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MESTRADO MAXIMO LEON FEITAL TRABALHO OU ENSINO SUPERIOR? A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA INTEGRADA DE NÍVEL MÉDIO DO IF-SUDESTE MG/JF E AS ESCOLHAS DO CONCLUINTE 2011 Mestrado em Educação Campus Centro I Avenida Presidente Vargas 642, 22º andar Centro 20071-001 Rio de Janeiro RJ Telefones: (21) 2206-9740 / 2206-9858

Mestrado em Educa çã o Campus Centro I Avenida Presidente ... · RESUMO FEITAL, Maximo Leon. Trabalho ou ensino superior? ... analisar a literatura existente sobre as obrigações

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ME

ST

RA

DO MAXIMO LEON FEITAL

TRABALHO OU ENSINO SUPERIOR?

A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA INTEGRADA DE

NÍVEL MÉDIO DO IF-SUDESTE MG/JF E AS ESCOLHAS

DO CONCLUINTE

2011

Mestrado em Educação – Campus Centro I

Avenida Presidente Vargas 642, 22º andar – Centro

20071-001 Rio de Janeiro – RJ

Telefones: (21) 2206-9740 / 2206-9858

ii

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

TRABALHO OU ENSINO SUPERIOR?

A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA INTEGRADA DE NÍVEL MÉDIO

DO IF-SUDESTE MG-JF E AS ESCOLHAS DO CONCLUINTE

MAXIMO LEON FEITAL

RIO DE JANEIRO

2011

iii

F311 Feital, Maximo Leon

Trabalho ou ensino superior? A educação profissional técnica integrada de nível médio do IF Sudeste MG-JF e as escolhas do concluinte. /Maximo Leon Feital. – Rio de Janeiro, 2011.

107 f. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Educação)– Universidade

Estácio de Sá, 2011.

1. Ensino Médio. 2. Ensino profissional. 3. Educação, Legislação. I. Título.

CDD 373

iv

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

TRABALHO OU ENSINO SUPERIOR?

A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA INTEGRADA DE NÍVEL MÉDIO

DO IF-SUDESTE MG-JF E AS ESCOLHAS DO CONCLUINTE

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em

Educação da Universidade Estácio de Sá, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre

ORIENTADOR: Profa Dr

a Laélia Carmelita Portela Moreira

RIO DE JANEIRO

2011

v

vi

DEDICADO

A todos os jovens que participam da grande

aventura da formação profissionalizante e,

especialmente, aos alunos do Instituto Federal de

Educação Ciência e Tecnologia Sudeste de

Minas Gerais – Campus de Juiz de Fora.

vii

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, Criador que concedeu mais esta Graça.

Agradeço a meus pais, Jovito e Zilpa, que com sua dedicação e carinho sempre foram

exemplos de independência, coragem e persistência.

Agradeço também à Maria Olímpia, ao Tarcísio, à Andréia, à Fabrícia, à Luíza, à Mell

e à Clarisse, minha adorada esposa, meus queridos filho e filhas e minhas especialmente

queridas netas por terem aceitado se privar de minha companhia durante todo o tempo deste

empreendimento e terem dado todo seu precioso apoio, mesmo nos momentos mais difíceis.

Agradeço especialmente à Professora Laélia Carmelita pela sua inestimável ajuda na

orientação e, mais do que isto, por ter aceitado a orientação em momento conturbado da

pesquisa, transformando previsível fracasso em sucesso.

Agradeço também e particularmente à Professora Lúcia Vilarinho pelo seu incentivo e

apoio, sempre eficiente e oportuno.

Agradeço aos colegas do IFSudeste MG-JF, particularmente do Departamento de

Eletricidade, pelo seu apoio e por nunca terem se queixado de meus afastamentos para

atendimento ao programa.

Agradeço a todos os Professores da UNESA participantes do Projeto e a todos os

demais colegas do Projeto Minter pelo carinho e pelos bons momentos de fraterno convívio.

Agradeço ao Professor Paulo Rogério A. Guimarães, ao Professor Wilson dos Santos

Almeida e ao Professor Célio Alves Espíndola, Coordenador do Projeto Minter, por terem

conseguido viabilizar os meios de realização de mais este sonho.

Agradeço, finalmente, a todos que direta ou indiretamente tornaram possível a

realização deste trabalho.

viii

RESUMO

FEITAL, Maximo Leon. Trabalho ou ensino superior? A educação profissional técnica

integrada de nível médio do IF Sudeste MG-JF e as escolhas do concluinte. Rio de Janeiro,

2011, Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação,

Universidade Estácio de Sá, 2011.

A pesquisa trata da Educação Profissional Técnica Integrada ao Ensino Médio implantada no

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus

Juiz de Fora – IF Sudeste MG-JF em 2008, e teve como objetivo compreender a influência do

currículo e das atividades pedagógicas nas decisões tomadas pelos alunos concluintes dos

diversos cursos integrados relativas ao seu futuro profissional: se o ingresso no mundo de

trabalho ou o prolongamento da formação escolar. Para alcançar estas respostas, além de

analisar a literatura existente sobre as obrigações do ensino médio, sobre a orientação

profissional no ensino médio propedêutico e sobre as aspirações de sua população, buscou-se

conhecer a visão dos alunos quanto à influência da formação propiciada pelo Colégio, bem

como a percepção das ações convenientes e/ou necessárias para a obtenção dos resultados por

eles almejados, tendo como eixo a seguinte questão: Como as atividades pedagógicas

praticadas nos cursos profissionais técnicos de nível médio da rede federal afetam e são

afetadas pelos projetos pessoais dos alunos em sua definição pelo ingresso no ensino superior

ou ingresso no mundo do trabalho? A investigação foi realizada com alunos das terceiras

séries dos seguintes cursos do Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante:

Eletrotécnica, Eletromecânica, Mecânica, Edificações, Informática e Metalurgia. Além de

análise da documentação relativa ao Colégio, um questionário com questões de múltipla

escolha foi respondido por 60 alunos, dez de cada curso. A pesquisa de campo incluiu a

realização de entrevistas. Nas considerações finais, observa-se a possibilidade de que, ao

término do curso, o aluno, ciente dos conhecimentos, competências e habilidades

desenvolvidas ao longo dos estudos e em detrimento dos estudos profissionalizantes, venha

agir de forma a obter do colégio procedimentos voltados ao atendimento dos exames de

seleção ao ensino superior. Aponta-se a possibilidade de que, enquanto a seleção para os

cursos de educação profissionalizante de nível médio for efetuada pela escolha dos mais

preparados, grande parte de seus alunos terá intenção, com sucesso, de acessar aos cursos

superiores. Faz outras avaliações.

Palavras-Chave: Ensino médio profissionalizante: Escolhas profissionais: Projeto pedagógico

ix

ABSTRACT

FEITAL, Maximo Leon. Labor or Higher Education? The technical professional education

at the Brazilian High School level in the Federal Institute of Southeast Minas Gerais – JF and

the students‟ choices. Rio de Janeiro, 2011, Dissertation (Masters Degree in Education).

Postgraduate Program in Education, Estacio de Sa University, 2011.

This research approaches the Technical Professional Education at the Brazilian High School

level, carried out in the Federal Institute of Education, Science and Technology of Southeast

of Minas Gerais state, Campus of Juiz de Fora – FI Southeast MG-JF in 2008. The purpose

was to understand the influence of curriculum and educational activities in the decisions

undertaken by students enrolled in final periods of integrated technical courses related to their

professional future: they are expected to decide between labor market entry or an upper-level

course for continuing education. Aiming to achieve these responses besides reviewing the

existing previous literature concerning the obligations related to High School level, the

professional orientation in propaedeutic High School education and the students‟ expectations

the goal was to understand students' views concerning the influence of training provided by

the Institution as well as their perceptions regarding the appropriate and necessary actions to

obtain the results they are expecting, drawing up as our guideline the following questions:

How do educational activities developed in technical courses at the High School level in

federal institutes affect and are affected by students‟ personal projects concerning their

decision to continuing education or entrying the productive market? The research was carried

out with students enrolled in the third grade of the following courses of technical education:

Electrotechnics, Electromechanics, Mechanics, Building, Computer and Metallurgy. Besides

the analysis of the documentation referred to the Institute, a questionnaire with multiple

choice questions was answered by 60 students, considering ten students from each course.

The field research also included some interviews. In the final chapter it is remarked the

possibility that the student being aware of all knowledge, skills and abilities acquired

throughout the school years and in detriment of professional studies would be able to get from

the school in his final period the procedures about the university entry exams. It is also

observed that as long as the selection process for professional education courses in High

School level is carried out based on the choice among the most prepared students most of the

students will show eager interest to get access successfully to Higher Education. Other

evaluations are undertaken.

Keywords: Brazilian professional High School; career choices; educational project

x

LISTA DE GRÁFICOS1

Gráfico 1: Composição familiar................................................................................................41

Gráfico 2: Escolaridade Comparada dos Pais (%)....................................................................41

Gráfico 3: Renda Familiar.........................................................................................................43

Gráfico 4: Idade ao Ingressar no Instituto.................................................................................44

Gráfico 5: Trajetória Escolar.....................................................................................................45

Gráfico 6: Motivos que levaram a cursar o Ensino Técnico Profissionalizante.......................49

Gráfico 7: Avaliação da idéia de cursar o Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico

Profissionalizante. Múltipla Escolha......................................................................50

Gráfico 7a: Avaliação da idéia de cursar o Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico

Profissionalizante. Justificativa.............................................................................50

Gráfico 8: Avaliação do Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante –

Múltipla Escolha.....................................................................................................51

Gráfico 8a: Avaliação do Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante –

Justificativa............................................................................................................51

Gráfico 9: Avaliação do Ensino Médio Recebido do Instituto Múltipla Escolha....................54

Gráfico 9a: Avaliação do Ensino Médio Recebido do Instituto Justificativas.........................54

Gráfico 10: Avaliação do Ensino Técnico Profissionalizante recebido no Instituto –

Múltipla Escolha....................................................................................................55

Gráfico 10a: Avaliação do Ensino Técnico Profissionalizante recebido no

Instituto – Justificativa.........................................................................................55

Gráfico 11: Avaliação do Ensino Médio e do EnsinoTécnico Profissionalizante recebidos no

Instituto – Comparação das Respostas de Múltipla Escolha................................57

Gráfico 11a: Avaliação do Ensino Médio e do Ensino Técnico Profissionalizante

recebidos no Instituto – Comparação das Justificativas.......................................57

Gráfico 12: Áreas pretendidas na Educação Superior...............................................................59

Gráfico 13: Planos dos alunos concluintes para 2011...............................................................61

Gráfico 14: Os professores estão preparados para atender os objetivos dos cursos?................63

Gráfico 15: Os professores são focados nos objetivos dos cursos?..........................................64

Gráfico 16: Os professores estão empenhados nos objetivos dos cursos?................................64

Gráfico 17: Os professores estimulam os alunos para que alcancem seus objetivos?..............65

1 Exceto onde indicado de outra forma, os gráficos, tabelas e figura exibidos neste trabalho foram elaborados

pelo pesquisador a partir de dados da pesquisa.

xi

LISTA DE TABELAS E FIGURA

Tabela 1: Distribuição das idades de ingresso nos diversos cursos............................................5

Tabela 2: Influência por gênero e por tipo de escola sobre as alternativas escolhidas...............6

Tabela 3: Comparação do número de matrículas no ensino profissionalizante........................25

Tabela 4: Ensino superior – situação das vagas no Brasil - 2009.............................................26

Tabela 5: Cursos Técnicos Integrados – Primeiras Turmas - Ingressantes e Concluintes........38

Tabela 6: Cursos Técnicos Integrados – Primeiras Turmas – Gênero......................................39

Tabela 7: Autodeclaração de cor/raça.......................................................................................40

Tabela 8: Escolaridade dos Pais................................................................................................42

Tabela 8 A: Comparação Renda Familiar X Escolaridades do Pai e da Mãe..........................43

Tabela 8 B: Atividades Extra-escolares....................................................................................45

Tabela 8 C: Hábitos Pessoais....................................................................................................46

Tabela 9: Comparação – Avaliações Negativas........................................................................58

Tabela 10: Comparação – Avaliações Positivas........................................................................58

Tabela 11: Cursos Técnicos Integrados – Primeiras Turmas – Retenção e Evasão..................67

XXXXXXXXXX

Figura 1: A Lei 4.024/61 e as trajetórias ao Ensino Superior..................................................11

xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEB Câmara de Educação Básica

CF Constituição Federal

CFE Conselho Federal de Educação

CNE Conselho Nacional de Educação

CONFEA Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura

CREA Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura

CTU Colégio Técnico Universitário

DL Decreto Lei

EJA Educação de Jovens e Adultos

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

FGV Fundação Getúlio Vargas

FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica

e Valorização dos Profissionais da Educação

FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

Fundamental e da Valorização do Magistério

IES Instituição de Ensino Superior

IF SUDESTEMG JF Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Sudeste de Minas Gerais – Campus Juiz de Fora

IFES Instituição Federal de Ensino Superior

LDB Lei de Diretrizes e Bases

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação e Cultura

PISA Programa Internacional de Avaliação de Alunos

( Programme for International Studente Assesstment)

PISM Programa de Ingresso Seletivo Misto

PL Projeto de Lei

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PREAL Programa de Promoción de la Reforma Educativa en

América Latina

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SENETE Secretaria Nacional de Educação Tecnológica

xiii

UFJF Universidade Federal de Juiz De Fora

xiv

SUMÁRIO

1 NTRODUÇÃO......................................................................................................................1

2 ASPECTOS LEGAIS DO ENSINO MÉDIO....................................................................9

2.1 DO ENSINO MÉDIO E DO ENSINO TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE

INTEGRADO: FUNÇÕES E DESAFIOS PRINCIPAIS.......................................................15

2.2 DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE..........................................................................21

3 O JOVEM E SUAS ESCOLHAS AO FIM DO ENSINO MÉDIO................................28

4 A PESQUISA NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO SUDESTE DE MINAS GERAIS-CAMPUS JF..............................34

4.1 RESULTADOS DA PESQUISA......................................................................................38

4.1.1 Caracterização Socioeconômica dos Sujeitos da Pesquisa.............................................39

4.1.2 A Escolha da Educação Profissional Técnica Integrada de Nível Médio do

IF-Sudeste MG-JF e Sua Avaliação................................................................................46

4.1.3 Analisando o Componente “Ensino Médio (Propedêutico)” do Ensino Médio Integrado

à Educação Profissional Técnica....................................................................................53

4.1.4 Analisando o Componente “Ensino Profissionalizante” do Ensino Médio Integrado à

Educação Profissional Técnica......................................................................................54

4.1.5 A Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada do IFSudesteMG-Jf e

as Metas dos Alunos..............................................................................................................58

4.1.6 Os Professores da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada do

IF Sudeste MG-JF e as Metas dos Alunos.....................................................................62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................68

6 REFERÊNCIAS................................................................................................................ 74

7 ANEXOS................................................................................................................. ...........80

1 INTRODUÇÃO

As recentes e profundas transformações no mundo do trabalho e seus reflexos

nas mudanças na legislação sobre o ensino médio e educação técnica profissionalizante

orientaram muitas das reflexões existentes neste trabalho. Estas reflexões abordam os mais

diversos aspectos do tema, desde a análise das alterações e dos modelos de produção

econômica até as tensões existentes entre a formação geral e a formação profissional.

Etapa final da educação básica conforme a LDB 9.394/96, sinalizador de

definição marcante na vida dos jovens na sua opção pelo mundo do trabalho ou

continuidade dos estudos, o ensino médio é tempo de escolhas. Aparentemente apenas mais

uma escolha é, porém, de difícil efetivação, uma vez que envolve conhecimentos e

significados que ainda não estão disponíveis para a maioria desses jovens. As escolhas

realizadas neste momento apresentam implicações que os impactarão ao longo de toda a

vida. Mesmo a mais imediata delas, o prolongamento dos estudos ou opção pelo mundo do

trabalho pode originar conflitos de difícil solução.

Segundo Balbinotti et al (2004, p. 2), é entre os 14 e 18 anos, justamente a

faixa etária regular dos alunos do ensino médio, que, basicamente, ocorre a cristalização de

uma preferência profissional; é o momento em que o adolescente se engaja na conquista da

própria identidade. Na mesma direção, Neiva (2003, p. 101) afirma que é entre a segunda e a

terceira série do ensino médio que se manifesta significativo aumento da maturidade para a

escolha profissional; é quando os alunos se responsabilizam mais pelas suas escolhas e

empreendem mais ações para efetivá-las.

O Ensino Médio, descrito no art. 21, inciso I da LDB 9.394/96 como parte

integrante da Educação Básica, deve ser entendido na sua origem como momento de

educação, palavra que em seu sentido original – ex-ducere indica sair de um estado ou

condição para outro e refere-se à possibilidade de os seres humanos se colocarem num

determinado caminho, envolvendo ato de vontade enquanto forma de decisão entre vários

impulsos. (MARTINS, 1992)

Definido no art. 35 da referida lei como “etapa final da educação básica”,

2

situa-se entre o Ensino Fundamental e o Ensino Superior. Configura-se estrategicamente

como o “ensino do meio” (GOMES et al, 2006, p. 13). Tornado obrigatório pela Emenda

Constitucional 59 de 11 de novembro de 2009 que modificou o art. 208 da Constituição

Federal, o “ensino do meio” destina-se aos que, tendo concluído o ensino fundamental,

aspiram (ou não) a alcançar o ensino superior.

O art. 35 já referido, além de classificá-lo como “etapa final”, sugere de

imediato duas trajetórias básicas possíveis: a consolidação dos conhecimentos adquiridos no

ensino fundamental para prosseguimento dos estudos ou sua preparação básica para o mundo

do trabalho e a cidadania. Nesta linha, Ramos (2010) destaca que o ensino médio apresenta o

problema de ser historicamente subordinado a dois projetos que estão fora dele – o mundo do

trabalho e o ensino superior.

Ao se tornar trajeto/destino obrigatório e receber a diversidade crescente de

alunos concluintes do Ensino Fundamental, praticamente universalizado, o Ensino Médio não

sabe, nos dizeres de Castro (2009), o que fazer com eles e se torna um nível de ensino em

crise permanente. Essa crise bem se expressa tanto nos baixos índices de aproveitamento

obtidos nos exames padronizados e em larga escala e nos altos índices de retenção e de evasão

de alunos, quanto no alto número de jovens fora dos bancos escolares nessa importante etapa

da vida escolar, estimado, segundo dados do PNAD 20092, em mais de 17 milhões.

Informações recentes, como as obtidas em Pesquisa de Neri (2009)3 e os já

citados dados do PNAD 2009 surpreendem e são preocupantes. Segundo a pesquisa de Néri

(2009), o espantoso motivo “falta de interesse” para 40,29% do total de evadidos do ensino

médio se mostra superior aos 27,09% atribuído ao motivo “Renda/Trabalho”, quase sempre

considerado o grande vilão desta situação, e aos 21,73% atribuído a um genérico “Outros

Motivos”. Em entrevista ao Jornal Nacional4 o mesmo autor, coordenador da pesquisa

declarou: “A questão da educação é uma batalha complicada. Não se trata apenas de atender

uma demanda existente por educação, que o governo abra escolas, mas ele tem que convencer

o jovem de que a escola vale a pena”.

Se estes são os problemas conhecidos de todos os que de alguma forma

militam nas lides da educação, quais seriam as obrigações do ensino médio?

2 Disponível em

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/sintese_defaultzip_indicador

es.shtm . Acesso em 14/08/2010. 3Motivos da evasão escolar – Centro de Políticas Sociais – FGV, disponível em

<http://www.fgv.br/cps/tpemotivos/>. Acesso em 09/2009 4 Disponível em <http://www.fgv.br/cps/tpemotivos/> no link VÍDEOS – Principais Resultados. Acesso em

09/2009.

3

As finalidades do Ensino Médio, descritas nos incisos I a IV do art. 35 da LDB,

acrescidas ainda das funções indicadas no art 36-A e seguintes, que tratam da Educação

Profissional Técnica de Nível Médio, vão desde a preparação básica para o trabalho e de sua

educação para o exercício de profissões técnicas até a formação acadêmica e conhecimentos

sobre o mundo real e o mundo do vestibular. (CASTRO, 2009).

O próprio Ministério da Educação (MEC), conforme seu documento “Plano de

Desenvolvimento da Educação: Razões, Princípios e Programas”, mostra-se sensível a estas

situações, às dimensões continentais do país e às diversidades culturais e aponta que:

O PDE oferece uma concepção de educação alinhada aos objetivos

constitucionalmente determinados à República Federativa do Brasil.

Esse alinhamento exige a construção da unidade dos sistemas educacionais

como sistema nacional – o que pressupões multiplicidade e não

uniformidade. [...], única forma de garantir a todos e a cada um o direito de

aprender até onde o permitam suas aptidões e vontade. (BRASIL a, 2007, p.

5)5

Porém, de forma lastimável, como argumenta Castro (2009), grande parcela

dos jovens vai ao mundo do trabalho apenas com o que recebeu no ensino médio, isto se não

constituir parte dos 30% que o abandona antes do término, uma vez que o ensino médio não

consegue cumprir sua missão. Desse modo, se as dificuldades de exercício destas muitas

funções são grandes, no momento em que se referem às possibilidades de os seres humanos se

colocarem num determinado caminho envolvendo atos de vontade, enquanto forma de decisão

entre vários impulsos, não de um, mas dos vários atores, estas dificuldades passam a ser mais

e mais complexas.

Dentre as muitas situações configuradas na literatura consultada como causas

dos problemas acima apontados, a definição das escolhas dos concluintes nos pareceu

representar fator de peso e tema de importância inequívoca. Devido à natureza e variedade

dos muitos agentes envolvidos nas ações e políticas dos diversos sistemas de educação e

ensino, estes talvez se esqueçam de considerar situações e preocupações daqueles que são,

desta peça, seus principais atores – os discentes e suas escolhas.

A literatura corrente sobre o tema ensino médio e educação técnica

profissionalizante, na qual salientamos as obras de Saviani (1997, 2007), Frigotto (1999a,

1999b, 1988, 2007), Frigotto e Ciavatta (2003), Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005a, 2005b) e

Kuenzer (2000a, 1988, 2007, 2006, 2000b), Deluiz (1996, 2001), Ramos (2009, 2002),

Ferretti (1997) revela que os textos predominantes focalizam basicamente comentários e

críticas à legislação e à educação profissionalizante e reflexos de suas sucessivas alterações

5Disponível em <http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf>. Acesso em 15/03/2011

4

nas últimas duas décadas. Constatou-se a escassez de pesquisas que tratassem dos aspectos

pedagógicos e que trouxessem a visão dos alunos e professores sobre as escolhas a serem

feitas quando da conclusão do ensino médio profissionalizante.

Manifestando preocupação semelhante à nossa, Kober (2008), citando trabalho

de Corrochano e Nakano, comenta a ausência de pesquisas sobre a temática “escolhas

profissionais”, assunto que embora não seja novo nas áreas ligadas à sociologia da educação e

do trabalho, não tem sido suficientemente abordado, pois “[...]apenas 8 (10%) teses e

dissertações defendidas da área, em 18 anos, se referiam às escolhas profissionais”. (KOBER,

2008, p. 10).

Esta pesquisa trata da Educação Profissional Técnica Integrada ao Ensino

Médio implantada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de

Minas Gerais, Campus Juiz de Fora (IF Sudeste MG-JF) em 2008, e tem como objetivo

compreender a influência do currículo e das atividades pedagógicas nas decisões tomadas

pelos alunos concluintes dos diversos cursos integrados relativas ao seu futuro profissional: se

o ingresso no mercado de trabalho ou o prolongamento da formação escolar.

A investigação teve o propósito de analisar, a partir de estudo documental,

levantamento de dados e entrevistas, de que maneira os alunos do ensino profissionalizante

praticado no IF Sudeste MG-JF gerenciam a escolha entre o ingresso no mundo do trabalho

ou na universidade, a partir das possibilidades que lhes são oferecidas pela legislação vigente

e pela prática pedagógica do Instituto Federal, na forma concreta do projeto pedagógico, do

currículo e das atividades docentes dos cursos. Em suma: como estes fatores influenciam suas

decisões.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas

Gerais – Campus Juiz de Fora, sucessor do Colégio Técnico Universitário da Universidade

Federal de Juiz de Fora – CTU/UFJF, criado em fevereiro de 1957 e transformado em

Instituto Federal pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, ao longo de sua existência

tem praticado o ensino técnico profissionalizante nas modalidades previstas na legislação

oportunamente em vigor, atuando conforme a Lei 4.024/1961; o Parecer CFE 45/72 após a

promulgação da Lei 5.692/71 e a resolução CNE/CEB N° 04/99 e seus Quadros Anexos, após

promulgação da LDB 9.394/96 e dos Decretos Lei 2.208/97 e 5.154/04.

A investigação foi realizada com alunos das terceiras séries dos seguintes

cursos do Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante: Eletrotécnica,

Eletromecânica, Mecânica, Edificações, Informática e Metalurgia. Após etapa exploratória,

num segundo momento da pesquisa, um questionário semi-estruturado foi respondido por 60

5

alunos, total formado por dez alunos de cada curso, tomados de modo aleatório, em cada uma

das turmas concluintes dos cursos integrados do Instituto.

Como motivo indutor inicial da pesquisa, as escolhas dos jovens no ensino

médio, ao observar a idade de ingresso dos alunos, a Tabela 1 abaixo, levantada a partir de

registros das matrículas nos diversos cursos do IF Sudeste MG-JF, podemos notar que mais

de 80% dos alunos ingressa no Colégio com idade igual ou inferior a 15 anos.

Tabela 1: Distribuição das idades de ingresso nos diversos cursos.

Pode-se indagar, então, se o projeto inicial que os leva a escolher o ensino

médio profissionalizante seria seu ou imposição de seus pais ou responsáveis. Cabe ressaltar

que tal situação também é assinalada pelo próprio MEC, que considera que a escolha do

ensino médio profissionalizante nas instituições federais, muitas vezes sequer é escolha

vocacional, configurando apenas a oportunidade de obtenção de ensino médio de qualidade e

gratuito:

Nas regiões em que a oferta de bom ensino de segundo grau

preparatório para o vestibular era escassa, as escolas técnicas

tradicionais acabaram se tornando a opção pessoal de estudos

propedêuticos, distorcendo a missão dessas escolas técnicas.

(BRASIL b, 1999. p. 577).

Nesta mesma linha de questionamento, outras pesquisas, como o levantamento

conduzido por Sparta e Gomes (2005, p. 49), do qual foi extraído a Tabela 2 seguinte,

demonstram que dentre os alunos de uma escola pública, 77% se interessam em participar do

exame vestibular, 64,2% desejam ingressar no mercado de trabalho, mas que 35,5%6 dos

alunos das escolas públicas manifestam interesse pelos cursos profissionalizantes.

6 - Para melhor entendimento do conteúdo da Tabela 2, é importante considerar a observação do autor, presente

na página 49 da obra, de que as alternativas apresentadas não são mutuamente excludentes.

ANO 13 ANOS 14 ANOS 15 ANOS >15 ANOS

2008 0,54% 31,72% 58,06% 9,70%

2009 0,52% 36,72% 47,67% 15,54%

2010 1,52% 34,34% 46.,97% 17,17%FONTE: Arquivos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas

Gerais - Campus Juiz de Fora. Levantamento a partir das matrículas.

TABELA 1

6

Tabela 2: Influência por gênero e por tipo de escola sobre as alternativas escolhidas

Ainda dentro da preocupação de entendimento das escolhas dos jovens no

ensino médio, também Gomes et al (2006, p.18), em levantamento realizado em escola da

rede pública do Distrito Federal constataram que 72,9% dos alunos do ensino médio almejam

um diploma universitário, porém, em contrapartida, 72,6% dos que haviam retornado à escola

na modalidade EJA, o haviam feito sob influência do trabalho, em uma situação que sinaliza a

existência de forte tensão no campo trabalho-educação na vida dos estudantes. Assim, o

trabalho tanto retira quanto traz o aluno de volta às salas escolares.

Nas palavras dos pesquisadores:

[...] pesquisa realizada por Castro (1980) já demonstrava que o

ingresso no curso superior motiva a maioria dos alunos do ensino

médio. Branco e Novais (2001), em pesquisa a respeito de

representações de jovens no ensino médio, comprovam esse

resultado.

Do exposto, manifesta-se a possibilidade de que se apresentem duas aspirações

principais simultâneas aos alunos do ensino médio, que podem ser estendidas aos alunos do

ensino médio profissionalizante: acesso à universidade e acesso ao mundo do trabalho.

Entretanto, observamos que a literatura existente sobre o tema das escolhas profissionais

refere-se, em sua quase absoluta maioria, a sujeitos à saída do ensino médio propedêutico,

portanto já direcionados ao ensino superior, focando suas dificuldades de opção entre as

várias carreiras disponíveis neste nível de ensino. Tal constatação evidencia que a temática da

escolha entre o prolongamento dos estudos e o ingresso no mundo do trabalho, por parte dos

concluintes da modalidade de ensino médio profissionalizante, pode ser considerada

importante lacuna à espera de estudos como o que aqui apresentamos.

A duplicidade de oportunidades indicada, se presente em uma escola de

formação profissional, assume outra proporção. Mais do que aspectos apenas psicológicos ou

administrativos envolve procedimentos que, mesmo não sendo mutuamente excludentes,

GÊNERO ESCOLA

N F M PÚBLICA PARTIC.

% % % % %

86,2 85,3 87,2 0,46 77 95,4 0,00

34,6 34,3 33,6 0,78 43 24,9 0,00

20,2 20,5 19,8 0,75 35,5 4,9 0,00

47,6 49,6 45,3 0,20 64,2 31 0,00

5,5 3,9 7,4 0,02 5,8 5,2 0,57

659 361 298 330 329

Fonte: Sparta e Gomes (2005, p. 49)

Outros

n

p p

Curso Profissionalizante

Ing. Mercado Trabalho

TABELA 2

ALTERNATIVAS

Vestibular

Curso Pré-Vestibular

7

concorrem no empenho do aluno e constituem fator complicador um para o outro.

Consolidam-se ao longo do curso e se agravam na terceira série, quando o estudante, sempre

com perdas, qualquer que seja sua opção, necessita estabelecer prioridades e dividir tempo,

escasso por natureza, entre os estudos de profissionalização e os estudos propedêuticos,

mesmo estes em duas frentes: o colégio propriamente dito e o “cursinho pré-vestibular”.

Questiona-se, portanto: na última série do ensino médio integrado ao ensino técnico

profissionalizante, maior dedicação ao ensino médio (leia-se: exame vestibular) ou ao ensino

profissionalizante? Qual o vetor privilegiado no IF Sudeste MG-JF?

Estas perguntas simples implicam o exame de situações que se referem

diretamente ao projeto político pedagógico do Instituto e que desafiam grande parte dos

alunos e mesmo dos professores. Constituem assim indagações que buscamos responder por

meio da investigação cujos resultados apresentamos.

Para responder às questões acima, buscamos conhecer a visão dos alunos

quanto aos motivos que os levaram a ingressar no Instituto, quanto à possibilidade do colégio

atender suas expectativas, assim como sua percepção das ações convenientes e/ou necessárias

para a obtenção de formação que concilie as funções de uma escola de formação

profissionalizante com as expectativas próprias dos alunos, tendo como eixo a questão: Como

as atividades pedagógicas praticadas nos cursos técnicos profissionalizantes de nível médio do

IF Sudeste MG-JF afetam e são afetadas pelos projetos pessoais de seus alunos na definição

pelo ingresso no ensino superior ou ingresso no mundo do trabalho? Não está em discussão o

número de horas-aula de um ou outro curso, ambos definidos em lei, mas, sim, o currículo

praticado e o nível de empenho dos alunos e de exigências dos professores na consecução

desses objetivos.

Considerando o ingressar no IF Sudeste MG-JF como parte integrante de um

projeto de vida do estudante, qual deverá ser o comportamento dos professores ao

identificarem em seus alunos significativas potencialidades de acesso à universidade:

obstaculizar essa evolução, não consoante com o projeto pedagógico do curso, ou incentivá-

los ao prolongamento dos estudos, mesmo correndo os riscos inerentes de entrar numa disputa

acirrada como o vestibular?

Desta forma, entender como se concretiza o projeto pedagógico do Ensino

Médio Integrado à Educação Profissional Técnica de Nível Médio praticado no IF Sudeste

MG-JF a partir da percepção dos alunos no que se refere à preparação para o ingresso no

mundo do trabalho ou no ensino superior torna-se ferramenta poderosa para a avaliação e o

estabelecimento de adequada correlação entre o projeto político pedagógico da instituição e os

8

anseios de suas comunidades discente e docente.

A questão apresentada e outras dela derivadas nortearam nossa pesquisa de

Mestrado. Pretendemos assim que nossa investigação contribua para orientar o plano

pedagógico desses cursos a partir da identificação, em certa medida, de vieses e caminhos que

já não deram certo, apontados por diversos autores envolvidos com a organização, a

administração e o financiamento do ensino médio.

Leituras de muitas obras, entre livros, artigos, dissertações e teses sinalizaram

para a existência de implicações que polemizam o tratamento do tema educação

profissionalizante, ou seja, a atuação das escolas de formação profissional em geral e das

instituições federais de educação profissional técnica de nível médio em particular, o nosso

caso.

Dentre as implicações envolvidas e de maior monta salientamos primeiramente

as de caráter legal, decorrentes da promulgação da Constituição Federal de 1988 e da

promulgação da LDB 9394/96, documentos que promoveram grandes modificações no

sistema de educação nacional, principalmente no alargamento da base das populações do

ensino fundamental e do ensino médio.

Outro conjunto de implicações a ser apontado é aquele originado na

modificação do modo de produção capitalista, cuja transição do modo de produção taylorista-

fordista para o modo de produção denominado de acumulação flexível de capital resultou em

grande reflexo o mundo do trabalho. Situação que implicou tanto na criação de novas

modalidades de trabalho como também na destruição de inúmeros outros postos de trabalho.

Um terceiro conjunto de implicações, de caráter psicopedagógico, relaciona-se

com as origens sociais e familiares dos alunos e suas expectativas pessoais e sociais. Neste

conjunto se agregam aquelas implicações das escolhas profissionais, tão custosas aos

adolescentes.

Finalmente, o último e mais controverso conjunto de implicações, aquele que

envolve questões de caráter filosófico e ideológico. Discutem o trabalho, somente aceitando-o

em sua dimensão ontológica, de formador da própria natureza humana . Em decorrência desta

posição, apresentam restrições igualmente radicais à educação profissionalizante.

Por nos atermos de forma específica ao Instituto Federal de Educação, Ciência

e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais, Campus Juiz de Fora, desenvolveremos nosso trabalho

apenas considerando as implicações de caráter legal e aquelas de caráter psicopedagógico.

9

2 ASPECTOS LEGAIS DO ENSINO MÉDIO

A educação nacional, dividindo o ensino médio e o ensino superior como

responsabilidade da União e o ensino primário e o ensino profissional como responsabilidade

dos Estados, sempre teve sua orientação fragmentada até começar a ser regulamentada através

dos diversos Decretos- Lei da Era Vargas, denominados Leis Orgânicas do Ensino.

Nos dizeres de Romanelli (2009, p. 154) referindo-se à legislação que então

normalizava o ensino:

[...] ficavam assim reorganizados o ensino primário e o ensino médio:

a) Decreto-lei n. 4.073, de 30 de janeiro de 1942: - Lei Orgânica do Ensino

Industrial;

b) Decreto-lei n. 4.048, de 22 de janeiro de 1942: - Cria o Serviço Nacional

de Aprendizado Industrial;

c) Decreto-lei n.4.244 de 9 de abril de 1942: - Lei Orgânica do Ensino

Secundário;

d) Decreto-lei n.6.141, de 28 de dezembro de 1943: - Lei Orgânica do

Ensino Comercial;

Após a queda de Vargas [...]

a) Decreto-lei n. 8.529, de 02 de janeiro de 1946: -Lei Orgânica do Ensino

Primário;

b) Decreto-lei 8.530, de 02 de janeiro de 1946: - Lei Orgânica do Ensino

Normal;

c) Decretos-lei n 8.621 e 8.622, de 10 de janeiro de 1946 – criam o Serviço

Nacional de Aprendizagem Comercial;

d)Decreto-lei n. 9.613 de 20 de agosto de 1946 – Lei Orgânica do Ensino

Agrícola.

Esta legislação destinava ao ensino superior apenas os egressos do ensino

secundário, ramo da educação concebido para ser a educação das elites dirigentes – as

individualidades condutoras – enquanto nos demais ramos de ensino – industrial, comercial e

agrícola, existiam dois níveis, um fundamental e outro técnico, que se destinavam apenas a

formar força de trabalho. Não havia comunicação entre os três cursos profissionalizantes nem

entre esses e o secundário. Caso o aluno desistisse dos estudos em um ramo de

profissionalização e quisesse trocá-lo por outro, deveria começar novamente desde o estágio

inicial, não havendo chance de aproveitamento de conhecimento prévio. Porém o aluno

oriundo do curso ginasial, a caminho do curso colegial secundário, podia transferir-se, sem

10

restrição, para quaisquer dos cursos técnicos: industrial, comercial ou agrícola e mesmo para o

2º ciclo do curso normal. Aos formados nestes outros ramos somente era permitido aspirar

acesso a cursos superiores relacionados à sua área de formação (MANFREDI, 2002, p.

99/100).

Romanelli (2009, p. 159) chama a atenção para a rigidez e seletividade do

ensino secundário, que incluía até mesmo educação militar para os alunos do sexo masculino,

nos moldes definidos pelo Ministério da Guerra, realmente caracterizando a “formação das

individualidades condutoras”.

Nos dizeres de Romanelli (2009, p.170), a nova Constituição de 1946,

elaborada logo após o fim do Estado Novo da Era Vargas, atribuiu à União a prerrogativa de

legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional e, o então Ministro da Educação

Clemente Mariani constituiu comissão com este fim.

A longa discussão sobre a nova lei da educação fez com que as Leis Orgânicas

do Ensino prevalecessem por, pelo menos, mais 19 anos, até ocorrer a promulgação da

primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei 4.024 de 20 de

dezembro de 1961, que, entre outras definições, aliviou a separação legal então existente entre

a dita educação para elites dirigentes e a educação para os demais trabalhadores. Nos dizeres

de Manfredi (2002, p. 103), a dualidade estrutural ainda persistia, “embora se tivesse

garantido maior flexibilidade na passagem entre o ensino profissional e o secundário”.

Em uma outra modificação favorável, a nova lei, ao acrescentar disciplinas do

curso secundário às disciplinas do curso técnico, passou a permitir que seus egressos

alcançassem o ensino superior, suplantando as limitações acima citadas, originalmente

existentes nas Leis Orgânicas.

Nos trechos a seguir, em transcrição até extensa, para melhor entendimento dos

arranjos efetuados entre as disciplinas do secundário e dos cursos técnicos, inclusive com a

criação do pré-técnico que estendia o 2º Ciclo do técnico para quatro anos, mostra como foi

superada a separação entre os cursos técnicos e o curso secundário.

Art. 41. Será permitida aos educandos a transferência de um curso de ensino

médio para outro, mediante adaptação, prevista no sistema de ensino.

Art. 46.

§ 2º A terceira série do ciclo colegial será organizada com currículo

diversificado, que vise ao preparo dos alunos para os cursos superiores e

compreenderá, no mínimo, quatro e, no máximo, seis disciplinas, podendo

ser ministrada em colégios universitários.

Art. 49. Os cursos industrial, agrícola e comercial serão ministrados em dois

ciclos: o ginasial, com a duração de quatro anos, e o colegial, no mínimo de

três anos.

11

§ 1º As duas últimas séries do 1° ciclo incluirão, além das disciplinas

específicas de ensino técnico, quatro do curso ginasial secundário, sendo

uma optativa.

§ 2º O 2° ciclo incluirá além das disciplinas específicas do ensino técnico,

cinco do curso colegial secundário, sendo uma optativa.

§ 4º Nas escolas técnicas e industriais, poderá haver, entre o primeiro e o

segundo ciclos, um curso pré-técnico de um ano, onde serão ministradas as

cinco disciplinas de curso colegial secundário.

§ 5º No caso de instituição do curso pré-técnico, previsto no parágrafo

anterior, no segundo ciclo industrial poderão ser ministradas apenas as

disciplinas específicas do ensino técnico. 7(BRASIL, 1961, p. 9 )

Figura 1: A Lei 4.024/61e as trajetórias ao ensino superior

Fonte: LDB 4024/61

Uma arquitetura bastante complexa como pode ser vista na figura anterior,

elaborada a partir da LDB 4024/61, que funcionou durante algum tempo.

Pelo exposto, verifica-se que o ensino secundário e os cursos técnicos eram

7 Disponível em <http://wwwp.fc.unesp.br/~lizanata/LDB%204024-61.pdf >. Acesso em 25/04/2011

12

equivalentes entre si em termos de acesso ao ensino superior, fato garantido pelas disciplinas

comuns. Assim, os egressos dos cursos técnicos, de qualquer forma, tinham possibilidade de

acesso ao ensino superior.

Numa guinada, dez anos depois, esta lei foi sucedida pela Lei 5.6928 de 11 de

agosto de 1971, que, de forma surpreendente, tornou compulsória a formação profissional e

formalizou a igualdade de formação entre o secundário e os cursos técnicos. Essa situação

levou Manfredi (2003, p. 105) a comentar que “Pretendeu-se, segundo Cury (1982), fazer a

opção pela profissionalização universal do 2º grau, transformando o modelo

humanístico/científico no modelo científico/tecnológico”.

Conforme a nova Lei , a educação de 1º e 2º Graus passou a ter nova

atribuição, uma vez que passou a incluir a qualificação para o trabalho:

[...] tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária

ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-

realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício

consciente da cidadania. (BRASIL, 1971, p. 1)

Compromisso inquestionável, entretanto Romanelli (2009, p. 236-7) observa

que no decurso de suas realizações surgem condicionantes, dos quais o mais importante para

efeito de nossa pesquisa é o que afirma que educação não decorre somente do meio escolar,

mas também da forma de vida da sociedade na qual se situa a escola. Observa ela que, nessas

condições, é possível que a preparação feita na escola se torne mera “fórmula oca” de

memorização de regras sociais.

Os fatos e a história comprovam sua observação. Por motivos econômicos o

modelo não foi aceito pelos empresários de ensino e, por motivos ideológicos e para a

manutenção de regalias existentes desde os tempos de Império, também não foi aceito por

parcelas da sociedade, sendo que a obrigatoriedade de profissionalização, depois de

relativizada pelo Parecer CFE 76/75, foi revogada pela Lei 7.044 de 18 de outubro de 1982.

Segundo Manfredi (2002, p. 107), a velha dualidade voltava a se manifestar,

sem qualquer constrangimento legal. Porém, o ensino técnico profissionalizante praticado

pela Lei 5.692/71 era reconhecido como equivalente ao ensino secundário propedêutico e

permitia aos seus egressos matricularem-se no Ensino Superior. De forma curiosa, não só

permitia o acesso ao nível de ensino citado, como nos casos de ensino médio de quatro anos,

havia a possibilidade de aproveitamento de conteúdos no ensino superior, conforme o exposto

8 Referida por alguns como LDB, ela apenas fixou novas diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus.

13

na legislação:

Art. 23. [...]

a) a conclusão da 3ª série do ensino de 2º grau, ou do correspondente

no regime de matrícula por disciplinas, habilitará ao prosseguimento de

estudos em grau superior;

b) os estudos correspondentes à 4ª série do ensino de 2° grau poderão,

quando equivalentes, ser aproveitados em curso superior da mesma área ou

de áreas afins. 9 (BRASIL, 1971, p.5 )

Esta situação que apesar de eliminar, pelo menos legalmente, toda uma história

de discriminação e preconceito também originou uma série de críticas às instituições federais

de ensino técnico profissionalizante, sob a alegação de que, devido à qualidade dos cursos

ministrados, elas já não formavam jovens interessados no mundo do trabalho e sim

interessados no acesso às instituições de ensino superior. Situação sintetizada nos dizeres de

Castro (2005, p. 155):

[...] Era um beco sem saída. Quanto melhor elas foram ficando, em tudo,

inclusive laboratórios e cursos profissionalizantes, menos os alunos se

interessavam pela dimensão técnica. Isso se deu porque elas também foram

ficando igualmente boas na parte acadêmica. Eram escolas caras, que

custavam de cinco a dez vezes mais que as escolas secundárias públicas

locais.

Pressionado pela demanda popular por educação, provocada pela

universalização do ensino fundamental, bem como pelas transformações ocorridas no sistema

produtivo, em fase de migração do sistema de produção taylorista-fordista para o sistema de

acumulação flexível de capital, em 20 de dezembro de 1996, a Lei 5.692/71 foi substituída

pela Lei 9.394/96, que modificou profundamente o sistema educacional nacional,

principalmente no que diz respeito ao ensino médio e ensino profissionalizante.

A Lei 9.394/96, atualizada pela Lei 11.741/2008, que incorporou à LDB/96 as

modificações introduzidas pelas leis e decretos a ela posteriores, de forma a “redimensionar,

institucionalizar e integrar as ações da educação profissional técnica de nível médio, da

educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica” brasileira, em sua

Seção IV, Art. 35, estabelece ser o ensino médio a etapa final da educação básica, tendo como

finalidades explícitas:

I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no

ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos;

II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para

continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade

a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamentos posteriores;

III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a

9 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692impressao.htm , acessado em 25/04/2011.

14

formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do

pensamento crítico;

IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos

produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada

disciplina. (BRASIL, 1996, p. 24/25)

Todas estas responsabilidades são completadas com uma outra, da Seção IV-A

– Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, expressa no Art. 36-A, que finaliza:

“Sem prejuízo do disposto na seção IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a formação

geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas”(Idem, p. 25).

De apresentação original vaga e plena de lacunas no que diz respeito ao ensino

profissionalizante, a LDBEN 9.394/96 foi rapidamente regulamentada por decretos – Decreto

Lei 2.208 de 17 abril de 1997, por portarias – Portaria MEC nº 646 de 14 de maio de 1997 e

por resoluções – Resolução CNE/CEB nº 4 de 26 de novembro de 1999.

Devido a vários motivos que fogem aos propósitos desta pesquisa e também às

regulamentações introduzidas pelo DL 2.208/97 e pela Portaria MEC nº 646/97, esta LDBEN,

desde sua publicação em 1996, sempre foi alvo de pesadas críticas de diversos autores

(FRIGOTTO, CIAVATTA E RAMOS, 2005a; KUENZER, 2000a), quanto a impropriedade

da formação profissionalizante no ensino médio, considerando-a como fragmentada, não

emancipadora e formadora de mão-de-obra alienada.

Estes autores, fundamentados em Marx e Gramsci, ao defenderem a

centralidade do trabalho na vida do ser humano, atividade formadora de sua existência e de

sua personalidade, defendem uma mesma formação, igual para todos os cidadãos, que tenha o

trabalho como principio educativo. Consideram a educação profissionalizante como estratégia

das classes dominantes, como atividade de divisão social do trabalho a partir da educação,

reservando às elites dirigentes a educação que permite a atividade criativa, intelectual e de

mando e aos demais o treinamento para o trabalho manual, mortificador e aviltante.

Quanto ao Decreto Lei 2.208/97, nas palavras de Christophe (2005), o Governo

Fernando Henrique Cardoso, descontente com a atuação do ensino profissionalizante

conduzido por meio da Lei 5.692/71, pretendia reformá-lo e, para tanto, havia enviado ao

Congresso o Projeto de Lei (PL) 1.603/96, baseado no Planejamento Político Estratégico

1995/1998. Entre outras providências pretendia separar o ensino regular e o ensino técnico,

bem como extinguir os Curso Técnicos de Nível Médio (CHRISTOPHE, 2005). Muito mal

recebido no Congresso, este PL ficou paralisado, sendo retirado de pauta por ocasião da

aprovação do Substitutivo Darcy Ribeiro da nova Lei de Diretrizes e Bases de 1996. Os

pontos mais polêmicos do PL 1.603/96, entre eles a separação do ensino regular do ensino

15

profissionalizante, a reorganização curricular e a redução de vagas para o ensino médio na

rede federal de ensino foram então introduzidos na legislação da educação através do Decreto

Lei 2.208/97 e da Portaria MEC nº 646/97.

A educação foi regida pela Lei 9.394/96, regulamentada pelos DL 2.208/97 e

demais instrumentos citados até ser modificada em 23 de julho de 2004 com a promulgação

de novo Decreto Lei nº 5.154/2004, que novamente interferiu no ensino profissionalizante,

revogando o DL 2.208/97. Em 16 de julho de 2008 foi promulgada a Lei nº 11.741, alterando

redação e dispositivos da LDB 9.394/97 de forma a incorporar na forma de lei aquilo que

antes fora modificado por decretos e outras formas de legislação. O Decreto Lei 5.154/2004

restabeleceu a educação profissional técnica de nível médio, inclusive na modalidade

integrada, sem restringir as modalidades anteriormente existentes concomitante e

subsequente.

Com a situação de alguma forma pacificada, a educação no Brasil continua

ambiente em permanente e franca ebulição, devendo ainda sofrer grandes modificações, como

aquelas previstas no Projeto de Lei (PL) N° 8.035 de 2010, enviado ao Congresso Nacional

em 20 de dezembro de 201010, que apresenta o Plano Nacional da Educação 2011-2020.

2.1 DO ENSINO MÉDIO E DO ENSINO TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE

INTEGRADO: FUNÇÕES E DESAFIOS PRINCIPAIS

Na atualidade, a base do currículo e do plano político pedagógico das escolas

particulares de forma geral, e das escolas públicas de forma mais específica, é sem dúvida a

LDB 9.394/96 e toda a legislação a ela associada, as Diretrizes Curriculares Nacionais

(DCN), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), os Pareceres e Resoluções dos diversos

órgãos do Ministério da Educação tais como Conselho Nacional de Educação (CNE) e

Câmara de Educação Básica (CEB). Substituindo a Lei 5.692/71, a promulgação da LDB

9.394/96, oito anos após a Constituição Federal de 1988, teve efeito deflagrador de

monumental série de reformas de grande porte na educação nacional.

Em trabalho publicado em 1991, o Banco Mundial havia indicado a

profissionalização no ensino médio como a fórmula com maior número de insucessos em sua

operacionalização (CASTRO, 2005). No Brasil esta situação era substantivada pelas escolas

técnicas e pela profissionalização do currículo do ensino médio. Decorrência ou não deste

estudo e de necessidade de financiamento, desde o início da década de 1990, o Ministério de

16

Educação e Cultura (MEC), através da criação em 1990 da Secretaria Nacional do Ensino

Tecnológico (SENETE) tinha a intenção de reestruturar o ensino técnico profissionalizante

sob sua responsabilidade. Conforme Oliveira (2003, p. 96), contudo, esta reestruturação não

objetivava mudança radical no ensino técnico federal. “A questão posta não era uma

„mudança de fundo‟ no sistema de ensino, mas principalmente de forma”.

Para Castro (2005, p. 160 a 165), porém, a possibilidade de empréstimo de 250

milhões de dólares fez a diferença e a aprovação da nova LDB 96 veio simplificar muitas

coisas na negociação das condicionalidades com o Banco Interamericano de

Desenvolvimento, agente do empréstimo.

A Constituição Federal de 1988 em seu Artigo 22, Inciso XXIV, define como

competência privativa da União legislar sobre as bases da educação nacional e, dessa forma,

desde imediatamente após sua promulgação, foi iniciado trabalho de elaboração de projeto

que unificasse a base da educação nacional, fragmentada por pelo menos quatro leis 4.024/61,

5.540/68, 5.692/71 e 7.044/82.

Ramal (1997, p. 5)10

traça em linhas rápidas o evolver das negociações que

resultaram na edição da Lei. Segundo a autora, este esforço, de iniciativa do Deputado Federal

Octávio Elísio, foi substancializado pelo Projeto de Lei nº 1.258/88, de 28 de novembro de

1988. Segundo seu próprio autor, constituía o ponto de partida para um amplo debate.

Lobo Neto (2010, p. 1) salienta que, ainda na Câmara, o Deputado José

Lourenço indicou “a necessidade de um „novo substitutivo a fim de tornar a proposição mais

compatível com a realidade nacional‟ [...] uma Lei de Diretrizes e Bases não deve ser tão

normativa, para evitar dificuldades ao próprio êxito do ensino no País”, levando a crer em

extensão e nível de minúcias incompatíveis com a natureza do documento.

Seu texto foi aprovado na Câmara em 1993 e, após receber ao longo de sua

negociação 1263 emendas, foi enviado ao Senado com 298 artigos. Aprovado pela Comissão

de Educação do Senado, se torna Projeto de Lei 101/93 em novembro de 1994.

Devido a alegados problemas de constitucionalidade, entre os quais o de dispor

sobre o Conselho Nacional de Educação, atribuição do Executivo (RAMAL, 1997), o projeto

é retirado da apreciação do Senado e é substituído por três outros, dois deles bases do projeto

retirado – o primeiro, o projeto enviado ao Senado e, o outro, um seu substitutivo submetido a

Comissão de Educação, denominado Relatório Cid Sabóia e um terceiro, substitutivo de

autoria do Senador Darcy Ribeiro.

10

Disponível em <http://www.pedroarrupe.com.br/upload/ldbceap.pdf >. Acesso em 23/02/2011

17

Designado Relator do Processo, Senador Darcy Ribeiro toma como referência

seu substitutivo e seus conceitos de educação. Seu novo substitutivo apresenta apenas 91

artigos. Este seu Parecer nº 30/96 é aprovado no Senado em fevereiro de 1996 e é aprovado

sem vetos pela Presidência da República em 20 de dezembro de 1996.

Ramal(1997) aponta esta tramitação como possível negação do processo

democrático estabelecido entre a Câmara e setores da população, amplamente utilizado na

elaboração do projeto originário da Câmara e recusado pelo Senado, opinião compartilhada

por Rezende Pinto (2002, p. 108):

O projeto originário da Câmara e fruto de longa discussão é substituído por

outro, elaborado, a toque de caixa, na “cozinha” do MEC, mas com a

paternidade assumida pelo senador Darcy Ribeiro. Esse projeto é aprovado

em fevereiro de 1996 no plenário, de onde retorna para a Câmara, que

introduz pequenas alterações e o aprova em 17 de dezembro de 1996. De lá

segue para sanção presidencial e é promulgado como lei em 20 de

dezembro do mesmo ano, sem qualquer veto presidencial, fato raro em

nossa história.

Simultaneamente à tramitação desse substitutivo, havia na Câmara o Projeto de

Lei (PL) 1.603/96 que visava reformar o ensino profissional. Devido à forte rejeição havida,

este PL foi retirado antes mesmo da aprovação do Substitutivo Darcy Ribeiro. Nos dizeres de

Oliveira (2003, p. 102 a 104), os pontos mais controversos deste PL foram retomados na

forma do DL 2.208/97 e da Portaria MEC 646/97.

Ponto de nosso interesse, a Seção IV do Capítulo II, “do Ensino Médio”,

artigos 35 e 36, bem como o Capítulo III, “da Educação Profissional e Tecnológica”, artigos

39 a 42, que tratam do ensino médio e do ensino profissionalizante, concentraram grande

parte das controvérsias que aconteceram entre os estudiosos do assunto.

Como referência, uma vez que normalmente a superposição utilizada para

atualização das informações em documentos, pela necessidade das sucessivas revisões a que

são submetidas, dificultam o entendimento e análise, transcrevemos abaixo o trecho da LDB

9394/96 referente à educação profissional técnica de nível médio:

Seção V – Do Ensino Médio

Art. 36 – O currículo ...

§ 2 – O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá

prepara-lo para o exercício das funções técnicas .

§ 3 – Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao

prosseguimento dos estudos.

§ 4 - A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação

profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de

ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em

18

educação profissional. (BRASIL, 1996, p.13 )

Apenas isto constava por ocasião de sua promulgação. Não indicava como

fazer, não normatizava, não orientava. A Educação Profissional, todo o Capítulo III, embora

tenha se estendido por quatro Artigos e dois Parágrafos Únicos, era igualmente lacônica e sem

informações mais detalhadas.

A nova LDB, apontada por Saviani (1997) como minimalista por atender as

condições de desobrigação do estado em condição de estado mínimo, naquilo que toca a

formação para o trabalho, era campo preparado para ser logo utilizado. Assim breve

desnudou-se o motivo causador dessa situação. Nos artigos mencionados, todos referentes à

formação profissional, as grandes lacunas de início percebidas, não apresentavam nos dizeres

expressos no “Documento Base da Educação Profissional Técnica” (BRASIL c, 2007, p.18)

redação nem inocente nem desinteressada. Objetivavam separar o ensino médio e a educação

profissional específica. Para tanto, estas lacunas foram completados com a edição do Decreto

Federal 2.208/1997, que em seu art. 5º separou as organizações curriculares do ensino médio

e da educação profissional técnica de nível médio; com a edição da Portaria MEC nº 646/97,

que em seus art. 3º e 4º limitou a oferta de vagas para o ensino médio nas escolas técnicas

federais em no máximo 50% do praticado no ano de 1997 e criou os Centros de Formação

Tecnológica e, com a edição da Resolução CNE/CEB nº 04/99, normatizou o ensino

profissionalizante, introduziu o conceito de educação por habilidades e competências, bem

como definiu as cargas horárias mínimas exigidas para obtenção de cada habilitação

profissional.

Conforme sintetizado por Porto Júnior (2008) estas modificações

caracterizaram retrocessos de grande monta na educação nacional, a ponto de serem

caracterizadas por muitos autores na condição de contrarreforma. Contrarreforma porque as

modificações que foram introduzidas configuraram reforma com sentido totalmente contrário

ao que vinha sendo conduzido até então. Temas e consequências largamente tratados na

literatura das pesquisas específicas desta área da educação.

Quanto aos fins do ensino médio definidos na LDB em seu Art. 35, o Inciso I é

definitivo na elucidação da primeira e principal função do ensino médio – visa preparar o

aluno, pelo aprimoramento e aprofundamento dos conhecimentos auferidos ao longo do

ensino fundamental, de forma a possibilitar o prosseguimento exitoso de sua caminhada

durante o ensino superior.

Por que principal função? Primeiro porque esta é a mais tradicional função do

19

ensino médio desde os tempos do Império, e depois, porque esta função não é transferível a

nenhuma outra modalidade de formação, resguardada a convicção de que preparar para o bom

desempenho no ensino superior é bem diferente de apenas preparar para passar no exame

vestibular.

Passar no exame vestibular é uma disputa entre pares, com melhor ou pior

estado de preparação, em diferentes estados de espírito resultantes de diferentes pressões

sofridas. Bom desempenho no ensino superior significa superação, disputa consigo mesmo,

estar preparado para o bom e correto uso de conhecimentos, ocorrência e empenho na

aquisição independente de conhecimentos e do adequado exercício da vontade de aprender ao

longo de todo o curso. Um exame vestibular feito em um ou dois dias ou mesmo durante uma

quinzena é muito diferente do esforço efetuado ao longo de anos seguidos para a obtenção de

uma, no mínimo, boa formação.

Os Incisos II e IV se completam na definição de outra importante função – a

formação básica do homem para o mundo real e sua preparação básica para o mundo do

trabalho, incluindo-se aí a compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos exigidos

pelo uso intensivo de recursos eletrônicos e de informática, tornados usuais no mundo atual.

De formação generalista, desde que praticadas de forma adequada, as prescrições destes dois

incisos não consistem na preparação para atuação em subemprego. Entretanto, devido ao

modelo único do ensino médio voltado ao vestibular, não são, de fato, priorizadas.

O Inciso III trata de relevante função esperada do ensino médio. A

responsabilidade deste Inciso talvez seja mais uma esquecida. É a da formação do ser humano

completo, que compreende o seu tempo e seu mundo e é instado a participar dele; que forma e

desenvolve seu raciocínio crítico e sua visão analítica, concluindo pela formação de sua

postura emancipada e emancipadora. Em suma, forma o homem que se integra, se completa e

se unifica a cada um dos dois perfis já definidos, ao do jovem que escolheu a universidade e

ao do jovem que escolheu o caminho não universitário, e os torna a ambos e cada um

cidadãos concretos, cidadãos envolvidos com seu tempo e com seu mundo.

As funções, todas importantes, concorrem para a consecução de um único

objetivo a ser alcançado por cada um dos educandos. Na realidade, os quatro incisos

concorrem para a função única do ensino médio, aquela de formar o homem cidadão concreto,

cônscio de suas atribuições, responsabilidades, possibilidades e limitações na sociedade em

que vive, qualquer que seja a rota de escolaridade do trabalho que tenha escolhido.

O que se observa, então, é que na LDB são previstas para o ensino médio

aquelas atribuições de preparar as crianças e os jovens para suas responsabilidades perante a

20

ordem social – a cidadania e aprender a trabalhar (ARANOWITZ, 2005).

Porém, com relação a este “aprender a trabalhar”, na seção IV observa-se que a

LDB não prevê a formação profissional específica como atividade do ensino médio, apenas

“sua preparação básica para o trabalho” no art. 35, inc. I e a sua preparação para “a

compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos”, no art.

35, inc. IV.

Como atividade adicional ao ensino médio, a seção IV-A introduziu a

regulamentação da Educação Profissional Técnica de Nível Médio. O art. 36-A determina que

“sem prejuízo do disposto na seção IV deste capítulo, o ensino médio, atendida a formação

geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício das profissões técnicas” (BRASIL,

1996, p. 13), e nos artigos seguintes normatiza a prática dessa formação.

A diferença entre a formação geral para o trabalho e a específica educação

profissional técnica não é sutil, já tendo sido esclarecida de forma adequada pelo Parecer

CNE/CEB Nº 39/2004, uma vez que na LDB “o § 4º do Artigo 3611

faz uma clara distinção

entre a obrigatória „preparação geral para o trabalho‟ e a facultativa „habilitação

profissional‟ no âmbito do Ensino Médio” (BRASIL, 2004, p. 2), tendo sido inclusive

classificadas no “Documento Base da Educação Profissional Técnica” (BRASIL c, 2007, p.16

e 23) como, respectivamente, formação profissional lato sensu e stricto sensu.

Nesta complexa ambientação das muitas alternativas proporcionadas pelo

sistema de ensino e das muitas expectativas vividas pelos jovens estará a concretização de

cada um dos projetos de vida dos sujeitos. Ao contrário do estabelecido inicialmente na

extinta Lei 5.692/71, esta formação para a profissão técnica é voluntária e facultativa,

resultado da decisão e escolha pessoal do próprio aluno ou de seus responsáveis.

Na realidade, as modificações introduzidas nas seções IV e IV-A da LDB

9.394/96 não conseguiram resolver alguns dos grandes problemas do ensino médio, quais

sejam, primeiro tornar o ensino médio atraente a todos os concluintes do ensino fundamental e

depois, torná-lo útil e prático, de forma a nele garantir a permanência do jovem até sua

completa e adequada formação.

Levantamentos mostram que o principal motivo a animar os alunos do ensino

médio é a vertente propedêutica aos cursos superiores, a preparação para os exames

vestibulares, tornado então caminho natural e único deixado aos egressos do ensino

fundamental, mesmo para aqueles que, de forma definitiva, não o desejam. Assim o mostram

11

Revisada na LDB 9394/96 pela Lei nº 11.741/2008 para – Art.36-A – Parágrafo Único.

21

Marcelino et al, (2009), Barreto; Aiello-Veisberg (2007), Sparta; Gomes (2005) Gomes et al

(2006) e Bastos ( 2005).

Tal modalidade de ensino passa a instruir no mais das vezes um currículo e um

projeto político pedagógico institucional, não escrito, a orientar toda a atividade escolar, que

inclusive motiva suas comemorações de sucesso, nos quais índices são computados a partir do

número de alunos bem sucedidos neste ou naquele exame de acesso a curso de graduação,

sendo os não aprovados, no mais das vezes, esquecidos pela história dos colégios.

São currículos e projetos pedagógicos institucionais, que formam horizonte

sem valores intermediários visíveis e sem nuances suavizadoras, ambiente comparável com o

de práticas esportivas de parcos vencedores e muitos derrotados. Horizonte no qual o

estudante do ensino médio tem que fazer suas opções.

2.2 DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE.

O discurso da divisão do ensino e do trabalho sempre dominou a história da

educação no Brasil e, verdadeira ou falsa, deixou um rastro de discriminação, reproduzindo-se

de forma amplificada nas diversas atividades, inclusive na educação para o trabalho, esta

classificada com frequência apenas como formadora de mão-de-obra. Situação que conduz ao

extremo de se “considerar o ensino normal e a educação superior como não tendo nenhuma

relação com a educação profissional” (BRASIL, 1999, p. 566/567).

A separação do ensino profissionalizante do ensino médio, introduzida no seio

da LDB 9.394/96 pelo DL 2.208/97, serviu como base para novos e profundos ataques ao

ensino profissionalizante, sempre lastreados pela divisão social ensino e trabalho, de forma a

reforçar a divisão social entre o trabalho intelectual e o trabalho manual.

Poli (1999) assinala a grande distância entre o previsto na LDBEN 96 e o

praticado de acordo com o DL 2.208/97 e a Portaria MEC nº 646/97. Sua dissertação antecede o

DL 5.154/2004, mas suas considerações sobre o imbricamento educação profissional, trabalho e

juventude continua atual e mostra a discriminação da forma como a preparação para o trabalho

é vista por uma ala de educadores:

Não resta dúvida de que a educação voltada para a formação profissional

reforça a dualidade entre o trabalho manual e o trabalho intelectual, mesmo

com toda aquela roupagem de promoção integral do cidadão em formação

incluída na LDB (9394/96).[...] O técnico, portanto, presta um papel

imprescindível de bucha de canhão do capital, estabelecendo e reforçando a

divisão social do trabalho, garantindo o andamento da produção, e sendo uma

22

mão-de-obra especializada e barata (o uso do técnico evita a utilização de

engenheiros, que encareceriam mais a produção) (POLI, 1999, p. 94 - 95).

[Destaque da autora]

A autora, considerando a formação da educação básica como completa e

adequada, desconsidera a diferença entre preparação para o trabalho e a educação

profissionalizante e chega a considerar esta forma de ensino profissional, bem como a criação

e manutenção de escolas para este fim, sem sentido e contraditória, por se preocupar em

formar desempregados em potencial.

Na realidade este discurso de separação do ensino e do trabalho, associado ao

discurso de aumento obrigatório de escolaridade, pode ser um dos responsáveis também pela

alta taxa de abandono e evasão escolar expressa nos levantamentos de censo e estudadas por

Néri (2009) já comentados na página 15 deste estudo. Situação em que estudantes, por

quaisquer motivos, não interessados no ensino superior, preferem sequer ingressar no ensino

médio direcionado ao vestibular, uma vez que para eles esta etapa se torna, então, inútil e sem

sentido.

Ponto interessante a ser observado este da identificação da educação

profissional técnica de nível médio como formação fragmentada para formação de mão-de-

obra barata a ser empregada em trabalho vil e degradante.

Nos Institutos Federais, assim como nas Escolas Técnicas Federais, nas

Escolas Técnicas Vinculadas a Universidades e outras unidades que lhes deram origem, o

ensino médio, de forma geral, é considerado de boa qualidade, sempre associado a bons

resultados nos exames vestibulares na unidade de Ensino Superior mais próxima – situação

configurando medida de qualidade normalmente aceita.

Quanto às bases tecnológicas, conforme Lemos (2002, p.34), tecnologia é

expressão polissêmica por natureza e origem; “Tekhnè é poièsis, é produção”, é criação.

Citando Heidegger, é modo de desvelamento do homem no mundo.

Historicamente podemos dizer que a técnica precedeu a ciência. A técnica

foi, durante séculos, impulsionada por tentativas e erros, sem

necessariamente ter nenhuma explicação teórica cientificamente

controlável. [...] A técnica é o fazer transformador humano que prepara a

natureza à formação da espécie e da cultura humana. [...] o que chamamos

hoje de tecnologia é o produto da radicalização dessa segunda natureza, da

naturalização dos objetos técnicos e da sua fusão com a ciência. Não

sabemos mais onde começam e onde terminam a ciência e a técnica.(Idem,

idem, p. 37).

A partir dessas palavras, constata-se o caráter múltiplo e multifacetado da

tecnologia. Leroi-Gourhan, Stiegler e Simodon (apud LEMOS, 2002) relacionam a técnica

23

com o fazer humano, com a existência da própria espécie humana – não se sabendo ao certo

quem é o inventor e quem é o inventado. Conclui-se pela não coerência da imputação de

formação tecnológica fragmentada, uma vez que para que seja fragmentada é necessário que

haja uma formação tecnológica completa, inteira, de forma a permitir sua exata medida.

Repito Lemos (2002, p. 34), citando Heidegger – “O que é exato não é ainda verdadeiro”.

Enguita, citado por Oliveira (2004, p. 1127) esclarece que profissionalização é

expressão de posição social e de inserção ocupacional em um determinado tipo de produção e

de processo de trabalho, numa situação de privilégio monopolista. A autora informa ainda que

Enguita indicava a proletarização como a perda do controle do trabalhador sobre seu processo

de trabalho.

A profissão de técnico industrial, alegada ser mão-de-obra barata para

execução de trabalho vil e degradante é atividade profissional regulamentada pela Lei nº

5.524/1968, que lhe atribuiu funções específicas, com direitos e deveres.

Em 1985, sua regulamentação foi revisada por meio do Decreto nº 90.922 de

06 de fevereiro, que dispôs sobre o exercício da profissão de técnico industrial e técnico

agrícola de nível médio ou 2º grau e vinculou o exercício da profissão à fiscalização do

Sistema CONFEA / CREA. Sua formação, atribuições, atividades e competências passaram a

ser regulamentadas pela Resolução CONFEA nº 1010 de 22 de agosto de 2005 e seus anexos.

Dessa forma, a educação profissional técnica de nível médio é educação de

formação a partir de sólidas bases científicas e tecnológicas, não podendo ser considerada

treinamento para posto de trabalho. Ser técnico industrial de nível médio é exercer atividade

econômica relevante e emancipadora, cujo profissional goza de prestígio social e desfruta de

significativa autonomia profissional. Autonomia fruto de sua formação e que apresenta limites

de responsabilidade que no exercício da profissão jamais podem ser delegados ou

ultrapassados – imperícia, imprudência e negligência, esteja ele atuando como autônomo ou

como assalariado. Não é trabalho proletarizado.

Muitas críticas e pouca ou nenhuma palavra houve a favor das inovações

trazidas pela nova Lei 9394/96, mesmo observado seu conceito básico de nova Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional, exceto aquelas da literatura oficial. Os ataques a ela

dirigidos estiveram centrados nas seções 2, 3 e 4 do artigo 36, Seção IV do Ensino Médio e no

Capítulo III da Educação Profissional. Ataques que somente foram amainados com a edição

do DL 5.154/2004.

24

Vale ressaltar que este próprio decreto também foi bastante criticado12

, tanto

pelo conteúdo, por manter a profissionalização no ensino médio e pela inclusão da

modalidade profissionalização integrada ao ensino médio, como pela forma de promulgação,

pelo uso do instrumento autoritário do Decreto Lei. Ressalte-se que para muitos estudiosos, a

única forma de preparação para o trabalho admissível é a escola para o trabalho, identificada

como escola unitária, pretendida por Gramsci.

Antonio Gramsci (1891–1937), intelectual italiano, militante do Partido

Comunista da Itália, apresenta forte influência sobre os intelectuais de educação no Brasil. De

pensamento marxista defende entre outras coisas o trabalho como fundamento da educação,

como princípio educativo.

Gramsci não aceitava a escola profissionalizante, considerando-a obedecer a

lógica do capitalismo, portanto não deveriam existir escolas profissionalizantes, uma vez que,

a escola unitária, escola única de cultura geral, equilibrando o desenvolvimento da capacidade

intelectual e habilidade manual, forneceria a adequada orientação profissional, formando-o

para o trabalho produtivo e, ao mesmo tempo, prepararia o indivíduo para o prosseguimento

dos estudos (GONZALEZ, 1996).

Conforme Nascimento e Bardelotto (2008, p.276), Gramsci defendia uma

escola “comum, única e desinteressada” onde comum significaria uma escola para todos,

única seria uma escola não hierarquizada de acordo com classes sociais, que preparasse todos

os indivíduos igualmente para todas as oportunidades profissionais. Sua idéia de escola

desinteressada estaria vinculada à educação que permitisse o acesso de todos ao passado

cultural da sociedade na qual o indivíduo está inserido.

Em Gonzalez (Idem) observamos que Gramsci13

defende que, na etapa inicial

de implantação da escola unitária, apenas um grupo reduzido de alunos tenha acesso a ela. A

seleção para ingresso seria efetuada por concurso ou a partir de indicações por instituições

idôneas.

Polêmicas à parte, ao acrescentar o ensino médio integrado à educação

profissional e manter as formas iniciais previstas de desenvolvimento da educação

profissionalizante como a concomitante, simultânea e articulada ao ensino médio e a

subseqüente ao ensino médio, a LDB consolidou importante conquista real inicialmente

introduzida pelo extinto Decreto Federal 2.208/97 e que não foi retirado pelo Decreto Lei

12

Ler FRIGOTTO, CIAVATTA E RAMOS. A gênese do Decreto nº 5.154/2004. Um debate no contexto da

democracia restrita. Rev. Trabalho Necessário. Ano 3. n. 3, 2005 13

GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de janeiro :. Civilização Brasileira, 1979,

p.117. (Citação da autora)

25

5.154/2004 – a educação profissional técnica de nível médio concomitante e a educação

profissional técnica de nível médio subsequente ao ensino médio.

Pouco ou nunca mencionada, a separação entre ensino médio e ensino

profissionalizante imposta pelo Decreto Federal 2.208/97 e pela Portaria MEC nº 646/97

trouxe como consequência natural e favorável estas duas modalidades de educação

profissional técnica de nível médio, mesmo que este grande mérito que nunca lhe tenha sido

reconhecido.

O primeiro mérito foi trazer aos egressos do ensino médio, que tivessem tido

sua trajetória rumo ao ensino superior abortada por qualquer dos muitos motivos, a

possibilidade de fazer um curso técnico a ele subsequente, com sólidas bases científicas e

tecnológicas, o que antes do DL 2.208/97 lhes era vedado.

Aos jovens nesta condição, além do desestímulo da carreira interrompida,

restava somente continuar tentando ingresso nos cursos superiores de cada vez mais difícil

acesso ou os cursos de treinamento com pouca ou nenhuma base científica e tecnológica,

simples treinamento para postos de trabalho. A possibilidade surgida com a criação da

formação profissional técnica subseqüente ao ensino médio, associada à conseqüente

expansão das matrículas dos cursos técnicos, ressaltando-se aquelas instituições que aderiram

aos cursos noturnos, tornou-se situação que lhes trouxe novo alento e, acenando com

insuspeitadas chances, abrindo-lhes novas, ricas e gratificantes experiências e oportunidades.

Dados do Censo Escolar 200914

indicam o número de matrículas no ensino

técnico profissionalizante nas modalidades integrada ao ensino médio, subseqüente (pós-

médio) e concomitante, que podem então ser comparadas com o ensino integrado e

observadas em sua importância. Os números de matrículas nas modalidades concomitante e

subseqüente somam quase cinco vezes (4,9 vezes) o número das matrículas do ensino técnico

profissionalizante na modalidade integrada ao ensino médio.

Tabela 3: Comparação do número de matrículas no ensino profissionalizante

14

Disponível em <http://portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar-sinopse-sinopse>. Acesso em 22/06/2010

TABELA 3 INTEGRADO CONCOMITANTE SUBSEQUENTE TOTAL

MATRÍCULAS 175.831 306.035 555.079 861.114

RELAÇÃO % 100% 174,05% 315,69% 489,74%

Fonte: MEC/INEP - Censo escolar 2009

26

Observe-se que tal como a edição da Educação de Jovens e Adultos (EJA),

importante modalidade de educação que permite o resgate de jovens e adultos fora de ocasião

de escolarização, constante da seção V da mesma LDB, a possibilidade da formação

profissional técnica de nível médio subseqüente ao ensino médio constituiu também

importante meio de resgate de possibilidades educacionais para aqueles jovens que, uma vez

concluído o ensino médio, não percebiam para si oportunidade real de extensão da

escolaridade, implicando em críticas limitações perante o mundo do trabalho.

Quanto ao outro mérito citado, considerando que o ensino profissional técnico

na modalidade integrada nas instituições federais, com ainda pequeno número de vagas

oferecidas, contempla turmas fechadas que se iniciam e terminam monolíticas, a modalidade

concomitante de tal ensino profissional, ao permitir a inserção de alunos do ensino médio a

partir da segunda série, também se mostrou com forte potencial de expansão da

profissionalização técnica, abrindo inédita oportunidade de opção àqueles alunos do ensino

médio que, não havendo logrado êxito na agregação as turmas de ensino profissionalizante na

modalidade integrada, continuaram fazendo seu ensino médio na instituição de origem e, ao

mesmo tempo, cursam o ensino profissionalizante numa escola técnica federal em outro turno.

Constituem-se, portanto, em novas oportunidades para parte daqueles

excluídos por um sistema que obriga a todos, de forma indistinta, a disputar um lugar no

ensino superior que, de antemão já se sabe, não tem lugar para todos.

O Censo do Ensino Superior de 200915

mostra dados conforme Tabela 4

seguinte.

Tabela 4: Ensino superior – situação das vagas no Brasil - 2009

Observe-se que menos de 25% dos candidatos inscritos conseguiram a tão

almejada vaga na universidade, mesmo tendo sobrado mais de 50% das vagas disponíveis,

distribuídas em aproximadas 10% das vagas na rede pública e quase 60% das vagas da rede

15

Disponível em http://portal.inep.gov.br/web/censo-da-educacao-superior/resumos-tecnicos acessado em

25/08/2010

INGRESSOS

BRASIL 3.164.679 6.223.430 1.511.388 24,29% 47,76%

REDE PÚBLICA 393.882 2.589.097 354.331 13,69% 89,96%

REDE PRIVADA 2.770.797 3.634.333 1.157.057 31,84% 41,76%

CANDIDATOS

INSCRITOSTABELA 4

(Fonte - MEC/INEP - Sinopse da Educação Superior 2009)

%

CANDIDATOS

%

VAGAS BRUTOS

VAGAS

OFERECIDAS

27

privada.

Porém, a desproporção numérica das escolhas entre as várias opções possíveis

efetuadas pelos alunos concluintes do ensino médio é manifesta, uma vez que a grande

maioria dos alunos concluintes do ensino médio indica primeira opção pelo ensino superior e

somente residualmente optam por outra atividade – Forças Armadas ou futebol (SPARTA;

GOMES, 2005).

Considerando que a idéia de diversidade esteja ligada aos conceitos de plural,

de múltiplo, de diferentes ângulos de visão ou de abordagem, a perspectiva de ensino superior

culmina por se constituir hegemônica no ensino médio, pelo menos para aqueles que o

terminam, e exclui toda a expectativa de diversidade do ensino médio. O próprio discurso da

divisão entre educação e trabalho prima pela exclusão de qualquer opção que não inclua o

ensino superior.

Diante de tantas indefinições, restam questões: como se situa o jovem? Como

são feitas suas escolhas?

Analisaremos a seguir algumas pesquisas sobre o assunto.

28

3 O JOVEM E SUAS ESCOLHAS AO FIM DO ENSINO MÉDIO

Fenômeno da segunda metade do século XX, a adolescência com a qual nos

acostumamos a conviver foi primeiro nomeada por Erick Erikson, constituindo-se num

fenômeno criado socialmente (NASCIMENTO apud TEODORO, 2005), que se tornou

motivo de pesquisas. Apesar de ser um estágio da vida noticiado desde Aristóteles (apud

TEODORO, 2005), somente no período indicado estabeleceu-se o que passou a ser chamado

“cultura juvenil”, com características e toda uma série de problemas próprios. Um dos

problemas dessa época de transição, com a responsabilidade de ser um dos elementos que

caracteriza sua transmutação para o status de adulto, a escolha profissional é uma das difíceis

decisões impostas ao adolescente.

Pretendemos até aqui caracterizar que o ensino médio, contemporâneo da

adolescência, é tempo de escolhas e de escolhas difíceis.

Motivos de vários estudos nos campos da psicologia, da sociologia e da

pedagogia, em nossa pesquisa analisamos quatro estudos (MARCELINO et al, 2009,

BARRETO; AIELLO-VAISBERG, 2007; SPARTA; GOMES, 2005; GOMES et al, 2006)

que nos pareceram emblemáticos das nuances presentes na pesquisa envolvida em nosso

tema.

Marcelino et al (2009, p. 547), comparando as representações sociais de dois

grupos de alunos, um com representantes de uma escola pública e outro com representantes de

uma escola privada, ambas situadas na cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, não

consideram que a adolescência, etapa da vida dos jovens envolvidos quando na idade escolar

de ensino médio, configure necessariamente um momento de crise, consideram-na apenas o

momento em que suas escolhas começam a ser feitas e seus projetos de vida elaborados.

Projetos de desenvolvimento que configuram uma construção social de caráter pessoal, que

contêm as visões que os jovens têm de si mesmos e do mundo. Ao observar o projeto de vida

como uma construção psico sócio-histórica, consideram-no como “a intenção de

transformação da realidade, orientado por uma representação do sentido dessa transformação,

em que são consideradas as condições reais na relação entre passado e presente na perspectiva

29

de futuro”.

Ponto importante em seu trabalho, as citadas autoras consideram a área de

atividade escolar privilegiada de forma particular para a observação das representações

sociais, uma vez que ela normalmente reproduz com clareza as relações existentes nas

sociedades onde estão inseridas.

Na análise por elas desenvolvida na pesquisa, verificou-se por meio de técnicas

de análise do discurso, que a classe16

“concepções do projeto de vida” foi capturada em

ambos os grupos formados por alunos de cada escola, enquanto a classe “inclusão social e

melhoria de vida” somente foi observado no grupo formado por alunos da escola pública; a

classe “dificuldades na construção do projeto de vida” surgiu apenas no grupo formado por

alunos da escola particular.

As autoras, ao abordarem o comportamento dos alunos da escola pública sobre

a construção do projeto de vida, o observam como conhecimento elaborado e com conotação

positiva, mesmo que no contexto se apreendam as limitações e dificuldades do processo,

enquanto que no grupo de alunos da escola particular a mesma construção é vista como

“tarefa complicada e complexa devido aos difíceis e diversos aspectos a configurar”

(MARCELINO et al, 2009, p. 554), podendo mesmo ser observada a emergência de ilações

negativas na construção de seus projetos de vida.

Para os alunos da escola pública, a condição de construção do projeto de vida,

mesmo que envolvendo esforços e limitações é vista como oportunidade, enquanto para os

alunos da escola particular esta mesma construção, ainda que favorecida por outras situações,

é vista como situação envolvendo riscos.

Este comportamento dos sujeitos chama por duas análises – a primeira, dos

alunos da escola pública, considerados como alunos que por suas limitações podem ser

caracterizados como sujeitos de uma situação onde prevalece a condição do “aluno concreto”

apontado por Saviani (2008a), capaz de sintetizar as múltiplas situações existentes nas

relações sociais e transformá-las. Conforme analisado por Bock (2008, p.36), tais sujeitos

confirmam a superação da tese que afirma a escolha profissional como configurando a

situação de “o indivíduo escolhe e não escolhe a sua profissão ao mesmo tempo” devido às

16

Tipo de estratificação utilizado na análise de conteúdo do discurso a “Classe” pode ser definida como

um agrupamento constituído por várias Unidades de Contexto Elementar – UCE - definidas segundo critérios de

tamanho do texto (número de palavras analisadas) e pontuação. . “É a partir do pertencimento das palavras de

um texto a uma UCE, que o programa Alceste vai estabelecer as matrizes a partir das quais será efetuado o

trabalho de classificação” (REINERT, 1998, p. 17).

30

injunções e limitações presentes em seu meio social.

Ao mesmo tempo, a situação observada nos sujeitos oriundos da escola

particular, indica que, ao se deixarem paralisar pela observância a interesses de terceiros – seu

histórico familiar, sua classe social, ou outro poder influente, deixa clara a situação em que a

escolha passa a caracterizar uma não escolha.(BOCK, 2008; TEODORO, 2005).

Em uma segunda análise, situação semelhante foi observada por Barreto e

Aiello-Vaisberg (2007) que fazem outras constatações também interessantes ao avaliar casos

de insatisfação e de insuficiência criados pelos programas de aprovação compulsória no

ensino fundamental e pelos programas de expansão do ensino superior.

No caso dos programas de aprovação compulsória, o sistema de organização

do ensino em ciclos, adotados por algumas unidades da federação, é acusado de efetuar uma

formação deficiente, resultando seus alunos nos chamados analfabetos funcionais, situação

em que a “certificação” obtida não se revela como passaporte para as situações almejadas no

mundo do trabalho, implicando transformar seus portadores em potenciais desempregados ou

subempregados.

Quanto aos programas de incentivo ao ensino superior, ocorre situação

semelhante, na qual as universidades também são acusadas de se transformarem em fábricas

de diplomas. Passam a formar profissionais que dificilmente serão absorvidos pelo mercado

de trabalho nas funções típicas de sua graduação. Profissionais que serão considerados super

qualificados para as demais funções disponíveis, resultando novamente em potenciais

desempregados ou subempregados.

Na análise em foco, desenvolvida envolvendo 32 alunos de cursos de

Psicologia e Pedagogia, alguns, nos termos dos autores, já bem maduros, eles concluem sobre

a existência de três campos17

principais na prática da escolha profissional: o da indecisão, o

do desejo parental e o da falta de confiança em si, todos tendo como pano de fundo a

“insegurança concreta da vida cotidiana” (BARRETO; AIELLO-VAISBERG, 2007, p.11).

Os autores associam esse comportamento à situação, que a escolha parece

estabelecer, de uma clara e brusca divisão entre a vida infantil e a vida adulta, favorecendo o

surgimento de situações de medo do futuro e de incapacidade de estabelecimento de metas,

que marcam de modo profundo a escolha profissional. O estudo observa ainda que o aumento

das possibilidades de escolha trouxe a reboque mais dificuldades, pois “parece haver uma

retro-alimentação das angústias que, sendo paternas afetam diretamente aos filhos que,

17

Também instrumento da Análise de Conteúdos do Discurso.

31

assumindo-as como suas, afetam diretamente aos pais” (Idem, idem, p. 11).

Ainda num outro estudo, Sparta e Gomes (2005), visando observar o

comportamento e escolhas de jovens concluintes do ensino médio, tendo como objetivo

verificar a importância atribuída pelos jovens ao ingresso no ensino superior, efetuaram

levantamento junto a 659 alunos de oito escolas públicas e particulares de Porto Alegre,

capital do estado do Rio Grande do Sul.

Sparta e Gomes (2005) salientam que estudos anteriores lhes indicavam o

estudante brasileiro considerando a universidade como extensão natural do ensino básico e

único caminho possível a conduzir ao mundo do trabalho. Estes mesmos estudos

demonstraram ainda que este comportamento obrigava ao ensino médio limitar-se ao

exercício do ensino propedêutico, abandonando suas outras obrigações de preparo do jovem

ao ingresso no mundo adulto.

A pesquisa conduzida por Sparta e Gomes (2005) sintetizada na Tabela 2 (p.

19), já apresentada, indicou a predominância pela escolha dos cursos superiores tanto nos

alunos das escolas particulares (95,4%) quanto nos alunos das escolas públicas (77,0%). A

relevância do ingresso imediato no mundo do trabalho foi mais anotada pelos alunos das

escolas públicas (64,2%) do que pelos alunos das escolas particulares (31,0%).

Anotação importante foi a indicação de 35,5% dos alunos concluintes do

ensino médio das escolas públicas manifestarem interesse pela educação profissional contra

apenas 4,9% dos alunos concluintes do ensino médio das escolas particulares. As escolhas que

não passavam por estudos de graduação indicavam a escolha de carreira de jogador de futebol

ou de carreira nas Forças Armadas para sujeitos do sexo masculino e concursos públicos e

cursos de línguas para sujeitos do sexo feminino.

É significativa sua informação indicando que apenas 13,8% dos alunos se

manifestaram de forma explicita não interessados no ingresso ao ensino superior, quando

informações de estudos anteriores davam 20,7% de alunos indicando tal interesse,

explicitando o incremento gradual de interessados no ensino superior.

Os autores concluíram pela realidade da pressão exercida pela exigência de

preparo para o ensino superior presente no ensino médio, que “faz com que o ensino médio

deixe de lado seu papel de formação integral para centrar-se na preparação bem ou mal

sucedida para o concurso vestibular das principais universidades, principalmente as públicas”

(SPARTA; GOMES, 2005, p. 51), o que confirma a existência na sociedade brasileira de

concepções antiquadas sobre os ensinos médio e superior, desvalorizam a educação

profissional e conduzem jovens à formação superior em “campos de trabalho à beira da

32

saturação ou para o bacharelismo” (Idem, idem, p. 51).

Gomes et al (2006), em artigo que contrasta duas pesquisas distintas, analisam

as representações de alunos e professores do ensino médio, a primeira delas focando 30

professores e 155 alunos do ensino médio na modalidade EJA de estabelecimento de ensino

do Distrito Federal e, na outra, alunos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio

(ENEM) em agosto de 2004 avaliando entre outros aspectos suas opções profissionais.

Ao responder às perguntas que moviam a pesquisa – O que representa a

educação de jovens e adultos? O que buscam os alunos e egressos do ensino médio?

Observaram que, enquanto 72,6% dos alunos da modalidade EJA indicaram o retorno aos

bancos escolares com a escolha do curso por acreditarem que o mesmo lhes proporcionaria

melhoria salarial ou representaria instrumento para rápida inserção no mercado de trabalho,

72,9% desses alunos indicaram pretender obter diploma universitário, considerado como

importante meio de ascensão social ou por sua eficácia no ingresso no mundo do trabalho.

Quanto aos alunos participantes do ENEM, a pesquisa considerou mais de um

milhão de respondentes. Diploma universitário é a meta de 63% deles, sempre visando

alcançar um bom emprego. Destes alunos 10% disseram optar por abrir um negócio próprio,

enquanto outros 10% pretendiam trabalhar no setor público.

Com respeito à escolha da carreira, 60,1% disseram que a escola pouco ou

nada havia ajudado na decisão e que “os meios de comunicação influenciaram mais na

decisão que os pais. [...] mostrando a grande influência da mídia nas decisões dos jovens

brasileiros” (GOMES et al, 2006, p. 22)

Nesse trabalho, duas importantes conclusões são enfatizadas pelos

pesquisadores:

A primeira é a de que o aumento da escolaridade passou a ser observado como

condição essencial para ingresso e permanência no mundo do trabalho, caracterizando como

outra faceta do ensino médio, seu aspecto certificador de qualificações fundamentais, tornadas

indispensáveis no mundo do trabalho, onde a própria universalização do ensino médio e a

escalada de qualificações criou a figura da “inflação educacional”, desqualificando ainda mais

os não (ou menos) qualificados. A segunda é a de que esta necessidade atua de forma

poderosa como elemento de retenção dos jovens na escola, em compasso de espera, até a

conclusão do ensino médio, reforçando sua caracterização de certificação fundamental,

“valendo mais o continente que o conteúdo” (GOMES et al, 2006, p. 12).

A faixa etária dos envolvidos, as consequências dessas escolhas para os

sujeitos e para seus familiares; a própria quantidade de opções, agravadas pelas situações de

33

prestígio e de dificuldade inerentes a cada opção; a urgência da consecução dos planos

desenvolvidos, tudo conspira para aumentar a dificuldade ou o sofrimento dessa escolha,

“escolher pressupõe sempre ser ou ter uma coisa e deixar outra. Em geral o que deixamos de

escolher provoca mais dor do que o fato de escolher algo ou alguma coisa” (TEODORO,

2005, p. 18).

Do que foi observado, infere-se que ocultos na raiz dessas escolhas subjazem

problemas de projetos e de valores, por si só objeto de várias pesquisas, relacionados em suas

condições iniciais a tudo o que diz respeito ao modo de ser do próprio ser humano, pois “de

fato, em sentido humano, a própria vida pode ser identificada como um contínuo pretender

ser, uma tensão em busca de uma pretensão” (MARÍAS apud MACHADO, 2000, p. 1).

Contínuo pretender ser que, enquanto metáfora de percurso, se configura na

própria educação – sair do ser com destino ao dever ser, passando por um poder ser.

(SCHEUERL apud MARTINS, 1993). Percurso no qual se constrói o homem.

34

4 PESQUISA NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO SUDESTE DE MINAS GERAIS-CAMPUS JF

Esta pesquisa foi realizada com alunos das terceiras séries, portanto

concluintes, da educação profissional técnica integrada ao ensino médio, dos cursos

oferecidos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais,

Campus Juiz de Fora (IF Sudeste MG-JF), que constituíram as primeiras turmas de tal

modalidade de ensino.

O IF Sudeste MG-JF, sucessor do Colégio Técnico Universitário da

Universidade Federal de Juiz de Fora – CTU/UFJF, criado em fevereiro de 1957 e

transformado em Instituto Federal pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, ao longo

de sua existência tem praticado o ensino técnico profissionalizante nas modalidades previstas

na legislação oportunamente em vigor, atuando nos termos do Parecer CFE 45/72, após a

promulgação da Lei 5.692/71 e de acordo com a resolução CNE/CEB N° 04/99 e seus

Quadros Anexos, após promulgação da LDB 9.394/96 e dos Decretos Lei 2.208/97 e

5.154/04.

Com a edição do DL 2.208/97 e em atendimento às suas exigências, já em

1998 o ensino médio foi separado do ensino profissionalizante, tendo sido implantadas cinco

turmas de ensino médio diurno, com aspirações propedêuticas. Nos anos de 1998 e 1999, o

Instituto operou com o ensino médio separado do ensino profissionalizante. O ensino técnico,

separado do ensino médio, foi mantido em três séries anuais e exercido em paralelo ao ensino

médio, até o ano de 1999, enquanto a instituição se reestruturava para atendimento ao

disposto no citado Decreto-Lei e suas regulamentações.

Visando atender o citado DL, no ano 2000 foi implantado o ensino técnico

praticado em módulos, conforme nele determinado, com a profissionalização exercida em

módulos semestrais. Nessa ocasião, o Colégio oferecia seis cursos técnicos profissionalizantes

em diversas áreas: um na área Construção Civil com duas habilitações, quatro na área

Indústria com uma habilitação cada e um na área de Informática com uma habilitação,

situação que prevaleceu até o ano de 2008.

35

Ainda atendendo as exigências legais da ocasião, o ensino médio e o ensino

técnico eram praticados com acessos e matrículas independentes. O acesso aos cursos era por

meio de exames de seleção independentes, um para acesso ao ensino médio e outro para

acesso aos cursos profissionalizantes. A exigência para ingresso no Ensino Médio era a

conclusão do Ensino Fundamental, enquanto a exigência para ingresso nos Cursos Técnicos

era estar cursando, no mínimo, a segunda série do ensino médio em qualquer estabelecimento

de ensino. Mesmo os alunos já matriculados no Ensino Médio do Colégio, para acessarem os

Cursos Técnicos, eram obrigados a concorrer nos exames de seleção aos mesmos.

Dessa forma, o ensino técnico profissionalizante praticado sob a égide do DL

2.208/96 tinha seus alunos inscritos em uma das modalidades abaixo, então denominadas:

1. Concomitância Interna, quando o aluno cursava o Ensino Médio e o Ensino

Profissionalizante nas dependências do Colégio, apresentando duas matrículas

distintas: uma para o Ensino Médio e outra para o Ensino Profissionalizante;

2. Concomitância Externa, quando o aluno praticava o ensino médio em outro

estabelecimento de ensino e o Ensino Profissionalizante nas dependências do

Colégio e;

3. Pós-Médio ou Subsequente, quando o aluno já era portador do diploma do ensino

médio, e praticava o Ensino Profissionalizante nas dependências do Colégio.

É importante salientar que as turmas do ensino profissionalizante incorporavam

alunos nas três situações.

Esta prática se estendeu do ano 2000 até o ano 2007 quando, após consulta à

Comunidade do Colégio, ficou definida a substituição da prática da modalidade Ensino

Profissionalizante em Regime de Concomitância Interna pela prática da Educação

Profissional Técnica Integrada de Nível Médio18

, com a denominação de Ensino Médio

Integrado, deixando-se então de praticar o Ensino Médio isolado. Foi mantida a Educação

Profissional Técnica para alunos estudantes de outras entidades de ensino médio, que

caracterizavam a Concomitância Externa e para aqueles já formados no ensino médio, que

caracterizavam o Subseqüente (nova denominação do Pós-Médio) e que continuou a ser

praticado com a denominação de Curso Técnico Modulado.

No ano de 2008 foram iniciadas as primeiras turmas de Ensino Médio

Integrado para os cursos técnicos de Eletrotécnica, Eletromecânica, Mecânica, Metalurgia,

Edificações e Informática.

18

O aluno matriculado no ensino médio integrado ao ensino profissionalizante deveria apresentar uma só

matricula, por se tratar de um único curso.

36

Resumindo: a partir de 2008, já sob vigência do DL 5.154/04 e atendendo suas

exigências;

deixou-se de praticar o ensino médio independente do ensino técnico;

o ensino médio passou a ser exercido integrado à Educação Profissional Técnica

de Nível Médio com a denominação de Ensino Médio Integrado, praticado em dois

turnos – manhã e tarde, com uma só matrícula; e

as práticas da Concomitância Externa e Subsequente (Pós-Médio) passaram a ser

exercidas com a denominação de Ensino Técnico Modulado, da mesma forma

como vinham sendo exercidos anteriormente, praticadas no turno noturno.

Os formandos destas turmas de ensino médio integrado são os sujeitos de nossa

pesquisa.

No início dos anos 1990 a rede federal de ensino profissionalizante estava

sendo questionada pelos altos custos de operação e distorção na composição social de seu

alunado e pelo fato de a maioria de seus concluintes optarem pelo prosseguimento dos estudos

no ensino superior (CHISTOPHE, 2005), fato que levou Lima19

, em seu “Relatório Final –

CTU-UFJF20

– Administração 89/94” (1995, p. 3), encerrando seu período na direção do

então Colégio Técnico Universitário (CTU), a apontar como problema básico a indefinição de

sua proposta pedagógica e ressaltar a gravidade da distorção de finalidade do Colégio ao

potencializar o encaminhamento de seus egressos ao 3º grau ao invés de levá-los ao mundo de

trabalho. Concluía: “É óbvio que não existe nenhuma intenção de impedir que os ex-alunos do

CTU acessem à formação de nível superior, todavia não é este o escopo principal de uma

escola técnica de 2º grau, principalmente de caráter pública”.

Esta indefinição, que persistiu ao longo dos últimos anos e, de forma

paradoxal, somente foi relativizada durante a vigência do DL 2.208/97, que lhe retirou

temporariamente o projeto pedagógico fundamental da formação técnica ao estabelecer a

coexistência do ensino médio independente (e propedêutico) com a prática da formação

técnica profissional.

Esta interessante situação não foi resolvida com a edição do também DL

5.154/04, pois este manteve a mesma estrutura e situações do decreto anterior, ocasião em que

introduziu a modalidade integrada ao ensino médio do ensino profissionalizante, tendo

19

Prof. Azelino Cesar de Lima, Diretor do Colégio Técnico Universitário da Universidade Federal de Juiz de

Fora no período de nov. 1989 até 1994. 20

O Colégio Técnico Universitário, originalmente uma escola técnica vinculada a Universidade Federal de Juiz

de Fora, com a Lei 11.892/08 passou a fazer parte da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e

Tecnológica.

37

mantido a convivência entre o ensino médio com finalidades propedêuticas e o ensino

profissionalizante.

O projeto político pedagógico original do Colégio, agora Instituto Federal,

somente voltou a ser definido com clareza após a promulgação da Lei nº 11.892, em 29 de

dezembro de 2008, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e

Tecnológica, vinculada ao Ministério da Educação, trazendo nova luz às práticas do Instituto.

Voltou-se assim, 15 anos depois, àquela mesma situação já apontada por Lima: orientação

pedagógica indefinida, já que pelo artigo 6º, Inciso I, da citada Lei nº 11.892, seu projeto

pedagógico fundamental, que lhe havia sido retirado pelo DL 2.208/97 e que não lhe havia

sido devolvido pelo também DL 5.154/04, foi restabelecido, na medida em que deveria

oferecer exclusivamente educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e

modalidades.

Entretanto, com a reunificação dos ensinos médio e profissionalizante, para

configurar o novo Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnica de Nível Médio,

verificou-se a manutenção das possibilidades e perspectivas propedêuticas nesta modalidade

de ensino, situação evidenciada pela manutenção de diretrizes do Programa de Ingresso

Seletivo Misto da Universidade Federal de Juiz de Fora (PISM/UFJF)21

– em algumas

cadeiras que formam a base comum dos diversos cursos de formação integrada.

Decorridos dez anos, desde 1998 até 2008, ocasião do restabelecimento do

ensino médio integrado em nosso Instituto, resta a questão de saber qual será o real interesse

de nossos alunos ao procurar a educação profissional técnica integrada ao ensino médio do

Instituto Federal, o ensino profissionalizante ou o ensino médio de qualidade? Resposta

necessária para que se identifiquem os reais desejos da comunidade escolar, de forma a

impedir que a dubiedade do plano político pedagógico da escola implique novamente nas

situações acima apontadas ou para impedir que se repita o que também está nos dizeres de

Mello ([s.d], p. 6): “Quando se melhorava a educação profissional técnica a escola se tornava

propedêutica; quando se tentava introduzir a profissionalização na escola propedêutica ela se

tornava um arremedo de escola técnica.”

A observação de Mello passa a ter maior implicação ao ser observada junto

com outro instigante comentário de Castro (2009, p. 159) que afirma “não haver nada mais

profissionalizante do que uma boa formação acadêmica”.

21

Vestibular Seriado da UFJF, disponível em http://www.vestibulandoweb.com.br/vestibular-

parcelado/vestibular-pism.asp - acessado em 01/04/2010

38

4.1 RESULTADOS DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada com alunos que constituíram as primeiras turmas do

ensino médio integrado ao ensino profissionalizante nos moldes indicados na LDB 9.394/96

revisada pelo DL 5.154/2004.

São alunos que ingressaram em 2008 nos seis cursos então oferecidos:

eletrotécnica, eletromecânica, mecânica, edificações, informática, metalurgia. Cada curso

matriculou 35 alunos, totalizando 210 ingressantes.

Desses alunos, observadas a evasão e reprovações, os concluintes de cada

curso ficaram como indicado na Tabela 522

seguinte:

A pesquisa foi realizada em duas etapas.

Na primeira etapa, por ser Coordenador do Curso de Eletrotécnica e professor

de turma concluinte do Ensino Médio Integrado, com bom trânsito junto aos alunos, foi feita

uma reunião exploratória com a turma da 3ª Série Eletrotécnica Integrado, muito produtiva,

por ser turma com ótimo espírito de equipe, pensamento independente e grande capacidade de

expressão e comunicação. As definições e afirmativas surgidas nesta reunião nos remeteram

diretamente a Elias (1994) e seu entendimento fundamental de que o indivíduo só é aquilo que

é enquanto inserido numa sociedade e num grupo social que tem história, ou seja, do homem

como sujeito e objeto de suas relações sociais.

As percepções obtidas nesta primeira etapa serviram de orientação para

22

- Exceto onde indicado de outra forma, os gráficos e tabelas deste trabalho foram elaborados pelo pesquisador

a partir de dados da pesquisa.

CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS

PRIMEIRAS TURMAS

CURSOS INGRESSANTES CONCLUINTES

ELETROTÉCNICA 35 27

ELETROMECÂNICA 35 25

MECÂNICA 35 22

EDIFICAÇÕES 35 28

INFORMÁTICA 35 32

METALURGIA 35 32

TOTAL 210 166

TABELA 5

Fonte: Arquivos do IF Sudeste MG - JF

39

elaboração de questionário semi-estruturado com questões de múltipla escolha,

complementadas com uma justificativa dissertativa curta. A finalidade desta justificativa à

resposta múltipla escolha baseou-se na idéia de possível verificação de consistência de

respostas, o que acabou se confirmando. Elaborado o questionário e obtida a autorização da

Direção do Instituto para sua realização, passou-se à segunda parte da pesquisa, a coleta de

dados entre os alunos das terceiras séries dos diversos cursos. O questionário foi respondido

por 60 alunos alcançando-se 36,15% da população sob análise.

4.1.1 Caracterização Socioeconômica dos Sujeitos da Pesquisa

Como primeiro tópico da avaliação em nossa pesquisa, procuramos identificar as

características sócio econômicas de nossos alunos. Mortimore et al (2008), Soares (2005),

Menezes Filho; Ribeiro (2009) indicam a influência dos vários fatores nos resultados

cognitivos (ler, escrever, contar) e não-cognitivos (comportamento, assiduidade) no resultado

da escola. Consideramos então importante avaliá-los para determinação de seu papel na

decisão de nossos sujeitos.

Gênero

Os sujeitos de nossa pesquisa são os caracterizados na Tabela 6 seguinte:

A Tabela 6 mostra que há predomínio do gênero feminino nos cursos de

Edificações (75%) e de Metalurgia (68,75%) e que nos demais cursos a freqüência que

predomina é masculina e sempre superior a 65%.

CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS

PRIMEIRAS TURMAS - GÊNERO

CURSOS % MASCULINO % FEMININO

ELETROTÉCNICA 70,37 29,63

ELETROMECÂNICA 76,00 24,00

MECÂNICA 68,18 31,82

EDIFICAÇÕES 25,00 75,00

INFORMÁTICA 65,63 34,38

METALURGIA 31,25 68,75

TOTAL 54,82 45,18

Fonte: Arquivos do IF Sudeste MG - JF

TABELA 6

40

Origem geográfica

A cidade de Juiz de Fora respondeu por 68,3% dos alunos, sendo que os

demais 31,7% são oriundos de cidades próximas de Juiz de Fora e mesmo de cidades de

outras unidades da federação, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Observou-se a área de influência do Instituto como bastante abrangente, uma

vez que 10% dos alunos moram no centro da cidade, de localização próxima ao Instituto, 5%

dos alunos moram em cidades próximas a Juiz de Fora e os demais 85% encontram-se

espalhados nos mais diversos bairros locais.

A proximidade geográfica não se mostra fator primordial de escolha do

Instituto.

Autodeclaração de Cor/Raça

A autodeclaração de cor indicou predominância dos autodeclarados brancos,

havendo uma autodeclaração de origem indígena:

Composição familiar

Observou-se que 71,6% dos alunos são oriundos de famílias completas,

consideradas como tais aquelas formadas por pai e mãe vivos e vivendo juntos, 6,7% são

oriundos de famílias com pai ou mãe falecidos e 21,7% deles são de famílias cujos pais vivem

separados.

O tamanho da família mostrou-se também importante fato a ser avaliado:

prevalecem as famílias pequenas: 53,4%, se considerarmos aquelas com até dois irmãos e

90,1%, se considerarmos aquelas com até três irmãos. O Gráfico 1, ilustra a situação descrita.

TABELA 7 AUTODECLARAÇÃO DE COR / RAÇA

BRANCO

PARDO,

MESTIÇO OU

MULATO

NEGRO ÍNDIO

66,70% 18,30% 13,30% 1,70%

Ver nota 1

41

Ver nota 1

Corseil, Santos e Foguel (2001) indicam a repartição da disponibilidade

financeira e de tempo de assistência familiar como tradicionalmente dependente do porte da

família. Quanto maior a quantidade de filhos, menor a qualidade da educação proporcionada

de forma individual a cada filho.

Escolaridade dos pais

Importante informação aflorou da pesquisa sobre a escolaridade dos pais.

A escolaridade dos pais também é apontada como responsável pelo

crescimento do interesse dos jovens pelo ensino superior, uma vez que “pais mais educados

teriam mais informações sobre a importância da educação e tenderiam a atribuir maior valor

ao tempo gasto pelos filhos em atividades escolares”. (CORSEIL, SANTOS e FOGUEL,

2001, p. 4).

Ver Nota 1

Uma primeira constatação é que a baixa escolaridade dos pais, considerada

GRÁFICO 2 - Escolaridade Comparada dos pais (%)

13,38,3 10,0

55,0

0,0

8,33,3 1,7

16,7

6,7 6,7

40,0

1,7

15,011,7

1,7

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

Fund.

Incompleto

Fund.

Completo

Médio

Incompleto

Médio

Completo

Sup.

Incompleto

Sup.

Completo

Pós-

Graduação

Não

Declarou

Pais Mães

GRÁFICO 1 - Composição Familiar

11,7

41,7

36,7

3,3 5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

FilhoÚnico 2 Filhos 3 Filhos 4 Filhos 5 Filhos

%

42

como aquela estendida somente até o ensino médio incompleto, mesmo sendo significativa

não é predominante, representando menos do que 33% dos casos. Entre pais, a escolaridade

dominante é o ensino médio completo. Ao se observar pais e mães, a alta escolaridade,

considerada como o ensino superior e os estudos de pós-graduação, que alcança 19,17%, é

presença significativa. Reagrupando os dados do levantamento dentro de conceitos de baixa

escolaridade – até ensino médio incompleto, de média escolaridade – ensino médio completo

até ensino superior incompleto e de alta escolaridade – ensino superior completo e pós-

graduação, obtivemos os dados do Tabela 8, que nos surpreende pela escolarização dos pais –

67,5% com média ou alta escolaridade contra 30,8% dos pais com baixa escolaridade.

Soares (2005) informa a escolaridade dos pais como um dos quatro indicadores

de posição socioeconômica e cultural enquanto Menezes-Filho e Ribeiro (2009, p.182)

indicam que a proficiência do aluno é maior quando os pais apresentam maior escolaridade,

mas é máxima quando ambos os pais apresentam o ensino médio completo.23

Renda familiar

Estendendo esta análise à renda familiar dos alunos, verificamos que 51,7%

das famílias apresentarem renda igual ou inferior a quatro salários mínimos24

, e 45%

indicaram renda familiar superior a quatro salários mínimos, e 11,7% renda familiar superior

a oito salários mínimos.

23

Sem configurar uma contradição ao exposto, afirmando que o capital escolar nunca está dissociado de uma

experiência escolar, Lahire (2004, p. 345) alerta, porém, que o papel do capital escolar depende do uso que lhe é

dado e da forma com que este capital cultural é apropriado pelos pais e transmitido aos filhos, fato que explicaria

a ausência de vínculos diretos entre graus de sucesso escolar dos filhos e graus de escolarização dos pais. Esta

perspectiva não foi considerada nesta pesquisa. 24

Considerado o valor vigente a época da coleta - R$510,00

ESCOLARIDADE DOS PAIS BAIXA

ESCOLARIDADE

MÉDIA

ESCOLARIDADE

ALTA

ESCOLARIDADE

NÃO

DECLAROU

C. INCIDÊNCIA 19 33 7 1

% 31,6 55 11,6 1,7

C. INCIDÊNCIA 18 25 16 1

% 30,1 41,7 26,7 1,7

C. INCIDÊNCIA 37 58 23 2

% 30,8 48,3 19,2 1,7

Ver nota 1

TABELA 8

MÃE

PAI

TOTAL

43

GRÁFICO 3 - Renda Familiar

3,3

15,0

36,733,3

6,75,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

Não

Declarou

Até 2 Sal.

Mínimos

Até 4 Sal.

Mínimos

Até 8 Sal.

Mínimos

Até 12 Sal.

Mínimos

Mais do

que 12

Sal.

Mínimos

%

Ver Nota 1

Estabelecendo relação entre as duas características socioeconômicas,

mostradas na Tabela 8A a seguir, observamos que na faixa das famílias com renda entre 2 e 8

SM mensais se concentram 81% dos casos de média escolaridade e 60,9% dos casos de alta

escolaridade verificados.

Tabela 8 A – Comparação Renda Familiar x Escolaridade do Pai e da Mãe

A partir destes dados, considerando que os casos de média escolaridade e alta

escolaridade que somam 67,5% dos pais do campo amostral, podemos entender nossos alunos

dessa modalidade de Ensino Técnico Profissionalizante como um conjunto heterogêneo,

englobando uma parcela mais pobre (15%), percebendo até 2 SM, e de menor escolaridade,

com 29,7% dos casos de baixa escolaridade e apenas 8,6% dos casos de média e alta

escolaridade, portanto associando situação de baixa escolaridade e baixa renda. Uma parcela

Ate 2

SM

Ate 4

SM

Ate 8

SM

Ate 12

SM

Mais 12

SM

Não

Declarou

Fundamental Incompleto 7 6 4 1 0 0 18

Fundamental Completo 2 5 1 1 0 0 9

Medio Incompleto 2 4 1 1 0 2 10

Medio Completo 6 24 23 1 2 1 57

Superior Incompleto 0 0 0 0 1 0 1

Superior Completo 0 3 5 4 2 0 14

Pos-Graduação 1 1 5 0 1 1 9

Não Declarou 0 1 1 0 0 0 2

18 44 40 8 6 4 120

Ver Nota 1

Total

TABELA 8A

Renda Familiar

Total

Escolaridade do

Pai e da Mãe

44

mais larga, intermediaria, em melhor situação financeira (70%), percebendo entre 2 e 8 SM,

na qual prevalecem (75,3%) situações de média e alta escolaridade e uma pequena parcela

(11,7%) com boa situação sócio econômica, percebendo mais do que 8 SM, e cuja

escolaridade se distribui nas três classes de escolaridade definidas: 8,1% dos casos de baixa

escolaridade, 13,6% dos casos de média e de alta escolaridade. Os mais pobres (15%) e os

mais ricos (11,7%) são minoria. Resumindo: os alunos apoiados por famílias com renda

situada entre 2 SM e 8 SM (81%) são os mesmos que apresentam a melhor retaguarda de

escolaridade com 75,3% dos pais indicando média ou alta escolaridade.

Profissão dos pais

A profissão dos pais e das mães dos alunos, distribuída em largo espectro de

variação dentro da amostra considerada, não possibilitou categorização e posterior

estratificação. Variou desde aquelas de maior remuneração e maior reconhecimento social até

aquelas humildes, associadas a idéia de pura subsistência.

Idade ao ingressar no Instituto

A idade à época da inscrição, em 2008, é indicada no Gráfico 4 a seguir. A

grande incidência de idades entre 14 e 15 anos, indica que os alunos estão na idade correta de

acesso ao Ensino Médio. Dois alunos indicaram ter abandonado o Ensino Médio em outra

escola para vir reiniciá-lo no Instituto Federal, situação que justifica os casos de idade mais

elevada, embora estes ainda não pudessem ser considerados como fora da faixa etária.

Ver nota 1

GRÁFICO 4 - Idade ao Ingressar no Instituto

3,3

53,3

41,7

1,7

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

Não Declarou 14 ANOS 15 ANOS 16 ANOS

%

45

Trajetória escolar

Apesar desse indicativo inicial de sucesso escolar, através do qual os alunos

indicaram haver terminado o Ensino Fundamental no tempo esperado, este ensino

fundamental foi cursado totalmente em escola pública por 63,33% dos alunos, parcialmente

em escola pública por 11,67% dos alunos e 25% dos alunos são procedentes do ensino

fundamental cursado integralmente em escolas particulares.

Ver Nota 1

Respondendo a perguntas sobre seus hábitos e atividades extra-escolares,

verificamos que nossos sujeitos são jovens que gostam mais de esportes (50%) do que de artes

(10%), mesmo que 45% deles façam alguma forma de estudo de música. Grande parcela deles

(41,7%) não estuda nenhuma língua estrangeira fora da escola.

GRÁFICO 5 - Trajetória Escolar

63,33%

25%

11,67% Totalmente no Ensino

Público

Parcialmente no Ensino

Público

No Ensino Privado

TABELA 8 B

ATIVIDADE SIM NÃONÃO

DECLAROU

ESTUDO DE LINGUAS 43,3 41,7 15,0

ESTUDO DE ARTES

(MUSICA)45,0 41,7 13,3

ESTUDO DE ESPORTES 50,0 28,3 11,7

Ver Nota 1

ATIVIDADES

EXTRA-ESCOLARES

46

Nossos sujeitos leem livros (31,7%) mais do que revistas (16,7%) ou jornais

(13,3%), veem TV e vão ao cinema e tem acesso bastante generalizado (86,7%) ao

computador e a internet.

Outro fator importante observado foi a forte integração social criada entre os

alunos, a despeito das diferenças familiares. Nas respostas à Questão 41da pesquisa: Qual é

ou foi a melhor coisa da escola? Observou-se a grande incidência de resposta do tipo “a

melhor coisa da escola foram as amizades” ou “o círculo de amizades”.

4.1.2 A Escolha da Educação Profissional Técnica Integrada de Nível Médio do IF-Sudeste

MG-JF e Sua Avaliação

A escolha é questão fundamental na educação profissional de nível médio

integrada ao ensino médio. Acusada, desde os tempos de vigência da Lei 5692/71, de

disfarçar interesse restrito ao ensino médio público de qualidade, mostrou-se imperioso

analisar os motivos que levaram os alunos a procurar o ensino oferecido pelo IF Sudeste MG

– JF, situação objetivada na questão “Por que foi decidido que você deveria estudar em curso

técnico profissionalizante?”. Observou-se que grande quantidade dos alunos manifestaram

total desconhecimento das mudanças introduzidas no currículo e no projeto político

pedagógico da escola, situação tornada pública no Edital de Abertura do Exame de Seleção25

e nos meios de comunicação, e as respostas, de alguma forma, confirmaram a expectativa.

25

Anexo 1- Edital de Abertura do Exame de Seleção

ATIVIDADE SEMPRE AS VEZES NUNCA

LEITURA LIVROS 31,7 56,7 11,7

LEITURA REVISTAS 16,7 76,7 5,0

LEITURA JORNAIS 13,3 70,0 16,7

ASSISTÊNCIA À TV 45,0 51,7 3,3

IR AO CINEMA 26,7 70,0 46,7

PRÁTICA RELIGIOSA 23,3 30,0 46,7

ACESSO AO

COMPUTADOR E WEB86,7 13,3 0,0

Ver Nota 1

TABELA 8 C HÁBITOS PESSOAIS

47

Desde 1998, em obediência a LDB 9.394/96, DL 2.208/97 e Portaria MEC

686/97, o então Colégio Técnico Universitário (CTU) vinha operando o ensino médio e o

ensino técnico profissionalizante de forma articulada, porém independentes entre si, tendo seu

ensino médio, com finalidades propedêuticas, deixado uma trajetória de sucessos no

imaginário estudantil, com altos índices de aprovação de seus alunos nos processos seletivos

para a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e outras IFES e IES. Esta tradição tinha

sua origem desde os tempos de ensino técnico equivalente ao ensino médio, previsto na Lei

5.692/71, quando seus alunos já apresentavam uma elevada taxa de aprovação nos exames de

ingresso às diversas entidades de ensino superior públicas.

A decisão de alterar as modalidades do ensino médio então praticado para

ensino médio integrado à educação profissional técnica integrada de nível médio, de forma a

trazer reflexos favoráveis diretos no financiamento do Colégio, foi efetivada em 2007, para

implementação já em 2008, em Reunião de Congregação26

da Unidade Acadêmica após

consulta à comunidade escolar. Apesar do fato haver sido amplamente divulgado nos meios

de comunicação local, esta divulgação não foi suficiente para muitos pais e alunos atentassem

para o significado prático da nova situação.

Muitos alunos e pais não sabiam o significado da expressão “Educação

Profissional Técnica Integrada de Nível Médio” indicada no Edital do exame de seleção,

situação agravada pelo fato de no mesmo edital ainda haver convocação para seleção de

algumas séries de ensino médio.

Houve grande incidência de respostas tais como – “O colégio só oferecia o

Ensino Médio Integrado (18,3%)”, “Não sabia que o curso era integrado (10%)”. Alguns

alegaram “que só queria o Ensino Médio e não o Ensino Técnico”, “que aderiu por que o

CTU sempre tinha sido um bom Colégio”, “que não queria o fazer o curso profissionalizante”

e que “queria mesmo era um Ensino Médio de qualidade, grátis”. Cada uma dessas quatro

respostas teve incidência de 1,7%. Ao mesmo tempo, 46,7% dos alunos informaram “que

tinham interesse no Ensino Profissionalizante”, “para poder entrar logo no mercado de

trabalho”, “para sair do Ensino Médio com alguma formação profissional”, uma vez “que com

tal formação teriam maiores oportunidades de emprego”, e que esta formação “oferecia uma

boa oportunidade de carreira”, inclusive “para se ter uma profissão no caso de não poder

cursar o ensino superior”.

Houve quem apontasse que o curso de educação profissional técnica integrada

26

Órgão deliberativo máximo da então Unidade Acadêmica, conforme Estatuto da UFJF.

48

de nível médio do IF Sudeste MG não deveria dar tanta atenção ao ensino profissionalizante e

que o ensino profissionalizante estava atrapalhando a preparação para o vestibular. Em duas

ocasiões chegaram a afirmar que o ensino profissionalizante estava tirando a qualidade do

ensino médio praticado na instituição e que era necessário o urgente retorno à prática do

ensino médio tradicional (exclusivamente propedêutico).

Apesar desta queixa soar estranha, de alguma forma, ela não estava, na íntegra,

desprovida de razão.

Ao questionar sobre quem teria tomado a decisão de escolher o Ensino Médio

Integrado no Instituto, Questão 23 do Instrumento de Pesquisa, 75% dos alunos informaram

que esta decisão teria sido sua, os demais 25% informaram que esta decisão teria sido tomada

pelos responsáveis, em conjunto ou não com eles.

A análise dos motivos da escolha pelo ensino do IF Sudeste MG trouxe a tona

situações do Decreto Lei 2.208/97 que não foram alteradas pela edição do DL 5.154/04 e sua

adoção pelo currículo do Instituto Federal, de 1998 até 2007, quando o colégio acolhia alunos

para o Ensino Médio, tanto na modalidade Ensino Médio propedêutico, quanto na modalidade

Ensino Médio articulado ao Ensino Técnico Profissionalizante, na forma da Educação

Concomitante. O Gráfico 6 mostra a incidência das diversas aspirações.

Ao serem questionados sobre o interesse que os havia levado ao IF Sudeste de

Minas (Questão 24), Campus Juiz de Fora, 88,3% dos alunos se manifestaram interessados no

ensino médio oferecido pela Escola, porém, desses, somente a parcela de 53,3% manifestou

interesse simultâneo no ensino médio e no ensino técnico profissionalizante, enquanto outra

parcela de 35% manifestou que somente tinha interesse no ensino médio. Para esclarecer este

desdobramento, é importante observar que, pelo Edital, somente foi oferecido a estes alunos o

ensino médio integrado à educação profissional técnica, perfazendo um único objetivo

educacional. O desdobramento desses objetivos foi definição assumida pelos alunos e

manifestada nas respostas ao questionário.

49

De uma outra forma, estavam dizendo como viam o colégio, que apesar de já

estar operando nos termos do DL 5.154/04, com o ensino médio integrado ao ensino

profissionalizante perfazendo um só curso, 35% dos alunos ainda estavam enxergando (ou

desejando) o colégio como operando nos moldes do DL 2.208/97, disponibilizando o ensino

médio de qualidade, com finalidades estritamente propedêuticas, totalmente independente do

ensino profissionalizante de nível médio.

A indicação de opção pelo ensino profissionalizante por parte de 53% dos

inscritos confirma a existência de alunos oriundos de escola pública interessados no ensino

profissionalizante, fato anotado em 35,5% por Sparta e Gomes (2005) na Tabela 2,

apresentada na página 2 deste documento. A diferença entre os valores indicados talvez possa

ser creditada ao fato de o Instituto se tratar de unidade especializada no ensino técnico

profissionalizante, portanto com maior apelo neste sentido.

Indagou-se por meio de questão de múltipla escolha, seguida de justificativa,

como os alunos haviam qualificado a escolha do exercício do Ensino Médio Integrado ao

Ensino Técnico Profissionalizante (Questão 31 do Instrumento de Pesquisa). As respostas do

Gráfico 7 confirmaram a leitura do parágrafo anterior, pois para 38,3% dos alunos a escolha

deve ter parecido má ou péssima idéia, talvez para aqueles que desde o início haviam

escolhido o Instituto Federal pelo seu histórico de sucesso no ensino médio propedêutico.

Observa-se a partir de leitura do Gráfico 7 uma situação de aceitação de 50% e

uma situação de desagrado de 38,3% ao considerá-lo “Má idéia” e “Péssima Idéia”. 11,7%

dos entrevistados se manifestaram “Indiferentes”.

GRÁFICO 6 - Motivos que levaram a cursar o

Ensino Técnico Profissionalizante

53,3

35,0

10,01,7

,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

Tinham

interesse no

ETP

Tinham

interesse no EM

de qualidade,

gratuito

Não informou ou

não soube

justificar

Outros

%

Ver Nota 1Legenda

ETP - Ensino Técnico Profissionalizante Integrado

EM - Ensino Médio

50

Avaliando as justificativas da resposta anterior, elas foram agrupadas em

quatro categorias principais, de acordo com o sentido atribuído pelos sujeitos, como se pode

observar no Gráfico 7a. Estas justificativas mostram dados que vão além da opção da múltipla

escolha. As opiniões se fragmentaram de forma intensa e 29,5% se abstiveram de opinar.

Houve variadas manifestações de restrição à profissionalização. De “atrapalhou a preparação

para o vestibular (6,7%)”, passando pelo “perdeu-se a qualidade do ensino médio (3,3%)” até

chegar a declarações como “forma mão de obra barata”, “apertador de parafusos” até

finalizar em um franco “odeio o curso”. Houve também manifestações favoráveis à

profissionalização, desde uma ponderada “esta avaliação depende da intenção do aluno (5%)”,

passando por um “gostei do curso” e por um otimista “você começa com um diferencial

favorável (3,4%)” até um prático “é uma forma de sair da escola empregado”.

A dificuldade apontada foi a grande carga escolar imposta pelo sistema – a

junção ensino médio propedêutico, com no mínimo de 2400 horas (400 horas por semestre) e

o ensino profissionalizante de área industrial, mínimo 1200 horas com grande concentração

GRÁFICO 7a - Avaliação da idéia de cursar o Ensino

Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante

18,6

10,2

37,333,9

,05,0

10,015,020,025,030,035,040,0

Foi uma boa

escolha

Em termos,

depende da

intenção do

aluno

Foi uma má

escolha, tira o

foco de quem

quer o

vestibular

Outras ou não

declarou

%

GRÁFICO 7 - Avaliação da idéia de cursar o

Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico

Profissionalizante

15,0

35,0

11,7

18,3 20,0

,05,0

10,015,020,025,030,035,040,0

Otima Ideia Boa Ideia Indiferente Ma Ideia Pessima

Ideia

%

Ver Nota 1

Ver Nota 1

51

nas 2ª e 3ª séries (aproximadas 300 horas por semestre). Declarações como “não dá tempo

para se dedicar aos dois (3,4%)”, “prático, porém muito cansativo” culminam por indicar que

dessa forma “não cumpre bem nenhum dos dois papeis”.

O Gráfico 8 apresenta a incidência das respostas à questão “Como você

classifica seu relacionamento com o ensino médio integrado a formação profissional que você

está concluindo?”. Também a resposta a esta questão teve que ser justificada. Estas respostas

serão avaliadas no Gráfico 8a.

Convém observar que no Gráfico 8, o percentual de alunos com respostas não

favoráveis ao Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante alcançou 51,7%,

ao passo que o percentual de respostas explicitamente favoráveis alcançou 46,7%27

.

Após grupar as respostas abertas, no Gráfico 8a observamos que 74,1% dos

27

As alternativas “Apenas suportei” e “Mal vejo a hora de terminar” foram expressões cunhadas pelos alunos na

fase exploratória da pesquisa.

GRÁFICO 8a - Avaliação do Ensino Médio Integrado

ao Ensino Técnico Profissionalizante

19

6,9

74,1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Valeu a pena Foi sofrido, mas valeu

a pena

Não valeu a pena,

atrapalhou o vestibular

%

GRÁFICO 8 - Avaliação do Ensino Médio Integrado

ao Ensino Técnico Profissionalizante

10,06,7

30,025,0

6,7

20,0

1,7

0,05,0

10,015,020,025,030,035,0

Gostei

Muito

Foi

Melhor do

que eu

esperava

Gostei Apenas

Suportei

Não

Gostei

Mal vejo a

hora de

terminar

Não

Declarou

%

Ver Nota 1

52

alunos declararam que o ensino médio profissionalizante atrapalhou o vestibular. Somente

25,9% dos alunos aprovaram o curso profissionalizante. Cabe lembrar que no Gráfico 6,

53,3% dos entrevistados manifestaram interesse no Ensino Técnico Profissionalizante.

Como pode ser verificado no Gráfico 8a, esta aprovação, mesmo com as

restrições ao esforço despendido, aumenta para, no máximo, 25,9%, enquanto 74,1%

reclamam que este esforço atrapalhou o esforço de preparação para o vestibular.

Configurando situação a ser devidamente avaliada, alunos que de início se

manifestaram interessados no curso técnico, por ocasião do fim do curso, manifestam-se

também altamente interessados no exame vestibular, ao ponto de considerar o ensino técnico

profissionalizante como um problema.

Percebe-se uma clara movimentação de interesses no sentido de preferência

por ensino superior. Há um grupo de 25,9% de alunos que persiste no intento do ensino

profissionalizante, mas, ao chegarem na 3ª série, 74,1% passam a querer o vestibular.

A indicação de interesse nos exames vestibulares por parte de 74,1% dos

inscritos confirma a opção preferencial pelo ensino superior também entre os alunos oriundos

de escola pública, fato anotado por Sparta e Gomes (2005) na Tabela 2, levando a crer que o

fato de o Instituto ser unidade especializada no ensino técnico profissionalizante pouco afetou

as escolhas dos concluintes. Os citados autores em seu estudo sintetizado na referida tabela,

indicam 95,4% dos alunos das escolas particulares apontando como sua meta principal os

exames vestibulares ao ensino superior, enquanto 77% dos alunos das escolas públicas

manifestam o mesmo anseio.

Da mesma forma que as respostas da Questão 31 (Como você classifica a escolha pelo

ensino médio integrado ao ensino profissionalizante ao invés do ensino médio tradicional?), as

respostas da Questão 32 (Como você classifica seu relacionamento com o ensino médio

integrado à formação profissional que você está concluindo?) também apresentaram um grande

índice de abstenção de comentários (26,7%), com as demais observações se dispersando em

largo leque de opções. Outro grande índice de convergência foi quanto ao desgaste causado

pelo curso (19,8%) – “muito desgastante”, “grande carga horária prejudicou o ensino médio e o

ensino técnico profissionalizante”, “foi proveitoso, mas foi muito cansativo” e “apesar de

desgastante abre portas no mercado de trabalho” foram observações presentes.

Surgiram críticas inesperadas – “Não foi voltado nem para o técnico nem para

o médio”, “o ensino técnico profissionalizante ficou prejudicado”, “ampliou oportunidades de

aprendizado” e até “alunos desinteressados baixam o nível do curso”.

Estas manifestações sinalizam para a possível divisão de interesses dentro do

53

grupo pesquisado, indicando a possibilidade de existência de alunos que aspiram acesso ao

ensino superior e observam o ensino propedêutico como fundamental e indispensável e

também a existência de grupo de alunos interessados no ensino técnico profissionalizante que,

da mesma forma, consideram como fundamental e indispensável o ensino das cadeiras do

profissionalizante.

4.1.3 Analisando o Componente “Ensino Médio (Propedêutico)” do Ensino Médio Integrado à

Educação Profissional Técnica

Para lançar luz sobre os fatos observados, foram feitas perguntas para

avaliação independente do ensino médio e do ensino profissionalizante, sempre com questões

de múltipla escolha seguidas de justificativa, que foram agrupadas de acordo com as

categorias observadas.

O Gráfico 9 apresenta a frequência das respostas à Questão 33 do Instrumento

de Pesquisa: como você avalia o ensino médio recebido no Instituto? Questão que foi

complementada pela solicitação de uma justificativa. Observa-se o nível de rejeição de 20%

expresso pelo “Fraco” e “Muito Fraco” e o de aceitação de 36,7% expresso pelo “Excelente”

e “Muito Bom”, sendo que a maioria dos respondentes, 41,7%, o classificou de “Regular”.

As justificativas foram categorizadas e demonstradas no Gráfico 9a, no qual a

aprovação permaneceu em 35%, muito próxima dos 36,7%, indicada no Gráfico 9.

Informação nova, a categoria “Não Gostaram” alcançou 35% contra 20% de “Fraco” e “Muito

Fraco” do Gráfico 9. Como nas avaliações anteriores, foi alto (30%) o número de

respondentes que se abstiveram de comentar.

Os comentários acerca do ensino médio praticado no Instituto, da mesma

forma que os comentários apresentados para as questões anteriores, variaram de um extremo a

outro. Ao lado das críticas “Alguns conteúdos deixaram a desejar” e “Prepara pouco para o

ensino superior” surgiram elogios “Melhor que das demais escolas públicas ou privadas” e “A

maioria dos professores são muito bons”. As críticas se referiram de forma mais direta à

estrutura do curso “Foca demais no ensino técnico”, “Por causa do técnico, o nível do médio

foi diminuído”, “Carga horária pesada atrapalha o ensino técnico profissionalizante e o ensino

médio”.

54

Concluída esta avaliação do ensino médio, procedeu-se da mesma forma para a

avaliação do Ensino Técnico Profissionalizante oferecido pelo Instituto. Suas respostas estão

sintetizadas na próxima seção.

4.1.4 Analisando o Componente “Ensino Profissionalizante” do Ensino Médio Integrado à

Educação Profissional Técnica.

Prosseguindo na análise das respostas às questões fechadas do questionário, no

Gráfico 10 apresentamos a avaliação do Ensino Técnico Profissionalizante, obtida a partir da

Questão 34: “Como você avalia o ensino técnico profissionalizante recebido no Instituto?”.

Da mesma forma que as questões anteriores, a escolha deveria ser seguida de uma

justificativa.

GRÁFICO 9 - Avaliação do Ensino Médio

Recebido no Instituto

5,0

31,7

41,7

13,3

6,71,7

0,05,0

10,0

15,020,025,030,0

35,040,045,0

Excelente Muito

Bom

Regular Fraco Muito

Fraco

Não

Declarou

%

GRÁFICO 9a - Avaliação do Ensino Médio

Recebido no Instituto

13,3

21,7

35,030,0

0,05,0

10,015,020,025,030,035,040,0

Gostaram Gostaram, mas

Apontaram

Restrições

Não Gostaram Não

Comentaram

%

Ver Nota 1

Ver Nota 1

55

Novamente os índices de avaliação positiva suplantam os índices da negativa.

Podemos considerar favorável o índice de aprovação 41,7%. Considerando o

“Regular” como central da escala, observa-se que “Muito Bom” (35%), suplanta o “Fraco”

(11,7%), o “Muito Fraco” (6,7%) e o “Péssimo” (1,7%).

O Gráfico 10a apresenta a incidência das justificativas. Neste Gráfico 10a

confirmaram-se os índices de avaliações positivas e negativas indicados no gráfico 10.

Os índices de “Excelente” e “Bom”, 41,7% do Gráfico 10, de forma

consistente, sinalizam concordância com aqueles de “Gostaram” e “Gostaram com

Restrições” 47,76% do Gráfico 10a. Da mesma forma o “Fraco” e o “Muito Fraco” do

Gráfico 10, com 18,4%, se fazem representar nos 18,64% dos “Não Gostaram” do Gráfico

10a. De novo se mostra alto (33,9%) o nível de respondentes que se abstém de qualquer

comentário.

As respostas apresentadas indicaram críticas do tipo “Carga horária excessiva”

GRÁFICO 10- Avaliação do Ensino Técnico

Profissionalizante Recebido no Instituto

6,7

35,038,3

11,7

6,71,7

0,05,0

10,0

15,020,025,030,0

35,040,045,0

Excelente Muito

Bom

Regular Fraco Muito

Fraco

Péssimo

%

GRÁFICO 10a - Avaliação do Ensino Técnico

Profissionalizante Recebido no Instituto

16,95

30,51

18,64

33,90

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,00

Gostaram Gostaram, mas

Apontaram

Restrições

Não Gostaram Não

Comentaram

%

Ver Nota 1

Ver Nota 1

56

(6,8%), “Professores descomprometidos, falta de laboratórios e visitas técnicas” (5,1%),

“Tudo muito corrido”, porém, também apresentaram elogios: “O curso é muito completo”, “A

maior parte dos conteúdos foi dada com êxito” e “Melhor do que as demais escolas

semelhantes”.

Persistiram as críticas de caráter estrutural, “Carga horária excessiva” (6,8%),

“Foi necessário dividir a atenção entre o ensino médio e o ensino técnico profissionalizante”

e “Alta carga horária reduz rendimento”.

Para melhor entendimento dos dados levantados nestes blocos de análise, dos

índices de avaliação positiva ou negativa por modalidades de ensino, inclusive compreensão

dos altos níveis de abstenção às justificativas solicitadas, bem como das críticas a elas

emitidas, julgamos elucidador fazer uma comparação de contraste entre as respostas às

questões fechadas e respostas abertas categorizadas apresentadas para ambas as atividades,

mostradas nos Gráficos 11 e 11a a seguir.

Partindo deste princípio, observamos o percentual de respondentes que se

manifestaram favoravelmente nos Gráficos 8, 9 e 10 se mostrar coerente com o percentual de

aprovação dos gráficos 8a, 9a e 10a. Da mesma forma, o percentual de respondentes que se

manifestou não favorável também se manifestou coerente com o percentual de respondentes

nos Gráficos citados.

O Gráfico 11 compara índices dos Gráficos 9 e 10, respostas às questões

múltipla escolha, enquanto o Gráfico 11a compara os índices dos Gráficos 9a e 10a, respostas

justificativas às mesmas questões anteriores. Observemos os resultados.

Nesta montagem, pode-se observar o nível de aceitação semelhante para as

duas atividades, o ensino médio e a educação profissionalizante.

É interessante observar que não se trata de simples divisão nas turmas. As

questões e respostas não eram excludentes. Cada aluno respondeu duas questões tipo múltipla

escolha, uma questão avaliando o ensino médio e outra questão avaliando o ensino técnico.

Os alunos de forma geral enxergaram méritos e restrições em ambas as finalidades. Observa-

se a avaliação favorável recebida por ambos os componentes do ensino. Considerando a

avaliação “Regular” como central, há mais classificações “Muito Bom” (33,3%) do que

“Fraco” (12,5%) ou “Muito Fraco”.

57

Observemos agora o Gráfico 11a, que considera as justificativas às mesmas

questões.

Observando valores absolutos, percebe-se que apesar de 74% dos alunos se

manifestarem indicando que o ensino profissionalizante era um problema para a preparação

para o vestibular, este mesmo ensino técnico profissionalizante tem aceitação maior e menos

restrições do que o ensino médio.

Nas Tabelas 9 e 10 a seguir, comparamos os índices de avaliação negativa e

positiva expressas nos Gráficos 11 e 11a:

Ver Nota 1

Ver Nota 1

GRÁFICO 11 - Avaliação do Ensino Médio e Ensino

Técnico Profissionalizante Recebidos do Instituto

5,0

31,7

41,7

13,36,7

1,76,7

35,038,3

11,76,7

1,7

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

%

EM 5,0 31,7 41,7 13,3 6,7 1,7

ETP 6,7 35,0 38,3 11,7 6,7 1,7

Excelente Muito Bom Regular Fraco Muito Fraco Péssimo

GRÁFICO 11a - Avaliação do Ensino Médio e Ensino

Técnico Profissionalizante Recebidos do Instituto

13,3

21,7

3530

16,95

30,51

18,64

33,9

0

10

20

30

40

%

EM 13,3 21,7 35 30

ETP 16,95 30,51 18,64 33,9

Gostaram Gostaram com

RestriçõesNão Gostaram Não Comentaram

58

Observa-se a preponderância de restrição ao ensino médio, 35% de “Não

Gostaram”, que se manifesta ao se considerar as justificativas agrupadas. A dúvida que se

manifesta é: Se o ensino profissionalizante era problema para a boa preparação para o

vestibular, por que o desagrado maior com o ensino médio e não com o ensino

profissionalizante?

A partir desta constatação optamos também por passar a analisar os resultados

a partir de comparação dos resultados das avaliações positivas e negativas.

4.1.5 A Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada do IF SudesteMG-Jf e as

Metas dos Alunos

Antes de comentar o próximo gráfico, é interessante analisar ainda dois dados

adicionais obtidos dos questionários: o primeiro deles é que 100 % dos alunos constantes da

amostra, ou seja, todos os alunos da amostra, ao responderem as Questões 38 (Você pretende

fazer algum curso superior universitário?) e 45 (Você prestou exame de ENEM 2010?),

indicaram que irão prestar exames vestibulares em alguma modalidade de ensino superior,

assim como 95% deles já se submeteram ao exame do ENEM/2010, objetivando suas

TABELA 9 Avaliações negativas

Gráfico 11 Fraco + Muito Fraco

Ensino Médio 20,0%

Ensino Tec. Profissionalizante 18,4%

Gráfico 11a Não Gostaram

Ensino Médio 35,0%

Ensino Tec. Profissionalizante 18,6%

Ver Nota 1

TABELA 10 Avaliações positivas

Gráfico 11 Excelente + Muito bom

Ensino Médio 36,7%

Ensino Tec. Profissionalizante 41,7%

Gráfico 11a Gostaram + Gost. C/ Restrições

Ensino Médio 35,0%

Ensino Tec. Profissionalizante 47,5%

Ver Nota 1

59

escolhas de forma inquestionável. Há manifesto interesse pelo ensino de nível superior entre

os alunos concluintes do ensino profissionalizante no IF Sudeste MG-JF

Analisando o Gráfico 12, observamos a natureza dos cursos superiores

pretendidos pelos nossos alunos. O gráfico demonstra que 60% dos alunos pretendem curso

superior em exatas – engenharias e campos da informática e os demais 40% se dividem entre

as áreas de saúde e humanas.

A configuração dessa situação lançou mais luz sobre os conflitos identificados

no exame das Tabelas 9 e 10. A partir das declarações de interesses no ensino superior, dá

para identificar a existência de dois grupos de alunos, bem distintos e definidos, bem cientes

de seus interesses, um voltado estritamente ao ensino propedêutico e outro voltado também ao

ensino profissionalizante.

O grupo voltado ao ensino profissionalizante, por características próprias,

também poderá ser dividido em dois grupos não muito distintos entre si, identificados como

os que estão interessados na atividade de técnico industrial e aqueles interessados na atividade

profissional universitária da área técnica.

A partir deste fato, consideramos a possibilidade de que os alunos interessados

nos vestibulares das áreas de saúde e de humanas, de alguma forma, sempre questionem o

currículo do ensino médio profissionalizante não voltado para sua área, pleiteando um ensino

propedêutico “puro”, voltado de forma prioritária para o vestibular de seu interesse. Quanto

aos alunos interessados no ensino profissionalizante, conforme já descrito, também estão

interessados nos exames vestibulares da área de exatas, formando um grupo de interessados

tanto num bom ensino propedêutico quanto num bom ensino profissionalizante, e que, quando

GRÁFICO 12 - Áreas Pretendidas na Educação Superior

60,0

15,0

23,3

1,7

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

Exatas Saude Humanas Não Declarou

%

Ver Nota 1

60

questionados, manifestam-se observando duplo interesse – fazem com afinco o ensino técnico

e também fazem com o mesmo afinco o ensino voltado para o vestibular. Este grupo

manifesta-se com alguma dubiedade quando a questão atinge qualquer dos dois interesses,

talvez sendo o fato que dá origem ao verificado alto índice de abstenções às justificativas.

Talvez não queiram com suas críticas atacar o curso propedêutico e tampouco o curso

profissionalizante. Nas respostas ao questionário são muitas as manifestações do tipo “gostei

da carreira, vou continuar no curso superior”, “me interessei ainda mais pela área”, “Conheci

a minha profissão”, “Ajuda a amadurecer a escolha da profissão”, finalizando com “Aumenta

a oportunidade e define o campo de trabalho”.

O grupo voltado de forma exclusiva ao vestibular sempre criticará o ensino

médio profissionalizante que, segundo eles, não atende suas necessidades. Dois dados

adicionais obtidos a partir do levantamento, permitirão entender melhor a situação de conflito

latente anteriormente comentada.

Na resposta à Questão 39 da pesquisa: se o aluno acredita na existência de

alguma boa carreira profissional, passível de ser exercida sem a necessidade de alguma forma

de graduação, 76,7% dos alunos manifestaram sua convicção na existência de carreiras com

estas características, ou seja, parte significativa dos alunos enfrenta o vestibular de alguma

forma consciente que, caso não sejam nele bem sucedidos, sempre haverá outros caminhos

que não aqueles que obrigatoriamente passam pelas universidades. Situação semelhante à

observada por Bock (2008, p. 145/146) ao analisar a escolha profissional de sujeitos de baixa

renda egressos do ensino médio.

Os jovens escolhem profissões que não são consideradas as mais

prestigiadas nos tempos atuais. Não creditamos o fato à percepção de maior

dificuldade de ingresso nesses cursos, pois é pequeno o conhecimento que

detêm a respeito da cultura do vestibular. Talvez se deva atribuir ao

distanciamento social que têm em relação a essas carreiras, e ao fato de que

escolhem dentre as profissões que estão em seu universo vivencial. [...]

Como diz uma jovem, “um dia vou conseguir passar no vestibular”. Na fala

não aparece ansiedade. O projeto de um curso superior constitui uma

possibilidade, mas não ameaça a continuidade de sua vida como a classe

média acredita acontecer.

Estes alunos configuram a situação do aluno “concreto”, apontada por Saviani

(2008, p.143), na qual

o que é do interesse do aluno concreto diz respeito às condições em que ele

se encontra e que ele não escolheu. [...] A sua criatividade vai expressar-se

na formas como ela assimila essas relações e as transforma.

61

Os alunos, de forma objetiva, se apropriam de uma situação não criada por eles

para definir, da melhor forma possível, a utilização de um bom curso: o prolongamento dos

estudos.

O ensino profissionalizante, nessas condições, passa a ser um trunfo de reserva

enquanto ele se arrisca, sem receio, em empreitada maior, com altas chances de vitória e sem

risco de perdas, pois esta não era, se presume, sua meta original,

Um outro dado confirma esta inferência. O Gráfico 13, no qual foram

enumerados os planos do aluno para depois do vestibular, resposta à Questão 47 da pesquisa,

sobre seus planos para o próximo ano (2011), observa-se que exceto na terceira coluna, todas

as demais expressam trajetos que envolvem estágio, ou seja grande parte dos egressos têm por

meta, se não exercer a profissão de técnico industrial, pelo menos obter seu diploma. A figura

do estágio, sendo curricular obrigatório, assumiu caráter sinalizador de opções, pois somente

após sua conclusão o aluno obterá seu diploma de técnico de nível médio.

De outra forma: ao término da educação profissional técnica de nível médio, é

disponibilizado um diploma de profissionalização que dependerá apenas da conclusão de um

estágio para ingresso no mundo do trabalho. É disponibilizado também um diploma de ensino

médio junto com a chance de prolongamento dos estudos no ensino superior, numa carreira

socialmente mais valorizada.

Observa-se na primeira coluna, 11,7% dos sujeitos pesquisados, não

consideram o exame vestibular / ensino superior como alternativa fundamental em seu projeto

de vida.

Já na terceira coluna, 21,7% dos alunos ao desconsiderar a figura do estágio

GRÁFICO 13 - Planos dos alunos concluintes para 2011

11,7 10,0

21,7

48,3

5,0,0 1,7 1,7

,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

Estagiar,

depois

trabalhar

Estagiar e

fazer

cursinho

Se entrar

na

faculdade,

so estudar

Se entrar

na fac,

estudar e

estagiar

Se nao

entrar fac,

estagiar e

depois

trabalhar

Se nao

entrar fac,

estagiar

Se nao

entrar fac,

fazer

cursinho e

estagio

Outros

%

Ver Nota 1

62

rejeitam o Ensino Técnico Profissionalizante. Observe-se a consistência deste valor presente

nos diversos momentos da pesquisa.

Todos os demais 65% dos alunos admitem a possibilidade de estagiar.

É importante ressaltar que uma das variáveis apresentadas para escolha dos

alunos no questionário, expressa na sexta coluna do Gráfico 13, foi a possibilidade de, no caso

de não aprovação no exame vestibular, só fazer cursinho preparatório, opção que não foi

marcada por qualquer aluno. Ou seja, podemos entender que os alunos consideram o resultado

do vestibular importante, mas é observado como uma das alternativas existentes e não a única

alternativa existente.

4.1.6 Os Professores da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada do IF

Sudeste MG-JF e as Metas dos Alunos

Outro ponto interessante que aflorou na análise foi a forma como os

professores do ensino médio e do ensino técnico profissionalizante são vistos pelo alunado, a

partir da compreensão de dois focos principais: a preparação para o vestibular e a

profissionalização técnica.

No questionário foram apresentadas questões sobre a atuação dos professores,

seu preparo, sua atuação e sua capacidade de estímulo nos objetivos de preparação para o

vestibular e para a profissionalização técnica.

Nota-se que mais uma vez prevaleceu a desinformação por parte dos alunos

quanto à oficial finalidade do Instituto. Da mesma forma como os projetos dos cursos foram

criticados por incorporarem o ensino profissionalizante, nas respostas à pesquisa, os

professores foram avaliados de forma favorável ou não por grupos de alunos por focarem e

por não focarem seus programas no exame vestibular da UFJF.

O resultado apresentou os grupos de professores, tanto do ensino médio como

do ensino profissionalizante, com avaliações bastante semelhantes, conforme pode ser

observado nos Gráficos 14, 15, 16 e 17 a seguir.

63

O Gráfico 14 mostra avaliação favorável desses professores no atendimento a

formação do Ensino Médio e do Ensino Técnico Profissionalizante. Observe-se que os

comentários desenvolvidos na seção anterior transparecem tanto no índice de aceitação como

no índice de restrição, cujas respostas sempre incluem referências ao vestibular.

Quanto aos elevados índices de avaliação desfavorável, qualquer que seja a

finalidade de ensino observada, mais uma vez parecem envolver o desconhecimento do

currículo e do plano político pedagógico institucional da unidade de ensino, definido pela Lei

9.394/96, revisado e consolidado pelo inc. I do art. 7º da Lei 11.892 de 29/12/2008, que criou

a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada ao Ministério

da Educação, senão vejamos:

Seção II

Das Finalidades e Características dos Institutos Federais

Art. 6º - Os Institutos Federais têm por finalidades e características:

I – Ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os níveis e

modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas a atuação

profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no

desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional; [...]

Seção III

Dos Objetivos dos Institutos Federais

Art. 7º - Observadas as finalidades e características definidas no Art. 6º

desta Lei, são objetivos dos Institutos Federais:

I – ministrar educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente

na forma de cursos integrados, para os concluintes do ensino fundamental e

para o público da educação de jovens e adultos.(BRASIL, 2008, p. 3/4 )

Os Gráficos 15 e 16, avaliando o foco e o empenho dos professores no

atendimento a formação do Ensino Médio e do Ensino Técnico Profissionalizante, mostram

altos índices de avaliações favoráveis e desfavoráveis, configurando a existência de dois

GRÁFICO 14 - Os professores estão preparados

para atender os objetivos do curso?

60

11,7

28,3

53,3

15

31,7

0

10

20

30

40

50

60

70

sim em termos não

%

ensino profissionalizante ensino médio

Ver Nota 1

64

grupos de alunos com interesses distintos, que apresentam forte polarização na aceitação ou

não aceitação das práticas docentes. Condição em que transferem aos professores a

responsabilidade de suas restrições ao currículo institucional. Aparentemente, são reflexos da

situação já avaliada em seções anteriores. A diferença de intensidade da restrição pode ser

atribuída a natureza da atividade de ensino avaliada.

Criticar empenho e foco de professores é bem mais fácil do que criticar os

conhecimentos dos mesmos. É conveniente ressaltar que a origem do problema não está

localizada no conhecimento dos professores. O colégio apresenta bons professores, fato

comprovado e reconhecido pelos seus resultados. O que transparece na pesquisa é o

questionamento sobre o foco e o empenho do professor para alcançar objetivos, no caso

priorizados sob duas perspectivas conflitantes: a formação profissional e a preparação para o

vestibular.

Ao comentar os Gráficos 15 e 16, estas situações afloram nos índices

Ver Nota 1

GRÁFICO 15 - Os professores são focados nos

objetivos do curso?

55

10

35

44,1

11,8

44,1

0

10

20

30

40

50

60

sim em termos não

%

ensino profissionalizante ensino médio

GRÁFICO 16 - Os professores estão

empenhados nos objetivos do curso?

43,3

18,4

38,343,3

22,7

34

0

10

20

30

40

50

sim em termos não

%

ensino profissionalizante ensino médio

Ver Nota 1

65

praticamente iguais de avaliações positivas e negativas. Salienta-se no Gráfico 15, o mesmo

índice de 44,1% de aceitação e restrição para os professores do ensino médio no quesito

“Foco no Objetivo”.

Nossa avaliação será encerrada pela análise do Gráfico 17, que trouxe

informações conclusivas para nossa pesquisa.

A partir do Gráfico 17 vamos observar que para ambos os blocos de

professores, do ensino médio e do ensino profissionalizante, o índice de restrição a esta

habilidade excede, e em muito, o índice de aprovação aos mesmos. Considerando valores

médios para ambos os grupos de professores, verificamos que a rejeição com índice de 55,8%

é mais do dobro da aceitação, em torno de 25%. Este último quadro, muito expressivo, mostra

os professores vistos com muito baixa capacidade de estímulo para qualquer que seja a meta

do aluno.

Entretanto, respostas do tipo “Foca demais no ensino técnico” e “foi necessário

dividir a atenção entre o ensino médio e o técnico profissionalizante” apresentadas em

respostas a questões anteriores permitem que, pelo menos nesta análise, isentemos os

professores e nos aproximemos de resultados mais amplos e nos permitem inferir que cada

grupo de alunos considera desfavoravelmente os professores voltados para o interesse do

outro grupo.

Esta avaliação, considerada em conjunto com as avaliações anteriores, nos

permitirá emitir uma primeira idéia de como os alunos da educação profissional técnica de

nível médio gerenciam a definição da escolha entre o prolongamento dos estudos escolares e

o ingresso no mundo do trabalho.

A primeira premissa a ser observada é que, na 3ª série dos cursos avaliados,

Ver Nota 1

GRÁFICO 17 - Os professores estimulam os

alunos para que alcançem seus objetivos?

26,720

53,3

23,318,4

58,3

0

10

20

30

40

50

60

70

sim em termos não

%

ensino profissionalizante ensino médio

66

todos os alunos do campo amostral já estão definidos pelo prolongamento da vida escolar e

acesso ao ensino superior. Isto foi informado de forma direta na resposta à Questão 38 da

pesquisa, que indaga sobre as pretensões de ingresso nos cursos universitários, e manifestado

nas diversas respostas apresentadas ao questionário.

Os esforços para que fossem vencidas as 1ª e 2ª séries foram muito grandes e

envolveram muitos sacrifícios, não sendo justificável que, agora, ao completar a 3ª Série, a

possibilidade de se alcançar um patamar superior de escolaridade seja abandonada. Então, não

havendo riscos de perdas, somente de ganhos, por que não arriscar?

Com a boa formação garantida pelo ensino dos Institutos Federais, há mais

chances de se ganhar mais e pouca ou nenhuma chance de se perder o já conseguido. Por que

não pleitear esta vaga?

Na 3ª série a estratégia adotada passa a ser então prestigiar as disciplinas

envolvidas com este passo de acesso ao ensino superior. As demais disciplinas são

gerenciadas apenas para evitar que se comprometa a finalização do ensino médio, de cujo

diploma dependem em ambas as alternativas. Finalização importante mesmo em caso de

insucesso no ingresso ao ensino superior, situação em que o diploma abrirá portas e permitirá

a obtenção de habilitação legal de técnico de nível médio.

Concluindo a avaliação dos dados apresentados no Gráfico 17, teremos então

identificado os alunos e professores envolvidos com cadeiras de interesse imediato, que

configuram dois grupos, identificados pela sua aspiração maior, vestibular ou

profissionalização. Essa situação certamente evoluirá para a definição de dois grupos de

alunos, de interesses opostos, identificados pelos professores como aqueles participantes e

interessados em sua disciplina e os outros. Os alunos, da mesma forma, também classificam

os professores e disciplinas de acordo com o atendimento à sua meta.

Esta constatação sugere que os alunos orientam o foco de sua preocupação,

relegando a segundo plano o ensino não desejado, estudando para as disciplinas do outro

grupo apenas o necessário para garantir sua aprovação no curso como um todo (obtenção da

credencial) e concentram sua capacidade e empenho nas cadeiras da modalidade de curso do

seu real interesse, seja ele o dirigido ao vestibular ou ao profissionalizante.

Este duplo movimento, da exigência de novos níveis ou de novos conteúdos

dentro do currículo vigente por parte dos alunos, assim como de sua possível concessão por

parte de alguns professores, pode ser considerado, inclusive, como o estabelecimento de um

currículo contrafacção ao institucional e que atrairá, nas próximas oportunidades, mais alunos

apenas interessados nos vestibulares. Para estas turmas avaliadas e que incorporam os sujeitos

67

de nossa pesquisa, podemos estender nossa exploração considerando que o possível

desconhecimento do currículo, na ocasião recentemente alterado, assim como a crença na

validade de um currículo que então já não existia mais, levou os alunos a exigirem dos

professores este novo direcionamento curricular não condizente com o instituído, mas em

parte condizente com seus interesses de alunos (e de professores) e que não lhes era devido,

mas que em alguns casos foi atendido.

Esta hipótese talvez possa ser reforçada pela observação da Tabela 11, que

mostra os índices de reprovação e evasão de alunos observados nos cursos. Acreditamos que

os índices de evasão e reprovação superiores a 20% representem uma primeira reação à nova

configuração escolar de ensino médio integrado ao ensino técnico profissionalizante adotado

pelo Instituto, principalmente observando nos registros que estas retenções e evasões

ocorreram em sua maioria nas primeiras séries.

Muitos alunos podem ter abandonado os cursos tão logo perceberam a

incompatibilidades destes com seus respectivos projetos escolares e de vida.

Devido ao êxito demonstrado pelos alunos do Instituto Federal nos exames

vestibulares, esta prática de desvio da finalidade do currículo apresenta como problema

principal sua capacidade de atração de bons alunos, desde o início interessados apenas no

ensino superior. Este processo mesmo podendo ser considerado legítimo, não é condizente

com a finalidade do instituto. Implica em mais e mais bons alunos, interessados apenas em um

bom ensino médio, sendo atraídos a cada ano, até se apropriarem da maioria ou da totalidade

das vagas. Este fato impede que outros interessados (em princípio) na formação profissional,

utilizem-se desse recurso disponibilizado pelo governo federal como alternativa ao ensino

superior e de acesso ao mundo do trabalho.

PRIMEIRAS TURMAS

CURSOS RETENÇÃO E EVASÃO %

ELETROTÉCNICA 22,86

ELETROMECÂNICA 28,57

MECÂNICA 37,14

EDIFICAÇÕES 20,00

INFORMÁTICA 8,57

METALURGIA 8,57

TOTAL 20,95

Ver Nota 1

TABELA 11CURSOS TÉCNICOS

INTEGRADOS

68

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A promulgação da Constituição Federal de 1988 trouxe modificações no ensino

nacional, entre elas a ampliação do Ensino Fundamental, hoje, em termos práticos,

universalizado para a população em idade escolar. Os problemas de falta de equidade

existente em todos os níveis de ensino, porém, se apresentam também neste nível inicial de

aprendizado. Esforços de criação de creche escola, incrementos na educação infantil e, mesmo

no ensino fundamental, anos iniciais e finais, tentam acabar com estas diversidades.

Resultado desta universalização do ensino fundamental, a necessária e

consequente expansão do ensino médio, expressa na Emenda Constitucional 59 de 11/11/2009

e consolidada na modificação do Art. 208 da Constituição Federal, trouxe ao ensino médio

problemas adicionais aos que já eram enfrentados antes mesmo da instituição de sua

obrigatoriedade. Alguns oriundos das mazelas do ensino fundamental, classificada por Castro

(2009, p. 157) como “A herança maldita do fundamental”; outros advindos da própria

ambiguidade de suas muitas obrigações ditadas pelos artigos 35 e 36-A da LDB 9394/96, já

amplamente enunciados no corpo deste trabalho, e outras ainda geradas pelo contraste com

sua obrigação histórica de preparação para o ensino superior (MANFREDI, 2002;

ROMANELLI, 2009).

A universalidade do Ensino Fundamental, sem a necessária equidade, resultou

em grande heterogeneidade de seus egressos, o que implicou grandes problemas para o

Ensino Médio que deve acolhê-los. Castro (2008) indica como inevitável que o Ensino Médio

reproduza estas variações.

Além de se adequar para resolver os problemas trazidos do Fundamental, o

Ensino Médio, em fase de universalização, necessita resolver sua crise, que na realidade é

uma crise de identidade.

O primeiro e mais importante aspecto trazido pela política de universalização

do Ensino Médio é o de que ele perdeu seu caráter de orientação exclusiva para o ensino

superior, deixou de ser a educação exclusiva para formação das elites dirigentes, espírito que

o anima desde os tempos de Colônia e ganhou um caráter novo, de orientação geral, de muitos

69

destinos, inclusive para o mundo do trabalho, em suas muitas vertentes.

Séculos de prática, desde os tempos de Brasil Colônia, sempre associaram o

ensino médio à preparação das elites dirigentes para o ensino superior. Sua origem jesuítica

(ROMANELLI, 2009, p. 23) sempre dirigiu sua orientação no sentido humanista e da cultura

letrada, quando se pretendia “formar o espírito ilustrado, não o espírito criador”. Seu cerne

não é inovador.

Séculos de prática de cultura escravista também deixaram seu legado de

tradição e de considerar o trabalho manual como trabalho vil, de considerar a atividade não

intelectual como atividade menor:

O ensino que os padres jesuítas ministravam era completamente alheio à

realidade da vida da Colônia. Desinteressado, destinado a dar cultura geral

básica, sem qualificar para o trabalho, uniforme e neutro, [...] Por outro

lado, a instrução em si não representava grande coisa na construção da

sociedade nascente. [...] O ensino, assim, foi conservado a margem, sem

utilidade prática visível para uma economia fundada na agricultura

rudimentar e no trabalho escravo. (Idem, idem, p. 34)

Fatos que resultaram no discurso de separação social da educação e do

trabalho. Discurso que tornado hegemônico, contribuiu e contribui para engessar ainda mais o

ensino médio em um único modelo, a despeito de sua regulamentação.

É importante observar este aspecto modernizador da LDB 9.394/96.

Outro ponto já comentado no corpo do trabalho e que merece ser enfatizado é a

importância da criação da educação profissional técnica de nível médio nas modalidades

concomitante e sequencial (posteriormente denominada subsequente), trazidas pelo Art. 5 do

DL 2208/97 e não revogadas pelo DL 5.154/2004.

A importância das modalidades de educação profissional técnica de nível

médio, o ensino técnico, não está na possibilidade de aliviar a demanda por vagas no ensino

superior, mas na de abrir um itinerário novo, independente daquele nível de ensino, para os

que assim o desejarem. Pelos dados da Tabela 3 mostrados na página 39 deste relatório,

observamos sua procura, que nas duas modalidades é 4,9 vezes a procura pela educação

profissional técnica integrada ao ensino médio.

O aumento de vagas na educação profissional técnica integrada ao ensino

médio, hoje na propaganda oficial em 500.000 vagas28

, talvez diminua a procura pelo ensino

médio profissionalizante na modalidade concomitante, mas não podemos nos esquecer que

tais vagas, mantido o caráter propedêutico do ensino médio, provavelmente serão apropriadas

28

Disponível em http://redefederal.mec.gov.br/index.php acessado em 15/10/2009

70

pelas classes mais favorecidas, historicamente mais competentes na sua conquista.

Note-se que estas vagas serão disponibilizadas no período diurno e são de

unidades públicas que pretendem alta qualidade de ensino, com bons investimentos na infra-

estrutura, prevendo que a qualidade da infra-estrutura tenha influência no rendimento escolar

dos alunos mais carentes. Nesta situação, se confirmado Soares (2005, p.108) “os alunos das

classes mais favorecidas, apropriam-se de forma mais eficiente da melhoria das condições da

escola.”.

Estes alunos ao freqüentar estas escolas são os que, por determinação de

herança cultural de suas famílias, naturalmente pretendem ir além do ensino médio. Herança

cultural comprovada na pesquisa empírica aqui desenvolvida pelos índices de baixo número

de filhos, pais (pai e/ou mãe) com ensino de nível médio ou superior completos e pelo nível

de renda familiar.

Esta divergência de finalidades – ensino superior x mundo do trabalho, uma

vez definida a priori, será causa de possível contrafluxo de interesses na prática diária,

atuando como grave elemento de desgaste e de desmotivação, para ambos – professores e

alunos.

Estas últimas análises escondem ponto controverso observado em toda esta

pesquisa.

A pesquisa sócio demográfica mostrou o perfil das famílias na retaguarda dos

alunos concluintes do ensino médio profissionalizante do Instituto. Formam conjunto

heterogêneo. São indicadas famílias com renda que vão de menos de dois até mais de doze

salários mínimos, ao lado de profissões maternas que vão de doméstica (não dona-de-casa) até

médica e pedagoga com pós-graduação e de profissões paternas que vão de cobrador de

ônibus até engenheiro e tesoureiro de firma de porte. As famílias mais pobres constituem

minoria.

Além de apontar problemas, esta situação, porém parece configurar um salutar

“„efeito de pares‟, observado quando alunos privilegiados social e culturalmente freqüentam a

mesma escola” (SOARES, 2005, p. 103) induzindo comportamentos favoráveis ao melhor

aproveitamento escolar, que, no caso em análise, podemos dizer que tenha elevado o

rendimento de todo o grupo. Nas respostas à Questão 41 da pesquisa: Qual é ou foi a melhor

coisa da escola? Observou-se a grande incidência de resposta do tipo “a melhor coisa da

escola foram as amizades” ou “o círculo de amizades”. Este círculo social virtuoso certamente

influiu para que muitos alunos, que originalmente não se sabiam capazes, passassem a aspirar

o ingresso no ensino superior. Uma grande maioria obteve sucesso na tentativa de tal acesso.

71

Com números ainda incertos pela proximidade dos resultados, podemos

afirmar que grande número de alunos do Instituto ingressou no ensino superior. Fato

comemorável, indicativo de sucesso em qualquer unidade de ensino médio, porém, que exige

reflexões.

Primeira dúvida - Seria ética esta mudança da função da educação profissional

técnica de nível médio integrada ao ensino médio, afastando-o da formação profissional,

mesmo que para a obtenção de sucesso no acesso ao ensino superior?

Outra dúvida – Como ficaria a função social do Instituto se o considerássemos

de outra forma, observando que grande parte do esforço de formação de técnicos de nível

médio, de alguma forma, foi perdido?

Aprofundando esta dúvida - Como ficaria a função social do Instituto se o

considerássemos de outra forma, observando que igual parcela de jovens que realmente

necessitava dessa formação profissionalizante para alcançar inserção na sociedade e nível

mais digno de vida ficou impedida de obtê-la?

Outra dúvida – Observando nossos alunos atuais, alguns de certa forma,

também carentes, que necessitam apenas de um pequeno “empurrão” para dar o grande salto

qualitativo de acesso à educação superior, seria ético privá-los deste pequeno empurrão?

Análise menos acurada indicaria que este problema poderia ser facilmente

resolvido por adequação ou melhoria do método de ingresso adotado.

O método de ingresso no Instituto continua sendo o mesmo praticado pelo

Colégio Técnico Universitário/UFJF ao longo de sua atuação – exame de seleção universal

dos alunos melhores e mais preparados (prática de inclusão dos incluídos?), no qual a única

exigência é a conclusão do ensino fundamental. Sendo democrático por um viés de

interpretação, permite a apropriação de suas vagas por alunos que talvez dela não necessitem

e pretendem utilizar seu ensino apenas como meio de acesso ao ensino superior. Fato já

comentado e que, apesar de aceito como normal, exclui de seus bancos parcela de alunos de

formação mais deficiente e que certamente fariam deles uso mais acorde com seu projeto

político pedagógico institucional, conforme também já indicado.

Mesmo esta avaliação, porém, ainda deixa dúvidas.

Se, por mais justo, o critério de seleção privilegiasse alunos de formação mais

deficiente e mesmo mais carentes de recursos educativos e financeiros, estes talvez tirassem

mais proveito da formação profissional, mas, com certeza, mesmo este procedimento traria

consigo efeitos bastante desagradáveis, alguns certamente de considerável monta.

Antigo diretor alertou que processos de ingresso que não implicassem na

72

seleção dos melhores teriam, de imediato, dois efeitos colaterais: o primeiro, com a queda da

qualificação dos alunos ingressantes, haveria a necessidade de aumento de empenho e de

horas de aula dos professores para conseguir, se conseguissem, melhorar seus níveis de

aprendizado. Haveria acréscimo de repetências e deterioração na qualidade dos pontos obtidos

no ENEM. A redução no número de aprovados nos vestibulares implicaria perda de

importância e representatividade do Instituto no ranking escolar e queda de sua atratividade.

O segundo, e mais grave, ainda em decorrência das perdas acima, critérios de

responsabilização levariam ao sub-financiamento da unidade, com efeitos imprevisíveis.

O financiamento do ensino médio, mesmo com o FUNDEB – Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da

Educação criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº

11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, em substituição ao Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF, que

vigorou de 1998 a 200629

, continua campo de disputa, com várias correntes tentando fazer

prevalecer suas opiniões. Pressões decorrentes de maus resultados em testes tipo PISA e

PREAL orientam a ações de responsabilização (accountability) por parte de dirigentes e

professores.

Qual procedimento a ser adotado?

Finalizando esta análise observamos que os alunos concluintes das primeiras

turmas de educação profissional técnica de nível médio, praticadas em nosso Instituto Federal,

prioritariamente na forma de cursos integrados, conforme definido na Seção II, Art. 7º, Inc. I

da Lei 11.892/2008, da mesma forma que verificado em todas as demais pesquisas

observadas, para os vários tipos de escolas pública ou particulares, a despeito de sua formação

profissionalizante, procuraram ingresso no ensino superior. Grande parte obteve sucesso.

Concluímos também que, pelas análises desenvolvidas, este provavelmente

será o comportamento padrão das próximas turmas, pelo menos enquanto o processo de

seleção de ingressantes for o de seleção dos alunos de melhor rendimento.

A partir desta situação, estas turmas tendem a apresentar bons resultados e

terão como subproduto meritório um grande número de alunos aprovados em exames

vestibulares de unidades de ensino superior.

Como vimos, estes cursos continuarão atraindo jovens de classes mais

favorecidas em busca de ensino médio gratuito e de qualidade, mas darão abrigo também a

29

Conforme Ministério da Educação, disponível em http://www.fnde.gov.br/index.php/financ-fundeb , acessado

em 23/04/2011

73

alguns dos jovens mais brilhantes oriundos de famílias mais pobres.

Pela natureza politécnica de sua formação terão mais chances de sucesso nos

exames vestibulares que seus colegas oriundos de cursos meramente propedêuticos.

Estes cursos continuarão a formar um baixo índice de estudantes interessados

no ingresso direto no mundo do trabalho, pois dos poucos que ingressarem com esta

disposição, a maioria será seduzida, conforme indicado por Castro (2005, p. 157) pela

oportunidade e pela possibilidade de acesso ao ensino superior:

[...] cerca de cem escolas federais estavam preparando técnicos que

rarissimamente se tornavam técnicos. Eles vinham cada vez mais das

classes média e alta, [...]. Os poucos alunos de origens mais modestas que

conseguiam se matricular eram rapidamente convencidos de que buscar o

ensino superior era a melhor opção, [...].

Como subproduto vicioso, estes cursos continuarão negando aos alunos

oriundos de classes menos favorecidas, formados em escolas de ensino fundamental de

qualidade mais heterogênea, a legítima oportunidade de inserção social por meio de

escolarização adequada simultânea a uma boa formação profissional.

Quinze anos após a contestada promulgação da atual LDBEN, a modalidade

educação profissional integrada ao ensino médio continua sofrendo os mesmos males que a

afligiam nos tempos da Lei 5.692/71, que a precedeu, com os mesmos desvios de função e a

constatação de que o ensino médio ainda não sabe, ou ainda não conseguiu, ou mesmo, ainda

não quer, preparar seus alunos para o mundo do trabalho.

74

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______. Emenda constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Acrescenta o § 3º ao art. 76 [...],

dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino de

quatro a dezessete anos [...]

______.Decreto-lei n. 4.073, de 30 de janeiro de 1942, que organizou o ensino industrial;

______.Decreto-lei n. 4.048, de 22 de janeiro de 1942, que instituiu o Senai

______.Decreto-lei n.4.244, de 9 de abril de 1942, que organizou o ensino secundário em dois ciclos:

o ginasial, com quatro anos, e o colegial, com três anos;

______. Decreto-lei n. 8.529, de 02 de janeiro de 1946, que organizou o ensino primário a nível

nacional;

______.Decreto-lei n.6.141, de 28 de dezembro de 1943, que reformou o ensino comercial.

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______. Ministério da Educação e Cultura. Conselho Nacional da Educação. Câmara da Educação

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80

ANEXOS

Anexo 1 – Edital

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA COLÉGIO TÉCNICO UNIVERSITÁRIO

- EDITAL -

De ordem do Pró-Reitor de Graduação, faço público que, nos termos da legislação

vigente, estão abertas as inscrições para o Exame de Seleção do COLÉGIO TÉCNICO

UNIVERSITÁRIO (CTU) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF), para

matrícula do ano letivo de 2008, dos Cursos abaixo relacionados, obedecendo às instruções do

presente Edital.

1. DAS MODALIDADES DOS CURSOS, TURNOS, NÚMERO DE VAGAS E DURAÇÃO:

1.1. Cursos de Educação Profissional Técnica Integrada de Nível Médio: serão oferecidos aos alunos que concluíram o Ensino Fundamental.

Modalidade CURSOS Turno Nº de vagas

Duração do Curso

Educação Profissional

Técnica Integrada de Nível Médio

Edificações Diurno 35 3 anos mais estágio

Eletromecânica Diurno 35 3 anos mais estágio

Eletrotécnica Diurno 35 3 anos mais estágio

Informática Diurno 35 3 anos mais estágio

Mecânica Diurno 35 3 anos mais estágio

Metalurgia Diurno 35 3 anos mais estágio

1.2. Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio com Concomitância: serão oferecidos aos

alunos que concluíram o Ensino Médio ou que estarão cursando pelo menos a 2ª Série do Ensino Médio no ano letivo de 2008.

Modalidade CURSOS Turno Nº de vagas

Duração do Curso

Educação Profissional

Técnica de Nível Médio

com Concomitância

Design de Móveis Diurno 20 1 ano e meio mais estágio

Edificações Noturno 30 2 anos mais estágio

Eletromecânica Noturno 25 2 anos mais estágio

Eletrotécnica Noturno 25 2 anos mais estágio

Metalurgia Noturno 30 2 anos mais estágio

Transporte e Trânsito Noturno 30 1 ano mais estágio

Transações Imobiliárias (*) Noturno 25 1 ano mais estágio

Turismo Noturno 30 1 ano e meio mais estágio

(*) Idade Mínima: 18 anos. a) Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Subseqüente: será oferecido aos

81

alunos que concluíram o Ensino Médio.

Modalidade CURSOS Turno Nº de vagas

Duração do Curso

Educação Profissional

Técnica de Nível Médio

Subseqüente

Transações Imobiliárias (*) Noturno 10 1 ano mais estágio

(*) Vagas específicas destinadas, exclusivamente, a profissionais que já atuam no ramo imobiliário.

1.4. Curso de Ensino Médio: será oferecido aos alunos que já se encontram matriculados na 1ª ou 2ª série do Ensino Médio.

Modalidade CURSOS Turno Nº de vagas

Ensino Médio

2ª série Diurno 05

3ª Série Diurno 05

3ª Série Noturno 08

2. DAS PROVAS E DATAS

2.1. As provas serão realizadas em uma única etapa, nos dias e horários determinados neste Edital, no Colégio Técnico Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, situado à Rua Bernardo Mascarenhas, 1283 – Bairro Fábrica. Caso haja necessidade de realização das provas em outro local, o candidato será avisado, com antecedência, sobre o endereço em que deverá se apresentar.

Educação Profissional Técnica Integrada de Nível Médio e 2ª e 3ª Séries do Ensino Médio (itens

1.1 e 1.4) Dia 07/01/2008 – segunda-feira – De 8 h às 11 h

Prova I: Língua Portuguesa, Física, Química e Biologia. Dia 08/01/2008 – terça-feira – De 8 h às 11 h

Prova II: Matemática, Geografia e História.

Educação Profissional Técnica de Nível Médio com Concomitância (item 1.2) Dia 07/01/2008 – segunda-feira - De 14 h às 17 h

Prova I: Língua Portuguesa, Física, Química e Biologia. Dia 08/01/2008 – terça-feira – De 14 h às 17 h

Prova II: Matemática, Geografia e História. Educação Profissional Técnica de Nível Médio Subseqüente (item 1.3) Dia 08/01/2008 – terça-feira – De 14 h às 17 h Prova de Conhecimento Específico.

2.2. O Exame de Seleção constará das seguintes provas, para os candidatos inscritos nas modalidades

constantes nos itens 1.1,1. 2,1. 3 e 1.4, elaboradas de acordo com os programas constantes no site do CTU.

82

Nº de questões Itens 1.1 e 1.2

Nº de questões Itens 1.4

Nº de questões Item 1.3

Prova I Língua Portuguesa e Literatura 20 10

Física 10 8

Química 10 8

Biologia 10 8

Prova II Matemática 20 14

História 10 8

Geografia 10 8

Prova de Conhecimento Específico

20

2.3. Da prova de Habilidade Específica para o Curso de Design de Móveis: 2.3.1. A prova de Habilidade Específica será aplicada no Colégio Técnico Universitário, no dia

11/12/2007, no horário de 14 h às 16 h, somente para os candidatos ao Curso Técnico em Design de Móveis, e constará da execução de desenhos, de observação, de interpretação e visão espacial.

2.3.2 Todos os candidatos deverão estar munidos de caneta com tinta preta ou azul, borracha de desenho, lápis ou lapiseira (grafite HB ou 2B) e lápis de desenho (4B a 6B).

2.3.3 O candidato considerado não-apto nessa prova terá o direito de fazer reopção pelo curso indicado em seu requerimento no ato da Inscrição.

2.4. Da prova de Conhecimentos Específicos do Curso de Transações Imobiliárias na modalidade Subseqüente (item 1.3).

2.4.1 A prova constará de 20 (vinte) questões de múltipla escolha, abordando aspectos práticos do cotidiano do profissional corretor de imóveis, valendo 40 (quarenta) pontos. Será eliminado o candidato que faltar ou não obtiver aproveitamento acima de zero.

2.4.2 A prova será realizada no dia 08/01/2008, no horário de 14h às 17h, com caráter eliminatório e classificatório.

2.4.3 Em caso de empate, a vaga será preenchida pelo candidato de idade maior.

3. DA CORREÇÃO E DOS CRITÉRIOS 3.1. As provas previstas nos itens 2.1 serão objetivas, com duração de 3 (três) horas cada e corrigidas

eletronicamente. 3.2. As provas para as 1as séries do Ensino de Educação Profissional Técnica Integrada de Nível Médio (item

1.1) terão por base os programas do Ensino Fundamental, sendo atribuídos 50 (cinqüenta) pontos para a Prova I e 40 (quarenta) pontos para a Prova II.

3.3. As provas para a 2a série do Ensino Médio (item 1.4) e dos Cursos de Educação Profissional Técnico de Nível Médio com Concomitância (Item 1.2) terão por base os programas do Ensino Fundamental e 1ª série do Ensino Médio, sendo atribuídos 34 (trinta e quatro) pontos para a Prova I e 30 (trinta) pontos para a Prova II.

3.4. As provas para as 3as séries (1.4) do Ensino Médio terão por base os programas do Ensino Fundamental, bem como os de 1ª e 2ª séries do Ensino Médio, sendo atribuídos 34 (trinta e quatro) pontos para a Prova I e 30 (trinta) pontos para a Prova II.

3.5. Será eliminado o candidato que faltar a qualquer uma das provas. 3.6. O candidato deverá apresentar-se munido do documento de identificação oficial com foto recente, caneta

esferográfica azul ou preta, lápis e borracha. 3.7. Em qualquer fase do Exame de Seleção, não será permitido ao candidato o uso de qualquer equipamento

eletrônico (calculadora, agenda, diário, relógio de qualquer tipo, celular, MP3, etc), bem com o uso de boné chapéu, óculos escuros, tiaras e similares.

3.8. O candidato só poderá retirar-se do local de aplicação das provas 60 (sessenta) minutos após o início de

83

sua realização. 3.9. Não haverá, em hipótese alguma, prova de 2ª chamada.

3.10. No caso de o candidato não poder locomover-se até o local das provas devido a algum tipo de enfermidade poderá fazer a prova onde estiver internado ou domiciliado, desde que esse atendimento seja requerido com apresentação do atestado médico (datado e assinado), e que sejam especificadas e indicadas as condições necessárias para a realização das provas.

3.11. O candidato beneficiado com o disposto no item 3.10 somente poderá submeter-se às provas na mesma data e horário estabelecido para os demais concorrentes.

3.12. Ao CTU, reserva-se o direito de atrasar o horário de início das provas previsto neste Edital, bem como de adiar o Exame de Seleção, por motivos fortuitos ou de força maior.

4. DA INSCRIÇÃO

4.1. As inscrições serão feitas através do site < www.ctu.ufjf.br >, no período de 29 de outubro a 09 de

dezembro de 2007, e nas dependências do CTU, situado à Rua Bernardo Mascarenhas, 1283 - Fábrica - Juiz de Fora/MG, no período de 26 a 30 de novembro de 2007, no horário de 9h às 19horas.

4.2 O candidato que solicitou Isenção da Taxa de Inscrição, no período de 01 a 19 de outubro de 2007, poderá consultar pela Internet o resultado de sua solicitação a partir de 29 de outubro de 2007.

4.3. A Taxa de Inscrição:

TAXA DE INSCRIÇÃO VALOR

(a) Para os candidatos que não participaram, nem foram agraciados no Processo de Isenção

R$50,00

(b) Para os candidatos ao Ensino Médio e Cursos Técnicos com Concomitância R$70,00

(c) Para os candidatos que conseguiram Isenção Parcial e alunos do CTU R$30,00

(d) Para os candidatos que conseguiram Isenção Máxima R$ 5,00

4.4. Para efetuarem suas inscrições, os candidatos ao Curso de Transações Imobiliárias (item 1.3), na

modalidade Subseqüente, deverão se apresentar no período de 26 a 30 de novembro, no Colégio Técnico Universitário, e estar munidos da Carta de Apresentação (Modelo fornecido pelo Colégio), preenchido e assinado, com firma reconhecida em cartório pelo responsável de Empresa do Setor Imobiliário ou pelo profissional autônomo. Tanto o responsável pela Empresa como o profissional autônomo deve ter Registro no Conselho Regional e Corretores de Imóveis (CRECI).

4.5. O candidato poderá consultar no site < www.ctu.ufjf.br >a confirmação de sua inscrição, bem como o

local e sala onde realizará as provas.

4.6. Este Edital, bem como o programa das provas, estarão disponíveis no site < www.ctu.ufjf.br > e na

Secretaria do Colégio Técnico Universitário.

5. DA CLASSIFICAÇÃO E PUBLICAÇÃO DOS RESULTADOS 5.1. As provas serão corrigidas eletronicamente e os candidatos serão classificados em ordem decrescente de

pontos. 5.2. Ocorrendo empate, serão adotados os seguintes critérios de desempate: 1. Maior pontuação em Português (Prova I); 2. Maior pontuação em Matemática (Prova II); 3. Idade maior. 5.3. Os candidatos selecionados, dentro do limite de vagas de cada Curso, terão seus nomes publicados em

listas afixadas nas dependências do Colégio Técnico Universitário e na Internet no seguinte endereço

eletrônico < www.ctu.ufjf.br >, no dia 21/01/2008.

6. DOS RECURSOS:

6.1. Caberá recurso, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, contado a partir da data de divulgação tanto do gabarito quanto da classificação final.

6.2. O recurso será dirigido ao Coordenador da COMISSÃO DE SELEÇÃO, em primeira instância, devendo o requerimento ser protocolado na Secretaria do Colégio Técnico Universitário, situado à Rua Bernardo Mascarenhas, 1283 – Bairro Fábrica – Juiz de Fora/MG.

6.3. O recurso deverá ser apresentado em folha separada para cada questão recorrida, com indicação do

84

número de questão, da resposta marcada pelo candidato e da resposta divulgada pelo CTU com argumentação lógica e consistente, bem como a indicação clara da bibliografia pesquisada pelo candidato referente a cada questão.

6.4. Admitir-se-á um único recurso por questão por candidato, devidamente fundamentado, sendo que não serão aceitos recursos coletivos.

6.5. Serão rejeitados, liminarmente, os recursos que não estiverem devidamente fundamentados ou, ainda, aqueles que derem entrada fora do prazo.

6.6. Se o exame dos recursos resultar em anulação de questão, o total de pontos possível será reduzido na quantidade de questões anuladas.

6.7. Se houver alteração do gabarito oficial, por força de provimento de algum recurso, as provas serão corrigidas de acordo com o novo gabarito.

7. DA MATRÍCULA

7.1. É vedado o Trancamento de Matrícula na 1ª Série dos Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio e nos 1os Módulos dos Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio com Concomitância e Subseqüente.

7.2. Será eliminado, e não efetuará matrícula, o candidato aprovado no processo seletivo que não apresentar a documentação comprobatória, conforme a exigência mínima de escolaridade, de acordo com a modalidade do Curso pretendido.

7.3. Não será permitido o registro acadêmico do candidato classificado que já esteja matriculado em outro Curso Técnico no CTU.

7.4. Perderá o direito à vaga o candidato aprovado no Exame de Seleção que não comparecer para efetuar sua matrícula na data prevista.

7.5. As instruções, para a matrícula, serão entregues aos candidatos durante a realização das provas no dia 08 de janeiro de 2008.

8. Os casos omissos serão analisados e resolvidos pela Comissão do Exame de Seleção CTU/2008.

Juiz de Fora, 04 de outubro de 2007.

Prof. Paulo Rogério Araújo Guimarães Visto: Prof. Eduardo Magrone Diretor Geral do CTU Pró-Reitor de Graduação da UFJF

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Anexo 2 – Instrumento de pesquisa

Instrumento de Pesquisa

Caro(a) Aluno(a),

Este questionário foi elaborado para você, aluno(a) do ensino médio integrado ao ensino

técnico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais,

Campus Juiz de Fora, matriculado nos diversos cursos.

Faz parte da pesquisa “Trabalho ou ensino superior? O projeto pedagógico do curso de

ensino médio integrado à educação profissional técnica e as escolhas do concluinte”, desenvolvida

no âmbito da linha de pesquisa “Políticas Públicas e Gestão” do Programa de Pós-Graduação em

Educação da Universidade Estácio de Sá.

Gostaríamos de contar com sua colaboração no sentido de responder ao questionário, para que

possamos conhecer melhor as aspirações de nossos alunos. Por esta razão, queremos saber quais são

suas expectativas neste final de curso e como os nossos esforços de formação são avaliados por vocês.

Sua participação séria e consciente é fundamental para que este perfil seja definido de maneira

real, com vantagens para toda a coletividade. Os respondentes não serão identificados e os dados

obtidos serão mantidos em sigilo.

Os alunos terão pleno acesso à análise das informações coletadas.

Instruções:

1) Responda ao questionário da maneira mais leal e sincera possível, individualmente, sem a

influência de terceiros;

2) Responda todas as questões, sempre utilizando caneta, assinalando com um “x”, escrevendo “sim

ou não” e escrevendo justificativas de forma legível quando for solicitado.

Observação : Caso você se disponha a participar de uma segunda etapa da pesquisa, composta

de entrevista, solicitamos que se identifique no último bloco deste questionário. Suas

informações serão despersonalizadas de forma a manter seu absoluto anonimato. Basta

preencher o bloco indicado, para permitir posterior contato.

Desde já agradecemos sua valiosa participação.

Muito obrigado.

Prof. Maximo Leon Feital

Juiz de Fora, novembro de 2010

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1ª PARTE – INFORMAÇÕES PESSOAIS

1 – Nascimento – mês/ano ________________________________________________________

2 – Sexo – m ( ) f ( )

3 – Natural de (cidade/u.f)_________________________________________________________

4 – Você se autodeclara:

( ) branco; ( ) pardo, mulato, mestiço; ( ) negro (afrodescendente);

( ) amarelo (oriental-descendente); ( ) índio (ameríndio)

5 – Seus pais:

( ) vivem juntos; ( ) um deles é (ou ambos são) falecido(s): ____________________________

( ) são separados.

6 – Número de irmãos, total: ___________ mais novos: ____________ mais velhos:__________

7 – Você mora:

a) em Juiz de Fora, no bairro: ______________________________________________________;

Este bairro é próximo ao instituto? (s/n) _____________________________________________;

b) em outra cidade / UF (qual): ______________________________________________________;

8 – Você mora:

( ) com os pais;

( ) com avós, tios, irmãos ....: ___________________________________________________;

( ) em república, com irmãos, amigos ...: __________________________________________;

( ) sozinho, em residência, hotel, pensão ...: _______________________________________ ;

( ) outros: ___________________________________________________________________.

9 – Qual a profissão/ocupação:

de seu pai: ______________________________________________________________________;

de sua mãe: ____________________________________________________________________:

de seu avô paterno: _______________________________________________________________;

de sua avó paterna: _______________________________________________________________;

de seu avô materno: _______________________________________________________________;

de sua avó materna: _______________________________________________________________;

10 – Qual o grau de escolaridade mais elevado presente em sua família e com o qual você tem

contato _________________________________________________________________________

11 – Quanto tempo você gasta no transporte casa-escola?_______________________________;

12 – Quanto tempo você gasta no transporte escola-casa?_______________________________;

13 – Escolaridade de seu pai: Fundamental: incompleto ( ) completo ( ); médio: incompleto ( )

completo ( ); Superior: incompleto ( ) completo ( ); Pós graduação ( )

14 – Escolaridade de sua mãe: Fundamental: incompleto ( ) completo ( ); médio: incompleto ( )

completo ( ); Superior: incompleto ( ) completo ( ); Pós graduação ( )

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15 – Perfil escolar:

Seu ensino fundamental foi feito em : ____________ anos;

Ensino fundamental – séries iniciais (1ª a 4ª): foi feito em: ____________ anos;

Ensino fundamental – séries finais (5ª a 8ª) : foi feito em: ____________ anos;

Seu ensino fundamental foi cursado em escola: parcial pública ( ) total pública ( ) privada ( )

Seu ensino médio está sendo completado em: ____________ anos;

Você abandonou alguma outra forma de ensino médio para cursar o ensino médio integrado ao ensino

profissionalizante? Sim ( ) não ( ) informe adicional: ________________________________

16 – Você faz diariamente o trajeto casa-escola:

( ) a pé; ( ) de bicicleta; ( ) de transporte coletivo interurbano / urbano; ( ) de carro ou moto;

( ) outro: ____________________________________________________________________.

17 – Você faz diariamente o trajeto escola-casa:

( ) a pé; ( ) de bicicleta; ( ) de transporte coletivo interurbano / urbano; ( ) de carro ou moto;

( ) outro: ____________________________________________________________________.

18 – Renda familiar – salário mínimo (SM) R$510,00

( ) até 2 SM ( ) até 4 SM ( ) até 8 SM ( ) até 12 SM ( ) superior a 12 SM

19 – Com que frequência você lê:

20 – Com que frequência você assiste

21 – Com que frequência você usa:

(se possível, quantifique em horas diárias ou semanais)

MATERIAL 1 - SEMPRE2 - ÀS

VEZES3 - NUNCA

A JORNAIS

B REVISTAS DE INFORMAÇÃO GERAL

CREVISTAS DE HUMOR/

QUADRINHOS/ENTRETENIMENTO

DREVISTAS DE DIVULGAÇÃO

CIENTÍFICA (CIENCIA HOJE,...)

ELIVROS DE LITERATURA

(ROMANCE, FICÇÃO,

1 - SEMPRE 2 - ÀS VEZES 3 - NUNCA

A TELEVISÃO

B CINEMA

C SHOW MUSICAL

D TEATRO

E CULTOS RELIGIOSOS

1 - SEMPRE 2 - ÀS VEZES 3 - NUNCA

A COMPUTADOR

B INTERNET

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22 – Você faz ou já fez alguma(s) desta(s) atividade(s)

2ª PARTE – RELACIONAMENTO COM O CURSO

Considerando seu ingresso no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de

Minas Gerais, Campus Juiz de Fora, antigo CTU:

23 – Quem decidiu que você deveria estudar no Instituto? (você ou outra pessoa - quem)

________________________________________________________________________________

24 – Por que foi decidido que você deveria estudar em curso técnico profissionalizante?

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

25 – Você acha importante cursar o ensino médio? (s/n), por quê?

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

26 – Você acha que o esforço de fazer o ensino integrado valeu a pena? (s/n), por quê?

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

27 – Você acha importante cursar o ensino profissionalizante? (s/n), por quê?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

28 – Você acha importante ingressar no ensino superior? (s/n), por quê?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

29 – Você acha importante começar logo a trabalhar? (s/n), por quê?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

30 – Leia as opções abaixo. Elas são as atribuições do ensino médio conforme Art. 35 e Art. 36

da LDB 1996. Considerando que estas atividades definem a sua formação, influenciando

diretamente sua vida e a de milhões de outros jovens, classifique hierarquicamente a ordem de

importância que você atribui a cada uma delas na sua formação, numerando de (1) – a mais

ATIVIDADE ESPECIFIQUE

ACURSO DE LINGUA ESTRANGEIRA

( INGLES, ESPANHOL,...)

BCURSO DE MÚSICA (VIOLÃO,

PIANO,...)

C

ATIVIDADE ESPORTIVO/CULTURAL

COM ACOMPANHAMENTO

PROFISSIONAL ( FUTEBOL, VOLEI,...)

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importante até (4) – a menos importante:

( ) aprimoramento da formação com conhecimentos gerais consolidados e profundos, adequados aos

exames vestibulares ao ensino superior (Art. 35-Al. I);

( ) formação voltada aos conhecimentos gerais, com orientação profissional, adequada ao ingresso

no mercado de trabalho (Art. 35-Al. II e Al. IV);

( ) formação voltada aos conhecimentos gerais, desenvolvendo sua formação ética, sua autonomia

intelectual e seu pensamento crítico, preparando-o para a convívio social e exercício da cidadania (Art.

35-Al.III);

( ) formação com conhecimentos gerais e específicos, com formação profissionalizante

adequada ao exercício de profissão técnica regulamentada, em nosso caso com registro no

CREA (Art. 36-A).

31 – Como você classifica a escolha pelo ensino médio integrado ao ensino profissionalizante ao

invés do ensino médio tradicional?

( ) ótima idéia; ( ) boa idéia; ( ) indiferente; ( ) má idéia.; ( ) péssima idéia

Por quê: ________________________________________________________________________

32 – Como você classifica seu relacionamento com o ensino médio integrado à formação

profissional que você está concluindo:

( ) gostei muito, ( ) foi melhor do que eu esperava; ( ) gostei;

( ) apenas suportei; ( ) não gostei, ( ) mal vejo a hora de terminar.

Por quê?___________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

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33 – Como você avalia o ensino médio recebido no Instituto:

( ) excelente; ( ) muito bom; ( ) regular; ( ) fraco; ( ) muito fraco; ( ) péssimo

Por quê?_________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

34 – Como você avalia o ensino técnico profissionalizante recebido no Instituto:

( ) excelente; ( ) muito bom; ( ) regular; ( ) fraco; ( ) muito fraco; ( ) péssimo

Por quê?______________________________________________________________

________________________________________________________________________________

35 – Você considera que o instituto ofereceu condições para atingir seus objetivos de ensino

médio profissionalizante:

a) Os professores do ensino profissionalizante são / estão:

Preparados para o objetivo? (s/n) ___________Focados no objetivo? (s/n)_________________

Competentes? (s/n) _______________________ Empenhados? (s/n) ________________________

Estimulantes? (s/n) ________________________________________________________________

b) Os professores do ensino médio são / estão:

Preparados para o objetivo? (s/n) ________________Focados no objetivo? (s/n) _______________

Competentes? (s/n) _______________________ Empenhados? (s/n) ________________________

Estimulantes? (s/n) ________________________________________________________________

c) Com relação à administração e órgãos administrativos:

A Direção é eficiente? (s/n) ______________ A organização escolar é eficiente? (s/n)___________

A secretaria é eficiente? (s/n) __________A Coordenação de Curso é eficiente? (s/n) _______

Orientação pedagógica é suficiente? (s/n) _______________ Adequada? (s/n)_________________

d) Com relação ao ensino:

O preparo do ensino profissionalizante é compatível com o mercado de trabalho? (s/n) Por quê ?

________________________________________________________________________________

O conteúdo do ensino médio é compatível com o exigido no vestibular? (s/n) Por quê ?

________________________________________________________________________________

36 – Com relação às suas instalações físicas, você considera que o Instituto oferece condições

adequadas para atingir os objetivos de ensino médio profissionalizante, no que se refere a:

infra-estrutura geral (s/n) _____________________oficinas (s/n) ___________________________

Os laboratórios são adequados? (s/n) __________________________________________________

As salas de estudo são adequadas? (s/n) ________________________________________________

A biblioteca é suficiente e adequada? (s/n) _____________________________________________

O infocentro é suficiente e adequado? (s/n) _____________________________________________

As áreas de convivência são suficientes? (s/n) __________________________________________

37 – Você pretende seguir a profissão do curso escolhido? (s/n) Por quê?

________________________________________________________________________________

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________________________________________________________________________________

38 – Você pretende fazer algum curso superior universitário? (s/n) _______________________

Qual?___________________________________________________________________________

39 – Você julga que exista outra maneira de se ter uma boa profissão sem ser através de curso

superior? (s/n) ________________ Por quê?________________________________________

________________________________________________________________________________

40 – Você acredita o ensino fornecido pelo instituto como suficiente para início da carreira

profissional? (s/n) ____________ por quê? ___________________________________________

________________________________________________________________________________

41 – Qual é ou foi a melhor coisa da escola? _________________________________________

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

42 – Qual é ou foi a pior coisa da escola? ____________________________________________

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

43– O que você acha do ensino técnico praticado no Instituto. Caso se interesse em marcar mais

de uma resposta, se julgar necessário, enumere-as atribuindo prioridade.

( ) foi importante, pois capacitou exercer uma profissão;

( ) foi importante, mas não pretendo trabalhar na mesma área do curso;

( ) vai ajudar a entrar no mercado de trabalho;

( ) foi muito fraco, não vai capacitar a uma profissão;

( ) ajudou na escolha do curso universitário;

( ) vai servir para obter um trabalho enquanto faço um curso universitário;

( ) será a base de minha futura profissão;

( ) infelizmente não ajudou em nada.

44 – Você está “fazendo” cursinho pré-vestibular? (s/n) ________________________________

45 – Você prestou exame de ENEM 2010? (s/n) _______________________________________

46 – Qual foi sua nota no ENEM? __________________________________________________

47 – Quais são seus planos para 2011:

( ) estagiar e depois trabalhar; ( ) estagiar e fazer cursinho; ( ) se entrar na faculdade, só estudar

( ) se entrar na faculdade, estudar e estagiar; ( ) se não entrar na faculdade, só estagiar e depois

trabalhar; ( ) se não entrar na faculdade, só fazer cursinho; ( ) se não entrar na faculdade, fazer

cursinho e estagiar; ( ) outros.

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

92

48 – o que você costuma fazer nos fins de semana (pode marcar mais de uma opção):

( ) ficar em casa e descansar; ( ) ficar em casa e navegar na internet; ( ) ir a igreja;

( ) sair com amigos; ( ) sair com a família; ( ) ir ao cinema; ( ) ir à balada; ( ) viajar;

( ) praticar esportes; ( ) estudar; ( ) trabalhar; ( ) ir ao cursinho; ( ) participar de atividade

organizada; ( )outros

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

continua no verso

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OUTRAS OPINIÕES:

(Caso você queira manifestar alguma opinião não abordada no questionário, não se acanhe)

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

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Inscrição:

Prezado aluno,

Caso você concorde em participar da segunda parte desta pesquisa, que consistirá em

entrevista cujos dados serão mantidos em absoluto sigilo, por favor, identifique-se abaixo,

de forma a permitir posterior contato.

Desde já agradecemos.

Muito obrigado.

Nome:

__________________________________________________________________________

Curso:________________________Telefones de Contato:_________________________