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R e n c o n t ros e - DA IDADE MÉDIA AO RENASCIMENTO - Memórias Musicais no Palácio de Sintra SALA DOS CISNES | 21:30 JULHO 2018 4ª TEMPORADA DE MÚSICA DA PARQUES DE SINTRA PSML | Luís Duarte 14/07 ALA AUREA “Cundrîe la Surziere ” – Um trajeto medieval em busca de Chrétien de Troyes e Wolfram von Eschenbach Queremos saber a sua opinião

Memórias Musicais no Palácio de Sintra · de Chrétien de Troyes e Wolfram von Eschenbach ... impróprio, e que não era digno da Távola Redonda ou do Graal. Nos romances escritos

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Re ncontrose- DA IDADE MÉDIA AO RENASCIMENTO -

Memórias Musicais no Palácio de Sintra

SALA DOS CISNES | 21:30

JULHO 2018

4ª TEMPORADA DE MÚSICA DA PARQUES DE SINTRAPS

ML

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14/07 ALA AUREA

“Cundrîe la Surziere ” – Um trajeto medieval em buscade Chrétien de Troyes

e Wolfram von Eschenbach

Queremos saber a sua opinião

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14/07 | 21:30Sala dos Cisnes

ALA AUREA

“Cundrîe la Surziere” – Um trajeto medieval em busca de Chrétien de Troyes e Wolfram von Eschenbach

Maria Jonasvoz, shrutibox, conceito, arranjos e direção musical

Elisabeth Seitzsaltério Bassem Hawardjoze

Fabio Accursoalaúde, flauta, composição das peças instrumentais

Tiago Motarecitação

PROGRAMA

PRÓLOGO

“Karitas habundat in omnia”Texto e música: Hildegard von Bingen (1098-1179)

Le Graal 1Música: Fabio Accurso (n.1963)

“Ke petit semme petit quelt”Texto: Chrétien de Troyes (c.1140-c.1190), “Perceval”

Música: Guirault de Bornelh (c.1138-1215)

1º ATO

A chegada de Cundrîe à corte de Artus “Hie kom von der ich sprechen wil”Texto: Wolfram von Eschenbach (c.1160/1180-c.1220),

“Parzival” (capítulo IV)

Música: “Wolframs Guldin Ton von Eschelbach”

(Kolmarer Liederhandschrift)

Cundrîe, a Feiticeira“Diu maget witze riche”Texto: Wolfram von Eschenbach (c.1160/1180-c.1220),

“Parzival” (capítulo IV)

Música: Heinrich Frauenlob (c.1250/1260-1318)

Le Graal 2Música: Fabio Accurso (n.1963)

2º ATO

Cundrîe amaldiçoa Parzifal“Sie sprach: Ir tout ir site buoz”Texto: Wolfram von Eschenbach (c.1160/1180-c.1220),

“Parzival” (capítulo IV)

Música: “Clingsors swarczen Ton”

(Kolmarer Liederhandschrift)

Cundrîe deixa a corte de Artus“Diu maget trûrec niht gemeit”Texto: Wolfram von Eschenbach (c.1160/1180-c.1220),

“Parzival” (capítulo VI)

Albrecht von Scharfenberg (séc. XIII)

Música: “Titurel” (Cod. 2675, Biblioteca Nacional Austríaca,

Viena, séc. XIII)

3º ATO

Cundrîe atrai Parzival para o Graal“Wol dem künftêclichen tage!”Texto: Wolfram von Eschenbach (c.1160/1180-c.1220),

“Parzival” (capítulo XV)

Música: “Frauwenlobs uberzarter ton”

(Kolmarer Liederhandschrift)

Le Graal 3Música: Fabio Accurso (n.1963)

O Universo“Siben sterne si dô nante”Texto: Wolfram von Eschenbach (c.1160/1180-c.1220),

“Parzival” (capítulo XV)

Música: Heinrich von Meißen (c.1250/1260-1318)

EPÍLOGO

“Karitas habundat in omnia”Texto e música: Hildegard von Bingen (1098-1179)

Cundrîe, a mensageira do Graal, era uma espécie de bruxa

conhecedora de todas as ciências e línguas do mundo antigo.

Era feia, negra como a noite, com dentes semelhantes aos de

um javali e pestanas tão longas que, quando entrançadas, lhe

chegavam até ao chapéu. Não era de modo algum uma beleza:

era antes um monstro. O seu modo de falar não era cortês, mas

extremamente direto. Repreendeu o jovem Parzival, dizendo-lhe

sem meias medidas que se comportara de modo completamente

impróprio, e que não era digno da Távola Redonda ou do Graal.

Nos romances escritos sobre o Graal, Cundrîe aparece duas

vezes: na corte do Rei Artur, quando amaldiçoa Parzival por este

não ter dirigido ao Rei-pescador Amfortas a pergunta que o teria

curado, e mais tarde quando anuncia a Parzival que foi nomeado

Rei do Graal.

O programa centra-se no romance Parzival, de Wolfram von

Eschenbach, escrito numa época de profundas transformações

culturais e sociais. Estas transformações conduziram a uma

revolução na história das ideias, que resultou no surgimento

de uma atitude nova e tolerante para com a cultura e a religião

orientais. Foram importantes, neste contexto, a introdução de

uma nova perceção do amor cristão (caritas) e a valorização das

mulheres. As experiências das cruzadas tinham deixado claro

que o Islão representava um poder formidável, que a imagem

do pagão cruel e inculto, alimentada pela igreja, não correspondia

à verdade, e que os estados do oriente, com o seu prestígio,

e com o esplendor de um modo de vida nobre e cultivado,

podiam, na verdade, servir de modelo ao mundo ocidental,

e não o contrário. Surgiu então a imagem do “nobre pagão”,

que encontramos ainda no Rapto do Serralho, de Mozart.

Cundrîe é agora a intermediária entre o Oriente e o Ocidente.

O seu nome, de origem francesa, significa “a enfeitada”. Ela

aparece com a sua fealdade evidente, o oposto da beleza ideal

da mulher do século XII, ricamente adornada, coberta de belas

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e requintadas vestes francesas. Mas, no grupo de cavaleiros,

é sobretudo a sua sabedoria, a sua humanidade, a sua empatia

e o seu respeito pelos outros seres humanos que são

reconhecidas. A sua mensagem é a caritas — o amor ao próximo.

Esta antiga mensagem cristã só encontra aceitação através dela,

a meia-pagã. Cundrîe não se limita a representar o Graal — ela

encarna-o.

A música: dos três romances épicos sobre Parzival que foram

preservados, só uma melodia chegou até nós, pertencente

ao Jovem Titurel, de Albrecht von Scharfenberg. Por outro lado,

é quase certo que esta melodia não é da sua autoria, pois

é evidente que foi acrescentada posteriormente. A trobairitz

Maria Jonas, que, enquanto cantora e exploradora, se autointitula

“voxbalaenae”, foi descobrir todas as melodias das canções,

em estilo medieval, nos cancioneiros da época. Os três músicos

improvisam o seu acompanhamento destas canções. Juntos,

desenvolveram um estilo a que chamaram “música medieval

livre”. E, com efeito, a pergunta não tarda a surgir: O que

é a música antiga? Não estaremos a criar, na verdade, com

as nossas reconstruções, música nova e contemporânea?

MARIA JONAS

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ALA AUREA

As canções da Idade Média, tal como a poesia lírica

medieval, não se destinavam à esfera particular mas

a ser apresentadas em público. Eram cantadas

e acompanhadas por instrumentos musicais.

As melodias destas canções só sobreviveram em

alguns casos excecionais, sendo difícil determinar

o modo como os textos eram musicados, o papel

da improvisação e a articulação destes elementos

no espetáculo musical. Foi por isso que fiz da

improvisação baseada na exploração e no estudo

de fontes medievais a base do meu trabalho. E é por

isso, também, que a interpretação e a audição da

música medieval têm sempre qualquer coisa de um

“aqui e agora”. Ao longo dos últimos anos, surgiu

no meu trabalho com outros músicos um estilo

a que chamo “música medieval livre”.

Neste agrupamento, Maria Jonas, baseada em Colónia,

explora o seu forte interesse pela interpretação

e pelo estudo da música medieval. Para além do seu

trabalho com a schola feminina “Ars Choralis Coeln”,

Maria procura realizar projetos de menores dimensões,

partindo de ideias interessantes e inspiradoras surgidas

durante as suas pesquisas. Para tal, convida diferentes

artistas, escolhidos consoante as características

de cada projeto.

MARIA JONAS

Trobairitz é o nome dado às trovadoras femininas ativas

no sul de França nos séculos XI a XIII. A palavra deriva

do termo occitano “trobar”: encontrar, inventar. Maria

Jonas escolheu este termo para definir o seu trabalho,

por considerar que descreve melhor a sua atividade que

o termo “cantora”.

Especializada em música antiga, contemporânea

e improvisada, Maria Jonas tem realizado os seus projetos

através de diferentes grupos musicais, incluindo o Ars

Choralis Coeln, uma schola feminina de música medieval,

o Ala Aurea e o Sanstierce, um trio de música modal

medieval e contemporânea. É convidada para concertos

e festivais em todo o mundo, incluindo os Festivais de

Adelaide e Melbourne (Austrália), o Festival de Artes

de Macau (China), o Hebbel-Theater (Berlim),

o MDR-Musiksommer e o Rhein-Vokal (Alemanha),

o Voix et Route Romane (França), o Styriarte

e o Trigonale (Áustria), e o Festival de Música Antiga de

Utrecht (Holanda), entre outros. Trabalhou também com

vários grupos e artistas, como Jordi Savall, Sir John Elliot

Gardiner, Roy Goodman, Sequentia, Hilliard Ensemble,

English Baroque Soloists e a Orquestra Barroca Europeia.

Desempenhou o papel principal na ópera The White

Raven, de Phillip Glass e Robert Wilson, sob a direção

de Dennis Russell Davies, e foi convidada para atuar nos

teatros de Bochum, Ludwigsburg, Luxemburgo, Teatro

Reggio di Parma, Teatro Communale di Ferrara, Teatro

Real de Madrid, Concertgebouw (Amsterdão), Royal

Albert Hall (Londres), Teatro Camões (Lisboa), Carnegie

Hall e State Theatre (Nova Iorque), durante o Lincoln

Center Festival. Foi professora de canto histórico na

Escola Superior de Música de Leipzig e na Universidade

Folkwang, e ensina atualmente na Escola Superior de

Música de Colónia. Nos últimos anos, aceitou convites

para proferir palestras nas Escolas Superiores de

Música de Belgrado, Rostock e Tilburg, bem como nas

Universidades de Zurique, Podgorica e Limerick (Irlanda).

ELISABETH SEITZ

Elisabeth Seitz é provavelmente a mais célebre

intérprete alemã de saltério. Com o seu instrumento,

ajudou a criar o grupo francês L’Arpeggiata e, através

de numerosas digressões, tornou o saltério conhecido

em todo o mundo. Antes disso, já contribuíra de modo

decisivo para a revitalização do saltério na paisagem

da música europeia. Trabalha com os grupos Neue

Orchester, Amsterdam Baroque Orchestra (Ton

Koopman), Ricercar Consort (Philippe Pierlot), Poème

Harmonique (Vincent Dumestre), La Folata (David

Catalunya) e o Armonico Tributo Austria (Lorenz

Duftschmid), entre outros. Participou em várias

gravações radiofónicas e discográficas, e tem sido

convidada para numerosos festivais de música antiga na

Europa, na América do Norte e do Sul e na Rússia.

BASSEM HAWAR

Bassem Hawar cresceu numa paisagem cultural muito

antiga, entre as velhas cidades sumérias de Ur e Lagash,

no sul do Iraque. Esta região é famosa pelos seus

músicos e artistas, e a família de Bassem Hawar inclui

também muitos artistas talentosos. Estudou a música

árabe escrita para o seu instrumento, o djoze (o violino

iraquiano) no célebre Conservatório de Bagdad, a única

instituição deste tipo no mundo árabe. Após formar-

se em Musicologia, tornou-se professor de djoze na

mesma instituição, onde também trabalhou na oficina

de instrumentos, desenvolvendo uma técnica inovadora

para construir e tocar djoze.

Tocou com a Orquestra Sinfónica do Iraque em países

árabes e europeus. Vive em Colónia desde 2000

e colabora com muitos grupos diferentes, cobrindo

uma vasta gama de géneros musicais: do maqam

iraquiano clássico (Duo Melodic, Mesopotamiens)

à música medieval europeia (Sanstierce, La Beltatz),

à música erudita contemporânea e ao jazz experimental

(Crossover Bagdad Köln).

FABIO ACCURSO

Fabio Accurso é italiano e toca alaúde. Está muito

grato à música pelas pessoas extraordinárias que pôde

através dela conhecer. Em cada concerto, espera poder

experimentar, pelo menos durante um minuto,

a sensação de estar rodeado de beleza, e deseja que

o mesmo aconteça a todos os presentes. Está vivo

há quarenta e sete anos, o que deve querer dizer

qualquer coisa.

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