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1 Prof.ª RITA FREITAS LICENCIADA EM HISTÓRIA PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E POLÍTICAS PÚBLICAS PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM CULTURA AFRO BRASILEIRAS PÓS GRADUANDA –ESPECIALISTA EM DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR

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Prof.ª RITA FREITAS

LICENCIADA EM HISTÓRIA

PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E POLÍTICAS PÚBLICAS

PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA

PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM CULTURA AFRO BRASILEIRAS

PÓS GRADUANDA –ESPECIALISTA EM DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR

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I UNIDADE

1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE HISTÓRIA

A palavra “história” nasceu na Grécia Antiga e significava “investigação”. Foi o grego Heródoto, considerado o “pai da História”, que pela primeira vez, empregou esta palavra com o sentido de investigação do passado.

Se você pensou em responder, que História é simplesmente o estudo do passado, com

muitos fatos, nomes e datas, valorizando os heróis, os poderosos... Pode parar! Tá na hora

de você rever seus conceitos!

A História é uma ciência viva, ela busca entender como os homens se organizaram e se

desenvolveram desde o passado até os nossos dias. É a ciência do passado e do presente,

um e outroinseparáveis.

A História serve para interpretar o passado, tendo em vista a compreensão do presente.

O objetivo é adquirir consciência do que FOMOS para transformar o que SOMOS.

Transformar para melhor. Assim, num país como o Brasil, marcado por tantas injustiças

sociais, o estudo da história pode servir para ampliar nossa consciência sobre a imensa e

urgente tarefa de construir uma sociedade mais justa, mais digna e mais fraterna.

1.1. QUEM FEZ E QUEM FAZ A HISTÓRIA?

Há cerca de 3 milhões de anos o homem habita o planeta

Terra. Nele, encontra todos os recursos de que precisa para

sobreviver. Porém, para retirar esses recursos da natureza e

transformá-los em alimentos, ferramentas, habitações,

vestuários, etc., ele precisa trabalhar.

Ao transformar a natureza, o homem modifica a Terra.

Assim, no decorrer de milhares e milhares de anos, florestas

deram lugar a campos de cultivo ou a cidades; montanhas foram perfuradas, com o objetivo

de encurtar caminhos; e rios foram desviados de seu curso, para que suas águas pudessem

alcançar regiões áridas. Esse gigantesco trabalho de transformação da natureza nunca foi

uma tarefa individual, pois os homens sempre viveram em grupos, atuando juntos para

sobreviver. E, nesse longo percurso, a humanidade foi onstruindo a sua história. Será que

só os reis, imperadores, presidentes, ministros e generais fazem a História?

Poucos jornais se preocupam em noticiar que os moradores de um bairro pobre se reuniram

no fim de semana para limpar a rua e plantar árvores na pracinha. Mas, se o presidente da

República se encontrou com o dirigente de outro país, essa notícia estará em todos os

jornais.

Os jornais noticiam os fatos que acham mais importantes para os leitores e para a

população. E quem decide se os fatos são importantes ou não geralmente são os donos e

diretores dos jornais, que com freqüência estão de acordo com quem manda no país.

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3 Também os livros de História trazem mais fatos referentes à vida dos governantes do que

notícias sobre os governados (o povo, em geral).

1.2. MAS TODOS NÓS FAZEMOS A HISTÓRIA DO BRASIL!

Você, seus professores, seus amigos, seus parentes constituem uma parte da sociedade

brasileira. Esta parcela da população estuda, trabalha, vota para eleger seus dirigentes,

reúne-se em entidades como sindicatos de trabalhadores, associação de moradores, grupos

da igreja, etc. Numa nação democrática, esses grupos de cidadãos devem atuar

politicamente, e com isso ter uma participação maior na História do país.

Todos fazem a história: produzindo, governando, estudando, combatendo, realizando

trabalhos científicos, manuais ou artísticos. Neste trabalho coletivo, de milhares de anos e

de milhões de pessoas, o homem venceu inúmeros desafios, mas, ao mesmo tempo, criou

problemas de difícil solução. Herdamos de nossos antepassados um mundo com guerras,

conflitos e ameaças. Diante disso, muitas vezes nos sentimos pequenos e frágeis. Como

encontrar soluções para os problemas que enfrentamos nos dias atuais? Para isso vamos

estudar a História, e tentar fazer a nossa parte na construção de uma sociedade mais justa

e solidária.

1.3. COMO SABEMOS O QUE ACONTECEU NO PASSADO?

Para conhecermos a vida de nossos antepassados, recorremos a velhos álbuns de

fotografias e às pessoas mais velhas. São eles que podem nos relatar algo sobre nossos

parentes mais antigos.

Podemos saber como se vestiam, onde moravam, que atividades tinham, qual era o seu

lazer, como se relacionavam uns com os outros e quais eram seus costumes. Enfim,

dependendo da qualidade das informações e do nosso interesse, podemos reconstituir parte

desse passado.

Na História a investigação é parecida com isso, pois através dos tempos, os homens vão

deixando sinais de sua vida: restos de esqueletos e de casas, objetos de uso doméstico,

vestimentas, calçados, obras de arte, desenhos,

inscrições, cartas, textos impressos em livros,

revistas e jornais, etc.

Esses são os chamados documentos históricos ou

fontes históricas, utilizados pelos historiadores

(guardiões da memória da humanidade, seu trabalho

é descobrir o máximo possível a respeito dos fatos

que já aconteceram, para registrá-los e, assim,

impedir que sejam esquecidos) para conhecer o passado.

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4 Os documentos históricos podem ser escritos (jornais, livros, inscrições em monumentos

etc.) e não-escritos (monumentos, objetos, restos humanos, ruínas de construções etc.).

Essas imensas construções, as

pirâmides do Egito, são exemplos

de vestígios. Através do estudo

daspirâmides, construídas há mais

de 4000 anos, pôde-se conhecer

muitos hábitos, crenças e modos de

vida desse antigo povo. Sabe-se,

por exemplo, que eles acreditavam

que após a morte a alma voltava ao

corpo. É por isso que se

embalsamavam os mortos.

Os corpos embalsamados recebem o nome de múmias. Os faraós construíram templos

imensos, como as pirâmides, onde seus corpos embalsamados eram colocados.

1.4. COMO CONTAR O TEMPO?

Por isso, ao longo da História, o homem sempre procurou pôr em ordem cronológica os acontecimentos históricos. Muitos calendários foram organizados para isso. Mas a forma mais aceita de contar o tempo foi estabelecida a partir do nascimento de Cristo.

O nascimento de Cristo, que marcou o início do calendário cristão, é o ponto de referência para a contagem dos anos e das datas dos grandes acontecimentos históricos.

A sucessão de dias e de noites nos dá a primeira idéia da passagem do tempo. Assim, o homem sempre se preocupou em saber quanto tempo o separa de um acontecimento ocorrido no passado ou quanto tempo falta para se dar um acontecimento previsto para o futuro.

Os anos anteriores ao nascimento de Cristo, contam-se de forma decrescente, adicionando-se as letras a.C. (antes de Cristo). Exemplo: Roma, segundo a lenda, foi fundada em 753 a.C., isto é, 753 anos antes do nascimento de Cristo.

Os anos posteriores contam-se de forma crescente e são representados pelas letras d.C. (depois de Cristo), mas, tornou-se comum usar apenas o ano sem nenhuma sigla. Exemplo: Brasília foi fundada em 1960, isto é, 1960 anos depois do nascimento de Cristo.

Então, para os países que seguem o cristianismo, o nascimento de Cristo é o marco principal para a contagem do tempo.

Outros povos, não cristãos, consideram outros fatos mais importantes; portanto, têm outros calendários. É o que acontece com os chineses, os judeus e os árabes, por exemplo.

Para os árabes, que seguem o Islamismo, religião fundada por Maomé, o fato central é a ida deste profeta da cidade de Meca para a de Medina (na atual Arábia Saudita).

Segundo o nosso calendário, isso ocorreu no ano de 622. Portanto, o ano 1 do calendário árabe corresponde ao ano 622 do nosso calendário. Nosso ano de 2004 corresponde ao ano 1382 do calendário árabe.

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1.5. A DIVISÃO DO TEMPO DA HISTÓRIA

Se você recordar um pouco sobre as fontes históricas, vai lembrar que as fontes escritas são muito eficientes e nos fornecem informações e registros muito precisos. Por isso, o surgimento da escrita marca o início da História, pois só nos é possível afirmar que um fato aconteceu realmente se houver algum registro escrito sobre ele.

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6 O documento escrito mais antigo já encontrado até hoje data de 4000 a.C., aproximadamente. O período da história posterior a esta data é chamado de histórico, porque tudo o que aconteceu pode ser entendido a partir de fontes mais seguras. O período histórico anterior a essa data é chamado de período pré – histórico, nada do que apresenta pode ser afirmado com total segurança.

A DIVISÃO DO PERÍODO HISTÓRIA

� IDADE ANTIGA: Desde o surgimento da escrita até a queda do Império Romano do Ocidente (em 476).

� IDADE MÉDIA ou MEDIEVAL: Desde a queda do Império Romano do Ocidente até a tomada da cidade de Constantinopla pelos turcos (1453).

� IDADE MODERNA: Desde a tomada de Constantinopla pelos turcos até a Revolução Francesa, em 1789.

� IDADE CONTEMPORÂNEA: Desde a Revolução Francesa até os nossos dias atuais.

Nessa etapa de nossos trabalhos gostaríamos de ajudá-lo a se descobrir como agente social em sua escola, em seu bairro, sua cidade e seu país. Mas esta descoberta vai acontecendo aos poucos. Em primeiro lugar, você deverá compreender o seu papel como agente da História.

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Ao perceber que você é o responsável pela construção de sua história, entenderá também

que é agente da História em sua escola, seu bairro, etc. Após a leitura do texto abaixo, você

irá nos contar um pouco de sua história.

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8 O mercado de trabalho está muito concorrido atualmente. Todos nós sabemos como está

difícil conseguir um emprego. Por isso, estudos e cursos são importantes, para fazer um

candidato se sobressair em relação aos outros.

Mas, para isso, é preciso mostrar com clareza à firma ou empresa onde o candidato busca

uma vaga, o que ele já fez na vida.

Para isso é que serve o Curriculum Vitae, o currículo de sua vida, onde você registra todas

as informações importantes para se conseguir um emprego.

Um bom currículo deve ser direto e objetivo. Não adianta colocar um monte de informações

só para impressionar. O ideal é colocar o que você já fez, onde estudou, onde trabalhou,

que emprego pretende, sempre sem inventar nada.

Aqui você vai encontrar algumas dicas de como fazer um currículo. Na próxima página você

encontra um currículo-modelo que você pode seguir ao fazer o seu, substituindo as

informações do exemplo pelas suas.

As dicas... As dicas... As dicas... As dicas...

Tamanho: Não adianta fazer um currículo gigantesco, esperando impressionar: o destino de

seu currículo pode ser o fundo de uma gaveta ou mesmo o lixo. Então, não é bom colocar

todos os cursos que você fez ou todos os empregos que teve, por exemplo, mas os mais

importantes e que talvez tenham relação com o emprego que você está tentando. O

tamanho ideal do currículo é no máximo 2 páginas.

Dados Pessoais: Nome, endereço, telefone e e-mail (se tiver) são informações essenciais.

Um dos problemas que os empregadores reclamam muito é ser impossível contatar um

candidato, porque muitos deixam de pôr endereço ou mesmo um telefone para contato.

Escolaridade: Registre o seu nível mais alto de escolaridade somente. Por exemplo, se

você já terminou ou ainda está cursando o ensino médio, registre onde estuda e quando

terminou (se ainda não terminou, registre que está cursando).

Cursos Complementares: Registre cursos que você fez e que você acha importante.

Experiência Profissional: Aqui você irá registrar os empregos que você já teve - nome da

empresa, quando entrou e quando saiu, o cargo e que funções desempenhou.

IMPORTANTE: você deve registrar no início o último emprego que você teve, até registrar o

primeiro emprego, que será o último.

1.6. ONDE TUDO COMEÇOU...

Desde tempos muito antigos, o homem e a mulher se interessam em conhecer sua origem. As explicações até então aceitas, eram as histórias da criação do mundo, do homem e da mulher que existem em todas as religiões. Mas, somente no século XIX, surgiram as primeiras teorias afirmando que o homem atual descende de uma ESPÉCIE ANIMAL – é a chamada TEORIA DA EVOLUÇÃO.

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1.7. A ORIGEM DO HOMEM E DA MULHER

Durante o século XIX (por volta de 1859) os estudos e pesquisas apresentaram notáveis progressos, explicando a origem e evolução da vida. Pesquisadores como Alfred Russel Wallace e Charles Darwin, chegaram a quase exatamente as mesmas conclusões sobre a origem das espécies: que a vida progrediu em nosso planeta através de um processo de adaptação, luta e sobrevivência dos mais aptos – é a chamada TEORIA DA EVOLUÇÃO.

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Então, as várias formas de vida, desde o PRINCÍPIO, foram desafiadas pelo Meio Ambiente a se ADAPTAR ou a DESAPARECER e, ao se adaptarem, as formas de vida tornaram-se cada vez mais EVOLUÍDAS.

• A evolução do reino animal chegou a um ponto culminante com o aparecimento dos mamíferos.

• O início da evolução humana encontra-se nos PRIMATAS (grupo que inclui homens e macacos) e foi no interior da ordem dos primatas que desenvolveu-se uma linha evolutiva separando os homens dos macacos.

A partir daí, surgiram os HOMINÍDEOS, espécie intermediária dessa evolução. Essa linhagem evoluiu e desenvolveu aspectos fundamentais para que acontecesse essa separação entre os homens e macacos, que foi o CRESCIMENTO DO CÉREBRO, a progressiva conquista da POSTURA ERETA e por último, a LINGUAGEM, características distintas dos seres humanos.

Com os HOMINÍDEOS, as espécies que se tornariam humanas foram aos poucos, assumindo características físicas e mentais mais próximas às do homem atual. Surge então, os HOMO SAPIENS, isto é, a espécie humana tal como a conhecemos hoje.

Bom, explicando de uma forma bem simples, o que se acredita é que em algum momento do passado, a linhagem dos humanos e dos macacos devem ter compartilhado um ancestral comum – os primatas, e que desses, outra linhagem se desenvolveu e evoluiu, separando o homem do macaco.

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12 2. A PRÉ-HISTÓRIA: ORIGEM DA CULTURA

Bem, já se passaram milhões de anos desde que o ser humano começou a sua evolução biológica e cultural. Ele começou, então, a pensar e a usar o cérebro e as mãos para extrair da natureza os recursos necessários à sua sobrevivência. No processo de sua evolução biológica e cultural, o ser humano foi passando por fases no período que chamamos de Pré-História, isto é, antes da descoberta da escrita. Essas fases receberam os nomes de Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais.

A pré-história vai do aparecimento do homem até a invenção da escrita, ocorridas por

volta de 4000 anos antes do nascimento de Cristo. Saiba que as mudanças não ocorrem da

noite para o dia ou apenas em alguns anos, mas foi um processo lento de transformação.

Como era a vida no Paleolítico?

A primeira fase, conhecida como

Paleolítico, corresponde ao período mais

longo da história da humanidade. Durante o

Paleolítico, o ser humano não era produtor

de alimento. Eracaçador e coletor. Vivia da

caça, da pesca e da coleta de frutos, raízes

e ovos. Praticava, portanto, uma economia

de coleta.

A organização social e econômica entre os caçadores e coletores do Paleolítico era

extremamente simples.

Inicialmente viviam em bandos e se ajudavam para a obtenção de alimentos.

Com o tempo passaram a morar em cavernas e a dividir o trabalho de acordo com a idade e

o sexo. Os homens caçavam; as mulheres geralmente faziam a coleta. Passaram a se

organizar num regime de comunidade primitiva, caracterizada pela propriedade coletiva dos

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13 meios de produção, isto é, tudo o que era coIetado, pescado e caçado ficava para o grupo.

Não havia donos, todos trabalhavam e o produto do trabalho era dividido entre os membros

do grupo de acordo com as necessidades de cada um. Nessa fase, aprenderam a fazer e a

controlar o fogo, utilizando-o para se aquecer do frio, para cozinhar alimentos, para se

defender dos animais ferozes, para iluminar as cavernas onde habitavam.

No Paleolítico os homens praticavam uma economia nômade, isto é, eles mudavam de uma

região para outra em busca de mais peixes, frutas e caça, quando esses alimentos

escasseavam. Nômades e caçadores, os seres humanos do Paleolítico caminharam

milhares e milhares de quilômetros ao longo dos séculos, povoando diversos territórios,

acumulando conhecimentos e com isso construindo as bases da civilização atual.

Você acha que existem pessoas que vivem atualmente como eles viviam? Onde?

Atualmente alguns grupos indígenas no interior do Brasil e de regiões da África, Austrália e

Polinésia conservam características do período paleolítico.

E como era a vida no período Neolítico?

Nesse período o ser humano já possuía características físicas semelhantes às do homem

atual. Como técnica usava o polimento de pedras e ossos. Além de machados comuns,

passa a utilizar o osso para a fabricação de arcos, flechas, arpões e lanças.

Nesse período ocorreu a Revolução Neolítica, ou seja, ocorreram transformações na forma

de vida do ser humano. Mudanças climáticas alteraram a vida sobre a Terra tornando

escassos a água e os alimentos que se encontravam na natureza. A partir daí, homens e

animais passaram a procurar regiões próximas às margens dos rios.

Além dos problemas climáticos, o crescimento da população, tornou difícil a obtenção de

alimentos, o que levou o ser humano a se fixar e iniciar o cultivo da terra - a praticar a

agricultura. Assim, o ser humano tornou-se sedentário, isto é, passou a ter habitação fixa. O

ser humano passou de simples coletor da natureza para produtor.

Ao lado da agricultura, o ser humano passou a domesticar alguns animais, desenvolvendo

assim o pastoreio. É dessa época também o desenvolvimento do artesanato, das técnicas

de fiação, de tecelagem e da fabricação de cerâmica.

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2.1. A ORIGEM DO HOMEM AMERICANO

Existem várias hipóteses sobre a origem dos antigos seres humanos que habitavam o continente americano, inclusive o Brasil.

Entre as hipóteses existentes, a mais aceita sustenta que os antigos seres humanos americanos são originários da Ásia e chegaram ao continente americano passando pelo Estreito de Bering, que liga a Ásia à América do Norte.

Observe no mapa abaixo, os possíveis caminhos percorridos pelos primeiros habitantes da América.

Portanto, a América do Norte, América Central e América do Sul, já eram habitadas muitos anos antes de Cristovão Colombo tomar posse dessas terras em 1492, em nome da Espanha. Dessa forma, o Brasil também foi sendo povoado, junto com os outros países das Américas. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, há cerca de 500 anos, essa

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16 terra era povoada por aproximadamente 5 milhões de pessoas, os indígenas. Esses povos não deixaram documentos escritos.

Portanto, para sabermos da sua História, devemos usar dos vestígios deixados por eles. Os primeiros habitantes do Brasil deixaram vestígios arqueológicos que nos dão algumas idéias a respeito de como eles viviam.

Onde são encontrados esses vestígios?

Também em muitas cavernas do interior do Brasil e mesmo em lajes de pedras ao ar livre, encontram-se pinturas ou outros sinais gravados na pedra. Escavações iniciadas em 1978 em São Raimundo Nonato, no Piauí, encontraram vestígios arqueológicos que possibilitaram aos estudiosos do assunto concluir que seres humanos viveram na região há 45 mil anos. As descobertas recentes fazem do Piauí o mais importante sítio arqueológico do Brasil.

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Algumas comunidades indígenas brasileiras ainda possuem características das maneiras de

viver dos homens do Paleolítico e do Neolítico.

A produção coletiva do trabalho, a pequena divisão de tarefas e a inexistência de classes

sociais são algumas dessas características.

Vivendo da caça e da coleta, algumas tribos adquiriram práticas agrícolas, enquanto outras

permaneceram nômades.

Atualmente, existem no Brasil uns 210 mil índios; eles representam 0,11% da população

brasileira total. Quando os portugueses chegaram, a situação era outra; calcula-se que

havia 5 milhões de índios em nossa terra.

O que teria provocado a violenta redução da população indígena? Foi a ação do

conquistador europeu, no processo de colonização do Brasil.

O conquistador europeu utilizou três tipos de violência contra o índio: militar (guerra),

econômica (a escravidão) e cultural (destruição de seu modo de vida).

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O direito à sobrevivência do índio brasileiro é uma das grandes questões colocadas para a

sociedade brasileira. Desde a chegada dos primeiros portugueses ao Brasil, os indígenas vêm

sofrendo com a perda de suas terras, com doenças transmitidas pelo homem branco, com o

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20 desmatamento, que destrói a flora e a fauna e com a perda de sua cultura. Apesar de terem

sido criadas reservas indígenas, estas têm sido freqüentemente invadidas por garimpeiros e

fazendeiros à procura de ouro e de terras.

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Então como os indígenas estão procurando resolver suas questões?

Eles estão se organizando politicamente, com o

objetivo de se impor como cidadãos brasileiros.

Assim, em 1980 foi fundada a UNI (União das

Nações Indígenas), com o objetivo de articular todas

as nações indígenas brasileiras e o CIMI Conselho

Indigenista Missionário).

Após a leitura dos textos 3 e 4, você deve ter

percebido que a questão indígena é muito mais

séria do que se imagina. Nossos índios estão sendo

mortos, e a sociedade brasileira parece não estar muito preocupada com isso.

Muitas pessoas continuam afirmando que o índio é preguiçoso e que prefere ficar na mata

ou deitado na rede a trabalhar em uma fábrica ou nas fazendas dos homens brancos. Ao

afirmarem isto, estas pessoas apenas confirmam que desconhecem totalmente a maneira

de viver e pensar dos índios.

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Será que nós, homens brancos, que vivemos nas grandes cidades e corremos atrás

do dinheiro todos os dias, temos o direito de condenar os índios à morte através da

invasão de suas terras e da destruição de suas florestas? Acreditamos que não.

Existem pesquisadores na Universidade de São Paulo fazendo um trabalho para

recuperar a língua e os costumes dos pankararus, o que mostra que no meio branco

existem pessoas empenhadas em ajudar o índio a se preservar e não perder sua

identidade cultural.

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II UNIDADE

3. O FEUDALISMO E AS TRANSFORMAÇÕES NAS RELAÇÕES SOCIAIS

Isso tudo diz respeito a um período da história da Europa chamado Medieval, ou Idade Média. Os castelos existem até hoje em muitos países europeus, mas o modo de vida das pessoas mudou completamente.

O Brasil não teve as características da época medieval, porque a América passou por uma evolução sócio-econômico-cultural diferenciada da Europa. Ao compreender a história medieval, você entenderá melhor o processo histórico desenvolvido entre o período do século V ao XV, na Europa. Você aprendeu que no século XVI, o mundo conhecido dos europeus se limitava à Europa, Oriente Médio e África. Nessa época, a América ainda não era conhecida dos europeus, e a Europa era por eles considerada o centro do mundo.

Durante séculos, o Império Romano dominou grande parte da Europa. Uma poderosa estrutura administrativa, com exércitos e estradas que interligavam todo o território, possibilitou aos romanos impor às populações dessa parte do continente seu domínio, seu modo de vida e seus costumes.

A partir do século III, esse cenário começaria a se alterar, quando diversos povos de origem germânica, eslava e, posteriormente, árabe, invadiram a parte ocidental da Europa iniciando um novo modo de vida com características e particularidades próprias.

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24 No início, essas invasões foram realizadas pacificamente, mas com o tempo tomaram-se violentas, o que gerou destruição e insegurança em várias áreas da Europa.

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25 � A política no feudalismo

A Europa ficou dividida em reinos, mas os reis não tinham muito poder, pois esses reinos eram divididos em grandes extensões de terras, chamados feudos. O domínio no feudo era exercido pelo senhor feudal, que possuía poder absoluto dentro dele.

O feudo era o domínio do senhor feudal e era a unidade básica de produção. Nele havia:

� o castelo: onde morava o senhor feudal.

� a vila ou aldeia: onde moravam os servos.

� as terras: onde os servos trabalhavam.

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26 No feudalismo, a sociedade era dividida em estamentos, ou seja, as pessoas permaneciam

desde o nascimento até à morte, numa mesma posição dentro da sociedade.

A sociedade era dividida em: clero, nobres e servos e não permitia a mobilidade social, isto

é, não havia possibilidade da pessoa mudar sua situação social; quem nascia servo, jamais

poderia deixar de sê-lo.

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Os servos trabalhavam devendo obrigações aos seus senhores (nobres). Viviam em

condições precárias de subsistência. Embora pudessem usar um pedaço de terra, bem

pouco daquilo que produziam ficava para o sustento da família, pois grande parte da

produção era entregue a seus senhores e à Igreja sob forma de tributos (impostos). (A Igreja

também aumentou seus domínios graças ao dízimo, taxa de 10% sobre a produção dos

fiéis).

Então o servo era como o escravo?

Como o servo necessitava da proteção oferecida pelo senhor feudal, ele tinha a obrigação

de permanecer e trabalhar na terra desse senhor, mas apesar do servo estar ligado à terra,

não podia ser vendido; o servo não era propriedade do seu senhor, diferente do escravo que

era vendido porque era propriedade do dono. ]

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No feudalismo, com a fuga da população da cidade para o campo, a principal fonte de

subsistência passou a ser a agricultura. Praticamente, não havia comércio e sim troca de

produtos dentro de cada feudo. Assim, os feudos eram auto-suficientes, quer dizer,

produzia-se e trocava-se dentro de cada um deles tudo o que sua população precisava.

Nesse período, por conseqüência, o dinheiro praticamente desapareceu.

Durante a Idade Média, produzia-se na terra quase todas as mercadorias de que se

necessitava e, por isso, somente a terra era o indicativo de poder de quem a possuía.

As características econômicas do feudalismo influenciaram fortemente a política. A quase

inexistência do comércio e o fato de as moedas não circularem impediram que o rei, ou

qualquer outro tipo de governante, arrecadasse impostos. E se não há arrecadação de

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29 impostos, é impossível construir um exército; se não existe exército, não há poder coercitivo

(que impõem limites; repressivo) que faça alguém se sentir obrigado a obedecer ao rei.

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31 Atendendo aos apelos do papa, os cristãos organizaram expedições militares que

receberam o nome de Cruzadas. Além da motivação religiosa, a organização das cruzadas

teve outras causas, como o espírito guerreiro dos nobres feudais e a necessidade

econômica de retomar importantes cidades comerciais que estavam em poder dos

muçulmanos.

De 1096 a 1270, os cristãos europeus organizaram oito cruzadas. Cada uma teve suas

próprias características, deixando conseqüências marcantes na política e na economia da

Idade Média.

Entre as principais conseqüências do movimento das cruzadas, podemos destacar:

⇒ Empobrecimento dos senhores feudais, que tiveram suas economias arrasadas pelos

elevados custos da guerra santa.

⇒ Fortalecimento do poder real, que cresceu à medida que os senhores feudais perdiam

sua tradicional força.

⇒ Reabertura do Mediterrâneo, que se encontrava sobre o poder dos muçulmanos,

possibilitando a retomada do intercâmbio comercial entre Europa e Oriente. Com isso,

houve crescente rompimento na economia fechada do feudalismo.

⇒ Desenvolvimento intelectual e cultural promovido pelo contato com os povos do Oriente.

4. O RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO

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Os mercadores europeus, principalmente os italianos, passaram a ir mais vezes ao Oriente

e a levar maior quantidade de mercadorias da Ásia para a Europa. Essas mercadorias eram

vendidas em feiras realizadas no interior da Europa, onde o comércio foi reativado.

À medida que o comércio foi se expandindo, foram surgindo cidades exatamente nos locais

das feiras. Por razões de segurança, os mercadores procuravam realizar as feiras em

lugares próximos a uma zona fortificada, cercada de muralhas, chamada burgo, onde se

erguia a catedral, o palácio do bispo e, por vezes, o castelo do senhor das terras. Os burgos

garantiam a defesa do lugar.

Com o tempo, prósperos mercadores passaram a se estabelecer nesses povoados. Ali

também se instalaram diversas oficinas de artesãos: sapateiros, ourives, ferreiros, oleiros,

carpinteiros, etc. Assim, em volta da primeira zona fortificada surgiu um novo núcleo,

também cercado de muralhas, que foi se tornando mais importante que o primeiro. Os

moradores desta segunda zona fortificada (artesãos e comerciantes) chamavam-se

burgueses e passaram a constituir uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses eram

homens livres, desvinculados do sistema feudal.

As cidades enfim, tornaram-se locais onde havia segurança e liberdade para aqueles que

desejavam romper com a rigidez da sociedade feudal.

Quanto mais o comércio crescia, mais as cidades se desenvolviam

e maiores passavam a ser as necessidades de mercadorias para

abastecer os consumidores europeus.

Diante disso, os comerciantes europeus perceberam que

necessitavam controlar não somente a venda final dos produtos,

mas também as rotas comerciais pelas quais os produtos

chegavam à Europa. Mais ainda, precisavam de novas fontes

produtoras e novos produtos que pudessem proporcionar lucros no

processo de compra e venda.

Em uma situação assim, o que você faria? Ficaria sentado esperando um milagre ou

buscaria encontrar meios para obter mais mercadorias?

Os comerciantes europeus incentivaram a segunda possibilidade. Abriam-se as portas para

a expansão marítima européia. Mas este é assunto para a nossa próxima apostila.

4.1. CRISE DO FEUDALISMO

Com a diminuição das invasões, a partir do século XI, um

novo modo de vida estabilizou-se. A produção de alimentos

aumentou desde então, graças à ampliação das terras

cultivadas e à melhoria dos instrumentos de trabalho.

Milhares de hectares de florestas foram derrubados para

aumentar a área de terras aráveis e de pastagens, e para

extrair a madeira, principal combustível de uso doméstico

ematéria-prima para construção de pontes, casas, armazéns

e fortalezas.

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33 Como já vimos, essa estabilidade trouxe um certo progresso: crescimento das vilas e

cidades, aumento da população e fortalecimento das atividades comerciais graças à

produção de alguns excedentes. Entretanto, as riquezas produzidas por este progresso

continuaram sendo apropriadas pelos senhores.

Como todo modo de vida baseado na exploração do homem pelo homem, o sistema feudal

não foi capaz de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. A expansão demográfica

(crescimento da população) foi maior que a expansão da agricultura. As técnicas agrícolas

precárias levaram ao esgotamento das terras, e a falta de terras férteis provocou o fim da

expansão das áreas plantadas.

Com isso, a partir dos séculos XIV e XV, guerras, fome e epidemias, como a peste negra,

espalharam-se com rapidez, atingindo, principalmente, a população trabalhadora.

Para manter seu nível de vida durante essa crise, os senhores feudais aumentaram as

exigências sobre os camponeses, cobrando cada vez mais tributos e aumentando sua

jornada de trabalho. Por isso, em vários locais da Europa, os camponeses se revoltaram

contra a exploração a que estavam sendo submetidos. A estabilidade feudal foi destruída

por guerras, fomes, doenças e revoltas camponesas.

O poder dos senhores feudais foi profundamente abalado, facilitando a centralização do

poder político nas mãos de reis absolutistas e a ocorrência das crises que provocaram o fim

do feudalismo.

5. EXPANSÃO MARÍTIMA MERCANTIL

A Globalização é um Processo Atual?

Atualmente muito se fala em globalização. Os diversos países

e regiões do mundo estão integrados pelo comércio, pelas

transações financeiras, pelos modernos meios de

comunicação e de transportes.

Empresas gigantes, com diversas filiais espalhadas pelo

mundo, produzem e distribuem os mesmos produtos para os

mais diferentes povos. Bens culturais, como livros, filmes,

discos e vídeos, são lançados ao mesmo tempo em vários

países. Pela Internet e por telefone, é possível entrar em contato com qualquer parte do

mundo. Aviões cada vez mais velozes podem nos levar aos

lugares mais distantes em poucas horas.

As atividades no mundo, hoje, são desenvolvidas de modo a

tornar o tempo cada vez menor entre elas. Isso afeta

sobremaneira o desenvolvimento econômico, político e

social, fazendo com que as fronteiras entre os países

praticamente deixem de existir.

Page 34: História i módulo

34 Conseqüentemente, isso faz com que existam maiores facilidades para as relações

comerciais entre diversos países. Além disso, muitas diferenças entre as nacionalidades

tendem a deixar de existir e o mundo parece caminhar para ser um só.

Em termos gerais, a globalização traz vantagens como:

� comunicação instantânea com o mundo;

� maior acesso aos conhecimentos;

� maior acesso aos progressos científicos;

� a formação de mercados comuns, possibilitando o consumo de diversos produtos de

diferentes procedências.

Entretanto, essas vantagens são aparentes do ponto de vista social, pois as diferenças

entre povos ricos e pobres, assim como as diferenças gritantes entre as classes sociais

permanecem e se acentuam. As vantagens são usufruídas por uma pequena parcela da

população mundial, que consegue adquirir produtos originais, de boa qualidade, cujos

preços os tornam inacessíveis à maioria da população.

O processo de globalização não é um fenômeno recente. Embora de maneiras diferentes,

processos de globalização ocorreram desde a Antigüidade, através das conquistas de

alguns povos por outros mais poderosos.

O processo de conquistas promovido desde os povos antigos, demonstra a preocupação de

um povo vencedor em impor sua dominação sócio-econômica e cultural sobre os povos

dominados.

Entretanto, o que se constatou foi uma influência dos vencedores que, mesmo sendo

grande, não chegou a formar uma cultura única, globalizada.

Podemos dizer que a globalização, como a conhecemos hoje, é resultado do processo

denominado pelos historiadores de expansão marítima européia. As marcas dessa

expansão estão presentes no mundo atual. Línguas européias são faladas em regiões muito

distantes da Europa. Democracia, república, eleições, partidos políticos, capitalismo,

industrialização, socialismo, liberalismo, Igreja Católica, protestantismo, são fenômenos

políticos, culturais e econômicos de origem européia que atualmente são mundiais.

Esse processo de europeização do mundo não teve mão única, pois os europeus também

assimilaram conhecimentos e costumes dos diversos povos com os quais entraram em

contato no processo de expansão. Por exemplo, o fumo, a batata, o milho, o tomate, o chá,

que se tornaram hábito de milhões de pessoas na Europa, foram assimilados de outros

continentes.

Embora não seja possível determinar com exatidão quando começou a expansão européia,

podemos afirmar que ela está ligada ao que se convencionou chamar de Grandes

Descobrimentos ou Grandes Navegações. Os nomes ligados a eles são muito conhecidos:

Vasco da Gama, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, Américo Vespúcio e muitos

outros.

Page 35: História i módulo

35

E atualmente? Hoje em dia, os métodos de dominação são mais sutis, isto é, mais brandos

aparentemente. Porém, uma observação mais atenta tem revelado que o processo de

globalização não deixa de ser um procedimento violento, pois implica em uma certa

descaracterização de cada uma das culturas atingidas. Atualmente, a globalização pode

começar na sala de sua casa, quando a TV estimula o consumismo exagerado, quando por

meio de filmes e novelas impõe moda, costumes, linguagem, formas padronizadas de

pensar e agir que passam a fazer parte do seu cotidiano, modificando a sua maneira própria

de ser.

Todos nós estamos sujeitos a pensar e agir conforme o que outras pessoas determinam

como verdadeiro, através dos meios de comunicação. Portanto, fique atento: não se deixe

levar pelas aparências.

Prossiga a leitura...

Como você pode perceber, estamos vivendo o processo de globalização. Fazemos parte

desse momento histórico. Os povos nativos do continente americano, também viveram um

processo de dominação quando os europeus aqui chegaram nos séc. XV e XVI, iniciando a

conquista e a colonização, com a imposição de sua cultura.

Page 36: História i módulo

36

5.1. EXPANSÃO MARÍTIMA

Como já comentamos, vivemos num mundo globalizado. Atualmente, existem linhas aéreas

ligando os mais longínquos lugares do nosso planeta. Se, com a velocidade aérea, o

percurso entre o Brasil e a Europa é feito em menos de dez horas, no século XV, uma

viagem de Portugal até o nosso país durava quase cinqüenta dias.

No início do século XV, exploradores europeus começaram a aventurar-se pelo “mar

desconhecido”, isto é, pelo Oceano Atlântico. Iniciavam-se as Grandes Navegações, ou

seja, a expansão marítima rumo a lugares ainda não conhecidos pelos europeus.

Questões econômicas foram importantes no processo de expansão marítima. Os burgueses

ao começarem a se destacar na sociedade como comerciantes ricos, se aliaram aos reis

para ajudá-los a fortalecer o seu poder.

A partir dessa aliança os reis passaram a incentivar a formação de expedições com

objetivos comerciais.

Numa época em que o comércio tornava-se a atividade econômica mais lucrativa, os

produtos mais valorizados eram as especiarias do Oriente.

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37

Page 38: História i módulo

38

Essas especiarias orientais, como os temperos, pimenta, gengibre, canela, cravo, noz-

moscada, etc., usados para disfarçar o cheiro e o gosto que ficavam nos alimentos, devido

aos precários métodos de conservação daquela época (não se esqueça, que a geladeira

ainda não existia!) tinham grande aceitação e valor no mercado europeu.

Trazidas do Oriente, as especiarias eram vendidas em sua maioria pelos comerciantes da

Península Itálica (atual Itália), sobretudo Gênova e Veneza.

Os comerciantes das regiões excluídas desse rentável comércio desejavam participar dele.

Mas como fazer isso se os venezianos e genoveses controlavam, além do Mar

Mediterrâneo, as rotas do Oriente?

A solução encontrada foi procurar novos caminhos e lugares para ter acesso aos produtos

desejados, evitando a região do Mediterrâneo. Os comerciantes começaram, então, a

explorar o Oceano Atlântico e o Continente Africano.

� “POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS”

As viagens marítimas do início do século XV eram empreendimentos arriscados, tanto do

ponto de vista econômico, quanto em relação às possibilidades de sobrevivência dos

navegadores.

Eram viagens longas, que exigiam grandes recursos; as embarcações eram bastante

precárias, movidas a remo ou vela; a embarcação mais rápida era a caravela, aperfeiçoada

pelos portugueses.

O Oceano Atlântico era praticamente desconhecido pelos europeus na Idade Média. Muitos

acreditavam tratar-se de um mar povoado por monstros e plantas diabólicas, com águas que

ferviam em determinados pontos e se precipitavam num abismo, como uma grande

cachoeira. Por isso era chamado de Mar Tenebroso.

Era necessário enfrentar os desafios reais e os imaginários. Os portugueses foram os

pioneiros (primeiros) das navegações marítimas.

Além do apoio do rei e dos interesses da burguesia pelas navegações, Portugal foi

favorecido pela ausência de guerras em seu território e por sua posição geográfica – o país

está voltado para o Oceano Atlântico. A esses fatores soma-se outro: o povo português

estava acostumado com as atividades marítimas.

A América só pôde ser conquistada pelos europeus, devido ao grande avanço nas técnicas

de navegação ao lado de invenções cada vez mais aperfeiçoadas.

Exemplos:

Na arte de navegação: a vela latina, aperfeiçoamento da bússola, do astrolábio, mapas mais

precisos, desenvolvimento da caravela, leme, etc.

O emprego da bússola: A bússola é um instrumento de orientação, cuja invenção é atribuída

aos chineses. Foram, porém, os árabes que a levaram para a Europa, onde o seu emprego

foi estudado pelos navegadores. A bússola tornou-se a grande companheira ‘dos

Page 39: História i módulo

39 navegantes’ em todas as longas as longas viagens. Com sua utilização, o navegador não

mais corria o perigo de perder o rumo de sua viagem.

O uso do astrolábio: o astrolábio também é um instrumento de orientação, que permite ao

navegador situar a sua posição geográfica através da posição dos astros.

Outras invenções e aperfeiçoamento: a utilização da pólvora no desenvolvimento de armas

de fogo, o aperfeiçoamento do canhão, a invenção do papel de trapo, o aperfeiçoamento da

imprensa.

Page 40: História i módulo

40 � PORTUGUESES E ESPANHÓIS NO OCEANO

A primeira grande conquista portuguesa aconteceu em 1415, quando o centro comercial de

Ceuta, no norte da África foi tomado. Daí para a frente, os portugueses continuaram

contornando o continente africano, pois o objetivo final era chegar ao Oriente.

A chegada às Índias aconteceu em 1498, numa

expedição (excursão, viagem) comandada

pelo navegante Vasco da Gama. Todo o esforço

português foi recompensado, pois os lucros dessa viagem

ultrapassaram 6000%. Portugal tentou transformar aquele

caminho marítimo (contorno da África) em exclusividade

portuguesa, mas eles não eram os únicos que

trabalhavam para conquistar as Índias.

Os espanhóis também queriam chegar ao Oriente. Eles

iniciaram suas navegações com um certo atraso em

relação aos portugueses, mas ainda mais adiantados do

que outros países europeus. O motivo da demora espanhola foi a chamada Guerra da

Reconquista, quando os árabes foram expulsos da península Ibérica (região onde hoje se

encontra a Espanha) ocupada por eles havia séculos. Essa guerra só foi concluída em 1492,

com a conquista de Granada (sul da Espanha).

� O TRATADO DE TORDESILHAS

A disputa entre portugueses e espanhóis pela conquista de novas terrase mercados, nem

sempre foi pacífica. Como você já estudou, os espanhóis chegaram à América em 1492; os

portugueses, nessa época procuravam contornar a África, rumo ao Oriente.

Logo que Colombo chegou à América, o governo da Espanha procurouestabelecer seus

direitos sobre a terra que encontrara e sobre outras que poderia ainda encontrar. Portugal,

não concordando, apelou então para o papa Alexandre VI, mesmo ele sendo espanhol. O

papa decidiu em 1493 que deveriaser traçada uma linha imaginária, passando 100 léguas

(cerca de 660 Km) a oeste das ilhas de Cabo Verde (Bula Inter Coetera). As novas terras

ficaram divididas em duas partes. A parte que estava a oeste da linha, à esquerda domapa,

pertenceria à Espanha. A parte que ficava a leste, à direita do mapa, pertenceria a Portugal.

O rei de Portugal não concordou com a divisão feita pelo papa. Então, representantes de

Portugal e da Espanha reuniram-se na cidadeespanhola de Tordesilhas e assinaram um

tratado que determinava o seguinte:a linha imaginária passaria a 370 léguas a oeste das

ilhas de Cabo Verde.

Observe o mapa.

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Assim, o Atlântico sul se tornava uma área de domínio português. Reis de outros países

europeus não aceitaram esse tratado. O rei da França, Francisco I, declarou: “Gostaria de

ver o testamento de Adão para saber como ele dividiu o mundo”.

Na América, a linha do Tratado de Tordesilhas passava pelos locais onde atualmente se

situam as cidades de Belém (Pará) e Laguna (Santa Catarina).

Como você percebeu, Portugal e Espanha sentiam-se os donos do mundo.

Para assegurar o domínio sobre suas terras na América, em 1500, o comandante Pedro

Álvares Cabral tomou posse do Brasil, que a partir daí passou a ser uma colônia de

Portugal. Em seguida rumou para as Índias onde o comércio de especiarias já garantia

desde 1498, com a viagem de Vasco da Gama, grandes lucros à burguesia portuguesa e ao

rei.

Mas, se as novas terras foram divididas entre Portugal e Espanha, como existem países na

América que foram colonizados por ingleses e franceses? Tanto a França como a Inglaterra

realizaram tardiamente sua expansão marítimo-comercial. Iniciaram essa expansão

somente no início do século XVI.

A França, Inglaterra e Holanda não aceitaram a divisão entre Portugal e Espanha.

Desrespeitando a linha do Tratado de Tordesilhas, impuseram sua presença através de atos

de pirataria e ocupação de terras. Dessa forma, as terras que antes pertenciam somente a

Portugal e Espanha, passaram também a serem colonizadas por franceses, ingleses e

holandeses.

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42

6. A FORMAÇÃO DO BRASIL COLONIAL

Bem, você mora no Brasil, e provavelmente nasceu aqui. Sabe que o Brasil é um país que

tem aproximadamente 180 milhões de habitantes e mais de 08 milhões e 500 mil Km2.

A língua que você fala é a portuguesa – herança cultural do colonizador português. Os usos

e costumes que você pratica são resultados da mistura de várias culturas, principalmente

indígena, africana, européia e asiática.

Bem, oficialmente, os portugueses chegaram ao Brasil durante a expansão marítima, nos

fins do século XV, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, no dia 22 de abril de 1500.

Nos primeiros anos, após a chegada de Cabral, a preocupação dos portugueses foi a de

extrair pau-brasil, com o auxílio dos índios para mandar à Europa, onde a madeira era

negociada. Mas, a prioridade dos portugueses era continuar explorando e vendendo as

especiarias (cravo, pimenta, canela...) da Índia, na Europa.

Page 43: História i módulo

43 Assim, somente a partir de 1530, quando as especiarias deram sinal de esgotamento, é que

a Coroa Portuguesa iniciou de fato a colonização do Brasil.

Ciente disso, o rei de Portugal, D. João III, encontra uma saída para não arcar com as

despesas da colonização. Sabendo que os nobres portugueses sonhavam em possuir

grandes extensões de terra, decidiu em 1534, dividir o Brasil em 15 grandes faixas de terras

(mapa ao lado) e entregá-las à senhores de razoáveis condições financeiras.

Surgiram as capitanias hereditárias.

O nobre donatário recebia apenas o direito de posse, mas não se tornava proprietário da

capitania – o proprietário era o rei. Se a administração da capitania fosse boa, seria

transferida hereditariamente aos herdeiros do donatário. Se fosse ruim, o rei dava a posse

para outro nobre.

Bem, os nobres gastariam muito dinheiro para montar a produção açucareira, construir

engenhos e portos, transferir os colonizadores para o continente americano, lutar contra

índios e piratas, enquanto o rei ficava na confortável posição de cobrador de impostos sobre

as atividades econômicas implantadas na Colônia.

A maioria das capitanias fracassou por vários motivos: poucos investimentos (por falta de

recursos ou de interesse dos donatários), freqüentes ataques dos indígenas, grande

distância entre as povoações e entre o Brasil e Portugal.

Dessa forma, somente as capitanias de Pernambuco e São Vicente deram lucros, porque

seus donatários souberam resistir aos ataques indígenas e investiram muito dinheiro para

dotar as capitanias de engenho, bois, instrumentos agrícolas, soldados etc. O rei de

Page 44: História i módulo

44 Portugal não desistiu das capitanias, mas resolveu melhorar o sistema. Para controlar os

donatários e ajudá-los na colonização, D. João III nomeou, em 1548, um governador-geral

para o Brasil, que era um representante do rei na colônia, a quem os donatários e todos os

colonos deviam obedecer. A instalação do governo-geral significou a centralização

administrativa da colônia. O primeiro governador-geral Tomé de Sousa, fundou Salvador, a

primeira cidade e capital do Brasil. Trouxe gado e instalou vários engenhos de cana-de-

açúcar.

A colonização do Brasil compreendia a fixação de colonos na terra e uma produção que

atendesse ao mercado europeu, com fins lucrativos.

Assim, a colonização no Brasil teve a cultura da cana-de-açúcar como o seu primeiro

produto agrícola, e para produzir açúcar, foram trazidos negros da África como mão-de-

obra. A produção deveria ser em grande escala, pois este produto era raro na Europa e,

portanto, caro.

• ESCRAVISMO ESCRAVISMO ESCRAVISMO ESCRAVISMO

O sistema econômico montado na América foi o escravista. O escravismo é um sistema

social e econômico no qual o agente de produção é

predominantemente o escravo, que é comercializado,

sendo vendido, comprado ou trocado como uma

mercadoria ou objeto.

Os motivos da utilização da mão-de-obra escrava na

América foram:

• escravismo proporcionou a montagem do tráfico

internacional de escravos gerando lucros fabulosos aos

traficantes;

Page 45: História i módulo

45 • os escravos supriam a mão-de-obra no trabalho dentro das colônias em lugar dos

colonizadores europeus.

O escravismo, na época moderna, não era uma novidade, pois já havia escravidão entre

povos da Antigüidade, como por exemplo, entre os gregos e romanos.

A igreja impedia que o índio fosse

escravizado, pois estava interessada em sua

catequese e como mão-de-obra nas aldeias

jesuítas, mas, ao mesmo tempo, continuava

justificando escravidão do negro.

Assim, os colonizadores, utilizavam o negro

como escravo, aumentando o volume do

tráfico africano e conseqüentemente as

vantagens e lucros obtidos por quem

promovia esse comércio.

A proteção ao índio era relativa, pois ao mesmo tempo em que se proibia legalmente a sua

escravização, o governo permitia que a mesma ocorresse através das “guerras justas”.

Os padres jesuítas eram grandes defensores da não escravização do índio pelos colonos,

no entanto, os jesuítas faziam uso da mão-de-obra indígena para os diversos trabalhos nas

missões, além de desestruturarem a sua cultura quando lhes impunham os costumes e a

religião do colonizador português, através das catequeses.

Reação Negra e Indígena ao Escravismo

Page 46: História i módulo

46 Tanto o índio como o negro foi dominado e

escravizado pelos brancos europeus. Os negros

foram trazidos do Continente Africano, pela força,

para servir de mão-de-obra escrava no trabalho

braçal na lavoura, minas e serviços domésticos.

Desde a captura na África, já eram separados de

suas famílias e nações para que chegassem na

América desunidos e sem disposição de reagir ao

cativeiro. Eram transportados para o Brasil nos porões dos navios negreiros também

chamados “navios tumbeiros”, nas piores condições possíveis, o que provocava a morte de

mais de 50% dos negros durante as viagens, entretanto, nem negros e nem índios

aceitaram passivamente essa dominação.

O desmonte da cultura indígena e da cultura negra africana, além de outros motivos,

ocorreu porque o colonizador português não permitiu a manifestação religiosa desses

povos.

� Índios: o colonizador português foi introduzindo ao cotidiano novos conceitos religiosos

que foram impostos como parte da salvação de suas almas.

� Negros: apesar da proibição de culto religioso, feita pelo colonizador branco português,

criaram uma mistura da religião africana com a religião católica como forma de burlar essa

proibição.

Com a colonização, os portugueses impuseram tanto aos índios, quanto aos negros, sua

forma de organização social, econômica e política. O índio, mesmo reagindo, foi sendo

exterminado ou se misturando à cultura branca. O negro fugia para os quilombos;

entretanto, se recapturado, era levado de volta aos engenhos e forçado a se adaptar

culturalmente, ou morria, devido aos castigos físicos.

• BANDEIRAS

A capitania de São Vicente foi o primeiro núcleo povoador de

nosso país. Mas, apesar de ter sido bem administrada, num

segundo momento, começou a ter problemas econômicos e

os investidores não mais se interessavam pela capitania.

Desde a captura na África, já eram separados de suas famílias e nações para que

chegassem na América desunidos e sem disposição de reagir ao cativeiro. Eram

Page 47: História i módulo

47 transportados para o Brasil nos porões dos navios negreiros também chamados “navios

tumbeiros”, nas piores condições possíveis, o que provocava a morte de mais de 50% dos

negros durante as viagens, entretanto, nem negros e nem índios aceitaram passivamente

essa dominação.

O desmonte da cultura indígena e da cultura negra africana, além de outros motivos,

ocorreu porque o colonizador português não permitiu a manifestação religiosa desses

povos.

� Índios: o colonizador português foi introduzindo ao cotidiano novos conceitos religiosos

que foram impostos como parte da salvação de suas almas.

� Negros: apesar da proibição de culto religioso, feita pelo colonizador branco português,

criaram uma mistura da religião africana com a religião católica como forma de burlar essa

proibição.

Com a colonização, os portugueses impuseram tanto aos índios, quanto aos negros, sua

forma de organização social, econômica e política. O índio, mesmo reagindo, foi sendo

exterminado ou se misturando à cultura branca. O negro fugia para os quilombos;

entretanto, se recapturado, era levado de volta aos engenhos e forçado a se adaptar

culturalmente, ou morria, devido aos castigos físicos.

São Vicente, Santos, Santo André, São Paulo – cidades dessa capitania, tornaram-se tão

pobres, que deixaram de ter atrativos para manter os seus habitantes, assim, qualquer

esperança de melhoria de vida bastava para que alguns decidissem sair de seus lares -

eram os bandeirantes. A pobreza da capitania de São Vicente explica a expansão

bandeirante paulista pelo sertão. Quando os holandeses invadiram Pernambuco, decidiram

também invadir as regiões africanas que “exportavam” escravos para o Brasil.

Page 48: História i módulo

48 Isso prejudicou terrivelmente os donos de engenho da Bahia, que, sem ter como comprar

escravos negros, a saída encontrada por esses proprietários foi bem simples: utilizar

escravos indígenas, que seriam capturados no sertão e vendidos pelos bandeirantes.

Os bandeirantes, que eram pobres, mas não eram ingênuos, sabiam que era muito difícil

capturar índios no meio da mata. Por isso invadiram as reduções jesuíticas, onde os índios

já estavam catequizados, habituados às atividades agrícolas, agrupados e, o que é melhor,

desarmados pelos padres jesuítas.

O aprisionamento de indígenas se manteve enquanto os holandeses mantiveram seu

domínio sobre Pernambuco.

Com a volta da utilização do escravo negro, após a expulsão dos holandeses, os

bandeirantes passam a procurar ouro e pedras preciosas no interior do território brasileiro.

Os resultados econômicos foram muito pequenos, mas, devido a isso, o território brasileiro

foi muito além daquele estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas.

Alguns anos após a expulsão dos holandeses, os portugueses constataram um fato

preocupante: os negros, em grande quantidade, haviam fugido de seus engenhos! O pior é

que se organizaram em quilombos, fortaleceram-se economicamente, conquistaram uma

invejável unidade social.

Dessa forma os quilombos passaram a atrair os escravos, que agora tinham grandes

esperanças de sobreviver à fuga. Qual a única maneira de evitar o crescimento das fugas de

escravos? Destruindo os quilombos.

Quem seria capaz de destruir os quilombos? Os bandeirantes! E eles fizeram o serviço com

terrível competência. Mesmo o maior dos quilombos, Palmares, foi totalmente destruído.

Os bandeirantes recebiam por escravo quilombola morto.

Para provar que realmente o negro havia sido morto, era

necessário apresentar à autoridade pagadora um par de

orelhas de negro.

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Page 52: História i módulo

52 Observe o gráfico e veja que existia uma relação de dependência entre a Colônia e a

Metrópole. Essa relação denominou-se “Exclusivo Colonial”, ou seja, monopólio da

metrópole sobre a colônia.

Pelo exclusivo colonial, a colônia deveria:

• Fornecer metais preciosos e vender produtos agrícolas a preços baixos para a metrópole.

• Comprar escravos e produtos manufaturados a preços altos, da metrópole.

Desta forma, toda a economia foi organizada com o objetivo de atender aos interesses do

Estado e da burguesia de Portugal e das elites coloniais, transferindo para a metrópole a

maior parte dos lucros.

Um pequeno grupo detinha a posse da terra e das riquezas, explorando a mão-de-obra livre

de brancos, escravos, índios e negros. Assim, os negros, índios, mestiços e brancos pobres

ficaram completamente marginalizados.

Essa situação de dependência fez com que a economia do Brasil, até recentemente, se

baseasse em períodos de predomínio de um determinado produto, como por exemplo: o

açúcar, o ouro, o algodão, para citar os principais, e como davam apenas lucros para as

camadas dominantes de Portugal, eram incentivados na colônia.

Somente a partir de 1950 nossa economia passou a ser mais diversificada através da

industrialização.

Nos fins do século XVIII, começaram a surgir conflitos nas colônias americanas contra as

metrópoles.

No Brasil colônia, século XVI a XIX, houve muitos conflitos internos quem conjunto com

outros fatores externos (conflitos políticos) pesaram para desencadear a crise do sistema

colonial implantado pelos europeus em toda

América, em vigor desde o século XVI, período em que a Coroa Portuguesacomeçou a ter

um rigor maior na cobrança de impostos.

Page 53: História i módulo

53 Essa situação promoveu uma forte reação da população que não podiarcar como peso dos

impostos cobrados por Portugal e os altos preços manipulados pelas Companhias de

Comércio.

Assim, desde fins do século XVII, e por todo o século XVIII, ocorrem emvárias partes do

Brasil, movimentos que assumem a forma de lutas armadas, que mostram a insatisfação

generalizada da população.

Essa insatisfação foi manifestada principalmente pela camadaprivilegiada constituída por

senhores de engenho, comerciantes e grandes mineradores da sociedade colonial, as quais

se uniram momentaneamente àcamadas inferiores (trabalhadores de engenhos e vilas,

pequenos proprietários escravos).

• Guerra dos Emboabas: em 1708, na região das Minas (atual Minas Gerais).

Finalidade: Os mineiros pobres pretendiam ter o mesmo tratamento e direitos dos

mineradores ricos, que eram privilegiados na região das minas, por ficarem com as maiores

e mais rendosas minas.

Resultado: esse conflito terminou desfavorável aos mineradores pobres que foram

massacrados traiçoeiramente no episódio chamado “Capão da Traição”.

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54

• Guerra dos Mascates: em 1710, entre Olinda e Recife.

Finalidade: os senhores de engenho de Olinda, liderados por Bernardo Vieira de Mello se

revoltaram contra a elevação de Recife à categoria de vila, o que deixaria os olindenses sem

receber os impostos pagos pelos comerciantes portugueses sediados em Recife.

Resultado: as autoridades confirmaram a elevação de Recife à categoria de vila, o que

desgostou profundamente os senhores de engenho.

• Inconfidência Mineira: em 1789 - Vila Rica.

Finalidade: separar as regiões das minas, do domínio português. Foi um movimento de

elite da região (comandantes militares, intelectuais, padres), contra a cobrança dos impostos

atrasados (derrama). O movimento foi influenciado pelos ideais iluministas e pela

independência das colônias inglesas da América do Norte.

Resultado: os conspiradores, na grande maioria pertencentes a elite social, foram

denunciados e condenados à morte, mas no final apenas Joaquim José da Silva Xavier, o

Tiradentes, que era o mais pobre, foi enforcado. Os outros inconfidentes tiveram sua pena

mudada para degredo perpétuo na África.

Page 55: História i módulo

55 • Conjuração dos Alfaiates ou Conjuração Baiana: 1798 - Salvador.

Finalidade: separação do Brasil de Portugal, implantação de uma república, fim da

escravidão, liberdade de comércio. Esse movimento teve uma base constituída por idéias

revolucionárias tomadas da revolução Francesa, e teve participação de pessoas

pertencentes às camada populares (alfaiates, soldados, negros libertos) e da elite

(advogados, médicos e padres). Houve influência da maçonaria. Foi o primeiro movimento

em que se falou mais claramente em separar o Brasil de Portugal.

Resultado: seus líderes foram descobertos, presos e condenados à forca, mas só foram

executadas pessoas das camadas populares como João de Deus Nascimento Luís

Gonzaga das Virgens, Manoel Faustino dos Anjos. Os membros da elite, ou seja, da classe

privilegiada foram perdoados.

Você já estudou que essa política era baseada no absolutismo que concentrava todo poder

nas mãos dos reis permitindo que os mesmos tivessem também o controle total da

economia (mercantilismo).

Assim todas as regras políticas e econômicas para as colônias eram determinadas e

fiscalizadas pelas metrópoles. Entretanto, a partir do século XVIII, esses mecanismos já

não eram mais do interesse da burguesia que se via envolvida em seus negócios.

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56

O período em que a Corte Portuguesa

ficou no Brasil (1808-1821), foi decisório

para a separação do Brasil de Portugal.

Uma das características das relações de

Portugal com o Brasil era o monopólio

comercial. Imagine se o seu país fosse

obrigado a fazer comércio somente com

um país mais poderoso. Será fácil concluir

que o seu país se veria obrigado a

comprar e a vender produtos pelos preços

que lhe fossem impostos.

Outra proibição de Portugal sobre o

Brasil era de que aqui não podiam

funcionar indústrias, para que a

população consumisse produtos industrializados, na maioria ingleses, que Portugal

mandava para cá.

Mas, em 1811, D. João inaugurou a Fábrica de Ferro do lpanema. As proibições de Portugal

se faziam sentir também na vida cultural, pois obras literárias só circulavam na colônia

quando permitidas pela Coroa portuguesa e a imprensa era proibida de existir.

Na época colonial, não interessava ao governo português que o povo brasileiro se tornasse

crítico. Por esse motivo foram proibidas as manifestações literárias.

Na época em que a Corte esteve no Brasil, o rei convidou uma missão francesa para

retratar o Brasil através da pintura.

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57 Essas pinturas deveriam mostrar o Brasil sob o ponto de vista europeu, destacando

somente com a beleza, sem estimular a racionalidade, para que não promovesse qualquer

compreensão crítica da realidade brasileira.

Durante os séculos XIV e XVII, na Europa surgiu um movimento cultural denominado

Humanismo que tinha como objetivo a valorização do homem. Esse movimento foi

característico das artes, da literatura, da música e procurava dar ênfase à razão e não a fé

para explicar os problemas terrenos.

Os movimentos Humanismo e Renascimento, não tiveram tanta influência no Brasil-colônia

devido às proibições e censura da Metrópole Portuguesa que objetivava a alienação da

população colonial, a fim de evitar possíveis tentativas de independência.

Essas medidas foram muito importantes para que o Brasil pudesse se libertar de Portugal

em 1822. Entretanto, as medidas tomadas pela Corte, eram favoráveis à uma pequena

parcela da população.

A maioria do povo continuava na situação de pobreza, desnutrição, analfabetismo.

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58 Os portugueses residentes no Brasil continuavam controlando a exportação e importação.

Por isso as manifestações contrárias ao governo português continuavam a ocorrer na

colônia.

Dessa forma, o Brasil estava cada vez mais consciente da necessidade da separação de

Portugal, bem como já possuía condições sócio-econômicas e culturais para formalizar essa

separação.

Pressionada, a Corte Real voltou para Portugal em 1821. Governando o Brasil, D. João

deixou o seu filho D. Pedro como regente.

A partir daí começaram a se precipitar os acontecimentos que acabaram levando à

separação definitiva do Brasil de Portugal, no dia 07 de setembro de 1822.