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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL MARCELO SCARPA RENNÓ METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DE EMPRESAS DE MINERAÇÃO DE FERRO: Análise e proposição sob a perspectiva da gestão social Belo Horizonte 2015

METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

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Page 1: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E

EXTENSÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM GESTÃO

SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

MARCELO SCARPA RENNÓ

METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE

RESPONSABILIDADE SOCIAL DE EMPRESAS DE

MINERAÇÃO DE FERRO:

Análise e proposição sob a perspectiva da gestão social

Belo Horizonte

2015

Page 2: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

MARCELO SCARPA RENNÓ

METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE

RESPONSABILIDADE SOCIAL DE EMPRESAS DE

MINERAÇÃO DE FERRO:

Análise e proposição sob a perspectiva da Gestão Social

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação Stricto Sensu em Gestão Social,

Educação e Desenvolvimento Local do Centro

Universitário UNA, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre.

Área de Concentração: Inovações sociais e

desenvolvimento local

Linha de Pesquisa: Gestão Social e

Desenvolvimento Local

Orientadora: Profª. Drª. Ediméia Maria

Ribeiro de Mello

Belo Horizonte

2015

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“O problema do poder local envolve a questão básica de

como a sociedade decide seu destino, constrói a sua

transformação, e para dizê-lo de forma resumida, se

democratiza” (DOWBOR, 2008, p. 5).

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DEDICATÓRIA

À minha esposa, Renata, pela compreensão, incentivo, apoio e participação nesta empreitada.

À minha filha, Julia, pela tolerância em momentos de ausência.

Aos meus pais, Virgílio e Laís, e meu irmão, Fernando, pelo apoio incondicional, suporte e

confiança na abertura de novas possibilidades e desafios na minha vida profissional.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profª. Drª Ediméia Maria Ribeiro de Mello, pela disponibilidade,

dedicação, pela paciência com minha ansiedade e pelo compartilhamento de saberes e

competências.

A todo o corpo docente do Mestrado, e em especial, às professoras Dra. Áurea Regina

Thomazi e Dra. Wânia Maria Araújo, pelo carinho, atenção e contribuições importantes na

banca de qualificação.

A toda a minha família e amigos, pelo apoio e suporte incondicional nesta jornada. Isto não

seria possível sem a ajuda de vocês...

A todos os colegas do Mestrado, pelas contribuições e conhecimentos compartilhados, pelos

momentos agradáveis, e especialmente pelas amizades estabelecidas...

A todo o grupo de entrevistados da pesquisa de campo realizada, pela compreensão dos

objetivos do trabalho e pelas informações disponibilizadas. Muito obrigado!

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RESUMO

O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de

Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas de mineração de ferro de um

município na região do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. Esses projetos têm adotado

como objetivos a geração de benefícios para as comunidades impactadas pelas minerações no

sentido de capacitá-las para a autonomia produtiva. A prática de avaliação de projetos dessa

natureza é usual no contexto da gestão empresarial de RSC. Porém, percebe-se como

característica desses processos avaliativos a ausência de indicadores relacionados a aspectos

da gestão social dos projetos e dos processos desencadeados, entendidos como indispensáveis

para a promoção do desenvolvimento local. Nessa perspectiva, o estudo teve como objetivo

central avaliar metodologias de avaliação de projetos de RSC, tendo em vista o

desenvolvimento de contribuição técnica na área de gestão social voltada ao desenvolvimento

local e com características de inovação social. Para esse fim, buscou-se conhecer as

metodologias de avaliação dos projetos alvo de pesquisa e analisá-las comparativamente com

outras metodologias disponíveis na literatura existente, com base no arcabouço teórico

proposto pela gestão social. Para o acesso a essas informações foi realizada uma pesquisa

documental e também empírica, envolvendo gestores das mineradoras, participantes dos

projetos de RSC, além de representantes do Poder Executivo da localidade alvo do estudo. A

pesquisa realizada foi de caráter qualitativo, tendo como referência para análise dos dados

aspectos metodológicos da meta-avaliação. Como produto técnico de pesquisa foi organizada

uma matriz de indicadores de gestão social de projetos de RSC, com vistas a contribuir para o

fomento de discussões e qualificação da avaliação desses projetos e para o desenvolvimento

local de comunidades beneficiadas por essas iniciativas.

Palavras-chave: Meta-avaliação de projetos sociais. Responsabilidade social corporativa em

empresas de mineração de ferro. Formação de capital social. Gestão social. Desenvolvimento

local.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Quadro esquemático da proposta conceitual de pesquisa

Figura 2 - Níveis de participação e avanço na gestão social

Figura 3 - Modelo proposto por Senefonte para construção de indicadores de RSC

Figura 4 – Quadro esquemático da metodologia de pesquisa

Figura 5 – Níveis de abrangência dos indicadores Ethos de Responsabilidade Social

Figura 6 – Indicadores de Gestão Social

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Proposta de indicadores qualitativos de capital social para projetos de empresas

privadas

Tabela 2: Proposta de indicadores quantitativos de capital social para projetos de empresas

privadas

Tabela 3: Estrutura QI-MCS

Tabela 4: Quadro referencial de entrevistados dos projetos

Tabela 5: Indicadores Ethos de Responsabilidade Social

Tabela 6: Caracterização de estágios de “amadurecimento” da RSC dos Indicadores ETHOS

Tabela 7: Indicadores Relatório GRI de Sustentabilidade

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CASA - Centro de Apoio Socioambiental

CEASA - Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S.A.

CERES - Coalition for Environmentally Responsible Economies

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos

DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral

FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

GRI - Global Reporting Initiative

IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração

ICC - Índice de Comunidade Cívica

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

KEC - Key Evaluation Check

MGSEDL - Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local

NEF - New Economics Foundation

ONG - Organização Não Governamental

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

QI-MCS - Questionário Integrado para Medir Capital Social

RSC - Responsabilidade Social Corporativa

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14

Referências .............................................................................................................................. 17

1. A GESTÃO SOCIAL COMO BASE METODOLÓGICA DE AVALIAÇÃO DE

PROJETOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA ............................. 19

RESUMO ............................................................................................................................. 19

1.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 19

1.2. RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA (RSC) .................................... 20

1.3. GESTÃO SOCIAL, DESENVOLVIMENTO LOCAL e RSC ................................. 22

1.4. PROCESSOS AVALIATIVOS DE PROJETOS SOCIAIS E DE RSC ................... 29

1.5. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 38

Referências ........................................................................................................................... 39

2. UMA ANÁLISE EMPÍRICA DA GESTÃO SOCIAL COMO BASE

METODOLÓGICA DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS DE GERAÇÃO DE

EMPREGO E RENDA DE EMPRESAS DE MINERAÇÃO DE FERRO DO

QUADRILÁTERO FERRÍFERO DE MINAS GERAIS ................................................... 43

RESUMO ............................................................................................................................. 43

2.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 44

2.2. FUNDAMENTOS CONCEITUAIS E METODOLÓGICOS DA PESQUISA ........ 47

2.3. PESQUISA DE CAMPO ........................................................................................... 51

2.3.1 PROJETO “EMPRESA A” ................................................................................ 52

2.3.2 PROJETO EMPRESA “B” ................................................................................ 63

2.4. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 71

Referências ........................................................................................................................... 74

3. MATRIZ DE INDICADORES DE GESTÃO SOCIAL: Uma proposta para compor

metodologias de avaliação de projetos de responsabilidade social corporativa para

geração de emprego e renda .................................................................................................. 76

RESUMO ............................................................................................................................. 76

3.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 77

3.2. INDICADORES DE GESTÃO SOCIAL .................................................................. 78

3.3. MATRIZ DE INDICADORES DE GESTÃO SOCIAL ........................................... 84

3.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 90

Referências ........................................................................................................................... 91

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 94

APÊNDICE A ......................................................................................................................... 96

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APÊNDICE B .......................................................................................................................... 99

APÊNDICE C ....................................................................................................................... 102

ANEXO A .............................................................................................................................. 107

Termo de Compromisso de Cumprimento da Resolução 466/2012 ................................... 107

ANEXO B .............................................................................................................................. 108

Autorização Para Coleta de Dados ..................................................................................... 108

ANEXO C .............................................................................................................................. 109

Termo de Autorização de Uso de Imagem e Depoimentos ................................................ 109

ANEXO D .............................................................................................................................. 110

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................................................... 110

ANEXO E .............................................................................................................................. 112

Aprovação do Projeto de Pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa ................................. 112

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INTRODUÇÃO

Desde o início das discussões sobre sustentabilidade de atividades econômicas, a

mineração é um dos principais focos dos debates sobre o tema, seja na perspectiva ambiental,

seja na social (COWELL et al., 1999 apud JENKINS; YAKOVLEVA, 2006). Nesse sentido,

a prática do desenvolvimento e financiamento de projetos de Responsabilidade Social

Corporativa (RSC) por empresas de mineração nas comunidades sob influência de suas

atividades vem se tornando, em âmbito mundial, cada vez mais frequentes (JENKINS;

YAKOVLEVA, 2006). São fatores que reforçam a importância da RSC no contexto das

atividades de mineração (JENKINS; YAKOVLEVA, 2006): (1) a forte opinião pública

contrária à atividade minerária, em função de seus impactos ambientais e sociais; (2) a intensa

pressão de grupos ambientalistas locais e globais sobre a atividade, questionando a

legitimidade das ações das empresas mineradoras; (3) a maior importância dada pelo mercado

financeiro sobre o gerenciamento de riscos sociais e ambientais das empresas mineradoras;

(4) o desafio da manutenção da “licença social” de operação, sendo esse conceito baseado na

ideia de que, para a mineração, não basta o cumprimento das exigências legais e das

permissões governamentais na condução dos negócios, mas também é necessária a obtenção

de uma “permissão social” junto aos públicos interessados no desenvolvimento de suas

atividades (BOUTILIER; BLACK; THOMSON, 2012).

Assim como o que ocorre no cenário global, segundo o Instituto Brasileiro de

Mineração (IBRAM), as práticas de RSC de empresas de mineração no Brasil nas localidades

sob influência de suas atividades também vêm se tornando mais frequentes e atuando em

diversas áreas sociais como saúde, educação, cultura, esporte, entre outras (IBRAM, 2014).

Percebe-se ainda, no contexto brasileiro, que muitas dessas iniciativas de RSC são

direcionadas à geração de emprego e renda, considerando, entre outros fatores, o interesse no

estabelecimento de processos de desenvolvimento econômicos locais, alheios à cadeia

produtiva da mineração, pelo fato de essa cadeia produtiva, por si só, ser produtora de

enclaves mineradores (MELLO; DE PAULA, 2000).

Porém, a experiência com a implementação de projetos dessa natureza gerou um

questionamento sobre qual seria o entendimento das empresas do modo desses projetos

promoverem, de fato, a melhoria da qualidade de vida das comunidades afetadas pelas suas

atividades. Apesar do crescente número de iniciativas de RSC de empresas mineradoras, de

forma geral, percebem-se poucas evidências de que essas ações possam estar promovendo a

sustentabilidade das localidades (JENKINS; OBARA, 2006). Diante desses posicionamentos,

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questiona-se: até que ponto os projetos de RSC estão, de fato, contribuindo para o

desenvolvimento local? Esses projetos possuem estratégias claras para que as comunidades

beneficiadas sejam encorajadas a assumir e protagonizar o desenvolvimento dessas

iniciativas?

Ao se pensar na sustentabilidade desses processos, percebe-se que um aspecto

fundamental a ser considerado é a gestão social dos projetos, traduzida em princípios, tais

como o envolvimento, a mobilização e o protagonismo comunitário nas ações, inclusive em

seus processos decisórios, possibilitando aos grupos sociais beneficiados tornarem-se sujeitos

de sua própria história e, portanto, do desenvolvimento local.

Pensando no contexto de empresas de forma geral, sabe-se que a avaliação de projetos

de RSC faz parte do conjunto de ações inerentes aos investimentos realizados. Considera-se

para isso não apenas a intencionalidade aparente de se validar os investimentos, mas que isso

também contribui para a identificação de instrumentos norteadores da gestão dos projetos,

normalmente traduzidos por indicadores. Nessa perspectiva, a busca de processos avaliativos

eficazes e mais objetivos dos projetos de RSC, na direção de indicadores que avaliem a

presença da gestão social, é uma necessidade, tanto na análise de resultados quanto na

obtenção de ferramentas de gestão.

Partindo dessas premissas, infere-se que indicadores, qualificados do ponto de vista da

gestão social, poderiam contribuir de forma significativa com a credibilidade dos projetos de

RSC, tanto em termos de resultados quanto de sua capacidade de promoção do

desenvolvimento local.

A experiência em consultoria para desenvolvimento de projetos de RSC de empresas

mostrou que a avaliação deles é uma prática convencional no desenvolvimento de projetos

dessa natureza, sobretudo pelas implicações da gestão por parte de instituições promotoras

dos projetos, como é o caso de empresas de mineração de ferro. O conhecimento preliminar

de projetos com essas características e também de suas estruturas avaliativas aponta que não

são considerados, de forma geral, métodos e metas contemplados pela gestão social na

definição de indicadores de avaliação dos projetos. Diante disso, surgem outras questões que

suportam a proposta de discussão deste trabalho de pesquisa. São elas:

Considerando empoderamento como um processo de obtenção de recursos como voz,

visibilidade, influência e em especial, a capacidade de ação e decisão pelos indivíduos,

grupos sociais e comunidades, em um determinado contexto (HOROCHOVSKI;

MEIRELLES, 2007), como assegurar que os grupos sociais envolvidos em projetos de

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RSC de geração de emprego e renda sejam qualificados para conduzir os processos de

forma empoderada? Nos processos avaliativos desses projetos de RSC, essa

perspectiva é considerada?

Entende-se “intersetorialidade” como a articulação de esforços e de sinergia entre as

partes envolvidas em um mesmo processo e na busca de solução para problemas

complexos (INOJOSA, 2001). Os projetos de RSC de geração de emprego e renda,

mesmo trabalhando para o estabelecimento de alternativas econômicas para além do

ciclo da mineração, estão organizados de forma a compor uma proposta integrada e

intersetorial de desenvolvimento local? Nesse sentido, os processos avaliativos dos

projetos abordam tais questões?

Essas questões e apontamentos definiram a base temática da pesquisa realizada no

âmbito desta dissertação, uma meta-avaliação de dois projetos de RSC voltados para a

geração de emprego e renda, desenvolvidos por empresas de mineração de ferro em um

município do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. A pesquisa buscou analisar as

metodologias de avaliação dos projetos a partir de um levantamento documental e da

realização de um estudo empírico junto aos gestores das empresas, ao público beneficiado e

ao poder público local, em um esforço de avaliação das avaliações adotadas pelas empresas.

Considerou-se como eixo de análise a observação das práticas, na perspectiva de

adoção dos objetivos e princípios da gestão social, como uma das bases metodológicas na

formulação e no desenvolvimento dos seus processos avaliativos, entendendo esta como uma

das premissas para avaliação da contribuição para o desenvolvimento local. Segue, abaixo,

um quadro esquemático (Figura 1) para melhor visualização da proposta de pesquisa.

Figura 1: Quadro esquemático da proposta de pesquisa

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O Capítulo 1 desta dissertação expõe a pesquisa bibliográfica realizada para a

fundamentação teórica do entendimento dos processos avaliativos de projetos de RSC em

suas áreas de influência e para uma reflexão das metodologias adotadas, sob a ótica da gestão

social.

O Capítulo 2 apresenta os resultados da pesquisa de campo desenvolvida, tendo a

gestão social e seus princípios como referencial conceitual e analítico para meta-avaliar a

sustentabilidade dos projetos analisados.

Já o Capítulo 3 apresenta o produto técnico do trabalho realizado, que consiste na

proposição de uma matriz de indicadores de gestão social de projetos de RSC, sendo esta

entendida como um esforço, ainda em caráter preliminar, para o desenho metodológico de

avaliação da gestão social de projetos de RSC.

Por fim, expõem-se as considerações finais do estudo realizado, bem como algumas

sugestões de encaminhamentos relacionados ao tema.

Referências

BOUTILIER, R. G.; BLACK, L.; THOMSON; I. From metaphor to management tool: How

the social license to operate can stabilise the socio-political environment for business.

International Mine Management Proceedings. Australian Institute of Mining and Metallurgy.

Melbourne, 2012. p. 227-237. Disponível em:

<http://stakeholders360.cl/Boutilier_Black_Thomson_From_metaphor_to_mgmt_tool_w_AU

SIMM_permission.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2014.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL (DNPM). Disponível em:

<http://www.dnpm.gov.br/dnpm/sumarios/sumario-mineral-2014>. Acesso em: 16 out. 2015.

HOROCHOVSKI, R. R.; MEIRELLES, G. Problematizando o conceito de empoderamento.

In: II SEMINÁRIO NACIONAL MOVIMENTOS SOCIAIS, PARTICIPAÇÃO E

DEMOCRACIA, 2007, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2007. p. 485-506.

Disponível em: <http://www.sociologia.ufsc.br/npms/rodrigo_horochovski_meirelles.pdf>.

Acesso em: 06 ago. 2014.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO (IBRAM). A Indústria da Mineração – para

o desenvolvimento do Brasil e a promoção da qualidade de vida do brasileiro. Brasília, 2014.

Disponível em: <http://www.ibram.org.br>. Acesso em: 16 out. 2015.

INOJOSA, R. M. Sinergia em políticas e serviços públicos: desenvolvimento social com

intersetorialidade. Cadernos FUNDAP, n. 22, p. 102-110, 2001. Disponível em:

<http://publicacoes.fundap.sp.gov.br/cadernos/cad22/dados/Inojosa.pdf>. Acesso em: 14 mar.

2014.

JENKINS, H.; OBARA, L. Corporate Social Responsibility (CSR) in the mining industry –

the risk of community dependency. 2006. p. 1-23. Disponível em:

<http://www.crrconference.org/downloads/2006jenkinsobara.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2014.

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18

JENKINS, H.; YAKOVLEVA, N. Corporate social responsibility in the mining industry:

Exploring trends in social and environmental disclosure. Journal of Cleaner Production, v.

14, p. 271-284, 2006. Disponível em:

<http://www.academia.edu/3375037/Corporate_social_responsibility_in_the_mining_industry

_Exploring_trends_in_social_and_environmental_disclosure>. Acesso em: 15 jul. 2014.

MELLO, E. M. R.; DE PAULA, G. M. Mineração de ferro e enclave. Estudo de caso da

Companhia Vale do Rio Doce. In: IX SEMINÁRIO SOBRE A ECONOMIA MINEIRA.

Anais... Belo Horizonte: UFMG/CEDEPLAR, 2000.

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19

1. A GESTÃO SOCIAL COMO BASE METODOLÓGICA DE AVALIAÇÃO DE

PROJETOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

Marcelo Scarpa Rennó1

Ediméia Maria Ribeiro de Mello2

RESUMO

Este capítulo sintetiza a pesquisa bibliográfica realizada para a fundamentação teórica

do entendimento dos processos avaliativos de projetos de Responsabilidade Social

Corporativa (RSC) em suas áreas de influência. Seu objetivo é realizar uma reflexão das

metodologias adotadas sob a ótica da gestão social. A reflexão realizada desencadeou as

seguintes questões, que serão comentadas ao longo do capítulo: O que seria a

sustentabilidades desses processos desencadeados? Como avaliar a sustentabilidade desses

projetos de RSC em sua capacidade de promover o desenvolvimento local? Quais indicadores

seriam ideais para esse fim? Entende-se que a sustentabilidade dessas iniciativas está

diretamente associada à afinidade metodológica dos projetos com os princípios da gestão

social. Sendo assim, propõe-se a aferição de seus impactos em aspectos qualitativos e que

traduzem valores intangíveis locais, tais como: a contribuição para a formação de capital

social local, a participação, o empoderamento e o protagonismo comunitário na condução dos

processos. Acredita-se que essas devam ser as bases a serem privilegiadas pelas ações

desencadeadas pelos projetos e o foco de seus processos avaliativos.

Palavras-chave: Gestão social. Capital social. Responsabilidade social corporativa. Avaliação

de projetos sociais. Desenvolvimento local.

1.1. INTRODUÇÃO

Atualmente, percebe-se que projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC)

são propostas que fazem parte do escopo das ações de muitas empresas. Juntamente com os

programas de relacionamento comunitário, inerentes às atividades de comunicação

1 Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do

Centro Universitário UNA. 2 Orientadora e Professora Doutora do Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento

Local do Centro Universitário UNA.

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20

empresarial dos dias de hoje, e o atendimento a premissas legais, os projetos buscam traduzir

o compromisso corporativo para com o ambiente de atuação onde as empresas estão inseridas.

Além disso, destaca-se, no desenvolvimento de projetos de RSC, um conjunto amplo de

metodologias orientadas para avaliar as empresas em termos de sustentabilidade,

considerando a necessidade de enquadramento das atividades empresariais nessa perspectiva,

em especial com o desenvolvimento socioambiental das localidades onde atuam.

De forma geral, o que se percebe na estrutura metodológica dessas avaliações é a

priorização do uso de indicadores mais relacionados às demandas das empresas, vinculadas

especialmente à prestação de contas internas, ao cumprimento de obrigações legais e outras

exigências de mercado, do que a resultados efetivos na promoção do desenvolvimento local e

da sustentabilidade dos processos desencadeados. A partir dessas considerações entende-se

como necessária à reflexão sobre processos avaliativos de RSC a busca de respostas para

perguntas, tais como: Como avaliar a sustentabilidade de projetos de RSC de empresas em

termos do desdobramento sustentável de suas propostas? Como transformar essas iniciativas

em processos dialogados e apropriados pelas comunidades, ao invés de ações isoladas,

desarticuladas, fechadas em si mesmas e que pouco contribuem para o bem do

desenvolvimento local?

Sugere-se que a ideia de sustentabilidade desses projetos passa pelos princípios da

gestão social, tais como: a intersetorialidade, a participação, o empoderamento, o

protagonismo comunitário na condução dos processos e a formação de capital social local.

Além disso, a partir de referências metodológicas associadas à gestão social, deveriam ser

pensados não somente indicadores convencionais de resultados econômicos e de viabilidade

econômica, mas, também, indicadores para avaliação da gestão social dos processos

desencadeados.

Sendo assim, a reflexão proposta parte da compreensão de conceitos, tais como a

responsabilidade social corporativa isoladamente e em relação à gestão social e

desenvolvimento local. Em seguida, associam-se tais conceitos a metodologias de avaliação

de projetos sociais de RSC.

1.2. RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA (RSC)

No campo acadêmico, especialmente da Administração de Empresas, a intensidade de

discussões sobre RSC é cada vez maior, sobretudo no que se refere ao propósito do

desenvolvimento de projetos dessa natureza por empresas nas localidades onde atuam. A

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21

partir de uma breve leitura histórica das discussões sobre RSC, o termo foi apresentado

inicialmente por Bowen no livro Social Responsibilities of the Businessmen, de 1953

(BASSEN; JASTRAM; MEYER, 2005, apud THEUER, 2013), apontando a necessidade de

se estabelecer no mundo empresarial a preocupação com questões sociais, mesmo que isso

estivesse baseado na perspectiva filantrópica e até mesmo de cunho religioso a partir de

valores como “solidariedade” e “compaixão” das empresas para com as comunidades nas

áreas de influência.

Já no início da década de 1970, Friedman (1970) reforça a ideia de uma RSC restrita

aos interesses primários da empresa, na qual as questões sociais são de cunho exclusivamente

estatal, correspondendo às empresas, além de gerar as ofertas dos bens demandados pela

sociedade e pagar impostos ao governo, a única responsabilidade de geração de lucro para

assegurar os ganhos dos acionistas, cumprindo assim a sua função social (THEUER, 2013).

No fim da década de 1970, Carroll (1979) retoma a linha de pensamento filantrópico

de RSC, propondo que as empresas tenham quatro premissas para sua atuação. A primeira

seria a premissa econômica, associada à qual a principal função é a geração de lucro; a

segunda seria a premissa legal, pelo fato de as empresas estarem inseridas na sociedade, e,

portanto, a necessidade de enquadramento das empresas nos códigos e normas instituídos. A

terceira seria a premissa ética, que diz respeito a códigos relacionais implícitos que não estão

necessariamente descritos na forma de lei. E a quarta e última premissa, a discricionária, que

reforça a postura de compromisso social voluntário das empresas com o ambiente em que

estão inseridas.

Na década de 1980, a agenda de discussões globais sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento trouxe novas perspectivas conceituais, ao incluir responsabilidades das

empresas com a sustentabilidade e com a qualidade de vida das comunidades (THEUER,

2013). Desde então, novas discussões começaram a relacionar a RSC ao conceito de

desenvolvimento sustentável (VASCONCELOS; ALVES; PESQUEUX, 2012). Um exemplo

dessa orientação é a definição do Instituto Ethos de Empresas e de Responsabilidade

Empresarial, que descreve a RSC como:

[...] a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da

empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo

estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento

sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as

gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das

desigualdades sociais (INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E DE

RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL, 2013, p. 16).

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1.3. GESTÃO SOCIAL, DESENVOLVIMENTO LOCAL e RSC

Na organização de projetos de desenvolvimento e na construção de alternativas

socioeconômicas locais, a complexidade da realidade local deve estar priorizada na

contextualização dessas ações. Tais questões são percebidas vinculadas, ou não, a iniciativas

de RSC de empresas. O conjunto social de uma determinada localidade se expressa pela

interdependência, interação e inter-retroatividade dos seus diversos setores e o todo e vice-

versa (MORIN, 2010).

Esse entendimento da complexidade no desenvolvimento local passa pelo

reconhecimento de que a articulação dos diversos setores na composição de uma proposta

integrada e intersetorial de desenvolvimento local é algo necessário.

A vida em sociedade é a expressão do axioma de que a vida está tecida em

conjunto. As necessidades e expectativas das pessoas e dos grupos sociais

referentes à qualidade de vida são integradas (INOJOSA, 2001, p. 103, grifo

do original).

Porém, percebe-se que o desenvolvimento de ações sociais pelas empresas muitas

vezes está inserido em uma perspectiva unilateral, abdicadora do diálogo intersetorial e do

entendimento integrado, legitimado e alinhado dos processos. Todos estes sendo entendidos

como prerrogativas para a apropriação das iniciativas pelas comunidades beneficiadas pelos

projetos e, assim, a contribuição para o desenvolvimento local.

Nesse sentido, acredita-se que a emancipação comunitária na condução de processos

do desenvolvimento local seja um dos principais desafios para a sustentabilidade. Cattani e

Ferrarini (2010) destacam a sustentabilidade como critério de políticas emancipatórias de

programas sociais, sendo esta entendida como “a necessidade de aquisição de condições de

autonomia da população ao término do programa, permitindo-lhe prescindir dos recursos

materiais e técnicos” (CATTANI; FERRARINI, 2010, p. 166).

Nessa perspectiva, a sustentabilidade das ações e projetos de RSC “anda de mãos

dadas” com a capacidade de os grupos sociais beneficiados se apropriarem dos processos, de

forma a se estabelecerem como protagonistas e condutores das ações em prol do

desenvolvimento local. Dessa maneira, as ações de RSC seriam afinadas com o paradigma da

gestão social. Segundo Tenório (2005), a gestão social pode ser definida como:

[...] processo gerencial dialógico onde a autoridade decisória é

compartilhada entre os participantes da ação. O adjetivo social qualificando

o substantivo gestão é percebido como o espaço privilegiado de relações

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sociais onde todos têm o direito à fala, sem nenhum tipo de coação

(TENÓRIO, 2005, p. 102).

Percebe-se aí que o foco conceitual não é restrito ao lócus de atuação gerencial, mas

também ao modo e às características do processo de gestão estabelecidos.

Já Dowbor (2008) considera “gestão social” dentro de uma perspectiva gerencial e

entende que as relações de poder em escala e hierarquização das tomadas de decisão devam se

estabelecer pela ótica da descentralização, do maior poder às localidades e da participação

popular. Porém, essa ideia de gestão social, segundo Dowbor (1999), ainda não possui uma

referência organizacional definida ou elaborada. Sob a ótica da gestão convencional das áreas

produtivas, existem várias correntes e produções teóricas consolidadas, como o Taylorismo, o

Fordismo e o Toyotismo, entre outros, o que já não se observa no campo de discussões da

gestão social (DOWBOR, 1999).

França Filho (2008), assim como Dowbor (1999) e Tenório (2006), considera a gestão

social tanto como uma finalidade – busca de soluções e atendimento às necessidades e

demandas sociais e coletivas – quanto como uma modalidade organizacional específica de

gestão, na qual a participação social é determinante no contexto das ações operacionais,

administrativas e gerenciais de um projeto específico.

Diaz Bordenave (1994) propõe que a participação está inerentemente associada à vida

e ao dia a dia das pessoas, pois está atrelada à necessidade humana de busca de resultados e

alcance de objetivos cotidianos que, de forma isolada, não seriam possíveis de serem

alcançadas individualmente. Nesse caso, “o participar” faz parte do conjunto das relações

sociais de todos nós, mesmo ocorrendo em maior ou menor grau de intensidade nos processos

e necessidades cotidianos coletivos.

Ainda segundo o autor, existem diferentes perspectivas do conceito de participação

que podem caracterizar e qualificar o processo. “Fazer parte”, “tomar parte” e “ser parte” são

significados implícitos na etimologia da palavra e que já explicitam diferentes “qualidades”

de participação.

Além disso, Diaz Bordenave (1994) destaca a existência de níveis diferenciados de

participação dos indivíduos: o nível da microparticipação, que se refere à participação no que

tange à vida e nas relações pessoais dos indivíduos; e o nível da macroparticipação ou

também denominada participação social, que se refere à participação em questões que

permeiam a sociedade em âmbito geral, não apenas atrelado ao conjunto de relações pessoais

dos indivíduos.

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Lück (2011) entende a participação social sob a ótica do envolvimento, da

mobilização e da organização coletiva consciente dos indivíduos em uma “unidade social

comum”, em que estes “[...] assumem seu poder de influência na determinação da dinâmica

desta unidade” (LÜCK, 2011, p. 29). A autora também destaca a existência de níveis de

participação distintos, a partir da abrangência e do poder de influência exercido. São eles:

Nível 1: estar presente em encontros, reuniões, eventos;

Nível 2: opinar sobre o assunto, mas a participação se restringe a verbalizar ideias e

opiniões, não traduzidas em avanços efetivos para o entendimento e a tomada de

decisões;

Nível 3: escolher representantes e atuar em conjunto com estes na articulação de

ideias e propostas para tomada de decisões;

Nível 4: participar efetivamente da tomada de decisões;

Nível 5: envolver e se comprometer de forma dinâmica em todos os aspectos do

processo social – engajamento.

Na perspectiva da gestão social, entende-se que tais níveis de participação, a partir de

uma adaptação dos trabalhos de Lück (2011), podem ser associados aos estágios da gestão

social de determinado processo, conforme apresentado na Figura 2.

Figura 2: Níveis de participação e avanço na gestão social

Fonte: Elaboração própria a partir de Lück (2011).

Ainda sob a ótica da gestão social, Tenório (2005) amplia o entendimento de

participação social com outros elementos que também caracterizam e qualificam o que

poderia ser um processo “ideal” dessa participação. Segundo o autor, uma efetiva participação

social pressupõe conhecimento dialogado, compreendido e validado entre os membros; ser

fruto do interesse individual e não de uma imposição externa ou do grupo e seus membros;

além de também não ser objeto de mera concessão. Nesse caso, participação social estaria

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relacionada a uma “[...] apropriação pelos indivíduos do direito de construção democrática do

seu próprio destino” (TENÓRIO, 2005, p. 114).

Considerando que essa participação se realiza em âmbito comunitário e de uma

localidade específica, há de se considerar também a perspectiva de governança territorial do

conceito de gestão social. Essa governança é o conjunto de relações de poder estabelecidas

entre atores públicos, semipúblicos, sociais e empresariais, por meio de arranjos institucionais

e/ou organizacionais, em um determinado espaço (DALLABRIDA, 2014).

Nesse sentido, Fischer (2012) apresenta outra dimensão teórica conceitual de gestão

social, destacando a territorialidade e as relações de convergência e de articulação entre

instituições como fatores implícitos e inerentes ao processo de gestão social.

[...] gestão social, como condição essencial, não é a gestão de processos

descontextualizados, mas sim ancorados territorialmente, como uma forma

de representação de poderes locais articuladas em interorganizações, que são

instituições de convergência que produzem e recriam ações, projetos e

programas (FISCHER, 2012, p. 114).

Diante dos diversos posicionamentos, sintetiza-se a gestão social como um modo de

gestão em que a participação social dos grupos locais organizados no processo decisório seja

dominante, com a finalidade de promoção de melhorias sociais e inovação social. Percebe-se

como princípios desse modo de gestão a pressuposição do diálogo, adoção de soluções

coletivas frente aos conflitos, a participação deliberativa, o protagonismo comunitário e a

atitude solidária, que, por fim, venham possibilitar a emancipação comunitária, contribuindo

assim para o estabelecimento de processos locais autônomos e democráticos, entendidos

como pressupostos para a dinamização do desenvolvimento local.

Mas, como promover a gestão social e a sustentabilidade dos processos desencadeados

pelos projetos de RSC com vistas ao desenvolvimento local? Como saber se as comunidades

beneficiadas estão preparadas para a condução desses processos? Como preparar as

comunidades beneficiadas para gerir os processos desencadeados pela RSC de forma

autônoma?

Diante desses questionamentos, faz-se valer a ideia de que nos projetos de RSC sejam

consideradas as carências comunitárias a partir do olhar da própria comunidade afetada, e que

se promova um esforço em favor da gestão social dos projetos, com a adoção de seus

princípios e do fortalecimento do capital social das localidades, síntese do recurso estratégico

para transformá-las em protagonistas do seu próprio desenvolvimento, ou desenvolvimento

endógeno.

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Segundo Pase (2007), Pierre Bourdieu foi um dos pioneiros na conceituação de capital

social ao considerar nessa ideia elementos que transcendem os aspectos econômicos e que

incorporam outras perspectivas intangíveis, as quais, no seu entendimento, viabilizam

recursos de ordem econômica. Pela concepção de Bourdieu (1980), “capital social” é definido

como “[...] conjunto de recursos atuais ou potenciais, ligados à posse de uma rede durável de

relações mais ou menos institucionalizada de conhecimento e reconhecimento” (BOURDIEU,

1980, p. 2, tradução nossa).

Ferreira e Pessôa (2012) entendem que “capital social” ainda seja um conceito em

formação, com diferentes abordagens sobre a sua construção, utilidade, aferição e formas de

fomento. Já Putnam (2006) associa o conceito capital social às “características da organização

social como confiança, normas e sistemas, que contribuem para aumentar a eficiência da

sociedade, facilitando ações coordenadas” (PUTNAM, 2006, p. 177). Altos “estoques” de

capital social podem ser entendidos, segundo Putnam (2006), como o engajamento cívico de

uma comunidade, o que se reflete de forma direta na capacidade de desenvolvimento e

também na capacidade de governança local.

Coleman (1990) percebe capital social sob uma perspectiva funcional, enquanto um

recurso à disposição do desenvolvimento endógeno.

[...] capital social não é apenas uma única entidade, mas também uma

variedade de diferentes entidades que possuem duas características em

comum: todas consistem de alguns aspectos de uma estrutura social e elas

facilitam ações dos indivíduos que pertencem a esta estrutura (COLEMAN,

1990, p. 302, tradução nossa).

Reforça-se a partir do entendimento conceitual de Coleman (1990) que quanto mais

“capital social” uma comunidade dispõe, maior a possibilidade de construção,

desenvolvimento e controle social das ações de interesse coletivo em uma estrutura social

comum.

Assim como Coleman (1990), Nahapiet e Ghoshal (1998) também compreendem

capital social dentro da ótica de recursos “[...] reais e potenciais incorporados, derivados e

disponibilizados pela rede de relacionamentos estabelecida por um indivíduo ou uma unidade

social” (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998, p. 243-244, tradução nossa). Esses autores ainda

classificam capital social a partir de três dimensões, quais sejam:

A dimensão estrutural: constituída pela análise de relações entre os atores de um

grupo social; a caracterização da rede dessas relações em termos de densidade,

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conectividade e hierarquia; e a avaliação funcional da rede (se ela está sendo

“usada” com o objetivo proposto ou para outra finalidade).

A dimensão relacional: focada na perspectiva de aspectos comportamentais dos

indivíduos que afetam o estabelecimento de suas relações sociais.

A dimensão cognitiva: focada na análise de aspectos que viabilizem a

convergência de visões, interpretações como códigos de linguagem e narrativas

compartilhados.

Outra abordagem conceitual para capital social é proposta nos trabalhos do Banco

Mundial (2014) como sendo o conjunto de instituições, relações e normas que defina a

qualidade e a quantidade de interações sociais de uma comunidade específica. De acordo com

a instituição, o capital social de uma localidade interfere diretamente no êxito de projetos de

desenvolvimento comunitário.

Em relação à avaliação e mensuração do capital social de uma comunidade, percebe-se

também uma ampla variedade de propostas metodológicas com essas finalidades. Ressalte-se,

no entanto, que o grande número de iniciativas, bem como os diversos contextos nos quais as

propostas são desenvolvidas, inviabilizam o estabelecimento de um paradigma metodológico

único a ser adotado como referência específica para avaliação e mensuração de capital social.

Mesmo assim, destacam-se aqui trabalhos que visam a aferição do capital social de

comunidades, tais como: o Índice de Comunidade Cívica (ICC) de Putnam (2006) e o

Questionário Integrado para Medir Capital Social (QI-MCS), de Grootaert et al. (2003). Essa

última é uma proposta metodológica desenvolvida por iniciativa do Banco Mundial. Ambos

os estudos serão objeto de detalhamento no tópico a seguir.

Diante das definições apresentadas nesta pesquisa, sintetiza-se a compreensão de

capital social como sendo uma “entidade” ou “bem social” ou um “valor” atribuído às

relações sociais, fundadas em perspectivas econômicas, socioculturais (normas, tradições,

confiança), funcionais e políticas que ajudem a compor a capacidade de organização e

mobilização social de um grupo social para a gestão de questões de interesse coletivo e,

portanto, de exercício da gestão social para o desenvolvimento local. Propõe-se, nesse

sentido, que o capital social de uma comunidade não deva ser tratado apenas como um

“valor” ou um “bem” de uma localidade a ser preservado, que pode contribuir ou viabilizar

um projeto social, mas, sim, também, sob a perspectiva da gestão social, como uma finalidade

em si dos projetos sociais atuantes sobre um território específico, vindo a contribuir para sua

promoção e o seu desenvolvimento.

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A discussão sobre o conceito de desenvolvimento local é palco de muitas

controvérsias no mundo acadêmico, seja na perspectiva do entendimento do que seria

desenvolvimento e suas adjetivações (territorial, sustentável, local, participativo, entre

outros), seja na perspectiva metodológica ou de processos para sua caracterização

(MARTINS; VAZ; CALDAS, 2010).

Para Santos e Rodríguez-Garavito (2004), o desenvolvimento local é fruto do

fortalecimento das organizações sociais enquanto agentes econômicos e políticos de uma

localidade. A ideia é de que quanto maior a força econômica dessas estruturas, maior a

capacidade de interferência direta delas no campo político. A partir disso, pode-se

desenvolver um processo local, em contraposição à lógica de exclusão socioeconômica e

política de ordem global.

Os autores relacionam as discussões e as experiências de desenvolvimento local e de

outros movimentos sociais a esforços para o “renascimento do ativismo por uma globalização

contra-hegemônica [e com a busca de] formas de organização socioeconômica baseadas na

igualdade, solidariedade, e também na proteção ambiental” (SANTOS; RODRÍGUEZ-

GARAVITO, 2004, p. 2-3).

Outros autores já buscam uma análise conceitual mais “objetiva” do termo, sobretudo

no que concerne ao “local”. Dowbor (2008) remete à ideia de que pensar em desenvolvimento

local é criar alternativas locais à lógica centralizadora de processos decisórios, ao se tratar da

realidade brasileira, e que, naturalmente, é distante das realidades locais. Ampliar o poder no

“[...] espaço local permite uma democratização das decisões, na medida em que o cidadão

pode intervir com muito mais clareza e facilidade em assuntos da sua própria vizinhança, e

dos quais tem conhecimento direto” (DOWBOR, 2008, p. 11). Nesse caso, Dowbor traduz o

local pela menor unidade política, qual seja, o município.

Além disso, uma análise afim a essa visão de Dowbor (2008) está presente nos

trabalhos de Fischer (2002). A autora se refere à maior possibilidade local de parcerias e

arranjos entre indivíduos, grupos e coletividades, mediadas por redes e interorganizações,

cujas estruturas de poder e de inserção produtiva se tornam mais coletivizadas e

horizontalizadas. Segundo Muls (2008), essas redes, ou formas intermediárias de coordenação

das relações sociais, têm emergido como promotoras do desenvolvimento local. Nesse caso,

as redes seriam, ao mesmo tempo, estratégias e condições para o desenvolvimento local.

As redes são a expressão das formas de ajustamento entre as restrições

extraterritoriais e as reações territoriais e nesse sentido a própria condição

para o desenvolvimento local. A densidade destas redes é que vai indicar o

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potencial de uma trajetória endógena de desenvolvimento local (MULS,

2008, p. 11).

Dentro da mesma perspectiva de formação de redes e da intersetorialidade, com base

no conceito desenvolvido por Inojosa (2001), Milani (2003) afirma que o desenvolvimento

local está associado ao “conjunto de atividades culturais, econômicas, políticas e sociais –

vistas sob a ótica intersetorial e transescalar – que participam de um projeto de transformação

consciente da realidade local” (MILANI, 2003, p. 1).

A partir das propostas conceituais apresentadas e a relação com o presente objeto de

pesquisa, entende-se “desenvolvimento local” como algo vinculado aos princípios da gestão

social, e, portanto, resultante de processos locais autônomos e democráticos de gestão política

e de inserção social, decorrentes do fortalecimento do capital social e dos arranjos em rede

entre organizações sociais, empresas e poder público, no âmbito local, buscando formas de

organizações alternativas à lógica da ordem socioeconômica global hegemônica.

Infere-se nesse contexto que a RSC, especialmente sob a perspectiva da gestão social,

traduz-se em campo de discussões e de processos de atuação não estatais sobre questões

sociais e que confere, a partir da intersetorialidade, a possibilidade do estabelecimento de

processos de desenvolvimento local. Essa discussão proporcionou organizar os conceitos

afins à gestão social, de forma que estes possam ser pautados nos processos avaliativos de

projetos de RSC.

1.4. PROCESSOS AVALIATIVOS DE PROJETOS SOCIAIS E DE RSC

Furtado e Laperrière (2012) ressaltam que o interesse nas discussões sobre avaliação

de projetos sociais no Brasil aumentou muito a partir da ampliação dos direitos civis

promovida pela Constituição de 1988. Além disso, os autores destacam o processo de

“ONGização” da gestão dos projetos sociais e também a exigência dos financiadores dos

projetos, dentre os quais as empresas, com respeito à implantação de sistemas de avaliação

desses projetos. Mesmo assim, a cultura avaliativa na sociedade brasileira ainda é incipiente

(FURTADO; LAPERRIÈRE, 2012). Esse fato, associado a uma carência de delimitações

conceituais mais precisas relativas à gestão social dos projetos e à contribuição deles para a

formação de capital social local reforçam a proposição de discussões desses conceitos no

sentido de uma construção teórica que contribua efetivamente para o desenvolvimento local.

A ausência de precisão conceitual sobre o que seria avaliação de projetos sociais,

segundo Costa e Castanhar (2003), não está vinculada ao conceito que se propõe de avaliação

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propriamente dito, mas, sim, aos vários critérios e modelos necessários para que se proceda à

análise e à aferição de resultados desses projetos. Nesse sentido, a concordância parcial do

conceito consiste no entendimento de que “avaliação” é uma forma de mensurar o

desempenho, cujo objetivo é possibilitar e orientar os processos de tomada de decisão quanto

à continuidade, necessidade de correções ou mesmo suspensão de uma determinada ação,

política, programa ou projeto (COSTA; CASTANHAR, 2003).

Além disso, percebe-se, no entendimento de Cohen e Franco (2011), que, em síntese, o

objetivo da avaliação de projetos sociais considera a inserção de dois critérios básicos que

aparentemente englobam o conjunto de “perspectivas” relacionadas a um processo de análise

e aferição de resultados. Esses conceitos são o de eficácia e eficiência, definidos com a

contribuição de Buvinich (1999). O primeiro refere-se à verificação do alcance dos objetivos

propostos, entendido como: em que medida os recursos, atividades e produtos dos projetos

estão realizando os efeitos diretos almejados, em um determinado período de tempo,

independentemente dos custos implicados. Já o conceito de “eficiência” refere-se ao uso dos

recursos para o alcance dos resultados, propondo a meta de menor relação custo/benefício dos

processos (BUVINICH, 1999).

Além dos critérios de Cohen e Franco (2011), Buvinich (1999) propõe, ainda, a

efetividade, entre outros critérios que podem ser utilizados na avaliação de projetos sociais.

Segundo o autor, esse critério vem ao encontro da necessidade de medir os impactos, tanto

diretos quanto indiretos dos projetos em termos socioculturais, ambientais, técnicos,

econômicos e institucionais, no contexto territorial em que os projetos foram ou vêm sendo

desenvolvidos. Portanto, entende-se esse critério como sendo outra referência básica de

avaliação na perspectiva da gestão social e do desenvolvimento local.

Uma quarta preocupação atribuída à ideia de avaliação, destacada na análise

processual e final de projetos sociais, é a pertinência do processo avaliativo desses projetos.

Nesse caso, entende-se a avaliação da pertinência como a análise da correspondência do

modelo e da proposta de avaliação com os objetivos dos projetos sociais (COHEN; FRANCO,

2011).

No caso de projetos de RSC, a pertinência do processo avaliativo ganha maior

prioridade, em função de que um dos “pontos-chave” dos questionamentos sobre as

avaliações adotadas nos projetos de RSC está relacionado à credibilidade das avaliações.

Especialmente, nesse caso, se considerarmos a falta de instrumentos ou indicadores que

possam aferir, sobretudo, a capacidade e a efetividade dos grupos locais em se estabelecerem

como protagonistas dos processos (COELHO; GONÇALVES, 2007; 2011). Isso acaba por se

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tornar um fator inibidor de continuidade dos investimentos por parte das empresas e, por

consequência direta, o comprometimento da sequência dos projetos.

Do ponto de vista empresarial, percebe-se que a medição e a avaliação dos projetos de

RSC são práticas comuns, devido ao fluxo de investimentos realizados pelas próprias

empresas, as quais buscam mapear o retorno obtido com os mesmos. Porém, ressalta-se no

debate a limitação dos processos avaliativos desses projetos e a mensuração de seus resultados

efetivos, mesmo com a adoção de procedimentos quanti-qualitativos da economicidade e de

seus impactos (CABRAL, 2011).

Fischer et al. (2003) atestam que essas dificuldades estão relacionadas às “[...]

diferentes culturas organizacionais, linguagens e formas de trabalho das organizações de

setores distintos” (FISCHER et al., 2003, p. 2). Além disso, as autoras destacam outros

desafios associados à composição de objetivos, estratégias e também aos valores atribuídos às

questões postas pelos projetos, gerando maiores dificuldades na organização de indicadores

de resultados e de monitoramento.

Cabral (2011) aponta, ainda, para a insuficiência das metodologias de avaliação de

projetos sociais vinculada à limitação das adaptações de técnicas, tanto da área privada quanto

da área pública. Ela considera que na área privada os indicadores estão mais voltados para

aspectos da economicidade dos projetos. Já na área pública, os indicadores tendem a ser mais

genéricos, portanto, incompatíveis com a especificidade das escalas territoriais e temporais

dos projetos.

No caso da RSC, percebe-se atualmente uma preocupação das empresas em

caracterizar os processos avaliativos dos seus projetos sociais a partir de referenciais

metodológicos que estabelecem, dentro de uma perspectiva mercadológica, uma corrente

global de avaliação do compromisso das empresas em relação às suas interfaces econômicas,

sociais e ambientais. São metodologias criadas por instituições não governamentais de caráter

filantrópico, mas também mantidas por fundos de investimento privados e por organismos do

mercado financeiro que vêm exigindo informações das empresas, especialmente de suas

performances nas perspectivas ambiental, social e econômica (VINTRÓ; COMAJUNCOSA,

2010). Dentre essas instituições, destacam-se, notoriamente na realidade brasileira, o uso da

metodologia GRI (Global Reporting Initiative) e a do Instituto Ethos de Empresas e de

Responsabilidade Social.

De fato, em razão do levantamento realizado dos indicadores das instituições

analisadas, não se percebe a avaliação qualitativa dos processos de RSC em relação ao

entendimento da gestão social adotado neste trabalho. A grande importância dada às

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avaliações quantitativas leva a desconsiderar os ganhos qualitativos das iniciativas. Por

exemplo, a representatividade, o montante dos valores investidos e o número de iniciativas

não informam sobre a participação e o protagonismo da população nos projetos, assim como

sobre o desenvolvimento de capital social local.

Observa-se uma diferença considerável, em termos de avaliação de intervenções, entre

os conceitos fato e valor. A apuração dos fatos, muito frequentemente, não permite captar os

aspectos qualitativos indispensáveis para a sustentabilidade das ações de RSC, valorada na

capacidade de a própria comunidade assumir o processo desencadeado e fazê-lo evoluir

favoravelmente ao seu desenvolvimento.

De forma geral, acredita-se que indicadores quantitativos, apesar de importantes para a

avaliação da viabilidade econômica dos processos, não expressam, a priori, o alcance dos

resultados dos projetos sociais em relação aos objetivos de promover o desenvolvimento

local. Isso reforça a necessidade de se ampliar as discussões sobre como avaliar os projetos,

de forma a permitir a mensuração de seus efeitos e de seus resultados, sobretudo com a

identificação de indicadores mais específicos e com forte caráter qualitativo. Nesse caso,

entende-se que os indicadores que proporcionariam a sua melhor aferição seriam aqueles que

avaliassem a presença de princípios da gestão social, como protagonismo e participação

comunitária deliberativa, empoderamento, intersetorialidade, além da formação de capital

social local.

Na busca literária realizada por trabalhos que abordassem a categoria “indicadores de

gestão social” relacionada a ações e projetos de responsabilidade social de empresas, foi

encontrado apenas um estudo organizado por Rangel e Saíz (2011). O referencial

metodológico utilizado por esses autores para a proposição dos indicadores considerou

aspectos associados ao capital social das comunidades, a partir das pesquisas de Putnam

(2006). Nesse sentido, estabeleceram-se quatro categorias específicas de avaliação: (1)

confiança; (2) apoio (parcerias); (3) interesse; e (4) participação social.

Destaca-se neste trabalho que apesar de o nome dado de “indicadores de gestão

social”, a metodologia não visou avaliar um programa ou projeto específico de RSC de

empresas e a sua respectiva gestão social, mas, sim, os princípios que orientam a prática de

gestão interna de uma empresa privada, no sentido de perceber uma aproximação da gestão

estratégica funcionalista à gestão social.

Além deste trabalho, encontraram-se outras discussões metodológicas de avaliação de

projetos de RSC de empresas, a partir de olhares que extrapolam o ponto de vista do mercado,

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nos estudos de Coelho e Gonçalves (2007; 2011), Macke (2005), Macke e Carrion (2006) e

Senefonte (2014).

Coelho e Gonçalves (2007; 2011) estabeleceram uma proposta de avaliação de

projetos de RSC sob a ótica das comunidades envolvidas, considerando uma perspectiva

quanti-qualitativa de análise dos processos e de resultados. Percebe-se nos trabalhos desses

autores a existência de elementos característicos da gestão social na proposta da avaliação,

tais como a participação e o interesse comunitário nos projetos. Porém, esses aspectos estão

tratados dentro de uma perspectiva de processo, e não de resultados ou objetivos dos projetos

desenvolvidos, não caracterizando necessariamente avanços locais na gestão social dos

projetos.

Macke (2005) e Macke e Carrion (2006) apresentaram uma proposta metodológica de

avaliação de projetos de RSC pela avaliação quanti-qualitativa do capital social envolvido e

das redes de compromisso social. A proposta considera a organização de indicadores de

avaliação a partir das três dimensões de capital social propostas por Nahapiet e Ghoshal

(1998): as dimensões relacional, estrutural e a cognitiva. Para a composição dos indicadores

foram elencadas diversas perspectivas associadas à capital social de uma determinada

localidade, dentre as quais se destacam as perspectivas presentes nos trabalhos dos seguintes

pesquisadores: os de Nahapiet e Ghoshal (1998), pelas dimensões estabelecidas; os de Putnam

(2006), referentes ao conjunto de normas e condutas sociais locais; os de Coleman (1990), em

sua análise da funcionalidade e objetividade das redes de compromisso social e o

estabelecimento da lógica de obrigações e expectativas entre os atores; e os de Fukuyama

(1996, apud MACKE; CARRION, 2006), em que o foco se atém à caracterização da

confiança entre atores e também entre instituições envolvidas em um processo coletivo como

elemento base da formação de capital social local (MACKE; CARRION, 2006).

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Tabela 1: Proposta de indicadores qualitativos de capital social para projetos de

empresas privadas

Dimensão do capital

social local Elementos

Relacional

Participação dos atores

Tomada de decisões

Estímulo à participação e mobilização da comunidade

Identificação e qualificação dos problemas sociais

Intenção em reeditar o programa

Acompanhamento dos beneficiários

Resultado esperado para a comunidade

Estrutural

Organizações parceiras

Iniciativas locais

Contribuições da comunidade para o programa

Mudanças realizadas em função de sugestões da comunidade

Interesse em formar outras parcerias

Cognitiva

Capacitações necessárias para atuar no campo social

Dificuldades encontradas

Valores da empresa e a forma como os coloca em prática

Significado do programa para a empresa

Divulgação das ações

Metodologia de avaliação dos resultados do programa

Indicadores de avaliação dos resultados do programa

Fonte: Macke (2005, p. 253).

Tabela 2: Proposta de indicadores quantitativos de capital social para projetos de

empresas privadas

Dimensão

Capital Social Indicadores Forma de Medição

Possibilidade de

Comparação com

Relacional

Grau de participação

dos públicos interno e

externo

Quantidade de pessoas participando

ativamente das diferentes etapas do

programa

Existência de uma visão

compartilhada sobre os

objetivos do programa

Intensidade do

relacionamento como

público beneficiado

Quantidade de tempo dedicado ao

público beneficiado e à comunidade

onde está inserido

Número de beneficiados

como programa

Estrutural

Grau de estruturação

dos programas

Existência de metodologia e

sistema de indicadores definidos Idade do programa

Grau de atuação e

conectividade da rede

Número de pontos de contato entre

os membros da rede

Confiabilidade das

informações sobre o

programa

Cognitiva

Confiabilidade das

informações sobre o

programa

Existência de formas sistematizadas

de monitoramento e avaliação dos

programas, documentação e formas

de comunicação dos resultados

Grau de atuação e

conectividade da rede

Visão compartilhada

dos objetivos do

programa

Quantidade de pessoas envolvidas –

público interno, externo, atores da

rede – que conhecem claramente os

objetivos do programa

Grau de

participação dos

públicos interno e

externo

Fonte: Macke (2005, p. 254).

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Ressalta-se que mesmo como uma proposição ampla e detalhada para a composição de

indicadores relacionados à produção de capital social local em função de programas de RSC,

e da sua importância para o fomento do desenvolvimento local, nos trabalhos de Macke

(2005) e Macke e Carrion (2006) observa-se que não há definição na composição de

indicadores de gestão social que permitam aferir, objetivamente, de acordo com as premissas

deste estudo, a sustentabilidade dos projetos em si. Esse é o aspecto enfatizado nos objetivos

desta pesquisa, que a torna inovadora em relação aos trabalhos das autoras. Além disso, outra

distinção deste estudo consiste no fato de ser uma meta-avaliação de projetos de RSC, sendo

que os trabalhos de Macke (2005) e Macke e Carrion (2006) buscam avaliar os conteúdos de

programas de RSC desenvolvidos.

Já Senefonte (2014) apresenta uma proposta de indicadores para projetos de RSC a

partir de uma relação mais próxima entre seus indicadores e os de instituições, como o GRI, o

Ethos e o Banco Mundial com indicadores sociais como o IDH (Índice de Desenvolvimento

Humano), e outros organizados por diversas instituições como o IBGE, o DIEESE e a FIPE.

Trata-se de uma tentativa de referenciação temática a partir de fontes consideradas confiáveis,

tanto das propostas de projetos de RSC quanto da elaboração de indicadores de projetos.

Em relação aos indicadores sociais, Senefonte faz uma compilação aglutinada dos

indicadores das instituições estudadas em 10 categorias (demografia, trabalho e emprego,

educação, saúde, segurança, condições de vida, economia, clima e meio ambiente,

infraestrutura e gênero). Já com os indicadores de RSC, o autor consolidou cinco dimensões

norteadoras comuns às metodologias estudadas, quais sejam:

dimensão externa (sociedade, comunidade, clientes e fornecedores);

dimensão interna (engajamento organizacional, aspectos da gestão interna);

dimensão ambiental (o uso de recursos naturais, práticas sustentáveis, consumo

consciente, entre outros relacionados ao trato ambiental);

dimensão econômico-financeira (investimentos realizados, a gestão financeira dos

projetos;

dimensão governamental (interface dos projetos com a esfera pública e as políticas

públicas).

Por meio da análise de projetos de RSC de três empresas, Senefonte (2014) buscou

avaliar quais indicadores eram utilizados e quais das cinco dimensões apresentadas esses

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indicadores contemplavam. A partir de sua análise, o autor apontou como proposta

metodológica na construção de indicadores de RSC:

A possibilidade de uso de indicadores em momentos avaliativos diversos dos

projetos (ex-ante, durante e ex-post). Fazer uso dos três momentos é o ideal, mas

caso não seja possível, isto pode ser adaptado à realidade do projeto.

A composição dos indicadores deve ser feita em função dos objetivos dos projetos,

através do conjunto de informações e valores que caracterizam os projetos e as suas

premissas, o que ele chama de “inputs” dos projetos. Os resultados, os produtos, ou

externalidades decorrentes do processo (“outputs”) consistem nos aspectos a serem

objetos de avaliação.

Os indicadores a serem organizados devem considerar aspectos da eficiência, da

eficácia, da efetividade e também dos próprios indicadores sociais, de forma a

mensurar o significado social do projeto dentro de padrões metodológicos universais.

Figura 3: Modelo proposto por Senefonte (2014) para a construção de indicadores de

RSC

Fonte: Senefonte (2014, p. 93).

No caso dessa metodologia, apesar de serem fornecidos subsídios para uma avaliação

ampla e qualificada de projetos em termos de resultados a partir de um referencial

consolidado de indicadores sociais, não se percebe na proposta a gestão social como foco

específico de avaliação.

Além das metodologias já apresentadas, ressalta-se a existência de metodologias que

não são específicas para avaliação da gestão social de projetos de RSC, mas que buscam a

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valoração de capital social comunitário. No entendimento deste estudo, esses são subsídios

técnicos para a construção de propostas de indicadores afins à ideia de avaliação da

sustentabilidade de projetos pela ótica da gestão social. São eles: o Índice de Comunidade

Cívica (ICC), de Putnam (2006), e o Questionário Integrado para Medir Capital Social (QI-

MCS), do Banco Mundial (GROOTAERT et al., 2003).

O ICC foi organizado a partir dos estudos de Putnam sobre a organização sociopolítica

italiana e as diferenças qualitativas observadas entre o padrão percebido entre regiões centrais

e do Norte italiano, comparadas com as regiões do Sul, em termos de mobilização e

engajamento cívico. Putnam (2006) considerou, no contexto italiano, quatro variáveis

fundamentais para a composição do ICC regional: (1) a existência do voto preferencial; (2) a

leitura de jornais; (3) a participação em associações desportivas ou culturais; e (4) o

comparecimento a referendos.

A partir desses elementos, Putnam (2006) identificou as regiões mais cívicas e as

menos cívicas da Itália, principalmente pela observação da qualificação da participação

política. Porém, apesar do êxito, do reconhecimento e da pertinência do ICC, como as

variáveis abordam aspectos socioculturais bastante específicos ao contexto italiano,

considerou-se esta referência metodológica incapaz de ser replicada em outros contextos, a

partir das mesmas variáveis utilizadas por Putnam (2006). Todavia, a metodologia evidencia a

possibilidade de se estabelecer, em outras localidades, parâmetros específicos locais para que

se possa medir o capital social de uma comunidade.

Já a metodologia QI-MCS do Banco Mundial teve como objetivo disponibilizar um

conjunto de questões essenciais, do tipo survey, para a geração de dados quantitativos sobre

várias dimensões do capital social. A metodologia foi referenciada por diversos estudos, além

de ter sido testada em algumas localidades da Nigéria e Albânia. O questionário foi

organizado em seis blocos temáticos com o total de 95 questões, para avaliar os aspectos

descritos conforme mostra a Tabela 3:

Tabela 3: Estrutura QI-MCS

Bloco Nº

questões Foco avaliativo

1 Grupos e Redes 33 Participação dos indivíduos em organizações sociais e redes informais de

relacionamento

2 Confiança e

Solidariedade 6

Status de confiança em relação a vizinhos, provedores de serviços e

estranhos

3 Ação coletiva e

Cooperação 7

Formas de trabalho estabelecidas entre os indivíduos nas comunidades em

projetos conjuntos ou como resposta a necessidades coletivas.

4 Informação e

Comunicação 11

Meios pelos quais os indivíduos recebem informações relativas às

condições de mercado e serviços públicos, e até onde têm acesso às

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infraestruturas de comunicação.

5 Coesão e Inclusão

Social 23

Natureza e tamanho das divisões e diferenças sociais que podem causar

conflitos na comunidade, e os mecanismos de gestão destas diferenças.

Questões relativas às formas cotidianas de interação social também são

consideradas neste bloco.

6 Empoderamento e

Ação Política 15

O sentimento de felicidade, eficácia pessoal e capacidade dos membros

do agregado doméstico para influenciar, tanto eventos locais como

respostas políticas mais amplas.

Fonte: Grootaert et al. (2003). Obs: adaptação do autor.

1.5. CONCLUSÕES

A leitura dos referenciais teóricos contribuiu para ampliar o entendimento sobre o

modo de tornar uma atividade avaliativa mais efetiva no sentido de promover a

sustentabilidade dos projetos de RSC e o desenvolvimento local das comunidades-alvos

desses projetos. Observa-se a ausência de princípios da gestão social na definição de

indicadores de que permitam aferir objetivamente, de acordo com as premissas deste trabalho,

a sustentabilidade dos projetos e de seus desdobramentos, mesmo com a existência de

metodologias relacionadas à aspectos associados à gestão social como a valoração do capital

social. Dessa reflexão derivou-se claramente a necessidade da adoção desses princípios, tanto

na elaboração quanto na avaliação dos projetos sociais, para fins de geração do

desenvolvimento local.

De qualquer forma, esse referencial metodológico refletido será novamente submetido

à análise, por meio do desenvolvimento de uma pesquisa de campo, para a elaboração da

proposição técnica pretendida como coroamento deste estudo, que visa proporcionar novos

elementos metodológicos para um possível modelo de indicadores de sustentabilidade de

projetos de RSC, com potencial de contribuir para o desenvolvimento local.

Associa-se a sustentabilidade dos projetos sociais de RSC à perspectiva desse novo

paradigma de gestão – gestão social –, que estabelece o comprometimento dos projetos não

apenas com as demandas internas das empresas, de resultados econômicos e de exclusivo

cumprimento de obrigações legais, mas, também, com resultados efetivos na promoção do

desenvolvimento local.

Para esse fim, o produto técnico deste trabalho pretende ir ao encontro das seguintes

questões: quais seriam os melhores indicadores de avaliação para medir a capacidade dos

projetos de responsabilidade social de empresas contribuírem efetivamente para a promoção

do desenvolvimento local? Como assegurar a preservação do caráter qualitativo das

avaliações de modo a refletir a realidade da transformação social promovida por tais projetos?

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43

2. UMA ANÁLISE EMPÍRICA DA GESTÃO SOCIAL COMO BASE

METODOLÓGICA DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS DE GERAÇÃO

DE EMPREGO E RENDA DE EMPRESAS DE MINERAÇÃO DE FERRO DO

QUADRILÁTERO FERRÍFERO DE MINAS GERAIS

Marcelo Scarpa Rennó3

Ediméia Maria Ribeiro de Mello4

RESUMO

Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa desenvolvida, em caráter de meta-

avaliação, de dois projetos sociais, voltados para a geração de emprego e renda,

implementados por duas empresas de mineração de ferro em um município do Quadrilátero

Ferrífero de Minas Gerais. Como base analítica para a realização da meta-avaliação, buscou-

se a presença de indicadores afinados com a gestão social como referencial conceitual na

avaliação da sustentabilidade dos projetos. Observa-se, em avaliações normalmente realizadas

desses projetos, que a sistematização de indicadores é mais atrelada às necessidades internas

das empresas mineradoras e também a resultados econômicos obtidos nos projetos, em

detrimento de outros modelos avaliativos capazes de aferir a efetividade na promoção da

capacidade dos grupos sociais assumirem, de forma autônoma, os projetos e seus

desdobramentos, promovendo o desenvolvimento local. Nesse sentido, como saber se esses

projetos estão proporcionando autonomia e processos sustentáveis aos grupos comunitários

envolvidos nas iniciativas diante de um cenário de possível ausência do protagonismo dos

seus agentes financiadores, especificamente as empresas de mineração de ferro? Com vista

em compreender essa questão foi realizada a pesquisa durante os meses de março a agosto de

2015, a partir de levantamento de dados e análise documental dos projetos, e também por

meio de entrevistas semiestruturadas individuais com os públicos envolvidos. Nas entrevistas

foram abordados três públicos distintos: gestores das empresas promotoras dos projetos (um

gestor da área responsável na empresa e dois membros da equipe técnica de cada projeto);

grupos comunitários beneficiados pelo projeto (cinco membros de cada projeto); e também

dois representantes do poder público local. Para identificação dos entrevistados foi adotada a

3 Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do

Centro Universitário UNA. 4 Orientadora e Professora Doutora do Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento

Local do Centro Universitário UNA.

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metodologia de snowball sampling (WHA, 1994), e para a análise dos dados optou-se pela

abordagem qualitativa por meio da identificação de categorias específicas de análise

referenciadas em metodologias de meta-avaliação e também nos objetivos e princípios da

gestão social. Conclui-se que nas iniciativas analisadas a gestão social, a partir dos critérios de

análise estabelecidos de pesquisa, e, considerando as intencionalidades dos projetos, não foi

contemplada como objeto de avaliação sistematizada de resultados. Como exemplos disso,

não estão presentes nas avaliações estudadas indicadores capazes de aferir aspectos e avanços,

tais como: a maturação de redes de relacionamento internas dos grupos; a comunicação e a

informação atreladas ao projeto junto aos públicos, o que também inclui a avaliação dos

projetos e os seus indicadores; o grau de conhecimento, convergência e confiança nos

objetivos dos projetos e no alcance destes; o fortalecimento das estruturas de apoio e

solidariedade entre membros; a intersetorialidade; a vinculação do projeto com outras

instituições e políticas públicas locais de desenvolvimento e, sobretudo, a capacidade técnica

e sociopolítica dos grupos em protagonizarem o desenvolvimento do projeto e de seus

desdobramentos. Porém, ressalta-se a existência de esforços e indícios técnicos utilizados nas

iniciativas que podem contribuir para a concepção futura de referenciais metodológicos na

avaliação da gestão social em projetos dessa natureza.

Palavras-chave: Gestão social. Capital social. Intersetorialidade. Meta-avaliação.

Desenvolvimento local.

2.1. INTRODUÇÃO

Como avaliar se projetos sociais de empresas de mineração de ferro, voltados para

geração de emprego e renda, estão promovendo melhorias na qualidade de vida das

comunidades onde são desenvolvidos? Como saber se esses projetos estão proporcionando

autonomia e processos sustentáveis aos grupos comunitários envolvidos diante de um cenário

de possível ausência do protagonismo dos agentes financiadores desses projetos? Apesar do

interesse por parte das empresas no estabelecimento de processos que possibilitem o alcance

dessa maturidade dos grupos beneficiados, questiona-se: nos modelos avaliativos

desenvolvidos para esses projetos, consegue-se avaliar e mensurar essa “maturidade

comunitária” na condução do movimento desencadeado pelos projetos estabelecidos?

Tais questionamentos sugerem uma análise da avaliação que transcenda a perspectiva

de resultados econômicos dos projetos e que incorpore aspectos vinculados à gestão social das

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iniciativas. Esta é entendida como um modo de gestão em que a participação social no

processo decisório seja dominante, com a finalidade de promoção de melhorias sociais e

inovação social. Percebe-se como princípios intrínsecos à gestão social a pressuposição do

diálogo, a adoção de soluções coletivas frente aos conflitos, a participação, o protagonismo

comunitário e a atitude solidária, que, por fim, venham possibilitar a emancipação

comunitária, contribuindo assim para o estabelecimento de processos locais autônomos e

democráticos, pressupostos para a dinamização do desenvolvimento local.

A emancipação comunitária é um dos principais desafios para a sustentabilidade em

programas sociais. Cattani e Ferrarini (2010) destacam a sustentabilidade como critério de

políticas emancipatórias de programas sociais, vindo ao encontro da “a necessidade de

aquisição de condições de autonomia da população ao término do programa, permitindo-lhe

prescindir dos recursos materiais e técnicos” (CATTANI; FERRARINI, 2010, p. 166). Esses

recursos podem, inclusive, continuar sendo obtidos através de parcerias com outras

instituições, mas a busca, o uso e o controle da gestão devem estar inseridos em uma

perspectiva de emancipação dos grupos beneficiados. Ou seja, esses grupos devem se ocupar

dessa função.

Em relação à avaliação dos projetos, não se trata de se desconsiderar a importância dos

aspectos econômicos numa avaliação de um projeto de geração de renda. O que se pretende é

enfatizar a importância de se trabalhar, na perspectiva de resultados, formas de se avaliar a

gestão social dos projetos e aferir questões, tais como: intersetorialidade (INOJOSA, 2001),

assegurando a otimização na alocação de recursos; participação deliberativa (LÜCK, 2011;

DIAZ BORDENAVE, 1994); e empoderamento (HOROCHOVSKI; MEIRELLES, 2007), de

modo que as comunidades se engajem e sejam acatadas nos processos decisórios; e o

protagonismo comunitário na governança dos processos estabelecidos. Entende-se que a

sustentabilidade das ações desencadeadas por projetos sociais de empresas nas comunidades

impactadas por elas, além de outros fatores, está vinculada à capacidade de os grupos sociais

beneficiados se apropriarem desses movimentos, tornando-se assim protagonistas do

desenvolvimento local. Alcançada essa condição, avalia-se a efetividade do projeto para além

dos seus aspectos econômicos.

Diante desse cenário, qual seja, da pressuposição da gestão social como indispensável

ao desenvolvimento local, buscou-se meta-avaliar empiricamente metodologias adotadas em

dois projetos sociais voltados para geração de emprego e renda, desenvolvidos por duas

empresas de mineração de ferro, no âmbito da responsabilidade social corporativa, locadas em

um município do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. Meta-avaliação é uma prática

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direcionada a evidenciar, de forma qualitativa, o que ocorre ou o que já ocorreu em um

processo avaliativo, considerando padrões metodológicos para busca e análise de resultados

(HELDLER; GIBRAM, 2009). Avaliou-se, nesse caso específico, se as propostas de

avaliação adotadas nos projetos sociais implementados incorporaram em seus mecanismos

avaliativos os objetivos e os princípios da gestão social.

A pesquisa foi desenvolvida a partir de levantamento de dados e análise documental

dos projetos, e também, por meio de entrevistas semiestruturadas individuais com os públicos

envolvidos. Nas entrevistas foram abordados três públicos distintos: gestores das empresas

promotoras dos projetos (um gestor da área responsável na empresa e dois membros da equipe

técnica de cada projeto); grupos comunitários beneficiados pelo projeto (cinco membros de

cada projeto); e também dois representantes do poder público local. A definição dos

entrevistados se deu a partir da técnica de amostragem não probabilística de snowball

sampling ou “bola de neve”, que consiste em uma técnica na qual entrevistados iniciais do

estudo, identificados previamente, indicam novos participantes que, por sua vez, indicam

novos participantes e assim sucessivamente, até a ocorrência de saturação das informações

disponibilizadas (WHA, 1994).

Como suporte analítico e metodológico da pesquisa, foram estabelecidas cinco

categorias de análise fundamentadas em aspectos metodológicos de meta-avaliação, tendo

como base os objetivos e os princípios da gestão social, quais sejam: (1) a validade do

processo avaliativo perante os públicos; (2) a utilidade da avaliação; (3) a adequação às

expectativas dos públicos; (4) a comunicação e a informação do processo avaliativo; (5) a

qualificação da avaliação sob a perspectiva conceitual da gestão social.

A partir das categorias de análise, foi elaborado o roteiro de pesquisa para coleta de

dados, que consistiu na verificação das categorias nos documentos e informações

disponibilizados para a pesquisa documental e também os questionários semiestruturados

utilizados nas entrevistas com os públicos envolvidos nos projetos.

Apresenta-se na figura 4 o quadro esquemático resumo da metodologia de pesquisa

adotada:

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Figura 4: Quadro esquemático da metodologia de pesquisa

Ao longo do capítulo apresentam-se, inicialmente, os fundamentos conceituais e

teóricos que nortearam a pesquisa: meta-avaliação e gestão social. Em seguida, uma descrição

sucinta dos projetos, assim como as suas propostas avaliativas e os resultados, com o resumo

analítico das observações, além de sugestões de encaminhamentos de pesquisa obtidos nas

categorias de análise estabelecidas. E, por fim, as conclusões do estudo para o

desenvolvimento de trabalhos associados ao tema.

2.2. FUNDAMENTOS CONCEITUAIS E METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Meta-avaliação

O termo “meta-avaliação” foi introduzido por Michael Scriven em 1969, apesar de a

expressão “avaliação de avaliação” ter sido criada por Orata em 1940 (COOK; GRUDER,

1978 apud HELDLER; GIBRAM, 2009). De acordo com Elliot (2011), Scriven define “meta-

avaliação” como sendo a avaliação de avaliações realizadas, traduzida pela verificação das

avaliações a partir de diversos critérios (SCRIVEN, 2001 apud ELLIOT, 2011). Elliot (2011)

cita também Stufflebeam, que define meta-avaliação como:

[...] o processo de delinear, obter e aplicar informação descritiva e de

julgamento – sobre a utilidade, a viabilidade, adequação e precisão de uma

avaliação e sua natureza sistemática, competente conduta,

integridade/honestidade, respeitabilidade e responsabilidade social – para

orientar a avaliação e divulgar publicamente seus pontos fortes e fracos

(STUFFLEBEAM, 2001, p.185, apud ELLIOT, 2011, p. 943).

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Além disso, outra razão para se realizar uma meta-avaliação, além da lógica de

averiguação efetiva dos resultados obtidos, é a possibilidade de se incorporar, ao conjunto

analisado, novos conhecimentos e realizar ajustamentos aos processos (BERENDS;

ROBERTS, 2003, apud ELLIOT, 2011).

Conforme Worthen, Sanders e Fitzpatrick (2004, apud FURTADO; LAPERRIÈRE,

2012), o objetivo da meta-avaliação é contribuir para a melhoria da avaliação em todo o seu

potencial. Trata-se de “promover a qualificação do objeto avaliado, empoderar os grupos de

interesse envolvidos [requisito da gestão social] e gerar subsídios para o contínuo

aprimoramento teórico e prático do campo da avaliação” (FURTADO; LAPERRIÈRE, 2012,

p. 699).

Em relação aos tipos de meta-avaliação, Elliot (2011) destaca duas linhas

metodológicas, de acordo com o proposto por Stufflebeam (2001, apud ELLIOT, 2011): a

meta-avaliação somativa e a meta-avaliação formativa ou simultânea. A primeira é definida

como o processo de avaliação de avaliações já realizadas e auxiliam os interessados a

perceber tanto os pontos fortes como as fragilidades das avaliações. Já a meta-avaliação

formativa ou simultânea, descrita por Hanssen, Lawrez e Dunet (2008, apud FURTADO;

LAPERRIÈRE, 2012), é feita durante o processo avaliativo, possibilitando gerar

contribuições tanto para o desenvolvimento da própria avaliação, objeto de meta-avaliação,

quanto para os seus resultados.

Quanto aos procedimentos técnicos de meta-avaliações, estes variam em função do

tipo da avaliação realizada. No caso da meta-avaliação somativa, Elliot (2011) apresenta

cinco abordagens. São elas:

1. Lista-Chave de Verificação de Avaliação (Key Evaluation Checklist – KEC):

desenvolvida por Scriven (2007), estabelece os aspectos a serem analisados na meta-

avaliação na perspectiva de pontos fortes e pontos fracos, além de discorrer sobre

questões essenciais como utilidade, viabilidade, adequação e precisão.

2. Critérios Fundamentais: definida por Davidson (2005, apud ELLIOT, 2011), os

critérios são a validade, a utilidade, a conduta, a credibilidade e os custos das

avaliações. Portanto, o trabalho deve observar aspectos éticos, a intencionalidade dos

públicos, apontamentos justificáveis e desenvolvidos com eficiência.

3. Padrões de Avaliação: organizados pelo Joint Committee on Standards for

Educational Evaluations (2011, apud ELLIOT, 2011), são diretrizes para orientação,

elaboração e execução de processos avaliativos, incluindo as meta-avaliações. São

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elencados padrões com os elementos considerados essenciais do processo avaliativo:

utilidade, exequibilidade, adequação, precisão e responsabilização (accountability).

4. Abordagem de Segunda Opinião: busca-se nessa abordagem a análise comparativa

de opiniões de pessoas/equipes diferentes, utilizando o mesmo procedimento

metodológico da avaliação realizada.

5. Abordagem híbrida: Essa abordagem conjuga dois procedimentos: a análise da

avaliação (seu julgamento, metodologia utilizada e sua apresentação) e a verificação

cruzada de aspectos que podem gerar discordância e questionamentos por terceiros.

Já em relação à meta-avaliação formativa ou simultânea, Elliot (2011) destaca que os

trabalhos de Davidson (2005, apud ELLIOT, 2011) apontam procedimentos que utilizam da

interação entre avaliadores e avaliados no decorrer da avaliação a ser avaliada, seja esse

processo organizado por grupos diretamente envolvidos na meta-avaliação, seja por grupos

tidos como isentos no processo.

No caso desta pesquisa, a meta-avaliação realizada foi somativa, sendo que a

abordagem metodológica utilizada foi elaborada a partir de análise de aspectos considerados

nas metodologias, quais sejam: “Lista-chave de verificação de avaliação”; “Critérios

Fundamentais”; e “Padrões de Avaliação”, além de fundamentos conceituais da gestão social.

Essa adaptação deu suporte para a caracterização das seguintes categorias de análise na

pesquisa realizada:

Validade do processo avaliativo perante os públicos, considerando a legitimação do

processo avaliativo realizado;

Utilidade do processo avaliativo no desenvolvimento do projeto, sobretudo, para a

construção de ferramentas estratégicas de desenvolvimento dos projetos sob a

perspectiva da gestão social e da sustentabilidade;

Adequação do processo avaliativo às expectativas dos públicos em relação aos

projetos e a sua sustentabilidade;

Comunicação e informação do processo avaliativo, considerando a lógica da

transparência e da possibilidade de envolvimento qualificado dos públicos para com os

projetos;

Qualificação da avaliação sob a perspectiva da gestão social, com a adoção de

indicadores relacionados à perspectiva de gerar e fortalecer o capital social local e

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aspectos como a participação no processo decisório, o trato intersetorial interno do

grupo e com outras instituições locais (parcerias), o interesse e confiança no alcance

dos objetivos, e, sobretudo, a autonomia do grupo na condução das ações do projeto.

Gestão Social

A complexidade é inerente ao contexto da perseguição das alternativas

socioeconômicas de uma localidade, pelo fato de estarem necessariamente atreladas ao

conjunto social local. Esse conjunto se expressa pela interdependência, interação e a inter-

retroatividade entre os seus diversos setores e o todo e vice-versa (MORIN, 2010).

Isto também remete à compreensão da necessidade de articulação intersetorial para o

desenvolvimento local. Nesse sentido, a intersetorialidade é percebida como um requisito

intrínseco ao sucesso de projetos sociais, pois está traduzida na capacidade de articulação de

rede interdisciplinar de conhecimentos, esforços e compromissos setoriais para a busca de

solução de problemas com esse nível de complexidade implícito (INOJOSA, 2001).

Assim, a sustentabilidade de projetos sociais de geração de emprego e renda,

desenvolvidos por empresas, “anda de mãos dadas” com a capacidade dos grupos sociais

beneficiados se estabelecerem na perspectiva intersetorial e de se apropriarem dos processos,

de forma a se tornarem protagonistas e condutores das ações, caracterizando assim o que se

denomina aqui como sendo a gestão social dos projetos. Segundo Tenório (2005), a gestão

social pode ser definida como:

[...] o processo gerencial dialógico onde a autoridade decisória é

compartilhada entre os participantes da ação. O adjetivo social qualificando

o substantivo gestão é percebido como o espaço privilegiado de relações

sociais onde todos têm o direito à fala, sem nenhum tipo de coação

(TENÓRIO, 2005, p. 102).

A gestão social é também uma proposta para se repensar, no aspecto gerencial, as

relações de poder em escala e hierarquização das tomadas de decisão pela ótica da

descentralização, do maior poder às localidades e da participação popular (DOWBOR, 2008).

Mas como promover a gestão social e a sustentabilidade nas ações desencadeadas por

projetos sociais de geração de emprego e renda desenvolvidos por empresas de mineração de

ferro nas comunidades onde atuam, com vistas ao desenvolvimento local? Como saber se as

comunidades beneficiadas estão preparadas para a condução dos processos estabelecidos?

Como preparar as comunidades beneficiadas para gerir esses processos de forma autônoma?

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Diante desses questionamentos, faz-se valer a ideia de que nesses projetos sejam

priorizadas ações para o fomento da gestão social das ações, considerando as carências

comunitárias, e se empenhando pela promoção da participação e pelo empoderamento, de

modo que os interesses comunitários sejam contemplados por meio do seu protagonismo na

governança dos processos. Tudo isso fortalecendo também o capital social local, síntese do

recurso estratégico para o desenvolvimento local.

2.3. PESQUISA DE CAMPO

Apresenta-se a seguir os resultados da pesquisa realizada nos dois projetos sociais de

empresas, com a finalidade de geração de emprego e renda, desenvolvidos em um município

do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. Para melhor caracterização das informações e dos

resultados obtidos, eles estão organizados separadamente, sendo que o primeiro projeto se

refere à proposta de desenvolvimento turístico da localidade, e o segundo voltado para o

fomento da produção artesanal local. Para cada projeto foi organizado um quadro-tabela

referencial das entrevistas (Tabela 4), com a caracterização do público entrevistado, para

posterior identificação de falas e citações. Além disso, para fins de resguardo da identidade

das empresas, optou-se pela designação das empresas como “empresa A” e “empresa B”.

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Tabela 4 - Quadro referencial de entrevistados dos projetos

Projeto

A

Nº Identificação Ocupação Principal Legenda para

citação

1 Gestor Coordenadora atual de comunicação e

responsabilidade social da empresa “A” GESTOR-A

2 Equipe

técnica

Gerente de comunicação e responsabilidade social da

empresa na época do projeto EQ1-A

3 Equipe

técnica Coordenadora técnica do projeto EQ2-A

4 Participante Empresária receptivo turístico local P1A

5 Participante Empresário dono de restaurante local P2A

6 Participante Comerciante local P3A

7 Participante Produtor rural local P4A

8 Participante Artista plástico local P5A

Projeto

B

9 Gestor Coordenadora de sustentabilidade e Responsabilidade

Social da empresa “B” GESTOR-B

10 Equipe

técnica Coordenadora técnica do projeto EQ1-B

11 Equipe

técnica Facilitador do projeto EQ2-B

12 Participante Pensionista/artesã P1B

13 Participante Dona de casa/artesã P2B

14 Participante Pensionista/artesã P3B

15 Participante Professora P4B

16 Participante Feirante P5B

Poder

Público

17 Representante Secretário Municipal de Meio Ambiente e

Desenvolvimento RPP1

18 Representante Coordenador de projetos da Secretaria Municipal de

cultura e turismo RPP2

Fonte: Elaboração própria.

2.3.1 PROJETO “EMPRESA A”

O projeto organizado pela “empresa A” tinha como proposta a geração de emprego e

renda pelo desenvolvimento e fomento da atividade turística na região. A geração de renda

não foi inicialmente vista como objetivo principal do projeto, mas, sim, como consequência

do fortalecimento da atividade turística local pela formação de uma rede de produtores locais

associados ao turismo. A partir da rede institucionalizada, a geração de emprego e renda seria

um desdobramento desse processo. Percebe-se aí a ocorrência de aspectos de gestão social, já

contemplados na estratégia de desenvolvimento do projeto, especialmente na perspectiva de

estabelecimento de uma rede local.

Segundo informações obtidas nos relatórios disponibilizados e também a partir das

entrevistas realizadas, verificou-se que esse projeto foi desenvolvido num período de quatro

anos (2010-2013). A partir de conversas com as lideranças locais sobre o desejo de fomento

da atividade turística da região, vocação evidente diante da beleza cênica local e da oferta de

equipamentos e serviços como pousadas, restaurantes, entre outros destinados ao uso turístico

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da localidade, verificou-se a percepção de que o turismo do município, impulsionado por

outro grande empreendimento de forte apelo turístico, ainda não contemplava todo o conjunto

de oferta potencial local, especialmente a região específica analisada. De acordo com um dos

membros da equipe técnica da empresa na época do projeto, existia uma percepção de que o

turismo na região estava concentrado na figura desse grande empreendimento turístico e que

as comunidades de outras regiões do município estavam à parte desse processo (EQ1-A,

2015).

A partir do entendimento da existência de demanda local para a implementação do

projeto, este teve início por meio da elaboração de um diagnóstico, que analisou mais de 60

empreendimentos direta ou indiretamente associados à atividade turística na região. O

resultado possibilitou o mapeamento e o diagnóstico da situação da produção associada ao

turismo, o status de organização da atividade e o levantamento das principais necessidades e

carências. O diagnóstico constatou:

Existência de atrativos turísticos e de serviços na região que poderiam ser melhor

trabalhados, organizados e qualificados;

Existência de aspectos que conferem à localidade uma singularidade identitária

peculiar, decorrente da simplicidade mineira, aliada à história da ocupação da região e

à sua relação com a paisagem;

Ausência de uma estrutura articulada de organização comunitária da localidade para o

turismo.

Diante do panorama observado, a proposta de rede surgiu como uma ideia de

organização associada de produtores locais ligados ao turismo, buscando o desenvolvimento

da atividade a partir da ideia de turismo de base comunitária, sendo essa resumidamente

fundamentada na associação e organização própria das comunidades por meio de arranjos

produtivos locais, possibilitando a estes a gestão da atividade turística no território

(ZAMIGNAN; SAMPAIO, 2010).

A partir dessa orientação conceitual do projeto, segundo a gestora da área responsável

pelo projeto na empresa, “a ideia era fazer com que eles se conhecessem e formassem uma

rede empreendedora e turística na região” (GESTORA-A, 2015).

Essa perspectiva conceitual foi também destacada por um membro do grupo

beneficiado pelo projeto:

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A grande chamada desse projeto foi o envolvimento com as comunidades,

dentro da ideia da produção associada ao turismo, de reconhecimento das

potencialidades do município e da sua comunidade (P2A, 2015).

Outra preocupação destacada no diagnóstico e que reflete sobremaneira a preocupação

com o objeto de análise dessa pesquisa foi com a ausência de conectividade entre

empreendedores locais. Isso apontava para a necessidade de se trabalhar o conhecimento

mútuo das atividades desenvolvidas, o estreitamento de relações e a possibilidade de

formação de parcerias, entendidas, neste estudo, como aspectos de formação de capital social

do grupo beneficiado pelo projeto, e, portanto, de uma das bases para a gestão social. Como

exemplo dessa preocupação, a fala da gestora da área da empresa responsável pelo projeto

reflete de forma bastante objetiva essa situação:

Um não conhecia o outro, não conhecia o seu vizinho e também por não ser

uma rede, pois cada um trabalhava de forma isolada, eles buscavam ovo no

CEASA, sendo que o vizinho tinha a produção de ovo ao seu lado

(GESTORA-A, 2015).

Em termos de público, o projeto envolveu, em seu início, cerca de 30

empreendimentos locais, compreendendo empresários, formalizados ou não, e outros

produtores locais de diversas atividades. Havia um número grande de pessoas com ramos de

atividades distintos (proprietários de restaurantes, pousadas, artistas plásticos, produtores

rurais, artesãos, doceiras, empresário de receptivo turístico, sitiantes, entre vários outros).

Além disso, pode-se constatar a diversidade de estágios de maturidade empresarial, assim

como de posturas e de compromisso para com a proposta do projeto, conforme a fala de um

participante.

Tinha um pouco de tudo... tinha o curioso... tinha aquele que queria

aprender... crescer procurando inclusive oportunidades de trabalho... tinha

muitas pessoas que olhavam como oportunidade pra parar de ser só aquela

dona de casa, ou ser só aquele sinhozinho que de vez em quando tirava um

leitinho quando aposentado. Tinha aqueles que queriam fazer e queriam um

pouco mais entender o que era... tinham outros que não queriam

absolutamente nada. E alguns querendo somente explorar, achando que iam

ganhar alguma coisa em troca disso sem o seu esforço próprio (P1A, 2015).

O projeto foi desenvolvido a partir de frentes de trabalho definidas juntamente com o

público envolvido. Foram estabelecidos encontros formativos coletivos sobre turismo de base

comunitária e reconhecimento da identidade local, processos de capacitação técnica

específicos de empreendimentos e, como desdobramento desses processos, a formatação de

eventos de fomento ao turismo e articulação entre os participantes do projeto. Dentre os

eventos destacam-se a organização de um roteiro e visita do grupo aos próprios

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estabelecimentos locais, a realização de uma feira interna dos empreendedores com uma roda

de negócios, de duas feiras abertas ao público para comercialização de produtos e duas

viagens de intercâmbio com outros projetos de turismo de base comunitária. Foi destacado,

ainda, como frente de trabalho do projeto, o desenvolvimento de ações constantes de

mobilização grupal interna, tendo a preocupação de manutenção de auxílio na organização de

eventos, de fomento ao contato e aproximação das informações junto ao grupo durante os

intervalos das reuniões e encontros técnicos do projeto.

Todas essas ações foram sendo pensadas e organizadas no decorrer do projeto e

suportadas financeiramente pela empresa. A ausência de definição de um estágio ou ponto

específico de entendimento sobre o que seria o produto que caracterizasse a consolidação da

rede foi um dos aspectos destacados na análise do projeto, que trouxe maior complexidade

para a definição de indicadores prévios de resultados, sobretudo na definição do momento de

conclusão do projeto.

Não teve um planejamento inicial de começo, meio e fim. O projeto foi

sendo moldado ao longo do tempo (GESTORA-A, 2015).

De toda forma, a proposta foi de que o processo de participação dos beneficiados

orientasse a definição e construção conjunta do produto final do projeto, que poderia ser uma

associação, ou uma cooperativa, uma feira permanente construída, ou um centro de referência

do turismo de base comunitária. A participação, inclusive na perspectiva da base comunitária,

foi o pilar na condução das iniciativas do projeto. Porém, o que se destaca, na percepção dos

beneficiados pelo projeto, foi que a abertura à participação foi tanta que até mesmo prejudicou

o andamento do projeto em função de que as coisas não se resolviam. Tais questões sugerem,

a priori, a ocorrência de problemas na gestão de conflitos e de interesses do grupo no

desenvolvimento do projeto, o que pode ser percebido na fala de dois participantes

entrevistados:

Houve muita participação da comunidade no projeto [...] Eu acho que teve

até demais e é onde a gente se perde. Essa construção conjunta do comum-

unitário... as vezes vem assim... ah! eu quero puxar para o meu lado o outro

puxar mais para outro (P1A, 2015).

Eu acho que sim... a participação foi realizada em todas as etapas do projeto.

Eu acho que ele foi participativo até demais. Foi tanto detalhe, tanta

organização. Com o tempo que teve, eles poderiam ter avançado mais no

projeto, com menos projeto. O projeto perdeu um pouquinho do foco pelo

excesso de reuniões que não definiam algumas coisas mais pro final (P5A,

2015).

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Diante dessas percepções e também da diversidade de posturas percebidas entre os

participantes iniciais, o projeto, já no seu último ano, contava com cerca de 15

empreendimentos, sendo que o grupo inicial foi se perdendo em função de diversos fatores.

Um deles foi a percepção de que houve excesso de tempo na condução do projeto pelo

estabelecimento participativo de processo decisório, conforme ressaltado anteriormente, além

da inibição de pessoas, a descrença, a falta de interesse e de compromisso, a existência de um

pensamento de que “essa coisa não vai dar em nada”, e, especialmente, do receio em

participar de um trabalho vinculado a uma empresa de mineração, que, pelo que foi posto,

vivia em conflito com um grupo ambientalista local para a implantação do seu projeto

minerário.

O projeto foi interrompido no final do ano de 2013, sobretudo pela restrição de

recursos disponíveis da empresa para a manutenção financeira da proposta, sendo que não

havia tido, até então, a formalização institucional da proposta da rede. Mesmo assim,

destacam-se algumas iniciativas relatadas pelos membros da comunidade beneficiada no

sentido de tentar articular, posteriormente, a construção de uma associação do grupo. Porém,

essa proposta não evoluiu. As justificativas para esse fato apontadas estavam relacionadas à:

dificuldade técnica na promoção e institucionalização da rede; diversidade de estágios de

maturidade empresarial individual dos membros; e, também, o receio dos membros menos

“estabelecidos” de se comprometerem com financiamento próprio na proposta.

Ah... é meio difícil criar uma associação, não é fácil né. Eu mesmo fui um

dos que iniciou algumas reuniões. Nós tivemos umas cinco reuniões com

algumas pessoas que participavam do projeto [...] acabou esbarrando um

pouquinho na parte técnica mesmo, burocrática da situação entendeu... Eu

sou artista plástico, pintor, não tinha toda aquela prática de ata... tipo

registrar... marcar reuniões... (P5A, 2015).

Grande parte das pessoas do projeto era simples. Participação em coisas

como diretoria... livro de ata... são coisas assim... tinham apenas algumas

pessoas que tinham maior entendimento... são pessoas que tinham projetos já

prontos... tinham o meio de vida já estabelecido (P5A, 2015).

Antes desse projeto, eu participei de um movimento como esse dos

produtores lá na cidade pra nós montar uma associação nossa. Fazer uma

associação entre os produtores. Ficou eu e mais um só, os outros saíram tudo

fora. Aí não dá, nós dois só não tinha jeito. Na hora de colocar o dinheiro,

ninguém quer (P4A, 2015).

Por fim, ressalte-se o sentimento final dos participantes em termos de lamentar a não

continuidade do projeto por parte da empresa. Porém, nas falas de alguns membros do grupo,

entende-se que ocorreram avanços e ganhos, tanto individuais, especialmente, daqueles que se

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envolveram mais diretamente com a proposta, quanto coletivos, em função do aumento da

conectividade intracomunitária e, portanto, de capital social local.

Foram identificados produtos e serviços que as pessoas tinham a oferecer

que nem eram do conhecimento dos demais. Isso se tornou mais visível. Eu

avalio como positivo porque dentro dessa visibilidade, dentro desse

reconhecimento, você passa a ser procurado, você passa a fazer parte de um

conceito dentro da comunidade (P2A, 2015).

Eu acho que foi bom. Pra mim, pessoalmente, foi bom, porque talvez eu seja

um dos poucos que tirou fruto disso aí. Eu não era muito ligado à região.

Através das reuniões, dos contatos, isso e aquilo... então eu passei a ver um

novo mercado na região pra mim. Rendeu uns frutos até hoje (P5A, 2015).

Para mim o projeto deu muito resultado. Tive uma divulgação perfeita. Eu

vendia cachaça o ano inteiro. Depois do projeto ter feito a divulgação eu não

parava de vender e isso continua até hoje. Pra mim foi ótimo (P4A, 2015).

Apesar da realização de algumas parcerias técnicas com entidades, destaque-se que o

envolvimento de outras instituições com o projeto foi bastante restrito, sobretudo o poder

público local. A participação de agentes públicos locais foi limitada à ajuda para a

organização de eventos e também à participação de uma representante nas reuniões técnicas

do projeto, conforme observado por um representante do poder público local.

Na época a prefeitura era parceira, ela participava, mas não participou de um

processo avaliativo. O apoio era dado em logística, do espaço dos eventos

(RPP2, 2015).

Porém, esse movimento de participação não possibilitou a inserção do projeto no

contexto de políticas públicas de desenvolvimento da região, o que poderia contribuir para a

manutenção do projeto e das iniciativas na localidade. Isso também foi destacado por

participantes:

Infelizmente a gente não tem um incentivo claro da administração pública.

Isso aí ela poderia incentivar perfeitamente. As parcerias público-privadas

seriam fundamentais para o desenvolvimento do município. Essas iniciativas

têm um valor imensurável e não têm sido aproveitado (P2A, 2015).

Meta-avaliação: a avaliação realizada no projeto “A”

Das informações obtidas junto ao gestor da área responsável e aos membros da equipe

técnica da empresa e também através de documentos, como questionários e modelos de

indicadores utilizados, pode-se inferir que, ao invés de uma base metodológica definida e

fechada na concepção do projeto, foi organizada uma estrutura avaliativa ao longo do seu

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desenvolvimento, sendo que os indicadores foram “surgindo” na medida em que era feita a

leitura de demandas, seja no contexto do próprio projeto, sejam específicas da empresa.

Ressalte-se que, no desenho inicial da proposta, foram pensadas abordagens avaliativas de

processo junto ao público, por meio da aplicação de questionários avaliativos nas reuniões

desenvolvidas e acompanhamento da adesão e envolvimento do grupo. Porém, note-se a

ausência de um processo metodológico sistematizado, com indicadores de avaliação de

resultados preestabelecidos.

Os membros da equipe técnica destacaram o fato de se tratar de um tipo de projeto –

turismo de base comunitária – em desenvolvimento experimental, para ser inovador. Isso

acabou determinando constantes inserções de indicadores ao longo do processo. Nesse

sentido, percebeu-se dificuldade em se estabelecer uma base de indicadores para análise

comparativa de avanços. Eles foram construídos dentro de uma perspectiva de análise de

status pontual do projeto, sobretudo dos resultados obtidos com as atividades e os encontros

realizados.

Na empresa mantenedora eram realizados encontros semanais de avaliação do projeto,

além de momentos avaliativos periódicos de “prestação de contas” a cada seis meses,

sobretudo com informações de caráter quantitativo, além de outras demandas específicas da

empresa, tais como: o dimensionamento de gastos realizados no projeto; os retornos gerados;

e quais foram os ganhos de imagem institucional obtidos.

Destaque-se que dentro desses esforços de quantificação dos retornos foi desenvolvida

uma pesquisa final, junto aos participantes do projeto, para avaliação do trabalho

desenvolvido com indicadores que abordaram, entre outros, a perspectiva da gestão social,

dentro da ótica de impacto e desempenho do projeto. Itens como o nível de articulação da

cadeia produtiva, a proximidade de relacionamento entre os membros do grupo, a confiança

no projeto, assim como a participação, a corresponsabilidade e o envolvimento do grupo em

processos decisórios, fizeram parte desse conjunto de indicadores estabelecidos.

Evidencia-se, portanto, o reconhecimento, durante o processo estabelecido, da

importância de indicadores voltados para aspectos associados à gestão social no

desenvolvimento de projetos dessa natureza, o que consiste no foco dessa meta-avaliação e de

seus possíveis desdobramentos. Porém, como a construção desses indicadores se deu apenas

no momento final do projeto, torna-se difícil o estabelecimento de avanços comparativos com

o status inicial do grupo, mesmo valendo-se de que tais questões terem sido percebidas no

diagnóstico realizado no início do projeto. Em geral, torna-se claro o aspecto pedagógico do

projeto realizado, seja para a equipe promotora, seja para o público participante. Entretanto, é

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preciso atentar para o risco de se alimentar na comunidade o descrédito com respeito a

iniciativas da empresa mineradora.

Meta-avaliação: análise da avaliação segundo as categorias de análise elencadas

Validade do processo avaliativo

A primeira categoria de análise foi a validade do processo avaliativo perante os

públicos, considerando a legitimação do processo realizado, sendo esta entendida a partir das

observações conceituais de Gonçalves (2006). Segundo o autor, a legitimidade de uma ação

parte da concordância de valores sociais e da aceitação do grupo do processo exercido e sua

apropriação.

Na percepção dos beneficiados, de forma geral, não houve a legitimação da avaliação

perante o grupo, considerando para isso a ausência de processos participativos e dialogados na

definição do que seria alvo de avaliação, assim como quais seriam os indicadores utilizados.

Ressalte-se que os participantes identificaram a realização de avaliações durante o

desenvolvimento do projeto e de apresentação de resultados dos eventos, mas que este

trabalho, aparentemente, não foi articulado dentro da perspectiva de validação do processo

com o grupo.

Não sei como foi feita a avaliação do projeto pela empresa e dos resultados.

Depende do que se chama de resultados. Eles voltaram várias vezes aqui

comigo... falando do porquê do projeto da situação de pausa do projeto e

tal... mas uma avaliação própria dos resultados pela empresa sobre o projeto,

não (P1A, 2015).

Pelo que eu tive de experiência foi feita uma avaliação direta, um diálogo

com o levantamento de algumas questões. Um bate-papo mesmo de

identificar e vendo quais foram os ocorridos; foi mais dentro dessa

perspectiva (P2A, 2015).

Em relação ao conhecimento sobre como foi feita a avaliação do projeto pela

empresa, não tenho informações. A gente teve algumas pesquisas, mas a

gente não teve esse retorno. Não tive acesso aos resultados do projeto (P4A,

2015).

Por parte da empresa, foi clara a preocupação de retorno aos participantes dos

resultados do projeto, inclusive sendo esse retorno entendido como estratégia de mobilização

e engajamento do grupo no projeto. Porém, esses retornos se deram na perspectiva de análise

de resultados dos eventos realizados, e não dos objetivos ditos, quais sejam: a formação e

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institucionalização da rede. Inclusive, destacou-se a realização de um processo autoavaliativo

dos participantes sobre o status de seus empreendimentos. Porém, reconheceu-se que a

composição dos indicadores não foi feita de forma coletiva. Apenas nos eventos das feiras

existiram discussões sobre como seriam os resultados a serem avaliados.

Era importante o reconhecimento de que estava havendo melhoras e

progresso com o projeto, sendo essa inclusive uma estratégia de manutenção

do engajamento [...] Em relação à construção dos indicadores, não houve

participação da comunidade. Eles participaram só da construção dos

indicadores de eventos realizados no projeto (EQ1-A, 2015).

A avaliação era feita em cada uma das atividades. O planejamento do projeto

era feito por atividade. A avaliação era feita com os participantes sobre o que

era alvo da atividade, mas uma avaliação sobre o que isto representava para

o projeto, não (GESTORA-A, 2015).

No que se refere ao poder público, diante da ausência já destacada de participação e

envolvimento no projeto e também pelo desconhecimento da existência de um processo

avaliativo, pode-se constatar que não houve validação do processo. Segundo a fala de um

representante, não se tinha informações sobre avaliação do projeto: “Não sabe como foi feita.

Não tivemos muito acesso a isso.” Em relação ao outro representante do poder público, não

existia informações da existência do projeto desenvolvido.

Utilidade do processo avaliativo

O segundo critério de análise é a utilidade do processo avaliativo para a construção de

ferramentas estratégicas de desenvolvimento dos projetos sob a perspectiva da gestão social.

Entende-se utilidade como sendo a análise do uso de instrumentos avaliativos para

incrementar o processo de estabelecimento da gestão social. Nesse caso, mesmo com a adoção

tardia de procedimentos avaliativos com forte apelo para a gestão social no projeto, o

processo avaliativo organizado não foi capaz de contribuir para a construção de ferramentas

estratégicas para a gestão social. Ele apenas possibilitou uma análise de status final de

aspectos relacionados à gestão social, mas que não puderam influenciar objetivamente em

procedimentos estratégicos no desenvolvimento de trabalhos.

Adequação do processo avaliativo às expectativas dos públicos

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No que tange à adequação do processo avaliativo às expectativas dos públicos em

relação ao projeto e a sua sustentabilidade, pretende-se avaliar se os critérios adotados nas

avaliações possibilitariam avaliar o projeto e a sua sustentabilidade pela ótica da gestão social.

Pode-se afirmar que não houve, a priori, uma preocupação em se definir de forma conjunta e

alinhada com os públicos envolvidos, os critérios de avaliação, assim como, se estes estariam

alinhados com a perspectiva da gestão social.

Mesmo com a análise final de aspectos vinculados à formação de capital social,

articulação da cadeia produtiva, entre outros já citados, que inclusive puderam, na ocasião,

retratar um panorama parcial da gestão social do projeto, não se tratou essa perspectiva na

adoção de critérios de avaliação junto ao grupo beneficiado como objetivo implícito ao

projeto. Percebeu-se na fala de um dos membros participantes que existiam pesquisas

avaliativas relacionadas ao desenvolvimento das parcerias, de negócios entre membros do

grupo, do interesse na continuidade do projeto, mas que estas tratavam questões de processo e

de movimentos entendidos como demandas de resultados a serem apresentados à empresa e

não de objetivos estabelecidos pelo projeto e pelo próprio grupo beneficiado.

Em relação a como as parcerias participaram do projeto, isso sim foi

avaliado. Eu me lembro que fui questionado em relação a como tinha sido a

participação nos eventos [...] Não me lembro de confiança ter sido colocado

como objeto de avaliação. Isso era colocado nos encontros de forma como

parte do desenvolvimento dos trabalhos, mas não me recordo de forma

específica se isso foi colocado para ser avaliado [...] Em relação à autonomia

do grupo, eu não tenho essa referência também. Eu acho que isso foi um tipo

de coisa que passou um pouco assim... sem muito questionamento, sem

muita troca de ideia... questionar quem poderia tocar uma ação... tipo

assim... mas não foi feito isso em uma perspectiva de avaliação (P1A, 2015).

Comunicação e informação do processo avaliativo junto aos públicos

O quarto critério de análise faz menção à comunicação e a informação do processo

avaliativo junto aos públicos, considerando a lógica da transparência e da possibilidade de

envolvimento qualificado dos públicos para com os projetos na ótica da gestão social. Nesse

quesito, percebeu-se que na perspectiva da empresa houve a preocupação em se evidenciar

resultados para os grupos mais relacionados aos eventos realizados, sendo esse movimento

entendido como estratégico para mobilização e engajamento do grupo beneficiado. Enfatize-

se que, em termos de resultados gerais do projeto, tanto o grupo beneficiado quanto o poder

publico se mostraram alheios ao processo, fato já comentado no primeiro critério de análise.

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Mesmo fazendo parte do processo avaliativo através das entrevistas e aplicação de

questionários, o grupo beneficiado afirmou “desconhecer” os resultados das avaliações

realizadas do projeto, em termos de objetivos, e afirmou que eram apresentados apenas os

resultados dos eventos realizados. No caso do poder público, esse desconhecimento é ainda

maior, não apenas pela falta de iniciativas de compartilhamento das informações por parte da

empresa, mas, também, em função de uma aparente postura de passividade e, até mesmo,

negligência no tratamento de projetos voltados para o desenvolvimento social da localidade.

[...] tiveram eventos de apresentação de slides sobre o projeto que foi feito...

passava aquilo ali, mas ficou só naquilo mesmo. Tive acesso aos resultados

dos eventos. Eles fizeram pesquisa com a gente, mas não deu resultado pra

nós sobre os efeitos do projeto na comunidade (P4A, 2015).

Não tive acesso à avaliação do projeto (RPP1, 2015).

Qualificação da avaliação sob a perspectiva da gestão social

O quinto e último critério de análise é a qualificação da avaliação sob a perspectiva da

gestão social. Essa qualificação considera a presença ou não na avaliação de itens específicos

de avaliação sobre objetivos e princípios da gestão social, tais como: participação no processo

decisório, formação de parcerias, fortalecimento de relações de confiança, interesse traduzido

na motivação dos membros do grupo nas ações e no desenvolvimento do projeto, incentivo à

autonomia dos grupos beneficiados para a condução do projeto e dos processos

desencadeados e, finalmente, a forma como esses itens foram avaliados.

Percebeu-se, a partir das entrevistas realizadas e também nos documentos fornecidos,

que os itens participação, parcerias, interesse e confiança foram objetos de avaliação do

projeto. Porém, entende-se que a construção de indicadores com esse propósito não foi

concebida dentro de uma perspectiva de alcance de objetivos do projeto e para o grupo

beneficiado, mas, sim, no contexto de monitoramento e de resultados do gerenciamento do

projeto por parte da empresa.

Indicadores como níveis de adesão, rotatividade, satisfação, credibilidade, interesse

nas iniciativas e na continuidade do projeto, utilizados de forma contínua no monitoramento

do projeto, são e foram indicadores importantes para se averiguar a aceitabilidade local. De

certa forma, eles podem atestar a qualidade do projeto promovido junto ao grupo beneficiado.

Porém, destaque-se que esses aspectos não necessariamente traduzem a qualificação no

alcance de objetivos centrais como a formação da rede e da autonomia dos grupos

beneficiados na condução do projeto. Nesse sentido, entende-se que o monitoramento desses

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aspectos deva ser balizado no contexto dos objetivos centrais do projeto, no caso, a formação

da rede de produtores associados ao turismo, o que foi objeto apenas de uma avaliação final

do projeto, sendo que o acompanhamento dessas questões, ao longo do desenvolvimento do

projeto, não foi sistematizado em indicadores.

De toda forma, destaque-se no conjunto avaliativo realizado, e especialmente na

avaliação final do projeto, o reconhecimento da empresa sobre a importância de se trabalhar

indicadores como o nível de integração e de relacionamento entre os membros do grupo, a

existência de parcerias comerciais e a articulação da cadeia produtiva, o nível de confiança na

formação de uma associação, a existência e o reconhecimento de lideranças, o nível de

qualidade de participação nas tomadas de decisão, a disponibilidade de participação, que,

entre outros, poderiam servir de base para uma avaliação futura da presença da gestão social

na avaliação do projeto.

2.3.2 PROJETO EMPRESA “B”

O projeto teve seu início em 2010, vindo ao encontro do interesse, percebido na

localidade, de estabelecimento de um projeto voltado para a geração de emprego e renda a

partir da produção e comercialização de artesanato local. Além dos objetivos corporativos de

ampliação e qualificação do relacionamento comunitário entre empresa e comunidade, o

projeto nasceu de conversas estabelecidas pela empresa na localidade com um pequeno grupo

produtivo local de artesanato, e também pelo entendimento de um possível incremento da

exploração turística da região, em função da potencialidade de demanda, inclusive já

destacada no projeto anterior.

Em razão da própria política interna da empresa de alocação de recursos em

investimentos sociais, a proposta consistia no desenvolvimento de uma ação financiada por

meio de leis de incentivo fiscal e tinha como objetivo central a capacitação e o

estabelecimento de processos produtivos comunitários de artesanato, fundamentados na

valorização de aspectos característicos da cultura e do ambiente local. Posteriormente,

pretendia-se a incubação de grupos produtivos autônomos, em formato de redes para

comercialização da produção.

Para caracterização dos aspectos identitários foi realizado um diagnóstico inicial que

levantou as características e as demandas do grupo produtivo já existente e potencial e

também para a especificação de materiais de origem local e do tipo de produção que poderia

ser desenvolvida. A partir desse levantamento, foi estabelecido um ciclo de encontros na

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comunidade para a explanação do projeto, assim como para o recrutamento de interessados

em participar nos cursos de capacitação a serem ofertados.

Apesar do trabalho, inicialmente, ter sido estruturado em razão da já existência de um

pequeno grupo local de produção artesanal, os cursos de capacitação foram abertos para a

participação de toda a comunidade. A aceitação e o interesse na participação nos cursos foi

um dos aspectos destacados por membros da equipe técnica do projeto entrevistados:

O negócio espalhou e a demanda era grande. O interesse era grande por parte

das pessoas. Nas oficinas tinham pessoas que ficavam em pé (EQ2-B, 2015).

Passaram pelos cursos de capacitação em torno de 150 pessoas (EQ1-B,

2015).

Porém, em razão da grande receptividade do projeto e da diversidade de objetivos e de

anseios comunitários nos trabalhos, observou-se uma dificuldade no processo de formação de

grupos homogêneos capazes de embasar inicialmente o propósito de formação de redes

produtivas locais, fato também destacado por participantes entrevistados e por membros da

equipe técnica:

Eu participei porque eu sou curiosa. Tudo que tem eu quero participar,

aprender... aí eu pego e vou (P1B, 2015).

Não havia alinhamento de objetivos de participação... tinha interesse de

socialização, interesse “afetivo”, de ter o que fazer... Eles falavam que

estavam ali para se encontrar (EQ1-B, 2015).

A gente sempre teve fila de espera, mas tinha alta rotatividade. Isso

complicava o processo em função da ideia de inclusão social do projeto. Não

havia restrições de participação (EQ2-B, 2015).

Durante os cursos, os grupos produtivos foram se formando, sobretudo com aqueles

que tinham maior interesse em participar no processo produtivo que estava sendo

estabelecido. Destaque-se que as produções já começaram a ser comercializadas no segundo

ano de trabalho em parceria com o grupo técnico responsável pelo projeto e também no

comércio local.

Desde o segundo ano de projeto eles já começaram a comercializar produtos,

seja na própria loja do instituto que coordenava tecnicamente o projeto e

também com iniciativas próprias de comercialização na rede comercial da

região (pousadas, restaurantes, etc..) (EQ2-B, 2015).

Mesmo com a comercialização iniciada, muitos participantes dos cursos deixaram de

participar, em virtude de falta de disponibilidade, interesse, dificuldade para a lida com os

materiais e insumos da produção, entre outros. Este fator confirma a ausência de convergência

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de objetivos, que deveria ter sido providenciada inicialmente. Desde então, o projeto teve

sequência com dois grupos produtivos, com cerca de 20 membros ao todo, segundo

informações obtidas com os entrevistados.

A partir da definição dos grupos, o processo de amadurecimento da produção ditou o

andamento do projeto que se estendeu até o final de 2014, com a proposta de estabelecer

processos que pudessem direcionar os grupos para a consolidação das redes produtivas

autônomas. Porém, percebia-se resistência por parte dos beneficiados no desenvolvimento de

trabalhos de capacitação técnica em aspectos relacionados à incubação e autogestão do

negócio. Além disso, a existência de riscos e restrições, inclusive físicas de busca e trato de

matéria-prima para a produção, foram fatores que fizeram com que o próprio grupo

beneficiado não optasse por uma abordagem estratégica de ações firmes de incubação de uma

associação, cooperativa, ou empresa e, portanto, de estabelecimento de redes autônomas de

produção e comercialização. A opção dos grupos, então, foi pela continuidade dos trabalhos

“sob tutela” técnica e estrutural da empresa.

Houve discussões sobre a condução do projeto no sentido de como ele

deveria dar sequencia na comunidade, porém existiam riscos em relação ao

uso das ferramentas. No começo a gente ia ser capacitado e produziria em

casa. Mas depois optou-se em manter a produção como era feita. Isso foi

bastante discutido nas reuniões (P2B, 2015).

Eles eram super envolvidos, ajudam em tudo, participam de tudo, mas não

tomaram pra si a responsabilidade do negócio. Isso era um tabu. Todas as

vezes que se tocava neste assunto eles refutavam. Era uma coisa que gerava

medo, insegurança. O que eu percebia não era comodidade, preguiça, longe

disso. É muito voltado na questão de insegurança, de não conhecer o

mercado, de ser uma região que não se tem tanta oportunidade. Eles se

sentem longe, é tudo difícil. Essa questão de assumir o processo não teve

(EQ2-B, 2015).

Em razão dessa postura dos beneficiados, a condução do projeto se manteve na

perspectiva de apoio técnico e estrutural dos grupos produtivos, sendo que a maturação da

proposta de formação de negócios e de processos de autogestão dos grupos seria foco de

atenção dos trabalhos em etapas posteriores. Mesmo assim, o risco de descontinuidade do

projeto, devida à sua possível não aprovação nos editais da lei de incentivo fiscal, determinou

a realização, mesmo que restrita, de trabalhos no sentido de promoção da autogestão.

Foi desenvolvido no último ano um trabalho orientado para redução da

dependência através da oferta de possibilidades (modelos) de organização

comercial que pudessem gerar posturas de menor dependência da gestão do

projeto. A ideia era de formar consciência de corresponsabilidade para o

alcance dos objetivos do projeto (EQ1-B, 2015).

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Porém, a não aprovação de continuidade do projeto nos editais da Lei de Incentivo

Fiscal, no final de 2014, determinou a paralisação dos trabalhos por falta de recursos

disponíveis por parte da empresa mantenedora.

Assim como no caso da empresa “A”, a não continuidade do projeto foi um aspecto

bastante lamentado pelos participantes, mas que mesmo assim apontaram aspectos positivos

obtidos com os trabalhos.

O projeto foi muito importante. Não era pra mim uma coisa pra se investir

em renda, mas foi muito bom porque eu aprendi muita coisa, e tive uma

socialização com o pessoal local (P4B, 2015).

Eu acho que o projeto foi uma coisa muito boa. A gente aprendeu muita

coisa. A gente teve a venda, gerou uma renda. Teve uma época que vendeu

bem, mas depois ninguém montou negócio. Não deu tempo não (P3B, 2015).

Um dos questionamentos feitos foi sobre a possibilidade de continuidade dos trabalhos

por meio de outras parcerias e se houve a tentativa de se buscar alternativas para que os

trabalhos tivessem alguma continuidade, sobretudo com o poder público e outras instituições

locais. Em relação ao poder público, percebe-se que não houve a busca nem a oferta de

esforços de apoio, sendo que o projeto, segundo as falas de um representante do poder público

e de uma participante entrevistada, era conduzido de forma “independente”, e que o poder

público local, em razão disso, não interferia nas ações.

Não tenho ideia do desempenho do projeto porque a gente não monitora. Os

resultados não chegam pra gente de forma sistemática. A gente não

acompanha, o projeto é desenvolvido de forma independente (RPP2, 2015).

Não sei se formadas parcerias para este projeto. Com a secretaria não foi

feita parceria (RPP2, 2015).

A prefeitura tá aqui só com o nome. Isso foi posto desde o início (P3B,

2015).

Outro representante do poder público entrevistado na pesquisa evidenciou o

distanciamento das instituições de poder municipais em relação ao projeto, reconhecendo que

não existe um esforço institucional de “ir atrás” dessas iniciativas. Mas, segundo esse

representante, existe uma postura das empresas propositoras de não se envolver o poder

público nessas discussões, especialmente na construção dos projetos, e que isso deveria ser

revisto, inclusive, para melhorar e garantir apoio aos projetos.

Eu nunca fui convidado pra conhecer o projeto. Eu passei lá porque fui

inaugurar uma obra de asfalto e tomei um café lá com eles. Eu acho que na

construção desses projetos tinha que ter maior participação das

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comunidades. Esses projetos tinham que ser passados em audiências

públicas, câmara municipal... poder público, comunidades, associações.

Acho que tinha que ter mais integração (RPP1, 2015).

Meta-avaliação: a avaliação realizada do projeto “B”

No levantamento de informações sobre o processo avaliativo realizado, ocorreram

dificuldades de obtenção de dados em documentos e registros do projeto, pelo fato da

indisponibilidade de acesso às informações, justificada pela perda de arquivos dos relatos e

instrumentos utilizados. Porém, com as informações obtidas com os públicos entrevistados,

especialmente junto com a equipe técnica, percebeu-se que não houve uma estrutura

“complexa” de avaliação de monitoramento de desempenho e de resultados estabelecida no

projeto.

A partir das entrevistas, além da dificuldade no estabelecimento de indicadores

qualificados para medição dos efeitos do projeto na comunidade, ficou evidente que a

empresa tinha uma preocupação formalizada focada na obtenção de registros das ações do

projeto, evidenciando a existência de ações de relacionamento e engajamento comunitário da

empresa, e não necessariamente uma avaliação sistematizada de resultados obtidos. Nesse

sentido, periodicamente, eram feitos relatórios com dados do projeto sobre quais ações tinham

sido desenvolvidas, os objetivos das ações, número de participantes, resultados obtidos nas

ações, como volume de itens produzidos e comercializados, renda gerada, além de registros

fotográficos, listas de presença e falas de participantes.

Entende-se que a preocupação avaliativa sobre a qualidade do andamento dos

trabalhos, de possibilidades de reorientação estratégica durante o processo e de impactos

efetivos sobre a comunidade, até existia, porém dentro de um contexto não sistematizado de

avaliação dos objetivos estabelecidos pelo projeto. Segundo a gestora da área responsável

pelo projeto na empresa, as reuniões não aconteciam em momentos previamente estabelecidos

e eram organizados em razão de percepções contingenciais e específicas de demanda do

andamento dos trabalhos e da empresa mantenedora do projeto.

Não houve a criação de indicadores específicos da empresa para o

desenvolvimento do projeto. Os indicadores mais utilizados são adesão,

frequência, autoestima, posicionamento, nº de atendimentos, evolução dos

atendimentos na atividade em si. Existiam reflexões sobre a efetividade do

projeto com a equipe técnica, tratava-se de momentos, sempre quando se

julgava necessário, para avaliação do andamento dos trabalhos... Existia uma

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percepção que o projeto atendia... tinha resultados... através de depoimentos

(GESTORA-B, 2015).

Mesmo sem a sistematização de processos avaliativos por parte da empresa, sobretudo

no que tange a aspectos associados à gestão social do projeto e das ações, tais como o nível de

autonomia, a qualificação da participação e a intersetorialidade, entre outros, ressalte-se que

no desenvolvimento técnico dos trabalhos foram estabelecidos momentos avaliativos junto

aos beneficiados, em caráter espontâneo, por meio de “rodas de conversa”. Nesses momentos

era feita uma avaliação de status do projeto, que, de certa forma, produzia subsídios para a

reorientação de ações, organização dos trabalhos, resolução de conflitos, possibilitando,

inclusive, o estabelecimento de processos participativos na tomada de decisões do projeto.

Porém, não se tratava de um processo sistematizado de avaliação com o estabelecimento e

acompanhamento de indicadores específicos relacionados à gestão social propriamente dita.

Meta-avaliação: análise da avaliação segundo as categorias de análise elencadas

Validação do processo avaliativo

Em relação à validação da avaliação estabelecida, fundamentada na legitimidade do

processo junto aos públicos do projeto, entende-se que a ausência de um processo avaliativo

sistematizado, com disposições metodológicas específicas de formatação, frequência e de

indicadores, fez com a avaliação do projeto fosse percebida como um aspecto “fluido” no

desenvolvimento dos trabalhos, sem uma caracterização mais objetiva que pudesse ser alvo de

discussões e de reflexões pelos próprios públicos envolvidos. Nesse sentido, em relação ao

público beneficiado, o “prestar contas” do projeto, mesmo que existente, não foi algo

discutido, dialogado, refletido, o que não permite que este seja considerado como um

processo objeto de uma validação específica no trabalho.

No caso do poder público, a “independência” do projeto pautou a postura de isenção

de preocupação de autoridades locais em termos de envolvimento e compromisso com a

proposta de forma geral, o que também se observa com o processo avaliativo do projeto.

Portanto, pode se inferir que, apesar de ciente da existência do projeto, não há posicionamento

do poder público em relação aos trabalhos e também à sua avaliação.

Utilidade do processo avaliativo

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69

Em relação ao critério utilidade do processo avaliativo para a construção de

ferramentas estratégicas de desenvolvimento de projetos, sob a perspectiva da gestão social, a

proposta das “rodas de conversa” e a importância desse movimento no direcionamento do

projeto sugerem que esse procedimento estivesse alinhado com a ideia de criação de

estratégias voltadas para a gestão social, sobretudo pela participação e o reconhecimento dos

grupos no processo decisório estabelecido.

Porém, o que se percebe é que não havia uma predisposição metodológica organizada

de indicadores capazes de conferir ao processo avaliativo uma análise efetiva formalizada da

gestão social do projeto, no que se refere, por exemplo, a uma avaliação das relações

estabelecidas nos grupos e pelos grupos, a intersetorialidade e a autogestão do projeto.

Entende-se que a perspectiva da gestão social, diante da fala de um membro da equipe

técnica, era encarada dentro de uma lógica comportamental do grupo e que não era objeto de

avaliação sistematizada, o que, portanto, limitou a utilidade da avaliação para fins da gestão

social do projeto.

A questão comportamental é avaliada muito em termos de percepção e não

em aspectos sistematizados. Acho que não tem indicadores que conseguem

fechar essa avaliação neste tipo de projeto. A frequência indica um pouco

isso, mas no sentido geral. Sem uma maior especificidade (EQ2-B, 2015).

Adequação do processo avaliativo às expectativas dos públicos

Na avaliação da adequação do processo avaliativo utilizado, com vistas no propósito

de avaliar o projeto e a sua sustentabilidade pela ótica da gestão social, pode-se afirmar que,

da mesma forma que no projeto “A”, percebeu-se não ter havido, também, a preocupação com

o estabelecimento conjunto com os públicos envolvidos de critérios de avaliação, nem de

alinhá-los com a perspectiva da gestão social. Conforme dito em relação ao critério utilidade,

existia apenas uma leitura de percepção, na perspectiva de analise comportamental do grupo,

para identificação de aspectos relacionados à gestão social. Porém, entende-se que essa

ausência de sistematização e formalização de instrumentos de indicadores específicos para a

gestão social caracteriza a inadequação da proposta avaliativa a uma análise do projeto e sua

sustentabilidade pela ótica da gestão social.

Comunicação e informação do processo avaliativo junto aos públicos

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70

Sobre a comunicação e informação do processo, pode-se inferir que a “fluidez” e a

ausência de uma sistematização da estrutura avaliativa conduziram ao desconhecimento,

sobretudo pelo público beneficiado, sobre o que de fato era objeto de avaliação no projeto.

Esse desconhecimento gerou questionamentos por parte de um dos participantes, quando do

encerramento das atividades do projeto, sobre o que seria o entendimento do êxito da proposta

em termos de seus objetivos:

O que se avalia? Como isso vai caminhar? O que determina a continuidade

do projeto? Se cair o número de participantes, isso vai acabar? O que a

mineradora queria? Qualidade ou quantidade? Qual é o critério? Éramos

poucos, mas os trabalhos estavam dando resultados; estavam gerando renda

para os participantes (P4B, 2015).

Segundo os participantes, percebe-se que a importância maior na avaliação do projeto

em termos de resultados era atribuída ao número de participantes e beneficiados, o que

inclusive foi entendido como a razão da paralisação das atividades, mesmo que em uma

análise qualitativa dos trabalhos, sob a perspectiva dos objetivos de geração de renda, os

resultados eram considerados satisfatórios.

A gente queria que a comunidade participasse mais. Porque se tivessem mais

pessoas, o projeto não teria acabado. Isso é a minha percepção (P2B, 2015).

A valorização mais enfatizada de indicadores era feita em cima do número

de pessoas participantes. A qualidade da produção em si não superava a

necessidade de mais pessoas da comunidade estarem produzindo, mesmo

que sem qualidade (P4B, 2015).

Em relação ao poder público, conforme já destacado nos critérios anteriores, a

ausência de informações sobre o processo avaliativo e sobre os resultados do projeto é

sobressalente, reforçando a ideia posta de “independência” do projeto, e reafirmando a

necessidade de que ações relacionadas ao desenvolvimento da localidade, fundamentadas pela

gestão social, poderiam ser tratadas na perspectiva intersetorial, o que irrefutavelmente

contempla o envolvimento de agentes públicos e de políticas locais de desenvolvimento, fato

esse não ocorrido no desenvolvimento do projeto.

Qualificação da avaliação sob a perspectiva da gestão social

Em relação ao quinto e último critério de análise, a qualificação do processo

avaliativo sob a percepção de aspectos da gestão social, pode-se inferir que a proposta de

avaliação, com exceção do item participação, não teve a preocupação objetiva de

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acompanhar essas questões, mesmo que estas pudessem ser postas durante o andamento do

projeto. Percebeu-se que não havia interesse em resultados associados à gestão social do

projeto. Mesmo que essas questões, entendidas como comportamentais, fizessem parte das

discussões nas “rodas de conversa”, não se notou no contexto sistematizado de avaliação a

importância relativa a resultados na promoção do capital social do grupo, de parcerias internas

entre os membros, na averiguação do grau de intersetorialidade do projeto, e, sobretudo, na

capacidade dos grupos em se estabelecerem como condutores de ações para fins de

desenvolvimento local.

2.4. CONCLUSÕES

Na meta-avaliação realizada pode-se inferir que a gestão social, a partir dos critérios

de análise estabelecidos na pesquisa e considerando os objetivos dos projetos de formação de

redes autônomas de geração de emprego e renda, não foi contemplada como objeto de

avaliação sistematizada nos projetos. Do cenário analisado, entende-se que no caso do projeto

da empresa “B”, o trato avaliativo da gestão social foi essencialmente focado em termos de

percepção comportamental dos grupos beneficiados no andamento dos projetos, a partir de

uma abordagem difusa, sem definição de parâmetros e indicadores específicos de análise,

capazes de averiguar, sob a perspectiva conceitual estabelecida de gestão social, a capacidade

dos grupos sociais beneficiados se estabelecerem como protagonistas dos projetos e das ações

por eles desencadeadas.

No caso da empresa “A”, ficou evidente que aspectos mais afins à gestão social foram

objetos de avaliação no final do projeto como o nível de integração de relacionamento entre

membros do grupo, a existência de parcerias comerciais e a articulação da cadeia produtiva,

nível de confiança na formação de uma associação, existência e reconhecimento de

lideranças, nível de qualidade de participação nas tomadas de decisão, disponibilidade de

participação, que, dentre outros, poderiam sugerir uma base de indicadores para avaliação

futura da gestão social do projeto, caso este tivesse continuidade. Além disso, percebeu-se a

preocupação de se avaliar itens relacionados ao capital social durante o andamento do projeto,

como a participação e a existência de parcerias, sugerindo, a priori, a adoção de instrumentos

avaliativos da gestão social. Porém, entende-se que essa preocupação não resultou em

construção sistematizada de indicadores fundamentados na perspectiva dos objetivos centrais

da proposta e do público beneficiado e que pudessem avaliar, objetivamente, a gestão social

ao longo do desenvolvimento do projeto.

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De forma geral, percebe-se que aspectos associados à gestão social eram contemplados

nos projetos, sobretudo na preocupação de desenvolvimento de processos participativos e

coletivizados de tomada de decisão nas ações e que pudessem, futuramente, vislumbrar um

cenário de autogestão das iniciativas. Porém, conforme destacado na perspectiva das

avaliações e do desenvolvimento dos projetos, não foram estabelecidos mecanismos e

instrumentos capazes de efetivamente aferir avanços da gestão social como a maturação de

redes de relacionamento internas dos grupos; a comunicação e a informação atrelada aos

projetos junto aos públicos, o que também inclui a avaliação dos projetos e os seus

indicadores; o grau de conhecimento, convergência e confiança nos objetivos dos projetos e

no alcance destes; o fortalecimento das estruturas de apoio e solidariedade entre membros; a

intersetorialidade; a vinculação dos projetos com outras instituições e políticas públicas locais

de desenvolvimento e, sobretudo, a capacidade técnica e sociopolítica dos grupos em

protagonizarem o desenvolvimento dos projetos e de seus desdobramentos.

Diante disso, na construção de instrumentos avaliativos, esses aspectos, entre outros,

poderiam compor indicadores capazes de balizar e nortear estrategicamente o

desenvolvimento de ações para melhoria da gestão social de projetos e, portanto,

fortalecedoras de uma perspectiva de sustentabilidade dessas iniciativas.

Por fim, reconhece-se que nos projetos analisados e nas avaliações realizadas estava

presente a ideia de promoção de processos emancipatórios, sendo esta a lógica dos objetivos

centrais de formação de redes autônomas. Porém, conclui-se que o instrumental avaliativo

para esta finalidade foi limitado, o que também condiz com a percepção por parte das

empresas e de suas equipes técnicas envolvidas, sobretudo pela dificuldade de se mensurar

questões de ordem social e de natureza essencialmente qualitativa.

Isso é um nó que as empresas têm... Precisamos criar algo que isso se

estabeleça de forma visível na avaliação (GESTORA-B, 2015).

Em termos de avaliação de alcance de objetivos do projeto, acho que sempre

avaliar um projeto social é desafiante. A complexidade é enorme. Sempre

vai existir uma dimensão que não está sendo avaliada (EQ2-A, 2015).

Outra questão destacada na análise foi a ausência de alinhamento de objetivos centrais

e do conjunto de intencionalidades dos projetos, não somente entre participantes, mas também

entre as partes envolvidas e/ou potencialmente envolvidas no processo, o que entende-se

como sendo pré-requisito para a composição de sua estrutura de avaliação sob a perspectiva

da gestão social.

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Como exemplo disso destaca-se a demasiada importância relacionada ao número de

participantes beneficiados da comunidade no projeto da empresa “B”. Para as empresas o

número de beneficiados, a princípio, poderia ser um indicador capaz de “numerar” e

evidenciar a qualidade e o rendimento do investimento realizado, traduzindo, sobretudo,

ganhos obtidos de relacionamento junto à comunidade pelo engajamento maior de pessoas

locais em suas ações sociais. Percebe-se que poucos beneficiados diretos em um projeto dessa

natureza pode significar o depósito de altos investimentos com “baixo retorno”, o que

tenderia, nesse contexto, a uma leitura de inviabilidade econômica na manutenção das

iniciativas.

Por outro lado, temos o grupo de participantes, que, em um contexto de projeto com

estas características, deve assumir compromissos e posturas como interesse, disponibilidade,

persistência, entre outras, que podem ser entendidas como “contrapartidas” locais. Porém,

esse investimento por parte da comunidade acaba conduzindo a uma restrição do número de

beneficiados, considerando para isso a própria natureza de formação de grupos sociais e a

necessidade de convergência de objetivos, posturas e interesses afins à proposta do projeto.

Nesse cenário, a avaliação de resultados do investimento por “ganhos de

relacionamento comunitário” de um projeto com poucos beneficiados podem indicar o “não

atendimento” à demanda da empresa. Já na perspectiva do grupo, poucos beneficiados não

necessariamente indicam projetos com baixa adesão, mas podem indicar convergência e

maturação da formação de grupo e, portanto, ganho de capital social do projeto, mesmo com

um número reduzido de beneficiados diretos.

Tais possibilidades de olhares divergentes sobre os indicadores utilizados e de

intencionalidades, como “ganhos de relacionamento”, “viabilidade econômica” e “ganho de

capital social do projeto pela convergência de objetivos”, poderiam, portanto, ser objeto de

discussões prévias no desenho dos objetivos dos projetos e na definição de suas estruturas

avaliativas, o que aparentemente não ocorreu nos projetos analisados.

Em relação à intersetorialidade, observa-se na realidade pesquisada uma descrença por

parte das empresas e também dos grupos beneficiados de que outras instituições, sobretudo o

poder público, da utilidade do envolvimento e da articulação de esforços intersetoriais

relacionados aos projetos. Porém, entende-se que processos que visam o êxito na formatação

de redes autônomas de geração de emprego e renda, voltados para o desenvolvimento local,

devem estar alinhados com o conjunto de políticas públicas locais e inseridos dentro de uma

perspectiva intersetorial de desenvolvimento. Nesse sentido, a participação do poder público

não poderia ser tida apenas com o “nome institucional” de parceiro dos projetos, mas com

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74

atribuições e responsabilidades compactuadas previamente e durante o desenvolvimento das

iniciativas.

Ressalte-se, neste contexto, a preocupação de um representante do poder público sobre

essa questão, reafirmando a necessidade de maior aproximação e alinhamento desses projetos

para que haja, inclusive, a possibilidade de uma contribuição mais efetiva com os trabalhos e

alcance de objetivos:

Os projetos chegam assim. Vem a marmita pronta... você come aí o que eu

vou te oferecer. Isso acaba criando uma resistência porque se você não

participou antes... Projetos tinham que estar mais alinhados com demandas

mais concretas da comunidade... Esses projetos tinham que ser passados em

audiências públicas, câmara municipal, poder público, comunidades,

associações (RPP1, 2015).

Por fim, não se trata de desmerecer a importância dos demais mecanismos e

instrumentos utilizados nas avaliações dos projetos. Os critérios “quantidade de participantes

beneficiados”, assim como “adesão”, “rotatividade”, “geração de renda”, “volume de

produção”, e as percepções dos participantes são indicadores relevantes para avaliação de

resultados e da sustentabilidade de projetos dessa natureza. Porém, é importante considerar na

discussão de critérios avaliativos do projeto aspectos como esses e outros, já citados

anteriormente, corresponderem às prerrogativas da gestão social e que sejam definidos de

forma conjunta com os beneficiados e parceiros, contribuindo assim não apenas com a

qualificação, adequação e utilidade do instrumental de avaliação, nessa perspectiva, mas

também para o seu conhecimento e sua validação perante os públicos, aspectos também

fundamentais para o fomento da gestão social dos projetos.

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3. MATRIZ DE INDICADORES DE GESTÃO SOCIAL: Uma proposta para compor

metodologias de avaliação de projetos de responsabilidade social corporativa para

geração de emprego e renda

Marcelo Scarpa Rennó5

Ediméia Maria Ribeiro de Mello6

RESUMO

Este capítulo apresenta o produto técnico decorrente da pesquisa realizada sobre

metodologias de avaliação de projetos sociais desenvolvidos no âmbito da Responsabilidade

Social Corporativa (RSC), voltados para a geração de emprego e renda. Esse produto consiste

na proposição de um conjunto de indicadores para a avaliação da presença da gestão social

nesses projetos, seja na concepção, seja na execução da avaliação. A pesquisa realizada

implementou a meta-avaliação de projetos desenvolvidos por empresas de mineração de ferro

na região do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, por meio da análise das metodologias de

avaliação e da realização de uma pesquisa empírica com os responsáveis privados, assim

como com os contemplados pelos projetos. Percebeu-se, nos instrumentos avaliativos

sistematizados, a ausência/insuficiência de indicadores que permitissem aferir a presença da

gestão social promotora da capacidade de os grupos sociais assumirem, de forma autônoma,

os projetos e seus desdobramentos. Dessa análise resultou a proposição de 17 indicadores,

divididos em seis grupos temáticos que, em conjunto, visam compor uma referência avaliativa

da presença da gestão social em projetos sociais. Apesar de não ter sido testado, acredita-se

que o produto técnico desenvolvido, mesmo que não consolidado, poderá contribuir para

novas discussões/reflexões sobre o tema e para a concepção de referenciais metodológicos

para a avaliação da capacidade de projetos sociais de geração de emprego e renda, no âmbito

da RSC, alcançarem seus objetivos e promoverem o desenvolvimento local.

Palavras-chave: Avaliação de projetos sociais. Indicadores de gestão social. Responsabilidade

Social Corporativa. Desenvolvimento local.

5 Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do

Centro Universitário UNA. 6 Orientadora e Professora Doutora do Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento

Local do Centro Universitário UNA.

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3.1. INTRODUÇÃO

A prática do desenvolvimento e financiamento de projetos de Responsabilidade Social

Corporativa (RSC) por empresas de mineração nas comunidades sob influência de suas

atividades vem se tornando, em âmbito mundial, cada vez mais frequente (JENKINS;

YAKOVLEVA, 2006). Percebe-se, ainda, que no contexto brasileiro, em muitos casos, essas

iniciativas são direcionadas à geração de emprego e renda, considerando, entre outras razões,

o interesse no estabelecimento de processos de desenvolvimento econômicos locais, alheios à

cadeia produtiva da mineração, pelo fato de essa cadeia produtiva, por si só, ser produtora de

enclaves mineradores (MELLO; DE PAULA, 2000).

Mas como saber se essas ações, voltadas para a geração de emprego e renda, estão

promovendo melhorias na realidade das comunidades-alvo desses projetos? Existem

procedimentos sistematizados nas estruturas avaliativas dos projetos capazes de averiguar a

autonomia dos grupos comunitários na condução das ações, partindo de uma possível retirada

de protagonismo dos agentes financiadores das iniciativas e dos agentes técnicos apoiadores,

no caso específico, vinculados às empresas de mineração de ferro?

Essas questões reforçam a ideia de que, ao se avaliar projetos dessa natureza, além da

perspectiva de economicidade das iniciativas, outros indicadores devam ser sistematizados,

sobretudo, que incorporem objetivos e princípios vinculados à sua gestão social. Não se trata

de desconsiderar a importância dos aspectos econômicos numa avaliação da sustentabilidade

de projetos sociais de geração de emprego e renda. O que se pretende é enfatizar a

importância de trabalhar, nos processos avaliativos, a gestão social na perspectiva de

resultados.

O modelo de gestão social fundamenta-se no diálogo, na execução de processo

decisório democrático, na participação deliberativa, protagonismo e empoderamento

comunitário, na atitude solidária e na adoção de soluções coletivas, que, em conjunto,

proporcionem fortalecer processos locais autônomos e democráticos, entendidos como bases

para a sustentabilidade dos projetos e de seus desdobramentos.

Então, as avaliações devem incorporar indicadores capazes de aferir esses

fundamentos, assim como abordar outras questões, tais como: intersetorialidade e promoção

do grupo social beneficiado nas ações, sobretudo na governança dos processos estabelecidos,

contribuindo, assim, com maior probabilidade para efetivar o desenvolvimento local.

Partindo desses pressupostos, buscou-se na literatura metodologias de avaliação de

projetos de RSC de empresas sob a perspectiva da gestão social, e meta-avaliou-se dois

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projetos de RSC, voltados para geração de emprego e renda, de duas empresas de mineração

de ferro, cujas extrações são realizadas no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. Meta-

avaliação é uma prática direcionada a evidenciar, por meio de uma opção qualitativa, o que

ocorre ou o que já ocorreu em um processo avaliativo, considerando padrões metodológicos

para busca e análise de resultados (HELDLER; GIBRAM, 2009).

Este capítulo apresenta o produto técnico desenvolvido a partir dos resultados obtidos

nas pesquisas teórica e empírica realizadas, o qual consiste na organização, em caráter

sugestivo, de uma matriz de indicadores de gestão social de projetos de RSC voltados para

geração de emprego e renda. Ao longo do seu desenvolvimento apresenta-se um breve

construto teórico de reflexões conceituais e epistemológicas relacionadas ao produto técnico,

no caso específico, aos indicadores de gestão social. Na sequência apresenta-se um resumo

analítico da pesquisa realizada e, por fim, a matriz de indicadores de gestão social proposta e

as sugestões de encaminhamentos de trabalhos associados ao tema.

3.2. INDICADORES DE GESTÃO SOCIAL

De acordo com Valarelli (2005), indicadores de projetos sociais são recursos,

empiricamente referidos, para construir informações sobre uma determinada realidade social

ou sobre as mudanças provocadas nessa realidade pelos processos introduzidos pelos projetos

sociais. Além disso, são características implícitas a esses indicadores, entre outras, o fato de

serem instrumentos de identificação de status da realidade social das localidades onde são

implementados os projetos, e também parâmetros, quantitativos e/ou qualitativos, de

avaliação de resultados.

Em relação à caracterização e averiguação de pertinência de uso de indicadores em um

determinado projeto social, Valarelli (2005) aponta seis aspectos que devem ser observados

na composição de indicadores de projetos sociais. Segundo o autor, os indicadores precisam

ser: (1) atribuíveis ou relacionados aos processos do projeto; (2) sensíveis às mudanças por

ventura ocasionadas; (3) viáveis de serem identificados; (4) confiáveis em termos de

qualidade do processo de obtenção de dados; (5) inteligíveis pela transparência metodológica

de suas construções; (6) comunicáveis a todos os públicos envolvidos no projeto.

Do ponto de vista empresarial, medir e avaliar projetos sociais fomentados pela

iniciativa privada são práticas comuns aos projetos desenvolvidos.

A avaliação do impacto e dos resultados de projetos sociais, conduzidos por

organizações sociais locais que visam ao bem-estar, é frequentemente

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considerada requisito das agências financiadoras, com o objetivo de

monitorar a efetividade dos resultados alcançados ou a eficiência de sua

relação custo-benefício (CABRAL, 2011 p. 1918).

Porém, ressalte-se nas discussões a limitação dos processos avaliativos desses projetos

e de mensuração de seus resultados efetivos, mesmo com a adoção de procedimentos quanti-

qualitativos da economicidade e de seus impactos (CABRAL, 2011). Fischer et al. (2003)

atestam que essas dificuldades estão relacionadas às “[...] diferentes culturas organizacionais,

linguagens e formas de trabalho das organizações de setores distintos” (FISCHER et al.,

2003, p. 2). Além disso, as autoras destacam outros desafios associados à composição de

objetivos, estratégias e também aos valores atribuídos às questões postas pelos projetos, que

acabam gerando maiores dificuldades na organização de seus indicadores de resultados e de

monitoramento.

Por sua vez, Cabral (2011) aponta a insuficiência das metodologias de avaliação de

projetos sociais vinculada à limitação das adaptações de técnicas, tanto da área privada quanto

da área pública. A autora também destaca que é recente a cultura da avaliação no contexto de

organizações e projetos sociais.

As adaptações de técnicas de monitoramento da área privada (NEF, 2008;

IBASE, 2009) valorizam a perspectiva econômica ou mesmo contábil,

oferecendo instrumentos importantes em relação ao aspecto da

sustentabilidade financeira, que apreendem nessa ótica os esforços das

mudanças sociais contidos nesses programas. As adaptações das técnicas

oriundas da área pública sugerem, por outro lado, indicadores sociais mais

gerais, às vezes insensíveis às escalas locais dos projetos. Em ambos os

casos, o que se verifica é a captação de um aspecto pelo exercício avaliativo,

comprometendo, por um lado, a capacidade de informação da avaliação de

comunicar seus achados a públicos tão diversos como aqueles acessados nos

projetos sociais e, de outro, desencadeando uma reação adversa e de

desconfiança dos gestores (CABRAL, 2011, p. 1919).

Algumas metodologias vêm sendo utilizadas pelas empresas com o intuito de avaliar

suas ações sociais, no âmbito da proposta de RSC, dentre as quais se encontram muitas

empresas de mineração. Essas metodologias, aparentemente, estabelecem, dentro de uma

perspectiva mercadológica, uma corrente global de avaliação da sustentabilidade das

atividades empresariais. São metodologias criadas por instituições não governamentais de

caráter filantrópico, mas também por fundos de investimento privados e organismos do

mercado financeiro, que vêm exigindo mais informações das empresas relativas à

sustentabilidade (VINTRÓ; COMAJUNCOSA, 2010). Percebe-se, em função de discussões

sobre o tema, que, de forma geral, entre as metodologias utilizadas, algumas vêm ganhando

destaque na realidade brasileira, notadamente os Indicadores Ethos de Responsabilidade

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Social e o Relatório de Sustentabilidade referenciado pelo “Global Reporting Initiative”

(GRI).

O sistema de indicadores Ethos de Responsabilidade Social contemplam atualmente

47 indicadores, divididos em quatro dimensões (INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E DE

RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2014), apresentados na Tabela 5:

Tabela 5: Indicadores Ethos de Responsabilidade Social

Dimensão Item avaliado Nº

indicadores Objetivos

1 Visão e

Estratégia 3

Avaliar as bases políticas para a definição de ações voltadas

para a RSC e para a sustentabilidade das empresas.

2 Governança e

Gestão 16

Avaliar a proposição, a implementação de políticas e a

integração com os processos de gestão da empresa voltados para

a RSC e para a sustentabilidade.

3 Desempenho

Social 17

Avaliar aspectos relacionados aos direitos humanos, práticas

trabalhistas, relações com os consumidores e envolvimento com

a comunidade e seu desenvolvimento

4 Desempenho

Ambiental 11

Avaliar impactos sobre questões relacionadas ao clima,

biodiversidade e serviços ecossistêmicos, além do consumo dos

produtos gerados.

Fonte: Instituto Ethos de Empresas e de Responsabilidade Empresarial, 2014.

Obs.: adaptada pelo autor.

A classificação dos indicadores é feita de acordo com a abrangência do reporte

desejado pelas próprias instituições que os adotam e também com o estágio de

“amadurecimento” das instituições em relação a cada indicador. Em relação à abrangência,

existe um conjunto de indicadores que buscam valorar a representatividade da RSC na

empresa, partindo de um estágio onde é feita uma abordagem “básica” até uma abordagem

mais “abrangente” de RSC, conforme a Figura 4.

Figura 5: Níveis de abrangência dos indicadores Ethos de Responsabilidade Social

.

Fonte: Instituto Ethos de Empresas e de Responsabilidade Empresarial, 2014, p. 16.

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No caso dos estágios de “amadurecimento”, percebe-se que cada indicador considera

uma série de questões classificadas em níveis diferenciados, nos quais cada instituição avalia

o seu próprio estágio, conforme apresentado na Tabela 6:

Tabela 6: Caracterização de estágios de “amadurecimento” da RSC dos Indicadores

Ethos

Estágio Caracterização

1 Mero cumprimento ou tratativa inicial relacionada aos itens ou aspectos abordados no indicador.

2 Desenvolvimento de ações relacionadas aos itens ou aspectos abordados no indicador.

3 Existência de políticas, procedimentos e sistemas de gestão associados aos itens ou aspectos

abordados no indicador.

4 A busca da melhoria contínua dos itens e aspectos abordados é uma prática operacional sistematizada.

5 O item ou aspecto abordado é tratado sob uma perspectiva de excelência pela instituição em relação

aos padrões observados.

Fonte: Instituto Ethos de Empresas e de Responsabilidade Empresarial, 2014.

Obs.: adaptada pelo autor.

No caso do GRI, entidade não governamental fundada em 1997 pela “Coalition for

Enviromentally Responsible Economics” (CERES) e pelo Programa das Nações Unidas para

o Meio Ambiente (PNUMA), estabeleceu-se uma referência global de entendimento e de

reporte de informações sobre sustentabilidade nas organizações, sobretudo empresariais, por

meio da elaboração dos chamados Relatórios Anuais de Sustentabilidade (GRI, 2014a).

Atualmente, o Relatório GRI7 (GRI, 2014b) estabelece 81 indicadores classificados

como essenciais ou adicionais, divididos em três dimensões e seus respectivos indicadores,

conforme a Tabela 7:

Tabela 7: Indicadores Relatório GRI de Sustentabilidade

Dimensão

indicadores Objetivos

1 Econômica 9 Avaliar os impactos econômicos sobre os diversos públicos com os quais a

organização se relaciona.

2 Ambiental 34 Avaliar o desempenho ambiental da organização em toda a sua cadeia de

valor.

3 Social8 48 Avaliar os impactos da organização nos sistemas sociais nos quais ela opera.

Fonte: GRI (G4 Sustainability Reporting Guidelines), 2014.

Obs.: adaptada pelo autor.

No caso da mineração e da siderurgia, o padrão GRI ainda incorpora outros 10

indicadores suplementares, considerados específicos para essas atividades (GRI, 2014c).

7Assim como os indicadores Ethos, a GRI estabelece um sistema periódico de revisão e atualização do padrão de

relatório que pode vir a alterar a caracterização e o número de indicadores futuramente. 8 A dimensão social está dividida em quatro subcategorias: práticas/trabalhistas, direitos humanos, sociedade e

responsabilidade pelo produto.

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Na análise do conjunto de indicadores Ethos e do GRI, percebe-se que, apesar do

número extensivo de indicadores associados aos aspectos sociais, o entendimento sobre

projetos sociais de empresas, no que tange a proposta efetiva de geração de alternativas de

desenvolvimento local das comunidades, restringe-se ao fato da existência ou não de

iniciativas nesse sentido. Além disso, no caso dos indicadores Ethos, o questionamento é

complementado sobre a existência de parcerias com outras empresas para esse propósito.

Os programas geridos pela empresa são formalizados como programas

institucionais, focando no desenvolvimento de capacidades, geração de

renda, educação ou qualificação etc. e fornecem modelos e ferramentas

replicáveis em outros contextos? Sim ou não? A empresa se articula com

outras empresas em favor da comunidade local? Sim ou não? (INSTITUTO

ETHOS DE EMPRESAS E DE RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2014, p.

62).

Em relação ao GRI, a percepção é a mesma quando analisamos os indicadores

relacionados aos processos dessa natureza. Dos 48 indicadores inseridos na dimensão social,

apenas dois estão diretamente associados à lógica da RSC, voltada para o desenvolvimento

local.

No caso do primeiro indicador “percentual de operações com o engajamento da

comunidade local implementado, com avaliações de impacto e projetos de desenvolvimento”,

os itens avaliados inquirem sobre a existência de: (1) avaliações de impacto social, incluindo

sobre gênero, com base em processos participativos; (2) avaliações de impacto ambiental e

monitoramento contínuo; (3) divulgação pública dos resultados dessas avaliações; (4) projetos

de desenvolvimento da comunidade local com base nas suas necessidades; (5) planos de

engajamento das partes interessadas no negócio da instituição baseadas no mapeamento de

públicos interessados; (6) ampla consulta baseada em comitês comunitários locais, incluindo

grupos vulneráveis; (7) grupos de trabalho internos, inclusive focados em saúde ocupacional,

segurança e representação dos trabalhadores para lidar com os impactos; (8) processos

formais de reclamação da comunidade local.

Em relação ao segundo indicador, “operações com impactos reais e/ou potenciais

negativos significativos sobre as comunidades locais” é avaliada a existência de: (1)

informação sobre o local de operações; (2) impactos reais ou potencias que sejam

significativos nas comunidades.

Outro aspecto relevante se refere ao fato de que nos 10 indicadores suplementares

propostos para a mineração e siderurgia do GRI, a perspectiva do desenvolvimento local está

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83

presente apenas na preocupação com a existência ou não de planos de encerramento das

atividades operacionais nas localidades.

Na publicação Mining Comunity Development Agreements: A Source Book (2012), o

Banco Mundial propõe um modelo de orientação estratégica para a implementação de

“acordos locais de desenvolvimento comunitário” entre as mineradoras e as comunidades sob

a influência de seus impactos. No modelo apresentado, mesmo sem uma proposição

específica de indicadores, a gestão social já é vista como balizadora da sustentabilidade das

iniciativas. Além disso, é destacada a necessidade de procedimentos avaliativos de medição e

monitoramento do empoderamento comunitário, da participação qualificada e do

compartilhamento de informações nas comunidades afetadas pelos empreendimentos para o

êxito dos “Acordos de Desenvolvimento Comunitário”. Porém, a instituição reconhece a

limitação das avaliações realizadas. Como indicadores mais utilizados nos projetos, o Banco

Mundial cita os “[...] cálculos sobre o percentual de investimentos realizados em relação aos

ganhos obtidos pela atividade minerária local; o volume de investimentos realizados nos

projetos; e a quantidade de iniciativas realizadas” (BANCO MUNDIAL, 2012, p. 57-58,

tradução nossa). De acordo com a instituição, esses indicadores não traduzem efetivamente os

resultados dos projetos sobre as comunidades.

A definição de comunidades qualificadas deve ser apoiada por um constante

programa de monitoramento, sob o qual a lista de grupos envolvidos e o grau

de relacionamento com o “acordo de desenvolvimento comunitário” deve ser

revista e atualizada. Esta reavaliação deve ser feita periodicamente ao longo

da vida do “acordo de desenvolvimento comunitário”, cuja frequência deve

ser acordada por todas as partes envolvidas [...] (BANCO MUNDIAL, 2012,

p.20, tradução nossa).

Na busca, por meio de palavras-chave, por trabalhos que abordassem o termo

“indicadores de gestão social” associados a projetos de RSC de empresas, e, também,

tentando privilegiar o entendimento de gestão social proposto nesta dissertação, encontrou-se

apenas um estudo organizado por Rangel e Saíz (2011). Além desse trabalho, foram

encontradas outras discussões sobre metodologias de avaliação de projetos de RSC de

empresas, a partir de olhares que extrapolam o ponto de vista do mercado, nos estudos

acadêmicos como os de Coelho e Gonçalves (2007; 2011), Macke (2005), Macke e Carrion

(2006) e Senefonte (2014).

Destaca-se ainda a existência de metodologias de valoração de capital social

comunitário, que, no entendimento deste estudo, também fornecem subsídios técnicos para a

construção de propostas afins à ideia de avaliação da sustentabilidade de projetos pela ótica da

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gestão social: o Índice de Comunidade Cívica (ICC) de Putnam (2006) e o Questionário

Integrado para Medir Capital Social (QI-MCS), do Banco Mundial (GROOTAERT et al.,

2003).

Ressalte-se que todos esses trabalhos e discussões aos quais se teve acesso já foram

descritos no Capítulo 1 desta dissertação e possibilitaram o entendimento de que, apesar da

existência de metodologias de avaliação e indicadores que abordam questões relacionadas ao

capital social envolvido em projetos de RSC, ainda não estão sistematizados indicadores

específicos para a gestão social de projetos dessa natureza. Nesse sentido, propõe-se a seguir a

sistematização, em caráter sugestivo, de uma matriz de indicadores específicos para avaliação

da gestão social de projetos de RSC voltados para a geração de emprego e renda.

3.3. MATRIZ DE INDICADORES DE GESTÃO SOCIAL

A elaboração da matriz de indicadores de gestão social teve como base os aspectos

metodológicos ofertados na bibliografia analisada, assim como possibilidades observadas em

campo e descritas no Capítulo 2 desta dissertação e também no desenvolvimento de atividades

profissionais no contexto da pesquisa. A matriz apresenta 17 indicadores, divididos em sete

grupos temáticos, que, em conjunto, visam compor um referencial avaliativo da gestão social

estabelecida em projetos sociais de RSC para geração de emprego e renda. Para cada

indicador é apresentada a sua respectiva caracterização, assim como os critérios e/ou

referências de qualificação propostos para o enquadramento avaliativo. Para efeito de

ilustração hipotética de uma situação analítica de gestão social de um determinado projeto

social, apresenta-se na figura 6 um exemplo de gráfico, no qual a área do polígono

estabelecido busca qualificar a gestão social. Quanto maior a área estabelecida, mais

qualificada a gestão social do projeto.

Figura 6: Indicadores de Gestão Social

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Matriz de Indicadores de Gestão Social de Projetos Sociais no âmbito da RSC

Grupo Temático Indicador Caracterização Critérios/Referência para qualificação

Conectividade

(relacionamento/

comunicação)

Proximidade

Mede o grau de proximidade

entre os membros do grupo

beneficiado. Quanto maior a

proximidade entre membros do

grupo, maior a possibilidade de

fluxo e acesso de informações do

projeto entre os beneficiários.

0. As pessoas do grupo não se conhecem

1. As pessoas do grupo se conhecem, mas não possuem relações de convivência e diálogo

2. As pessoas se conhecem e apresentam relações de convivência e de diálogo, em caráter ocasional, e sem

especificidade de objetivos e assuntos pré-estabelecidos

3. As pessoas se conhecem e apresentam relações de convivência e de diálogo, em caráter ocasional, mas com

especificidade de objetivos e assuntos pré-estabelecidos

4. As pessoas se conhecem e apresentam relações de convivência e de diálogo frequentes e com especificidade de

objetivos e assuntos pré-estabelecidos

Alinhamento interno

de objetivos do grupo

Mede o grau de convergência de

objetivos entre os seus

beneficiários e de iniciativas para

que isto ocorra no projeto. Quanto

maior a convergência de

objetivos, maior a coesão de

interesses e a tendência na

redução de conflitos internos do

grupo.

0. Não existe entendimento convergente dos objetivos do projeto e não há iniciativas para que isto ocorra

1. Não existe entendimento convergente dos objetivos, e existem poucas iniciativas para que isto ocorra

2. Não existe entendimento convergente dos objetivos, mas já existem iniciativas frequentes para que isto ocorra

3. Existe um entendimento convergente dos objetivos, mas com poucas iniciativas para que isto se mantenha

4. Existe um entendimento convergente e com iniciativas frequentes para que isto se mantenha

Alinhamento de

objetivos entre

beneficiários e

parceiros externos

Mede o grau de convergência de

objetivos e de iniciativas para que

isto ocorra no projeto entre os

beneficiários e parceiros externos.

Quanto maior a convergência de

objetivos, maior a coesão de

interesses e a tendência na

redução de conflitos do grupo

para com parceiros externos.

0. Não existe entendimento convergente dos objetivos do projeto e não há iniciativas para que isto ocorra

1. Não existe entendimento convergente dos objetivos, e existem poucas iniciativas para que isto ocorra

2. Não existe entendimento convergente dos objetivos, mas já existem iniciativas frequentes para que isto ocorra

3. Existe um entendimento convergente dos objetivos, mas com poucas iniciativas para que isto se mantenha

4. Existe um entendimento convergente dos objetivos e com iniciativas frequentes para que isto se mantenha

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Parcerias

Parcerias internas

Mede o grau de maturidade de

parcerias internas do grupo em

função de objetivos do projeto

0. Não existe nenhum tipo de parceria estabelecida entre membros do grupo

1. A parceria existe de forma pontual e caracterizada como um gesto isolado de apoio ou solidariedade entre um e

outro beneficiário

2. A parceria ocorre em mais de uma situação entre beneficiários (envolve até 30% dos beneficiários), mas ainda

fundamentada em gestos de apoio e solidariedade entre membros não relacionados aos objetivos do projeto

3. As parcerias ocorrem entre beneficiários em mais de uma situação (envolve até 30% de beneficiários) e é

fundamentada na perspectiva de apoio e solidariedade no alcance de objetivos do projeto

4. As parcerias entre beneficiários é prática comum (envolve mais de 30% dos beneficiários) e é fundamentada na

perspectiva de apoio e solidariedade no alcance de objetivos do projeto

Parcerias Externas

Mede o grau de maturidade de

parcerias externas do projeto do

grupo pela análise de

contrapartidas envolvidas

0. Não existe nenhum tipo de parceria formalizada estabelecida entre o projeto e instituições externas, além da

empresa

1. Não existem parcerias externas formalizadas, mas existem conversas e iniciativas relacionadas com este propósito.

2. Existem parcerias formalizadas, mas sem nenhuma contrapartida definida pelas instituições parceiras

3. Existem parcerias formalizadas, com contrapartidas de apoio e suporte definidas, mas sem o comprometimento de

aporte de recursos técnicos e financeiros pelos parceiros.

4. Existem parcerias formalizadas, com contrapartidas definidas de apoio, suporte e aporte de recursos técnicos e

financeiros pelos parceiros.

Interesse/

Confiança

Iniciativa no

desenvolvimento de

reuniões do projeto

Mede o grau de pró-atividade do

grupo para o desenvolvimento do

projeto. Quanto maior a pró-

atividade do grupo no

desenvolvimento de reuniões do

projeto, maior o interesse pela sua

continuidade.

0. Todas as reuniões do projeto são pensadas e organizadas exclusivamente pela empresa e os beneficiários são

apenas convidados a participar das reuniões

1. As reuniões do projeto são propostas pelo grupo de beneficiados, mas a organização e execução das reuniões

ainda são feitas de forma exclusiva pela empresa

2. As reuniões do projeto são propostas pelo grupo de beneficiados, e a organização e execução das reuniões são

feitas com alguma contrapartida do grupo beneficiado

3. As reuniões do projeto são propostas pelo grupo de beneficiados, sendo que a maioria das ações de organização e

execução das reuniões feitas pelo próprio grupo.

4. Todas as reuniões do projeto são pensadas e organizadas pelo grupo de forma exclusiva e a empresa é apenas

convidada a participar das reuniões

Busca de informações

e

conhecimento

técnico sobre

objetivos

e ações do projeto

Mede o grau de motivação

pessoal e envolvimento dos

beneficiados para com o projeto.

Quanto maior a busca de

informações e de conhecimento

técnico, maior o interesse

percebido.

0. Menos de 20% dos beneficiados afirmam buscar informações e conhecimentos técnicos associados ao projeto fora

das reuniões e ações organizadas

1. Entre 20% e 40% dos beneficiados afirmam buscar informações e conhecimentos técnicos associados ao projeto

fora das reuniões e ações organizadas

2. Entre 40% e 60% dos beneficiados afirmam buscar informações e conhecimentos técnicos associados ao projeto,

fora das reuniões e ações organizadas

3. Entre 60% e 80% dos beneficiados afirmam buscar informações e conhecimentos técnicos associados ao projeto,

fora das reuniões e ações organizadas

4. Entre 80% e 100% dos beneficiados afirmam buscar informações e conhecimentos técnicos associados ao projeto

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Institucionalização

Grupal/Coletiva

Formalização

Institucional

Mede o status de formalização

institucional do grupo de

beneficiados, aspecto que reforça

a capacidade organizacional do

grupo para com a gestão social do

projeto.

0. Não tem organização formal e não existem conversas/iniciativas para a formação de alguma entidade

representativa

1. Não tem organização formal, mas existem iniciativas do grupo de beneficiários para a criação/adoção de alguma

entidade representativa.

2. Existe uma organização formalizada local, porém esta não foi criada/adotada pelo grupo de beneficiários e não

desenvolve atividades relacionadas ao projeto

3. Existe uma organização criada/adotada pelo grupo de beneficiados, com menos de 01 ano de atividades

desenvolvidas relacionadas aos objetivos do projeto

4. Existe uma organização formal criada/adotada pelo grupo de beneficiados com mais de 01 ano de atividades

desenvolvidas relacionadas aos objetivos do projeto

Grupo Gestor

Mede o grau de organização e

legitimidade da gestão e

condução do projeto pelo grupo

em razão da existência de grupo

gestor e da análise de sua

legitimidade perante o conjunto

de beneficiários

0. Não existe grupo gestor formado no projeto, e não se apresentam possíveis lideranças entre os membros

1. Não existe grupo gestor. Porém, existem membros com perfil de liderança, mesmo que sem o reconhecimento

desta liderança pelo grupo de beneficiados

2. Não existe grupo gestor, mas existem lideranças no grupo já reconhecidas como tal pelo grupo de beneficiados

3. Existe o grupo gestor, mas este ainda não é reconhecido como legítimo pelo grupo de beneficiários

4. Existe o grupo gestor reconhecido e legitimado pelo grupo de beneficiários

Estrutura

organizacional

Mede o grau de estruturação

política da entidade pela criação e

legitimidade institucional

0. Não existe entidade formalizada

1. Existe entidade formalizada, mas não tem organograma aprovado em assembleias, não possui estrutura

organizacional clara e bem estabelecida, assim como os beneficiários não têm clareza nos papéis e deveres de cada

indivíduo dentro do grupo.

2. A entidade tem organograma aprovado em assembleias, mas não possui estrutura organizacional clara e bem

estabelecida, assim como os beneficiários não têm clareza nos papéis e deveres de cada indivíduo dentro do grupo.

3. A entidade tem organograma aprovado em assembleias, estrutura organizacional clara e bem estabelecida, mas os

beneficiários não têm clareza nos papéis e deveres de cada indivíduo dentro do grupo.

4. A entidade tem organograma aprovado em assembleias, estrutura organizacional clara e bem estabelecida, assim

como os beneficiários têm clareza nos papéis e deveres de cada indivíduo dentro do grupo.

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Participação

Mobilização - Adesão

Mede o grau de frequência dos

beneficiários nas atividades do

projeto

0. Menos de 20% dos beneficiados têm uma média de frequência acima de 65% das atividades do projeto

1. Entre 20% e 40% dos beneficiados têm uma média de frequência acima de 65% das atividades do projeto

2. Entre 40% e 60% têm uma média de frequência acima de 65% das atividades do projeto

3. Entre 60% e 80% dos beneficiados têm uma média de frequência acima de 65% das atividades do projeto

4. Entre 80% e 100% têm uma média de frequência acima de 65% das atividades do projeto

Mobilização -

Rotatividade

Mede o grau de retenção de

pessoas no grupo beneficiado. A

taxa (%) é obtida através da

proporção entre o número de

entradas e o número de saídas de

beneficiários no projeto

0. O grupo apresenta rotatividade maior ou igual a 50%

1. O grupo apresenta rotatividade entre 49% e 40%

2. O grupo apresenta rotatividade entre 40% e 30%

3. O grupo apresenta rotatividade igual ou acima de 30%, mas contém práticas de motivação e melhora de clima

4. O grupo apresenta rotatividade inferior a 30% e contém práticas de motivação e melhora de clima

Participação no

processo decisório

Mede o grau de participação do

grupo beneficiário no processo de

tomada de decisões do projeto.

0. Não existe participação do grupo de beneficiários no processo decisório

1. A participação percebida do grupo se resume na presença dos beneficiários nos momentos de tomada de decisão e

colocação de opiniões isoladas sobre as questões

2. Na participação do grupo, além de colocação de opiniões isoladas, percebe-se também a contribuição do grupo na

escolha de representantes (grupo gestor)

3. Existe uma participação ampla e com discussões articuladas e objetivas entre beneficiários e grupo gestor nos

momentos de tomada de decisão

4. Percebe-se o engajamento do grupo, com envolvimento e comprometimento dinâmico em todos os aspectos do

projeto.

Distribuição de

tarefas

Mede o grau de envolvimento e

de corresponsabilidade do grupo

no desenvolvimento de ações do

projeto.

0. Não se define tarefas no grupo

1. Existem tarefas definidas, mas o grupo beneficiado não apresenta equipe para realização das atividades

2. Tarefas definidas são centralizadas somente em um ou dois beneficiários do grupo

3. Tarefas definidas são centralizadas em poucos beneficiários do grupo

4. Tarefas definidas são divididas entre vários beneficiários do grupo

Transparência

Acesso à informação

sobre

processo decisório

Mede o grau de transparência do

projeto junto ao grupo

beneficiado pela acessibilidade de

conhecimento do processo de

tomada de decisões.

0. Os beneficiários não têm acesso às informações sobre o processo de tomada de decisões do projeto, pois não

existem meios estabelecidos no projeto para acesso às informações.

1. Os beneficiários têm acesso às informações sobre o processo de tomada de decisões apenas por meio de

reuniões/assembleias

2. Além das reuniões/assembleias, existem meios organizados pelo projeto para obtenção de informações, mas estes

meios não são de conhecimento dos beneficiários

3. Além das reuniões/assembleias, existem meios organizados para acesso à informações que são meios conhecidos

pelos beneficiários, mas que não são utilizados.

4. Além das reuniões/assembleias, existem meios organizados e conhecidos pelos beneficiários para acesso a

informações, e são utilizados regularmente pelos beneficiários

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Capacitação

Capacitação Técnica

Mede o grau de formação técnica

do grupo beneficiado

para condução e gestão do

projeto. Busca-se avaliar o

esforço destinado aos processos

de capacitação e se esses

traduzem avanços na gestão e

condução do projeto pelo grupo.

0. Não são realizadas capacitações do grupo beneficiado para a gestão e condução do projeto

1. O grupo tem capacitações periódicas, mas que não estão alinhadas às atividades e/ou demandas de gestão e

condução do projeto.

2. O grupo tem capacitações periódicas alinhadas às atividades e/ou demandas de gestão e condução do projeto pelo

grupo, mas não traduzem avanços nesses processos.

3. O grupo tem capacitações periódicas alinhadas às atividades e/ou demandas de gestão e condução do projeto pelo

grupo, e que traduzem poucos avanços nesses processos.

4. O grupo tem capacitações periódicas alinhadas às atividades e/ou demandas de gestão e condução do projeto pelo

grupo, e nota-se avanços significativos nesses processos.

Formação de

Lideranças

Mede o grau de formação de

lideranças dentro do grupo de

beneficiados,

considerando a adequação do

processo ao perfil do grupo, a

necessidade de realização de

processos eleitorais para

renovação do grupo gestor ao

longo do tempo e a legitimidade

do processo pelo grupo.

0. No projeto não é feita a capacitação de novas lideranças

1. No projeto são feitas ações periódicas de capacitação de novas lideranças, mas que não são adequadas ao perfil e

às demandas do grupo beneficiado.

2. No projeto são feitas ações de capacitação de novas lideranças, adequadas ao perfil do grupo, porém não existe

uma prática sistemática de eleição em assembleias

3. No projeto são feitas ações periódicas de capacitação de novas lideranças adequadas ao perfil do grupo, e existe

uma prática sistemática de eleição em assembleias, porém esta não é legitimada pelo grupo beneficiado.

4. No projeto são feitas ações periódicas de capacitação de novas lideranças adequadas ao perfil do grupo, e existe

uma prática sistemática de eleição em assembleias legitimada pelo grupo beneficiado.

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3.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensando na possibilidade de estabelecimento de uma metodologia de avaliação da

gestão social de projetos de RSC para a geração de emprego e renda, entende-se que o

produto técnico estabelecido não se encontra consolidado como uma proposta metodológica

específica. Reconhece-se que o esforço para a composição de uma metodologia carece ainda

de outros aspectos, sobretudo na definição de procedimentos avaliativos como os meios de

obtenção e verificação de dados e informações nos projetos. Além disso, mesmo com a

compilação feita a partir do conjunto teórico e empírico pesquisado e também da experiência

profissional na área de consultoria de desenvolvimento de projetos desse perfil, reconhece-se

a necessidade de submissão desse produto a testes e análises sobre a sua pertinência e

adequação.

Tais questões já se apresentam, a priori, como uma predisposição para a continuidade

de pesquisas e o desenvolvimento de trabalhos futuros. Nesse sentido, acredita-se que o

material desenvolvido poderá contribuir para novas discussões acerca da questão, podendo

ser, inclusive, alvo de trabalhos para análise de sua viabilidade e de outras abordagens que

possam vir a consolidar futuramente uma base metodológica para a avaliação da gestão social

de projetos dessa natureza.

Por fim, destaca-se outra preocupação relacionada ao fato de que a composição

metodológica de indicadores de avaliação de projetos também deve estar associada à base

conceitual da gestão social, o que pressupõe que todos os aspectos de um projeto social,

inclusive a sua estrutura avaliativa, devam ser submetidos a um processo de construção

coletiva e de legitimação pelo público beneficiado.

Diante dessas premissas, reforça-se a importância do caráter sugestivo da matriz

organizada no desenho metodológico avaliativo específico de um projeto, entendendo que

esses indicadores podem ser incorporados ou não em função do entendimento do grupo

beneficiado. Sendo assim, que outros indicadores, inclusive com abordagens mais específicas

de cada realidade e de cada projeto, possam ser utilizados como instrumentos para avaliação

da sua gestão social, sob a perspectiva da própria gestão social.

Considerando ainda as observações realizadas pela banca de defesa desta dissertação,

julga-se importante registrar algumas sugestões a serem incorporadas numa próxima edição

da matriz de indicadores de gestão social, quais sejam: (1) destaque do caráter deliberativo da

participação do grupo beneficiado no processo decisório dos projetos; (2) A formação de

lideranças sendo entendida como a formação de gestores; (3) A inclusão de um indicador

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relacionado ao exercício de protagonismo do grupo beneficiado em todos os processos que

envolvem o projeto e não apenas na organização de eventos e reuniões dos projetos.

Referências

BANCO MUNDIAL (World Bank). Mining Community Development Agreements: Source

Book. Washington, DC. 2012. Disponível em:

<https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/12641>. Acesso em: 09 jul. 2014.

BUVINICH, M. R. Ferramentas para o monitoramento e avaliação de programas e projetos

sociais. Cadernos de políticas sociais. Série documentos para discussão, n. 10. UNICEF,

1999. Disponível em: <http://www.aleixo.com/biblioteca/ssocial/2

semestre2006/D1/Ferramentas_para_avaliacao_monitoramento_de_programas_projetos_socia

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Page 94: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada na literatura e também em campo, com respeito à avaliação de

projetos sociais, constatou a ausência de sistematização de indicadores afinados com a gestão

social para avaliação de projetos de RSC. Na busca na literatura realizada com base nas

palavras-chave “indicadores de gestão social” no contexto da avaliação de projetos de RSC,

são poucas as referências sobre metodologias de avaliação de projetos de RSC sob a

perspectiva da gestão social. Reconhece-se a existência de instrumentos voltados, sobretudo,

para análise de capital social de projetos. Porém, entende-se que essas metodologias não

apresentaram indicadores capazes de avaliar a gestão social dos projetos de RSC e dos

processos por eles desencadeados. De toda forma, a leitura dos referenciais teóricos

contribuiu para ampliar o entendimento sobre o modo de tornar uma atividade avaliativa mais

efetiva no sentido de promover a sustentabilidade dos projetos de RSC e o desenvolvimento

local das comunidades alvos desses projetos.

Nos projetos analisados em campo, percebeu-se que aspectos associados à gestão

social eram contemplados nos projetos, sobretudo na preocupação de desenvolvimento de

processos participativos e coletivizados de tomada de decisão nas ações e que pudessem,

futuramente, vislumbrar um cenário de autogestão das iniciativas. Porém, não foram

estabelecidos mecanismos e instrumentos capazes de efetivamente aferir avanços da gestão

social.

Com base nas informações obtidas em campo, no levantamento bibliográfico e

também na experiência profissional em desenvolvimento de projetos inseridos no contexto de

análise, elaborou-se, como produto técnico de pesquisa, uma matriz de indicadores de

avaliação fundados na gestão social. Entende-se, a priori, que essa matriz não se apresenta

como um construto metodológico consolidado de avaliação da gestão social de projetos de

RSC, devendo ser objeto de testes e análises futuros sobre sua adequação e pertinência. Por

outro lado, é preciso considerar e priorizar, pela referência conceitual de gestão social

adotada, a realidade de cada projeto, e em especial a participação e o envolvimento

qualificado do público beneficiado desses projetos na elaboração e definição de seus

processos avaliativos.

De toda forma, entende-se que a proposição desse conjunto de indicadores poderá

subsidiar novas discussões e trabalhos afins à composição futura de uma metodologia de

avaliação de projetos de RSC sob a perspectiva da gestão social. A organização de

instrumentos de coleta de informações, a definição de uma periodicidade de monitoramento e

Page 95: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

avaliação, além da validação prática dos próprios indicadores em uma específica realidade de

projeto, são apenas algumas das possibilidades que aqui são sugeridas para a continuidade das

discussões e de reflexões sobre o tema.

Page 96: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

APÊNDICE A

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO LOCAL

PÚBLICO EMPRESAS (MEMBROS GRUPO GESTOR)

Título da Pesquisa: “Metodologias de avaliação de projetos de responsabilidade social de

empresas de mineração de ferro. Análise e proposição sob a perspectiva da gestão social”

Nome do pesquisador principal: Marcelo Scarpa Rennó

Nome da orientadora: Ediméia Maria Ribeiro de Mello

Instituição:

Nome:

Cargo:

Entrevistador: Marcelo Scarpa Rennó

Data de aplicação:___/____/____

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Essa entrevista deseja conhecer a sua avaliação sobre o projeto...................................

desenvolvido no município de ......................

1. Em relação ao projeto, o sr(a) pode fazer uma breve descrição dele?

2. Quantas pessoas da comunidade participam do projeto?

3. Por que as pessoas participam do projeto?

4. Há quanto tempo os participantes frequentam o projeto?

5. O projeto prevê alguma reciclagem (turn over) dos participantes ou define prazos para

participação? Se sim, de que forma?

6. Como as pessoas são mobilizadas para participar do projeto?

7. Em que momentos a participação da comunidade é contemplada pelo projeto? (Se

necessário, considerar os momentos: concepção, organização, execução, tomada de

decisões, na avaliação).

8. Como você avalia a participação da comunidade no projeto?

Ausente,

desmobilizada

Presente, mas

não se

manifesta

Presente,

posicionando-se

articuladamente

Participante

nas decisões.

Ciente de suas

responsabilidades

Page 97: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

9. O projeto é avaliado de alguma forma pela empresa?

10. Qual é a forma de avaliação (metodologia) adotada pela empresa?

11. Como é planejada a avaliação do projeto?

12. Quem participa da elaboração da avaliação?

13. O que se busca avaliar neste projeto?

14. A metodologia de avaliação já sofreu alterações ao longo do processo de avaliação do

projeto? Se sim, quais? Por quê?

15. Quais indicadores são mais importantes no processo de avaliação?

16. O sr(a) acha que os indicadores adotados medem bem o efeito do projeto sobre a

comunidade? (...) Sim (...) Não. Por quê?

17. No projeto considera-se relevante a organização de parcerias (internas/externas,

comerciais, produtivas, técnicas)?

(...) Não (...) Sim. Por quê?

18. Foram formadas parcerias para o desenvolvimento do projeto?

(...) Não (...) Sim. Por quê? Se sim, quais e como elas participam do projeto?

Não Sim

Não se pensou. Tentou-se, mas

não conseguiu.

Já existem

parcerias nos

debates.

Participam do

processo

decisório.

Totalmente

engajadas.

19. As parcerias são objeto de avaliação na avaliação realizada? Se sim, de que forma?

20. O interesse dos participantes é objeto de avaliação na avaliação utilizada? Se sim, de

que forma?

21. A avaliação realizada mensura o nível de confiança das pessoas em relação ao

projeto?Caso sim, de que forma? Cite exemplos.

22. A avaliação realizada mensura o nível de autonomia dos participantes em relação à

condução das atividades do projeto? Se sim, de que forma? Cite exemplos

23. Na sua opinião, o grupo participante deveria ter maior autonomia na condução do

projeto? Se não, por quê? Se sim, de que forma isso poderia ocorrer?

24. Tem algum exemplo de alteração realizada no projeto em decorrência de sugestões dos

participantes encaminhadas por meio da avaliação realizada? Se sim, quais?

25. O que ou quais fatores poderiam fazer com que o projeto tivesse uma longa duração e

fosse assumido pelos seus participantes, com autonomia e independência da

manutenção do projeto pela empresa?

Page 98: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

26. Seria possível a avaliação apreender os resultados do projeto no que se refere à

autossustentabilidade? Se não, por quê? Se sim, de que forma?

27. O sr(a) conhece outro(s) projeto(s) de RSC promovido(s) por outra(s) empresa(s) na

região?(...)Não (...)Sim. Se sim, qual(is) projeto(s)? (Caso não, vá para questão 30.)

28. Existem trabalhos conjuntos que envolvem o projeto desenvolvido pela sua empresa e

outro(s) projeto(s)? (...) Não (...) Sim. Se sim, descreva esse trabalho.

29. Relacione vantagens e desvantagens desse trabalho conjunto, segundo dois pontos de

vista: (1) Para as empresas; (2) Para as comunidades beneficiadas.

30. Se lhe fosse dada a total liberdade de recursos, o que você modificaria na metodologia

de avaliação do projeto?

Page 99: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

APÊNDICE B

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO LOCAL

PÚBLICO PARTICIPANTES DA COMUNIDADE

Título da Pesquisa: “Metodologias de avaliação de projetos de responsabilidade social de

empresas de mineração de ferro. Análise e proposição sob a perspectiva da gestão social”

Nome do pesquisador principal: Marcelo Scarpa Rennó

Nome da orientadora: Ediméia Maria Ribeiro de Mello

Instituição:

Nome:

Cargo:

Entrevistador: Marcelo Scarpa Rennó

Data de aplicação:___/____/____

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Esta entrevista deseja conhecer a sua avaliação sobre o projeto...............................

desenvolvido aqui no município de ........................

1. Você conhece este projeto? Pode fazer uma breve descrição dele?

2. De forma geral, como você avalia o desenvolvimento do projeto junto à comunidade?

3. Como você avalia os resultados alcançados?

4. Quantas pessoas da comunidade participam do projeto? Muitas? Poucas?

5. Por que você participa do projeto?

6. Na sua opinião, por que as outras pessoas participam do projeto? Você percebe outros

motivos, além dos seus motivos para isso? Quais motivos?

7. De que forma você vê a participação das pessoas no projeto? Explique como ela

acontece?

Ausente,

desmobilizada

Presente, mas

não se

manifesta

Presente,

posicionando-se

articuladamente

Participante

nas decisões

Ciente de suas

responsabilidades

Page 100: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

8. Em que momentos a participação da comunidade é contemplada pelo projeto? (Se

necessário, considerar os momentos: concepção, organização, execução, tomada de

decisões, na avaliação).

9. A empresa que promove o projeto faz uma avaliação do projeto. Você sabe como é

feita essa avaliação? (...) Não (...) Sim. Se sim, descreva quais aspectos você percebe

como mais importantes nessa avaliação? O que de fato se busca avaliar?

10. Avalia-se o interesse dos participantes no projeto? Se sim, de que forma?

11. Avaliam-se as iniciativas de promoção de desenvolvimento da comunidade? Se sim,

de que forma?

12. Mensura-se o nível de confiança das pessoas em relação ao projeto? Se sim, de que

forma?

13. Mensura-se o nível de autonomia dos participantes em relação à condução das

atividades do projeto? Se sim, de que forma?

14. No projeto considerou-se relevante a organização de parcerias (internas/externas,

comerciais, produtivas, técnicas) para o seu desenvolvimento?

(...) Não (...) Sim. Por quê?

15. Você sabe se foram formadas parcerias para o desenvolvimento do projeto?

(...) Não (...) Sim. Por quê? Se sim, quais e como elas participam do projeto?

Não Sim

Não se pensou Tentou-se, mas

não conseguiu

Já existem

parcerias nos

debates

Participam do

processo

decisório

Totalmente

engajadas

16. Avalia-se como as parcerias participam do projeto?

17. Você tem acesso/conhece os resultados da avaliação do projeto? (...) Não (...) Sim. Se

sim, qual a sua avaliação desses resultados e da forma como foram apresentados?

18. Você teria algum exemplo de mudança do projeto provocada por sugestões dos

participantes e encaminhadas pela avaliação realizada? Se sim, quais mudanças?

19. Você acha que os aspectos avaliados medem bem o efeito do projeto sobre a

comunidade? (...) Sim (...) Não. Se não, por quê? O que falta? O que sobra?

20. Na sua opinião, o grupo participante deveria ter maior autonomia na condução do

projeto? Se não, por quê? Se sim, de que forma isso poderia ocorrer?

21. O que ou quais fatores poderiam fazer com que o projeto tivesse uma duração maior e

fosse assumido pelos seus participantes, com autonomia e de forma independente da

empresa?

Page 101: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

22. Pensando em perguntas que poderiam ser feitas na avaliação do projeto em termos de

duração e autonomia dos participantes, quais perguntas deveriam ser feitas na

avaliação do projeto?

23. Se coubesse a você avaliar resultados e o andamento do projeto, o que você pensa que

deveria ser medido ou acompanhado? O que você mudaria (incluiria ou excluiria) na

avaliação realizada? Por quê?

24. Você conhece outro(s) projeto(s) promovido(s) por outra(s) empresa(s) na região?

(...) Não (...) Sim. Se sim, qual(is) projeto(s)?

25. Existem trabalhos conjuntos entre o seu projeto e outro(s) projeto(s)?

(...) Não (...) Sim. Se sim, descreva e avalie o trabalho conjunto, pensando na

comunidade.

Page 102: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

APÊNDICE C

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO LOCAL

PÚBLICO PODER PÚBLICO

Título da Pesquisa: “Metodologias de avaliação de projetos de responsabilidade social de

empresas de mineração de ferro. Análise e proposição sob a perspectiva da gestão social”

Nome do pesquisador principal: Marcelo Scarpa Rennó

Nome da orientadora: Ediméia Maria Ribeiro de Mello

Instituição:

Nome:

Cargo:

Entrevistador: Marcelo Scarpa Rennó

Data de aplicação:___/____/____

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Essa entrevista deseja conhecer a sua avaliação sobre o projeto A desenvolvido em

............................

1. O sr(a) conhece este projeto? Pode fazer uma breve descrição dele?

2. A sua instituição monitora ou avalia este projeto junto à comunidade?

(...) Não (...) Sim. Se não, por quê? (Se sim, vá para questão 4.)

3. O sr(a) tem alguma ideia do desempenho do projeto junto à comunidade?

4. De forma geral, que resultados esse projeto traz para a comunidade?

5. Quantas pessoas da comunidade participam do projeto? Muitas? Poucas?

6. Por que as pessoas participam do projeto? Como as pessoas são mobilizadas para

participar do projeto?

7. De que forma o sr(a) vê a participação das pessoas no projeto? Explique como ela

acontece?

Page 103: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

Ausente,

desmobilizada

Presente, mas

não se

manifesta

Presente,

posicionando-se

articuladamente

Participante

nas decisões

Ciente de suas

responsabilidades

8. Em que momentos a participação da comunidade é contemplada pelo projeto? (Se

necessário, considerar os momentos: concepção, organização, execução, tomada de

decisões, na avaliação)

9. A empresa promotora do projeto faz a avaliação do projeto. O sr(a) sabe como é feita

essa avaliação? (...) Não (...) Sim. (Se não, vá para questão 15.)

Se sim, quais aspectos são mais importantes nessa avaliação? O que se busca avaliar?

10. O sr(a) acha que esses aspectos avaliados medem bem o efeito do projeto sobre a

comunidade? (...) Sim (...) Não. Por quê? O que falta? O que sobra?

11. Avalia-se o interesse dos participantes no projeto? Se sim, de que forma?

12. Avaliam-se as iniciativas de promoção de desenvolvimento da comunidade? Se sim,

de que forma?

13. Mensura-se o nível de confiança das pessoas em relação ao projeto? Se sim, de que

forma?

14. Mensura-se o nível de autonomia dos participantes em relação à condução das

atividades do projeto? Se sim, de que forma?

15. O sr(a) considera relevante a organização de parcerias (internas/externas, comerciais,

produtivas, técnicas) para o desenvolvimento do projeto?

(...) Não (...) Sim. Por quê?

16. O sr (a) sabe se foram formadas parcerias para o desenvolvimento do projeto?

(...) Não (...) Sim. Por quê? Se sim, quais e como elas participam do projeto?

Não Sim

Não se pensou Tentou-se, mas

não conseguiu

Já existem

parcerias nos

debates

Participam do

processo

decisório

Totalmente

engajadas

17. Avalia-se como as parcerias participam do projeto? (Apenas se o entrevistado tenha

conhecimento sobre a avaliação.)

18. O sr(a) tem acesso/conhece os resultados da avaliação do projeto?

(...) Não (...) Sim. Se sim, qual a sua avaliação dos resultados?

19. Na sua opinião, o grupo participante deveria ter maior autonomia na condução do

projeto? Se não, por quê? Se sim, de que forma isso poderia ocorrer?

Page 104: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

20. O que ou quais fatores poderiam fazer com que o projeto tivesse uma longa duração e

fosse assumido pelos seus participantes, com autonomia?

21. Pensando em perguntas que poderiam ser feitas para saber sobre os resultados dos

projetos em termos de duração e autonomia dos participantes, quais perguntas o sr(a)

acha que poderiam ser feitas para se avaliar o projeto?

22. Se coubesse ao sr(a) avaliar resultados e o andamento do projeto, o que você pensa

que deveria ser medido ou acompanhado? O que o sr(a) mudaria (incluiria ou

excluiria) na avaliação realizada? Por quê?

23. O sr(a) conhece outro(s) projeto(s) promovido(s) por outra(s) empresa(s) na região?

(...) Não (...) Sim. Se sim, qual(is) projeto(s)?

24. Existem trabalhos conjuntos entre esse projeto e outro(s) projeto(s)?

(...) Não (...) Sim. Se sim, descreva o trabalho conjunto.

25. Como o sr(a) avalia este trabalho conjunto? Ele trouxe melhorias para a comunidade?

Por quê?

Em relação ao projeto B...

1. O sr(a) conhece este projeto? Pode fazer uma breve descrição dele?

2. A sua instituição monitora ou avalia este projeto junto à comunidade?

(...) Não (...) Sim. Se não, por quê? (Se sim, vá para questão 4.)

3. O sr(a) tem alguma ideia do desempenho do projeto junto à comunidade?

4. De forma geral, que resultados esse projeto traz para a comunidade?

5. Quantas pessoas da comunidade participam do projeto? Muitas? Poucas?

6. Por que as pessoas participam do projeto? Como as pessoas são mobilizadas para

participar do projeto?

7. De que forma o sr(a) vê a participação das pessoas no projeto? Explique como ela

acontece?

Ausente,

desmobilizada

Presente, mas

não se

manifesta

Presente,

posicionando-se

articuladamente

Participante

nas decisões

Ciente de suas

responsabilidades

8. Em que momentos a participação da comunidade é contemplada pelo projeto? (Se

necessário, considerar os momentos: concepção, organização, execução, tomada de

decisões, na avaliação)

Page 105: METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS … O tema proposto nesta pesquisa consiste na meta-avaliação de dois projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de duas empresas

9. A empresa promotora do projeto faz a avaliação do projeto. O sr(a) sabe como é feita

essa avaliação? (...) Não (...) Sim. Se não, vá para questão 15.

Se sim, quais aspectos são mais importantes nessa avaliação? O que se busca avaliar?

10. O sr(a) acha que esses aspectos avaliados medem bem o efeito do projeto sobre a

comunidade? (...) Sim (...) Não. Por quê? O que falta? O que sobra?

11. Avalia-se o interesse dos participantes no projeto? Se sim, de que forma?

12. Avaliam-se as iniciativas de promoção de desenvolvimento da comunidade? Se sim,

de que forma?

13. Mensura-se o nível de confiança das pessoas em relação ao projeto? Se sim, de que

forma?

14. Mensura-se o nível de autonomia dos participantes em relação à condução das

atividades do projeto? Se sim, de que forma?

15. O sr(a) considera relevante a organização de parcerias (internas/externas, comerciais,

produtivas, técnicas) para o desenvolvimento do projeto?

(...) Não (...) Sim. Por quê?

16. O sr(a) sabe se foram formadas parcerias para o desenvolvimento do projeto?

(...) Não (...) Sim. Por quê? Se sim, quais e como elas participam do projeto?

Não Sim

Não se pensou. Tentou-se, mas

não conseguiu.

Já existem

parcerias nos

debates.

Participam do

processo

decisório.

Totalmente

engajadas.

17. Avalia-se como as parcerias participam do projeto? (Apenas se o entrevistado tenha

conhecimento sobre a avaliação.)

18. O sr(a) tem acesso/conhece os resultados da avaliação do projeto?

(...) Não (...) Sim. Se sim, qual a sua avaliação dos resultados?

19. Na sua opinião, o grupo participante deveria ter maior autonomia na condução do

projeto? Se não, por quê? Se sim, de que forma isso poderia ocorrer?

20. O que ou quais fatores poderiam fazer com que o projeto tivesse uma longa duração e

fosse assumido pelos seus participantes, com autonomia?

21. Pensando em perguntas que poderiam ser feitas para saber sobre os resultados dos

projetos em termos de duração e autonomia dos participantes, quais perguntas o sr(a)

acha que poderiam ser feitas para se avaliar o projeto?

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22. Se coubesse ao sr(a) avaliar resultados e o andamento do projeto, o que você pensa

que deveria ser medido ou acompanhado? O que o sr(a) mudaria (incluiria ou

excluiria) na avaliação realizada? Por quê?

23. O sr(a) conhece outro(s) projeto(s) promovido(s) por outra(s) empresa(s) na região?

(...) Não (...) Sim. Se sim, qual(is) projeto(s)?

24. Existem trabalhos conjuntos entre esse projeto e outro(s) projeto(s)?

(...) Não (...) Sim. Se sim, descreva o trabalho conjunto.

25. Como o sr(a) avalia este trabalho conjunto? Ele trouxe melhorias para a comunidade?

Por quê?

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ANEXO A

Termo de Compromisso de Cumprimento da Resolução 466/2012

Nós, pesquisador mestrando Marcelo Scarpa Rennó, brasileiro, casado, bacharel em

Turismo, portador do documento de identidade nº. MG-7553.284, inscrito do CPF/MF sob o

número 027.293.846-77, e Profª. Dra. Ediméia Maria Ribeiro de Mello, inscrita no CPF/MF

sob o número 203.729.576-68, responsáveis pela pesquisa intitulada “Metodologias de

avaliação de projetos de responsabilidade social de empresas de mineração de ferro. Análise e

proposição sob a perspectiva da gestão social”, declaramos que:

Assumimos o compromisso de zelar pela privacidade e pelo sigilo das informações

que serão obtidas e utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa;

Os materiais e as informações obtidas no desenvolvimento deste trabalho serão

utilizados para se atingir o(s) objetivo(s) previsto(s) na pesquisa;

O material e os dados obtidos ao final da pesquisa serão arquivados sob a nossa

responsabilidade;

Os resultados da pesquisa serão tornados públicos em periódicos científicos e/ou em

encontros, quer sejam favoráveis ou não, respeitando-se sempre a privacidade e os

direitos individuais dos sujeitos da pesquisa, não havendo qualquer acordo restritivo

à divulgação;

Assumimos o compromisso de suspender a pesquisa imediatamente ao perceber

algum risco ou dano, consequente à mesma, a qualquer um dos sujeitos participantes,

que não tenha sido previsto no Termo de Consentimento.

O CEP do Centro Universitário UNA será comunicado da suspensão ou do

encerramento da pesquisa, por meio de relatório apresentado anualmente ou na

ocasião da interrupção da pesquisa;

As normas da Resolução 466/2012 serão obedecidas em todas as fases da pesquisa.

Belo Horizonte/MG, ... de ..................... de 201...

Marcelo Scarpa Rennó Ediméia Maria Ribeiro de Mello

CPF: 027.293.846-77 CPF: 203.729.576-68

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ANEXO B

Autorização Para Coleta de Dados

Eu, _________________________________, ocupante do cargo de____________ do(a)

___________________, AUTORIZO a coleta de dados para o projeto de pesquisa:

“Metodologias de avaliação de projetos de responsabilidade social de empresas de mineração

de ferro. Análise e proposição sob a perspectiva da gestão social”, dos pesquisadores Marcelo

Rennó e Ediméia Maria Ribeiro de Mello, nas instalações físicas da empresa...........................

após a aprovação do referido projeto pelo CEP do Centro Universitário UNA.

_____________, ___ de_________ de_____

ASSINATURA:____________________________________________

CARIMBO:

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ANEXO C

Termo de Autorização de Uso de Imagem e Depoimentos

Eu ____________________________, CPF ____________, RG_______________,

depois de conhecer e entender os objetivos, procedimentos metodológicos, riscos e benefícios

da pesquisa, bem como de estar ciente da necessidade do uso de minha imagem e/ou

depoimento, especificados no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),

AUTORIZO, através do presente termo, o pesquisador aluno Marcelo Scarpa Rennó, sob a

orientação da Profª. Drª. Ediméia Maria Ribeiro de Mello, autores do projeto de pesquisa

intitulado “Metodologias de avaliação de projetos de responsabilidade social de empresas de

mineração de ferro. Análise e proposição sob a perspectiva da gestão social”, a realizar as

fotos e/ou vídeos que se façam necessárias e/ou a colher meu depoimento sem quaisquer ônus

financeiros a nenhuma das partes.

Ao mesmo tempo, libero a utilização destas fotos e/ou vídeos (seus respectivos negativos ou

cópias) e/ou depoimentos para fins científicos e de estudos (livros, artigos, slides e

transparências), em favor do pesquisador da pesquisa acima especificado, obedecendo ao que

está previsto nas Leis que resguardam os direitos das crianças e adolescentes (Estatuto da

Criança e do Adolescente – ECA, Lei N.º 8.069/ 1990), dos idosos (Estatuto do Idoso, Lei N.°

10.741/2003) e das pessoas com deficiência (Decreto Nº 3.298/1999, alterado pelo Decreto Nº

5.296/2004).

Belo Horizonte/MG, ____ de _________ de 201_

_______________________

Participante da pesquisa

_______________________

Pesquisador responsável pelo projeto

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ANEXO D

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Título da Pesquisa: “Metodologias de avaliação de projetos de responsabilidade social de

empresas de mineração de ferro. Análise e proposição sob a perspectiva da gestão social”

Nome do Pesquisador Principal: Marcelo Scarpa Rennó

Nome da Orientadora: Ediméia Maria Ribeiro de Mello

1. Natureza da pesquisa: você está sendo convidado(a) a participar desta pesquisa, que

tem como finalidade avaliar metodologias de avaliação de projetos de RSC de

empresas de mineração de ferro de .........................., tendo em vista o

desenvolvimento de uma contribuição técnica alinhada com a gestão social, ao propor

uma metodologia cujos indicadores verifiquem a capacidade dos projetos contribuírem

para o desenvolvimento local e com características de inovação social.

2. Participantes da pesquisa: Serão entrevistadas pessoas de três públicos distintos de

pesquisa que possuem associação direta ou indireta com os projetos de RSC. São eles:

Até 6 (seis) membros dos grupos gestores dos projetos nas empresas, sendo três

membros por empresa, responsáveis internos pelos projetos;

2 (dois) representantes do Poder Executivo municipal;

Até 16 participantes dos projetos, sendo no máximo 8 (oito) integrantes de cada

projeto

3. Envolvimento na pesquisa: ao participar deste estudo a você permitirá que o

pesquisador Marcelo Scarpa Rennó utilize as informações por você concedidas única e

exclusivamente para fins de desenvolvimento desta pesquisa e de produção técnico-

científica. Você tem a liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar

participando em qualquer fase do estudo, sem qualquer prejuízo para você. Sempre que

quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa pelo do telefone do pesquisador

do projeto, e se necessário, através do contato do Comitê de Ética em Pesquisa.

4. Sobre as entrevistas: as entrevistas semiestruturadas serão realizadas de forma

individual, em ambiente privado, sendo o local escolhido de acordo com a preferência

do entrevistado, sem prejuízo da privacidade, e serão gravadas para fins de registro das

informações.

5. Riscos e desconforto: a participação nesta pesquisa não traz complicações legais. Os

procedimentos nela adotados obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres

Humanos, conforme Resolução no. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum

dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade. Na pior das hipóteses, pode

provocar algum desconforto.

6. Confidencialidade: todas as informações coletadas neste estudo são estritamente

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confidenciais. Somente o pesquisador e a orientadora terão conhecimento dos dados.

7. Benefícios: ao participar desta pesquisa você não terá nenhum benefício direto.

Entretanto, esperamos que esta pesquisa traga informações importantes sobre os

projetos de responsabilidade social desenvolvidos e sobre a localidade, de forma que o

conhecimento que será construído a partir deste estudo possa contribuir para com

melhorias dos projetos e também com o desenvolvimento do município. O pesquisador

se compromete a divulgar os resultados obtidos, sejam eles favoráveis ou não.

8. Pagamento: você não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem

como nada será pago por sua participação.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre e esclarecida para

participar desta pesquisa. Portanto, preencha, por favor, os itens que se seguem.

Obs: Não assine este termo se ainda tiver dúvida a respeito.

Consentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu

consentimento em participar da pesquisa. Declaro que recebi cópia deste termo de

consentimento e autorizo a realização da pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste

estudo.

___________________________

Nome do Participante da Pesquisa

______________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

_________________________________

Assinatura do Pesquisador

___________________________________

Assinatura do Orientador

Pesquisador Principal: Marcelo Scarpa Rennó – Tel: (31) 8459-8807

Orientadora: Ediméia Maria Ribeiro de Mello – Tel: (31) 9992-3268

Comitê de Ética em Pesquisa

Rua Guajajaras, n. 175, 4o andar – Belo Horizonte/MG

Contato (e-mail): [email protected]

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ANEXO E

Aprovação do Projeto de Pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa