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Método – no final darei um título Para desenvolvimento da presente análise foram aplicados questionários com questões semi estruturadas aos pais responsáveis de alunos incluídos em classes regulares da Fundação Municipal de Educação (FME) de Niterói, a fim de elucidar como a educação inclusiva vem se desenvolvendo na rede municipal pública de ensino de Niterói a luz do olhar desses sujeitos. Para não identificação dos profissionais, escolas e pais, responsáveis e alunos envolvidos nesta pesquisa, foram utilizados para identificação das pessoas pseudônimos de modo a preservarmos a identidade de todos. Dos onze questionários entregues aos pais e responsáveis de seis diferentes unidades de ensino, sendo duas unidades municipais de educação infantil (UMEI), uma de ensino fundamental integral , duas que atendem ensino fundamental em horário parcial e por última uma de ensino fundamental e educação infantil em horário integral, apenas seis questionários retornaram à pesquisadora, sendo um questionário respondido por um responsável com duas filhas especiais na mesma unidade de ensino da rede. As questões do questionário foram comuns a todos os sujeitos participantes da pesquisa e estes tiveram liberdade para responder em suas casas e retornar com o questionário respondido. Apenas duas responderam as questões diretamente à pesquisadora. Foram estas as questões: O que você entende por inclusão?

Método e Análise de Dados

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Dados.

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Page 1: Método e Análise de Dados

Método – no final darei um título

Para desenvolvimento da presente análise foram aplicados questionários com questões

semi estruturadas aos pais responsáveis de alunos incluídos em classes regulares da Fundação

Municipal de Educação (FME) de Niterói, a fim de elucidar como a educação inclusiva vem

se desenvolvendo na rede municipal pública de ensino de Niterói a luz do olhar desses

sujeitos.

Para não identificação dos profissionais, escolas e pais, responsáveis e alunos

envolvidos nesta pesquisa, foram utilizados para identificação das pessoas pseudônimos de

modo a preservarmos a identidade de todos.

Dos onze questionários entregues aos pais e responsáveis de seis diferentes unidades

de ensino, sendo duas unidades municipais de educação infantil (UMEI), uma de ensino

fundamental integral , duas que atendem ensino fundamental em horário parcial e por última

uma de ensino fundamental e educação infantil em horário integral, apenas seis questionários

retornaram à pesquisadora, sendo um questionário respondido por um responsável com duas

filhas especiais na mesma unidade de ensino da rede.

As questões do questionário foram comuns a todos os sujeitos participantes da

pesquisa e estes tiveram liberdade para responder em suas casas e retornar com o questionário

respondido. Apenas duas responderam as questões diretamente à pesquisadora. Foram estas as

questões:

O que você entende por inclusão?

A rede pública municipal de educação que seu filho estuda atende a inclusão de

alunos (as) com necessidades especiais?

Qual o diagnóstico do seu (a) filho (a)?

Idade e grupo de referência do (a) aluno (a)

Como chegou à escola atual de seu (a) filho (a)? Quanto tempo estuda nela?

Há quanto tempo seu (a) filho (a) estuda na rede pública municipal de ensino

de Niterói?

A escola atende as necessidades educacionais do seu (a) filho (a)? Explique.

Como descobriu a necessidade especial do seu (a) filho (a)?

Eu filho (a) realiza alguma atividade extra escolar que apoie em sua

necessidade especial? Qual? Em que local e como chegou a este lugar?

Qual a periodicidade de reuniões com os profissionais da escola? Qual é o

assunto tratado nas reuniões?

O que você aprende com seu (a) filho (a)?

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A análise e discussão das questões do questionários abaixo realizada, foram

apreciadas criticamente à luz dos autores que referenciam este trabalho, bem como os

documentos oficiais que legitimam a educação inclusiva na escola regular.

Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças.

Mantoan

Quando questionadas quanto ao que entende por inclusão, duas respostas são bastante

elucidativas e requer pesquisas futuras com uma amostragem maior, senão, total de

participação de pais responsáveis, pois uma não respondeu a questão e relatou verbalmente

que não sabia o que era, uma outra respondeu a questão da seguinte forma: Não sei o que é

inclusão. O que é inclusão?

A concepção de inclusão aqui compreendida está para além de cumprir a lei e dar

acesso ao aluno com deficiência a escola regular. A inclusão aqui é garantida como direito de

acesso e permanência do aluno deficiente na escola regular, convivendo com os outros

estudantes em igualdades de oportunidades de acesso às aprendizagens, de convivência e

respeito às diferenças.

Quanto a isso, a resposta da responsável Fátima Bernardes, responsável de criança

com altas habilidades é bem contemplativa. Após a afirmativa de Ana Paula Araujo.“Inclusão é dar as mesmas oportunidades de aprendizado e perspectivas de realização às pessoas portadoras de diferenças cognitivas, sociais, culturais, físicas e emocionais.”

“É a criança especial junto com as crianças normais.”

Para Mantoan conforme entrevista à Revista Nova Escola, inclusão é:É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo.

Diante do exposto, faz-se necessário pensar numa inclusão que ultrapasse os muros da

escola de modo que tal concepção transcenda a mera matrícula compulsória dos estudantes

deficientes na escola regular. A inclusão deve ser entendida socialmente, de dentro da

sociedade para escola e não o contrário. Assim, no convívio com a diversidade humana, com

as diferenças e deficiências, estaremos mais aptos à compreensão e entendimento da dimensão

do que é efetivamente incluir nesta sociedade ainda fortemente excludente.

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Quando questionadas como descobriram a necessidade especial dos filhos, uma não

respondeu e foram obtivas as seguintes outras respostas:“Observei que ele era muito diferente dos meus outros três filhos. Não falava, não gostava de brincar com os outros e só queria ficar sozinho. Não gostava quando tocam nele. Levei várias vezes à pediatra dele que disse ser normal. Quando levei em outro pediatra, ele me encaminhou para psicóloga que disse que não resolvia isso e me encaminhou para o neurologista. O médico avaliou e disse que ele era autista, mas o exame de cabeça dele deu tudo bem.” Ana Luiza Guimarães

“Meu filho sempre teve uma capacidade diferente do cognitivo. Foram feitos testes e comprovado: altas habilidades e superdotação.”

“Ao nascer se via nas duas, na mais velha e na mais nova que eram cegas. Na autista, aos dois anos e meio já percebia que era diferente no comportamento e levei ao médico. Ela só andou com quatro anos.”

“Através do comportamento dele, diferente.”

“Através de médicos.”

É comum para a maioria que a diferenciação de seus filhos quanto aos estabelecidos

“padrões de normalidades” foi o que despertou para o entendimento desta diferenciação.

Conforme Mantoan 2006, p. 193: Nem todas as diferenças necessariamente inferiorizam as

pessoas. Há diferenças e há igualdades, e nem tudo deve ser igual nem tudo deve ser

diferente. Assim, temos o direito de ser diferentes quando a igualdade se superestima em nos

descaracterizar, bem como sermos iguais quando as diferenças nos subestimam, nos

inferiorizam e servem de pretexto para nos excluir.

Quanto ao atendimento das necessidades especiais dos filhos na escola pública regular

de Niterói, todas foram unanimes em afirmar que seus filhos tem suas necessidades

contempladas, enfatizando que:“Ambas tem professor de apoio. Uma aprendeu baile e sorobã na escola. Também dão prova oral para ela.”

“Ele vai duas vezes na semana à sala de recursos para ser atendido.”

É possível identificar no registro dos questionários que para alguns pais e

responsáveis, que atender as necessidades especiais de seus filhos está ligada à matricula na

escola regular e ao professor de apoio para auxiliar os estudantes em suas necessidades

educacionais especiais, quando é possível verificar na rede de ensino uma estrutura,

organização e funcionamento mais amplo para assegurar os direitos da pessoas com

deficiência incluída na escola regular quanto à acessibilidade, seja arquitetônica, mobiliária,

formação continuada aos profissionais, atendimento especializado, além do combate ao

preconceito, ainda presente em nossas sociedade e também nas unidades de ensino.

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Dos sete estudantes, apenas três não fazem atividades extra-escolar. Um realiza terapia

ocupacional e tem atendimento psicológico semanal na pestalozzi; uma natação na Andef;

outra balé e natação e um robótica educacional. Todos realizam atividades especializada na

escola na sala de recursos pedagógicos.

Dentre as deficiências/ necessidades especiais relatadas obtivemos:

Autismo;

Deficiência Visual Congênita;

Deficiência Visual Congênita, autismo, distúrbio neurológico, tumor cerebral e

vive com aparelhos intermos;

2 Deficiência Física;

Altas Habilidades/Superdotação;

Síndrome de Down

É possível constatar que a rede em questão e as escolas públicas representadas,

cumprem o previsto em lei, garantindo a matrícula e permanência do estudante, assegurando,

conforme a LDB nº 9394/96 em seu capítulo V, que assegura ao estudante matrícula na escola

regular, apoio especializado para atender as peculiaridades dos estudantes, como acontece na

sala de recursos multifuncionais que existe dentro da unidade de ensino que o estudante está

matriculado.

Conforme documento Orientador do Programa Implantação de Salas de Recursos

Multifuncionais do MEC, a ideia é:... promover as condições de acesso, participação e aprendizagem dos estudantes público alvo da educação especial no ensino regular, possibilitando a oferta do atendimento educacional especializado de forma complementar ou suplementar à escolarização. A formulação e implementação de políticas públicas inclusivas, de acesso aos serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade nas escolas comuns de ensino regular, concorre para a eliminação das barreiras existentes, promovem o desenvolvimento inclusivo da escola, superando o modelo de escolas e classes especiais.

Assim, por meio de serviço especializado dentro do espaço regular de ensino, o

estudante tem garantida a possibilidade de potencializar e promover suas aprendizagens,

promovendo o ambiente inclusivo e superando o modelo anterior implementado nas escolas

especiais onde por sua deficiência e pela justificativa e importância do atendimento

especializado, era retirado do contexto escolar para receber tal atendimento, isso quando as

duas coisas não aconteciam no mesmo espaço, porém apenas para alunos deficientes,

privando assim o convívio com a diversidade.

Quanto questionadas quanto à periodicidade e assunto de reuniões, as mães narram os

seguintes fatos:

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“No ano passado fui chamada a escola porque o [seu filho] estava muito abobado devido aos remédios. Não estava fazendo nada. Ai a “neuro” suspendeu. ...No meio e no final do ano tem reunião com todos os pais e as professoras dizem como os alunos estão, se estão fazendo as coisas, mas uma vez me chamaram para falar que ele estava faltando muito e isso estava atrapalhando o trabalho que faziam com ele na sala de recursos. A professora diz que ele faz tudo na escola, mas ele não come na escola.”

“Tratam de todos os assuntos dos alunos.”

“São todas reuniões de muito boa qualidade. Fala de tudo um pouco e de cada aluno.”

“Tem reunião da turma e tem reunião com a educação especial. A reunião das duas meninas são separadas. Falam do desenvolvimento, faltas.”

“Tem reuniões coletivas semestrais para falar do desenvolvimento e interação e o que as crianças fazem. E a individual que fala sobre as faltas dele [o filho], que prejudica no atendimento recebido na escola.”

A escola assim, cumpre sua função de conforme artigo 12 da LDB em vigência deve:

VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII - informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica.

As mães narram ainda, com unanimidade que aprendem muitas coisas com seus filhos.

Todas registam o impacto do diagnóstico e o pensamento de que não saberão lidar com a

deficiência de seus filhos. O que elas aprendem com seus filhos especiais...“Achei que eu não sabia lidar com a situação. Não sabia que existia esse problema. Ele me ensina em muitas coisas porque eu achava que ele não ia fazer e nem falar nada do que ele faz hoje. Agora ele fala muito, até gírias. Me faz passar vergonha que nem os outros [filhos normais]. Ele dá muito trabalho. É muito agitado (risos).”

“Ela [ a filha mais velha com cegueira congênita] manda eu estudar o Braile e Sorobã e quer me ensinar. A mais nova é muito forte, já fez mais de 40 cirurgias e já passou nove meses no hospital.”

“Ela se vira sozinha, é muito inteligente e faz muitas coisas sem precisar de ajuda.”

“Que o universo da mente humana é muito vasto e ainda se sabe pouco sobre isso. Que as crianças superdotadas ainda estão sendo pouco vislumbradas e parecem não fazer exatamente parte do grupo que precisa de inclusão, uma vez que a rede particular de nariz torce o nariz e o Brasil não valoriza. Aprendo muito sobre genética a anatomia come ele.”

O relato das mães revelam como a ausência de conhecimento acerca da deficiência é

capaz de obstar as potencialidades dos alunos com deficiência, visto o peso agregado ao

próprio termo que vem carregado de preconceitos e a ideia de limitação. Para além disso,

viver a experiência com a humanidade é a melhor forma de nos relacionarmos

respeitosamente com a diversidade que nela há.

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