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'Governo pagar universidade para ricoé um gasto burro', diz especialista

ANA ESTELA DE SOUSA PINTOEDITORA DE "MERCADO"

14/12/2015 02h00

O ensino do Brasil precisa de uma revolução radical,com "metas muito mais ousadas, que vão seralcançadas pelo esforço e não pelo dinheiro", diz oeconomista Ricardo Paes de Barros.

Um dos mais reconhecidos especialistas em políticaspúblicas, ele diz que o Brasil está uma geração atrás

'Se Brasil formasse médicos comoprofessores, pacientes morreriam',diz Mercadante

Brics anunciam a criação de rede deintercâmbio de pós-graduação

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O Brasil que dá Certo Educação 12 de 13

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públicas, ele diz que o Brasil está uma geração atrásda chilena e o projeto do governo —o Plano Nacionalda Educação— é "dramaticamente tímido", não servepara um país que precisa fazer em 25 anos o que os outros fazem em 50.

Para Paes de Barros, a necessidade de um ajuste fiscal com cortes drásticos —sem o qual o país ficará estagnado por décadas— não impede que se avance naqualidade do ensino.

"Educação é um caso típico em que se pode fazer uma revolução sem precisarde muito mais dinheiro."

Em entrevista à Folha ele condena o ensino superior gratuito para quempode pagar ("é o tipo do gasto social burro") e defende que os governosdesestatizem a educação —desde que com uma boa regulação— para seconcentrar na política e na estratégia.

"Gastar mais por gastar mais não vai resolver nada. É preciso metas,consequências e plano de ação. Educação é igual a trabalho. O que precisamosé de um visionário, que entenda isso, tenha uma meta e um plano de ação, epreste contas dos resultados."

À frente da Cátedra Instituto Ayrton Senna do Insper, Paes de Barros sededica a identificar desafios, formular e avaliar políticas públicas em áreascomo produtividade do trabalho, educação, primeira infância, juventude,demografia, imigração, desigualdade, pobreza e mercado de trabalho.

Para o pesquisador, o governo precisa apresentar rapidamente aos credoresum plano de quanto vai gastar, quanto vai usar para pagar juros e onde vaicortar, a partir de princípios. "Se partir para a negociação, a quantidade deinjustiça será bem maior."

Os principais critérios para os cortes, diz, são proteger os 50% mais pobres,que têm 15% da renda, e preservar os programas eficientes.

"Equidade, eficiência e meritocracia são importantes, é isso que precisa serdecidido politicamente."

Folha Como se equilibra equidade e meritocracia?

Ricardo Paes de Barros Às vezes não há nem conflito. Por exemplo,cobrar do rico que estuda na USP e financiar o pobre para que estude na USPnão interfere na meritocracia e resolve um problema de equidade.

O Brasil tem uma grande desigualdade de oportunidades educacionais, quefaz com que crianças supertalentosas não alcancem níveis a que poderiamchegar. A sociedade deveria colocálas nos melhores colégios de São Paulo epagar a conta, em vez de pagar a universidade para um monte de gente quenão precisa disso.

O Estado sabe, pelo Imposto de Renda, quem tem filho na USP e poderiapagar agora, ou pedir crédito e pagar depois. Esse dinheiro pode ser usado embolsas para que os melhores alunos pobres estudem nas melhores escolas deSão Paulo. Promovese a meritocracia e a equidade.

A sociedade brasileira é tão louca que a coisa mais fácil é equilibrar as duascoisas.

O sr. já mostrou há muitos anos que o dinheiro investido naeducação básica tem as chamadas externalidades positivas [efeitoscolaterais positivos na saúde e na segurança, por exemplo],enquanto o que vai para o ensino superior beneficia apenas oindivíduo. Por que os governos continuam bancando o ensinosuperior gratuito para todos?

Não tenho a mais vaga ideia. Se olharmos a declaração dos direitos humanos—e o direito à educação é um direito humano—, não está incluída a educação

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—e o direito à educação é um direito humano—, não está incluída a educaçãosuperior gratuita. E um direito humano básico, desde 1948, que é a educaçãobásica de qualidade, nós não garantimos.

Não sei por que estamos garantindo educação superior gratuita para unscaras que podem pagar e até gostariam de pagar. Os pais, que gastavam muitodinheiro no fundamental e no médio, dão então um carro ou uma viagem paraa Europa.

No fundo, aquele investimento que o rico faria no seu filho, o governo estáfazendo no lugar dele.

É o tipo do gasto público burro, porque nenhum pai de classe média deixariade colocar o filho na faculdade porque ela é paga. É sem sentido.

O número de pobres que se atende na universidade pública é mínimo, 75% doensino superior é privado, a gratuidade não faz nenhum sentido.

Sergio Lima/Folhapress

Ricardo Paes de Barros, titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna no Insper

Há algo de pátria educadora andando no país?

Não vejo, não. Pátria educadora não é um bom nome, porque o protagonistada educação não é a pátria, mas a própria pessoa, que precisa aprender a terautonomia intelectual, senso crítico.

A ideia de pátria educadora é a de que alguém vai fazer algo por mim, quandoo que preciso é da oportunidade de aprender por mim mesmo, com o meuesforço.

Mas tenho certeza de que a presidente não tinha a intenção de dar essa ideiapaternalista da educação e ela acertou no foco, a ideia foi brilhante, muitoadequada.

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Atualizado em 14/12/2015 Fonte: CMA

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EDUCAÇÃOIniciativas bemsucedidas no Brasil

O Brasil precisa de uma revolução na educação, algo radical. O PlanoNacional da Educação é dramaticamente tímido perto do que precisamos. Épreciso ter metas muito mais ousadas, que vão ser alcançadas pelo esforço enão pelo dinheiro.

Países muito pobres e áreas muito pobres do país fazem educação sem tantodinheiro: é só botar o aluno e o professor se esforçando mais, mais motivados.

Educação é um caso típico em que se pode fazer uma revolução sem precisarde muito mais dinheiro, porque depende da atitude de todos os envolvidos.

O problema é que não estamos entendo a revolução de que precisamos.Estamos uma geração atrás do Chile. Em uma geração temos que fazer o queoutros países fazem em duas.

O atraso é em termos de qualidade?

Quantidade. O que o nosso jovem está levando para vida adulta, dez anos deescolaridade, os pais dos jovens chilenos já tinham há 23 anos.

Precisamos fazer duas vezes mais que o normal, e não estamos acelerando dejeito nenhum, nem em quantidade nem em qualidade. Só em gasto. Em gasto,dobramos.

Mas houve um avanço no acesso, não?

Claro, mas esse avanço houve em toda parte. O Brasil está mantendo aposição relativa, atrás dos outros.

Todo nosso esforço fará com que daqui a 25 anos continuemos atrás do Chile,se mantivermos essa velocidade. O jovem chileno já tem hoje 12 anos deescolaridade.

Nós precisamos em 25 anos avançar quatro em escolaridade, e, para isso, éalgo muito diferente do que estamos fazendo. Precisa reconstruir.

Cuba fez isso, em muito menos tempo, e obviamente não foi com dinheiro,mas com as pessoas.

É preciso pagar as pessoas, claro, e pode ser necessário melhorar o salário dosprofessores, mas é principalmente com a valorização deles.

Os professores têm que ser "os caras", "a" pessoa importante.

Por que sabemos o nome do jogador de futebol do nosso time, do médico donosso filho, mas não dos professores?

Por que tratamos o médico dos nossos filhos com respeito, com reverência, enão tratamos assim os professores? O professor é qualquer um aí Mas fazuma tremenda diferença.

É preciso trabalhar muito na motivação intrínseca, a motivação pela causa. Eo aluno precisa absorver essa motivação, perceber que não depende dosoutros, mas dele. Que vai ser chato, cansativo, vai ter que fazer exercícios,gastar muitas horas, se esforçar.

Ele vai querer saber para que serve isso tudo, e os professores vão ter queresponder claramente.

Nosso currículo precisa ser muito bem bolado, porque estamos muitoatrasados e não temos tempo para ficar ensinando coisas inúteis. Se há umpaís que precisa ter um supercurrículo, incrivelmente bem elaborado, é oBrasil.

Qual a sua avaliação da basecurricular comum em discussãono momento?

A atitude do MEC é boa de abrir, botarpara discutir. Precisamos de uma base.

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Escolas e universidades escapam da crise cominovação e gestão

Grupos de ensino enfrentam desafio de seadaptar à crise e à queda do Fies

Fundações investem na formação de gestoresde escolas públicas

Softwares permitem avaliação mais precisa dodesempenho dos alunos

para discutir. Precisamos de uma base.

Não olhei em detalhes, mas pelaspartes que vi, precisava estar maisclaro quais são os princípios que vãodefinir essa base. Agora o MEC tem 1milhão de comentários. Como vãoselecionálos? Contra que critérios vãobater cada comentário para saber seserve ou não?

A ideia de que precisamos ensinartudo para todos é sem sentido. Éimpossível.

Também não é o caso de especializar os alunos. A Austrália tem uma boasolução, em forma de T: dá uma visão geral, por exemplo, da história antiga,uma pincelada de Egito, Grécia, Mesopotâmia, China etc., e o aluno escolheum tema e aprofunda: vê o papel da religião, da mulher, dos artesãos, doscientistas, da burocracia, como funcionava a sociedade, quais as regras.

Desenvolve pensamento crítico sobre ele, entende e exercita como pensar emhistória, para, quando tratar de outro tema, saber como pensar e sozinhopoder estudar sobre o que quiser, para a vida.

Esses princípios eu não vejo na base curricular brasileira, embora o currículo

australiano já seja muito conhecido no Brasil. Os australianos já vieram "n"vezes explicar como fazem. Nós continuamos com um currículo quadradão,com tudo lá.

Discutir um currículo é ótimo. Uma criança de 11 anos só tem 11 anos uma vezna vida. Gastar o tempo dela ensinando algo irrelevante é um prejuízo para asociedade incalculável.

Precisamos pensar muito bem no que vamos ensinar para uma criança de 11anos, não podemos gastar o tempo dela num momento em que está fazendoconexões neurais importantíssimas, únicas. Ela tem todo o direito de saberpor que aquilo é relevante e o professor precisa dizer para ela exatamentecomo aquilo vai ser importante para ela. É preciso mostrar para que aqueleconhecimento serve e como pode ser usado em outros contextos.

Os professores estão preparados para isso?

Há muito professor que já faz isso todo dia. Acho difícil que qualquerfaculdade de pedagogia não ensine isso.

Tenho medo de que estejamos vitimizando demais os professores.

Devidamente motivados, eles já têm condições de fazer isso. Há municípiosmuito pobres ganhando prêmios em olimpíadas de matemática e, quandovocê pergunta aos professores o que eles fazem, é o simples: dou aula, explicopara que aquilo serve, dou exercício, corrijo, explico o que estava errado.Princípios básicos do aprendizado: é preciso haver significado, é precisoexercitar e alguém precisa explicar onde errei.

O professor que tem alta expectativa sobre o aluno, olha para cada alunocomo um futuro presidente do Brasil, e tem paixão por ensinar, uma criançavai se divertir e aprender.

Os professores estão sendo formados para isso? A formação não émuito teórica e pouco voltada para a sala de aula?

São coisas diferentes. É possível aprender como alguém aprendeteoricamente, sem nunca ter entrado numa sala de aula. E há professoresnovos que entendem isso, mas não sabem como lidar com a interação, com ahostilidade, com a gestão da sala de aula.

O problema é menos a gestão do aprendizado do aluno e mais a gestão da salade aula. Isso melhora com a experiência.

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O problema é o círculo virtuoso ou vicioso que se cria. Se o professor nãodeixa clara a importância do que ensina, não se empenha, os alunos sedesinteressam e fica impossível.

O professor motivado vai encontrar dificuldades, mas a assessoria pedagógicaserve justamente para isso. Numa escola em que todos estão querendoensinar, o professor vai também aprender com os outros.

Essa revolução na educação exige uma revolução cultural? Damaneira de pensar?

É um pouco como um time de futebol, que começa a jogar melhor com umnovo técnico.

É preciso trocar o ministro, então?

Não sei se precisa trocar o ministro. Precisamos de alguém que bata na mesae diga o seguinte: "Este país, em 25 anos, vai avançar 50 anos em educação.Acredite".

Precisa de inspiração?

E de comprometimento. Precisa dizer qual é a meta e acompanhar osindicadores, mostrar que se está fazendo.

Como Pernambuco, Goiás e Rio de Janeiro, que melhoraram rapidamente.

No Rio de Janeiro, o [exsecretário estadual Wilson] Risolia tinha um papelcom 4 metas. Em quatro anos, o Estado passou de 17o a 3o lugar no Brasil.Mudou algum professor? Não. Sofreu como um condenado? Sofreu, sofreu.

É uma questão de vontade política, então?

Não diria que é de vontade política.

É preciso alguém que saiba o que vai fazer.

Não precisamos de um ministro da Educação que diga "sou dedicado, soutrabalhador, vou fazer o melhor possível". Precisamos de um visionário. Umcamarada que tem uma ideia. Nem precisa ser da educação, pode vir de umaempresa que produz cimento. Tem que ter claro que educação = trabalho,nada mais que isso, e um plano de ação. Como as quatro coisas que o Risolialistou.

E prestar contas todo ano. Arrastar todo mundo que não quiser entrar nobarco. E, claro, tem que ter apoio, porque vai apanhar durante o dia todo.Pode ser o ministro, o secretárioexecutivo, o secretário de Educação Básica,não importa quem vai ser. Mas alguém tem que fazer.

A situação hoje do Brasil é como a dos EUA na corrida espacial, já saindoatrás da URSS.

Sem nunca ter colocado um satélite em órbita, eles fizeram um plano para emdez anos chegar à lua. O plano tinha sete passos, e eles seguiram um a um. OBrasil tem que fazer isso na educação.

Se tivermos um Plano Nacional da Educação pouco ousado, com cara depauta de reivindicações, não chegaremos a lugar nenhum.

Cada grupo deve ter sua pauta de reivindicações e lutar por ela, mas o PNEnão pode ser isso, tem que nos levar a fazer algo notável. Como a construçãode Brasília —pode ter custado uma fortuna, endividou o país, poderia ter sidomais planejado ou barato, mas integrou o país.

Isso é o que falta na educação. E o Brasil não gasta pouco em educação,comparado com o PIB.

E são gastos crescentes, certo?

Dobraram nos últimos dez anos, no gasto por aluno.

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O PNE propõe chegar a 10% do PIB.

Sim, dobrou e quer dobrar de novo. Acho até que temos que aumentar o gastocom educação, mesmo que seja temporário, porque o atraso é tanto que fazsentido, desde que exista um plano.

Mas, como temos uma restrição orçamentária, será preciso dizer de onde sai.Deixar de fazer a e b para investir em educação. Pátria educadora é isso.

Mas gastar mais sem um plano e um sistema de governança, que estabeleçaconsequências caso as metas não sejam cumpridas, não vale a pena.

Gastar mais por gastar mais não vai resolver nada. É preciso metas,consequências e plano de ação. Chamar os gênios de plantão —não só os queestão nas grandes universidades ou centros de pesquisa, mas as muitaspessoas que entendem de educação e estão espalhadas pelo país, no interior

do Nordeste, resolvendo na prática os problemas.

Vamos valorizar o que essas pessoas estão fazendo, inovando de forma muitosimples. Se fizermos ao menos o simples, daremos um salto impressionante.Três ou quatro coisas, bem escolhidas, feitas com afinco. Mas é precisoalguém com muita liderança que decida que vamos fazer o simples.

Por que o aumento da escolaridade não trouxe aumento deprodutividade? É reflexo da qualidade ruim ou de os empregosterem crescido em setores como comércio, que agregam menosvalor?

Não arriscaria explicar, mas é um fato: a produtividade não cresceu ao lado daescolaridade. E o curioso é que não aconteceu em outros países, o quepreocupa.

A responsabilidade não é só da educação. O setor produtivo também temresponsabilidade por isso. O ambiente de negócios no país é tal que gastamosuma grande quantidade de talento lidando com como navegar pelos impostos,pela legislação trabalhista, em atividades que não produzem nada.

Ou fazendo lobby.

Viramos uma sociedade mais preocupada em ter acesso a uma parte doproduto que em produzir mais.

O Brasil que dá Certo Educação 17 de 27

Denise Guimarães/Folhapress

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educacao mec

produto que em produzir mais.

A meritocracia deveria ser ganhar mais produzindo mais, não descobrindocomo ter uma fatia maior do bolo pagando menos imposto ou negociandouma vantagem fiscal.

Em um seminário recente, o sr. criticou a dificuldade de o Brasiltrabalhar com o setor privado na área de educação. Haveriaganhos em usar a rede privada para garantir educação gratuita?

É até possível avançar duas gerações em uma com uma educaçãocompletamente estatal. As "charter schools" [escolas privadas contratadaspelo Estado] não são indispensáveis, como mostram os exemplos de Goiás,Pernambuco e Rio.

É preciso haver um plano.

Mas o país ganharia velocidade com as "charter schools". Qual a utilidadepara a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo ter 200 mil funcionáriosem escolas? Impossível gerenciar de forma eficiente 200 mil pessoas.

Seria muito melhor distribuir essas escolas e cada responsável por uma escolaou uma rede —o que seria ainda melhor— prestaria contas.

A secretaria tem que fazer a política educacional, o currículo, e para isso nãopode gastar tempo e energia administrando 200 mil professores.

A educação não ganha nada em essa administração continuar estatal.

Se a escola é desestatizada e abandonada, claro que é péssimo. Desestatizarmal, entregar para alguém incompetente é péssimo, pode complicar aindamais. É preciso ser muito cuidadoso em como desestatizar, exige umacapacidade de regular muito bem isso, que já desenvolvemos. Temos osinstrumentos de avaliação.

É preciso uma transição.

No futuro, vão achar que éramos completamente malucos em ter escolasestatais. Não há o menor sentido em educação ser estatal.

Mas, claro, desestatizar não é uma panaceia. Obviamente é precisoconcorrência, meritocracia no sistema educacional, e essa desestatizaçãodeveria levar a isso.

O Fundeb também poderia levar a isso, se as melhores escolas atraíssem maisalunos e, com isso, recebessem mais dinheiro.

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Para quem fez ITA, reclamar com tanta ferocidade da educação superior gratuita chega até serhipocrisia, sr. Ricardo.

Para quem ainda não entendeu o que está atrás do impeachment: aí vem a restauraçãoconservadora, neoliberal e privatizadora.

Educação é uma área ampla demais. De fato, especialmente no ensino médio, é urgente umareforma curricular. O conteúdo não aplicável na prática é forte colaborador para a alta evasãoque ocorre no período. Isso se soma ao fato do jovem já chegar defasado na idade em funçãodas repetências no fundamental. A reforma curricular é urgente!

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Jean F. (2) (06h03) há 9 horas 3 1 Denunciar

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Nestor (382) (07h59) há 7 horas 2 1 Denunciar

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Denis (171) (08h38) há 6 horas 1 0 Denunciar

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