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1 SÍTIO DE IBIÚNA Endereço: Serra de São Sebastião – Bairro dos Alves, Ibiúna. Classificação: Espaço Estudantil – Propriedade Rural. Identificação numérica: 127-09.021 A luta estudantil contra os governos militares, que se instauraram a partir de um golpe contra o governo de João Goulart (Jango) em 1964, teve inicio nos primeiros momentos do golpe. No dia 1º de abril a sede da União Nacional dos Estudantes – UNE, foi invadida e incendiada por militares. Por estarem organizados em grupos, favoráveis à realização das reformas sociais propostas durante o governo de Jango, os estudantes foram identificados pelos militares como comunistas e, portanto subversivos – ameaçadores da ordem e à manutenção do regime militar. A UNE, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), e respectivas Uniões Estaduais dos Estudantes (UEEs) foram postas na ilegalidade com a aprovação da Lei Suplicy Lacerda, de novembro de 1964. A lei previa a reorganização das entidades estudantis, de forma dependente ao Estado e proibia que estas desenvolvessem atividades políticas. O Movimento Estudantil (ME) era apoiado por partidos e organizações políticas como a Ação Popular (AP), a Ação Libertadora Nacional (ALN) e grupos que ficaram conhecidos como Dissidências (da Guanabara (DI GB); São Paulo (DI-SP), Rio de Janeiro (DI- RJ) e Rio Grande do Sul (DI-RS)) 1 , todas organizações de esquerda que lutavam contra a ditadura. 1 As Dissidências eram vários setores universitários que haviam saído do Partido Comunista Brasileiro (Partidão – como era conhecido a época), mas que atuavam de modo independentes Para maiores Memorial da Resistência de São Paulo PROGRAMA LUGARES DA MEMÓRIA

Memorial da Resistência de São Paulo PROGRAMA LUGARES DA ... · grande auge do movimento estudantil que sacudiu o país em 68. Nós, os estudantes, éramos vistos por todo o Brasil

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SÍTIO DE IBIÚNA

Endereço: Serra de São Sebastião – Bairro dos Alves, Ibiúna.

Classificação: Espaço Estudantil – Propriedade Rural. Identificação numérica: 127-09.021

A luta estudantil contra os governos militares, que se instauraram a partir de um

golpe contra o governo de João Goulart (Jango) em 1964, teve inicio nos primeiros

momentos do golpe. No dia 1º de abril a sede da União Nacional dos Estudantes – UNE, foi

invadida e incendiada por militares.

Por estarem organizados em grupos, favoráveis à realização das reformas sociais

propostas durante o governo de Jango, os estudantes foram identificados pelos militares

como comunistas e, portanto subversivos – ameaçadores da ordem e à manutenção do

regime militar. A UNE, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), e respectivas

Uniões Estaduais dos Estudantes (UEEs) foram postas na ilegalidade com a aprovação da Lei

Suplicy Lacerda, de novembro de 1964. A lei previa a reorganização das entidades

estudantis, de forma dependente ao Estado e proibia que estas desenvolvessem atividades

políticas.

O Movimento Estudantil (ME) era apoiado por partidos e organizações políticas

como a Ação Popular (AP), a Ação Libertadora Nacional (ALN) e grupos que ficaram

conhecidos como Dissidências (da Guanabara (DI GB); São Paulo (DI-SP), Rio de Janeiro (DI-

RJ) e Rio Grande do Sul (DI-RS))1, todas organizações de esquerda que lutavam contra a

ditadura.

1 As Dissidências eram vários setores universitários que haviam saído do Partido Comunista Brasileiro (Partidão – como era conhecido a época), mas que atuavam de modo independentes Para maiores

Memorial da Resistência de São Paulo

PROGRAMA LUGARES DA MEMÓRIA

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A partir da segunda metade da década de 1960, vários acontecimentos contribuem

para que o Movimento Estudantil recebesse maior visibilidade e apoio da sociedade

brasileira. Para além do contexto internacional, de consciência e ativismo político juvenil na

França, México e nos E.U.A., no Brasil vários acontecimentos davam destaque a atuação do

movimento estudantil contra a ditadura.

A morte do estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto causou grande

comoção social em todo o país. O estudante foi assassinado em 28 de março de 1968,

durante conflito entre estudantes e policiais no restaurante Calabouço, no centro do Rio de

Janeiro. Edson Luís se tornou um mártir nacional, e em São Paulo a resistência a ditadura se

organizava e ganhava mais força política.

No dia 01º de maio de 1968, em um comício para celebrar o dia do trabalhador, o

governador do estado, Abreu Sodré, levou pedradas enquanto discursava na Praça da Sé.

Segundo José Dirceu e Vladimir Palmeiras (1998, p. 96) o Movimento Estudantil e o

Agrupamento Revolucionário de São Paulo destruíram o palanque de Abreu Sodré na Praça

da Sé e colocaram o governador para correr. Ali ocorria o primeiro laço mais forte entre o

movimento estudantil, a classe operária e os revolucionários.

Outubro de 1968, mês de realização do Congresso da UNE, teve início com o

confronto entre estudantes da Universidade Estadual de São Paulo (USP) e da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, no que ficou posteriormente conhecida como a Batalha da Maria

Antônia. Os militares estavam atentos aos passos dos estudantes, cuja organização atuava

na clandestinidade e continuava a se reunir de forma ilegal, em locais clandestinos como

conventos, igrejas e mosteiros.

Mas para a realização do XXX Congresso em 1968, os estudantes precisavam de um

lugar amplo para reunir mais de 700 estudantes visando eleger a nova diretoria da UNE.

“Essa eleição tinha uma importância enorme, porque o encontro ocorria pouco depois do

grande auge do movimento estudantil que sacudiu o país em 68. Nós, os estudantes,

éramos vistos por todo o Brasil como o setor que liderava a resistência contra a ditadura, e

as nossas entidades, como símbolos dessa luta” (DIRCEU e PALMEIRA, 1998, p. 12).

informações sobre as Dissidências e as organizações e partidos que apoiavam o ME, sugere-se a leitura do capítulo 1 do livro “Abaixo a Ditadura”, de José Dirceu e Vladimir Palmeira, 1998.

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O SÍTIO MURUNDU

O local para o XXX Congresso da UNE foi o sítio Murundu. Localizado no limite entre o

bairro dos Alves e o bairro Murundu, na cidade de Ibiúna (Serra de São Sebastião) à 70 km

da capital de São Paulo. “Tratava-se de uma propriedade rural encravada entre montanhas,

ao que parece situada bem distante de qualquer cidade.” (PAULINO, 2012, 112). A “estrada

é montanhosa e cheia de curvas e ondulações que se estende por 14 quilômetros sobre

asfalto e os outros sobre terra – mais frequentemente sobre lama. O tempo do percurso

varia, evidentemente, conforme o estado da estrada” (VENTURA, 2008, p. 143).

A mediação para realização do congresso no sítio Murundu foi estabelecida por

Therezinha Zerbini (uma das fundadoras do Movimento Feminino pela Anistia e esposa do

General Zerbini, cassado em 1964 por não apoiar o golpe que tomou o poder do então

presidente João Goulart).

“O envolvimento de Therezinha com o encontro dos estudantes foi uma casualidade. No segundo semestre daquele ano, o general estava trabalhando em Jacareí, quando ela recebeu a visita do sitiante Domingos Simões (...). Tinha acabado de entregar umas abóboras a Therezinha quando chegou o frei Tito de Alencar Lima, do convento dos dominicanos. O religioso estava atrás do general, seu colega de turma na pós-graduação na USP. Acabou contando a Therezinha que procurava um lugar que pudesse sediar um congresso da UNE, então na ilegalidade. Na mesma hora, ela apresentou frei Tito a Simões e os dois começaram as tratativas para usar o sítio de Ibiúna. Por causa disso, Therezinha responderia a um Inquérito Policial-Militar e seria indiciada em dezembro de 1969.”2

Domingos Simões, segundo sua viúva Neusa Ferreira3, atuou por muitos anos como

Tenente do Exército, mas como não era favorável ao golpe militar, em meados de 1965 saiu

do exército e ingressou no Partido Comunista Brasileiro. Na sua casa de São Paulo, onde

morava com sua mulher e filhas, Domingos recebia vários companheiros do PCB para

discutir questões políticas, e aceitar o convite do Frei Tito foi algo imediato. No entanto,

segundo Zuenir Ventura (2008, p. 106) o oferecimento de Domingos Simões só foi aceito

2 VILAMEIA, Luísa. Matéria da Revista Eletrônica Brasileiros, intitulada A Filha do General. 18 de setembro de 2013. Disponível em: < http://www.revistabrasileiros.com.br/2013/09/18/a-filha-do-general/#.U8PkIPldXHl>, acessado em 14/07/2014.

3 Entrevista a Neusa Ferreira concedida a Karina Teixeira e a Ana Paula Brito para o Programa Coleta Regular de Testemunhos do Memorial da Resistência de São Paulo no dia 22/07/2014.

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quando alguns especialistas do grupo fizeram o levantamento topográfico, e estudaram o

lugar e as vias de saída. Faltavam então barracas e alguns alojamentos que começaram a

ser construídos a partir do dia 12 de setembro por Simões e seus companheiros.

O Sítio possuía cerca de 50 hectares de terra, que era dividido para plantações de

frutas, verduras e ainda para criação de animais. Os espaços construídos: uma casa grande

feita de tijolos para guardar os mantimentos que eram colhidos do próprio sítio (onde os

estudantes dormiam durante o Congresso da UNE); outra casa (que era utilizada para as

visitas da família de Domingos nos finais de semana, e durante o Congresso foi utilizada

para triagem dos participantes); chiqueiros de porcos e um estábulo (que foi utilizado para

a realização das plenárias). Os banheiros, a enfermaria e a cozinha do Congresso foram

improvisados nas proximidades do riacho que havia na propriedade.

O 30º CONGRESSO DA UNE – chuva, disputas e debates.

Os estudantes que iriam participar do congresso eram recolhidos em diversos

“pontos” da cidade, que foram marcados entre a equipe da coordenação do evento e os

líderes das várias entidades estudantis. Além da localização, os estudantes recebiam um

código para assegurar que estavam escritos no congresso, e uma vez interceptados eram

enviados para o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (CRUSP) e de lá para o

sítio Murundu, conduzidos pelos responsáveis da infraestrutura.

O Congresso estava sendo organizado pelos integrantes da UEE de São Paulo, sob a

coordenação de José Dirceu. Os estudantes eram levados aos poucos, em caminhões e

carros, de modo que os primeiros que chegaram ao sítio Murundu tiveram que esperar dias

até que todos os congressistas fossem transportados do modo mais discreto possível.

Segundo Neusa Ferreira, o tempo total de permanência dos estudantes no sítio foi de 18

dias até a prisão. Jean Marc von der Weid, um dos candidatos a presidência da UNE,

afirmou sobre sua chegada ao sítio murundu que:

Caía uma garoa fina, bem paulista, na hora em que desembarquei do carro. Estava em uma fazenda com uma casa pequena, que tinha uma sala não maior de 100 metros quadrados e dois quartos bem menores. Tomei um susto. Como abrigar mais de 700 estudantes naquele lugar? Havia apenas um banheiro e, ao ar livre, uma cozinha improvisada. Na encosta de uma colina próxima da casa, construíram umas arquibancadas cavadas no solo e cobertas com

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lona no chão e no teto. Era ali a plenária do congresso. (...) O jantar foi um horror, com um macarrão grudento e um arroz ainda mais compacto, misturado com pedaços de charque. Os cozinheiros não estavam preparados para lidar com a escalada destas refeições. A comida saiu com horas de atraso, já fria quando chegou a minha vez. O congresso estava previsto para começar na sexta-feira e durar três dias, ou seja, eu tinha pela frente sete dias de inferno. (Jean Marc von der Weid, 2011, p. 210).

Leopoldo Paulino, participante do Congresso da UNE, relatou em seu livro Tempo

de Resistência (2012), que os alojamentos disponibilizados no sítio ficaram lotados e não foi

suficiente para a quantidade de estudantes que estavam, segundo ele, em torno de 800

pessoas. A solução foi organizar dois turnos para que todos os estudantes pudessem

dormir. “Dormíamos sentados, já que não havia espaço para se esticar. No escuro total,

qualquer um que se mexesse naquele bolo provocava ondas de movimento que sacudiam a

todos” (Jean Marc von der Weid, 2011, p. 212). Foi improvisada uma cozinha nas

proximidades de um lago da propriedade. Neusa Ferreira, a dona do sítio, afirmou que:

“Todo o abastecimento de alimentos era eu e meu marido que fazíamos. Porque meu marido tinha uma reserva, tinha um pouco de dinheiro, então ele ajudou muito. (...) Todos os dias ele levava o café da manha, pão, leite. Porque ele tinha um jipe né, então ele ia de casa para lá. Porque era muita gente, é muito alimento. E Ibiúna era uma cidadezinha que o que tinha não dava nem para um dia, então tinha que ser comprado em São Paulo” (FERREIRA, 2014: 02:23).

Os relatos dos estudantes que participaram do evento a respeito da alimentação é

que a quantidade disponível não supria a necessidade de todos os participantes do

congresso. Assim, muitos estudantes saíram do sítio e compraram alguns produtos como

pão, creme dental, chocolate, cachaça. O problema maior é que compraram em

quantidades que não passaram despercebidas nos estabelecimentos da pequena Ibiúna,

além de chamar a atenção da população e autoridades.

Aos poucos a falta de estrutura do sítio para abrigar os estudantes, a alimentação

restrita e uma chuva ininterrupta repercutiram entre os estudantes, acirrando o clima de

disputas que fragilizou a organização do evento.

Havia três candidatos: Jean-Marc der Weid, da AP, indicado por Travassos; José Dirceu, da Dissidência, apoiado por Vladimir; e Marcos Medeiros, representando o PCBR. A verdadeira disputa seria, entretanto, entre os dois primeiros, e era impossível qualquer

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prognóstico – a eleição seria certamente tão ou mais disputada do que a do ano anterior, quando Travassos ganhou por seis votos. (VENTURA, 2008, p. 146).

De acordo com Jean Marc, a segurança do congresso estava a cargo de alguns

estudantes secundaristas armados de pistolas e espingardas de caça. O dono do sítio

informou a Zuenir Ventura (2008, p. 105) que ele possuía no sítio duas metralhadoras e

revolver. Segundo ele, dez anos depois ainda encontrou cinco revolveres no sítio. No

entanto, não há registros de utilização de armas de fogo pelos estudantes durante o

Congresso, nem por ocasião da invasão pelos policiais.

O CONGRESSO É INTERROMPIDO E OS ESTUDANTES PRESOS.

O controle repressivo por parte dos militares incluía uma ampla rede de

investigação sobre a vida de todos os civis e de atividades ditas subversivas, abrangendo

espionagem de policiais infiltrados em grupos de esquerda.

A existência da organização dos estudantes já estava proibida pelo estado, de modo

que um congresso para debater questões políticas era uma afronta à autoridade militar. E

no contexto social de controle de informação tão acirrada quanto à dos militares à época

da ditadura, era um desafio esconder uma reunião com mais de 700 estudantes em uma

região com poucos moradores a época, como Ibiúna.

A grande quantidade de mantimentos comprados na cidade pelos estudantes que

chegaram durante a segunda semana de outubro de 1968, vindos de várias regiões do país,

inquietou os moradores da cidade. No entanto, a certeza pelos militares de que o

Congresso da UNE estava acontecendo naquela região veio com uma queixa na delegacia

local.

“Na quinta-feira, o sitiante Miguel Góis, de Ibiúna, tinha levado ao delegado Otávio Camargo uma grave queixa: havia ido ao sítio de seu amigo Domingos Simões cobrar uma dívida por fornecimento de milho, mas dois homens armados de revólveres o haviam impedido de passar a cancela. O delegado, de 35 anos, chapéu sempre enterrado na cabeça, foi juntando os fatos: no bairro do Curral, a 6 quilómetros de Ibiúna - cidadezinha que se orgulha de constar na lista oficial de cidades turísticas de São Paulo e produz tomates, batatas e alcachofras -, sitiantes japoneses tinham visto "muita gente jovem com jeito de cidade". A 2 quilómetros de Ibiúna, na

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estrada que a liga a São Paulo, um amigo do delegado, o dentista Francisco Soares havia encontrado espalhados, junto a árvores, folhetos sobre o movimento estudantil. O delegado Otávio Camargo tirou conclusões: o Congresso da ex-UNE estava sendo realizado em Ibiúna. Avisou o DOPS e, na noite de sexta para sábado, três destacamentos da Força Pública - dois dirigidos pelos delegados do DOPS paulista Paulo Buonchristiano e Orlando Rosante e o outro pelo Coronel Barsotti, comandante do 7º Batalhão da Força, de Sorocaba - cercaram as três únicas vias de acesso ao sítio de Domingos Simões.” (Revista Veja, 1968)4.

Zuenir Ventura (2008, p. 147) relata que no dia 12 de outubro de 1968, cerca de 400

policiais da Força Pública de São Paulo e alguns agentes do DOPS invadiram o sítio

Murundu, reprimindo e prendendo todos os congressistas com base na lei de segurança

nacional. Os estudantes responsáveis pela segurança do congresso foram alertados sobre a

invasão algumas horas antes da chegada dos policiais, mas a cisão interna do movimento

estudantil comprometeu um acordo entre as lideranças5. Ventura (2008, p. 150), afirma

que havia uma proposta para que se tentasse salvar as lideranças, e os outros participantes

seriam presos.

“Como sempre, perdemos muito tempo com as votações de impugnações de delegados e suspeita de fraudes, uma velha prática que se mantinha entre as tendências. Naquele momento o movimento estudantil tinha uma importância política muito grande no cenário nacional (...) Mas infelizmente éramos muito divididos. Se alguém tivesse o controle da situação poderíamos ter encerrado o congresso horas antes, quem sabe evitado a prisão de muita gente. (...) Mas assim que nos disseram que corríamos o risco de cair, a AP começou um debate sobre a veracidade da informação – desconfiando que fosse uma armação nossa”. (DIRCEU, 1998, pg. 167).

4 Revista Veja, 16 de outubro de 1968. Matéria: O Congresso Interrompido. Disponível em: http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_16101968.shtml, acessado em 07/07/2014.

5 Para maiores detalhes de como os estudantes do sítio souberam da descoberta dos policiais, sugere-se a leitura do artigo de Paulo de Tarso Venceslau “Polícia invade o sítio Murundu” no Jornal Contato, Ano 8 - n. 391, Vale do Paraíba, 21 a 28 de Novembro de 2008. Disponível em: http://www.jornalcontato.com.br/2008/JC391.pdf, acessado em 23/07/2014.

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As disputas e suspeitas entre os grupos foram maiores que a ameaça, e a decisão

conjunta foi de que todos os estudantes permanecessem no sítio. Não havia tempo para

que todos pudessem fugir, nem transporte para mais de 700 estudantes. O entorno do

terreno era desconhecido e fugas isoladas poderiam ser duramente reprimidas se

localizadas pelos militares.

Imagem 01: Ilustração representando as disputas internas no Congresso da UNE sobre a decisão de salvar alguns estudantes. Autor: Henfil. Fonte: Livro Abaixo a Ditadura, José Dirceu e Vladimir Palmeira, 1998, pg. 14.

O receio dos líderes estudantis era de que pudessem ser mortos de modo isolado, e

todos juntos, poderiam garantir uma segurança maior, sobretudo aos líderes que estavam

na clandestinidade e já eram procurados pela repressão.

Levei o copo de café preto e cheio de pó à boca, pela segunda vez. Meu gesto foi interrompido por tiros de revolveres e rajadas de metralhadoras. Vi alguns estudantes correndo e caindo na lama grossa do chão. Não vi quem atirava. Olhei para todos os lados. Pensei: "Será que a Polícia chegou e está encontrando alguma reação por parte dos estudantes que estão lá na frente?" De repente, de todos os lados, começaram a surgir soldados com armas nas mãos, disparando sobre nossas cabeças e gritando palavras que ninguém entendia. Um estudante tentou saltar a cerca, um soldado fez fogo. A bala deve ter passado bem perto, o rapaz voltou de mãos na nuca, meio trêmulo. As meninas que cozinhavam para nós na cocheira improvisada em cozinha, começaram a correr. Um soldado apontou-me o revolver e gritou: - Corre, seu vagabundo, se

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quer levar uma bala. Um pouco nervoso levei o copo à boca. Sabia que, devido à descoberta do local onde se realizava o Congresso da UNE, até comermos de novo iria levar horas. - Se você não correr eu mato - gritou de novo o soldado. Vi que não dava para correr devido à lama intensa que se acumulara na fazenda nos últimos três dias (não parou de chover o tempo todo). Levantei as mãos, cruzei-as contra a nuca. Juntei-me a dois outros jornalistas que, como eu, cobriam o XXX Congresso Nacional da UNE que não chegou a ser instalado. Juntos caminhamos até o plenário - um barracão improvisado para este fim. Ele estava coberto por uma lona verde, com vários galhos de árvores sobre ele. (Luiz Eduardo Merlino, 1968)6.

O relato é de Luiz Eduardo Merlino, jornalista que cobria o Congresso da UNE e que

foi preso junto com os estudantes no Sítio Murundu. Todos foram escoltados pelos policiais

em fila indiana por cerca de oito quilômetros até uma estrada próxima, onde estavam

estacionados os veículos que conduziriam os estudantes para São Paulo7.

Imagem 02: Estudantes presos no Congresso de Ibiúna sendo escoltados pela Força Pública para os

veículos. Foto: Carlos Namba. Fonte: Revista Veja - Fotografia de Capa da edição de outubro de 1968. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/especiais/veja_40anos/p_100.html>, acessado em 08/07/2014. Imagem 03: Estudantes presos no Congresso de Ibiúna. Foto: Autor Desconhecido. Fonte: Jornal Folha de São Paulo - Congresso da UNE em Ibiúna/ 12-10-1968/Folhapress. Disponível em: < http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/15658-congresso-da-une-em-ibiuna#foto-270105>, acessado em 08/07/2014.

6 Texto escrito por Luiz Eduardo Merlino sobre o 30º Congresso da UNE - Folha da Tarde, 14 de outubro de 1968. Disponível em: http://ovp-sp.org/congresso_une_1968.htm#jornalista, acessado em 16/07/2014.

7 Para maiores informações sobre a caminhada dos estudantes, sugere-se a leitura do capítulo 1 do livro Abaixo a Ditadura, 1998, pg. 09-17.

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Na imagem 01, que retrata os estudantes nos carros disponibilizados pela polícia,

demonstram que os militares não esperavam encontrar a quantidade de estudantes que

estavam reunidos no sítio. O número exato é bastante incerto, as fontes divergem entre

700 e 900 estudantes. O quadro a seguir apresenta a quantidade de estudantes que

representavam os diversos estados do Brasil no Congresso, disponibilizado nos registros da

antiga Delegacia Especial de Ordem Política e Social de São Paulo (DEOPS/SP).

ESTADO QUANTIDADE ESTADO QUANTIDADE

Alagoas 01 Paraíba 24

Bahia 54 Paraná 46

Ceará 32 Pernambuco 39

Distrito Federal 21 Piauí 02

Espírito Santo 13 Rio de Janeiro 16

Guanabara 105 Rio Grande do Norte 06

Goiás 13 Rio Grande do Sul 37

Maranhão 03 Santa Catarina 15

Minas Gerais 73 São Paulo 199

Pará 02 Sergipe 09

Tabela 01: Quantidade de estudantes presos no Congresso de Ibiúna por estado. Fonte: Elaboração a partir de informações colhidas no Relatório Operação Ibiúna. XXXº Congresso da extinta UNE. Delegacia Especial de Ordem Política e Social de São Paulo (DEOPS/SP). ASP ACE 30198001. Arquivo Nacional.

O Centro de Documentação e Memória da Fundação Maurício Grabois realizou em

2010 uma pesquisa sobre as mulheres que participaram do Congresso da UNE em Ibiúna, e

reproduziu parte das fichas de detenção das 151 estudantes que participaram daquele

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Congresso que foram presas e fichadas pelo Deops8. Depois de fichadas em São Paulo,

algumas foram soltas e outras encaminhadas para o Presídio Tiradentes.

IMPACTO E REPERCUSSÃO DO CONGRESSO DA UNE

O congresso não teve sua missão alcançada, a eleição para a nova presidência não

chegou a ocorrer e todos foram presos. Os estudantes capturados no sítio Murundu foram

levados para São Paulo, a fim de identificar todos os envolvidos e aplicar a repreensão de

acordo com a Lei de Segurança Nacional que extinguia os direitos da população brasileira.

Foto, impressão digital, histórico, um verdadeiro banco de dados a disposição da repressão

militar.

“(...) a vanguarda do ME sairia daí fichada pela polícia, o que facilitou muito a repressão nos anos que se seguiram. O fichário de Ibiúna foi sempre usado para reconhecimento de ativistas e muita gente teve que olhar as fotos sob porrada para reconhecer algum companheiro que seguiu em outras militâncias”. (Jean Marc von der Weid, 2011, p.220)9.

“Isso também desorganizou profundamente o movimento estudantil, porque muita

gente havia voltado às suas faculdades para atuar e aquela ficha era um verdadeiro

chamariz para a polícia” (DIRCEU, 1998, pg. 169). Posterior a identificação e o registro na

Delegacia de Ordem Política e Social - DOPS, e o encaminhamento para os respectivos

estados dos que não eram de São Paulo. Os estudantes que eram da capital ficaram detidos

no Presídio Tiradentes, com exceção dos líderes estudantis que ficaram presos no DOPS e

depois transferidos para outros presídios. Os familiares dos estudantes presos realizaram

uma série de mobilizações na frente do presídio pela libertação dos estudantes. A principal

relação estabelecida, sobretudo nos cartazes de reivindicação contra as prisões, era com o

arbítrio do nazismo. Os cartazes dos familiares afirmavam: “São Paulo não é campo de

concentração”. Numa associação as arbitrariedades do estado ditatorial brasileiro, com as

violações aos direitos humanos pelos alemães contra o povo judeu.

8 Para consultar a reprodução parcial das fichas das mulheres presas no Congresso da UNE de 1968, consulte: < http://fmauriciograbois.org.br/portal/cdm/noticia.php?id_sessao=28&id_noticia=620>, acessado em 10/07/2014.

9 O documento (Fichário de Ibiúna) contém a fotografia, nome, filiação, data de nascimento, cidade de

origem e profissão de todos os estudantes presos no sítio Murundu. Para consulta ao documento, é

necessário pesquisa no Arquivo Nacional, na seção da Delegacia Especial de Ordem Política e Social de

São Paulo (ASP ACE 30198001).

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Imagem 04: Familiares

protestam na Frente do

Presídio Tiradentes contra

a prisão dos estudantes do

Congresso da UNE. Foto:

Vladimir Sacchetta. Fonte:

Acervo Memorial da

Resistência.

Imagem 05: Familiares

protestam na Frente do

Presídio Tiradentes contra

a prisão dos estudantes do

Congresso da UNE. Foto:

Vladimir Sacchetta. Fonte:

Acervo Memorial da

Resistência

Essa associação (entre a repressão militar em regimes ditatoriais e o Nazismo) anos

depois é apropriada por países como Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai para se referir

aos crimes do passado recente.

O Congresso da UNE de 1968 possui diversas interpretações e análises dos vários

atores sociais que vivenciaram a ditadura civil-militar. Mas sua importância é percebida

pela maioria da população de Ibiúna, que reconhece o lugar como de relevância para a

história local e nacional.

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As memórias do congresso da UNE de 1968 são conflituosas e carregadas de uma

conotação política, e devem ser observadas no contexto histórico da época. O que se

sugere é que as memórias da ditadura civil-militar possam ser analisadas sempre em

paridade com o contexto político da época. Sem deixar de observar as questões

humanitárias próprias do tema.

Nesse sentido, uma série de atividades e políticas de memórias foi e continua sendo

realizadas para rememorar e homenagear os estudantes que foram presos no sítio

Murundu. Entre as várias atividades que incluem criação de monumentos, debates sobre a

posição do movimento estudantil na luta pela democracia, esta pesquisa destaca uma

Caravana da Anistia do Ministério da Justiça realizada e a exposição sobre os estudantes

presos em Ibiúna, realizadas em outubro de 2003 no Memorial da Resistência de São Paulo.

Imagem 06: Exposição em homenagem aos estudantes presos no XXX Congresso da UNE.

Outubro de 2008. Fotógrafo Desconhecido. Fonte: Acervo Memorial da Resistência de São

Paulo.

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Imagem 07: Exposição

em homenagem aos

estudantes presos no

XXX Congresso da UNE.

Outubro de 2008.

Fotógrafo

Desconhecido. Fonte:

Acervo Memorial da

Resistência de São

Paulo.

Imagem 08: Caravana

da Anistia da Comissão

de Anistia/Ministério da

Justiça com julgamento

de pedidos de anistia a

civis presos no

Congresso da UNE em

Ibiúna. Outubro de

2008. Fotógrafo

Desconhecido. Fonte:

Acervo Memorial da

Resistência de São

Paulo.

Na cidade de Ibiúna em março de 2010 foi construído um monumento para

homenagear os estudantes presos, localizada na praça da igreja Matriz. A obra é da artista

plástica Cristina Pozobon, e consiste em painéis com as fotos de estudantes mortos pelos

militares e uma lista com os nomes dos estudantes presos durante o Congresso.

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ATUALMENTE E/OU ACONTECIMENTOS RECENTES

O dono do sítio Murundu ficou na clandestinidade por dois anos, uma vez que os

militares ainda o procuravam por ter emprestado o sítio para os estudantes, mas não

conseguiu se esconder por muito tempo, sendo preso e torturado pela repressão. Como

faltavam quatro parcelas para o pagamento da propriedade, e Domingos Simões ficou mais

de um ano preso entre o DOI-Codi, o DOPS e o Presídio Tiradentes, o casal perdeu o direito

de posse do sítio por falta de pagamento das 4 ultimas parcelas. Sua esposa e as duas filhas

também foram presas no DOI-Codi, mas foram liberadas após dois meses de prisão.

Domingos morreu em 08 de dezembro de 2010, e a Portaria nº 744 de 24 de abril de 2014

da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça o declarou anistiado político "post

mortem", concedendo a sua família uma indenização financeira.

Em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da

República, a Prefeitura Municipal de Ibiúna (em São Paulo), por meio da Secretaria

Municipal de Cultura e Turismo, inaugurou em março de 2010, um monumento em

homenagem aos estudantes do 30º Congresso. O memorial fica alocado na "Praça da

Matriz" da cidade, e consiste em dois painéis - com as fotos dos 23 estudantes mortos

durante a ditadura e outro com a lista dos presos.

Em junho de 2013 a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça promoveu na cidade

de Ibiúna a 71ª Caravana da Anistia que julgou dois processos de pedido de Anistia Política.

Etelvino José Bechara e Gonzalo Pastor Barreda eram estudantes em 1968 e foram presos

no 30º Congresso da UNE em Ibiúna. Ambos receberam um pedido de desculpas oficial do

presidente da Comissão de Anistia durante a Caravana da Anistia10. No mesmo período a

cidade de Ibiúna foi palco do 11º Congresso da União Estadual dos Estudantes de São Paulo

– UEE, no qual foram promovidas homenagens aos estudantes presos em 196811.

10 Para maiores informações sobre as caravanas da anistia, sugere-se a obra: Caravanas da Anistia – O Brasil pede perdão, do Ministério da Justiça. Disponível em: < http://portal.mj.gov.br/main.asp?View={674805E8-6838-4CB2-A369-3EFA87A5B44E}&BrowserType=NN&LangID=pt-br&params=itemID%3D%7B78BC6964-EB2B-407A-B427-AD992B9A88AF%7D%3B&UIPartUID=%7B2218FAF9-5230-431C-A9E3-E780D3E67DFE%7D>, acessado em 07/07/2014.

11 Sobre o Congresso da UEE em 2013, outras informações estão disponíveis em: < http://ujs.org.br/index.php/noticias/os-sonhos-nao-envelhecem-uee-sp-em-ibiuna/>, acessado em 07/07/2014.

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O Portal do Professor12 traz uma sugestão de Vanessa Maria Rodrigues Viacava e

Eziquiel Menta, de como discutir em sala de aula a ditadura civil-militar e a importância dos

estudantes na defesa da liberdade de expressão num contexto de repressão e censura.

ENTREVISTAS RELACIONADAS AO TEMA

O Memorial da Resistência possui um programa especialmente dedicado a registrar, por

meio de entrevistas, os testemunhos de expresos e perseguidos políticos, familiares de

mortos e desaparecidos e de outros cidadãos que trabalharam/frequentaram o antigo

DEOPS/SP. O Programa Coleta Regular de Testemunhos tem a finalidade de formar um

acervo cujo objetivo principal é ampliar o conhecimento sobre o Deops/SP e outros lugares

de memória do estado de São Paulo, divulgando desta forma o tema da resistência e

repressão política no período da ditadura civil-militar.

- Produzidas pelo Programa Coleta Regular de Testemunhos do Memorial da Resistência

AMARO, Vilma. Depoimento na Mesa de Testemunhos de Expresos e Perseguidos

Políticos. Mediado por Ivan Seixas no Sábado Resistente de 26/04/2014. Memorial da Resistência de São Paulo.

SOUZA, Nelsa Ferreira. Entrevista ao Programa Coleta Regular de Testemunhos. Entrevista

concedida a Karina Teixeira e Ana Paula Brito, em 22/07/2014.

- Outras entrevistas

XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes - UNE em Ibiúna em outubro de 1968. Depoimentos de alguns dos participantes do Congresso, sobre a organização, o cerco policial e as prisões que foram efetuadas no dia 11 de outubro de 1968. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=dhWzH-FaHAo>, acessado em 02/07/2014.

12 Para acesso a sugestão da aula, consulta em: <

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28856>, acessado em 04/08/2014.

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Congresso de Ibiúna: 45 anos depois o encontro de gerações. Ibiúna, 14 e 16 de junho de 2013. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=XQ-v3j6aBoY>, acessado em 10/07/2014.

FILMES E/OU DOCUMENTÁRIOS

Filme: Batismo de Sangue. Direção de Helvécio Ratton, 2007. Sinopse: Com base no livro

homônimo de Frei Betto, o filme retrata o apoio de alguns Frades Dominicanos a grupos de

esquerda, liderados por Carlos Marighella. Por apoiar o combate a ditadura, muitos freis

dominicanos foram presos, e entre eles, Frei Tito que foi barbaramente torturado. Em exílio

posterior a prisão, Tito não conseguiu conviver com suas memórias e cometeu o suicídio.

Documentário: OU FICAR A PÁTRIA LIVRE OU MORRER PELO BRASIL. Direção de Silvio

Tendler, 2007. Sinopse: O cineasta apresenta o perfil cronológico do movimento estudantil

brasileiro, desde a década de 30, até a ocupação da sede da UNE no Rio de Janeiro em

2007.

Documentário: HÉRCULES 56. Direção de Silvio Dá-Rin, 2006. Sinopse: O documentário

apresenta uma série de depoimentos sobre a negociação para libertação de 15 presos

políticos durante a ditadura, entre eles militantes da UNE presos pelo regime.

REMISSIVAS

DOI-Codi, Convento Dominicano; Presídio Tiradentes; Deops/SP.

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REFERENCIAS

DIRCEU, José / PALMEIRA, Vladimir. Abaixo a Ditadura. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 1998

VENTURA, Zuenir. 1968: o ano que não terminou. 3ª edição. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2008.

VENTURA, Zuenir. 1968: o que fizemos de nós. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2008.

PAULINO, Leopoldo. Tempo de Resistência. São Paulo: São Francisco Gráfica e Editora, 2012.

WEID, Jean Marc von der. Ibiúna. In: 68 a geração que queria mudar o mundo: relatos / Organização: Eliete Ferrer. Brasília: Ministério da Justiça, Comissão de Anistia, 2011. Pg. 199-221.

Revista Veja. O Congresso Interrompido. 16 de outubro de 1968. Disponível em: http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_16101968.shtml, acessado em 07/07/2014.

Revista Eletrônica Brasileiros. Matéria de Luísa Vilameia - A Filha do General. 18 de setembro de 2013. Disponível em: < http://www.revistabrasileiros.com.br/2013/09/18/a-filha-do-general/#.U8PkIPldXHl>, acessado em 14/07/2014.

VENCESLAU, Paulo de Tarso. Matéria 30º Congresso da UNE, Polícia invade o sítio Murundu. IN: Jornal Contato, Ano 8 - n. 391, Vale do Paraíba, 21 a 28 de Novembro de 2008. Disponível em: http://www.jornalcontato.com.br/2008/JC391.pdf, acessado em 23/07/2014.