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49 Metodologia do Trabalho Científico Profa. Dr a . Edineide Jezine – Tutora de EAD Curso de Matemática - UFPBVIRTUAL [email protected] Ambiente Virtual de Aprendizagem: Moodle ( www.ead.ufpb.br ) Site do Curso: ( www.mat.ufpb.br/ead ) Site da UFPBVIRTUAL www.virtual.ufpb.br Telefone UFPBVIRTUAL (83) 3216 7257 Carga horária: 60 horas Créditos: 04 Ementa Conhecimento e Ciência. A ciência moderna e o contexto sócio-cultural, Ciência e Método científico. Técnicas de estudo: leitura, resumir e elaborar fichamentos. Produção Científica, apresentação estética de trabalhos acadêmicos: position paper, resenhas, relatórios, ensaios, artigos e monografias. Descrição Metodologia do Trabalho Científico é uma disciplina de formação geral que pretende ser o locus do exercício do debate e da prática sobre as questões pertinentes ao ato de estudar, principalmente, para o aluno recém ingresso na Universidade Aberta do Brasil, despertando-lhe o gosto e o prazer pelo estudo, como um trabalho acadêmico que requer a dinâmica do aprender para produzir conhecimentos científicos. A disciplina lhe oportunizará conhecer a problemática da ciência e sua relação com a produção do conhecimento no contexto da sociedade capitalista, situando-o como sujeito capaz de pensar, criar e intervir na realidade a partir de ações planejadas que exigem as técnicas metodológicas do estudo e da produção científica. Objetivos Desenvolver habilidades de estudos e pesquisas, bem como atitudes acadêmicas para o desenvolvimento das competências para exercício da profissão de professor de Matemática; Desenvolver habilidades científicas através da realização de técnicas e procedimentos metodológicos do processo de estudo com vista à produção científica. Conhecer os aspectos históricos, sociais e culturas da relação ciência e universidade na modernidade, estabelecendo diferenças entre pesquisa, método científico e conhecimento. Aplicar as técnicas de estudo e as normas científicas com vistas às produções acadêmicas. Unidades Temáticas Integradas Unidade I Ciência E Conhecimento A História da Ciência na Humanidade Tipos de Conhecimento Unidade II Universidade E Sociedade. O Acesso Ao Ensino Superior Aspectos históricos da origem da Universidade O papel social da universidade e a luta pelo acesso

Metodologia do Trabalho Científico Profa. Dr UFPBVIRTUAL UFPBbiblioteca.virtual.ufpb.br/files/metodologia_do_trabalho... · Ambiente Virtual de Aprendizagem: Moodle () ... e ao mesmo

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Metodologia do Trabalho Científico Profa. Dra. Edineide Jezine – Tutora de EAD

Curso de Matemática - UFPBVIRTUAL [email protected]

Ambiente Virtual de Aprendizagem: Moodle (www.ead.ufpb.br)

Site do Curso: (www.mat.ufpb.br/ead) Site da UFPBVIRTUAL www.virtual.ufpb.br

Telefone UFPBVIRTUAL (83) 3216 7257

Carga horária: 60 horas Créditos: 04

Ementa Conhecimento e Ciência. A ciência moderna e o contexto sócio-cultural, Ciência e Método científico.

Técnicas de estudo: leitura, resumir e elaborar fichamentos. Produção Científica, apresentação estética de trabalhos acadêmicos: position paper, resenhas, relatórios, ensaios, artigos e monografias.

Descrição

Metodologia do Trabalho Científico é uma disciplina de formação geral que pretende ser o locus do

exercício do debate e da prática sobre as questões pertinentes ao ato de estudar, principalmente, para o aluno recém ingresso na Universidade Aberta do Brasil, despertando-lhe o gosto e o prazer pelo estudo, como um trabalho acadêmico que requer a dinâmica do aprender para produzir conhecimentos científicos. A disciplina lhe oportunizará conhecer a problemática da ciência e sua relação com a produção do conhecimento no contexto da sociedade capitalista, situando-o como sujeito capaz de pensar, criar e intervir na realidade a partir de ações planejadas que exigem as técnicas metodológicas do estudo e da produção científica. Objetivos

Desenvolver habilidades de estudos e pesquisas, bem como atitudes acadêmicas para o

desenvolvimento das competências para exercício da profissão de professor de Matemática; Desenvolver habilidades científicas através da realização de técnicas e procedimentos metodológicos

do processo de estudo com vista à produção científica. Conhecer os aspectos históricos, sociais e culturas da relação ciência e universidade na modernidade,

estabelecendo diferenças entre pesquisa, método científico e conhecimento. Aplicar as técnicas de estudo e as normas científicas com vistas às produções acadêmicas.

Unidades Temáticas Integradas

Unidade I Ciência E Conhecimento

• A História da Ciência na Humanidade • Tipos de Conhecimento

Unidade II Universidade E Sociedade. O Acesso Ao Ensino Superior

• Aspectos históricos da origem da Universidade • O papel social da universidade e a luta pelo acesso

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Unidade III O Ato De Estudar Como Processo De Conhecer

• O que é Estudar? • Formas Básicas de Organização do Trabalho Científico. • Algumas dicas sobre a Técnica de Fichamento

Unidade IV Enfoques Teóricos de Pesquisa E Método Científico

• Algumas abordagens filosóficas para a análise do problema de pesquisa • Métodos Científicos

Unidade V A Pesquisa Científica e o Projeto de Pesquisa

• Elementos de construção do Projeto de Pesquisa • Estrutura Básica de um Projeto de Pesquisa • A Escolha do Tema da Pesquisa • Referencial Teórico. O caminho para problematizar e delimitar o tema. • Objetivos da Pesquisa. • Justificativa • O Percurso Metodológico. • Cronograma. • Referências

Unidade VI Produção Científica. Elementos Conceituais e Estruturantes

• Tipos de trabalho científicos • Estrutura da Monografia. • Partes que compõem um trabalho monográfico • Estrutura do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC ou Monografia) • Elementos Pós-Textuais

Unidade VII Técnicas Para a Elaboração de Trabalhos Acadêmicos

• Tipos de Citação • Referências Bibliográficas • Formatação do texto

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Unidade I Ciência e Conhecimento

1 Situando a Temática

A partir do estudo desta unidade, iremos conhecer traços da história da ciência, contextualizando-a no processo de desenvolvimento social, econômico e cultural da humanidade. A importância de conhecer essa história ocorre mediante a relação da ciência com os processos de produção do conhecimento, que tem como lócus privilegiado a Universidade.

Portanto nosso objetivo é reconhecer o desenvolvimento da ciência e sua contribuição para a história da humanidade, situando a matemática como uma das ciências que mais se desenvolveu ao longo da humanidade e que possibilitou aos homens e mulheres pensarem novas descobertas que favoreceram as formulações dos métodos científicos da ciência.

2. Problematizando a Temática

No contexto da historia da humanidade, podemos encontrar várias formas de pensamento, que se constituem em verdades para determinada época, que, com o passar do tempo, se transformam, desaparecem ou mesmo se fixam como verdades absolutas. Nestes termos precisamos indagar se a ciência se constitui uma verdade? E, que tipo de verdade? Qual a relação da ciência com os sujeitos do conhecimento? E como estes podem interferir na constituição de uma ciência? Neste sentido, importa indagar: É possível uma ciência não ideológica na sociedade do capital?

3. Conhecendo a Temática

3. 1. A História da Ciência na Humanidade O significado da palavra “ciência”, no sentido lato sensu, refere-se ao conhecimento superficial,

assistemático e subjetivo; e, no stricto sensu, um conhecimento delimitado, formulado, sistemático e metódico que diz respeito a fatos registrados, observados e experimentados pelas suas causas determinantes. A primeira concepção refere-se ao senso comum, a segunda é caracterizada pelo conhecimento científico, especificado a partir da precisão metódica, clareza, objetividade e verificabilidade.

Etimologicamente, o termo “ciência” provém do verbo latim Scire que significa aprender, conhecer. Essa definição, contudo, não é suficiente para diferenciar a ciência de outras atividades que envolvem processos de aprendizagem e conhecimento. A logicidade da ciência advém da observação racional e sistemática, a partir do controle dos fatos, nas suas experimentações e explicações metódicas. A dimensão técnica se traduz nos processos de manipulação dos fenômenos que são objetos de observação e interpretação. Nesse sentido, a ciência se caracteriza por ser um conjunto de atividades racionais, direcionadas para sistematizar o conhecimento devidamente delimitado, medido, calculado e verificado. Lakatos & Marconi (1991) acrescentam que a ciência é “um conjunto de proposições logicamente correlacionados sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar”.

Desde o início da humanidade, se tenta encontrar explicações para os fenômenos da natureza, por isso vive a experimentar e a criar. Da invenção da roda ao automóvel, das explicações sobrenaturais para os movimentos dos astros ao envio de sondas para Júpiter, várias tentativas e experimentações foram feitas, constituindo-se formas de aquisição de conhecimentos, de ver e interpretar a natureza para então transformá-la. A ciência nasceu

A ciência se constitui em verdade absoluta?

A ciência, sob a dimensão da universalidade, é apenas uma concepção. Pode ser concebida como um conhecimento racional que usa métodos, e como um sistema conceptual, não se constitui de verdades e certezas absolutas e eternas. Ela é certa e ao mesmo tempo provável e deve estar sempre pronta a ser questionada e a resistir ou não a prova.

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da desconfiança dos sentidos, e é formada de palavras, “teoria” e “hipóteses”. Na verdade, todas as teorias não passam de hipóteses, estas, quanto mais testadas, confirmadas ou negadas se firmam ou não como teoria.

Podemos inferir que a ciência está presente em toda parte da nossa vida, e que através dela podemos

encontrar explicações para o pensar e o agir humanos. No entanto, nem tudo a Ciência pode dar conta, torna-se fundamental conhecer seu próprio limite, pois, a ciência pode classificar e nomear o órgão de um sabiá, mas não pode medir seus encantos, de forma que o seu limite reside na sensibilidade e no sentimento próprio da natureza humana.

Para Japiassu (1991, p. 10), a ciência “é um conjunto de atividades humanas inseparáveis das outras atividades. Participa da história de nossas sociedades, sendo portadora de seus traços dos mais nobres aos mais hediondos”. O autor alerta quanto ao perigo da ciência converter-se em dogma por causar a idéia de verdade inatingível. Ele deseja explicar que por mais que a ciência elabore um discurso racional e objetivo da verdade, jamais poderá estar inteiramente desconectada de suas origens, sejam elas místicas, religiosas ou subjetivas, porque se manifestam ao mesmo tempo na história e na criação científica. A ciência não existe enquanto entidade independente, como causa ou efeito individualizado de outros fenômenos.

Na Grécia Antiga, as verdades eram intuitivas e os sábios antigos buscavam chegar à “arché”, ou seja, ao princípio de todas as coisas. A ciência antiga produziu as primeiras explicações do mundo sem a presença da magia e da superstição, sem invocar a ação dos deuses. Seus personagens principais foram Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes, Hecateu, Heráclito e Pitágoras. Estes fazem parte da chamada filosofia pré-socrática, ou seja, antes de Sócrates1.

Na Matemática destaca-se a importância de Hipócrates de Quios que estudou o problema da duplicação do cubo, que consiste em encontrar o lado do cubo do qual o volume seja o dobro do volume de um cubo dado, desenvolvendo a sistematização da geometria, além de Hipócrates de Cós que buscou uma teoria para a medicina.

Aristóteles, nascido em 384 a.C., inaugurou um novo modelo para a ciência a partir da Lógica, definida como “a disciplina que se prepara para investigar como ciência da demonstração e do saber demonstrativo” (ABBAGNANO, 1998, p. 642). Contribuiu no campo da Matemática e da Astronomia com a tese de que a terra era esférica, as estrelas e os corpos celestes giravam em órbitas circulares, o céu era íntegro e imutável, constituindo assim a teoria do geocentrismo.

A idade Média é marcada pelas tentativas de estabelecer padrões de convivência entre a fé religiosa e a

ciência, surgindo no seio do catolicismo a escolástica e as universidades, que resgatam as teses de Platão e Aristóteles e utilizam a teoria geocêntrica como fundamento para as explicações da Igreja sobre o homem, a natureza e Deus. Contudo, nos finais do século XVII crescem as resistências ao dogmatismo religioso e amplia-se a separação entre razão e fé. O conhecimento do mundo humano e natural passa a ser de competência da razão. A inteligibilidade mecanicista da Filosofia experimental intervém para desmistificar os fenômenos ditos “sobrenaturais”. A Física científica substitui o pacto do sujeito com a natureza, baseado na moral e na religião por explicações claras manejadas matematicamente.

1 Para Platão, Sócrates foi “o melhor, mais sábio e mais virtuoso dos homens [...] amava a verdade, a moral e a lisura na vida pública”. A criação do método dialético por

Sócrates é o marco divisor da Ciência, pois este através da maiêutica buscava nos seus interlocutores aperfeiçoar a integridade e os padrões absolutos da moralidade

Observe ao seu redor e veja os objetos que o cercam. Quais deles ainda mantêm a naturalidade? Ou seja, não tiveram

a ação transformadora das pessoas.

A lógica aristotélica baseava-se no discurso dialético e demonstrativo. Com caráter persuasivo, partia de premissas e conduzia a indagações e certezas, iniciando um processo de reflexão da relação homem/natureza.

A ciência aparece como o único caminho seguro capaz de conduzir à verdade, como se fosse neutra, como se o conteúdo do conhecimento produzido fosse estranho à ordem moral e social, como se fosse apenas um fator do progresso social e humano.

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Na Renascença, o racionalismo científico se amplia e nele se destaca Leonardo Da Vinci, (1452-1519), artista, engenheiro que desenvolveu inúmeros projetos de aparelhos mecânicos, como o protótipo do helicóptero e do submarino, estudou também a refração da luz através dos olhos, que influenciou na sua pintura. Da Vinci deu ênfase à Matemática e à disposição gráfica. Na religião, houve o desencadeamento da Reforma Protestante e a Igreja reviveu a inquisição, o protestantismo encorajava o trabalho, abrindo o caminho para o capitalismo que emergia rapidamente.

A Astronomia alcançou significativo avanço, representando uma revolução na Filosofia e na Religião, emergindo, com Nicolau Copérnico, a Teoria do Heliocentrismo: a Terra e os demais planetas giram em torno do Sol, contrariando as teses de Aristóteles e da Igreja. Mas, foi com Galileu Galilei que o relato bíblico tornou-se obsoleto e as especulações metafísicas caducaram. Todas as idéias consideradas “verdades” passaram para as mãos dos cientistas sob a análise rigorosa dos fatos, a partir do “método experimental”, que se encontra amparado em um conjunto de regras e de critérios que lhes permitem estabelecer a verdade e o saber a partir de sistematizações metodológicas.

Assim, no contexto do conflito entre céu e terra; sujeito e natureza; nasce a Ciência moderna sob a perspectiva da liberdade humana, destinada a racionalizar a ação dos sujeitos aos objetivos da produção científica.

Das descobertas pré-modernas, segundo Arendt (1993, p. 262), a menos percebida, mas, a mais

revolucionária, foi o telescópio, pois a partir daí o homem buscou sua liberdade. “Só agora o homem tomou plena posse da sua morada e enfeixou os horizontes infinitos”. Isso quer dizer a compreensão da dimensão da vida, das relações e uma nova forma de ver o mundo. Não era o Sol que se movia em torno da Terra, mas a Terra que girava em torno do Sol. Isso passa a significar o rompimento da distância entre o homem e seu ambiente, o mundo e a Terra, desmistificando dogmas religiosos, segundo os quais o homem percebe-se como alienado à terra; propondo a separação entre Igreja e Estado, religião e política, homem e Deus. Essas novas idéias desestruturaram o poder da Igreja e comprovavam o que antes era especulação da Filosofia.

O uso do telescópio por Galileu Galilei contribuiu significativamente para modificar a forma de pensar, à medida que introduziu a experimentação e a necessidade de confirmações empíricas. A comprovação empírica permitiu aos sujeitos a certeza de que pode haver especulações, imaginações e dúvidas, porém, “com a certeza da percepção sensorial”.

Na Matemática, Isaac Newton e Leibniz aperfeiçoaram o cálculo diferencial e integral, e os posteriores

matemáticos passaram a consolidar o que Galileu e Newton começaram, imprimindo a marca da Matemática em todos os ramos da Ciência Física. A Ciência racionalista apresentava-se como a ciência do progresso, pretendia um saber empiricamente verificável e racionalista, capaz de apropriar-se dos problemas do homem e da natureza.

O saber, a partir da Ciência moderna, para atingir a produtividade ensejada pelo sistema capitalista, teve que se fragmentar em múltiplas áreas, pesquisas, cada uma com especificidades, objetivos e fundamentos, de modo que a ciência perdeu a própria unidade do conhecimento em sua totalidade, principalmente porque foi dividindo em ciências que por sua vez dividiram-se em áreas de conhecimento, Biológicas, Exatas, Humanas e Sociais.

Gramsci, ao analisar as ciências e as ideologias “científicas”, entende que a principal questão é saber se: “[...] a ciência pode dar, e de que maneira, a 'certeza' da existência objetiva da chamada realidade exterior?”.

A Ciência experimental para se efetivar segue os seguintes passos: O evidenciamento dos fatos e sua sistematização, a formulação de hipóteses teóricas, a dedução de conseqüências observáveis, a verificação experimental dessas conseqüências, conduzindo à validação ou à rejeição das teorias propostas.

Afinal quem foi Galileu? Galileu Galilei não foi o primeiro construtor do telescópio, mas foi quem primeiro o usou

cientificamente. Foi condenado pela Inquisição, forçado a se retratar, sendo tratado com indulgência devido a sua

idade (69 anos). Por isso, passou seus últimos dias em prisão domiciliar, fazendo estudos sobre o pêndulo e

aplicando-os à regulação de mecanismos. A visão de Galileu acerca do universo era baseada na observação e na

experimentação, amparadas por forte aplicação matemática.

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Para Gramsci (1991, p, 170), a ciência é uma ideologia, portanto, é um erro exigir da ciência a objetividade do real, uma vez que é uma concepção de mundo. Assim, não se pode ficar contra ou a favor da ciência, em seus aspectos de negatividade ou positividade, importante utilizá-la como instrumento de criticidade e tornar-se crítico diante de sua produção, verificando sua processualidade.

Com a Revolução Industrial, a idéia de ciência racional associa-se à idéia de progresso da técnica, procurando estabelecer a relação entre ciência e técnica, indústria e sociedade. A racionalidade científica impõe-se ao mundo, a partir da divisão do trabalho e da busca insaciável do lucro, conduzindo a fragmentação crescente das ciências em disciplinas especializadas, cada uma com sua metodologia, aparato conceitual e objetivo próprio.

A crença na importância da ciência a partir da dinâmica das descobertas químicas e físicas se consolidou no período das guerras a partir da alta tecnologia (radar, motor a jato, energia nuclear) produzindo processos revolucionários na eletrônica e informática, como a criação do transistor, computadores digitais, circuitos integrados, laser e outros, passando por mudanças do processo produtivo que se estende da mecanização à automatização e robotização, inaugurando assim a era da informatização.

Com efeito, a revolução tecnológica da era contemporânea, chamada de pós-moderna, requer pessoas

muito mais instruídas e treinadas, aptas a desempenharem suas atividades de forma integral e não segmentada. A automação tende a descartar o trabalho desqualificado, concentrando a produção e a riqueza nas sociedades mais desenvolvidas, com maiores níveis de processo produtivo e trabalho qualificado, deixando os países menos desenvolvidos como consumidores de tecnologia. Daí procede a necessidade de formação especializada e formas de instrução que a todo instante se impõem ao indivíduo através de exigências de trabalho e processos de competição.

Dialogando e Construindo Conhecimento

3.2. Tipos de Conhecimento A preocupação acerca do conhecimento não é contemporânea, remonta ao pensamento grego; estes se

preocuparam em desenvolver um tipo de reflexão tendo por base a intuição, gerando teorias unitárias e desvinculando o saber racional do saber mítico, e, assim, tendo consciência de suas diferenças, de modo que os filósofos passaram a procurar conhecer as características e propriedade das coisas, diferenciando os aspectos teóricos do prático. As palavras teoria e prática derivam do grego, teoria com o sentido de observar, contemplar, refletir e prática significando agir, fazer, ação inter-humana, que por sua vez se diferencia de poiésis, que compreendia a ação produtiva.

É a partir desta diferenciação que a dualidade de conhecimentos se processa na polaridade saber científico e saber popular, e na modernidade passa a estar na centralidade das universidades como instituições produtoras de cientificidade. A universidade como o lugar da ciência e da cientificidade desconsidera os saberes advindos das experiências e agrega-se ao paradigma da verificabilidade e fidedignidade dos fatos, de modo que a visão dualista se fragmenta na aceitabilidade do modelo hegemônico de ciência.

Mas, conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer. Podemos dizer que o conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos ao longo da vida

Atividade 1 O item que nos conta de forma breve a “História da ciência na humanidade” retrata o desenvolvimento da ciência, enfocando a Matemática como uma Ciência que muito contribuiu para o avanço da modernidade. Nesses termos, leia esta parte e observe sua realidade social, descrevendo a presença da ciência na sociedade e a ação humana, destaque as mudanças que o avanço das tecnologias tem provocado na concepção de sociedade e no cotidiano das pessoas.

É importante chamar a atenção para o fato de que não se pode negar a existência do conhecimento científico e

da tecnologia invadindo todas as atividades humanas, tornando-se um complexo generalizado, mais distante do leigo,

do sujeito de pouca instrução, a ponto de desaparecer o curioso inventor para dar lugar à assistência técnica

especializada.

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cotidiana, através de experiências, relacionamentos interpessoais, leituras de livros, artigos diversos e pesquisas científicas. Nós, os seres humanos, a partir da racionalidade, somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento; aplicar o que aprendemos em diversas circunstâncias, criar um sistema de símbolos, como a linguagem; registrar experiências que nos permitam pensar, ordenar e prever os fenômenos que nos cercam. Nesse sentido é possível encontrar diferentes tipos de conhecimento:

Conhecimento do senso comum – Esse tipo de conhecimento é também chamado de popular e caracteriza-se pela sua centralidade na prática e nas experiências vivenciadas em grupo, na comunidade e em outras instâncias sociais, Não necessita de comprovação a priori, acerca de vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária, por isso é sensitivo e subjetivo, parte do próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos.

Conhecimento filosófico – É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência. Ao contrário do conhecimento popular, o ponto de partida são as formulações de hipóteses filosóficas, consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Suas hipóteses e enunciados visam uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade, embora não sejam submetidos ao decisivo teste da observação, experimentação. A filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano, buscando até leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.

Conhecimento religioso ou teológico – É o conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo. Apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas, valorativas, por terem sido reveladas pelo sobrenatural e por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis, indiscutíveis e exatas. É um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino. Suas evidências não são verificadas. Está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado.

Conhecimento científico - É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. É real e factual, pois lida com ocorrências, fatos, isto é, toda forma de existência que se manifesta de algum modo. Suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático e verificável, formando um sistema de idéias (teoria) e não de conhecimentos dispersos e desconexos, as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Contudo é considerado falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final.

Apesar da separação metodológica entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um matemático, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico marxista e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum e desenvolver trabalhos sob a perspectiva da pesquisa científica.

Contudo, os tipos de conhecimentos encontram-se mesclados, transmitidos por meio da educação formal e informal, a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. Um fenômeno pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum. O que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação, pois tanto o "bom senso"2, quanto a "ciência" almejam ser racionais e objetivos.

Dialogando e Construindo Conhecimento 2 Segundo Gramsci o bom senso é a passagem entre o senso comum e o pensamento filosófico. Ver. GRAMSCI, Antonio. Concepção

Dialética da História. 9a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.

Atividade 2 Ao conhecer os tipos de conhecimentos, pense e discuta com seus colegas de turma situações da ação do cotidiano em que podemos encontrar esses conhecimentos, buscando identificar a presença da Matemática, como uma ação transformadora.

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4. Avaliando o que foi construído

Nesta primeira unidade, tivemos a preocupação de demonstrar os movimentos históricos da ciência e sua relação com a produção do conhecimento, bem como as mudanças que esta relação provoca na sociedade, de modo que, podemos inferir que a ciência não é neutra, mas ao contrário ela segue a perspectiva ideológica de quem a pensa e a desenvolve sob vários aspectos do conhecimento. Portanto, neste módulo torna-se importante apreender os conceitos que lhe possibilitam entender a ciência como um conjunto de princípios teóricos e práticos que proporcionam ao sujeito pensar as questões da vida individual e coletiva do extremo entre comunidade local e global. Perceber a dimensão humanizadora da ciência e ao mesmo tempo seu potencial de dominação, buscando inserir-se como sujeito capaz de produzir um pensamento crítico e emancipador.

5. Referências

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. ARENDT, Hannah. A condição humana. 6a ed. Rio de Janeiro: Forense, 1993. GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da História. 9a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia Científica. 3ª ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 1991. JAPIASSU, Hilton. As paixões da ciência: estudo de história das ciências. São Paulo: Letras e Letras, 1991.

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Unidade II Universidade e Sociedade. O Acesso ao Ensino Superior

1. Situando a Temática

A segunda unidade intitulada “Universidade e Sociedade. O acesso ao ensino superior” pretende apresentar a problemática do processo histórico de exclusão das classes populares à modalidade de ensino superior. Para tanto, parte da perspectiva histórica, situando a origem da universidade e a constituição de suas respectivas funções sociais, no contexto da sociedade do conhecimento. No estudo da Metodologia Científica, esta temática torna-se importante por se considerar a universidade como uma das instituições da modernidade responsável pela produção da ciência, lugar privilegiado da produção do conhecimento científico e de formulação de concepções teóricas e ideológicas.

O debate acerca do acesso ao ensino superior atinge os meandros da relação poder e saber, e o compromisso que a universidade deve ter para com o processo de produção e socialização do conhecimento, não permitindo que a ciência e seus saberes venham a ser usados para segregação de classe ou destruição de culturas e povos.

2. Problematizando a Temática

O desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão são atividades próprias do que se denomina Universidade. Nela vamos encontra o movimento de diversas pessoas (professores, funcionários, alunos e outros) em um espaço contendo salas de aulas, departamentos, laboratórios, bibliotecas, reitoria, bancos, correios, livrarias, editora, associações de docentes, funcionários e estudantes, pontos comerciais de alimentação e reprodução de materiais, área de lazer, estacionamentos etc, denominada cidade universitária. A partir da idéia de movimento, podemos dizer que a universidade se constitui de espaços de contradições e conflitos ideológicos, pois nela se formulam idéias, teorias e práticas sob diversas perspectivas ideológicas.

Partindo, da idéia que a Universidade é um locus privilegiado para estudar e produzir conhecimentos é preciso indagar: Como se têm constituído na história da humanidade o acesso à educação, e especificamente à educação superior? Todas as pessoas da sociedade possuem acesso a educação ou existem processos de exclusão? E a Universidade, como se constituiu em uma instituição social produtora de conhecimento científico? A produção de conhecimentos científicos tem servido a que tipo de poder e saber? E, quais os processos de luta das classes populares para adentrarem a Universidade?

Essas e tantas outras questões são pertinentes para o debate acerca da compreensão do papel social da Universidade e sua relação com a produção de conhecimento, pois nos desperta para pensar acerca da nossa própria história de vida, como estudantes do Programa Universidade Aberta, como pessoas que se incluem em determinados grupos e/ou classes sociais. Que, pelas condições sociais de existência, ante os fatores sociais, políticos, econômicos e culturais possuem dificuldades de ingressar na educação superior, e que hoje, diante da oportunidade de ampliação do acesso, sob a modalidade à distância, têm a oportunidade de estudar. E como educadores, de contribuir para a formação de novos sujeitos e novos conhecimentos.

3. Conhecendo a Temática

3.1. Aspectos históricos da origem da Universidade Com o objetivo de compreender o papel social da universidade, torna-se importante uma breve

reconstrução histórica da origem da universidade, situando-a no contexto das relações de saber e poder que se processam ao longo da história da humanidade, a fim de que possamos perceber a contribuição desta instituição para o processo de produção do conhecimento.

O acesso ao ensino superior, especificamente às universidades, historicamente se constitui em aspiração e disputa de classe, seja burguesa ou trabalhadora. Essa premissa pode ser conferida desde o nascimento das universidades na Idade Média, a partir das escolas monásticas que tinham o objetivo de preservar e difundir a fé católica como preparar monges para esses ensinamentos, e das corporações livres de mestres e artesãos, “uma espécie de comuna intelectual” que reunia aqueles desejosos de ensinar e aprender, fundando assim a idéia de universidade que expressava autonomia e se organizava como espaço de luta e poder entre clero e nobreza na concessão de privilégios, que excluíam a população de modo geral.

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Pode-se afirmar que o crescimento das universidades ocorre em virtude dos interesses e das mudanças econômicas da época, pois a sucessão das guerras religiosas diminuía a influência da Igreja, ampliando os domínios políticos com o aparecimento de novos papéis sociais. Estas representavam a própria ordem social, no ápice da hierarquização do saber encontrava-se a Teologia que conduzia as demais ciências e destinava-se a um número reduzido da população, pois à pequena burguesia (comerciantes emergentes) destinavam-se as escolas primárias, exigidas pelos magistrados que fossem custeadas e administradas pelas cidades, como uma forma de diminuir o controle mantido pela Igreja, constituindo uma luta da própria burguesia o acesso ao ensino.

Para esta luta contribuiu o movimento de Reforma que arrastou a média e a pequena burguesias como também as massas camponesas a partir das idéias dos mestres Martinho Lutero, que questionava o poder do clero e pretendia criar uma igreja menos dogmática e dispendiosa, e Tomás Munzer, que defendia os interesses dos campesinos e acreditava poder fazer justiça social. Contradição ideológica, que levou o protestantismo a se preocupar com uma educação “popular”, de difusão das primeiras letras apenas para os ensinamentos bíblicos, afirmando que a instrução constituía uma fonte de riqueza e de poder para a burguesia (PONCE, 1983, p. 120).

O espírito religioso se incorpora ao capitalismo e a junção entre fé e razão, ensejada por Santo Agostinho na Escolástica, se efetivava mediada pela busca da produção, emergindo uma nova época, a modernidade, a partir de acontecimentos que marcam uma diferença no pensar e fazer social. Destaca-se o uso do telescópio, por Galileu, indicando o movimento da terra e dos planetas, e sua ampliação a partir das descobertas de novos continentes iniciada por Colombo; o acesso aos textos escritos dos gregos e árabes em suas versões originais e a cisão religiosa, que elimina a dicotomia entre o céu e a terra, mas cria outra entre o homem e o universo, ou entre a capacidade de compreensão humana e as leis universais, dando poder aos homens de descobrir, manusear e transformar a natureza. Nesse contexto, tem origem a objetividade da ciência, transformando-se numa organização que introduz o elemento da ação na atividade de pensar.

Apesar dos avanços científicos, culturais e econômicos produzidos pelas revoluções Francesa e Industrial, o ensino universitário tornara-se uma educação destinada aos jovens de família nobre ou rica, ainda, fundado na argumentação abstrata, pouco contribuindo para o avanço social, enquanto a formação profissional destinava-se às academias e escolas técnicas para o atendimento das novas necessidades sociais. Esse caráter elitista das universidades foi denunciado pelos filósofos Locke e Leibniz que colocaram em dúvida a própria existência da Universidade.

Assim, ao longo da história, se constituíram dois parâmetros de educação superior no contexto da sociedade do capital, fundando o cerne da divisão de classes da sociedade contemporânea, a Universidade da pesquisa que se destina à formação de sujeitos pensantes e produtores de conhecimento e a Universidade voltada à formação profissional, destinada ao atendimento imediato de recursos humanos para o mercado de trabalho.

Dialogando e Construindo Conhecimento

3.2. O papel social da universidade e a luta pelo acesso

Neste item, objetivamos apresentar o debate acerca das principais funções da universidade, a fim

compreender sua multiplicidade de funções na atualidade, bem como seus desafios na constituição do processo de produção do conhecimento.

Atividade 3 Reflita, e discuta com seus colegas: Como se encontra o processo de acesso ao ensino superior público, hoje, na sociedade brasileira? Que relações de poder influenciam no acesso ao saber nas universidades? As políticas de cotas constituem realmente políticas públicas de acesso ou são ações paliativas de contenção de demanda?

Para maiores conhecimentos consultar:

SILVA, Franklin Leopoldo. Reflexões sobre o conceito e a função da universidade pública. Estudos Avançados.

São Paulo. vol.15, no.42, May/Aug.2001.

Site de pesquisa www.iea.usp.br/iea/revista/autores/autoress.html

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As funções clássicas da universidade se consubstanciaram a partir da história da humanidade, sob os reflexos dos interesses econômicos, políticos e culturais da sociedade, de forma que podemos identificar a origem da função do ensino na Idade Média, formulada pelas corporações de mestres e aprendizes, chamada universitas e pela Igreja Católica que pretendia a transmissão dos ensinamentos religiosos.

A função de pesquisa é fruto da sociedade moderna, origina-se a partir das grandes descobertas e das necessidades de controle da propriedade privada, sob o princípio da racionalidade e da objetividade na busca da verdade através do método científico. Iniciou-se com a Universidade de Halle (1693), tendo continuidade com a Universidade de Göttingen (1733), sendo recriada em Berlim pelo sábio Humboldt (1809) que pretendia a pesquisa associada ao ensino e a liberdade dos cientistas sob a proteção do Estado Prussiano. Este modelo de universidade previa resguardar o compromisso da universidade com a humanidade na busca da verdade, devendo ir além da instrução, pois para este “só o pesquisador pode realmente ensinar”.

E a idéia de extensão, como a terceira função da universidade surge na sociedade contemporânea, frente aos conflitos sociais e políticos do pós-guerra, que gerou demandas por educação e ensino superior. Implantada no Brasil, sob a condição de prestação de serviços, sofre a influência dos Estados Unidos da América, a partir da idéia de multiversidade3. Contudo, a crítica a um modelo assistencialista de extensão universitária tem conduzido seus representantes, a partir do Fórum Nacional de Pró-reitores das Universidades Públicas Brasileiras à constituição de uma nova concepção de extensão universitária, qual seja, a dimensão acadêmica que objetiva a interdisciplinaridade entre ensino, pesquisa e extensão e a integração entre universidade e sociedade em uma ação dialógica.

No debate que Boaventura de Sousa Santos (1995, p. 188) traça acerca “Da idéia de Universidade à Universidade de Idéias”, indica que a formulação dos objetivos da universidade ao longo da história manteve continuidade, constituindo suas funções clássicas, a investigação, o ensino e a prestação de serviços. Contudo, o autor aponta que apesar da inflexão do ser se ter dado no sentido do atrofiamento da dimensão cultural e do privilegiamento do seu conteúdo utilitário, produtivista, foi sobretudo ao nível das políticas universitárias concretas que a unicidade dos fins abstratos explodiu numa multiplicidade de funções por vezes contraditórias entre si. A explosão das funções foi, afinal, o correlato da explosão da universidade, do aumento dramático da população estudantil e do corpo docente, da proliferação das universidades, da expansão do ensino e da investigação universitária às novas áreas do saber.

Em 1987, o relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)4 sobre as universidades atribuía a estas dez funções principais: a educação geral pós-secundária; investigação; fornecimento de mão de obra qualificada; educação e treinamento altamente especializados; fortalecimento da competitividade da economia; mecanismo de seleção para empregos de alto nível através de credencialização; mobilidade social para os filhos e filhas das famílias operárias; prestação de serviços à região e à comunidade local; paradigmas de aplicação de políticas nacionais (ex. igualdade de oportunidades para mulheres e minorias raciais); preparação para os papéis de liderança social (OCDE, 1987, p. 16. apud. SANTOS, 1995, p. 189).

Como se pode perceber, o debate acerca das funções da universidade se amplia à medida que os interesses e necessidades culturais, econômicas e políticas da sociedade se modificam ante suas mudanças estruturais. Assim, no atual contexto de globalização da economia e ampliação das fronteiras do mercado de capital, deve-se estar atento para o compromisso social das universidades, pois as ações de produção e socialização do conhecimento devem atingir as diversas camadas da sociedade. Para que os objetivos e finalidades das universidades se cumpram no contexto da sociedade do capital, a política de educação superior deve voltar-se para a promoção do acesso e permanência das classes populares neste nível de ensino, em processos de formação profissional e capacidades de pensar e produzir conhecimentos necessários a promoção de sujeitos participativos.

O debate acerca das funções da universidade nos remete a refletir sobre os processos de exclusão social em seu interior, em que a pesquisa como atividade teórica, concebida como função de excelência, compete a alguns “iluminados” e a extensão, vista com atividade prática, destina-se a outros, criando-se hierarquias no

3 Refere-se ao modelo de universidade voltada para a perspectiva comercial e empresarial, além do atendimento às demandas sociais da comunidade e do Estado, seria a universidade de serviços. Ver. JEZINE, Edineide. A multiversidade na universidade. apud. FARIA, Doris de. A construção conceitual da extensão universitária. Brasília. UNB, 2001. 4 Alteração nossa.

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processo de produção de conhecimento. Assim, a exclusão se estende do interior ao exterior da universidade e vice-versa, pois em termos de acesso das classes populares aos conhecimentos elaborados percebe-se uma nítida distinção na freqüência de aprovação para os chamados cursos propedêuticos (Medicina, Direito, Engenharia) e cursos de licenciaturas.

E ainda há de se ressaltar a luta histórica das classes populares pelo acesso aos conhecimentos sistematizados, destacando os movimentos de 1968, estudantis, políticos e culturais, inspirados nos princípios do marxismo revolucionário e anarquismo, que ativavam um processo de revolução cultural a partir da crítica à ideologia dos saberes e das instituições sociais como capazes de operar transformações na sociedade. Dentre estes cita-se o “maio francês”, em que estudantes franceses se manifestam contra o governo para obterem transformações na escola/universidade e na política. Nos EUA, as críticas de Marcuse ao saber acadêmico e sua pseudo ocultação ideológica, que põe em discussão os fins educativos das escolas e universidades. Na Alemanha, a retomada do marxismo anti-stalinista, aberto a experiências mais libertárias. Na Itália, o movimento dos estudantes inseriu-se numa revolta sindical e operária contra o Partido Comunista Italiano, criando uma série de grupos extremistas sob as orientações do marxismo de Lênin, Trotski, Mao, Che Guevara, dentre outros, que também influenciaram na América Latina. O movimento estudantil ajudou a politizar uma geração de estudantes que buscavam operacionalizar uma sociedade democrática, a partir da luta pelo acesso a educação. Tendo como referência a Carta de Córdoba (1918), passaram a exigir reformas na educação superior, contra o elitismo e na defesa da modernização de investimento no ensino, na pesquisa e na extensão, para o acesso das classes populares ao ensino superior e às universidades. Esse movimento culminou, no Brasil, com a reforma da Educação Superior em 1968. Desse modo, em todo o mundo se reconduz o modo de pensar a relação teoria-prática e a relação educação, universidade e sociedade. É mister dizer que tais movimentos foram possíveis a partir do pós-guerra quando as massas tiveram acesso concreto ao conhecimento organizado, em virtude do processo de industrialização que exigiu da escola a produção de sujeitos especialistas para todas as áreas de conhecimento, tornando-os sujeitos politicamente mais ativos.

Contudo, a luta pelo acesso e permanência à educação superior ainda continua na sociedade

contemporânea do capital. No Brasil, a demanda de jovens na faixa etária de escolarização considerada ideal para o ensino superior é de 18 a 24 anos, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNDA, 2004), possui uma grande diferença em relação aos números de matrículas, pois de 24.072.318 pessoas nessa faixa etária, apenas 4.163.733 encontram-se matriculadas no ensino superior.

A solução para essa problemática, apresentada pelos governos do Presidente Fernando Henrique Cardoso

e Luis Inácio Lula da Silva, tem sido investimentos no setor privado de ensino, indicando o caminho da privatização do ensino superior, a partir de programas de ampliação de vagas no setor privado como a concessão de bolsa de estudo para alunos carentes através do Programa de Financiamento Estudantil (FIES); empréstimos a juros baixos pelo Banco de Desenvolvimento Econômico-Social (BNDES), o Programa Universidade para Todos (PROUNI) e a modalidade de Educação à Distância, ao invés de destinar vagas a ampliação das universidades públicas, para que possam atender a essas demandas reprimidas na forma presencial.

Como se pode perceber, o debate acerca da função social da universidade e do acesso das camadas

populares aos processos de conhecimento sistematizados é longo e complexo, constituindo hoje um grande desafio a garantia do acesso e permanência das classes populares à educação superior.

Dialogando e Construindo Conhecimento

Atividade 4 Aproveitando o debate acerca do papel social da Universidade e a luta pelo acesso, faça a leitura desta unidade, do item conhecendo a temática, elaborando um resumo indicativo. Para maiores conhecimentos sobre a temática consultar: JEZINE, Edineide. “Educação Popular na Universidade e a troca de saberes”, encontrado na site www.anped.org.br (GT 06 – Educação Popular).

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Ampliando o seu Conhecimento

Anísio Teixeira foi um educador brasileiro de grande relevância acadêmica e que lutou pela a Universidade Pública, como grande participação na criação da Universidade de São Paulo (1934), da Universidade do Distrito Federal (1935) e da Universidade de Brasília (1961). Segue abaixo pequeno texto sobre seu pensamento acerca das “Funções da Universidade”.

Você sabia que:

Na França, 22 universidades foram extintas e deram lugar à Universidade Imperial,

Faculdades isoladas e especializadas, cujos interesses deveriam ser os do Estado laico.

A época contemporânea é considerada a época das revoluções: desde 1789 a 1848, depois de

1917 até o pós de 1945, pois é marcada pelas tensões revolucionárias, rupturas e pelas

exigências de uma “sociedade justa”. (CAMBIO, 1999, p. 378).

TEIXEIRA, Anísio. Funções da universidade. Boletim Informativo CAPES. Rio de Janeiro, n.135, Fev. 1964. p.1-2.

FUNÇÕES DA UNIVERSIDADE

Anísio S. Teixeira* As Universidades têm uma longa história, durante a qual passaram por transformações e vicissitudes.

Em substância, entretanto, são hoje quatro as suas funções fundamentais, que, nas universidades brasileiras, se cumprem de modo fragmentado, incerto e às vezes acidentado.

Destas grandes funções, consideraremos primeiro a da formação profissional. As universidades, de modo geral, salvo algumas exceções, têm como objetivo preparar profissionais para as carreiras de base intelectual, científica e técnica. No Brasil foram dominantemente isto. Presentemente, as universidades alemãs, inglesas e americanas mantêm este objetivo e os demais. Na Rússia, as universidades cuidam sobretudo do preparo de quadros de cientistas e de especialistas, achando-se as escolas profissionais separadas da universidade.

Não é fácil caracterizar a segunda grande função. Seria a do alargamento da mente humana, que o contacto com o saber e a sua busca produzem nos que freqüentam a universidade. É algo mais do que cultura geral. É a iniciação do estudante na vida intelectual, o prolongamento de sua visão, o alargamento de sua imaginação, obtidos pela sua associação com a mais apaixonante atividade humana: a da busca do saber. Todas as universidades preenchem esta função e se fazem, assim, como que noviciados da cultura.

A terceira função é a de desenvolver o saber humano. A universidade não só cultiva o saber e o transmite, como pesquisa, descobre e aumenta o conhecimento humano. Este objetivo não é o mesmo do preparo profissional, não é o mesmo daquele alargamento mental da inteligência do aluno. A universidade faz-se centro de elaboração do próprio saber, de busca desinteressada do conhecimento, de ciência fundamental básica.

Por último, mas não menos importante, a universidade é a transmissora de uma cultura comum. Nisto é que a universidade brasileira mais falhou. Além de profissional, a universidade brasileira, relativamente desinteressada pelo Brasil, não logrou constituir-se a transmissora de uma cultura comum nacional. A universidade não é só a expressão do saber abstrato e sistematizado e como tal universalizado, mas a expressão concreta da cultura da sociedade em que estiver inserida. E é por isto que vemos a universidade germânica cultivar e transmitir a cultura germânica; a universidade inglesa transmitir a cultura inglesa; a universidade francesa transmitir a cultura francesa; a universidade americana transmitir a cultura americana.

A universidade brasileira tem que ser a grande transmissora da cultura brasileira. Esta cultura brasileira, concebida como modo geral de vida de toda a sociedade, é algo que está em processo, que se vem elaborando e que a universidade irá procurar formular, definir, tornar consciente e, deste modo, nela integrar todo o povo brasileiro. A universidade será assim um centro de saber, destinado a aumentar o conhecimento humano, um noviciado de cultura capaz de alargar a mente e amadurecer a imaginação dos jovens para a aventura do conhecimento, uma escola de formação de profissionais e o instrumento mais amplo e mais profundo de elaboração e transmissão da cultura comum brasileira.

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4. Avaliando o que foi construído Com este debate buscamos ressaltar a importância dos conhecimentos sistemáticos, científicos para a sua

formação pessoal e profissional, apresentando a universidade como o espaço privilegiado para a transmissão desses saberes. Daí a importância de entender a universidade como uma instituição social, formada a partir das contradições e conflitos de idéias. Embora sua origem remonte à Idade Média, ao longo de sua história tem sido influenciada por várias instâncias de poder (a Igreja, o Estado e o Mercado) que tentam cercear sua autonomia de pensar e fazer, própria de sua natureza. Assim, no debate acerca das funções sociais da universidade na conjuntura da sociedade globalizada é importante discutir e questionar. A quem se destina a viabilização de sua função social, o desenvolvimento e envolvimento de suas práticas sociais? E, nesse contexto, situar-se como um agente partícipe do processo de transformação social, tendo em mente que o acesso aos conhecimentos cientificamente elaborados constitui-se ferramenta para o desenvolvimento do pensamento crítico e de ações sistemáticas de intervenções sociais.

5. Referências ARENDT, Hannah. A condição humana. 6a ed. Rio de Janeiro: Forense, 1993. CAMBIO, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Editora da UNESP, 1999. JEZINE, Edineide. A multiversidade na universidade. In. FARIA, Doris de. A construção conceitual da extensão universitária. Brasília. UNB, 2001. ______________. A crise da Universidade e o compromisso social da extensão universitária. João Pessoa: Editora da UFPB, 2006. SOCUGLIA, Afonso Celso; JEZINE, Edineide. Educação Popular e Movimentos Sociais. João Pessoa, UFPB, 2006. ALMEIDA, Maria de Lourdes Pinto de; JEZINE, Edineide. Educação e Movimentos Sociais. Novos olhares. São Paulo: Alínea, 2007. PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes. 4a ed. São Paulo: Cortez, 1983. TEIXEIRA, Anísio. Funções da universidade. Boletim Informativo CAPES. Rio de Janeiro, n.135, Fev. 1964. p.1-2.

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Unidade III O Ato de Estudar Como Processo de Conhecer

1. Situando a Temática

Discutir o ato de estudar implica perceber-se como sujeito da história, pois em nossas vidas de uma forma ou de outra estamos aprendendo, ensinando e produzindo conhecimentos, uma vez que a dinâmica do ensinar e aprender faz parte de nossa condição humana.

Com o objetivo de favorecer a sua inserção no mundo da produção do conhecimento acadêmico, esta unidade pretende lhe oportunizar saberes que lhes facilitará a compreensão acerca da importância do estudo em suas dinâmicas e processos filosóficos que envolve o ato de pensar e conhecer.

Na perspectiva dialógica que envolve os sujeitos do pensar e fazer, iremos refletir sobre as formas de estudar e produzir conhecimentos, tendo a universidade como lócus de excelência para a produção do conhecimento científico, e processamento das ações de ensino-aprendizagem, seja em ambientes materiais e/ou virtuais.

2. Problematizando a Temática

O ingresso na educação superior demanda novas formas de convivência, seja em relação aos sujeitos, ou ao objeto de conhecimento, exigindo assim comportamentos diferenciados e mudanças de concepção acerca do modo de olhar e analisar a realidade. Para tanto, o estudante, em sua nova condição social, precisa inserir-se no conjunto da produção de saberes a partir da dinâmica das técnicas de estudo. Diante das exigências de freqüentar um curso de nível superior precisamos questionar: O que significa estudar? Podemos conduzir o ato de estudar sob a perspectiva aleatória da vida? Existem técnicas que podem facilitar o ato de estudar? Estudar pode se transformar em prazer?

Estas e outras questões se constituirão foco do debate desta unidade, que objetiva despertar a sensibilidade para a importância do ato de estudar, transformando este trabalho acadêmico em uma atividade prazerosa de conhecimento.

3. Conhecendo a Temática

3.1. O que é Estudar?

O ato de estudar refere-se a uma ação que envolve determinados elementos objetivos e subjetivos do ato de aprender. Os aspectos objetivos relacionam-se à dinâmica das técnicas de estudos, que envolve o ato de ler e apreender as idéias do autor, em um processo de desenvolvimento das habilidades de compreensão, síntese e produção. Já os aspectos subjetivos referem-se às condições e necessidades do leitor, o que envolve o prazer em estudar, pois como expressa Freire (1989, p. 11) o ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. Nesta perspectiva, ler é compreender o texto, que envolve a percepção de relações entre o texto e o contexto. Assim, é natural indicar a importância dessa relação entre o texto e o contexto para a formação do pensamento do sujeito, o que é expresso nesta passagem de Freire, contida no livro “A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam” (1989, p. 14-15).

No esforço de retomar a infância distante, a que já me referi, buscando a compreensão do meu ato de ler o mundo particular em que me movia, permitam-me repetir, recrio, revivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. E algo que me parece importante, no contexto geral de que venho falando, emerge agora insinuando a sua presença no corpo destas reflexões. Me refiro a meu medo das almas penadas cuja presença entre nós era permanente objeto das conversas dos mais velhos, no tempo de minha infância. As almas penadas precisavam da escuridão ou da semi-escuridão para aparecer, das formas mais diversas – gemendo a dor de suas culpas, gargalhando zombeteiramente, pedindo orações ou indicando esconderijos de botijas.[...] Os meus temores noturnos terminaram por me aguçar, nas manhãs abertas, a percepção de um sem-número de ruídos que se perdiam na claridade e na algazarra dos dias e que eram misteriosamente sublinhados no silêncio fundo das noites.

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Na medida, porém, em que me fui tornando íntimo do meu mundo, em que melhor o percebia e o entendia na leitura, que dele ia fazendo, os meus temores iam diminuindo. Mas, é importante dizer, a “leitura” do meu mundo, que me foi sempre fundamental, não fez de mim um menino antecipado em homem, um racionalista de calças curtas. A curiosidade do menino não iria distorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais ajudado do que desajudado pelos meus pais. E foi com eles, precisamente, em certo momento dessa rica experiência de compreensão do meu mundo imediato, sem que tal compreensão tivesse significado malquerenças ao que lê tinha de encantadoramente misterioso, que eu comecei a ser introduzido na leitura da palavra. A decifração da palavra fluía naturalmente da “leitura” do mundo particular. Não era algo que se estivesse dando superpostamente a ele. Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais. O Chão foi meu quadro-negro; gravetos, o meu giz.

A idéia do autor, ao retratar a presença da leitura em sua vida o faz rememorar a sua infância como contexto de criação de sua própria produção. As sutilezas e singelezas com que Freire descreve o seu mundo de criança é ponto de partida para a elaboração de uma palestra sobre a importância do ato de ler para professores e nos faz pensar acerca do significado do ato de estudar, que muitas vezes se torna árduo pela forma como é conduzido.

Dialogando e Construindo Conhecimento

Muitas pessoas se dizem "estudantes", mas na verdade desconhecem o verdadeiro sentido da palavra ESTUDAR. Estudar é uma forma de trabalho, que pode torna-se árduo ou prazeroso. Não é somente reler um texto na última hora, um dia antes da prova e depois de obter o retorno, em forma de notas baixas, reclamar para si mesmo: - Puxa! Eu estudei tanto. Estudar é desvendar mitos e vencer fronteiras, é aprender, enxergar com seus próprios olhos o mundo.

O ato de estudar oportuniza à pessoa elaborar opinião própria sobre determinado assunto não dependendo de apreciações alheias para fazer suas conclusões, significando a construção do processo de identidade do sujeito que pensa. Para tanto, o estudo requer empenho, dedicação e perseverança, pois o processo de conhecimento e desvelamento da realidade não se dão de forma passiva; ao contrário, exige uma incessante busca e interatividade entre sujeitos e realidade.

Ao ingressar na educação superior, o estudante observará que se encontra diante de exigências específicas, pois logo lhe serão solicitadas diferentes posturas diante de novas tarefas, o que lhe impõe a necessidade de assumir responsabilidades e de tomar decisões apropriadas para enfrentá-las.

Segundo Severino (1993), em primeiro lugar é preciso que o estudante se conscientize de que doravante o resultado do processo pedagógico-didático depende fundamentalmente dele mesmo. Seja pelo seu próprio desenvolvimento psíquico e intelectual, ou pela própria natureza do processo educacional desse nível de ensino/estudo. As condições de aprendizagem transformam-se no sentido de exigir do estudante maior autonomia na efetivação da aprendizagem, maior independência em relação aos subsídios da estrutura do ensino e dos recursos institucionais que são oferecidos. O aprofundamento da vida científica passa a exigir do estudante uma postura de auto-atividade didática que deverá ser, sem dúvida, crítica e rigorosa. Todo o conjunto de recursos que está na base do ensino superior não pode ir além de sua função de fornecer instrumentos para uma atividade criadora. E, em segundo lugar, convencido da especificidade dessa situação, o estudante deve empenhar-se num projeto de trabalho altamente individualizado, apoiado no domínio e na manipulação de uma série de instrumentos que devem estar contínua e permanentemente ao alcance de suas mãos. Este material

Atividade 5 Reflita sobre o seu processo de alfabetização/escolarização. Quais necessidades e dificuldades que enfrentou? E pense !!! Como a leitura se fez presente em sua vida?

Mas afinal de contas como se deve estudar? Existem algumas técnicas que auxiliam o estudante a alcançar seus objetivos. Se estas técnicas forem seguidas, seguramente o sucesso será alcançado e o próprio aluno perceberá que pode ultrapassar seus limites.

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didático e científico serve de base para o estudo pessoal e para a complementação dos elementos adquiridos no decurso do processo coletivo de aprendizagem, seja no estudo em grupo, em sala de aula com o monitor ou em ambientes virtuais.

As palavras de Severino são sábias ao indicar que o trabalho acadêmico em nível superior é a constituição do sujeito autônomo, capaz de pensar sobre a transformação de sua realidade. Nesse sentido, torna-se fundamental exercitar o prazer pelos estudos a partir de práticas metodológicas que conduzam a uma Pedagogia Libertadora, aquela em que a palavra emerge do mundo e volta a ele refletida.

A fim de atingir essa perspectiva, o ato de estudar incorpora-se a um movimento processual em sua dinâmica, que se inicia pela participação durante o processo de ensino-aprendizagem, intervindo com perguntas, dúvidas, opiniões e realização das atividades propostas. Esse trabalho não se esgota no ambiente escolar material ou virtual; fora dele deve-se processar a revisão dos conteúdos e atividades discutidas anteriormente, sob a forma de reorganização da matéria, o que irá compor a sua documentação (fichamentos, exercícios, relatórios, resumos, sínteses e outros), para em seguida dar-se o contato com os novos conhecimentos e uma próxima unidade de estudo.

Dialogando e Construindo Conhecimento

3.2. Formas Básicas de Organização do Trabalho Científico.

O trabalho acadêmico inicia-se pela busca em bibliotecas, livrarias, sebos e atualmente na internet, de textos básicos que lhe possibilite a leitura e compreensão da temática a ser estudada. A coleta desse material lhe possibilitará a construção de um quadro teórico geral a partir do qual poderá selecionar o conteúdo de acordo com a sua especificidade e desenvolver a temática. Desta forma procedemos ao Levantamento Bibliográfico, que ao final do trabalho acadêmico de graduação, mestrado ou doutorado deverá constar por ordem alfabética de acordo com o sobrenome do autor, segundo as normas atualizadas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Ampliando o seu Conhecimento

As normas utilizadas variam um pouco nas diferentes áreas do conhecimento. Aqui, usaremos a seguinte

forma: SOBRENOME, Nome do Autor. Título do livro. Subtítulo do livro. Número da edição. Lugar de edição, editora, data.

Normas Técnicas - é o documento técnico que fixa padrões reguladores visando garantir a qualidade da produção, a racionalização, a uniformidade dos meios de expressão e a comunicação. No Brasil, o órgão responsável pela normatização é a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, fundada em 1940, sendo representante de entidades de normatizações internacionais e regionais como a International Standardization for Organization - ISO e a Associação Mercosul de Normatização - AMN, entre outras. A ABNT está organizada em Comitês Brasileiros e Organismos de Normatização Setorial, sendo que estes Comitês e Organismos são orientados para atender ao desenvolvimento da tecnologia e a participação efetiva na normatização internacional e regional. Site: www.abnt.org.br

Exemplo: CARVALHO, Maria Cecília M. de. Construindo o saber: metodologia científica fundamentos e técnicas. 4ª ed. Campinas: São Paulo: Papirus, 1994.

Atividade 2

Aproveitando o debate acerca da importância do ato de estudar, comece a exercitar. Faça a leitura deste tópico e utilizando a metodologia de leitura, destaque as idéias principais e secundárias. Desta forma, você estará exercitando o processo de leitura, ato inicial e fundamental para a formação do pesquisador e educador.

A leitura, cientificamente conduzida, é o instrumento para a aprendizagem no ensino superior, uma vez que todas as atividades dependem dela, por isso requer uma Metodologia da Leitura, entendida como a decodificação da mensagem, em que se assinalam às idéias principais do autor, diferenciando-as das idéias secundárias, que são as que complementam a idéia principal do texto

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Se for artigo de revista ou jornal, ou capítulo de um livro. Procede-se da seguinte forma; SOBRENOME, Nome do Autor. Título do artigo. Nome da revista/livro. Local de edição, editora, volume, data, páginas.

Devem constar do levantamento bibliográfico, prioritariamente, livros, teses, monografias e artigos de

periódicos científicos encontrados nas bibliotecas universitárias. Artigos de jornais ou revistas direcionados ao público leigo, também podem ser incluídos, mas deve-se ter clareza de sua limitação como fonte de discussão teórica fidedigna de informação. Esse alerta também serve a consulta às bibliotecas virtuais, pois a pesquisa na Internet deve ser seletiva. Aqui seguem alguns endereços eletrônicos importantes a serem consultados para obter dados ou informações educacionais, econômicas que podem ser úteis ao estudo de pesquisa:

Leia mais...

O levantamento bibliográfico é o passo inicial para o estudo de um tema específico e/ou desenvolvimento de uma pesquisa. Para este último, além do levantamento bibliográfico inicial, a pesquisa bibliográfica deve se estender a outros tipos de textos como periódicos, dissertações e teses e a coleta de documentos e contatos importantes, compondo o acervo documental, conforme o caso de objeto de estudo. Desta forma o estudante terá contato com várias fontes de pesquisa que apresentam diversas perspectivas de análise, exigindo deste o registro organizado apresentado sob a forma de Fichamento.

O fichamento se constitui em um instrumento de leitura aproximando o leitor/pesquisador do assunto. É um guia bibliográfico que pode ser feito através de uma ficha bibliográfica ou uma ficha de leitura com os objetivos de:

Evitar pesquisas com a mesma abordagem teórica; Verificar como foi realizada a pesquisa, no que se refere aos instrumentos e técnicas utilizadas, se há

possibilidade de aprimorar técnicas já existentes. Estabelecer uma visão global e crítica a respeito do problema e de suas hipóteses. Indicar a possível bibliografia básica e complementar do tema em estudo.

3.2.1. Algumas dicas sobre a Técnica de Fichamento

Você já deve ter observado que quanto mais se estuda, mais se percebe que o ato de estudar é

extremamente lento, exige interesse, esforço e disciplina. Não adiante ler ou levantar dados superficialmente, porque o objetivo básico da aprendizagem, que é a compreensão crítica do conteúdo não se efetua.

Como o fichamento é uma forma de investigação que se caracteriza pelo ato de registrar todo o material necessário à compreensão de um texto ou tema, você pode usar fichas que facilitam a organização da documentação, ou criar pastas temáticas no arquivo do computador. Nestes termos indicamos dois tipos de fichas ou pastas:

1. Fichamento Bibliográfico: deve ser organizado de acordo com o assunto e autor e, paulatinamente, à

medida que a necessidade de estudo for crescendo e o estudante tiver contato com a bibliografia, acrescentam-se mais informações, aprofundando assim a pesquisa bibliográfica. Exemplos:

CNPq: www.cnpq.br IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada: www.ipea.gov.br IBGE: www.ibge.gov.br Google: www.google.com.br

Exemplo: PIMENTEL, Suzana Couto. O especial dos jogos e brincadeiras no atendimento às diferenças. Educação e Contemporaneidade. UNEB, V. 1, N. 1 (jan./jun. 1992)

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O objetivo deste tipo de fichamento é registrar o material e sua importância para posteriores estudos ou referências ao final do trabalho.

2. Fichamento Temático: se completa pela documentação bibliográfica, contudo se diferencia, pois consta de resumo e citação. No próprio exercício da leitura, percebemos a necessidade de fazer comentários sobre a argumentação do autor, surgindo também novas idéias e relações que devem ser registradas, de modo que um fichamento completo deve apresentar os seguintes elementos:

a) Indicação bibliográfica — mostrando a fonte da leitura. b) Resumo — sintetizando o conteúdo da obra, para isso você pode utilizar a introdução, o sumário,

fazendo uma breve apresentação histórica ou ilustrativa. c) Citações — apresentando as transcrições significativas da obra. d) Comentários — expressando a compreensão crítica do texto, baseando-se ou não em outros autores e

outras obras. e) Ideação — colocando em destaque as novas idéias que surgiram durante a leitura reflexiva – pode ser

uma breve produção do leitor. Exemplo: Bibliografia Resumo Citações Importantes Comentários

Fichamento Temático Tema: matemática Sub-tema: história da matemática.MACHADO, Nilson José. Introdução. In: Matemática e realidade. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. O livro com 103 páginas é dividido em 3 partes, que se completam ao tratar da história da matemática desde o tempo antigo, discorre sobre os pensamentos de Platão, Aristóteles, Leibniz e Kant até o pensamento contemporâneo de Piaget. E busca discutir a matemática sob o aspecto da crítica à matemática como um estudo abstrato ou empírico e, por último, apresenta a relação da matemática com as ciências e a dialética. “Ensinar matemática tem sido, frequentemente, uma tarefa difícil. Às dificuldades intrínsecas, somam-se as decorrentes de uma visão distorcida da matéria, estabelecida, muitas vezes, desde os primeiros contatos”. (p. 09) “O sucesso em excesso talvez tenha feito os matemáticos perderem a cabeça ou a perspectiva histórica do período que atravessam. Esta etapa em que vigem os valores formais, em que se busca sistematicamente a axiomatização, em que as preocupações sintáticas predominam na linguagem matemática, ou até eliminam as semânticas, agora se apresenta como foros de definitiva, como se só então a Matemática tivesse efetivamente encontrado seu verdadeiro sentido”. (p. 15). O texto Introdução do livro Matemática e Realidade traça o debate acerca das concepções de matemática que se constituíram ao longo da história da humanidade, parte da crítica à idéia de Ciência universal e aponta o desenvolvimento da ciência a partir de suas necessidades intrínsecas. No que refere-se a matemática, apresenta o avanço desta feita pelos hindus que desenvolveram uma “Álgebra mais pródiga em resultados interessantes do que a dos gregos, ainda que por vias não-formalizadas, não-axiomáticas” (p. 13). E, indica os fundamentos da matemática atual, a partir da contribuição do russo Nicolai Lobachevsky (1793-1856) e do alemão Georg Friedrich Riemann (1826-1866) em relação a negação do postulado de Euclides, passando as suas teorias a serem usadas na interpretação do universo dada pela Teoria da Relatividade de Einstein (1905). Essa contextualização histórica pode ser relacionada com as idéias de Heitor Matallo Jr., contidas no texto a Problemática do Conhecimento, (In. CARVALHO, 1994, p. 13-27), que reconstrói a história da ciência a partir do pensamento grego, demonstrando a relação entre opinião e ciência, a contribuição da matemática, da astronomia, da mecânica para o desenvolvimento de novas teoria

Ficha Bibliográfica Assunto: Pesquisa Autor (a):RAMPAZZO Referência: RAMPAZZO, Lino. O conhecimento. In. Metodologia científica. Para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. São Paulo. Edições Loyola, 2002. Indicado para: a leitura do conceito sobre conhecimento popular. Referências Importantes / Anotações O livro possui outros textos sobre métodos de pesquisa.

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Ideação

científicas, métodos de observação e processo de formação de conjecturas, chamado de contexto da descoberta. A partir da reconstrução histórica da matemática o autor apresenta o debate acerca da relação do conhecimento matemático com a realidade concreta em suas múltiplas dimensões. O que me leva a pensar na utilidade da ciência, tanto em seus aspectos positivos como negativos. Por exemplo, a bomba atômica surgiu a partir de grandes descobertas científicas da Química e da Física sobre o átomo, transformando-se em uma arma de proporções destruidoras. Diante disso, podemos inferir que a manipulação da ciência pode configurar-se em benefícios ou malefícios à humanidade, daí a necessidade de se construir uma perspectiva científica da matemática para o desenvolvimento social da humanidade. Essa perspectiva pode ser encontrada na história da matemática, pois esta é considerada uma das ciências mais antigas e se desenvolveu a partir das necessidades sociais dos sujeitos.

Outra forma de organizar os estudos a fim de obter processos de aprendizagem mais eficientes, pode ser o

Resumo, concebido como uma apresentação concisa e seletiva de um artigo, obra ou outro documento que põe em relevo aspectos de maior interesse e importância. Gonsalves (2003, p. 40) destaca três tipos de resumo:

1. Resumo indicativo - não dispensa a leitura do texto completo, faz uma referência às partes mais importantes do texto, descrevendo a natureza, forma e objetivo do texto-base, utilizando-se de frases curtas;

2. Resumo informativo - o objetivo é informar o conteúdo e as principais idéias do autor contidas no texto-base, destacando o objetivo do autor, a metodologia e as conclusões obtidas.

3. Resumo crítico - é um resumo informativo que formula julgamento sobre o texto-base. Para a elaboração de resumo alguns elementos devem ser considerados, tais como: a) Ler o texto atentamente, destacando a idéia principal do texto e os detalhes mais importantes,

atentando para a estrutura do texto, a fim de identificar idéias de conseqüências, adição, oposição, incorporação de novas questões e complementação do raciocínio. É importante não esquecer os exemplos; geralmente eles trazem detalhes esclarecedores;

b) Redija o resumo em linguagem objetiva, clara e concisa; c) Utilize a inserção de citação a partir de expressões como: segundo o autor; Duarte expressa; d) Evite copiar frases, expressões do texto original, sem as devidas referências. Procure escrever com

suas próprias palavras, interpretando as idéias do autor; e) Desconsidere conteúdos que apresente juízo de valor e/ou justifique uma afirmação. (Ele era um

conservador, adepto da teoria liberal); f) Ignore expressões explicativas. (Ele é um neoliberal, porque defendia a privatização do ensino

superior); g) Procure reduzir o texto a uma fração do texto original, respeitando as idéias ou fatos apresentados pelo

autor.

O resumo se diferencia de uma produção acadêmica, pois se detém a apresentar as idéias do autor, não

contendo comentários ou avaliações. Segue um fragmento como exemplo:

Atenção! Não esqueça os seguintes pontos: * Referência bibliográfica completa em forma de cabeçalho; * Fidelidade ao reproduzir as idéias do autor, mesmo quando usar suas próprias palavras; * Sublinhe numa segunda leitura após examinar as idéias mais importantes, não precisa sublinhar o

texto todo, apenas os termos essenciais.

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Observe-se que os termos em negrito demonstram a fidedignidade ao pensamento do autor e expressam citação, não apresentando inferências quanto às suas idéias.

Dialogando e Construindo Conhecimento 4. Avaliando o que foi construído

Buscamos despertar a sensibilidade para o ato de estudar, com destaque à importância e aos procedimentos técnicos que podem lhe ajudar no processo de ensino-aprendizagem.

O ato de estudar inicia-se com o processo de leitura e sua concomitância é o levantamento bibliográfico, necessário à compreensão da temática. No decorrer dos estudos, muitas informações acumulam-se necessitando, assim, formas de organização do trabalho científico, o que pode ser feito através de fichamento ou resumo de textos.

Compreendemos que o trabalho de estudar, às vezes, torna-se árduo, por falta de disponibilidade de tempo. Daí urge a necessidade de organização e planejamento, todavia, seus frutos são imensuráveis, pois a aquisição de conhecimentos possibilita a liberdade e emancipação, como uma arte de ver, compreender e transformar a realidade.

5. Referências CARVALHO, Maria Cecília M. de. Construir o saber: metodologia científica, fundamentos e técnicas. 4ª ed. São Paulo: Papirus, 1994. FREIRE, Paulo. A Importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. GONSALVES, Elisa Pereira. Iniciação à Pesquisa Científica. 3ª ed. Campinas: São Paulo. Editora Alínea, 2003. MACHADO, Nilson José. Introdução. In: Matemática e realidade. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. Tradução: Isa Tavares. São Paulo: Boitempo, 2005. RAMPAZZO, Lino. O conhecimento. In. Metodologia científica. Para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. São Paulo. Edições Loyola, 2002. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21ª ed. São Paulo: Cortez e Moraes, 2001.

Atividade 6 Escolha uma temática para estudo e faça o levantamento bibliográfico de três referências, utilizando a ficha bibliográfica. Depois, opte por uma referência e elabore o fichamento temático.

MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. Tradução: Isa Tavares. São Paulo: Boitempo, 2005. RESUMO Mészáros inicia o livro “A educação para além do capital” a partir da análise de três epígrafes de Paracelso, José Martí e Karl Marx. Apresenta a crítica à sociedade do capital como sendo mercantilista, voltada para a alienação e intolerância, elementos que dificultam a emancipação humana. Segundo o autor a lógica do capital exclui, de forma irreversível, a possibilidade de legitimar o conflito entre as forças hegemônicas fundamentais e rivais, dificultando a alteração da ordem vigente, não podendo se esperar que as instituições sociais, dentre estas as de ensino, façam uma reformulação do ideal educacional. Mészáros considera a educação uma mercadoria, e, como alternativa a esse processo de dominação do capital, acredita na luta de classe a partir dos fundamentos teóricos do marxismo. Nessa perspectiva, o autor salienta a importância estratégica da educação em uma abordagem mais ampla, aquela que abriga a totalidade das práticas político-educacionais-culturais. Para tanto, utiliza os conceitos de .........

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Unidade IV Pesquisa: Enfoques Teóricos e Métodos

1. Situando a Temática

O estudo resulta em uma prática científica que se estrutura a partir de concepções ideológicas constituindo assim um corpo teórico e prático de conhecimentos científicos. O produto da ciência, o conhecimento científico, portanto, é resultado de pesquisas desenvolvidas a partir de estudos e pesquisas que se utiliza de métodos científicos, de modo que a escolha do procedimento de pesquisa demanda uma opção teórica, ideológica e filosófica. Partindo destes pressupostos se justifica estudar os enfoques teóricos de pesquisa e seus respectivos procedimentos metodológicos o que nos possibilitará escolher o caminho a trilhar para a produção de conhecimentos. 2. Problematizando a Temática

Considerando que o conhecimento científico se processa através de procedimentos metodológicos de

pesquisa, devemos nos indagar sobre as abordagens teóricas que podem dar suporte a pesquisa em Matemática e as possíveis diferenciações das pesquisas em Ciências Sociais. Assim, questiona-se: A pesquisa em Matemática considera apenas os fatos comprováveis quantitativos e/ou as dimensões da natureza da sociedade e das relações humanas?

3. Conhecendo a Temática 3.1. Algumas abordagens filosóficas para a análise do problema de pesquisa

No contexto da sociedade moderna, da complexidade social e da diversidade de fenômenos emergem

diversos ramos do saber, contribuindo para o desenvolvimento da ciência especializada, de modo que esta é classificada em campos de estudos conforme assinala Bunge (1974) apud. Seabra (2001, p.28).

Filosofia

FORMAIS (puras) Matemática Sintetiza e explica os fatos e os princípios descobertos sobre o universo e os seres

SOCIAIS – Sociologia, Psicologia, Antropologia Cultural, Geografia, História, Direito, Administração, Economia, Comunicação Social

FACTUAIS (aplicadas) Utiliza os fatos e os princípios científicos para produzir coisas úteis aos homens NATURAIS Física - Física Nuclear, Geologia, Computação, Astronomia

Química – Orgânica, Inorgânica, Físico-Química, Bioquímica Biologia – Botânica, Zoologia, Medicina, Veterinária Segundo este esquema, a Matemática se configura como uma ciência formal, que busca as relações entre

natureza e realidade. Ernest (1989) apud. Cury; Rosa (2002, p. 250) identifica três concepções de Matemática: platônica, instrumental e de resolução de problemas. A visão platônica é aquela que concebe a Matemática “como um corpo estático e unificado de conhecimento absoluto”. A instrumental vê a Matemática como uma acumulação de fatos, regras e habilidades, para ser usada no alcance de determinados fins. A visão de resolução

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de problemas é dinâmica, pois considera a Matemática como um campo em expansão, como um produto cultural passível de críticas e correções.

O autor hierarquiza esses sistemas de crenças, colocando a visão instrumental no nível mais baixo, por considerar o conhecimento de fatos e regras como entidades isoladas; a seguir, a visão platônica, envolve uma compreensão global da Matemática e, por último, a concepção de resolução de problemas, porque vê essa ciência como uma “estrutura organizada, localizada em um contexto social e cultural”

Partindo das concepções de Matemática propostas por Ernest, apresentamos três enfoques filosóficos para a análise dos fenômenos pesquisados que podem ser aplicados nas Ciências Sociais, Exatas e Naturais.

1. O Positivismo Constitui a corrente filosófica que ainda mantém hegemonia na atualidade. Suas teses básicas podem ser

assim resumidas: A realidade se constitui essencialmente naquilo que nossos sentidos podem perceber; As ciências compartilham um mesmo fundamento lógico e metodológico, elas se distinguem apenas

no objeto de estudo; Existe uma distinção fundamental entre fato e valor: a ciência se ocupa do fato e deve buscar se livrar

do valor. A hipótese central do positivismo é que a sociedade humana é regulada por leis naturais que atingem

o funcionamento da vida social, econômica política e cultural de seus membros. Portanto, a pesquisa deve descobrir as leis invariáveis e independentes do fenômeno.

O conhecimento que propugna é objetivo, neutro, livre de juízo de valor e de implicações político-sociais.

Lowy (1993, p. 33-35) comenta que o positivismo, até o início do século XIX apareceu como uma visão

social-útopica-crítica do mundo, tendo como eixo os princípios de Condorcet, que formulou a idéia de que a ciência da sociedade deveria ser uma Matemática Social a partir de estudo numérico e rigoroso dentro das teorias probabilísticas e de Saint-Simon que tinha um projeto de nova sociedade baseado não na igualdade, mas numa pirâmide de classes que elevaria a capacidade produtiva dos homens ao grau máximo de desenvolvimento.

2. O estruturalismo É considerada a corrente filosófica que busca compreender o sistema de relações na vida cotidiana, seu

fundamento metodológico reside no argumento de que os fenômenos envolvem uma propriedade que não está presente nos outros setores do universo abarcados pelas Ciências Naturais. A sociedade é interpretada em função da comunicação dos elementos, pois a única forma de captar a realidade é afastar-se dela para procurar as invariantes das estruturas invisíveis. Assim, um modelo científico é considerado estruturado se: oferece características de sistema, um elemento produz modificações nos outros; Todo modelo deve pertencer a um grupo de transformações, ligadas de maneira sistemática, efetivando transformações no modelo. Podemos considerar a existência de 3 tipos de estruturalismo: o estruturalismo fenomenológico (Merleau-Ponty); o estruturalismo genético (Piaget) e o estruturalismo de modelos (Lévi-Strauss, Althusser);

Seguem algumas características do estruturalismo fenomenológico. uma crítica radical ao objetivismo da ciência, na medida em que propõe a subjetividade como

fundante do sentido; uma demonstração da subjetividade como sendo constitutiva do ser social e inerente ao âmbito da

auto-compreensão objetiva; a proposta da descrição fenomenológica envolve a ausência de discussão sobre as questões do poder,

da dominação, da força, da estratificação social. Sua abordagem atomiza a realidade como se cada fato ou grupo constituísse um mundo independente. Busca focar os pequenos grupos como a família, as entidades religiosas, as associações voluntárias, os responsáveis pela identidade dos indivíduos, pela sua estabilidade e por seu sistema de significados, na medida em que integram uma visão de mundo compartilhada.

3. O Marxismo. Um dos aspectos do marxismo compreende o materialismo dialético, como a base filosófica do marxismo,

que realiza a tentativa de buscar explicações coerentes, lógicas e racionais para os fenômenos da natureza, sociedade e do pensamento. Seus princípios são: a matéria, a dialética e a prática social. Ressalta a força das

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idéias, capaz de introduzir mudanças nas bases econômicas que as originaram a partir de alguns conceitos básicos, tais como:

• ser social - relações materiais dos homens com a natureza e entre si, que existem em forma objetiva, independente da consciência;

• consciência social - idéias políticas, jurídicas, filosóficas, etc.; • meios de produção - tudo o que o homem emprega para originar bens materiais; • forças produtivas - meios de produção, os homens, sua experiência de produção; • relações de produção – refere-se a relação capital-trabalho e não se podem separar das forças de

produção. Além desses conceitos destacam-se outros como: sociedade, formações socioeconômicas, estrutura social, organização política da sociedade, vida espiritual, cultura, concepção de homem, personalidade e progresso social.

Para Richardson (1999, p. 45), a dialética obedece a princípios diferentes dos silogismos formais. Os argumentos da dialética se dividem em três partes: a tese, que refere-se a um argumento que se expõe para ser impugnado ou questionado; a antítese é o argumento oposto à proposição apresentada na tese e a síntese é uma fusão das duas proposições anteriores que apreende os aspectos considerados verdadeiros de ambas as posições, introduzindo um ponto de vista renovado.

Dialogando e Construindo Conhecimento 3.2 Métodos Científicos

O conhecimento científico é uma conquista da humanidade, feita entre os séculos XVI e o início do século

XVII, se propõe a encontrar explicações buscando compreender as relações entre sujeito e natureza, de maneira racionalmente elaborada a partir do desenvolvimento de um conjunto de atividades sistemáticas com o uso de métodos e técnicas apropriadas.

Desta forma, podemos resumidamente conceituar método como o caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ou a forma de selecionar técnicas e avaliar alternativas para ação científica, ou mesmo um conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade, ou o processo pelo qual nos ajudar a compreender, no sentido mais amplo, não os resultados da investigação científica, mas o próprio processo de investigação. (RICHARDSON, 1999, p. 21).

A idéia de cientificidade surge a partir do enfraquecimento do pensamento mítico religioso e da perda do poder de explicação da Igreja diante dos problemas sociais que o mercantilismo e o capitalismo impunham, de modo que o pensamento filosófico e matemático orientou o pensamento científico a partir das idéias e observações científicas de Galileu, considerado o primeiro teórico do método experimental, descrito como indução experimental. Os principais passos de seu método podem ser assim expostos: observação dos fenômenos; análise dos elementos constitutivos desses fenômenos, com a finalidade de estabelecer relações quantitativas entre eles; indução de certo número de hipóteses; verificação das hipóteses aventadas por intermédio de experiências; generalização do resultado das experiências para casos similares; confirmação das hipóteses, obtendo-se, a partir delas, leis gerais. Estes passos também foram seguidos por Francis Bacon, contemporâneo de Galileu, que parte do pressuposto de que o conhecimento científico é o único caminho seguro para a verdade dos fatos, devendo seguir os seguintes passos: experimentação; formulação de hipóteses; repetição; testagem das hipóteses, formulação de generalizações e leis.

Mas Descartes, com a obra “Discurso do Método”, afasta-se dos processos indutivos, originando o método dedutivo. Para ele, chega-se à certeza através da razão, princípio absoluto do conhecimento humano, assim postula, quatro regras: evidência, evitar a precipitação e o preconceito e não incluir juízos, senão aquilo que se apresenta com tal clareza ao espírito que torne impossível a dúvida; análise, que consiste em dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas necessárias para melhor resolvê-las, ou seja, o processo que

Atividade 7 Com seus colegas:

1. Liste possíveis temáticas que podem ser investigadas no campo da Matemática. 2. Dentre essas temáticas, escolha uma e busque identificar como ela pode ser analisada.

Relacione a partir das abordagens apresentadas, qual a que pode ajudar na compreensão da temática/objeto escolhido.

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permite a decomposição do todo em suas partes constitutivas, indo sempre do mais para o menos complexo; síntese, entendida como o processo que leva à reconstituição do todo, previamente decomposto pela análise, consistindo em conduzir ordenadamente os pensamentos, principiando com os objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, em seguida, pouco a pouco, até o conhecimento dos objetos que não se disponham, de forma natural, em seqüências de complexidade crescente; enumeração, que consiste em realizar sempre enumerações tão cuidadosas e revisões tão gerais que se possa ter certeza de nada haver omitido.

Ao empregar o método de pensamento analítico, René Descartes tentou descrever de maneira precisa todos os fenômenos naturais num único sistema de princípios Mecânicos, pretendendo fornecer uma certeza matemática absoluta para os experimentos científicos. [...]. A visão cartesiana domina grande parte do pensamento científico atual, que coloca o homem como observador externo da natureza de tal forma que o conceito de ambiente natural é visto pela sociedade numa clara dicotomia: o possuidor e o possuído, ou seja, de um lado o homem e de outro a natureza. (SEABRA, 2001, p. 32).

Diante das necessidades sociais dos sujeitos, outras formas de compreensão da realidade foram sendo

incorporadas aos métodos existentes, fazendo com que surgissem também outros métodos. Todavia, a modernidade adota o método científico como a teoria da investigação quando se propõe a cumprir as seguintes etapas:

Descobrimento do problema – é a tentativa de ver a lacuna, num conjunto de acontecimentos ou ainda, a recolocação de um velho problema à luz de novos conhecimentos empíricos ou teóricos;

Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema – reconhecer o que já foi pesquisado acerca do problema, isto é, examinar o conhecido para tentar resolver o problema de outra forma e não repetir proposições;

Tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados - se a tentativa resultar inútil, passa-se para a etapa seguinte; em caso contrário, à subseqüente;

Invenção de novas idéias - hipóteses, teorias ou técnicas ou produção de novos dados empíricos que prometam resolver o problema;

Obtenção de uma solução - exata ou aproximada do problema, com o auxílio do instrumental conceitual ou empírico disponível;

Investigação das conseqüências da solução obtida - em se tratando de uma teoria, é a busca de prognósticos que possam ser feitos com seu auxílio. Em se tratando de novos dados, é o exame das conseqüências que possam ter para as teorias relevantes;

Prova ou comprovação da solução - confronto da solução com a totalidade das teorias e da informação empírica pertinente. Se o resultado é satisfatório, a pesquisa é dada como concluída, até novo aviso. Do contrário, passa-se para a etapa seguinte;

Correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta - esse é, naturalmente, o começo de um novo ciclo de investigação.

Na proposição de que uma hipótese pode ser afirmada ou negada o conhecimento científico não pode se constituir em uma verdade absoluta, pois

é o resultado de uma tensão entre nosso conhecimento e nossa ignorância. Aprendemos com nossos erros e o conhecimento avança unicamente por meio do enfrentamento de um obstáculo, isto é, da consciência do erro e conseqüente correção do mesmo. Popper salienta muitas vezes que a ciência tem origem em problemas e não propriamente na observação pura e simples. Fato é que não existe observação pura, mas toda a observação é guiada por um interesse, norteada por uma expectativa, impregnada por uma teoria. Toda teoria fecunda, valiosa, oferece resposta aos problemas para os quais foi chamada a solucionar, mas suscita novos problemas. (CARVALHO, 1994, p. 74).

Para Pensar!!!! Sobre o Método Científico. Existem diferenças metodológicas entre fazer uma pesquisa em Matemática e fazê-la em Educação, Sociologia ou Psicologia?

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Para os positivistas radicais a resposta é negativa, pois tanto a realidade natural quanto a realidade social podem sem captadas da mesma forma, variando, talvez, o grau de objetividade conseguido. Trata-se de uma diferença quantitativa e não qualitativa. Mas, para o “fenomenólogo”, sem dúvida, a resposta é positiva. Ser humano e natureza são duas realidades distintas, de forma que a diferença é de qualidade e não de quantidade. Contudo esse debate entre o quantitativo e o qualitativo vem sendo superado por uma abordagem mais consensual, conforme expressa Minayo (1994, p. 22);

A diferença entre quantitativo-qualitativo é de natureza. Enquanto cientistas sociais que trabalham com estatísticas apreendem dos fenômenos apenas a região “visível, ecológica, morfológica e concreta”, a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas. O conjunto de dados quantitativos e qualitativos, porém não se opõem. Ao contrário, se complementam, pois a realidade abrangida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia.

Assim, em uma perspectiva dialética os dados quantitativos iluminam a análise das contradições, se

complementam, pois a realidade interage dinamicamente. Considerando que o "método" se caracteriza por uma abordagem mais ampla, em um nível de abstração

mais elevado dos fenômenos da natureza e da sociedade, na problematização do objeto pesquisa, deve-se proceder a opção teórico-metodológica, acompanhada pelo método de abordagem assim discriminado:

Método Indutivo – é um processo de formulações gerais, em que se parte de dados ou observações, cuja aproximação dos fenômenos caminha geralmente para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais particulares às leis e teorias (conexão ascendente);

Exemplo: Cobre conduz energia; Prata conduz energia Cobre e Prata são metais. Portanto, todo metal conduz energia.

Método Dedutivo - parte das teorias e leis gerais, na maioria das vezes reduz à ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente);

Exemplo: Todos os corpos próximos à Terra brilham continuamente. Todos os planetas são corpos próximos à Terra. Portanto, todos os planetas brilham continuamente.

A aplicação do método dedutivo indica um avanço do conhecimento de um dado fato à compreensão do porquê desse fato. Mas, em termos gerais, tanto o método indutivo como o dedutivo fundamentam-se a partir do raciocínio de premissas, ou seja, fatos observados.

Método Hipotético-dedutivo - inicia por uma percepção de uma lacuna nos conhecimentos, formula hipóteses que são conduzidas a um processo de inferência dedutiva, testa e controla a hipótese da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese. É considerado abstrato, de excessiva generalidade, não podendo explicar saltos e rupturas sucessivas que inauguram uma estruturação geral.

Método dialético - penetra no mundo dos fenômenos, através de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança que ocorre na natureza e na sociedade. Para o método dialético não pode existir um objeto isolado de outro, pois todos os fenômenos da natureza estão interligados e determinados mutuamente, através dos princípios da conexão universal de objetos e fenômenos e do princípio do movimento e desenvolvimento. Das leis de unidade e luta dos contrários, lei da transformação da quantidade em qualidade e vice-versa e lei da negação da negação, e trabalha com categorias em forma de perceber sua contradição: individual/geral; causa/efeito; necessidade/acaso; conteúdo/forma; essência/aparência; realidade/possibilidade.

E, na Matemática podemos apresentar o Método de Resolução de Problemas, apresentado por Pólya, G. (1978, p. VI) sob a seguinte síntese:

75

Por sua vez, os métodos de procedimentos seriam etapas mais concretas da investigação, com finalidade menos abstrata e mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos. Pressupõem uma atitude concreta em relação ao fenômeno e estão limitadas a um domínio particular, mas dependendo do objeto, do fenômeno da pesquisa podem ser utilizados vários procedimentos, concomitantemente. São os que veremos a seguir:

Método Histórico - consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje. Para melhor compreender o papel que atualmente desempenham na sociedade, remonta aos períodos de sua formação e de suas modificações;

Método Comparativo - é utilizado tanto para comparações de grupos no presente, no passado, ou entre os atuais e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento;

Método Monográfico - consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, instituições, condições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações;

Método Estatístico - significa a redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos, etc. em termos quantitativos. A manipulação estatística permite comprovar as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado;

Método Tipológico - apresenta certas semelhanças com o método comparativo. Ao comparar fenômenos sociais complexos, o pesquisador cria tipos ou modelos ideais (que não existam de fato na sociedade), construídos a partir da análise de aspectos essenciais do fenômeno;

Método Estruturalista - o método parte da investigação de um fenômeno concreto, eleva-se, a seguir, ao nível abstrato, por intermédio da construção de um modelo que represente o objeto de estudo, retornando por fim ao concreto, dessa vez como uma realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito social.

Método de Resolução de Problemas – é preciso primeiro compreender o problema. Qual a incógnita? Quais são os dados? Qual é a condicionante? Encontrar a conexão entre os dados e a incógnita, para chegar a segunda fase um plano para resolução do problema. Na terceira fase, execute o plano. Na quarta fase, examine a solução obtida, questionando se é possível chegar ao resultado por um caminho diferente? É possível utilizar o resultado, ou método, em algum outro problema?

Dialogando e Construindo Conhecimento

Atividade 8 Faça uma pesquisa bibliográfica no site da www.anped.org.br, no GT Matemática e selecione três textos apresentados, faça uma análise de caminho metodológico traçado, buscando reconhecer o tipo de método de procedimento aplicado para a análise da problemática.

Pelo estudo dos métodos de resolução de problemas, percebemos um novo aspecto da matemática. Sim porque

ela tem dois aspectos: é a rigorosa ciência de Euclides, mas é também uma outra coisa. A Matemática, apresentada da

maneira euclidiana, revela-se uma ciência dedutiva, sistemática, mas a Matemática em desenvolvimento apresenta-se

como uma ciência indutiva, experimental. Ambos os aspectos são tão antigos quanto a própria ciência.

A generalização pode ser útil na resolução de problemas. E a Heurística é o estudo dos métodos e das regras

da descoberta da invenção. A Heurística tem múltiplas conexões: matemáticos, lógicos, psicólogos, educadores e até

filosóficos reivindicam partes deste estudo para os seus domínios particulares.

A Heurística moderna procura compreender o processo solucionador de problemas, particularmente as

operações mentais, típicas desse processo, que tenham utilidade. Dispõe de várias fontes de informações, nenhuma

das quais deve ser desprezada. Um estudo consciencioso da Heurística deve levar em conta, tanto as suas bases

lógicas quanto psicológicas. [...] O estudo da Heurística tem objetivos “práticos”: melhor conhecimento das típicas

operações mentais que se aplicam à resolução de problemas pode exercer certa influência benéfica sobre o ensino,

particularmente sobre o ensino da Matemática (op. cit., p. 87).

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4. Avaliando o que foi construído Nesta unidade foi possível pensar, a partir da escolha de uma temática qual a perspectiva teórica que se pode adotar para a análise do fenômeno, bem como perceber que a opção da análise teórica, implica a concepção filosófica e ideológica de olhar o objeto de pesquisa, influenciando diretamente na produção do conhecimento. Daí a apresentação de várias opções de métodos e procedimentos de pesquisa. Contudo, é possível entender que o caminho metodológico da pesquisa pode ser reconstruído à medida que seu objeto torna-se mais claro, de modo que as abordagens teóricas e os métodos de análise do fenômeno não podem se constituir em camisa de força e reduzir a sua criatividade de pesquisador ou pesquisadora a simples comprovação da realidade.

5. Referências

CARVALHO, Maria Cecília M. de. Metodologia Científica, Fundamentos e Técnicas. Construir o saber. 4ª ed. São Paulo: Papirus, 1994. CURY, Helena Noronha; ROSA Fernanda Reis da. Concepções x Formação crítica em Ciências e Matemática. Revista Educação, Porto Alegre, v. 25, n. 47, pp. 139-151, jun. 2002. LOWY, Michel. Ideologia e Ciência Social. Elementos para uma análise marxista. 9ª ed. São Paulo: Cortez, 1993. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 20ª ed. Rio de Janeiro: 1994. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O Desafio do Conhecimento – Pesquisa Qualitativa em Saúde. 6ª ed. São Paulo: Hucitec, Rio de Janeiro: Abrasco, 1999. POLYA, G. A arte de resolver Problemas. Rio de Janeiro: Interciência, 1978. RAMPAZZO, Lino. O conhecimento. In. Metodologia científica. Para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. São Paulo. Edições Loyola, 2002. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social. Métodos e Técnicas. 3ª ed. São Paulo Atlas, 1999. SEABRA, Giovanni de Farias. Pesquisa científica: o método em questão. Brasília. Editora da UnB, 2001.

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Unidade V A Pesquisa Científica e o Projeto de Pesquisa

1. Situando a Temática

Como estudamos na unidade anterior, existem várias abordagens filosóficas que podem ser empregadas para a análise do objeto de pesquisa científica, bem como métodos de análise e de procedimentos de pesquisa. A pesquisa científica não se configura como qualquer ação em que existe uma relação sujeito e objeto no processo de descoberta e/ou reformulação do conhecimento, que requer uma preparação a priori.

Esse processo de construção da pesquisa exige a elaboração de um projeto de pesquisa, em que se definem os elementos essenciais para o estudo e produção de novos conhecimentos. E, para ajudá-lo a pensar sobre a escolha de uma temática e elaborar um projeto de pesquisa, formulamos esta unidade. Buscamos a síntese de algumas questões práticas sobre a metodologia de elaboração de projetos científicos, para quem pretende se iniciar na pesquisa acadêmica.

O interesse é facilitar o entendimento do pretenso pesquisador na proposição da elaboração do objeto de pesquisa, através de questões esquemáticas tornando essa atividade um prazer, pois a descoberta de novas idéias ocorre a partir da busca incessante e inacabada da realização da curiosidade e da dúvida.

2. Problematizando a Temática

A experiência de orientação de trabalhos acadêmicos de graduação e pós-graduação tem demonstrado a fragilidade e a insegurança de muitos estudantes quando estão diante da necessidade de construção de trabalhos acadêmicos de monografia e/ou mestrado, em que o ponto de partida é a elaboração de um tema de pesquisa.

O projeto de pesquisa tem se tornado um “bicho de sete cabeças”, diante da falta de experiência e criatividade de muitos estudantes, quando sua elaboração não passa de um trabalho intelectual que necessita de uma boa idéia, um estudo sistematizado e clareza teórico-metodológica.

Assim, alguns pontos têm “atormentado” muitos estudantes que indagam: O que é uma pesquisa científica? Que problema irei pesquisar? Por onde podemos iniciar a elaboração de um projeto de pesquisa? Que método de pesquisa usarei para a análise do meu problema? E assim, sucessivamente...

3. Conhecendo a Temática

3.1. Elementos de construção do Projeto de Pesquisa A pesquisa científica é uma atividade básica da organização do trabalho científico. É uma prática teórica

de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximações sucessivas da realidade que não se esgota na simples combinação particular entre teoria e realidade. O jogo da ciência baseia-se na relação concreto-abstrato / abstrato-concreto, ou na pseudoconcreticidade, como diz Kosik (1989, p. 18).

O mundo real, oculto pela pseudoconcreticidade, apesar de nela se manifestar, não é o mundo das condições reais em oposição às condições irreais, tampouco o mundo da transcendência em oposição à ilusão subjetiva; é o mundo da práxis humana. É a compreensão da realidade humano-social como unidade dialética de produção e produto, de sujeito e objeto, de gênese e estrutura.

Atualmente, no contexto de mudanças globalizantes e informatização do conhecimento, a questão que se

coloca é como enxergar elementos de uma cultura nascente, no ritmo acelerado da sociedade em que as imagens do cotidiano são quase invisíveis em um cenário de mudanças na organização social.

Nesse contexto, a observação do mundo não se presta à conclusão, nem mesmo às classificações próprias do mundo moderno, pois “é preciso afirmar uma postura mais respeitosa com as múltiplas experiências da vida cotidiana, distanciada das noções afirmadas pela razão moderna”. (GONSALVES, 2003, p. 49).

Assim, a pesquisa reflete posições frente à realidade, momentos do desenvolvimento da dinâmica da relação sujeito e objeto, preocupações e interesses de resolução de problemas, que julga-se que sejam significativas para a sociedade, para a academia e/ou para a construção de novos conhecimentos.

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O projeto de pesquisa é uma apresentação organizada do conjunto de decisões que já foram tomadas em relação à investigação científica que pretende empreender. O projeto deve ser entendido como um instrumento de ação. Ele existe para ajudar a descobrir pistas para compreender alguns problemas e não para criar obstáculos para o seu entendimento!

Na elaboração do projeto co-existem elementos científicos e não científicos, o que implica três dimensões: 1. A dimensão técnica – regras instituídas sobre a elaboração de um projeto de pesquisa científica, já

consensuais na comunidade científica; 2. A dimensão teórica – à escolha do pesquisador (tema, referencial teórico etc.) que norteia a

reconstrução de um objeto de conhecimento com procedimentos próprios e consensuais no campo da ciência; 3. A dimensão afetiva – revela o envolvimento do pesquisador com a temática escolhida.

3.2. Estrutura Básica de um Projeto de Pesquisa. Existe alguns elementos básicos que se tornaram clássicos na elaboração de um projeto de pesquisa. Este

deve conter: justificativa, problema, objetivos, metodologia, cronograma, referências bibliográficas. Esse modelo, por se constituir como clássico, diante das mudanças paradigmáticas e de enfoques metodológicos, vem sofrendo modificações, de modo que alguns o formulam desta forma: origem do problema, âmbito da problemática, objetivos, considerações teórico-metodológicas, cronograma e referências bibliográficas, e outros preferem este outro modelo: objeto de estudo, considerações teórico-metodológicas, cronograma e referências bibliográficas.

Seja qual for sua forma, deverá conter um núcleo básico, respondendo às seguintes questões: O que pesquisar? (Definição do problema, hipóteses, base teórica e conceitual); Para que pesquisar? (Justificativa da escolha do tema); Como pesquisar? (Metodologia); Quando pesquisar? (Cronograma de execução); Com que recursos? (Orçamento); Pesquisado por quem? (equipe de trabalho, pesquisadores, coordenadores, orientadores). (DESLANDES,

1996, apud. GONSALVES, 2003, p. 14). Como se pode observar, o processo de pesquisa que tem como resultado o conhecimento científico não

constitui tarefa fácil, exige sistemática metodológica, em que o pesquisador passa por várias fases no percurso da investigação científica.

3.2.1. A Escolha do Tema da Pesquisa.

A escolha do tema ou assunto é o ponto inicial da pesquisa. Deve-se pensar um tema que esteja envolvido

por uma problemática que remete a situações concretas de análise e apresente algumas contribuições para a sociedade, que de certa forma tenha atualidade, e relacione-se às preferências do ramo de saber do pesquisador.

Os temas da pesquisa podem emergir de várias situações. Exemplificamos algumas: Da observação do cotidiano, direcionando seu olhar, o pesquisador poderá descobrir problemas

interessantes; Da vida profissional, que suscita a vivência de muitas situações problemáticas; Do contato com especialistas, que costumam proporcionar o levantamento de novas questões; Do estudo de literatura especializada, que pode indicar controvérsias e lacunas a serem preenchidas; Da criatividade, da descoberta repentina e algumas vezes casual de um problema a ser investigado.

Assim, o tema de pesquisa selecionado deve indicar a área de interesse a ser investigada, definida a partir

da vontade e motivação do pesquisador, em que este deve ter certa familiaridade com o tema, o que facilita a busca da bibliografia e uma reflexão mais consistente. Também, o pesquisador deve se questionar ao escolher o

O que pesquisar? Mil idéias!!!!!! Por onde começar? Que critérios devem ser observados na seleção do objeto de estudo?

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tema, se este é exeqüível, se é possível ser executado por você. Assim listamos algumas perguntas que poderão lhe ajudar na escolha da temática:

O tema pode ser tratado em forma de pesquisa? O tema trará contribuições à sociedade atual e à ciência? O tema apresenta possibilidades de novos conhecimentos? O tema já é peculiar ao pesquisador?

Definido o tema amplo, o passo seguinte é se aproximar para descobrir o que pesquisar, isto é, a partir desta

temática ampliada perguntar: qual o aspecto, quais elementos, sobre quais pontos irei me debruçar para aprofundar a temática? Richardson (1985) indica que o pesquisador pode utilizar dois processos: definir a priori o problema sem os sujeitos da pesquisa ou “escutar” os sujeitos da pesquisa que levantam os problemas.

3.2.2. Referencial Teórico. O caminho para problematizar e delimitar o tema.

Após definir o tema e organizar o levantamento inicial, é necessário precisar mais o que se vai estudar, ou

melhor, que aspecto do tema será privilegiado na investigação. É a problematização do tema e sua delimitação.

Problematizar significa abrir um leque de questões que possam colaborar para que o problema seja definido, para que a hipótese possa emergir e situar o problema no contexto do debate teórico. É selecionar o campo de atuação, fazer o recorte.

A revisão da literatura é uma busca sistemática no sentido de mapear o que se tem pesquisado na área.

Não é uma fase discreta, independente da pesquisa. A integração do material levantado deve permitir uma análise do que se tem denominado “estudo da questão” sobre um determinado tema ou problema de pesquisa, revelando lacunas que justificam o estudo que se pretende fazer (MOURA, 1998, p. 38).

Para a delimitação da problemática deve-se proceder a um levantamento de documentos disponíveis a fim de mapear as diferentes contribuições expressas em livros, periódicos e outros que tratam da temática, para encontrar o elemento inovador. Isso significa ir ao encontro de material bibliográfico desconhecido e/ou indicado.

Assim, para conhecer o tema e especificar o problema a ser pesquisado podemos dispor de três

procedimentos iniciais, que no decorrer da pesquisa devem ser continuamente retomados, com objetivos de aprofundamento do tema e coleta de dados:

Pesquisa documental: é a pesquisa feita a partir de documentos colhidos em fontes primárias (cartas, registros, jornais, autobiografias), ou seja, dados originais que estão em contato direto com o pesquisador. Ou em dados secundários, que são os registros já feitos por outras pessoas, o que não diminui sua relevância. Esses documentos já foram analisados e você estará apresentando um novo enfoque de análise.

Pesquisa bibliográfica: aproxima-se da pesquisa documental. O elemento diferenciador está na natureza das fontes. O pesquisador vai se deparar com dois tipos de dados, os que são encontrados em fonte de referência (dados populacionais, econômicos, históricos etc.) e aqueles dados especializados em cada área do saber, indispensáveis para o desenvolvimento da pesquisa científica. Aqui nos referimos à consulta bibliográfica realizada a partir das diversas fontes de informação.

Contatos diretos: conversas informais com pessoas que podem fornecer dados ou sugerir fontes de pesquisas úteis.

A Delimitação da temática começa com uma questão que permite a busca de novas respostas. Se for bem delimitada, a condução da pesquisa será facilitada, os objetivos ficam mais claros e a metodologia é indicada

A problematização deve estar inserida no referencial teórico, o que não significa prender-se a uma “camisa de força”, pois os dados são sempre construídos e a partir deles novas categorias teóricas podem surgir.

Cuidado! Não cair no extremo de pretender realizar uma monografia sem consultar livros, somente com a sua experiência ou acreditar que dois ou três livros podem dar conta do conteúdo de pesquisa.

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com mais propriedade. É importante não esquecer que não existe uma receita para construir uma situação problemática. Mas, alguns pontos devem ser considerados:

1. Identifique a situação problemática em seu contexto histórico, social, político e cultural; 2. Examine os fatos que compõem a situação escolhida e as explicações já existentes; 3. Registre concordâncias, discordâncias entre os autores e lacunas a serem preenchidas que irão

evidenciar o que ainda precisa ser pesquisado; 4. Descubra a concepção teórica de cada autor da pesquisa bibliográfica, isso permite maior diálogo entre

os autores e seu entendimento. 5. Reflita sobre a pertinência das relações estabelecidas entre os fatos e as explicações oferecidas pelos

autores. Assim, formular a questão de pesquisa significa expor de maneira clara, específica e operacional, qual é o

problema que se pretende estudar. Vamos analisar alguns exemplos: Ao analisar este enunciado, que pretende ser uma problemática de pesquisa, podemos perguntar se é

possível desvelar a mente do outro, ainda do conjunto dos professores de matemática. Desta forma, precisamos rever a formulação e pensar em uma primeira indagação, que pode ser: Essa problemática, contudo, ainda carece de maior precisão, objetividade, já que não se conseguirá saber a

resposta de todos. Então, torna-se necessária a delimitação do tema, indicando a direção para as possíveis respostas, mesmo que provisórias, o que irá constituir as possíveis hipóteses, conforme exemplificamos abaixo:

Se a pergunta central for: Uma hipótese pode ser colocada da seguinte maneira: A hipótese é uma explicação como resposta à pergunta (o problema formulado). É uma suposição, uma

resposta provisória, pois de posse dos novos elementos teóricos pode-se afirmar completamente ou mesmo contradizer a resposta provisória.

Segundo Richardson (1999, p. 64), as hipóteses devem ser extraídas dos problemas em tela, os quais

devem estar explícitos nos objetivos da pesquisa. Podem ser formulados a partir de três tipos de hipótese: a) univariadas - são as que apresentam apenas uma variável; b) multivariadas - são as que apresentam ligação entre duas ou mais variáveis;

Os professores de matemática, que trabalham na escola X, na cidade Y, possuem uma descrença sobre a escola como veículo de ascensão social?

Há evidências de que os professores que trabalham na escola X, na cidade Y, possuem uma descrença sobre a escola como veículo de ascensão social.

Os professores de matemática possuem descrença sobre a escola como veículo de ascensão social?

Como funciona a mente dos professores de matemática que possuem uma descrença sobre a escola como veículo de ascensão social?

LEMBRE-SE: O enunciado da hipótese é uma expressão de livre escolha, que mistura intuição, bom senso, experiência e competência. Você não é obrigado a justificar a sua hipótese.

Pense !!! Quem já tem resposta, não precisa pesquisar. A ciência está alicerçada na dúvida e não na certeza. Além disso, não deve se basear em valores morais.

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c) relação causal - as que apresentam relação de causa e efeito entre as variáveis.

3.2.3. Objetivos da Pesquisa.

É o que se pretende atingir com a pesquisa e não o que se vai fazer para atingi-lo! Além de indicar a natureza do problema, os objetivos oferecem indicações sobre a escolha do percurso metodológico.

Os objetivos devem ser reais e atingíveis. Em geral são iniciados por um verbo no infinitivo. Santos (1999) apud. Gonsalves (2003, p.57) estabelece a seguinte classificação:

* Estágio de conhecimento – apontar, citar, classificar, conhecer, definir, descrever, identificar, reconhecer, relatar.

* Estágio de compreensão – compreender, concluir, deduzir, demonstrar, determinar, diferenciar, discutir, interpretar. localizar, reafirmar.

* Estágio de aplicação – aplicar, desenvolver, empregar, estruturar, operar, discriminar, praticar, selecionar, traçar.

* Estágio de síntese – compor, construir, documentar, especificar, esquematizar, formular, produzir, propor, reunir, sintetizar.

* Estágio de avaliação – argumentar, avaliar, contrastar, decidir, escolher, estimar, julgar, medir, selecionar.

Os objetivos ainda podem ser gerais, quando especificam o que se pretende alcançar com a realização da pesquisa de modo geral. Exemplo: Analisar a concepção filosófica e ideológica dos professores de Matemática com relação ao papel social da escola. Ou específicos, considerados secundários, por contribuírem para alcançar o objetivo geral. Exemplo: Descrever os conceitos que caracterizam a visão ingênua e crítica dos professores de Matemática da escola X, com relação ao papel social da escola.

3.2.4. Justificativa

A elaboração da justificativa remete a uma narração sucinta, porém complexa, dos aspectos teóricos e

práticos da pesquisa. Nos aspectos teóricos ressalta-se a reflexão crítica sobre a temática tendo por base as leituras realizadas no levantamento bibliográfico, de forma que já se indica a concepção teórica de análise. Além desses aspectos, o pesquisador deve indicar a origem da escolha da temática, ou seja suas razões pessoais e/ou profissionais da escolha, o que oportuniza o pesquisador a repensar a razão da escolha da temática. Desta forma, é importante considerar os seguintes aspectos:

Por que escolhi esse tema? O tema que escolhi é importante? Que motivos o justificam, nos planos teórico e prático? Qual a relação do tema e/ou do problema formulado com os contextos da sociedade e da matemática? Que contribuição esse estudo pode oferecer e, se for o caso, quais os aspectos inovadores do trabalho? Não existe modelo nem padrão para escrever a justificativa, mas Richardson (1999, p. 55) indica os

seguintes pontos que podem ser contemplados e que aqui apresentamos de forma sintética: 1. Modo como foi escolhido o tema e como surgiu o problema levantado para o estudo; 2. Apresentação das razões em defesa do estudo realizado; 3. Relação do tema e/ou do problema estudado com o contexto social; 4. Explicação dos motivos que justificam a pesquisa nos planos teórico e prático, sua contribuição para o

conhecimento humano e para a solução do problema em questão; 5. Referências aos possíveis aspectos inovadores; 6. Considerações sobre onde será realizada a pesquisa em níveis local, regional, nacional, internacional; A justificativa em geral apresenta citações. No entanto, o objetivo não é fazer uma revisão teórica, mas,

sim, sublinhar a importância daquela investigação no debate teórico.

Variável é um aspecto observável de um fenômeno ligado a outras variáveis em relação determinada.

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3.2.5. O Percurso Metodológico. Indica um processo de construção, um movimento que o pensamento humano realiza para compreender a

realidade social. Isso significa que o percurso metodológico estará indicando a concepção sobre a relação sujeito-objeto do conhecimento, refere-se a suas escolhas filosóficas e metodológicas.

A metodologia inclui a criatividade e a experiência do pesquisador, mas de posse dos elementos próprios do campo da investigação social, ele tem o poder de criar o seu próprio caminho e evidenciar o método como o caminho que se construiu no processo de reflexão teórica, todavia, apresentamos alguns tipos de pesquisa que podem contribuir com o processo de escolha da metodologia.

Tipos de Pesquisa segundo os Objetivos: 1. Pesquisa exploratória: caracteriza-se pelo desenvolvimento e esclarecimento de idéias, com objetivo de

oferecer uma primeira aproximação a um determinado fenômeno. 2. Pesquisa descritiva: objetiva escrever as características de um objeto de estudo, não está interessada no

porquê, nas fontes do fenômeno; preocupa-se em apresentar suas características. 3. Pesquisa experimental: é a herança do positivismo, refere-se a um fenômeno que é reproduzido de

forma controlada, submetendo os fatos à experimentação (verificação), buscando, a partir daí, evidenciar as relações entre os fatos e as teorias.

4. Pesquisa explicativa: pretende identificar os fatores que contribuem para a ocorrência e o desenvolvimento de um determinado fenômeno. Buscam-se aqui as fontes, as razões das coisas.

Tipos de Pesquisa segundo os Procedimentos de Coleta 1. Pesquisa de campo: pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. O

pesquisador precisa ir ao espaço onde ocorre ou ocorreu o fenômeno. 2. Estudo de caso: é a pesquisa que privilegia um caso particular, uma unidade significativa, considerada

suficiente para a explicação do fenômeno. 3. Pesquisa participativa: propõe-se a efetivar a participação da população pesquisada no processo de

geração de conhecimento, que é considerado um processo formativo. Tipos de Pesquisa segundo a Natureza dos Dados. 1. Pesquisa Quantitativa: remete para uma explanação das causas, por meio de medidas objetivas, testando

hipóteses, utilizando-se basicamente da estatística. Nesses termos, transformou-se a vida social em números. 2. Pesquisa Qualitativa: preocupa-se com a compreensão, com a interpretação do fenômeno, considerando

o significado que os outros dão às suas práticas, o que impõe ao pesquisador uma abordagem hermenêutica5. Os Sujeitos da Pesquisa. O objeto da pesquisa refere-se ao tema, o elemento escolhido para a investigação. Os “sujeitos da

pesquisa” se refere ao universo populacional que foi privilegiado, as pessoas ou a materialidade que fazem parte do fenômeno que se pretende desvelar.

Assim, no processo de investigação, existem dois tipos de sujeitos, o sujeito investigador e o sujeito investigado (ou o objeto investigado), este último imerso em uma situação problema que é o objeto de investigação do primeiro. Nesse processo o investigador interage com o sujeito/objeto e dessa interação os dados são produzidos.

O Espaço da Pesquisa É necessário perceber os elementos estruturantes, que conferem uma identidade ao local. O “lugar” é o

familiar, o concreto, o delimitado. A noção de “lugar” indica o ponto de localização ou atuação do objeto especifico que são dominados pela presença. O espaço remete para relações entre outros que estão ausentes, distantes em termos de lugar. A noção de espaço contempla muitos locais. Assim, o espaço transcende o objeto

5 Diz respeito à teoria e à prática da compreensão em geral, e à interpretação do significado de textos e ações em particular. O pensamento hermenêutico

destaca a localização de toda atividade dentro de uma estrutura particular de interpretação. Com tal, chama nossa atenção para os pressupostos e limitações

de todas as formas de pensamento e prática social. O objetivo dos que o propõem tem sido fomentar a interação comunicativa e, com isso, facilitar o

desenvolvimento de formas humanitárias e autenticamente racionais de co-existência social. Ver. OUTHWAITE, William; BOTTOMORE, Tom.

Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. (pp. 350).

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geográfico. Para Giddens (1990, p. 19) “O que estrutura o local não é simplesmente aquilo que está presente na cena; a ‘forma visível’ do local oculta as relações distanciadas que determinam sua natureza”.

Os Procedimentos da Pesquisa. É o momento de indicar os instrumentos a serem utilizados na pesquisa. A indicação não deve ser

entendida como uma simples citação do tipo “pretendo utilizar o questionário”. É importante deixar claros os critérios de escolha do instrumento, assim como que informações se pretende obter a partir da utilização deles. É importante destacar como será aplicado o instrumento escolhido e com quem será aplicado.

Análise dos Dados A indicação da análise dos dados constitui um elemento do corpo metodológico da pesquisa, de modo que

você deve voltar-se à unidade que indica os métodos científicos, apontando qual abordagem você seguirá. Lembre-se que os métodos não podem se instituir em uma grade que deixa o pesquisador preso. A escolha do método de análise depende da forma como foi problematizado o seu tema e objeto de estudo.

3.3. Cronograma.

Depois de traçado o caminho a ser percorrido é importante delimitar o tempo que será utilizado para fazer

a pesquisa. Assim, sugere-se que no cronograma sejam contempladas as seguintes fases: Revisão bibliográfica; Elaboração dos instrumentos de pesquisa; Coleta de dados; Análise do material coletado; Preparação do relatório da pesquisa; Redação do trabalho final.

3.4. Referências Nas referências, deve ser listado o material bibliográfico e documental que foi utilizado para a

fundamentação teórica da pesquisa. Se a pesquisa contiver documentos, estes também devem ser listados, atendendo às normas. Daí procede a importância da organização inicial do levantamento bibliográfico em forma de fichamento, o que impede que o pesquisador se perca na disposição das referências.

Dialogando e Construindo Conhecimento

4. Avaliando o que foi construído

Estamos chegando ao final da disciplina e esta unidade representa a sistematização prática do que se estudou nas unidades anteriores de modo que aqui você encontra os elementos básicos para a elaboração do seu projeto de pesquisa, o que oportunizará, no processo de execução, refletir sobre os processos de produção do conhecimento e o compromisso do educador com o processo de criação e inovação.

Atividade 09 A partir da escolha da temática para estudo e a abordagem de análise, continue a atividade com o levantamento bibliográfico e escreve pequeno texto sobre a temática em estudo, justificando sua relevância social e acadêmica.

Lembre-se de que você está em processo de estudo que resulta em uma produção, neste caso um projeto de pesquisa científica, e que na ciência tudo tem suas regras. Mas, é evidente que a ciência é também formada pela criação de elementos inovadores. O conhecimento só avança a partir do já conhecido. O novo surge do velho! Portanto, expresse sua criação e criatividade, buscando inovar.

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5. Referências GIDDENS, Anthony. A Constituição da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1989. GONSALVES, Elisa Pereira. Iniciação à Pesquisa Científica. 3ª. ed. Campinas: S. Paulo: Alínea, 2003. KOSIK, Karel. A Dialética do Concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O Desafio do Conhecimento. Pesquisa Qualitativa em Saúde. 6ª ed. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco, 1999. OUTHWAITE, William; BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. (pp. 350). RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social. Métodos e Técnicas. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.

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Unidade VI Produção Científica. Elementos Conceituais e Estruturantes.

1. Situando a Temática

Nas unidades anteriores foi possível perceber que a elaboração de um projeto de pesquisa é o passo inicial fundamental para a produção de conhecimento, expressando as concepções filosóficas e ideológicas de quem o elabora. Nesta unidade iremos estudar os tipos de produção científica adotados pela academia, como fruto de projetos elaborados a partir de problemáticas, delimitação do tema, objetivos e caminho metodológico traçado.

2. Problematizando a Temática

A elaboração de um trabalho científico exige dedicação e capacidade intelectual, habilidades que se adquirem à medida que os estudos se desenvolvem, pois contraditoriamente, quanto mais se estuda mais se tem necessidade de aprender, pois o conhecimento não se esgota em poucas atividades de leitura ou em projeto de pesquisa.

Assim, torna-se necessário identificar as características conceituais e estruturais que compõem a produção científica aceita pela academia. Por isso, necessário se faz pensar: Quais as normas técnicas de elaboração dos trabalhos científicos? Como eles se apresentam ante as exigências da produção científica?

3. Conhecendo a Temática

3.1. Tipos de trabalho científicos

Os trabalhos científicos se caracterizam, pela originalidade, pela contribuição para a ampliação de

conhecimentos ou compreensão acerca de certos problemas e o atendimento às normas técnicas estabelecidas pela ABNT e podem ser chamados de trabalhos monográficos, por serem resultados de pesquisas; o que os diferencia é o seu grau de complexidade, conforme a abstração teórica de cada produção.

Podemos apresentar os seguintes tipos de trabalhos científicos: a) Resenha crítica: indica trabalho de síntese, uma análise resumida de produções científicas ou não,

podendo ser seguida de apreciação crítica, que está vinculada à maturidade e autonomia do autor da resenha. b) Relatório: é a parte final da pesquisa, consiste em apresentar aos órgãos interessados e/ou pessoas o

resultado da pesquisa e/ou trabalhos de campo. c) Dissertação: é um tipo de trabalho apresentado ao final do curso de pós-graduação em nível de

mestrado, a fim de obter o título de Mestre. É um estudo teórico-prático de natureza reflexiva, requer sistematização e interpretação dos dados.

d) Tese: é um trabalho monográfico de doutorado, com escrita original sobre uma temática, com o objetivo de ampliação e/ou criação de novos conhecimentos.

e) Artigo científico: é um trabalho destinado a publicação em revistas e periódicos, é um pequeno estudo que trata de uma questão científica, que pode ser resultado de pesquisas ou estudos teóricos.

f) Monografia: é um estudo profundo sobre um autor (a), um tema, uma época. Remete para um trabalho específico sobre o tema específico. O trabalho monográfico caracteriza-se mais pela unicidade e delimitação do tema e pela profundidade do tratamento do que por sua eventual extensão, generalidade ou valor didático. (SEVERINO, 2000, p. 129).

Como estamos em um curso de Licenciatura em Matemática, o trabalho que o aluno deverá apresentar ao

final do curso será uma monografia.

Cuidado! Fazer uma monografia não é fazer um exercício de cópia de vários textos, repetindo o que já foi dito por outro! Também cuide do oposto: um trabalho de monografia não é a manifestação de suas opiniões pessoais, sem fundamentá-las!

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3.2. Estrutura da Monografia. Monografia indica todo trabalho científico que resulta da pesquisa. Em nível de pós-graduação stricto

sensu, destacam-se a dissertação de mestrado e a tese de doutorado. Desta última exige-se uma contribuição original sobre o tema, devendo significar um progresso para o campo da ciência, uma “descoberta”.

Quando se fala em “descoberta”, pode-se estar falando de invenções revolucionárias como a descoberta da fissão nuclear, a teoria da relatividade ou uma vacina contra o câncer, como também podem ser descobertas mais modestas, pode ser uma maneira nova de ler e entender um texto clássico, a identificação de um manuscrito que lança nova luz sobre a biografia de um autor, uma reorganização e releitura de estudos precedentes que conduzem à maturação e sistematização das idéias que se encontravam dispersas em outros textos. Em qualquer caso, o estudioso deve produzir um trabalho que teoricamente os outros estudiosos do ramo não ignorem, portanto diz algo de novo sobre o assunto. (ECO, 1983, p.2).

3.2.1. Partes que compõem um trabalho monográfico

1. Introdução: a) Contexto - situa o problema no interior das discussões mais relevantes sobre o tema. b) Problema - deixa claro qual o objeto da pesquisa e contribuição que pretende dar à compreensão do

tema. c) Resposta - declara qual a resposta (sempre provisória) que você descobriu para o tema. Para elaborar a introdução, a primeira referência é o projeto de pesquisa. Deve ser um elemento de

sedução e convencimento. 2. Desenvolvimento: Apresentar e discutir as principais idéias do trabalho. O número de partes depende do tipo de investigação

feita. Abaixo apresentamos alguns pontos necessários a serem observados na elaboração da redação textual. Descrição dos princípios básicos da redação técnico-científica segundo UFPR (2000): Característica Descrição Objetividade e coerência abordagem simples e direta do tema;

seqüência lógica e ordenada de idéias; coerência e progressão na apresentação do tema conforme objetivo proposto; conteúdo apoiado em dados e provas, não opinativo;

Clareza e precisão evita comentários irrelevantes e redundantes; vocabulário preciso (evita linguagem rebuscada e prolixa); nomenclatura aceita no meio científico;

Imparcialidade evita idéias pré-concebidas; não faz prevalecer seu ponto de vista;

Uniformidade uniformidade ao longo de todo o texto (tratamento, pessoa gramatical, números, abreviaturas, siglas, títulos de seções);

Conjugação uso preferencial da forma impessoal dos verbos; 3. Conclusão: Retomar de forma sintética as principais idéias colocadas nas duas primeiras partes, estabelecendo

possíveis relações e elaborando algumas considerações finais, a título de análise dos dados da pesquisa. Torna-se também importante o pesquisador assinalar novas proposições a serem estudadas por outros, pois a ciência e o conhecimento não são estanques, mas subsistem da dinamicidade. Assim apresentamos três características principais que devem fazer parte da conclusão de um trabalho científico:

Essencialidade: síntese interpretativa das principais idéias do trabalho; Brevidade: o texto deve ser curto, claro e convincente; Pessoalidade: evidenciar com clareza o ponto de vista do autor.

3.2.2. Estrutura do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC ou Monografia) Capa - é a proteção externa do trabalho, normalmente padronizada pelo curso.

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Folha de Rosto - é a folha que apresenta os elementos essenciais à identificação do trabalho. Verso da Folha de Rosto - ficha catalográfica. Folha de Aprovação - autor, título, aprovado em ... , nome do orientador, banca examinadora se for o

caso. Dedicatória - a critério do autor. Agradecimentos - é interessante que sejam feitos agradecimentos a pessoas e instituições. Sumário - relação das principais divisões do trabalho na ordem em que aparecem no texto. Lista de Ilustrações - localiza-se após o sumário, em página própria. Relaciona figuras, tabelas, quadros e

gráficos, na ordem em que aparecem no texto, indicando o número, o título e a página onde se encontram. Se houver poucas ilustrações de cada tipo, todas podem ser colocadas em uma página só.

Lista de Siglas, Abreviaturas e Símbolos - devem ser ordenadas alfabeticamente, seguidas de seus significados. Usar uma nova página para cada listagem.

Resumo - é a apresentação resumida, clara e concisa do texto, destacando-se os aspectos de maior interesse e importância. Deve ser redigida de forma impessoal, não excedendo 500 palavras. O resumo deve ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões do trabalho.

Abstract - é a tradução do resumo para uma língua estrangeira. Deve ser acompanhado de Palavras-Chave, que são cerca de três a cinco palavras principais do texto completo.

3.2.3 Elementos Pós-Textuais

Referências – são as bibliografias consultadas, citadas ou recomendadas. Anexos - todo o material que poderia estar no texto, mas por algum motivo é deslocado para aqui. A

indicação dos anexos é feita com letras maiúsculas. Ex.: Anexo A, Anexo B. Apêndices - o que não é fundamental ao texto, mas que pode servir de apoio ao mesmo. Glossário- lista em ordem alfabética de palavras especiais, pouco conhecidas, obscuras ou de uso restrito. Índice - colocado no final do trabalho, é remissivo ao texto, podendo ser por autor, assunto, palavras-

chave, etc. Notas de Rodapé - destinam-se a prestar esclarecimentos, comprovar uma afirmação ou justificar uma

informação que não deve ser incluída no texto. As notas devem limitar-se ao mínimo necessário. As notas de rodapé são colocadas no pé da página, separadas do texto por uma linha de aproximadamente 1/3 da largura útil da página, a partir da margem esquerda. A indicação da remissiva para rodapé deve ser feita com números em expoente. Para isso utiliza-se o auxílio do computador, a partir do programa Windows Word – a partir do menu inserir, referências, inserir notas de rodapé. Estas devem ter tamanho 10 e espaçamento simples.

Exemplo de uma estrutura de trabalho monográfico:

CAPA/FOLHA DE ROSTO AGRADECIMENTOS DEDICATÓRIA SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 06 2. O CONHECIMENTO MATEMÁTICO ................................................................................................. 10 3. AS CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES SOBRE A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS...... ........... 19 4. O USO DE MATERIAIS CONCRETOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA...................................... 24 5. O ENSINO DA MATEMÁTICA NA ATUALIDADE.......................................................................... 31 5.1 Desafios da Matemática Moderna..................................................................................................... 34 6. OS PCN’s E O ENSINO FUNDAMENTAL EM MATEMÁTICA ...................................................... 36 7. A DINÂMICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NA MATEMÁTICA ...................................... 42 7.1 A linguagem dos números: ingresso na arte da Matemática ............................................................ 50 8. JOGOS MATEMÁTICOS COMO RECURSO DIDÁTICO ................................................................ 58 9. A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E ATIVIDADES LÚDICAS NA ADOLESCÊNCIA .................... 63 CONCLUSÃO ............................................................................................................................................ 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 72

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Dialogando e Construindo Conhecimento

4. Avaliando o que foi construído

Após o estudo acerca dos elementos que compõem o projeto de pesquisa apresentamos alguns conceitos básicos que podem lhe ajudar a diferenciar a sua produção científica, bem como os elementos estruturantes para a elaboração futura do seu trabalho de conclusão de curso, o que não deve constituir uma camisa de força; ao contrário, deve ser apenas ponto de partida para o seu processo de criação, mesmo diante das exigências e características de uma produção acadêmica, pois é importante ressaltar que embora o trabalho científico tenha que atender à normatização, ele deve apresentar o pensamento e a subjetividade do autor, pois ele é parte da sua experiência pessoal e profissional.

5. Referências

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1983. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2000.

Para conhecer melhor a estrutura de um trabalho de conclusão do curso de Matemática e exercitar o seu. Consulte três monografias desta área de conhecimento, escolha uma e faça suas inferências teóricas, construindo uma resenha crítica.

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Unidade VII Técnicas para a Elaboração de Trabalhos Acadêmicos

1. Situando a Temática

Nesta última unidade, apresentamos algumas normatizações técnicas para a elaboração de trabalhos acadêmicos, buscando assim facilitar a redação textual do seu trabalho. Contudo, acrescentamos a necessidade de pesquisas para o aprofundamento destas normas, bem como de sua atualização.

2. Problematizando a Temática

Temos estudado ao longo da disciplina as dimensões teóricas e práticas para a formulação de uma produção científica, entendendo que a diferenciação principal entre um trabalho acadêmico e outro tipo de produção textual fixa-se na sistematização e normatização, de modo que precisamos conhecer quais as formas principais para a elaboração dos trabalhos científicos.

3. Conhecendo a Temática

A redação do texto de trabalhos monográficos advém dos estudos realizados a partir da documentação bibliográfica realizada no ato de estudo e dos dados coletados durante a pesquisa. Essa formulação precisa ser apresentada no texto sob a forma objetiva, por isso é necessário que você articule as idéias dos autores lidos ao processo de compreensão que se faz desta leitura e/ou da análise dos dados, atentando para o fato da fidedignidade ao pensamento do autor.

O leitor do seu trabalho deve ter condições de distinguir o momento em que o pesquisador/autor está se posicionando ou quando as idéias referem-se a outros autores que fundamentam, teoricamente, o seu caminho de análise. O processo de redação se efetiva através da forma de citação, conforme as normas previstas pela ABNT. 3.1 Tipos de Citação

Formas em que se usam as citações nas produções científicas:

Citações formais ou diretas ou transcrição: quando transcrevem literalmente trechos de obras.

Devem aparecer entre aspas, respeitando pontuação e ortografia. São apresentadas em forma de referências bibliográficas, acompanhadas de indicações exatas dos documentos de onde foram recolhidas, uma vez que "a virtude fundamental do citador é a fidelidade" (SEVERINO, 2000, p. 106).

Exemplos: De acordo com as conclusões de Marshall (1980, p.249) “da mesma forma que não se pode afirmar se é a

lâmina inferior ou superior de uma tesoura que corta uma folha de papel, também não se pode discutir se o valor e os preços são governados pela utilidade ou pelo custo de produção”.

Citação mais longa deve figurar abaixo do texto, em bloco recuado – de 4 cm da margem esquerda – com letras tamanho 10, sem aspas.

Citações conceptuais ou indiretas ou paráfrase; citação livre do texto: quando as sínteses pessoais reproduzem fielmente as idéias de outros autores. Não é necessário indicar a página, simplesmente o sobrenome do autor e a data de publicação do trabalho. Ex.: conforme Fontes (1987).

Em caso de citação de dois ou mais trabalhos do mesmo autor com o mesmo ano de publicação, diferenciar cada um utilizando letras minúsculas junto à data. Ex.: Souza, 1978; Souza, 1978a.

Citação de citação: quando for absolutamente indispensável a menção a um trabalho ao qual o autor não teve acesso, mas do qual tomou conhecimento apenas por estar citado em outra publicação. Para simplificar a forma de apresentação, é necessário o emprego da expressão latina "apud" no texto. Usa-se apud sempre em itálico quando não se teve acesso ao material original, mas se tomou conhecimento via citação em outro trabalho. Ex.: Silva (1978) apud Souza (1985). Quando for usada no texto: (BRADLEY apud ARMITAGE (1991)) Exemplo: Enguita (apud SILVA, 1991, p.21) chegou às mesmas conclusões.

As entidades coletivas podem ser citadas pelas respectivas siglas, desde que na primeira vez em que forem mencionadas apareçam por extenso. Ex.: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO TRABALHADOR – ABT (1985).

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Citação de Informações Quando as informações são obtidas através de canais informais, tais como, comunicações pessoais,

anotações de aulas, eventos não impressos (conferências, palestras, seminários, congressos, simpósios etc.), deve-se indicar, entre parênteses, a expressão: informação verbal, referenciando os dados disponíveis em nota de rodapé.

Exemplo: Fonseca constata que o principal problema na gestão de recursos humanos é a coordenação em termos de

participação (informação verbal). Trabalho em fase de elaboração deve ser mencionado o fato, entre parênteses, indicando-se os dados

bibliográficos disponíveis em nota de rodapé. As citações devem se ater ao essencial: a) Elipse ou supressões: é permitida a omissão de palavras na citação quando seu sentido não é alterado.

Tal omissão é indicada por reticências entre parênteses (...). Quando são omitidos um ou diversos parágrafos, deve-se usar uma linha pontilhada. Assim:...........................................................................................................

b) Interpolação ou comentários: a exatidão é fundamental na citação. Portanto, qualquer correção ou observação feita deve ser indicada corretamente. Corrige-se da seguinte forma: inserindo a expressão "sic" entre colchetes ou parênteses: (sic), [ sic] ; inserindo a correção entre colchetes ou parênteses: [...] inserindo frases indicando a correção, entre colchetes ou parênteses. Quando for utilizado o grifo (negrito, itálico etc.), deverá ser mencionado como (grifo do autor) ou (grifo meu), torna-se indispensável mencionar os dados necessários à identificação da fonte da citação. Estes dados devem aparecer no texto e no fim do texto nas referências. 3.2 Referências Bibliográficas

As referências constituem o conjunto de indicações precisas e minuciosas, retiradas do próprio documento

citado permitindo sua identificação no todo ou em parte. Os elementos de referência bibliográfica de documentos, livros, textos, periódicos, anais de congressos, folhetos etc. considerados no todo ou em parte deverão ser retirados sempre que for possível da ficha catolográfica da obra consultada. Esses elementos de referência dividem-se em essenciais e complementares.

Elementos Essenciais: são informações indispensáveis à identificação do documento. Estão estritamente ligados ao suporte documental e variam, portanto, conforme o tipo de documento. Ex.: autor, título, local, editora, data de publicação, página inicial e final (quando se tratar de capítulos ou partes de um documento).

Elementos Complementares: são informações que, acrescentadas aos elementos essenciais, permitem melhor caracterizar o documento. Ex.: edição, editor, páginas, porte físico, ilustrações, dimensões, série. Todos estes elementos juntos permitem caracterizar, localizar e datar publicações referenciadas em bibliografias, resumos e/ou recensões.

Além das formas de referências que já apresentamos na seguem outras situações, que exigem cuidados e

atenção ao serem descritas no trabalho acadêmico:

3.2.1 Autorias das obras Toda obra citada deve ser referenciada sua autoria, que deverá atentar para as seguintes situações: a) Autor pessoal: responsável pela criação, conteúdo intelectual ou artístico de um documento. Inicia-se a

entrada pelo último sobrenome do autor, em letras maiúsculas, seguido pelo(s) nome(s). Emprega-se vírgula entre o sobrenome e o(s) nome(s). Os nomes são transcritos como aparecem nos documentos. Ex.: SILVA, L; TEIXEIRA, J. S.

b) Sobrenomes ligados por hífen: DUQUE-ESTRADA, O. c) Sobrenomes que indicam parentesco: ARARIPE JÚNIOR, I. A.; FERRARI FILHO, H.

Atenção!!!!

Toda obra citada deve aparecer nas referências.

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d) Sobrenomes compostos de um adjetivo mais um substantivo. Ex.: CASTELO BRANCO, C.; e) Sobrenomes cuja forma composta é a mais conhecida: EÇA DE QUEIROZ f) Sobrenomes espanhóis: GARCÍA MÁRQUEZ, G.; RODRIGUEZ LARA, J. g) Documentos elaborados por um autor, dois autores, três autores, mais de três autores: Ex: HUNT, L. ;

HUBBERMAN, J. ; SILVA, M.

3.2.2 Autoria

Quando for o caso dos autores serem: Entidade, instituição(ões), organização(ões), empresa(s), comitê(s), entre outros, responsável(eis) por

publicação em que não se distingue autoria pessoal ou mesmo trabalhos de cunho administrativo ou legal, procede-se da seguinte forma:

No texto: (FUNDAÇÃO, 1982, p.57); Na bibliografia: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA. Agricultura no Rio Grande do Sul.

Porto Alegre: 1982 (25 Anos da Economia Gaúcha, v. 3). Quando a entidade coletiva é hierarquicamente vinculada aos governos federal (Ministério), estadual e

municipal (Secretarias), conselhos e universidades: No texto:

BRASIL (1995, p.125); RIO GRANDE DO SUL (1996, p.101); CONSELHO (1987, p.5); UNIVERSIDADE (1985, p.30).

Na bibliografia: BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. A educação no Brasil no ano 2000. Brasília: 1995. 223 p. PORTO ALEGRE. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Departamento Municipal de Águas e Esgotos. Relatório anual. Porto Alegre: 1997. 190 p. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA. Estatuto, regimento geral. João Pessoa: 1999. 74 p.

Trabalho apresentado em eventos (congressos, encontros, simpósios etc.): MALDONADO FILHO, E. A transformação de valores em preço de produção e o fenômeno da absorção e liberação de capital produtivo. In: Encontro Nacional de Economia, 15. Salvador: ANPEC, 1-4, dez. 1975. Anais... p. 157-75.

Evento no todo: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE REDES DE COMPUTADORES, 13. 1995. Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 1995. 655 p.

Eventos em meio eletrônico, no todo ou em parte: IX ENCONTRO DE EXTENSÃO E X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA, 2006. João Pessoa. Anais eletrônicos... João Pessoa: UFPB, 2006. Disponível em http://www.prac.ufpb.br/anais.anais.htm. Acesso em 18/jul/2007. GUNCHO, M. R. A educação a distância e a biblioteca universitária. In: SEMINÁRIO DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 1998. Fortaleza. Anais...Tec Tralha, 1999. 1 CD.

Publicações anônimas ou não assinadas: entrar diretamente pelo título, sendo a primeira palavra em maiúscula. ANTOLOGIA Latina. 6 ed. Madrid: Credos, 1968. 291 p.

Coletânea de textos: Autor, coordenador, editor diferentes da parte referenciada. Observa-se que o destaque é da obra principal e não do texto utilizado: BACHA, L. Hierarquia e remuneração gerencial. In: TOLIPAN, R. ; TINELLI, A. C. A Controvérsia sobre Distribuição de Renda e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar: 1975. p. 124-55 (Biblioteca de Ciências Sociais)

Publicação Periódica e Seriada considerada no todo: a. título da publicação e subtítulo quando necessário; b. local de publicação; c. editor-autor (entidade responsável, se não constar do título); d. data (ano) do primeiro volume e, se a publicação cessar, também o último. Nota: Para os dois exemplos a seguir, podemos entrar pela entidade e podemos entrar pelo título.

FUNDAÇÃO IBGE. Anuário Estatístico do Brasil. 1985. Rio de Janeiro, v. 1986. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL - 1985. Rio de Janeiro, Fundação IBGE, 1986, v. 46.

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CULTURA. Brasília, v. 5, n. 17, abr./jan. 1975. CADERNOS DE ARQUITETURA E URBANISMO. Belo Horizonte: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 1993 - Anual.

Publicação Periódica considerada em parte (suplemento, fascículos, números especiais etc.): a. título da publicação; b. título da página, suplemento ou número especial se for o caso; c. local de publicação (cidade); d. indicação do volume, número e data (mês e/ou ano) da publicação; e. indicação do tipo de fascículo, suplemento ou número especial e do editor especial do mesmo (se for o caso).

ESTUDOS ECONÔMICOS. Economia e Sociedade no Brasil Monárquico. São Paulo, IPE/USP, v. 15, 1985. Número especial. CIÊNCIA E CULTURA. Resumo da 24º REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 2 a 8 de julho de 1972. São Paulo, v. 24, n. 6, jun. 1972. Suplemento. CONJUNTURA ECONÔMICA. As 500 maiores empresas do Brasil. Rio de Janeiro: FGV, v.39, n.9, set. 1994. 135p. Edição Especial.

Artigos de periódicos: a. autor(es) do artigo; b. título do artigo; c. título do periódico (grifado); d. local de publicação (cidade); e. número do volume; f. número do fascículo; g. páginas inicial e final do artigo; h. data (mês e/ou meses, estação em trimestre e ano) do fascículo.

RAPOSO, José Cursino dos Santos. Aspectos Culturais do Segundo Reinado. Cultura. Brasília, v. 5, n. 17, p. 56-58, abr./jun., 1975. BUENO, Miguel. Sociologia y Ciencias Sociales. Revista Mexicana de Sociologia. México, Universidade Autônoma do México. V. 19, n. 1

Artigos de jornais: a. autor(es) do artigo; b. título do artigo; c. título do jornal (grifado); d. local de publicação (cidade); e. data (dia, mês, ano); f. número ou título do caderno, script, suplemento tec.; g. páginas do artigo; h. número de ordem da(s) coluna(s). 7.4.1 Artigos de jornal - assinado

RAÍCES, Carlos. Política Agrícola, a eliminação de subsídios. Gazeta Mercantil. São Paulo, v. 69, n. 18.963, p. 19, col. 7-8, 26 out. 1998.

Artigos de jornal - sem autoria PREVISÃO de chuvas nas lavouras brasileiras faz cotações caírem. Gazeta Mercantil. São Paulo, v. 68, n. 18.963, p. 19, col. 7-8, 26 out. 1988.

Programas de TV e Rádio BÚFALOS. Globo Rural. Rio de Janeiro: Rede Globo, 22 de maio, 1994. Programa de TV.

Documentos Eletrônicos São documentos obtidos através de suportes eletrônicos, como disquetes, CDs, base de dados, internet etc. BASES DE DADOS: resumos ou abstract de artigos de periódicos obtidos na base de dados online. [citado em 18.09.98] Acesso n. 842244090. Disponível no CAB Abstracts, 1984-1986.

Anais de congresso: FERREIRA, P. Un project dureautique multimedia et le service dárchivage eletronique multimedia. In: CONGRESSO NACIOAL DE INFORMÁTICA, 18. São Paulo: SUCESU, 1985. Anais... v. 1, p.473-485. Referência obtida via base de dados INFO BRASIL CELEPAR, 1994.

Dissertações e teses eletrônicas:

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LUO, J. Gateroad design in overlying multi-seam mines [online]. Blacksburg, 1997 [citado em 16.08.98] Dissertation (Master in Science in Mining and Minerals Engeneering) Disponível na internet: http://www.scholar.lib.vt.edu/theses/public/etd-225.01128407

Artigo de revista eletrônica: PETRINI, M. Sistemas de Informações, Inteligência e Criatividade. READ – Revista Eletrônica de Administração. Porto Alegre: UFRGS/EA/PPGA v.4, n.1, jul. 1997 (Home Page Biblioteca Gladis W. do Amaral)

Entrevista gravada: SILVA, L. da. Luís Inácio Lula da Silva: depoimento [abr. 1991]. Entrevistadores V. Tremel e M. Garcia. São Paulo: SENAI/SP. 1991. 2 fitas K7 (120 min) ¾ pps stereo. Entrevista concedida ao Projeto Memória do SENAI – SP.

Livro em meio eletrônico ALVES, C. Navio negreiro. [S.l]: Virtual Books, 2000. Disponível em: <HTTP://WWW.terra.com.br/virtualbooks/pont/navionegreiro.htm>. Acesso em: 05/03/2007

Simpósio e congressos em meio eletrônico VI ENCONTRO PARANAENSE DE EDUCAÇAO MATEMÁTICA, 1997, Paraná. Anais eletrônicos... Paraná: EPEM, 1997. Disponível em: < WWW.unimeo.com.br/ixepren/. Acesso em 04/09/08

Artigos em meio eletrônico ALMOULOUD, Saddo Ag. Prova e demonstração em matemática: problemática de seus processos de ensino e aprendizagem. Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação – ANPED. GT 19, 2007. Disponível em < WWW.anped.org.br>. Acesso em 04/09/08. 3.3. Formatação do texto

PAPEL: A4 (210x297mm) ESPAÇOS: no texto, usar preferencialmente o espaço duplo (2 cm) ou um e meio (1,5 cm), dependendo

exclusivamente do que determina sua faculdade ou seu professor. Nas citações até quatro linhas, usar aspas e espaços iguais ao texto. Nas que tiverem mais de quatro linhas, usar espaço um e margem à esquerda de (15). O fim de uma seção e o cabeçalho da próxima são separados por espaços extras. Observação: quando uma seção terminar próxima ao fim de uma página, colocar o cabeçalho da próxima seção na página seguinte.

MARGENS: superior e esquerda, 3 cm; inferior e direita, 2 ou 2,5 cm. PAGINAÇÃO: seqüencial ao alto e à direita da folha, em algarismos arábicos, aparecendo a indicação e

contando as páginas a partir do texto. Bibliografia, anexos, apêndices, glossário, índice etc. devem ser incluídos na numeração seqüencial das páginas.

LETRAS: usar um tipo de letra que seja de fácil leitura (Times New Roman ou Arial). Evitar usar itálico no texto: use somente em termos científicos e palavras estrangeiras. 4. Avaliando o que foi construído

Nesta última unidade da disciplina apresentamos algumas técnicas que podem facilitar a elaboração textual do trabalho científico, como o uso de citações e formas de fazer referências às autorias, seja no corpo do texto ou em seu final, nas referências. Importa ressaltar que estas são apenas algumas situações e que haverá casos que este trabalho não contempla, exigindo mais pesquisas/estudos de sua parte. Mas o que se espera é que você, diante de outras necessidades que requeiram diferentes informações, tenha autonomia no ato de pensar e fazer, pois a redação do texto apresenta o seu estilo pessoal e as concepções acerca do mundo, de modo que as teorias, idéias e descobertas dos autores são diálogos que traçamos e, a partir destes, construímos nosso próprio pensamento e produção científica.

5. Referências

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 1996.