade; Reforma da Universidade de Coimbra, dotada de novos estatutos – faculdades

de matemática e filosofia, laboratório de física, jardim botânico e observatório astronómico. A faculdade de medicina adquiriu um caráter mais prático.

Este novo ensino era alargado a um conjunto mais vasto da população e aberto à novas ideias da ciência experimental, de acordo com a Filosofia das Luzes; Além disso, servia o propósito de preparar uma elite culta, de apoio à governação, colmatando a ausência dos jesuítas.

Módulo 6 – A civilização industrial – economia e sociedade; nacionalismos e choques imperialistas

Unidade 1 – As transformações económicas na Europa e no Mundo

1.1. A expansão da Revolução Industrial

Objetivo 2. Ligação entre a ciência e a técnica

A ciência e a técnica influenciaram-se mutuamente: os conhecimentos teóricos permitiram a criação de novos inventos pois as empresas criaram laboratórios e convidaram engenheiros para trabalhar, em equipa, nas novas descobertas e a indústria (técnica), ao criar produtos e máquinas cada vez mais complexos, exigiu da ciência uma constante pesquisa (progresso científico).

Objetivo 1/2. A segunda Revolução Industrial

A expansão da Revolução Industrial deu-se na segunda metade do século XIX, na Europa, nos EUA e no Japão.

A Segunda Revolução Industrial corresponde a um conjunto de transformações rápidas que beneficiaram o setor industrial, de que de destacam as novas fontes de energia (petróleo

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e eletricidade), novos setores de ponta (siderurgia, química) e novos inventos (motor de explosão, lâmpada).

Esta revolução ultrapassa os aspetos técnico e produtivo para abranger a expansão do capitalismo industrial com consequências ao nível de toda a vida em sociedade.

Objetivo 4. Principais progresso técnicos

Século XVIII – primeira Revolução Industrial:

Utilização do carvão de coque; Aperfeiçoamento dos foles; Técnica da pudelagem.

Século XIX – segunda Revolução Industrial:

Conversor que transforma o ferro em aço de forma mais rápida; Recuperação de ferragens o que permitiu uma maior produção de aço; Eliminação do fósforo, aproveitando-se assim maiores quantidades de minério. O aço, mais moldável e resistente, substitui o ferro – siderurgia, setor de ponta Corantes artificiais na indústria têxtil; Novos medicamentos; Inseticidas e fertilizantes; Vulcanização da borracha - indústria de pneus. Novas fontes de energia: petróleo – sua exploração, motor de explosão, motor movido a

óleo pesado – e eletricidade – comboio elétrico, telefone, radiofonia, cinema, metropolitanos e carros elétricos.

Progressos nos transportes: energia a vapor ao comboio e ao navio facilitou a circulação das matérias-primas, dos produtos industriais e das pessoas; utilização do motor de expansão alterou as noções de distância; bicicleta tornou-se meio de transporte e modalidade desportiva de êxito.

Objetivo 5. A concentração monopolista

A pequena oficina cede lugar à empresa concentrada, ou seja, a produção é realizada em grandes técnicas (concentração geográfica) que reúnem avultados capitais por ações (concentração financeira), onde trabalham numerosos operários (concentração de mão-de-obra), os quais vigiam numerosas máquinas (concentração técnica). Isto explica-se pela própria natureza de alguns setores económicos que exigiam máquinas volumosas e um grande número de operários e por imperativos económicos que tornavam mais rentável a grande fábrica, abolindo a concorrência das pequenas empresas através da criação de monopólios de produção.

Em suma, a tentativa de criação de monopólios justifica-se pelo sistema económico do capitalismo industrial que caracterizou a segunda metade do séc. XIX.

Objetivo 6. Distinção entre concentrações verticais e concentrações horizontais

Concentrações verticais – controlo das várias etapas de fabrico de um produto industrial. Controlando todo o processo de produção, a empresa consegue diminuir o grau de

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imprevisibilidade do negócio e obter as melhores condições financeiras em cada uma das fases de produção.

Concentrações horizontais – agrupamento de empresas de um mesmo ramo que combinam, entre si, as condições de produção que consideram melhores, de maneira a vencer a concorrência.

Os bancos também apostarem no processo de concentração: os bancos mais pequenos foram sendo absorvidos pelos mais poderosos, os quais se expandiram em número de sucursais e em volume de operações financeiras. Os bancos alimentaram a expansão industrial, oferecendo os seus serviços às operações comerciais e o crédito à indústria e, por sua vez, lucraram com o desenvolvimento industrial, muitas das vezes investindo diretamente em companhias industriais (“bancos de negócios”).

Objetivo 7. Métodos de racionalização do trabalho

A racionalização do trabalho (método de transformar a produção num processo racional para que este seja o mais rentável possível) foi chamada de taylorismo:

1. Divisão da produção por uma série de etapas;2. Definição do tempo mínimo necessário para a realização de cada etapa;3. Produção em série – estandardização.

Ford aplicou o taylorismo à produção de automóveis, introduzindo a linha de montagem nas suas fábricas. Isto resultou num extraordinário aumento da produtividade, o que permitiu o aumento dos salários e, consequentemente, uma maior motivação dos operários. A racionalização aplicada às fábricas chamou-se fordismo.

1.2. A geografia da industrialização

Objetivo 8. A Hegemonia britânica

Em meados do século XIX, a Inglaterra detinha a hegemonia:

Primeira potência na produção têxtil e metalúrgica; Utilizava a energia a vapor em larga escala; Possuía a maior extensão de caminhos-de-ferro; Controlava o comércio internacional graças à vasta frota mercantes e ao sistema financeiro

avançado; Registava o maior crescimento demográfico e urbano; Exibia, perante todo o Mundo, que estava à frente, através de exposições internacionais.

Objetivo 9.

Países mais industrializados: EUA e Japão, França Alemanha, Suíça e Bélgica.

Países com industrialização mais lenta: Rússia, Áustria-Hungria, Itália, Portugal e Espanha.

Objetivo 10. Particularidades da industrialização nas principais potências industriais

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França: apenas alcançou a maturidade na primeira década do século XX, pois carecia de matéria-prima – carvão – e a sua economia dependia ainda de uma agricultura de subsistência. A industrialização francesa assentou na eletricidade e na produção automóvel.

Alemanha: o arranque industrial deu-se em meados do século XIX com a construção dos caminhos-de-ferro. No final do século XIX, já unificada, foi capaz de competir com a indústria inglesa, suplantando-a na produção de aço a partir do século XX. A Alemanha dispunha de carvão em abundância e aumentou as suas reservas após ter conquistado à França a Alsácia-Lorena.

EUA: a abundancia de matérias-primas juntamente com a concentração empresarial e a energia elétrica fornecida pelas quedas d’água deram um forte impulso à industrialização dos EUA, país que arrancará industrialmente cerca de 1830, veio destronar a hegemonia inglesa a partir definais do século XIX.

Japão: caso único no contente asiático, o Japão industrializou-se na segunda metade do século XIX devido à intervenção do imperador Mutsu-Hito, o qual apoiou a produção industrial seguindo os modelos ocidentais e abriu o país ao comércio com o exterior. O japão beneficiou, também, de um crescimento demográfico intenso, o qual forneceu mão-de-obra e consumidores à indústria.

Objetivo 11. A persistência de formas de economia tradicional

No século XIX o capitalismo industrial triunfou. A produção de bens de consumo conseguiu acompanhar o crescimento demográfico e, no mundo industrializado, uma franja crescente da população beneficiava de uma melhor qualidade de vida.

Porém, a par deste mundo industrializado, não devemos esquecer que a maior parte do planeta era, ainda um mundo atrasado. Alguns países como o Império Russo, o Imperio Austro-húngaro e os países da Europa meridional, tiveram o seu arranque industrial tardiamente. As regiões que eram colónias nem sequer se puderam desenvolver. No interior dos países desenvolvidos, os redutos de tradicionalismo, onde uma agricultura de subsistência avessa ao campo facheado, coexistia, no mesmo país, com a agricultura mecanizada e o artesão trabalhava, em casa, perto de uma grande fábrica.

1.3. A agudização das diferenças

Objetivo 12. Protecionismo VS Livre-cambismo

Nos séculos XVI, XVII e XVIII, foi adotado um sistema económico protecionista, que apoiava o mercantilismo vigente. O protecionismo baseava-se na proteção à indústria e ao comércio nacionais: para conseguir uma balança comercial positiva, o Estado intervinha na economia, decidindo quais as manufaturas a implementar, o montante das tarifas aduaneiras a aplicar aos produtos importados, o preço dos produtos internos, as regras a impor ao comércio com o exterior.

Em contraposição, no século XIX, a expansão da Revolução Industrial foi sustentada por um sistema económico livre-cambista que substituiu o anterior protecionismo. O livre-

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cambismo opunha-se à intervenção do Estado na economia: Adam Smith advogava a total liberdade de iniciativa privada (liberalismo económico), já que a economia se autorregularia pela lei da oferta e da procura e pela livre concorrência.

Objetivo 13. As crises do capitalismo

Apesar de ser um sistema económico favorável ao capitalismo industrial, o livre-cambismo padecia de um problema intrínseco: de tempo a tempo, o sistema de livre concorrência originava crises económicas para se autorregular (3 etapas):

1. Fase de crescimento económico, durante a qual a produção aumenta e as atividades financeira se expandem para acompanhar a procura dos consumidores.

2. Etapa de crise - rápida diminuição da produção e descida dos preços, numa tentativa de escoar o excesso de produção acumulada. Isto conduz à falência de empresas e de bancos e à quebra de investimento na bolsa (crash). A população desempregada não tem meios para consumir em abundância, o que retira o estímulo à produção. O livre-cambismo facilita a expansão da crise e origina a contração do comércio internacional.

3. Etapa de recuperação, em que a oferta e a procura se reajustam e as atividades económicas são relançadas.

As crises de superprodução industrial eram inerentes ao próprio sistema capitalista. No século XX, devido à Grande Depressão dos anos 30, despoletada pela crise de 1929 nos EUA, tornou-se evidente que o liberalismo económico puro tinha de ser refreado pela intervenção estatal.

Objetivo 14. Fundamentos da divisão internacional do trabalho

Entende-se por divisão internacional do trabalho a parte de produção e de comercialização que cabe a cada país. O capitalismo industrial contribuiu para criar um mundo económico desigual, no qual apenas uma parte de países detém o controlo das correntes de comércio internacional.

Unidade 2 – A sociedade industrial e urbana

1.1. A exploração populacional; a expansão urbana e o novo urbanismo; migrações internas e emigração

Objetivo 1. A explosão populacional do século XIX

No século XIX, verificou-se um crescimento muito rápido e acentuado da população mundial e da Europa industrializada, daí a chamada explosão demográfica, já conhecida do modelo demográfico moderno. Para tal atuaram fatores como:

Melhores cuidados médicos (p.e., novas vacinas); Maior abundância de bens alimentares (agricultura mecanizada e revolução dos

transportes); Investimento social e afetivo na criança; Progresso na higiene (redes de esgotos e abastecimento de água potável).

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No século XIX e inícios do século XX, face à explosão populacional, muitos lutaram pela contenção da natalidade. Porém, foi nos meios mais abastados, onde a satisfação das necessidades básicas permitia o surgimento de paternidade, que começou a difundir-se a limitação voluntária dos nascimentos.

Objetivo 2. A expansão urbana

O crescimento das cidades dá-se devido ao crescimento da população. A expansão urbana tem como fatores:

Êxodo rural; Emigração (vagas de partida para as colónias); Crescimento dos setores secundário e terciário: indústria, comércio, profissões liberais.

Objetivo 3. Novo urbanismo oitocentista

O crescimento muito rápido de algumas cidades originou novos problemas que se tornaram um desafio para as chefias municipais e para arquitetos, urbanistas e filantropos. Este novo urbanismo tinha 2 preocupações: criar espaços para a burguesia e proporcionar condições de vida mais dignas para o proletariado.

1. Afirmação da burguesia: destruição das antigas muralhas, novas avenidas, criam-se infraestruturas, redes de transporte públicos e espaços de lazer;

2. Problemas sociais: deficiente habitação operária (alcoolismo, promiscuidade, criminalidade)

Objetivo 4. Origem e destino das migrações internas

No século XIX, a principal origem das migrações internas era o campo e o principal destino a cidade. A partir de 1850, o êxodo rural do responsável pelo acentuado crescimento da população urbana da Europa. Outro tipo de migrações eram as deslocações sazonais para locais onde era necessário, pontualmente, um acréscimo de mão-de-obra.

Objetivo 5. O fenómeno emigratório

A partir de 1850, as vagas de emigração foram sucessivas, tendo como fatores:

1. A pressão populacional;2. Os problemas do mundo rural;3. Os problemas ligados à industrialização;4. A revolução dos transportes;5. A idealização dos países de destino;6. A fuga a perseguições políticas e religiosas.

1.2. Unidade e diversidade da sociedade oitocentista***

Objetivo 6. A unidade e diversidade da nova sociedade de classes

Na sociedade de classes da Época Contemporânea, embora os cidadãos sejam iguais perante a lei, eles distinguem-se pelo dinheiro e por todas as vantagens que este permite conquistar. Ela divide-se em 2 grupos:

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1. Burguesia: grupo dominante porque detém os meios de produção.2. Proletariado: classe mais baixa que fornece o trabalho à organização industrial.

A mobilidade ascensional é mais frequente graças aos feitos e mérito individual de origem humilde – self-made man.

Uma vez atingido o topo da escala social, cabe à família burguesa o papel fundamental de assegurar a continuidade de estatuto e reforçá-lo.

Objetivo 7. Classe burguesa quanto ao estatuto económico e valores, e comportamentos

1. Alta Burguesia: controla os pontos-chave da economia, exerce cargos na política e para afirmar o seu poder os burgueses de negócios continuavam a ter como modelo a nobreza, tentando aproximar-se da aristocracia.

No entanto, pouco a pouco, a burguesia foi definindo e impondo os seus próprios valores com orgulho: apreço pelo trabalho, sentido de poupança, perseverança e solidariedade familiar.

2. Classes Médias: grupo mais heterogéneo e socialmente flutuante da sociedade industrial.

Englobava pequenos empresários da indústria, empregados comerciais, profissionais liberais (trabalhavam por conta própria e o seu estatuto valorizou-se na medida em que serviam as necessidade da sociedade industrial).

Objetivo 8. A condição operária

A aplicação do liberalismo económico nos países industrializados, ao estabelecer a não intervenção do Estado, deixou os operários à mercê das regras do mercado, o que os levou a enfrentar graves problemas:

Ausência de redes de solidariedade; Elevado risco de acidentes de trabalho e de doenças profissionais; Ausência de medidas de apoio social; Proibição e repressão de todo o tipo de reivindicação social; Contratação de mão-de-obra infantil, por ser mais barata, menos reivindicativa e mais ágil; Espaços de trabalho pouco saudáveis; Espaços de habitação sobrelotados e insalubres; Pobreza extrema e todos os problemas a esta associada.

Objetivo 9. O movimento operário

Reações dos operários contra a sua condição miserável organizou-se de duas formas:

1. Associativismo – apoiavam os operários em caso de vicissitude mediante o pagamento de uma quota;

2. Sindicalismo – utilizavam como principais meios de pressão sobre o patronato as manifestações e as greves; estas eram uma forte arma de reivindicação, pois prejudicavam a produção e os lucros da indústria e do comércio. Graças às greves a classe trabalhadora havia conquistado um maior poder de compra.

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Os progressos da legislação social (regulamentação do horário de trabalho, repouso semanal, pensão de velhice, doença, acidente) tornaram-se mais notórios por efeito da pressão dos sindicatos, entretanto legalizados, e pela difusão das ideias socialistas.

Objetivo 10. A condição operária e as doutrinas socialistas

As condições de miséria em que viviam os proletários despertaram a vontade de intervenção social de pensadores da época. No século XX, o socialismo criticava a desumanidade do sistema capitalista e propunha uma sociedade mas igualitária. Há, no entanto, duas abordagens do socialismo:

1. Socialismo utópico – em alternativa ao capitalismo, propunha criar uma sociedade mais justa, sem distinção entre patrões e empregados. Entregando a propriedade privada a produtores associados e abolindo o Estado pôr-se-ia fim à exploração do homem pelo homem.

2. Socialismo-Marxismo – a luta de classes é inerente a todas as sociedades, assim ela deve extinguir-se: atingir uma sociedade sem classes nem Estado – o Comunismo.

Objetivo 11. Os princípios do Marxismo

Explicação do Marxismo:

A luta de classes entre opressores e oprimidos é traço fundamental de toda a História; A sociedade burguesa, dividida entre a burguesia e o proletariado, será destruída quando

este, organizado em classe dominante, instaurar a ditadura do proletariado; Depois de conquistar o poder político, o proletariado retirará o capital à burguesia e o

capitalismo será destruído e construir-se-á o comunismo, pois estarão todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado.

Os operários devem unir-se internacionalmente para a fazer a revolução comunista.

Objetivo 12. Efeitos do movimento operário

A teorização marxista revestiu um caráter prático que faltava ao socialismo utópico e teve um impacto visível na sociedade do seu tempo:

Ideia do internacionalismo: Karl Marx redigiu os estatutos da I Internacional, criada em Londres (1864);

Marx apoiou a Comuna de Paris (1871); Engels funda a II Internacional (1889); Internacionais Operárias: promoveu a fundação de partidos socialistas na Europa.

Apesar de ter chocado ideologicamente com outras propostas de remodelação da sociedade, o marxismo prevaleceu e foi a base teórica da revolução de 1917, na Rússia.

Unidade 3 – Evolução democrática, nacionalismo e imperialismo

1.1. As transformações políticas

Objetivo 1. Aperfeiçoamento do sistema liberal ao longo do século XIX

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Desde do século XVIII, foi implementado um sistema liberal moderado (Portugal, França, Grã-Bretanha, Bélgica), que eliminou os regimes absolutistas e os substituiu por monarquias constitucionais, nas quais os cidadãos em representados (soberania popular).

No século XIX surgiu um novo entendimento do sistema liberal, o demoliberalismo:

Sistema monárquico é substituído por um regime político republicano, no qual o chefe de Estado e representante do poder executivo é eleito periodicamente;

O sufrágio censitário dá lugar ao sufrágio universal (com algumas exceções ainda); A idade de voto foi antecipada (21 +/-), o voto torna-se secreto e os cargos políticos

passam a ser remunerados.

Objetivo 2. Os Estados autoritários da Europa Central e Oriental

Na Europa Central e Oriental a estagnação económica prevalecia e era acompanhada pelo imobilismo político (regimes autoritários): Império Alemão, Império Austro-húngaro, Império Russo e Império Otomano. Eram, todos eles, Estados autocráticos, conservadores e repressivos.

Objetivo 3. Submissão das nacionalidades nos Estados autoritários

Sob a aparente unidade conferida por um imperado, um governo, um exército e uma religião oficial, estava sujeição das minorias étnicas. O Império Alemão dominava os polacos, por exemplo.

Objetivo 4. As aspirações de liberdade nas Estados autoritários

Por várias razões, de ordem linguística, histórica ou religiosa, vários povos não se sentiam integrados no Estado imperial a que pertenciam e, como tal, desencadearam movimentos de libertação ao longo do século XIX. No início do século XX, a repressão do princípio das nacionalidades e a luta por áreas de influência por parte dos impérios acabaria por gerar focos de tensão que conduziriam à 1ª Guerra Mundial.

Objetivo 5. Processos de unificação italiana e alemã

Unificação Italiana (1861) – A ideia de um Estado único enfrentava a oposição dos Austríacos que dominavam os Estados do Norte e Centro, e a desconfiança do Papa. A unificação partiu do reino do Piemonte-Sardenha (estado liberalista) e Vítor Manuel II tornou-se rei de Itália.

Unificação Alemã (1871) – A unificação foi impulsionada pela Prússia que já havia derrubado as barreiras alfandegárias entre alguns Estados em 1828 (Zollverein). O rei Guilherme I da Prússia e o chanceler do rei Otto von Bismark conseguiram a unificação através da força das armas. A unificação é consumada em 1871 com o kaiser Guilherme I – II Reich.

Ambas as unificações exprimem o nacionalismo oitocentista que pretendia ligar povos com uma tradição comum e satisfazer interesses económicos. A integração de territórios ricos em matéria-prima para a indústria e a conquista de colónias para escoar os produtos industriais não foram alheios aos anseios nacionalistas do século XIX.

1.2. Os afrontamentos imperialistas: o domínio da Europa sobre o Mundo

Objetivo 6. As zonas de expansão europeia (fins do séc. XIX - Início do séc. XX)

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Grã-Bretanha – acalentava o projeto de dominar o território africano do Cairo ao Cabo; ocupava os territórios da Índia, Austrália, Canadá; exercia influência sobre a China e recebera, como concessão, Hong-Kong (1842).

França – ocupou territórios no Norte e Centro africanos (p.e., Argélia), na Ásia (Indochina) e na América (Antilhas).

Império Alemão – possuía territórios em África e exercia influência na Ásia Menor e na Península Arábica.

Rússia – Império Russo expandiu-se por províncias como a Geórgia e o Azerbaijão e procurou estender a sua influência ao Extremo Oriente.

Objetivo 7. Imperialismo e Colonialismo

A expansão europeia inscreve-se numa estratégia de controlo de uma vasta extensão territorial com vista à satisfação das necessidades económicas das metrópoles e à afirmação de uma pretensa superioridade cultural.

O imperialismo e o colonialismo tornaram-se visíveis na ocupação do continente africano. Na Conferenciam de Berlim (1884/85), os chefes de Estado europeus repartiram, entre si, o território africano sem atender às fronteiras definidas pelos povos nativos e impuseram o seu domínio a todos os níveis.

Objetivo 8. Contextualização do Imperialismo

A formação de impérios pelas potências europeias explica-se no contexto da expansão industrial, que necessitava de matérias-primas para a produção maquino-faturada e de mercados para escoar os excedentes.

O continente europeu, em fase de explosão populacional, precisava de colónias para avaliar a pressão demográfica.

Os anseios nacionalistas que acompanharam a criação das democracias europeias tinham uma vertente imperialista.

Objetivo 9. Rivalidades imperialistas

A oposição da França à Alemanha explica-se pela disputa da Alsácia-Lorena e pelo desenvolvimento do novo Império Alemão que retirou à França parte da preponderância económica que esta detinha sobre a Europa.

Em contrapartida, a França conseguiu dominar grande parte do Norte de África.

A rivalidade entre o Império Austro-húngaro e o Império Russo justifica-se, nomeadamente pela disputa da influência nos Balcãs.

As ambições do Império Russo no Extremo Oriente colidiam com o imperialismo japonês, o que acabou por provocar, em 1904-1905, a guerra russo-japonesa, da qual saiu vitorioso o Japão.

Objetivo 10. Clima de “paz armada”

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A tensão gerada pelas rivalidades económicas levou os Estados europeus a procurarem aliados:

1879 – Dupla aliança (Alemanha e Áustria-Hungria);

1882 – Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália);

1907 – Tríplice Entente (França, Rússia e Grã-Bretanha)

A política de alianças era complementada por uma corrida aos armamentos.

Em 1908, a Áustria-Hungria anexou a Bósnia-Herzegovina, gerando protestos da Sérvia, a qual pretendia desempenhar um papel influente nos Balcãs.

Em 1914, quando o herdeiro ao trono austro-húngaro foi assassinado por um estudante sérvio, foi declarada Guerra. Era o fim da paz armada e o início da Primeira Guerra Mundial.

Unidade 4 – Portugal, uma sociedade capitalista dependente***

1.1. A Regeneração entre o livre-cambismo e o protecionismo (1851-1880)***

Objetivo 1. A Regeneração

Em 1851, o golpe de Estado do Marechal Saldanha instaurou uma nova etapa política em Portugal, a Regeneração, que se estendeu até à implantação da República. Esta pretendia o progresso material do país, com o fomento do capitalismo aplicado às atividades económicas, e o encerramento dos conflitos entre as fações liberais (paz foi conseguida com a carta Constitucional e com a promoção do rotativismo entre os partidos do poder).

Objetivo 2. Empenho do fontismo na política de obras públicas

A política de Obras Políticas do ministro Fontes Pereira de Melo, o fontismo, preocupava-se em recuperar o país do atraso económico. Assim, Fontes inicia uma política de instalação de infraestruturas e equipamentos (estradas, caminhos-de-ferro, pontes, telefones, portos), o que trouxe vantagens como:

A criação, pela 1ª vez em Portugal, de um mercado nacional, fazendo chegar os produtos a zonas isoladas e estimulando o consumo;

O incremento agrícola e industrial; O alargamento das relações entre Portugal e a Europa evoluída.

Objetivo 3. Linhas de força do fomento económico da Regeneração

1. Revolução dos transportes – apostou-se na construção rodoviária e na expansão da rede ferroviária. Construíram-se pontes e portos;

2. Livre-cambismo – Redução das tarifas aduaneiras para que a entrada de matérias-primas a baixo preço favorecesse a produção portuguesa, para a entrada de certos produtos industriais estrangeiros a preços mais baixos beneficiar o consumidor e para que a diminuição das tarifas baixa-se o contrabando.

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3. Exploração da agricultura orientada para a exportação – o liberalismo económico favoreceu a especialização em certos produtos agrícolas de boa aceitação no estrangeiro. A aplicação do capitalismo ao setor agrícola passou pelo desbravamento de terras, redução do pousio, abolição dos pastos comuns, introdução de maquinara nos trabalhos agrícolas, uso de adubos químicos.

4. Arranque industrial – progressos industriais: difusão da máquina a vapor, desenvolvimento dos setores industriais, criação de unidades industriais e concentração empresarial em alguns setores, aumento da população operária, criação de sociedades anónimas, aplicação da energia elétrica à indústria.

No entanto, a economia portuguesa padecia de alguns problemas de base que impediram o crescimento industrial: falta de certas matérias-primas, carência de população ativa no setor secundário, falta de formação do operariado e do patronato, orientação dos investimentos particulares para as atividades especulativas e para o setor imobiliário, em detrimento das atividades produtivas, e dependência do capital estrangeiro.

1.2. Entre a depressão e a expansão (1880-1914)***

Objetivo 4. A crise financeira de 1880-90 e os mecanismos de dependência criados

Apesar da revolução dos transportes e dos progressos na agricultura e na indústria, a regeneração assentou o fomento económico sobre bases instáveis:

1. Livre-cambismo – entrada de produtos industriais a baixo preço, com os quais não tínhamos capacidade de competir; a exportação de produtos agrícolas decaiu; a balança comercial era, assim, negativa (1890).

2. Investimentos externos – desenvolvimento portugueses fez-se com investimento estrangeiros, logo, as receitas originadas por esses investimentos não revertiam a nosso favor.

3. Empréstimos – Défice das finanças públicas. Os recursos utilizados para aumentar as receitas passavam pelas remessas dos emigrantes e por pedidos de empréstimos ao estrangeiro. Por isso, quando o banco londrino abriu falência (1890) Portugal deixou de ter meios para lidar com a dívida e em 1892 declarou bancarrota.

Objetivo 5. Surto industrial no final do século

No final do século XIX, a crise obrigou a uma reorientação da economia portuguesa:

Retorno à doutrina protecionista, que permitiu à agricultura enfrentar os preços dos cereais estrangeiros e à indústria colocar a produção no mercado em condições vantajosas;

Concentração industrial – criação de grandes companhias preparadas para as flutuações do mercado;

Valorização do mercado colonial, suprindo a perda de mercados europeus; Expansão tecnológica, com a difusão dos setores ligados à 2ª revolução industrial e da

mecanização.

1.3. As transformações do regime politico na viragem do século***

Objetivo 6. Principais causas da crise da monarquia:

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Crise do rotativismo partidário; a questão do Ultimato inglês (1890); A crise económica de 1880-1890 (problemas estruturais mantinham-se, descrédito na

política económica do Governo e da monarquia agravado com as irregularidades financeiras);

Difusão da ideologia republicana; revolta de 31 de Janeiro de 1891; Ditadura de João Franco em 1907 (D. Carlos dissolve o Parlamento e permite a governação

com plenos poderes de João Franco); Regicídio de D. Carlos e do príncipe herdeiro, o que torna D. Manuel II, inesperadamente

rei, o último rei de Portugal.

Objetivo 7. Princípios fundamentais dos republicanos

Principais ideias dos governos da I República: laicização do Estado; abolição da sociedade de ordens; defesa dos direitos dos trabalhadores; e direito à instrução.

Objetivo 8. Revolução de 5 de outubro de 1910

Revolução de 5 de outubro de 1910 – oficiais revoltosos com o auxílio da Marinha destituíram a monarquia e implementaram a I República, formando um Governo Provisório, presidido por Teófilo Braga.

Objetivo 9. Regime político instaurado pelo Constituição de 1911

A Assembleia Nacional Constituinte elaborou a Constituição de 1911 e elegeu o primeiro presidente da República (Manuel de Arriaga), sendo as linhas de fundo deste regime:

Superioridade do poder legislativo, pois o Congresso da República controlava o Governo e podia destituir o presidente da República (facto que explica a instabilidade politica da I República);

Caráter simbólico da figura do presidente da República; Sufrágio direto e universal para os maiores e 21 anos que soubessem ler e escrever ou que

fossem chefes de família.

Unidade 5 – Os caminhos da cultura***

1.1. A confiança no progresso científico***

Objetivo 1. O cientismo e os progressos da ciência e da técnica na segunda metade do séc. XIX

Na segunda metade do século XIX, os extraordinários avanços da técnica e da ciência foram responsáveis pela propagação da crença no poder da ciência. O Racionalismo parecia ser o único meio para explicar todos os fenómenos e a principal via para atingir a felicidade e o progresso. O cientismo é a fé nas verdades transmitidas pelo conhecimento científico.

Objetivo 2. Principais avanços científicos do séc. XIX

Radioatividade – Pierre e Marie Curie, físicos; Teoria evolucionista – Darwin; Primeira tabela periódica dos elementos – Mendeleiev;

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Existência de microrganismos no ambiente (bactérias) – Pasteur; Isolou a bactéria que provoca tuberculose – Koch

Avanço nas ciências sociais:

Augusto Comte define o pensamento científico com a criação do Positivismo – a Humanidade alcançará o estado positivo quando o conhecimento se basear apenas em factos comprovados pela ciência;

Émile Durkheim sistematizou as regras da nova disciplina das Ciências Sociais: a sociologia; Karl Marx transformou o socialismo num sistema científico de análise da sociedade.

Objetivo 3. Investimento público na área do ensino no séc. XIX:

O aprofundamento dos sistemas representativos (demoliberalismo) fez com que o direito de voto se estendesse à maioria da população, pelo que a classe política viu interesse na difusão do ensino publico como meio de esclarecer os cidadãos e de influir na sua tomada de decisões;

O espírito positivista do séc. XIX, ao considerar unicamente como verdadeiro o conhecimento obtido através da observação e da experimentação, contribuiu para a valorização de instituições ligadas à ciência;

A laicização dos Estados, ao retirar da alçada da Igreja a tradicional função educadora, levou a uma maior responsabilização dos Estados na alfabetização;

As classes médias, ligadas à vida urbana, procuraram cursos que promovessem a sua ascensão social, nomeadamente aqueles que os preparassem para exercer profissões liberais.

1.2. O interesse pela realidade social na literatura e nas artes – as novas correntes estéticas na viragem do século***

Objetivo 4. Modernidade das correntes estéticas no fim do séc. XIX

A segunda metade do século XIX foi extremamente rica em propostas artísticas:

Realismo – reação clara aos pressupostos românticos: propõe a análise da sociedade, analisa criticamente a contemporaneidade, representa cenas banais e as personagens são pessoas simples;

O desejo de objetividade na arte reflete a aceitação da corrente filosófica positivista. O gosto pelo concreto levou a que se representassem cenas do quotidiano; porém, a tentativa de representar exclusivamente o real chocou a sociedade burguesia de então.

Impressionismo – Grupo de pintores que desafiaram as convenções artísticas da época. O Impressionismo procurava captar, em tela, a fugacidade do real. Aproximava-se da pintura realista no tratamento de temas vulgares e urbanos, mas aceitava a subjetividade do olhar, transmitida pelos efeitos de luz e pelas cores inesperadas. Graças à expansão das vias férreas e à novidade dos tubos de estanho com as cores já preparadas, os pintores impressionistas puderam trocar os ateliers pelo ar livre.

Simbolismo – reação ao Realismo e ao Positivismo. Acentua a impossibilidade de existência de uma só realidade e propõe como alternativa a representação simbólica das ideias, razão por que os sues autores foram determinados simbolistas. Uns apostavam em

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ambientes de mistério e de sonho, outros pretendiam afastar-se da civilização industrial europeia para procurar, na arte e na vida, um ideal de primitivismo.

Arte Nova – resulta da vontade de imprimir colorido e graciosidade a uma Europa descaracterizada pela industrialização. Os artistas elaboravam joias refinadas, adornavam a entrada para o metropolitano parisiense, ilustravam painéis publicitários com gravuras de mulheres idealizadas todas as facetas da Arte Nova. Na arquitetura, a forma ondulada, a aplicação do ferro e a valorização da estrutura como decoração marcaram as obras de Arte Nova, salientando-se as do arquiteto Gaudí, em Barcelona.

Objetivo 6. As artes plásticas e a literatura

As artes plásticas e a literatura seguiram caminhos comuns na revolução artística da segunda metade do século XIX.

Na literatura, as descrições minuciosas e a crítica social caracterizaram as obras literárias dos autores realistas; outras denunciavam as condições de vida do operariado. O simbolismo literário caracterizou-se pela expressão do sobrenatural e pela valorização das ideias subjetivas.

1.3. Portugal: o dinamismo cultural do último terço do século***

Objetivo 7. A cultura portuguesa nos caminhos da cultura europeia

A Regeneração aproximou Portugal, em termos culturais, da Europa desenvolvida. O grupo que encetou a revolução artística, a Geração de 70, era composto por autores que se opuseram aos cânones literários da época (p.e., Antero de Quental e Eça de Queirós).

Objetivo 8. O papel da Geração de 70

A Geração de 70 renovou os cânones estéticos e intervieram na sociedade, em especial através do ciclo de Conferências no Casino Lisbonense. As Conferências do Casino eram uma lufada de ar fresco no marasmo da cultura nacional; Porém, foram interrompidas pela proibição do Governo, que se sentia ameaçado pela polémica. A Geração de 70 foi derrotada.

Objetivo 9. A pintura portuguesa nos caminhos da cultura europeia

Em Portugal, o século XIX foi marcado pela corrente naturalista na pintura. Começou-se a privilegiar a pintura ao ar livre, paisagista, dentro da linha da Escola de Barbizon. Dedicaram-se ao tratamento de temas banais do quotidiano e à representação de elementos anónimos do povo.

Objetivo 10. Principais vultos da literatura e das artes

Nas artes plásticas: Silva Porto e Marques de Oliveira, Bordalo Pinheiro, José Malhoa, Aurélia de Sousa, Henrique Pousão, António Carneiro.

Na literatura: Eça de Queirós, Antero de Quental, Cesário Verde, António Nobre, Eugénio de Castro, Camilo Pessanha.

Na historiografia: Oliveira Martins.