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Guerra da independência mexicana A luta pela independência começou em 16 de Setembro de 1810, liderada por Miguel Hidalgo, um padre de ascendência espanhola (ver Grito de Dolores). Após a invasão da Espanha por Napoleão I e a colocação do irmão deste no trono espanhol, os conservadores mexicanos e os ricos proprietários, apoiantes da família real espanhola da Casa de Bourbon mostraram-se contrários às políticas napoleónicas comparativamente mais liberais . Assim nasceu no México uma aliança à primeira vista improvável: dum lado os liberales, ou liberais, que defendiam um México democrático; do outro os conservadores que pretendiam um México governado por um monarca de Bourbon, que restaurasse o anterior status quo. As duas partes acabaram por concordar que o México deveria tornar-se independente e decidir o seu próprio destino. As figuras mais proeminentes da guerra da independência do México foram o padre José Maria Morelos y Pavón, Vicente Guerrero e o general Agustín de Iturbide. A guerra prolongar-se-ia por onze anos até à entrada do exército de libertação na Cidade do México em 1821. Assim, ainda que proclamada em 1810, a independência só foi conseguida em 1821, com a assinatura do Tratado de Córdoba, que ratificava o Plano de Iguala, no dia 24 de Agosto de 1821, em Córdoba. Foram signatários deste tratado o vice-rei espanhol Juan de O’Donojú e Agustín de Iturbide. Em 1821 Agustín de Iturbide, um antigo general espanhol que havia passado para o lado das tropas independentistas, autoproclamou-se imperador (oficialmente tratava-se de uma medida temporária, até que se conseguisse persuadir um membro da realeza europeia a tornar-se monarca do México – ver Império Mexicano para mais informação). Uma rebelião contra Iturbide em 1823 levou à criação dos Estados Unidos Mexicanos. Em 1824 Guadalupe Victoria tornou-se o primeiro presidente do novo país; o seu nome de baptismo era Félix Fernandez tendo escolhido o seu novo nome por motivos simbólicos: Guadalupe como agradecimento pela protecção da Nossa Senhora de Guadalupe, e Victoria pela vitória obtida. A guerra com os Estados Unidos da América e as reformas liberais Antonio López de Santa Anna Durante grande parte do século XIX a situação política mexicana foi marcada pela constante instabilidade. A figura dominante do segundo quartel daquele século foi o ditador Antonio López de Santa Anna. Durante este período, foram perdidos para os Estados Unidos da América muitos dos territórios do norte do país. Santa Anna era o líder do país durante o conflito com o Texas, que se declarou independente do México em 1836, e ainda durante a Guerra Mexicano-Americana (1846-48). Desde esta guerra, os mexicanos lamentam a perda de metade do território inicialmente mexicano, parte por coerção e uma maior parte ainda vendida pelo ditador Santa Anna em seu próprio proveito. Em 1855 Ignacio Comonfort, líder dos que se diziam moderados, foi eleito presidente. Os moderados tentaram encontrar um meio-termo entre as posições dos liberais e dos conservadores. Durante a sua presidência foi aprovada uma nova constituição. A constituição de 1857, mantinha a maior parte dos rendimentos e privilégios de que a Igreja Católica disfrutava no período colonial, mas ao contrário da constituição anterior não identificava a Igreja Católica como a religião exclusiva do país. Tais reformas eram inaceitáveis para os líderes do clero e para os conservadores, tendo conduzido à excomunhão de vários membros do gabinete do presidente e ao estalar de uma rebelião, que levaria à Guerra da Reforma que se prolongou desde Dezembro de 1857 até Janeiro de 1861. Esta guerra civil tornou-se progressivamente mais sangrenta tendo produzido uma polarização política do país. Muitos dos moderados passaram-se para o campo dos liberais, convencidos que o grande poder político detido pela igreja tinha que ser reduzido. Durante algum tempo existiram mesmo dois governos, um liberal e outro conservador, sediados em Veracruz e na Cidade do México, respectivamente. A vitória na guerra acabaria por sorrir aos liberais, com o presidente liberal Benito Juárez a transferir a sua administração de novo para a Cidade do México. A segunda intervenção francesa e o imperador Maximiliano Os mandatos presidenciais de Benito Juárez (1858-71) foram interrompidos pelo regime monárquico da casa de Habsburgo. Os conservadores tentaram instaurar uma monarquia ao ajudar a trazer para o México um arquiduque da Casa Real da Áustria, conhecido como Maximiliano de Habsburgo e sua esposa Carlota de Habsburgo, contando com o apoio militar da França, interessada na exploração das ricas minas do noroeste do país. Ainda que o exército francês, então considerado um dos mais eficientes do mundo, tenha sido inicialmente derrotado na Batalha de Puebla em 5 de Maio de 1862 (hoje em dia comemorada no feriado do Cinco de Mayo), os franceses acabariam por derrotar as forças do

mexico

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Guerra da independência mexicana

A luta pela independência começou em 16 de Setembro de 1810, liderada por Miguel Hidalgo, um padre de ascendência espanhola (ver Grito de Dolores). Após a invasão da Espanha por Napoleão I e a colocação do irmão deste no trono espanhol, os conservadores mexicanos e os ricos proprietários, apoiantes da família real espanhola da Casa de Bourbon mostraram-se contrários às políticas napoleónicas comparativamente mais liberais . Assim nasceu no México uma aliança à primeira vista improvável: dum lado os liberales, ou liberais, que defendiam um México democrático; do outro os conservadores que pretendiam um México governado por um monarca de Bourbon, que restaurasse o anterior status quo. As duas partes acabaram por concordar que o México deveria tornar-se independente e decidir o seu próprio destino.

As figuras mais proeminentes da guerra da independência do México foram o padre José Maria Morelos y Pavón, Vicente Guerrero e o general Agustín de Iturbide. A guerra prolongar-se-ia por onze anos até à entrada do exército de libertação na Cidade do México em 1821. Assim, ainda que proclamada em 1810, a independência só foi conseguida em 1821, com a assinatura do Tratado de Córdoba, que ratificava o Plano de Iguala, no dia 24 de Agosto de 1821, em Córdoba. Foram signatários deste tratado o vice-rei espanhol Juan de O’Donojú e Agustín de Iturbide.

Em 1821 Agustín de Iturbide, um antigo general espanhol que havia passado para o lado das tropas independentistas, autoproclamou-se imperador (oficialmente tratava-se de uma medida temporária, até que se conseguisse persuadir um membro da realeza europeia a tornar-se monarca do México – ver Império Mexicano para mais informação). Uma rebelião contra Iturbide em 1823 levou à criação dos Estados Unidos Mexicanos. Em 1824 Guadalupe Victoria tornou-se o primeiro presidente do novo país; o seu nome de baptismo era Félix Fernandez tendo escolhido o seu novo nome por motivos simbólicos: Guadalupe como agradecimento pela protecção da Nossa Senhora de Guadalupe, e Victoria pela vitória obtida.

A guerra com os Estados Unidos da América e as reformas liberais

Antonio López de Santa Anna

Durante grande parte do século XIX a situação política mexicana foi marcada pela constante instabilidade. A figura dominante do segundo quartel daquele século foi o ditador Antonio López de Santa Anna. Durante este período, foram perdidos para os Estados Unidos da América muitos dos territórios do norte do país. Santa Anna era o líder do país durante o conflito com o Texas, que se declarou independente do México em 1836, e ainda durante a Guerra Mexicano-Americana (1846-48). Desde esta guerra, os mexicanos lamentam a perda de metade do território inicialmente mexicano, parte por coerção e uma maior parte ainda vendida pelo ditador Santa Anna em seu próprio proveito.

Em 1855 Ignacio Comonfort, líder dos que se diziam moderados, foi eleito presidente. Os moderados tentaram encontrar um meio-termo entre as posições dos liberais e dos conservadores. Durante a sua presidência foi aprovada uma nova constituição. A constituição de 1857, mantinha a maior parte dos rendimentos e privilégios de que a Igreja Católica disfrutava no período colonial, mas ao contrário da constituição anterior não identificava a Igreja Católica como a religião exclusiva do país. Tais reformas eram inaceitáveis para os líderes do clero e para os conservadores, tendo conduzido à

excomunhão de vários membros do gabinete do presidente e ao estalar de uma rebelião, que levaria à Guerra da Reforma que se prolongou desde Dezembro de 1857 até Janeiro de 1861. Esta guerra civil tornou-se progressivamente mais sangrenta tendo produzido uma polarização política do país. Muitos dos moderados passaram-se para o campo dos liberais, convencidos que o grande poder político detido pela igreja tinha que ser reduzido. Durante algum tempo existiram mesmo dois governos, um liberal e outro conservador, sediados em Veracruz e na Cidade do México, respectivamente. A vitória na guerra acabaria por sorrir aos liberais, com o presidente liberal Benito Juárez a transferir a sua administração de novo para a Cidade do México.

A segunda intervenção francesa e o imperador Maximiliano

Os mandatos presidenciais de Benito Juárez (1858-71) foram interrompidos pelo regime monárquico da casa de Habsburgo. Os conservadores tentaram instaurar uma monarquia ao ajudar a trazer para o México um arquiduque da Casa Real da Áustria, conhecido como Maximiliano de Habsburgo e sua esposa Carlota de Habsburgo, contando com o apoio militar da França, interessada na exploração das ricas minas do noroeste do país.

Ainda que o exército francês, então considerado um dos mais eficientes do mundo, tenha sido inicialmente derrotado na Batalha de Puebla em 5 de Maio de 1862 (hoje em dia comemorada no feriado do Cinco de Mayo), os franceses acabariam por derrotar as forças do governo mexicano comandadas pelo general Ignacio Zaragoza, entronizando Maximiliano como Imperador do México. Maximiliano de Habsburgo defendia o estabelecimento de uma monarquia limitada, partilhando o poder com um congresso democraticamente eleito. Esta posição era demasiadamente liberal para os conservadores mexicanos, enquanto que os liberais recusavam aceitar um monarca, deixando Maximiliano com poucos aliados dentro do México. Maximiliano acabaria por ser capturado e executado no Cerro de las campanas, Querétaro, pelas forças leais ao presidente Benito Juárez, que havia mantido o governo federal em funcionamento durante a intervenção francesa que levara Maximiliano ao poder. Em 1867 a república foi restaurada e elaborada uma nova constituição que, entre outras coisas, confiscava as vastas propriedades da

Igreja Católica (que era senhoria de metade do país), estabelecia os casamentos civis e proibia a participação dos sacerdotes na política (separação entre Igreja e Estado).

No entanto, havia um grande ressentimento dos conservadores contra o presidente Juárez (que julgavam concentrar demasiado poder e desejar ser reeleito), o que conduziu à rebelião contra o governo liderada por um dos generais do exército, Porfírio Díaz, com a proclamação do Plano de Tuxtepec em 1876.

Ordem, progresso e a ditadura de Porfírio Díaz

Porfírio Díaz

Porfírio Díaz tornou-se então o novo presidente. Durante um período de mais de trinta anos (1876-1911), ele foi o homem forte do México, tendo as infra-estruturas do país sido substancialmente melhoradas, em grande parte graças ao investimento estrangeiro. Este período de prosperidade e relativa paz nacional ficou conhecido como o Porfiriato. Contudo, o povo não estava contente com a forma de governo utilizada durante o Porfiriato; os investidores eram atraídos pelos baixos salários dos operários, o que acabaria por provocar uma divisão social muito marcada. Apenas um punhado de investidores (nacionais e estrangeiros)

enriquecia, enquanto a grande maioria do povo permanecia na mais abjecta pobreza. A democracia foi totalmente suprimida e a dissensão era tratada de modo repressivo, muitas vezes brutal.

Para Díaz, os indígenas do México eram um obstáculo ao progresso (apesar de séculos de civilizações pré-europeias avançadas) e o verdadeiro progresso era à Europeia.

A Revolução Mexicana

Em 1910, Díaz, então com 80 anos de idade, decidiu convocar eleições com vista à sua reeleição como presidente. Pensava ter há muito eliminado qualquer oposição capaz de lhe fazer frente no México; contudo, Francisco Madero, um académico oriundo de uma família rica, decidiu concorrer contra ele tendo obtido rapidamente o apoio popular apesar de Díaz ter ordenado a sua prisão.

Quando os resultados oficiais da eleição foram anunciados, Díaz foi declarado vencedor quase unanimemente, com Madero a receber apenas algumas centenas de votos em todo o país. Esta fraude cometida pelo Porfiriato era demasiado gritante para ser ignorada pelo povo. Madero procedeu então à elaboração de um documento, conhecido como Plano de San Luis Potosí, no qual incitava o povo mexicano a pegar em armas contra o governo de Porfírio Díaz em 20 de Novembro, de 1910.

Assim teve início o que ficou conhecido como Revolução Mexicana. Madero foi detido em San Antonio, Texas, mas o seu plano surtiu efeito apesar de ele se encontrar preso. O exército federal foi derrotado pelas forças revolucionárias comandadas por, entre outros, Emiliano Zapata no sul, Pancho Villa e Pascual Orozco no norte e Venustiano Carranza. Porfírio Díaz renunciaria ao cargo de presidente em 1911 em prol da paz nacional, tendo-se exilado na França, onde morreria em 1915.

Os líderes revolucionários tinham muitos objectivos diferentes; as figuras revolucionárias iam de liberais como Madero a radicais como Emiliano Zapata e Pancho Villa. Como consequência, provou ser muito difícil conseguir um acordo sobre a organização de um governo emanado dos grupos revolucionários vitoriosos. O resultado foi uma luta pelo controlo do governo mexicano, um conflito que se estendeu por mais de vinte anos. Este período de luta é geralmente considerado parte da Revolução Mexicana embora possa também ser visto como uma guerra civil. Durante este período seriam assassinados, entre muitos outros, os presidentes Francisco I. Madero (1911), Venustiano Carranza (1920), bem como os líderes revolucionários Emiliano Zapata (1919) e Pancho Villa (1923).

À resignação de Díaz sucedeu-se um breve interlúdio reaccionário, com a eleição de Madero como presidente em 1911. Foi deposto e morto em 1913 por Victoriano Huerta. Venustiano Carranza, um antigo general revolucionário que se tornou um dos vários presidentes neste período conturbado, promulgou uma nova constituição em 5 de Fevereiro de 1917. A Constituição Mexicana de 1917 ainda hoje rege o México.

Álvaro Obregón torna-se presidente em 1921. Agradava a todos os grupos da sociedade mexicana, com excepção das franjas mais reaccionárias do clero e dos grandes proprietários, tendo sido bem sucedido na catalisação da liberalização social, em particular reduzindo o papel da Igreja Católica, melhorando a educação e tomando medidas visando a instituição dos direitos civis das mulheres.

Ainda que a Revolução Mexicana e a guerra civil estivessem terminadas depois de 1920, os conflitos armados continuaram. O conflito mais abrangente desta época foi a luta entre os que queriam uma sociedade secular com separação entre Igreja e Estado e, por outro lado, os que defendiam a supremacia da Igreja Católica e que acabaria por resultar num levantamento armado por parte de apoiantes da Igreja, no que se chama a Guerra Cristera.

Estabilização e revolução institucionalizadas

O Partido Nacional Mexicano, ou PNM, foi formado, em 1929, pelo então presidente general Plutarco Elías Calles. Este partido tornar-se-ia mais tarde o Partido Revolucionário Institucional ou PRI, que governou o país durante o que restava do século XX. O PNM foi bem sucedido na tentativa de convencer a maioria dos generais revolucionários que ainda restavam a desmobilizar os seus exércitos pessoais que passaram a integrar o recém-criado Exército Mexicano. A fundação do PRI é considerada por alguns como o verdadeiro fim da Revolução Mexicana.

Em 1934 chega ao poder o presidente Lázaro Cárdenas, transformando o México: em 1 de Abril de 1936 enviou Calles, o último general com ambições ditatoriais, para o exílio; conseguiu ainda unir as diferentes facções dentro do PRI, estabelecendo as regras que permitiriam ao seu partido governar sozinho durante décadas, sem perturbações internas. No dia 18 de Março de 1938, procedeu à nacionalização das indústrias petrolíferas e eléctricas; criou o Instituto Politécnico Nacional, concedeu asilo aos refugiados da Guerra Civil de Espanha, iniciou a reforma agrária, a distribuição gratuita de livros escolares e, em geral, prosseguiu políticas que, para o bem e para o mal, marcaram o desenvolvimento do México até aos nossos dias.

Manuel Ávila Camacho, o sucessor de Cárdenas, foi presidente durante um período de transição entre a era revolucionária e a era da política de aparelho sob o domínio do PRI que duraria até ao ano 2000. Afastando-se da autarquia nacionalista, propôs-se criar um clima favorável ao investimento estrangeiro favorecido, havia duas gerações, por Madero. O regime de Camacho congelou os salários, reprimiu as greves e perseguiu os dissedentes com base numa lei que proibia o crime de dissolução social. Assim, o PRI traía a herança da reforma agrária. Miguel Alemán Valdés, o sucessor de Camacho, chegaria mesmo a emendar o Artigo 27º da Constituição Mexicana de forma a proteger a elite dos proprietários.

Apesar de os regimes do PRI terem conseguido crescimento económico e uma prosperidade relativa durante quase três décadas após a Segunda Guerra Mundial, a economia sofreu vários colapsos e a agitação política aumentou no final dos anos 60, culminando no massacre de Tlatelolco, em 1968. Duas crises económicas ocorreram em 1976 e 1982, após o que se procedeu à nacionalização da banca, considerada culpada dos problemas económicos, num período que ficou conhecido como a Década Perdida. Nestas duas crises o peso mexicano foi desvalorizado e, até ao ano 2000, era normal ocorrer a desvalorização da moeda e um período de recessão no final de cada mandato presidencial, ou seja, de seis em seis anos. A crise de Dezembro de 1994, iniciada por uma desvalorização do peso mexicano, atirou o México para o caos económico, despoletando a mais grave recessão económica do país em mais de meio século.

No dia 19 de Setembro de 1985, um terramoto de aproximadamente grau 8 na escala de Richter e epicentro ao largo da costa de Michoacán causou grandes danos na Cidade do México. As estimativas para o número de mortos variam de 6500 a 30000. (Ver Terramoto da Cidade do México de 1985.

O fim da hegemonia do PRI

Em 1995 o presidente Ernesto Zedillo via-se confrontado com uma grave crise económica. Aconteceram manifestações na Cidade do México e a presença militar constante em Chiapas, após o aparecimento do Exército Zapatista de Libertação Nacional em 1994. Foi também Zedillo que dirigiu reformas políticas e eleitorais que reduziram a capacidade do PRI em manter o poder. Após as eleições de 1988, as quais foram extremamente disputadas e aparentemente perdidas pelo partido

do governo, foi criado o Instituto Federal Electoral (IFE). Este instituto é dirigido por cidadãos e tem como missão certificar-se que as eleições são conduzidas de forma legal e justa. Como resultado do descontentamento popular, o candidato presidencial do Partido Acción Nacional (PAN), Vicente Fox Quesada foi eleito presidente em 2 de Julho de 2000, não tendo conseguido a maioria no congresso. O resultado desta eleição pôs termo a 71 anos de hegemonia do PRI na presidência.

Actualmente, as preocupações económico-sociais incluem baixos salários reais, o emprego precário de grande parte da população, a desigualdade na distribuição dos rendimentos bem como as escassas oportunidades de melhoria de vida da população ameríndia dos estados empobrecidos do sul do país, apesar dos esforços feitos pelo governo sobretudo no controlo da inflação. O país continua a debater-se com problemas de controlo económico e desenvolvimento, particularmente no sector petrolífero e nas relações comerciais com os Estados Unidos da América. A corrupção e violência com raízes no narcotráfico tornaram-se também um problema sério nos últimos anos.

WIKIPEDIA

Guerra da independência mexicana

A luta pela independência começou em 16 de Setembro de 1810, liderada por Miguel Hidalgo, um padre de ascendência espanhola (ver Grito de Dolores). Após a invasão da Espanha por Napoleão I e a colocação do irmão deste no trono espanhol, os conservadores mexicanos e os ricos proprietários, apoiantes da família real espanhola da Casa de Bourbon mostraram-se contrários às políticas napoleónicas comparativamente mais liberais . Assim nasceu no México uma aliança à primeira vista improvável: dum lado os liberales, ou liberais, que defendiam um México democrático; do outro os conservadores que pretendiam um México governado por um monarca de Bourbon, que restaurasse o anterior status quo. As duas partes acabaram por concordar que o México deveria tornar-se independente e decidir o seu próprio destino.

As figuras mais proeminentes da guerra da independência do México foram o padre José Maria Morelos y Pavón, Vicente Guerrero e o general Agustín de Iturbide. A guerra prolongar-se-ia por onze anos até à entrada do exército de libertação na Cidade do México em 1821. Assim, ainda que proclamada em 1810, a independência só foi conseguida em 1821, com a assinatura do Tratado de Córdoba, que ratificava o Plano de Iguala, no dia 24 de Agosto de 1821, em Córdoba. Foram signatários deste tratado o vice-rei espanhol Juan de O’Donojú e Agustín de Iturbide.

Em 1821 Agustín de Iturbide, um antigo general espanhol que havia passado para o lado das tropas independentistas, autoproclamou-se imperador (oficialmente tratava-se de uma medida temporária, até que se conseguisse persuadir um membro da realeza europeia a tornar-se monarca do México - ver Império Mexicano para mais informação). Uma rebelião contra Iturbide em 1823 levou à criação dos Estados Unidos Mexicanos. Em 1824 Guadalupe Victoria tornou-se o primeiro presidente do novo país; o seu nome de baptismo era Félix Fernandez tendo escolhido o seu novo nome por motivos simbólicos: Guadalupe como agradecimento pela protecção da Nossa Senhora de Guadalupe, e Victoria pela vitória obtida.

Estabilização e revolução institucionalizadas

O Partido Nacional Mexicano, ou PNM, foi formado, em 1929, pelo então presidente general Plutarco Elías Calles. Este partido tornar-se-ia mais tarde o Partido Revolucionário Institucional ou PRI, que governou o país durante o que restava do século XX. O PNM foi bem sucedido na tentativa de convencer a maioria dos generais revolucionários que ainda restavam a desmobilizar os seus exércitos pessoais que passaram a integrar o recém-criado Exército Mexicano. A fundação do PRI é considerada por alguns como o verdadeiro fim da Revolução Mexicana.

Em 1934 chega ao poder o presidente Lázaro Cárdenas, transformando o México: em 1 de Abril de 1936 enviou Calles, o último general com ambições ditatoriais, para o exílio; conseguiu ainda unir as diferentes facções dentro do PRI, estabelecendo as regras que permitiriam ao seu partido governar sozinho durante décadas, sem perturbações internas. No dia 18 de Março de 1938, procedeu à nacionalização das indústrias petrolíferas e eléctricas; criou o Instituto Politécnico Nacional, concedeu asilo aos refugiados da Guerra Civil de Espanha, iniciou a reforma agrária, a distribuição gratuita de livros escolares e, em geral, prosseguiu políticas que, para o bem e para o mal, marcaram o desenvolvimento do México até aos nossos dias.

Manuel Ávila Camacho, o sucessor de Cárdenas, foi presidente durante um período de transição entre a era revolucionária e a era da política de aparelho sob o domínio do PRI que duraria até ao ano 2000. Afastando-se da autarquia nacionalista, propôs-se criar um clima favorável ao investimento estrangeiro favorecido, havia duas gerações, por Madero. O regime de Camacho congelou os salários, reprimiu as greves e perseguiu os dissedentes com base numa lei que proibia o crime de dissolução social. Assim, o PRI traía a herança da reforma agrária. Miguel Alemán Valdés, o sucessor de Camacho, chegaria mesmo a emendar o Artigo 27º da Constituição Mexicana de forma a proteger a elite dos proprietários.

Apesar de os regimes do PRI terem conseguido crescimento económico e uma prosperidade relativa durante quase três décadas após a Segunda Guerra Mundial, a economia sofreu vários colapsos e a agitação política aumentou no final dos anos 60, culminando no massacre de Tlatelolco, em 1968. Duas crises económicas ocorreram em 1976 e 1982, após o que se procedeu à nacionalização da banca, considerada culpada dos problemas económicos, num período que ficou conhecido como a Década Perdida. Nestas duas crises o peso mexicano foi desvalorizado e, até ao ano 2000, era normal ocorrer a desvalorização da moeda e um período de recessão no final de cada mandato presidencial, ou seja, de seis em seis anos. A crise de Dezembro de 1994, iniciada por uma desvalorização do peso mexicano, atirou o México para o caos económico, despoletando a mais grave recessão económica do país em mais de meio século.

No dia 19 de Setembro de 1985, um terramoto de aproximadamente grau 8 na escala de Richter e epicentro ao largo da costa de Michoacán causou grandes danos na Cidade do México. As estimativas para o número de mortos variam de 6500 a 30000. (Ver Terramoto da Cidade do México de 1985.

A Revolução Mexicana

Em 1910, Díaz, então com 80 anos de idade, decidiu convocar eleições com vista à sua reeleição como presidente. Pensava ter há muito eliminado qualquer oposição capaz de lhe fazer frente no México; contudo, Francisco Madero, um académico oriundo de uma família rica, decidiu concorrer contra ele tendo obtido rapidamente o apoio popular apesar de Díaz ter ordenado a sua prisão.

Quando os resultados oficiais da eleição foram anunciados, Díaz foi declarado vencedor quase unanimemente, com Madero a receber apenas algumas centenas de votos em todo o país. Esta fraude cometida pelo Porfiriato era demasiado gritante para ser ignorada pelo povo. Madero procedeu então à elaboração de um documento, conhecido como Plano de San Luis Potosí, no qual incitava o povo mexicano a pegar em armas contra o governo de Porfírio Díaz em 20 de Novembro, de 1910.

Assim teve início o que ficou conhecido como Revolução Mexicana. Madero foi detido em San Antonio, Texas, mas o seu plano surtiu efeito apesar de ele se encontrar preso. O exército federal foi derrotado pelas forças revolucionárias comandadas por, entre outros, Emiliano Zapata no sul, Pancho Villa e Pascual Orozco no norte e Venustiano Carranza. Porfírio Díaz renunciaria ao cargo de presidente em 1911 em prol da paz nacional, tendo-se exilado na França, onde morreria em 1915.

Os líderes revolucionários tinham muitos objectivos diferentes; as figuras revolucionárias iam de liberais como Madero a radicais como Emiliano Zapata e Pancho Villa. Como consequência, provou ser muito difícil conseguir um acordo sobre a organização de um governo emanado dos grupos revolucionários vitoriosos. O resultado foi uma luta pelo controlo do governo mexicano, um conflito que se estendeu por mais de vinte anos. Este período de luta é geralmente considerado parte da Revolução Mexicana embora possa também ser visto como uma guerra civil. Durante este período seriam assassinados, entre muitos outros, os presidentes Francisco I. Madero (1911), Venustiano Carranza (1920), bem como os líderes revolucionários Emiliano Zapata (1919) e Pancho Villa (1923).

À resignação de Díaz sucedeu-se um breve interlúdio reaccionário, com a eleição de Madero como presidente em 1911. Foi deposto e morto em 1913 por Victoriano Huerta. Venustiano Carranza, um antigo general revolucionário que se tornou um dos vários presidentes neste período conturbado, promulgou uma nova constituição em 5 de Fevereiro de 1917. A Constituição Mexicana de 1917 ainda hoje rege o México.

Álvaro Obregón torna-se presidente em 1921. Agradava a todos os grupos da sociedade mexicana, com excepção das franjas mais reaccionárias do clero e dos grandes proprietários, tendo sido bem sucedido na catalisação da liberalização social, em particular reduzindo o papel da Igreja Católica, melhorando a educação e tomando medidas visando a instituição dos direitos civis das mulheres.

Ainda que a Revolução Mexicana e a guerra civil estivessem terminadas depois de 1920, os conflitos armados continuaram. O conflito mais abrangente desta época foi a luta entre os que queriam uma sociedade secular com separação entre Igreja e Estado e, por outro lado, os que defendiam a supremacia da Igreja Católica e que acabaria por resultar num levantamento armado por parte de apoiantes da Igreja, no que se chama a Guerra Cristera.

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/mexico/mexico-5.php

O PRI: A Serpente Emplumada

A capital dos astecas e sua grande pirâmide (gravura de Ignacio Marquina)

"O mexicano não que ser nem índio, nem espanhol. Tampouco quer descender deles. E não se afirma nem como mestiço, senão como um abstração: é um homem. Torna a ser um filho do nada. Ele começa com ele mesmo." - Octavio Paz - El labirinto de la soledad, 1950

Na belíssima e sagrada cidade de Tenochtitlán, enfiada no Lago de Tezcucan, a mais de 2.200 metros de altitude, em meio às montanhas mexicanas, repousava a teocalli, a colossal pirâmide-fortaleza dos astecas. Ela era o símbolo da autoridade suprema do Uei Tlatoani, "aquele que fala", o chefe absoluto do império. Hernan Cortés e sua gente, que lá chegaram em 1519, impressionaram-se com a rigorosa hierarquia daquela espantosa capital do reino dos índios... "parecia", disse Bernal Díaz del Castillo, o cronista da conquista, "as coisas de encantamento que se encontram no livro de Amadís...aqueles que a viam, imaginavam uma coisa de sonhos". Ninguém dos nativos ousava mirar Montezuma nos olhos. Afinal, não fazia muito, em consideração às festividades do entronamento recente dele, sacrificaram milhares de vítimas a Huitchipochtli, o Marte dos mexicanos, o seu deus da guerra. Um homem capaz de matar tanta gente assim não podia sentir-se desafiado por um ser humano qualquer.

A extensão do poder

Na pirâmide do sacrifício humano (gravura asteca)

Daquela cabeça coroada partiam as linhas que a ligavam a uma quantidade enorme de republicas, de tribos e clãs, espalhadas por todo o México, dos desertos do Arizona à península do Yucatán, e que lhe deviam respeito e obediência. Os historiadores estimam que aquela admirável estrutura de poder já existia há mais de três séculos quando os conquistadores espanhóis trataram de arrasá-la. Porém , por mais que lhe abatessem os templos, que lhe destruíssem a exótica estatuária, nem mesmo os invasores escaparam da vocação hiper-centralista que herdaram. Findo o Império Asteca, sumiu o poder do Tlatoani. Imperou no seu lugar o todo-poderoso vice-rei da Nova Espanha. Foram-se os cerimoniais de sacrifício humano, onde os sacerdotes nativos arrancavam do corpo da vítima o seu coração ainda latejando. Substituí-os o crepitar das fogueiras do Santo Oficio da gente do Inquisidor Alonso Manso. Os mortos é que eram sempre os mesmos: o índios mexicanos.

Outras formas políticas

Por mais que os mexicanos tenham , nesses cinco séculos, esperneado e se revoltado contra tal passado de sacralização do poder e de espargir de sangue, ele, como a lendária Serpente Emplumada que todos pensam morta, sempre encontrou um modo de voltar à vida. A sagrada pirâmide de teocalli, como fênix, sempre esta pronta para erguer-se das cinzas. Sempre centralista, sempre autoritária e mandona.

Depois da Independência da Espanha, alcançada em 1821, tentaram de tudo: império, republica, e novamente um império (entre 1861-67, governou-os Maximiliano, um príncipe austríaco, amparado por Napoleão III). O país, que teve quarenta governantes em quarenta anos, mergulhou numa anarquia e num banditismo que só Dom Porfirio Díaz, à bala e a relho, o resgatou da desordem. Os rurales - a tropa de elite e também o esquadrão da morte à cavalo da ditadura -, impuseram a Pax Porfirista (1876-1910) com muita pólvora e nó de forca.

Mas ai de quem pensou que o México encontrara sua paz perpétua. Lá duas nações nascidas da brutalidade da conquista convivem num estado de tensão permanente. De um lado a grande chingada: a massa dos nativos destituída de tudo e de todos (parece que só a Virgem de Guadalupe olha por eles). Do outro, os guachupines: os descendentes dos espanhóis da conquista, que são os donos de tudo, do ar, da terra e do mar. No meio deles, um demiurgo de mestiços - a tão estimada "raça cósmica" de Don José Vasconcelos -, inclinado-se para um ou para o outro lado, de acordo com as conveniências do momento.

A revolução de 1910

La trinchera (Mural de Orozco)

Em 1910 um novo desacerto. Um guachupin, Don Francisco Madero, tentou desalojar Don Porfírio, o filho da chingada. Foi um deus-nos-acuda. Com dedicação e afinco, com espantoso ódio e muita faca em riste, os mexicanos mataram-se sem parar por quase vinte anos seguidos. Não houve barbarismo que não ousassem cometer. Fossem eles porfiristas, maderistas, villistas, zapatistas, carranzistas, obregonistas, delahuertistas ou cristeros, a linguagem que falavam, atiçada pela tequila, era a mesma: a dos fuzilamentos em massa, das degolas, dos cachos de enforcados, dos estripamentos e estupros, dos saques e roubos, enfim, toda aquela anarquia que o demônio sempre gosta de ver e ouvir. Uma festança de balaços e de canhonadas ensandeceu o México inteiro. O que fez com que os sobreviventes, ao se encerrar a Grande Matança por volta de 1929, se predispusessem, fosse qual fosse a classe social que pertencessem, a aceitar a canga do partido único.

O Partido Revolucionário Institucional

O Partido Nacional Revolucionário, rebatizado em 1946 de Revolucionário Institucional (o que é um contra-senso em termos), fundado por Plutarco Elias Calles em 4 de março de 1929, foi a nova pirâmide teocalli erguida pela Revolução de 1910. No topo dela cabiam os caciques regionais, os fazendeiros, os empresários, os ricaços, os militares, os tecnocratas e os intelectuais. No seu sopé, os chefetes dos pueblos

Plutarco Calles, o fundador do PRI

indígenas, os pobres diabos dos ejidos, os sindicalistas e os coisa-nenhumas dos subúrbios, até Cantinflas e Maria Félix eram priiristas. E, claro, Miguel Aceves Mejías e seus mariachi cantando o eterno cucurrucucu paloma! Desta vez, naquele imenso partido, estavam presentes gentes de todas as raças mexicanas.

Uma super-máquina partidária abarcou o país integralmente. Erguia-se a partir dos bairros, dali chegava aos quase 2.000 prefeitos municipais, aos 31 governadores de estado e, finalmente, ao Senhor Presidente no Palácio de Los Pinos na Cidade do México. Tudo funcionando azeitadamente por meio de eleições periódicas, nas quais a oposição, quando existia, não ousava vencer.

A ditadura perfeita

Na construção desse impressionante edifício político - que Vargas Llosa chamou de "a ditadura perfeita" - estava sempre o Jefe Máximo, a versão republicana, laica e moderna, do Uei Tlatoani asteca, "o único que fala". Ora aquela grande pirâmide partidária, inclinava-se ideologicamente à esquerda (General Cárdenas, López Portillo), ora à direita (Miguel Alemán, Gustavo Dias Ordaz). Porém, na maioria da vezes, aprumou-se numa posição centrista. O que trocava de seis em seis anos era o construtor-chefe da interminável construção. Mas a forma arquitetônica dela era sempre a mesma. Antecedeu o tão anunciado desabamento do PRI, o Duelo dos Alacranes, a briga dos escorpiões graúdos da agremiação, que faz pouco vitimou dois dos seus mandachuvas (José Ruiz Massieu e Luís Donaldo Colosio foram assassinados em 1994). Pois agora o símbolo do nacionalismo mexicano do século XX adernou. A grande pirâmide priista foi abalroada por ninguém mais do que um ex-diretor da Coca-Cola, o Dom Fox, e, tudo indica, irá ser demolida lentamente, por la mañana!

As Eras Políticas do México1200-2000

Períodos Formas de governo

A Era dos Astecas (1200-1521) O Império do Tlatoani, com sede na cidade de Tenochtitlán, que submetia todas as 20 tribos indígenas à sua autoridade

A Era da Nova Espanha (1521-1821)

O Vice-Reino dos conquistadores com sede na Cidade do México

A Era Porfirista (1876-1910) A ditadura republicana de Dom Porfírio Diaz - a Paz Porfirista

A Era do PRI (1929-2000) A ditadura perfeita, a máquina partidária-estatal do Partido Revolucionário Institucional, emergida da Revolução de 1910, com sede na Capital Federal

educaterra.terra.com.br/voltaire/.../mexico_pri.ht

Revolução Mexicana

Índice http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Mexicana[esconder]

1 Revolução do Mexico 2 Antecedentes

o 2.1 Ascensão de Díaz o 2.2 A Entrevista Díaz-Creelman o 2.3 Surgimento de partidos

3 Plano de San Luis 4 A luta armada 5 Queda de Porfírio Díaz 6 Segunda fase: o governo de Francisco I. Madero 7 Victoriano Huerta

o 7.1 Legado 8 Os Irmãos Flores Magón 9 Pancho Villa 10 Emiliano Zapata (ativa 1910-1919)

o 10.1 Zapatistas 10.1.1 Mulheres na causa zapatista

11 Terceira fase: Governo de Venustiano Carranza(1914-1920) o 11.1 Constituição de 1917

12 O envolvimento norte-americano na Revolução Mexicana 13 Álvaro Obregón 14 Principais personagens históricos 15 O fim da revolução 16 Referências

A Revolução Mexicana (em espanhol: Revolución mexicana) foi um grande movimento armado que começou em 1910 com uma rebelião liderada por Francisco I. Madero contra o antigo autocrata general Porfirio Díaz. Primeira das grandes revoluções do século XX, a Revolução Mexicana foi caracterizado por uma variedade de líderes de cunho socialista, liberal, anarquista, populista, e em prol do movimento agrário.

A Revolução transformou-se em uma revolta contra a ordem estabelecida por multi-lados do movimento armado. Depois de prolongadas lutas, ela produziu a Constituição mexicana de 1917. A Revolução é geralmente considerado até a década de 1920, embora o país continuou a ter, mas comparativamente menor, focos de revolta. A Guerra Cristera foi onde ocorreu a maior incidência de derramamento de sangue. A Revolução desencadeou a criação do Partido Revolucionário Nacional em 1929 (rebatizado como Partido Revolucionário Institucional ou PRI, em 1946). Com uma variedade de líderes, o PRI deteve o poder até as eleições gerais de 2000.

[editar] Revolução do Mexico

Primeira Fase: A revolução começou como uma revolta contra o governo oligárquico Porfirio Díaz que já tinha mais de trinta anos no poder. O movimento foi liderado pelo intelectual e político teorista Francisco I. Madero com o seu slogan "sufrágio efetivo, não à reeleição" mostrando descontentamento em todo o país contra o ditador Diaz. Esta fase terminou com o exílio de Diaz em Paris e a vitória de Madero nas eleições de 1911.

Segunda Fase: A segunda fase da revolução começa com o conflito de interesses entre a elite burguesa, antiga aliada de Porfirio Diaz e Madero. Com o apoio dos Estados Unidos e seu embaixador para o México, Henry Lane Wilson, o presidente eleito e vice-presidente José María Pino Suárez são assassinados em 1913, e impôs um ditador Victoriano Huerta como o líder do país. No entanto, devido a outros revolucionários que lutaram contra a ditadura no lugar, Huerta fugiu para os Estados Unidos em 1914. Após estas duas etapas, a Revolução se tornou uma revolução social com Emiliano Zapata (Sul) e Pancho Villa (Norte) para lutar por causas sociais, como a reforma agrária, justiça social, e educação. No entanto ambos os revolucionários tinham a ver com a revolução social-liberal constitucionalista como Álvaro Obregón e Venustiano Carranza.

Terceira Fase: É o ponto culminante da revolução armada com a Constituição dos Estados Unidos Mexicanos, 1917, reconhecida por ser uma Constituição liberal social e a primeira do seu gênero no mundo a qual ainda hoje rege no México. A Constituição garante os direitos e reformas liberais (direitos civis e políticos) e sociais (reforma agrária e progresso da legislação trabalhista).

[editar] Antecedentes

[editar] Ascensão de Díaz

Ver artigo principal: Porfirio Díaz

Porfirio Díaz, era um mestiço de Oaxaca que se sobressaiu nos exércitos liberais que haviam lutado contra os grupos conservadores durante a intervenção francesa.[1]Díaz havia assumido a presidência desde 1876.[2] depois de combater na rebelião de Tuxtepec,[1]e até ao final de seu sétimo mandato, em 1910, manteve uma ditadura de 34 anos.[3]Durante os últimos anos de seu governo desfrutava de pouca credibilidade e seus oponentes estavam incrementando[4]porque sofreram crises simultâneas em todas as esferas: social, político, econômico e cultural.[5]

[editar] A Entrevista Díaz-Creelman

As idéias de reforma e de mudança política encontrado um forte impulso quando Porfirio Díaz foi entrevistado por James Creelman, editor da Pearson's Magazine, em Março de 1908. Nesta entrevista, Diaz disse ao jornalista americano, que em sua opinião, que o momento para o povo mexicano e para a democracia chegou, e ele prometeu reformas, uma vez concluído o período de governo, em 1910:[6]

James Creelman, da Pearsons Magazine, realizou uma entrevista com o presidente Díaz en 1908.

Eu esperei pacientemente o dia em que o povo mexicano estiver preparado para escolher e mudar seu governo em cada eleição, sem o perigo de revoluções armadas, sem prejudicar o crédito nacional e sem prejudicar o progresso do país. Penso que esse dia chegou. Se a República, acrescentou, chegou a surgir um partido da oposição, que seria parecido com uma bênção e não como um mal, e se esse partido pode desenvolver, não para explorar, mas para dirigir, eu gostaria de receber, e gostaria de apoiar (...) o lançamento bem sucedido de um governo plenamente democrático...

– O presidente mexicano Porfírio Díaz, para James Creelman, editor da Pearson's Magazine, em 18 de fevereiro de 1908[6]

A entrevista provocou diferentes reações. Alguns mostraram um grande interesse na possibilidade de uma eleição, enquanto outros acreditavam que o presidente queria causar uma corrente favorável à sua causa que ele poderia continuar no poder, alguns ainda acreditavam que a entrevista foi uma armadilha que Diaz havia feito a seus inimigos.[7]

O Partido Liberal Mexicano, pelo seu contínuo esforço para organizar a luta armada para derrubar Diaz, no Verão de 1908 entrou com grupos armados nas aldeias de Viesca, Las Vacas (atual Acuña ), em México e do escritório de Puerto Palomas em Chihuahua. Mas voltaria a ser derrotado.

[editar] Surgimento de partidos

Após o anúncio da possibilidade de mudança política foram 2 grupos principais de tendência revolucionária: o Partido Nacional Antirreeleccionista e Partido Democrático, enquanto os grupos de tendência porfiristas,como o Partido Nacional Porfirista e Partido Científico escolheu se reajustarem para um melhor desempenho, dada a iminência de uma campanha eleitoral. Outro grupo que também foi desenvolvido em cerca de comprimento, foi o Partido Reyista.

No Partido Democrático, preferiu-se que Porfirio Díaz continuasse à frente do poder, mas acreditava que era necessário encontrar um candidato diferente do Ramón Corral, para a Vice-Presidência da República, como disse, em Abril de 1909, no entanto, porém sem popularidade e foi dissolvida. Nesta situação, o Partido Científico apresentou como candidato ideal para a Presidência e Vice-Presidência da República, Porfirio Díaz e Ramón Corral, respectivamente.

Em Maio de 1909 estava funcionando uma campanha Antirreeleccionista, cujos membros teriam uma significativa ação política, tais como: Francisco I. Madero, Emilio Vázquez Gómez, Toribio Esquibel, José Vasconcelos e Luis Cabrera. O primeiro, Madero, já se tinha tornado famoso por lá, devido à publicação em livro A sua sucessão presidencial em 1910, que fez um estudo sobre a situação política mexicana, com uma abordagem revolucionária .

Partido Reyista, sem ter um programa completo doutrinal, começou a trabalhar para defender a eleição com dois candidatos: General Porfirio Díaz para presidente e General Bernardo Reyes, para o Vice-Presidência, no entanto Porfirio Díaz viajou para a Europa, fora da cena política. O Partido Reyista foi dissolvido e seus membros formaram a Partido Nacionalista Democrático, que se juntaram ao Partido Antirreeleccionista, na Convención Nacional Independiente, que teve sede na Cidade do México em abril de 1910.

Para dar impulso e vigor à Partido e à Convenção, Francisco I. Madero fez uma visita de alguns da nação, que conseguiu despertar entusiasmo em alguns e aumentou o tamanho da Convenção. Quando totalmente instalado, ele se tornou um tema de discussão as eleições e resolveram lançar como um candidato a Presidente da República da Francisco I. Madero, e como candidato ao cargo de Vice-Presidência Francisco Vázquez Gómez, um antigo médico Porfirio Díaz, que tinham sido afastados politicamente. Ao mesmo tempo que foi lançado Madero-Vázquez Gomez, a Convenção deveria elaborar um programa que poderia servir como uma bandeira de luta, em que os princípios de "não-reeleição" do presidente e dos governadores, e "Sufrágio efetivo" foram essenciais.

[editar] Plano de San Luis

Francisco I. Madero e Emiliano Zapata em Cuernavaca.

Como um candidato à presidência, Francisco I. Madero fez uma campanha para nova política para a República, despertando um grande entusiasmo em prol da sua abordagem, em oposição ao regime de Porfirio Díaz(1876-1910), que visa atingir não pela violência, mas também através da participação dos cidadãos no eleições. O governo estava alarmado com a visão de tal situação e prendeu Madero, acusando-o de crimes e atrocidades sob a autoridade de tentativas de padrão no Monterrey, depois de conduzir uma San Luis Potosí para a prossecução dos correspondente processo, sua defesa foi capaz de sair em liberdade sob fiança, desde que não saiam da cidade. Neste clima tenso das eleições tiveram lugar em meados de 1910, que apresentaram irregularidades e foram eleitos Porfirio Díaz e Ramón Corral, que ocupam os cargos de Presidente e Vice-Presidente, respectivamente para o período de 1910-1914.

Acreditando que era impossível uma solução pacífica, Francisco I. Madero estava pronto para iniciar uma insurreição armada. Ele escapou de San Luis Potosí para San Antonio, Texas, que proclamou o Plano de São Luis, a partir de 5 de outubro de 1910, que afirmava:

"Eco da vontade nacional, declaro ilegais as eleições e, portanto, deixando sem legítimos governantes da República, assumirá provisoriamente a Presidência da República, enquanto que a cidade designada por lei para os seus governantes."

Assinalou no artigo 7 º do referido plano, "Em novembro de 20, a partir de seis da tarde em diante, todos os cidadãos da República devem pegar em armas para lançar o poder para as autoridades que nos governam hoje." Naquele dia, porém, quase não aconteceu nada, exceto a retirada de Toribio Ortega e um grupo de 60 líderes em estacionária Knife, Chihuahua, em 14 e 18 dias, em Puebla. O surto do resto dos rebeldes eclodiu no dia seguinte.

revolução

[editar] A luta armada

O governo foi rápido para parar os centros Antireeleccionistas que envolvia mais riscos, fazendo incursão contra tais centros, na Cidade do México e Puebla. Nesta cidade, foram recebidos relatos de que a casa Aquiles Serdán, que chefiou antireeleccionistas, eram portadores de armas, de modo que os policiais estavam se preparando para fazer uma revista em 19 de novembro de 1910. No entanto, quando a polícia chegou eles foram demitidos, matando no ato Miguel Cabrera, chefe de polícia em Puebla, e alargar a tiro por um longo tempo, o que exigiu a intervenção do exército para cercar a casa e, finalmente, ocupar.

Em 20 de novembro de 1910, como previsto, Madero cruzou a fronteira entre Estados Unidos e México, para iniciar a revolta em Ciudad, Porfirio Díaz (hoje Piedras Negras, Coahuila), mas não teve sucesso e teve de regressar aos território dos EUA. Apesar do aparente fracasso, nas semanas seguintes a sua imagem começou a espalhar-se a revolta em toda a República Mexicana, notou-se que, embora a influência dos Estados Unidos, que favoreceu Madero na mobilização de vinte mil soldados para fronteira mexicana para "manter neutralidade" e enviar barcos de guerra aos portos do Golfo do México, criando pressão no governo porfirista.

Entre os líderes rebeldes, que lançou a rebelião na altura, a seguir, são notáveis, Emiliano Zapata, Ambrosio e Rómulo Figueroa, Manuel Asúnsulo em Morelos; Salvador Escalante e Ramón Romero em Michoacán e Jalisco; Gabriel Hernández em Hidalgo e Pascual Orozco em Chihuahua, entre otros. Em Chihuahua, as ações de Abraham González foram determinantes durante os primeros días do movimento.

Por sua vez, quando a revolta liderada por Francisco I. Madero, eclodir os guerrilheiros do Partido Liberal Mexicano(PLM) irão agir de forma independente, em especial nos estados do norte como a Junta Organizadora de PLM estava operando no exílio a partir de Los Angeles, Califórnia.

O PLM considerava que para melhorar as condições para os trabalhadores e camponeses não bastava derrotar Diaz e mudança de presidente. Assim, o PLM não aspirava somente uma revolução política, mas uma revolução social e sobretudo econômica, ou seja, consideravam abolir o poder oligárquico, não exercê-lo, o objetivo era autoemancipacão e autogoverno.

[editar] Queda de Porfírio Díaz

Ver artigo principal: Porfirismo

Porfírio Díaz Mori.

A luta armada começou depois da fraude eleitoral perpetrada em 1910 pelo General Porfírio Díaz Mori, que se tinha mantido de maneira quase ininterrupta na presidência do México desde 1876. A presidência de Díaz se tinha caracterizado por impulsionar a industrialização e pacificação do país a custo da exploração das classes camponesa e operária, concentrando a riqueza, o poder político e o acesso à educação num punhado de famílias possuidoras de grandes latifúndios e em algumas empresas de origem estrangeira, principalmente francesas, britânicas e estadunidenses.

O Ministro das Finanças José Yves Limantour, que estava na Europa, retornou ao México através de Nova Iorque, onde os revolucionários se reuniram com ele e deu-lhe as propostas de colocar nas mãos do General Diaz, a fim de chegar a um acordo. Limantour, ao mesmo tempo, ficou muito impressionado com a atitude hostil do governo de Estados Unidos para Porfirio Díaz, porque o governo mexicano da alegada entrada no capital do país. Quando chegou no México, Limantour alertou Porfirio Díaz para fazer várias alterações e reformas políticas para o país. Vários emissários de Diaz se reuniram com os rebeldes e tentaram um cessar-fogo, mas não chegou a qualquer acordo. Os rebeldes, liderados por Pascual Orozco no Norte atacaram Ciudad Juárez, que caiu em Maio de 1911 e, em seguida, Madero enviou um telegrama novamente exigindo a demissão dos dois líderes do país.

Em 21 de maio de 1911 realizou o Tratado de Ciudad Juárez entre delegados porfiristas e revolucionários, que ele aceitou a demissão do Porfirio Díaz e Ramón Corral após 30 anos de ter governado o país. No dia 25, renunciaram as suas posições, marcando o fim da era Porfírio. Porfirio Díaz deixou a capital e embarcou em Veracruz rumo a Europa, onde morreu em 2 de julho de 1915 na cidade de Paris .

Apesar das diferenças ideológicas, o PLM e os pró-Madero, colaboraram para derrotar Porfirio Díaz de 1910, porém o sinal Francisco I. Madero o Tratado de Ciudad Juárez, muitos membros da PLM juntou sua causa, e aqueles que não se juntaram foram fuzilados, presos ou perseguidos por Madero, agora apoiado pelo exército federal de Porfírio. A Junta Organizadora del Partido Liberal Mexicano em Los Angeles não reconheceu o Tratado de Ciudad Juárez e continuou a promover a luta armada, com uma segmentada abertamente anarcocomunismo, contra o governo, o clero e o capital.

Entre Janeiro e Junho de 1911, o mais ação mais significativa do PLM foi a Rebelião Baja California, o território que o PLM é tomou com apoio de estrangeiros socialistas e anarquistas afiliados a Trabajadores Industriales del Mundo em 1911, que foram travadas pelos soldados federais e, em seguida, pelos maderistas com o apoio do governo do Estados Unidos, que foram finalmente derrotados.

Francisco I. Madero

[editar] Segunda fase: o governo de Francisco I. Madero

Francisco I. Madero com faixa Presidencial

Madero governou como presidente a partir 6 de Novembro de 1911 e 19 de Fevereiro de 1913. Ainda verificou-se que a Revolução não tinha terminado, tornou-se claro que a paz e a ordem estavam longe de ser alcançados. Madero tinha dificuldade para fazer todas as reformas que havia prometido durante a Revolução, como a distribuição de terras aos camponeses. Começaram a surgir grupos de insurgentes em várias partes da República. Havia levantes em Chiapas e Oaxaca, em agosto mostraram um foco rebelde em Yucatán. Apenas alguns dias após o Francisco I. Madero chegar ao poder, Emiliano Zapata, que tinha anteriormente rebelou-se contra Porfirio Díaz, de lançar em Morelos o Plano de Ayala ", que era desconhecida a Madero como presidente e acusou-o de ser um ditador e não cumprir com os princípios revolucionários. Esse plano chamado para a devolução de terras para os povos e os indivíduos que tinham sido descartadas, estão exigindo a desapropriação da terceira parte da grande parcela de terras correspondentes, bem como a nacionalização da propriedade daqueles que se opuseram a Plano.

Zapata exigiram a emissão de uma Lei de Terras, mas respondeu que Madero deve entregar-se e entregar as suas armas em primeiro lugar, causando uma ruptura entre os dois. No Plano de Ayala foi reconhecida como um líder da revolução Pascual Orozco, e se ele não concordar com, mantêm-se como chefe Emiliano Zapata, que de facto aconteceu. O confronto foi apresentado com grande violência, e, mesmo quando lançou várias campanhas contra os zapatistas, eles não poderiam terminar. A situação era ainda mais complicada quando o Pascual Orozco, outro ex-revolucionário, anunciou em Março de 1912, o Plano de Chihuahua, que também repudiava Francisco I. Madero e apelou por reformas sociais. O norte do México foi palco de novos combates, Orozco foi bem sucedido na primeira, em seguida, derrotou Pancho Villa, enquanto ele está procurando, mas foi derrotado no final pelo exército federal comandado pelo Victoriano Huerta e forças rurais de Pancho Villa.

[editar] Victoriano Huerta

No início de 1913, Victoriano Huerta, que comandava as forças armadas, conspirou com os Estados Unidos através do embaixador Henry Lane Wilson, Félix Díaz e Bernardo Reyes, para remover do poder Madero. A decena trágica era um evento, em que dez dias de combates esporádicos falsificou uma batalha entre tropas federais liderada por Huerta Díaz e das conservadoras forças rebeldes. Este combate iria parar quando Huerta, Félix Díaz, e Henry Lane Wilson cumpridas e assinaram o "Pacto da embaixada" em que se fez um acordo para conspirar contra Madero para instalar Huerta como presidente.

Quando Huerta ganhou força e se tornou presidente, a maioria dos países em todo o mundo reconheceu-no como o verdadeiro líder. No entanto, o presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson recusou-se a reconhecer o governo de Huerta. O embaixador estadunidense Henry Lane Wilson foi afastado por Woodrow Wilson e seu secretário de Estado William Jennings Bryan, e foi substituído por John Lind, um sueco-americano. Bryan, Presidente Wilson, e muitos mexicanos acusavam Huerta de ser um usurpador do poder presidencial mexicano, em violação da Constituição do México.

Venustiano Carranza, um político e fazendeiro de Coahuila, estava na liderança da oposição contra Huerta, apelando aos constitutionalistas as suas forças, com o apoio secreto dos Estados Unidos. Em 26 de março de 1913, Carranza emitiu o Plano de Guadalupe, que foi a recusa de reconhecer Huerta como presidente e deu uma declaração de guerra entre as duas facções. Líderes como Pancho Villa, Emiliano Zapata, Venustiano Carranza, Álvaro Obregón conduziram a luta contra Huerta. Em abril de 1914, a oposição estadunidense a Huerta tinha atingido o seu ápice quando as forças armadas norte-americanas ocuparam o porto de Veracruz, cortar o fornecimento de armas e dinheiro a partir do Império Alemão. Em finais de julho, esta situação piorou para Huerta. Ele renunciou e fugiu para Puerto México.

[editar] Legado

Após Huerta deixar vago a Presidência, ele mudou-se para Espanha, em uma tentativa de estabelecer um novo lar. Mais tarde, ele voltou para o México para tentar criar uma contra-revolução ao pós-revolucionário Estado mexicano.

O Império Alemão, o que favoreceu Huerta enquanto ele estava no poder, ele considerada um importante ponto relacionado com a eclosão da guerra na Europa(Primeira Guerra Mundial). Se Huerta poderia estabelecer-se novamente como líder do México, que era a meta do governo alemão, os Estados Unidos perderiam seu foco, dando aos alemães uma vantagem na Europa. Huerta mudou-se para os Estados Unidos, onde começou a trabalhar em direção a outra revolução no México. O governo alemão deu-lhe o financiamento e consultoria.

O governo estadunidense e Carranza, o recém-eleito presidente do México, estavam preocupados quando com a chegada de Huerta. Estabelece-se vigilância sobre Huerta e tentar garantir que ele não entrasse no México. O governo dos Estados Unidos e Carranza quis evitar uma nova contra-revolução. .

Huerta não sobrevive por muito tempo para voltar a entrar no México. Ele foi parado na fronteira em El Paso, Texas, pelo governo dos Estados Unidos e aí mantidas sob prisão domiciliar. Ele morreu no início de 1916.

[editar] Os Irmãos Flores Magón

Ricardo (esquerda) e Enrique (direita) Flores Magón, presos em Los Angeles

Estes personagens históricos levaram a criação do Partido Liberal Mexicano e foram os precursores da Revolução Mexicana. Os princípios relativos aos direitos dos trabalhadores e da posse da terra pelos camponeses no Programa do Partido Liberal Mexicano de 1906 foram reafirmados pela Constituição de 1917.

Os irmãos Magón nasceram em Oaxaca, 16 de setembro de 1873, filhos de uma família pobre. Começaram uma carreira jornalística.

Em 7 de Agosto de 1900, junto com seus dois irmãos Enrique e Jesús Flores Magón, fundou o jornal Regeneración, "um órgão independente de combate" através do qual criticavam a corrupção do regime ditatorial de Porfirio Díaz, que à força exterminava seus opositores políticos e se reelegera através de eleições fraudulentas por diversas vezes.[8]

Durante o Primeiro Congresso dos Círculos Liberais, ocorrido na cidade de San Luis Potosí, Ricardo, que participava junto com seus irmãos, fez críticas duras porém bem fundamentadas contra a administração de Diaz que definiu pela pistolagem, corrupção e violência, como "um bando de bandidos". Como consequência de suas críticas tanto no congresso como através do jornal Regeneración ele e seus irmãos passaram a ser perseguidos pela ditadura sendo presos algum tempo depois.[8]

Em 22 de Maio de 1901 Ricardo e Jesús foram enviados para a prisão de Belén, na Cidade do México. Paralelo a isso o periódico Regeneración foi fechado pela primeira vez, tendo todas suas peças de tipografia confiscadas pelos policiais. Com Ricardo e Jesús na cadeia, a ditadura de Diaz passou a se utilizar de forçosa morosidade para mantê-los por um longo período presos. Seus julgamentos só aconteceriam em 30 de Abril de 1902, após os quais seriam absolvidos. Eles foram presos várias vezes no México e nos Estados Unidos por suas atividades políticas que transitaram do liberalismo para anarquismo.

Desde 1905 co-organizaram o Partido Liberal Mexicano que seria fundado um ano depois. Os postulados deste partido inspiraram os motins e greves que seriam o começo do fim de Porfirio Díaz. Durante o exílio nos Estados Unidos mantiveram contato com os socialistas e anarquistas do movimento operário estadunidense que pressionaram para que o governo americano não enviasse tropas para o território mexicano, sob o pretexto de proteger os investimentos americanos no México. Também interveio para que fossem formados comitês de apoio econômico e político para a revolução social.

Após a morte de Ricardo, reconheceu-se a importância de sua participação como um precursor da Revolução Mexicana. Ele morreu em uma prisão nos EUA em 1922.

Após a morte de seu irmão Ricardo, Enrique Magón regressou ao México em 1923. Ele teve desentendimentos com outros integrantes no que foi a Junta Organizadora do Partido Liberal Mexicano.

Em 1933, Enrique juntamente com dirigentes da Liga Nacional Agrária, participou da fundação da Confederação Camponesa do México em San Luis Potosi, que apoiou a candidatura de Lázaro Cárdenas.

Também conheceu o historiador Samuel Kaplan e de suas conversações publicou o livro "Combatimos la tiranía; un pionero revolucionario mexicano cuenta su historia", publicado em 1958[9].

Enrique Flores Magón morreu na Cidade do México em 28 de Outubro de 1954.

[editar] Pancho Villa

José Doroteo Arango Arámbula, mais conhecido como Francisco "Pancho" Villa, nasceu no norte do estado de Durango. Ele foi um dos líderes da Revolução Mexicana. Villa com seu exército aderiu às fileiras do movimento pró-Madero. Ele levou os Villistas em muitas batalhas, tais como o ataque de Ciudad Juárez em 1911 (que derrubou Porfirio Díaz e deu poder a Madero), a Batalha de Celaya.

Em 1911, Victoriano Huerta nomeou Villa como seu comandante-chefe militar. Durante este período Huerta e Villa se tornaram rivais. Em 1912, quando homens de Villa e apreenderam um cavalo, ele decidiu mantê-lo para si próprio, Huerta ordenou executarem Villa por insubordinação. Raúl Madero, irmão do presidente Madero, interveio para salvar a vida de Villa. Preso, na Cidade do México, Villa fugiu para os Estados Unidos. Pouco depois do assassinato do presidente Madero, Villa retornou com um grupo de companheiros para lutar contra Huerta. Em 1913 o grupo tinha-se tornado a División del Norte de Villa(Divisão do Norte). Este exército liderado por Villa teve numerosos membros estadunidenses. Villa e seu exército, junto com Carranza e Obregón, ingressou na resistência à ditadura de Huerta.

Villa e Carranza tinham objetivos diferentes. Villa queria continuar a revolução e se tornou um inimigo de Carranza. Após Carranza assumiu o poder em 1914, Villa e outros revolucionários que opositores se reuniram no que foi chamado de Convenção de Aguascalientes. A convenção depunha Carranza em favor de Eulálio Gutiérrez. No inverno de 1914, tropas de Villa e Zapata ocuparam a Cidade do México. Mais tarde seria substituído como chefe do país, por Carranza e Obregón.

Columbus, Novo México, após ter sido ataque de Pancho Villa.

Em 1915, Villa participou em duas das mais importantes batalhas durante a revolução, os dois conflitos na Batalha de Celaya, em 6 e 7 de abril e 13-15 de abril. Obregon derrotou Villa na Batalha de Celaya, uma das mais sangrentas da revolução. Carranza emergiu como o vencedor da guerra e tomou o poder. Pouco tempo depois, os Estados Unidos reconheceram Carranza como presidente do México. Em 9 de março de 1916, Villa cruzou a fronteira México-Estados Unidos invadiram e Columbus, Novo México, em uma tentativa de deter a intervenção dos Estados Unidos e enfraquecer a administração

de Carranza. Durante este ataque, 18 americanos foram mortos, bem como 90 homens que seguiam a Villa. A partir do ataque aos Estados Unidos, Pancho Villa foi visto pelos estadunidenses mais como um bandido do que um revolucionário.

Pressionados pelos texanos a enfrentar o ambiente caótico, o presidente estadunidense Woodrow Wilson enviou General John J. Pershing e 10 mil homens da tropa em uma busca infrutífera para capturar Villa. Era conhecido como a Expedição punitiva. Após quase um ano de combates locais rebeldes, os americanos chamaram Pershing e deram o comando da Força Expedicionária Americana na Primeira Guerra Mundial.

Em 1920, Obregón finalmente assinado um tratado de paz com Villa, que se aposentou a partir da revolução. Em 1923, Villa foi assassinado por tiros enquanto viajava em seu carro.

[editar] Emiliano Zapata (ativa 1910-1919)Emiliano Zapata

Emiliano Zapata Salazar foi uma figura na Revolução Mexicana. Ele é considerado um dos heróis nacionais do México: cidades, ruas e habitações chamado "Emiliano Zapata" são comuns em todo o país. Sua imagem foi usada em notas mexicanas. As pessoas têm uma opiniões diferentes sobre a sua avaliação de Emiliano Zapata e seus seguidores. Alguns deles considerados bandidos, mas a outros que eram verdadeiros revolucionários que trabalhava para os camponeses. Os presidentes Porfirio Díaz e Venustiano Carranza chamavam Zapata de mulherengo, bárbaro, e um bandido. A mídia conservadora apelidou Zapata de "O Átila do Sul".

Camponeses e indígenas mexicanos admiravam Zapata como uma prática revolucionária populista cujo grito de guerra "Tierra y Libertad" (Terra e Liberdade), foi elaborada no âmbito do Plano de Ayala para a reforma agrária. Ele lutou pela emancipação política e económica dos camponeses no sul do México. Zapata foi assassinado em 1919 pelo general Pablo González e seu assessor Coronel Jesús Guajardo em uma elaborarada emboscada. Guajardo criou a reunião sob o pretexto de querer defeito do lado de Zapata. Na reunião, os homens de Gonzalez assassinaram Zapata.

[editar] Zapatistas

Francisco I. Madero, Emiliano Zapata, em Cuernavaca.

Os Zapatistas foram um movimento armado fundado por cerca de 1910. O Exército de Libertação do Sul (Exército Libertador del Sur) lutou durante a Revolução Mexicana para a redistribuição das terras agrícolas. Zapata e seu exército e aliados, incluindo Pancho Villa, lutaram pela reforma agrária no México. Especificamente queriam criar comuns direitos fundiários para o México e para os indígenas, que haviam perdido suas terras para a maioria da elite de ascendência européia ricos.

A maioria dos adeptos do Zapata eram camponeses indígenas a partir de Morelos, e zonas circundantes. Mas intelectuais de áreas urbanas também aderiram à zapatistas e desempenhar um papel significativo em sua circulação, especificamente a estrutura e as ambições zapatistas.

Zapata recebeu apenas alguns anos de educação limitado em Morelos. Educado adeptos ajudou a expressar o seu objectivo político. Os intelectuais urbanos eram conhecidos como "os meninos da cidade" e eram predominantemente homens jovens. Eles aderiram aos zapatistas por muitas razões, incluindo a curiosidade, simpatia, e ambição.

Zapata fez acordo com intelectuais onde poderiam trabalhar em estratégia política, mas ele tinha o principal papel na proclamando a ideologia zapatista. A cidade também meninos desde os cuidados médicos, ajudaram a promover e instruir quem apoiava a ideologia, criou um plano de reforma agrária, auxiliado na reconstrução de aldeias destruídas pelas forças governamentais, escreveram manifestos, e enviou mensagens de Zapata a outros líderes revolucionários. Compadre Otílio Montaño foi um dos mais proeminentes da cidade dos rapazes. Antes da Revolução, Montaño foi um professor. Durante a Revolução lecionou Zapatismo, recrutados cidadãos, e escreveu o Plano de Ayala para a reforma agrária. Outro bem conhecido da cidade rapazes foram Abraham Martínez, Manuel Palafox, Antonio Díaz Soto y Gama, Pablo Torres Burgos, Gildardo Magaña, Dolores Jiménez Muro, Enrique Villa, e Genaro Amezcua.

[editar] Mulheres na causa zapatista

Muitas mulheres foram envolvidas com a causa zapatista. As pretensões eram, normalmente, locais, as mulheres foram capazes de ajudar os soldados zapatistas nas suas casas. Houve também soldadas que serviram a partir do início da revolução. Quando Zapata reuniu com o presidente Madero, em 12 de julho de 1911, ele estava acompanhado de suas tropas. Entre estas tropas militares do sexo feminino, incluindo oficiais. Algumas mulheres também levou bandido gangues antes e durante a Revolução. As mulheres aderiram à causa zapatista como soldados por várias razões, incluindo a vingança de familiares mortos ou para realizar ataques. Talvez o mais popular. Uma delas foi Margarita Neri, que era um comandante. As mulheres lutaram bravamente pelos zapatistas e alguns foram mortas em batalha. Muitos sobreviventes continuaram a vestir roupas masculinas e pistolas levar muito tempo depois da Revolução terminou. Coronel María de la Luz Espinosa Barrera foi um dos poucos cujo serviço foi formalmente reconhecido com uma pensão como um veterano da Revolução Mexicana.

[editar] Terceira fase: Governo de Venustiano Carranza(1914-1920)

A fim de conter a carnificina, Venustiano Carranza, o governador do nordestino estado de Coahuila formou o Exército Constitucionalista tendo em vista pacificar o país adotando a maior parte das demandas sociais defendidas pelos rebeldes e integrando-as a uma nova Constituição de tom progressista. Carranza conseguiu incluir a maior parte das demandas no texto da Constituição de 1917, incluindo o Plano de Ayala de Emiliano Zapata, mas seu desejo de pacificar o país provou ser mais forte do que sua habilidade para solucionar os problemas que tinham dada origem à violência, assim que, um a um, foi assassinando os rebeldes do movimento.

Durante a sua presidência ele convocou seu próprio secretária e assessora próxima, Hermila Galindo de Topete para apoiar e fazer campanha para ele. Através de sua propaganda que ele foi capaz de obter o apoio das mulheres, dos trabalhadores e camponeses. Carranza também ajudado pelo seu lobby para a igualdade das mulheres. Ele ajudou a mudar e reformar o estatuto jurídico das mulheres no México. [10]

Embora suas intenções pudessem ser boas, Carranza não foi capaz de permanecer no poder tempo suficiente para aplicar muitas das reformas na Constituição de 1917. Houve uma maior descentralização do poder por causa de sua fraqueza. Ele tinha nomeado General Álvaro Obregón como Ministro da Guerra e da Marinha. Em 1920, com os outros principais generais Obregón, Plutarco Elías Calles e Adolfo de la Huerta lideraram uma revolta contra Carranza no Plano de Agua Prieta. Seus exércitos derrotaram Carranza e o assassinaram em 21 de maio de 1920.

[editar] Constituição de 1917

É então convocado uma Assembléia Constituinte, na cidade de Querétaro, que foi assistido por membros somente pró-Carranza, foram excluídos de todos os seus inimigos ou desafeto. Os membros do Congresso desenvolveram uma nova Constituição Federal. Muitos artigos com reformas foram introduzidas, ou completamente novas, especialmente em sobre a reforma agrária, que promoveu a distribuição de terras, e que ele vê à proteção da classe trabalhadora. Além disso os artigos que legislaram sobre problemas religiosos e educativos, chegaram a ser tema na Guerra Cristera com Plutarco Elías Calles. O projeto inicial da Constituição foi redigida pela Deputados José Natividad Macías Felix F. Palavicini, Luís Manuel Rojas, Alfonso Cravioto, Manuel Andrade e John N. Fria, mas no decorrer das seções, o projeto foi alterado a sua forma final, que obteve, foi possível aprovar a Constituição da 5 de Fevereiro de 1917.

Entre as suas normas fundamentais, nomeadamente:

O artigo 1 determinou a outorgação de garantias ou de direitos individuais de todos os tipos de pessoas. O artigo 2 proibía escravidão. O artigo 3 estabelecido educação laica para escolas e particulares. O artigo 4 prevê a liberdade de trabalho. O artigo 5 proíbe a criação e os votos religiosos de ordens religiosas. O artigo 7 prescrita a liberdade de imprensa. O artigo 24 estabeleceu a liberdade de crença, mas proibido qualquer acto de culto externo fora dos templos ou casas particulares. O artigo 27 estabeleceu o velho princípio espanhol do domínio do subsolo. Estabelecida a distribuição de terras e perpetuado a nacionalização dos

bens da Igreja e para proibir a existência de escolas religiosas, mosteiros, bispos e outros. O artigo 39 estabelece o princípio da soberania nacional. O artigo 40 assinala que o sistema de governo era uma república representativa, democrática e federal. O artigo 49 do ano dividiu o poder supremo da Federação em três ramos: legislativo, executivo e Federal O artigo 50 afirmou que o Congresso Legislativo deverá ser constituída por um Congresso com duas câmaras, uma câmara alta e uma baixa, ou seja,

os senadores e deputados. O artigo 80 consagradou como depositário do Executivo Presidente dos Estados Unidos Mexicanos. O artigo 94 estabeleceu as bases do Poder Judiciário da Federação. O artigo 107 instituiu o "juízo de Amparo." O artigo 115 estabeleceu as bases do livre município. O artigo 123, estabeleceu um sistema de defesa da classe trabalhadora.

[editar] O envolvimento norte-americano na Revolução Mexicana

Os relacionamento dos Estados Unidos com o México tem sido muitas vezes turbulenta. Durante o movimento de independência mexicano, os EUA ajudaram os insurgentes mexicanos a conseguir independência, utilizando a Doutrina Monroe como a justificativa. Com o reinado de governantes considerados ditadores, como Agustín de Iturbide e Santa Anna, as relações EUA-México deterioraram. Quando o presidente liberal Benito Juárez chegou ao poder com pretensão de construir uma sociedade democrática mexicano, presidente Lincoln elogiou pessoalmente ele e suprimentos foram enviados para ajudar Juárez a derrubar o imperador Maximiliano de Habsburgo. Este apoio durante os Guerra Civil Americana terminou com o posterior assassinato de Lincoln. Após a morte de Juarez, México passou a ter um regime de governo do porfiriato.

Entrando no século XX, proprietários estadunidenses, incluindo grandes empresas, que se respondia por cerca de 27% das terras mexicanas. Em 1910, o investimento industrial norte-americano foi de 45%, obrigando os presidentes Taft e Wilson para intervir em assuntos mexicanos. Nos interesses políticos e econômicos, os governo dos EUA geralmente apoiou o homem no que estava no poder (Presidente Woodrow Wilson condenou Huerta pelo assassinato de Madero e Pino Suarez). Duas vezes durante a Revolução Mexicana, os EUA enviou tropas para o México.

Defesa da Revolução

A primeira vez foi em 1914, durante o incidente Ypiranga. Quando descobriu-se que os agentes navio mercante alemão Ypiranga estava transportando armas ilegais para Huerta, o presidente Woodrow Wilson ordenou tropas para o porto de Veracruz para parar o navio no estaleiro. Ele não declarou guerra contra o México. As tropas estadunidenses então realizaram uma operação contra o exército de Huerta em Veracruz. A Ypiranga conseguiu ir à outro estaleiro, o que deixou furioso Wilson. O pacto do ABC arbitrou e as tropas norte-americanas deixaram o solo mexicano, mas o incidente acrescentou tensões nas relações EUA-México.

E em 1916, em retaliação pela invasão do exército de Pancho Villa em Columbus, Novo México, e pela morte de 16 cidadãos americanos, o presidente Wilson enviou Brigadeiro-Geral John J. Pershing no México para capturar Villa. Villa ficou entrincheirado nas montanhas do norte do México, e conhecia muito bem o terreno a ser vasculhado pelas Forças Armadas. General Pershing foi forçado a abandonar a missão e voltar para os Estados Unidos. Este evento, no entanto, o mais profundo nas tensas relações entre EUA e México ajudaram um sentimento anti-americano a crescer mais.

[editar] Álvaro Obregón

O governo de Carranza durou pouco. O general Álvaro Obregón, que tinha desempenhado na primeira etapa de seu governo o cargo de Ministro de Guerra e Marinha, sublevou-se ao ver-se em desvantagem em sua luta pela candidatura oficial nas próximas eleições federais e levou à morte de Carranza em 21 de maio de 1920. Obregón assumiu o poder e demonstrou não só ser um hábil militar, pois terminou de pacificar a maior parte do país, senão um hábil político que fomentou a criação e ao mesmo tempo se fez o apoio de múltiplos sindicatos e centrais operárias. Foi sucedido pelo também general Plutarco Elías Calles, que promoveria algumas leis anti-clericais que provocariam a Guerra Cristera e fundaria o Partido Nacional Revolucionário (PNR), mais tarde Partido Revolucionário Institucional (PRI) com a finalidade de estabelecer no país e normalizar o acesso ao poder dos principais veteranos da Revolução Mexicana,, que se manteria na presidência da República por mais de setenta anos. Ainda que a reeleição estivesse expressamente proibida pela Constituição de 1917, Obregón conseguiu fazê-lo em 1928 mas foi assassinado por um extremista católico antes de tomar posse do cargo.

[editar] Principais personagens históricos

Personagem Histórico

Período Notas

Porfirio Díaz1 de dezembro de 1884 –25 de maio de 1911

Presidente de México em 3 ocasiões, de 29 de novembro de 1876 a 6 de dezembro de 1876, del 18 de fevereiro de 1877 a 30 de novembro de 1880 e do 1 de dezembro de 1884 a 25 de maio de 1911, fecha seu ciclo e se exila.

Francisco I. Madero

6 de novembro de 1911 -18 de fevereiro de 1913

Presidente de México no triunfo da Revolução Mexicana de 1910. Lanzó el manifiesto conocido como Plano de San Luis, onde convocava a tomar as armas contra o governo de Díaz. Assassinado junto com o vice-presidente José María Pino Suárez a causa do golpe de estado organizado por Victoriano Huerta.

Victoriano Huerta

18 de fevereiro de 1913 -14 de julho de 1914

Na presidencia de México, depois da renuncia de Lascurain. Junto a Félix Díaz e a aliança con Henry Lane Wilson embaixador de Estados Unidos no México, haviam assinado o Pacto da Embaixada, no que seria o retorno de Diaz para a presidência, por isto o argumento convenceu-o a manter a calma com os maderistas.

Pancho Villa

Lealdade à Antirreeleccionista de 1911 a 1912e a División del Norte(Divisão do Norte) de 1913 a 1920

Conhecido durante a revolução como El Centauro del Norte, foi um dos líderes da revolução, como a ação militar decisiva na derrota de Victoriano Huerta. Ele foi governador provisório de Chihuahua em 1913 e 1914.

Emiliano Zapata

Leal ao Ejército Libertador do Sul(Exército do Sul) de 1911 a 1919 (com sua morte)

Conhecido como Caudillo del Sur, um dos líderes militares mais importantes da Revolução, comandou o exército denonimado Ejército Libertador del Sur. Inconformado com o governo do presidente Carranza, aliada à Jesus Guajardo que iria traí-lo na reunião de 10 de abril de 1919 na Fazenda de Chinameca no estado de Morelos, onde morreu em emboscada.

Pánfilo NateraLeal ao Ejército Constitucionalista(Exército Constitucionalista) de 1911 a 1919

Ele se juntou ao movimento de Madero, a fim de alcançar a distribuição de terras e derrubar Porfirio Díaz, sob a liderança de Luis Moya. Participou na tomada de Nieves, nas batalhas de San Juan de Guadalupe, Tlaltenango, Jalpa, Zacatecas, Morelos, Fresnillo e Cap. Ele participou da captura de Torreon, com Pancho Villa, que a levou a ser nomeado comandante militar provisório e governador de Zacatecas, e antes de dividir o revolucionário se aliou por curto espaço de tempo as forças convencionistas. Ele presidiu a convenção na Cidade do México e sua mudança para Aguascalientes ficando responsável pela ordem da cidade. Em 2 de agosto de 1915 renunciou ao cargo de governador e desconheceu Villa.

Pablo González Garza

Leal ao Ejército Constitucionalista de 1913 a 1920

O mentor do assassinato de Emiliano Zapata realizado pelo então coronel Jesus Guajardo, participou na insurreição de Madero em 1911. Em 1913 organizou as forças e lutou, no estado de Coahuila contra Pascual Orozco e Victoriano Huerta. Venustiano Carranza nomeou-o chefe do Ejército del Noreste

Pascual Orozco

Leal ao Exército Mexicano de 1913 a 1915

Foi um revolucionário mexicano, que apoiou o Plano de San Luis de Francisco I. Madero. Depois do triunfo da revolução ao lado de Emiliano Zapata levantou-se contra este e reconheceu o governo de Victoriano Huerta.

Venustiano Carranza

1 de maio de 1917 –21 de maio de 1920

Presidente do México, que lutou contra o regime de Victoriano Huerta. Durante seu mandato foi promulgada a Constituição de 1917. Morreu assassinado em Tlaxcalantongo, Puebla, pelas tropas do general Rodolfo Herrero, no curso da rebelião de Obregon.

Álvaro Obregón

1 de dezembro de 1920 -30 de novembro de 1924

Presidente do México após a partida de Huerta, apoiou a Carranza, na luta contra Victoriano Huerta. Com o colapso do Emiliano Zapata e Francisco Villa com Carranza, permanece fiel a este último. Foi contratado para perseguir Villa, no norte, onde ele o derrotou na batalha de Celaya, perdendo seu braço direito na sequência de uma bomba. Ele foi morto por José de León Toral em 17 de julho no restaurante La Bombilla, Cidade do México.

Plutarco Elías Calles

1 de dezembro de 1924 –30 de novembro de 1928

Presidente de México conhecido como o Jefe Máximo de la Revolución, sucedeu Obregón e durante seu mandato criou o Banco do México, fundou os bancos Ejidal y Agrícola, e restaurou a Escola Agrícola de Chapingo. Com a chamada começa Guerra Cristera, desempenhou um papel fundamental na gestão da política no México e a época conhecida como Maximato (1928-1934).

[editar] O fim da revolução

Monumento à Revolução localizado na Cidade do México

Historiadores ainda debatem exatamente o fim do "período revolucionário". De uma perspectiva militar, que terminou com a morte do Primeiro Chefe do Exército Venustiano Carranza, em 1920, e da ascensão ao poder do general Álvaro Obregón. Tentativas de golpe esporádicas e revoltas continuaram, por exemplo, na Guerra Cristera de 1926-1929. A aplicação efetiva das disposições sociais do 1917 na Constituição do México e cessão próxima da atividade revolucionária não ocorreu até que a administração de Lázaro Cárdenas (1934-1940). De acordo com Robert McCaa, o total de "custos demográficos", durante a Revolução Mexicana 1910-1920 foi de aproximadamente 2,1 milhões de pessoas. [11]

Cárdenas também aboliu a pena de morte, mais conhecido no México como "fusilamiento", a morte por fuzilamento. Cárdenas e as pessoas com mobilidade reduzida a capacidade de controlar a república sem execuções sumárias mostraram o período revolucionário estava no seu final.

Outro grande passo foi dado em 1940, quando renunciou voluntariamente Cardenas todos os poderes para o seu sucessor Manuel Ávila Camacho, uma pessoa coletiva de transição que não tinha precedentes na história mexicana. Em 1942, Ávila Camacho e todos os ex-presidentes do México vivos apareceram no palco na Cidade do México, em Zócalo, na frente do Palácio Nacional, para incentivar a povo mexicano para apoiar os americanos e britânicos em Segunda Guerra Mundial. Esta manifestação de solidariedade política entre

os diversos elementos sinalizou o verdadeiro fim da Revolução. Dada a sua importância na história nacional, os políticos e os partidos políticos mexicanos se referem freqüentemente à Revolução, em sua retórica política.

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Muito antes da chegada dos espanhóis, os astecas, toltecas e os maias ocupavam a região. O conquistador espanhol Hernán Cortés arrasou a civilização asteca entre os anos de 1519 e 1521, neste momento o México passou a integrar o vice-reino da Nova Espanha. Sua independência foi proclamada em 1810, já em 1824 a república.

No ano de 1836 ocorreu à independência da região do atual estado norte-americano do Texas, e sua anexação pelos Estados Unidos, em 1845, resultou na Guerra do México. Já derrotado, o México perdeu ainda o Novo México, a Alta Califórnia, Utah, Arizona, Nevada e o oeste do Colorado.

A Revolução Liberal ocorreu em 1857. E o poder foi assumido por Benito Juárez, com uma política progressista ele não foi bem recebido pelos conservadores. Levando assim a Guerra civil ate 1861, a qual foi vencida pelos liberais. Após a vitória Benito suspendeu o pagamento da dívida externa.

Em 1863, os franceses se aproveitaram deste pretexto para invadir o México. Depois de 4 anos, a monarquia instalada pelos franceses foi derrubada e o imperador fuzilado.

Em 1876, o general PorfirioDíaz implantou uma ditadura e permaneceu durante décadas no poder. Já nas eleições a vitória foi considerada fraudulenta, com isso os camponeses se rebelaram e deram inicio a revolução Mexicana.

A maioria das empresas estatais mexicanas foram privatizadas em 1980. No ano de 1993 o México passou a integrar o Nafta (Acordo Norte Americano de Livre Comercio).

Em 1994 o México viveu uma crise econômica, a qual afetou vários países. Tal crise ficou conhecida pelo mundo todo como “efeito tequila”. Em 2000 foram realizada a primeira eleição presidencial do México considerada sem fraudes.

Ela foi vencida pelo oposicionista Vicente Fox, que acabou com os 71 anos de governo do Partido Revolucionário Institucional (PRI).

Por Eliene Percília Equipe Brasil Escola.com

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Revolução Mexicana

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A Projeção da Revolução Mexicana

O interesse pelo estudo da Revolução Mexicana se deu principal mente pela eclosão da Revolução Cubana as partir de 1959. Tudo indica que para os próprios mexicanos a retomada dos estudos sobre sua revolução ocorreu a partir dos anos sessenta quando, simultaneamente, se comemorava o cinqüentenário da Revolução e a ascensão do fidelismo ao poder. Também tem despertado nossa curiosidade, o chamado "modelo mexicano", isto é, um regime político de partido único que mantém um sistema eleitoral que não altera os resultados finais e que se mantém surpreendentemente estável ao longo dos últimos sessenta nos. O México apresenta um regime político sui generis, um regime onde nem o Exército, nem a Igreja, nem o latifúndio são os fatores dominantes nas decisões políticas do país.

Então a Revolução Mexicana nos interessa por dois aspectos: por ser a primeira grande revolução social do nosso século (anterior inclusive à revolução bolchevista de 1917) e também por apresentar um regime político dos mais estáveis na história da turbulenta América Latina.

Como classificar esta revolução

O primeiro grande problema com que nos defrontamos ao analisarmos a história da Revolução Mexicana é como defini-la. Ela não se amolda aos padrões conhecidos de classificação revolucionária: isto é "Revolução Burguesa" e "Revolução Socialista".

A mais recente interpretação dessa revolução foi feita por Arnaldo Córdova (A Ideologia da Revolução Mexicana, 1973) que a classifica de "revolução populista", pois descrê da possibilidade de se utilizar do material teórico europeu para qualificá-la. "Populista" porque todos os grupos que se digladiavam lutavam de fato pela hegemonia da liderança sobre as massas, todos os grupos em conflito apelavam constantemente para elas, para que as massas se decidissem a favor de um ou de outro.

Seria populista também pelo grau de compromissos assumidos pelos dirigentes políticos: compromissos que representavam entre a nova classe emergida da revolução e povo. Neste sentido ela anuncia ao resto da América Latina, um modelo ímpar, uma espécie de terceira via, entre o regime oligárquico puro e simples e a revolução socialista, que passa a ser uma alternativa a ser considerada especialmente a partir de 1917. O Populismo seria uma síntese entre o regime oligárquico e o avanço socialista. O sistema de gerência da sociedade contava com forte cunho paternalista, mas a participação popular se fazia garantir através das eleições, da organização sindical e da legislação social. O que queremos dizer é que a Revolução Mexicana foi de certa forma o grande modelo que inspirou posteriormente os demais movimentos populistas na América Latina, tais como o Varguismo no Brasil, o Peronismo na Argentina, o Aprismo no Peru, etc...

A direitização que se assiste no regime mexicano de certa forma acompanha a direitização do populismo em toda a América Latina. Esta direitização se dá, porque o grande adversário do populismo não são mais as oligarquias, mas sim o projeto socialista. Isto implicou num acomodamento do populismo com as oligarquias, que passam a fazer frente em comum contra a presença socialista.

A escassez de idéias

Um dos aspectos que mais chama a nossa atenção no estudo da Revolução Mexicana é a carência de idéias. De construções ideológicas que aparelhassem os revolucionários na conquista do poder. Quando a Revolução eclode, entre 1910-11, observa-se que seus argumentos ideológicos expostos pelos militantes antiporfiristas são extraídos do liberalismo burguês: alternância do poder, rotatividade no executivo, eleições periódicas e honestas, legislativo autêntico e judiciário independente. Este programa (que foi esboçado pelo Plano de San Luís de Potosi, outubro de 1910) convivia desconfortavelmente com outro, emergido das bases camponesas, e expressadas principalmente por Zapata que exigia uma reforma agrária que restaurasse ao ejidos.

Desgraçadamente faltou para as lideranças camponesas um instrumental ideológico que ultrapassasse a simples luta pela terra e se configurasse numa luta pelo poder político.

Assim a Revolução Mexicana é fruto de uma dupla revolução: uma revolução das elites dissidentes, marginalizadas pelo sufocante aparelho porfirista e que reivindicam sua participação no poder por meio da ideologia liberal clássica. E outra, mais profunda, vinculada ao passado de humilhações que a massa camponesa de sangue indígena sofreu e que aproveitou o conflito entre as oligarquias para apresentar seu projeto social: fim dos guachupines e retorno ao ejido. Não é um projeto anticapitalista, mas sim antifeudal. Contrapõe o poder do haciendado ao poder dos comuneros organizados nos pueblos e ejidos. O despreparo político dos líderes camponeses, Villa e Zapata os impossibilitou do exercício do poder. Seus vínculos estreitamente regionais, Villa no Norte e Zapata em Morellos no Sul, foram enormes obstáculos para a unidade política da Revolução. Ao mesmo tempo em que eles eram frutos do atraso social do povo mexicano na sua totalidade. Os camponeses não conseguiram formar seu próprio e adequado instrumental ideológico colocando-se à mercê da nova burguesia que emergiu da Revolução.

O porfiriato 1876 - 1911

Na transição do século XIX para o século XX, o regime do Gen. Porfírio Díaz começou a agonizar. Mas o que era esse regime, o que representa o porfiriato? Díaz assumiu o poder em nome da plataforma do regime liberal que implicava a política de laicização do Estado e na aplicação de moderadas reformas políticas. Na prática, o regime implantou o imobilismo político.

Socialmente: o porfiriato foi produto do latifúndio mexicano. As grandes haciendas perfaziam mais ou menos oito mil se encontravam nas mãos de uma aristocracia agrária de origem espanhola (os guachupines) não miscigenada, que perfazia menos de 3% das famílias mexicanas. Quer dizer, 3% da população detinham o controle das melhores terras do país. Numa escala intermediária vinham os ranchos, ocupados por pequenos proprietários de origem mestiça, e, por fim, os ejidos; reminiscência dos tempos astecas que reunia a população indígena. 95% dos camponeses mexicanos eram despidos de qualquer tipo de propriedade.

Se o campo se encontrava nas mãos da aristocracia rural, as minas, o comércio, os bancos e as poucas indústrias eram concessões dadas ao capital estrangeiro, principalmente americano. Assim, o porfiriato era resultado político do pacto social entre os latifundiários e o capital estrangeiro, de resto pacto característico da América Latina em sua forma geral.

O Poder político: Este pacto social, que tem a sua cabeça política na figura de Porfírio Díaz, foi o avalista da "paz social" e interclassista que assegurava o domínio dos haciendados sobre a população camponesa. Díaz impôs a "pax porfirista" entre os inúmeros "caciques" agrários ao mesmo tempo que reprimia ferozmente a marginalidade social imposta pelo seu sistema. Para evitar as rixas interclassistas, apoiava-se no Exército que cumulava de favores e sobre o qual exerceu até o fim o mais absoluto controle, o que lhe permitia realizar intervenções nas províncias quando necessário. Se o exército era o instrumento na luta contra os particularismos oligárquicos, a política rural ("los rurales") era a manifestação da autoridade central sobre a população camponesa e sobre o lumpesinato rural, autoridade que se manifestava apelando para a "lei fuga" que os autorizava a praticar execuções sumárias.

O Estado: Este Estado porfirista era administrado por uma burocracia civil-militar que se inspirava no positivismo europeu, os chamados "científicos" que acreditam poder regenciar a sociedade de maneira autoritária, de cima para baixo. Os "científicos" eram os cultores da ideologia do "Progresso", similar à dos nossos republicanos positivistas ("Ordem e Progresso") e que manifestavam uma feroz ojeriza ao povo. Enquanto o Estado era pois orientado por regras e instruções assentadas na "ciência", o povo era doutrinado pela conservadora Igreja Católica.

A Igreja: A Igreja mexicana sempre desempenhou um papel político importante na História do país. Não devemos esquecer que os dois primeiros combatentes pela independência mexicana, Hidalgo e Morelos eram padres. No entanto, esse poder foi afetado na chamada Era das Reformas (1854 - 76) quando a Igreja perdeu parte considerável do poder, principalmente pela adoção da política dos liberais que lhes confiscaram as terras. No entanto ela continuava tendo o monopólio da educação e da vida cultural de uma forma geral. Essa Igreja era extremamente orgulhosa de seu passado, e o alto clero considerava o seu papel fundamental na manutenção do império espanhol e o responsável principal pelo conformismo popular para com a dominação aristocrática.

A eclosão da revolução

Em 1908, Díaz deu uma entrevista dizendo-se cansado de exercer o poder insinuando a possibilidade da alternância no poder. Foi o que bastou para Francisco Madero, um rico fazendeiro nortista lançar-se como candidato sob a plataforma antireeleicionista (maio de 1909). A recepção a esta candidatura é enorme, empolgando Madero e seus seguidores. Foi o que bastou para os científicos pressionarem Díaz a seguir no poder. Madero e Roque Estarada foram aprisionados um pouco antes das eleições. Em junho, Díaz vence novamente para exercer mais um mandato. Tornou-se claro para os dissidentes mexicanos que Díaz só seria apeado do poder à força (algo como a nossa rev. de 1930). Posto em liberdade, Madero seguiu para os EUA onde começou a juntar forças para a insurreição. O contato com Pancho Villa tem sucesso e ele juntamente com Pascoal Orozco, tomam a cidade fronteiriça de Juarez. Quinze dias depois, em 25 de maio de 1911, Díaz embarca para o exílio depois de maderistas e federais assinarem a paz. Madero entra triunfante na Cidade do México e é eleito Presidente em outubro de 1911. A rebelião teve sucesso porque os federais foram obrigados a dividir suas forças. Enquanto Villa e Orozco rebelavam o norte, um camponês do estado sulista de Morellos iniciava a insurreição dos pueblos, Emiliano Zapata.

O choque entre Madero e Zapata

Aqui vamos encontrar a primeira desavença entre as forças revolucionárias. O conflito entre o liberalismo e as demandas sociais. Madero acreditava que os objetivos da revolução já tinham sido atingidos, pois o México passaria a contar com instituições democráticas que poderiam atender os desejos reformistas da sociedade, principalmente do camponês. Para tanto recomendava a desmobilização das forças revolucionárias. O mesmo não pensava Zapata que não acreditava na possibilidade de se fazer reforma agrária sem estar-se em posse de armas. Este atrito, somado à rebelião de Pascoal Orozco no Norte, colocou Madero na dependência da camarilha militar porfirista não depurada pela revolução. Basicamente na clique chefiada pelo gen. Huerta.

A deposição de Madero

Aproveitando a debilidade e insegurança do regime de Madero, a contra-revolução lançou-se ao golpe. O Gen. Felix Díaz pega em armas contra o governo. O contestável do regime Maderista, o gen. Huerta, depois de dez dias de combate na capital, entrou num acordo com o gen. Rebelado. Este acordo foi realizado na embaixada americana (Pacto da Embaixada) sob tutela do diplomata Henry Lane Wilson. Huerta formaria um novo governo, provisório, enquanto Díaz se desmobilizaria. Madero seria afastado do poder, (o que foi feito em 9 de fevereiro de 1913). Huerta aproveitou e ordenou o assassinato de Madero e seu vice, Pino Suarez (22 de fevereiro).

O governo de Huerta

Para a maior parte dos revolucionários, com exceção de Orozco, a restauração do porfirísmo pelo gen. Huerta era intolerável. O Governador nortista Carranza, não reconheceu o novo governo e deu início à mobilização contra Huerta. O mesmo fez Villa no Norte onde reativa a sua célebre "Divisão del Norte" e Zapata no sul com seus índios. Forma-se o exército constitucional que visa reestabelecer o maderismo, sob liderança de Venustiano Carranza (Pacto de Torreón). Simultaneamente à revolução generalizada contra seu governo, Huerta ainda conhece a humilhação de uma ocupação americana do porto de Vera Cruz. Sem condições para resistir, Huerta renuncia em junho de 1914.

Constitucionalistas contra os camponeses

Novamente o confronto de Zapata e Madero se repete. Agora é Carranza que se vê em dificuldades em aceitar as propostas camponesas. Mesmo assim é obrigado a enviar à Convenção um decreto de reforma agrária. Apesar do acordo entre Villa e Zapata (Pacto de Xoximilco) não conseguem coordenar uma ação em conjunto. Carranza reorganiza as forças militares e derrota Villa e Zapata, ao mesmo tempo que estabelece a pena de morte contra trabalhadores grevistas (1915/06).

O fim das lideranças camponesas

Depois de serem derrotados pelos federales sob o comando de Alvaro Obregón, vilistas e zapatistas entram em decomposição. Mal conseguiam manter suas lideranças em seu último reduto (Villa em Sonora e Zapata em Morellos).

Carranza procurou neutralizar essas poderosas lideranças, ordenando o assassinato de Zapata (que foi feito em Chinameca em 1919) e o acomodamento de Villa, que recebeu uma respeitável fazenda (sendo assassinado posteriormente, em 1923 provavelmente a mando de Calles). Mas os constitucionais compreendem perfeitamente que não poderiam desconhecer a questão agrária que estava no fundo da luta revolucionária. Os latifúndios foram limitados e a terra começou a ser entregue às comunidades camponesas.

A classe operária

Se os camponeses tiveram um presença constante na Revolução, os operários quase que primaram pela ausência. A classe operária sem tradição de luta e numericamente esquálida, submetida a uma liderança arrivista, terminou seguindo os vitoriosos. A presença organizada teve seu início em 1912 com a fundação da COM (Casa del Obrero Mundial) que foi invadida por Huerta e perseguida por Carranza. Finalmente os trabalhadores se colocaram ao lado do duonvirado? (Obregón-Calles) que governará o país de 1920 até 1934. Tendo sido reconhecido seu direito de formar sindicatos (de fato atrelados ao Estado e ao Partido governista).

A constituição de 1917

Após a neutralização das lideranças camponesas e da oligarquia, Carranza encontrou as condições para a aprovação de uma nova constituição que se tornou o documento máximo da Revolução de 1910. Foi considerada como uma das mais modernas e liberais Cartas Magnas da América Latina. Interessa-nos particularmente os artigos 30, 27, 123 e 130 que no seu conjunto estabelecem:

o ensino laico, ao encargo do estado preservando-se ainda um setor privadoa expropriação de terras não cultivadas em favor dos ranchos e dos ejidosfixava as relações entre Capital e Trabalho, como por exemplo, a jornada de 8 horas, regulamentação do trabalho do menor e da mulher, salários iguais para tarefas iguais, direito de greve, organização sindical, justiça do trabalho para arbitrar os conflitos entre o Capital e o Trabalhorestringiu o poder da Igreja. O casamento civil foi tornado obrigatório e o único válidosecularização do clero, transformando os padres em trabalhadores comuns Esta constituição foi juridicamente uma obra de síntese entre a grande tradição liberal (separação da Igreja e do Estado, laicização do Estado) e a emergência do estado populista (o estado regulador dos conflitos ao mesmo tempo paternalista para com os assalariados).

A estabilização da revolução Obragón-Calles

Como assassinato de Carranza em 1920, o poder refluiu para dois caciques militares que haviam sido os bastiões do constitucionalismo, os generais Obregón e Calles. No período que se segue houve uma momentânea atomização do poder com a emergência de caudilhos militares provinciais. Em sua luta contra Villa e Zapata, Carranza foi obrigado a ceder poderes a chefes federais que atuavam com independência do poder central, apesar de formalmente se proclamarem fiéis à unidade e ao constitucionalismo. A oportunidade para reunificar o país e implantar a centralização revolucionária surgiu quando ocorreu a rebelião do caudilho militar De la Huerta. O fracasso da rebelião serviu de pretexto para que o duunvirato exterminasse fisicamente toda a alta hierarquia militar do exército mexicano (1923). Eliminou-se, assim, um foco de ambição e de instabilidade que as camarilhas militares tanto produzem na história da América Latina.

Os cristeros: Depois da sufocação do de la huertismo, Calles atacou de rijo a Igreja. Apesar das determinações de secularizar o clero e a educação, estas determinações de fato não estavam sendo obedecidas. Aproveitando-se de um incidente com o clero, Calles declarou guerra à Igreja. O conflito entre a Igreja e o Estado transformou-se num enfrentamento armado com a rebelião dos cristeros, fiéis defensores do clero católico que se estendeu por três anos (1926 - 9), até seu esmagamento pelas forças do Estado.

Os bastiões do novo regime

Sociedade: Emergiu com a revolução uma nova burguesia, que se apropriou das terras e que iniciou um processo de integração capitalista mais acelerado no país. A aristocracia fundiária havia sido ferida de morte.

Com esta burguesia, apoiando-a, sedimentou-se a classe média rural (em torno dos ranchos) e os índios proprietários dos ejidos (que chegam a 53% das terras). Os trabalhadores, organizados em sindicatos atrelados ao partido e aos Estado formam com os outros setores um pacto social de longa duração (nova burguesia, classe média rural, comuneros e trabalhadores).

Politicamente: O poder central se estrutura graças ao controle que o partido da revolução (hoje, PRI) proporciona. O PRI controla os sindicatos patronais e trabalhistas, bem como o acesso aos cargos públicos. As eleições são uma manobra rotineira apenas para legitimar os acordos previamente estabelecidos pelos caciques do PRI. Este partido tem mostrado flexibilidade bastante para conviver tanto com a política reformista e nacionalista de Lázaro Candenas, como com a política reacionária de Alemán ou Vicente Lopes Mateo. Talvez é esta flexibilidade que explique a longa durabilidade deste regime, o mais estável da América Latina.

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Crise econômica do México de 1994Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Ernesto Zedillo.

A crise econômica do México de 1994 teve repercussões mundiais. Foi provocada pela falta de reservas internacionais, causando desvalorização do peso, durante os primeiros dias da presidência de Ernesto Zedillo.

A relação entre o déficit e a conta-corrente e a taxa de câmbio representou um círculo vicioso no modelo econômico do México. No início da administração de Carlos Salinas (1988-1994), o Ministério da Fazenda adotou uma crawling peg (sistema de desvalorização progressiva e controlada de uma moeda, implementado pelas autoridades monetárias de um país na tentativa de ajustar o tipo de câmbio às variáveis de inflação e juros), uma faixa restrita dentro da qual o peso ficava atrelado ao dólar e podia sofrer ligeiras flutuações diárias. Como a inflação mexicana aumentou muito acima da dos EUA, o impacto da crawling peg foi uma valorização gradual porém cumulativa da moeda. Como a crawling peg não conseguiu impedir a supervalorização do peso, as importações ficaram mais baratas e déficit em

conta-corrente aumentou drasticamente. Resultado: com exceções, como os fabricantes de cerveja e de cimento, todo o parque industrial mexicano foi arrasado pela produção importada, melhor e mais barata.

Para cobrir o desequilíbrio comercial o Banco Central foi forçado a comprar grandes quantidades de dólares, o que por sua vez, exigiu que o Estado abrisse o mercando de títulos aos investidores externos. A fim de sustentar a confiança do setor externo, o peso foi mantido artificialmente forte. No entanto, como a moeda supervalorizada atraiu mais importações, o desequilíbrio comercial aumentou e teve de ser coberto com entradas cada vez maiores de capital externo. Mesmo se o México tivesse reduzido pela metade o crescimento das importações entre 1994 e 2000 e aumentado pela metade suas exportações, o déficit comercial ainda assim teria aumentado cerca de 50% exigindo mais de US$ 100 bilhões em capital novo para cobrir o rombo [El inversionista mexicano, 29 de agosto de 1994].

Qualquer interrupção na entrada de capitais teria tornado insustentável a crawling peg. Para atrair investimentos, o governo mexicano criou os tesobonos — papéis do Banco Central Mexicano com o valor indexado ao dólar –, o que o tornava teoricamente à prova de qualquer desvalorização da moeda nacional, e aumentou as taxas de juros, provocando uma recessão interna. Dessa maneira, garantia-se a estabilidade do peso, cotado na época a 3,3 para cada dólar.

Mudanças internacionais combinaram-se com as vulnerabilidades financeiras no México. Em 1994, o crescimento moderado dos EUA alimentou os temores de inflação e levou o FED a quase dobrar as taxas de juros, de 3% para 5,5%. Como consequencia, a taxa de retorno de quase todos os títulos dos EUA, tornando estes investimentos altamente seguros muito mais atraentes do ponto de vista financeiro do que os emitidos por qualquer outro país em desenvolvimento, inclusive o México. Assim, mesmo com todas as proteções garantidas pelo Estado mexicano, os investidores estrangeiros debandavam gradualmente, e assim, os US$ 25 bilhões de reservas cambiais em moedas fortes que o país possuía no início de 1994 passava, em outubro, para um montante de US$ 18 bilhões. Mesmo com os tesobonos, as reservas mexicanas diminuíram em mais de um terço de março e setembro. Num esforço desesperado para defender a taxa de câmbio, a administração Salinas esvaziou as reservas de moeda estrangeira, de US$ 30 bilhões para apenas US$ 6 bilhões no final de 1994.

Em 20 de dezembro de 1994, apenas três semanas após o início do governo Ernesto Zedillo, o Ministério da Fazenda ampliou a banda cambial em 15,3%. Os investidores entraram em pânico e iniciaram uma corrida ao peso, no dia seguinte, a peg (paridade) foi abandonada e o peso flutuou livremente em relação ao dólar. O valor do peso imediamente à metade de seu valor nominal, mergulhando o México numa depressão surpreendetemente profunda. Uma depressão que fez com que em todo o mundo caíssem as cotações dos títulos dos países emergentes. Mais de 200 mil mexicanos perderam seus empregos e milhares de empresas fecharam as portas. A taxa de desemprego era o dobro do ano anterior. Em 1995, a chute do PIB mexicano será de 7%.

Nas primeiras semanas do processo de desvalorização da moeda mexicana, o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, em articulação com organizações multilaterais, garantiu um empréstimo de 50 bilhões de dólares ao Mexico, dos quais 18 bilhões atraveés do FMI.

O impacto da crise mexicana no Cone Sul e no Brasil ficou conhecido como "Efeito Tequila".

Acusações

Carlos Salinas foi acusado de manter o peso supervalorizado por interesse pessoal.

O bilionário, Carlos Slim, foi acusado de lucrar com a desvalorização do peso, da qual teria sido avisado com antecedência graças a ligações privilegiadas com o governo. [1]

Wikipédia

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A Revolução Mexicana

A Revolução iniciada em 1910 foi um grande movimento popular, anti-latifundiário e anti-imperialista, que foi responsável por importantes transformações no México, apesar da supremacia da burguesia sobre as instituições do Estado.

O PORFIRIATO

O período de 1876 a 1911 caracterizou-se pela ditadura de Porfírio Diaz, responsável pelo desenvolvimento do capitalismo mexicano, apoiado no ingresso de capitais e empresas estrangeiras e em uma política anti popular. O governo de Diaz foi dominado por uma burocracia positivista - os científicos - responsáveis pelo desenvolvimento do capitalismo associado e pela política repressiva às camadas populares. Apoiou-se ainda no exército, que possuía a função de polícia do Estado e na Igreja Católica, que apesar de estar proibida de possuir propriedades que não se destinassem ao culto, possuía grande liberdade de ação.A principal base de apoio da ditadura foi a camada latifundiária; estes os grandes beneficiários da política do governo, que eliminou o ejido ( terras comunitárias de origem indígena ) possibilitando maior concentração fundiária e a formação de grande contingente de camponeses superexplorados.O último pilar de sustentação do governo foi o capital estrangeiro, que durante a ditadura passou a controlar a exploração mineral, petrolífera, as estradas de ferro, bancos, produção e distribuição de energia elétrica, grande parte das indústrias e do grande comércio.

O INÍCIO DA REVOLUÇÃO

Do ponto de vista institucional, oficial, considera-se a revolução como o movimento que derrubou a ditadura e possibilitou a ascensão de Francisco Madero em junho 1911. Apesar de originário de uma família de latifundiários, Madero passou a liderar a pequena burguesia urbana, nacionalista, que organizou o movimento "Anti Reeleicionista" Perseguido, foi forçado a exilar-se e tornou-se o símbolo da luta contra a ditadura para as camadas urbanas, inclusive o proletariado.No entanto, o movimento revolucionário possuía outra dimensão: os camponeses do sul, liderados por Emiliano Zapata, invadiam e incendiavam fazendas e refinarias de açúcar, e ao mesmo tempo organizavam um exército popular. Ao norte, o movimento camponês foi liderado por Pancho Villa , também defendendo a reforma agrária.Os exércitos camponeses ao longo de 1910 e 1911 ampliaram sua atuação, combateram o exército federal e os grandes proprietários, conquistando vilas e cidades em sua marcha em direção à capital.

A REVOLUÇÃO POPULAR

Em novembro de 1911, Zapata define o Plano de Ayala, propondo a derrubada do governo de Madero e um processo de reforma agrária sob controle das comunidades camponesas. O plano defendia a reorganização do ejido, a expropriação de um terço dos latifundiários mediante indenização e nacionalização dos bens dos inimigos da revolução. A existência de um exército popular organizado e armado era visto como uma ameaça pelo novo governo, pela velha elite e pelos EUA. O avanço popular era contínuo, pois apesar das mudanças no governo, as estruturas sócio econômicas permaneciam sem alterações.

A deposição e assassinato de Madero em 1913 e a ascensão do general Vitoriano Huerta, apoiado pelos porfiristas somente fez crescer as lutas camponesas e desencadeou nas cidades um movimento constitucionalista, que levaria ao poder Venustiano Carranza em 1914.

O governo Carranza adotou uma série de medidas para consolidar as estruturas políticas: promoveu intenso combate às forças populares tanto no sul como no norte do país, adotou medidas nacionalistas que levariam a nacionalização do petróleo ao mesmo tempo em que fez concessões às grandes empresas norte americanas e organizou uma Assembléia Constituinte (excluindo a participação camponesa).

Toda essa situação e a nova Constituição de 1917, considerada extremamente progressista, somente foi possível pela grande pressão popular e pelo envolvimento do México e das grandes potências na Primeira Guerra Mundial.

A Constituição de 17, garantia os direitos individuais, o direito à propriedade, leis trabalhistas, reconhecia o ejido e regulava a propriedade do Estado sobre as terras , águas e riquezas do subsolo; e em parte serviu para desmobilizar os camponeses, fato que contribuiu para o assassinato do líder agrarista Zapata.

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=54

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[http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/rev_mexicana2.htm ver etapas]

No exterior, problema resolvido

Quem fez reforma, fez;quem não fez perdeu o interesse

"Foi então, pela primeira vez, promulgada a lei agrária, que, desde aquela época até hoje, nunca mais foi discutida sem provocar as mais violentas emoções", escreveu o historiador romano Tito Lívio, quase 2.000 anos atrás, sobre um episódio ainda mais antigo, a redistribuição de terras ordenada pelo tribuno Caio Graco um século antes. Se Tito Lívio, que morreu há 1.980 anos, soa tão atual é porque a reforma agrária nunca foi discutida sem provocar violentas emoções. Reforma agrária não é simples instrumento para dar terra aos sem-terra. Como desafia o direito de propriedade e chacoalha a estrutura de poder, carrega consigo o espírito de uma autêntica revolução social. Mais de quarenta países experimentaram projetos de redistribuição da posse da terra neste século - e nenhum deles permaneceu o mesmo depois disso.

Caio Graco pagou com a vida a ousadia de desapropriar os latifúndios patrícios. No final do século XVIII, a Revolução Francesa implodiu as relações de trabalho no campo, abolindo a servidão rural. Meio século depois, os Estados Unidos moldaram o destino do país ao distribuir de forma igualitária a terra pública. Apesar dessas marcantes experiências do passado, a reforma agrária, do jeito que hoje se pratica, é um fenômeno inteiramente moderno. A ordem estabelecida no campo foi virada de cabeça para baixo pela primeira vez em 1910, com a Revolução Mexicana, ao preço de 1 milhão de mortos. À frente de um exército de camponeses, Emiliano Zapata distribuiu terras na marra e, como Caio Graco, acabou assassinado. A semente plantada na revolução demorou duas décadas para germinar. Mas nos anos 30 o México entregou 70 milhões de hectares de áreas agrícolas a 3 milhões de lavradores, realizando uma das maiores redistribuições de terra da História.

Sete anos depois da Revolução Mexicana, os comunistas russos aboliram a propriedade privada da terra com um decreto assinado no dia seguinte à tomada do poder. O abismo ideológico entre as duas experiências pioneiras marcou, dali para diante, a história das mudanças nesse âmbito. O México tomou a terra de grandes fazendeiros e a distribuiu entre vários, menores, multiplicando o número de proprietários. A União Soviética expropriou a terra de todos em benefício de um único grande patrão, o Estado, o nome verdadeiro da "propriedade do povo". Os dois modelos foram amplamente copiados, quase sempre misturados e adaptados às circunstâncias específicas de cada país. Bandeiras vermelhas e camponeses em armas, contudo, tão marcantes nas duas reformas pioneiras, raramente voltaram à cena. A reforma agrária é quase sempre iniciativa de governos às voltas com crises, que precisam resolver ou amainar. Algumas foram impostas por exércitos de ocupação, como fizeram o Exército Vermelho na Europa Oriental e os Estados Unidos no Japão e na Coréia do Sul.

O objetivo básico das reformas em países não comunistas é melhorar a vida do homem do campo e redistribuir a renda a seu favor. Depois da II Guerra, percebeu-se também que se tinha ali um excelente instrumento para dar à agricultura um papel estratégico no desenvolvimento dos países pobres. São dos anos 40 e 50 as quatro grandes experiências em países de economia de mercado - Japão, Taiwan, Coréia do Sul e Egito -, com decisiva influência nas que vieram depois. Como os três primeiros se transformaram em potências econômicas, suas experiências servem como vitrine. Comparadas à coletivização forçada na União Soviética, a grande experiência socialista nos anos 30, que custou 6 milhões de mortos e resultou numa agricultura até hoje ineficiente, as reformas asiáticas são mesmo de dar água na boca.

No final da II Guerra, os três países tinham em comum a enorme concentração da posse da terra e a economia destroçada. Cerca de 70% do solo agrícola japonês era cultivado por arrendatários - os kosakus -, que entregavam aos proprietários ausentes metade da produção. No comando das forças de ocupação americanas e, como tal, imperador de fato, o general Douglas MacArthur simplesmente exigiu uma reforma agrária em 1946. O governo japonês tentou safar-se propondo o teto de 5 hectares para as propriedades rurais - artifício que, visto o tamanho nanico do latifúndio japonês, limitaria a reforma a somente 20% das terras. MacArthur, que tinha entre seus objetivos aniquilar o poder político dos latifundiários, um dos pilares do militarismo japonês, impôs 1 hectare, o tamanho de uma chácara de fim de semana no Brasil.

O terreno excedente foi desapropriado a preço vil e revendido aos agricultores com financiamento camarada. Toda essa revolução, que entregou lotes a 4 milhões de famílias e acabou com os resquícios de feudalismo na estrutura social, demorou apenas 21 meses. "Ao incorporar os kosakus ao processo político, a reforma foi fundamental para a modernização do país", diz Ikutsune Adachi, diretor do Centro de Pesquisas Sociais em Agronomia, em Tóquio. Do ponto de vista macroeconômico, a contribuição foi bem menor. O minifúndio japonês, nascido da reforma de 1946, depende ainda hoje para sobreviver de gordíssimos subsídios estatais e produz o arroz mais caro do mundo. É mais negócio, porém, pagar para manter o agricultor no campo do que lhe dar emprego na cidade.

A ironia é que essas grandes transformações foram obras de governos profundamente anticomunistas. Expulso da China continental pela vitória comunista, o generalíssimo Chiang Kai-chek reproduziu o modelo japonês em Taiwan. A inovação local foi a indenização parcialmente paga em ações, convertendo os antigos latifundiários em sócios da industrialização do país. O resultado social foi de tirar o chapéu: em 1952 a reforma agrária tinha transferido aos agricultores o equivalente a 13% do PIB, pacificando o campo e criando uma nova classe de consumidores.

A situação sul-coreana era agravada pela falta de espaço (só 4% do território é cultivável), pela má distribuição da posse e pela guerra, que continuou devastando o país até 1953. O governo anunciou regras tão severas que a maioria dos proprietários,

temendo o calote das indenizações, se apressou em vender a terra diretamente ao arrendatário. O impacto na distribuição de renda foi superior ao ocorrido no Japão e em Taiwan e garantiu a comida barata de que o país precisava para se transformar numa potência econômica.

De forma muito parecida com a Coréia do Sul, só 4% do solo egípcio era aproveitável para a agricultura. A maior parte dessa terra estava nas mãos de uma classe de 12.000 proprietários. Dez milhões de felás - os camponeses e arrendatários do Vale do Nilo - penavam sob aluguéis exorbitantes, que chegavam a 75% da produção. Seis semanas depois de derrubar a monarquia, em 1952, Gamal Abdel Nasser acabou com as grandes propriedades. Cerca de 1,7 milhão de egípcios receberam lotes com tamanho médio de 1 hectare cada um. Em quantidade de terra e número de beneficiados, foi a maior reforma agrária dos anos 50. O resultado, contudo, nem se compara ao dos países asiáticos. O regime detonou o poder dos latifundiários - mas os felás continuam miseráveis como sempre.

O pós-guerra foi também o período em que a União Soviética impôs seu modelo agrícola à Europa Oriental, ainda que a maioria dos países tenha conservado algum tipo de pequena propriedade individual. A China fez a maior revolução camponesa de todos os tempos e, no início dos 60, Cuba implantou a versão caribenha da agricultura coletiva. Diante do avanço comunista, a reforma agrária ganhou impulso, também, como ferramenta da Guerra Fria. Na periferia latino-americana, governos de alguma inclinação esquerdista produziram suas próprias reformas. No Peru e na Bolívia, com grandes populações indígenas, a redistribuição de terras aliviou injustiças mas pouco contribuiu para aumentar a produção ou amenizar a miséria. No Chile, o processo foi peculiar. A reforma, iniciada pela Democracia Cristã e ampliada pelo socialista Salvador Allende, obviamente tropeçou com o golpe militar. A ditadura, porém, não devolveu a terra à velha oligarquia rural. Os lotes, de tamanho reduzido, foram comprados por capitalistas urbanos, que modernizaram a produção e iniciaram o modelo moderno de exportação de alimentos, principalmente frutas.

A reforma agrária saiu da agenda dos países a partir dos anos 70. Ou já tinha sido feita, com resultados variados, ou não era mais necessária como fator de desenvolvimento. "Até os anos 60, ela era fundamental para a modernização. Depois, a produtividade da agricultura moderna mostrou-se capaz de garantir o abastecimento sem outra revolução que a tecnológica", analisa o professor Bastiaan Reydon, do Núcleo de Economia Agrícola da Unicamp. "Como a própria agricultura perdeu importância na economia global, a reforma agrária reduziu-se a uma questão de justiça social." Os teóricos do desenvolvimento, que também saíram de moda, agora mudaram de enfoque e temem que a fragmentação do solo agrícola em propriedades menores prejudique a escala da produção.

"Reforma agrária dá certo quando se consegue o que se queria, seja aumentar a produção de alimentos, seja resolver problemas sociais graves", ensina o professor José Eli da Veiga, da Faculdade de Economia da USP. "A História mostra que isso só acontece naquelas realizadas rapidamente, de um a três anos no máximo. Quando entrava, é porque a sociedade não está preparada e a reforma está condenada ao fracasso." Mudanças radicais na posse da terra não são garantia absoluta de benefício econômico. Muitas vezes, nem mesmo de justiça social. A agricultura soviética oferecia condições de vida tão ruins que, para impedir a migração para a cidade, o governo negou passaporte interno aos membros das fazendas coletivas até 1974. O fim do comunismo não mudou muito as coisas, exceto pelo fato de que agora os agricultores podem largar o campo. Por falta de interessados em se tornar proprietários, o Estado continua dono de 95% da terra.

No México, onde tudo começou, a reforma agrária agoniza. O ejido, a propriedade comunal explorada individualmente, segundo a tradição indígena, viveu anos de relativa prosperidade entre 1940 e 1965, mas retrocedeu diante da produtividade crescente das modernas empresas rurais. Sessenta anos depois da revolução, o México está de volta ao ponto de partida. Em Chiapas, no extremo sul, alçou-se o exército de camponeses que reivindica a estirpe zapatista. Na terra onde nasceu, a reforma agrária produziu um paradoxo dramático: transformou uma imensa massa de sem-terra numa imensa massa de pequenos proprietários sem perspectivas. É o que de mais parecido existe com o Brasil.

http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/reforma_agraria/contexto_5.html