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Metodologia de Auditoria
Contribuição à boa e responsável gestão dos recursos públicos
Renato Santos ChavesAuditor Federal de Controle Externo
Tribunal de Contas da União
Sumário
Fundamentos de Auditoria Auditoria Governamental Auditoria Financeira Auditoria de Conformidade Auditoria de Desempenho Estudos de Casos
Objetivos da apresentação
Apresentar fundamentos de auditoria
Conceituar tipologias de auditoria governamental
Contribuir com o fortalecimento do controle dos recursos públicos por meio da apresentação de casos
Fundamentos de Auditoria
Surgimento da atividade de Auditoria
Noções da Teoria da Agência
Auditoria Interna X Controle Interno X Controles Internos Administrativos
Finalidade da Auditoria
Surgimento da atividade de Auditoria
A auditoria e sua evolução estão ligadas ao controle das riquezas, à expansão dos mercados, ao acúmulo de capitais e ao desenvolvimento econômico dos países.
O crescimento econômico e do capital, o aumento da complexidade dos negócios e o distanciamento entre o proprietário e o gestor do patrimônio influenciaram decisivamente o surgimento da função de auditoria e o seu desenvolvimento.
(Proaudi-TCU/2011)
Teoria da Agência
Os conflitos de agência aparecem quando o bem-estar de uma parte (proprietário), denominada principal, depende das decisões tomadas por outra, responsável pela gestão do patrimônio do principal, denominada agente.
Principal
(Proprietário)
Agente
(Gestor do Patrimônio do Principal)
recursos
Prestação de contas
Accountability: o agente deve obrigação constante de prestar contas de sua atuação a quem o fez a delegação e responde integralmente por todos os atos que praticar no exercício desse mandato.
Principal(Proprietário)
(Delegante)
Agente(Gestor do Patrimônio do Principal)
(Delegado)Accountability
Auditoria
Auditoria: ação independente de um terceiro sobre uma relação de accountabilitity, objetivando expressar uma opinião ou emitir comentários e sugestões sobre como essa relação está sendo obedecida (Auditoria-Geral do Canadá).
Relação de Accountability no Setor Público
Sociedade
Principal
Auditoria
Poder Legislativo
Representante do Principal
Gestores Públicos
(Agentes)
Auditoria Interna
Auditoria Interna X Controle Interno X Controles Internos Adm.
Gestão
Auditoria Interna / Controle Interno
Controles Internos Administrativos
Os órgãos ou unidades de controle interno e de auditoria interna não são e não devem ser responsáveis pelos controles administrativos. Suas responsabilidades restringem-se a avaliar a adequação e a eficácia do controle interno estabelecido, implantado e mantido pela administração organizacional, bem como realizar auditorias sobre a sua gestão.
Funções da Auditoria Interna
A auditoria interna é uma atividade independente e objetiva de avaliação e de consultoria, desenhada para adicionar valor e melhorar as operações de uma organização.
A auditoria interna auxilia uma organização a realizar os objetivos a partir da aplicação de uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gerenciamento de riscos, controle e governança.
Instituto dos Auditores Internos – IIA Global
Qual é a finalidade da auditoria?
A auditoria não é um fim em si, e sim um elemento indispensável de um sistema regulatório / cujo objetivo é revelar desvios das normas e violações dos princípios da legalidade, eficiência, eficácia e economia na gestão financeira / com a tempestividade necessária para que medidas corretivas possam ser tomadas em casos individuais, / para fazer com que os responsáveis por esses desvios assumam a responsabilidade por eles, para obter o devido ressarcimento ou para tomar medidas para impedir - ou pelo menos dificultar - a ocorrência dessas violações.
(Declaração de Lima sobre Diretrizes para Preceitos de Auditoria)
Auditoria Governamental
Auditoria FinanceiraAuditoria de ConformidadeAuditoria de Desempenho
Auditoria
Regularidade
Financeira
Conformidade
Operacional
Desempenho
Auditoria Governamental
Auditoria Financeira
Auditoria de Conformidade
Auditoria de Desempenho
Auditoria Financeira (Contábil)
Auditoria que tem por objetivo examinar se as demonstrações contábeis evidenciam adequadamente, em seus aspectos relevantes, os atos e fatos concernentes à administração orçamentária, financeira e patrimonial de acordo com a legislação pertinente, os princípios e as normas de contabilidade aplicáveis.
•Demonstrações Contábeis
•Distorções relevantes
•Opinião
Auditoria Financeira
O propósito de uma auditoria de demonstrações financeiras é aumentar o grau de confiança dessas demonstrações por parte dos usuários previstos.
Para isso, o auditor deve expressar uma opinião que forneça segurança razoável aos tomadores de decisão sobre a existência ou não de distorções relevantes nas informações financeiras divulgadas, independente se causadas por erro ou fraude.
A auditoria financeira é um importante instrumento de fiscalização para a verificação independente da confiabilidade das demonstrações financeiras divulgadas por órgãos e entidades públicos, na defesa dos princípios de transparência e prestação de contas.
A auditoria financeira é parte dos processos de governança e accountability públicas, ao contribuir para o direcionamento, a boa utilização e o controle da aplicação dos recursos públicos.
As auditorias de demonstrações financeiras são definidas como trabalhos de asseguração.
“Trabalho de asseguração” significa um trabalho no qual o auditor expressa uma conclusão com a finalidade de aumentar o grau de confiança dos usuários previstos, que não seja a parte responsável, acerca do resultado da avaliação ou mensuração de determinado objeto de acordo com os critérios aplicáveis (ISA/NBC TA ESTRUTURA CONCEITUAL).
O processo de auditoria financeira é semelhante ao de outros tipos de auditoria.
Inicia-se com o planejamento, continua com a fase de execução e termina com a fase de relatório.
Planejamento
Execução
Relatório
Características:
Abordagem baseada em risco.
Amostragem Estatística.
Encaminhamento de possíveis fraudes ou irregularidades
caso se constate quaisquer circunstâncias envolvendo fraudes ou irregularidades, o auditor deve comunicar formalmente ao titular da unidade técnica competente, que avaliará a oportunidade e conveniência de propor nova ação de controle.
Monitoramento.
Demonstrações Contábeis Aplicadas aos Setor Público (DCASP)Balanço PatrimonialBalanço OrçamentárioBalanço FinanceiroDemonstração das Variações PatrimoniaisDemonstração dos Fluxos de CaixaDemonstração do Resultado Econômico
Demonstrações Fiscais (Manual de Demonstrativos Fiscais)Demonstrativo da Receita Corrente LíquidaDemonstrativo do Relatório Resumido da Execução OrçamentáriaDemonstrativo da Despesa com PessoalDemonstrativo da Disponibilidade de Caixa e Restos a Pagar
Auditoria de Conformidade
Auditoria que tem por objetivo o exame da legalidade e legitimidade dos atos de gestão em relação a padrões normativos expressos em normas técnicas ou jurídicas e regulamentos aplicáveis, bem como em relação a disposições de cláusulas de contratos, convênios, acordos, ajustes e instrumentos congêneres.
•Atos de gestão
Situação
•Padrões normativos
Critério
•Diferença entre a situação e o critério
Achado
Planejamento
Estratégico Tático Operacional
Planejamento Operacional
Escopo
Controle Interno Materialidade
Risco
Relevância Vulnerabilidade
Áreas da GestãoControle da Gestão
Gestão Orçamentária
Gestão Financeira
Gestão de Recursos Humanos
Gestão Patrimonial
Gestão de Suprimento de Bens e Serviços
Gestão Operacional
Gestão de Convênios
Gestão de TI
Execução
Fase de Execução
ProcedimentosPapéis de Trabalho Achados
Técnicas
Provas Responsabilização
Relatório (Comunicação)
Comunicação dos Resultados
Relatório de AuditoriaClareza
Relevância
Concisão
Objetividade
Parecer TécnicoConvicção
Tempestividade
Monitoramento
Monitoramento das Ações de Controle
Atendimento das determinações/recomendações
Atendimento Responsabilização
Plano de Providências
Retroalimentação do Planejamento
Auditoria Operacional
Auditoria que objetiva examinar a economicidade, eficiência, eficácia e efetividade de organizações, programas e atividades governamentais, com a finalidade de avaliar o seu desempenho e de promover o aperfeiçoamento da gestão pública.
•Economicidade•Eficiência•Eficácia•Efetividade
Situação
•Avaliar o desempenho
Critério
•Aperfeiçoamento
o
Ciclo da Auditoria Operacional
Estudos de Casos
Contas do Governo da RepúblicaGestão dos Recursos Federais (Secex-RR)
Levantamento (Panorama Piauí)Convênios: transição de gestão (Súmula 230/TCU)
NBC T SP 16.8 – Controle Interno
Contas do Governo da República
Contas do Governo da República (TC 005.335/2015-9)
Fundamentos para a opinião modificada sobre o Balanço Geral da União
Falha de divulgação em notas explicativas do déficit atuarial do Regime Geral de Previdência Social;
Insuficiência de evidenciação contábil de provisões acerca dos riscos fiscais decorrentes de demandas judiciais ajuizadas contra a União, em valor não quantificável;
Retificação irregular dos Restos a Pagar não processados, subavaliando o Passivo Não Financeiro em R$ 185 bilhões;
Contas do Governo da República (TC 005.335/2015-9)
Ausência de registro de passivos da União relativos a repasse de recursos de programas sociais, no valor de R$ 37,5 bilhões;
Divergências de R$ 7 bilhões em saldos da Dívida Ativa da União;
Uso de metodologia de mensuração do ajuste para perdas de créditos tributários a receber diversa daquelas estabelecidas pelo Órgão Central de Contabilidade;
Deficiências na mensuração da depreciação de bens móveis e imóveis;
Insuficiência da evidenciação contábil das renúncias de receitas.
Contas de Governo (TC 005.335/2015-9)
Fundamentos para a opinião adversa acerca do relatório sobre a execução dos orçamentos da União
Inobservância do princípio da legalidade (art. 37, caput, da Constituição Federal), dos pressupostos do planejamento, da transparência e da gestão fiscal responsável (art. 1º, §1º, da Lei Complementar 101/2000), bem como dos arts. 32, §1º, inciso I, 36, caput, e 38, inciso IV, alínea ‘b’, da Lei Complementar 101/2000, em face de adiantamentos concedidos pela Caixa Econômica Federal à União para cobertura de despesas no âmbito dos programas Bolsa Família, Seguro Desemprego e Abono Salarial nos exercícios de 2013 e 2014.
Contas de Governo (TC 005.335/2015-9)
Adiantamentos concedidos pelo FGTS à União para cobertura de despesas no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida nos exercícios de 2010 a 2014;
Inscrição irregular em restos a pagar de R$ 1,367 bilhão referentes a despesas do Programa Minha Casa Minha Vida no exercício de 2014;
Abertura de créditos suplementares, por meio de Decretos Não Numerados, incompatíveis com a obtenção da meta de resultado primário então vigente, em desacordo com o art. 4º da Lei Orçamentária Anual de 2014, infringindo por consequência, o art. 167, inciso V, da Constituição Federal.
Levantamento: Garantia da boa e responsável gestão dos recursos federais por parte dos entes federados
Levantamento de AuditoriaO levantamento é oportunidade para se adquirir conhecimento sistêmico sobre setores de atividade governamental.
Procura-se entender a articulação entre programas de governo para alcançar os objetivos de determinada política pública, o papel das organizações públicas e privadas envolvidas, os principais desafios e dificuldades existentes.
Além disso, o levantamento permite atualizar ativamente informações sobre áreas de governo, identificar novos desenvolvimentos e tendências nas políticas públicas, mudanças de prioridades, necessidade de uso de novas abordagens e técnicas nas auditorias.
TC 017.355/2015-0 (Acórdão 44/2016-TCU-Plenário)
Objetivo: verificação do atendimento, por parte do Estado de Roraima e de seus Municípios, a determinadas condicionantes impostas pela legislação federal, em especial pelo Plano Plurianual da Administração Pública Federal, pela Lei de Responsabilidade Fiscal e pela Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, entre outras normas jurídicas, com vistas a garantir a boa e responsável gestão dos recursos federais por parte dos entes federados.
TCU/Secex-RR + TCE-RR
A metodologia utilizada neste trabalho baseou-se no envio de questionários a todos os entes federados do Estado de Roraima (governo estadual e de quinze municípios) e na realização de estudos de casos junto a quatro desses entes, incluindo a requisição de documentos e a realização de entrevistas com gestores, tudo isso com o intuito de responder aos seguintes questionamentos fundamentais:
se os entes possuem a estrutura contábil necessária para atender as normas estabelecidas pelo órgão central do sistema de contabilidade, se adotam o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) e se estão elaborando suas demonstrações contábeis (DCASP), em conformidade com os padrões do Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público (MCASP);
se a sistemática de planejamento e orçamentação adotada pelos entes está seguindo o modelo utilizado pela União, definido na forma da Lei nº 12.593, de 18 de janeiro de 2012;
se a estrutura de gestão financeira dos entes atende ao princípio da unidade de caixa, preconizado no art. 56 da Lei nº 4.320, de 1964;
se os entes vêm atendendo ao disposto no art. 45 da LRF, o qual aborda a preservação do patrimônio público;
se há estrutura de responsabilidade na gestão fiscal local e se os entes estão atendendo ao disposto no art. 48, parágrafo único, incisos II e III, c/c o art. 73-B da LRF, que tratam sobre a disponibilização de informações sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público, e a adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A;
se a estrutura de controle interno dos entes possui condições de verificar a conformidade entre os atos praticados pelos gestores e os princípios legais estabelecidos, auxiliando os gestores na correta aplicação dos recursos e no alcance dos resultados pretendidos pela administração estadual.
Levantamento: Visão ampla e abrangente da situação geográfica e econômico-social do estado do Piauí (FiscNordeste)
O Levantamento TC 011.470/2015-1, de Relatoria do Ministro Marcos Bemquerer Costa, teve por objetivo apresentar um panorama do estado do Piauí contemplando uma visão ampla e abrangente de sua situação geográfica e econômico-social, incluindo o mapeamento dos desafios locais para o seu desenvolvimento.
os trabalhos concentraram-se em prospectar informações sobre indicadores econômico-sociais, a partir de publicações oficiais, bem como de relatórios da produção de conhecimento elaborados pela Secex-PI, além de entrevistas a especialistas e promoção de painel de referência, de modo a formar uma visão geral do objeto fiscalizado.
Indicador preocupante é o de saneamento básico. A PNAD 2013 indica que apenas 1,8% dos domicílios particulares permanentes possuem rede coletora de esgoto. Já os domicílios com serviço de fossa séptica atingem 78,6% do total.
O Governo do Estado do Piauí, até o momento, não possui um plano de longo prazo com previsão de estratégias de desenvolvimento. Tal realidade é um indicativo de risco de fragilidade no tocante a articulações pré-planejadas com os planos federais para a região/unidade da federação. A evidência maior reside no fato de que o Porto de Luís Correia não está contemplado como prioritário no plano nacional de logística de transportes, enquanto o governo local sinaliza pelo prosseguimento das obras do mesmo.
Convênios: Ações a serem implementadas na transição de gestão (Súmula 230/TCU)
Prestação de Contas de transferências voluntárias federais
Gestão documental
Organize a documentação comprobatória das despesas efetuadas com recursos federais (CGU);
Exija da nova administração o recibo da entrega formal de toda documentação relativa às transferências finalizadas, bem como aquelas ainda em curso (inclusive cópia das respectivas prestações de contas), especificando os documentos de forma detalhada (CGU);
A responsabilidade pela execução, pelo acompanhamento e pela prestação de contas de transferência voluntária é do gestor que a celebrou (ou seja, que assinou o Termo de Convênio ou o Contrato de Repasse). Caso a vigência se estenda para a outra gestão, essa será corresponsável (CGU).
Súmula 230/TCU: Compete ao prefeito sucessor apresentar as contas referentes aos recursos federais recebidos por seu antecessor, quando este não o tiver feito ou, na impossibilidade de fazê-lo, adotar as medidas legais visando ao resguardo do patrimônio público com a instauração da competente Tomada de Contas Especial, sob pena de corresponsabilidade.
NBC T SP 16.8 – Controle Interno
Controle interno sob o enfoque contábil compreende o conjunto de recursos, métodos, procedimentos e processos adotados pela entidade do setor público, com a finalidade de:
salvaguardar os ativos e assegurar a veracidade dos componentes patrimoniais;
dar conformidade ao registro contábil em relação ao ato correspondente;
propiciar a obtenção de informação oportuna e adequada; estimular adesão às normas e às diretrizes fixadas; contribuir para a promoção da eficiência operacional da
entidade; auxiliar na prevenção de práticas ineficientes e antieconômicas,
erros, fraudes, malversação, abusos, desvios e outras inadequações.
O controle interno deve ser exercido em todos os níveis da entidade do setor público, compreendendo:
a preservação do patrimônio público;
o controle da execução das ações que integram os programas;
a observância às leis, aos regulamentos e às diretrizes estabelecidas.
Procedimentos de controle são medidas e ações estabelecidas para prevenir ou detectar os riscos inerentes ou potenciais à tempestividade, à fidedignidade e à precisão da informação contábil, classificando-se em:
procedimentos de prevenção – medidas que antecedem o processamento de um ato ou um fato, para prevenir a ocorrência de omissões, inadequações e intempestividade da informação contábil;
procedimentos de detecção – medidas que visem à identificação, concomitante ou a posteriori, de erros, omissões, inadequações e intempestividade da informação contábil.
O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social.
Renato Santos Chaves
Contato: [email protected]