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Tânia Justo de Pinho
Efeitos Diretos e Indiretos das Remessas de
Emigrantes no Crescimento Económico. Um
Estudo de Painel Aplicado à Economia
Mundial, 1980-2011
Trabalho de Projeto orientado por:
Professora Doutora Adelaide Duarte
Janeiro, 2014
Mestrado em Economia
Especialização em Economia Industrial
Tânia Justo de Pinho
Efeitos Diretos e Indiretos das Remessas de
Emigrantes no Crescimento Económico. Um
Estudo de Painel Aplicado à Economia Mundial,
1980-2011
Trabalho de Projeto de Mestrado em Economia, na especialidade em Economia
Industrial, apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra para
obtenção do grau de Mestre
Orientado por: Professora Doutora Adelaide Duarte
Coimbra 2014
Agradecimentos
Este Trabalho de Projeto representa o terminar da minha vida académica e de uma
grande etapa na minha vida e, por este motivo, gostaria de expressar o mais profundo
agradecimento a todos aqueles que, de uma forma ou outra, fizeram parte desta viagem
e a tornaram especial.
À Professora Doutora Adelaide Duarte, expresso o meu profundo agradecimento
pela orientação e apoio incondicionais que muito elevaram os meus conhecimentos e,
sem dúvida, muito estimularam o meu desejo de querer sempre saber mais, e a vontade
constante de querer fazer melhor. Agradeço também, não só a confiança que em mim
depositou desde o início, mas também, o sentido de responsabilidade que me incutiu em
todas as fases do Trabalho Projeto.
Aos meus Colegas de Faculdade, um muito obrigado pela vossa amizade,
companheirismo e ajuda, fatores muito importantes na realização deste Trabalho e que
permitiram que cada dia fosse encarado com particular motivação. Também uma
referência especial ao Gonçalo Marouvo, pela ajuda, disponibilidade e humildade nas
alturas de desânimo.
Gostaria de agradecer a todos os docentes da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra por tudo aquilo que me ensinaram nestes cinco anos.
Aos meus amigos, pelo incentivo e preocupação, muito obrigado pelas conversas e
palavras de coragem nos momentos menos bons, bem como a força transmitida.
À minha Irmã pelo apoio constante, carinho, encorajamento e força para continuar.
Por ser a minha melhor amiga e torcer sempre por mim.
À Minha Família, em especial aos Meus Pais, e à Minha Irmã, um enorme
obrigado por todos os ensinamentos de vida e por acreditarem sempre em mim. Espero
que esta etapa, que agora termino, possa de alguma forma retribuir e compensar todo o
carinho, apoio e dedicação que constantemente me oferecem.
Resumo
Este trabalho constitui um Estudo empírico acerca da relação entre as remessas e
crescimento económico nos Países recetores a nível mundial que tem por objetivo
identificar os efeitos diretos e indiretos dos dois principais canais pelos quais as
remessas influenciam o crescimento económico – o canal do desenvolvimento
financeiro e o canal do capital humano. Adicionalmente, o presente estudo procura
encontrar os diferentes impactos das remessas para níveis de rendimento distintos. As
regressões têm por base um painel estático estimado usando modelos de FE e GLS
aplicado a uma base de dados mundial composta por 58 Países para o período de 1980-
2011 e quatro sub-amostras que incluem os diferentes grupos de Países por níveis de
rendimento segundo a classificação do Banco Mundial. A estimação de FE confirma
que o efeito global das remessas é positivo e significativo, embora muito pequeno, e que
os níveis de rendimento determinam a influencia do canal nos efeitos diretos e indiretos.
Mais especificamente, o efeito indireto proveniente do canal do desenvolvimento
financeiro funciona no grupo de países de Baixo e Médio-Baixo Rendimento e os
resultados sugerem que as remessas são um substituto da oferta de crédito. Há
confirmação que o canal do capital humano atua no grupo de Rendimento Médio-Alto.
Em concordância, as recomendações de política deverão ser distintas por grupos de
rendimento, nomeadamente nos incentivos às transferências de remessas e investimento
em capital físico e ou capital humano, combinados com políticas macroeconómicas que
promovam a competitividade e o crescimento económico.
Palavras – Chave: Remessas, Crescimento Económico, Desenvolvimento Financeiro,
Capital Humano, Painel Estático, Efeitos Diretos, Efeitos Indiretos.
Classificação JEL: F22, F43, 016, F2, F24
Abstract
This is an empirical study about the relationship between remittances and economic
growth in the recipient countries at the world level that intends to uncover the direct and
indirect effects of two main channels that influence the impact of remittances on
economic growth, - the financial development channel as well as the human capital
channel. Additionally, it tries to assess possible different remittances impacts due to
different income levels. Growth regressions based on static panel are estimated using
FE and GLS models applied to a world database with 58 countries for the period 1980-
2011 and four subsamples that include groups of countries by income level following
WB classification. FE estimations confirm that global effects from remittances are
significant and positive although very small and that income levels determine channels’
influence. More specifically the indirect effect from the financial development channel
is in motion in the Low and Middle-Low Income Group and Remittances are as a
substitute for credit supply. There is also evidence that Human Capital channel acts in
the Middle-High group. Accordingly, different policy recommendations should be
pointed out by income group, namely incentives to transfers of remittances and
investment in physical and/human capital combined with macroeconomic policies
aimed at fostering competitiveness and economic growth.
Keywords: Remittances, Economic Growth, Financial Development, Human capital,
static panel, Direct Effect, Indirect Effect.
JEL Classification: F22, F43, 016, F2, F24
i
1. Índice
1. Introdução ...........................................................................................................4
2. Revisão da literatura ...........................................................................................6
3. Análise dos dados .............................................................................................11
3.1. Amostra ........................................................................................................ 11
3.2 Sumário Estatístico........................................................................................... 12
3.3 Evolução do PIB per capita médio das economias representativas ................. 13
3.4 Evolução das Remessas das economias representativas .................................. 15
3.5 Correlação Remessas/PIBpc real (global e sub-amostras) ............................... 17
4. Metodologia ......................................................................................................18
4.1 Estratégia Empírica .......................................................................................... 18
4.2 Resultados ........................................................................................................ 23
5. Conclusões ......................................................................................................... 30
Bibliografia .................................................................................................................33
Anexos ........................................................................................................................35
ii
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Sumário Estatístico para os 58 Países da Amostra ................................. 12
Tabela A.1 – Sumário de Autores ............................................................................. 35
Tabela A.2 – Tabela de Autores ............................................................................... 36
Tabela A.3.1 – Países pertencentes à Amostra Global ............................................. 38
Tabela A.3.2 – Sub-Amostras por níveis de rendimento .......................................... 38
Tabela A.4.1 – Sumário Estatístico das Sub-Amostras por níveis de rendimento ... 39
Tabela A.4.2 – Descrição das Variáveis ................................................................... 40
Índice de Figuras
Figura 1 – Evolução do l_PIB Real per capita ($ milhares) médio dos 58 Países da
amostra. .......................................................................................................................... 14
Figura 2 – Evolução do l_PIB Real per capita ($ milhares) médio dos Países de Alto
Rendimento ..................................................................................................................... 14
Figura 3 – Evolução do l_PIB Real per capita ($ milhares) médio dos Países de
Médio-Alto Rendimento ................................................................................................. 14
Figura 4 – Evolução do l_PIB Real per capita ($ milhares) médio dos Países de
Médio-Baixo Rendimento .............................................................................................. 14
Figura 5 – Evolução do l_PIB Real per capita ($ milhares) médio dos Países de
Baixo Rendimento .......................................................................................................... 14
Figura 6 – Evolução da Média das Entradas de Remessas ($ milhões) para os 58
Países da amostra ............................................................................................................ 15
Figura 7 – Evolução da Média das l_Remittances Inflows para os Países de Baixo
Rendimento(milhões US $) ............................................................................................ 16
Figura 8 – Evolução da Média das l_Remittances Inflows para os Países de Baixo-
Médio Rendimento(milhões US $) ................................................................................. 16
Figura 9 – Evolução da Média l_Remittances Inflows para os Países de Alto-Médio
Rendimento(milhões US $) ............................................................................................ 16
Figura 10 – Evolução Média das l_Remittances Inflows para os Países de Alto
Rendimento(milhões US $) ............................................................................................ 16
Figura 11 - Dispersão entre a Entrada de Remessas e o PIB Real per capita para os
58 Países: ........................................................................................................................ 17
iii
Figura 12 – Dispersão para os Países de Rendimento Elevado entre as Entradas de
Remessas e o PIB Real per capita .................................................................................. 17
Figura 13 – Dispersão para os Países de Médio-Alto Rendimento entre as Entradas
de Remessas e o PIB Real per capita ............................................................................. 17
Figura 14 – Dispersão para os Países de Médio-Baixo Rendimento entre as Entradas
de Remessas e o PIB Real per capita ............................................................................. 18
Figura 15 – Dispersão para os Países de Baixo Rendimento entre as Entradas de
Remessas e o PIB Real per capita .................................................................................. 18
Índice de Quadros
Quadro 1 – Estimações para os Efeitos Fixos .......................................................... 26
Quadro 2 – Estimações para os Efeitos Fixos .......................................................... 27
Quadro A.5.1 - Estimações para os 58 Países da Amostra ....................................... 41
Quadro A.5.2 - Países de Elevado Rendimento ....................................................... 42
Quadro A.5.3 - Países de Rendimento Médio-Alto .................................................. 43
Quadro A.5.4 - Países de Baixo Rendimento e Médio-Baixo Rendimento ............. 44
Acrónimos
PWT – Penn World Table
WBG – World Bank Group
REM – Remessas
FE – Efeitos Fixos
GLS – Efeitos Aleatórios
GMM – Método de Momentos Generalizado
SYS-GMM – Sistema GMM
PMG – Pooled Mean Group
PIB – Produto Interno Bruto
PTF – Produtividade Total de Fatores
I&D – Investigação e Desenvolvimento
4
1. Introdução
O estudo do impacto económico das remessas de emigrantes possui uma especial
importância, uma vez que se trata de um fluxo financeiro deveras importante quando se
pretende compreender o desempenho económico, ou o crescimento económico de um
país que dependa desses fluxos. Com a globalização, as remessas dos emigrantes
constituem a segunda fonte de financiamento externo dos Países em desenvolvimento,
(Glytsos, 2005). O total de remessas de emigrantes subiu de 1,5 mil milhões de dólares
americanos em 1975 para 325 mil milhões em 2008 (Banco Mundial, 2011a e 2011b),
(Das e Chowdhury, 2011). O total das remessas de trabalhadores recebido pelos Países
em desenvolvimento aumentou 73% entre 2001 e 2005, atingindo um total de 167 mil
milhões de dólares.
Há uma literatura importante sobre o impacto económico das remessas de
emigrantes nos Países recetores. Nos estudos de análise da conjuntura, as remessas têm
um efeito estabilizador porque são contra cíclicas, (Frankel, 2009). Nalguns estudos de
crescimento, as remessas dos emigrantes impulsionam o crescimento económico do país
recetor se este tiver um sistema financeiro deficiente porque permitem superar restrições
de liquidez, (Giulliano e Ruiz-Arranz, 2008).
As pessoas que emigraram estão normalmente à procura de um melhor padrão
de vida para si e para as suas famílias. As remessas que enviam para o seu país de
origem poderão ter um impacto positivo considerável ou, pelo contrário, poderão não
ser significativamente importantes para o crescimento das economias recetoras
respetivas? Neste estudo proponho-me analisar a importância das remessas de
emigrantes na economia mundial através da compreensão, identificação e avaliação
empírica de mecanismos de transmissão através dos quais as remessas concorrem para o
crescimento económico dos Países em estudo (mais concretamente o canal do
Desenvolvimento Financeiro e o da Educação).
A literatura económica aplicada que versa este tema não é unânime na resposta à
pergunta acima formulada. Alguns autores concluem que existe uma relação positiva de
longo-prazo entre as remessas e o PIB mas a magnitude do efeito das remessas sobre o
crescimento é diminuta (Das e Chowdhury, 2011); pelo contrário, outros autores
contradizem aquele resultado e mostram que a relação positiva só é restabelecida
através de canais de transmissão (Barguellil et al., Zaiem 2013). Recentemente há um
maior consenso acerca da magnitude do efeito caso seja positivo, mas há resultados
5
díspares em função das amostras, proxies, especificações do modelo da economia e
estimadores.
A pertinência do tema a par de uma agenda de investigação com pontos em
aberto a requerer elucidação foram dois aspetos importantes que motivaram a minha
investigação sobre a relação entre remessas de emigrantes e crescimento nos Países
recetores. Com o intuito de elucidar de forma mais cabal, entre outros, canais de
transmissão da referida relação e sopesar a importância relativa dos mesmos e os
modelos e estimadores econométricos mais adequados. Portugal foi também uma fonte
motivadora devido à “terceira vaga de emigração”.
O principal objetivo deste trabalho consistirá na análise empírica da relação
entre remessas de emigrantes e o crescimento económico dos Países destinatários
destas. Procurarei identificar o sinal da relação mas visarei também outros objetivos que
permitirão dar maior conteúdo ao anterior. As remessas influenciam o crescimento
económico? Se sim, quais os canais e mecanismos que propiciam essa influência sobre
o crescimento económico? São significativos? Quais os efeitos diretos e indiretos das
remessas no crescimento económico dos Países em estudo? Serão diferentes em função
do nível de rendimento dos Países considerados?
A nossa investigação tem uma natureza aplicada, é um estudo cross-country que
explora informação de painel de forma a melhor captar os efeitos diretos e indiretos das
remessas no crescimento económico. Construiremos uma base de dados (1980-2011)
com o maior número possível de Países definidos por nível de rendimento e
subamostras segundo aquele critério para podermos proceder a comparações entre
grupos de Países e testar a robustez dos resultados obtidos para a amostra total. As
especificações econométricas terão assim em conta os canais de transmissão das
remessas sobre o crescimento económico já mencionados. A escolha de modelos
econométricos e estimadores visa controlar potenciais problemas de heterogeneidade
devido a efeitos fixos não observáveis pelo que serão utilizados modelos de painel
estático com estimadores apropriados a esse fim.
O Trabalho de Projeto está organizado em cinco secções. Para além da introdução, a
secção 2 intitulada, Revisão de Literatura Empírica Selecionada, sistematiza literatura
empírica sobretudo em torno da identificação do sinal do efeito global, dos efeitos
direto e indireto e dos canais de transmissão. Na secção seguinte, Análise dos dados
procede-se à caracterização da base de dados e faz-se uma descrição quantitativa dos
principais regressores para a amostra global e para as subamostras: grupos de Países por
6
níveis de rendimento. Na secção 4, Metodologia, descreve-se a estratégia de análise
empírica: equações a estimar, modelos econométricos, estimadores e discutem-se os
resultados. Na secção 5, intitulada Conclusão, tecem-se as considerações finais.
2. Revisão da literatura
Nesta secção farei uma apresentação sumária da literatura selecionada sobre a
análise empírica da relação entre as remessas dos emigrantes e o crescimento
económico no país de origem. A literatura económica aplicada sobre o tema contém
estudos empíricos sobre o efeito global das remessas a partir de equações reduzidas para
captar o sinal da relação, mas isto por si só não é suficiente. É por isso que há outro
conjunto de estudos que analisam os efeitos diretos e indiretos das remessas sobre o
crescimento económico e por essa razão focalizam-se nos canais de transmissão e nos
respetivos mecanismos de transmissão para quantificação dos efeitos das remessas no
crescimento económico e seus impactos diferenciados em função do nível de
rendimento dos Países.
Do ponto de vista econométrico, a literatura identifica, para além dos problemas
de heterogeneidade associados aos efeitos fixos não observáveis de país e de
endogeneidade das variáveis explicativas, problemas de heterogeneidade dos
coeficientes no curto-prazo entre Países e especificação não linear da relação entre as
remessas e o crescimento económico.
Das e Chowdhury (2011) analisaram se existe uma relação de longo-prazo entre
as remessas e o PIB para onze Países em desenvolvimento, através de dados em painel,
no período de 1985 a 2009. Estimaram uma equação de crescimento baseada no modelo
neoclássico de Solow, cuja variável dependente é a taxa de crescimento do produto e as
variáveis de controlo: o emprego, a taxa de investimento e o PIB pc inicial. Foram
aplicados testes de raíz unitária, cointegração em painel e uma estimativa Pooled mean
group (PMG). Os resultados dos testes de raíz unitária e cointegração em painel
sugeriram a existência de relações de longo-prazo de cointegração entre as variáveis. A
estimativa segundo o estimador PMG sugere um impacto reduzido das remessas no
crescimento económico dos principais Países recetores de remessas. Os autores
concluem assim que há uma relação positiva mas de pequena importância entre as
remessas e o PIB.
Pradhan et al., analisam o efeito das remessas de trabalhadores sobre o
crescimento económico para uma amostra de 39 Países em desenvolvimento utilizando
7
dados em painel para o período de 1980 a 2004 (195) observações. Estimam uma
equação standard de crescimento em que o crescimento do PIB real per capita depende
das remessas per capita, do investimento, da abertura ao exterior e da “política”. Os
autores usam os estimadores efeitos fixos ou efeitos aleatórios mas é o primeiro modelo
que é retido através do teste de Hausman.Os resultados empíricos mostram um
ajustamento global significativo. As remessas têm um impacto positivo sobre o
crescimento, embora este impacto seja reduzido.
Uma relação negativa entre as remessas e o crescimento económico foi prevista
por Chami et al. (2005). Os autores baseiam-se num modelo tipo o modelo da família de
Becker (1974), que defende que o fluxo de remessas não é considerado lucro mas sim
uma transferência compensatória. Usando um conjunto de dados em painel para 113
Países em desenvolvimento, Chami et al. (2005) argumentam que o fluxo elevado de
remessas criou uma dependência entre os recetores destas induzindo-os a reduzir a sua
participação no mercado de trabalho. Através da utilização de dados em painel para 113
Países no período de 1970 a 2008 os autores construíram um modelo simples das
remessas e através do estimador OLS, métodos de cointegração em painel e efeitos fixos
obtiveram uma forte correlação negativa entre as remessas e o crescimento do PIB. Com
isto provaram que as remessas não estão destinadas a servir como uma fonte de capital
para o desenvolvimento económico pois têm um efeito negativo sobre este, indiciando a
existência de risco moral elevado. Este risco elevado provém do facto de o destinatário
das remessas utilizar as mesmas para “comprar” uma redução do esforço de trabalho. O
facto de as remessas funcionarem como um substituto para o rendimento do trabalho
propícia este elevado risco moral.
Ruiz et al. (2009) reanalisam a relação entre as remessas e o crescimento
económico e dão especial atenção à não linearidade desta relação. Para resolverem o
problema da não-linearidade das remessas utilizam um modelo semi-paramétrico
aplicado a 24 Países no período de 1978 a 2001. A variável dependente do modelo é a
taxa de crescimento do produto e as variáveis explicativas são o nível inicial do PIB per
capita, a fragmentação étnica, assassinatos per capita, índice de qualidade das
instituições e uma variável política. Por motivos de comparação foi estimado um
modelo pooled e de efeitos fixos. Os resultados confirmam a existência de um impacto
positivo das remessas no crescimento nas estimações pooled e de efeitos fixos mas os
resultados semi-paramétricos não confirmam essa relação, podendo-se concluir que para
8
esta amostra a relação entre as remessas e o crescimento económico não é linear nem
quadrática.
A possibilidade dos fluxos migratórios poderem alterar a composição do capital
humano nos Países de origem e como isso afeta o crescimento é também interesse de
estudo. Di Maria e Styszowski (2009) usam um modelo de crescimento de difusão
tecnológica no qual o crescimento da produtividade ocorre através da imitação
tecnológica. Chegam à conclusão que os fluxos migratórios distorcem a acumulação de
capital humano e que este efeito é mais forte quanto mais distante está o país da
fronteira tecnológica.
As remessas também produzem efeitos diretos e indiretos significativos no
crescimento económico. Chami et al. (2009) mostraram que as remessas, ao reduzirem
indiretamente a volatilidade, aumentam a taxa de crescimento. Da mesma forma há
confirmação empírica de que o nível de desenvolvimento aumenta a taxa de crescimento
do setor financeiro e as remessas aumentam indiretamente a taxa de crescimento,
acelerando o desenvolvimento do setor financeiro. (Chami et al., 2008).
Dois efeitos indiretos das remessas que recebem pouca atenção são os efeitos na
formação do capital humano, através da educação, e os efeitos sobre a taxa de
investimento. (Barguellil et al.) (Giulliano e Ruiz-Arranz) (Senbeta) (Di Maria et al.)
(Cooray) (Barajas et al.)
Tanto a formação de capital humano como o investimento têm efeitos sobre o
crescimento. Em contraste com estes efeitos no crescimento das remessas através dos
canais indiretos acima citados, há autores que tentam estimar os efeitos diretos das
remessas no crescimento pela regressão da taxa de crescimento das remessas e um
conjunto de variáveis de controlo. Barajas et al. (2009) elucidam que os efeitos diretos
das remessas no crescimento são insignificantes ou mesmo negativos.
Rao e Hassan (2010) analisaram os efeitos diretos das remessas no crescimento e
os canais através dos quais estas afetam o crescimento para 40 Países durante o período
de 1960 a 2007. Os autores estimaram uma regressão de crescimento ad-hoc com
modelos estáticos de painel, e uma especificação modificada que consistiu na estimação
da função de produção, sendo a taxa de crescimento da PTF também determinada pelo
crescimento das variáveis independentes que poderão funcionar como canais de
transmissão das remessas. Com vista a controlar problemas de heterogeneidade (efeitos
fixos de país não observáveis) e de endogeneidade e obter estimadores eficientes e
consistentes, as especificações anteriores são também estimadas utilizando modelos
9
dinâmicos de painel, mais especificamente o estimador Sistema do Método
Generalizado de Momentos (SYS-GMM). A principal conclusão dos autores é que as
remessas não parecem ter qualquer efeito direto significativo no crescimento, quer se
trate da especificação standard quer se trate da especificação modificada. No entanto,
existem dois canais através dos quais as remessas exercem efeitos indiretos no
crescimento económico: o canal do investimento quer interno quer externo e o nível de
desenvolvimento do setor financeiro.
Giuliano e Ruiz-Arranz (2008) estudaram uma das relações entre as remessas e o
crescimento económico, em particular, como o desenvolvimento do setor financeiro
doméstico influencia a capacidade de um país beneficiar das remessas. Usam variáveis
explicativas desfasadas e o SYS-GMM (para além de OLS e do estimador de efeitos
fixos de regressões em painel) para mitigar problemas de efeitos fixos não observáveis e
endogeneidade. A amostra inclui um conjunto de dados quinquenais, que cobre 73
Países em desenvolvimento entre 1975 a 2002. Os autores estimaram uma equação com
um termo de interação entre as remessas e o desenvolvimento financeiro que permite
que o impacto das remessas no desenvolvimento financeiro varie entre os níveis de
desenvolvimento financeiro dos Países destinatários destas. Exploraram as possíveis
interações entre as remessas em relação ao PIB e a profundidade do sistema financeiro,
como uma forma de testar se as remessas podem melhorar o crescimento, aliviando as
restrições de crédito. Foram obtidos termos de interação negativos e significativos e
interpretaram estes resultados como favoráveis a uma hipótese de restrição de crédito:
as remessas podem ter efeitos positivos sobre o crescimento apenas em Países com
setores financeiros reduzidos, onde a sua chegada serve para aliviar as restrições de
crédito.
Para além do canal de investimento estudado por Giuliano e Ruiz-Arranz (2008),
outros canais podem explicar o impacto das remessas no desenvolvimento económico
dos Países em desenvolvimento. Barguellil et al. (2013) estudam os efeitos das remessas
no crescimento através do canal da educação recorrendo a uma base de dados em painel
para 73 Países no período de 1990 a 2006. Os autores usam uma equação na forma
reduzida (para estudar os efeitos diretos) e uma equação geral com canais (efeitos
indiretos) e estimam estes efeitos através de um modelo dinâmico em painel e do
estimador GMM. As variáveis de controlo usadas no modelo são: o crescimento da
população, a inflação, o capital físico, a abertura ao exterior e as remessas. Os
resultados mostram uma correlação positiva, mas não significativa, entre a educação e o
10
crescimento económico para os Países que são os maiores recetores de remessas em
percentagem do PIB. A introdução de um termo de interação entre as remessas e a
educação permitiu aos autores concluir que as remessas afetam positivamente o
crescimento económico através do seu efeito positivo na educação. As remessas têm
efeitos diretos e indiretos nos Países que são os maiores recetores de remessas em
percentagem do PIB.
Senbeta (2012) estuda os efeitos das remessas no crescimento económico através
das fontes próximas de crescimento: acumulação de capital e produtividade total de
fatores (PTF) tentando identificar quais são os mecanismos de transmissão dos fatores
relevantes na propagação dos efeitos das remessas. São utilizados dados em painel para
50 Países em desenvolvimento no período de 1970 a 2004. Estão presentes nas variáveis
de controlo a abertura ao comércio internacional, o desenvolvimento do setor
financeiro, consumo do governo e a inflação. As especificações básicas do painel,
primeiramente são estimadas usando o método OLS e, mais tarde, usando técnicas de
estimação em painel: efeitos fixos e efeitos aleatórios. Para corrigir potenciais
problemas de endogeneidade das remessas é usado o estimador GMM. Os resultados
mostram que as remessas têm um impacto positivo e estatisticamente significativo sobre
a acumulação de capital (investimento) e, por outro lado, mostram que os fluxos de
remessas não têm um impacto estatisticamente significativo no progresso técnico. Este
efeito não significativo sugere que o fluxo de remessas não contribui positivamente para
o crescimento económico nos Países em desenvolvimento através do canal da PTF. Na
equação deste último canal, foi também considerado, o que é comum nesta literatura,
um termo de interação das remessas com a proxy do nível de desenvolvimento do
sistema financeiro, cujo coeficiente não se revelou estatisticamente significativo,
indiciando que o desenvolvimento do sistema financeiro não desempenha qualquer
papel na determinação da eficiência das remessas.
A literatura existente sobre os efeitos das remessas no crescimento tende a ser
apresentada através de estudos cross-country que exploram informação em painel com
equações na forma reduzida e equações que permitam aos autores captar os efeitos
diretos e indiretos e mecanismos de transmissão através dos quais as remessas possam
influenciar o crescimento económico. Na maior parte da literatura consultada os autores
utilizam dados em painel estático assim como o modelo de Efeitos Fixos e dinâmico,
neste último caso, estimadores GMM para controlar a endogeneidade dos coeficientes
dos regressores e encontrar e influência das remessas no crescimento dos Países em
11
estudo. O uso destes estimadores é o mais recorrente pois permite controlar potenciais
problemas tais como o da endogeneidade (podendo usar-se o estimador GMM) e
também de heterogeneidade dos coeficientes individuais (podendo usar-se o Pooled
Mean Group (declives das retas). Pode-se concluir a partir da revisão da literatura que
os resultados alcançados não são robustos a modelos, estimadores, proxies das remessas
e amostras. De qualquer forma, apontam para uma relação positiva mas não
significativa entre as remessas de emigrantes e o crescimento económico dos Países
recetores destas. E a confirmação de efeitos significativos das remessas circunscreve-se,
em geral, a efeitos indiretos e é obtida através da estimação de equações de canais e
identificação dos mecanismos de transmissão a eles associados.
3. Análise dos dados
3.1. Amostra
Para o nosso estudo construímos uma base de dados em painel com 58 Países [ver
Anexo 3, Tabela 3.1], definidos por níveis de rendimento segundo a classificação do
Banco Mundial [ver Anexo 3, Classificação dos Países por Rendimento] e respetivas
sub-amostras [ver Anexo 3, Tabela 3.2] para o período de 1980 a 2011. Para este efeito,
recolhemos dados da Penn World Table (8.0), do Banco Mundial e da base de dados de
Freedom House. A escolha de um grupo tão vasto e diferenciado de Países recaiu sobre
o facto de querermos chegar a conclusões e comparações e observar o comportamento
de Países tão heterogéneos, se estes têm pontos em comum ou, se pelo contrário o facto
de a amostra conter Países com economias muito diferenciadas levará a resultados
opostos ou muito divergentes entre as sub-amostras em estudo, mais precisamente se o
nível de rendimento influencia a relação entre entrada de remessas e crescimento
económico. A escolha de um grupo tão vasto de Países teve o intuito de aprofundar o
estudo, na medida em que uma maior amostra revela uma maior credibilidade do
estudo. A intenção foi a de conseguir o maior número possível de Países de forma a
poder construir amostras representativas de Países classificados por níveis de
rendimento e regiões. As sub-amostras por níveis de rendimento permitem ter em conta
maiores disparidades existentes entre estes Países. Foram retirados alguns Países com
reduzida dimensão e insulares tais como: as Bahamas, Cabo Verde, Dominica, Haiti,
Jamaica, entre outros. Foram também excluídos da amostra alguns Países por
indisponibilidade de dados (expl: Burkina Faso; Etiópia; Equador; El Salvador, Laos;
Oman; etc). A nossa amostra inclui Países com economias em crescimento, economias
12
estagnadas, economias retardadas. Países produtores e não produtores de petróleo. Com
grandes e pequenas dimensões, mais ou menos liberais. Com várias características
diferenciadas que nos permitem assim ter em conta vários factores. É importante referir
que este estudo utiliza dados anuais na estimação do Painel Estático, isto deve-se à
necessidade de termos um número de graus de liberdade razoável tendo em conta o
número total de regressores que queriámos estimar e as sub-amostras por níveis de
rendimentos.
3.2 Sumário Estatístico
A Tabela 1 apresenta algumas estatísticas descritivas para o PIB Real per capita (a
preços constantes em paridade do poder de compra, base 2005), para as Entradas de
Remessas e para a Taxa de Crescimento do PIB Real per capita e Taxa de Crescimento
das Entradas de Remessas. Como se pode apurar, a média do PIB Real per capita para a
amostra total é de 10691 dólares. O valor máximo do PIB Real per capita pertence à
Noruega, com o valor de 59640 dólares e com o menor valor é o Níger, com 486,55
dólares.
Tabela 1 – Sumário Estatístico para os 58 Países da Amostra
Amostra Total Média Mediana Mínimo Máximo Desvio
Padrão
C.V
Rgdpo_pc 10691,0 5602,8 486,55 59640,0 11142,0 1,042
RemInflPC 4053,7 1038,8 0,188 1,52e+005 10924,0 2,695
d_l_Rgdpo_pc 0,017 0,018 -0,925 0,899 0,064 3,737
d_l_RemInflPC 0,057 0,027 -6,063 6,027 0,415 7,313
Nota: Rgdpo_pc – PIB Real per capita; RemInflPC – Entrada de Remessas (a preços constantes); d_l_Rgdpo_pc -
Taxa de Crescimento do PIB Real per capita; d_l_RemInflPC - Taxa de Crescimento das Entradas de Remessas a
preços constantes.
Fonte: PWT8.0, WBG, construção da autora
A Taxa de Crescimento média do PIB Real per capita, para a amostra total,
apresenta um crescimento de 1,71% (vidé Tabela 1), no período considerado. Importa
ainda referir que a Coreia é o país com maior taxa de crescimento para a variável em
questão, e o Níger é o país que apresenta a menor.
O valor médio do PIB Real per capita apresenta menores valores para o grupo de
Países com nível de rendimento mais baixo [ver Anexo 4, Tabela A.4.1].
13
3.3 Evolução do PIB per capita médio das economias representativas
Utilizou-se uma amostra de dados de frequência anual para um período de longa
duração,1980 a 2011, sobre o l_PIB Real per capita (logaritmo do PIB Real per capita)
de diversos Países, separados por níveis de rendimento. As figuras 1,2 e 3 para o l_PIB
Real per capita médio parecem indicar que a convergência não se confirma, chegamos à
conclusão de que não há convergência nos níveis de l_PIB Real per capita médio para
os diferentes níveis de rendimento da amostra. A ideia de que os Países mais pobres
possuem taxas de crescimento mais elevadas que os Países mais ricos não se concretiza
(como verificamos através das taxas de crescimento).
A ideia subjacente ao conceito de convergência real é a de que os Países pobres
possuem certas vantagens quanto às suas perspetivas de crescimento, se estes
alcançarem algumas das características dos Países mais desenvolvidos atingirão um
caminho de acelerado crescimento. Ao considerarmos um certo período de tempo e um
determinado grupo de Países com diferentes níveis de desenvolvimento, deveríamos
notar que os Países inicialmente mais pobres cresceriam mais depressa que os Países
inicialmente mais ricos.
A evolução do l_PIB Real per capita médio apresenta um comportamento
esperado crescendo ao longo do período de 1980 a 2011 para todos os níveis de
rendimento. Observando as figuras notamos que quanto menor o nível de rendimento
dos Países menor será o seu crescimento, pelo contrário os Países de elevado
rendimento têm um valor mais elevado do PIB e crescente ao longo do período da
amostra. Não existe convergência real dos Países por níveis de rendimento per capita
porque com rendimentos menores os Países mais pobres só poderão aproximar-se dos
mais ricos se as suas taxas de crescimento forem mais elevadas, o que não se verifica.
Tais resultados podem ser corroborados através das taxas médias de crescimento anual
do PIB Real per capita. Verifica-se que para a amostra global o valor é de 1,71 %, tendo
o grupo de Países de rendimento elevado experimentado uma taxa mais elevada para o
mesmo período, 2,12% e observa-se que os Países de rendimento médio alto convergem
para o grupo de rendimento elevado já que a taxa é ligeiramente superior, 2,34%. Já
para os Países de rendimento médio-baixo a taxa é de 1,42% e para o grupo de
rendimentos baixos atinge o valor negativo de 0,14%.
14
Figura 1 – Evolução do l_PIB Real per capita ($ milhares) médio dos 58 Países da
amostra.
Fonte: PWT8.0, construção da autora
Por Nível de Rendimento:
Figura 2 – Evolução do l_PIB Real per
capita ($ milhares) médio dos Países de
Alto Rendimento
Figura 3 – Evolução do l_PIB Real per
capita ($ milhares) médio dos Países de
Médio-Alto Rendimento
Fonte: PWT8.0, construção da autora Fonte: PWT8.0, construção da autora
Figura 4 – Evolução do l_PIB Real per
capita ($ milhares) médio dos Países de
Médio-Baixo Rendimento
Figura 5 – Evolução do l_PIB Real per
capita ($ milhares) médio dos Países de
Baixo Rendimento
Fonte: PWT8.0, construção da autora Fonte: PWT8.0, construção da autora
15
3.4 Evolução das Remessas das economias representativas
As remessas desempenham cada vez mais um papel de grande importância nas
economias de muitos Países, contribuindo para o crescimento económico e para a
subsistência das famílias de emigrantes. Ao analisarmos os gráficos da entrada de
remessas médias para os 58 Países da amostra é de destacar que a entrada de remessas
nos Países destinatários destas tem aumentado de forma constante ao longo dos 32 anos
em análise (vidé figura 6). Ao avaliar as sub-amostras, para os níveis de rendimento,
observamos que o comportamento é semelhante (vidé figuras 7 a 10). Para os quatro
níveis de rendimento, há um aumento da entrada de remessas ao longo do período. O
declive da curva representativa da entrada de remessas é positivo em todos os níveis
existindo uns pequenos decréscimos mas por poucos períodos.
Podemos então afirmar que os influxos de remessas têm aumentado ao longo dos
anos, por níveis de rendimento. Tal facto pode dever-se à crise existente que ameaça
permanentemente quase todas as economias. O aumento do desemprego, as más
condições de vida ou falta delas nos Países de origem dos migrantes são um incentivo a
que estes emigrem e procurem melhores condições de vida para si e para as suas
famílias, o que conduzirá a um aumento de remessas nos Países destinatários destas.
Figura 6 – Evolução da Média das Entradas de Remessas ($ milhões) para os 58 Países
da amostra
Fonte: WBG, construção da autora
16
Por Nível de Rendimento:
Figura 7 – Evolução da Média das
l_Remittances Inflows para os Países de
Baixo Rendimento(milhões US $)
Figura 8 – Evolução da Média das
l_Remittances Inflows para os Países de
Baixo-Médio Rendimento(milhões US $)
Fonte: WBG, construção da autora Fonte: WBG, construção da autora
Figura 9 – Evolução da Média
l_Remittances Inflows para os Países de
Alto-Médio Rendimento(milhões US $)
Figura 10 – Evolução Média das
l_Remittances Inflows para os Países de
Alto Rendimento(milhões US $)
Fonte: WBG, construção da autora Fonte: WBG, construção da autora
17
3.5 Correlação Remessas/PIBpc real (global e sub-amostras)
Analisamos seguidamente a correlação entre o logaritmo das entradas de
Remessas e o logaritmo do PIB real per capita para a amostra e subamostras.
Figura 11 - Dispersão entre a Entrada de Remessas e o PIB Real per capita para os 58
Países:
Nota: PIB Real per capita (a preços constantes em paridade do poder de compra, base 2005), Remessas em milhões
de US $.
Fonte: PWT8.0,WBD, construção da autora
O diagrama de dispersão (Figura 11) mostra a relação entre as entradas de
remessas e o PIB Real per capita. O coeficiente de correlação para a amostra total é
0,146 o que indica que existe uma correlação positiva fraca entre as duas variáveis em
análise.
Por Nível de Rendimento:
Figura 12 – Dispersão para os Países de
Rendimento Elevado entre as Entradas de
Remessas e o PIB Real per capita
Figura 13 – Dispersão para os Países de
Médio-Alto Rendimento entre as Entradas
de Remessas e o PIB Real per capita
Fonte: PWT8.0,WBD, construção da autora Fonte: PWT8.0,WBD, construção da autora
18
Figura 14 – Dispersão para os Países de
Médio-Baixo Rendimento entre as
Entradas de Remessas e o PIB Real per
capita
Figura 15 – Dispersão para os Países de
Baixo Rendimento entre as Entradas de
Remessas e o PIB Real per capita
Fonte: PWT8.0,WBD, construção da autora Fonte: PWT8.0,WBD, construção da autora
A correlação existente nos 4 grupos de rendimento é muito fraca, vidé Figuras 12
a 15. Os Países de elevado rendimento apresentam um coeficiente de correlação de
0.0167, muito próximo de zero o que indica que as entradas de remessas e o PIB Real
per capita são independentes um do outro, estas duas variáveis não estão relacionadas
para este grupo de Países pois há quase uma ausência de correlação. Os Países com
Rendimentos Médios-Altos (r=0,036), Médios-Baixos (0,209) e Rendimentos Baixos
(0,368) apresentam valores de correlação muito baixos e também próximos de zero o
que indica que as variáveis entradas de remessas e PIB Real per capita se movem na
mesma direção mas não estão relacionadas uma com a outra.
4. Metodologia
4.1 Estratégia Empírica
Equações Reduzidas e Canais:
A relação entre uma determinada variável económica (neste caso REM) e
crescimento económico pode ser especificada através de uma equação denominada
equação reduzida e o que se pretende identificar essencialmente é o sinal da relação não
permitindo esta formulação distinguir entre efeitos diretos e indiretos das REMs.
( ) (1)
Acima apresenta-se formulação da equação reduzida para dados de painel; a taxa
de crescimento depende da constante; é uma função (f) das remessas, depende de um
19
conjunto de variáveis de controlo representadas na matriz X; do efeito fixo não
observável de país e do termo de erro.
As REMs foram quantificadas através de várias proxies: Remessas em
percentagem do PIB, logaritmo das Remessas Líquidas e Remessas líquidas em
percentagem do PIB. Estas acabaram por não ser retidas no trabalho porque os
coeficientes estimados dessas proxies nunca se revelaram estatisticamente
significativos.[Ver anexo 4, Tabela A.4.2]. A matriz X’it é a matriz das variáveis de
controlo e dentro desta figuram variáveis como as seguintes: pop; hc; xr; ck; polit;
pl_gdpo; quantidade de crédito concedido no PIB (domestic_credit) que representa a
variável de desenvolvimento financeiro. pop designa a população (em milhões), hc
representa o índice de capital humano por pessoa, baseado em anos de escolaridade
(Barro Lee, 2012) e retornos da educação (Psacharopoulos, 1994). A taxa de câmbio em
moeda nacional/USD vem representada pela notação xr. pl_gdpo é o nível de preços do
PIB Real; polit é uma variável política. µit representa o termo de erro,. A variável
é a taxa de crescimento do PIB Real, este último medido em paridade de poder
de compra, em dólares constantes a preços de 2005.
Por vezes o mecanismo associado ao canal não é testado, e o que é feito é
modificar a equação reduzida acrescentando-lhe a proxy do canal e um termo de
interação entre o canal e o principal regressor, por exemplo:
( ) (2)
A taxa de crescimento depende da constante, das remessas, do canal e de um
termo de interação entre o canal e as remessas; e também de um conjunto de variáveis
de controlo representadas na matriz X; do efeito fixo não observável, do efeito temporal
e do termo de erro.
Se se pretender identificar os mecanismos de transmissão associados e o efeito
indireto das estimam-se duas equações: na primeira estima-se o efeito do canal
sobre a variável dependente; na segunda estima-se o efeito das REM sobre o canal que
não é senão o efeito indireto das REM sobre o crescimento económico.
(3)
20
W e Z representam as matrizes das variáveis de controlo da taxa de crescimento do
produto e do canal, respetivamente.
Um exemplo de uma equação de canal poderá ser encontrada em Giuliano e Ruiz-
Arranz (2009:149)
(4)
No nosso estudo pretendemos estimar a equação reduzida e os efeitos diretos e
indiretos dos canais do desenvolvimento financeiro e do capital humano,
respectivamente:
Modelo I (equação reduzida 1):
(5)
Modelo II - Canal do Desenvolvimento Financeiro (equação (2) dos efeitos diretos e
indiretos):
É importante o estudo deste canal pois queremos saber se as remessas afetam o
crescimento económico em função do nível de desenvolvimento financeiro. Se o setor
financeiro de um país influencia a capacidade desse país em tirar proveito das remessas.
O termo de interação para o desenvolvimento financeiro permite que o impacto
das remessas no crescimento capte a influência desse factor, nomeadamente de
diferentes níveis de desenvolvimento do setor bancário e financeiro do país destinatário.
Se o nível de desenvolvimento financeiro for baixo, espera-se de acordo com a literatura
[(Giuliano e Ruiz-Arranz, 2008)] que a influência do canal seja significativa e que as
Remessas atuem como substitutas ao sistema financeiro (à oferta de crédito) pelo que se
espera que o termo de interação tenha um sinal negativo. Pelo contrário, para níveis
mais elevados do desenvolvimento financeiro espera-se que a ser significativa a
influência do canal, este atue de forma complementar com as remessas e, neste caso, o
sinal teórico esperado para o termo de interação é positivo.
(6)
21
Modelo III - Canal do Capital Humano (equação (2) dos efeitos diretos e
indiretos):
Capital Humano:
Trata-se de um canal relevante porque o capital humano é um dos fatores de
crescimento mais importantes que se acumula predominantemente via educação e
influencia o crescimento seja como factor de acumulação, input nas empresas do setor
de I&D ou ainda como facilitador do catching-up tecnológico. O termo de interação
para o capital humano permite captar os efeitos indiretos das remessas no crescimento
económico através da educação se as remessas reenviadas para os Países de origem
tiverem como destino (direto ou indirecto) a educação.
Mesmo que a educação escolar seja gratuita para os primeiros níveis de
escolaridade, o custo de oportunidade de estudar pode ser “demasiado” elevado de tal
forma que num agregado familiar pobre os membros mais novos, em idade escolar,
abandonam a escola e vão trabalhar contribuindo para o rendimento familiar e para a
protecção na velhice dos membros mais idosos.
Se o rendimento familiar da família do trabalhador emigrante aumentar por via
das receitas provenientes das remessas, isso significa que o custo de oportunidade de
estudar se torna menor e é por isso mais provável que os mais novos estudem. Espera-se
assim que o termo de interação que representa a influência do canal do capital humano,
possa ser significativo e positivo em amostras de países de rendimentos baixo ou médio.
No entanto, o sinal também poderá ser negativo para países de menor rendimento,
porque o acréscimo de rendimento proveniente das remessas poderá ser utilizado para
consumo, para satisfazer necessidades básicas sem que haja incentivo para a educação
dos mais novos.
(7)
Estratégia Econométrica:
Para estimar a relação entre as remessas e o crescimento económico utilizaremos
modelos de painel estático.
As estimações do Painel estático serão concebidas através de Modelos de Efeitos
Fixos (FE) e de Modelos de Efeitos Aleatórios (GLS). Nos modelos de Efeitos Fixos, a
estimação é feita assumindo que a heterogeneidade dos indivíduos se capta na parte
22
constante do termo de erro, que difere de individuo para individuo (heterogeneidade na
constante e homogeneidade no declive):
A constante difere de individuo para individuo captando diferenças entre estes
como, por exemplo, a dimensão dos Países, entre outras características que não variam
no curto prazo. Estas características específicas de cada país são parâmetros fixos. O
modelo FE testa Pooled OLS versus Efeitos fixos recorrendo a um Teste F, sendo a
hipótese nula a igualdade dos termos individuais:
[
⁄ ]
⁄
( ) , com as hipóteses:
(constante comum - pool, OLS)
{ } (efeitos fixos)
- Coeficientes de determinação da estimação do Modelo FE e do
Modelo Pooled OLS.
A hipótese nula admite homogeneidade na constante, a hipótese alternativa admite
heterogeneidade na constante, podendo ser confirmada a existência de efeitos fixos.
Se existem razões para acreditar que os efeitos individuais estão correlacionados com
as variáveis explicativas o método de efeitos fixos é mais apropriado (os estimadores
dos efeitos aleatórios são inconsistentes).
No Modelo de Efeitos Aleatórios (GLS) a estimação é feita introduzindo a
heterogeneidade dos indivíduos no termo de erro (admite que a parte constante não é um
parâmetro fixo mas uma variável aleatória):
onde i ( i representa o efeito aleatório
individual não observável).
Existem testes formais que permitem escolher o método de estimação mais
adequado e o Modelo de Efeitos aleatórios fornece informação acerca de 3 testes: Teste
F; Teste de Breuch-Pagan e Teste de Hausman.
O Teste F permite-nos decidir entre o Modelo de Efeitos Fixos ou o Modelo
Pooled OLS (como foi referido anteriormente).
23
Para decidir qual o modelo mais apropriado, Modelo Pooled OLS (H0) ou o
Modelo de Efeitos Aleatórios (HA) é utilizado o teste de Breusch-Pagan:
0: 2
0 vH (constante comum - pool, OLS)
0: 2 vAH (efeitos aleatórios, GLS)
Este é um Teste LM dado pela relação:
2
1
2
1
2
1
1 1
2
~1
ˆ
)ˆ(
)1(2x
w
w
T
NTLM
T
t
it
N
i
N
i
T
t
it
Se LM > 2
1x rejeita-se o Modelo
Pooled (com constante comum) a favor do Modelo com Efeitos Aleatórios.
Finalmente, o Teste de Hausman, este é usado para decidir qual dos Modelos: o
Modelo de Efeitos Aleatórios (H0) ou Modelo de Efeitos Fixos (HA) é o mais adequado:
( ) (Efeitos Aleatórios, GLS)
( ) (Efeitos Fixos)
Sob a hipótese nula, os estimadores do Modelo com Efeitos Aleatórios (estimação
GLS) são consistentes e eficientes. Sob a hipótese alternativa, os estimadores GLS com
Efeitos Aleatórios (e OLS) não são consistentes, mas os Estimadores com Efeitos Fixos
são.
4.2 Resultados
O nosso estudo pretende identificar os efeitos diretos e indiretos das entradas de
remessas através do Canal do Desenvolvimento Financeiro e do Canal do Capital
Humano.
Para testar os efeitos diretos e indiretos das remessas no Crescimento Económico,
numa primeira fase, foram feitas estimações com modelos de Painel Estático tendo-se
utilizado os estimadores Pooled, OLS, Efeitos Fixos (FE) e Efeitos Aleatórios (GLS) e
testes apropriados para a escolha dos referidos estimadores. Por razões de espaço serão
apenas reportados os resultados dos modelos de Efeitos Fixos e Aleatórios.
As variáveis em níveis foram logaritmizadas. O principal regressor deste trabalho é o
logaritmo das entradas de remessas e foram utilizados outros regressores habituais em
regressões de crescimento: assim foram consideradas variáveis de acumulação de
capital físico (l_ck; invpib; l_rgdpo_1; csh_i) e humano (l_hc) e variáveis de controlo:
24
variáveis macroeconómicas (IDE; csh_g; xr; inflação; domestic_credit; pl_gdpo), e
institucionais (PR_, CL_, d_l_pop).
A estratégia seguida foi obter a melhor especificação para as equações dos efeitos
diretos e indiretos e, para o efeito, começou por se estimar a regressão com o maior
número de variáveis tendo-se eliminado sucessivamente as variáveis sem significância
estatística (l_ck; csh_g; csh_i; xr; d_l_pop; CL_, pl_gdpo; csh_i). De notar que
regressores importantes como as remessas e as variáveis de política foram representados
por várias proxies tendo-se procedido a testes de sensibilidade em relação às mesmas, -
tendo sido retida a proxy l_RemInflPC, no primeiro caso, e a proxy PR_ no último caso
(vidé secção 4, 4.1, página 19).
A fim de poder ser feita uma análise mais simples dos resultados, estes foram
apresentados em três grupos: Modelos I, II e III e para cada um, as estimativas e
estatísticas dos modelos FE e GLS. Como já referido anteriormente, o modelo I designa
o modelo geral correspondente à equação reduzida (5); o modelo II é o modelo do canal
do desenvolvimento financeiro que testa os efeitos diretos e indiretos das Remessas via
o referido canal, (vidé equação (6)); finalmente o modelo III testa os efeitos diretos e
indiretos das remessas via o canal do capital humano, (vidé equação (7)). O termo de
interação do Desenvolvimento Financeiro é (l_RemInflPC*domestic_credit) e o termo
de interação para o Capital Humano é (l_RemInflPC_2*l_hc).
Ao analisarmos as estimações feitas para o Painel Estático [Anexo 5, Quadro
A.5.1 a A.5.4] podemos observar que em todas as estimações (amostra geral e níveis de
rendimento) o modelo com Efeitos Fixos (FE) é o mais indicado. Esta conclusão é
comprovada pelos testes de diagnóstico que nos indicam os resultados de diversos
testes, nomeadamente o Teste F, o Teste de Breusch-Pagan e o Teste de Hausman,
explicados anteriormente, a partir dos quais escolhemos o modelo mais adequado (FE).
A escolha da melhor especificação de FE baseou-se no critério de Schwartz, que teve
relevância na seleção das variáveis incluídas no modelo final, pois este critério penaliza
o número de parâmetros presentes no modelo. No corpo principal do texto apenas se
apresentam os modelos de Efeitos Fixos melhor especificados e que incluem dummies
temporais (vidé quadros 1 e 2).
Podemos observar que em todas as estimações FE, quando introduzido o termo de
interação, para o desenvolvimento financeiro, o coeficiente de entrada de remessas
aumenta, para a amostra global e para as amostras por níveis de rendimento.
25
Para a amostra global, com a estimação FE, todas as variáveis têm significância
estatística à exceção do termo de interação (l_RemInflPC_2*l_hc).
26
Quadro 1 – Estimações para os Efeitos Fixos
Variável Dependente: d_l_rgdpo_pc
Amostra Global Países de Rendimento Elevado
(I) (II) (III) (I) (II) (III)
const 0,517*** 0,465*** 0,619*** 0,669*** 0,681*** 0,813***
l_RemInflPC 0,005*** 0,006*** 0,006*** 0,0005 0,001 0,0002
inflação -0,161** -0,153** -0,175*** -0,011 0,003 -0,032**
l_rgdpo_pc_1 -0,065*** -0,059*** -0,070*** -0,077*** -0,078*** -0,078***
PR_ -0,021** -0,020* -0,019* -0,076** -0,072** -0,055
invpib 1,84e-08*** 2,09e-08*** 1,90e-08*** 2,28e-08*** 2,62e-08*** 2,37e-08***
l_hc 0,057** 0,059** - 0,119*** 0,111*** -
interação2 - - -0,002 - - -0,001
interact - -2,35e-05** - - -7,79e-06 -
R2Ajustado 0,214 0,201 0,225 0,288916 0,284 0,309
Observações 1798 1798 1740 620 620 600
Teste F 1,41e-012 5,49e-013 2,13e-016 6,00051e-005 2,94e-005 9,96e-009
Fonte: Construção da autora.
Notas: (I)-Modelo Geral; (II)-Desenvolvimento Financeiro; (III)-Capital Humano. ***- p<0,01 - Grau de significância de 1%; **- p<0,05 - Grau de significância de 5%; *- p <0,1- Grau de
significância de 10%. L_RemInflPC-Entradas de Remessas (a preços constantes); inflação; l_rgdpo_pc_1- logaritmo do PIB Real per capita com um desfasamento; PR_-Direitos Políticos;
invpib-investimento no PIB; interação2- (logaritmo do capital humano X logaritmo das entradas de remessas desfasado dois períodos); interact – (crédito doméstico X logaritmo das entradas de
remessas)
27
Quadro 2 – Estimações para os Efeitos Fixos
Variável Dependente: d_l_rgdpo_pc
Países de Rendimento Médio-Alto Países de Rendimento Baixo e Rendimento Médio-Baixo
(I) (II) (III) (I) (II) (III)
const 0,647*** 0,659*** 0,731*** 0,534*** 0,413*** 0,434***
l_RemInflPC 0,003 0,004 -0,003 0,007*** 0,015*** 0,013***
inflação 0,008 0,004 -0,003 -0,282*** -0,283*** -0,281***
l_rgdpo_pc_1 -0,075*** -0,074*** -0,079*** -0,065*** -0,064*** -0,060***
PR_ -0,056*** -0,059*** -0,054*** -0,0008 0,001 -0,007
invpib 1,49e-08*** 1,83e-08*** 1,38e-08*** 4,69e-08*** 5,96e-08*** 5,03e-08***
l_hc 0,056 0,043 - -0,078* 0,055 -
interação2 - - 0,009** - - -0,006
interact - -3,03e-05 - - -0,0001*** -
R2Ajustado 0,245 0,249 0,251 0,325 0,336 0,322
Observações 403 403 390 775 775 750
Teste F 7,60e-006 0,0001 1,005e-005 0,0002 8,41e-006 0,0005
Fonte: Construção da autora
Notas: (I)-Modelo Geral; (II)-Desenvolvimento Financeiro; (III)-Capital Humano. ***- p<0,01 - Grau de significância de 1%; **- p<0,05 - Grau de significância de 5%; *- p <0,1- Grau de
significância de 10%. L_RemInflPC-Entradas de Remessas (a preços constantes); inflação; l_rgdpo_pc_1- logaritmo do PIB Real per capita com um desfasamento; PR_-Direitos Políticos;
invpib-investimento no PIB; interação2- (logaritmo do capital humano - X logaritmo das entradas de remessas desfasado dois períodos); interact – (crédito doméstico X logaritmo das entradas de
remessas)
28
Os quadros 1 e 2 acima apresentam as estimações dos modelos I, II e III para a
amostra global e sub-amostras por níveis de rendimento através do modelo
econométrico de Efeitos Fixos. Como já referido anteriormente, os principais resultados
indicam que as estimações como o modelo de efeitos fixos são as mais indicadas, quer
para a amostra global (58 Países), quer para as sub-amostras por níveis de rendimento.
Estas conclusões, do modelo mais adequado, foram alcançadas a partir dos resultados
dos testes efetuados (Pooled OLS, Efeitos Fixos e Efeitos Aleatórios).
Podemos observar que para a amostra global, no modelo geral e no modelo com
termo de interação para o canal do desenvolvimento financeiro, todas as variáveis têm
significância estatística (ao nível de 1% ou 5%). No modelo com o termo de interação
para o Capital Humano todas as variáveis possuem significância estatística com exceção
do termo de interação entre as remessas (com dois desfasamentos) e o logaritmo do
capital humano.
O regressor principal (l_RemInflPC) apresenta resultados positivos e
significativos (1% e 5%), indiciando que as remessas influenciam de forma positiva o
crescimento económico para a amostra global e para o grupo dos países de rendimento
Baixo e Médio Baixo.
A taxa de inflação apresenta uma relação negativa com o crescimento económico,
de acordo com o esperado, o que traduz que valores elevados podem causar
instabilidade macroeconómica, o que reduz o investimento. Estes resultados mostram
que a inflação possui um efeito prejudicial sobre o crescimento económico. A taxa de
inflação, sendo uma variável macroeconómica, representa o comportamento dos
governos em termos de políticas macroeconómicas, especificamente – da política
monetária.
O capital Humano apresenta resultados robustos (positivos) apenas nas estimações
da amostra global e dos Países de rendimento médio-alto, o que significa mais
capacidades e aptidões da população, que são inputs essenciais para o processo
produtivo.É também potenciador do progressor técnico, uma das fontes de crescimento
do produto per capita.
O investimento no PIB apresenta, em todas as estimações, significância estatística
(ao nível de 1%). Esta variável tem um efeito positivo no crescimento económico. A
variável política (PR) apresenta coeficientes com sinal negativo o que quer dizer que
maior liberdade política traduz um efeito positivo no crescimento económico. E o
l_rgdpo_pc_1 (o logaritmo do PIB real per capita inicial) é sempre significativo e
29
apresenta sinal negativo como esperado. Tal confirma a existência de -convergência
condicionada apesar da análise gráfica na secção 3 apontar para ausência de
convergência absoluta.
Quando as estimações são feitas com as equações dos efeitos diretos e indiretos
podemos constatar que, quer para a amostra global, quer para os diferentes níveis de
rendimento, o termo de interação interact (=l_RemInflPC*domestic_credit) apresenta
sempre valores negativos e apenas significativos para a amostra global e para os Países
de rendimento baixo e rendimento médio-baixo. O regressor de desenvolvimento
financeiro deixa de ser significativo e o termo de interação tem sinal negativo
indiciando que as remessas substituem os serviços financeiros (concessão de crédito)
para a acumulação do capital e reporta a melhoria do efeito direto através da variação do
coeficiente estimado das REM.
Podemos concluir que em economias cujo sector financeiro é pouco desenvolvido,
as remessas agem como substitutos do sistema bancário e financeiro. As remessas
contribuem para a promoção do crescimento em Países com sistemas financeiros pouco
desenvolvidos. Pois, as remessas permitem que os recetores das remessas podem utilizá-
las para fins de investimento, sem ter de recorrer ao crédito bancário, substituindo o
facto de não haver desenvolvimento financeiro suficiente, falseando a distribuição de
capital e, concludentemente, acelera o crescimento económico. Assim, as remessas
constituem um canal de investimento que promove o crescimento económico onde o
setor financeiro não possui condições para disponibilizar o crédito bancário necessário à
atividade económica.
A variável política (PR_) apresenta coeficientes com sinal negativo o que quer
dizer que maior liberdade política traduz um efeito positivo no crescimento económico.
Há um conjunto de variáveis económicas robustas: inflação; l_hc; invpib e
l_RemInflPC. Não só para a amostra global mas também para os diferentes níveis de
rendimento1.
No que respeita ao canal do capital humano, podemos constatar que o termo de
interação só é significativo para sub-amostra dos Países de rendimento médio-alto
indiciando que para os Países daquele grupo de rendimentos as remessas possam ser
1 A dimensão do Estado através das despesas de consumo público mostrou-se sempre irrelevante e
sem significância estatística nas estimações efetuadas (antes de chegar ao modelo final). A taxa de
crescimento da população não apresentou significância estatística em nenhuma das estimações feitas, pelo
que foi retirada das estimações do modelo final.
30
utilizadas para financiar a educação de membros da família dos emigrantes que
permaneceram nos Países de origem. O que levará a um aumento do capital humano que
agirá positivamente sobre o crescimento económico. Pelo facto das remessas atuarem
com desfasamento sobre o capital humano através da educação, considerou-se as
remessas desfasadas de dois períodos no termo de erro. Este resultado parece confirmar
outros estudos empíricos sobre efeito indirecto idêntico [(Barguellil et al.,2013); (Di
Maria e Stryszowski,2008)] e para além disso põe em destaque que a influência direta
das REMs sobre o crescimento económico não é significativa.
5. Conclusões
Neste trabalho foi analisada a relação entre as remessas e o crescimento
económico, nos Países destinatários destas, e a sua interação com o desenvolvimento
financeiro dos Países que as recebem assim como com o capital humano.
Na linha de estudos como [(Barguellil et al. ,2013); (Giuliano e Ruiz-Arranz,
2008); (Rao e Hassan, 2010) ] tentámos responder às seguintes questões. Será que as
remessas influenciam o crescimento económico. E em caso afirmativo será essa
influência positiva e importante? Os canais do desenvolvimento financeiro e do capital
humano são importantes na explicação e quantificação dos efeitos indiretos das
remessas sobre o crescimento económico? Além disso, ao considerar diferentes
amostras de grupos de Países por nível de rendimento, para além da amostra global
tentámos verificar se a relação, canais e respetivos efeitos dependem do nível de
rendimento dos Países.
Em suma, trata-se de um estudo empírico que usa regressões de crescimento para
testar a relação entre remessas e crescimento económico através da estimação do efeito
global assim como dos efeitos diretos e indiretos via dois canais: o do desenvolvimento
financeiro e o do capital humano.
Para dar resposta a estas perguntas, usamos uma base de dados (anuais) em painel,
para 58 Países e sub-amostras definidas por nível de rendimento durante o período de
1980 a 2011. Para testar os efeitos diretos e indiretos das remessas no Crescimento
Económico, numa primeira fase, foram utilizados Modelos de Painel Estático, tais como
o modelo de Efeitos Fixos e o de Efeitos Aleatórios, tendo o primeiro sido selecionado
através dos testes habituais de seleção entre estes modelos e o modelo Pooled OLS.
Através dos resultados das estimações feitas podemos afirmar que as Remessas
têm uma influência (direta) positiva e significativa no Crescimento Económico dos
31
Países recetores, tanto na amostra global como nas sub-amostras dos Países de
rendimento médio-baixo e baixo. Este resultado está de acordo com muito estudos
empíricos que confirmam que as remessas, por parte dos trabalhadores em migração,
são uma importante fonte de recursos para o crescimento económico de longo-prazo.
Estudamos também os efeitos indiretos das Remessas no crescimento económico
através da inclusão de termos de interação nas estimações feitas, um para o capital
humano, outro para o desenvolvimento financeiro. O canal do capital humano não atua
no grupo dos Países de rendimento baixo e médio baixo, as remessas enviadas para o
país de origem não terão como destino a educação embora o capital humano seja um
impulsionador do crescimento económico. O que poderá indiciar que o custo de
oportunidade de estudar poderá ser muito elevado nesses países. Apenas se confirmando
o referido canal no caso do grupo de Países de rendimento médio-alto.
Analisando os efeitos indiretos através do desenvolvimento financeiro podemos
afirmar que as remessas e o sistema financeiro funcionam como substitutos na
promoção do crescimento. As remessas são um auxílio à diminuição da necessidade dos
indivíduos mais necessitados contraírem empréstimos bancários (podem ser usadas em
investimentos sem a necessidade apelar ao crédito bancário). Esta conclusão está de
acordo com a de Paola Giulliano e Marta Ruiz-Arranz (2005) que concluíram que em
economias cujo sector financeiro é pouco desenvolvido, as remessas agem como
substitutas do desenvolvimento financeiro. Constataram que as remessas contribuem
para a promoção do crescimento em Países com sistemas financeiros pouco
desenvolvidos, substituindo o facto de não haver desenvolvimento financeiro suficiente,
improvisando a distribuição de capital e, consequentemente, acelerando o crescimento
económico. Assim, concluíram que as remessas constituem um canal de investimento
que promove o crescimento económico onde o setor financeiro não possui condições
para disponibilizar o crédito bancário necessário.
Algumas reflexões de política económica impõem-se sobre o papel das remessas
dos trabalhadores nos Países recetores. Em concordância com o acima exposto, as
polítcas deverão ser diferenciadas em função do nível de desenvolvimento dos Países,
nomeadamente medidas de incentivo às transferências e investimento (em capital físico
e educação) das remessas conjugadas com políticas macroeconómicas nos Países de
origem que promovam a competitividade e o crescimento económico. Sejam as
remessas utilizadas para fins de investimento ou de consumo, poderão acarretar
benefícios importantes aos Países que as recebem se aqueles aspetos de política não
32
forem descurados. O volume de remessas recebido atualmente por alguns Países é muito
elevado, tanto em termos absolutos como relativamente a outras fontes de
financiamento, e é importante aproveitar o seu potencial para a promoção do
crescimento económico a longo prazo. Nalguns Países com números notáveis de
cidadãos a trabalhar no estrangeiro, a receção de remessas em grande escala pode acabar
por funcionar como um desincentivo à introdução de reformas que providenciariam um
apoio mais efetivo para o crescimento económico a longo prazo.
O nosso estudo diferencia-se de grande parte dos estudos de crescimento
económico por utilizar dados anuais na estimação de modelos de Painel Estático. Essa
opção que não é isenta de críticas, ficou a dever-se à necessidade de termos um número
de graus de liberdade razoável tendo em conta o número total de regressores que
queriámos estimar e as sub-amostras por níveis de rendimentos. No entanto o problema
que pode advir da maior frequência dos dados foi mitigado com a inclusão em todas as
estimações de dummies temporais.
Os resultados por nós obtidos sobre efeitos diretos e indiretos das remessas no
crescimento económico através dos canais de desenvolvimento financeiro e do de
capital humano deveriam ser testados com modelos de painel dinâmico como objetivo
de serem controlados problemas como o de variáveis omitidas, endogeneidade ou de
heterogeneidade dos coeficientes individuais e deste modo tentar apurar a validade dos
resultados alcançados. Além disso, o mecanismo de transmissão das remessas ao
crescimento económico quando estas atuam como despesa de investimento (físico)
deveria também ser testado através de uma equação de investimento.
Na realidade atual, em que o número de emigrantes aumenta constantemente, é
pertinente estudar se as suas remessas têm uma grande importância no crescimento dos
Países a que se destinam. Através do nosso estudo provamos que elas têm influencia
positiva no crescimento mas não uma grande influência.
O presente trabalho prima pela diferença de estudos de crescimento anteriores por
ser um estudo dos efeitos diretos e indiretos para os canais do desenvolvimento
financeiro e capital humano, tendo em conta possíveis efeitos diferenciados por grupos
de Países com diferentes rendimentos. É um tema atual que aborda um aspeto da
realidade vivida hoje em dia na Economia Mundial. É um assunto que pode vir a ser
desenvolvido pois ainda há muitas perguntas a carecer de resposta.
33
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35
Anexos
Anexo 1
Tabela A.1 – Sumário de Autores
Estudo Nº de Países e Período
de temporal
Resultados - Sumário
Chami et al. (2005) 113 Países, 1970-1998 Negativo
Giulliano e Ruiz-
Arranz (2008)
73 Países, 1975-2002 Positivo – Países com
sistemas financeiros
deficientes
Negativo – Países com
sistemas financeiros
desenvolvidos
Pradhan et al. (2008) 39 Países, 1980-2004 Positivo
Cooray (2008) 6 Países, 1970-2008 Positivo
Ruiz et al. (2009) 24 Países, 1978-2001 Positivo
Frankel (2009) 64 Países, 1979-2005 Positivo – posição
cíclica no país de origem.
Negativo – Posição
cíclica do país de
acolhimento.
Rao e Hassan (2010) 40 Países, 1960-2007 Impacto Insignificante
Di Maria e Lazarova
(2011)
130 Países, 1990-2000 Negativo
Beine et al. (2011) 66 Países, 1980-2005 Positivo
Das e Chowdhury
(2011)
11 Países, 1985-2009 Positivo
Nath e Vargas-Silva
(2012)
México, 1996-2007 Positivo
Senbeta (2012) 50 Países, 1970-2004 Positivo – acumulação
de capital
Negativo – crescimento
da PTF.
Impacto insignificante.
Barguellil et al. (2013) 73 Países, 1990-2006 Positivo
Fonte: Construção Própria
36
Anexo 2
Tabela A.2 – Tabela de Autores
Autor Nº Países Data Eq. Crescimento Modelo de
Regressão
Proxies Resultados
Chami,
Fullenkamp e
Jahjah (2005)
113 Países
1970-1998
Função de utilidade do
emigrante, Função de
nível de esforço,
Restrição orçamental,
Função de utilidade
esperada, Nível ótimo
de esforço e Equação
geral de crescimento
Estimação OLS,
Método de estimação
em painel e Efeitos
fixos
PIB pc inicial, Dlog(wr)
e Log (I/GDP)
- Relação negativa mas estatisticamente significativa entre
as remessas e o crescimento,
-Os fluxos de capitais (IDE) são guiados pelo lucro e têm
uma correlação positiva com o crescimento do PIB.
-Remessas como transferências compensatórias.
Giulliano e
Ruiz-Arranz
(2008)
73 Países
1975-2002 (6 períodos
de 5 anos)
Forma reduzida, Eq.
Canais e Mecanismos
de transmissão.
OLS, Dados em
painel (GMM),
Relação direta
rem/invest eTeste de
robustez
PIB pc inicial, Inflação,
Abertura ao exterior,
Anos de escolaridade,
Investimento e Balança
Fiscal
- Impacto negativo ou mesmo nulo das remessas para
Países com alto rendimento.
- Remessas têm promovido o crescimento nos Países
menos desenvolvidos a nível económico.
(+) Países com sistemas financeiros deficientes.
(-) Países com melhores sistemas financeiros.
Pradhan,
Mukti
Upadhyay e
Kamal
Upadhyay
(2008)
39 Países
1980-2004
(195 observações)
Equação de crescimento
geral
Modelo de efeitos,
Modelo de efeitos
aleatórios e Teste de
Hausman
Inv; Open; Polity e
GDP inicial
- A taxa de investimento é altamente significativa.
- Remessas têm um impacto positivo sobre o crescimento,
embora este impacto não seja muito significativo
Ruiz,
Shukralla e
Vargas-Silva
(2009)
24 Países
1978-2001
Forma reduzida
Modelo paramétrico,
Modelo semi-
paramétrico, Pooled e
Estimações de efeitos
fixos
LGDP; ETHNIC;
ASSAS; M2; POLICY
e INST
-Relação rem/PIB não é linear nem quadrática,
-Impacto positivo das remessas no crescimento nas
estimações Pooled e de efeitos fixos,
-Variáveis: políticas e institucionais têm efeito positivo no
crescimento,
Frankel (2009)
64 Pares de
Países
1979-2005
Cross country study
OLS e Estimação em
Painel
Stock de migrantes,
Taxa de desemprego e
PIB pc inicial
- Remessas correspondem positivamente à posição cíclica
no país de origem e negativamente à posição cíclica do
país de acolhimento.
-Padrão anti cíclico das remessas.
- Remessas desempenham um papal estabilizador.
37
(continuação da Tabela A.2)
Autor Nº Países Data Eq. Crescimento Modelo de
Regressão
Proxies Resultados
Das e
Chowdhury
(2011)
11 Países
1985-2009
Modelo Neoclássico
modificado e Equação
de crescimento geral
Testes de raiz unitária
(LM e Im et al), Teste
Dickey Fuller, Teste
de Hadri, OLS,
Cointegração em
painel e PMG
Emprego (População
economicamente ativa),
Taxa de investimento e
PIB pc inicial
- Relação positiva mas pouco significativa entre as
remessas e o PIB,
-Existem relações de LP de cointegração entre as variáveis
do conjunto de dados,
-Resultados da estimação PMG sugerem um pequeno
impacto das remessas no cresc.económico,
-Coeficiente de crescimento de LP das remessas é pequeno
Senbeta (2012)
50 Países
1970-2004
Função agregada de
produção, Canal
investimento e Canal
PTF
Modelo OLS; Modelo
de efeitos fixos;
Modelo de efeitos
aleatórios; Método de
painel dinâmico
(estimador GMM)
Ajuda externa,
Poupança interna bruta,
IDE; Inflação, PIB pc
inicial, Rent
seeking,Qualidade
institucional,
Investimento no
desenvolvimento do
sistema financeiro
- Efeito positivo e estatisticamente significativo das
remessas sobre a acumulação de capital.
- Fluxos de remessas não têm um impacto estatisticamente
significativo no crescimento da PTF.
- O termo de interação (Rem.Fin) é estatisticamente
insignificante,
-Impacto insignificante das remessas sobre o crescimento.
Barguellil;
Zaiem e
Zmami (2013)
73 Países
1990-2006
Equação na forma
reduzida (para testar os
efeitos diretos) e
Equação geral com
canais (efeitos
indiretos)
Modelo dinâmico em
painel e Estimador
GMM
ENV, POP, EDUC,
OUVERT, PHC e INFL
- Positiva mas não significativa correlação entre a
educação e o crescimento económico.
- Correlação positiva entre o termo de interação entre as
remessas e a educação.
- Remessas afetam positivamente o crescimento
económico através do seu efeito positivo na educação.
-Não significância das remessas e do termo de interação
mostra que as remessas não afetam nem direta, nem
indiretamente o crescimento económico.
Fonte: Construção Própria
38
Anexos 3
Tabela A.3.1 – Países pertencentes à Amostra Global
Amostra de Países
África do Sul Colômbia Guatemala Mali Senegal
Alemanha Coreia Holanda Malta Síria
Argentina Costa Rica Honduras Marrocos Sri Lanka
Áustria Costa do Marfim Índia Mexico Sudão
Austrália Egípto Indonésia Moçambique Suíça
Bangladesh El Salvador Islândia Níger Suazilândia
Benim Espanha Israel Noruega Tailândia
Bolívia EUA Itália Nova Zelândia Togo
Botswana Filipinas Japão Panamá Tunísia
Brasil Finlândia Jordânia Paraguai Turquia
Camarões França Laos Paquistão
China Gana Lesoto Portugal
Chipre Grécia Malásia Quénia
Fonte: Construção Própria
Tabela A.3.2 – Sub-Amostras por níveis de rendimento
Sub-Amostras Por Nível de Rendimento
Economias com Baixo Rendimento ($1,035
ou menos)
Bangladesh, Benim, Quénia, Mali,
Moçambique, Níger, Togo.
Economias com Rendimento Médio-Baixo
($1,036 a $4,085)
Bolívia, Camarões, Costa do Marfim, Egípto,
El Salvador, Gana, Guatemala, Honduras, Índia,
Indonésia, Laos, Lesoto, Marrocos, Paquistão,
Paraguai, Filipinas, Senegal, Sri Lanka, Sudão,
Suazilândia, Síria.
Economias com Rendimento Médio
Superior ($4,086 a $12,615)
Argentina, Botswana, Brasil, China, Colômbia,
Costa Rica, Jordânia, Malásia, México, Panamá,
África do Sul, Tailândia, Tunísia, Turquia.
Economias com Rendimento Elevado
($12,616 ou mais)
Austrália, Áustria, Chipre, Finlândia, França,
Alemanha, Grécia, Islândia, Israel, Itália, Japão,
Malta, Holanda, Nova Zelândia, Noruega,
Portugal, Espanha, Suíça, EUA, Coreia.
Classificação dos Países por Nível de Rendimento
As sub-amostras são definidas pelo Banco Mundial através de quatro níveis de
rendimento. As Economias com Baixo Rendimento ($ 1,035 ou menos por ano),
Economias com Rendimento Médio-Baixo ($ 1,036 até $4,085 por ano), Economias
com Rendimento Médio-Alto ($4,086 até $12,615 por ano) e Economias com
Rendimento Alto ($12,616 ou mais por ano).
39
Anexo 4
Tabela A.4.1 – Sumário Estatístico das Sub-Amostras por níveis de rendimento
Níveis de Rendimento
Variáveis Média Mediana Mínimo Máximo Desvio
Padrão
C.V
Rendimento Alto
Rgdpe_Pc 23071,0 22816,0 3644,8 53100,0 8666,1 0,376
RemInflPC 2354,4 1129,3 0,195 14181 2838,7 1,206
Rendimento Médio Alto
Rgdpe_Pc 6611,5 6301,1 1065,1 14508,0 2772,8 0,419
RemInflPC 4356,6 1218,6 7,671 91709,0 11523, 2,644
Rendimento Médio-Baixo
Rgdpe_Pc 2282,3 2095,7 662,36 6144,6 1032,3 0,45232
RemInflPC 4849,0 718,20 0,38124 1,4566e^005 13737,0 2,8330
Rendimento Baixo
Rgdpe_Pc 945,33 941,41 288,72 1766,3 372,02 0,394
RemInflPC 1245,5 180,67 11,819 26227,0 3678,1 2,953
Fonte: Construção Própria
40
Tabela A.4.2 – Descrição das Variáveis
Variáveis Descrição Fonte Rgdpo PIB Real na ótica do produto (a
preços constantes em paridade
do poder de compra, base 2005)
Penn World Table 8.0
RemInflows Entradas de Remessas (a preços
correntes)
World Bank Data
pop População (em milhões) Penn World Table 8.0
hc Índice de capital humano por
pessoa, baseado em anos de
escolaridade (Barro / Lee, 2012)
e retornos da educação
(Psacharopoulos, 1994)
Penn World Table 8.0
ck Stock de Capital a preços
correntes (2005 $US)
Penn World Table 8.0
d_ck Primeira Diferença do stock de
capital
Criação Própria
Rgdpo_pc PIB Real per capita Criação Própria
pl_gdpo Nível de preços do PIB (PPP /
XR), nível de preços do PIB dos
EUA em 2005 = 1
Penn World Table 8.0
RemInflPC Entradas de Remessas a preços
constantes, dólares de 2005
Criação Própria
Domestic_credit Crédito doméstico fornecido
pelo setor bancário (% do PIB)
World Bank Data
PR_ Direitos Políticos Freedom House
CL_ Liberdades Civis Freedom House
inflação inflação Criação Própria
l_RemInflPC Logaritmo das entradas de
remessas a preços constantes
Construção Própria
l_rgdpo_pc_1 Logaritmo do PIB Real per
capita com desfasamento de um
período
Construção Própria
Invpib Investimento no PIB
(d_ck/pl_gdpo)
Construção Própria
l_RemInflPC_2 Logaritmo das entradas de
remessas desfasadas por dois
períodos
Construção Própria
l_hc Logaritmo do índice de capital
humano
Construção Própria
interação Termo de interação para o
Desenvolvimento Financeiro
(l_RemInflPC*domestic_credit)
Construção Própria
Interact Termo de interação para o
capital humano
(l_RemInflPC_2*l_hc)
Construção Própria
csh_g Consumo Público Penn World Table 8.0
csh_i Formação Bruta de Capital Penn World Table 8.0
xr Taxa de Câmbio (moeda
nacional/USD)
Penn World Table 8.0
d_l_rgdpo_pc Taxa de crescimento do PIB
Real per capita a preços
constantes em paridade do poder
de compra, base 2005)
Construção Própria
Fonte: Construção Própria
41
Quadro A.5.1 - Estimações para os 58 Países da Amostra
Variável Dependente: d_l_rgdpo_pc
Modelo Geral (I) Desenvolvimento Financeiro (II) Capital Humano (III)
FE GLS FE GLS FE GLS
const 0,517***
(6,57)
0,085***
(4,06)
0,465***
(4,61)
0,049**
(2,15)
0,619***
(9,89)
0,065***
(2,65)
L_RemInflPC 0,0049***
(2,58)
0,003***
(3,63)
0,006***
(2,79)
0,004***
(4,04)
0,006***
(2,71)
0,002*
(1,78)
inflação -0,161**
(-2,4)
-0,167***
(-14,43)
-0,153**
(-2,34)
-0,159***
(-14,09)
-0,175***
(-14,48)
-0,146***
(-12,45)
L_rgdpo_pc_1 -0,0651***
(-5,73)
-0,012***
(-4,24)
-0,059***
(-4,38)
-0,007**
(-2,45)
-0,070***
(-9,60)
-0,006**
(-2,22)
PR_ -0,021**
(-2,07)
-0,029***
(-3,88)
-0,020*
(-1,94)
-0,028***
(-3,74)
-0,019*
(-1,86)
-0,036***
(-4,71)
invpib 1,84e-08***
(3,20)
1,11e-08***
(4,32)
2,09e-08***
(3,36)
1,39e-08***
(5,25)
1,90e-08***
(5,17)
1,36e-08***
(5,21)
L_hc 0,057**
(1,96)
0,041***
(3,56)
0,059**
(2,22)
0,035***
(3,09)
- -
Interaçao2 - - -0,0019
(-0,88)
0,0006
(0,44)
interact - - -2,35e-05**
(-1,96)
-1,84e-05***
(-3,38)
- -
R2 ajustado 0,214 - 0,201 - 0,225 -
Observações 1798 1798 1798 1798 1740 1740
Teste F 1,41e-012 - 5,49e-013 - 2,133e-016 -
Breusch-Pagan
(p-value)
- 0,0005 - 0,001 - 0,008
Hausman
(p-value)
- 1,76e-008 - 2,217e-012 - 1,52e-015
Anexo 5
42
Quadro A.5.2 - Países de Elevado Rendimento
Variável Dependente: d_l_rgdpo_pc
Modelo Geral (I) Desenvolvimento Financeiro (II) Capital Humano (III)
FE GLS FE GLS FE GLS
const 0,669***
(7,88)
0,322***
(6,03)
0,681***
(6,68)
0,292***
(5,20)
0,812***
(9,004)
0,294***
(4,91)
l_RemInflPC 0,0006
(0,261)
0,00048
(0,528)
0,001
(0,559)
0,001
(1,44)
0,0002
(0,059)
0,001
(0,679)
inflação -0,011
(-0,679)
-0,026*
(-1,76)
0,003
(0,192)
-0,028*
(-1,88)
-0,032**
(-2,02)
-0,035**
(-2,33)
l_rgdpo_pc_1 -0,077***
(-7,18)
-0,034***
(-5,75)
-0,076***
(-6,34)
-0,032***
(-5,193)
-0,078***
(-8,39)
-0,028***
(-4,82)
PR_ -0,076**
(-2,29)
-0,003
(-0,102)
-0,072**
(-2,11)
-0,008
(-0,279)
-0,055
(-1,59)
0,014
(0,45)
invpib 2,28e-08***
(3,92)
1,89e-08***
(3,59)
2,62e-08***
(4,42)
2,27e-08***
(4,15)
2,37e-08***
(3,97)
2,29e-08***
(4,17)
l_hc 0,119***
(3,61)
0,038**
(2,30)
0,111***
(3,29)
0,048***
(2,79)
- -
interaçao - - - - -
-
interact - - -7,79e-06
(-1,01)
-1,07e-05**
(-2,52)
- -
interacao2 - - - -0,001
(-0,469)
-0,0009
(-0,529)
R2 ajustado 0,289 - 0,284 - 0,309 -
Observações 620 620 620 620 600 600
Teste F 6,00e-005 - 2,94e-005 - 9,96e-009 -
Breusch-Pagan
(p-value)
- 0,096 - 0,065 0,136
Hausman (p-value) - 5,94e-007 - 1,089e-005 0,0009
43
Quadro A.5.3 - Países de Rendimento Médio-Alto
Variável Dependente: d_l_rgdpo_pc
Modelo Geral (I) Desenvolvimento Financeiro (II) Capital Humano (III)
FE GLS FE GLS FE GLS
const 0,647***
(6,02)
0,368***
(5,09)
0,659***
(6,03)
0,400***
(5,41)
0,731***
(6,26)
0,351***
(4,81)
l_RemInflPC 0,003
(0,887)
0,0007
(0,355)
0,004
(1,26)
0,004
(1,46)
-0,003
(-0,631)
-0,0028
(-0,931)
inflação 0,008
(0,345)
0,030
(1,30)
0,004
(0,185)
0,029
(1,28)
-0,003
(-0,108)
0,020
(0,808)
l_rgdpo_pc_1 -0,075***
(-5,47)
-0,039***
(-4,47)
-0,074***
(-5,42)
-0,045***
(-4,91)
-0,079***
(-5,83)
-0,035***
(-4,16)
PR_ -0,056***
(-3,11)
-0,059***
(-3,88)
-0,059***
(-3,26)
-0,060***
(-3,92)
-0,054***
(-2,92)
-0,056***
(-3,80)
invpib 1,49e-08***
(3,59)
1,17e-08***
(3,88)
1,83e-08***
(4,02)
1,43e-08***
(4,37)
1,38e-08***
(3,25)
1,19e-08***
(4,31)
l_hc 0,056
(1,42)
0,024
(0,957)
0,043
(1,01)
0,036
(1,41)
- -
interact - - -3,03e-05
(-1,62)
-2,83e-05**
(-2,34)
- -
Interacao2 - - - 0,0086**
(1,99)
0,003
(0,985)
R2 ajustado 0,245 - 0,249 - 0,251 -
Observações 403 403 403 403 390 390
Teste F 7,60e-006 - 0,0001 - 1,00e-005 -
Breusch-Pagan
(p-value)
- 6,47e-005 - 0,0007 - 0,0002
Hausman (p-value) - 0,0002 - 0,007 - 2,97e-007
44
Quadro A.5.4 - Países de Baixo Rendimento e Médio-Baixo Rendimento
Variável Dependente: d_l_rgdpo_pc
Modelo Geral Desenv. Fin Capital Humano
FE GLS FE GLS FE GLS
const 0,534***
(5,88)
0,071*
(1,68)
0,413***
(4,67)
0,043
(0,952)
0,434***
(4,45)
0,047
(1,05)
l_RemInflPC 0,007***
(2,91)
0,006***
(4,30)
0,015***
(5,48)
0,008***
(4,60)
0,013***
(3,61)
0,005**
(2,54)
inflação -0,282***
(-15,49)
-0,256***
(-14,60)
-0,283***
(-15,83)
-0,259***
(-14,76)
-0,281***
(-15,18)
-0,259***
(-14,21)
l_rgdpo_pc_1 -0,065***
(-5,29)
-0,016**
(-2,48)
-0,064***
(-5,22)
-0,013**
(-2,01)
-0,060***
(-4,59)
-0,009
(-1,46)
PR_ -0,0008
(-0,056)
-0,002
(-0,20)
0,001
(0,071)
0,001
(0,108)
-0,007
(-0,501)
-0,008
(-0,768)
invpib 4,69e-08***
(3,3907)
2,66e-08**
(2,41)
5,96e-08***
(4,26)
2,99e-08***
(2,68)
5,03e-08***
(3,49)
2,33e-08**
(2,09)
l_hc -0,078*
(-1,73)
0,043***
(2,87)
0,055
(1,49)
0,042***
(2,79)
- -
interact - - -0,0001***
(-4,80)
-3,98e-05**
(-2,117)
- -
Interacao2 - - - - -0,006
(-1,58)
0,002
(1,02)
R2 ajustado 0,325 - 0,336 - 0,322 -
Observações 775 775 775 775 750 750
Teste F 0,0002 - 8,41e-006 - 0,0005 -
Breusch-Pagan
(p-value)
- 0,696 - 0,371 - 0,974
Hausman (p-value) - 7,59e-005 - 2,54e-007 - 1,53e-005
Fonte: Construção própria
45