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Mensagem do Presidente da Associação Industrial Portuguesa ...portugalcolombia.com/media/EstudodeMercado_AIP_Huambo.pdf · Apesar de ter sido uma das mais sacrificadas durante o

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Mensagem do Presidente da Associação Industrial Portuguesa - Confederação

Empresarial

Angola e Portugal estão hoje em condições de cimentar uma grande parceria para o investimento, para o comércio e para os mercados, sustentada na valorização da língua comum, nas relações históricas e nas afinidades culturais. Estes factores configuram vantagens que podem ser exploradas e aproveitadas pelas duas partes para incrementarem as relações bilaterais, para desenvolverem estratégias colaborativas, redes de negócio e para uma acção conjunta nos mercados lusófonos e mesmo em relação a mercados terceiros.

Para o efeito, é da maior importância a constituição de redes de conhecimento na actividade empresarial.

Foi esta, a razão subjacente à elaboração dos estudos sobre as províncias de Benguela, Cabinda, Huambo, Huíla e Luanda que a AIP-CE decidiu realizar.

Na verdade, para agir de forma inteligente nos mercados, é necessário coligir informação, estudá-los e conhecê-los.

Devo sublinhar que esse exercício de estudar os mercados, muito particularmente o angolano, sempre fez parte das orientações da AIP-CE, mesmo nos períodos mais conturbados da vida política e social angolana, que felizmente já pertencem ao passado, tendo desenvolvido sobre este mercado, entre outros, guias de investimento, estudos sectoriais e regionais.

Dando expressão a esta boa tradição da AIP-CE, creio que os Estudos de mercado sobre as Províncias Angolanas constituem um bom trabalho de caracterização da actividade económica destas províncias, mas também de prospectiva, de definição de prioridades em matéria de economia e de localização industrial, de sinalização de infraestruturas de apoio à actividade económica, de identificação de grandes projectos, enfim um bom instrumento de inteligência competitiva ao dispor dos empresários e das instituições portuguesas e angolanas.

Boa leitura!

Jorge Rocha de Matos

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Índice 1.  A Província do Huambo Hoje ........................................................................................... 5 

1.1  Geografia .................................................................................................................... 5 

1.2  Clima ............................................................................................................................ 5 

1.3  Demografia ................................................................................................................. 6 

1.4  Educação .................................................................................................................... 7 

1.5  Caracterização da Actividade Económica ........................................................ 10 

1.5.1  Mercado de Emprego .................................................................................... 10 

1.5.2  Produto Interno Bruto e Estrutura Sectorial .................................................... 11 

O quadro macroeconómico do Huambo apresentou, em 2004, os contornos expressos no quadro seguinte. ...................................................................................... 11 

Os aspectos mais evidentes do quadro anterior são: ............................................... 12 

1.5.3  Agricultura e Pecuária ...................................................................................... 12 

1.5.4  Indústria .............................................................................................................. 17 

Indústria da Alimentação ................................................................................................ 19 

Indústria das Bebidas ....................................................................................................... 19 

Indústria do Vestuário ....................................................................................................... 19 

Indústrias da Madeira ...................................................................................................... 19 

1.5.5  Comércio e Serviços ........................................................................................ 20 

1.5.6  Infra-estruturas de Apoio à Actividade Económica .................................... 24 

1.5.7  Turismo ................................................................................................................ 30 

1.6  Estrutura da Administração Provincial ................................................................... 31 

1.7  Os Principais Activos do Huambo para Vencer o Desafio do Desenvolvimento .................................................................................................................. 34 

1.7.1  A Localização geo-espacial privilegiada .................................................... 35 

1.7.2  População Jovem ............................................................................................ 35 

1.7.3  Os Recursos Agrícolas ...................................................................................... 35 

1.7.4  Os recursos hídricos .......................................................................................... 35 

2.  A Província do Huambo Amanhã .................................................................................. 37 

2.1  Modelo de Desenvolvimento Territorial ................................................................. 37 

2.2  Modelo de Desenvolvimento ................................................................................. 38 

2.3  Especialização Produtiva da Província ................................................................. 39 

2.4  Carrefour Logístico ................................................................................................... 40 

2.5  Investigação e Desenvolvimento .......................................................................... 44 

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2.6  Prioridades em Matéria de Localização Industrial .............................................. 44 

2.7  Grandes Projectos em Curso na Província ........................................................... 48 

2.7.1  Transportes e Comunicações ........................................................................ 48 

2.7.2  Comunicação Social ...................................................................................... 48 

2.7.3  Urbanismo .......................................................................................................... 48 

2.7.4  Saúde ................................................................................................................. 48 

2.7.5  Programa Executivo da Indústria ................................................................... 49 

3.  Enquadramento Regulamentar ..................................................................................... 52 

3.1  Enquadramento Legal do Investimento Privado ................................................. 52 

3.2  Enquadramento Legal do Investimento Público ................................................. 56 

3.3  Enquadramento Legal da Contratação Pública ................................................ 58 

4.  Análise de Risco ................................................................................................................ 64 

5.  ANEXO – PRINCIPAIS IMPORTADORES DE ANGOLA ....................................................... 66 

Estudo Desenvolvido por:

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1. A Província do Huambo Hoje

1.1 Geografia A província do Huambo é confinada pelas províncias angolanas de Kwanza Sul (a norte), Bié

(a nordeste), Huíla (a sul) e Benguela (a oeste). Compreende uma superfície de 35.736 Km²

(cerca de 40% da área de Portugal Continental). Fica situada na região do planalto central

de Angola (área planáltica acima dos 1500 metros) sendo o Morro do Moco, localizado

nesta província no município de Londuimbali, o maior pico montanhoso da região e do país

(com mais de dois mil metros de altitude).

Conhecida como uma das

maiores bacias hidrográficas do

País, desta província irradiam

numerosos rios e riachos em

direcção ao litoral e países

vizinhos. Entre estes, os rios Queve

(Huambo), Cunene (Boas Águas),

Kubango (Vila Nova) e Cuando

(Alto Cuito) são os de maior caudal

e com maior potencial para a

rega e instalação de centrais

hídricas para o fornecimento de energia eléctrica.

1.2 Clima

A província localiza-se na zona de climas alternadamente húmidos e secos das regiões

intertropicais. Devido à altitude o clima é temperado, apresentando uma temperatura média

anual inferior a 20ºC. O mês mais frio, normalmente, é Junho e os mais quentes entre

Setembro e Outubro.

A quantidade anual de precipitação ronda os 1400 mm, com pequenas variações dentro

da província, atingindo na região sul valores próximos dos 1200mm. Durante o ano

reconhecem-se duas estações: a estação das chuvas e a estação seca (ou do “cacimbo”).

As chuvas iniciam-se normalmente em Outubro e terminam em Abril, sendo os meses de

Maio e Setembro considerados de transição. As chuvas podem ocorrer frequentemente com

granizo e no período de Junho a Agosto há incidência de geada, principalmente nos vales e

depressões, onde as temperaturas mínimas absolutas são próximas de 0ºC.

Em Janeiro ou Fevereiro e, por vezes, mesmo em Dezembro, ocorre um período de seca,

vulgarmente designado por pequeno cacimbo. Este pequeno cacimbo, quando ultrapassa

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os 15-20 dias pode ter graves inconvenientes para as sementeiras feitas tardiamente e

afecta consideravelmente as culturas do milho e feijão.

A humidade relativa média anual situa-se em torno dos 65%,podendo na época das chuvas

subir até 75-85%, reduzindo, no período seco, para valores próximo dos 30%.

1.3 Demografia

De acordo com as estimativas mais recentes, a província do Huambo conta com uma

população de cerca de 2,3 milhões de

habitantes e uma densidade populacional de,

aproximadamente, 64 habitantes por Km². De

entre os municípios mais populosos destacam-se

os do Huambo - com cerca de 2/5 da

população total da província e a mais elevada

densidade populacional do País, depois de

Luanda - Bailundo e Caála (ambos totalizando

cerca de 26% da população da província). Estes municípios, conjuntamente, conservam

quase 2/3 da população total.

Repartição da População do Huambo em 2004

MUNICÍPIOS

Superfície (Km²) População

(mil habitantes) Estrutura (%) Densidade (Hab/Km2)

Bailundo 7.035 277.386 12,1 39,4

Caála 3.677 222.645 9,7 60,6

Cachiungo 2.947 80.757 3,5 27,4

Chicala Cholo 4.380 175.712 7,6 40,1

Chinjenje 8.00 43.659 1,9 54,6

Ecunha 1.676 95.829 4,2 57,2

Huambo 2.609 962.115 41,8 368,8

Londuimba 2.697 137.855 6,0 51,1

Longonjo 2.915 121.277 5,3 41,6

Mungo 5.400 110.695 4,8 20,5

Ucuma 1.600 71.695 3,1 44,8

Total 35.736 2.299.625 100,0 64,4 Fonte: Governo da Província do Huambo, 2005 (Plano de Desenvolvimento da Província do Huambo 2006-2010)

Apesar de ter sido uma das mais sacrificadas durante o período do conflito armado, os

dados disponíveis para a população residente na província do Huambo, para o período de

1970 a 2004, evidenciam um esforço notável de fixação da população e, mais

recentemente, de reassentamento. Note-se, aliás, que a população residente na província

do Huambo registava, nos anos de 1990 e 2000, valores bastante aproximados, deixando

apenas variar a sua expressão relativa no quadro da população total do País.

Bailundo12%

Caála10%

Cachiungo3%

Chicala Cholo8%

Chinjenje2%Ecunha

4%

Huambo42%

Londuimba6%

Longonjo5%

Mungo5%

Ucuma3%

População Residente em 2004 (por Municipio)

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População Residente – 1970/2004 (em mil habitantes)

PROVÍNCIA ANOS

1970(1) % 1990(2) % 2000(2) % 2004(3) %

Huambo ANGOLA

806 5.588,0

14,4 100,

0

1454,60 9.570,0

15,2 100,0

1.431,50 11.339,0

10,9 100,0

2.299.625,00 …

… …

Fontes e Notas: (1) INE, Boletim Demográfico nº 4, Luanda, 1987; (2) Os efectivos provinciais constantes de diversas estimativas foram ajustados, proporcionalmente aos totais populacionais do País estimados pelo DIESA/UNDP. Essas estimativas provinciais foram obtidas dos Cadernos do PCR e do Relatório Nacional de Angola à Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, Joanesburgo, 2002. (3) Governo da Província do Huambo, 2005 (Plano de Desenvolvimento da Província do Huambo 2006-2010).

Em 2000, a população do Huambo representava cerca de 10% da população total do País

e, apesar de não se dispor de dados, da mesma fonte, que permitam constituir um

referencial comparativo para o período subsequente, os números da população residente

na província, para 2004, parecem indiciar

um crescimento absoluto e relativo

considerável.

A distribuição municipal da população

economicamente activa acompanha a

repartição da população total da província,

aparecendo os municípios de Caála, do

Huambo e do Bailundo com um índice de

concentração conjunto de 66%, o que

confirma as suas apetências para atrair

actividades económicas. No entanto, dum

ponto de vista de taxa de actividade – com um valor médio provincial de 53,8%, contra 49%

de média nacional – os municípios de Cachiungo, de Chinjenje e de Longonjo aparecem a

disputar, com os anteriores, as posições cimeiras quanto às potencialidades demográficas

para o desenvolvimento.

1.4 Educação

Os dados do sector da educação da província, apesar de não evidenciarem ainda uma

situação desejável, dão sinais de franca recuperação. Para estes resultados muito

contribuíram as acções de nível provincial, implementadas no quadro do Programa de

Melhoria e Aumento da Oferta dos Serviços Sociais Básicos às Populações, em curso nos

últimos anos.

População Estudantil por Município

A luz dos dados populacionais, as seguintes ilações poderão ser extraídas: Os municípios do Huambo, da Caála e do

Bailundo, são, pela sua dimensão populacional, os que se encontram melhor posicionados para acolherem a instalação de actividades económicas privadas e públicas.

Do ponto de vista da criação de pólos de desenvolvimento, irradiadores de efeitos e multiplicadores de rendimento, Huambo/Caála e Bailundo parecem ser aqueles que, à primeira vista, melhor se posicionam nesta estratégia de desenvolvimento territorial detendo um dos

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Ano Lectivo Variações

Município 2001 2002 2003 2004 2005 02/01 03/02 04/03 05/04

Huambo 85459 92307 123312 149435 130093 8,0 33,6 21,2 -12,9

Caála 31093 32001 59538 49305 69361 2,9 86,1 -17,2 40,7

Longonjo 4602 7150 12865 15848 21702 55,4 79,9 23,2 36,9

Ukuma 2636 4151 12293 12124 20221 57,5 196,1 -1,4 66,8

Tchindj. 2269 2725 15811 8821 16745 20,1 480,2 -44,2 89,5

Ekunha 9249 15862 41673 26251 33569 71,5 162,7 -37,0 27,9

Londuimb 11072 10677 25440 23628 20719 -3,6 138,3 -7,1 -12,3

Bailundo 15690 14474 41475 60186 60087 -7,8 186,5 45,1 -0,2

Mungo 17635 8737 11929 13218 15446 -52,5 42,5 10,8 16,9

Katchiungo 8749 11214 23977 70605 35358 28,2 113,8 194,5 -49,9

Tchi-Tcho 11460 7136 14715 19029 24898 -37,7 106,2 29,3 30,8

Total 199914 206070 383028 448451 448199 3,1 85,9 17,1 -0,1

Fonte: Governo da Província do Huambo, 2005 (Plano de Desenvolvimento da Província do Huambo 2006-2010)

Durante os últimos anos a população estudantil no geral cresceu consideravelmente,

aumentando em consequência a procura por serviços estudantis. O maior crescimento no

período em análise ocorreu no ano lectivo de 2003, isto é, no período imediatamente à

seguir ao término da guerra, com taxas de variação positiva da ordem dos 85%,

fundamentalmente pelo crescimento verificado nos municípios do Tchindjenje com 480 por

cento; Ukuma, 196%; Bailundo 186,5%; Ekunha 162,7%; Londiumbali 138% e Katchiungo

113,8%.

A par de uma declarada explosão da população estudantil, com quase com 450 mil

crianças inscritas, existe uma evidente dificuldade de albergar todas crianças em salas de

aulas – o rácio alunos/sala comportou-se de

forma volátil ao longo do período 2000-2005,

revelando, no final deste período, dificuldades

concretas em adequar o nível de oferta

educativa.

Por outro lado, o baixo nível de oferta de

empregos e as baixas remunerações não

proporcionam facilidade de acesso aos colégios

privados, que por sua vez têm pouca expressão

no mercado.

O sector da educação na província vive algumas dificuldades, designadamente: insuficiente

e débil rede escolar, falta de professores em qualidade e quantidade requeridas. A

qualidade do ensino também é influenciada pelos programas de formação, baixos salários e

condições de trabalho bastante precárias. A situação descrita concorre para um nº

133

172

135

212

385

290

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Evolução do Rácio Alunos/Sala

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considerável de alunos fora do sistema de ensino, altas taxas de abandono e relativamente

baixos níveis de aproveitamento escolar. Em conclusão, o sector da educação deverá ser

objecto de um tratamento compatível com as necessidades que uma vez satisfeitas,

proporcionarão resultados condicentes com os objectivos e metas fixadas em documentos

estratégicos e de longo prazo, como a Estratégia Integrada para a Melhoria do Sistema de

Educação 2001 – 2015 e Plano de Acção Nacional de Educação para Todos 2001 – 2015.

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1.5 Caracterização da Actividade Económica

1.5.1 Mercado de Emprego As taxas de desocupação da população economicamente activa são excessivamente altas

(média provincial de 43,8%) e denunciam situações de pouca intensidade de crescimento

económico, de elevado grau de ociosidade das capacidades produtivas instaladas e de

fraca mobilização para o desenvolvimento. Estas situações têm de ser revertidas e o papel

do Governo Provincial é, justamente, o de definir estratégias e políticas granjeadoras da

confiança local e suficientemente convincentes para que os instrumentos nacionais de

alocação de recursos, como o Programa de Investimentos Públicos, atribuam maiores fatias

de recursos financeiros para a constituição dos fundamentos económicos regionais.

As informações recolhidas junto dos centros de emprego da Província dão conta duma fraca

dinâmica do correspondente mercado provincial, traduzindo, afinal, a ainda incipiente fase

de reconstrução económica. Depois de 27 anos de conflito militar, os sinais emanados do

sector público, quanto ao seu compromisso com a mudança e o desenvolvimento, têm de

ser muito fortes para que se libertem as forças e energias que ficaram adormecidas durante

o tempo de inércia social.

Como era de esperar, as informações provenientes dos Centros de Emprego significam,

somente, uma aproximação ao comportamento do mercado de emprego. De qualquer

maneira, expressam uma situação de grande défice na capacidade económica provincial

de geração de emprego líquido, tão fundamental para a reversão da pobreza a longo

prazo. As colocações – que correspondem à capacidade real de absorção da economia

provincial – representam, apenas, uma pequena percentagem das necessidades de

emprego manifestadas pela população activa, conforme se pode avaliar pelas informações

do quadro seguinte.

Caracterização do Mercado de Emprego no Huambo

Procura de Emprego Oferta de Emprego Colocações

Município 2002 2003 2004 2002 2003 2004 2002 2003 2004

Huambo 10491 559 3366 490 105 89 487 105 87

Nacional 25602 23930 26832 7748 8606 9122 5978 8118 8150

Tx Crescimento Huambo

- -94,7 502,1 - -78,6 -15,2 - -78,4 -17,1

Tx. Crescimento Nacional

-6,5 12,1 11,1 6,0 35,8 0,4

Huambo/ Nacional (%)

41,0 2,3 12,5 6,3 1,2 1,0 8,1 1,3 1,1

Fonte: Governo da Província do Huambo, 2005 (Plano de Desenvolvimento da Província do Huambo 2006-2010)

Do ponto de vista das profissões existentes na Província, o quadro seguinte informa sobre a

situação provincial em 2004.

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Profissionais por Profissões e Empresários por Sectores de Actividade

Município Particula. Saúde Educação Outras Empr.agrí Empr.indu. Comerci. Empreit. Total

Bailundo 56 327 976 136 0 11 48 1 1555

Caala 131 241 1909 198 66 17 59 47 2668

Cachiungo - 152 588 185 0 4 18 - 947

Ch. Cholo 9 44 155 39 71 - 42 - 360

Chinjenje - 62 181 113 7 - 14 377

Ecunha - - - - - - - - 0

Huambo 3802 2005 2447 2073 408 71 261 18 11085

Londuimba 1 50 568 4 - - - - 623

Longonjo - 104 287 27 - 1 17 1 437

Mungo - - - - - - - - 0

Ucuma 324 18 82 29 7 6 190 28 684

Total 4323 3003 7193 2804 559 110 649 95 18736

Fonte: Governo da Província do Huambo, 2005 (Plano de Desenvolvimento da Província do Huambo 2006-2010)

Embora a colecta estatística anterior seja aproximativa, nota-se, porém, que, uma vez mais,

os municípios do Huambo, Caála e Bailundo concentram a maioria e o essencial das

profissões para o crescimento económico, o que constitui, indubitavelmente, uma vantagem

competitiva face às restantes aglomerações da Província.

 

1.5.2 Produto Interno Bruto e Estrutura Sectorial

O quadro macroeconómico do Huambo apresentou, em 2004, os contornos expressos no

quadro seguinte.

 

Quadro Macroeconómico da Província (2004) (PIB expresso em milhares de dólares correntes)

Sectores PIB p.m. Empreg

o Produtiv.

(USD/traba)

Estrutura do

PIB (%)

Tx. Desem- prego (%)

Empresas e

Estabelecim.

Empr./Estab.

Nacional

Agricultura, Silvicultura, Pescas

96.133,1 510.301 188,4 23,7 - 5 724

Indústria transformadora

45.896,6 1.730 26530,2 11,3 - 124 2.140

Energia e água 194,8 175 1113,6 0,0 - 1 40

Construção 22.204,5 768 28921,8 5,5 - 9 302

Serviços mercantis

107.675,0

6.209 17340,9 26,6 - 519 15.204

Serviços não mercantis

132.716,2

19.112 6944,1 32,8 - - -

Total 404.820,

1 538.295 752,0 100,0 56,5 658 18.140

PIB por habitante

176,0

Fonte: Governo da Província do Huambo, 2005 (Plano de Desenvolvimento da Província do Huambo 2006-2010)

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Os aspectos mais evidentes do quadro anterior são:

A Administração Provincial é o agente que maior valor acrescentado Bruto gerou em

2004, com cerca de 32,8% do PIB total;

O comércio, os transportes e o sector informal constituem a segunda maior actividade

económica da Província;

A agricultura é a terceira maior actividade, com 23,7% do valor acrescentado total;

O PIB total da Província representou apenas 2,2% do valor agregado nacional;

A taxa média de desemprego é muito alta, rondando os 57% da população

economicamente activa;

A produtividade média foi de 752 dólares por trabalhador activo, com valores sectoriais

muito diferenciados, com destaque para a agricultura, com apenas 188 dólares;

As cifras anteriores acabam por ser explicadas pelo número reduzido de empresas e

estabelecimentos que actuam na Província: 3,6% do total nacional.

1.5.3 Agricultura e Pecuária

A agricultura constitui a principal actividade económica das populações da província do

Huambo. Perante um reduzido nível de fertilidade dos solos e um contexto ecológico pouco

favorável, os camponeses desta província souberam tirar notável proveito do meio e das

diversas situações fisiográficas

que o mesmo lhe oferece. Assim

sendo, nas terras a maior altitude

- muito erocionadas e pouco

férteis – utiliza-se o “ongongo”

(lavra do alto). Nas terras a menor

altitude e no fundo dos vales -

com solos hidromórficos onde se

depositam detritos lavados –

utiliza-se a “onaka” (lavra da baixa). Na bordadura da baixa faz-se a “ombanda”, onde a

drenagem e o maneio da água se tornam mais fáceis.

Características Principais dos Quatro Tipos de Lavra dispostas ao longo da Catena

Tipo de Lavra Características Principais

Esquema de Aproveitamento da Catena no Huambo

 1

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1 Onaka (Lavra de Baixa)

Procura conservar ou drenar a humidade através do controle do lençol freático. É trabalhada, normalmente, a seguir às chuvas, para permitir a cultura de hortícolas, batata, e ainda de milho e feijão a partir de Julho ou Agosto, para que possam estar prontos para serem colhidos em Novembro ou Dezembro, quando as reservas da colheita principal (Abril/Maio) já começam a escassear e os preços no mercado atingem valores mais elevados.

2 Ombanda (Lavra da Bordadura)

Lavra instalada na bordadura da baixa, designada também por horta, onde se torna mais fácil o maneio e drenagem da água. Pode ser semeada com milho em Setembro para ser colhido em Janeiro/Fevereiro, mas a sua principal utilidade é para a cultura de batata e hortícolas (cebola, cenoura e repolho).

3 Ongongo em Ocumbo (Lavra da Encosta)

Lavra do alto, geralmente com solos pouco férteis e pobres em matéria orgânica. Designa-se por osende quando se trata de um campo em terras recém-desbravadas, e por epia ou ocipembe no caso de uma lavra já em cultivo há vários anos, e utiliza-se no primeiro caso, principalmente para batata e no segundo, para milho, feijão, trigo, ervilha, tremoço, amendoim e repolho, dependendo os resultados da época de sementeira que deve ser cuidadosamente escolhida.

4 Ongongo (Lavra do Alto)

Lavra de encosta ou do alto instalada junto às residências, onde é incorporada a matéria orgânica originada pela criação de animais, pelos dejectos humanos e por outros despojos da actividade doméstica. É utilizada para culturas arvenses alimentares como milho, feijão, massambala, amendoim, gergelim, abóbora, makunde, sempre em consociação, e para árvores de fruto (banana, abacate, goiaba, pêra, etc.).

A utilização de lavras diferenciadas prende-se com três ordens de razões: 1) em primeiro

lugar, a preocupação dos agricultores em tirarem partido dos diferentes níveis de fertilidade

das várias posições da catena, pois os terrenos de baixa e da sua bordadura acumulam

detritos lavados das encostas pelas fortes chuvas e por isso tentam aproveitá-los da melhor

forma que lhes é possível; 2) em segundo lugar, por motivos de segurança alimentar, pois,

tratando-se de uma agricultura de risco, exposta a várias contingências, os agricultores

procuram defender-se das calamidades naturais (excesso ou falta de chuvas, ocorrência de

pragas e doenças) diversificando o uso das parcelas no tempo e no espaço, para tentarem

garantir alimentos ao longo do ano; 3) em terceiro lugar, os agricultores procuram com esse

parcelamento gerir o calendário agrícola de forma a não terem excessivos picos de

trabalho, nem longos períodos ociosos. É ainda muito importante a exploração do terreno à

volta das residências (“ocumbo”), que apresenta um nível de fertilidade mais elevado devido

à acumulação de detritos orgânicos dos animais e resultantes da actividade humana, o

mesmo acontecendo com a “elunda” (outro tipo de lavra que se pode encontrar nas áreas

onde existiram aldeias que foram abandonadas, normalmente mais rica em matéria

orgânica)1.

                                                            1 Ocumbo e elunda não são mais do que ongongo modificados pela acção do homem, de que diferem por serem lavras ou parcelas de utilização permanente, principalmente a primeira, o que pode significar que, com fertilizações correctas, é possível melhorar a qualidade e produtividade de alguns dos solos do Planalto Central. Este é um caminho que a investigação deveria seguir para proporcionar respostas mais sustentadas e definitivas

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A província do Huambo e também

conhecida como “celeiro de

Angola”, uma expressão discutível

na medida em que do ponto de

vista agronómico, os solos do

Huambo não reúnem condições

ideais para o cultivo do milho, a

cultura predominante dos sistemas

de produção locais. O peso do

milho no contexto da agricultura do

Huambo reside no facto da

importância que esta cultura

representa para a segurança

alimentar das populações. A par do

milho, outras culturas

predominantes nos sistemas de

produção agrícola do Huambo são

o feijão, a batata-rena e as

hortícolas diversas, estas duas últimas destinadas, sobretudo, para a comercialização,

representando deste modo uma importante fonte de rendimento para as famílias

camponesas que as praticam.

As características agrícolas da província podem ser identificadas segundo as zonas

assinaladas no mapa.

I. Tradicionalmente considerada área de produção extensiva de cereais para

transacções. Meios de subsistência dependentes das migrações sazonais dos membros

activos do agregado familiar devido aos solos pobres e diminuta capacidade de

investimento no sistema agrícola.

II. Tradicionalmente solos mais ricos e abundância de recursos hídricos para sistemas de

irrigação em pequena escala e colheitas diversificadas, incluindo culturas de

rendimentos como batatas e trigo.

III. Tradicionalmente uma zona de produção de cereais.

IV. Tradicionalmente uma zona de produção extensiva de cereais para fins comerciais. Uso

importante da tracção animal.

V. Tradicionalmente uma zona de produção intensiva de cereais.

VI. Tradicional dependência da subsistência agrícola.

VII. Zona tradicional de transacção de mandioca.

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VIII. Tradicionalmente a área de influência da cidade do Huambo. Maior actividade

industrial e comercial.

O sistema de exploração agrícola assenta

essencialmente em regime de sequeiro,

pelo que o ciclo vegetativo das culturas

anuais coincide, em geral, com a

estação chuvosa. Contudo, é possível

recorrer ao regadio durante a época

seca quando se cultivam as “nacas”

sendo frequente a existência de

pequenos sistemas de regadio por

gravidade, utilizados principalmente para

o cultivo de hortícolas e batata-rena, com

maior expressão no município da Caála, em particular na comuna da Calenga.

O sector agrícola na província do Huambo mantém as suas características dualistas e

desenvolve-se a partir da intervenção dos sectores empresarial e familiar.

De acordo com o relatório anual da Direcção Provincial de Agricultura (DPA) de 2005 estima-

se que tenham sido utilizados em culturas temporárias, cerca de 654.928 ha, por um total de

436.619 famílias, ou seja aproximadamente 1,5 ha de terras cultivadas por família.

As principais culturas praticadas por este sector são o milho, o feijão manteiga, bata e

hortícolas. Das fruteiras destacam-se a importância crescente do abacate, da anona e, de

forma mais restrita do morango.

Relativamente às culturas destinadas essencialmente ao mercado, parece ter havido

algumas alterações significativas, a começar pelo café arábica, em vias de desaparecer

pelo efeito conjugado de dificuldades de o comercializar durante largos anos e da presença

da ferrugem alaranjada.

Outras culturas que estão a ganhar relevância são a soja, a mandioca, o amendoim, o

massango, a massambala e a cana do açúcar, muito referenciados, por exemplo, no

município da Ekunha.

O Governo central aprovou em 2004 o Programa de Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR)

que começou a ser implementado em Setembro de 2005 e nesta fase privilegiou o

fornecimento de imputes aos agricultores.

Financiado pelo Banco Mundial, está também em curso o Programa Geral de

Desmobilização e Reintegração de ex-Militares que visa principalmente o apoio à actividade

agrícola daqueles que se instalaram nas áreas rurais.

MilhoFeijão

SésamoAmendoim

SorgoBatata

Mandioca

Cana-de-AçucarBananaBatata

Produtos Hortícolas (abóbora, tomate,

pimenta verde, couves, pimenta vermelha, etc.,)

MilhoFeijão

SésamoAmendoim

SorgoBatata

Mandioca

Setembro > Janeiro

Janeiro > Abril

Maio > Setembro

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O programa abrange actualmente mais de 10 mil ex-militares, que recebem imputes

agrícolas (sementes, instrumentos de trabalho e algumas charruas e juntas de bois de

tracção).

Outro projecto em curso é o da multiplicação de sementes onde estão envolvidos o IDA, a

IIA e a Faculdade de Ciências Agrárias, com apoio do Banco Mundial, World Vision e USAID.

Num levantamento realizado em 2005 pelo Banco Mundial, constatava-se que a província

do Huambo era a que beneficiava de maior volume de financiamentos externos para

agricultura e desenvolvimento rural, com um valor de USD 31,929 milhões, sem contar com o

Governo angolano, e que se estendiam aos domínos da segurança alimentar, infra

estruturas, reintegração de deslocados e desmobilizados, multiplicação de sementes e

tracção animal. A maior parte desses projectos terminaram em fins de 2005, mas alguns

deles prolongaram a sua execução para o ano de 2006.

Quanto ao sector empresarial, até ao ano agrícola 2004/05 estavam registadas na DPA 359

explorações do tipo empresarial que detinham uma área total de 2.571,8 ha. Durante o ano

de 2005 foram registados 37 agricultores que detêm uma área de 8.776 hectares. No

Bailundo e Londuimbale foram feitos 850 hectares de multiplicação de sementes. A cultura

da soja foi praticada por 22 empresários dentro de um programa incentivado pelo Governo,

que peca pelo irrealismo dos preços de venda preconizados (1 USD/Kg). Os resultados da sua

produção não são visíveis a nível do mercado, apesar de terem sido contemplados com

cerca de um terço dos fertilizantes distribuídos na campanha de 05/06.

Os empresários privados encontram-se associados numa Câmara de Agricultores e

Criadores. Da actividade desenvolvida por este sector merece referência a sua participação

no programa de multiplicação de sementes e lançamento da cultura de soja. Através da

Câmara apresentaram um ambicioso projecto de relançamento da produção de leite.

A província tem um potencial para a criação de bovinos, caprinos, ovinos, suínos e aves

havendo a registar a utilização dos bovinos como animais de tracção da charrua e para o

transporte.

A Direcção Provincial da Agricultura, num relatório sobre a campanha agrícola de 2004/2005,

menciona a existência de aproximadamente 52.000 bovinos, 21.600 caprinos e 10.000

suínos, o que representaria, em comparação com os anos 69 e 70, 50% dos bovinos, 23%

dos caprinos e 5% dos suínos existentes nesses períodos no Huambo. É de mencionar que a

quantidade de terra lavrada através da tracção animal na Província poderia sugerir que a

população bovina tem vindo a crescer bastante desde a grande destruição causada pela

guerra.

Porém, a verdade é que o gado bovino no Huambo reduziu substancialmente nos últimos

anos, estando os camponeses desprovidos deste importante recurso cuja utilização para

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tracção é de longa tradição para as populações rurais da região tanto para a lavoura como

para o transporte.

Um número de projectos referem, precisamente, a necessidade de animais para tracção e

produzir estrume para melhorar a produtividade. A ONG Solidarites reintroduziu no Município

do Mungo (Huambo) um total de 144 bois e 71 charruas distribuídos pelas associações de

agricultores. Cada associação recebeu 6 bois e 3 charruas (excepto as associações mais

antigas que beneficiaram de 4 bois e 2 charruas). Este projecto de reintrodução da tracção

animal revelou-se como um autêntico sucesso. De facto, correspondeu às necessidades

desta antiga área agrícola. Como a população não perdeu as técnicas de reprodução, o

gado e o material permitirão aumentar rapidamente a área cultivada apesar de terem sido

organizadas acções de formação quinta a quinta para que os mais novos estejam a par das

técnicas de lavoura.

1.5.4 Indústria

O processo de industrialização em Angola no tempo colonial, desenvolvido sem um

planeamento inter-territorial (que só mereceu atenção no IV Plano de Fomento 1974/79),

determinou um rápido desenvolvimento de alguns centros urbanos industriais, entre os quais

o do Huambo.

Em 1974, o Huambo era considerado o 3º centro transformador de Angola, e possuía um

parque industrial conformado por um número considerável de indústrias transformadoras de

ramos de actividade diversos.

A partir da data da Independência, a indústria transformadora do Huambo começou a

registar um comportamento irregular, entrando em crise depois de 1981.

No ano referido (1981), as estatísticas do Ministério da Indústria revelam um decréscimo

acentuado das produções em todos os ramos (alimentar, ligeiro e pesado), e uma

considerável restrição no número de empresas, em termos de planificação da produção.

O sector industrial da Província continuou a retroceder até 1992, em consequência de uma

rede comercial precária, sobredimensionamento do sector estatal, má gestão, dificuldades

nos fornecimentos de água e energia, ausência de investimentos, falta de manutenção da

capacidade instalada e ruptura no abastecimento de matéria-prima.

A guerra, reiniciada em finais de 1992, lesou profundamente o parque industrial da Província.

A partir daí, o que restou do sector passou a registar desempenhos sem expressão,

paralisações frequentes ou permanentes e a debater-se com uma escassez tremenda de

recursos financeiros e materiais.

Um relatório de 1999, da Delegação Provincial do Ministério da Indústria, dá conta de uma

escassa produção das indústrias da alimentação, reduzida à moagem de milho e à

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panificação, por falta de matéria-prima; uma baixa produção de bebidas (refrigerantes);

uma indústria ligeira a funcionar de uma forma extremamente débil, produzindo, apenas, um

número insignificante de confecções (batas escolares e de serviço, fatos de macaco, panos

comuns e fatos e camisas de serviço) e de calçado e de artigos domésticos de plástico; e

de uma indústria pesada contando somente com 2 unidades do sub-ramo metalo-

mecânico, a laborar em regime de prestação de serviços e paralisadas frequente e

prolongadamente por falta de matéria-prima.

Em consequência da guerra prolongada, que afectou de modo particular a região Centro

Sul de Angola, o parque industrial da província do Huambo sofreu uma destruição profunda,

pouco restando das estruturas herdadas do período colonial.

Alguns anos mais tarde, em 2005, o parque industrial de Angola verificou um

desenvolvimento significativo e, apesar, de incluir, ainda, um número considerável de

unidades de produção paralisadas, mais do seu dobro estão operacionais. Entre estas, as

unidades de produção do ramo alimentar são as mais presentes.

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Estado do Parque Industrial (2005)

Estado das Unidades de Produção

Ramo Alimentar Ramo Ligeiro Ramo Pesado Total

Município Huambo

Outros Município

s

Município Huambo

Outros Município

s

Município Huambo

Outros Município

s

Funcionais 44 35 58 7 29 - 173

Paralisadas 61 12 6 - 1 - 80

Total 105 47 64 7 30 - 253

Fonte: Governo da Província do Huambo, 2005 (Plano de Desenvolvimento da Província do Huambo 2006-2010)

O quadro que segue mostra a evolução do emprego industrial no município sede, utilizando-

se como indicador o pessoal empregue nos diferentes ramos da actividade transformadora.

Evolução do Emprego Industrial (2000-2005)

Indústrias e Produtos Pessoal (Nº)

2000 2001 2002 2003 2004

Indústria da Alimentação Moagem de farinha de milho Padaria, Pastelaria, Doçaria Gelados Alimentos para animais

214 560

- -

214 560

- -

214 560

- -

203 630

3 -

203 630 4 5

Indústria das Bebidas Refrigerantes Engarrafamento de águas Bebidas espirituosas

51 … 30

51 … 30

51 … 30

43 … 54

43 … 54

Indústria do Vestuário 72 77 77 70 32

Indústrias da Madeira Serração e trab. mecânico da madeira Fabricação de mobiliário de madeira Indústrias de Artes Gráficas e Publicações Artigos gráficos

… 143

… 144

… 199

… 147

… 354

Indústrias de Produtos Minerais não Metálicos e Rochas Industriais de Blocos de cimento de Lajes de mármore Indústria de Produtos Metálicos de Mobiliário Metálico de Louça Metálica Indústria de Produtos Químicos de Fabrico de tintas

- -

68 14 5

- -

68 14 - -

22 -

68 14 - -

- -

63 14 - -

-

17

55 14 - -

Indústria de Produtos Químicos Industriais de Gás comprimido Fabricação de Motociclos e

Bicicletas de bicicletas de motorizadas

8 - -

8 - -

8 - -

8 -

28

8 -

18 Fonte: Governo da Província do Huambo, 2005 (Plano de Desenvolvimento da Província do Huambo 2006-2010)

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No que respeita à situação de zonas industriais da cidade do Huambo, na de São Pedro

apenas restam alguns edifícios fabris, e, mesmo esses, revelam um estado avançado de

degradação. Na zona industrial da Chiva, só funcionam as fábricas Ulisses, SEFA, Kanine,

Cohuambo e Moval, encontrando-se paralisadas, e/ou destruídas, unidades de dimensão e

importância relevantes, como a CUCA (fábrica de cerveja), Matadouro industrial, Cooper

(formulação e embalagem de pesticidas), e antiga Moagem Venâncio Guimarães. Na zona

de S. João, apenas se mantém em laboração uma unidade de produção de plásticos, e,

em estado de funcionamento, mas paralisada, uma pequena unidade de preparação e

embalagem de tintas, que não consegue, contudo, competir com as tintas produzidas fora

da Província e/ou importadas do estrangeiro.

Indicam-se, de seguida, os investimentos significativos em curso, relativamente a

empreendimentos da iniciativa privada:

1 Unidade de tratamento mecânico da madeira

1 Fábrica para a produção de ração animal

1 Cerâmica de barro vermelho

1 Unidade de engarrafamento de água mineral natural (Águas do Hama)

1 Estabelecimento para a fabricação de perfumes e cosméticos

1 Unidade para a serragem, corte e acabamento da pedra, visando a exploração de

granito, sobretudo.

1.5.5 Comércio e Serviços

Os circuitos mercantis coloniais dissolveram-se após a independência, e, embora a nível dos

principais centros populacionais se tivesse então estruturado um novo aparelho de

comercialização para satisfação das necessidades das comunidades urbanizadas, no meio

rural o comércio passou a ter carácter intermitente. As vias de comunicação degradaram-se

drasticamente, a transportação tornou-se deficiente e onerosa, as viagens passaram a

oferecer perigos e o camponês deixou de ter possibilidades de comprar os bens na altura da

sua precisão e de vender as suas produções.

Hoje observa-se uma certa reposição dos circuitos comerciais, mas é frequente reclamar-se

a necessidade de clarificação do circuito importador > grossista > retalhista > consumidor.

A informação reunida no quadro que segue permite introduzir alguns dados de

caracterização actual do sector do comércio na Província.

Rede Comercial Licenciada (até Dezembro 2005)

Município Tipo de Comércio

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Misto Grosso Retalho Prestação Serviços Precário

Bailundo 4 1 11 - 12

Caala 19 4 37 - 6

Cachiungo 2 - 7 - 2

Ch. Cholo 6 - 9 - 1

Chinjenje 323 124 272 - 117

Ecunha 7 1 4 - 4

Huambo 3 1 14 63 9

Londuimba 3 1 2 - 1

Longonjo 7 - 11 - 1

Mungo 1 - 10 - -

Ucuma 2 1 8 - -

Total 377 133 385 63 153

Fonte: Governo da Província do Huambo, 2005 (Plano de Desenvolvimento da Província do Huambo 2006-2010)

Dos dados apresentados no quadro anterior torna-se gritante a grande concentração das

actividades comerciais (licenciadas) no município do Huambo. Esta evidência é reforçada

pelo número de estabelecimentos (licenciados) por Km², que em 2005 registava um valor de

0,03.

Consciente da necessidade de repor as infra-estruturas e

circuitos comerciais, desde 2006, o Governo Central tem em

curso o PRESILD (Programa de Reestruturação do Sistema de

Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População),

programa este que visa reestruturar o sistema logístico e de distribuição de produtos

essenciais, garantindo o abastecimento regular destes produtos às populações a preços

justos e com níveis de qualidade adequados.

O Programa foi subdividido em Subprogramas, e por sua vez foram divididos em Projectos,

nomeadamente:

Subprograma: Mercado Grossista - Construção de 9 Centros Logísticos de Distribuição e

1 Mercado Abastecedor em todo Território Nacional.

Subprograma: Urbanismo comercial - Criação de 20 zonas comerciais urbanas e

reabilitação de infra-estruturas de base nas zonas comerciais já existentes

Subprograma: Mercado Retalhista - Reabilitação e Construção de Mercados

Municipais,

Rede Estabelecimentos de Pequeno Retalho (Poupa-Lá) e Rede de Supermercados

(Nosso Super).

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Na verdade, o PRESILD configurou uma resposta de Estado à cartelização dos circuitos de

distribuição de produtos de consumo, controlados por um reduzido número de operadores

estrangeiros há muito estabelecidos no país. O PRESILD mitigou o controlo que, contudo,

ainda é exercido por estes operadores privados sobre os circuitos de distribuição de produtos

de consumo.

Para além de criar bases para um comércio mais moderno e organizado, o PRESILD tem

também por objectivo central, o aumento da participação da produção interna na estrutura

de consumo final. Até ao momento, o PRESILD implementou um total de 48 estruturas,

repartidas pelos diversos subprogramas, estando presente em todas as províncias de Angola.

Encontram-se em desenvolvimento 65 estruturas adicionais, contemplando o plano de

investimentos em vigor até 2012 a construção de 285 novas infraestruturas comerciais. O

investimento realizado até ao momento é de aproximadamente 600 milhões de USD e

permitiu atingir alguns resultados relevantes:

Disponibilização de bens essenciais a um custo, em média, 27% inferior ao verificado

noutros espaços comerciais;

98% dos consumidores conhece a rede “Nosso Super”, sendo os níveis de satisfação dos

clientes superiores a 90%;

Criação de mais de 2.000 postos de trabalho permanentes, formalização de um milhar

de comerciantes e formação de mais de 3.000 agentes.

O contexto de crise internacional que marcou os anos de 2008 e 2009 teve consequências

dramáticas na linha de actuação prevista pelo PRESILD, no horizonte 2012:

Mercados Grossistas – fasear a construção dos dois Centros de Logística e Distribuição

(CLODs) já em implementação (Luanda e Huambo), construindo apenas as estruturas

essenciais e suspender a construção dos restantes 7 CLODs e do Mercado

Abastecedor.

Rede Integrada de Logística e Distribuição – manter o desenvolvimento dos 6

Entrepostos já definidos, integrando as restantes estruturas logísticas (como os centros de

distribuição do “Nosso Super”) e assegurando a eficiência no investimento, através do

aproveitamento de recursos e equipamentos logísticos do Estado e da implementação

de mecanismos de minimização dos custos de construção.

Mercados Municipais – reduzir o número de mercados municipais de 163 para 30 (dos

quais um na Baixa do Huambo e outro no municípios de Quissala, já reabilitados e

inaugurados), limitando a sua implementação às capitais provinciais e às cidades mais

populosas e, paralelamente, aumentar a eficiência do investimento do PRESILD, através

da partilha de custos com os Governos Provinciais.

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Redes de Retalho – fomentar o desenvolvimento de 1.000 lojas de proximidade até

2012, acelerando a participação dos privados no desenvolvimento da rede “Poupa Lá”

(através da dinamização de um modelo de expansão por franchising ou franquia). No

que respeita à rede “Nosso Super”, prevê-se a manutenção da sua dimensão actual,

empreendendo-se um esforço de turnaround operacional, com vista a atingir o

equilíbrio de exploração. Esta opção é fundamentada pela necessidade de manter

uma forte prioridade no subprograma das redes de retalho, por ser essencial ao

cumprimento dos objectivos de base do PRESILD, verificando-se uma maior eficiência

das lojas de proximidade (Rede “Poupa Lá”) face ao formato supermercado (maior

geração de receita por unidade de capital investido) e um menor investimento por

unidade.

Desenvolvimento da Produção Interna – reforçar a ambição do programa,

aumentando o objectivo de certificação para 300 produtores (180 era o objectivo

inicial) e garantir o escoamento dos produtos, explorando ao máximo as sinergias com

as estruturas da Rede Integrada de Logística e Distribuição.

Urbanismo Comercial – finalizar o centro de serviços e comércio actualmente em

construção em colaboração com o Governo Provincial de Luanda (“Nosso Centro do

Gamek”) e suspender as restantes estruturas ainda por iniciar, na medida em que esta

iniciativa não se considera essencial aos objectivos primários do PRESILD num contexto

de reprogramação de investimentos.

Esta reestruturação traduz-se numa redução do investimento total previsto em cerca de 60%

(de um total de 3.840 milhões de USD para 1.524 milhões de USD), representando o

investimento por realizar até 2021, 915 milhões de USD. A este montante deverá acrescer a

constituição de um fundo de financiamento para o desenvolvimento de lojas de

proximidade pelos empresários franqueados, os investimentos associados ao projecto “Nossa

Casa”, bem como os custos de operação do

PRESILD.

No que diz respeito, especificamente, á

presença do PRESILD na província do

Huambo, a situação é a seguinte:

Existe um supermercado “Nosso Super”

na estrada da Caála-Huambo;

Dois mercados municipais reabilitados, o

Mercado Municipal da Baixa do Huambo

e o Mercado Municipal da Quissala.

Existe uma loja da rede comercial de

pequena dimensão “Poupa Lá”.

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1.5.6 Infra-estruturas de Apoio à Actividade Económica

No que concerne a energia eléctrica a província dispõe de vastos recursos de combustível

lenhoso bem como de possibilidades no domínio das fontes renováveis onde a energia solar

assume preponderância.

A energia eléctrica no Huambo, de acordo com a configuração do sistema de produção de

energia no país, depende da produção do sistema centro, baseado no aproveitamento

hidroeléctrico do rio Catumbela, que garante concomitantemente energia eléctrica às

províncias de Benguela e Bié.

Contudo, o facto de o sistema de produção e de transportação de energia do sistema

centro ter sido destruído, obrigou ao desenvolvimento de um sistema próprio, cuja gestão

constitui responsabilidade da Empresa Nacional de Electricidade (ENE). Para além da energia

produzida pela ENE, importa destacar o consumo de energia, cuja produção é assegurada

pela autogeração através de pequenas unidades de produção a gasóleo.

Como resultado da destruição das principais infra-estruturas, principalmente de barragens

hidroeléctricas e captação de

águas, a Província viu-se

desprovida da fonte energética

do Lumaum-I. A alternativa foi o

recurso às centrais térmicas e à

conversão da albufeira do

N’Gove, no rio Cunene (município

da Caala), para a produção de

energia eléctrica.

A província tem uma capacidade

energética instalada de 21,927 Kw

dos quais estão disponíveis 18,927

Kw. Na cidade do Huambo há

10,800 Kw instalados com 7,500 Kw disponíveis, dos quais acima de 50% são distribuídos à

população.

Uma Central Hidroeléctrica do Cuando, que pertence ao CFB. Está parcialmente reabilitada

e de momento alimenta o sistema de captação e tratamento de água e as

instalações/oficinas do CFB. A potência fornecida é de 1,570 KVAs. A província tem também

uma Central a gás na cidade do Huambo, cuja capacidade instalada é de 10 Megawatts

O sistema de produção de energia conta ainda com 6 grupos geradores no município sede

e 1 grupo em cada sede de município, estando todos a funcionar.. Há também grupos

Barragem do N’Gove (município da Caala)

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geradores nas comunas de Calima, Chipipa (Huambo), Alto Hama (Lunduimbali), Lépi

(Longonjo) e Sambo (Tchicala Tcholoanga).

A capacidade disponível de energia está

muito aquém das necessidades do sector.

De toda a maneira e face ao conjunto de

intervenções que têm tido lugar quer nas

fontes de energia hídrica como nas térmicas

o comportamento da produção de energia

tem vindo a aumentar consideravelmente -

tendo crescido em média durante o período

de 2000-2004, em cerca de 19 por cento.

Tal como constatado em relação ao sistema

de energia eléctrica, o sistema de

abastecimento de água, também foi sujeito

às acções armadas com todas as

consequências daí decorrentes no que

concerne a disponibilidade da infra-estrutura

e a qualidade dos serviços requeridos. Esta

situação tem afectado negativamente o

estado de saúde da população, e inclusivamente tem constituído um dos factores que

configura a situação epidemiológica da província, onde as doenças diarreicas agudas

contribuem para as taxas de mortalidade infantil e infanto-juvenil da província.

O actual estado do sistema de abastecimento de água resulta do efeito directo da guerra

que provocou a destruição da infra-estrutura e indirectamente pelo facto de ter provocado o

processo de deslocamento da população no sentido da busca de melhores condições de

segurança e em consequência provocou o abandono, por um lado e, a sobrecarga, por

outro, de muitos sistemas e fontes de abastecimento de água.

Desde 1995 o sistema de produção de água tem sido objecto de reabilitação das centrais

de captação de água na cidade do Huambo (central velha e central nova). Em termos de

melhoramento da rede de distribuição urbana, foram instalados contadores para 4300

consumidores, o que corresponde a uma cobertura parcial de 45% da cidade. Procedeu-se

também à reabilitação dos sistemas de captação dos municípios da Caála e Bailundo e das

comunas da Chipipa e Calima na sede do Huambo.

Actualmente funcionam os sistemas de captação e distribuição nas localidades

beneficiadas, designadamente: da sede municipal da Caála, Longonjo, Ukuma e Bailundo.

Contudo, os problemas concernentes ao sistema primário, particularmente na captação e

tratamento, elevação e distribuição.

Em matéria de energia eléctrica, constitui responsabilidade do Ministério da Energia e Águas a definição de políticas, supervisionando as actividades de produção, transportação, distribuição e utilização de energia. Por seu lado, a Direcção Nacional de Electricidade (DNE) assessora o Ministro em matéria de electricidade apoiando-o na definição das políticas. A DNA, dispõe de direcções ao nível provincial que superintende a actividade no domínio da electricidade a nível da provincial, incluindo na província do Huambo. Ao sector privado está reservado espaço de intervenção, em consonância com a legislação vigente, como a Lei de Delimitação dos Sectores de Actividade Económica, que especifica no seu Artº 13ºque a produção, transportação e distribuição de energia eléctrica para consumo público são áreas de reserva relativa, o que pressupõe que empresas e outro tipo de entidades podem participar da actividade através de concessões.

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Devido a inoperacionalidade e/ou funcionamento parcial de alguns dos sistemas existentes,

parte da água que se consome na província, incluindo no município sede é proveniente de

pontos de água e cacimbas. A Direcção Provincial de Águas tem planeado um

levantamento e análise da qualidade da água dessas cacimbas.

Nos municípios e comunas existem cerca de 600 pontos de água que servem de fonte de

abastecimento as populações. Cada ponto de água abastece em média 500 pessoas e

tem uma capacidade mínima de 20 litros por pessoa/dia. A população está sendo

directamente envolvida na manutenção e protecção dos pontos de água através de grupos

de água e saneamento (Gas).

Um dos grandes constrangimentos é a fraca capacidade de alimentação das fontes de

energia para suportar as estações de captação e tratamento de água. Presentemente parte

da energia da central hidroeléctrica do Cuando destina-se alimentar o sistema de captação

da cidade do Huambo, sem possibilidade de se aumentar essa capacidade de momento.

Muito embora o sistema de água da província tenha sido objecto de intervenções públicas

nos últimos anos, os impactos daí decorrentes expressam-se através de crescimentos na

distribuição em média de 2,8 por cento, contra um crescimento médio no consumo de 1,6

por cento. O grande problema persiste nas perdas em consequência da província cobrar

em média somente 2,6 da quantidade distribuída, embora se tenha procedido a instalação

de instrumentos de medição do consumo com novos contadores.

As intervenções públicas ocorridas no domínio das águas durante 2005 providenciaram

benefícios directos a 93.500 habitantes.

De toda a maneira o sector tal como no país em geral, na província do Huambo, o sector

experimenta dificuldades relacionadas com a falta de quadros com a qualidade requerida.

Tendo em conta, a magnitude de recursos necessários para garantir água potável e

saneamento básico a considerável parte da população, por um lado e, por outro, a

indisponibilidade dos requeridos recursos financeiros, a alternativa é o recurso as parcerias

público-privada, como fonte de mobilização de recursos financeiras e know-how.

Para o efeito, o sector das águas está sendo objecto de reformas profundas, cuja

inauguração foi assinalada com a aprovação da Lei de Água, com a qual se espera que se

venha a definir as regras e procedimentos a observar pelo sector privado com vista a

propiciar sua participação no desenvolvimento do sector com a publicação da requerida

regulamentação.

Ainda na senda das reformas, o Ministério, através da Direcção Nacional das Águas,

preparou a Estratégia de Desenvolvimento do Sector das Águas e Saneamento, bastante

abrangente que cobre para além da gestão dos recursos de água e o fornecimento de

água potável, o saneamento à população.

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O estado das pistas da rede de aeroportos e aeródromos, traduzem que a província está

relativamente bem servida em virtude de cerca 60 por cento das mesmas se encontrarem

em situação de boa operacionalidade. Os aeroportos e aeródromos em geral necessitam

de intervenções, mesmos os que as pistas encontram-se em situação operacional, no

sentido e proporcionar melhores condições de segurança.

 

Pistas de Aterragem 

Município Tipo de Pavimento Estado Físico

Sede Asfalto Operacional

Bailundo Asfalto Operacional 

Ch. Cholo Laterite/Compactada Inoperacional 

Cachiungo Terra Batida Operacional 

Chinhama Terra Batida  Operacional 

Londuimbali Terra Batida  Operacional 

Ussoque Laterite/Compactada Inoperacional 

Kumbira Terra Batida  Inoperacional 

Galanga Terra Batida  Operacional 

Longonjo Terra Batida  Inoperacional 

Chilata Laterite/Compactada Operacional 

Tchidjendje Terra Batida  Operacional 

Ukuma Terra Batida  Inoperacional 

Caala Asfalto  Operacional 

Mungo Terra Batida  Operacional Fonte: Direcção Provincial dos Transportes, Correios e Telecomunicações (in Governo da Província do Huambo, 2005 (Plano de Desenvolvimento da Província do Huambo 2006-2010)

A construção dos aeroportos e aeródromos do Huambo datam da década de sessenta e

decorreram das necessidades de tráfego de então e em consonância com o nível

tecnológico de então, quando predominavam aviões lentos e de tamanho médio. Desde a

independência, o rápido e o permanente crescimento da procura de transporte aéreo,

ditada particularmente pelas necessidades impostas pela guerra, as infra-estruturas

aeroportuárias da província não foram objecto dos investimentos requeridos no sentido de

garantir a manutenção e conservação necessárias, inclusive a modernização exigida. As

pistas dos aeroportos e aeródromos são bastante curtas e por conseguinte limitam

consideravelmente a utilização de aeronaves de grande porte e modernos.

Contudo, experiências similares apontam possibilidades de diminuição do tráfego interno em

consequência da melhoria e aumento da oferta de serviços a prestar e prestados pelos

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modos de transporte rodoviário e ferroviário, aliás o que efectivamente vem ocorrendo,

traduzido no encerramento de algumas companhias de transporte aéreo.

Devido a situação de insegurança que caracterizava o período de guerra, que impunha que

a transportação de passageiros e bens de primeira necessidade e não só, fosse efectivada

por via aérea não acessíveis por via terrestre. Esta situação em tempo de paz torna as

previsões de tráfego bastante imprevisível, estimulando que a reabilitação das infra-estruturas

de tráfego de superfície ofereçam condições de exploração dos respectivos modos de

transportação ocorra de maneira economicamente menos onerosa.

As consequências dos anos de conflito, independentemente dos esforços que têm sido

desenvolvidos, tornaram as infra-estruturas, particularmente as instalações e gestão dos

aeroportos e aeródromos inadequados e fracos, exigindo, por conseguinte bastantes

recursos financeiros para melhorar e modernizar este tipo de infra-estruturas com o propósito

de emprestar ao desenvolvimento da província a contribuição esperada.

Contudo, a problemática do desenvolvimento das infra-estruturas ferroviárias não está

somente ligado ao aspecto físico, mas também e particularmente está também

dependente da disponibilidade dos recursos humanos qualitativamente requeridos e

indispensáveis para proceder a gestão em condições modernas das infra-estruturas.

No que concerne as estradas, o Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA), tem a

responsabilidade de gestão das estradas nacionais., neste sentido a sua responsabilidade se

circunscrevia no planeamento e gestão da rede primária de estradas, bem como a gestão

do Fundo Rodoviário. Contudo, o Fundo Rodoviário que tinha como finalidade, financiar a

construção, reabilitação e manutenção de estradas, pontes, não está operacional, e por

conseguinte não cumpre com a sua função e as estradas e pontes, particularmente por

força da acção destruidora da guerra, bem como pela falta dos recursos em magnitude

requerida.

Por seu lado o financiamento das estradas provinciais é da responsabilidade dos Governos

Provinciais, sob supervisão técnica do Instituto Nacional de Estradas de Angola, assim como a

contratação dos serviços.

Actualmente, o estado das estradas, cuja utilização é ainda de certa maneira onerosa, face

ao estado de transitabilidade, bem como a quantidade de carga gerada para a sua

transportação constrange o aumento do tráfego e por esta razão a procura por transporte

rodoviário ainda encontra-se reprimida. Porém, a dinâmica que a produção agrícola vier a

assumir, poderá potencialmente determinar a magnitude de tráfego e por conseguinte das

necessidades reais de reabilitação das estradas.

Independentemente, do que está a ocorrer em matéria de tráfego, o Governo tem vindo a

implementar um programa de reabilitação de estradas e reposição das pontes com o

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propósito de repor a sua capacidade de operacionalidade. Uma vez alcançado este

desiderato, os efeitos induzidos quer para a actividade económica do país em geral, como

da província em particular quer para a situação social serão uma realidade.

Por esta razão, as estradas principais que proporcionam as ligações inter-provinciais, como é

o caso das estradas Huambo/Alto Hama; Alto Hama/Waco Kungo; Canata/Chianga e

Caála/Longonjo, têm sido objecto de intervenções de terraplanagem sob a responsabilidade

do Instituto Nacional de Estradas de Angola. A província com o objectivo de redinamizar o

processo de reabilitação de estradas, particularmente as secundárias e terceárias, constituiu

em 2004 a Comissão Provincial de Emergência para as Intervenções nas Infra-estruturas

Rodoviárias (COPEIR), que por sua vez constituiu três brigadas, sendo que, a 1ª, designada

por Joaquim Kapango composta com equipamentos e pessoal do INEA era responsável

pela manutenção das estradas principais, a 2ª, designada Mariano Mangonga, cuja

responsabilidade se circunscrevia na reparação e manutenção das estradas asfaltadas da

cidade do Huambo e uma 3ª brigada que tem como função a reparação as estradas

secundárias e terciárias.

No que concerne aos edifícios públicos a província nos últimos anos tem vindo a desenvolver

esforços bastante consideráveis no sentido de repor a capacidade requerida quer a nível da

província no geral quer a nível dos municípios em particular da requerida rede de escolas,

unidades sanitárias e edifícios públicos.

Concomitantemente e no estrito reconhecimento da importância que assume o sistema de

saneamento básico na melhoria das condições de vida da população, o Governo provincial

tem vindo a proceder a intervenções na desobstrução das sarjetas com vista a repor a sua

operacionalidade e por via disso garantir um melhor saneamento básico.

A actividade no domínio das obras públicas tem vindo a ser testemunhada pela reactivação

da actividade privada de construção civil, através da solicitação e concessão de licenças

de construção.

Embora tímido o sector privado na província a partir de 2004 começou a manifestar um

certo dinamismo, face ao comportamento do mercado de construção civil. É evidente que

comparado o nº de licenças de construção com o nº de intervenções públicas deduz-se

claramente que considerável parte das obras realizadas e a realizar sob subordinação do

Governo não estão incluídas e por conseguinte não contabilizadas. De toda a maneira se ao

nº intervenções públicas acrescermos as registadas no quadro acima pode concluir-se que

o mercado que o mercado da construção vem conhecendo um certo dinamismo que

potencialmente tem impacte nas condições de vi das populações por via da concessão de

emprego e em consequência o consumo tende a aumentar.

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1.5.7 Turismo

Nunca se registou especificamente uma actividade turística no Huambo, durante o período

colonial, e todo o movimento de visitantes decorria de razões extra – turismo, com

excepções em número muito restrito.

No entanto, para responder às exigências de quem cada vez com mais frequência e em

maior número, se deslocava em trabalho ou em negócios ao Huambo, nos últimos anos da

administração portuguesa a província conheceu uma melhoria sensível das suas infra-

estruturas hoteleiras.

Vinte e sete dos estabelecimentos hoteleiros estavam concentrados na capital da província,

e os restantes encontravam-se distribuídos pelo Alto – Hama, Londuimbali, Mungo, Caala,

Tchicala – Tcholoanga e Bailundo.

Nos últimos anos do período colonial deu-se início à construção de um grande complexo

hoteleiro, em pleno centro da cidade do Huambo, que ficou e permanece por concluir.

Actualmente, procura-se recuperar as infra-estruturas hoteleiras, tão danificadas foram pela

guerra. Todavia, tem sido modesto o esforço realizado, e a capacidade de hospedagem

provincial mostra-se incapaz de satisfazer as necessidades de quem, em missão de trabalho,

se desloca ao Huambo, facto agravado pela fraca qualidade das instalações, serviços

deficientes e falta de preparação dos profissionais do ramo. Só existem 2 hotéis de

referência, e mesmo esses suscitam algumas reclamações.

O impacto da paz no sector hoteleiro tem significado uma quase duplicação da oferta,

tanto no que respeita a hotéis, como no que se refere a pensões e residenciais, e mais do

dobro do número de hóspedes neles registados.

As estruturas da Hotelaria e Turismo da Província integram uma rede de restaurantes,

discotecas e agências de viagem, cuja evolução tem sido significativa.

Numa apreciação rápida e mais ou menos conclusiva, pode-se afirmar que, entre 2000 e

2004, a restauração cresceu muito, mas sem qualidade.

O progresso verificado no sector nos últimos anos, ainda que modesto, dá para entender

que o sector de hotelaria e do restaurante encerra potencialidades de desenvolvimento,

podendo vir a ter reflexos positivos na economia da província, desde que se lhe dedique

uma atenção compatível com tal possibilidade.

Na vertente do turismo, a reposição de um fluxo regular, quer interno como externo,

depende da disponibilidade de infra-estruturas básicas necessárias para a valorização das

potencialidades turísticas (alojamentos e restaurantes compatíveis, e infra-estruturas de

transporte rodoviários, caminho de ferro e aéreas, abastecimentos de água e de energia,

formação profissional, preços, etc.)

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Contudo, importa que o Huambo comece desde já a pensar na valorização das suas

potencialidades turísticas, e, à partida, centrar alguma atenção nas possibilidades de

exploração das seguintes incidências:

Albufeira do Ngove (Município da Caála);

Albufeira do Kuando (Município do Huambo);

Complexo de Investigação Agronómica da Chianga (Município do Huambo);

Pedras Ganda- la Kawé (Município da Caála);

Complexo Pôr do Sol (Bairro da aviação Município sede);

Pedras Ndala Kandumbo (Município de Tchicala Tcholoanga);

Águas Termais do Hama (Município do Londuimbali);

Ilhas dos Amores (Município da Ekunha);

Morro do Moco (Município do Londuimbali);

Estação Piscícola do Sacaála (Município do Huambo);

Cidadela da Quissala (Município do Huambo);

Montanha de Halavala (Município do Bailundo).

1.6 Estrutura da Administração Provincial

A organização e funcionamento da administração local do Estado regem-se pelos princípios

da:

Desconcentração administrativa – processo administrativo através do qual a

Administração Central do Estado transferiu poderes para outro órgão da Administração

Local do Estado;

Legalidade – a obrigatoriedade dos órgãos da Administração Local do Estado

conformarem as suas actividades à Lei Constitucional e demais legislação em vigor;

Diferenciação – a organização e o funcionamento dos órgãos da administração local

do Estado podem estar sujeitos a modelos diferenciados, de acordo com a

especificidade do desenvolvimento político, económico, social, cultural e demográfico

das circunscrições territoriais, sem prejuízo da unidade da acção governativa e da boa

administração;

Transferência de Recursos - o processo que assegura que a desconcentração seja

acompanhada da correspondente transferência dos meios humanos, recursos

financeiros e de património adequado ao desempenho da função desconcentrada;�

Transitoriedade - implica que a institucionalização das autarquias locais obedeça ao

princípio do gradualismo da oportunidade de alargamento das atribuições,

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doseamento da tutela de mérito e a correspondência funcional com o regime de

transitoriedade do sistema da Administração Local do Estado;

Participação e Colegialidade - procura incentivar os cidadãos na solução dos

problemas locais, bem como aproximar os serviços públicos às populações de modo a

garantir a celeridade, a desburocratização e à adequação das decisões à realidade

local.

Para efeitos de administração local do Estado, o território de Angola, divide-se em províncias,

municípios, comunas, bairros ou povoações. Os bairros ou povoações agrupam-se em

comunas, as comunas em municípios e os municípios em províncias.

Os órgãos da administração local do Estado subdividem-se nos seguintes órgãos colegiais:

Governo Provincial, a quem compete no domínio do desenvolvimento económico e

social:

- Promover e incentivar iniciativas locais de desenvolvimento empresarial;

- Estimular o aumento da produção e da produtividade nas empresas de produção

de bens e de prestação de serviços essenciais;

- Promover a instalação e a reactivação da indústria para a produção de materiais de

construção, indústrias agropecuárias, alimentares e outras para o desenvolvimento

da província.

Administração Municipal, a quem compete no domínio do desenvolvimento

económico e social:

- Estimular o aumento da produção e da produtividade nas empresas de produção

de bens e de prestação de serviços a nível municipal;

- Promover e organizar feiras municipais;

BAIR

RO

CO

MUN

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MUN

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IO

PRO

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CIA

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- Desenvolver programas de integração comunitária de combate a pobreza;

- Licenciar, regulamentar e fiscalizar a actividade comercial retalhista e de vendedores

ambulantes;

- Assegurar a assistência social, educacional e sanitária, contribuindo para a memória

das condições de vida da população;

- Preservar os edifícios, monumentos e sítios classificados como património histórico

nacional e local situados no território do município;

- Promover a criação de bibliotecas municipais e comunais, bem como garantir o seu

apetrechamento em material bibliográfico;

- Assegurar a manutenção, distribuição e gestão da água e electricidade na sua área

de jurisdição, podendo criar-se, para o efeito, empresas locais.

Administração Comunal, com competências especificas nos domínios do

planeamento e orçamento, saneamento e equipamento rural e urbano,

desenvolvimento social e cultural, coordenação institucional, mas sem competências

especificas no domínio do desenvolvimento económico.

Estrutura Orgânica dos Órgãos da Administração Local

Órgãos de Apoio Consultivo

Conselho Provincial de Auscultação e Concertação Social

Conselho Municipal de Auscultação e Concertação Social

Conselho Comunal de Auscultação e Concertação Social

Serviços de Apoio Técnico

Secretaria do Governo Provincial

Gabinete Jurídico Gabinete de Inspecção Gabinete de Estudos e

Planeamento Gabinete de Apoio e

Controlo das Administrações Municipais e Comunais.

Secretaria da Administração Municipal

Repartição de Estudos e Planeamento.

Secretaria da Administração

Serviços de Apoio Instrumental

Gabinete do Governador Gabinete dos Vice-

Governadores Centro de

Documentação e Informação

Gabinete do Administrador Municipal

Gabinete do Administrador Municipal Adjunto

Centro de Documentação e Informação

Gabinetes do Administrador Comunal e do Administrador Comunal Adjunto

Secção dos serviços Económico, Social e Produtivo

Secção de Organização, serviços Comunitários e Fiscalização.

Serviços Desconcentrados da Administração Provincial

Direcções Provinciais Repartições Municipais

Serviços Desconcentrados da Administração Central

Delegações Provinciais

Superintendência Institutos públicos

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No que diz respeito à dimensão territorial do Governo Provincial, Huambo conta com 11

Administrações Municipais (Huambo, Londuimbale, Bailundo, Mungo, Tchindjenje, Ucuma,

Ekunha, Tchicala-Tcholoanga, Catchiungo, Longongo, Caála) que agrupam mais de 2

dezenas de comunas.

1.7 Os Principais Activos do Huambo para Vencer o Desafio do

Desenvolvimento

Conforme se tem referido, a situação de partida da Província do Huambo é difícil.

Transformar os recursos estratégicos da província em activos ao serviço de um projecto de

desenvolvimento configura o desafio central que se coloca ao Governo Provincial do

Huambo. Partindo destes recursos, o Governo Provincial definiu um conjunto de activos

centrais para vencer o desafio do desenvolvimento:

1. Localização geo-espacial privilegiada, em pleno coração do País;

2. População muito jovem, com grande apetência e vontade de aprender;

3. Existência de recursos agrícolas potencialmente transformáveis;

4. Abundância de recursos hídricos;

5. Potencial turístico e histórico-cultural;

Analisemos em mais pormenor as diferentes variáveis em presença.

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1.7.1 A Localização geo-espacial privilegiada

A província do Huambo detém uma centralidade excepcional, com potencial para

funcionar como “carrefour” logístico, no centro do País, articulado no eixo Huambo-Bié e

valorizando a recuperação e entrada em funcionamento do Caminho de Ferro de

Benguela.

1.7.2 População Jovem

A província do Huambo  - de resto, como todo o território nacional – possui uma

importante reserva de população jovem, expressa numa cifra de mais de 1509 mil

pessoas em 2004, o que representa cerca de 65,6% da população total (a esta

percentagem corresponde uma idade média de 22,8 anos, o que confirma a juventude

dos cidadãos do Huambo). A projecção desta faixa etária acumulada – a população

jovem vai dos zero até aos trinta anos –, para 2008 e 2010, feita na base da

manutenção daquele valor percentual, aponta para 1712 mil e 1823 mil jovens para,

respectivamente, 2008 e 2010.

1.7.3 Os Recursos Agrícolas

As principais aptidões agrárias actuais, no condicionalismo natural agro-ecológico da

província, são culturas de porte arbóreo, florestais e frutícolas e a pecuária extensiva de

bovinos e outros ruminantes. Algumas essências florestais de eucaliptos, pinus e cupressus

revelaram já excelente adaptação. Algumas espécies fruteiras como, por exemplo o

abacate, o maracujá, a goiaba atingem boas produtividades em condições naturais. A

bovinicultura extensiva tem grande potencial desde que os pastos acres naturais locais

sejam melhorados com espécies forrageiras mais palatáveis e utilizáveis ao longo do

ano. Era já expressiva e estava em franco crescimento a bovinicultura de leite na

província nos últimos anos do período colonial, altura em que a província foi considerada

como uma das principais bacias leiteiras do país.

A pecuária bovina, seja para corte ou produção de leite, encontra condições favoráveis

para o seu desenvolvimento, desde que se introduzam sistemas de ordenamento dos

pastos que conduzam ao melhoramento da pastagem natural. A suinicultura tem forte

tradição junto das empresas familiares e certamente voltará a ocupar lugar de destaque

à medida que vá aumentando a produção de milho e surja o fabrico de rações.

1.7.4 Os recursos hídricos

A rede hidrográfica da província tem significativa importância no país. Na comuna da

sede do município de Tchicala Tcholohanga têm origem alguns dos importantes rios que

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nascem no interior do território nacional, com destaque para o Gueve, o Cunene, o

Cutato e o Cubango.

A bacia hidrográfica total do Queve é de 23,000 Km², dos quais cerca de metade na

província; dos 94,000 Km² da bacia hidrográfica do rio Cunene, aproximadamente 8,600

Km² pertencem à província; por ordem de importância seguem-se os rios Cutato e

Cubango.

Os rios e os seus muitos afluentes de caudal permanente oferecem a possibilidade de

implantação de numerosos pequenos esquemas de regadios, com base em pequenas

represas e barragens, para fins agrícolas.

As potencialidades energéticas destes recursos hídricos não foram ainda suficientemente

estudadas. O aproveitamento já realizado e que, na cidade do Huambo, fornece

energia eléctrica ao bairro do Caminho-de-ferro de Benguela e à central de captação e

de distribuição de água à rede urbana é a barragem hidro – eléctrica do rio Cuando.

Além disso, as condições topográficas permitem a utilização de regadios naturais pela

gestão da água que se acumula nos vales (onaka’s) e cujo aproveitamento depende

apenas do conhecimento – fortemente enraízado em algumas zonas – e do esforço

humano ou, se possível, com recurso a equipamento extremamente simples e acessível

em países tropicais mais desenvolvidos, como o Brasil e a Índia.

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2. A Província do Huambo Amanhã

2.1 Modelo de Desenvolvimento Territorial A recuperação da sua posição de proeminência económica do passado – que tem como

desafio fundamental a capacidade de se contrariarem as forças e as tendências

económicas que levam as actividades produtivas e de serviços a localizarem-se nos espaços

que maiores externalidades (de todo o tipo) concedem – vai exigir determinação política,

capacidade de mobilização das energias locais e habilidades de captação e motivação

dos investimentos externos à Província.

Uma outra incerteza crítica liga-se com a distribuição de poderes no território nacional,

directamente relacionada com o aprofundamento da descentralização administrativa que

repartirá competências de decisão com os níveis municipal e comunal. Um desenvolvimento

internamente mais equitativo e equilibrado é tributário duma capacidade de tomada de

decisão muito mais partilhada e desconcentrada.

Uma terceira incerteza crítica é do domínio do surgimento de mais cidades na Província do

Huambo, de pequena dimensão, mas com um decisivo papel equilibrador na distribuição

dos resultados do crescimento económico. Para além da Caála poderão emergir mais dois

centros urbanos secundários.

Os motores principais do ordenamento territorial da Província do Huambo serão:

a rede urbana, que se deverá estruturar de modo a assegurar a integração equilibrada

de todo o território da Província nas dinâmicas internas e nacionais de desenvolvimento,

ao mesmo tempo que despontarão outros pequenos centros urbanos com dimensão e

potencialidades de se tornarem pontos de irradiação de efeitos económicos;

o sistema de transportes, fortíssimo motor de crescimento económico, que se deverá

centrar em redor do Caminho de Ferro de Benguela (no seu trajecto interior à Província) e

dos eixos rodoviários inter-modais que ligam o Huambo ao resto do País;

a ocupação dos espaços rurais, com reforço das comunidades tradicionais e familiares,

endogenização do seu processo de desenvolvimento e preservação dos valores

culturais. A estratégia a seguir deverá ir no sentido da exploração selectiva dos recursos

naturais da Província, na perspectiva da construção da economia nacional, da

diversificação das exportações angolanas e da criação duma rede de turismo rural

valorizadora das paisagens naturais e dos valores culturais, artísticos e históricos;

a concentração dos investimentos não agrícolas, com o propósito de privilegiar a

constituição de fileiras produtivas, mais integradoras e eficientes (fileira do milho, “cluster”

da alimentação, “cluster” do têxtil-vestuário-calçado e “cluster” dos transportes e

logística);

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a descentralização dos poderes, a nível político e administrativo, o que permitirá uma

participação mais activa e efectiva dos cidadãos e uma maior coesão nacional.

2.2 Modelo de Desenvolvimento

Reconhecendo os principais activos referenciados no ponto anterior, preconiza-se, para a

província, um modelo de desenvolvimento guiado pelos seguintes objectivos principais:

Segundo parque industrial do País: Pólo industrial Huambo/Cáala;

Importante “carrefour” logístico, no centro do País, articulado no eixo Huambo-Bié;

Principal produtor e exportador de cereais (em paralelo com a exploração de outras

culturas agrícolas);

Importante centro de pesquisa e produção de conhecimento (binómio

Universidade/Investigação).

Conforme reconhecido pelo Plano de Desenvolvimento da Província 2006-2010, o padrão

de especialização da província tem como elementos preponderantes:

a instalação de indústrias intensivas em mão-de-obra para substituir importações e

diversificar as exportações;

a instalação de indústrias de fertilizantes e de adubos;

a instalação de indústrias de produção e montagem de equipamentos agrícolas;

a estruturação de serviços avançados no domínio da produção do conhecimento

(ensino superior, investigação agronómica e veterinária);

a dinamização da agro-pecuária com base no sector familiar e criação das condições

para o aproveitamento de florestas exóticas;

o aproveitamento da sua localização geográfica estratégica como centro de oferta de

serviços logísticos (caminho de ferro de Benguela e nó rodoviário litoral/leste e norte/sul);

o aproveitamento e valorização das potencialidades turísticas;

a constituição duma reserva natural de recursos hídricos.

No quadro dos anteriores, os objectivos para a primeira etapa (até 2010) do processo de

desenvolvimento da Província do Huambo são:

recuperação do máximo de infraestruturas físicas e de equipamentos sociais;

estruturação e fomento da agricultura familiar e empresarial, pela via das infraestruturas e

de apoios selectivos diversos;

recuperação do máximo do parque industrial da Província destruído durante a guerra e

que apresente viabilidade económica e contextualização no modelo de

desenvolvimento a seguir.

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39  

Estão implícitos nestes objectivos gerais, a máxima criação de emprego líquido, o combate

à pobreza, a fortificação do sistema de ensino/formação, a melhoria dos cuidados primários

de saúde e a máxima integração económica provincial.

Para a segunda etapa (até 2015), os objectivos serão:

finalização da infraestruturação da Província;

consolidação do desenvolvimento industrial, pela criação e extensão dos “clusters” mais

consistentes com o padrão de especialização produtiva provincial e no respeito pela

preservação do ambiente e conservação da Natureza;

desenvolvimento do sistema Universidade-Investigação e produção/divulgação de

conhecimentos científicos com aplicação prática no País.

Os Planos Municipais de Desenvolvimento desdobram-se em objectivos gerais e específicos

de desenvolvimento que, por seu turno, suportam-se em programas e projectos.

Pela sua relevância para o potencial investidor, concentraremos a análise num conjunto de

sectores estratégicos.

2.3 Especialização Produtiva da Província

A especialização produtiva da Província pode assentar na recuperação da sua antiga

posição de segundo parque industrial de Angola, nas indústrias intensivas em mão-de-obra

(aproveitando-se a circunstância de ser a segunda Província mais populosa do País), na

produção e montagem de equipamentos agrícolas, na prestação de serviços avançados

nos domínios do ensino superior e da investigação agronómica e veterinária, na

dinamização da produção de cereais e da pecuária familiar e na valorização das

potencialidades turísticas.

Visão de Futuro Angola 2025

Estratégia de Desenvolvimento a

Longo-Prazo

Agenda Nacional de Consenso

Programa Provincial de Médio-Prazo

Planos Municipais de Desenvolvimento

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40  

É com esta convicção que o Plano de Desenvolvimento da Província do Huambo 2006-2010

sugere a exploração de algumas fileiras associadas ao cluster alimentar e que tornam

possível a valorização dos recursos agrários e da pecuária. São elas:

Fileira do Milho. A partir da utilização da indústria transformadora do milho, a província

apresenta potencial para explorar a produção de produtos derivados como a farinha,

amido, fuba, glicose, gomas e tapioca;

Fileira das Culturas Fruteiras. A transformação de culturas fruteiras potencia a produção

de produtos derivados como sumos, compotas, etc.;

Fileira da Soja. A produção soja promove a produtos de produtos tão diversos como o

leite óleo, farinha e rações;

Fileira do Girassol. A partir da transformação do girassol, a província compreende um

potencial de produção de óleo cru, refinado, hidrogenado, margarina, sabão.

Fileira do gado bovino e suíno. A incorporação da indústria transformadora permite

estender a fileira do gado bovino e suíno, às actividades de abate e corte, corte e

embalagem, subprodutos diversos (farinha de carnes, ossos, unhas e chifres), lacticínios,

conservas de carne e enchidos, curtumes, calçado.

Para além das fileiras enunciadas, a província apresenta potencial silvícola com base no

qual preconiza explorar a seguinte fileira:

Fileira das Florestas. A incorporação da indústria transformadora permite explorar os

recursos silvícolas, desde a madeira aos produtos a derivados dela (mobiliário e outros).

O potencial de exploração das fileiras descritas suporta-se na importante capacidade de

produção de hidro-electricidade da província e, por conseguinte, de alimentação de

actividades industriais de médio e elevado consumo de energia, de instalação de redes de

frio e electrificação rural e pequenos centros urbanos.

2.4 Carrefour Logístico

Um dos activos principais da província do Huambo é, claramente, a sua centralidade

geográfica. Esta localização privilegiada pode e deve ser rentabilizada de forma a

proporcionar o desenvolvimento da província. Articulado no eixo Huambo-Bié e valorizando a

recuperação e entrada em funcionamento do Caminho de Ferro de Benguela, o Huambo

apresenta condições para assumir o papel de um importante “carrefour” logístico no centro

do País.

O CFB assume uma grande importância no contexto da economia regional. É a espinha

dorsal do sistema de transportes da Zona Central de Angola.

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41  

Possui, ainda, uma grande importância no contexto da África Austral, sendo a sua

operacionalidade essencial para a dinâmica da economia nacional e trans-fronteiriça.

Após 1975, o CFB foi alvo de diversas acções de sabotagem, levando à sua entrada em

declínio, até à quase paralisação da sua actividade no final da década de 80.

A África do Sul, como potência regional, possuía grandes interesses na diminuição da

actividade do CFB. De facto, o porto do Lobito suplantava, em importância, Walvis Bay

(Namibia), como plataforma giratória do movimento de mercadorias na África Austral e

assegurava uma maior dependência económica da Zâmbia e do Zimbabué para

escoamento das suas exportações, uma vez que estes países não têm acesso marítimo.

A degradação do nível de operacionalidade afectou negativamente todo o sistema de

transporte a partir do litoral para as províncias do Huambo, Bié e Moxico, provocando

grandes carências de abastecimento daquelas províncias.

A reposição de um sistema de transporte interprovincial que conecte a província do Huambo

ao resto do País é incontornável para o desenvolvimento da província.

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42

O Plano de Recuperação do Caminho-de-Ferro envolve quatro etapas distintas:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conforme já referido, recorde-se que, com o estado de guerra que ensombrava o país, a

linha-férrea que atravessava o país desde o Lobito ao Luau (Moxico) e penetrava na

República Democrática do Congo e Zâmbia, apenas funcionava no ramal Benguela-Lobito

(pouco mais de trinta Km).

As infra-estruturas e a linha-férrea ficaram completamente destruídas por acções de

guerrilha, afectando seriamente os trabalhadores e populações que habitavam as

localidades escaladas e dependiam da circulação dos comboios, sobretudo em matéria de

transporte de alimentos e outras mercadorias para revenda e consumo.

Tendo em conta a sua importância para a recuperação económica do país,

nomeadamente das vitais regiões do centro, sul e leste, o Governo decidiu pôr em marcha o

antigo sonho da reabilitação, faseada, da via-férrea e infraestruturas e, consequentemente,

a reposição das locomotivas e carruagens destruídas.

 

Lobito

Cubal

Lobito

Cubal

Huambo

 

Lobito

Cubal

Huambo Kuito Lobito

Cubal

HuamboKuito

Luena Luau

1ª Fase

LOBITO - CUBAL

2ª Fase

CUBAL - HUAMBO

3ª Fase

HUAMBO - KUITO

4ª Fase

KUITO – LUENA - LUAU

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Os custos com as obras de reabilitação do caminho-de-ferro ultrapassam os 250 milhões de

dólares, considerando apenas a reposição da via, ou seja, sem os custos com pessoal, nem

a compra de novas máquinas e reparação das avariadas.

Todas as estações e apeadeiros necessitam de profunda intervenção, sobretudo as que se

situam nas províncias do Huambo, Bié e Moxico, enquanto que mais de quarenta pontes

carecem de intervenção.

Do que atrás ficou exposto, resulta que o Caminho-de-Ferro constitui para a província, e não

só, um elemento catapultador fundamental.

A sua revitalização criará efeitos multiplicadores, não só na província, mas em toda a região

Centro-Atlântica.

Os mapas que seguidamente se apresentam definem o posicionamento relativo do eixo

Benguela/Lobito no quadro da estratégia governamental em matéria de desenvolvimento

dos caminhos-de-ferro.

Fase I Programa de Acção Imediata para a

Manutenção e Recuperação da

Fase II Modernização e Melhoramente da Rede

de Caminhos-de-Ferro

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Conforme se pode constatar, a recuperação do CFB é vital para a redinamização da

plataforma logística de Benguela, articulando aeroporto e caminho-de-ferro, facilitando o

acesso à fronteira oriental do país, elemento fundamental para o escoamento de bens e

mercadorias.

A recuperação do Caminho-de-Ferro de Benguela induzirá vários efeitos multi-sectoriais na

economia e sociedade da província, os quais configuram, simultaneamente, oportunidades

de investimento para agentes económicos nacionais e provinciais.

 

2.5 Investigação e Desenvolvimento

Angola apresenta, de uma forma geral, as produtividades mais baixas da região da SADC,

pelo que os programas a desenvolver devem manter estreita ligação entre os organismos de

investigação e os de extensão de forma a tornar acessível aos produtores as técnicas mais

recomendadas e susceptíveis de obter resultados compensadores.

Historicamente o Huambo concentrou uma forte actividade de investigação e

desenvolvimento agrário. Situava-se na Chianga (Huambo), o campus de investigação e

experimentação do Instituto de Investigação Agronómica de Angola.

A reabilitação e apetrechamento desta estação experimental juntamente com a Estação

Zootécnica do Instituto de Investigação Veterinária (IIV), marcam a aposta na investigação

ligada à agro-pecuária.

A partir da ligação destas actividades às actividades industriais poderão criar-se importantes

sinergias e a partir delas forças que alavanquem a indústria de base agro-pecuária.

2.6 Prioridades em Matéria de Localização Industrial

A província do Huambo, como o país em geral, conhece, presentemente, uma fase de

desenvolvimento económico que, certamente, irá aprofundar-se no próximo decénio.

Significa isto que o número de empresas, nacionais e estrangeiras, tenderá a aumentar, com

particular ênfase para as empresas de matriz industrial. Tal circunstância implica um esforço

redobrado de definição de uma política de localização de empresas, coerente e articulada,

Fase IV Expansão da Rede de Caminhos-de-Ferro

(Conexões Transfronteiriças)

Fase IV de de Caminhos-de-Ferro s Transfronteiriças)

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servindo os interesses económicos da região. Relativamente a esta matéria, a matriz de

localização industrial constante da estratégia de reindustrialização do país fornece

importantes orientações aos potenciais investidores. Com efeito, a matriz de localização

industrial delineada pelo Governo é particularmente clara no que à província de Huambo diz

respeito. Os sectores e sub-sectores a privilegiar estão definidos com clareza, a priori

assumindo, do ponto de vista territorial, o pólo de desenvolvimento industrial da Caála, um

papel determinante.

As tabelas seguintes sistematizam os sectores a privilegiar na província do Huambo, seu

impacto em questões transversais, bem como o respectivo enquadramento em matéria de

sistemas de incentivos e de enquadramento em zonas económicas especiais, tendo

presente que todos os municípios do Huambo se inserem na Zona C.

Page 46: Mensagem do Presidente da Associação Industrial Portuguesa ...portugalcolombia.com/media/EstudodeMercado_AIP_Huambo.pdf · Apesar de ter sido uma das mais sacrificadas durante o

46  

Huambo

IMPA

CTO

NA

PROC

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IMPA

CTO

NO

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EGO

IMPA

CTO

NAS

RE

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ES

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IMPA

CTO

NA

ESTR

UTU

RA

ECON

ÓMIC

A

PRIO

RIDA

DE

INST

ALAÇ

ÃO

Produção de Água Mineral e Bebidas Refrigerantes Não Alcoolicas

Industrialização de Tubérculos e Raízes (Mandioca e Batata Rena)

Industrialização de Cereais (Arroz e Milho)

Indústria de Panificação, Pastelaria, Bolachas e Biscoitos

Produção e Refinação de Óleos e Gorduras (Animais e Vegetais)

Conservas de Carnes, Derivados de Leite e Gorduras Alimentares

Industrialização de Horto-Fruticolas e Legumes

Industrialização do Café

Equipamento, Máquinas Pesadas e Ligeiras e Utensilios Agricolas

Gases Industriais e Medicinais

Fabrico de Bebidas Alcoolicas, Distiladas e de Bebidas Fermentadas

Embalagens de Cartão, Plásticas e Metálicas

Preparação, Fiacção, Tecelagem, Acabamento de Texteis e Fibras, Confecções e Texteis

Perfumaria e Cosméticos

Materiais Plásticos e Compósitos e Componentes para Calçado

Indústria de Curtumes, Calçado e Artigos de Couro e de Pele

Máquinas Pesadas e Ligeiras para a Madeira

Serração e Tratamento de Madeiras. Produtos Madeira. Carpintaria, Ind. Mobiliário

Pasta de Papel, Papel, Cartão e Cartolina, Artigos de Papel

Impacto Elevado

Impacto Moderado

Impacto Reduzido

Impacto Inexistente

PRO

DU

TOS

FLO

RES

TAA

GR

O-I

ND

UST

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TEXT

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47  

Província do Huambo

Territoriais SectoriaisBC Novos

(50%)BC 2ª Mão

(25%)

Produção de Água Mineral e Bebidas Refrigerantes Não Alcoolicas C 6 6 15 15Industrialização de Tubérculos e Raízes (Mandioca e Batata Rena) C 6 6 15 15Industrialização de Cereais (Arroz e Milho) C 6 6 15 15Indústria de Panificação, Pastelaria, Bolachas e Biscoitos C 6 6 15 15Produção e Refinação de Óleos e Gorduras (Animais e Vegetais) C 6 6 15 15Conservas de Carnes, Derivados de Leite e Gorduras Alimentares C 6 6 15 15Industrialização de Horto-Fruticolas e Legumes C 6 6 15 15Industrialização do Café C 6 6 15 15Equipamento, Máquinas Pesadas e Ligeiras e Utensilios Agricolas C 6 6 15 15Gases Industriais e Medicinais C 6 6 15 15Fabrico de Bebidas Alcoolicas, Distiladas e de Bebidas Fermentadas C 6 6 15 15Embalagens de Cartão, Plásticas e Metálicas C 6 6 15 15Preparação, Fiacção, Tecelagem, Acabamento de Texteis e Fibras, Confecções e Texteis C 6 6 15 15Perfumaria e Cosméticos C 6 6 15 15Materiais Plásticos e Compósitos e Componentes para Calçado C 6 6 15 15Indústria de Curtumes, Calçado e Artigos de Couro e de Pele C 6 6 15 15Máquinas Pesadas e Ligeiras para a Madeira C 6 6 15 15Serração e Tratamento de Madeiras. Produtos Madeira. Carpintaria, Ind. Mobiliário C 6 6 15 15Pasta de Papel, Papel, Cartão e Cartolina, Artigos de Papel C 6 6 15 15

SIM

NÃO

Sect

or

Sub-Sector

Lei Investimento PrivadoIncentivos

Aduaneiros Imposto

Industrial

Imposto Rendimento

Capitais

AGRO

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DUST

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TEXT

EIS,

VES

T. E

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FLOR

ESTA

L

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2.7 Grandes Projectos em Curso na Província

 

2.7.1 Transportes e Comunicações

Projecto de Criação instalação de uma rede inter-modalidade de transporte.

Projecto de criação de rede de transportes públicos, intermunicipal e inter-provincial em

PPP.

Projecto de construção de postos de telefonia rural em todos os municípios.

Projecto de reconstrução e de construção de serviços postais em todos os Municípios e

comunas.

2.7.2 Comunicação Social

Projecto de reinstalação e modernização tecnológica dos estúdios locais da TPA.

Projecto de extensão do sinal de rádio e televisão à toda superfície da Província.

Projecto de formação de jornalistas especialistas, em agricultura, pecuária, economia,

sociologia, psicologia, história e política.

Projecto de modernização dos orgãos de informação (Rádio, Jornal, Angop).

 

2.7.3 Urbanismo

Projecto de elaboração dos planos directores

Projecto de requalificação dos Bairros degradados

Projecto de criação de infra-estruturas de novas áreas habitacionais

 

2.7.4 Saúde

Projecto de construção de postos e Centros de Saúde

Projecto de construção de Hospitais Municipais

Projecto de construção de residências para técnicos de saúde

Projecto Sorriso-Saúde bocal a todos os Municípios

Programa de combate as grandes endemias

Projecto de educação sanitária contra o HIV

Programa de combate à malária

Projecto de aquisição de mosquiteiros

Projecto de desinfecção e desinfestação do meio

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Novas Indústrias de Substituição de Importações e Fomento de Exportações por Província

2.7.5 Programa Executivo da Indústria

Encontra-se, presentemente, em vigor o Programa Executivo para o sector da indústria 2009-

2012. De entre os objectivos que norteiam este programa, salientamos:

Aumentar a contribuição da indústria transformadora para o PIB;

Apoiar a substituição competitiva das importações e fomentar as exportações;

Aproveitar o grande potencial agrícola, pecuário e florestal da província;

Aproveitar as oportunidades decorrentes da indústria petroquímica (Refinaria do Lobito);

Aumentar o número de postos de trabalho no sector industrial;

Concertar e aplicar os mecanismos financeiros de apoio ao investimento privado

nacional.

Inseridas no sub-programa da Estratégia com a mais elevada dotação financeira (com

recursos na ordem dos 4.100

milhões de USD), o sub-

programa de substituição de

importações e fomento das

exportações conta com a

criação de 19 novas indústrias

no Huambo, número que

posiciona a província entre as

quatro com maior número de

novas unidades industriais.

Sub-Programas Milhões de USD

Reconstituição do Capital Humano 86,17

Infraestruturas de Apoio ao Desenvolvimento Industrial 397,75

Substituição de Importações e Fomento de Exportações 4.112,36

Reforço Institucional do Ministério da Indústria 71,262

Indústrias Estruturantes 4.022,85

O programa contempla um conjunto de projectos para a província do Huambo que são de

particular relevância para o potencial investidor.

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Programa Executivo do Sector da Indústria para o período 2009-2013

Programas/Projectos Custo (USD) Postos Trabalho (a criar)

Sub-Programa de Criação de Infraestruturas de Apoio ao Desenvolvimento Industrial

Eixo Huambo-Benguela Construção do Pólo de Desenvolvimento Industrial da Caála

25.000.000,00 1000

Sub-Programa de Substituição de Importações e Fomento de Exportações

Indústria Alimentar Fábricas de Chocolates, bolachas e biscoitos

15.000.000,00

390 (Kwanza Sul, Huambo e

Luanda) Indústrias de Material de Construção Fábricas de Vidro

30.000.000,00

800 (Luanda, Huambo)

Fábricas de Lâmpadas Fluorescentes 20.000.000,0

0 120

(Luanda, Huambo)

Centros de Britagem 18.000.000,00

220 (Bengo, Malange, Uíge e

Huambo)

Fábricas de Fios e Cabos Eléctricos 15.000.000,00

450 (Cabinda, Namibe e

Huambo)

Fábricas de Aglomerados de Madeira 75.000.000,0

0 450

(Huambo e Caál)

Fábricas de Carpintaria e Serração de Madeira 28.500.000,00

450 (Huambo, Zaire e Uíge)

Fábricas de Arame Farpado e Malha Sol 30.000.000,0

0 450

(Luanda, Huambo e Huíla)

Indústrias de Curtumes e Peles Fábrica de Calçadas de Couro 3.000.000,00

90 (Luanda, Benguela e

Huambo)

Indústria de Moagens Moageiras de Milho

45.000.000,00

400 (Huambo, Kwanza Sul e

Malanje) Indústria de Material e Equipamento Eléctrico Fábricas de Montagem de Televisores e Rádios 6.000.000,00

300 (Luanda e Huambo)

Indústrias Químicas Fábricas de napas e encerados

30.000.000,00

600 (Huambo, Luanda e

Benguela) Indústria Metalomecânica Fábricas de colchões de mola 7.500.000,00

300 (Huambo, Luanda e Huíla)

Indústrias de Bebidas Fábrica de Cerveja

35.000.000,00

350 (Huambo)

Sobre a construção do Pólo de

Desenvolvimento Industrial da

Caála uma nota especial: a zona

onde está a ser desenvolvido o

projecto possui uma área de

aproximadamente de 980 mil

metros quadrados, sendo 250 mil

m2 reservada para a criação das

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infraestruturas para instalação de indústrias, com a construção de arruamentos, passeios,

redes de esgotos e colocação de sistemas de água, energia eléctrica. Telecomunicações e

de combate a incêndios.

Em 2009 foram iniciados os trabalhos de urbanização da zona de Condume Cagote, na

periferia da vila, onde o Pólo desenvolver-se-á e onde foram já instaladas algumas unidades

fabris. Nos próximos 10 anos espera-se poder contar com 40 unidades industriais.

Na área encontrava-se em construção e em fase de conclusão, em 2009, uma cerâmica,

denominado “Uni-cerâmica”, unidade industrial passará a produzir uma média de 14 mil

tijolos/dia, confeccionados com aproximadamente de 127 toneladas de argila de origem

local.

Além de pôr à disposição do mercado angolano telhas e tijolos para edificação de

habitações residenciais, a Uni-ceramica vai proporcionar igualmente, numa primeira fase,

100 postos de trabalho directo.

Para instalação das 40 unidades industriais estão previstas 730 mil metros quadrados, três

hectares dos quais para a construção de uma fábrica de processamento e transformação

de horto frutícolas.

O pólo contará ainda com fábricas de chocolate e biscoitos com uma área de 1,5

hectares, unidades de fabrico de vidros, janelas e divisórias e diversos, numa extensão de

dois hectares, assim como uma fábrica de tintas e similares, que ocupará uma área de 1,5

hectares.

Nas restantes áreas do referido perímetro industrial, serão implantadas fábricas de ferragens e

similares, arame farpado, malha sol, tintas, diluentes e betumes, de lâmpadas fluorescentes

para diversas aplicações, bem como a de fios e cabos eléctricos, de aglomerados de

madeira e uma gráfica.

O condomínio industrial contará ainda com as fábricas de calçados de couro, moagens de

milho para rações de animais, rádio e televisão, colchões de mola e espuma, assim como

de recauchutagens de pneus.

A zona é servida pela nova rede de transporte e distribuição de energia eléctrica, a ser

produzida na barragem hidroeléctrica do Ngove (Huambo), e encontra-se localizado na

proximidade da nova central de captação, tratamento e distribuição de água para as

cidades do Huambo e da Caála.

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3. Enquadramento Regulamentar

Neste capitulo dedicado ao enquadramento regulamentar do investimento em Benguela,

concentraremos a nossa atenção em três dimensões complementares:

Enquadramento Legal ao Investimento Privado – cujo conhecimento é fundamental para

os empreendedores interessados em instalarem-se na província, através da promoção de

iniciativas que visem aumentar a produção local de bens e serviços.

Enquadramento Legal ao Investimento Público – indispensável para os interessados nas

(diversas) oportunidades que oferece o mercado público de contratação de bens e

serviços;

Enquadramento Legal à Contratação Pública – igualmente indispensável para aceder a

contratos com financiamento interno.

3.1 Enquadramento Legal do Investimento Privado

A Lei n.º 11/03, de 13 de Maio – Lei de Bases do Investimento Privado - enquadra e

regulamenta o investimento privado em Angola. Aí são igualmente definidos os princípios de

acesso aos incentivos e facilidades a conceder pelo Estado angolano ao investimento

privado, tratados em diploma autónomo. O investimento privado pode assumir a forma de

investimento nacional ou externo. Por oposição ao investidor nacional, considera-se investidor

externo qualquer pessoa singular ou colectiva não residente que, independentemente da

sua nacionalidade, introduza ou utilize em Angola capitais domiciliados no estrangeiro, com

direito a transferir lucros e dividendos para o exterior. Este regime tem, assim, uma forte

componente de disciplina de entrada e saída de capitais, com actuação directa do banco

central angolano.

O direito a investir em Angola, bem como o direito à prática dos actos necessários ao

desenvolvimento dos respectivos projectos de investimento, encontra-se dependente da

obtenção de autorização prévia nos termos da Lei n.º 11/03, de 13 de Maio. O valor mínimo

para os projectos de investimento está legalmente fixado em USD 100,000.00. Porém, deve

considerar-se tal limite como indicativo, uma vez que certos projectos, na sequência da sua

apreciação administrativa, podem passar a requerer montantes superiores. Pela prática

verifica-se também que investimentos exclusivamente nacionais que não impliquem esse

trânsito de capitais podem dispensar a autorização prévia.

As propostas e a autorização de investimentos decorrem sob um de dois regimes

processuais:

a) Regime de declaração prévia;

b) Regime contratual.

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Estão sujeitos ao regime de declaração prévia, nos termos da referida lei, as propostas para

investimentos de valor igual ou superior ao equivalente a USD 100,000.00 para investidores

externos (50,000.00 para investidores nacionais) até ao limite máximo equivalente a USD

5,000,000.00.

Ficam sujeitas ao regime contratual (culminando na celebração de um contrato de

investimento com o Estado angolano) as propostas que se enquadrem nas seguintes

condições:

a) Investimentos de valor igual ou superior a USD 5,000,000.00;

b) Independentemente do valor, os investimentos em áreas cuja exploração só pode, nos

termos da lei, ser feita mediante concessão de direitos de exploração temporária;

c) Independentemente do valor, os investimentos cuja exploração só pode, nos termos da

lei, ser feita com a participação obrigatória do sector empresarial público.

Os procedimentos de autorização ficam a cargo da ANIP - Agência Nacional do

Investimento Privado, à qual está entregue a execução da política angolana em matéria de

investimentos privados, bem como a promoção, coordenação, orientação e supervisão dos

investimentos privados. A ANIP é, desse modo, um interlocutor privilegiado dos interessados

que pretendam investir em Angola, na maioria dos sectores de actividade económica,

sendo a entidade a quem devem ser apresentadas as candidaturas de investimento e quem

(isoladamente ou em conjunto com o Conselho de Ministros – no caso do regime contratual)

autoriza os projectos de investimento privado. Podem ser encontradas mais informações

sobre esta entidade em http://www.anip.co.ao/

Aprovadas as propostas de investimento privado, a ANIP emite um Certificado de Registo de

Investimento Privado (CRIP), que confere ao seu titular o direito de investir nos termos nele

referidos. O CRIP constitui o documento comprovativo da aquisição dos direitos e da

assumpção dos deveres de investidor privado, devendo servir de base para todas as

operações de investimento, acesso a incentivos e facilidades, constituição de sociedades,

obtenção de licenças e registos, solução de litígios e outros factos decorrentes da atribuição

de facilidades e incentivos.

Assim, após ser obtido o CRIP, para que seja efectuada a importação de capitais integrante

do projecto é necessário o licenciamento dessa operação, numa dimensão cambial, junto

do BNA - Banco Nacional de Angola e com intervenção de uma instituição financeira da

escolha do investidor que esteja autorizada a exercer o comércio de câmbios. Igualmente,

caso o projecto de investimento implique a constituição ou alteração de sociedades, a qual

deve ser outorgada por escritura pública, é necessária a apresentação ao notário do CRIP,

emitido pela ANIP, bem como da competente licença de importação de capitais, emitida

pelo BNA (atestando no verso a realização do capital investido), sob pena de nulidade dos

actos a que disser respeito.

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54  

Do mesmo modo, o registo das operações de entrada no país de máquinas, equipamentos,

acessórios e outros materiais para investimentos que beneficiem de facilidades e isenções

previstas na lei, que é da competência do Ministério do Comércio em conjunto com as

autoridades alfandegárias, depende igualmente da apresentação do CRIP.

Cabe notar que investimentos em certos sectores (como o petrolífero, o dos diamantes e o

das instituições financeiras) regem-se por legislação própria, sem prejuízo de aplicação

subsidiária da Lei n.º 11/03, de 13 de Maio. Acresce que se deverá ter em atenção o regime

constante da Lei de Delimitação dos Sectores da Actividade Económica (Lei n.º 05/02, de 16

de Abril) relativamente aos sectores integrados nas designadas Reservas de Estado, incluindo

restrições aplicáveis a áreas da economia fora da livre iniciativa privada ou especificamente

limitados.

É ainda de fazer notar que, por regra, não existe a obrigatoriedade legal de os investidores

externos se associarem a investidores nacionais para a implementação de projectos. Esta

regra não se aplica a sectores específicos, como o da comunicação social, transporte

aéreo, petrolífero e diamantífero.

A Lei n.º 11/03, de 13 de Maio, e a Lei n.º 17/03, de 25 de Julho, que regula especificamente

os benefícios fiscais e aduaneiros, regulam a concessão de incentivos a projectos de

investimento privado, quer estes sejam nacionais ou externos, estabelecendo um conjunto

de medidas directamente aplicáveis aos referidos projectos. São abrangidos no âmbito do

regime de incentivos fiscais, nomeadamente os projectos de investimento que se

enquadrem nos seguintes sectores, zonas, ou projectos:

Sectores Prioritários:

- Agricultura e Pescas

- Construção civil

- Energia e águas

- Infra-estruturas Rodoviárias, Ferroviárias, Portuárias e Aeroportuárias

- Educação e Saúde

- Indústria transformadora

- Equipamentos de grande porte de carga e passageiros

Zonas de Desenvolvimento Elegíveis para Efeitos da Atribuição de Incentivos Financeiros:

- Zona A – abrange a província de Luanda e os municípios sede das províncias de

Benguela, Huíla, Cabinda e o município do Lobito.

- Zona B – restantes municípios das províncias de Benguela, Cabinda e Huíla e

províncias do Kwanza Norte, Bengo, Uíge, Kwanza Sul, Lunda Norte e Lunda Sul.

- Zona C – províncias de Huambo, Bié, Moxico, Cuando Cubango, Cunene, Namibe,

Malange e Zaire.

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55  

Existem legalmente dois regimes distintos de incentivos fiscais, aplicáveis a projectos de

investimento, em função do montante de investimento:

Investimentos > USD 250.000; e

Investimentos USD 50.000 e USD 250.000.

Note-se, numa dimensão prática, não têm sido conferidos incentivos a projectos de

investimento de valor inferior a USD 250,000.00, esperando-se que em breve prazo tal valor

mínimo venha a aumentar. Caso se trate de investimentos superiores a USD 5,000,000.00, os

incentivos poderão estar dependentes dos termos negociados ao nível do contrato de

investimento, podendo inclusive ser alargados.

Os incentivos previstos na Lei n.º 17/03 incidem sobre três tipos de direitos:

Direitos Aduaneiros - as operações de investimento estão isentas do pagamento de

direitos e demais imposições aduaneiras sobre bens de equipamento (ou redução 50%,

no caso de equipamentos usados).

Imposto Industrial - os lucros resultantes de investimentos estão isentos do pagamento de

imposto industrial.

Imposto sobre a Aplicação de Capitais - as sociedades que promovam operações de

investimento ficam isentas do pagamento de imposto sobre o rendimento de capitais

relativamente a lucros distribuídos a sócios.

Estes incentivos aplicam-se da seguinte forma:

Zona de Desenvolvimento Direitos Aduaneiros Imposto Industrial

Imposto sobre Aplicação de Capitais

Zona A 3 Anos 8 Anos 5 Anos

Zona B 4 Anos 12 Anos 10 Anos

Zona C 6 Anos 15 Anos (*) 15 Anos

(*) Gozam ainda de isenção sobre o preço da empreitada, os sub-empreiteiros.

Existem, ainda, outros incentivos aplicáveis, de entre os quais salientamos:

Isenção de imposto de sisa pela aquisição de terrenos e imóveis adstritos ao projecto, a

requerer à repartição fiscal competente.

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Isenção de direitos aduaneiros: as operações de investimento estão isentas do

pagamento de direitos e demais imposições aduaneiras sobre mercadorias incorporadas

ou consumidas directamente nos actos de produção de mercadorias: (a contar do início

de laboração, incluindo testes).

Despesas de investimento consideradas como perdas, para além do período de isenção

do imposto industrial, para apuramento da matéria colectável:

- Até 100% das despesas com a construção e reparação de estradas, caminhos-de-

ferro, telecomunicações, abastecimento de água e infra-estruturas sociais para os

trabalhadores, suas famílias e população dessas áreas;

- Até 100% de todas as despesas com a formação profissional em todos os domínios

da actividade social e produtiva;

- Até 100% de todas as despesas que resultem de investimentos no sector cultural e/ou

compra de objectos de arte de autores ou criadores angolanos, desde que

permaneçam em Angola e não sejam vendidos pelo período de 10 anos.

O investidor que pretenda beneficiar de incentivos fiscais, em qualquer dos dois sistemas de

incentivos, deve preencher, cumulativamente as seguintes condições:

Encontrar-se em condições legais e fiscais para o exercício da sua actividade;

Não ser devedor ao Estado, à Segurança Social e não ter dívidas em mora junto do

sistema financeiro angolano; e, igualmente,

Dispor de contabilidade organizada e adequada às exigências de apreciação e

acompanhamento do projecto de investimento.

3.2 Enquadramento Legal do Investimento Público

Como é do conhecimento público, o Governo Angolano decidiu empreender um processo

de reorganização das finanças públicas que, introduzindo mecanismos reforçados de

controlo, não deixará, certamente, de beneficiar os agentes que fornecem bens e serviços

ao Estado, evitando a desregulamentação que conduziu, no passado recente, a graves

problemas de pagamento.

Assim, o Governo está a tomar medidas para prevenir a constituição de dívidas além da

capacidade de endividamento sustentável do Estado. Ao mesmo tempo, as autoridades

estão decididas a impor maior rigor e transparência na execução orçamental. Entre as

acções de reorganização e melhoria da gestão financeira pública já adoptadas, destacam-

se as regras de Execução do Orçamento Geral do Estado de 2010, aprovado por Decreto

Presidencial nº 24/ 10, de 24 de Março, o Decreto Presidencial nº 31/10, de 12 de Abril sobre

o Regime dos Investimento Públicos, entre as quais se incluem disposições decorrentes das

recomendações emitidas pela Ernest & Young, multinacional de consultoria contratada para

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apoiar o executivo angolano na reorganização das finanças públicas, das quais se

destacam:

O início da execução financeira de um projecto de Investimento Público deve

obedecer a observância de tramitação processual que contemple:

- Certificação de que é parte do programa de Investimentos Públicos (PIP)

- Certificação da cabimentação orçamental (estar inscrito no OGE).

- Existência de contrato aprovado pelo órgão competente para o efeito.

A aprovação do contrato pelo órgão competente apenas na circunstância em que as

Unidades Orçamentais façam prova da observância das disposições da legislação

vigente sobre aquisições e contratação públicas, com a apresentação

nomeadamente:

- Prova de anúncio público ou convite de pré-qualificação.

- Documentação de pré-qualificação.

- Carta-convite para apresentação de proposta.

- Documentação de proposta (de acordo com as normas estabelecidas).

- Mapa de quantidades.

- Memória descritiva do projecto.

- Folha de apresentação das propostas.

- Relatório de avaliação das propostas.

Nessas circunstâncias, as empresas que fornecem bens ou serviços a organismo do Estado,

deverão requerer que tais organismos façam prova da observância dos procedimentos

estabelecidos pois, de outro modo, o Estado não assumirá a responsabilidade por eventuais

dívidas assim contraídas.

O objectivo é por termo a uma série de práticas dos gestores orçamentais que se

confundem com os erros e vícios do passado, estando o Executivo empenhado em

erradicar as mesmas. De recordar que, no início de 2010, depois da aprovação da

Constituição, José Eduardo dos Santos reafirmou a sua política de tolerância zero em relação

a esses erros e vícios, determinando um novo começo, com a adopção de novos métodos

de trabalho, outra disciplina, nova consciência e um perfil do servidor público mais

adequado às suas responsabilidades.

Entre os erros e vícios que o novo executivo quer combater, salientam-se:

Não apresentação ou a apresentação irregular das necessidades de recursos

financeiros por parte das unidades orçamentais;

Contracção de dívidas à margem das regras estabelecidas, a remissão de facturas ao

Ministério das Finanças para pagamento;

E até a emissão de ordens de saque em nome próprio.

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Importa referir que o Orçamento Geral do Estado (OGE) enquanto Lei de Meios e não Lei de

Despesas, prevê as Receitas e fixa a Despesa, pelo que as despesas nela inscritas, podem

ser iguais ou inferiores às receitas arrecadadas efectivamente. Por isso, a execução do OGE

é feita na base de programação financeira do Tesouro, que é trimestral, e nos planos de

caixa. São esses instrumentos que dão a previsão mais próxima da realidade em termos de

receitas existentes e, por isso mesmo, a afectação de recursos é feita com base em tais

instrumentos que são mensais. As unidades Orçamentais devem, portanto, remeter ao

Ministério das Finanças, trimestralmente, as suas necessidades de recursos financeiros, as

quais devem estar de acordo com a programação Financeira do Tesouro. É esta que

estabelece o limite das despesas que as Unidades Orçamentais devem cabimentar em

cada trimestre.

Ou seja, não basta uma despesa estar inscrita no OGE, também, tem de estar prevista na

Programação Financeira do Tesouro. Um dos vícios persistentes entre os gestores orçamentais

é continuar a endividar-se com o argumento de que o seu orçamento lhes permitia realizar

certas despesas, responsabilizando o Ministério das Finanças por não disponibilizar os fundos

previstos no OGE. Outros vícios do passado são a celebração de contratos sem

orçamentação prévia, a existência de contratos não aprovados pela entidade competente

ou contratos não visados pelo Tribunal de Contas, práticas que constituem irregularidades,

pelo que o Estado (Tesouro Nacional) não pode assumir o pagamento de despesas que

resultem dos mesmos. A contratação em moeda estrangeira com residentes cambiais ou o

estabelecimento de adiantamentos superiores aos 15% regulamentados são outras das

(más) práticas que o Ministério das Finanças pretende erradicar.

A fim de não estrangular a economia, o executivo resolveu começar a pagar a dívida

contraída em 2008 e 2009 desde que, no mínimo, exista um contrato reconhecido. Mas já a

partir de 2010, as autoridades vão impor o máximo rigor na execução do OGE, pelo que os

agentes e operadores interessados em disponibilizar bens e serviços ao Estado devem

acautelar plena conformidade com a lei, sob pena de verem protelados ou mesmo

congelados os pagamentos que lhes são devidos.

3.3 Enquadramento Legal da Contratação Pública

Foi recentemente publicada a nova Lei da Contratação Pública. Aplica-se a mesma à

Contratação de Empreitadas de Obras Públicas, de Locação e Aquisição de Bens Móveis e

Imóveis e à aquisição de Serviços por uma Entidade Pública. É também aplicada à

Concessão de Obras Públicas e de Serviços Públicos e inclui todas as matérias que estão

dispersas em três diplomas:

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Decreto n.º 40/05, de 08 de Junho - aprova o Regime de Empreitadas de Obras

Públicas;

Decreto n.º 7/96, de 16 de Fevereiro - estabelece o Regime de Realização de

Despesas Públicas, Prestação de Serviços e Aquisição de Bens, bem como a

Contratação Pública relativa à Prestação de Serviços, Locação e Aquisição de Bens

Móveis;

Decreto n.º 26/00, de 12 de Maio - aprova as Normas Reguladoras da Aquisição, Uso e

Abate de Veículos do Estado.

Os principais objectivos da introdução do novo regime da contratação pública são os

seguintes:

Uniformização, simplificação e diminuição do número de procedimentos relacionados

com a Contratação Pública.

Promoção do respeito pelos princípios constitucionais e legais em matéria de direito

administrativo em geral e da contratação pública em especial, nomeadamente:

- Da igualdade;

- Da imparcialidade;

- Da transparência;

- Da proporcionalidade.

Promoção da inovação tecnológica dos processos (redução de custos, eficiência e

rapidez dos procedimentos, ganhos ecológicos);

Introdução dos Sistemas de Aquisição Dinâmica Electrónica (aquisições com base em

catálogos electrónicos);

Consagração da figura da Central de Compras;

Instituição do Portal de Compras;

Reforço do papel regulador do Estado, através da criação de uma entidade de

fiscalização e de supervisão do mercado da contratação pública – O Gabinete da

Contratação Pública;

Fomento da Ética na Contratação;

Fomento do Empresariado angolano, através da previsão de normas de protecção de

empreiteiros, fornecedores de bens e prestadores de serviços.

Tomando por comparação o anterior enquadramento legal à contratação pública, de notar

a eliminação do procedimento de “ajuste directo” (as aquisições de pequeno valor passarão

a ser feitas através do procedimento por negociação), tendo sida estabilizada a seguinte

tipologia de procedimentos:

Concurso público

Concurso limitado, por prévia qualificação

Concurso limitado, sem apresentação de candidaturas

Procedimento por negociação

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O novo regime de contratação pública assenta, por outro lado, num conjunto de aspectos

relevantes, cujo conhecimento se afigura fundamental para todos os agentes interessados

na comercialização de bens e serviços junto de Entidades Públicas Angolanas:

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Ética

Define os conceitos e as normas relacionadas com a ética no processo de contratação. São

a materialização das disposições da Lei da Probidade Pública e o reflexo de transparência e

isenção na gestão dos recursos públicos:

Conduta dos Funcionários Públicos;

Conduta dos Interessados (pessoas singulares e colectivas);

Impedimento de Interessados;

Cadastro dos Candidatos/Concorrentes

Denúncia de Práticas Ilícitas

Gabinete de Contratação Pública - Atribuições

Apoiar o Executivo na formação e implementação de políticas relativas à contratação

pública;

Fiscalizar, auditar e supervisionar os processos de contratação, em colaboração com

os organismos competentes para o efeito;

Constituir-se em observatório da contratação pública, através do estímulo à adopção

das melhores práticas e de novos procedimentos de aquisição pública;

Elaborar normas, regulamentos e instruções para normalizar os processos de

contratação pública;

Decidir sobre recursos apresentados pelos candidatos e/ou concorrentes.

Portal da Contratação Pública

A nova Lei prevê a criação do Portal da Contratação Pública – as regras de

constituição, funcionamento e de gestão e respectivas funcionalidades deverão

fixadas por lei a ser publicada;

A lei também fixará também, as regras de funcionamento e de utilização de

plataformas electrónicas pelas entidades contratantes, bem como o modo de

interligação destas com o Portal da Contratação Pública;

Deverá haver articulação com o Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de

Informação.

Centrais de Compras

As entidades públicas contratantes podem constituir Centrais de Compras para

centralizar a contratação de empreitadas de obras públicas, a locação e a aquisição

de bens e serviços;

A constituição de Centrais de Compras permite aumentar o poder de negociação e

consequentemente obter preços mais competitivos, rentabilizando os recursos

públicos;

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As Centrais de Compras podem celebrar acordos quadro que tenham por objecto a

posterior celebração de contratos de empreitada de obras públicas ou de locação ou

aquisição de bens e serviços;

As entidades gestoras das centrais de compras podem atribuir a gestão de algumas

actividades a um terceiro, independentemente da sua natureza pública ou privada;

A constituição, estrutura orgânica e o funcionamento das centrais de compras serão

reguladas por diploma próprio.

Sistema de Aquisição Dinâmica Electrónica

As entidades contratantes podem celebrar contratos de aquisição de bens móveis ou

serviços de uso corrente, através de um procedimento especial totalmente electrónico

que compreende três fases:

- Instituição do sistema e formação do catálogo electrónico;

- Convite;

- Adjudicação.

O Anúncio deve ser publicado na III Série do Diário da República e num jornal de

grande circulação;

O Programa do procedimento deve:

- Fixar a duração do sistema (não superior a quatro anos);

- Fornecer aos interessados todas as informações necessárias ao acesso ao

sistema, indicando o equipamento electrónico utilizado, as modalidades e os

aspectos técnicos de ligação ao sistema;

- Ser integralmente disponibilizado até ao encerramento do sistema de forma

gratuita e directa, na plataforma electrónica utilizada pela entidade contratante.

Leilão Electrónico

É um processo interactivo baseado num dispositivo electrónico destinado a permitir aos

concorrentes melhorar progressivamente as suas propostas, depois de avaliadas,

obtendo-se a nova pontuação através de um tratamento automático

A entidade contratante pode recorrer a este procedimento quando:

- As especificações técnicas dos bens ou serviços a adquirir se encontrem

totalmente estandardizadas;

- O preço for o único critério de adjudicação.

Contratação de Serviços de Consultoria

Estabelece as regras e os princípios que devem ser observados na contratação de

serviços de consultoria:

- Método de contratação;

- Conflitos de interesses;

- Fases do processo de selecção;

- Termos de referência;

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- Anúncio e convite para apresentação de propostas;

- Prazos.

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4. Análise de Risco

No âmbito da abertura progressiva da economia angolana aos mercados internacionais, o

executivo angolano solicitou à Fitch, Moody’s e Standard & Poor’s (S&P) a avaliação do risco

soberano de Angola.

No caso de Angola, este primeiro exercício de classificação de risco soberano é um marco

importante no aprofundamento da integração da economia do país nos mercados

internacionais, pois melhora o seu estatuto no mercado financeiro global e na economia

mundial.

Como se sabe, as avaliações de risco soberano reflectem a opinião sobre a capacidade de

um país honrar as suas dívidas e a publicação dos relatórios das agências de "rating" dá,

com efeito, aos investidores internacionais uma avaliação independente do potencial

económico de Angola e, deste modo, facilita o acesso aos empréstimos internacionais por

parte do Governo, das empresas e das instituições financeiras nacionais e a atracção de

investimentos para o país.

Em resultado do seu trabalho de avaliação, a agência Fitch atribuiu a Angola a classificação

B+ e a agência Moody’s atribuiu B1 (que é equivalente a B+), ambas com perspectiva

positiva, e a agência S&P atribuiu a classificação B+, com perspectiva estável.

Em termos comparativos, a agência S&P confere a Angola e à Nigéria o mesmo patamar

(B+), enquanto o Ghana, Cabo Verde, Uganda, Moçambique e Quénia estão classificados,

ou no mesmo patamar, ou num patamar inferior.

Contudo e contrariamente á situação prevalecente nestes países, a perspectiva positiva

para Angola, tanto da Moody’s como da Fitch, constitui a indicação da existência de um

potencial de elevação de Angola para uma categoria BB (a categoria imediatamente

superior a B+), num prazo relativamente curto, caso as perspectivas de progresso

económico e institucional das agências se materializem.

Além disso, tratando-se da sua primeira avaliação, a classificação de risco soberano de

Angola é igual às classificações iniciais obtidas por países emergentes como a Rússia e o

Brasil, países que devido às suas realizações económicas e institucionais viram as suas

classificações de risco melhorarem rapidamente.

De facto, a primeira classificação atribuída pela agência S&P ao Brasil, em Julho de 2002, foi

um B+ com perspectiva estável (igual à atribuída agora a Angola, por esta agência). As

classificações posteriores foram melhorando e, em Abril de 2008, o "rating" deste país era de

BBB – com perspectiva estável.

O primeiro "rating" da Rússia, por seu lado, obtido em Dezembro de 2001, pela S&P foi um B+

com perspectiva positiva (o mesmo atribuído a Angola pelas agências Moody e Fitch).

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Posteriores classificações fizeram evoluir este ‘rating’ para BBB com perspectiva estável, em

Dezembro de 2008.

De acordo com os relatórios das agências, a classificação de Angola reflecte uma visão

equilibrada da sua dotação de recursos naturais e das boas perspectivas de estabilidade

macroeconómica, de maior crescimento económico e desenvolvimento, bem como a

necessidade de reforço da capacidade institucional do Governo, que aliás já denota um

aumento crescente neste domínio.

As agências apreciaram favoravelmente os recentes esforços do Executivo para a

reconstrução das infra-estruturas do país, que vêm aumentando a capacidade produtiva do

sector não petrolífero e contribuindo para superar os constrangimentos relativos à produção

interna.

De igual modo as três agências avaliaram positivamente os esforços de longo prazo para a

consolidação da estabilidade política e as mudanças constitucionais e institucionais

recentes.

As agências também valorizaram as medidas em curso no âmbito das políticas fiscal e

monetária e para diminuir a vulnerabilidade da economia à volatilidade dos preços do

petróleo.

A esse respeito, consideram o programa acordado entre Angola e o FMI, em fins de 2009,

como um factor positivo, que mostra a determinação do Executivo de seguir adiante com as

políticas visando a normalização dos mercados, a manutenção da estabilidade

macroeconómica e a diversificação económica.

Finalmente, as agências consideram que a forte retoma do crescimento económico, em

2010 e nos anos futuros, contribuirá para o êxito das medidas do Executivo e para que se

alcance, níveis maiores de diversificação económica.

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5. ANEXO – PRINCIPAIS IMPORTADORES DE ANGOLA

 

Empresa Morada Web site/mail Telefone Fax

GRUPO AROSFRAN SARL R. Comadante Valodia , nº 67, 1° Andar [email protected] 2442430165 / 222 443 146 2442449972

ANGOALISSAR COMERCIO E INDÚSTRIA R. Dr. Amílcar Barca, 5, 1º Luanda http://www.angoalissar.com/pt/index.aspx; [email protected] 222 310 221

INTERCAL - EMPRESA REUNIDA DE COM. & IND. Lgo 1º de Maio, 15- cx postal 23 - Lubango [email protected] 261223077 / 261 222 680 / 261 245 899 261228175 /

GRN - GABINETE DE RECONSTRUÇÃO NACIONAL Gabinete de Obras Especiais, Morro Bento 222 35 8210 222357956

NOVA CIMANGOLA, SARL Av. 4 de Fevereiro, 45 2º Andar 310190

ANGOLA LNG LIMITED 20 - Av. Lenine http://www.angolalng.com/ 222 69 26 00

SECIL Lobito, S.A. Morro da Quileva - CP 157 Lobito [email protected]; [email protected] 272 222 207 272 223 106

GOLFRATE HOLDINGS Av. 4 de Fevereiro, nº 13 r/c - Luanda; cx. Postal 6173 www.golfrateangola.com; [email protected] 253250023

CHINANGOL, LDA RUA MAJOR KANHANGULO BUNGO No A B E C LUANDA [email protected] 222 444 066 222 443 967

CABINDA GULF OIL Avenida Lenine 77 244 239 26 46 244 239 43 48

SIMPORTEX - COMERCIALIZAÇÃO DE EQUIP. R. Rainha Ginga, 24 350883 / 338983

COCA-COLA BOTTLING LUANDA Rua N'Gola Kiluange n.º370, [email protected] 222-381212/382605/382567/380353 222-380047

ANGO RAYAN GROUP R N Gola Kiluanji, nº 98

EAA ENTREPOSTO ADUANEIRO DE ANGOLA Estrada do Cacuaco, km 4, Bairro N'Gola Kiluange Luanda 222 84 18 88 222 84 17 02

A DISTRIBUIDORA R N Gola Kiluanji, nº 168, Bairro de São Paulo [email protected] 222 38 15 91/222386590/222386591 222383795

ATLAS GRUPO, LDA. Rua Major Kanhangulo 199, 2 Andar - Luanda 310760/ 310751

MAXI Cash & Carry (Grupo Teixeira Duarte); Av. Pedro de Castro Van-Dúnen «Loy», Morro Bento, Luanda

NOSSO SUPER (ODEBRECHT); Estrada do Catete km 30 - Bairro de Viana 22267-7472 / 222 67 85 00

POUPA LÁ (GRULA); R. Manuel Augusto dos Santos, 28, Maculusso Bairro das Ingombotas, Luanda 222 39 41 48 222 33 32 68

CENCO (Central de Compras das FAA e Forças de

Segurança).Rua Rainha Ginga, 240/2 222 330 764 / 222 338 504 / 222 330131