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Mestrado Alimentação Coletiva Evolução sensorial, microbiológica e nutricional durante o armazenamento de receitas vegetarianas submetidas a Cook-freeze Sara Raquel Duarte Rodrigues da Silva Porto, 2015

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Mestrado

Alimentação Coletiva

Evolução sensorial, microbiológica e nutricional

durante o armazenamento de receitas vegetarianas

submetidas a Cook-freeze

Sara Raquel Duarte Rodrigues da Silva

Porto, 2015

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Evolução sensorial, microbiológica e nutricional durante o armazenamento

de receitas vegetarianas submetidas a Cook-freeze

Sensory, microbiologic and nutritional evolution during storage of

vegetarian recipes submitted to Cook-freeze

Sara Raquel Duarte Rodrigues da Silva

Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

Orientador: Prof. Doutor Duarte Paulo Martins Torres, FCNAUP

Dissertação de candidatura ao grau de Mestre em Alimentação Coletiva

apresentada à Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade

do Porto

2015

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Dedicatória

A todos os que, durante meses, me foram relembrando que “quando a letra A não

funciona, existem mais 25 no alfabeto”, dedico este modesto trabalho, que, se a

alguns for leve ler, a mim deu trabalho fazer…

Assim mais uma etapa termina

Do meu percurso como estudante.

Aquele que começou no I.N.A.

Num passado bem distante.

Nicoli MC. Prefácio. In: Shelf Life Assessment of Food. Taylor & Francis Group, LLC. 2012.

Esta é uma curta dedicatória

Para quem esteve presente,

Em qualquer parte da minha história,

Seja ela antiga ou recente.

Como este espaço é limitado,

Optei por ninguém mencionar.

Quem influenciou o meu resultado

Conseguirá seu nome aqui encontrar.

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Agradecimentos

Agradeço ao Prof. Doutor Duarte Torres, por ter aceitado orientar o meu

trabalho ao longo do 2.º ano do MAC. O seu profissionalismo, competência e

disponibilidade foram determinantes na elaboração desta Dissertação.

À Eng.ª Celeste Pereira que, com um espírito de melhoria contínua e inovação,

sugeriu que se investigasse o tema em questão.

Ao Eng.º Filipe Pereira, pela constante disponibilidade e colaboração, bem

como pelo auxílio na obtenção das amostras do estudo.

Aos colaboradores do DA-SASUM e aos participantes nas provas de análise

sensorial, cujo contributo foi fundamental.

Ao Prof. Doutor Bruno Oliveira, por mais uma vez ter aceitado auxiliar-me no

tratamento estatístico dos dados obtidos.

À FCNAUP, em particular a todos os docentes do MAC, pelo contributo que

tiveram no enriquecimento do meu currículo profissional e pessoal.

Aos meus companheiros da B034, cúmplices nos momentos absurdamente

caricatos, sem os quais esta etapa do ciclo académico teria sido bastante mais

árdua.

À minha família, o trio que está comigo desde sempre e para sempre. Em

particular à minha irmã, com quem, após 23 anos, pude finalmente transformar a

nossa aprendizagem mútua em algo literal. Ao Tiago e a todos os meus amigos,

que souberam compreender os momentos de ausência e valorizar os de

presença.

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Resumo

Introdução: O consumo de alimentos de origem animal tem diminuído

globalmente, devido a questões de saúde, éticas, ambientais e sociais. Para

aumentar a oferta de refeições vegetarianas na UM, o DA-SASUM decidiu que as

receitas disponíveis seriam submetidas ao processo Cook-freeze. É essencial

assegurar que estas mantêm as características sensoriais, microbiológicas e

nutricionais ao longo do armazenamento, motivo pelo qual se torna essencial

determinar o seu prazo de validade.

Objetivos: Avaliar a evolução sensorial, microbiológica e nutricional de receitas

vegetarianas submetidas a Cook-freeze ao longo de 2 meses de armazenamento,

para determinação do seu prazo de validade.

Materiais e métodos: As receitas selecionadas foram preparadas e/ou

confecionadas de acordo com as respetivas fichas técnicas, tendo sido

submetidas ao processo Cook-freeze, com recurso a um abatedor de

temperatura. Foram analisadas nos diferentes tempos de armazenamento (t0, t1 e

t2), de acordo com cada tipo de análise. As amostras foram avaliadas

sensorialmente para todos os tempos de armazenamento no que diz respeito à

preferência e aceitação por parte dos consumidores. Em t0 e em t2, analisou-se a

contagem de MO totais a 30 ºC de acordo com a ISO 4833-1:2013. Em t0

determinou-se o teor de vitamina C, através de HPLC/UV-VIS. A informação

nutricional de cada receita foi determinada a partir da composição dos

ingredientes em cru, através da metodologia preconizada pela EuroFIR. Para

analisar os dados da análise sensorial, aplicou-se o teste de Friedman, o teste de

2 para a homogeneidade e o teste Q de Cochran, considerando-se um nível de

significância de 5% (p < 0,05).

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Resultados e Discussão: Verificou-se, genericamente, um decréscimo na

preferência dos provadores ao longo do tempo de armazenamento das receitas. A

diferença na ordenação efetuada pelos provadores foi estatisticamente

significativa no caso da feijoada e não teve significado estatístico para as receitas

pizza e crepes. Verificou-se um aumento geral da probabilidade de rejeição das

receitas à medida que o tempo de armazenamento aumentou. Quando

questionados se consumiriam as receitas caso fossem servidas nas suas casas, a

opinião geral dos provadores não diferiu de forma estatisticamente significativa

para as receitas pizza e crepes, mas encontraram-se diferenças para a feijoada.

Para além disso, verificou-se que a percentagem de opiniões positivas pelos

inquiridos foi significativamente superior a 50% em todos os tempos de

armazenamento, com exceção para a receita feijoada armazenada por 2 meses.

No momento t0, as receitas feijoada e crepes apresentaram valores satisfatórios

para o parâmetro contagem de microrganismos a 30 ºC, sendo que na receita

pizza os valores obtidos foram não satisfatórios, estando, no entanto, apta para

consumo humano. Após 2 meses de armazenamento em congelação, os valores

obtidos em todas as receitas foram semelhantes aos obtidos inicialmente. Entre

as receitas, em termos relativos, a feijoada é rica em proteína, caroteno, tiamina,

potássio, magnésio e ferro, sendo pobre em ácidos gordos saturados, ácidos

gordos trans, colesterol, vitamina D e vitamina B12. A pizza é rica em ácidos

gordos saturados, ácidos gordos polinsaturados, ácidos gordos trans, amido, α-

tocoferol, vitamina B12 e cálcio e os crepes são ricos em colesterol e vitamina D e

pobres em fibra e tiamina. No momento t0, o teor de vitamina C em todas as

receitas era < 5,0 mg/100 g, dados incoerentes com os valores de vitamina C

estimados por cálculo.

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Conclusões: A análise sensorial permitiu estimar que o prazo de validade da

feijoada situar-se-á entre 1 a 2 meses e será superior a 2 meses no caso da pizza

e dos crepes. A maior rejeição da feijoada poderá ser explicada pelo seu superior

grau de processamento, associado a uma maior quantidade de água livre. Do

ponto de vista microbiológico, no momento t0 as receitas feijoada e crepes

cumpriam o critério contagem de microrganismos a 30 ºC, algo que não se

verificou para a receita pizza, sendo que após 2 meses de congelação a

classificação desse parâmetro manteve-se para todas as receitas. Os valores

analíticos obtidos para a vitamina C não foram coerentes com os valores

estimados por cálculo, o que sugere a necessidade de integrar mais informação

sobre as alterações nutricionais, que ocorrem durante a cadeia de abastecimento

agroalimentar, nos métodos de estimativa do valor nutricional de receitas que

recorrem a bases de dados de composição de alimentos.

Palavras-Chave

Receita vegetariana | cook-freeze | congelação | prazo de validade | análise

sensorial

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Abstract

Introduction: The consumption of animal source foods has decreased globally,

due to health, ethical, environmental and social reasons. To increase the offer of

vegetarian meals at UM, the DA-SASUM has decided that all available meals

would be subjected to Cook-freeze process. It’s essential that during their storage

process these meals keep all sensorial, microbiological and nutritional

characteristics intact. For these reasons it’s then important to evaluate their shelf

life.

Objectives: Evaluate the sensorial, microbiological and nutritional evolution of

meals subjected to the Cook-freeze process for 2 months of storage, in order to

ascertain their shelf life.

Materials and methods: All of the selected recipes were assembled and/or

cooked according to their datasheet, being then submitted to the Cook-freeze

process through a blast chiller. They were analyzed at different storage times (t0,

t1 and t2), according to each analysis type. The consumers subjected all samples

to a sensory evaluation, for each of the storage times. At t0 and t2 the total

number of microorganisms at 30 ºC was counted according to the ISO 4833-

1:2013. At t0 the level of vitamin C was determined through HPLC/UV-VIS. The

nutritional information of each recipe was determined using information from its

raw ingredients, with the method recommended by EuroFIR. In order to analyze

the sensory data we applied the Friedman test, the 2 test for homogeneity and the

Cochran Q test, with a significance level of 5% (p < 0,05).

Results and Discussion: We verified that the tasters’ preference for the frozen

recipes decreased along storage time. The difference in the ordering done by the

tasters was statistically significant for the feijoada case, but was not statistically

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significant for both pizza and crepes. We verified a global increase in the

probability of rejection of a recipe along the storage time. When questioned if they

would eat these recipes if they were served at home, the tasters’ opinion did not

differ in a statistically significant way for the pizza and crepes recipe, but there

were differences for the feijoada recipe. We verified that the percentage of positive

opinions given by the tasters was significantly greater than 50% for all storage

times, with the exception of the feijoada recipe stored for 2 months. At t0, both

feijoada and crepes recipes had satisfactory values for the microorganism count at

30 °C, with the pizza values being less than satisfactory but still fit for human

consumption. After 2 months of freezing storage these values were identical to the

ones collected initially, for all recipes. In relative terms, between the

recipes, Feijoada is rich in protein, carotene, thiamin, potassium, magnesium and

iron, and poor in saturated fatty acids, trans fatty acids, cholesterol, vitamin D and

vitamin B12. Pizza is rich in saturated fatty acids, polyunsaturated fatty acids,

trans fatty acids, starch, α-tocopherol, vitamin B12 and calcium and crepes are

rich in cholesterol and vitamin D and poor in fiber and thiamine. At t0, the vitamin

C content for all recipes was less than 5.0 mg/100 g, this data being inconsistent

with the estimated vitamin C values.

Conclusion: The sensory analysis allowed us to estimate that the shelf life of

feijoada would be located between 1 and 2 months and greater than 2 months for

both pizza and crepes. The greater rejection of feijoada could be explained by its

higher processing, associated with a higher quantity of free water. From a

microbiology standpoint, at t0 the feijoada and crepes recipes fulfilled the criteria

count of microorganisms at 30 ºC, which didn’t happened for the pizza recipe.

After two months in freezing storage, that classification was maintained for all the

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recipes. The analytical values obtained for the vitamin

C weren’t consistent with the values estimated trough calculation, suggesting the

need to add more information about the nutritional changes, which occur during

the agrifood supply chain, on the methods used to estimate the recipes

nutritional value through databases of food composition.

Keywords

Vegetarian recipe | cook-freeze | freezing | shelf life | sensory analysis

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Índice

Dedicatória........................... ................................................................................... v

Resumo .................................................................................................................. ix

Abstract ................................................................................................................ xiii

Lista de Abreviaturas ............................................................................................ xix

Lista de Simbolos ................................................................................................ xixi

Lista de Figuras ................................................................................................... xxiii

Lista de Tabelas .................................................................................................. xxv

1. Introdução ........................................................................................................ 1

2. Objetivos ........................................................................................................ 13

2.1. Objetivo geral ............................................................................................. 13

2.2. Objetivos específicos ................................................................................. 13

3. Material e Métodos ......................................................................................... 15

3.1. Seleção da amostra e protocolo de amostragem .................................... 15

3.2. Confeção e armazenamento ................................................................... 15

3.3. Análise sensorial ..................................................................................... 21

3.4. Análise microbiológica ............................................................................. 23

3.5. Cálculo da composição nutricional das receitas ...................................... 24

3.6. Determinação do conteúdo em vitamina C ............................................. 25

3.7. Análise estatística ................................................................................... 26

4. Resultados e Discussão ................................................................................. 27

4.1. Análise sensorial ..................................................................................... 27

4.2. Análise microbiológica ............................................................................. 32

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4.3. Cálculo da composição nutricional das receitas ...................................... 36

4.4. Determinação do conteúdo em vitamina C .............................................. 38

4.5. Dificuldades e Limitações ........................................................................ 39

5. Conclusões .................................................................................................... 41

6. Referências Bibliográficas ............................................................................. 43

Anexos .............................................................................................................. 47

Anexo A ............................................................................................................ 49

Anexo B ............................................................................................................ 57

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Lista de Abreviaturas

aw: atividade da água;

DA-SASUM: Departamento Alimentar – Serviços de Ação Social da

Universidade do Minho;

EuroFIR: European Food Information Resource;

GA: géneros alimentícios;

HPA: Health Protection Agency;

HPLC: High-Performance Liquid Chromatography;

INSA: Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge;

ISO: International Organization for Standardization;

Log: logaritmo;

LQ: limite de quantificação;

MO: microrganismos;

NA: não aplicável;

NE: número estimado;

PrNP: projeto de Norma Portuguesa;

t0: tempo inicial;

t1: 1 mês de armazenamento;

t2: 2 meses de armazenamento;

UFC: Unidade Formadora de Colónias;

UM: Universidade do Minho;

UV-VIS: Ultraviolet-Visible Spectrophotometry.

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Lista de símbolos

mg: miligrama;

mg/100g: miligrama por 100 grama;

nm: nanómetro;

µg: micrograma.

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Lista de Figuras

Figura 1: Diagrama ilustrativo do processo Cook-freeze……...……………………..7

Figura 2: Feijoada pré-congelação……………………………………………………16

Figura 3: Pizza pré-congelação………………………………………………………..17

Figura 4: Crepes pré-congelação……………………………………………………..17

Figura 5: Feijoada pós-congelação……………………………………………….…..18

Figura 6: Pizza pós-congelação…………………………………………………....…19

Figura 7: Crepes pós-congelação……………………………………………….……19

Figura 8: Feijoada embalada e rotulada………………………………………….…..20

Figura 9: Pizza embalada e rotulada…………………………………………………20

Figura 10: Crepes embalados e rotulados…………………………………………...20

Figura 11: Amostras da receita feijoada……………………………………………...22

Figura 12: Amostras da receita pizza…………………………………………………23

Figura 13: Amostras da receita crepes……………………………………………….23

Figura 14: Procedimentos de cálculo da composição nutricional de receitas…...25

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xxv

Lista de Tabelas

Tabela 1: Distribuição das amostras produzidas para cada receita pelo tipo de

análise……………………………………………………………………………...…….17

Tabela 2: Preferência dos provadores relativamente a cada t de cada receita

(teste de Frideman).……………………………...………………………………….….29

Tabela 3: Opinião dos provadores relativamente a cada amostra de cada receita

caso fosse servida em suas casas (testes 2 para a homogeneidade e Q de

Cochran)…………………………………………………………………...…………….30

Tabela 4: Valores Guia para avaliação da qualidade microbiológica de alimentos

cozinhados prontos a comer…………………………………………………………..33

Tabela 5: Guia de interpretação dos resultados dos níveis de contagem de

colónias aeróbias em alimentos prontos para consumo……………………….…..34

Tabela 6: Resultados analíticos da contagem de microrganismos a 30 ºC

(UFC/g)…………………………………………………………………………………..35

Tabela 7: Composição nutricional por dose de receita…………………………….37

Tabela 8: Resultados analíticos da determinação de vitamina C (HPLC/UV-

VIS)........................................................................................................................38

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1

1. Introdução

Atualmente, os principais desafios da Saúde Pública e da Nutrição são as

alterações climáticas e a obesidade(1). A produção de géneros alimentícios (GA)

tem um impacto tremendo no planeta, nomeadamente no que diz respeito às

alterações climáticas(2), utilização de solos aráveis e água doce. O consumo

alimentar é um importante fator ambiental com impacto na sustentabilidade,

qualidade de vida, igualdade, desenvolvimento e segurança alimentar, sendo que

alguns ecologistas referem que a redução do consumo de proteína de origem

animal é o aspeto mais importante no que diz respeito à sustentabilidade do

planeta(3). De facto, alterar padrões alimentares, diminuindo o consumo de

produtos de origem animal, acarreta benefícios para a saúde e para o ambiente(4).

A alimentação vegetariana difere muito da não vegetariana em relação ao impacto

ambiental(5), na medida em que requer 2,9 vezes mais água, 2,5 vezes mais

energia primária, 13 vezes mais fertilizante e 1,4 vezes mais pesticidas, gerando,

ainda, mais gases com efeito de estufa(6).

A adoção de hábitos alimentares sustentáveis é influenciada por cinco fatores:

saúde, sustentabilidade ambiental, moral, identidade e fatores institucionais(3). Em

2010, a Food and Agriculture Organization introduziu o conceito de dieta

sustentável, que inclui aspetos relacionados com o impacto ambiental, adequação

nutricional, aceitação cultural, acesso a preços e desenvolvimento económico(7). A

alimentação vegetariana tem crescido globalmente, devido não exclusivamente a

questões de saúde, mas também éticas, ambientais e sociais, sendo apoiada por

muitos líderes das artes, ciências, música e desportos(8). Nos países

desenvolvidos, têm-se verificado alterações no padrão alimentar, nomeadamente

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pelo aumento de taxas de vegetarianismo e/ou redução do consumo e procura de

carne(3, 8). De facto, o futuro da alimentação vegetariana é muito promissor, devido

a uma crescente tomada de consciência dos potenciais benefícios de um estilo de

vida vegetariano(8). Estes benefícios têm sido estudados numa disciplina científica

denominada nutrição ecológica, um conceito holístico que tem como objetivo a

sustentabilidade(9), fazendo parte de uma “nova ciência da nutrição”, que engloba

não apenas aspetos relacionados com a dimensão biológica, mas também com

as dimensões social e ambiental(10). Esta disciplina abrange quatro dimensões,

nomeadamente, saúde, ambiente, sociedade e economia. A alimentação

vegetariana está perto de por um lado cumprir as exigências e por outro diminuir o

impacto nessas dimensões(9), sendo que os motivos que sustentam o futuro deste

tipo de alimentação podem ser agrupados precisamente nessas quatro

categorias:

1) Razões de saúde e higiénicas, na medida em as pessoas não querem

sofrer de patologias não transmissíveis, preveníveis através da alimentação;

2) Razões de sustentabilidade e paz, pois as pessoas querem continuar a ter

qualidade de vida, tendo a responsabilidade de tornar sustentável o futuro das

gerações futuras;

3) Razões éticas, morais, religiosas e espirituais, na medida em que as

pessoas não querem que os animais destinados ao consumo humano continuem

a sofrer apenas para satisfazer o apetite dos omnívoros;

4) Razões ecológicas, económicas e políticas, dado que as pessoas não

querem a destruição da vida e, consequentemente, do planeta, mesmo que o

clima se altere(8).

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Apesar desta alteração de comportamentos, para a maioria da população,

uma mudança extrema e repentina de hábitos enraizados pode não ser realista no

contexto atual, pelo que são necessárias estratégias não dicotómicas, ou seja, é

possível contribuir para um futuro mais sustentável sem adotar de forma estrita

uma alimentação vegetariana.

Westhoek, H. et al decidiu estudar as consequências para o ambiente e para

saúde humana caso os consumidores de uma região populosa substituíssem o

consumo de GA de origem animal por GA de origem vegetal. Esta questão foi

estudada relativamente aos 27 estados membros da União Europeia, uma região

com um consumo per capita de proteína de origem animal superior a muitas

outras zonas do planeta. Assumindo que a ingestão energética diária total se

mantém e que ocorrem as consequentes mudanças na produção de GA, uma

redução entre 25 e 50% do consumo de GA de origem animal provocaria uma

redução de 40% nas emissões de azoto, entre 25 e 40% na emissão de gases

responsáveis pelo efeito de estufa e de 23% do uso per capita de terrenos

agrícolas. Para além disso, as alterações alimentares também possibilitariam uma

redução dos riscos associados à saúde humana, permitindo um decréscimo na

mortalidade causada por patologias cardiovasculares, dado que haveria uma

redução de 40% na ingestão de gorduras saturadas. Por outro lado, a eficiência

do uso de azoto aumentaria de 18% para entre 41% e 47%, dependendo das

escolhas feitas relativas ao modo de utilização de terreno, o que provocaria uma

melhoria na qualidade do ar e da água no espaço europeu. De facto, reduzir entre

25 a 50% o consumo de GA de origem animal, substituindo-os por GA de origem

vegetal, poderá ser suficiente para diminuir o impacto do consumo alimentar a

nível global. Assim, optar por refeições vegetarianas 3 a 7 vezes por semana

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poderá ser uma alternativa viável, capaz de contribuir para a sustentabilidade do

planeta(4).

No setor da Alimentação Coletiva, muitos tipos de sistemas têm sido

desenvolvidos e adotados para ultrapassar os problemas da mão de obra não

qualificada e a necessidade de reduzir os custos operacionais. Estes sistemas

baseiam-se na industrialização das operações de catering, através da adoção de

métodos tecnológicos de processamento de GA, nomeadamente a produção

central e a utilização de equipamentos de larga escala(11). O sucesso destes

sistemas depende da incorporação de um time buffer, que interrompe o fluxo

contínuo característico da confeção tradicional. Este define-se como o estado

durante o qual os GA são preservados de forma segura e conveniente,

usualmente através de refrigeração ou congelação(12). Um exemplo de um

sistema de ligação a frio é o Cook-freeze, um processo através do qual GA

preparados ou confecionados são imediatamente congelados, devendo atingir a

temperatura de -18º C em, no máximo, 240 minutos(13), mantendo-se,

posteriormente, armazenados a temperatura de manutenção de congelados, ou

seja, menor ou igual a -18º C(14). O armazenamento nessa gama de temperatura

preserva de forma eficiente uma vasta gama de GA. De facto, se o arrefecimento

e congelação forem rápidos e se não ocorrerem oscilações de temperatura, os

produtos congelados poderão ter mais qualidade do que os frescos.(15)

Para além das vantagens que proporciona aos operadores dos serviços de

alimentação, o desfasamento temporal entre a preparação/confeção e o consumo

favorece os consumidores, na medida em que permite a possibilidade de oferta

mais alargada e versátil de receitas, a diminuição do tempo de espera no

momento da procura e uma qualidade mais consistente das refeições(11). No

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entanto, todos os GA estão condenados à deterioração após um determinado

período de tempo, sendo que este processo ocorre por vários motivos. Para

qualquer produto, é essencial determinar o limiar de qualidade que distingue

aqueles que estão aptos para consumo dos que não estão. Este nível de

qualidade é geralmente definido como limite de aceitabilidade(16). Por outro lado, é

importante ter em consideração que nem todos os GA são passíveis de serem

congelados, nomeadamente GA consumidos em cru, que perderiam firmeza

durante a descongelação(15).

Até ao início do presente ano letivo, o consumo de refeições vegetarianas

servidas na Universidade do Minho (UM), geridas pelo Departamento Alimentar

dos Serviços de Ação Social (DA-SASUM), requeria a marcação dessa opção

com um dia de antecedência, através da aquisição de uma senha. Essa compra

desencadeava o processo de confeção, que ocorria no dia anterior ao consumo.

Tal prática impossibilitava o consumo de refeições vegetarianas àqueles que o

decidissem fazer no próprio dia, diminuindo a gama de refeições disponíveis para

escolha. Os profissionais de saúde, nomeadamente os nutricionistas, devem

informar o consumidor de forma a facilitar as mudanças comportamentais

necessárias, para que as escolhas alimentares sejam quer saudáveis, quer

sustentáveis(6). Por outro lado, os serviços de Alimentação Coletiva têm a

obrigação de possibilitar um consumo alimentar sustentável(17), algo que poderá

ser alcançado através da incorporação de opções vegetarianas nas ementas que

disponibilizam. Assim sendo, ultrapassar a limitação da escolha das receitas

vegetarianas tornou-se um objetivo do DA-SASUM. Para tal, receitas

vegetarianas passaram a ser submetidas ao processo Cook-freeze.

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No processo Cook-freeze (Figura 1), após congelação, as refeições são

servidas sem qualquer processamento adicional para além da

descongelação/aquecimento, motivo pelo qual a empresa responsável pelo

fornecimento de refeições tem a responsabilidade de assegurar que estas se

encontram seguras e com qualidade nutricional e sensorial. De facto, apesar dos

benefícios do sistema Cook-freeze citados, a sua adoção pode comprometer a

qualidade das refeições(11), motivo pelo qual se torna essencial determinar o prazo

de validade destas receitas no que diz respeito a alterações sensoriais, à

segurança microbiológica e a perdas nutricionais, sendo esta determinação um

passo importante no estabelecimento do padrão de qualidade do produto final(18).

O termo prazo de validade refere-se a um conceito complexo, cuja definição

está longe de ser exata(19). Resulta da junção de temáticas científicas com fatores

económicos, regulamentares e relacionados com o consumidor. Os aspetos

relativos ao consumidor podem variar fortemente de país para país, sendo

dinâmicos de acordo com transformações sociais, nomeadamente no que diz

respeito a hábitos e necessidades, razão pela qual não existe uma definição

uniforme e aceite de forma generalizada para o termo. A dificuldade em defini-lo

de forma clara tem tido repercussões nas metodologias utilizadas para determinar

o prazo de validade dos produtos, o que provoca a utilização de metodologias

próprias de cada empresa, aumentando os custos, podendo os princípios

científicos utilizados serem questionáveis(16).

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(20) Figura 1: Diagrama ilustrativo do processo Cook-freeze (adaptado de Battersby, S &

Bassett W.H. 1999)

Descongelação

Acondicionamento

Armazenamento em câmara de

manutenção de congelados

Armazenamento à

temperatura ambiente

Armazenamento em

câmara de refrigeração

Preparação Preparação

Preparação

Confeção

Doseamento

Congelação

Armazenamento em câmara de

manutenção de congelados

Regeneração

Aquisição e receção de matérias primas

alimentares e material de embalagem

Manter a quente

Servir quente

Servir quente

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Apesar de não existir uma definição generalizadamente aceite de prazo de

validade, de uma forma simplificada, este pode ser definido como o período de

tempo durante o qual as características próprias de um GA se mantêm aceitáveis

para consumo(19). Este período depende de fatores ambientais e da

suscetibilidade do produto a alterações de qualidade(21). Resulta da relação entre

a qualidade do produto e a aceitabilidade por parte do consumidor, ou seja, está

fortemente dependente das complexas interações entre o GA e o consumidor(19).

O Institute of Food Technologists, sediado em Chicago, nos Estados Unidos da

América, definiu-o como o período entre o fabrico e a compra de um GA, durante

o qual o produto está num estado de qualidade satisfatório em termos de valor

nutricional, sabor, textura e aparência. Esta definição ignora o facto de que o

consumidor poder armazenar o produto em sua casa, durante algum tempo, até o

consumir. Por outro lado, o Institute of Food Science and Technology, sediado em

Londres, no Reino Unido, definiu-o como o período de tempo em que o produto se

mantém seguro, mantendo as desejáveis características sensoriais, químicas,

físicas, microbiológicas e funcionais, e se encontra de acordo com a informação

presente no rótulo, se armazenado de forma adequada(22). Em 2005, o período de

vida útil (prazo de validade) foi definido pela primeira vez em legislação

comunitária, no Regulamento n.º 2073/2005(23), como “o período correspondente

ao intervalo de tempo que precede a data-limite de consumo dos produtos, ou a

data de durabilidade mínima, conforme definidas nos artigos 9.º e 10.º da

Directiva 2000/13/CE”. De acordo com esta Diretiva, a expressão “Data de

durabilidade mínima” diz respeito à data até à qual um GA conserva as suas

propriedades específicas nas condições de conservação adequadas. Esta deve

ser anunciada pela indicação “a consumir de preferência antes de”, quando a data

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indica o dia, ou “a consumir de preferência antes do fim de”, nos restantes

casos(24). Quando esta data é ultrapassada, não significa, necessariamente, que

deixou de ser seguro, podendo, no entanto, já não possuir a sua máxima

qualidade. Geralmente, a data de durabilidade mínima é utilizada em GA

enlatados, secos, congelados e, ainda, nos submetidos ao método Cook-

freeze(25). No caso de géneros alimentícios microbiologicamente muito perecíveis

e que, por essa razão, sejam suscetíveis de, após um curto período,

apresentarem um perigo imediato para a saúde humana, a data de durabilidade

mínima deve ser substituída pela data limite de consumo(24), que representa a

data até à qual o GA pode ser consumido com segurança(25).

Os métodos de determinação do prazo de validade podem-se agrupar em duas

categorias distintas: os diretos e os indiretos. Os métodos mais comuns são os

diretos, que implicam o armazenamento dos GA em condições previamente

selecionadas, semelhantes às reais, durante um intervalo de tempo superior ao

prazo de validade expectável, no decurso do qual o produto é analisado em

intervalos regulares para determinar quando se inicia a sua alteração. Implica

conhecimento acerca das características do produto em estudo, bem como dos

mecanismos que serão responsáveis pela alteração dessas características(26). Os

métodos indiretos utilizam os estudos acelerados e/ou modelos preditivos, sendo

úteis para produtos que possuem um prazo de validade longo. Nos estudos

acelerados, o tempo de ensaio é encurtado através do aumento deliberado da

taxa de deterioração, sendo que os resultados obtidos são utilizados para estimar

o prazo de validade em condições normais de armazenamento. Os modelos

preditivos consistem em equações matemáticas que utilizam informação

proveniente de bases de dados, de forma a possibilitar a previsão do crescimento

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de microrganismos (MO) sob condições definidas. Para este cálculo ser possível,

é necessária informação relativa às mudanças que ocorrem num produto quando

este se deteriora, às suas propriedades e ao tipo de embalagem(27). Em ambos os

casos, é essencial identificar e definir quantitativamente os atributos

potencialmente alterados, de forma a monitorizar a perda de características ao

longo do tempo(21).

Na maioria dos GA, as alterações nos aspetos sensoriais ocorrem muito antes

de estes representarem perigo para a saúde humana, razão que justifica que o

prazo de validade seja determinado essencialmente por questões sensoriais. De

facto, a avaliação sensorial é o fator chave para determinar o prazo de validade

de muitos produtos, dado que GA estáveis do ponto de vista microbiológico terão

o seu prazo de validade definido pelas mudanças nas propriedades sensoriais(18).

Assume-se que a resposta sensorial dos consumidores está relacionada com

decisões racionais relacionadas com os atributos dos GA. No entanto, fatores

relacionados com o desencadear de emoções e de satisfação também

representam um importante papel(28). De facto, as escolhas dos consumidores são

influenciadas pelas atitudes formadas ao longo dos anos pelas experiências e

fatores socioculturais, pelo marketing e publicidade e pelas expectativas no que

diz respeito à qualidade das refeições(11). Por outro lado, os consumidores exigem

cada vez mais GA de elevada qualidade e têm expectativas de que essa se

manterá elevada até ao momento do consumo(29).

Segundo a PrNP 4263:1994 (Análise Sensorial – Vocabulário)(30), a análise

sensorial pode ser definida como uma análise das características organoléticas de

um produto através dos órgãos dos sentidos (visão, olfato, tato, paladar e

audição), com o intuito de avaliar os atributos ou características deste. Neste

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11

sentido, serve-se da perceção humana para medir as características dos GA e os

efeitos desses atributos na sua aceitação por parte do consumidor. Para manter a

qualidade dos produtos e a sua aprovação pelos consumidores, no que diz

respeito aos vários atributos sensoriais dos GA congelados, vários aspetos têm

de ser tidos em consideração, nomeadamente o tipo de produto, a qualidade do

produto antes da congelação, tipo de embalagem, temperatura, condições de

congelação, temperatura de armazenagem e transporte, tempo de armazenagem

e prazo de validade sob condições específicas(31). Quando os provadores são

consumidores não treinados, a análise sensorial pode ser feita através de testes

hedónicos, particularmente testes de preferência ou de aceitação. No primeiro

caso, o painel pode escolher um produto em detrimento de outros, enquanto que

no segundo caso a aceitação (gostar ou não gostar) é medida através de uma

escala graduada(32, 33).

Garantir a qualidade sensorial de refeições congeladas, nomeadamente das

refeições vegetarianas produzidas pelo DA-SASUM, é mais complicado

comparativamente a GA isolados, na medida em que são compostas pela mistura

de várias matérias-primas, as quais possuem diferentes propriedades físicas e

termofísicas e, consequentemente, distintos tempos de congelação e

suscetibilidade a alterações sensoriais durante a congelação ou armazenagem(34).

De facto, em GA compostos por muitos componentes, como é o caso das

refeições prontas a consumir, a qualidade final das refeições é determinada pela

qualidade dessas matérias-primas e pela consistência do processo envolvido(35),

sendo que as suas características são influenciadas quer por mudanças nos

componentes individuais, quer pelas interações que ocorrem entre eles.

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2. Objetivos

2.1. Objetivo geral

- Avaliar a evolução da qualidade de receitas vegetarianas submetidas a Cook-

freeze ao longo de 2 meses de armazenamento, com vista à determinação do seu

prazo de validade.

2.2. Objetivos específicos

- Estudar a evolução das características sensoriais durante o armazenamento

de receitas vegetarianas submetidas a Cook-freeze.

- Estudar a evolução da carga microbiana durante o armazenamento de

receitas vegetarianas submetidas a Cook-freeze.

- Estudar a evolução do teor de vitamina C durante o armazenamento de

receitas vegetarianas submetidas a Cook-freeze.

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3. Material e Métodos

3.1. Seleção da amostra e protocolo de amostragem

Este trabalho foi realizado no DA-SASUM, a quem se solicitou a lista de

receitas vegetarianas disponíveis no Serviço de Alimentação, com as respetivas

fichas técnicas.

Agruparam-se as 72 receitas vegetarianas confecionadas no DA-SASUM em 3

categorias: feijoadas, pizzas/croquetes e crepes/lasanhas. Em função da ementa

planeada para o mês de outubro de 2014, selecionou-se 1 receita de cada

categoria citada: feijoada à transmontana vegetariana (feijoada), pizza

vegetariana com enchido de soja (pizza) e crepes recheados de espinafres e

requeijão (crepes).

3.2. Confeção e armazenamento

Para cada receita, foram analisadas amostras do tempo inicial, sem

armazenamento (t0), amostras com 1 mês de armazenamento (t1) e amostras

com 2 meses de armazenamento (t2), a temperatura de manutenção de

congelados. As amostras preparadas e/ou confecionadas na cozinha industrial da

residência universitária da UM em Santa Tecla (Figuras 2, 3 e 4) foram extraídas

aleatoriamente de lotes produzidos em condições de processamento habituais, de

acordo com as respetivas fichas técnicas (Anexo A). Os lotes de feijoada, de

pizza e de crepes produzidos pesavam 5, 3 e 3 kg, respetivamente. Para a

análise microbiológica recolheram-se 2 amostras de feijoada, 250 g (1

dose)/amostra, 2 amostras de pizza, 150 g (1 dose)/amostra e 2 amostras de

crepes, 150 g (1 dose)/amostra, seguindo os procedimentos implementados por

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rotina no DA-SASUM, no âmbito do Sistema de Gestão da Qualidade. Para a

análise nutricional, recolheram-se 2 amostras de feijoada, 750 g (3

doses)/amostra, 2 amostras de pizza, 450 g (3 doses)/amostra e 2 amostras de

crepes, 450 g (3 doses)/amostra. Considerou-se significativa uma diferença

superior a 5% entre a média do lote e a média da amostra e um desvio padrão da

população de 3%. Considerou-se uma significância estatística de 5% e um poder

estatístico de 80%(36).

No que diz respeito à análise sensorial, para os testes de ranking de

preferência, idealmente, são necessários mais de 16 provadores (no mínimo 8)(37),

sendo que Carpenter et al recomendam um mínimo de 30 provadores(38). As

receitas foram avaliadas segundo o desenho inverso (reverse storage design), ou

seja, 3 lotes de cada refeição com diferentes tempos de armazenamento foram

avaliados no mesmo momento. Para tal, para cada receita, recolheram-se 30

amostras de 50 g, provenientes de 15 doses de cada lote (Tabela 1).

Figura 2: Feijoada pré-congelação

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Tabela 1: Distribuição das amostras produzidas para cada receita pelo tipo de análise

t*

Análise Amostras

t0

Microbiológica - 1 amostra constituída por 1 dose para análise em t0 - 1 amostra constituída por 1 dose para análise em t2

Nutricional

- 1 amostra constituída por 3 doses para análise em t0 - 1 amostra constituída por 3 doses (de produto cru/antes do início da confeção) para análise em t0** - 1 amostra constituída por 3 doses para análise em t2

Sensorial - 30 amostras provenientes de 15 doses para análise de t2

t1 Sensorial - 30 amostras provenientes de 15 doses para análise de t1

t2 Sensorial - 30 amostras provenientes de 15 doses para análise de t0

*tempo de armazenamento

**apenas para a receita feijoada

Figura 3: Pizza pré-congelação

Figura 4: Crepes pré-congelação

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18

Todas as etapas de preparação e confeção das receitas foram registadas em

fotografia, de forma a garantir a reprodutibilidade da produção, nos diferentes

tempos de armazenamento. Após confeção, as amostras destinadas à análise

microbiológica e à análise nutricional foram imediatamente (< 10 minutos)

transferidas para cuvetes individuais plásticas de polipropileno (20 x 10 cm) e as

destinadas à análise sensorial para cuvetes de alumínio com tampas de cartão

plastificado (30 x 20 cm), resistentes a baixas temperaturas, inclusive à

congelação (Figuras 5, 6 e 7). Seguidamente, as amostras foram submetidas ao

processo Cook-freeze, com recurso a um abatedor de temperatura, sendo o

processo de arrefecimento e congelação monitorizado através de uma sonda

Data-logger, colocada no centro térmico das amostras. As amostras de feijoada

atingiram a temperatura de -18 ºC em menos de 175 minutos, após o fim da

confeção. As amostras de pizza e de crepes atingiram a temperatura de -18 ºC

em menos de 100 e 140 minutos, respetivamente, após o fim da preparação.

Figura 5: Feijoada pós-congelação

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19

.

Após a ultracongelação, as embalagens foram rotuladas, para identificação do

produto, respetivo dia de produção, tipo de análise e tempo de armazenamento

(Figuras 8, 9 e 10).

A monitorização da temperatura da câmara de conservação de congelados foi

feita manualmente, de forma bidiária, sendo que esta idealmente deve estar a -18

ºC. Para além disso, foi colocado um registador TESTO® no interior da mesma,

durante todo o período de armazenagem das amostras, não se verificando

oscilações de temperatura superiores aos limites definidos no Sistema de Gestão

da Qualidade do DA-SASUM.

Figura 6: Pizza pós-congelação

Figura 7: Crepes pós-congelação

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Figura 8: Feijoada embalada e rotulada

Figura 9: Pizza embalada e rotulada

Figura 10: Crepes embalados e rotulados

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3.3. Análise sensorial

Os provadores foram recrutados através do envio de um e-mail, direcionado

aos funcionários do SASUM. Foram automaticamente excluídos todos os

voluntários portadores de alergias, congestionados ou a tomar medicamentos.

Compareceram 29 voluntários não treinados, clientes usuais do DA-SASUM.

Neste sentido, todos os elementos do painel de provadores conheciam o produto

em prova, enquanto consumidores, não lhes sendo transmitida qualquer

informação sobre o método tecnológico a que foram sujeitas as amostras.

Todos os ensaios foram realizados no restaurante Panorâmico de Gualtar,

situado no campus de Braga da UM. Cada provador teve acesso a um espaço

individual separado, que oferecia o mínimo de distração, para que cada um se

adaptasse rapidamente à natureza das suas novas funções. O espaço estava a

temperatura confortável, cerca de 20 ± 2oC.

As atividades anexas, nomeadamente a preparação das amostras, não

decorreram durante os ensaios, para que não influenciassem os resultados. A

sala de preparação das amostras era contígua ao local de ensaio, mas separada

fisicamente.

De acordo com o plasmado na PrNP 2000:2000 (Análise sensorial -

metodologia – Guia geral)(39), os recipientes utilizados nestes ensaios

asseguraram a manutenção da temperatura das amostras, bem como a

inexistência de contaminações ambientais. Foram utilizados recipientes

descartáveis, isentos de odores ou flavours. Toda a água utilizada foi controlada,

de forma a garantir que fosse insípida e inodora.

As amostras de feijoada foram regeneradas em tacho, com lume brando até à

ebulição, e as amostras de pizza e crepes foram confecionadas em forno elétrico

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a 180 ºC durante 20 e 15 minutos, respetivamente. De seguida, foram

apresentadas ao painel de provadores. Todas foram codificadas com um código

aleatório constituído por uma letra e dois algarismos, de forma a minimizar juízos

a priori. A ordem de avaliação foi sempre predefinida e todas as amostras

possíveis foram apresentadas o mesmo número de vezes.

Todos os ensaios foram realizados no período do almoço, entre as 13h00 e as

14h00, sendo que os provadores estavam informados de que não podiam fumar

ou ingerir qualquer alimento, exceto água, até uma hora antes dos mesmos. Os

membros do painel sensorial não conseguiam identificar as amostras por

diferenças de apresentação, dado que estas apresentavam a mesma cor,

tamanho, peso, formato e temperatura.

Após degustação de cada amostra, foi dada a possibilidade aos provadores de

escolher ingerir ou rejeitar o produto. Cada provador recebeu um tabuleiro que

continha 3 amostras da mesma receita (~ 50 g), uma de cada tempo de

armazenamento (t0, t1 e t2) (Figuras 11, 12 e 13).

.

Figura 11: Amostras da receita feijoada

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Para avaliar a preferência dos consumidores, solicitou-se a ordenação das

amostras por ordem decrescente de preferência, não sendo permitidos empates.

De seguida, questionou-se, para cada amostra, se consumiriam o produto ou não,

caso fosse servido nas suas casas (Anexo B).

3.4. Análise microbiológica

O DA-SASUM tem implementado, por rotina, um protocolo de elaboração de

análises microbiológicas às refeições que produz, serviço que concessiona a um

laboratório acreditado. De acordo com as características das receitas em estudo e

Figura 12: Amostras da receita pizza

Figura 13: Amostras da receita crepes

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objetivos pretendidos, definiu-se que a análise seria compreendida pela contagem

de MO totais a 30 ºC. A análise foi efetuada em duplicado de acordo com a ISO

4833-1:2013 (Microbiology of the food chain - Horizontal method for the

enumeration of microorganisms - Part 1: Colony count at 30 °C by the pour plate

technique)(40), através de sementeira por incorporação de 1 mL de cada diluição

decimal no meio de cultura Plate Count Agar, tendo a incubação ocorrido durante

72 ± 3 h, a 30 ± 1 ºC, em condições de aerobiose. A contagem das colónias foi

feita nas placas em que o seu número estava compreendido entre 15 e 300. Os

resultados foram expressos em logaritmo decimal do número de unidades

formadoras de colónias por grama de produto analisado (log ufc/g).

As amostras foram transportadas até ao laboratório em caixas isotérmicas de

elevada resistência durante cerca de 30 minutos, tendo sido armazenadas a cerca

de - 20 ºC.

3.5. Cálculo da composição nutricional das receitas

Devido ao elevado custo económico e tempo necessário, mostrou-se

impraticável a realização de análises laboratoriais para a determinação da

composição nutricional das receitas em estudo. Para tal, aplicou-se a metodologia

desenvolvida e preconizada pela rede de excelência European Food Information

Resource (EuroFIR), a partir da composição dos ingredientes em cru(41-43), de

acordo com o esquematizado na Figura 14(44-46).

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(47-49)

(50, 51)

3.6. Determinação do conteúdo em vitamina C

A evolução nutricional das receitas em estudo foi aerida através da

determinação do teor de vitamina C, tendo esta análise sido subcontratada aos

laboratórios da Silliker Portugal, S.A. As amostras foram transportadas até ao

laboratório em caixas isotérmicas de elevada resistência com

termoacumuladores, durante cerca de 45 minutos, tendo sido armazenadas a

Análise detalhada dos procedimentos descritos na ficha técnica de cada receita, descrição e quantificação dos seus ingredientes.

Compilação da composição nutricional dos ingredientes em cru, com recurso a tabelas de composição de alimentos (portguesa, inglesa e americana) .

Cálculo da composição nutricional dos ingredientes cozinhados, considerando os fatores de retenção de cada nutriente (Bógnar, 2002 e Bergstrom, 1994) que dependem do grupo a que pertence o ingrediente e do método de confeção utilizado .

Soma dos teores de cada nutriente dos ingredientes cozinhados.

Cálculo da composição nutricional da receita, aplicando o fator de rendimento de confeção calculado como sendo o peso da receita cozinhada sobre a soma dos pesos dos ingredientes imediatamente antes da confeção.

Figura 14: Procedimentos de cálculo da composição nutricional de receitas

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cerca de -18 ºC. Para cada receita, foi analisada uma amostra de 300 g resultante

da homogeneização de 3 doses.

Para determinação da vitamina C, foi utilizado o método High-Performance

Liquid Chromatography (HPLC), com a referência interna PAFQ 038.0. De acordo

com as especificações fornecidas pelo laboratório, os analitos foram extraídos das

amostras com uma solução de ácido metafosfórico. Adicionou-se uma solução

redutora, L-cisteína, para converter todo o L (+) ácido dehidroascórbico a L (+)

ácido ascórbico. A solução foi injetada no cromatógrafo, sendo o L (+) ácido

ascórbico detetado com um detetor de ultraviolet-visible spectrophotometry

(UV/VIS) no comprimento de onda de 265 nm. Os resultados foram expressos em

mg/100 g sem casas decimais, sendo que o limite de quantificação do método era

5,0 mg/100 g.

3.7. Análise estatística

Os dados resultantes da análise sensorial foram tratados e analisados com

recurso ao software informático IMB SPSS Statistics versão 21.0.0.0. A estatística

descritiva inclui os valores de médias, desvios padrão, mínimos, máximos,

frequências absolutas, frequências relativas e ordens médias. Com o objetivo de

determinar se existiam diferenças significativas na ordenação dos pratos, no que

diz respeito à preferência relacionada como tempo de armazenamento, foi

efetuado o teste de Friedman. Para averiguar a existência de diferenças com

significado estatístico na opinião dos provadores em relação ao consumo das

receitas, aplicou-se o teste de 2 para a homogeneidade, considerando-se 50%

da amostra como ponto de corte. Para aferir diferenças de opinião dos provadores

em relação a cada uma das receitas servidas, efetuou-se o teste Q de Cochran. O

nível de significância considerado foi de 5%.

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4. Resultados e Discussão

4.1. Análise sensorial

Não é expectável que um produto armazenado se mantenha exatamente

igual à sua versão fresca, mas é desejável que as diferenças, nomeadamente

sensoriais, sejam suficientemente pequenas de modo a não afetarem a

aceitabilidade do consumidor de forma significativa(52). Os GA encontram-se

sujeitos a alterações diversas, nomeadamente deterioração enzimática

(alterações de flavour, cor e textura), browning não enzimático, danos celulares,

interações proteína/amido, migração de água durante a congelação e a

armazenagem, recristalização de água e alteração da forma cristalina,

cristalização de solutos, deterioração oxidativa (alteração de cor e formação de

off-flavours), oxidação lipídica (formação de ranço) e desnaturação proteica(53, 54).

Na maioria dos GA, as alterações nos aspetos sensoriais ocorrem muito antes de

estes representarem perigo para a saúde humana, razão que justifica que o prazo

de validade seja determinado essencialmente por questões sensoriais. De facto, a

avaliação sensorial é o fator chave para determinar o prazo de validade de muitos

produtos, dado que GA estáveis do ponto de vista microbiológico terão o seu

prazo de validade definido pelas mudanças nas propriedades sensoriais(18).

A qualidade pode ser definida de diversas formas, mas em todas as

definições está implícito o facto de que é o consumidor quem decide se está ou

não aceitável, de acordo com as suas necessidades e expectativas(18). Neste

sentido, um painel constituído por consumidores é a ferramenta mais apropriada

para determinar quando é que um produto atinge o seu prazo de validade(52),

sendo que a análise sensorial feita por consumidores é um fator chave na

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28

determinação da qualidade e aceitação dos GA. Para que este tipo de testes

sejam bem sucedidos, é essencial recrutar participantes adequados, que devem

ser representativos da população para a qual os resultados serão generalizados.

Como tal, devem ser consumidores habituais do produto em análise,

representando potenciais usufruidores do mesmo(32), motivo pelo qual se recrutou

voluntários não treinados, clientes habituais do DA-SASUM. Participaram 29

provadores com idades compreendidas entre os 27 e 51 anos, com uma média de

38 anos. Destes, 86% eram do sexo feminino (n=25) e 14% do sexo masculino

(n=4).

O estudo das alterações da qualidade sensorial das receitas, com vista à

determinação do prazo de validade, foi efetuado através de testes de ranking de

preferência e de testes de aceitação (Anexo B).

Nos testes de ranking de preferência, os consumidores foram levados a

colocar os produtos provados por ordem crescente de preferência, não tendo sido

permitidos empates, já que estavam perante um método de escolha forçada.

Pretendeu-se implementar uma metodologia intuitivamente simples e rápida para

os consumidores, que não depende da memória. Os dados obtidos neste tipo de

análise são de caráter ordinal e, como tal, foram tratados através do teste de

Friedman(55). Este teste permite descobrir se existem diferenças entre a

ordenação de preferência das amostras, mas não é capaz de determinar a

magnitude dessas diferenças(56). Verificou-se, genericamente, um decréscimo na

preferência dos provadores ao longo do tempo de armazenamento das receitas

(menores valores da ordem média indicam menor aceitação). A diferença na

ordenação efetuada pelos provadores foi estatisticamente significativa no caso da

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29

feijoada (p=0,04), mas não teve significado estatístico nos casos da pizza e dos

crepes (Tabela 2).

Tabela 2: Preferência dos provadores relativamente a cada t de cada receita (teste de Friedman)

Receita t* Ordem média p

Feijoada

t0 2.24

0,040 t1 2.14

t2 1.62

Pizza

t0 2.17

0,122 t1 2.14

t2 1.69

Crepes

t0 2.14

0,073 t1 2.21

t2 1.66 *t: tempo de armazenamento

Os resultados do teste de aceitação permitem determinar o tempo

necessário para que o número de consumidores que rejeitam o produto atinja

uma determinada percentagem, normalmente entre 25 e 50%. Estas

percentagens significam que, se um consumidor prova um produto no final do seu

tempo de vida, há uma probabilidade entre 25 e 50% de ser rejeitado. No entanto,

isto não garante que o produto se mantém fresco e com qualidade perto do seu

prazo de validade(57). Neste estudo, verificou-se um aumento geral da

probabilidade de rejeição das receitas, à medida que o tempo de armazenamento

aumentou (Tabela 3). Quando questionados se consumiriam as receitas caso

fossem servidas nas suas casas, a opinião geral dos provadores não diferiu de

forma estatisticamente significativa relativamente às receitas pizza e crepes, mas

encontraram-se diferenças para a feijoada (Tabela 3, valor de p após teste Q de

Cochran). Para além disso, verificou-se que a percentagem de opiniões positivas

manifestadas pelos inquiridos foi significativamente superior a 50% em todos os

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30

tempos de armazenamento, com exceção para a receita feijoada armazenada por

dois meses (p=0,097) (Tabela 3, valor de p após teste 2 para a homogeneidade).

Tabela 3: Opinião dos provadores relativamente a cada amostra de cada receita caso fosse

servida em suas casas (testes 2 para a homogeneidade e Q de Cochran)

*t: tempo de armazenamento **Não: “não consumiria a refeição caso fosse servida em minha casa”

Sim: “consumiria a refeição caso fosse servida em minha casa”

A estimativa do prazo de validade pode diferir de acordo com aquilo que é

perguntado aos consumidores, nomeadamente no que diz respeito ao local de

consumo(57). A questão colocada no teste de aceitação sensorial considerou a

casa do consumidor como local do eventual consumo. Pretendeu-se, assim, uma

aproximação ao melhor cenário de aceitação, uma vez que os consumidores

podem ser mais tolerantes a defeitos se estiverem a consumir um produto que foi

armazenado e/ou preparado em suas casas(57).

De acordo com os resultados da análise sensorial, e considerando o

processo de produção de refeições implementado na unidade em estudo, o prazo

de validade da feijoada situar-se-á entre 1 a 2 meses, enquanto que o da pizza e

dos crepes será superior a 2 meses. A maior diminuição da aceitação da feijoada,

relativamente às outras receitas, poderá ser explicada por uma maior quantidade

de água e provavelmente por uma maior atividade da água (aw) da receita(58), que

se refletiu também num maior período de tempo que esta refeição demorou a

Receita t* p2 para a

homogeneidade Não** Sim**

% de rejeições

pQ de

Cochran

Feijoada

t0 0,000 3 26 10

0,047 t1 0,000 5 24 17

t2 0,097 11 18 39

Pizza

t0 0,000 3 26 10

0,651 t1 0,000 5 24 17

t2 0,000 4 25 14

Crepes

t0 0,001 6 23 21

0,717 t1 0,008 8 21 28

t2 0,008 8 21 28

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31

atingir a temperatura de congelação. A feijoada foi também a receita com maior

grau de confeção (aquecida a temperaturas de cozido/estufado), sendo a única a

ser completamente confecionada antes da congelação. A um maior grau de

processamento, com consequente destruição estrutural da matriz alimentar e

descompartimentalização dos solutos (reagentes ou enzimas), associar-se-á uma

maior quantidade de água livre e, consequentemente, melhor capacidade

solvente ou reagente da água. Estes dois fatores aumentarão, inevitavelmente, a

taxa das reações químicas responsáveis pela perda de qualidade sensorial do

produto(59).

Outro defeito frequentemente reportado pelos consumidores relativamente

aos GA congelados é a falta de sabor devido à migração de aromas entre os seus

componentes(60). Este fenómeno é promovido por oscilações de temperatura

durante a congelação, especialmente em GA com elevada aw(60).

A velocidade de congelação determina, ainda, o tipo, tamanho e distribuição

dos cristais de gelo, sendo que uma congelação lenta provoca a formação de

cristais de maior dimensão, relativamente a uma congelação rápida, em que se

formam mais cristais, mas de menores dimensões. No primeiro caso, o processo

é demasiado lento para que seja possível a formação de cristais intracelulares,

pelo que a acumulação de gelo no espaço extracelular causa desidratação das

células e, consequentemente, do produto(61). Um maior crescimento de cristais de

gelo, durante o armazenamento, provoca ainda um maior stress mecânico e

consequente rutura das membranas celulares, resultando na libertação de

enzimas e substratos(62).

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32

4.2. Análise microbiológica

Os MO podem ser patogénicos, responsáveis pela ocorrência de doenças de

origem alimentar e/ou os deterioradores, capazes de provocar alterações

indesejáveis nas características de um produto(63). A congelação é um dos

métodos mais eficazes de preservação da qualidade dos GA, nomeadamente

porque inibe o crescimento de ambos os tipos de MO(64). Essa inibição resulta dos

seguintes fatores: do arrefecimento do GA, que faz com que os MO fiquem a

temperaturas abaixo do seu mínimo de crescimento, provocando alguma perda de

viabilidade, do processo de congelação em si, no qual alguns MO são mortos,

outros ficam lesados e outros entram em fase de latência e da duração e

temperatura de armazenamento em condições de congelação(65). Os efeitos da

congelação nos MO variam fortemente em função do seu tipo, do seu estado

fisiológico e respetivo ciclo de vida, da composição dos GA e da taxa de

congelação e descongelação. De uma forma geral, vírus, esporos de bactérias e

esporos sexuais de fungos são resistentes à congelação, independentemente da

composição dos GA e das taxas de congelação e descongelação, pelo que uma

avaliação do número de MO viáveis tem de ser validada para cada GA

específico(66). A microflora de cada GA depende da microflora da matéria-prima,

bem como do processamento, preservação e condições de armazenagem.

Apesar da variabilidade nestes três aspetos, existem padrões que permitem

prever quais os MO que irão crescer e dominar num determinado produto, de

acordo com as suas características físicas e químicas(67).

A contagem de MO a 30 ºC permite estimar a totalidade dos MO aeróbios ou

anaeróbios facultativos presentes num determinado GA. No entanto, não permite

especificar os tipos de MO existentes, nomeadamente Enterobacteriaceae, MO

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33

psicrotróficos, bactérias ácido lácticas, bolores, leveduras, etc(68). Como tal, este

parâmetro não é um indicador da existência de MO patogénicos ou toxinas, que

podem estar presentes mesmo em GA para os quais este parâmetro seja

satisfatório(69).

Tendo em conta as características das receitas em estudo, consideraram-se

os valores guia para avaliação da qualidade microbiológica de alimentos

cozinhados prontos a comer, preconizados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr.

Ricardo Jorge (INSA). Assumiu-se que as receitas feijoada e crepes pertencem à

categoria 1, ou seja, refeições com ingredientes totalmente cozinhados, e que a

receita pizza pertence à categoria 2, ou seja, refeições cozinhadas adicionadas de

ingredientes crus e/ou com flora específica própria (Tabela 4). Para comparação,

também se considerou o guia de interpretação dos resultados dos níveis de

contagem de colónias aeróbias em alimentos prontos para consumo, elaborado

pela Health Protection Agency (HPA), sendo que as receitas feijoada e crepes

foram consideradas como pertencentes ao grupo 5, ou seja, aos alimentos

cozinhados arrefecidos, que irão ser manipulados antes do consumo, e a receita

pizza foi considerada como pertencente ao grupo 12, ou seja, produtos que

contêm vegetais crus (Tabela 5).

Tabela 4: Valores Guia para avaliação da qualidade microbiológica de alimentos cozinhados prontos a comer

1)

Co

nta

ge

m d

e M

O a

30

ºC

(u

fc/g

)

Classificação

Categoria

5 12

Satisfatório ≤ 102 ≤ 103

Aceitável >102 ≤ 104 >103 ≤ 105

Não Satisfatório > 104 > 105

Inaceitável/potencialmente perigoso NA NA

1) Adaptado de Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Valores Guia para avaliação da qualidade microbiológica de alimentos prontos a comer preparados em estabelecimentos de restauração. 2005

(70).

NA: Não aplicável.

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34

Tabela 5: Guia de interpretação dos resultados dos níveis de contagem de colónias aeróbias em alimentos prontos para consumo

2)

Nív

eis

de

co

nta

ge

m

de c

oló

nia

s a

eró

bia

s

(ufc

/g)

Classificação

Grupo de GA

5 12

Satisfatório < 105 NA

Borderline ≥ 105 < 107 NA

Insatisfatório ≥ 107 *

2) Adaptado de Health Protection Agency. Guidelines for Assessing the Microbiological Safety of Ready-to-Eat Foods. London: Health Protection Agency, November 2009

(71).

NA: Não aplicável.

*Os resultados são considerados insatisfatórios caso o microrganismo predominante for leveduras ≥ 106,

bactérias bacilos gram (-) ou bacillus spp. ≥ 107

e/ou bactérias ácido lácticas ≥ 108 (caso não fossem

adicionadas propositadamente durante o processamento alimentar).

A produção de GA seguros tem de começar pelo uso de matérias-primas de

elevada qualidade, com o mínimo possível de MO e outras fontes de

contaminação(34). Neste sentido, as receitas foram analisadas sob o ponto de vista

microbiológico no momento de produção (t0). Em t0, segundo os critérios do

INSA, as receitas feijoada e crepes tinham valores satisfatórios para o parâmetro

avaliado, sendo que o mesmo se verificou quando se consideraram os valores

guia do HPA, dado que ambas as receitas obtiveram uma classificação

satisfatória (Tabela 6). Estes resultados podem advir da utilização de matérias-

primas e processamentos adequados e de boas práticas de higiene e fabrico(65).

Pelo contrário, na receita pizza os valores obtidos foram não satisfatórios, de

acordo com o INSA. Para classificar esta refeição de acordo com o HPA, seria

necessário determinar qual o tipo de MO predominante nas contagens. A

contagem elevada de MO a 30 ºC na receita pizza pode ser consequência da

elevada presença inicial de MO nas matérias-primas, de um atraso do início do

processo de congelação, de uma congelação lenta ou incompleta ou de um abuso

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35

de temperatura, com consequente descongelação parcial(65). Tendo em conta a

composição da receita em questão, a contagem elevada de MO a 30 ºC em t0

deverá ser consequência da presença de leveduras na massa da pizza, uma vez

que esta receita foi congelada e, posteriormente, analisada, sem ter sido

submetida a qualquer processo de confeção. Apesar destes resultados não

satisfatórios, a receita estará apta para consumo humano, na medida em que será

confecionada imediatamente antes do consumo. Neste sentido, recomenda-se a

elaboração de análises microbiológicas ao produto confecionado, pronto para

consumo.

Tabela 6: Resultados analíticos da contagem de MO a 30 ºC (UFC/g)

Receita t0 t2

Feijoada NE=4,0x101 1,6x102

Pizza 1,5x107 1,5x106

Crepes 2,2x102 1,3x102

Apesar de existir a perceção de que a congelação cessa a maior parte dos

processos de deterioração, isto pode não se verificar nas temperaturas usuais de

armazenagem, entre -20 e -18 ºC, as quais são mais elevadas do que a

temperatura de transição de gelo, o que resultará na presença de água ainda

descongelada(53). De facto, durante o armazenamento de GA congelados,

ocorrem alterações da carga microbiana, apesar de este ser um mecanismo de

deterioração com pouca expressão neste tipo de produtos, na medida que a

maioria dos GA congelados se encontra armazenada a temperaturas inferiores

aos limites mínimos de crescimento microbiano. No entanto, este fator pode

assumir maior importância, caso ocorram oscilações de temperatura, quer na

armazenagem quer no transporte das refeições(67). Após 2 meses de

armazenamento em congelação, os valores obtidos em todas as receitas foram

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36

semelhantes aos obtidos inicialmente (Tabela 6), sendo que a mesma

classificação se mantém. Segundo estes resultados, os GA submetidos ao

processo Cook-freeze podem ser armazenados durante 2 meses, sem prejuízo do

critério microbiológico analisado. Mais ainda, tanto na receita pizza como na

receita crepes, durante os 2 meses de armazenamento, houve um decréscimo da

contagem de MO a 30 ºC presentes nas receitas. Este facto pode ser o resultado

da morte de MO provocada pelo processo de congelação(65).

4.3. Cálculo da composição nutricional das receitas

A determinação dos valores nutricionais de cada receita a partir da

composição dos ingredientes em cru (Tabela 7), apesar de ter sido obtida pela

metodologia mais avançada existente atualmente, não é isenta de incertezas. Por

um lado, a informação pré-existente nas tabelas de composição dos ingredientes

crus é incompleta, o que obriga a que, em alguns casos, se use a composição de

um ingrediente equivalente ao usado na receita. Para além disso, a informação

pré-existente em tabelas relativas a taxas de perdas de micronutrimentos, durante

o processamento de um ingrediente, pode não ser a mais exata ou a mais

completa. Por outro lado, o valor de rendimento de confeção depende dos

equipamentos e formas particulares de confeção, sendo que este valor, muitas

vezes, não é calculado experimentalmente na unidade de confeção, o que

pressupõe a utilização de um valor tabelado.

Comparando entre si o valor nutricional das receitas, e considerando como

ricas ou pobres as receitas com valores nutricionais superiores ou inferiores a

50% do valor nutricional médio das 3 receitas, respetivamente, podemos observar

que a feijoada é rica em proteína, caroteno, tiamina, potássio, magnésio e ferro,

sendo pobre em ácidos gordos saturados, ácidos gordos trans, colesterol,

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37

vitamina D e vitamina B12; a pizza é rica em ácidos gordos saturados, ácidos

gordos polinsaturados, ácidos gordos trans, amido, α-tocoferol, vitamina B12 e

cálcio; e os crepes são ricos em colesterol e vitamina D e pobres em fibra e

tiamina. No que diz respeito ao teor de humidade, verificou-se que a receita

feijoada continha 233 g de água, a pizza 210 g e os crepes 141 g.

Tabela 7: Composição nutricional por dose de receita

Nutrimento por dose Receita

Feijoada Pizza Crepes

Energia (kcal/kJ) 556,4/2343,5 680,7/2848,2 339,2/1419,2

Lípidos (g) 14,1 25,4 15,3

dos quais

Ácidos gordos saturados (g)

2,0 8,1 4,5

Ácidos gordos monoinsaturados (g)

8,3 7,5 6,4

Ácidos gordos polinsaturados (g)

2,7 6,5 2,8

Ácidos gordos trans (g)

0,0 0,5 0,2

Colesterol (mg) 0,0 34,5 87,8

Hidratos de carbono (g) 48,7 85,6 38,5

dos quais

Açúcares (g) 4,8 6,2 6,0

Amido (g) 31,1 78,9 32,5

Fibra (g) 3,9 6,2 2,5

Proteínas (g) 60,2 24,3 11,0

Vitaminas

Retinol (mg) 0,6 0,4 0,4

Caroteno (µg) 3050,9 1429,4 1520,8

Vitamina D (µg) 0,0 0,1 0,3

α-tocoferol (mg) 2,3 6,5 3,9

Tiamina (mg) 0,5 0,2 0,1

Riboflavina (mg) 0,2 0,3 0,4

Niacina (mg) 2,3 2,4 1,0

Vitamina B6 (mg) 0,4 0,4 0,2

Vitamina B12 (µg) 0,0 0,5 0,3

Vitamina C (mg) 16,7 25,5 10,7

Folatos (µg) 87,2 64,7 65,2

Minerais

Sódio (mg) 659,4 1420,2 1046,0

Potássio (mg) 1461,4 562,6 489,0

Cálcio (mg) 217,5 475,3 232,8

Fósforo (mg) 528,8 441,2 214,8

Magnésio (mg) 152,7 79,8 62,5

Ferro (mg) 9,0 3,2 2,5

Zinco (mg) 3,3 4,0 1,7

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38

4.4. Determinação do conteúdo em vitamina C

Segundo os resultados analíticos obtidos nas análises nutricionais, o teor de

vitamina C em todas as receitas era < 5,0 mg/100 g, sendo, portanto, inferior ao

limite de quantificação do método aplicado (Tabela 8).

Tabela 8: Resultados analíticos da determinação de vitamina C (HPLC/UV-VIS)

Receita t0

Feijoada < 5,0 (LQ) mg/100 g

Feijoada (ingredientes crus) < 5,0 (LQ) mg/100 g

Pizza < 5,0 (LQ) mg/100 g

Crepes < 5,0 (LQ) mg/100 g

Os valores analíticos obtidos (Tabela 8) não foram coerentes com os valores

de vitamina C estimados por cálculo (Tabela 7).

Esta vitamina é um dos nutrientes mais instáveis quimicamente, altamente

termolábel, sendo que as perdas desde a produção até ao consumo dos GA

podem atingir os 100%(72). Neste sentido, é frequentemente utilizada como

marcador do efeito do processamento na qualidade nutricional dos GA(73), dado

que se o conteúdo deste nutriente não diminuir, assume-se, de uma forma

simplista, que o teor dos restantes nutrientes também não sofreu alterações

significativas(72).

Durante o armazenamento de GA congelados, o teor de vitamina C diminui,

quer através de oxidação, quer através de redução(74), sendo que as taxas de

deterioração desta vitamina, durante a armazenagem em congelação, são

extremamente baixas em comparação com a armazenagem em frio positivo ou à

temperatura ambiente(64). Como tal, os teores de vitamina C presentes nos GA

crus dependerão em larga medida das condições e tempo de armazenamento,

podendo diferir muito dos valores tabelados nas bases de dados de composição

de alimentos. Assim sendo, a discrepância observada, entre os valores de

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vitamina C obtidos através de análises laboratoriais e os valores resultantes do

cálculo aplicado, pode ser explicada pelas limitações do método de cálculo

descritas anteriormente, nomeadamente devido a teores de vitamina C nos

ingredientes crus substancialmente menores do que os valores tabelados,

observação confirmada pelo baixo teor desta vitamina nos ingredientes crus da

feijoada, provavelmente resultado da utilização de ingredientes com longos

tempos desde a produção até à distribuição e/ou preservação, em condições

favoráveis à perda de vitamina C.

4.5. Dificuldades e Limitações

O presente estudo apresenta algumas limitações. Tendo em conta as

restrições de tempo para a sua elaboração, não foi possível avaliar a evolução

das receitas ao longo de mais do que 2 meses de armazenamento. No entanto,

salienta-se que o tempo avaliado adequa-se às necessidades da realidade em

questão, na medida em que as receitas vegetarianas necessitam de estar

armazenadas em temperatura de manutenção de congelados durante, no

máximo, dois meses, nomeadamente no período de pausa letiva, que ocorre

essencialmente nos meses em que há a transição entre anos letivos.

Devido a limitações orçamentais, não foi possível realizar análises

microbiológicas e nutricionais em todos os tempos de armazenamento. Essa

condicionante também limitou o número de parâmetros avaliados em ambos os

tipos de análises, bem como o número de receitas estudadas. A seleção das

receitas dependeu, ainda, da ementa disponibilizada para o mês de outubro de

2014, na medida em que foi nesse momento que se iniciou a obtenção de

amostras.

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Por outro lado, verificou-se que o limite de quantificação do método escolhido

para determinação da vitamina C é superior ao adequado para os teores

presentes nas amostras em estudo. Este facto impossibilitou que se atingisse um

dos objetivos em estudo, na medida em que não foi exequível avaliar a evolução

de vitamina C nas amostras ao longo do armazenamento.

A realização das análises antes das receitas estarem efetivamente prontas

para consumo, apesar de permitir estudar a evolução ao longo do

armazenamento, pode, erradamente, classificar uma receita como não

satisfatória. Isto verificou-se para a receita pizza, que, após confeção,

provavelmente obteria uma classificação distinta. Neste sentido, recomenda-se

que seja feita uma análise às receitas também quando estas já estejam prontas a

consumir.

De acordo com o recomendado para um estudo desta natureza, o painel

sensorial foi constituído por consumidores habituais do produto em análise.

Contudo, seria preferível que os provadores fossem estudantes, com idades

compreendidas entre os 18 e os 25 anos, na medida em que essa é a faixa etária

que mais frequentemente usufrui dos serviços fornecidos pelo DA-SASUM. Mais

ainda, com o aumento do número de provadores, poderia ser possível considerar

estatisticamente significativas alterações sensoriais de menor dimensão.

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41

5. Conclusões

Observou-se um decréscimo generalizado na preferência dos provadores por

receitas com maior tempo de congelação, sendo este decréscimo

estatisticamente significativo no caso da feijoada. Apesar desta observação, o

teste de preferência, por não fornecer informação sobre a magnitude das

diferenças observadas entre as receitas congeladas, em diferentes tempos de

armazenamento, revelou-se pouco útil para a determinação dos respetivos prazos

de validade.

Foi o teste de aceitação que permitiu estimar o prazo de validade das receitas

congeladas. Verificou-se que o tempo de armazenamento diminuiu de forma

significativa a aceitação da receita de feijoada. Quando questionados se

consumiriam as receitas caso fossem servidas nas suas casas, uma percentagem

de provadores, não estatisticamente inferior a 50%, respondeu que não

consumiria a receita feijoada armazenada por dois meses. Para as restantes

receitas, verificou-se que a percentagem de opiniões positivas dadas pelos

inquiridos foi significativamente superior a 50%, em todos os tempos de

armazenamento.

De acordo com os resultados da análise sensorial, e considerando o processo

de produção de refeições implementado na unidade em estudo, o prazo de

validade da feijoada situar-se-á entre 1 a 2 meses, sendo superior a 2 meses para

as receitas pizza e crepes. A maior rejeição da feijoada, relativamente às outras

receitas, poderá ser explicada pelo seu maior grau de processamento, associado

a uma maior quantidade de água livre.

Do ponto de vista microbiológico, no momento t0, as receitas feijoada e

crepes cumpriam o critério microbiológico estudado (contagem de MO a 30 ºC), o

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que aponta para a utilização de matérias-primas e processamentos adequados,

bem como para a existência de boas práticas de higiene e fabrico. O resultado

não satisfatório obtido para a pizza poderá ser consequência da presença de

leveduras na massa, contabilizadas no ensaio efetuado. Os valores de contagem

de MO a 30 ºC, após 2 meses de congelação, foram igualmente satisfatórios para

a pizza e para os crepes. Observou-se, durante os 2 meses de armazenamento,

tanto na receita pizza como na receita crepes, um decréscimo da contagem dos

MO a 30 ºC resultante, provavelmente, da morte de MO provocada pelo processo

de congelação.

Os valores analíticos obtidos para a vitamina C não foram coerentes com os

valores de vitamina C estimados por cálculo. Esta discrepância pode ser

explicada pela presença de teores de vitamina C nos ingredientes crus

substancialmente menores aos valores tabelados. Esta observação sugere a

necessidade de integrar mais informação sobre as alterações nutricionais, que

ocorrem durante a cadeia de abastecimento agroalimentar, nos métodos de

estimativa do valor nutricional de receitas que recorrem a bases de dados de

composição nutricional de alimentos.

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6. Referências Bibliográficas

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19. Nicoli MC. Prefácio. In: Nicoli M, editor. Shelf Life Assessment of Food. Taylor & Francis Group, LLC; 2012. 20. Battersby S, Basset W. Catering premisses. In: Battersby S, Basset W, editores. Clay's Handbook of Environmental Health. 18th ed.: E & FN Spoon; 1999. 21. Giménez A, Ares F, Ares G. Sensory shelf-life estimation: A review of current methodological approaches. Food Research International. 2012; 49:311–25. 22. Robertson G. Food Packaging and Shelf Life. In: Robertson G, editor. Food Packaging and Shelf Life: a practical guide. Taylor and Francis Group, LLC; 2010. 23. Comissão da União Europeia. Regulamento (CE) N.º 2073/2005. 2005. 24. Parlamento Europeu e do Conselho. Directiva 2000/13/CE. 2000. 25. Henriques A. Avaliação da vida útil de refeições "cook-chill" e "cook-freeze": indicadores microbiológicos, físico-químicos e sensoriais. Universidade Técnica de Lisboa Dissertação de Mestrado em Saúde Pública Veterinária. 2008. 26. Man C. Shelf-life testing. In: Steele R, editor. Understanding and measuring the shelf-life of food. Woodhead Publishing Limited and CRC Press LLC; 2004. 27. A guide to calculating the shelf life of foods. Wellington, New Zeland. New Zeland Food Safety Authority. 2005. 28. Manzocco L, Rumignani A, Lagazio C. Emotional response to fruit salads with different visual quality. Food Quality and Preference. 2013; 28(17-22). 29. Kilcast D, Subramaniam P. Introduction. In: The stability and shelf-life of food. Woodhead Publishing Limited and CRC Press LLC; 2000. 30. PrNP 4263 (1994). Análise Sensorial – Vocabulário. CT 114. IQA. Lisboa. 31. Chambers IV E. Sensory analysis of frozen foods. In: Sun D-W, editor. Handbook of frozen foods processing and packaging. 2th ed.: Taylor & Francis Group, LLC; 2011. 32. Lawless H, Heymann H. Scaling. In: Heldman D, editor. Sensory evaluation of food. Springer Science+Business Media, LLC; 2010. 33. Lawless H. Acceptance and preference testing. In: Laboratory exercices fos sensory evaluation. Springer Science+Business Media New York 2013. 34. Creed P. Quality and safety of frozen ready meals. In: Sun D-W, editor. Handbook of frozen foods processing and packaging. 2th ed.: Taylor & Francis Group, LLC; 2011. 35. Swainson M, McWatt L. Sensory quality control in the chilled and frozen ready meal, soup and sauce sectors. In: Kilcast D, editor. Sensory analysis for food and beverage quality control: a practical guide. Woodhead Publishing Limited; 2010. 36. Greenfield H, Southgate D. Sampling. In: Burlingame B, Charrondiere U, editores. Food composition data: production, management and use. Rome: Food and Agriculture Organization of the United Nations; 2003. 37. Especialização em produção enóloga - Vinificação. Análise sensorial. ETGI da AESBUC - Universidade Católica. [citado em: 15-09-2015]. Disponível em: http://www.aesbuc.pt/twt/ETGI/MyFiles/MeusSites/Enologia/2005/Analise%20Sensorial.htm. 38. Carpenter RP, Lyon D, Hasdell T. How To Use Sensory Analysis To Meet Your Objective. In: Guidelines for Sensory Analysis in Food Product Development and Quality Control. 2th ed.: Aspen Publishers, Inc.; 2000. 39. PrNP 2000 (2000). Análise sensorial - metodologia – Guia geral. IPQ -Instituto Português da Qualidade, Caparica.

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40. ISO 4833-1 (2013) Microbiology of the food chain - Horizontal method for the enumeration of microorganisms - Part 1: Colony count at 30 °C by the pour plate technique. International Organization of Standardization. Geneva. 41. Finglas P, Weichselbaum E, Buttriss JL. The 3rd International EuroFIR Congress 2009: European Food Composition Data for Better Diet, Nutrition and Food Quality. European journal of clinical nutrition. 2010; 64 Suppl 3:S1-3. 42. Denny A, Buttriss J, Finglas P. Second International EuroFIR Congress 2007: The role of food composition data in improving quality, healthiness and safety of European diets. Food chemistry. 2009; 113:733-35. 43. Reinivuo H, Bell B, Ovaskainen M. Harmonisation of recipe calculation procedures in European food composition databases. Journal of Food Composition and Analysis. 2009; 22:410-13. 44. Reinivuo H, Laitinen K. Harmonisation of recipe calculation procedures [Technical Report]. EuroFIR. 2005. 45. Bell S, Becker W, Vásquez-Caicedo A, Hartmann B, Moller A, Butriss J. Report on nutrient losses and gains factors used in European food composition databases [Technical Report]. EuroFIR. 2006. 46. Vásquez-Caicedo A, Bell S, Hartmann B. Report on collection of rules on use of recipe calculation procedures including the use of yield and retention factors for imputing nutrient values for composition foods [Technical Report]. EuroFIR. 2005 47. U.S. Department of Agriculture - Agricultural Research Service. USDA National Nutrient Database for Standard Reference, Release 23. Washington DC; 2010. 48. Cance M, Widdowson. The Composition of Foods integrated dataset (CoF IDS). 2002. 49. Porto A, Oliveira L. Tabela da Composição de Alimentos. Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge - Centro de Segurança Alimentar e Nutrição. 2006; ISBN 972-8643-19-5. 50. Bognár A. Tables on weight yield of food and retention factors of food constituents for the calculation of nutrient composition of cooked foods (dishes). Karlsruhe: Bundesforschungsanstalt fur Ernahrung; 2002. [citado em: 12 Jan 2015]. Disponível em: http://www.mri.bund.de/fileadmin/Veroeffentlichungen/Archiv/Schriftenreihe_Berichte/bfe-r-02-03.pdf. 51. Bergstrom L. Nutrient Losses and Gains in the Preparation of Foods, Report No. 32. Uppsala, Sweden: National Food Administration; 1994. [citado em: 12 Jan 2015]. Disponível em: http://www.fineli.fi/download/rapportNLG.pdf. 52. Garitta L, Hough G, Sanchez R. Sensory shelf life of dulce de leche. Journal of dairy science. 2004; 87(6):1601-7. 53. McKenna B. Shelf life predictions of frozen foods. In: Sun D-W, editor. Handbook of frozen foods processing and packaging. 2th ed.: Taylor & Francis Group, LLC; 2011. 54. Burk Z. Refrigeration: chilling and freezing. In: Food Process Engineering and Technology. 2th ed.; 2013. 55. Lawless H, Heymann H. Preference testing. In: Heldman D, editor. Sensory evaluation of food. Springer Science+Business Media, LLC; 2010. 56. ISO 8587 (2006). Sensory analysis - Methodology - Ranking. International Organization of Standardization. Geneva. 57. Giménez A, Ares G, Gámbano A. Survival analysis to estimate sensory shelf life using acceptability scores. Journal of Sensory Studies. 2008; 23:571–82.

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58. Roos Y. Water Activity and Plasticization. In: Eskin M, Robinson D, editores. Food Shelf Life Stability: Chemical, Biochemical, and Microbiological Changes. CRC Press LLC; 2001. 59. Miglio C, Chiavaro E, Visconti A, Fogliano V, Pellegrini N. Effects of different cooking methods on nutritional and physicochemical characteristics of selected vegetables. Journal of agricultural and food chemistry. 2008; 56(1):139-47. 60. Gormley R, Walshe T, Hussey K, Butler F. The Effect of Fluctuating vs. Constant Frozen Storage Temperature Regimes on Some Quality Parameters of Selected Food Products. Lebensm-Wiss u-Technol. 2002; 35:190–200. 61. Nesvadba P. Thermal Properties and Ice Crystal Development in Frozen Foods. In: Evans J, editor. Frozen Food Science and Technology. Blackwell Publishing Ltd; 2008. 62. Berry M, Fletcher J, McClure P, Wilkinson J. Effects of Freezing on Nutritional and Microbiological Properties of Foods. In: Evans J, editor. Frozen Food Science and Technology. Blackwell Publishing Ltd; 2008. 63. Geppert J, Stamminger R. Consumer Perception of Safety and Quality of Food Products Maintained under Cold Storage. In: Bhat R, Gómez-López V, editores. Practical Food Safety: Contemporary Issues and Future Directions. John Wiley & Sons, Ltd; 2014. 64. Zaritzky N, La Plata C. Factors affecting the stability of frozen foods. In: Kennedy C, editor. Managing frozen food. Woodhead Publishing Limited and CRC Press LLC; 2000. 65. Bogh-Sorensen L. Maintaining safety in the cold chain. In: Kennedy C, editor. Managing frozen foods. Woodhead Publishing Limited; 2000. 66. Gill C. Microbiology of frozen foods. In: Sun D-W, editor. Handbook of frozen foods processing and packaging. 2th ed.: Taylor & Francis Group, LLC; 2011. 67. Gram L, Ravn L, Rasch M, Bruhn J, Christense A, Givskov M. Food spoilage - interactions between food spoilage bacteria. International Journal of Food Microbiology. 2002; 78:79– 97. 68. Mossel D, Corry J, Struijk C, Baird R. Essentials of the microbiology of foods: a textbook for advanced studies. John Wiley and Sons Ltd; 1996. 69. Silva N, Taniwaki M, Junqueira V, Silveira N, Nascimento M, Gomes R. Aerobic Palte Count. In: Microbiological Examination Methods of Food and Water- A Laboratory Manual. Institute of Food Technology – ITAL, Campinas, SP, Brazil: CRC Press/Balkema 2013. 70. Valores Guia para avaliação da qualidade microbiológica de alimentos prontos a comer preparados em estabelecimentos de restauração. . Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge. 2005. 71. Guidelines for Assessing the Microbiological Safety of Ready-to-Eat Foods. London: Health Protection Agency, November 2009. 72. Torres D. Produção de refeições e alterações nutricionais nos alimentos. Alimentação Humana - Revista SPCNA. 2009; 15(3):66-70. 73. Bernhardt S, Schlich E. Impact of different cooking methods on food quality: Retention of lipophilic vitamins in fresh and frozen vegetables. Journal of Food Engineering. 2005; 77:327–33. 74. Combs Jr G. Vitamin C. In: Combs Jr G, editor. The Vitamins: Fundamental Aspects in Nutrition and Health. Elsevier Inc.; 2008.

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Anexos

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Anexo A

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ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA

Designação:

Feijoada à transmontana

Serviços de Acção Social Departamento Alimentar

Campus de Gualtar 4710-057 Braga – P

N.º da especificação: CV-94028002

Tipo: Composto

Ingredientes: Feijão vermelho, cenoura, seitan, água, couve portuguesa, cebola, enchido de

soja, salsicha vegetariana, azeite, alho, sal, piripiri, louro.

Composição: Ingredientes Quantidade PL/Kg PB/Kg

Feijão vermelho 0.800 0.800

Cenoura 0.600 0.725

Seitan 0.500 0.555

Água 0.500 0.500

Couve portuguesa 0.400 0.506

Cebola 0.400 0.454

Enchido de soja 0.100 0.100

Salsicha vegetariana 0.100 0.100

Azeite 0.100 0.100

Alho 0.050 0.066

Sal 0.012 0.012

Piripiri 0.002 0.002

Louro 2 folhas 0.001 0.001

Peso Líquido (PL) Total /Kg 3.565

Peso Total confeccionado /Kg 3.625

Peso médio de cada dose no prato/g 362.5

Quantidade prevista/prato 10

Especificação da Quantidade: - A quantidade do feijão corresponde à quantidade de feijão seco.

Preparações Adicionais: - Colocar o feijão de molho

- Cozer o feijão em água e sal

- Lavar e picar a cebola, o alho e o enchido de soja

- Lavar e cortar cenoura às rodelas

- Lavar e cortar a couve às tiras

- Lavar e cortar seitan em cubos

- Saltear o seitan em azeite e alho e sal

Modo de Preparação: - Fazer estalar a cebola picada em azeite

- Juntar o enchido de soja picado, a folha de louro e o alho picado

- Acrescentar a cenoura às rodelas

- Se necessário juntar água (pode ser a de cozer o feijão)

- Deixar cozer cerca de 5 min e juntar a couve, o feijão e as salsichas

- Temperar com malagueta (ter em atenção o tamanho da malagueta), sal e

piripiri

- Deixar apurar

- Juntar o seitan ao refogado

- Retificar temperos se necessário

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ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA

Designação:

Pizza de legumes com enchido de soja

Serviços de Acção Social Departamento Alimentar

Campus de Gualtar 4710-057 Braga – P

N.º da especificação: CV-94028044

Tipo: Composto

Ingredientes: Farinha integral T150, Farinha T65, Cogumelos, Tomate, Queijo, Água,

Curgete, Cebola, Pimento, Cenoura, Azeitonas, Óleo vegetal, Chouriça

de soja, Fermento, Tomate concentrado, Azeite, Sal e Orégãos

Composição:

Ingredientes

Quantidad

e PL/Kg PB/Kg

RE

CH

EIO

Cogumelos

frescos 0.500 0.543

Curgete 0.300 0.333

Pimento 0.150 0.195

Cenoura 0.150 0.181

Azeitonas 0.075 0.127

Chouriça de

soja 0.040 0.040

MA

SS

A P

IZZ

A

Farinha integral

T150 0.550 0.550

Farinha T65 0.550 0.550

Água 0.500 0.500

Óleo vegetal 0.050 0.050

Fermento

Padeiro 0.035 0.035

Sal 0.015 0.015

MO

LH

O

Tomate 0.500 0.543

Tomate

concentrado 0.030 0.030

Cebola 0.200 0.227

Óleo 0.025 0.025

Azeite 0.025 0.025

Sal fino 0.004 0.004

Queijo barra 0.500 0.515

Orégãos 0.002 0.002

Peso Líquido (PL) Total /Kg 4,201

Peso Total confecionado /Kg 3,585

Peso médio de cada dose no prato/g 358,5

Especificação da Quantidade: - Quantidade para 10 pessoas

Preparações Adicionais: - Limpar e lavar os legumes

- Cogumelos e curgete laminados com 2mm

- Ralar a cenoura

- Picar os pimentos

- Picar a chouriça de soja

- Cortar as azeitonas às rodelas

- Picar o tomate (em alternativa pode-se usar tomate pelado)

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Modo de Preparação: Molho de tomate

- Dourar a cebola picada em azeite e óleo;

- Deixar apurar, juntando depois os tomates maduros e o tomate

concentrado;

- Deixar cozer

- Temperar de sal e passar pela varinha mágica.

Massa de pizza

1) Dispersar o sal na água morna com a levedura (fermento) e um pouco

da farinha, mexendo bem (reservar cerca de meia hora).

2) Na amassadeira colocar as restantes farinhas e o óleo, amassando bem.

3) Deitar a mistura de 1) na amassadeira e amassar ligeiramente até

envolver a massa.

4) Deixar a massa levedar à temperatura ambiente durante 1 a 2 horas e

ficar com uma textura leve.

Montagem da pizza

- Estender a massa com o rolo e com ajuda de um pouco de farinha e

cortar a gosto

- Colocar uma camada de molho de tomate

- Colocar o queijo ralado

- Decorar com os ingredientes do recheio a gosto

- Polvilhar com orégãos

- Cozer no forno a 200 ºC durante alguns minutos

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ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA

Designação:

Crepes recheados com espinafres e requeijão

Serviços de Acção Social

Departamento Alimentar

Campus de Gualtar 4710-057 Braga – P

N.º da especificação: CV-94028054

Tipo: Composto

Ingredientes: Espinafres, Alho, Requeijão, Farinha, Leite, Sal, Pimenta, Azeite, Leite,

Ovos, Óleo, Farinha T65, Farinha Maizena, Natas, Noz moscada e

Orégãos.

Composição:

Rec

hei

o

Ingredientes Quantidade PL/kg PB/kg

Espinafres 0.500 0.500

Alho 2 dentes 0.014 0,019

Requeijão 1 unid 0.180 0.180

Farinha

Maizena

1 colher de

sopa 0.010 0.010

Leite 0.200 0.200

Sal 0.012 0.012

Azeite 0.050 0.050

Orégãos 0.001 0.001

Bec

ha

mel

Leite 0.450 0.450

Natas 0.050 0.050

Farinha

Maizena 0.025 0.025

Sal 0.003 0.003

Noz moscada 0.001 0.001

Ma

ssa d

e cr

epes

Água 0.500 0.500

Farinha T65 0.400 0.400

Ovo 0.190 0.190

Leite 0.190 0.190

Óleo 0.025 0.025

Sal 0.005 0.005

Peso Líquido (PL) Total /Kg 2.806

Peso Total confecionado /Kg 2.127

Peso médio de cada dose no prato/g 212.7

Quantidade prevista/prato 10

Especificação da Quantidade: - Não aplicável

Preparações Adicionais: - Lavar e picar o alho francês.

- Lavar, desinfectar e picar a salsa

- Lavar e cortar a cebola em lâminas ou meia-lua

- Lavar e cortar a batata para batata palha

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Modo de Preparação: Crepes

Misturar todos os componentes da massa e passar com a varinha mágica.

Colocar uma colher de sopa, numa frigideira anti-aderente pequena,

untada com óleo e quente.

Espalhar a massa pela frigideira.

Virar a meio para alourar do outro lado.

Nota: É normal que o primeiro não sai bem. Para os seguintes, não será

necessário untar.

Recheio

Saltear os espinafres descongelados no azeite com um dente de alho.

Numa tigela, misturar a farinha com o leite e juntar aos espinafres e

deixar a farinha cozer (corrija com mais farinha Maizena, caso o recheio

esteja demasiado líquido).

Juntar o requeijão esmigalhado e misture.

Molho Bechamel

- Reservar 100g de leite para dispersar a farinha maizena;

- Ferver o restante leite com as natas e sal;

- Adicionar a farinha maizena disperso no leite;

- Temperar com a noz moscada

- Mexer bem enquanto o molho está ao lume para que este adquira a

consistência desejada.

Empratamento

Num tabuleiro de ir ao forno:

Untar com azeite.

Enrolar uma porção de recheio num crepe frito.

Colocar no tabuleiro, com a dobra virada para baixo

Cobrir os crepes com o bechamel.

Polvilhar com orégãos

Assar no Forno, 220 ºC, cerca de 15/20 minutos.

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Anexo B

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Nome: _________________________________________________________

Código de identificação: ___

Data: __/__/____

Idade: ___

Sexo: F M

Antes de começar:

Molhe a sua boca com água. Se necessário, poderá fazê-lo sempre que quiser durante o

teste.

Prove as três amostras que lhe foram apresentadas, da esquerda para a direita. Poderá

voltar a provar cada amostra depois de ter provado todas.

1) Ordene as amostras por ordem crescente de preferência, utilizando os seguintes

números:

1 = menor preferência;

2 = preferência intermédia;

3 = maior preferência.

Não são permitidos empates.

Amostra Ordene as amostras (1 a 3)

- A77 __________

- A42 __________

- A13 _________

2) Para cada amostra apresentada, responda “sim” ou “não” à seguinte questão:

Consumiria o produto, caso fosse servido na sua casa?

Amostra “Sim” ou” “Não”

- A77 __________

- A42 __________

- A13 __________

(Em caso de dúvida, questione agora o responsável)

Obrigada pela sua participação!

A

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60

Nome: _________________________________________________________

Código de identificação: ___

Data: __/__/____

Idade: ___

Sexo: F M

Antes de começar:

Molhe a sua boca com água. Se necessário, poderá fazê-lo sempre que quiser durante o

teste.

Prove as três amostras que lhe foram apresentadas, da esquerda para a direita. Poderá

voltar a provar cada amostra depois de ter provado todas.

3) Ordene as amostras por ordem crescente de preferência, utilizando os seguintes

números:

1 = menor preferência;

2 = preferência intermédia;

3 = maior preferência.

Não são permitidos empates.

Amostra Ordene as amostras (1 a 3)

- B26 __________

- B84 __________

- B95 _________

4) Para cada amostra apresentada, responda “sim” ou “não” à seguinte questão:

Consumiria o produto, caso fosse servido na sua casa?

Amostra “Sim” ou” “Não”

- B26 __________

- B84 __________

- B95 __________

(Em caso de dúvida, questione agora o responsável)

Obrigada pela sua participação!

B

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Nome: _________________________________________________________

Código de identificação: ___

Data: __/__/____

Idade: ___

Sexo: F M

Antes de começar:

Molhe a sua boca com água. Se necessário, poderá fazê-lo sempre que quiser durante o

teste.

Prove as três amostras que lhe foram apresentadas, da esquerda para a direita. Poderá

voltar a provar cada amostra depois de ter provado todas.

5) Ordene as amostras por ordem crescente de preferência, utilizando os seguintes

números:

1 = menor preferência;

2 = preferência intermédia;

3 = maior preferência.

Não são permitidos empates.

Amostra Ordene as amostras (1 a 3)

- C39 __________

- C51 __________

- C60 _________

6) Para cada amostra apresentada, responda “sim” ou “não” à seguinte questão:

Consumiria o produto, caso fosse servido na sua casa?

Amostra “Sim” ou” “Não”

- C39 __________

- C51 __________

- C60 __________

(Em caso de dúvida, questione agora o responsável)

Obrigada pela sua participação!

C