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vancong
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MDULO IMDULO IIMDULO IIIMDULO IV
CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
APRESENTAO
O maior objetivo das aes de Defesa Civil a proteo da vida e a reduo do risco de desastres. Para tanto, as polticas pblicas nessa rea incluem, alm de aes estruturais, a preparao das comunidades em reas de risco e a capacitao dos agentes de defesa civil.
Um dos problemas comuns em todos os nveis do Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec) a rotatividade entre os membros que o compem. Dessa forma h sempre novos agentes, no capacitados, atuando em todos os nveis.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil por meio do Programa de Formao Continuada em Gesto de Riscos e Aes de Proteo Civil visa estabelecer orientaes de preveno, mitigao, preparao, resposta e reconstruo na busca de uma sociedade proativa para a reduo do risco de desastres, em consonncia com as entidades e rgos que tratam do assunto em mbito mundial.
Por tudo isso, um grande desafio da atualidade concentra-se no estabelecimento de comunidades mais resilientes, promovendo uma maior conscientizao da importncia da reduo de desastres como um importante componente do desenvolvimento sustentvel. Neste enfoque, a Sedec lana a Capacitao Bsica em Defesa Civil para formar aqueles que atuam diretamente junto a estas comunidades.
Por isso, agradeo a sua participao e sado a sua presena no Sistema Nacional de Defesa Civil, em nome da equipe da Secretaria Nacional de Defesa Civil. Bom curso!
Rafael SchadeckDiretor do Departamento de Minimizao de Desastres
Todos os direitos reservados. Permitida a reproduo desde que citada a fonte.
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
ndiceMDULO I .............................................................................................6
Defesa civil no brasil e no mundo ............................................8
Sistema Nacional de Defesa Civil SINDEC .......................... 10
Estrutura do SINDEC .........................................................11
Poltica Nacional de Defesa Civil .............................................14
Diretrizes da Poltica Nacional de Defesa Civil: ..............14
Metas da Poltica Nacional de Defesa Civil ano base 2000: ...................................................................................... 18
Classificao dos Desastres ................................................ 19
CODAR Codificao de Desastres, Riscos e Ameaas 22
MDULO II .......................................................................................... 26
Histria da legislao .............................................................. 28
2011 em detalhes .......................................................................... 32
Aspectos legais do sindec ....................................................... 36
Comisses e seus trabalhos ...................................................... 38
Comisso Especial Interna do Senado Federal - Alteraes no Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC ............................ 39
Comisso Especial de Medidas Preventivas Diante de Catstrofes Climticas da Cmara dos Deputados ...................................... 42
Grupo de trabalho da sedec sobre legislao - proposies e tendncias ................................................................................... 43
MDULO III ........................................................................................ 48
Comdecs: Aspectos Prticos de Estruturao e Funcionamento ............................................................................ 50
Defesa Civil: Sistema, no rgo ............................................... 52
Organizao Institucional da COMDEC ................................. 54
Conhecimento permanente das ameaas e riscos ................... 55
Preparao permanente para enfrentamento dos desastres .. 57
Sistema de monitoramento e alerta ................................. 60
Gesto aproximada com instituies pblicas e cidades vizinhas ......................................................................................... 63
Interao permanente com a comunidade .............................. 67
nfase na preveno em todas as fases de atuao ................. 69
Educao permanente para convivncia com o risco .............. 72
Visibilidade institucional ............................................................ 73
CONCLUSO .............................................................................. 75
MDULO IV ........................................................................................ 78
Conceituao em Gesto de Risco e Desastre ............................ 80
Gesto de Riscos: Teoria e Prtica ................................................ 89
Gesto Integrada ......................................................................... 91
Quadro de Ao de Hyogo ......................................................... 92
Decretaes e liberao de recursos ......................................... 95
Participao tcnica, cientfica e poltica ................................. 95
Avaliao e Mapeamento de Risco ........................................... 97
Plano de Contingncia ...............................................................101
Passo a passo do plano de contingncia ......................... 104
Componentes bsicos de um plano de contingncia .... 107
Anexos e Apndices .......................................................... 108
Monitoramento, alerta e alarme............................................... 108
Referncias Bibliogrficas ............................................................. 112
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MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
MDULO IREFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade, voc ser capaz de compreender:
Como surgiu a Defesa Civil no Brasil e no Mundo.
A Defesa Civil tambm como instituio estratgica para reduo de riscos e desastres.
A Poltica Nacional de Defesa Civil e o Sistema Nacional de Defesa Civil, sua estrutura e abrangncia.
As Diretrizes e Metas da Poltica Nacional que norteiam a Defesa Civil.
As Classificaes e definies de Desastres sob diferentes perspectivas.
Caro aluno:
Nessa unidade do Curso de Capacitao Bsica de Defesa Civil,
iremos apresentar como surgiu a Defesa Civil no Brasil e no
mundo, como funciona a estrutura do Sistema Nacional de Defesa
Civil-SINDEC. Apresentaremos tambm as Diretrizes, Metas e
Classificao dos Desastres da Poltica Nacional de Defesa Civil.
Bom estudo!
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MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
Defesa civilnobrasilenomundo
No Brasil e no mundo, o surgimento da Defesa Civil, de suas
estruturas e estratgias de proteo e segurana esto vinculados
Segunda Guerra Mundial. Na poca, o confronto ultrapassou
os limites militares, fazendo com que os ataques ocorressem
diretamente aos civis, destruindo cidades inteiras e levando morte
mais de 45 milhes de cidados.
Era tempo de direcionar esforos s vtimas, quase 30 milhes
de mutilados e incontveis milhes de traumatizados por torturas e
cenas de guerra. A Histria conta que foi na Inglaterra, nos primeiros
anos da dcada de 1940, que surgiu a Defesa Civil como frente aos
ataques por bombas que afetavam cidades e indstrias.
Tambm nessa poca, o Brasil cria mecanismos de enfrentamento
aos danos humanos e econmicos provocados por guerras, nominando
assim Defesa Civil. Anteriormente, entretanto, legislaes de 1824,
1891, 1934 e 1937 j tratavam de questes como socorro pblico,
calamidade pblica, efeitos da seca, desastres e perigos iminentes.
Assim, entre 1942 e 1960 foram ao menos dez diferentes atos legais
federais tratando do tema, at que em 1966 diante de uma grande
enchente o ento Estado da Guanabara cria a primeira legislao
estadual dando conta de aes de resposta a catstrofes naturais.
E ento por mais 22 anos, at 1988, o Brasil teve sua Defesa Civil
focada para aes de resposta a desastres.
No dia 19 de dezembro de 1966, o Estado da Guanabara tornou-se
o primeiro no Brasil a ter uma Defesa Civil Estadual organizada.
A proposta de pensar a Defesa Civil tambm como instituio
estratgica para reduo de riscos de desastres veio com a organizao
do Sistema Nacional de Defesa Civil, por meio do Decreto n 97.274,
de 16.12.1988.
Hoje, temos Antnio Luiz Coimbra de Castro reconhecido como
o grande idealizador da Defesa Civil no Brasil. Autor de grande
parte dos materiais de referncia utilizados no Brasil, Castro liderou
a construo da Poltica Nacional de Defesa Civil na estrutura dos
quatro pilares: preveno, preparao, resposta e reconstruo;
a organizao do Manual de Planejamento em Defesa Civil, e a
definio do CODAR Codificao de Desastres, Ameaas e Riscos.
Em continuidade ao trabalho de Castro, e diante da recorrncia
de desastres de grande porte, que atingiram populaes em
todo o territrio nacional nos ltimos anos, as discusses para o
fortalecimento do Sistema Nacional de Defesa Civil e modernizao
da Poltica Nacional de Defesa Civil tem se ampliado nos diversos
espaos sociais.
H, por exemplo, o movimento nos espaos legislativos com
a formao de comisses na Cmara dos Deputados e no Senado,
alm da formao de Grupos de Trabalho liderados pela Secretaria
Nacional de Defesa Civil (SEDEC). H igualmente o envolvimento
de demais rgos do executivo como a organizao da semana
nacional para 2011 com o tema: Mudanas climticas, desastres
naturais e preveno de riscos, realizada pelo Ministrio da Cincia,
Tecnologia e Inovao (MCT).
Conhea o Histrico da Defesa Civil no site da SEDEC http://defesacivil.gov.br/historico/index.asp e o artigo do pesquisador do CEPED UFSC, Pedro Paulo Souza - Ponderaes sobre a Defesa Civil no Brasil e seus desdobramentos futuros com base na anlise da legislao existente Revista Com Cincia Ambiental, n 38.)
Saiba mais sobre a Semana Nacional
realizada pelo Ministrio da Cincia, Tecnologia e Inovao
acessando o link http://semanact.mct.
gov.br/index.php/content/view/4293.html
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MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
Sob o aspecto dos rgos nacionais de gesto, h o investimento
para modernizao e reestruturao do CENAD Centro Nacional
de Gerenciamento de Riscos e Desastres; e do CEMADEN - Centro
de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.
Por fim, h a dedicao de institutos de pesquisas, universidades
e demais instituies ligadas rea, na avaliao do cenrio
internacional e verificao de tendncias aplicveis realidade
brasileira, tendo como principal referncia os trabalhos da Estratgia
Internacional para Reduo de Desastres da Organizao das Naes
Unidades (UNISDR, na sigla em ingls).
Como voc deve estar percebendo, os esforos para tornar a
Defesa Civil cada vez mais preparada para reduzir riscos e
desastres, ampliar sua atuao em aes de gesto de riscos com
vistas minimizao de impactos e reduo de perdas humanas,
materiais e econmicas tem ganhado cada vez mais fora.
Devemos considerar, nesse contexto, que os processos de mudana,
principalmente de cultura, exigem a contribuio de todos, e os
resultados s podem ser vistos com o decorrer do tempo, uma vez
fortalecidos e internalizados por toda a sociedade.
Sistema Nacional de Defesa Civil SINDEC
A Defesa Civil no Brasil est organizada sob a forma de sistema,
o Sistema Nacional de Defesa Civil SINDEC, centralizado pela
Secretaria Nacional de Defesa Civil SEDEC, rgo do Ministrio
da Integrao Nacional.
O SINDEC organiza a Defesa Civil no Brasil
definindo seu universo de atuao como a REDUO
DE DESASTRES, a partir do objetivo de planejar,
articular e coordenar as aes em todo o territrio
nacional. frente do SINDEC est a Secretaria
Nacional de Defesa Civil do Ministrio da Integrao
Nacional, responsvel pela sua articulao,
coordenao e superviso tcnica.
Quanto estrutura, o SINDEC composto por:
rgo Superior: Conselho Nacional de Defesa Civil - CONDEC,
que integra o SINDEC como rgo colegiado, de natureza consultiva,
tendo como atribuio propor diretrizes para a poltica nacional de
Defesa Civil.
O CONDEC composto por representantes do:
Ministrio da Integrao Nacional, que o coordena;
Casa Civil da Presidncia da Repblica;
Gabinete de Segurana Institucional da Presidncia da Repblica;
Ministrio da Defesa;
Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto;
Ministrio das Cidades;
Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome;
Conhea o material da Campanha Cidades Resilientes idealizada pela UNISDR e replicada no Brasil pela SEDEC- acessando o site http://defesacivil.gov.br/cidadesresilientes/index.html
Desastre: resultado de eventos adversos,
sejam eles naturais ou provocados pelo
homem, sobre um ecossistema vulnervel.
Os desastres promovem danos
humanos, materiais ou ambientais e
consequentes prejuzos econmicos e sociais.
Saiba Mais sobre o Conselho Nacional
de Defesa Civil CONDEC acessando
http://www.defesacivil.gov.br/sindec/superior.
asp
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MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
Ministrio da Sade;
Secretaria de Relaes Institucionais da Presidncia da Repblica;
Estados e Distrito Federal (dois representantes);
Municpios (trs representantes);
Sociedade civil (trs representantes).
rgos Regionais: as Coordenadorias Regionais de Defesa
Civil - CORDEC, ou rgos correspondentes, localizadas nas cinco
macrorregies geogrficas do Brasil e responsveis pela articulao
e coordenao do Sistema em nvel regional.
rgos Estaduais: Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil
- CEDEC ou rgos correspondentes, Coordenadoria de Defesa
Civil do Distrito Federal ou rgo correspondente, inclusive as suas
regionais, responsveis pela articulao e coordenao do Sistema
em nvel estadual.
rgos Municipais: Coordenadorias Municipais de Defesa Civil
- COMDEC ou rgos correspondentes e Ncleos Comunitrios de
Defesa Civil - NUDEC, ou entidades correspondentes, responsveis
pela articulao e coordenao do Sistema em nvel municipal.
rgos Setoriais: abrangem os rgos e as entidades da
Administrao Pblica Federal, envolvidos na ao da Defesa Civil.
rgos de Apoio: rgos pblicos e entidades privadas,
associaes de voluntrios, clubes de servios, organizaes no-
governamentais, associaes de classe e comunitrias, que apoiam
os demais rgos integrantes do Sistema.
Ainda na estrutura do SINDEC esto o CENAD - Centro Nacional
de Gerenciamento de Riscos e Desastres e o GADE - Grupo de Apoio
a Desastres. Em sua regulamentao a Medida Provisria n 494
fortalece o CENAD, que atua na agilidade da resposta emergncia
e monitora riscos e ameaas de maior prevalncia no pas.
O CENAD conta com o GADE, formado por uma equipe
multidisciplinar e mobilizvel a qualquer tempo para atuar nas
diversas fases do desastre em todo o territrio nacional, de acordo
com o sistema de comando unificado de operaes.
Em dezembro de 2010 representantes de diferentes Estados
brasileiros reuniram-se com o objetivo de operacionalizar a atual
equipe do GADE, composta por 22 integrantes das cinco regies
do Brasil. Entre os principais conhecimentos do GADE destacam-se
planejamento, fundamentos da organizao (recursos, organograma
e instalaes), fundamentos da direo (liderana) e fundamentos
do controle numa resposta ao desastre.
Saiba Mais sobre as Coordenadorias Regionais de Defesa Civil CORDEC acessando o site http://www.defesacivil.gov.br/sindec/regionais.asp
Voc pode conhecer na ntegra o documento
da Poltica Nacional de Defesa Civil acessando http://www.defesacivil.
gov.br/politica/index.asp
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MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
PolticaNacionaldeDefesaCivil
A Poltica Nacional de Defesa Civil foi publicada no Dirio Oficial
da Unio n 1, de 2 de janeiro de 1995, atravs da Resoluo n
2, de 12 de dezembro de 1994, e orienta desde ento as aes de
Defesa Civil no Brasil.
Aprovada pelo Conselho Nacional de Defesa Civil- CONDEC,
trata-se de um documento de referncia para todos os rgos de
Defesa Civil e estabelece diretrizes, planos e programas prioritrios
para o desenvolvimento de aes de reduo de desastres em todo o
Pas, bem como a prestao de socorro e assistncia s populaes
afetadas por desastres.
Por ter sido elaborado em 1995, o documento
apresenta metas para o ano de 2000. neste ponto,
por exemplo, que se prope a reviso e modernizao
da Poltica Nacional de Defesa Civil. Conhecer a
histria, compreender as relaes do presente o que
nos possibilita pensar e planejar o futuro.
VamosagoraconhecerasDiretrizesdaPoltica
Nacional de Defesa Civil:
Diretriz n1: Atribuir a um nico Sistema - o Sistema Nacional
de Defesa Civil (SINDEC) a responsabilidade pelo planejamento,
articulao, coordenao e gesto das atividades de Defesa Civil, em
todo o territrio nacional.
Diretriz n2: Implementar a organizao e o funcionamento
de Coordenadorias Municipais de Defesa Civil COMDEC ou
rgos correspondentes, em todo o territrio nacional, enfatizando
a necessidade e a importncia da resposta, articulada e oportuna, do
rgo local.
Diretriz n3: Apoiar estados e municpios na implementao
de Planos Diretores de Defesa Civil, com a finalidade de garantir a
reduo de desastres, em seus territrios.
Diretriz n4: Promover a ordenao do espao urbano,
objetivando diminuir a ocupao desordenada de reas de riscos de
desastres, com a finalidade de reduzir as vulnerabilidades das reas
urbanas aos escorregamentos, alagamentos e outros desastres.
Diretriz n5: Estabelecer critrios relacionados com estudos e
avaliao de riscos, com a finalidade de hierarquizar e direcionar
o planejamento da reduo de riscos de desastres para as reas de
maior vulnerabilidade do territrio nacional.
Diretriz n6: Priorizar as aes relacionadas com a Preveno de
Desastres, atravs de atividades de avaliao e de reduo de riscos
de desastres.
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MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
Diretriz n7: Implementar a interao entre os rgos do governo
e a comunidade, especialmente por intermdio das Coordenadorias
Municipais de Defesa Civil COMDEC ou rgos correspondentes
e dos Ncleos Comunitrios de Defesa Civil - NUDEC, com a
finalidade de garantir uma resposta integrada de toda a sociedade.
Diretriz n8: Implementar programas de mudana cultural
e de treinamento de voluntrios, objetivando o engajamento de
comunidades participativas, informadas, preparadas e conscientes
de seus direitos e deveres relativos segurana comunitria contra
desastres.
Diretriz n9: Promover a integrao da Poltica Nacional de
Defesa Civil com as demais polticas nacionais, especialmente com
as polticas nacionais de desenvolvimento social e econmico e com
as polticas de proteo ambiental.
Diretriz n10: Implementar o Sistema de Informaes sobre
Desastres no Brasil - SINDESB e promover estudos epidemiolgicos,
relacionando as caractersticas intrnsecas dos desastres com os danos
humanos, materiais e ambientais e com os prejuzos econmicos e
sociais consequentes.
Diretriz n 11: Buscar novas fontes de recursos financeiros
para o Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, aprimorar os
mecanismos existentes e implementar:
Os recursos relacionados com o Fundo Especial para Calamidades Pblicas - FUNCAP;
Projetos capazes de atrair apoio tecnolgico e/ou financeiro das agncias internacionais e/ou de cooperao bilateral.
Diretriz n 12: Implementar as atividades do Comit Brasileiro
do Decnio Internacional para Reduo dos Desastres Naturais
CODERNAT (*) - e o intercmbio internacional, objetivando
concertar convnios de cooperao bilateral e multilateral na rea
de reduo de desastres, estabelecendo carter de permanncia, a
fim de que as aes no se esgotem com o trmino do Decnio.
(*) O decnio internacional para reduo dos desastres naturais
expirou em 2000, ento as Naes Unidas criaram a Estratgia
Internacional para Reduo de Desastres (UNISDR, na sigla em
ingls).
Diretriz n13: Estimular estudos e pesquisas sobre desastres.
Diretriz n14: Implementar projetos de desenvolvimento
cientfico e tecnolgico do interesse da Defesa Civil.
Saiba mais sobre o FUNCAP acessando: http://www.defesacivil.gov.br/mp494/index.asp
Decnio: perodo de dez anos.
Leia o Decreto do Decnio Internacional
para Reduo de Desastres acessando: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/DNN/Anterior%20a%20
2000/1991/Dnn348.htm
18 19
MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
Diretriz n15: Promover a incluso de contedos relativos
reduo de desastres, valorizao da vida humana, primeiros
socorros e reanimao cardiorrespiratria nos currculos escolares.
VamosveragoraasMetasdaPolticaNacionalde
Defesa Civil ano base 2000:
Meta n1: Implementar 2.400 Coordenadorias Municipais de
Defesa Civil - COMDEC, com prioridade para os municpios de
maior risco.
Meta n2: Implementar 120 projetos de Desenvolvimento de
Recursos Humanos, qualificando profissionais de defesa civil, em
todos os nveis do SINDEC, permitindo a estruturao de quadros
permanentes, altamente capacitados e motivados.
Meta n3: Implementar 12 (doze) Centros Universitrios de
Estudos e Pesquisas sobre Desastres - CEPED, estimulando,
inclusive, os Cursos de Especializao em Planejamento e Gesto
em Defesa Civil.
Meta n4: Promover o estudo aprofundado de riscos, bem como
a organizao de banco de dados e de mapas temticos relacionados
com ameaas, vulnerabilidades e riscos, em 80 municpios situados
em reas de maior risco de desastres.
Meta n5: Promover, em todos os municpios com mais 20
mil habitantes, estudos de riscos de desastres, objetivando o
microzoneamento urbano, com vistas elaborao do Plano
Diretor de Desenvolvimento Municipal, de acordo com o previsto
na Constituio Federal de 1988 (Art. 182, pargrafo primeiro).
Meta n6: Implementar o Sistema de Informaes sobre Desastres
no Brasil - SINDESB, objetivando uma melhor difuso.
ClassificaodosDesastres
A classificao dos Desastres outro tema de constante reflexo
na Poltica Nacional de Defesa Civil. O principal ponto de avaliao
a necessidade ou no de articularmos nosso padro aos padres
internacionais, e a implicao disto nas aes locais de avaliao e
mapeamentos de riscos, por exemplo.
Assim sendo, a Poltica Nacional de Defesa Civil, classifica os
desastres da seguinte maneira:
Quanto evoluo:
Desastres sbitos ou de evoluo aguda, como deslizamentos, enxurradas, vendavais, terremotos, erupes vulcnicas,
chuvas de granizo e outros;
Os desastres so produtos e processos decorrentes da transformao e crescimento da sociedade, do modelo global de desenvolvimento adotado, dos fatores socioambientais relacionados a modos de vida que produzem vulnerabilidades sociais e, portanto, vulnerabilidade aos desastres. Incluem aspectos como pobreza, ocupao inadequada do solo, ocupao de reas de risco, inexistncia de equipamentos urbanos e insuficincia de polticas que atendam as necessidades da populao
20 21
MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
Desastres de evoluo crnica ou gradual, como seca, eroso ou perda de solo, poluio ambiental e outros;
Quanto intensidade:
Acidentes: Os acidentes so caracterizados quando os danos e prejuzos so de pouca importncia para a coletividade como
um todo, j que, na viso individual das vtimas, qualquer
desastre de extrema importncia e gravidade.
Desastres de Mdio Porte: Os desastres de mdio porte so caracterizados quando os danos e prejuzos, embora
importantes, podem ser recuperados com os recursos
disponveis na prpria rea afetada.
Desastres de Grande Porte: Os desastres de grande porte exigem o reforo dos recursos disponveis na rea afetada,
atravs do aporte de recursos regionais, estaduais e, at mesmo,
federais.
Desastres de Muito Grande Porte: Os desastres de muito grande porte, para garantir uma resposta eficiente e cabal
recuperao, exigem a interveno coordenada dos trs nveis
do Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC - e, at mesmo,
de ajuda externa.
Quanto origem:
Desastres Naturais: So aqueles provocados por fenmenos e desequilbrios da natureza. So produzidos por fatores
de origem externa que atuam independentemente da ao
humana.
Desastres Humanos ou Antropognicos: So aqueles provocados pelas aes ou omisses humanas. Relacionam-se
com a atuao do prprio homem, enquanto agente e autor.
Esses desastres podem produzir situaes capazes de gerar
grandes danos natureza, ao habitat humano e ao prprio
homem, enquanto espcie.
Desastres Mistos: Ocorrem quando as aes e/ou omisses humanas contribuem para intensificar, complicar ou agravar
os desastres naturais. Alm disso, tambm se caracterizam
quando intercorrncias de fenmenos adversos naturais,
atuando sobre condies ambientais degradadas pelo homem,
provocam desastres.
Para contribuir reflexo sobre a classificao de riscos e desastres,
apresentamos diferentes propostas. A primeira, elaborada pelo
CENADPRED, que o Centro Nacional de Preveno de Desastres
do Mxico, classifica os riscos como de origem:
Geolgica
Hidrometeorolgica
Qumica
Sanitria
Socioorganizativa
Antropognicos: Efeitos, processos, objetos ou materiais antropognicos so aqueles derivados de atividades humanas, em oposio a aqueles que ocorrem em ambientes naturais sem influncia humana. Este termo muitas vezes utilizado no contexto de externalidades ambientais na forma de resduos qumicos ou biolgicos que so produzidos como subprodutos de atividades humanas. Por exemplo, largamente aceito que o aumento de dixido de carbono na atmosfera com origem antropognica o fator principal por detrs das alteraes climticas (http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropog%C3%A9nico)
22 23
MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
H tambm a representao grfica elaborada pela Associao
Brasileira de Geologia e Engenharia, que abarca os riscos sob o
guarda-chuva ambiental:
CODARCodificaodeDesastres,RiscoseAmeaas
Ainda dentro da Poltica Nacional de Defesa Civil est instituda a Codificao de Desastres, Riscos e Ameaas, somando 158 tipos de desastres e considerando a classificao entre naturais, humanos e mistos.
A codificao completa pode ser consultada no documento original. Para efeitos didticos, inserimos a tabela geral de classificao:
QUADRO NO 1
Sistematizao da Codificao Alfabtica e Numrica dos Desastres Naturais Quanto Natureza ou Causa Primria.
QUADRO NO 2
Sistematizao da Codificao Alfabtica e Numrica dos Desastres Humanos ou Antropognicoss Quanto Natureza ou Causa Primria.
QUADRO NO 3
Sistematizao da Codificao Alfabtica e Numrica dos Desastres Mistos Quanto Natureza ou Causa Primria.
Desastres NaturaisDesastres Naturais de Origem SideralDesastres Naturais Relacionados com a Geodinmica Terrestre ExternaDesastres Naturais Relacionados com a Geodinmica Terrestre InternaDesastres Naturais Relacionados com o Desequilbrio da Biocenose
CODAR-NCODAR-NSCODAR-NE
CODAR-NI
CODAR-NB
CODAR-1CODAR-11CODAR-12
CODAR-13
CODAR-14
CODARClassificao Alfabtico Numrico
Desastres HumanosDesastres Humanos de Natureza TecnolgicaDesastres Humanos de Natureza SocialDesastres Humanos de Natureza Biolgica
CODAR-HCODAR-HTCODAR-HSCODAR-HB
CODAR-2CODAR-21CODAR-22CODAR-23
CODARClassificao Alfabtico Numrico
Desastres MistosDesastres Mistos Relacionados com a GeodinmicaTerrestre ExternaDesastres Mistos Relacionados com a GeodinmicaTerrestre Interna
CODAR-MCODAR-ME
CODAR-MI
CODAR-3CODAR-31
CODAR-32
CODARClassificao Alfabtico Numrico
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MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
Voc chegou ao final desta primeira unidade.
Nesta primeira parte, voc conheceu um pouco da histria da
Defesa Civil no Brasil e no mundo. Viu a estrutura e funcionamento
do SINDEC Sistema Nacional de Defesa Civil. Tambm conheceu
a Poltica Nacional de Defesa Civil, sua metas e a classificao dos
desastres.
Agora acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA
e realize a atividade proposta. Se desejar, realize tambm as
atividades complementares e opcionais na sequncia.
Bons estudos!
ATIVIDADES PROPOSTAS
REFLETINDO:
1 . Com base nos conceitos apresentados neste primeiro mdulo
quais suas consideraes a respeito dos principais pontos de reflexo
para fortalecimento e modernizao da Defesa Civil no Brasil? Cite
ao menos quatro.
2. Que contribuies os agentes locais de Defesa Civil podem dar
ao fortalecimento da Defesa Civil no Brasil?
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MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade, voc ser capaz de compreender:
A Histria da Legislao da Defesa Civil ao longo dos anos;
As mudanas ocorridas no ano de 2011;
Os aspectos legais que norteiam o Sistema Nacional de Defesa Civil SINDEC;
Um pouco mais sobre o trabalho da Comisso Especial Interna do Senado Federal e tambm da Comisso Especial de Medidas
Preventivas Diante de Catstrofes Climticas da Cmara dos
Deputados;
As proposies e tendncias sobre legislao do Grupo de Trabalho da Secretaria Nacional de Defesa Civil SEDEC.
Caro aluno:
Nessa unidade do Curso de Capacitao Bsica de Defesa Civil, iremos apresentar a evoluo ao longo dos anos da Legislao da Defesa Civil e as mudanas ocorridas neste ano de 2011. Veremos os aspectos legais do Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, conheceremos um pouco do trabalho da Comisso Especial Interna do Senado Federal e tambm da Comisso Especial de Medidas Preventivas Diante de Catstrofes Climticas da Cmara dos Deputados. E veremos ainda as proposies e tendncias sobre legislao do Grupo de Trabalho da Secretaria Nacional de Defesa Civil - SEDEC.
Bom estudo!
MDULO IIASPECTOS LEGAIS
28 29
CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO II - ASPECTOS LEGAIS
Decreto-lei um decreto com fora de lei, que emana do Poder Executivo, previsto nos sistemas legislativos de alguns pases. Os decretos-leis podem aplicar-se ordem econmica, fiscal, social, territorial e de segurana, com legitimidade efetiva de uma norma administrativa e poder de lei desde a sua edio, sano e publicao no dirio ou jornal oficial
Atravs do Decreto n 12628 de 17 de junho de 1943, ficou clara a finalidade da Defesa Passiva, que era o estabelecimento de mtodos, precaues de segurana que garantiam, no s a proteo da moral e da vida da populao assegurando-lhe a normalidade, como a proteo do patrimnio material, cultural e artstico da Nao.
Os Decretos,no sistema jurdico brasileiro,
so atos meramentes administrativos da
competncia dos chefes dos poderes
executivos (presidente, governadores e
prefeitos). Um decreto habitualmente
usado pelo chefe do poder executivo para
fazer nomeaes e regulamentaes de
leis,, entre outras coisas.
Histriadalegislao
J vimos no Mdulo I como surgiu a Defesa Civil no Brasil e os
principais fatos que desenharam sua organizao.
Veremos a seguir um pouco da histria da legislao da Defesa
Civil atravs dos Decretos e Leis, a partir de 1943 at 2011.
Vamos passar agora para um olhar mais atento ao longo dos anos:
Decreto-Lei n 5.861, de 30.09.1943: Modifica a denominao
de Defesa Passiva Antiarea, para Servio de Defesa Civil, sob a
superviso da Diretoria Nacional do Servio da Defesa Civil, do
Ministrio da Justia e Negcios Interiores.
Lei n 3.742, de 04.04.1960: reconhece a necessidade de ressarcir
prejuzos causados por desastres naturais, dispondo sobre os
mecanismos federais para tal.
Decreto 64.568, de 22.05.1969: cria um Grupo de Trabalho para
elaborar plano de defesa permanente contra calamidades pblicas.
Decreto-Lei n 83.839, de 13.08.1979: cria a Secretaria Especial
de Defesa Civil - SEDEC, vinculada ao Ministrio do Interior.
Decreto n 97.274, de 16.12.1988: institui a organizao do
Sistema Nacional de Defesa Civil SINDEC, incluindo, pela primeira
vez, aes de preveno como atribuies de defesa civil.
Lei n 10.954, de 29.09.2004: institui, no Programa de Resposta
aos Desastres, o Auxlio Emergencial Financeiro.
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO II - ASPECTOS LEGAIS
Medida Provisria: No direito constitucional brasileiro, Medida Provisria (MP) um ato unipessoal do presi-dente da Repblica, com fora de lei, sem a participao do Poder Legislativo, que so-mente ser chamado a discuti-la e aprov-la em momento posterior. O pressuposto da MP urgncia e relevncia, cumulativamente.
Confira na Biblioteca o caderno de diretrizes aprovadas na 1 Con-ferncia Nacional de Defesa Civil e Assistn-cia Humanitria
Decreto n 5.376, de 17.02.2005: atualiza a estrutura, a
organizao e cria diretrizes para o funcionamento do Sistema
Nacional de Defesa Civil SINDEC e do Conselho Nacional de
Defesa Civil - CONDEC
Decreto s/n, de 27.10.2009: convoca a 1 Conferncia Nacional
de Defesa Civil e Assistncia Humanitria.
Medida Provisria n 494, de 02.07.2010: dispe sobre o SINDEC,
sobre as transferncias de recursos para aes de socorro, assistncia
s vtimas, restabelecimento de servios essenciais e reconstruo
nas reas atingidas por desastre, e sobre o Fundo Especial para
Calamidades Pblicas - FUNCAP.
Decreto n 7.257, de 04.08.2010: regulamenta a MP 494/10 para
dispor sobre o SINDEC, sobre o reconhecimento de situao de
emergncia e estado de calamidade pblica, sobre as transferncias
de recursos para aes de socorro, assistncia s vtimas,
restabelecimento de servios essenciais e reconstruo nas reas
atingidas por desastres.
Lei n 12.340,de 01.12.2010: converte em lei a MP 494/10 sobre
as transferncias de recursos para aes de socorro, assistncia s
vtimas, restabelecimento de servios essenciais e reconstruo nas
reas atingidas por desastres e sobre o FUNCAP.
Decreto n 7.505, de 27.07.11: altera o decreto 7.257/10 que
regulamenta a MP 494/10 para dispor sobre o Carto de Pagamento
de Defesa Civil.
Medida Provisria n 547, de 11.11.2011: institui o cadastro
nacional de municpios com reas propcias ocorrncia de
escorregamentos de grande impacto ou processos geolgicos
correlatos.
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO II - ASPECTOS LEGAIS
Conhea os Estados e Municpios que esto testando o Carto
de Pagamento de Defesa Civil:
Foi o que se passou em Santa Catarina com as inundaes do
incio de setembro. O Estado foi um dos cinco selecionados para o
projeto piloto, junto com os municpios de Blumenau, Brusque, Itaja,
Rio do Sul e Gaspar, sendo estes os primeiros a testar efetivamente o
uso do Carto de Pagamento da Defesa Civil.
A agilidade no repasse de recursos passa a depender de dois
fatores fundamentais, de um lado deve estar agilidade tambm
dos municpios em providenciar a documentao necessria para
abertura de conta no Banco do Brasil e cumprir os demais requisitos
exigidos pela Controladoria Geral da Unio e Ministrio da
Integrao Nacional. De outro a necessidade de uma lei oramentria
para recursos de resposta.
Hoje, a cada novo desastre preciso providenciar um crdito
extraordinrio, que se d normalmente pela emisso de uma MP.
Em geral, a medida provisria tem durao de quatro a seis meses,
fazendo com que desastres prximos estejam cobertos pelos
anteriores.
Saiba mais sobre o Seminrio Internacional sobre Gesto Integrada de Risco e Desastres acessando o link : http://www.defesacivil.gov.br/seminario/corpo.asp?id=5828
2011 em detalhes
Decreto n 7.505, de 27.07.2011: Institui o Carto de Pagamento
da Defesa Civil, ferramenta lanada em agosto de 2011 para inovar a
forma, como at ento, era feito o repasse de recursos emergenciais
para Estados e municpios.
O carto foi apresentado no Seminrio Internacional sobre Gesto
Integrada de Riscos e Desastres, ocorrido no ms de abril em Braslia,
e sua implantao resultado de uma articulao entre o Ministrio
da Integrao Nacional, o Banco do Brasil, a Controladoria Geral da
Unio, os Ministrios da Fazenda e do Planejamento, Oramento e
Gesto.
O Carto de Pagamento de Defesa Civil destaca-se pela sua
capacidade de dar agilidade ao repasse de recursos e transparncia
aos gastos pblicos. tambm um instrumento para dar poder os
rgos municipais de defesa civil ao transformar as Coordenadorias
Municipais de Defesa Civil COMDEC em unidades de oramento.
A partir de 31 de agosto, cinco Estados e cinco municpios,
de cada um desses Estados, passaram a realizar um piloto de
operacionalizao, com o objetivo de verificar os procedimentos
e tecnologia empregados para habilitao do Carto. A proposta
do Ministrio da Integrao Nacional que, em situao de
normalidade, estados e municpios j estejam habilitados para
receber os recursos emergenciais quando um desastre ocorrer.
Alagoas
Pernambuco
Rio de Janeiro
Santa CatarinaRio Grande do Sul
Campestre, Muricy, Quebrangulo, So Jos da Lage e Unio do Palmaresgua Preta, Barreiros, Catendem Maraial e PalmaresBom Jardim, Nova Friburgo, Petrpolis, Sumidouro e TerespolisBlumenau, Brusque, Gaspar, Itaja e Rio do SulSanta Maria, Santa Cruz do Sul, Novo Hamburgo, Igrejinha, Taquara
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO II - ASPECTOS LEGAIS
Conhea a Medida Provisria n 547, de 11.10.2011 na ntegra
acessando o link http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Mpv/547.
htm
orientaes foi lanado e est sendo distribudo pela Secretaria de
Defesa Civil - SEDEC.
Medida Provisria n 547, de 11.10.2011: Altera a Lei n 6.766, de
19 de dezembro de 1979; a Lei n 10.257, de 10 de julho de 2001, e
a Lei n 12.340, de 1 de dezembro de 2010.
A mais recente legislao em Defesa civil no Brasil trata da
atuao de municpios no gerenciamento de riscos, em especial aos
relacionados ocorrncia de escorregamentos de grande impacto ou
processos geolgicos correlatos.
Municpios includos em um cadastro a ser elaborado pelo
Governo Federal tero de:
I - elaborar mapeamento contendo as reas propcias ocorrncia
de escorregamentos de grande impacto ou processos geolgicos
correlatos;
II - elaborar plano de contingncia e instituir ncleos de defesa
civil, de acordo com os procedimentos estabelecidos pelo rgo
coordenador do Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC;
III - elaborar plano de implantao de obras e servios para a
reduo de riscos;
IV - criar mecanismos de controle e fiscalizao para evitar a
edificao em reas propcias ocorrncia de escorregamentos de
grande impacto ou processos geolgicos correlatos; e
V - elaborar carta geotcnica de aptido urbanizao,
estabelecendo diretrizes urbansticas voltadas para a segurana dos
novos parcelamentos do solo urbano.
Neste dimensionamento de recursos reside a
importncia dos municpios em repassar informaes
detalhadas sobre os danos causados pelos desastres.
Quanto mais informaes forem fornecidas ao
Ministrio da Integrao Nacional melhor sua
avaliao. Um dos maiores desafios para implantao
do Carto est no processo de comunicao e
conscientizao dos municpios para sua importncia,
e na resistncia de algumas administraes pblicas
locais pela transparncia que o uso do carto dar
aos gastos pblicos. Alm disso, algumas discusses
apontam para a dificuldade de utilizar cartes em
localidades mais remotas, e para momentos em que
servios como fornecimento de energia eltrica, por
exemplo, ficam comprometidos devido ao desastre,
que sero verificados e discutidos caso a caso.
Destaca-se ainda que a implantao do Carto de Pagamento
de Defesa Civil e a utilizao do Portal da Transparncia no
alteram o processo de prestao de contas dos rgos de defesa civil,
permanecendo necessrio o cumprimento de todos os tramites legais
e apresentao de notas fiscais Secretaria Executiva do Ministrio
da Integrao Nacional.
Entre os principais pontos de ateno presentes na fiscalizao
do Ministrio da Integrao Nacional est o emprego dos recursos
apenas para aes de socorro, assistncia e restabelecimento. Obras
de reconstruo, por exemplo, no podem ser realizadas com os
recursos do carto, mas h ainda muita dvida sobre como aplicar
os recursos de resposta. Para diminuir equvocos, um manual de
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO II - ASPECTOS LEGAIS
Veja na ntegra a converso da MP n484 para a Lei n 12340 acessando o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12340.htm
a importncia do fortalecimento das instituies de Defesa Civil
municipais.
Regulamentada pelo Decreto n 7.257, de 04 de agosto de 2010, a
Medida Provisria 494, que foi convertida na Lei n12340, define que
o SINDEC ser composto por rgos e entidades da administrao
pblica da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios
e das entidades da sociedade civil, que atuaro de forma articulada,
tendo a SEDEC como rgo coordenador.
Em seu artigo 7, o Fundo Especial para Calamidades Pblicas
- FUNCAP, criado pelo DecretoLei 950/69, foi reativado. Outro avano advindo da Medida Provisria que ficam autorizados o
Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes - DNIT e o
Ministrio da Defesa a recuperar estradas destrudas, e o Ministrio
do Desenvolvimento Social e Combate a Fome a doar estoques
pblicos de alimentos as populaes atingidas por desastres.
Em sua regulamentao, a Medida Provisria n 494 fortalece o
CEDEC - Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres
da SEDEC, que atua na agilidade da resposta emergncia e monitora
riscos e ameaas de maior prevalncia no pas.
O Decreto de regulamentao tambm reestrutura o Conselho
Nacional de Defesa Civil - CONDEC, o qual integra o Sistema como
rgo colegiado, de natureza consultiva. Reduziuse a quantidade de Ministrios que faziam parte do Conselho e abriuse espao para a participao de dois representantes dos Estados e Distrito Federal,
trs representantes dos Municpios e garantiu trs representantes da
sociedade civil, outra reivindicao da maioria dos delegados da 1
CNDC.
A lei tambm trata de providncias para reduo do risco, dentre
as quais, a execuo de plano de contingncia e de obras de segurana
e, quando necessrio, a remoo de edificaes e o reassentamento
dos ocupantes em local seguro.
Destaca-se ainda alteraes Lei n 10.257, de 2001 que estabelece
diretrizes gerais para poltica urbana, e passa a ser acrescido pelo
artigo 42, que aborda temas como a necessidade de municpios
criarem seus Planos de Expanso Urbana em atendimento s
diretrizes do Plano Diretor, e determina que a aprovao de
projetos de parcelamento do solo urbano em reas de expanso
urbana ficar condicionada existncia do Plano de Expanso
Urbana.
Aspectoslegaisdosindec
Desde o dia 1 de dezembro de 2010, o SINDEC passou a ser
regido pela Lei n 12340. Anteriormente estava sendo regido pela
Medida Provisria n 494 de 02 junho de 2010.
A Lei n 12340 ao dispor sobre os objetivos e aes da Defesa Civil
no Brasil, organiza e d agilidade atuao do governo federal
em apoio aos entes federados em casos de calamidade pblica ou
situao de emergncia..
A Lei vai ao encontro das diretrizes aprovadas na 1 Conferncia
Nacional de Defesa Civil e Assistncia Humanitria e retrata
uma necessidade trazida pelos 1.500 delegados representantes dos
Estados, Distrito Federal e Municpios brasileiros, que destacaram
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO II - ASPECTOS LEGAIS
Situao de emergncia: o reconhecimento pelo poder pblico de situao anormal, provocada por desastres, causando danos superveis pela comunidade afetada.
Estado de calamidade pblica: o reconhecimento pelo poder pblico de situao anormal, provocada por desastres, causando srios danos comunidade afetada, inclusive incolumidade ou vida de seus integrantes.
Saiba mais sobre a Comisso do Senado,
acessando os links: http://www.senado.
gov.br/atividade/comissoes/comissao.
asp?origem=SF &com=1553 e http://www.senado.gov.br/
atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_
mate=99350
Uma mudana que trouxe impacto na dinmica de atuao dos
rgos estaduais e municipais de Defesa Civil, que foi o conceito de
situao de emergncia e estado de calamidade pblica, associados
aos novos procedimentos para o reconhecimento destas situaes
pelo Governo Federal.
Se antes o processo estava vinculado homologao do Estado,
hoje basta requerimento do ente federado dirigido SEDEC, em
at dez dias da data do desastre, contendo informaes sobre as
caractersticas do evento, a localidade afetada e a estimativa de
danos, para que seja realizada analise tcnica e justificada ou no
necessidade da participao do Governo Federal.
Comisseseseustrabalhos
Algumas comisses atuam hoje em mbito legislativo federal
tratando de assuntos correlatos a desastres e Defesa Civil, a exemplo
da Comisso Mista Permanente Sobre Mudanas Climticas do
Senado Federal.
Merecem destaque a Comisso Especial de Defesa Civil do Senado
Federal e a Comisso Especial Medidas Preventivas Diante de
Catstrofes Climticas da Cmara dos Deputados.
Vamos agora conhecer um pouco mais sobre o trabalho dessas
Comisses:
ComissoEspecialInternadoSenadoFederal-AlteraesnoSistemaNacionalde Defesa Civil - SINDEC
A Comisso do Senado foi aprovada em 18 de maio de 2011 com
o objetivo de identificar os fatores limitantes e as oportunidades
de atuao da Defesa Civil no Brasil, propor alteraes no Sistema
Nacional de Defesa Civil e construir uma proposta de constituio
de uma Fora Nacional de Defesa Civil. Tem como presidente o
Senador Jorge Viana e como relator o Senador Casildo Maldaner.
Entre os principais pontos de discusso desta comisso esto:
Ampliao do foco das aes de Defesa Civil para a preveno, carreira profissional e fortalecimento institucional;
Reformulao do Fundo Especial para Calamidades Pblicas- FUNCAP, com proposta de alterao para Fundo Nacional
para a Defesa Civil - FUNDEC, e a criao de uma contribuio
a ser cobrada dos seguros privados, com alquota de 1% sobre
o valor do prmio;
Mudana cultural para valorizao das aes de preveno, reconhecimento social e investimentos;
Agilidade em casos de catstrofes para necessria a garantia de recursos sem demora.
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO II - ASPECTOS LEGAIS
que a atuao dos rgos brasileiros parea ineficaz e absolutamente
improvisada.
O objetivo desta Comisso , nesse contexto, identificar os fatores
limitantes da atuao da defesa civil no Brasil. Para tanto, preciso
entender como o sistema est estruturado, quais os meios de que dispe
para enfrentar situaes de emergncia e de calamidade pblica, qual
a eficcia das aes (em especial de preveno), entre outras questes.
Mostra-se imprescindvel, tambm, pesquisar problemas e solues
locais para que as experincias regionais sejam compartilhadas entre
todos os atores envolvidos com o tema em mbito nacional.
Espera-se que, ao final dos trabalhos da Comisso, o Senado Federal
disponha de um conhecimento sistematizado sobre o assunto, podendo
contribuir de maneira ainda mais abalizada para o aprimoramento
da Defesa Civil brasileira nos aspectos legislativo, oramentrio e
fiscalizatrio.
Estamos convictos da importncia do tema no apenas para aliviar
o sofrimento das famlias atingidas por catstrofes, mas tambm para
prevenir a ocorrncia de desastres, sejam eles naturais, humanos ou
mistos.
http://www.senado.gov.br, acessado em 20.11.2011
Veremos agora a justificativa para implantao da Comisso
Especial Interna do Senado Federal
JUSTIFICAO PARA IMPLANTAO DA COMISSO
O desastre na regio serrana do Rio de Janeiro, em janeiro
de 2011, afetou mais de 170 mil pessoas, deixando mais de 14 mil
desabrigados, 23 mil desalojados e mais de 850 mortos. Em junho de
2010, Alagoas e Pernambuco sofreram com inundaes, que atingiram
95 municpios, provocando 46 mortes e deixando 69 desaparecidos, 53
mil desabrigados e mais de 100 mil desalojados. Mas no so apenas
as enchentes que levam sofrimento populao. Secas, incndios
florestais e outros desastres de origem natural e/ou humana atingem
freqentemente todas as regies do pas, causando perdas humanas e
graves prejuzos econmicos.
Para fazer frente a catstrofes como essas, dever do Estado
brasileiro realizar a defesa permanente contra calamidades pblicas.
Nesse sentido, cabe Defesa Civil promover um conjunto de aes
preventivas, de socorro e assistncia s vtimas, de restabelecimento de
servios essenciais e de reconstruo das reas atingidas por desastres.
Contudo, apesar dos esforos das autoridades responsveis, fica a
impresso de que inexistem aes efetivas de preveno e de que a
resposta do Estado em situaes de desastre descoordenada e depende
muito da capacidade de auto-organizao da sociedade. Essa sensao
ainda mais marcante se compararmos a realidade brasileira com os
desastres que ocorreram em 2011 na Austrlia. Merece admirao o
sistema de alerta e resposta aos desastres naquele pas, que fazem com
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO II - ASPECTOS LEGAIS
Saiba mais sobre a Comisso da Cmara,
acessando o link: http://www2.camara.
gov.br/atividade-legislativa/comissoes/
comissoes-temporarias/especiais/54a-
legislatura/medidas-preventivas-diante-de-
catastrofes
ComissoEspecialdeMedidasPreventivasDiantedeCatstrofesClimticasdaCmaradosDeputados
A Comisso da Cmara dos Deputados foi instalada em 16
de maro de 2011, tendo como presidente a deputada Perptua
Almeida, e como relator do grupo, o deputado Glauber Braga.
Com a proposta de estudar e apresentar propostas para prevenir
catstrofes climticas, os trabalhos da comisso devem se encerrar
em dezembro, com apresentao do relatrio final.
O relatrio deve ser submetido anlise do Legislativo e do
governo federal, e est organizado em trs partes.
A primeira parte apresenta um projeto de lei com a criao do
Estatuto da Proteo Civil; a segunda refere-se a uma indicao de
proposta de emenda Constituio (PEC); e a ltima parte apresenta
indicaes de medidas ao Executivo para um novo marco regulatrio
para a Defesa Civil no Brasil.
O mote principal virar a pgina de um Pas que investe
maciamente em reconstruo para investir em preveno, disse
o deputado Glauber Braga Agncia Cmara de Notcias.
Entre os principais pontos de discusso desta comisso esto:
Reviso da atual legislao e reviso, como proposta de emenda constituio e criao de um estatuto.
Criao do Fundo Nacional da Proteo Civil (Funpec), com recursos advindos do Imposto de Renda, do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI), dos prmios de loteria e dos
royalties do petrleo. A proposta indica que ao menos 50% dos
recursos do fundo sejam aplicados em preveno.
Criao da carreira de agente de proteo civil.
Apoio tcnico e financeiro aos estados para que criem centros de operao de desastres, responsveis por aes de preveno.
Implantao do Sistema Nacional de Informaes e Monitoramento de Desastres, identificao e mapeamento de
reas de risco, monitoramento de desastres, e revitalizao de
bacias hidrogrficas.
Grupodetrabalhodasedecsobrelegislao-proposiesetendncias
Aps a 1 Conferncia Nacional de Defesa Civil e Assistncia
Humanitria, concluda em maro de 2010, e com a aprovao
das 104 diretrizes ao final da etapa nacional, a SEDEC organizou
Grupos de Trabalho (GT) para estudar e criar ferramentas de
anlise de viabilidade e implantao das proposies.
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO II - ASPECTOS LEGAIS
Entre os grupos de trabalho criados est o GT sobre Legislao
que trabalha desde o incio do ano avaliando as legislaes anteriores,
e propondo alteraes na atual legislao de Defesa Civil.
Este grupo prepara uma minuta que ser apresentada ao Conselho
Nacional de Defesa Civil (CONDEC) para ratificao e posterior
encaminhamento Casa Civil.
As proposies esto principalmente voltadas para:
Implantao de carreira;
Uma nova poltica nacional de proteo civil;
Uma viso ampliada do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD);
Alteraes no atual Fundo Especial para Calamidades Pblicas (FUNCAP);
Investimentos em mapeamento de risco;
Diviso de responsabilidades entre unio, estados e municpios.
Agora vamos conhecer um pouco mais algumas dessas
proposies:
Alinhamento com a terminologia da Estratgia Internacional para Reduo de Desastres das Naes Unidas (UNISDR),
propondo que a reduo de desastres seja realizada por aes
de (a) preveno; (b) mitigao; (c) preparao; (d) resposta;
(e) recuperao.
Poltica Nacional prioritariamente destinada garantia de medidas eficazes para reduzir os riscos de desastres, visando
proteo da populao em seu territrio e convergente com a
UNISDR.
Criao da Escola Nacional de Proteo Civil, sendo ela parte integrante da estrutura do rgo central, e com a finalidade de
expandir o conhecimento sobre gesto de riscos e desastres
populao e aos profissionais da rea.
Viso ampliada do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) como parte integrante da
estrutura do rgo central, e responsvel, em mbito federal,
pela articulao e coordenao da preparao e da resposta aos
desastres.
Normatizao do GADE e formao de equipe tcnica multidisciplinar a ser coordenada, operacionalizada e
mobilizada pelo CENAD para desenvolver aes de preparao
e resposta a desastres em territrio nacional ou internacional.
Estabelecimento de aes de identificao e mapeamento de reas de risco de forma mais cooperativa entre os entes
polticos.
Apoio resposta a estados e municpios apenas aps o esgotamento da capacidade de resposta dos responsveis,
considerando que: (a) as aes de resposta e recuperao sero
da responsabilidade do municpio; (b) esgotada a capacidade de
resposta e recuperao do municpio, o estado ser responsvel
pela execuo dessas aes; (c) esgotada a capacidade de
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO II - ASPECTOS LEGAIS
Voc chegou ao final desta segunda unidade.
Nesta segunda parte voc conheceu um pouco da histria da
legislao da Defesa Civil, as mudanas ocorridas do ano de 1943
at os dias de hoje. Vimos tambm o ano de 2011 em detalhes,
as importantes mudanas ocorridas para agilizar os processos de
ajuda a populao em casos de desastres. Conheceu os aspectos
legais do SINDEC, a Comisso Especial Interna do Senado
Federal e a Comisso Especial de Medidas Preventivas Diante de
Catstrofes Climticas da Cmara dos Deputados. Finalizamos
com as proposies e tendncias do Grupo de Trabalho da SEDEC.
Realize a atividade proposta no Ambiente Virtual
de Aprendizagem - AVA. Realize tambm as atividades
complementares e opcionais abaixo.
Bons estudos!
ATIVIDADES PROPOSTAS
REFLETINDO:
1. Na sua opinio, ao longo dos anos e das mudanas da legislao
da Defesa Civil, qual delas foi a mais significativa para a populao
brasileira?
2. Cite algumas das atribuies das Comisses Especiais.
3. Em que circunstncias e com que objetivo o Grupo de Trabalho
da SEDEC foi criado?
resposta e recuperao do municpio, do estado ou do DF, o
Governo Federal realizar o apoio complementar.
Transferncia de Recursos Financeiros pela Unio para a execuo de aes de preveno, mitigao e preparao a
desastres, com aplicao de recursos para preveno somente
nas reas identificadas como suscetveis a desastres e seleo
das transferncias pautada pela priorizao de intervenes de
grande porte em reas de risco iminente e de benefcio amplo.
Requisitos para recebimento de recursos, alm das demais exigncias do estrutura normativa que rege o tema: (a) rgo
local implantado e estruturado; (b) Comprovao de recursos
alocados para aes de proteo civil no respectivo oramento;
(c) Comisso de elaborao do Plano de Carreira da Proteo
Civil, previsto o prazo de 2 anos para sua implantao.
Fundo Nacional de Proteo Civil - FUNPROC. Com a finalidade de: resposta, recuperao, preveno, preparao
e mitigao. Patrimnio constitudo por fontes de recursos
alternativas e cotas que sero integralizadas anualmente pela
Unio, Estados, DF e Municpios.
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MDULO I - REFLEXES HISTRICAS, SINDEC E POLTICA NACIONAL CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade, voc ser capaz de compreender:
A Defesa Civil como Sistema; A Organizao Institucional das Coordenadorias Municipais
de Defesa Civil;
O conhecimento permanente das ameaas e riscos; A preparao para enfrentamento dos desastres; Como funciona o sistema de monitoramento e alerta; A gesto aproximada com instituies pblicas e cidades
vizinhas;
A interao permanente com a comunidade; A nfase na preveno em todas as fases de atuao; A educao permanente para convivncia com riscos;
A visibilidade institucional.
Caro aluno:
Nessa unidade do Curso de Capacitao Bsica de Defesa Civil, iremos apresentar a viso de Defesa Civil como sistema. Veremos a organizao Institucional das Coordenadorias Municipais de Defesa Civil, o conhecimento das ameaas e riscos de desastres e o funcionamento do sistema e monitoramento e alerta de desastres. Conheceremos a importncia da aproximao da gesto municipal com instituies pblicas, cidades vizinhas e com a comunidade. Os benefcios que a educao permanente pode trazer para convivncia com os riscos e como pode se dar a preveno de desastres em todas as fases de atuao.
MDULO IIICOMDECs: ASPECTOS PRTICOS DE ESTRUTURAO E FUNCIONAMENTO
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRTICOS DE ESTRUTURAO E FUNCIONAMENTO
Saiba mais sobre a Codificao de Ameaas, Riscos e Desastres CODAR acessando o link http://www.defesacivil.gov.br/codar/desastres_naturais.asp
Vetor: Que serve de veculo ou
intermedirio para os germes patognicos ou
parasitas; hospedeiro intermedirio.
Comdecs:AspectosPrticosdeEstruturaoeFuncionamento
Todas as cidades tm riscos de desastres, desde as mais pequenas
at as grandes metrpoles.
Desastre, na sua conceituao mais pedaggica, o resultado
de um evento adverso, natural ou provocado pelo homem, sob
um ecossistema vulnervel, causando danos humanos, materiais
alm de consequentes prejuzos econmicos e ambientais.
O perfeito entendimento desse conceito fundamental para que
as estruturas de Defesa civil sejam criadas e estruturadas de modo a
exercer com competncia suas atividades.
H na sociedade brasileira e na prpria comunidade que milita
com defesa civil uma tendncia a achar que so desastres somente os
acidentes decorrentes de chuvas, de seca ou de eventos climticos em
geral. Essa percepo equivocada tem levado muitas cidades que no
sofrem com essas situaes a no se organizarem para responder
sistemicamente as inmeras ameaas e vulnerabilidades existentes.
A codificao de desastres e ameaas brasileira, CODAR possui
153 desastres. Todas as codificaes relatam eventos adversos que
acontecendo sob um ecossistema vulnervel podem causar um ou
mais desses danos: humanos, materiais, ambientais ou sociais.
Isso implica que os gestores pblicos estejam preparados para
prevenir, responder e restaurar os eventos que potencialmente
podem ocorrer nos domnios de cada territrio considerado.
Um exemplo o desastre de CODAR HT.DLX-21.603 relacionado
com o colapso da coleta de lixo. Qualquer cidade que tiver seu
sistema de captao de resduos prejudicado, seja por uma greve
de funcionrios, por encerramento de contratos ou qualquer outro
problema, ter um grande desafio pela frente.
Se levarmos em conta que cada cidado produz em mdia 1 kg
de lixo por dia, basta imaginar, por exemplo, o caos que uma capital
brasileira pode enfrentar no caso deste desastre.
So Paulo, por exemplo, tem 14.000.00 (quatorze milhes) de
habitantes, em apenas um dia sem coleta de lixo ter um alto vetor
de doenas abandonado em suas ruas.
As pequenas cidades tambm tm seus graves problemas, mesmo
quando sua vocao tende ocupao maior em zonas rurais.
Recentemente, rgos da imprensa divulgaram uma importante
infestao de insetos nas plantaes de eucalipto, em algumas partes
do pas. Considerando que o eucalipto uma importante fonte de
renda para inmeros produtores, que a produo de carvo para
a indstria siderrgica tem como matria prima essa espcie de
rvore, percebe-se como os danos econmicos e sociais podero ser
importantes caso haja perda de florestas inteiras.
E falamos apenas de dois potenciais desastres pouco comentados
nas conversas dos militantes da proteo civil no pas.
A histrica opo pelo transporte rodovirio no nosso pas,
cruzando os rios e riachos da nossa nao, tambm constituem uma
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRTICOS DE ESTRUTURAO E FUNCIONAMENTO
Sistmica: uma viso sistmica consiste na habilidade em compreender os sistemas de acordo com a abordagem geral dos sistemas, ou seja, ter o conhecimento do todo, de modo a permitir a anlise ou a interferncia no mesmo.
Sinistro: Calamidade, desastre ou
acontecimento que traz consigo grandes perdas
materiais.
grave vulnerabilidade a desastres decorrentes do derramamento
de produtos perigosos. Os inmeros tombamentos de carretas
transportando produtos txicos que ao serem derramados escorrem
pelos sistemas de drenagem e contaminam as fontes de captao de
gua, tambm devem ser objeto de acompanhamento daqueles que
detm a responsabilidade de prever os riscos e desastres no nosso
pas.
Os sinistros mencionados, apenas reforam a necessidade de
enxergar a defesa civil de uma forma sistmica, onde todos os
rgos pblicos, as entidades privadas e a comunidade constituem
as engrenagens para movimentar a sofisticada mquina que tem
como nobre misso a proteo global da comunidade.
DefesaCivil:Sistema,norgo
Entendermos que defesa civil no um rgo, mas um
conjunto de aes de preveno, assistncia, socorro e
restaurao de desastres acontecidos ou potenciais,
fator fundamental para que uma comunidade esteja
realmente protegida de suas ameaas.
Se todos os gestores da Prefeitura, do Estado e da Unio e tambm
os executores de cada um dos rgos pblicos no entenderem essa
verdade, jamais teremos defesa civil atuante no pas.
Somente quando esse conceito estiver enraizado na cultura da
poltica nacional, deixaremos de ouvir respostas insensatas como:
isso problema da defesa civil!, como se algo to complexo
pudesse ser reduzido a um rgo ou instituio secundria.
Defesa Civil um sistema, no um rgo. Todos
fazem parte e tem o privilgio de ajudar e avaliar, para
consolidar uma rede permanente de aes preventivas,
de preparao de resposta e de reconstruo dos efeitos
dos desastres.
Essa complexa teia de competncias e funes deve e precisa ser
coordenada para que as tarefas especficas, dentro de um cronograma
fundamental, contemplem intervenes oportunas para evitar ou
para enfrentar os sinistros potenciais da comunidade.
nesse contexto que surge, no mbito municipal, a Coordenadoria
Municipal de Defesa Civil - COMDEC, que jamais pode ser vista
como uma instituio que se basta em si mesma, mas que rene e
direciona todas as foras disponveis para a proteo das cidades.
A COMDEC uma instituio fundamental na
proteo social. Deve ser dotada de profissionais
compromissados, com habilidades de relacionamento
e forte comprometimento com o trabalho em equipe.
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRTICOS DE ESTRUTURAO E FUNCIONAMENTO
Dados do censo de 2010, divulgado pelo IBGE em: http://www.ibge.com.br/home/estatistica/populacao/censo2010/resultados
OrganizaoInstitucionaldaCOMDEC
O Brasil um pas continental, com mais de cinco mil municpios
com tamanhos, populaes, geografias, economias e realidades
diferentes.
No vivel estabelecer um padro para a organizao das
COMDECs, visto que essas realidades influenciam na composio
da equipe, que tem a misso de coordenar o sistema municipal de
defesa civil.
Nosso pas tem extremos significativos: So Paulo, terceiro
oramento do pas com mais de dez milhes de habitantes, contrasta
com a Serra da Saudade em Minas Gerais, com apenas 810 pessoas
vivendo de recursos do Fundo de Participao dos Municpios (FPM).
Embora com grandes diferenas todas as duas precisam de uma
COMDEC atuante, pois os desastres no escolhem espaos pelo seu
tamanho ou poder econmico, mas sim pelas suas vulnerabilidades.
Para se definir o tamanho e a organizao do rgo coordenador
de proteo civil, preciso entender suas principais caractersticas
funcionais:
Conhecimento permanente das ameaas e riscos;
Atuao preventiva em todas as fases da defesa civil;
Preparao para enfrentamento dos desastres;
Gesto aproximada com as instituies pblicas e cidades vizinhas;
Interao permanente com a comunidade;
Educao para convivncia com o risco;
Visibilidade institucional;
Conhecimentopermanentedasameaase riscos
J mencionamos que h 153 desastres catalogados no CODAR,
apesar de a mdia se ater apenas queles que acontecem nas grandes
cidades, que causam mortes ou decorrentes das chuvas.
A coordenadoria municipal de defesa civil deve conhecer e mapear
todas as ameaas e riscos de seu espao territorial. Isso inclui
tanto o permetro urbano quanto o rural.
A partir do conhecimento das ameaas mais provveis e com
vulnerabilidades mais acentuadas um criterioso mapeamento deve
ser feito para cada tipo de desastre.
A falta de recursos financeiros para mapear e conhecer riscos no
justifica a ausncia desse importante instrumento de planejamento.
Mesmos as cidades pequenas com pequeno oramento tm condies
de mapear seus riscos.
H uma equivocada percepo de que riscos s podem ser
mapeados mediante caras consultorias, com equipamentos
sofisticados e utilizando coordenadas geogrficas, o que um grande
engano.
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRTICOS DE ESTRUTURAO E FUNCIONAMENTO
No se prepara para aquilo que no se conhece!!! Mapear e
conhecer as ameaas e vulnerabilidades fator fundamental
para prevenir e se preparar para o enfrentamento dos desastres,
independentemente do tamanho da cidade ou comunidade.
Preparaopermanenteparaenfrentamento dos desastres
O conhecimento dos desastres potenciais no espao da cidade
vai proporcionar COMDEC a possibilidade de se preparar para o
enfrentamento, ou seja, para a resposta que o evento exigir.
A viso sistmica, onde todos tm conscincia que defesa civil no
um rgo mas um conjunto de aes, desenvolvida por todos
os atores sociais no espao comunitrio, contribui para que a
instituio COMDEC tenha o tamanho e a estrutura adequada
para cada municpio.
A instituio de coordenao das atividades de
proteo civil precisa ter os recursos necessrios
para fazer frente sua misso que monitorar
permanentemente as ameaas, apontar medidas de
preveno e se manter preparada para responder aos
eventos crticos acontecidos.
O tamanho da rea urbana, o nmero de habitantes, a quantidade
de locais de risco e a recorrncia de desastres vo proporcionar o
dimensionamento ideal da estrutura da COMDEC.
As cidades, sobretudo as maiores e que disponham de grandes
receitas, podem e devem utilizar as tecnologias disponveis para
obter um mapeamento detalhado e completo. Mas as pequenas
COMDECs podem utilizar at mapas publicitrios, que quase
sempre encontramos nos postos de gasolina, padarias e outros
estabelecimentos comerciais. Abaixo podemos ver um exemplo de
mapa:
Para conseguir informaes sobre as ameaas e vulnerabilidades,
a COMDEC de poucos recursos, pode utilizar os alunos do ensino
mdio, para uma pesquisa histrica com os moradores mais
antigos, e delimitar com eles, por exemplo, uma mancha falada
da maior inundao conhecida ou registrada na cidade. Isso pode
ser feito com desastres de escorregamentos, derramamento de
produtos perigosos, enfim, qualquer tipo de desastre.
Por outro lado, as grandes cidades ao mapear seus riscos e bem
conhec-los, devem ter uma estrutura mnima de pessoal e recursos
para monitor-los, seja pela visita peridica de seus tcnicos ou pelo
acionamento da comunidade em risco.
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRTICOS DE ESTRUTURAO E FUNCIONAMENTO
pblicas possam adotar medidas atenuantes para os problemas
previstos.
Para tanto, mecanismos de comunicao horizontal e vertical
entre os entes pblicos municipais e de forma transversal com os
demais rgos do Sistema Nacional precisam estar bem definidos na
forma e na personificao dos contatos pr-estabelecidos.
Um plano de contingncia bem elaborado, baseado nas realidades
locais, construdo a partir da colaborao dos atores pblicos
envolvidos e da comunidade destinatria, torna-se um poderoso
instrumento para evitar improvisos, desperdcio de recursos e
principalmente tempo.
Quando esse planejamento feito a partir de seus
atores, todos se sentem responsveis pela sua execuo,
as estratgias estabelecidas refletem a realidade
possvel e o ensaio simulado de sua aplicao, alm
de aproximar os envolvidos, permite a correo dos
equvocos e consequentemente traz mais segurana
para todos.
Como mencionamos, um sistema de monitoramento e alarme
deve ser estabelecido para que a oportunidade de implementao
do plano de contingncia seja conhecida. Por ser um instrumento
to importante, merece uma explicao mais detalhada.
preciso reiterar que no se pode exigir que uma cidade de 5.000
habitantes com relevo de plancie, sem recorrncia de sinistros, tenha
a mesma estrutura de uma cidade com relevo acentuado, ocupao
de encostas e vales, ao longo de cursos de gua e que sofre com
inundaes e escorregamentos todos os anos.
Independente do tamanho e da quantidade de recursos humanos
e logsticos que uma COMDEC disponha, ela s ser eficiente se
estiver preparada para coordenar os atores sociais disponveis na
comunidade para as aes de preveno e resposta s calamidades.
Para isso fundamental a elaborao de planos de contingncia
para cada tipo de ameaa instalada na cidade.
O plano de contingncia a formalizao de uma
estratgia de enfrentamento dos desastres onde esto
descritas as caractersticas do evento a ser enfrentado,
os locais possveis de acontecimento, o nmero
provvel de afetados e as aes de preveno e resposta
que o poder pblico estabeleceu para enfrent-los.
Nesse planejamento todos os recursos disponveis na Prefeitura
devem estar catalogados e cada setor, com sua vocao, deve ser
listado com suas misses especficas de atuao.
Todas as disponibilidades logsticas e de recursos humanos
devem estar catalogados, com os lderes estabelecidos e os contatos
registrados.
As medidas de preveno e preparao bem descritas devem
proporcionar o estabelecimento de formas de monitoramento,
alertas e alarmes para que tanto a comunidade quanto as instituies
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRTICOS DE ESTRUTURAO E FUNCIONAMENTO
Para exemplificar, pode ser citado o desastre ocorrido em Mira,
em Minas Gerais no ano de 2007. Houve o rompimento de uma
barragem de rejeitos de minerao que inundou um tero da
cidade e ainda causou danos em mais cinco outros municpios,
inclusive no estado do Rio de Janeiro. Apesar dos graves danos
materiais, nenhuma vida humana foi perdida, fruto de um
sistema de monitoramento e alerta simples mas que funcionou
efetivamente.
Por recomendao da Defesa Civil de Minas Gerais, a empresa
responsvel pela barragem construiu um ponto de monitoramento
visual no macio onde um funcionrio permanecia 24 horas olhando
a evoluo do nvel da gua e dos sinais de resistncia da barragem.
Como ocorreram fortes precipitaes entre os dias 05 e 07 de
janeiro, o monitor ao perceber que o nvel subia rapidamente e que
poderia haver o rompimento, emitiu o alerta para as autoridades
municipais, que conseguiram retirar todas as famlias das reas de
risco.
Os sistemas de monitoramento podem ser entendidos como de
previso e de constatao. Os de previso, como o prprio nome
diz, indicaro o que poder acontecer. O monitoramento de
constatao verifica o comportamento que est acontecendo ou
que j aconteceu e que indica aes de preveno e preparao
para evitar danos maiores comunidade.
Isso significa que cada cidade, dependendo de seu tamanho,
populao, quantidade e qualidade de suas reas de risco, vai
desenvolver seu sistema de monitoramento e alerta, baseado na sua
possibilidade tecnolgica e na criatividade para atendimento de suas
necessidades.
Sistema de monitoramento e alerta
Sistemas de monitoramento e alerta para desastres,
em linhas gerais so instrumentos utilizados para
acompanhar a evoluo de sinais perceptveis de que
h a probabilidade de acontecer eventos adversos que
podem resultar em danos comunidade.
H uma tendncia em acreditar que os sistemas de monitoramento
e alerta devem ser estabelecidos a partir de sofisticados
instrumentos tecnolgicos que permitem informaes precisas
sobre situaes causadoras de calamidades. Na realidade,
sistemas de monitoramento e alerta devem ser a unio de todas as
informaes disponveis ou desenvolvidas pelos interessados ou
destinatrios, que vo propiciar a tomada de decises preventivas
e de preparao, com o mximo de antecedncia possvel.
Sendo assim, qualquer comunidade pode estabelecer seus
sistemas, a partir das informaes disponveis e alcanveis, seja
pela tecnologia disponvel, seja por aes criativas decorrentes do
conhecimento da realidade local.
J que a internet est acessvel em quase todas as localidades do
mundo, podemos citar como exemplo, o uso dos sites de previso do
tempo. Esse um valioso instrumento que deve ser utilizado para
compor um sistema para evitar os danos decorrentes dos desastres.
A partir do conhecimento da probabilidade das precipitaes para
um determinado municpio, outras aes de monitoramento podem
ser estabelecidas para compor um conjunto de informaes mais
precisas sobre os eventos esperados.
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRTICOS DE ESTRUTURAO E FUNCIONAMENTO
O certo que no h como conceber uma COMDEC, por mais
simples que seja, que no tenha um mapa com os riscos e ameaas da
cidade, um plano de contingncias e que no possua um sistema de
alerta com os recursos e possibilidades disponveis na comunidade.
Gestoaproximadacominstituiespblicas e cidades vizinhas
A viso sistmica, conforme j abordamos anteriormente, implica
num entendimento primordial de que defesa civil no um rgo,
mas um sistema que contm todas as demais instituies pblicas
da cidade.
Todo sistema precisa de uma coordenao, a que entra a
COMDEC. A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, portanto,
jamais pode ser considerada pelos outros atores da prefeitura como
um setor operacional que se basta. Jamais pode haver, nas discusses
internas do poder pblico a expresso: isso problema da defesa
civil. Quando isso acontece porque ainda no se absorveu a
cultura sistmica de que todos so responsveis pelo conjunto de
aes de preveno, socorro, assistncia e recuperao, conceito
j consagrado da atividade.
Para que uma COMDEC efetivamente funcione, deve interagir
permanentemente com todos os setores da prefeitura,
identificando as vocaes de cada um para a contribuio na
preveno, preparao, resposta e reconstruo dos desastres
provveis da cidade.
Identificadas as suas possibilidades, o sistema municipal de
defesa civil deve estabelecer junto com a populao as formas
de monitoramento, os meios de comunicao dos alertas, de
modo a manter permanente credibilidade e principalmente o
desenvolvimento de aes preventivas e de preparao, descritas no
plano de contingncia.
Se as cidades mais populosas, com mais recursos oramentrios
tm as maiores possibilidades tecnolgicas, a grande extenso
territorial ocupada e a alta concentrao populacional dispersa
em muitas reas de risco podem desfavorecer a uma comunicao
eficiente dos alertas emitidos.
J as cidades menores, se por um lado, pela escassez financeira no
tm tanto acesso as caras tecnologias, a proximidade da populao
com o poder pblico local, a geografia propcia a uma comunicao
rpida e prxima e o menor nmero de locais de risco, favorecem e
muito o sucesso da emisso e entendimento dos alertas. Sem contar
que o uso de solues criativas como o uso de sinos de igrejas,
sistemas de comunicao de alto falante disponveis em parquias
e carros de som so muito eficientes nestas comunidades menores.
As Redes Sociais so ferramentas importantes para divulgao de
alertas e instrues preventivas. Muito acessadas pelas pessoas,
principalmente pela juventude que permanece por vrias
horas em contato, essas redes proporcionam importante elo de
relacionamento entre a COMDEC e a comunidade. Com o cuidado
de manter esses espaos sempre atualizados, para que no caiam
em descrdito, o uso de redes sociais deve ser implementado em
todas as cidades onde as Coordenadorias Municipais de Defesa
Civil so verdadeiramente atuantes.
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRTICOS DE ESTRUTURAO E FUNCIONAMENTO
Organograma: Grfico da estrutura hierrquica de uma organizao social complexa, no qual esto representados, ao mesmo tempo, os diversos elementos do grupo e suas respectivas relaes.
Populaes instaladas em reas de risco ao longo da bacia hidrogrfica
Empresas operadoras de barragens, por exemplo, so parceiras
fundamentais no monitoramento e emisso de alertas contra
enchentes e inundaes.
Chuvas que caem em grandes quantidades, s vezes no so
percebidas na cidade e podem chegar de forma brusca como cabeas
dagua que provocam inundaes surpreendentes. Quando a
COMDEC tem relacionamento estreito com os operadores de
barragens, estes podem informar a chegada desses fenmenos e
permitir que um alerta seja emitido para a populao, com horas
de antecedncia e, consequentemente, proporcionar que medidas de
preveno e preparao sejam efetivadas.
Ao contrrio das aes que demandam tecnologia e gastos,
a gesto aproximada requer apenas iniciativa, conhecimento
das vulnerabilidades locais, capacidade de relacionamento e
disposio para implementao de uma rede de relacionamentos
proativa.
Isso significa tambm que a posio hierrquica da COMDEC,
no organograma do poder pblico municipal, deve possibilitar
um dilogo compatvel com os escales de deciso, visto que nos
momentos cruciais, antes e durante os eventos de calamidade, as
orientaes e recomendaes emitidas devem ser prontamente
atendidas, de modo imperativo para evitar desgastes institucionais
desnecessrios.
Da mesma forma, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil
deve manter estreito relacionamento com as COMDECs das
cidades vizinhas, para que os sistemas de monitoramento e alerta
se complementem, os fenmenos que trazem consequncias para
as cidades sejam comunicados e protocolos de resposta possam ser
compartilhados
No raras vezes, uma chuva e uma inundao que ocorrem
em uma cidade, se devidamente avisadas podem permitir aes
de preveno e preparao com muitas horas de antecedncia.
As chuvas que caem em Campos do Jordo (SP) e que provocam
aumento considervel do Rio Sapuca tm sido avisadas s cidades
mineiras de Itajub, Santa Rita do Sapuca e Pouso Alegre e tm
permitido comemorveis resultados na preveno de danos humanos
e materiais para as populaes instaladas em reas de risco ao longo
desta bacia hidrogrfica.
Essa solidariedade entre as COMDECs de cidades vizinhas
tambm deve acontecer com todos aqueles que detm informaes
importantes sobre eventos que possam provocar desastres nas
comunidades.
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CAPACITAO BSICA EM DEFESA CIVILMDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRTICOS DE ESTRUTURAO E FUNCIONAMENTO
Interaopermanentecomacomunidade
realmente impossvel pensar que alguma poltica pblica pode
ser definida e organizada sem a participao de seus destinatrios.
Em defesa civil no diferente. Alis, pela natureza sistmica da
atividade, a participao comunitria condio sem a qual no se
pode prevenir, preparar e responder a qualquer desastre.
Como podemos mapear um local de risco, conhecer as
vulnerabilidades, monitorar as ameaas e emitir os alertas sem
termos um contato permanente com as pessoas destinatrias
destes servios?
Uma Coordenadoria Municipal de Defesa Civil competente,
independente de seu tamanho ou estrutura, deve ser uma instituio
intimamente ligada com a comunidade local.
Todo plano de contingncia s ser bem sucedido se discutido
e organizado com a participao daqueles que convivem com a
ameaa e, portanto, tm a noo exata daquilo que funciona e no
funciona em termos de aes prticas.
A formao dos Ncleos Comunitrios de Defesa Civil (NUDEC)
atravs da organizao de grupos comunitrios envolvidos fator
primordial para o sucesso preventivo e tambm de resposta aos
desastres locais.
O coordenador municipal que se envolve cotidianamente com as
pessoas moradoras de reas vulnerveis exerce seu papel da forma
mais sublime e tem a possibilidade de formar times treinados e
A realidade sistmica das atividades de defesa civil tambm torna
necessria a estreita cooperao entre rgos estaduais e federais
instalados na localidade. Apenas para citar um exemplo, a garantia
das aes da polcia administrativa do poder pblico municipal
necessita quase sempre do apoio da Polcia Militar local. No raras
vezes, os policiais militares de cidades pequenas, so a nica presena
do ente estatal na comunidade e servem, portanto, de elo de ligao
entre a COMDEC e o sistema estadual de defesa civil.
Em cidades mdias e grandes, quando os entes federais e estaduais
esto instalados, toda essa capacidade tcnica, logstica e vocacional
deve estar considerada nos planos de contingncia.
Na prtica, significa que reunies permanentes de integrao
sistmica devem ser rotina e o conhecimento das potencialidades
institucionais e at mesmo pessoais deve ser uma premissa
profissional da CO