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HILDETE PEREIRA DE MELO De Criadas a Trabalhadoras' ' Este estudo faz parte da pesquisa Diagnóstico do Setor Serviços no Brasil financiada pelo Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo (MICT) e executada pela DIPES/IPEA. 'Conforme CHANEY, E. e CASTRO, M. G. (eds.). Muchacha no More: household workers in Latin America and the Caribbean. Filadelfia: Temple University Press, 1989 e edição Muchacha Cachifa Criada Empleada Empregadinha Sirvienta y... más nada. Caracas: Editorial Nueva Sociedad, 1993. 'Conforme ROCHA, Sônia. Renda e Pobreza: os impactos do Plano Real. Rio de Janeiro, IPEA, TD, n° 439, setembro 1996, 28 p.. Este trabalho é dedicado a Maria das Graças Silva, uma das faces do meu papel feminino, e a Nair Jane, Odete da Conceição e Zica, bravas lutadoras por melhores condições de trabalho para as domésticas brasileiras. O interesse pelo estudo do serviço doméstico remunerado prende-se ao fato de que as trabalhadoras domésticas - definidas como pessoas que servem a um indivíduo ou família dentro de casa - representam cerca de 20% da PEA feminina na América Latina e no Caribe2. No Brasil, em 1995, representavam 19% das mulheres trabalhadoras e essa participação se manteve constan- te ao longo da última década (PNAD/IBGE). Conhecer a dinâmica dessas atividades é um passo importante para desvendar a realidade de um país com tão grandes contradições sociais e 20 milhões de pessoas vivendo na mais absoluta miséria , . O serviço doméstico remunerado é um bolsão de ocupação para a mão-de- obra feminina no Brasil, porque constitui culturalmente o lugar da mulher e a execução dessas tarefas não exige nenhuma qualificação. Essa atividade, por isso, é o refúgio dos trabalhadores com baixa escolaridade e sem treinamento na sociedade. A história do serviço doméstico no Brasil não difere muito da acontecida nos Estados Unidos. Aqui como lá, antes da abolição da escravatura, escravos domésticos eram encarregados das tarefas do lar. Ao longo do século XIX, as famílias tinham, além das escravas domés- ticas, a possibilidade de contar com mocinhas para uma espécie de "ajuda contratada". Essa era uma fonte adicional de trabalho doméstico que no Brasil e nos Estados Unidos, depois da Abolição, tornou-se a maior fonte de trabalho feminino. A ajudante era enviada pela sua família para outra casa, como um

[MELO] de Criadas a Trabalhadoras

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HILDETE PEREIRA DE MELO

De Criadas a Trabalhadoras'

' Este estudo faz parte dapesquisa Diagnóstico doSetor Serviços no Brasilfinanciada pelo Ministérioda Indústria, do Comércio edo Turismo (MICT) eexecutada pela DIPES/IPEA.'Conforme CHANEY, E. eCASTRO, M. G. (eds.).Muchacha no More:household workers in LatinAmerica and theCaribbean. Filadelfia:Temple University Press, 1989e edição MuchachaCachifa Criada EmpleadaEmpregadinha Sirvienta y...más nada. Caracas: EditorialNueva Sociedad, 1993.

'Conforme ROCHA, Sônia.Renda e Pobreza: osimpactos do Plano Real. Riode Janeiro, IPEA, TD, n° 439,setembro 1996, 28 p..

Este trabalho é dedicado a Mariadas Graças Silva, uma das facesdo meu papel feminino, e a Nair

Jane, Odete da Conceição e Zica,bravas lutadoras por melhores

condições de trabalho para asdomésticas brasileiras.

O interesse pelo estudo do serviço domésticoremunerado prende-se ao fato de que as trabalhadorasdomésticas - definidas como pessoas que servem a umindivíduo ou família dentro de casa - representam cercade 20% da PEA feminina na América Latina e no Caribe2.No Brasil, em 1995, representavam 19% das mulherestrabalhadoras e essa participação se manteve constan-te ao longo da última década (PNAD/IBGE). Conhecera dinâmica dessas atividades é um passo importantepara desvendar a realidade de um país com tãograndes contradições sociais e 20 milhões de pessoasvivendo na mais absoluta miséria , . O serviço domésticoremunerado é um bolsão de ocupação para a mão-de-obra feminina no Brasil, porque constitui culturalmente olugar da mulher e a execução dessas tarefas não exigenenhuma qualificação. Essa atividade, por isso, é orefúgio dos trabalhadores com baixa escolaridade esem treinamento na sociedade.

A história do serviço doméstico no Brasil não diferemuito da acontecida nos Estados Unidos. Aqui como lá,antes da abolição da escravatura, escravos domésticoseram encarregados das tarefas do lar. Ao longo doséculo XIX, as famílias tinham, além das escravas domés-ticas, a possibilidade de contar com mocinhas parauma espécie de "ajuda contratada". Essa era umafonte adicional de trabalho doméstico que no Brasil enos Estados Unidos, depois da Abolição, tornou-se amaior fonte de trabalho feminino. A ajudante eraenviada pela sua família para outra casa, como um

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4 Sobre a história do serviçodoméstico nos EstadosUnidos, ver COLEN, S..Solamente un Poco deRespecto: trabajadoras delhogar antillanas en Iaciudad de Nueva York. In:CHANEY, E.. CASTRO, M. G.(eds). Op. cit..5 Ver sobre o assuntoHIGMAN, B. W.. EI ServidoDoméstico en JamaicaDesde 1750 e KUZNESOF, E..Historia del ServicioDoméstico en Ia AméricaHispana (1492-1980). Ambosin: CHANEY, E., CASTRO, M.G. (eds.). Op. cit..6 Sobre esse assunto verSAFFIOTI, H.I.B.. MulherBrasileira: opressão esubordinação. Rio deJaneiro: Edições Achimé,1984; CASTRO, M. G.. Qué seCompra y Qué se Paga en elServido Doméstico? EI casode Bogotá. In: LEON, M. (ed).La Realidad Colombiana,v.1: debate sobre la mujeren America Latina y elCaribe. Bogotá: AssociaciónColombiana para el Estudiode la Población, 1982 eCHANEY e CASTRO (1989 e1993).' Tiveram ou têm legislaçãoespecial ostrabalhadores(as) rurais, osfuncionários públicos eservidores de autarquiasparaestatais. Estes têmdireitos definidos pelaConstituição de 1988, salvoas restrições feitas aostrabalhadores domésticos(artigo 7, inciso XXXIV,parágrafo único). Em 1963,os trabalhadores ruraispassaram a ter proteçãolegal em lei trabalhistaespecífica (Estatuto doTrabalhador Rural); em 1973foram estendidos aos ruraisos mesmos direitos dosurbanos e as domésticas sóem 1972 passaram a teralguns direitos legais porlegislação específica. AConstituição de 1988equiparou os trabalhadoresrurais aos urbanos; às

passo intermediário entre a casa de sua família e omatrimônio. A industrialização e a urbanização, com aexpansão da classe média, transformaram a chamada"ajuda" em serviço doméstico - realizado sobre as basesde casa e comida - para a população migrante demulheres jovens brancas e não brancas nascidas nocampo. Essa idéia de "ajuda" perdurou na primeirametade deste século no Brasil, sobretudo nas regiõesNorte e Nordeste, para desaparecer praticamente nasúltimas décadas4. A exigüidade do mercado de traba-lho numa sociedade tipicamente rural fez com que nemsempre o serviço doméstico fosse uma ocupaçãoexclusivamente feminina , . Todavia, nas últimas décadas,tanto no Brasil como em toda a América Latina eCaribe, cerca de 95% de todos os trabalhadores domés-ticos é mulher. Essa predominância feminina direcionoueste estudo para a análise dessas atividades apenaspela ótica de gênero.

A mais importante questão para o estudo dasatividades do serviço doméstico remunerado é o pesoque elas têm para a ocupação das mulheres brasileiras.É difícil fazer uma análise econômica do serviço domés-tico remunerado, porque os indicadores econômicosnão permitem captar as sutilezas ideológicas e culturaisque essa questão envolve. Essas atividades não sãoorganizadas de forma capitalista, porque se realizam nointerior de residências particulares e as patroas/patrõesnão são empresários. O contrato de trabalho firmado,seja verbal ou escrito, define que as empregadasrealizam tarefas cujo produto - cozimento de alimentos(bens) ou lavagem de roupas e pratos (serviços) - éconsumido diretamente pela família. Esses bens/serviçosnão circulam no mercado e não se mobiliza capitalpara a realização dessas tarefas, mas rendas pessoais".

O caráter especial com que a sociedade asencara fica explícito pela utilização de uma legislaçãoespecial para regulamentar suas funções. A legislaçãobrasileira que organiza o mercado de trabalho nacional- a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) - estabeleceum modelo formal das relações assalariadas, separandoatividades incluídas e excluídas da legislação. Ostrabalhadores domésticos são excluídos da CLT eregidos por uma legislação especial'. Não se podeesquecer que existe uma heterogeneidade de situaçõesdentro do serviço doméstico remunerado. Existem asempregadas domésticas residentes, que vivem no localde trabalho, recebem salário mensal, mais casa ecomida - as mensalistas. No outro extremo, as diaristas,isto é, empregadas que não residem no local de traba-lho, trabalham em várias casas de famílias, recebemsalário diário ou semanal/mensal. É possível que tanto

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empregadas domésticas uma categoria como a outra tenha um contrato deforam estendidos outros trabalho formal.direitos, mas não o conjunto As relações de trabalho do serviço doméstico sãodos direitos trabalhistas.

Existe um amplo debatesobre o trabalho doméstico,desde sua natureza até suamensuração, já que asmulheres donas-de-casa,para efeito de cálculo doPIB, são consideradasinativas. Ver sobre o assuntoLÉON, M.. Trabajo Domésticoy Servido Doméstico enColombia. In: CHANEY. E.,CASTRO, M.G., (1989 e1993)e WAINERMAN, C., LATTES, Z.R. de. El Trabajo Femeninoen el Banquillo de losAcusados: la medicióncensal en America Latina.México, DF: El Consejo dePoblación y Terra Nova,1981.9 LEÓN. Op. cit..'° Este trabalho nãodesconhece que existemalguns homens quetrabalham como domésti-cos, mas são marginais paranossa análise. Os dados nocorpo do estudo demons-tram essa pequenaparticipação." HIGMAN. Op. cit..

inscritas num contexto mais amplo que as relaçõesestritamente jurídico-trabalhistas, mas estendem-se aocontrato de trabalho, jornada de trabalho, descansoremunerado, férias, fixação do salário, atendimento emacidentes de trabalho, doença, licença-maternidade.O trabalho executado pelos empregados domésticosnão constitui apenas relação externa de compra evenda de força de trabalho, mas também modo devida. O trabalho doméstico é uma responsabilidade damulher, culturalmente definida do ponto de vista socialcomo dona-de-casa, mãe ou esposa. Esse trabalhodirigido para as atividades de consumo familiar é umserviço pessoal para o qual cada mulher internaliza aideologia de servir aos outros, maridos e filhos. O traba-lho realizado para sua própria família é visto pelasociedade como uma situação natural, pois não temremuneração e é condicionado por relações afetivasentre a mulher e os demais membros familiares, gratuitoe fora do mercado'. Quando uma mulher contrata umaterceira para executar essas tarefas, isto é, prestar taisserviços para uma família diferente da sua, esse traba-lho doméstico converte-se em "serviço domésticoremunerado". Esse trabalho da empregada domésticaherda socialmente o estigma de desvalorização queacompanha essas atividades. Patroas e empregadasdomésticas participam de uma relação de identidademediada pela lógica de servir aos outros como algonatural9, embora essa relação trabalhista tenha doisefeitos contraditórios: de um lado, a questão de classee, de outro, a identidade de gênero que é estabelecidaentre as mulheres 10 . Essa questão também envolve umproblema de status na sociedade, pois a utilização deempregadas domésticas confere uma certa posição àmulher dona-de-casa, independente da renda familiar".

Para a realização deste trabalho - avaliar para aúltima década o serviço doméstico remunerado noBrasil - utilizam-se os dados da PNAD/IBGE. Na PNAD de1985 a classificação não permitia abertura para umaanálise mais abrangente da atividade, pois a ocupaçãoabrangia conjuntamente os serviços de ama, ama-de-leite, arrumadeira, babá, camareiro, caseiro, copeiro,cozinheiro, criado, dama-de-companhia, doméstica,governanta, mordomo, pajem e servente. Em 1995,essas atividades foram abertas em várias ocupações,num total de seis, o que possibilitou separar cozinheirasde babá, diarista, lavadeira, doméstica polivalente egovernanta. No entanto, um aspecto importante para oseu estudo seria a separação das empregadas domésti-

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12 Ver, a respeito do tema,MELO, H. P. de. Feministas yEmpleadas Domésticas enRio de Janeiro. In: CHANEY,E. e CASTRO, M.G.. Op. cit.:BRUSCHINI, C.. O Trabalhoda Mulher Brasileira nasDécadas Recentes. EstudosFeministas. Rio de Janeiro.CIEC/ECO/UFRJ, 2° semestrede 1994, número especial;MELLO, Marina F. de. Análiseda Participação Femininano Mercado de Trabalho noBrasil. Rio de Janeiro: PUC,1982 (Dissertação deMestrado); CAMARGO, J.M.e SERRANO, F.. Os DoisMercados: homens emulheres na indústriabrasileira. Revista Brasileirade Economia Rio deJaneiro, v.37, n° 4, out/dez.1983; PAIVA, P. de T.. AMulher no Mercado deTrabalho Urbano. II EncontroNacional de EstudosPopulacionais. Águas de SãoPedro (SP), 1980.' 3 Essa relação entreIndustrialização e adiminuição do empregodoméstico é contraditória ehistoricamente encontram-se exemplos diferentes paraalguns países do continenteamericano(Cf. HIGMAN. Op.cit.). A relação parece maisevidente com o crescimentoda migração rural-urbana.Acontece que as economiasda América Latina e Caribetiveram um processo deexpulsão da agricultura semum concomitante avançodo processo de industrializa-ção. No caso brasileirodevia-se também avaliarque as mulheres pobressempre trabalharam. Anovidade da década de 70foi a entrada maciça dasmulheres de classe média nomercado de trabalho, quepode ser uma das explica-ções para essa menorparticipação.' 4 KUSNESOF. Op. cit..

cas que residem no local de trabalho e as chamadasdiaristas. Seria possível, assim, afirmar que a "profissionali-zação" dessas relações favorece o crescimento dasdiaristas, enquanto as domésticas que residem na casada patroa estão fadadas a desaparecer. Infelizmente osdados não permitem claramente essa separação. Nosgrandes centros urbanos tudo indica que há provavel-mente uma tendência de contratar domésticas mensalistasou diaristas, mas que tenham domicílio próprio.

Este estudo tem a seguinte estrutura: na primeiraparte faz-se uma contextualização do mercado detrabalho feminino na década e o papel do serviçodoméstico remunerado como principal fonte de ocupa-ção das mulheres brasileiras; na segunda mensura-se acategoria dos trabalhadores domésticos separando porsexo e macrorregiões brasileiras, usando as variáveisfaixa etária, cor, posição na família e na ocupação,rendimentos e jornada de trabalho, para traçar umquadro da realidade do serviço doméstico remuneradono país e nas suas grandes regiões.

O mercado de trabalho e o serviço doméstico remune-rado - 1985/95

Os anos compreendidos entre 1970 e 1980 foramsignificativos para as mulheres brasileiras, quanto a suaparticipação no espaço público. O emprego femininocresceu 92% e o serviço doméstico remunerado, 43%12.O avanço do processo de industrialização da economiabrasileira e sua ligeira desconcentração, nesta década,explicam a queda na importância do emprego domésti-co para as mulheres brasileiras: em 1970, representava27% e em 1980 aproximadamente 20% das trabalhado-ras13 . É interessante observar que neste nível permanece-mos até os dias atuais, apesar da crença de que é umaatividade em extinção, porque o serviço doméstico éconsiderado pela literatura socioeconõmica como acontinuação do trabalho pré-industrial. No caso brasilei-ro, apresenta-se ainda como ocupação oriunda dasenzala, pois com a industrialização processaram-semudanças, mas não o seu fim. Contudo, as transforma-ções no serviço doméstico remunerado objetivavammodificar a relação patroa/empregada doméstica,tornando-a menos pessoal, sem relações de parentescofictícias e de ajuda à trabalhadora e sua familia. Houveuma certa "profissionalização" ou "mercantilização" doposto de trabalho diferente da antiga relação, construídanuma dimensão pessoal muito estreita'''.

O serviço doméstico remunerado como ocupa-ção manteve quantitativamente uma posição impor-tante na sociedade brasileira e latino-americana. Claro

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que o aumento da taxa de atividade das mulheresbrasileiras no mercado de trabalho fez-se com umamaior diversificação ocupacional e, assim, a maistradicional e antiga das ocupações femininas (serviçodoméstico) perdeu naturalmente posição. De qualquermaneira é preciso explicitar que em todas as atividadeseconômicas houve um aumento da participaçãofeminina. Quando se compara a distribuição da popula-ção ocupada feminina em 1985 com 1995 (Tabela 1),observa-se um crescimento, que é expresso na passa-gem do nível de participação no total da populaçãofeminina ocupada de 33,42% (1985) para 37,95% (1995),com uma taxa média de crescimento ao ano destaocupação, de 3,68% contra 2,37%, do total das pessoasocupadas. Esse crescimento permite concluir que aabsorção das mulheres no mercado de trabalho naúltima década foi mais dinâmica que a dos homens e asatividades econômicas que mais expandiram a ocupaçãofeminina foram o comércio e a administração pública.

Tabela 1 - Brasil - Distribuição da População OcupadaFeminina por Setores de Atividades

(Em %)Setor de Atividade 1985 1995

Agropecuária 16,03 14,03Extração Vegetal/Mineral 2,11 0,97Indústria Geral 11,73 9,17Construção Civil 0,32 0,32Serviços Industriais de Utilidade Pública 0,38 0,51Comércio 9,90 12,98Transportes 0,46 0,48Comunicação 0,39 0,37Instituições Financeiras 2,47 1,47Administração Pública 13,85 14,83Outros Serviços Técnicos Profissionais 1,54 2,25Outros Serviços Prestados às Empresas 1,54 1,64Outros Serviços Saúde e Ensino 4,96 5,53Outros Serviços Comunitários 1,51 1,72Outros Serviços de Reparação e Conservação 0,15 0,31Outros Serviços de Hospedagem e Alimentação 3,15 4,35Outros Serviços Pessoais 28,39 27,43Outros Serviços Sociais 0,07 0,11Outros Serviços Distributivos 0,84 1,21Outros Serviços Auxiliares 0,21 0,32Total 100,00 100,00Fonte: IBGE/PNAD, 1985 e 1995. Tabulações Especiais.

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16 São 4.782.016 (PNAD/IBGE,1995).

16 BARROS, MENDONÇA eMACHADO (1997) afirmamque 50% das mulheresencontram-se em ocupa-ções que correspondem a5% da força de trabalhomasculina e vice-versa.

'' As Informações sobre aocupação das mulheresbrasileiras para os anos 70 edados censitários de 1980podem ser encontrados nosseguintes trabalhos:BRUSCHINI (1994), SAFFIOTI,RIB., (1984) e MELLO (1982).

A relativa diversificação na ocupação dasmulheres, na década, não representa ainda umaprofunda mudança, pois o serviço doméstico remu-nerado ainda é a ocupação principal das brasileiras,como demonstra a Tabela 1, ainda que nos seus regis-tros esteja compreendido na rubrica "outros serviçospes-soais". Em números absolutos, são quase cincomilhões de mulheres15 que exercem essa ocupação. Emrecente pesquisa, Barros, Mendonça e Machado (1997)concluem que as mulheres mantiveram-se majoritaria-mente concentradas num leque restrito de atividades:domésticas, trabalhadoras rurais/camponesas, comer-ciárias. Essas três atividades representavam em 1995,46% da mão-de-obra feminina; agregando-se as profes-soras, enfermeiras/atendentes de saúde, operárias dovestuário, operárias do setor têxtil e do eletroeletrônico,atingiam-se quase 80% das trabalhadoras brasileiras16.Essas informações mostram que, a despeito do incre-mento da taxa de atividade feminina, não houvegrandes mudanças na estrutura ocupacional na últimadécada, com relação à participação das mulheres nomercado de trabalho. Ao longo dos últimos 25 anosessas atividades não foram significativamente alteradas.O Censo Demográfico de 1970 mostrava que as empre-gadas domésticas, trabalhadoras rurais, professorasprimárias, costureiras, comerciárias, atendentes desaúde, auxiliares de escritório e operárias têxteis repre-sentavam quase 80% da população ocupada feminina.Em 1980 ainda eram as principais ocupações dasmulheres brasileiras; embora tivessem diminuído suaimportância relativa, constituíam ainda cerca de 60% dototal da ocupação feminina 17 (de 1985 até 1995 adistribuição das ocupações das mulheres brasileiraspode ser vista na Tabela 1).

Na última década as transformações no mercadode trabalho nacional refletiram-se no aumento daocupação do setor Serviços. Em 1985 as mulheres quetrabalhavam nessas ocupações representavam 69% dapopulação ocupada e em 1995 essas ocupaçõesatingem a participação de 75%. A perda dos postos detrabalho foram na indústria geral e na agropecuária,tradicionais redutos da ocupação masculina. NosServiços a participação é praticamente a mesma paraos dois sexos (51% de homens e 49% de mulheres).Nessas atividades o comércio concentra proporcional-mente mais homens e os serviços domésticos maismulheres. A Tabela 2 permite ainda concluir que, alémdos serviços domésticos remunerados, são tambémfemininas as atividades de higiene pessoal (classificadasna rubrica "outros serviços pessoais"), saúde/ensino e aadministração pública.

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Tabela 2 - Brasil - População Ocupada nos Setores deAtividades por Sexo

(Em %)

CASTRO, 1982. Op. cit..

Setor de Atividade 1985 1995

Homem Mulher Homem Mulher

Agropecuária 79,94 20,06 75,91 24,09Extração Vegetal/Mineral 66,77 33,23 64,72 35,28Indústria Geral 73,55 26,45 7291 27,09Construção Civil 98,18 1,82 98,03 1,97Serviços Industriais de UtilidadePública

85,69 14,31 78,49 21,51

Comércio 68,21 31,79 61,57 38,43Transportes 95,14 4,86 94,62 5,38Comunicação 70,94 29,06 68,62 31,38Instituições Financeiras 65,40 34,60 58,74 41,26Administração Pública 47,22 52,78 42,57 57,43Outros Serviços Técnicos Profissionais 65,51 34,49 59,12 40,88Outros Serviços Prestados àsEmpresas

72,65 27,35 73,10 26,90

Outros Serviços Saúde e Ensino 29,75 70,25 27,63 7237Outros Serviços Comunitários 50,49 49,51 44,36 55,64Outros Serviços de Reparação eConservação

97,90 210 96,10 3,90

Outros Serviços de Hospedagem eAlimentação

60,58 39,42 55,14 44,86

Outros Serviços Pessoais 14,06 85,94 14,31 85,69Outros Serviços Sociais 80,96 19,04 70,93 29,07Outros Serviços Distributivos 7233 27,67 6281 37,19Outros Serviços Auxiliares 84,03 15,97 71,76 28,24Serviço Doméstico Remunerado 6,43 93,57 6,84 93,16Total da Economia 66,58 33,42 6205 37,95

Fonte: IBGE/PNAD, 1985 e 1995. Tabulações Especiais

O serviço doméstico remunerado tem um papelimportante na absorção das mulheres de menor escola-ridade e sem experiência profissional no mercado detrabalho. As migrantes rurais-urbanas têm nessas ativida-des "o caminho de socialização na cidade (...) oabrigo, a comida, a casa e a família"". Porta de entra-da para o mercado de trabalho urbano, as mulheresiniciavam esse trabalho nas casas de famílias a título de"ajuda". Provavelmente, a oferta e os baixos saláriospagos a essas trabalhadoras possibilitaram que asmulheres dos estratos de renda médios e altos ingressas-

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"'Para 1990, a ocupação noserviço doméstico remunera-do, nas regiões metropolita-nas, teve algumas variaçõese as regiões metropolitanasde Recife e Salvador paraaquele ano tiveram umaligeira queda na taxa departicipação feminina. VerABREU, Alice P., JORGE,Angela e SORJ, Bila.Desigualdade de género eraça - o informal no Brasil em1990. Estudos Feministas, Riode Janeiro, CIEC/ECO/UFRJ.2° semestre de 1994. NúmeroEspecial.

sem no mercado de trabalho nas últimas décadas, semque a sociedade criasse em contrapartida serviçoscoletivos de creches, escolas em tempo integral,atividades que diminuíssem em parte os encargosfamiliares com a socialização das crianças. Como asmulheres pobres não têm voz no cenário político,restaram-lhes as soluções improvisadas para a guardados seus próprios filhos, sem interferência do Estado.Essas mulheres sempre trabalharam, seja no eito ou nasenzala; a novidade atual é o exercício do trabalho forade casa das mulheres da classe média.

Trabalhadores domésticos - a antiga/nova ocupação -quantas(os) e quem são?

A categoria trabalhadores domésticos é essenci-almente feminina; mais de 90% dos seus trabalhadoresforam e são mulheres e esta situação não foi alteradana década: em 1985 havia cerca de 3,5 milhões (93,57%)de mulheres para apenas cerca de 250 mil (6,43%)homens e em 1995 são 4,8 milhões (93,16%) mulherespara 350 mil (6,84%) homens. Nota-se um pequeninoaumento na taxa de participação masculina (Tabela 3).Tanto em 1985 como em 1995 o significativo peso damão-de-obra feminina é evidente: uma taxa de partici-pação sempre acima dos 90%19.

Tabela 3 - Brasil e Macrorregiões - Pessoal Ocupado noServiço Doméstico Remunerado por Sexo

(Em %)

Região 1985 1995

Homem Mulher Homem Mulher

Norte 4,57 95,43 4,93 95,07Nordeste 6,58 93,42 7,94 92,06Sudeste 7,25 92,75 7,01 92,99Sul 3,83 96,17 5,30 94,70Centro-Oeste 5,94 94,06 6,45 93,55Brasil 6,43 93,57 6,84 93,16

Fonte: IBGE/PNAD, 1985 e 1995. Tabulações Especiais.

20 A região Norte, nasinformações da PNAD/IBGE,abrange apenas a áreaurbana.

Abrindo esses dados pelas macrorregiões brasilei-ras para os anos de 1985 e 1995, observa-se que houveuma ligeira mudança na distribuição desses trabalhado-res. As regiões Norte20, Nordeste e Sul aumentaram suaparticipação nessa ocupação, mas as razões são

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Mulher 1995Mulher 1985

Homem 1995

Homem 1985

grr

21 0 Nordeste foi a únicamacrorreglão brasileira quenesta década teve suaparticipação no PIB totalbrasileiro diminuída, caindode 13,4% para 12,9%. Cf.MELO, Hildete Pereira de,FERRAZ, G., SABBATO, AlbertoDi, LAVINAS, L.. O SetorServiços no Nordeste -Emprego e Renda 1985/1995, Fortaleza, Banco doNordeste, 1997.

22 Exemplos podem serencontrados na literaturanacional: os poemas EssaNega Fula, de Jorge deLima, e Irene, de ManuelBandeira, e a personagemTia Nastácia das narrativasde Monteiro Lobatoexpressam bem essa idéiada presença de mulheresnegras/mulatas nas casasbrasileiras.23 GONZALEZ. Op. cit., 1982,p. 98.

diferenciadas. As duas primeiras são as menos desenvol-vidas do país; para o Nordeste, todavia, esse aumentoprovavelmente indica não só atraso como uma retraçãoda ocupação nos demais setores econômicos, poisnessa década o Nordeste teve um processo maior deestagnação econômica do que o resto do país21 ; noNorte a explicação deve ser buscada na tibieza dodesenvolvimento industrial, apesar da Zona Franca deManaus. Quanto à região Sul, o seu ligeiro incrementodeve ser mais atribuído à reestruturação industrial queexpulsou trabalhadores do chão de fábrica. Essa hipóte-se fica evidenciada quando se separam esses trabalha-dores por sexo e se observa que o maior incremento nataxa de participação masculina no serviço domésticoremunerado no Brasil foi nessa região (Tabela 3 e Gráfico 1).

As informações da PNAD anteriores aos anos 90não permitiam analisar a variável "cor" para os traba-lhadores domésticos (Tabela 4). Contudo, na vivênciados lares brasileiros, nas memórias de nossas infâncias, oestereótipo de babás e cozinheiras é de negras emulatas. Tal constatação permite sugerir que no Brasil asnegras passaram diretamente da senzala para o traba-lho doméstico". Como assinalou Gonzalez23, quando amulher negra "não trabalha como doméstica, encontra-mos esta prestando serviços de baixa remuneração nossupermercados, nas escolas ou nos hospitais, sob adenominação genérica de 'empregadas de limpeza'".

Gráfico 1 - Brasil e Microrregiões. Pessoal Ocupado noServiço Doméstico Remunerado SegundoSexo (%)

Fonte: IBGE/PNAD, 1985 e 1995.

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Tabela 4 - Brasil e Macrorregiões - Pessoal Ocupado no ServiçoDoméstico Remunerado por Sexo e Cor - 1995

(Em %)

RegiãoHomem Mulher Total

Branca Não-Branca

Branca Não-Branca

Branca Não-Branca

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Fonte: IBGE/PNAD, 1995. Tabulações Especiais.

A introdução da variável cor nos anos 90, particu-larmente no ano 1995, estudado nessa pesquisa, mostraque esses trabalhadores são 56% não-brancos, parauma taxa de participação de 44% de brancos. Analisan-do esses dados pelas macrorregiões, nota-se que no Nortee Nordeste há quase 80% de não-brancos na categoria,e o Sul apresenta a mais baixa taxa de participação,cerca de 28,12% de não-brancos. Apesar do reduzidonúmero de homens na categoria foi feita a separaçãopor sexo e observa-se que tanto para os homens comopara as mulheres o predomínio nesta categoria é dosnão-brancos, embora tal separação varie regionalmen-te, com o Sul pesadamente branco e queda do diferen-cial para o Sudeste e Centro-Oeste (Tabela 4 e Gráfico 2).

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Fonte: IBGE/PNAD, 1995.

Page 11: [MELO] de Criadas a Trabalhadoras

" Até a promulgação daConstituição, em outubro de1988, não se reconhecia odireito de sindicalização dostrabalhadores destacategoria profissional. Em 16de dezembro de 1988, aAssociação Profissional dosEmpregados Domésticos doRio de Janeiro transformou-se em sindicato. Segundouma de suas dirigentes, oMinistério do Trabalho tinha-lhe negado, por três vezes, opedido de reconhecimento.

Na análise das diversas atividades arroladas pelaPNAD na categoria profissional serviço doméstico remu-nerado para 1995 é possível separá-las e assim podersaber se no corte por sexo há diferença na ocupaçãoentre homens e mulheres. Na Tabela 5 nota-se que oshomens ocupados no subsetor têm algumas diferençascom relação às mulheres. Primeiro, atividades classifica-das como domésticas polivalentes agregam 76% dastrabalhadoras para uma participação masculina de 55%.A novidade está em que motoristas, jardineiros e pessoascuidando de idosos/doentes representam 39% doshomens; as mulheres aparecem em seguida como diaristas/faxineiras, com uma taxa de participação de 12%, lava-deiras/passadeiras com 5% e babás 4,5%. Essas ocupaçõesconcentram 97,5% das mulheres alocadas nos serviçosdomésticos remunerados. Há, portanto, funções diferen-ciadas por sexo no interior da categoria. De outro pontode vista, a Tabela 6 mostra essas informações separadaspor sexo e observa-se que, em todas as ocupações, asmulheres têm mais de 90% de taxa de participação, àexceção de atendente/jardineiro/motorista, em que oshomens surgem com 79,08% de participação.

Uma outra questão suscitada pela análise doserviço doméstico remunerado, cuja resposta essetrabalho não elaborou satisfatoriamente, diz respeito àstrabalhadoras mensalistas que moram na casa dospatrões e às diaristas. Há uma mudança que, pelomenos nos grandes centros urbanos, é visível, mas queos dados não captam muito bem. Ao estudar essaocupação não é possível esquecer essa questão, aindaque tenhamos de recorrer ao habitual comentário "nãofoi possível obter informações que permitam conclusõesdefinitivas sobre o assunto". Dirigentes do Sindicato dosEmpregados Domésticos do Rio de Janeiro24afirmamque só nos anos 80 a questão das domésticas comjornadas de trabalho definidas irrompe nos grandescentros urbanos. Tanto como uma reivindicação daclasse como exigência da própria vida nesses centros(entrevista pessoal). Dois problemas envolvem essaquestão. Primeiro, as domésticas externas/diaristas sãomulheres pobres com filhos menores, morando nasperiferias das zonas metropolitanas, sem creches eescolas em tempo integral, mas que não têm outraforma de ganhar a vida. Segundo, a vida moderna nosgrandes centros urbanos concorre para que algumaspatroas prefiram uma empregada que tenha moradiaprópria, porque a doméstica residente "rouba liberdadedentro de casa". Além disso, não oferecer alojamento etodas as refeições é uma maneira de cortar custos paraa classe média. Dessa maneira, trabalhadores domésti-cos vivendo nas casas dos patrões tendem a desapare-

Page 12: [MELO] de Criadas a Trabalhadoras

cer; o oferecimento de casa e comida de antanho,ranço do escravismo, está sumindo paulatinamente nasmetrópoles brasileiras.

Tabela 5 - Brasil - Pessoal Ocupado no Serviço DomésticoRemunerado e Distribuição das Ocupaçõespor Sexo - 1995

(Em %)Ocupação Homem Mulher

Arrumadeira/camareiro - 0,17 0,33Babá/Ama/acompanhante 0,58 4,51Cozinheira/copeiro 0,42 1,08Diarista/faxineiro 4,13 11,99Lavadeira/passadeira 0,57 5,42Governanta/mordomo 0,12 0,27Doméstico polivalente 55,44 75,64Atendente/jardineiro/motorista 38,57 0,75Total 100,00 100,00

Fonte: IBGE/PNAD, 1995. Tabulações Especiais.

Tabela 6 - Brasil - Pessoal Ocupado no Serviço DomésticoRemunerado e a Participação nasOcupações por Sexo - 1995

(Em %)Ocupação Homem Mulher

Arrumadeira/camareiro 3,56 96,44Babá/Ama/acompanhante 0,94 99,06Cozinheira/copeiro 2,77 97,23Diarista/faxineiro 2,47 97,53Lavadeira/passadeira 0,76 99,24Governanta/mordomo . 3,15 96,85Doméstico polivalente 5,10 94,90Atendente/jardinelro/motorista 79,08 20,92Total 6,84 93,16Fonte: IBGE/PNAD, 1995. Tabulações Especiais.

A situação dos trabalhadores externos/diaristas nacategoria representa uma forma mais clara de relaçõesde trabalho assalariado (com ou sem carteira). Permitedemarcar as relações de classe, enquanto os trabalha-dores domésticos residentes têm essa relação dissimula-da: o alojamento e a comida são vistos como umaregalia dos patrões. Ademais, para as externas/diaristas

Page 13: [MELO] de Criadas a Trabalhadoras

é possível separar mais facilmente a jornada de trabalhoe definir melhor a relação patroa/empregada.

Nos anos 90, as informações da PNAD permitemseparar os trabalhadores que exercem suas funções emmais de um domicílio. Isso pode ser uma proxy paraanalisar essa problemática, porque pode-se inferir queos trabalhadores trabalhando em dois ou mais domicíliosprovavelmente moram fora do seu ambiente de trabalho.Sabe-se, pela própria vivência dos dias atuais, que é cadavez maior o número de trabalhadores domésticos quevão para suas casas ao final do dia, mas, ainda não foipossível mensurá-lo. Na Tabela 7 tem-se o seguinte resultado:18% das mulheres declararam exercer suas atividadesem mais de um domicilio, para 15% dos homens. Relati-vamente, essa questão é mais acentuada na regiãoSudeste tanto para as mulheres como para os homens.

Tabela 7 - Brasil - Pessoal Ocupado no Serviço DomésticoRemunerado e o Número de Domicílios dePrestação do Serviço por Sexo - 1995

(Em %)

Número de Domicílios Homem Mulher

Um 86,37 81,73Mais de um 13,63 18,27Total 100,00 100,00

Fonte: IBGE/PNAD, 1995. Tabulações Especiais.

Faixa etária: meninas/mocinhas e mães

" Em 1995 o comércioambulante tem uma taxa departicipação, na faixa de10/14 anos, de 7,58% detrabalhadores. Nas feiras aparticipação é de 8,36%. Cf.MELO et GR Op. cit., 1997.

As características de precariedade dos serviçosdomésticos remunerados fica patente na análise dadistribuição da população ocupada, nessas atividades,segundo a faixa etária. Apesar da diminuição, nessadécada, da taxa de participação das crianças no subsetor.No mercado de trabalho brasileiro o trabalho infantilaparece com maiores taxas de participação nas ocupa-ções comércio ambulante, feirantes e trabalhadoresdomésticos25, nas quais as relações de trabalho são extre-mamente precárias. Em 1985, havia cerca de 9,33% decrianças nessa ocupação; em 1995, a taxa caiu para5,07%. Examinando a questão pelo ângulo do sexo, cons-tata-se que em 1985 as crianças mulheres eram 9,39% eos meninos apareciam com uma menor proporção, 8,44%;em 1995 houve uma inversão e as crianças do sexomasculino ficam com 5,55% e as meninas com 5,03%.Considerando uma faixa etária mais ampla, que englo-be o trabalho dos menores adolescentes, por exemplo,

Page 14: [MELO] de Criadas a Trabalhadoras

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26 BARROS, R. e MENDONÇA,R.. Pobreza, Estrutura Familiare Trabalho. Rio de Janeiro:IPEA, fev.1995 (Texto paraDiscussão, 336).

Uma outra questão interessante, na distribuiçãodos trabalhadores por sexo e faixa etária, diz respeito àtendência de concentração das mulheres nas faixas de18/49 anos, com 65,35% (1985) e 73,76% (1995), enquan-to para os homens nas mesmas faixas etárias as taxas departicipação foram de 59,21% (1985) e 61,79% (1995). Adiferença entre os dois sexos situa-se na faixa dostrabalhadores acima de 50 anos, porque nela a taxa departicipação masculina é superior à feminina (rabeia 8).Tudo indica que os homens exerçam esse trabalhocomo um "bico" para complementação de renda.

Além da importância do significado do trabalhodos menores (10/17 anos) nessa atividade, como seressaltou e explicitou na Tabela 8, que mostra aumentoda taxa de participação destes de 17,23% (1985) para26,67% (1995), isso pode ser uma pista para a afirmaçãode que essa atividade é a porta de entrada para omercado de trabalho. Uma outra observação deve serfeita pelo cruzamento dos dados da distribuição porfaixa etária dos trabalhadores domésticos e posição nafamília. Em 1985, havia um contingente de jovens, nasfaixas de 10/24 anos, representando quase 38% dacategoria, correspondendo a uma posição na família(Tabela 10) de cerca de 34% de filhas(os); consideran-do-se apenas a faixa de 15/24 anos, essa taxa fica em29% do pessoal ocupado na atividade. Em 1995, a faixaetária de 10/24 anos tem uma taxa de participação de54%; considerando apenas a faixa de 15/24 anos, essataxa é de 45% da população ocupada na atividade,enquanto a taxa de participação das filhas(os) caiupara 23%, e as esposas(os), que eram 23% em 1985,aumentaram a taxa de participação para 36% em 1995.Por sua vez os chefes de família também aumentaram aparticipação na década, passando de 19% para 25%dos trabalhadores domésticos. Que conclusões podemser tiradas desses percentuais? É significativa a presençade jovens nessa ocupação. Ademais, como a categoriaé eminentemente feminina, tal pode representar aexpansão do número de lares chefiados por mulheres,como outras pesquisas já têm enfatizado26.

Posição na ocupação: a legislação trabalhista ainda nãochegoul

O serviço doméstico remunerado apresenta asmaiores informalidade e precariedade das relações detrabalho dentre as diferentes categorias de trabalhado-res brasileiros. Em 1985, os trabalhadores domésticoscom carteira eram apenas 13,56% para 77,93% semcarteira e 8,52% de trabalhadores por conta própria. Em1990, encontramos um aumento da formalização nessa

Page 17: [MELO] de Criadas a Trabalhadoras

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categoria profissional: 20,4% com carteira, 74,4% semcarteira e 4,8% por conta própria n . Em 1995, houve umamelhora nessas relações, pois aumentou a participaçãodos trabalhadores com carteira na categoria, comodemonstra a Tabela 12 28 . É bem verdade que ainda éuma das piores marcas da economia nacional. Sepa-rando as informações por sexo, nota-se que são especi-almente as mulheres dessa categoria que representamum enorme contingente das trabalhadoras sem carteira,porque os homens empregados com carteira represen-tam quase o dobro da proporção de mulheres trabalha-doras domésticas com carteira ao longo da década(Tabelas 11 e 12, Gráfico 4).

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Page 21: [MELO] de Criadas a Trabalhadoras

29 A revista norte-americanaThe Economist (28/9/1996)publicou um artigo intituladoTomorrow's Second Sex, quetrata dessa questão. O jornalGazeta Mercantil traduziu-ona sua edição de 12 e 13 deoutubro de 1996 com o títulode O Futuro do Sexo Frágil.

Nível de escolaridade: do lar e analfabetas

A análise dos trabalhadores domésticos, segundoos anos de estudo, revela que é alta a percentagemdos trabalhadores da categoria sem instrução, haja vistaque apresentam a mais alta taxa de analfabetismoentre os trabalhadores urbanos, embora tenha havidouma queda nesta taxa na década (passou de 19,69%,em 1985, para 16,49%, em 1995), enquanto para o setorserviços a taxa de analfabetos é de 7,41% no último ano.Observando 1985, nota-se que com um a quatro anosde estudos eram quase 56% dos trabalhadores; de cincoa oito anos de estudos, 22,31% (Tabela 14). Para 1995,numa agregação diferente, encontram-se 72,10% dessestrabalhadores apenas com o primeiro grau incompleto etal número é mais gritante caso sejam consideradosapenas os trabalhadores com o primeiro grau completo(oito anos), cuja taxa de participação despenca para6,54% da categoria. Para o setor Serviços como um todo,a taxa de participação atinge 10,39% (Tabela 15 eGráfico 5).

A separação dos trabalhadores por sexo revelaque há uma ligeira tendência de as mulheres terem umaescolaridade um pouco melhor do que os homens.Trata-se de fenômeno comum ao Brasil e ao mundo,mulheres mais escolarizadas que os homens 29 . Há umadiferenciação regional quanto à escolaridade: ostrabalhadores domésticos do Nordeste apresentam umataxa de analfabetismo bem superior à média brasileira(32,34% para 19,69% da média nacional). Essa taxa departicipação cai alguns pontos percentuais em 1995,mas é extremamente alta, ainda que para os padrõesbrasileiros.

A análise do nível de escolaridade dos trabalha-dores domésticos revela que essa atividade é a principalfonte de emprego das mulheres e homens que têmopções limitadas de inserção no mercado de trabalhodado o seu baixo nível de qualificação. Socialmente, oexercício dessas tarefas requer apenas as habilidadesque fazem parte do "ser mulher" do treino secular dopapel feminino: mãe e dona-de-casa.

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Gráfico 5 - Brasil e Macrorregiões - 1995. OcupaçãoFeminina no Serviço Doméstico RemuneradoSegundo a Escolaridade (%)

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3° Antiga cantiga de roda. Rendimentos: eu sou pobre, pobre, pobre de marré, de colo

31 MELO, Hildete P. de. Op.cit., 1993, a. 217-218.

O serviço doméstico é um dos setores de ocupa-ção profissional de pior remuneração dos trabalhadores,mesmo quando se tem em conta o salário em espécie.Comparando com os trabalhadores da construção civil- setor que representa para os homens um papel equiva-lente ao emprego doméstico para as mulheres, isto é,esses trabalhadores são geralmente migrantes depouca escolaridade: 48% desses trabalhadores daconstrução civil, em contraste com as 93,6% das traba-lhadoras domésticas, estavam em 1980 dentro daescala de renda equivalente a 1,5 salário mínimo31.

Na década estudada por este trabalho a situa-ção foi um pouco modificada. Na Tabela 16, quando secompara a distribuição por faixas de renda (em saláriosmínimos) da categoria, observa-se que sem remunera-ção e até um salário mínimo tem-se uma taxa departicipação de 87,57% dos trabalhadores; em 1995 essataxa de participação na mesma faixa salarial cal para65,41%. Para averiguar se houve uma melhora salarial dacategoria na década, ou se essa mudança de faixasalarial pode ser em parte explicada por variações novalor real do salário mínimo, a partir da série histórica(1985/95) do salário mínimo deflacionado pelo INPC/IBGE constatou-se que este caiu cerca de 25% noperíodo, praticamente a mesma queda da taxa daparticipação da citada faixa salarial; podemos, portan-to, concluir que não houve melhora salarial, apenas umefeito estatístico de mudança no padrão de mensura-

Page 25: [MELO] de Criadas a Trabalhadoras

az Deflacionando pelo INPC/IBGE a média do saláriomínimo ano a ano e usandocomo base o salário mínimode dezembro de 1995, empreços desse mês o saláriomínimo médio caiu de R$130,50 em 1985 para R$ 99,29em 1995.

ção32. Esse efeito verificou-se em graus distintos emtodas as regiões brasileiras.

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Page 26: [MELO] de Criadas a Trabalhadoras

"As Informações sobre estessubsetores podem serencontradas em MELO etali, 1997.

A distribuição dos rendimentos dos trabalhadoresdomésticos vista sob o ângulo regional tem uma faceextremamente perversa. O Nordeste, em 1985, linha96,4% dos ocupados na categoria com rendimentos desem remuneração até um salário mínimo; no Norte essapercentagem atingia nada mais nada menos que93,03% dos trabalhadores do segmento. Em 1995, oNordeste e o Norte tinham respectivamente 89,23 % e80,84% dos trabalhadores domésticos de zero a umsalário mínimo. Dada a queda do salário mínimo real noperíodo, isso aponta para uma efetiva piora da situa-ção. Note-se que a melhoria foi maior na região Norte,indicativo de que provavelmente a Zona Franca deManaus tenha contribuído para levantar, no geral, osrendimentos, na cidade de Manaus. A realidade nordes-tina é mais dramática: primeiro a queda da taxa foimenor; segundo, quando se considera a faixa de um adois salários mínimos, todas as outras regiões tiveramtaxas de participação acima de 15%; no Nordeste,porém, ficou em 8,99%. Mesmo assim, está muito distan-te dos rendimentos auferidos pela totalidade do setorServiços, que até essa faixa tem cerca de 29,05% dostrabalhadores. Abrindo as informações pelas diversasatividades de serviços, os trabalhadores domésticosapresentam-se como os de pior remuneração, supera-das pelas atividades de feirantes (42,51%) e comércioambulante (40,78%), ocupações reconhecidamentemuito mal remuneradas (Gráfico 6)".

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Fonte: IBGE/PNAD, 1995.

Page 27: [MELO] de Criadas a Trabalhadoras

34 Sobre este tema verSOUTO, Jane, PORCARO, R.e JORGE, Angela. Mudançasno Perfil de Trabalho eRendimento. Rio de Janeiro:IBGE, 1993 e BRUSCHINI(1994).35 O nível de escolaridade nateoria do capital humano éa variável mais Importantepara explicação dadesigualdade de rendimen-tos na sociedade, mas nãohá na literatura econômicaconsenso quanto a essaquestão. Cf RAMOS, L..Distribuição de Rendimentosno Brasil: 7976-85. Rio deJaneiro: IPEA-DIPES 1993(Série IPEA, 141). Afirma quea educação provocamudanças entre 40% e 50%na desigualdade derendimentos e que, porcerto, isto constitui umafração expressiva que nãopode ser Ignorada noestudo das desigualdades.

Essa alteração vai aparecer em todas as faixas derendimentos dos trabalhadores domésticos. Consideran-do a faixa de renda de um a dois salários mínimos,constata-se que corresponde a um contingente de24,36% dos trabalhadores em 1995 contra 11,14% em1985, isto é, mais que dobrou a taxa de participação.Para o Intervalo de dois a quatro salários mínimos, ocrescimento mais expressivo, a taxa de participaçãopassou de 1,14% para 8,53% dos trabalhadores (Tabela16). Mesmo descontando o efeito de queda do saláriomínimo, parece haver razões para crer que a profissio-nalização dessas atividades está em curso no país, e suamercantilização é mais acentuada no Brasil mais desen-volvido: o Sudeste em 1985 tinha cerca de 2% dos seustrabalhadores com mais de dois salários mínimos e em1995 essa taxa de participação cresceu para 15,41%; noSul passou de 1% para 11,25%.

A discussão dos rendimentos auferidos pelos traba-hadores domésticos remunerados deve considerar quea sociedade encara essas atividades como ocupaçãosubalterna e fora do circuito mercantil. Uma ocupaçãonão especializada para quem a realiza: mulheres ouhomens. Mas, existem diferenças se considerarmos umhomem ou uma mulher no exercício dessas atividades.Separando por sexo a desigualdade fica evidente, porquetambém nessa ocupação os rendimentos masculinossão maiores. Pode-se concluir que os rendimentos doshomens, não importa em que setores econômicos foramgerados, são sempre mais elevados que os femininos'''.

Para avaliar tal questão fez-se o cruzamento dosrendimentos da categoria por sexo e escolaridade. Ograu de instrução afeta tanto a probabilidade deingresso na força de trabalho como é uma das variá-veis-chave na explicação do nível de rendimentos dostrabalhadores35. As Tabelas 18 e 19 mostram para osanos de 85 e 95 o rendimento médio da categoria,segundo a escolaridade padronizada pela jornada detrabalho. Em 1985, há um crescimento da renda para aspessoas com mais anos de estudos, como consagra aanálise da literatura econômica. Nas regiões maispobres, todavia, isso não tem muito significado, comoatestam os casos das regiões Norte e Nordeste, onde oestigma do trabalho doméstico é mais forte na defini-ção de regras salariais. No Brasil, há um significativoaumento para as pessoas com mais de 12 anos deestudos. A região Sul puxa essa média. Tal problemáticafica explícita na separação por sexo do cruzamento derenda com escolaridade: o rendimento médio doshomens tem nível mais alto e a escolaridade para elestem maior significado do que para o sexo feminino.Calculando para valores de 1995, tem-se que o rendi-

Page 28: [MELO] de Criadas a Trabalhadoras

mento médio por hora trabalhada dos homens fica emtorno de R$ 0,76 e o das mulheres em R$ 0,48 - a discre-pância é patente entre os sexos, mesmo para o Nordes-te. Esta região apresenta a mais baixa renda média dopaís (R$ 0,26) e os trabalhadores domésticos da regiãoganham cerca de R$ 0,60 por hora trabalhada (Tabela17). A mesma análise foi feita para 1995 (Tabela 18),quando fica explícito que em todas as faixas o rendi-mento médio melhorou para os dois sexos.

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Na continuidade do exercício de análise dosrendimentos da categoria por hora trabalhada para1985, cruzada com a posição na ocupação (Tabela 20),nota-se que os trabalhadores com carteira têm menorrendimento médio tanto frente aos sem carteira comoaos por conta própria; separados por sexos, a discri-minação é evidente, mas os homens com carteiraauferem maiores ganhos e neste caso os sem-carteiraficam numa posição pior do que as mulheres. Como noexercício dos serviços domésticos remunerados há umadiferenciação de funções entre os sexos, é provável quea explicação resida no fato de que os sem-carteiramasculinos sejam aposentados ou constituam umsegundo emprego. Em 1995, essa questão pode ser vistapela Tabela 21: o rendimento médio por hora trabalha-da quase dobrou na década; essa taxa foi mais impor-tante para as trabalhadoras; e tem-se uma aproxima-ção na média entre os rendimentos das com carteira edas sem-carteira, o que também aconteceu com osexo masculino.

Tabela 20 - Brasil e Macrorregiões - Pessoal Ocupadono Serviço Doméstico Remunerado.Rendimento Médio por Hora Trabalhadasegundo a Posição na Ocupação - 1985

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Empr.s/Cart.

ContaPrópria

Total

Norte 1,02 0,55 1,10 0,71 0,59 0,41 0,77 0,42

Nordeste 0,97 0,48 0,58 0,59 0,48 0,22 0,52 0,24

Sudeste 1,11 0,64 0,95 0,81 0,70 0,46 0,92 0,54

Sul 0,86 0,70 1,20 0,80 0,71 0,44 0,83 0,53

Centro-

Oeste

0,84 0,61 0,89 0,65 0,73 0,42 0,86 0,45

Brasil 1,05 0,61 0,94 0,76 0,68 0,40 0,87 0,48

Fonte: IBGE/PNAD 1985. Tabulações Especiais.

A jornada de trabalho - uma luta das trabalhadorasdomésticas

A luta dos trabalhadores pela definição de umajornada de trabalho é uma questão escrita na agendados direitos sociais do século XIX. Mesmo com a incorpo-

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36 Os trabalhadoresdomésticos não têm direitoao Fundo de Garantia porTempo de Serviços (FGTS),seguro-desemprego, valetransporte, salário-famfila,horas extras, adicionalnoturno, Jornada detrabalho de 44 horassemanais e outras garantiastrabalhistas."MACHADO, D. C. e URANI,André. Jornada de Trabalhono Brasil: um estudo dadécada de 80. Rio deJaneiro: IPEA/DIPES, SérieSeminários n°04/97.

ração de vários direitos sociais na Constituição Brasileirade 1988, a jornada de trabalho de 44 horas semanaisnão foi estendida aos trabalhadores domésticos36 . Emtrabalho recente, Machado e Urani37 concluem que ajornada de trabalho no Brasil é multo superior aos padrõesinternacionais, mas declinou nos últimos anos. Outraconclusão desse trabalho é a constatação de que ajornada de trabalho masculina mostra-se sistematicamen-te superior à das mulheres. Em 1990 os homens trabalha-vam em média 45,47 horas por semana e as mulheres38,28 horas. Quando esses dados são desagregadospara o serviço doméstico remunerado, a realidade édiferente. Em 1985, 64,38% dos trabalhadores domésticostinham jornadas de trabalho acima de 44 horas sema-nais para uma média no setor serviços de 47,9%. Seguin-do a tendência, na última década da economiabrasileira, de redução da Jornada de trabalho paratodos os trabalhadores, em 1995 essa taxa de participa-ção caiu para 47,93% dos trabalhadores da categoria.

Tabela 21 - Brasil e Macrorregiões - Pessoal Ocupado noServiço Doméstico Remunerado. RendimentoMédio por Hora Trabalhada segundo a Posição na Ocupação - 1995

(Valores em reais de 1995)

Região

Homem Mulher

Empr.c/ Cart.

Empr.s/ Cart.

Total Empr.c/ Cart.

Empr.s/ Cart.

Total

Norte 0,72 0,65 0,67 0,70 0,57 0,58Nordeste 0,71 0,60 0,63 0,53 0,48 0,49Sudeste 1,35 1,27 1,31 1,03 1,10 1,08Sul 1,14 1,08 1,10 0,92 1,03 1,01Centro-Oeste 0,93 0,81 0,85 0,82 0,77 0,78Brasil 1,18 0,96 1,04 0,94 0,88 0,89

Fonte: IBGE/PNAD, 1995. Tabulações Especiais.

Analisando regionalmente essa questão observa-se que nas regiões brasileiras mais pobres o quadro foi eé muito perverso. Em 1985, o Nordeste chegou a con-centrar 76,49% dos seus trabalhadores domésticos emjornadas de trabalho acima de 44 horas semanais e noNorte essa taxa atingiu 67,18%. A redução de jornada detrabalho também aconteceu nessas regiões, como emtoda a economia brasileira, mas com menos intensida-de. Em 1995, no Nordeste caiu para 68,64% e no Norte,

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para 62,92%. São taxas fixadas em níveis expressivamen-te superiores à média nacional (Tabela 19 e Gráfico 7).

Gráfico 7 - Brasil e Macrorregiões - 1995. Pessoal Ocupadono Serviço Doméstico Remunerado Segundo oNúmero de Horas Trabalhadas (%)

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Fonte: IBGE/PNAD, 1995.

Por último, fez-se uma análise padronizando orendimento médio por hora trabalhada segundo ajornada de trabalho, como mostra a Tabela 22. Éinteressante salientar que as menores jornadas detrabalho apresentam-se com maiores valores tanto paraas mulheres como para os homens, embora os dosúltimos sejam sempre maiores. A explicação pode estarligada ao fato de que as menores jornadas na catego-ria estejam relacionadas a trabalhos mais especializadosno próprio âmbito dos serviços: como motoristas, jardi-neiros, babás, cozinheiras. Embora fosse preciso fazeroutros cruzamentos para chegar a essa conclusão,ficamos por enquanto com essa hipótese, porque osdados demonstram que a pior remuneração média/hora trabalhada fica por conta das jornadas superioresa 48 horas semanais.

Conclusões

O serviço doméstico remunerado é a principalocupação das mulheres brasileiras, apesar da perda dedinamismo dessa atividade na economia. São quasecinco milhões de brasileiras e 350 mil homens nessaocupação. Houve um pequeno aumento na participa-ção masculina na década, provavelmente explicadapela recessão econômica e reestruturação industrial. Talhipótese pode ser evidenciada pelo exemplo da regiãoSul, onde se observa o maior incremento na taxa departicipação masculina do Brasil.

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Mesmo que se considere o salário em espécie(casa e comida), essa atividade é um dos subsetoreseconômicos de pior remuneração da classe trabalha-dora. Considerada pela sociedade como uma ocupa-ção subalterna e fora do circuito mercantil, não especi-alizada para quem realiza, mulheres ou homens. Mas,dependendo de quem o exerça. Separando por sexo, a

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desigualdade fica evidente: porque também nessaocupação os rendimentos masculinos são maiores.Pode-se concluir que os rendimentos dos homens,Independente dos setores econômicos em que foramgerados, são sempre mais elevados do que os femininos.O cruzamento dos rendimentos da categoria por sexo eescolaridade mostra um crescimento da renda para aspessoas com mais anos de estudos. Entretanto, nasregiões mais pobres (Norte e Nordeste), isso não temmuito significado, enquanto no Sul há um significativoaumento para as pessoas com mais de 12 anos deestudos. Provavelmente, nas regiões menos desenvolvi-das, o estigma do trabalho doméstico é muito mais fortena definição de regras salariais. De qualquer maneiraalgo fica explícito no cruzamento da renda com aescolaridade: o rendimento dos homens tem nível maisalto e a escolaridade maior significado do que para osexo feminino. Na década houve um crescimento norendimento médio da hora trabalhada e tal taxa foimais importante para as trabalhadoras. Como em 1985os rendimentos dos trabalhadores sem-carteira e contaprópria eram maiores do que os com carteira, em 1995tem-se uma aproximação na média entre os rendimen-tos das com carteira e das sem-carteira; o mesmofenômeno aconteceu com o sexo masculino. A diferen-ça era que os homens com carteira, em 1985, auferiammaiores ganhos e os sem-carteira ficavam numa posi-ção pior do que as mulheres; é provável que os sem-carteira do sexo masculino sejam aposentados ou aocupação constitua segundo emprego.

Essa categoria tem uma jornada de trabalho defi-nida por uma relação de trabalho híbrida, mesclada portrabalho assalariado com um certo regime servil. Claroque o avanço do processo de industrialização tem mudadotal questão; sobretudo nos grandes centro urbanos, háuma maior nitidez na relação entre patroas/emprega-das, tornando-a menos pessoal, sem relação de paren-tesco fictícia e de ajuda à trabalhadora e a sua família.

O serviço doméstico remunerado tem um papelimportante na absorção das mulheres de menor escola-ridade e sem experiência profissional no mercado detrabalho. Funciona como a porta de entrada para asjovens migrantes rural-urbanas brasileiras. Há, por isso,uma forte presença de crianças do sexo femininoexercendo essas atividades. Quanto ao quesito cor, noBrasil as trabalhadoras(es) domésticas refletem a misci-genação nacional numa proporção igual de brancos enão-brancos, embora considerando-se as regiões sejabem diferente no Norte e Nordeste, onde há grandepredominãncia de trabalhadores não-brancos noexercício dessas atividades.