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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS VINICIUS LUIZ RODRIGUES SILVEIRA MORAIS METODOLOGIA DE OTIMIZAÇÃO PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO ECONÔMICO DE POÇOS INTELIGENTES NO DESENVOLVIMENTO DE CAMPOS DE PETRÓLEO SOB INCERTEZAS CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

VINICIUS LUIZ RODRIGUES SILVEIRA MORAIS

METODOLOGIA DE OTIMIZAÇÃO PARA

AVALIAÇÃO DO IMPACTO ECONÔMICO DE

POÇOS INTELIGENTES NO DESENVOLVIMENTO

DE CAMPOS DE PETRÓLEO SOB INCERTEZAS

CAMPINAS

2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ACADÊMICO

METODOLOGIA DE OTIMIZAÇÃO PARA

AVALIAÇÃO DO IMPACTO ECONÔMICO DE

POÇOS INTELIGENTES NO DESENVOLVIMENTO

DE CAMPOS DE PETRÓLEO SOB INCERTEZAS

Autor: Vinicius Luiz Rodrigues Silveira Morais

Orientador: Prof. Dr. Denis José Schiozer

Coorientador: Prof. Dr. André Ricardo Fioravanti

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

Prof. Dr. Denis José Schiozer, Presidente

DE/DEP - FEM - UNICAMP

Prof.a Dr.a Luciana Faletti Almeida

CEFET/RJ

Prof. Dr. Luis Augusto Angelotti Meira

FT - UNICAMP

A ata dessa defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de

vida acadêmica do aluno.

Campinas, 28 de setembro de 2017.

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DEDICATÓRIA

Dedico a todos os profissionais que contribuíram de forma direta ou indireta para o

desenvolvimento e conclusão deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

À UNICAMP por disponibilizar toda a infraestrutura necessária.

Ao meu orientador, Professor Dr. Denis José Schiozer, pela orientação: ideias,

críticas construtivas e correções.

Ao meu coorientador, Professor Dr. André Ricardo Fioravanti, pela colaboração e

por todas as correções e sugestões.

Ao meu pai Domingos Juarez, minha mãe Carminda Rosa e à minha irmã Rosana

pelo apoio emocional e financeiro.

Aos meus colegas de trabalhos e amigos do DEP/FEM pelas inúmeras discussões

técnicas e pelo companheirismo: Aldo Meza, Bruno Pazetti, César Longui, Forlan Almeida,

Gonçalo Oliveira, Pablo Rodriguez, Ricardo Moreno, Robison Saalfeld e Susana Santos.

Aos amigos com quem convivi durante essa longa jornada: Israel Jacob, Alice

Obata, Maria Larosa, Luiz Sérgio, Daniel Guerreiro e Ralph Canhete.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Ciências e Engenharia de

Petróleo pelas aulas e ensinamentos.

A toda equipe do UNISIM pela ajuda e suporte técnico.

Ao Programa de Formação de Recursos Humanos da Agência Nacional do Petróleo,

Gás Natural e Biocombustíveis (PRH/ANP 15) pela bolsa de estudos.

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RESUMO

Este trabalho propõe uma metodologia para auxiliar no processo de decisão sobre o número,

posição de instalação e previsão da operação das válvulas de controle de fluxo/intervalo (ICV).

O método analisa o emprego de ICV em campos de petróleo com incertezas geológicas,

procurando aumentar a flexibilidade e melhorar o valor monetário esperado (VME) do projeto.

O algoritmo divide o período de produção em seções de tempo e otimiza cada uma delas, em

uma sequência de tempo crescente. Para cada período, indicadores de desempenho avaliam o

potencial dos poços e regiões para instalação de ICV. O método cria diferentes combinações

para os testes, contendo somente as regiões com potencial, o que restringe o espaço de busca e

resulta em menos simulações. Esse procedimento respeita a influência de parâmetros cruzados

já que também considera a operação simultânea de várias ICV em cada período. A aplicação é

realizada no caso de referência UNISIM-I-D, que se baseia no campo Namorado (Bacia de

Campos, Brasil). A função objetivo é o VME dos modelos representativos e o controle das ICV

é otimizado para uma estratégia de exploração de longo prazo (otimização do ciclo de vida).

Para avaliação dos resultados, compara-se o controle proativo proposto com um controle reativo

otimizado. Este trabalho também examina duas plataformas com capacidades diferentes (uma

otimizada para a estratégia de poços convencionais e outra com capacidade reduzida). Os

resultados mostram que quando há restrição de produção de água na plataforma, o fechamento

de uma ICV afeta não apenas os poços mais próximos, mas também outros poços com altas

vazões de água. A vantagem do método proposto é a pequena quantidade de simulações usadas

para avaliar o problema quando comparada com a maioria dos estudos semelhantes,

viabilizando avaliações de campos reais complexos.

Palavras Chave: poços inteligentes, válvulas de controle de fluxo, capacidade de plataforma,

incertezas, análise de decisão, otimização de produção.

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ABSTRACT

This work proposes a methodology to assist the decision about the number, position and

operation of inflow/interval control valves (ICV). The method analyzes the use of ICV in oil

fields with geological uncertainties, seeking to increase flexibility and to improve the expected

monetary value (EMV) of the project. The algorithm divides the production period into time

sections and optimizes each of them, forward in time. For each time section, performance

indicators evaluate the field, wells and regions for the potential to install ICV. The method

creates different combinations containing only the regions with evaluation potential, which

restricts the search space and results in fewer simulations. This procedure respects the influence

of cross parameters since it also considers the simultaneous operation of several ICVs in each

period. We applied the methodology to the reference case UNISIM-I-D, which is based on the

Namorado field (Campos Basin, Brazil). The objective function is the EMV of the

representative models and the control of the ICV is optimized for a long-term exploration

strategy (life cycle optimization). To evaluate the results, we compare the proposed proactive

control with an optimized reactive control. This work also examines two different platform

capacities (one optimized for the conventional well strategy and the other with reduced

capacity). The results show that when there is a platform water production restriction, the

closure of an ICV affects not only the nearest wells, but also other wells with higher water rates.

The advantage of the proposed method is the reduced number of simulations used to evaluate

the problem when compared to most similar studies, enabling complex real field evaluations.

Keywords: Intelligent wells, inflow control valves, platform capacity, uncertainties, decision

analysis, production optimization.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1-1: Exemplo de seção horizontal de PI com três intervalos e ICV separados por

packers, adaptado de Carvajal et al. (2014). ............................................................................. 16 Figura 2-1: Exemplo de declaração do nó de controle (intervalo de atuação da ICV)............. 25 Figura 2-2: Exemplo de regra para operação condicional da ICV ........................................... 25

Figura 2-3: Curvas de propriedade versus tempo (à esquerda) e grupos obtidos pelo k-means

(à direita), exemplo 1 k-means ................................................................................................. 26 Figura 3-1: Metodologia de 12 passos de Schiozer et al. (2015) ............................................. 29 Figura 3-2: Diagrama do desenvolvimento do reservatório em malha fechada, adaptado de

Jansen et al. (2009) e Barros et al. (2016) ................................................................................ 30 Figura 4-1: Fluxograma principal que apresenta os módulos da metodologia ......................... 41

Figura 4-2: Fluxograma que apresenta os processos do Módulo 5 .......................................... 47 Figura 4-3: Fluxograma que apresenta os processos do módulo 7 ........................................... 48 Figura 5-1: Mapa de porosidade (30/06/2018) com a localização dos poços .......................... 51

Figura 6-1: Probabilidades acumuladas dos modelos para VPL, Np, Wp e FRo obtidas no M1

.................................................................................................................................................. 53

Figura 6-2: Resultados do MR8 (a) 𝐼2 e FCL do campo; (b) 𝐼3 e corte de água do campo; (c)

Resultado da avaliação dos indicadores 𝐼2 e 𝐼3 do campo. ..................................................... 56

Figura 6-3: Resultados do MR8, poço PROD007, (a) 𝐼2 e FCL do poço; (b) 𝐼3 e corte de água

do poço; (c) 𝐼4 do poço; (d) Resultado da avaliação dos indicadores 𝐼2, 𝐼3 e 𝐼4 do poço. ..... 57

Figura 6-4: Resultados do MR8, poço PROD007, RMP15, (a) 𝐼2 e FCL da RMP15; (b) 𝐼3 e

corte de água da RMP; (c) Resultado da avaliação dos indicadores 𝐼2 e 𝐼3 da RMP. ............. 57 Figura 6-5: Tempo de fechamento do poço PROD007 e da ICV nas estratégias com P1. Não

existe o bloco leste nos MR 3, 6 e 7, nos quais o PROD007 não é aberto. .............................. 58 Figura 6-6: - IEPP, ∆IEPP, ∆Np e ∆Wp dos poços produtores do MR5 com E9-P1 ............... 62 Figura 6-7: Wi e ∆Wp dos poços injetores do MR5 com E9-P1 .............................................. 62

Figura 6-8: Razão de óleo e água do PROD007 do MR5 com estratégias com PC/PI e P1 .... 63 Figura 6-9: Vazões de óleo e água e corte de água do PROD023A do MR5 com estratégias

com PC/PI e P1 ......................................................................................................................... 63 Figura 6-10: Vazões de injeção água dos poços INJ022 e INJ010 do MR5 com P1 e

estratégias com PC/PI ............................................................................................................... 64 Figura 6-11: Vazões das plataformas P1 e P2 (produção e injeção) no MR2 com PC ............ 66 Figura 6-12: Tempo de fechamento do poço PROD007 e da ICV nas estratégias com P2. Não

existe o bloco leste nos MR 3, 6 e 7, nos quais o PROD007 não é aberto. .............................. 66 Figura 6-13: Vazões de óleo e de água do PROD007 do MR1 com estratégias com PC/PI e P2

.................................................................................................................................................. 67 Figura 6-14: Vazões da plataforma P2 (produção e injeção) no MR1 com PC/PI ................... 70

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2-1: Exemplo de fechamento de ICV através do comando PERF ................................ 24

Tabela 3-1: Indicadores de desempenho eliminatórios, regras e critérios usados para avaliar o

potencial de aplicação de ICV (adaptado de Barreto, 2014; Barreto e Schiozer, 2015) .......... 35 Tabela 3-2: Indicadores de desempenho classificatório e de projeto usados para avaliar o

potencial de aplicação de válvulas de controle (Barreto, 2014; Barreto e Schiozer, 2015) ..... 37

Tabela 4-1: Equações para avaliação dos indicadores de desempenho. ................................... 42 Tabela 4-2: Avaliações de potencial do campo, dos poços e CRMP ....................................... 43 Tabela 5-1: Capacidades e investimentos de cada plataforma ................................................. 51 Tabela 5-2: Critérios de para avaliação de potencial de campo, poços e RMP com base nas

aplicações de Barreto e Schiozer (2015) e Barreto et al. (2016). ............................................. 52 Tabela 6-1: Probabilidades estimadas dos MR calculadas no M1 ........................................... 53

Tabela 6-2: Resultados do k-means em cada poço produtor para dividir as RMP em 3 grupos

.................................................................................................................................................. 54

Tabela 6-3: CRMP obtidos depois de separar os grupos com RMP que não são vizinhas ...... 54 Tabela 6-4: Número de possibilidades criadas para todos MR em cada tempo da avaliação .. 55

Tabela 6-5: Localização das RCP no PROD007 ...................................................................... 58 Tabela 6-6: Desempenho médio das estratégias E9-P1 com PC e PI (proativo e reativo) ....... 59 Tabela 6-7: Resultados econômicos dos MR com a E9-P1 com PC e PI (proativo e reativo) . 60

Tabela 6-8: Resultados de produção dos MR com a E9-P1 com PC e PI (proativo e reativo) 61 Tabela 6-9: Resultados de produção dos MR com PC nas estratégias E9-P1 e E9-P2 ............ 65

Tabela 6-10: Variação da produção e injeção dos MR com PC nas estratégias E9-P1 e E9-P2

.................................................................................................................................................. 65

Tabela 6-11: VME das estratégias E9-P2 com PC e PI (proativo e reativo) ............................ 66 Tabela 6-12: Resultados econômicos dos MR com a E9-P2 com PC e PI (proativo e reativo)

.................................................................................................................................................. 68

Tabela 6-13: Resultados de produção dos MR com a E9-P2 com PC e PI (proativo e reativo)

.................................................................................................................................................. 69 Tabela 6-14: VME das estratégias E9-P1/P2 com PC/PI considerando MR equiprováveis .... 70 Tabela 6-15: Número de possibilidades criadas para todos MR em cada tempo da avaliação 72

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AD – Análise de decisão

AG – Algoritmo genético

AI – Avaliação de indicador

AICD – Dispositivo autônomo de controle de fluxo (Autonomous Inflow Control Device)

AP – Avaliação de potencial

CLRM – Gerenciamento do reservatório em malha fechada (Closed Loop Reservoir

Management)

C1 – Critério 1

CLFD – Desenvolvimento do campo em malha fechada (Closed Loop Field Development)

CRMP – Conjunto de regiões de monitoramento do poço

ℇ – Conjunto de modelos econômicos

E9-P1-PC – Estratégia 9 com plataforma P1 e somente poços convencionais

E9-P1-PIP – Estratégia 9 com plataforma P1 e além dos poços convencionais possui alguns

poços inteligentes com controle proativo

E9-P1-PIR – Estratégia 9 com plataforma P1 e além dos poços convencionais possui alguns

poços inteligentes com controle reativo

FCL – Fluxo de caixa líquido

FGA - Algoritmo genético rápido (Fast Genetic Algorithm)

FRo – Fator de recuperação de óleo

G1 – Variáveis de projeto

G2 – Variáveis de controle

G3 – Variáveis de revitalização

ICD – Dispositivo de controle de fluxo (Inflow Control Device)

ICV – Válvula de controle de intervalo/fluxo (Inflow/Interval Control Valve)

M – Conjunto de modelos

MC – Número máximo de combinações permitidas

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MR – Modelos Representativos

MR1 – Modelo Representativo 1

M1 – Módulo 1

NCG – Método de gradientes conjugados não lineares (Nonlinear Conjugate Gradient)

Np – Produção acumulada de óleo

NUM_MR – Número total de modelos representativos considerados

PM – Probabilidade dos modelos do conjunto M

PMR – Probabilidade estimada de ocorrência de determinado modelo representativo

P1 – Tipo de plataforma

PC – Poço convencional

PI – Poço inteligente

PIP – Poço inteligente controlado proativamente

PIR – Poço inteligente controlado reativamente

𝑃𝑀𝑅 – Probabilidade do modelo representativo

RCP – Região controlável do poço (contém uma ICV)

RGO – Razão entre gás e óleo

RMP – Região de monitoramento do poço

S – Conjunto de estratégias de produção

STO – Vazão de produção de óleo na superfície

STW – Vazão de produção de água na superfície

VME – Valor monetário esperado

VPL – Valor presente líquido

WCUT – Corte de água

Wi – Injeção acumulada de água

Wp – Produção acumulada de água

USD – Dólares americanos

∧ − Conjunção lógica (ler como “E”)

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SUMÁRIO

1 Introdução ....................................................................................................................... 15

1.1 Motivação ..................................................................................................................... 18

1.2 Objetivos ....................................................................................................................... 19

1.3 Premissas ...................................................................................................................... 20

2 Fundamentos ................................................................................................................... 21

2.1 Corte de água (WCUT) ................................................................................................. 21

2.2 Valor Monetário Esperado ............................................................................................ 21

2.3 Indicador Econômico de Poços Produtores .................................................................. 22

2.4 Módulo de Gerenciamento de poços do IMEX ............................................................ 22

2.5 Operação de Poços Inteligentes no IMEX .................................................................... 24

2.5.1 Operação no tempo .................................................................................................. 24

2.5.2 Operação condicional .............................................................................................. 24

2.6 Algoritmo do K-means (Cluster Analysis) ................................................................... 25

2.6.1 Exemplo de aplicação .............................................................................................. 26

3 Revisão Bibliográfica ...................................................................................................... 28

3.1 Estrutura da análise da decisão ..................................................................................... 28

3.2 Controle de poços inteligentes ...................................................................................... 31

3.3 Estratégias com poços inteligentes ............................................................................... 32

3.3.1 Indicadores de desempenho, critérios e regras ........................................................ 34

4 Metodologia ..................................................................................................................... 39

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4.1 Períodos e tempos de avaliação .................................................................................... 39

4.2 Regiões de interesse do poço ........................................................................................ 39

4.3 Descrição geral ............................................................................................................. 40

4.4 Módulo 1 – Estimativa da probabilidade dos MR ........................................................ 40

4.5 Módulo 2 – Avaliação da estratégia inicial .................................................................. 40

4.6 Módulo 3 – Avaliação dos indicadores de campo ........................................................ 42

4.7 Módulo 4 – Demarcação dos CRMP ............................................................................ 43

4.7.1 Cálculo do ponto de histórico do corte de água médio de cada RMP ..................... 43

4.7.2 Agrupamento k-médias (k-means) .......................................................................... 44

4.8 Módulo 5 – Geração de estratégias candidatas ............................................................. 45

4.9 Módulo 6 - Cálculo do VME das estratégias candidatas .............................................. 46

4.10 Módulo 7 - Seleção da estratégia referência ................................................................. 46

4.11 Módulo 8 – Atualização de dados e outras verificações ............................................... 46

4.12 Controle reativo ............................................................................................................ 48

5 Aplicações ........................................................................................................................ 50

5.1 Caso de Estudo ............................................................................................................. 50

5.2 Sequência de aplicações ............................................................................................... 50

6 Resultados e discussões .................................................................................................. 53

6.1 Probabilidade dos Modelos Representativos ................................................................ 53

6.2 Conjuntos de Regiões de Monitoramento do Poço ....................................................... 54

6.3 Primeira análise ............................................................................................................ 55

6.4 Segunda análise ............................................................................................................ 64

6.4.1 Redução da plataforma ............................................................................................ 64

6.5 Terceira e quarta análises .............................................................................................. 70

7 Conclusões ....................................................................................................................... 73

7.1 Sugestões para trabalhos futuros .................................................................................. 74

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15

1 Introdução

Os dispositivos de controle de fluxo (ICD) e as válvulas de controle de

fluxo/intervalo (ICV) são componentes de poços inteligentes (PI) que podem proporcionar

maior flexibilidade na gestão da produção e da injeção.

Na indústria e na literatura, a sigla ICV está consolidada para identificar as válvulas

de controle ativo dos PI, mas a letra inicial pode ter origem de duas palavras distintas: intervalo

(interval) ou fluxo (inflow). As publicações da empresa Schlumberger e o artigo de Barreto e

Schiozer (2015), por exemplo, utilizam fluxo (inflow) como primeira palavra. Já as publicações

da Halliburton e o artigo de Sefat (2016a) empregam a palavra intervalo (interval). O termo

‘dispositivos’ (devices), que corresponde à letra D da sigla ICD, também não é suficientemente

preciso, já que uma válvula pode ser descrita como um dispositivo, segundo as definições dos

termos em português1 e em inglês2. Contudo, essas siglas já são amplamente utilizadas e

claramente distinguem esses dois dispositivos, que oferecem funções distintas.

Os ICD são componentes passivos com controles fixos ou ajustáveis

automaticamente (ICD autônomos denominados AICD) para igualar o fluxo ao longo do poço.

Segundo Birchenko (2010), os ICD são eficientes para, por exemplo, reduzir a produção de gás

livre, através da introdução de uma queda de pressão extra que restringe efetivamente o fluxo

de gás de alta velocidade. Já as ICV são componentes ativos com controle variável, controladas

a partir da superfície para individualizar o controle do fluxo das seções. As ICV podem bloquear

parcial ou totalmente o fluxo de acordo com o modo de operação da válvula, que pode ser:

binário (ligado / desligado: totalmente aberto ou fechado), com um estado reversível ou

irreversível; ou variável, com posições múltiplas ou contínuas. A Figura 1-1 mostra um

exemplo de tubulação (tubing) com três intervalos separados por packers e controlados por ICV

que controlam a produção dessas regiões.

A perfuração e a completação de PI exigem especificações diferentes das utilizadas

em poços convencionais (PC). Para permitir a instalação de componentes adicionais (packers,

sensores, válvulas e sistemas elétricos e hidráulicos) é recomendável escolher entre PC e PI

antes da perfuração. Como PI apresentam custo superior do que PC, o custo dos PI pode reduzir

1 Significado de válvula segundo Dicionário Houaiss (2001), def. 2: “dispositivo que, por meio de uma peça

móvel, movimenta, interrompe ou regula o fluxo de um líquido ou gás circulante”. 2 Significado de valve segundo Oxford Dictionary (2017), def. 1: “A device for controlling the passage of fluid or

air through a pipe, duct, etc., especially an automatic device allowing movement in one direction only”.

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16

o retorno financeiro efetivo ou atrasar os ganhos para o final da vida do campo. Portanto, a

decisão deve ser baseada em uma previsão confiável para reduzir riscos efetivamente e não

gerar gastos desnecessários.

Figura 1-1: Exemplo de seção horizontal de PI com três intervalos e ICV separados por

packers, adaptado de Carvajal et al. (2014).

A otimização de PI envolve a definição do número de válvulas em cada poço, locais

de instalação, tamanho dos intervalos e controle das válvulas. Esses parâmetros agregam

complexidade ao problema de otimização, então é essencial iniciar a análise de PI na etapa certa

e adotar procedimentos compatíveis com atualizações periódicas para permitir alterações

conforme ocorrerem variações nos cenários considerados.

Os primeiros anos da exploração de campos petrolíferos visando um objetivo de

longo prazo (ciclo de vida) têm muitas incertezas geológicas. Mas ao longo do

desenvolvimento, a aquisição de informação adicional leva a uma melhor compreensão do

comportamento do reservatório, ajudando a melhorar os modelos de simulação. A atualização

dos modelos procura respeitar o histórico de produção e considerar as novas informações, o que

ajuda a refinar a qualidade da previsão de produção e permite elaborar estratégias ainda mais

confiáveis. O desempenho dessas estratégias também depende da flexibilidade para mudar as

decisões no futuro. Shirangi e Durlofsky (2015) e Morosov e Schiozer (2016) descrevem esse

processo cíclico de otimizar variáveis de projeto e operação com atualizações periódicas de

modelos e estratégias como um desenvolvimento de campo em malha fechada (Closed Loop

Field Development, CLFD). O CLFD auxilia na elaboração do projeto e no gerenciamento da

produção ao longo de toda a vida útil do campo.

Schiozer et al. (2015) propõem uma análise de decisão (AD) em doze etapas para

orientar o planejamento do desenvolvimento, iniciando com a caracterização do reservatório

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17

considerando as incertezas e seguindo com a criação e seleção de cenários, seleção dos casos

base e modelos representativos (MR), desenvolvimento de estratégias determinísticas de

produção e outras análises. A metodologia de 12 passos estabelece uma hierarquia de processos

para facilitar a construção e atualização da estratégia. A avaliação de PI é compatível com o

passo 11, que é dedicado a estudos adicionais para aumentar a flexibilidade, robustez e

informação. Os primeiros dez passos são um único ciclo do CLFD e o Passo 11 fecha o ciclo,

pois a consideração de novas informações também pode demandar uma nova execução da

metodologia, desde os passos iniciais, para atualização dos cenários e estratégias.

Um projeto flexível permite que o sistema se adapte aos cenários futuros para

aumentar o valor máximo do objetivo (retorno financeiro ou recuperação de óleo) ou para

reduzir a diferença entre o mínimo e o máximo da previsão (Silva, M et al., 2016). No caso de

PI, o posicionamento das ICV é inflexível após a instalação do poço. No entanto, a flexibilidade

da produção pode ser obtida através do controle das ICV, que não requer investimentos

adicionais. Contudo, essa flexibilidade futura pode ser limitada ou nula se o posicionamento da

ICV for inadequado.

Gaspar et al. (2016) propõem análises de engenharia para ordenar hierarquicamente

as variáveis e organizar os passos da otimização com base no impacto dos parâmetros sobre a

função objetivo. As variáveis de otimização são classificadas em 3 grupos: grupo G1 composto

pelas variáveis de projeto, relacionadas ao desenvolvimento do campo; grupo G2 composto

pelas variáveis de controle, relacionadas à operação do campo; e grupo G3 composto pelas

variáveis de revitalização, relacionadas à revitalização de campos desenvolvidos. A

completação do poço (convencional e/ou inteligente) e o projeto de PI (número e colocação de

ICV) são exemplos de parâmetros do G1, e os controles dos PC e PI integram o G2. Gaspar et

al. (2016) observam que, embora não demandem investimentos adicionais, os tempos de

abertura e as variáveis de decisão operacional (G2 dos PC) têm impacto menor do que o

posicionamento dos poços (G1 dos PC), não justificando a realização de análises extras nas

fases iniciais. Por outro lado, a decisão de instalar PI deve considerar o aumento do

investimento inicial, o aumento dos custos de perfuração e completação, e a possibilidade do

retorno financeiro não se concretizar ou então ocorrer somente no final da vida do campo.

Portanto, uma previsão de controle (G2 dos PI) é necessária para confirmar o posicionamento

adequado das ICV (G1 dos PI).

Sampaio et al. (2015) combinaram o uso do algoritmo genético rápido (fast genetic

algorithm, FGA), para procurar a solução global, com um método de gradientes conjugados não

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lineares (nonlinear conjugate gradient, NCG), para realizar a otimização local. O estudo aplica

a metodologia em vários casos, e o mais complexo, por exemplo, considera um total de 62

variáveis de decisão. A maior parte desses parâmetros são gerados pela possibilidade de

operação de 4 válvulas em 14 datas, que ocorrem a cada dois anos, o que resulta em 56 variáveis.

Outros 6 parâmetros correspondem aos cortes de água limite utilizados como condições de

operação das 4 válvulas e de outros 2 poços convencionais. Para esse caso, foram necessárias

cerca de 10.000 simulações realizadas pelo FGA além de cerca de 100 simulações adicionais

necessárias para a convergência pelo NCG. Como observa Sefat et al. (2016b), os algoritmos

genéticos empregados no estudo de PI geralmente limitam a 100 variáveis de controle para

reduzir o número de simulações necessárias. Contudo, em reservatórios com muitas ICV, esse

limite pode ser facilmente ultrapassado, e o custo computacional pode se tornar muito alto.

Barreto e Schiozer (2015) introduziram uma nova abordagem que permite usar a

previsão do comportamento do reservatório para orientar o processo de otimização. A

metodologia usa indicadores técnicos e econômicos para selecionar as regiões consideradas na

avaliação da viabilidade econômica dos PI. Com o propósito de dividir o problema em

subproblemas, os quais podem ser resolvidos individualmente para reduzir o esforço

computacional, o método verifica a viabilidade de apenas uma ICV em cada ciclo. Indicadores

classificatórios definem a ordem da análise das regiões consideradas. Segundo o estudo, essa

estratégia reduz efetivamente o número de simulações necessárias. Entretanto, o algoritmo

permite que as decisões não sigam uma ordem cronológica. Por exemplo, a instalação de uma

segunda ICV pode ocorrer em um tempo anterior ao da primeira. Desta forma, a segunda

válvula pode comprometer o desempenho da primeira, e até mesmo anular sua necessidade,

quando houver alguma relação entre elas. Além disso, a metodologia sugere a repetição da

avaliação com três indicadores classificatórios diferentes, o que também pode contribuir para

inclusão de outras decisões que não respeitem a ordem cronológica e/ou que não sigam

adequadamente a hierarquia de impacto sobre a função objetivo. O estudo das ligações das ICV

com outros poços e outras ICV (relações de influência recíproca) pode ser denominado como

avaliação dos parâmetros cruzados das ICV. Portanto, Barreto e Schiozer (2015) não

consideraram o efeito dos parâmetros cruzados na avaliação dos PI.

1.1 Motivação

Há muitos estudos direcionados à comprovação da viabilidade de PI, mas ainda não

existe uma ordem de procedimentos consolidada para integrar os PI na análise de decisão de

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campos reais. A otimização de PI é um problema não linear complexo, já que o projeto do

posicionamento das ICV (G1) depende de uma previsão confiável do controle (G2) dessas

válvulas. Como os cenários geológicos são aperfeiçoados ao longo do tempo, a análise da

decisão (AD) requer versatilidade para ajustar o controle das variáveis que já foram implantadas

e aperfeiçoar os projetos e operações futuros. Desta forma, a elaboração da estratégia de

produção precisa ser um processo cíclico e ajustável às diferentes etapas do desenvolvimento

do campo. A avaliação de PI deve ser incluída em uma hierarquia coerente de processos, tendo

em vista que em casos complexos não é possível aperfeiçoar todos os parâmetros

simultaneamente e que as variáveis de projeto e de controle do reservatório apresentam

impactos de diferentes magnitudes sobre a função objetivo. O tempo computacional reservado

para o exame de cada conjunto de variáveis precisa ser compatível com esses impactos.

Os métodos de otimização de PI baseados em algoritmos genéticos, como o de

Sampaio et al. (2015), mesmo que modificados para filtrar o domínio considerado, ainda

apresentam alto custo computacional em reservatórios com muitas ICV. A metodologia de

Barreto e Schiozer (2015) proporciona uma rápida convergência, mas desconsidera o efeito de

parâmetros cruzados. Como os resultados são promissores, e há poucos estudos que utilizam

indicadores de desempenho para guiar o projeto de posicionamento e de controle de PI, o

presente trabalho se propõe a desenvolver uma metodologia alternativa que use a avaliação de

potencial, mas que também considere o efeito dos parâmetros cruzados e que seja adequada

para aplicações reais na indústria.

Com intuito de identificar e agrupar as regiões dos poços que desenvolvem um

histórico de corte de água semelhante, este estudo aplica o método k-means, que é uma técnica

para formar grupos de observações minimizando a soma das distâncias entre as observações de

cada grupo (Seber, 2008).

1.2 Objetivos

O objetivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia para avaliar o impacto

econômico de PI, estimando a posição e otimizando os controles (operações) das ICV, mas

também respeitando a influência de parâmetros cruzados (interação com outros poços e outras

ICV). As propostas são:

• Integrar a análise de PI no Passo 11 da metodologia de análise da decisão de Schiozer

et al. (2015), de forma que seja operacionalmente compatível com o CLFD e com

cenários probabilísticos.

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• Dividir o problema de otimização em subproblemas de menor custo, através do

fracionamento do intervalo de produção em uma sequência de períodos menores, que

serão analisados individualmente, avançando no tempo, em uma abordagem de ciclo

fechado;

• Utilizar indicadores eliminatórios do campo, dos poços e das regiões de monitoramento

dos poços (RMP) para avaliar o potencial das RMP, reduzindo o espaço de busca em

cada período analisado.

1.3 Premissas

As principais premissas são:

1) Máximo de três ICV por poço: a metodologia permite testar um número maior de

válvulas, mas há uma limitação de aplicação devido às restrições operacionais do nosso

caso particular;

2) ICV estão totalmente disponíveis e são confiáveis: simplificação adotada já que não é o

objetivo deste trabalho considerar falhas operacionais. Contudo, é importante considerar

em futuros estudos pois as ICV geralmente são instaladas no início do desenvolvimento

do campo e sua necessidade pode demorar muitos anos, período no qual os

equipamentos podem sofrer desgastes e apresentar falhas operacionais.

3) Avaliação anual do controle das ICV é suficiente para medir o impacto na função

objetivo;

4) A quantidade de modelos é suficiente para representar o comportamento do reservatório

sob incertezas e para a estimativa inicial da viabilidade dos PI; e

5) Desconsideração de incógnitas desconhecidas, como mudanças nos custos de

perfuração, da completação e dos equipamentos de PI, e também de incertezas

geológicas não consideradas na avaliação inicial.

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2 Fundamentos

Este capítulo apresenta a explicação de fundamentos importantes como: parâmetros

de produção e de cálculo econômico, funcionamento do gerenciamento de poços do simulador

de reservatórios e método de agrupamento k-means.

2.1 Corte de água (WCUT)

O corte de água (water cut, em inglês) é a proporção de água produzida em relação

ao volume total de líquidos produzido.

2.2 Valor Monetário Esperado

Para realizar uma análise considerando as incertezas geológicas, e somente um

cenário econômico, é necessário conhecer: o conjunto de modelos 𝑀 = {𝑚1, 𝑚2, … ,𝑚𝑎}; a

função de probabilidade 𝑃𝑀 tal que 𝑃𝑀: 𝑀 → [0,1] e ∑ 𝑃𝑀(𝑚) = 1𝑚∈𝑀 ; e o conjunto de

estratégias de produção 𝑆 = {𝑠1, 𝑠2, … , 𝑠𝑔}. A função VPL para cálculo do valor presente

líquido é tal que VPL: 𝑀 × 𝑆 → ℝ e a função VME para o cálculo do valor médio esperado,

tal que VME: 𝑆 → ℝ, é descrita na Equação (2.1).

𝑉𝑀𝐸(𝑀, 𝑠𝜇) = ∑ 𝑃𝑀(𝑚). 𝑉𝑃𝐿(𝑚, 𝑠𝜇)

𝑚∈𝑀

, ∀𝑠𝜇 ∈ 𝑆 (2.1)

Para também considerar as incertezas econômicas, o cálculo do valor médio

esperado (VME) é realizado conforme a equação (2.2). Além dos parâmetros anteriores, é

necessário conhecer: o conjunto de modelos econômicos ℇ = {𝐸1, 𝐸2, … , 𝐸𝑘} e a probabilidade

de cada modelo econômico, 𝑃𝐸, tal que 𝑃𝐸: ℇ → [0,1] e ∑ 𝑃𝐸(𝐸) = 1𝐸∈ℇ .

𝑉𝑀𝐸(ℇ,𝑀, 𝑠𝜇) = ∑ ∑ 𝑃𝐸(𝐸). 𝑃𝑀(𝑚). 𝑉𝑃𝐿(𝑚, 𝑠𝜇, 𝐸)

𝑚∈𝑀𝐸∈ℇ

, ∀𝑠𝜇 ∈ 𝑆 (2.2)

As equações (2.1) e (2.2) são válidas quando uma mesma estratégia é aplicada em

todos os modelos sem modificações. No entanto, uma análise mais complexa pode considerar

uma estratégia otimizada para cada modelo individualmente. Desta forma a estratégia 𝑠𝑚 é uma

função que depende do modelo: 𝑠𝑚 = 𝑠(𝑚) e o VME é realizado conforme a equação (2.3).

𝑉𝑀𝐸(ℇ,𝑀) = ∑ ∑ 𝑃𝐸(𝐸). 𝑃𝑀(𝑚). 𝑉𝑃𝐿(𝑚, 𝑠𝑚, 𝐸)

𝑚∈𝑀𝐸∈ℇ

(2.3)

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2.3 Indicador Econômico de Poços Produtores

Botechia et al. (2013) empregaram o Indicador Econômico de Produção do Poço

(IEPP) proposto por Gaspar et al. (2011) para avaliar o potencial econômico dos poços. De

acordo com Gaspar et al. (2011), esse indicador considera apenas as receitas, investimentos e

custos operacionais dos poços. Outros valores como as tributações e investimentos do campo,

como plataformas e outras instalações, são contabilizados somente no VPL, que avalia o

desempenho econômico do campo.

2.4 Módulo de Gerenciamento de poços do IMEX

O módulo de gerenciamento é utilizado para controlar a produção, ou injeção, de

um grupo de poços. Esse grupo pode ser composto por poços ligados a uma determinada

plataforma, por exemplo. Desta forma, as capacidades da plataforma correspondem às

restrições de produção e injeção do grupo. Esse grupo pode ser composto por poços diretamente

ligados a ele e/ou por outros grupos menores.

Se as restrições do grupo não forem violadas, todos os poços são operados em suas

capacidades máximas. Caso contrário, o efeito é similar à violação de uma restrição de um poço

individual: o grupo passa a operar sobre aquela restrição, mantendo ela constante e controlando

as demais variáveis para ajustar uma vazão viável. Desta forma, o módulo considera todos os

poços contribuintes para a violação e define a participação individual de cada poço de acordo

com o método de rateio configurado.

A função APPOR-METHOD (CMG, IMEX, 2012) define como é realizada a

distribuição da produção, ou de injeção, entre os poços contribuintes de um determinado grupo.

A palavra chave que segue a declaração da função especifica o grupo a ser otimizado:

• PROD – grupo de produção;

• GASI – grupo de injeção de gás

• WATI – grupo de injeção de água

• SOLI – grupo de injeção de solventes.

O módulo de gerenciamento de poços suporta os seguintes métodos de rateio:

• IP - Potenciais instantâneos (padrão do simulador);

• GUIDE - Vazões de referência;

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• INGUIDE - Vazões de referência geradas internamente;

• PRIOR - Classificação de prioridade.

O método IP especifica o uso do potencial instantâneo (IP), que é calculado

internamente pelo simulador, para determinar a distribuição dos alvos de produção, ou de

injeção, entre os poços. Uma vazão, proporcional à vazão máxima de cada poço, é atribuída

para cada poço contribuinte. Todos os poços são operados em uma mesma fração de suas vazões

máximas.

O método GUIDE adota as vazões de referência fornecidas pelo usuário para

determinar a distribuição da produção ou de injeção entre os poços ou grupos contribuintes.

Cada poço ou grupo contribuinte recebe uma fração do alvo, proporcional à sua vazão de

referência. Quando essa atribuição ocasiona a violação da restrição mais restritiva de algum

poço, ou grupo, tal componente é operado com a máxima vazão viável e é excluído da

distribuição realizada pelo método. A vazão obtida é contabilizada e o método distribui o saldo

do alvo entre os poços que não excedem suas vazões máximas, utilizando as vazões de

referência desses poços para calcular a proporção da participação.

O método INGUIDE é muito semelhante ao GUIDE descrito acima, exceto que as

vazões de referência são geradas internamente pelo simulador de acordo com a fórmula de

prioridade fornecida pelo usuário através da palavra-chave PRIOR-FORM, ou quando esta

fórmula não é fornecida, a configuração padrão emprega a produtividade dos poços para

calcular a fração de participação de cada poço.

O método PRIOR constrói um ranking de prioridade utilizando a fórmula de

prioridade, PRIOR-FORM, para classificar os poços contribuintes e priorizar a produção dos

melhores classificados. Os poços são divididos em três grupos: melhores classificados (maior

prioridade), poço de balanço e pior classificados (menor prioridade). Os poços melhores

classificados são aqueles com melhor desempenho e que em conjunto não violam as restrições

do grupo, por isso o método permite que produzam o máximo viável (sujeito a todas outras

restrições dos poços). O poço de balanço apresenta uma classificação intermediária e

ultrapassaria o alvo caso fosse operado na sua vazão máxima, por isso ele é operado com uma

vazão entre o mínimo e o máximo viável, realizando um ajuste do equilíbrio da produção

restringida. Os demais poços (com prioridade inferior do que o poço de balanço) funcionam nas

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suas respectivas vazões mínimas. O método ajusta a vazão do poço de balanço para adequar ao

alvo estabelecido.

O método PRIOR é muito diferente dos métodos IP, GUIDE e INGUIDE porque

no lugar de empregar a fração de participação de cada poço ou grupo afiliado, ele é o único que

classifica os poços em um ranking e que utiliza um poço de balanço para controlar o resultado

quando as restrições do grupo são violadas.

2.5 Operação de Poços Inteligentes no IMEX

Esta seção descreve duas formas de determinar o fechamento de partes do poço no

simulador IMEX 2012, representando o comportamento de um poço inteligente. A primeira é

realizada por comando em um tempo específico e a segunda é de forma reativa.

2.5.1 Operação no tempo

Seguindo o formato utilizado por Barreto (2014), a Tabela 2-1 mostra um exemplo

de fechamento da ICV em um tempo específico através da alteração do estado de OPEN

(aberto) para CLOSED (fechado) nas camadas do intervalo de atuação da ICV no comando

PERF do simulador IMEX.

Tabela 2-1: Exemplo de fechamento de ICV através do comando PERF

ICV aberta ICV fechada

2.5.2 Operação condicional

No simulador IMEX, por meio do comando LAYERCLUMP, declarado após a

criação do poço, é possível formar um conjunto de camadas (perfurações, completações). A

Figura 2-1 exemplifica a definição do conjunto denominado PROD007_Interval_1, que

corresponde ao intervalo de atuação de uma ICV.

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Figura 2-1: Exemplo de declaração do nó de controle (intervalo de atuação da ICV)

O comando TRIGGER, ilustrado na Figura 2-2, configura um gatilho que monitora

o desempenho do corte de água médio do PROD007_Interval_1 e fecha o intervalo caso a

variável supere a condição de 95%. Esse controle é inserido em determinado tempo e o gatilho

será acionado em algum tempo posterior, quando as condições forem atendidas.

Figura 2-2: Exemplo de regra para operação condicional da ICV

A sessão do manual que descreve o comando LAYERCLUMP lista todos os

parâmetros dos nós de controle que podem ser monitorados. Essa lista especifica que o

parâmetro WCUT apresenta uma escala percentual, de 0 a 100. Por outro lado, a variável de

monitoramento WCUT que pode aparecer na definição dos poços utiliza a escala de 0 a 1.

Portanto, o usuário deve ter cuidado com a escala ao utilizar esses parâmetros.

2.6 Algoritmo do K-means (Cluster Analysis)

O MATLAB (2014) possui internamente a função kmeans(X,k), que recebe um

conjunto de pontos e forma grupos menores com coordenadas próximas. O procedimento

procura estabelecer partições ótimas de forma que os pontos dentro de cada grupo sejam tão

próximos uns dos outros, e tão longe dos demais, quanto possível. A função particiona as

observações da matriz de dados de entrada X (de n linhas e p colunas) em k grupos, e retorna

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um vetor de n linhas contendo o grupo de cada observação. Cada linha de X é um ponto com

coordenada de p dimensões. O algoritmo procura k centroides de forma que a distância dos

membros de cada grupo em relação ao respectivo centroide seja mínima. A função do

MATLAB utiliza como padrão a medida euclidiana ao quadrado, assim o centroide de cada

grupo é a média dos pontos pertencentes ao grupo. A Equação (2.4) mostra como o cálculo da

distância entre o ponto P e o centroide C do grupo é realizado.

𝑑(𝑃,𝐶) = (𝑃−𝐶). (𝑃− 𝐶)𝑇 (2.4)

2.6.1 Exemplo de aplicação

A função k-means recebe como entrada um conjunto de pontos e retorna como saída

os grupos ótimos (clusters) para cada ponto. O exemplo apresentado na Figura 2-3(a) ilustra 4

curvas que representam a evolução de uma propriedade qualquer ao longo do tempo. O

algoritmo k-means é empregado para dividir essas 4 curvas em 2 grupos, em relação à

proximidade global da propriedade ao longo do tempo.

Figura 2-3: Curvas de propriedade versus tempo (à esquerda) e grupos obtidos pelo k-means

(à direita), exemplo 1 k-means

Para construir as entradas, amostras da propriedade de cada curva formam os pontos

representativos. Desta forma, na Figura 2-3(b), 𝑃1 é o ponto representativo da Curva 1 e a

dimensão de 𝑃1 é igual ao número de pontos amostrados da Curva 1. O exemplo em questão

utiliza 13 amostras, igualmente espaçadas em relação ao tempo. Consequentemente, os pontos

representativos 𝑃1, 𝑃2, 𝑃3 e 𝑃4 são de um espaço de 13 dimensões, 𝑃 ∈ ℝ13, e podem ser escritos

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da seguinte forma: 𝑃(𝑥1, . . , 𝑥13). Cada linha da matriz de entrada X contém as coordenadas de

um ponto representativo e o número de linhas de X é igual à quantidade de pontos

representativos considerados. No exemplo, X apresenta 4 linhas e 13 colunas. A Figura 2-3(b)

mostra a magnitude 𝑥𝜇, no eixo de cada dimensão 𝜇, dos pontos representativos e dos centroides

dos grupos resultantes, 𝐺1={𝑃3, 𝑃4} e 𝐺2={𝑃1, 𝑃2}. A coerência dos grupos formados pode ser

percebida visualmente pelo formato e proximidade das curvas.

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3 Revisão Bibliográfica

Este capítulo apresenta uma revisão da literatura sobre análise da decisão,

estratégias e controle de poços inteligentes.

3.1 Estrutura da análise da decisão

Shirangi e Durlofsky (2015) introduziram o conceito de desenvolvimento do campo

em malha fechada (CLFD) para se referir a um processo mais complexo do que o gerenciamento

de reservatórios em malha fechada (CLRM). O CLRM é uma otimização de ciclo de vida

combinada com modificações periódicas e atualizações de otimização, como descrito por

Jansen et al. (2009), Wang et al. (2009) e Hou et al. (2015). Tanto o CLFD como o CLRM

possuem etapas de otimização e de comparação de histórico, mas o CLFD inclui a avaliação de

variáveis do G1 e do G2 em contraste com CLRM que considera apenas o G2 (SHIRANGI,

DURLOFSKY, 2015; MOROSOV, SCHIOZER, 2016).

Schiozer et al. (2015) apresentaram uma metodologia de análise de decisão em doze

etapas que pode ser executada como um CLFD. A Figura 3-1 mostra a sequência dos 12 passos

e utiliza quatro cores (verde, vermelho, azul e preto) para dividir os passos em 4 grupos. A

Figura 3-2 exibe o diagrama de blocos do CLFD e emprega as mesmas cores para indicar a

correspondência com o método de 12 passos.

Os passos em verde da Figura 3-1 e Figura 3-2 contêm a transformação do modelo

geológico em modelo de simulação, em dois passos: (1) caracterização do reservatório

considerando incertezas e (2) construção e calibração do modelo de simulação. As múltiplas

caixas em verde na Figura 3-2 mostram que, a partir do tratamento das incertezas, são criados

múltiplos modelos de alta fidelidade que correspondem à física do modelo, com maior precisão.

A simulação desses modelos apresenta alto custo computacional, por isso seria inviável

construir estratégias a partir deles diretamente. Mas eles são importantes para calibração dos

modelos de menor fidelidade, os quais precisam ser compatíveis (em termos de precisão dos

resultados) com o que se deseja simular. A decisão sobre a qualidade do modelo depende do

problema proposto e da capacidade computacional.

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Os elementos em vermelho da Figura 3-1 e da Figura 3-2 realizam simulação do

passado, que consiste dos seguintes passos: (3) calibração e verificação de inconsistências; (4)

criação de cenários a partir de todas as condições possíveis; e (5) redução dos cenários

(filtragem). Esses passos correspondem a um processo de ajuste de histórico, também

denominado simulação de dados, em que os dados do simulador são comparados com os dados

reais de produção para verificar se os modelos são adequados ou não. Se houver muitas

inconsistências, é necessário recomeçar a análise desde o modelo geológico para corrigir os

modelos de alta fidelidade. Mas se houver poucas inconsistências, é suficiente atualizar os

modelos de média e baixa fidelidade. Os passos 4 e 5 constituem a parte probabilística, que

realiza a combinação de cenários e depois filtra os modelos consistentes a partir dos dados

dinâmicos de produção.

Os passos em azul da Figura 3-1 e Figura 3-2 realizam simulação do futuro

(previsão) e contém os seguintes passos: (6) seleção determinística de uma estratégia de

produção para o caso base; (7) estimativa inicial da curva de risco; (8) seleção dos MR; (9)

otimização de estratégias de produção para cada MR; (10) seleção da estratégia referência; (11)

melhorias através de aquisição de informações adicionais, de robustez ou flexibilização da

produção.

1- Caracterização do reservatório

2- Construção do modelo

5- Redução de cenários

6- Estratégia de produção – caso base

7- Análise de risco inicial

8- Modelos Representativos

9- Estratégia de produção para cada MR

10- Estratégia de produção sob incertezas

11- Melhorias potenciais

12- Curva de risco final e análise da decisão

3- Calibração do modelo

4- Geração de cenários

Construção e atualização de

modelos consistentes

✓ Representação do problema

✓ Consistência numérica

✓ Múltiplas realizações

✓ Ajuste de histórico probabilístico

multi-objetivo

✓ Integração com a sísmica 4D e

todos os dados dinâmicos

Estratégia de produção

✓ Seleção da estratégia de produção

sob incerteza

✓ Otimização robusta

✓ Variáveis de projeto e de controle

Avaliações finais

✓ Integração com facilidades de

produção

✓ Valor da informação

✓ Valor de flexibilidade e robustez

Figura 3-1: Metodologia de 12 passos de Schiozer et al. (2015)

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Figura 3-2: Diagrama do desenvolvimento do reservatório em malha fechada, adaptado de

Jansen et al. (2009) e Barros et al. (2016)

Os MR são escolhidos no Passo 8 de acordo com a metodologia de Meira et al.

(2016), que propôs um modelo matemático para selecionar os MR e identificar os nove MR

para o caso benchmark UNISIM-I-D (Gaspar et al., 2015).

O Passo 9 segue os fundamentos de Schiozer et al. (2004), que propõem o uso de

MR para representar adequadamente as incertezas geológicas. Desta forma, o procedimento de

otimização é aplicado apenas para o modelo base e para cada MR. Realiza-se a otimização da

estratégia de produção para um número limitado de modelos, em vez de repetir o processo para

todos os modelos do reservatório, o que reduz o esforço computacional. A quantidade de MR

necessários pode variar de acordo com o problema proposto.

A melhor estratégia de produção é selecionada como referência no Passo 10 após

comparação cruzada, em termos de VME, das estratégias criadas no Passo 9 aplicadas sobre

todos MR. O Passo 11 realiza uma análise mais detalhada para aumentar as chances de sucesso,

com estudos adicionais para aumentar a flexibilidade, robustez e informação. A avaliação de PI

pode agregar flexibilidade ou robustez para reduzir o risco ou melhorar o valor monetário

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esperado (VME), portanto é compatível com os objetivos desse passo. Finalmente, o Passo 12

conclui o processo de tomada de decisão, fornecendo as curvas de risco.

A Figura 3-2 também mostra alguns ruídos no diagrama de CLFD. Os ruídos

operacionais ocorrem quando a estratégia desenvolvida não é viável no campo real por questões

operacionais, por exemplo, o que requer a aplicação de uma estratégia diferente, com

adaptações. Já os ruídos de medição de dados ocorrem quando há dados incompletos ou

inconsistentes, gerados por erros de calibração ou mau funcionamento dos sensores.

Na parte superior da Figura 3-2, o laço em preto corresponde à otimização de

estratégias de produção para objetivos de curto prazo, considerando exclusivamente as

variáveis de controle e de operação. Esse ciclo subsidia as decisões diárias ou mensais, por

exemplo, trocando a precisão do resultado de longo prazo por decisões mais ágeis. Análises

mais complexas sustentadas pelo modelo computacional proporcionam resultados mais

precisos, mas podem demandar um tempo inviável para as decisões em tempo real. Por isso,

com o laço de otimização da produção de curto prazo, algumas decisões podem ser realizadas

através de ferramentas mais simples, como previsões por meio de curvas de declínio,

simulações mais curtas ou modelos simplificados. Nem sempre a otimização da produção de

óleo no curto prazo contribui para a maximização do VPL no longo prazo, mas a combinação

de decisões de longo e curto prazo possibilita a utilização do tempo de forma mais eficiente e a

obtenção de resultados próximos do ótimo esperado.

3.2 Controle de poços inteligentes

Ebadi e Davies (2006) definem controle proativo como a situação quando a ICV é

estrangulada antes de ocorrer a irrupção de água, ou de gás. Desta forma, controle reativo seria

realizado quando o estrangulamento da ICV ocorre após a irrupção. Segundo o estudo, o

gerenciamento proativo exige um conhecimento do reservatório maior do que o reativo.

Carvajal et al. (2014) afirmam que controle proativo geralmente é defendido por

engenheiros de reservatório, preocupados em preservar as reservas restantes, enquanto controle

reativo é utilizado por engenheiros de produção, interessados em aumentar a produção diária.

O controle proativo antecipa eventos incertos enquanto o controle reativo é uma resposta natural

a um evento concreto. Os autores ressaltam que é difícil defender ações proativas se não houver

evidências claras de que irão funcionar. Se o ajuste de histórico não for muito bom, ações

reativas são mais naturais, apesar de provocarem resultados inferiores a longo prazo.

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32

Grebenkin e Davies (2012) definem que as decisões de controle reativo são

respostas para o fluxo atual no poço, enquanto uma estratégia proativa antecipa o

comportamento da frente invasora. Sampaio et al. (2015) observam que o controle proativo é

defensivo e propõem evitar um fluxo de caixa negativo em vez de impedir o avanço da frente

da água nos poços produtores.

Segundo Sefat et al. (2016a), o controle proativo das ICV teoricamente poderia

garantir um melhor desempenho do campo, mas a eficiência desse controle em reservatórios

reais depende da qualidade do modelo utilizado para previsão da produção. Os autores ressaltam

que quando o controle é definido a partir de um único cenário, ao aplicar esse mesmo controle

em outros cenários, ou em um conjunto de cenários, os resultados serão inferiores do que os

obtidos para o primeiro.

3.3 Estratégias com poços inteligentes

Silva (2009) desenvolveu uma metodologia de otimização da estratégia da

produção e aplicou para comparação de desempenho entre os PC e PI, com controle reativo. O

estudo considerou a disponibilidade de várias plataformas, com diferentes capacidades de

tratamento de fluidos, e verificou que as restrições da plataforma alteram o desempenho de

ambos os tipos de poços, PC e PI. Em geral, o aumento da produção com PI não foi expressivo.

No entanto, nos casos com restrição de produção, os PI produziram em uma razão água/óleo

mais eficiente, reduzindo os efeitos da limitação da capacidade.

Almeida et al. (2010) desenvolveram um sistema de apoio à decisão baseado em

algoritmos evolutivos para obter uma estratégia de controle proativo para maximizar o VPL. O

estudo comparou o desempenho de PC e PI, considerando incertezas técnicas e geológicas:

possibilidade de falha das válvulas e três cenários geológicos (melhor, mais provável e pior

caso). O sistema otimizou a operação para cada um desses cenários e calculou o VPL médio. A

operação obtida na média foi a melhor para os três cenários. Os resultados mostraram a

importância do uso de PI, pois as válvulas aumentaram o fator de recuperação de óleo,

reduziram a produção de água e estenderam os ciclos de vida dos poços e do reservatório

considerado.

Sampaio et al. (2012) realizaram um estudo comparativo entre PC e PI com controle

reativo e proativo das ICV e considerando incertezas econômicas. Os autores empregaram

algoritmos evolutivos para otimizar o corte de água limite para fechamento de cada ICV e assim

determinar o VPL máximo. O artigo constatou que PI com controle reativo apresentam melhor

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desempenho do que PC, e que o controle proativo gera resultados ainda melhores do que o

reativo. Além disso, PI possibilitaram uma ampliação no tempo de produção, na recuperação

de óleo e no VPL, mas como consequência também ocasionaram um aumento na produção

acumulada de água do campo.

Sampaio et al. (2015) desenvolveram uma metodologia para considerar as

incertezas na comparação entre poços convencionais e inteligentes, com controle reativo e

proativo. A abordagem do problema foi dividida em três módulos: de poço, de campo e de

incertezas. O módulo de campo, que define o posicionamento de todas as válvulas necessárias,

executa somente para o modelo geológico e cenário econômico mais provável. No módulo de

poço, interno ao módulo de campo, cada poço é analisado individualmente, primeiro como

convencional e depois como inteligente, finalizando com a escolha entre as duas possibilidades.

Já o módulo de incertezas mantém o posicionamento adotado no módulo de campo e realiza

novas otimizações abrangendo somente as variáveis de controle dos diferentes modelos e

cenários. O controle empregado no módulo de campo, e consequentemente na etapa de

definição das posições das ICV, é reativo, enquanto que no módulo de incertezas além do

reativo são avaliadas duas formas alternativas de controle proativo. Sampaio et al. (2015)

mostraram que duas formas alternativas de controle proativo viabilizaram o uso dos PI porque,

em termos de VME, converteram em ganhos as perdas provocadas pelo controle reativo.

Barreto (2014) e Barreto e Schiozer (2015) empregaram os fundamentos do método

de otimização por partes para dividir o problema em subsistemas menores, que foram

otimizados sequencialmente, prosseguindo a partir do resultado anterior. Segundo o estudo, a

metodologia é capaz de projetar o posicionamento e definir o controle das ICV com menos

simulações do que outros métodos matemáticos tradicionais, através do emprego de indicadores

que avaliam o desempenho do reservatório e orientam a construção da estratégia. Em trabalho

posterior, Barreto et al. (2016) aplicaram esses procedimentos num caso com incertezas

geológicas e observaram que as estratégias com restrições de produção, como limite de

produção de água pela plataforma, necessitaram de um maior número de válvulas.

Abreu (2016) propôs uma estratégia de otimização de poços inteligentes, que avalia

a flexibilidade da configuração ótima considerando incertezas geológicas e técnicas. O estudo

também considera o impacto dinâmico da aquisição de novas informações.

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34

3.3.1 Indicadores de desempenho, critérios e regras

O método de Barreto (2014) utiliza indicadores, critérios e regras para identificar

se o campo, os poços e as regiões de monitoramento do poço (RMP3) apresentam potencial de

avaliação. O autor utiliza a palavra potencial para exprimir exclusivamente a possibilidade

operacional e não para garantir a viabilidade econômica da ICV. Assim, o componente que

mostrar potencial tem maior possibilidade para receber uma ICV do que outro que não

apresentar. Contudo, somente o resultado econômico, da simulação do reservatório com a ICV

instalada, pode auxiliar efetivamente na decisão sobre a instalação da válvula. A avaliação de

potencial ajuda a escolher as estratégias candidatas, filtrando as possibilidades.

Os indicadores eliminatórios selecionados por Barreto (2014), descritos na Tabela

3-1, são funções que correlacionam parâmetros de produção (dados do escoamento ou

financeiros) para identificar a irrupção de água e aferir o impacto dessa frente em um

determinado intervalo de tempo. As regras estabelecem as formas de comparação entre os

indicadores e seus respectivos critérios. Por exemplo: em relação ao indicador 𝐼2 o campo tem

potencial de avaliação no tempo k se 𝐼2𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜(𝒌) < 𝐶2

𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜, e não tem se 𝐼2

𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜(𝒌) ≥ 𝐶2𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜

.

Para aferir o potencial de avaliação do campo são calculados os indicadores I1, I2 e I3 utilizando

os dados de produção do campo. Para avaliar o potencial os poços são empregados os

indicadores I2, I3 e I4 utilizando os dados de produção dos poços. E para as RMP, calcula-se o

I2 e I3, com as informações das RMP. Para uma RMP ter potencial, é necessário que

simultaneamente o poço e o campo também apresentem potencial.

Barreto (2014) utiliza 3 procedimentos para projetar o posicionamento e prever o

controle das válvulas. No procedimento P1 ocorrem avaliações em cada tempo especificado, de

forma ascendente, até identificar pelo menos uma RMP com potencial. O procedimento P2

classifica as RMP identificadas no P1, verifica qual apresenta maior potencial e com auxílio do

indicador de projeto inclui as RMP vizinhas que tiverem corte de água semelhante, formando

um conjunto de RMP, que é um candidato a receber uma ICV. Esse conjunto de RMP pode ser

unitário ou conter várias RMP. O procedimento P3 otimiza o controle desse conjunto candidato

e estima o impacto econômico. Se houver ganho, em relação ao melhor VPL anterior, o

algoritmo acrescenta o posicionamento e o controle da ICV na estratégia referência.

3 Barreto (2014) define como RMP qualquer região delimitada ao longo da trajetória do poço, utilizada para

avaliação do escoamento.

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Tabela 3-1: Indicadores de desempenho eliminatórios, regras e critérios usados para avaliar o

potencial de aplicação de ICV (adaptado de Barreto, 2014; Barreto e Schiozer, 2015)

Indicadores e critérios Descrição das regras

𝑰𝟏𝑪𝒂𝒎𝒑𝒐

– Razão entre o investimento necessário para

instalar uma válvula e o VPL do campo sem válvulas.

𝐼1𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜 =

InvestimentoICVVPLCampo

Regra: se I1 < C1, isto

indica que o custo de

instalação de poços

inteligentes é compatível

com o VPL previsto do

campo. Portanto, a operação

de ICV pode ser factível.

𝑪𝟏𝑪𝒂𝒎𝒑𝒐

– Valor que indica que o valor do VPL do campo,

antes da instalação de válvulas, tem potencial para pagar o

custo de uma válvula.

𝑰𝟐(𝒙, 𝒕) – Variação proporcional do fluxo de caixa líquido

(FCL) ao longo do tempo.

𝐼2(𝑥, 𝑡) =FCL(x, t) − FCL(x, t − 1)

FCL(x, t − 1)

Regra: se I2 < C2, isto

indica que houve uma queda

relevante no fluxo de caixa

no tempo considerado. Desta

forma, a operação de ICV

pode ser factível.

𝑪𝟐𝒙 – Valor negativo que indica que o fluxo de caixa líquido

do campo, poço ou RMP decresce significativamente ao

longo do tempo.

𝑰𝟑(𝒙, 𝒕) – Variação proporcional do valor de corte de água

(WCUT) ao longo do tempo.

𝐼3(𝑥, 𝑡) =WCUT(x, t) −𝑊𝐶𝑈𝑇(𝑥, 𝑡 − 1)

WCUT(x, t − 1)

Regra: se I3 > C3, isto

indica que houve um

aumento relevante no corte

de água no tempo

considerado. Assim, a

operação de ICV pode ser

factível.

𝑪𝟑𝒙 – Valor positivo que indica que a variação do corte de

água do campo, poço ou RMP cresce ao longo do tempo,

sugerindo a operação de válvulas.

𝑰𝟒(𝒑, 𝒕) – Erro médio quadrático4 do vetor de valores de

corte de água de todas as RMP de um poço j em relação à

média do corte de água deste mesmo poço.

𝑊𝐶𝑈𝑇̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅(𝑝, 𝑡) =∑ WCUT(p, r, t)𝑅𝑝𝑟=1

𝑅𝑝

𝐼4(𝑝, 𝑡) =∑ (WCUT(p, r, t) −𝑊𝐶𝑈𝑇̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅(𝑝, 𝑡))2𝑅𝑝𝑟=1

𝑅𝑝

Regra: se I4 > C4, isto

indica que a frente de água

chega de forma heterogênea

ao longo do poço, então a

operação de ICV pode ser

factível. 𝑪𝟒𝑷𝒐ç𝒐

– Valor que indica se a distribuição do corte de água

está regularmente distribuída ao longo do poço.

Notação:

x: componente (campo, poço ou RMP) r: RMP;

t: tempo; 𝐑𝐩: total de RMP do poço p;

p: poço;

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A partir do tempo inicial, o P1 verifica em cada período de avaliação se há regiões

com potencial. Quando houver, o algoritmo segue para o procedimento P2. O procedimento P1

aplica os critérios e as regras listados na Tabela 3-1 para avaliar os indicadores de desempenho

eliminatórios e identificar três comportamentos: queda no fluxo de caixa, aumento no corte de

água e distribuição irregular do corte de água ao longo do poço. A chegada da frente de água

produz queda no fluxo de caixa e aumento do corte de água, por exemplo. O poço requer ICV

somente quando a frente de água chega de forma heterogênea. Caso contrário, seria suficiente

fechar o poço por completo.

O procedimento P2 identifica a RMP com maior potencial e verifica a possibilidade

de agregar RMP vizinhas para formar um conjunto de RMP, candidato a receber uma ICV.

Observa-se que o tempo utilizado no P2, para o cálculo dos indicadores classificatórios e do

indicador de projeto I5, descritos na Tabela 3-2, é o mesmo em que se identifica o potencial da

zona no P1, quando o objetivo é localizar variações nas condições de produção de óleo e água

das zonas. Esse tempo apresenta uma condição de regime transiente. Para agrupar as regiões

considerando um comportamento de produção mais estabilizado, o presente estudo não utiliza

o indicador I5 e propõe que o agrupamento seja realizado considerando o histórico corte de água

ao longo da vida do campo. Portanto, para delimitar, em cada poço, os conjuntos de RMP,

candidatos à instalação de ICV, o presente trabalho emprega o método de agrupamento k-

means.

O procedimento P3 otimiza o controle da região delimitada no P2 definindo o tempo

de fechamento e avaliando a viabilidade financeira. Quando a região candidata é

economicamente viável, o algoritmo adota a nova estratégia como referência. Por outro lado,

quando não é, a opção é desconsiderada e o algoritmo retorna para o P1 e prossegue para a

avaliação do tempo seguinte.

A metodologia de Barreto (2014) avalia o posicionamento e controle de somente de

uma ICV por vez, desconsiderando a interferência de parâmetros cruzados, como o fechamento

de várias regiões simultaneamente. O algoritmo é executado em três estágios usando três

indicadores diferentes (I6, I2 e I7) 5 no P2 para classificar o potencial das RMP. A necessidade

de diferentes indicadores no P2 mostra que eles nem sempre são eficazes para classificar as

regiões com maior potencial para a instalação de válvulas. Além do mais, a execução em vários

4 O indicador I4 inclui uma correção de grafia em relação à equação fornecida por Barreto (2014) e por Barreto e

Schiozer (2015). Na equação original o expoente 2 foi posicionado equivocadamente resultando em um somatório

que é sempre nulo. 5 Barreto e Schiozer (2015) emprega outra sequência de indicadores classificatórios: I5, I2 e I3.

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estágios permite que novas ICV sejam controladas em tempo anterior às previamente instaladas.

E, mesmo dentro de um único estágio, o tempo de fechamento da ICV definido no P3 pode ser

anterior ao último tempo avaliado no P1. Deste modo, ambos os casos permitem que novas

válvulas fechem antes do que as incluídas e otimizadas anteriormente. Isto pode acelerar a

chegada da frente de água nas regiões já consideradas, demandando a repetição da otimização

e/ou resultando na instalação de mais válvulas de controle em outros pontos.

Tabela 3-2: Indicadores de desempenho classificatório e de projeto usados para avaliar o

potencial de aplicação de válvulas de controle (Barreto, 2014; Barreto e Schiozer, 2015)

Indicador Descrição, regra e critério

I6 – Indicador classificatório - Razão

entre o FCL da região e o custo de

produção dos fluidos indesejados nas

regiões.

Valor que quantifica a relevância do custo da

produção de fluidos indesejados em relação ao

fluxo de caixa líquido gerado.

Regra: Quanto maior a relevância do custo da

produção de fluidos indesejados, maior o

potencial de aplicação de válvulas; os valores

são ordenados em ordem descendente.

I7 – Indicador classificatório – FCL

negativo.

Valores de FCL negativos são usados para

classificar a potencialidade de aplicação de

válvulas.

Regra: Quanto menor o valor do FCL negativo,

maior é o potencial para aplicação de válvulas de

controle. Os valores são ordenados de forma

ascendente.

I5 – Indicador de projeto - Diferença entre

o corte de água entre a RMP com maior

potencial de aplicação e o corte de água

das completações vizinhas.

𝐂𝟓 – Valor que indica a proximidade entre os

valores do corte de água em duas regiões

diferentes. Valores próximos indicam que as

regiões podem ser agregadas para formar uma

região de controle por válvula maior.

Regra: se I5 ≤ C5, a RMP deve ser agregada à

região de maior potencial modificando os

valores de s e d.

Barreto (2014) define os indicadores I2 e I3 como eliminatórios, mas também os

utiliza como indicadores classificatórios. Desta forma, os indicadores I2, I3 I6 e I7 podem ser

empregados para classificação dos poços e das RMP. Entretanto, o estudo não indica a relação

objetiva entre esses indicadores e não justifica a ordem que podem ser utilizados. No P2, por

exemplo, talvez fosse mais adequado iniciar a classificação pelo I7, já que a situação de fluxo

de caixa negativo é mais crítica, em termos de impacto no VPL, do que os comportamentos

analisados pelos demais indicadores classificatórios. Portanto, como não há ainda uma

hierarquia confiável dos indicadores classificatórios, o presente estudo utiliza a estratégia de

aumentar a restrição dos indicadores eliminatórios quando for necessário limitar o número de

simulações.

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Para que as decisões futuras sejam coerentes com as anteriores, durante a aplicação

da metodologia, o presente estudo propõe uma avaliação que respeita o tempo, elaborando

decisões em ordem cronológica, e que também analisa múltiplas possibilidades em cada

período, considerando o efeito de parâmetros cruzados.

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39

4 Metodologia

Este capítulo apresenta inicialmente a nomenclatura utilizada para nomear as

regiões de interesse do poço (no modelo de simulação do reservatório): RMP, CRMP e RCP.

Em seguida, realiza-se uma descrição geral da metodologia e o desenvolvimento de cada

Módulo. Por último, descreve-se o método de otimização do controle reativo utilizado para

validação do controle proposto.

4.1 Períodos e tempos de avaliação

As simulações dos modelos do reservatório são constituídas por um período de

histórico (passado) e um período de previsão da produção (futuro). Neste trabalho, o período

de previsão (𝑡0 𝑎 𝑡𝑀𝐴𝑋) é fracionado em intervalos de tempos menores denominados períodos

de avaliação. A data final do período de avaliação X é definida como um tempo de avaliação

𝑡𝑋. Os dados de produção são lidos dos arquivos de saída das simulações nos tempos de

avaliação especificados.

Em cada período de avaliação, a metodologia proposta examina o potencial para o

uso de PI, cria as estratégias candidatas, compara os resultados econômicos e escolhe a

estratégia referência para as avaliações posteriores.

4.2 Regiões de interesse do poço

No simulador, os poços são divididos em vários segmentos de acordo com a malha

computacional. Esses segmentos são chamados de regiões de monitoramento do poço (RMP)

devido à possibilidade de obter dados de produção específicos para cada bloco na trajetória do

poço. Os resultados de produção das RMP dos poços produtores são importantes para calcular

os indicadores de desempenho nos períodos de avaliação.

Para reduzir o espaço de busca, as RMP com corte de água similar, ao longo do

tempo, são organizadas em conjuntos, formando os conjuntos de regiões de monitoramento dos

poços (CRMP). Quando a metodologia confirma a viabilidade de instalar uma ICV em um

CRMP específico, este conjunto passa a ser chamado de região controlável do poço (RCP).

Além disso, todos CRMP vizinhos que fecham ao mesmo tempo formam uma única RCP, sendo

contabilizado o investimento de uma única válvula.

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40

4.3 Descrição geral

O fluxograma principal que exibe a sequência de ligações entre os Módulos do

programa é apresentado na Figura 4-1. Cada Módulo é identificado pela letra M seguido por

um número (de 1 a 8) que corresponde à ordem dos Módulos.

4.4 Módulo 1 – Estimativa da probabilidade dos MR

O M1 estima as probabilidades dos modelos representativos (𝑓𝑀𝑅). A Equação (4.1)

descreve o problema de otimização para o cálculo dessas probabilidades. O objetivo é

minimizar a soma dos erros das curvas de distribuição acumulada dos MR em relação às

mesmas curvas calculadas para o conjunto com todos os modelos considerados. As curvas

escolhidas pertencem ao conjunto Ω que contém os seguintes indicadores: valor presente

líquido (VPL), óleo total produzido (Np), água total produzida (Wp) e fator de recuperação de

óleo (FRo). Para cada indicador i do conjunto Ω, calculamos a probabilidade acumulada para

cada MR j sobre o conjunto completo de modelos, �̅�𝑀𝑖 (𝑀𝑗), e sobre os modelos representativos

selecionados, �̅�𝑀𝑅𝑖 (𝑀𝑗). Utilizamos a norma 2 para medir esses erros e 𝛼𝑖 é o peso escolhido

para cada indicador. Neste trabalho, consideramos 𝛼𝑖 =1 para todos os indicadores. Como a

função objetivo é quadrática e as restrições lineares em relação às variáveis de decisão 𝑓𝑀𝑅, o

problema completo é convexo.

𝑀𝑖𝑛𝑖𝑚𝑖𝑧𝑎𝑟𝑓∑αi ∑ ||�̅�Mi (Mj) − �̅�𝑀𝑅

i (Mj)||2j∈MRi∈Ω

𝑠𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎:

{

∑ 𝑓𝑗 = 1

𝑗∈MR

𝑓𝑗 ≥ 0

𝑗 ∈ MR

(4.1)

4.5 Módulo 2 – Avaliação da estratégia inicial

O Módulo 2 configura os arquivos de entrada e executa as primeiras simulações

usando a estratégia com PC para calcular o VME inicial e coletar os dados de produção

necessários para o agrupamento de regiões e cálculo dos indicadores de desempenho, realizados

nos Módulos seguintes. Essa estratégia convencional é denominada estratégia referência inicial

(𝐸𝑅0). Os arquivos das estratégias criadas posteriormente, em outros Módulos, são cópias da

𝐸𝑅0 incluindo as alterações propostas, por isso é importante garantir uma configuração

adequada de todas as simulações iniciais.

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41

N

S

S

M5 – Identificar CRMP com potencial e

gerar estratégias candidatas para o

período atual (𝑡𝑥)

M4 - Demarcação

inicial dos CRMP

M3 - Leitura de dados das simulações e

avaliação dos indicadores de campo

M2 - Simulação dos MR

com estratégia inicial

M1 - Estimativa da

probabilidade dos MR

Início (X=1)

M6 - Executar simulações e cálculo do VME

considerando ICV testadas. Se houver, incluir

resultados da estratégia armazenada pelo M7

M7 - Escolha da estratégia

referência para o próximo período

M8 - Atualizar dados das

simulações com a estratégia

referência mais recente.

Verificar a quantidade de

RCP por poço e limitar

futuras avaliações, quando

for necessário.

X=X+1

𝑡𝑥 = 𝑡𝑀𝐴𝑋?

N

Fim

O campo tem

potencial?

Figura 4-1: Fluxograma principal que apresenta os módulos da metodologia

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A metodologia pode ser aplicada em qualquer 𝐸𝑅0 para identificar os PC com

potencial para serem transformados em PI. Entretanto, realiza-se a aplicação no passo 11 da

metodologia de Schiozer et al. (2015) para respeitar a hierarquia de impacto das variáveis de

projeto e de operação e seguir os fundamentos propostos por Gaspar et al. (2016). Portanto, a

estratégia escolhida no passo 10 de Schiozer et al. (2015) é a 𝐸𝑅0 do M2, e assume-se que a

𝐸𝑅0 já está otimizada em relação: ao número, tipo e localização dos PC; às restrições de

capacidades de produção (de líquidos e de óleo) e de injeção de água, e ao cronograma de

abertura e de fechamento dos poços.

4.6 Módulo 3 – Avaliação dos indicadores de campo

O M3 recebe os resultados obtidos no M2, calcula os indicadores de desempenho

eliminatórios 𝐼1, 𝐼2, 𝐼3 e 𝐼4 para o campo, poços e RMP, e avalia o VME da 𝐸𝑅0. Esses

indicadores de desempenho são os mesmos descritos na Tabela 3-1. Para garantir que os

indicadores sempre correspondam a uma mesma estratégia, eles são sempre calculados e

atualizados em conjunto, primeiro no M3 e posteriormente no M8.

Entre o M3 e M4 é realizada uma avaliação de potencial global do campo, 𝐴𝑃𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙,

para identificar a viabilidade de instalação de válvulas. De forma geral, as avaliações de

potencial (AP), apresentadas na Tabela 4-2, são combinações de avaliações dos indicadores

eliminatórios (AI) listadas na Tabela 4-1. Assim, 𝐴𝑃𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙, é obtida pela avaliação do indicador

𝐼1, 𝐴𝐼1𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜

, e revela se o custo de instalação dos PI é compatível, ou não, com o VME do

campo. Se 𝐴𝑃𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 confirmar o potencial, a análise prossegue para o M4. Caso contrário, a

análise é interrompida.

Tabela 4-1: Equações para avaliação dos indicadores de desempenho.

Avaliação de Indicador Resultado

𝐴𝐼1𝑥 {

1 𝑠𝑒 𝐼1𝑥 ≤ 𝐶1

𝑥

0 𝑠𝑒 𝐼1𝑥 > 𝐶1

𝑥

𝐴𝐼2𝑥 {

1 𝑠𝑒 𝐼2𝑥 < 𝐶2

𝑥

0 𝑠𝑒 𝐼2𝑥 ≥ 𝐶2

𝑥

𝐴𝐼3𝑥 {

1 𝑠𝑒 𝐼3𝑥 > 𝐶3

𝑥

0 𝑠𝑒 𝐼3𝑥 ≤ 𝐶4

𝑥

𝐴𝐼4𝑥 {

1 𝑠𝑒 𝐼4𝑥 > 𝐶4

𝑥

0 𝑠𝑒 𝐼4𝑥 ≤ 𝐶4

𝑥

𝐴𝐼𝑦𝐶𝑅𝑀𝑃 {

1 se 𝐴𝐼𝑦𝑅𝑀𝑃 = 1 para qualquer RMP do CRMP

0 se 𝐴𝐼𝑦𝑅𝑀𝑃 = 0 para todas RMP do CRMP

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43

Tabela 4-2: Avaliações de potencial do campo, dos poços e CRMP

Avaliação de Potencial Resultado

Potencial global do campo

𝐴𝑃𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 𝐴𝐼1

𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜

Potencial do campo

𝐴𝑃𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜 𝐴𝐼2

𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜 ∧ 𝐴𝐼3𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜

Potencial do poço

𝐴𝑃𝑝𝑜ç𝑜 𝐴𝑃𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜 ∧ 𝐴𝐼2

𝑃𝑜ç𝑜 ∧ 𝐴𝐼3

𝑃𝑜ç𝑜 ∧ 𝐴𝐼4

𝑃𝑜ç𝑜

Potencial do CRMP

𝐴𝑃𝐶𝑅𝑀𝑃 𝐴𝑃𝑝𝑜ç𝑜 ∧ 𝐴𝐼2

𝐶𝑅𝑀𝑃 ∧ 𝐴𝐼3𝐶𝑅𝑀𝑃

4.7 Módulo 4 – Demarcação dos CRMP

O M4 determina a formação inicial dos conjuntos de RMP (CRMP). Para auxiliar

essa demarcação, as RMP são agrupadas com auxílio da função de particionamento k-means,

usando o algoritmo disponível no MATLAB.

4.7.1 Cálculo do ponto de histórico do corte de água médio de cada RMP

Dado o conjunto de modelos 𝑀 = (𝑚1, … ,𝑚𝑎), o conjunto de poços produtores da

estratégia referência 𝑃𝑊 = (𝑝𝑤1, … , 𝑝𝑤𝑏), o conjunto de RMP de um poço 𝑝𝑤𝑏 ∈ 𝑃𝑊,

𝑅𝑀𝑃𝑝𝑤𝑏 = (𝑟𝑚𝑝1𝑝𝑤𝑏 , … , 𝑟𝑚𝑝𝑐

𝑝𝑤𝑏), e o conjunto dos tempos de avaliação 𝑇 = (𝑡1, … , 𝑡𝑑). A

Equação (4.2) mostra a função 𝑉𝑚(𝑟𝑚𝑝𝛾𝑝𝑤𝛽) que calcula o ponto de histórico do corte de água

médio de uma determinada 𝑟𝑚𝑝𝛾𝑝𝑤𝛽

.

𝑽𝒎(𝒓𝒎𝒑𝜸𝒑𝒘𝜷) = (𝒂𝟏, 𝒂𝟐, … , 𝒂𝒕𝒅), sendo:

𝒂𝒕𝒌 = ∑𝑷𝒓𝒐𝒃(𝒎𝜶).𝑾𝑪𝑼𝑻(𝒎𝜶, 𝒓𝒎𝒑𝜸𝒑𝒘𝜷 , 𝒕𝒌)

𝒂

𝜶=𝟏

𝒄𝒐𝒎 𝒕𝒌 ∈ 𝑻

(4.2)

Cada coordenada de 𝑉𝑚 corresponde ao corte de água médio em um tempo de

avaliação 𝑡𝜃 ∈ 𝑇, sendo a média obtida em relação aos modelos e suas respectivas

probabilidades estimadas. A função 𝑃𝑟𝑜𝑏(𝑚𝛼) retorna a probabilidade estimada do modelo

𝑚𝛼, calculada no M1, e a função 𝑊𝐶𝑈𝑇(𝑚𝛼, 𝑟𝑚𝑝𝛾𝑝𝑤𝛽 , 𝑡𝜃) retorna o valor do corte de água de

uma determinada RMP, 𝑟𝑚𝑝𝛾𝑝𝑤𝛽

, no modelo 𝑚𝛼 e no tempo 𝑡𝜃. Como 𝐼𝑚(𝑃𝑟𝑜𝑏) = [0,1] e

𝐼𝑚(𝑊𝐶𝑈𝑇) = [0,1], a imagem de cada coordenada de 𝑉𝑚 também está contida no intervalo

[0,1]. O ponto 𝑉𝑚 pertence ao ℝ𝑑, sendo d igual à quantidade de períodos de avaliação

(definidos na seção 4.1).

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44

O M4 calcula os pontos 𝑉𝑚 de todas RMP dos poços produtores considerados e,

em seguida, executa o particionamento pelo k-means para organizar esses pontos em k grupos,

em cada poço, onde k é uma entrada que define a quantidade máxima pretendida de RCP. Desta

forma, o grupo do ponto corresponde ao grupo da RMP.

4.7.2 Agrupamento k-médias (k-means)

A função k-means trata cada observação de dados como um objeto, que apresenta

uma localização no espaço. A RMP é o objeto e o ponto de corte de água médio de cada RMP,

obtido pela Equação (4.2), é a localização no espaço. O algoritmo padrão utiliza a medida

euclidiana ao quadrado, calculando a distância o ponto da RMP e o centroide C do grupo

conforme Equação (4.3). O agrupamento k-means é um método de otimização que procura

estabelecer partições ótimas de forma que os objetos dentro de um grupo sejam tão próximos

uns dos outros, e tão longe dos demais grupos, quanto possível. Conforme os integrantes dos

grupos são modificados, os centroides desses grupos também são atualizados, até que as

condições de parada do algoritmo sejam atendidas.

𝑑(𝑉𝑚(𝑟𝑚𝑝𝜌𝑝𝑤𝛽), 𝐶) = (𝑉𝑚(𝑟𝑚𝑝𝜌

𝑝𝑤𝛽)−𝐶). (𝑉𝑚(𝑟𝑚𝑝𝜌𝑝𝑤𝛽)−𝐶)

𝑇 (4.3)

As coordenadas de cada objeto, a forma de medida da distância e a quantidade de

grupos são entradas da função k-means, que retorna informações como: um vetor indicando o

grupo de cada objeto e uma matriz contendo as distâncias de cada objeto em relação ao

centroide de cada grupo. Contudo, nem sempre os grupos concebidos são compostos somente

por RMP estritamente vizinhas, o que não é compatível com a definição de CRMP, que requer

que as RMP sejam coligadas e formem um conjunto contiguo. Por isso, em alguns casos é

necessário rearranjar os objetos antes de finalizar a formação dos conjuntos. Portanto, o M4

separa os grupos não contíguos em conjuntos adicionais. Depois desta separação, qualquer

conjunto de RMP resultante é chamado de CRMP.

A formação dos CRMP limita a quantidade de RCP possíveis em cada poço, para

atender à restrição de projeto. Se após a execução do M4, a quantidade de CRMP ultrapassar o

máximo de RCP permitido para cada poço, o M8 é responsável por verificar o total de RCP e

anular os indicadores dos poços que atingirem o limite. Isto elimina o potencial futuro das

CRMP restantes destes poços.

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45

4.8 Módulo 5 – Geração de estratégias candidatas

A partir do M5, inicia-se o laço de avaliação no tempo, que executa os Módulos

M5, M6, M7 e M8 repetidamente, em cada período definido, até o último tempo da avaliação.

A Figura 4-2 apresenta um diagrama complementar para auxiliar a explicação do M5, que gera

as estratégias com potencial para um determinado tempo. Para cada MR, o M5 avalia o

potencial dos CRMP e cria combinações entre os que apresentam potencial. As estratégias

criadas contêm variações de operação desses CRMP, abrangendo tanto a operação individual

quanto as diferentes combinações de fechamento.

A Tabela 4-2, descrita anteriormente no M3, apresenta as equações lógicas

necessárias para avaliar o potencial do campo, dos poços e das CRMP para instalar ICV.

Diferentemente da 𝐴𝑃𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙, que considera todo o período de produção, a avaliação de potencial

do campo, 𝐴𝑃𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜, indica o potencial do campo em determinado período, e é obtida pela

conjunção dos indicadores I2 e I3 do campo (𝐴𝐼2𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜 ∧ 𝐴𝐼3

𝐶𝑎𝑚𝑝𝑜). A avaliação de potencial

do poço, 𝐴𝑃𝑝𝑜ç𝑜, é realizada pela conjunção da 𝐴𝑃𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜 com as avaliações dos indicadores I2,

I3 e I4 do poço considerado, o que resulta na equação: 𝐴𝑃𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜 ∧ 𝐴𝐼2𝑃 ∧ 𝐴𝐼3

𝑃 ∧ 𝐴𝐼4𝑃. Por

último, a avaliação de potencial do CRMP, 𝐴𝑃𝐶𝑅𝑀𝑃, é efetivada pela conjunção da 𝐴𝑃𝑝𝑜ç𝑜, e

dos indicadores I2 e I3: 𝐴𝑃𝑝𝑜ç𝑜 ∧ 𝐴𝐼2𝑅𝑀𝑃 ∧ 𝐴𝐼3

𝑅𝑀𝑃. Para um CRMP ter potencial, qualquer

RMP deste conjunto deve apresentar potencial, como mostra a regra apresentada na Tabela 4-1.

Além disso, o campo e o respectivo poço também devem exibir potencial no tempo considerado.

Cada modelo representativo é analisado individualmente e as estratégias geradas são testadas,

no M6, em todos MR.

Para evitar um alto custo computacional, o M5 sempre calcula o número de

combinações e interrompe a execução se os resultados forem maiores do que o máximo

especificado. Em seguida, o M5 é executado novamente desde o início com o critério C2 mais

restrito, para reduzir a quantidade de CRMP com potencial até que o limite máximo de

combinações seja respeitado. Este novo valor só afeta a iteração corrente. A matriz de arranjo

CRMP retorna à configuração inicial quando o módulo finaliza. Depois de criar estratégias para

cada modelo, o M5 forma um conjunto com todas as possibilidades, removendo as repetições

e concluindo com a criação dos arquivos para as simulações.

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46

4.9 Módulo 6 - Cálculo do VME das estratégias candidatas

O M6 executa as simulações das estratégias criadas no M5 e calcula os VME

considerando a quantidade de ICV instaladas em cada uma delas. Quando há uma estratégia

remanescente de uma execução anterior do M7, o M6 inclui os resultados anteriores para

comparação com as novas possibilidades.

4.10 Módulo 7 - Seleção da estratégia referência

O M7, apresentado na Figura 4-3, define a estratégia referência para as próximas

avaliações, determinando o novo valor de VME a ser superado. Entretanto, a referência

escolhida nem sempre é a estratégia com o VME mais alto. Primeiro, o M7 avalia um possível

atraso na última operação proposta na estratégia com maior VME, 𝐸𝑋𝑡 , criando outra estratégia,

𝐸𝑋𝑡+1, com o controle de ICV proposto transferido do tempo atual para o próximo a ser avaliado.

Se a 𝐸𝑋𝑡+1 não gerar um VME maior, a estratégia 𝐸𝑋

𝑡 é definida como nova referência. Caso

contrário, o algoritmo mantém a referência anterior e armazena os resultados da estratégia 𝐸𝑋𝑡+1

para futura comparação com as demais estratégias criadas na próxima execução do M6.

4.11 Módulo 8 – Atualização de dados e outras verificações

No final de cada iteração do laço de avaliação do tempo, a algoritmo verifica se o

último tempo foi alcançado. Caso não tenha sido, o M8 atualiza as informações armazenadas,

antes de começar a análise do próximo período. O M8 simula os MR com a estratégia referência

mais recente, preparando os dados de produção e de indicadores para a próxima execução do

M5. Essa atualização permite que os indicadores reproduzam os efeitos das novas operações.

Por exemplo, quando uma RCP fecha, a frente de água pode atingir outras regiões mais

rapidamente e os indicadores de desempenho atualizados ajudam a identificar essas situações.

O M8 também verifica o número de ICV em cada poço e impede avaliações futuras

nos poços que alcançarem o número máximo de válvulas permitido. Para isso, os indicadores

do poço são anulados, cancelando o potencial dos CRMP remanescentes.

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47

S

Retorna

Cria os arquivos para

simulação

K>NUM_MR?

K=K+1

Gerar combinações dos

CRMP com potencial (para

o modelo considerado)

Identificar todos os CRMP com

potencial (pelo menos uma RMP

interna com potencial) e calcular o

número de combinações possíveis

Calcular indicadores

das RMP (I2 e I3)

Calcular indicadores dos

poços (I2, I3 e I4) e

identificar todos os poços

com potencial

Calcular e avaliar

indicadores de campo

(I2 e I3)

Módulo 5 (K=1)

Modelo Avaliado:

MR-K

Apagar as variáveis

temporárias, definir K=1 e

reduzir a quantidade de

CRMP ativos

Organizar conjunto contendo

todas as possibilidades de

todos os modelos e remover as

repetições

Total > MP?

Total > MC

Figura 4-2: Fluxograma que apresenta os processos do Módulo 5

S

N

S

N

N

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4.12 Controle reativo

Otimizamos o controle reativo mantendo as mesmas RCP projetadas pela

metodologia acima e usando uma grade adaptativa para avaliar a qualidade do controle proativo

proposto. A análise começa no poço que fechar primeiro devido ao corte de água elevado. São

Armazena melhor estratégia

para comparação no período

posterior

N

S

N S

VME posterior

é maior?

VME maior do que

referência atual?

Retorna

Estratégia avaliada é

definida como nova

referência

Avaliar melhor estratégia adiando a

operação para o próximo período

Identifica a estratégia que gera o

maior VME no tempo atual

Módulo 7

Mantém referência

anterior

Mantém referência

anterior

Figura 4-3: Fluxograma que apresenta os processos do módulo 7

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realizados testes variando o corte de água limite de 5 a 95% para cada RCP do poço. Para obter

uma quantidade razoável de simulações, a análise começa considerando o intervalo completo e

um passo maior para os valores testados. Nas iterações seguintes, o intervalo e o passo

diminuem em torno dos melhores resultados anteriores. Este processo é repetido até atingir o

passo de 5%, que definimos como o passo mínimo. Após terminar a primeira análise do poço,

repetimos o procedimento para os outros PI.

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50

5 Aplicações

5.1 Caso de Estudo

A metodologia proposta é aplicada no modelo UNISIM-I-D, um caso benchmark

baseado no campo Namorado no Brasil criado por Avansi e Schiozer (2015) e proposto por

Gaspar et al. (2015). A partir da análise de decisão de doze passos (Schiozer et al., 2015),

aproveitamos os resultados dos Passos 1 a 10 feitos no trabalho original e continuamos o estudo

de PI no Passo 11. Os nove MR escolhidos no Passo 8 representam as incertezas do reservatório

e a melhor estratégia (E9) selecionada no Passo 10 é definida como referência inicial. Mantêm-

se as variáveis de decisão (G1) e de controle (G2) - otimizadas no Passo 9 seguindo o

procedimento descrito no Passo 6.

Os resultados anteriores da E9 foram obtidos usando INGUIDE, que é um método

de rateio do simulador IMEX (CMG IMEX, 2012). No entanto, este estudo utiliza o método de

repartição PRIOR, que resulta em VPL igual ou maior do que o INGUIDE para todos os MR.

Quando a produção alcança as restrições do grupo de poços produtores, o simulador prioriza os

poços contribuintes de acordo com sua classificação calculada, com base em uma fórmula de

prioridade customizada que definimos como a divisão da vazão de óleo (STO) por vazão de

água (STW).

O UNISIM-I-D tem um bloco de malha de 100x100x8 m discretizado em uma

malha “corner point” de 81x58x20 células. O tempo de simulação máximo estabelecido é de

10957 dias (30 anos), que compreende 4 anos de histórico de produção (com 4 poços

exploratórios verticais de produção: NA1A, NA02, NA3D e RJS19) e 26 anos de produção. A

estratégia E9 tem 7 injetores e 13 produtores convencionais: o poço ILNA1A do período

exploratório e outros 12 acrescentados no período de desenvolvimento. Os produtores

PROD006, PROD007 e ILNA1A são verticais e todos os outros poços são horizontais. A

localização dos poços está ilustrada na Figura 5-1.

Este estudo emprega o cenário econômico mais provável especificado por Gaspar et al.

(2015). Os investimentos em ICV são, por poço, de USD 1,00 milhões para a primeira válvula

e USD 0,30 milhões para cada válvula adicional.

5.2 Sequência de aplicações

A primeira aplicação da metodologia determina o posicionamento e controle das

ICV em poços produtores usando E9 como o caso de referência inicial (E9-P1-PC).

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Consideramos a instalação somente em poços perfurados após o período histórico e avaliamos

a instalação e controle da válvula anualmente durante o período de produção previsto.

Figura 5-1: Mapa de porosidade (30/06/2018) com a localização dos poços

Como PI podem ajudar a reduzir a produção de água, uma segunda aplicação

restringe a produção de água da plataforma para avaliar o impacto das válvulas instaladas,

usando E9 com a plataforma P2 como referência inicial (E9-P2-PC).

A Tabela 5-1 apresenta as restrições e o investimento para cada plataforma

considerada. Na segunda avaliação, mantemos a posição do ICV ajustada na primeira avaliação

e otimizamos somente os controles para o novo cenário, repetindo a aplicação com apenas a

RCP habilitada na matriz de demarcação dos CRMP do Módulo 4. Também otimizamos

cuidadosamente a mesma RCP testada na aplicação descrita acima com um controle reativo

para comparar com o proposto.

Tabela 5-1: Capacidades e investimentos de cada plataforma

Plataforma

Capacidades (m3/dia)

Investimento (Milhões USD) Produção Injeção

Líquidos Óleo Água Água

P1 20150 20150 9765 28210 869.1

P2 20150 20150 7672.5 28210 862.5

As avaliações 1 e 2 utilizam os valores recomendados por Barreto e Schiozer

(2015), para avaliar o potencial para a instalação de ICV no campo, nos poços e nas RMP.

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Outras duas avaliações, 3 e 4, utilizam os critérios selecionados por Barreto et al. (2016), os

quais definem um valor maior do C3 para RMP e não estabelecem restrições para o campo

pelos critérios C2 e C3. A Tabela 5-2 apresenta os critérios empregados nas quatro avaliações.

Desta forma, a terceira avaliação é semelhante à primeira, modificando apenas os valores dos

critérios. A quarta avaliação é semelhante à terceira, com os novos critérios, mas utilizando a

estratégia com a plataforma P2 como referência inicial (E9-P2-PC). Essa quarta avaliação é

diferente da segunda, pois permite a avaliação de potencial em todas RMP, ou seja, a inclusão

de novas ICV, não se limitando às posições definidas nas análises anteriores.

Tabela 5-2: Critérios de para avaliação de potencial de campo, poços e RMP com base nas

aplicações de Barreto e Schiozer (2015) e Barreto et al. (2016).

Critério Escala Avaliações 1 e 2 Avaliações 3 e 4

Valor Valor

C1 Campo 0.025 0.025

C2

Campo -0.025 não definido

Poço -0.050 -0.050

RMP -0.100 -0.100

C3

Campo 0.100 não definido

Poço 0.050 0.050

RMP 0.025 0.100

C4 RMP 0.100 0.075

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6 Resultados e discussões

6.1 Probabilidade dos Modelos Representativos

A Figura 6-1 e a Tabela 6-1 mostram os resultados obtidos após a execução do

Módulo 1 (M1), que estima a probabilidade de cada MR a partir do ajuste das curvas de

probabilidades acumuladas dos 9 MR sobre as curvas dos 214 modelos, procurando reduzir o

erro como especificado na Equação (4.1), para os seguintes indicadores: valor presente líquido

(VPL), óleo total produzido (Np), água total produzida (Wp) e fator de recuperação de óleo

(FRo). Essas probabilidades são utilizadas ao longo da aplicação da metodologia para calcular

o VME.

Figura 6-1: Probabilidades acumuladas dos modelos para VPL, Np, Wp e FRo obtidas no M1

Tabela 6-1: Probabilidades estimadas dos MR calculadas no M1

MR MR1 MR2 MR3 MR4 MR5 MR6 MR7 MR8 MR9

PMR 8% 12% 11% 14% 17% 13% 3% 14% 8%

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6.2 Conjuntos de Regiões de Monitoramento do Poço

A Tabela 6-2 apresenta os resultados da execução do algoritmo k-means, que

particiona as RMP de cada poço em três grupos, no M4. Na maioria dos poços, o algoritmo de

agrupamento divide o poço em três CRMP regulares, com RMP vizinhas. Em alguns casos,

entretanto, o algoritmo forma grupos com RMP que não são vizinhas, como ocorre no

PROD006 e no PROD023A. Nesses grupos irregulares, o M4 separa as RMP não adjacentes

formando novos grupos, mas ultrapassando o máximo de RCP especificado pela premissa

operacional, como mostrado na Tabela 6-3. Por isso, durante a optimização, o M8 verifica o

número de RCP e atua, quando necessário, para impedir que a premissa operacional, que

estabelece o máximo de válvulas, seja desrespeitada.

Tabela 6-2: Resultados do k-means em cada poço produtor para dividir as RMP em 3 grupos

Resultado do particionamento k-means

Poço Tipo RMP

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

PROD006 Vertical

2 1 3 3 3 3 2 2 3 3 1 1 1 1 3 3

PROD007 1 1 3 3 3 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2

PROD005

Horizontal

3 3 1 1 1 2

PROD009 2 2 2 3 3 1

PROD010 2 1 3 3 3 3

PROD012 1 2 2 2 2 3

PROD014 3 2 2 1 1 1

PROD021 1 3 3 2 2 2

PROD023A 1 3 3 3 1 2

PROD024A 3 1 1 1 2 2

PROD025A 2 3 3 3 3 1

PROD026 2 2 1 1 3 3

Tabela 6-3: CRMP obtidos depois de separar os grupos com RMP que não são vizinhas

Disposição dos CRMP

Poço Tipo RMP

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

PROD006 Vertical

1 2 3 3 3 3 4 4 5 5 6 6 6 6 7 7

PROD007 1 1 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3

PROD005

Horizontal

1 1 2 2 2 3

PROD009 1 1 1 2 2 3

PROD010 1 2 3 3 3 3

PROD012 1 2 2 2 2 3

PROD014 1 2 2 3 3 3

PROD021 1 2 2 3 3 3

PROD023A 1 2 2 2 3 4

PROD024A 1 2 2 2 3 3

PROD025A 1 2 2 2 2 3

PROD026 1 1 2 2 3 3

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6.3 Primeira análise

A Tabela 6-4 mostra o número de possibilidades e simulações criadas anualmente

durante a execução do algoritmo. Somente os anos em que há pelo menos uma possibilidade

são listados. As estratégias possíveis de cada tempo são criadas a partir das diferentes

combinações de CRMP que têm potencial para fechar no tempo examinado. Nos primeiros

anos, a quantidade de possibilidades é pequena, ou inexistente, por causa da baixa produção de

água. A Figura 6-2 mostra que a frente de água chega a partir do sétimo ano de produção do

campo. A Tabela 6-4 exibe o maior número de possibilidades no período entre o décimo e o

vigésimo ano.

Tabela 6-4: Número de possibilidades criadas para todos MR em cada tempo da avaliação

Ano

E9-P1

No de

possibilidades

No de

simulações

8 1 9

9 2 18

10 9 81

11 1 9

12 4 36

13 10 90

14 10 90

15 5 45

16 3 27

17 1 9

18 18 162

19 7 63

20 1 9

21 2 18

Total: 74 666

A Figura 6-2 ilustra a análise dos indicadores do campo e os resultados obtidos para

o MR8. A Figura 6-2(a) possibilita uma comparação entre o comportamento do indicador 𝐼2 e

o desenvolvimento do fluxo de caixa líquido do campo. A Figura 6-2(b) exibe a evolução do

indicador 𝐼3 e do corte de água do campo. Por último, a Figura 6-2(c) esboça o resultado da

avaliação combinada dos dois indicadores. A avaliação do indicador 𝐼2 mostra que a partir do

oitavo ano há potencial em todos os períodos. Por outro lado, a avaliação do indicador 𝐼3 sugere

que há potencial entre o oitavo e o décimo quinto ano, e depois isoladamente no décimo oitavo

ano. A partir do décimo nono ano, os valores do 𝐼3 são pequenos, não havendo, portanto,

potencial de avaliação. O decréscimo do 𝐼3 acontece devido ao aumento do corte de água, que

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ocasiona o aumento da magnitude do denominador do 𝐼3, e por causa das menores variações do

corte de água, que reduzem a magnitude do numerador. Enquanto o crescimento da produção

de água for expressivo, os indicadores evidenciam a chegada da água e confirmam o potencial

de avaliação. No entanto, os indicadores ignoram o efeito acumulado. Desta forma, a

metodologia proposta procura exclusivamente soluções proativas. Nas Figura 6-3 e Figura 6-4,

verifica-se que esse comportamento também ocorre quando os indicadores 𝐼2 e 𝐼3 são

calculados para o poço PROD007 e para a RMP15 desse mesmo poço, respectivamente.

Figura 6-2: Resultados do MR8 (a) 𝐼2 e FCL do campo; (b) 𝐼3 e corte de água do campo; (c)

Resultado da avaliação dos indicadores 𝐼2 e 𝐼3 do campo.

Além dos indicadores 𝐼2 e 𝐼3, a Figura 6-3 inclui a avaliação do indicador 𝐼4, que

examina se a produção de água está ocorrendo de forma uniforme ao longo do poço. Observa-

se que quando a frente de água alcança o poço, inicialmente a produção de água é desigual, mas

depois de um tempo se torna mais uniforme, extinguindo o potencial. Um poço, ou uma válvula,

que fecha antes do fim da vida do campo, por exemplo, pode perturbar transitoriamente a

produção de outros poços, tendo impacto sobre os indicadores e resultando em um maior

número de possibilidades em alguns períodos. Mas depois de um tempo, quando os poços

atingem um corte de água alto, a água pode ficar regularmente distribuída entre as RMP, não

justificando o uso de ICV e reduzindo o número de possibilidades. Isso também explica por que

há poucas possibilidades nos últimos 10 anos.

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Figura 6-3: Resultados do MR8, poço PROD007, (a) 𝐼2 e FCL do poço; (b) 𝐼3 e corte de água

do poço; (c) 𝐼4 do poço; (d) Resultado da avaliação dos indicadores 𝐼2, 𝐼3 e 𝐼4 do poço.

Figura 6-4: Resultados do MR8, poço PROD007, RMP15, (a) 𝐼2 e FCL da RMP15; (b) 𝐼3 e

corte de água da RMP; (c) Resultado da avaliação dos indicadores 𝐼2 e 𝐼3 da RMP.

Como mostra a Tabela 6-4, a otimização obtém o melhor resultado com 666

simulações. A Tabela 6-5 ilustra a localização da única válvula, instalada no poço PROD007.

Com controle proativo, a ICV fecha no décimo quarto ano de produção. O estudo anterior do

modelo UNISIM-I-D projetou as regras de controle para fechar os poços: valores máximos de

WCUT e RGO, e um STO mínimo. Neste trabalho, usamos um valor máximo de WCUT como

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gatilho para fechar a ICV no controle reativo do PI, obtendo, nessa análise, um valor otimizado

de 90% para o limite de corte de água da ICV do PROD007.

Tabela 6-5: Localização das RCP no PROD007

PROD007

RMP 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

CRMP 1 2 3

RCP Não há RCP RCP1

A Figura 6-5 apresenta o tempo em que o PROD007 e ICV fecham na estratégia

convencional e em estratégias inteligentes com controles proativos e reativos. Nos MR em que

o PROD007 fecha antes do último tempo de previsão de produção, a inclusão da RCP1 ajuda a

aumentar a vida útil do poço.

Figura 6-5: Tempo de fechamento do poço PROD007 e da ICV nas estratégias com P1. Não

existe o bloco leste nos MR 3, 6 e 7, nos quais o PROD007 não é aberto.

Tal como visto nos resultados do Passo 9 de Schiozer et al. (2015), o bloco do leste

do UNISIM-I-D é uma incerteza e não se comunica com a seção ocidental devido a uma falha

selada. Assim, o bloco leste não tem óleo recuperável nos modelos MR3, MR6 e MR7. Isto

explica por que a Tabela 6-5 mostra que o PROD007 permanece fechado nestes modelos. A

estratégia E9 tem quatro poços (PROD007, PROD023A, PROD024A e PROD025A) no Bloco

do Leste porque são rentáveis na maioria dos MR considerados. Assumimos que a perfuração

do primeiro poço no bloco Leste é suficiente para confirmar a presença ou ausência do óleo. Se

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59

o óleo estiver ausente, nenhuma perfuração adicional é necessária para os outros quatro poços

listados, e eles permanecem incompletos. Portanto, quando a E9 é aplicada nos modelos MR3,

MR6 e MR7, o VPL contabiliza apenas metade do custo do primeiro poço perfurado do Bloco

Leste, sem investimentos adicionais em ICV para os poços PROD007, PROD023A,

PROD024A ou PROD025A.

A Tabela 6-6 apresenta o impacto médio do controle da ICV do PROD007 em todos

os MR em comparação com a estratégia convencional E9 (E9-P1-PC). A tabela mostra que o

VME aumenta em USD 1,8 milhões, a produção e a injeção média de água diminui, e a

produção de petróleo aumenta, quando é utilizada a estratégia com o controle proativo (E9-P1-

PIP). A variação de VME é muito pequena em comparação com o VME do campo, o que não

justifica a inclusão da otimização PI no CLFD. No entanto, este exemplo de aplicação em um

caso complexo mostra o impacto e a interação da válvula com outras regiões e outros poços.

Tabela 6-6: Desempenho médio das estratégias E9-P1 com PC e PI (proativo e reativo)

Tipo de poço

e de controle

de PI

E9-P1

VME ∆VME Np ∆Np Wp ∆Wp Wi ∆Wi

Bilhões

USD

Milhões

USD % Milhões m3

PC 1.6731 - - 60.27 - 40.55 - 122.86 0.00

PI/Proativo 1.6750 1.8 0.11 60.29 0.03 39.83 -0.72 122.16

-

0.69

PI/Reativo 1.6754 2.3 0.13 60.29 0.02 39.79 -0.76 122.12

-

0.74

A Tabela 6-7 mostra os resultados econômicos das estratégias com PI em

comparação com a estratégia inicial, convencional, E9-P1-PC. Para entender os fatores que

provocam essas variações econômicas, a Tabela 6-8 compara as variações do VPL com o

desempenho de produção de óleo e água e de injeção de água de todos os MR. Os dados são

obtidos no tempo em que ocorre o VPL máximo em cada MR. Verifica-se que o controle

proativo reduz o VPL somente para o MR9. O aumento da produção de óleo no MR1, apesar

de estar acompanhado de uma maior produção de água, ocasiona um aumento do VPL. O MR9

também mostrou aumento na produção de óleo e água, mas o ganho não é suficiente para cobrir

o investimento da válvula, quando o controle proativo é utilizado. Já o MR5 mostra o maior

aumento de VPL, com pequena redução de óleo e expressiva redução da produção de água, e

também da injeção de água. Isso mostra que a água produzida é proveniente de algum poço

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60

injetor. O controle reativo (E9-P1-PIR) mostra melhor desempenho em todos os MR, exceto no

MR5, resultando no melhor VME desta primeira análise.

Tabela 6-7: Resultados econômicos dos MR com a E9-P1 com PC e PI (proativo e reativo)

MR PMR

Tipo de poço e

de controle de

PI

VPL

(Bilhões

USD)

∆VPL

Milhões

USD %

MR1 8%

PC 1.7601 - -

PI/Proativo 1.7604 0.4 0.02

PI/Reativo 1.7605 0.5 0.03

MR2 12%

PC 1.6992 - -

PI/Proativo 1.6999 0.7 0.04

PI/Reativo 1.7006 1.4 0.08

MR3 11%

PC 0.8644 - -

PI/Proativo 0.8644 0.0 0.00

PI/Reativo 0.8644 0.0 0.00

MR4 14%

PC 2.1334 - -

PI/Proativo 2.1341 0.7 0.03

PI/Reativo 2.1362 2.9 0.13

MR5 17%

PC 1.5445 - -

PI/Proativo 1.5514 6.9 0.45

PI/Reativo 1.5508 6.3 0.41

MR6 13%

PC 1.3495 - -

PI/Proativo 1.3495 0.0 0.00

PI/Reativo 1.3495 0.0 0.00

MR7 3%

PC 0.7623 - -

PI/Proativo 0.7623 0.0 0.00

PI/Reativo 0.7623 0.0 0.00

MR8 14%

PC 1.6881 - -

PI/Proativo 1.6914 3.3 0.20

PI/Reativo 1.6920 3.9 0.23

MR9 8%

PC 2.9681 - -

PI/Proativo 2.9678 -0.3 -0.01

PI/Reativo 2.9684 0.3 0.01

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61

Tabela 6-8: Resultados de produção dos MR com a E9-P1 com PC e PI (proativo e reativo)

MR PMR

Tipo de

poço e de

controle de

PI

∆VPL

(Milhões

USD)

Np

∆Np

Wp

∆Wp

Wi

∆Wi

Milhões m3

MR1 8%

PC - 61.94 - 35.92 - 120.86 -

PI/Proativo 0.4 62.15 0.21 38.58 2.67 123.80 2.94

PI/Reativo 0.5 62.15 0.21 38.46 2.55 123.67 2.81

MR2 12%

PC - 60.79 - 47.83 - 130.93 -

PI/Proativo 0.7 60.77 -0.02 47.18 -0.65 130.26 -0.67

PI/Reativo 1.4 60.77 -0.02 47.11 -0.73 130.18 -0.75

MR3 11%

PC - 45.18 - 31.00 - 92.32 -

PI/Proativo 0.0 45.18 0.00 31.00 0.00 92.32 0.00

PI/Reativo 0.0 45.18 0.00 31.00 0.00 92.32 0.00

MR4 14%

PC - 66.96 - 55.78 - 147.17 -

PI/Proativo 0.7 67.05 0.09 55.44 -0.34 146.96 -0.21

PI/Reativo 2.9 67.09 0.13 55.72 -0.06 147.30 0.13

MR5 17%

PC - 60.60 - 42.33 - 125.12 -

PI/Proativo 6.9 60.49 -0.11 37.71 -4.62 120.37 -4.75

PI/Reativo 6.3 60.44 -0.16 37.26 -5.07 119.86 -5.26

MR6 13%

PC - 53.53 - 21.90 - 94.74 -

PI/Proativo 0.0 53.53 0.00 21.90 0.00 94.74 0.00

PI/Reativo 0.0 53.53 0.00 21.90 0.00 94.74 0.00

MR7 3%

PC - 44.18 - 12.65 - 72.92 -

PI/Proativo 0.0 44.18 0.00 12.65 0.00 72.92 0.00

PI/Reativo 0.0 44.18 0.00 12.65 0.00 72.92 0.00

MR8 14%

PC - 61.58 - 47.54 - 132.03 -

PI/Proativo 3.3 61.65 0.07 47.34 -0.20 131.92 -0.11

PI/Reativo 3.9 61.65 0.07 47.33 -0.22 131.91 -0.12

MR9 8%

PC - 80.83 - 45.46 - 155.77 -

PI/Proativo -0.3 80.94 0.11 45.52 0.06 155.80 0.03

PI/Reativo 0.3 80.92 0.09 45.73 0.27 156.03 0.26

A Figura 6-6 ilustra o efeito da estratégia no MR5 através de quatro comparações

de gráfico de barras de IEPP, ΔIEPP, ΔNp e ΔWp para os poços produtores. Observa-se na

Figura 6-6 que a ICV instalada no PROD007 também afeta a produção e o desempenho

econômico de outros poços, como o PROD023A e o PROD024A. A Figura 6-7 mostra que o

fechamento da ICV também tem impacto nos poços injetores INJ022 e INJ010, nos quais ocorre

uma redução no volume total de água injetada.

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Figura 6-6: - IEPP, ∆IEPP, ∆Np e ∆Wp dos poços produtores do MR5 com E9-P1

Figura 6-7: Wi e ∆Wp dos poços injetores do MR5 com E9-P1

A Figura 6-8 e a Figura 6-9 apresentam as vazões diárias de óleo e de água durante

o período de produção para o PROD007 e o PROD023A, respectivamente, ajudando a explicar

a interação entre esses poços vizinhos. Observa-se na Figura 6-8 que o ICV fecha mais cedo

com controle reativo do que com proativo. A Figura 6-8 mostra que o fechamento da ICV reduz

significativamente a vazão de água sem um impacto negativo na vazão de óleo para o

PROD007. Por outro lado, a Figura 6-9 mostra que a vazão de água aumenta e a vazão de óleo

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63

diminui para PROD023A, evidenciando o impacto negativo ocasionado pelo fechamento da

válvula no poço PROD007, que é próximo ao PROD023A. Por último, a Figura 6-10 permite

a visualização da redução da injeção diária de água nos poços INJ022 e INJ010, que também

ocorre após o fechamento da ICV do poço PROD007. Com os dados da Tabela 6-8, é possível

concluir que a água produzida na região onde está instalada a ICV no PROD007, origina-se

principalmente nos poços injetores INJ022 e INJ010, e não somente do aquífero.

Figura 6-8: Razão de óleo e água do PROD007 do MR5 com estratégias com PC/PI e P1

Figura 6-9: Vazões de óleo e água e corte de água do PROD023A do MR5 com estratégias

com PC/PI e P1

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64

Figura 6-10: Vazões de injeção água dos poços INJ022 e INJ010 do MR5 com P1 e

estratégias com PC/PI

6.4 Segunda análise

6.4.1 Redução da plataforma

Antes de projetar PI para a estratégia com restrição de água na plataforma,

comparamos na Tabela 6-9 as estratégias com poços convencionais (PC) com as plataformas

P1 (E9-P1-PC) e P2 (E9-P2-PC). Esta última proporciona um VME superior ao primeira em

USD 4,2 milhões. Podemos ver na Tabela 6-9 que a restrição de água não afeta a produção de

óleo e água dos MR 1, 3, 6 ou 7. O VPL aumenta para esses modelos devido à redução do

investimento da plataforma em USD 6 milhões. Para os demais MR (2, 4, 5, 8 e 9), a redução

da plataforma restringe a água e, consequentemente, a produção de óleo, mas acarreta diferentes

efeitos no VPL de cada modelo. Quando a plataforma restringe a produção, o simulador

distribui a produção, priorizando cada poço de acordo com a sua classificação. Os poços com

maior prioridade produzem o máximo permitido, o poço de balanço respeita um valor de

produção entre o máximo e o mínimo, e os poços com pior classificação produzem com as

vazões mínimas viáveis. A Figura 6-11 mostra o efeito de uma plataforma menor sobre MR2.

O simulador opera para manter a produção em cerca de 91% do máximo estabelecido devido

às condições de disponibilidade dos sistemas de produção estabelecido nas especificações do

UNISIM-I-D (Gaspar et al., 2015). Verificamos no MR2 que a restrição de água praticamente

não afeta a produção de petróleo, o que resulta em um aumento do VPL de USD 8 milhões, ou

seja, USD 2 milhões a mais do que a economia da plataforma.

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65

Tabela 6-9: Resultados de produção dos MR com PC nas estratégias E9-P1 e E9-P2

MR

E9-P1-PC E9-P2-PC

VPL1

(Bilhões

USD)

Np1 Wp1 Wi1 VPL2

(Bilhões

USD)

Np2 Wp2 Wi2

(Milhões m3) (Milhões m3)

MR1 1.7601 61.94 35.92 120.86 1.7661 61.94 35.92 120.86

MR2 1.6992 60.79 47.83 130.93 1.7074 60.68 44.88 127.62

MR3 0.8644 45.18 31.00 92.32 0.8703 45.18 31.00 92.32

MR4 2.1334 66.96 55.78 147.17 2.1287 66.00 45.49 135.70

MR5 1.5445 60.60 42.33 125.12 1.5503 60.57 41.95 124.69

MR6 1.3495 53.53 21.90 94.74 1.3555 53.53 21.90 94.74

MR7 0.7623 44.18 12.65 72.92 0.7682 44.18 12.65 72.92

MR8 1.6881 61.58 47.54 132.03 1.6933 61.32 44.42 128.63

MR9 2.9681 80.83 45.46 155.77 2.9687 80.28 40.07 149.55

Tabela 6-10: Variação da produção e injeção dos MR com PC nas estratégias E9-P1 e E9-P2

MR

Variações

∆VPL2-1

(Milhões USD)

∆Np2-1 ∆Wp2-1 ∆Wi2-1

(Milhões m3)

MR1 6 0.00 0.00 0.00

MR2 8 -0.11 -2.95 -3.31

MR3 6 0.00 0.00 0.00

MR4 -5 -0.96 -10.29 -11.47

MR5 6 -0.03 -0.38 -0.43

MR6 6 0.00 0.00 0.00

MR7 6 0.00 0.00 0.00

MR8 5 -0.26 -3.12 -3.39

MR9 1 -0.55 -5.39 -6.22

Utilizamos a estratégia E9-P2-PC como a referência para a segunda análise porque

gera o melhor VME entre todas as estratégias desenvolvidas. Desta forma, em relação à E9-P2-

PC, a Tabela 6-11 mostra um aumento de VME em 2,4 milhões com controle proativo e 2,5

milhões com controle reativo nas estratégias com PI. A ICV fecha no décimo quarto ano de

produção em E9-P2-PIP e o corte de água limite otimizado é de 85% para E9-P2-PIR.

Observamos na Figura 6-12 que, como na primeira análise, a inclusão de RCP1 também

prolonga o tempo de produção do poço PROD007.

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Figura 6-11: Vazões das plataformas P1 e P2 (produção e injeção) no MR2 com PC

Tabela 6-11: VME das estratégias E9-P2 com PC e PI (proativo e reativo)

Tipo de

poço e de

controle de

PI

E9-P2

VME ∆VME Np ∆Np Wp ∆Wp Wi ∆Wi

Bilhões

USD

Milhões

USD % Milhões m3

PC 1.6773 - - 60.03 - 37.82 - 119.81 0.00

PI/Proativo 1.6797 2.4 0.14 60.10 0.07 37.47 -0.35 119.54 -0.27

PI/Reativo 1.6798 2.5 0.15 60.09 0.06 37.38 -0.44 119.43 -0.38

Figura 6-12: Tempo de fechamento do poço PROD007 e da ICV nas estratégias com P2. Não

existe o bloco leste nos MR 3, 6 e 7, nos quais o PROD007 não é aberto.

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67

A Tabela 6-12 mostra os resultados econômicos das estratégias com PI em

comparação com a estratégia inicial, convencional, E9-P2-PC. A Tabela 6-13 compara essas

variações do VPL com o desempenho de produção de óleo e água e de injeção de água de todos

os MR. No MR1, uma maior recuperação de óleo resultou em aumento do VPL, mas a produção

de água também aumentou. A Figura 6-13 mostra que o fechamento da ICV ajuda a reduzir

instantaneamente a vazão de produção de água do PROD007, mas esta vazão continua

crescendo e perto do vigésimo ano se aproxima do mesmo valor verificado na estratégia

convencional. No entanto, diferente do comportamento verificado na E9-P2-PC, o fechamento

do PROD007 é adiado nas estratégias E9-P2-PIP e E9-P2-PIR e ocorrem desvios de fluxo

significativos nesse período estendido de produção. Essas variações ocorrem nos fluxos de óleo

e água, mas são mais evidentes no de água. A gestão do reservatório realizada pelo simulador

é responsável por algumas dessas mudanças. A Figura 6-14 mostra que a plataforma P2 não

restringe a produção de água na estratégia E9-P2-PC, mas restringe em E9-P2-PIP e E9-P2-

PIR. Nos últimos dez anos, nos casos restritos alguns poços fecham devido ao alto corte de

água e em seguida o simulador reajusta o fluxo poços produtores que ainda estão abertos

segundo as regras descritas anteriormente. Isso ocorre no PROD007, como mostrado na Figura

6-13.

Figura 6-13: Vazões de óleo e de água do PROD007 do MR1 com estratégias com PC/PI e P2

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Tabela 6-12: Resultados econômicos dos MR com a E9-P2 com PC e PI (proativo e reativo)

MR PMR

Tipo de

poço e de

controle

de PI

E9-P2

VPL

(Bilhões

USD)

∆VPL

Milhões

USD %

MR1 8%

PC 1.7661 - -

PI/Proativo 1.7665 0.4 0.02

PI/Reativo 1.7664 0.3 0.02

MR2 12%

PC 1.7074 - -

PI/Proativo 1.7078 0.4 0.02

PI/Reativo 1.7087 1.3 0.08

MR3 11%

PC 0.8703 - -

PI/Proativo 0.8703 0.0 0.00

PI/Reativo 0.8703 0.0 0.00

MR4 14%

PC 2.1287 - -

PI/Proativo 2.1320 3.3 0.16

PI/Reativo 2.1331 4.4 0.21

MR5 17%

PC 1.5503 - -

PI/Proativo 1.5574 7.2 0.46

PI/Reativo 1.5560 5.8 0.37

MR6 13%

PC 1.3555 - -

PI/Proativo 1.3555 0.0 0.00

PI/Reativo 1.3555 0.0 0.00

MR7 3%

PC 0.7682 - -

PI/Proativo 0.7682 0.0 0.00

PI/Reativo 0.7682 0.0 0.00

MR8 14%

PC 1.6933 - -

PI/Proativo 1.6980 4.8 0.28

PI/Reativo 1.6986 5.3 0.31

MR9 8%

PC 2.9687 - -

PI/Proativo 2.9683 -0.4 -0.01

PI/Reativo 2.9690 0.3 0.01

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Tabela 6-13: Resultados de produção dos MR com a E9-P2 com PC e PI (proativo e reativo)

MR PMR

Tipo de

poço e de

controle de

PI

E9-P2

∆VPL Np ∆Np Wp ∆Wp Wi ∆Wi

Milhões

USD Milhões m3

MR1 8%

PC - 61.94 - 35.92 - 120.86 -

PI/Proativo 0.4 62.14 0.20 38.34 2.43 123.53 2.67

PI/Reativo 0.3 62.15 0.21 38.61 2.69 123.80 2.94

MR2 12%

PC - 60.68 - 44.88 - 127.62 -

PI/Proativo 0.4 60.66 -0.02 44.28 -0.60 127.00 -0.62

PI/Reativo 1.3 60.66 -0.02 44.16 -0.73 126.87 -0.75

MR3 11%

PC - 45.18 - 31.00 - 92.32 -

PI/Proativo 0.0 45.18 0.00 31.00 0.00 92.32 0.00

PI/Reativo 0.0 45.18 0.00 31.00 0.00 92.32 0.00

MR4 14%

PC - 66.00 - 45.49 - 135.70 -

PI/Proativo 3.3 66.16 0.16 45.42 -0.07 135.86 0.16

PI/Reativo 4.4 66.17 0.18 45.56 0.07 136.02 0.32

MR5 17%

PC - 60.57 - 41.95 - 124.69 -

PI/Proativo 7.2 60.49 -0.08 37.71 -4.24 120.37 -4.32

PI/Reativo 5.8 60.41 -0.16 37.00 -4.95 119.56 -5.14

MR6 13%

PC - 53.53 - 21.90 - 94.74 -

PI/Proativo 0.0 53.53 0.00 21.90 0.00 94.74 0.00

PI/Reativo 0.0 53.53 0.00 21.90 0.00 94.74 0.00

MR7 3%

PC - 44.18 - 12.65 - 72.92 -

PI/Proativo 0.0 44.18 0.00 12.65 0.00 72.92 0.00

PI/Reativo 0.0 44.18 0.00 12.65 0.00 72.92 0.00

MR8 14%

PC - 61.32 - 44.42 - 128.63 -

PI/Proativo 4.8 61.61 0.29 46.33 1.91 130.85 2.21

PI/Reativo 5.3 61.60 0.28 46.26 1.83 130.77 2.13

MR9 8%

PC - 80.28 - 40.07 - 149.55 -

PI/Proativo -0.4 80.35 0.07 39.95 -0.12 149.47 -0.08

PI/Reativo 0.3 80.34 0.06 40.08 0.01 149.64 0.09

Para analisar o impacto das probabilidades dos MR, a Tabela 6-14 mostra o VME

e as médias de produção das estratégias E9-P1 e E9-P2 considerando probabilidades iguais para

os MR e usando os dados apresentados na Tabela 6-8, Tabela 6-9, Tabela 6-12 e Tabela 6-13.

A variação no VME é entre 25% e 30% menor do que os resultados apresentados na Tabela 6-6

e na Tabela 6-11, mas o uso de PI ainda gera ganhos em ambas as análises.

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Tabela 6-14: VME das estratégias E9-P1/P2 com PC/PI considerando MR equiprováveis

Referência

Tipo de

poço e de

controle

de PI

VME ∆VME Np ∆Np Wp ∆Wp

Bilhões

USD

Milhões

USD %

Milhões m3

E9-P1

PC 1.6411 - - 59.51 - 37.82 -

PI/Proativo 1.6424 1.3 0.08 59.55 0.04 37.48 -0.34

PI/Reativo 1.6427 1.7 0.10 59.55 0.04 37.46 -0.36

E9-P2

PC 1.6454 - - 59.30 - 35.36 -

PI/Proativo 1.6471 1.7 0.10 59.37 0.07 35.29 -0.08

PI/Reativo 1.6473 1.9 0.12 59.36 0.06 35.25 -0.12

Figura 6-14: Vazões da plataforma P2 (produção e injeção) no MR1 com PC/PI

6.5 Terceira e quarta análises

Em termos de VME, os melhores resultados obtidos são as mesmas estratégias

identificadas nas análises 1 e 2, respectivamente. No entanto, a Tabela 6-15 mostra que com os

novos critérios houve um aumento considerável do número de simulações em comparação ao

desempenho verificado na Tabela 6-4. Nessas duas últimas análises, o critério C3 das RMP é

mais restrito do que nas análises iniciais, e não existe restrição por parte do C2 e C3 do campo.

Portanto, o acréscimo de simulações é devido exclusivamente à eliminação das restrições

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geradas pelos critérios C2 e C3 do campo. Contudo, verificamos que o número de simulações

ainda é razoável tendo em vista o número de variáveis e de modelos utilizados.

Nota-se, na Tabela 6-15, que há um número ligeiramente maior de simulações na

análise com plataforma P2 (análise 4) do que com a P1 (análise 3). Os momentos em que

ocorrem essas variações coincidem com o período em que a plataforma limita a produção de

água do campo, no qual o simulador ajusta as vazões dos poços de menor prioridade6, e do poço

de balanço, para respeitar as capacidades da plataforma. Os poços restritos operam em vazões

mínimas enquanto for viável respeitar todas as condições de contorno. Mas quando não é mais

possível, o simulador fecha o poço de menor prioridade/classificação. Neste momento, ocorre

um ajuste da produção do poço de balanço/equilíbrio, ocasionando um acréscimo de

desempenho equivalente à produção de água do poço que foi fechado. O gráfico de vazão de

água na Figura 6-13 mostra duas ocorrências desse comportamento, próximo aos anos 20 e 28,

respectivamente. Essa variação de produção tem impacto nos indicadores, resultando um maior

potencial das RMP do poço de balanço, o que explica o acréscimo no número de simulações

entre as análises 3 e 4.

Quando a capacidade da plataforma restringe a produção, os indicadores utilizados

não são capazes de identificar o potencial para válvulas nos poços de menor prioridade, já que

produção passa a ser limitada, e as variações do corte de água, por exemplo, se tornam muito

lentas. Nos poços em que a produção de água for irregular, seria importante testar a

possibilidade de fechar apenas as regiões que produzem mais água antes de restringir a vazão

do poço todo.

6 Os fundamentos sobre a classificação dos poços foram apresentados na seção 2.4.

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Tabela 6-15: Número de possibilidades criadas para todos MR em cada tempo da avaliação

Ano

E9-P1 (Análise 3) E9-P2 (Análise 4)

Quantidade de

possibilidades

Quantidade de

simulações

Quantidade de

possibilidades

Quantidade de

simulações

8 1 9 1 9

9 3 27 3 27

10 9 81 9 81

11 7 63 8 72

12 6 54 6 54

13 66 594 66 594

14 12 108 12 108

15 8 72 8 72

16 15 135 12 108

17 22 198 28 252

18 25 225 41 369

19 9 81 9 81

20 19 171 19 171

21 10 90 10 90

22 7 63 7 63

23 12 108 12 108

24 30 270 22 198

25 9 81 8 72

26 9 81 9 81

27 12 108 22 198

28 7 63 7 63

29 1 9 1 9

30 7 63 7 63

Total: 306 2754 327 2943

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73

7 Conclusões

Este trabalho apresentou uma metodologia alternativa para projetar o

posicionamento e o controle de poços inteligente com um objetivo de longo prazo. O método

pode ser aplicado no passo 11 da análise de decisão em 12 passos proposta por Schiozer et al.

(2015) e também pode ser executado em cada ciclo do desenvolvimento de campo em malha

fechada (CLFD). O estudo considerou um cenário probabilístico, com modelos representativos,

mas o método também permite a análise de modelos determinísticos em diferentes estágios do

desenvolvimento do campo.

A metodologia proposta divide o período de previsão de produção (longo prazo)

em períodos menores, analisa cada período em ordem crescente e atualiza a estratégia referência

sempre que uma nova decisão proporcionar um valor monetário esperado (VME) maior. Além

disso, usa regras de desempenho para identificar as regiões de monitoramento do poço (RMP)

com potencial e criar combinações de fechamento destas RMP, testando somente as

possibilidades mais prováveis de cada período e considerando os efeitos dos parâmetros

cruzados entre as válvulas e os poços.

O processo de otimização proposto exige um número viável de simulações,

possibilitando o uso em reservatórios complexos. A metodologia foi aplicada no modelo

UNISIM-I-D, utilizando a estratégia E9 de Schiozer et al. (2015) como referência inicial da

primeira análise. A segunda análise reduz a capacidade de produção de água da plataforma

para estudar a contribuição de PI nos cenários com restrições de produção.

Na primeira análise, o número de possibilidades cresceu ao longo do tempo até

depois da metade da vida de campo, quando começou a diminuir novamente. A instalação de

somente uma válvula de controle de fluxo (ICV), no PROD007, produziu os melhores

resultados. Com controle proativo, essa ICV fechou no décimo quarto ano de produção e

claramente afetou o PROD023. A produção de água diminuiu no PROD007 e aumentou no

PROD023A. No entanto, o balanço econômico foi positivo, uma vez que o VME aumentou 1,8

milhões em comparação com a estratégia com poços convencionais (PC). Neste caso, a variação

VME com controle reativo é 30% maior do que com o proativo.

Na segunda análise, consideramos restrições de plataforma para estudar a relação

dessas variáveis com os parâmetros dos poços inteligentes (PI). Mesmo a estratégia

convencional resultou em um VME maior, mas quando os PI foram acrescentados, ambos os

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controles (reativo e proativo) proporcionaram resultados superiores. No modelo representativo

1 (MR1), por exemplo, a vida de produção se tornou mais longa para PROD007 e com

comportamento muito diferente do que na referência, mostrando uma influência direta da

restrição de plataforma e a flexibilidade adicional proporcionada pela ICV. Quando a produção

de água atingiu o limite de capacidade, o fechamento da ICV afetou os poços mais próximos e

também os poços com altas vazões de água, mesmo que distantes. Isso demonstra a importância

do PI e a necessidade de analisar todo o campo no processo de tomada de decisão (não apenas

análise local).

7.1 Sugestões para trabalhos futuros

Este trabalho propôs uma forma alternativa para dividir o problema de otimização

de PI, que aproveita alguns indicadores, critérios e regras recomendados por Barreto e Schiozer

(2015). Os indicadores 𝐼2 e 𝐼3 são eficientes nos tempos próximos à irrupção de água, mas

apresentam algumas limitações quando o fluxo de caixa se aproxima de zero, ou adquire valores

negativos, e quando a vazão de água atinge níveis mais altos. Esses indicadores também não

são sensíveis às restrições de capacidade de produção da plataforma, pois o gerenciamento

realizado pelo simulador otimiza as vazões dos poços para respeitar as restrições, interferindo

negativamente no potencial de avaliação. Por isso, recomendamos que estudos futuros

investiguem indicadores mais eficientes, e que definam critérios de seleção mais claros. Por

exemplo, substituir os indicadores eliminatórios 𝐼2 e 𝐼3 por outros com maior

capacidade/eficiência de classificação. E no lugar de restringir através de critérios associados a

esses indicadores, sugerimos utilizar critérios que restrinjam o número máximo de simulações

de cada período, testando, por exemplo, os melhores classificados, através de uma nuvem ou

enxame de possibilidades, que possa ser ampliada de forma gradual para aumentar a

profundidade da busca. Ao utilizar vários indicadores classificatórios, também é imprescindível

estabelecer uma hierarquia (ordem de prioridade) coerente entre eles.

O presente estudo não considerou algumas incertezas, como variações no custo do

PI e a possibilidade de falhas operacionais das válvulas e dos poços. Avanços em eletrônica, e

perfuração e completação mais rápidas, ajudam a reduzir o custo e incentivam o uso dessa

tecnologia. Mas, como é provável que as ICV sejam utilizadas somente nos anos finais da vida

do campo, um desgaste natural pode ocasionar falhas que podem dificultar a operação e resultar

em perdas econômicas. Portanto, é importante incluir essas incertezas em futuros estudos.

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