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Editora Penalux
Guaratinguetá, 2018
Menina dos Olhos
R aquel Naveir az
Rua Marechal Floriano, 39 – CentroGuaratinguetá, SP | CEP: 12500-260
Edição: França & Gorj
Capa e editoração eletrônica: Karina Tenório
Revisão: Daniel Zanella
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
N323m NAVEIRA, Raquel. – Menina dos Olhos / Raquel Caveira. – Guaratinguetá, SP: Penalux, 2018. 82 p.: 21 cm. ISBN: 978-85-5833-374-0 1. Poesia I. Título.
CDD.: B869.1
Índice sistemático:1. Literatura Brasileira
Todos os direitos reservados.A reprodução de qualquer parte desta obra só é permitida
mediante autorização expressa do autor e da Editora Penalux.
14 M e n i n a d o s O l h o s
Menina dos olhos
Suplico proteção,Por toda parte há perigosQue machucam,Fazem chorarE andar às cegas.
Envolve-me em tua túnica,Entre pálpebras e cortinas,Enquanto lá fora ardem luzeiros,Fagulhas e purpurinas.
Há um poder que mataE fulmina,Mar mutante,Estrela pequenina,Reflexo das profundezas submarinasNos meus olhosQue buscam, entre lágrimas,A essência divina.
Na escuridão,Perseguida por leões,Cercada por flechas e ciscos,Correndo tantos riscos,Presa a abrolhos,A ferros vermelhosE véus incandescentes,Confio que me guardasComo a menina dos olhos.
M e n i n a d o s O l h o s 15
Cortina de teatro
Pesada,De veludo vermelho,Se tocarmos suas bordasSentiremos, ao mesmo tempo,Ardor de brasasE frieza de rio que rola,Vapores,Mistérios de neblina.
No palco,A representação do mundo,As estrelas imperecíveis,As salamandras e os anjos,A verdade e o drama,O choro e a libertação,O crepitar da chama.
Na plateia,O espectador se projeta,Compartilha sentimentos,Acompanha movimentos,Expressões de paixão;Os atores são seres mutantes,Instáveis,Enquadrados pela cortinaIncendiada de ouro e platina.
Vem o alívio,Madeiras mortas
16 M e n i n a d o s O l h o s
Foram cortadasE queimam na alma;Fecha-se a cortina,Nossos complexos se retorcemNo fogo da faxina.
M e n i n a d o s O l h o s 17
Éder Jofre
Antes da luta,Aquece os músculos,Golpeia o ar,Punhos em riste,Atrai sobre siUma energia mágicaE absoluta.
Começa a luta,Pugilista no ringue,Crista vermelha,Peso-galo,O vigor aumentaNum jogo De força bruta.Durante a lutaCapta poderes,Combate com anjos,Duela com serpentes,Cria o mundoEm contínua disputa.
Durante a lutaO atletaÉ pura arte,Leva a nocauteO giganteOfegante na labuta.
18 M e n i n a d o s O l h o s
Após a luta,Sai carregado,Renovado,Pronto para outras superações,Suporte dignoEm sua conduta.
Era assim,Na luta,De vitória em vitória,Que, de chofre,Forjava-se o campeãoÉder Jofre.
M e n i n a d o s O l h o s 19
Jardineiro
Amas as borboletasPorque elas te revelam O segredo das lagartas,Dos que se precipitamEm busca de flamas E cometas.
Amas as borboletasPorque batem as asasComo gaitas de fole,Estranhas visitasSaídas de túmulos,Pousando sobre as carretas.
Amas as borboletasQue atravessam mundos,Sóis negrosE bebem outonoNa taça dos crisântemosE nos lábios das violetas.
Talvez sejamos borboletasViajando juntas,Tão completas...Vem, jardineiro,Lança tuas setasEntre as folhas do pessegueiro.
20 M e n i n a d o s O l h o s
Neruda
Neruda,Escrevo-te esta cartaPorque preciso de ajuda,Poderias me enviar da Ilha NegraUm punhado de peixes cintilantes,Um sopro de vento salgado,O som dos sinosDe quem entraEm teu jardim?
Neruda,Escrevo-te esta carta,Acode-me,Assim como cantasteOs rios da América:O Amazonas,O Orinoco,Artérias nas cordilheirasOnde a neveDesliza úmidaE as rosas explodem selvagens,Cantei minha terraCheia de pássaros e pantanais,Tiritei de frioSob os astros siderais.
Este livro foi composto em Sabon LT Std pela Editora Penalux e impresso em papel
pólen bold 90 g/m², em junho de 2018.