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ENQUADRAMENTO HISTÓRICO-LEGAL

No mundo:

Na Antiga Civilização Egípcia, já se lutava por direitos, não sendo permitida a palavra greve na

medida em que os escravos não eram empregados, mas sim meras ferramentas de trabalho.

A palavra «greve» foi utilizado pela primeira vez no final do século XVIII, precisamente numa praça

em Paris, chamada de «Place de Grève», onde se reuniam tanto desempregados quanto

trabalhadores que, insatisfeitos geralmente com os baixos salários e com as jornadas excessivas,

paralisavam as suas actividades laborais e reivindicavam melhores condições de trabalho.

Nesta mesma praça, acumulavam-se os gravetos trazidos pelas enchentes do rio Sena, daí o termo

grève, originário de graveto.

A história da greve surge a partir do regime de trabalho assalariado, fruto da Revolução Industrial.

Pode-se, assim, atribuir aos movimentos sindicais dos ingleses o marco inicial da história da greve.

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3MEIOS DE LUTA LABORAL

ENQUADRAMENTO HISTÓRICO-LEGAL

Em Portugal:

Surgiu no CP de 1852, no art. 277.º onde era proibida, vista como um delito e punida criminalmente.

Neste mesmo ano de 1852, a partir do liberalismo, apesar de criminalmente punidas surgem as

primeiras manifestações grevistas.

No ano de 1910, após a implantação da República, este art. 277º do CP foi revogado pelo DL de 6/12,

onde passou finalmente a ser reconhecido o direito à greve, e esta passou a ser compreendida e

aceite como uma liberdade.

Em 1927, já com o Estado Novo implantado, o DL de 15/02 veio revogar o diploma da I República,

passando a greve a ser novamente proibida e punida criminalmente.

A mesma medida veio a ser consagrada também pela Constituição de 1933 e pelo Estatuto do

Trabalho Nacional, aprovado pelo DL de 23/09.

Só em 1934 apareceu a verdadeira legislação punitiva da greve com o DL de 18/05, pois até aquela

data as punições eram destinadas apenas aos organizadores das greves, a partir daqui são punidos

todos aqueles que participarem de alguma forma na greve.

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4MEIOS DE LUTA LABORAL

ENQUADRAMENTO HISTÓRICO-LEGAL

O DL de 15/10/1945, institui a punição da greve com pena de prisão.

No ano de 1974, com a revolução do 25 de Abril e com o vigoroso movimento grevista vivido foi

elaborado o DL de 27/08, que consagrou definitivamente a greve como um direito dos trabalhadores.

A Constituição de 1976 apoiou esta orientação consagrando de forma expressa o direito à greve,

preceito mantido após as revisões de 1982, 1989, 1992 e 1997.

Acompanhando a Constituição de 1976, surge o regime jurídico foi complementado pela Lei nº 65/77,

de 26/08, a chamada Lei da Greve, diploma que sofreu alterações com a Lei n.º 30/92, de 20/10, que

em parte foi declarada inconstitucional e que se encontrou em vigor até ao CT de 2003.

Atualmente, a greve encontra-se consagrada entre os artigos 530º a 543º do CT, o regime geral do

exercício do direito de greve aplica-se quer aos trabalhadores com contrato de trabalho quer àqueles

que possuam uma relação jurídica de emprego público, que lhes confira a qualidade de funcionário ou

agente da administração público.

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5MEIOS DE LUTA LABORAL

CONCEITO E NOÇÕES GERAIS

O conceito de greve foi evoluindo e representado por três momentos:

a greve-delito, considerada como uma conduta contrária ao interesse público, proibida e punida;

a greve-liberdade, como admissão da livre atuação dos grevistas, sem que fossem responsabilizados

civil e penalmente;

a greve-direito, passando a estar ao dispor dos trabalhadores contra os empresários.

Apesar da inexistência de um conceito legal, perante a doutrina e a jurisprudência pode definir-se a greve

como a abstenção concertada da prestação de trabalho a efectuar por uma pluralidade de trabalhadores

com vista à obtenção de fins comuns.

abstenção – pode ser entendida em dois sentidos:

sentido restrito – pressupõe-se que o trabalhador deixe de efectuar a actividade, tratando-se de

uma total paralisação;

sentido amplo – abrange para além da paralisação um refrear na execução da actividade

laboral.

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CONCEITO E NOÇÕES GERAIS

concertação entre trabalhadores – a abstenção tem de ser combinada, previamente ajustada pelos

trabalhadores, normalmente com intermediação sindical, e comunicada essa intenção ao empregador.

pluralidade de trabalhadores – a greve pressupõe que a paralisação seja efectuada por uma

pluralidade de trabalhadores.

fins – a doutrina divide-se quanto a este ponto:

há quem entenda o conceito em sentido restrito estando esses fins relacionados com a situação

laboral;

há quem entenda em sentido amplo abrangendo também interesses políticos, económicos, de

solidariedade, entre outros.

titularidade do direito à greve – a maioria da doutrina entende tratar-se de um direito individual dos

trabalhadores de exercício colectivo (arts. 57.º CRP e 530.º CT).

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LEGITIMIDADE PARA DECLARAR E FAZER GREVE

Decisão para fazer greve (art. 531.º do CT):

a greve depende apenas de um juízo de oportunidade que cabe aos trabalhadores;

a declaração da greve cabe em princípio às associações sindicais, admitindo-se excepcionalmente

que possa ser levada a cabo pelas assembleias de trabalhadores;

não pode declarar uma greve num sector diverso daquele que representa;

sindicato deve ter uma representação, ainda que diminuta, na empresa.

Representação dos trabalhadores em greve (art. 532.º do CT):

cabe ao sindicato que declarou a greve ou à comissão de greve;

pode ser delegada.

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LEGITIMIDADE PARA DECLARAR E FAZER GREVE

Aviso prévio de greve (art. 534.º do CT):

Destinatários – empregador/associação patronal e Ministério do Trabalho;

Antecedência Mínima – aviso prévio geral: 5 dias úteis; aviso prévio especial: 10 dias úteis;

Meio de comunicação – meios idóneos (escrito ou através dos meios de comunicação social);

Conteúdo – âmbito subjectivo e geográfico + data de início + proposta de definição de serviços

mínimos ou de segurança e manutenção.

Adesão à greve (art. 530.º do CT):

Podem aderir à greve todos os trabalhadores independentemente da sua ou não sindicalização;

Ligada a um direito potestativo dos trabalhadores, a adesão à greve corresponde a uma liberdade que

não pode ser sujeita a qualquer tipo de discriminação, sendo punido a título de contra-ordenação

aquele que assim atuar (art. 540.º do CT).

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LEGITIMIDADE PARA DECLARAR E FAZER GREVE

Piquete de greve (art. 533.º CT):

MONTEIRO FERNANDES diz que se traduzem em «grupos organizados de trabalhadores cuja

função consiste em, no decurso da paralisação, desenvolver atividades tendentes a persuadir os

trabalhadores a aderirem à greve, por meios pacíficos, sem prejuízo do reconhecimento da liberdade

dos não aderentes».

Podem ser compostas por quaisquer trabalhadores abrangidos pela declaração de greve;

Quanto à entrada dos piquetes de greve nas instalações da empresa há que distinguir:

Situações em que o piquete é constituído por pessoas estranhas há empresa – neste caso, não

há dúvida de que não podem entrar nas instalações;

Situações em que o piquete é constituído por trabalhadores – nesses casos poderão frequentar

as zonas de livre acesso; quanto aos locais de trabalho o empregador pode não autorizar a

presença do piquete, por questões de segurança e como modo de garantir que aqueles que

não aderem à greve possam exercer o seu direito ao trabalho.

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LEGITIMIDADE PARA DECLARAR E FAZER GREVE

Termo da greve (art. 539.º do CT):

Consagrado legalmente, no art. 539.º do CT, a greve conclui-se «por acordo entre as partes, por

deliberação de entidade que a tenha declarado ou no final do período para o qual foi declarada».

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EFEITOS JURÍDICOS DA GREVE

Suspensão dos efeitos do contrato individual de trabalho: (art. 536.º do CT) :

Fica suspenso o contrato individual de trabalho de cada um dos aderentes;

No exercício do direito de greve, o trabalhador não pode ser despedido durante ou após a mesma,

nem com fundamento nela (art. 331.º n.º1 e 2 do CT);

Relativamente ao trabalhador aderente à greve, o empregador perde o dever de pagar a retribuição,

de proporcionar boas condições de trabalho, bem como, de fornecer formação profissional;

Em contrapartida, conservam-se os deveres do empregador tratar com respeito o trabalhador,

proporcionar o exercício de cargos que exerce em estruturas relacionadas com a atividade laboral, e

de indemnizá-lo relativamente aos prejuízos resultantes de acidentes de trabalho e doenças

profissionais;

Podemos concluir, que os deveres do empregador acima enunciados, se mantêm desde que não se

relacionem com a prestação da atividade no momento em que a greve se encontra a decorrer, sendo

que subsistem os deveres que advêm das regras da boa-fé.

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EFEITOS JURÍDICOS DA GREVE

Dever de não substituição dos trabalhadores grevistas (art. 535.º do CT) :

É reservada à entidade patronal, durante o período de greve, a possibilidade de contratar a termo

outras pessoas, que à data do pré-aviso da mesma não trabalhavam na respetiva empresa, com a

finalidade de substituir os trabalhadores grevistas;

Esta limitação só respeita ao período entre o aviso prévio da greve, e a verificação do termo da

mesma, bem como não impede o empregador de contratar novos trabalhadores para um

estabelecimento ou secção da empresa em que não haja greve;

Nos casos em que, antes do aviso prévio, o empregador já tenha tomado a decisão de contratação de

novos trabalhadores, com os quais já celebrara os respetivos contratos, não comete nenhuma

infração se essa admissão ocorrer após o aviso prévio ou mesmo já em plena greve;

O empregador tem a possibilidade, aquando a ocorrência da greve, e tendo em conta o número dos

trabalhadores não grevistas, de mover os seus trabalhadores para estes desenvolverem outra

atividade de funções idênticas às suas, perante o art. 118.º do CT, ou recorrendo ao ius variandi do

art. 120.º do CT.

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EFEITOS JURÍDICOS DA GREVE

O disposto no n.º2 deste art. 535.º apresenta-se como um meio de prevenir que o n.º1 deste mesmo

preceito seja violado de forma indireta, significa que ninguém poderá substituir as funções do

trabalhador grevista, mas nada impede que sejam tomadas as providências necessárias de forma a

alcançar o fim que seria alcançado caso o trabalhador não tivesse em greve;

Contudo a limitação presente neste n.º2, deixa de ser apreendida «(…) em caso de incumprimento

dos serviços mínimos necessários à satisfação das necessidades sociais impreteríveis ou à

segurança e manutenção de equipamento e instalações e na estrita medida necessária à prestação

desses serviços.», nestes casos o trabalhador grevista pode ser substituído por empresas

contratadas especialmente para desenvolver a sua atividade .

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EFEITOS JURÍDICOS DA GREVE

Dever de retribuição dos trabalhadores não grevistas:

Apesar de existir uma impossibilidade objetiva da prestação da atividade dos trabalhadores não

grevistas, estes apresentam-se para desenvolver a mesma, sendo que não se reporta a eles a culpa

da não prestação da mesma, sendo que por isso o empregador suporta o risco contratual.

Serviços mínimos (art. 537.º e 538.º do CT + art. 57.º n.º3 da CRP):

Apesar de ser um direito fundamental, o direito de greve não é um direito absoluto, pode ser

regulamentado por lei e esta regulamentação pode constituir objetivamente uma restrição ao seu

exercício, mas apenas quando se destine a promover a segurança e manutenção de equipamentos e

instalações e a ocorrer â satisfação de necessidades sociais impreteríveis e se limite ao necessário

para salvaguardar outros direitos e interesses constitucionalmente protegidos;

Os conceitos de «necessidades sociais impreteríveis» e de «serviços mínimos» assumem grande

relevância, já que da sua definição e dos termos em que for feita depende a maior ou menor restrição

do direito de greve;

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15MEIOS DE LUTA LABORAL

EFEITOS JURÍDICOS DA GREVE

Os serviços mínimos a prestar durante uma greve incluem duas categorias distintas de serviços:

Primariamente os serviços destinados a assegurar a satisfação de necessidades básicas e

inadiáveis, perante a lei denominados como «necessidades sociais impreteríveis», enumerados

perante o art. 537.º n.º 1 e 2 do CT;

Seguidamente, os serviços necessários à manutenção da segurança, instalações e

equipamento da empresa ou organização do empregador, consagrados no n.º 3 do artigo supra

citado, que se reportam aos serviços fundamentais para garantir que, no final da greve, a

empresa se encontre em condições de retomar ao normal desenrolar da atividade laboral.

Começa-se por expor quais as empresas ou estabelecimentos que têm a obrigação de satisfazer as

necessidades sociais vitais;

De seguida, estas necessidades têm de corresponder a necessidades básicas, isto é, serviços

essenciais para uma mínima regularidade da vida em sociedade, serviços estes que se encontram

enumerados no art. 537.º n.º2 al. a) a i), do CT, mas a lei apresenta-os a título meramente

exemplificativo, pois podem aqui incluírem-se outros serviços desde que se demonstrem como

serviços vitais;

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EFEITOS JURÍDICOS DA GREVE

Em terceiro lugar acompanhando os dois requisitos expostos, as necessidades acima aludidas devem

para além de vitais, serem necessidades inadiáveis, fundamentarem-se em necessidades urgentes,

cujo seu cumprimento é improrrogável e irrepetível devido aos prejuízos e riscos graves dos

interesses por elas tutelados;

Remetendo ao n.º 3 do art. 57.º da CRP, o art. 537.º n.º1 do CT, dispõe que cabe aos trabalhadores

grevistas e à associação sindical que declarou a greve ou à comissão de greve, se estivermos

perante uma greve não sindical, a prestação dos serviços mínimos;

É da competência das associações sindicais ou comissões de trabalhadores promotoras da greve, ou

seja, das entidades fomentadoras da paralisação, a determinação do âmbito concreto dos serviços

mínimos a prestar, por meio do art. 538.º do CT;

Estas são obrigadas também a indicar os trabalhadores grevistas que terão de prestar os serviços

mínimos, como prevê o n.º 7, do art. 538.º acima referido, remetendo ao art. 537.º, n.º1, da mesma lei,

refere que estes trabalhadores grevistas têm o dever de proceder à prestação dos serviços mínimos;

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17MEIOS DE LUTA LABORAL

EFEITOS JURÍDICOS DA GREVE

Durante a ocorrência de uma greve, os trabalhadores afetos aos serviços mínimos mantém a sua

relação de subordinação perante o empregador, que conserva o seu poder diretivo e disciplinar (art.

537.º n.º4 do CT);

Esta subordinação reporta-se apenas na estrita medida dos serviços mínimos, incorrendo o

trabalhador em desobediência e consequentemente em sanção disciplinar se não respeitar as ordens

do empregador.

Incumprimento dos serviços mínimos e requisição civil:

A prestação dos serviços mínimos surge por imposição legal, sendo que sua violação, ou seja o seu

incumprimento tem como consequência o recurso ao regime da requisição civil, perante o disposto no

artigo 541.º, n.º3, do CT;

O DL n.º 637/74 no art. 1.º, n.º1, determina que «a requisição civil compreende o conjunto de medidas

determinadas pelo Governo necessárias para, em circunstâncias particularmente graves, se

assegurar o regular funcionamento de serviços essenciais de interesse público ou de setores vitais da

economia nacional»;

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18MEIOS DE LUTA LABORAL

EFEITOS JURÍDICOS DA GREVE

Perante o n.º2 do mesmo artigo, a figura da requisição civil apresenta um carácter excecional, visto

que não se aplica a todas as situações, destinando-se a situações de emergência;

O processo de requisição inicia-se com o reconhecimento formal da sua necessidade, determinada

por Conselho de Ministros, de acordo com o artigo 4.º, do DL supra citado;

Remetendo do carácter excecional e gravoso deste regime para a disposição 541.º, n.º3, do CT, que

reporta esta figura, pode entender-se que a requisição civil se fundamenta num mecanismo utilizado

em ultima ratio.

Situação do grevista que cumpre serviços mínimos:

Apesar de serem trabalhadores grevistas, estes não vêm o seu contrato de trabalho suspenso nos

mesmos termos dos restantes grevistas;

Os trabalhadores grevistas, enquanto desempenham serviços mínimos, só se consideram em greve

para efeitos estatísticos, pois incluem-se no número dos trabalhadores que aderiram à greve, mas a

relação laboral no que respeita à estrita execução dos serviços mínimos mantém-se, tendo o direito à

retribuição que usualmente aufeririam, conforme estabelece o art. 537.º n.º4 do CT;

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19MEIOS DE LUTA LABORAL

GREVES ILÍCITAS

Colisão de direitos:

Apesar de assentar num direito constitucional consagrado no art. 54.º da CRP, o direito à greve não

se funda num direito ilimitado concedido aos trabalhadores;

A própria lei constitucional no seu art. 57º, e remetendo para o CT, o exercício deste direito tem de ser

disciplinado, e só pode ser exercido licitamente quando não coloque em causa outros direitos, sendo

que em caso de conflito de direitos, deve atender-se à estipulação do art. 335.º do CC , que regula a

colisão de direitos, e ainda às regras da boa-fé, perante o art. 522.º do CT, e art. 18.º da CRP.

Causas de ilicitude:

Greves que prosseguem fins ilícitos;

Greves executadas e decretadas de forma contrária às disposições exigíveis para o exercício do

direito à greve;

Greves que violem princípios fundamentais do direito à greve, nomeadamente o princípio da

proporcionalidade, da adequação e da boa-fé;

Greve não motivada por questões laborais .

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20MEIOS DE LUTA LABORAL

GREVES ILÍCITAS

Greves atípicas:

O termo «greves atípicas» surge ligado às situações em que verifica uma violação de princípios

fundamentais de direito, caracterizam-se como as greves de maior prejuízo:

Greves retroativas, que tem por objetivo a destruição do processo produtivo efetuado

anteriormente;

Greves rotativas, onde os trabalhadores vão paralisando por setores, de forma a que empresa

seja afetada na sua globalidade, levando à não laboração da empresa;

Greves trombose, que correspondem em paralisações que só afetam um determinado setor da

empresa, setor estratégicos que se fundamenta no setor principal da empresa, o «setor chave»;

Greves intermitentes reportam-se à paralisação de uma empresa por curtos períodos mas com

a capacidade de pôr em causa toda a produção desse dia, devido à desorganização que

causam à atividade laboral;

Greves self-service, em que os trabalhadores grevistas interrompem o trabalho quando

acharem oportuno e pelo tempo que assim entenderem.

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21MEIOS DE LUTA LABORAL

GREVES ILÍCITAS

Consequências da ilicitude:

O n.º1 do art. 541.º do CT, faz incorrer os trabalhadores aderente a greves ilícitas no regime das faltas

injustificadas;

O art. 256.º do CT, assume que as faltas injustificadas constituem violação do dever de assiduidade,

implicando a perda de retribuição e da antiguidade;

No que respeita, à perda da retribuição o mesmo advém do art. 536.º n.º1 do CT;

A violação do dever de assiduidade é uma infração disciplinar que pode incorrer em despedimento

com justa causa por facto imputável ao trabalhado, como prevê o art. 351.º do CT;

Em matéria de ilicitude da greve deve ser aplicada responsabilidade civil aos sindicatos que tenham

decretado greve ilícita ou que prestem informações erradas aos trabalhadores, como previsto nos art.

489.º n.º1 e 541.º do CT.

.

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22MEIOS DE LUTA LABORAL

LOCK-OUT

A proibição do lock-out (art. 544.º do CT):

O lock-out não se fundamenta num direito dos empregadores, sendo a sua proibição

constitucionalmente consagrada no art. 57.º n.º4 da CRP, e ainda o art. 544.º n.º2 do CT;

Esta proibição do lock-out pode ser entendida como uma forma de violação do princípio da igualdade

e assim seriam inconstitucionais ambos os artigos acima enunciados, porém o art. 13.º da CRP

resolve esta questão ao estabelecer que em determinados padrões o princípio da igualdade poderá

ser interpretado de forma diferenciada;

O lock-out surge de uma decisão unilateral da entidade empregadora, que não abrange nesta figura o

encerramento da empresa que advenha de um acordo entre o empregador e os trabalhadores ou o

empregador e os sindicatos, compreendendo se a decisão do empregador encerrar não se

fundamentar num conflito laboral, não é lock-out;

O lock-out reporta-se à paralisação total ou parcial da empresa, sendo que nem todas as paralisações

na empresa constituem lock-out. Assim, a noção do artigo 544.º n.º1 do CT, tem que ser

compreendida de forma circunscrita;

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23MEIOS DE LUTA LABORAL

LOCK-OUT

É considerado lock-out no caso em que o empregador interdita o acesso aos locais de trabalho ou se

recusa a fornecer trabalho, contudo também aqui tem a interpretação de ser realizada de forma

restrita, visto referir-se apenas aos trabalhadores não grevistas;

É exigível assim a distinção das situações em questão, quando existe lock-out ou quando a entidade

empregadora encerra por motivos técnicos e de segurança causados pela greve, enquanto, que o

lock-out existe com encerramento do local de trabalho por represália à greve, sendo neste caso

proibido por disposição legal;

Quanto ao fim contencioso do lock-out, este poderá ser ofensivo ou defensivo:

Ofensivo, o encerramento destina-se a pressionar os trabalhadores a cederem perante

condições de trabalho mais favoráveis ao empregador;

Defensivo, visa a obtenção de desistência das pretensões apresentadas mais favoráveis aos

trabalhadores.