27
Documentos 53 AndrØa Alice da Fonseca Oliveira Francisco Selmo Fernandes Alves Raymundo Rizaldo Pinheiro Lea Chapaval Alice Andrioli Pinheiro Micoplasmoses em Pequenos Ruminantes Sobral, CE 2004 ISSN 1676-7659 Dezembro, 2004 Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuÆria Centro Nacional de Pesquisa de Caprinos MinistØrio da Agricultura, PecuÆria e Abastecimento

Micoplasmoses em Pequenos Ruminantes - Ageitece… · importante papel para as espØcies caprina e ovina (DaMassa et al., 1992; Gutierrez et al., 1999). 10 Micoplasmoses em pequenos

Embed Size (px)

Citation preview

Documentos 53

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraFrancisco Selmo Fernandes AlvesRaymundo Rizaldo PinheiroLea ChapavalAlice Andrioli Pinheiro

Micoplasmoses em PequenosRuminantes

Sobral CE2004

ISSN 1676-7659

Dezembro 2004Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuaacuteriaCentro Nacional de Pesquisa de CaprinosMinisteacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

id22303437 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer - a great PDF creator - httpwwwpdfmachinecom httpwwwbroadguncom

copy Embrapa 2004

Exemplares desta publicaccedilatildeo podem ser adquiridos na

Embrapa CaprinosEstrada SobralGroaiacuteras Km 04 Caixa Postal D 10CEP 62011-970 - SobralCEFone(0xx88) 3677-7000Fax(0xx88) 3677-7055Home page httpwwwcnpcembrapabrE-mail saccnpcembrapabr

Comitecirc de Publicaccedilotildees

Presidente Eneas Reis LeiteSecretaacuterio-Executivo Ana Clara Rodrigues CavalcanteMembros Expedito Aguiar Lopes

Joseacute Ubiraci Alves Tacircnia Maria Chaves Campecirclo

Supervisor editorial Alexandre Ceacutesar Silva MarinhoRevisor gramatical Joseacute Ubiraci AlvesNormalizaccedilatildeo bibliograacutefica Tacircnia Maria Chaves CampeloFoto(s) da capa Arquivos da Embrapa CaprinosEditoraccedilatildeo eletrocircnica Alexandre Ceacutesar Silva Marinho

1a ediccedilatildeo1a impressatildeo (2004) 300 exemplares

Todos os direitos reservadosA reproduccedilatildeo natildeo-autorizada desta publicaccedilatildeo no todo ou em parte constitui violaccedilatildeodos direitos autorais (Lei no 9610)

CDD 63639089

Micoplasmoses em pequenos ruminantes Andreacutea Alice da Fonseca Oliveira [et al] Sobral Embrapa Caprinos 200429 p il (Documentos Embrapa Caprinos ISSN 1676-7659 53)

1 Doenccedila animal Micoplasmose Caprino 2 Doenccedila animal Micoplasmose Ovino 3 Ovino Micoplasmose 4 Caprino Micoplasmose I Oliveira Andreacutea Alice da Fonseca II Embrapa Caprinos IIITiacutetulo IV Seacuterie

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraMeacuted Vet DSc em Medicina VeterinaacuteriaEmbrapa Caprinos Estrada SobralGroaiacuteras Km 04Caixa Postal - D10 CEP - 62011-970 - SobralCEEmbrapa Caprinosandreacnpcembrapabr

Francisco Selmo Fernandes AlvesMeacuted Vet DSc em Microbiologia Veterinaacuteriaselmocnpcembrapabr

Raymundo Rizaldo PinheiroMeacuted Vet DSc em Ciecircncia AnimalEmbrapa Caprinosrizaldocnpcembrapabr

Lea ChapavalMeacuted Vet DSc em CiecircnciaEmbrapa Caprinosleacnpcembrapabr

Alice Andrioli PinheiroMeacuted Vet DSc em Ciecircncia AnimalEmbrapa Caprinosalicecnpcembrapabr

Autores

Apresentaccedilatildeo

Os caprinos e ovinos representam um importante segmento da pecuaacuteria nordesti-na gerando fonte de renda e constituindo a base alimentar para o homem docampo A abordagem de enfermidades que acometem estas espeacutecies eacute defundamental importacircncia para o criador permitindo uma terapecircutica adequadabem como medidas de controle e profilaxia especiacuteficas impedindo desse modoa disseminaccedilatildeo das doenccedilas para outros animais

O conhecimento sobre os aspectos epidemioloacutegicos as manifestaccedilotildees cliacutenicas otratamento adequado as formas de diagnoacutestico e as medidas de controle eprofilaxia que impeccedilam a disseminaccedilatildeo das enfermidades satildeo de caraacuteter funda-mental pois uma vez instaladas torna-se muito difiacutecil o seu controle e a elimina-ccedilatildeo de possiacuteveis portadores do agente

O presente documento refere-se a um importante complexo de enfermidadesinseridas na sanidade de caprinos e ovinos as micoplasmoses Elaborado deforma didaacutetica este documento poderaacute ser utilizado como fonte de conhecimentopara teacutecnicos e produtores de pequenos ruminantes bem como fonte de consul-ta para profissionais e acadecircmicos de Medicina Veterinaacuteria

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraPesquisadora

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo 09

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmico das Micoplasmosesem Pequenos Ruminantes no Brasil 11

Principais Micoplasmoses 13

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) 13 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 13 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 14 Ceratoconjuntivite Infecciosa 15 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 15 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 15 Agalaxia Contagiosa 16 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 16 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 17

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses 19

Achados Epidemioloacutegicos e Cliacutenicos 19 Isolamento e Identificaccedilatildeo 19 Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicos 20 Anaacutelise Molecular 21 Reaccedilatildeo em Cadeia da Polimerase 21

Tratamento das Micoplasmoses 21

Controle e Profilaxia das Micoplasmoses 22

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

Micoplasmoses emPequenos Ruminantes

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraFrancisco Selmo Fernandes AlvesRaymundo Rizaldo PinheiroLea ChapavalAlice Andrioli Pinheiro

Introduccedilatildeo

Os micoplasmas satildeo organismos difundidos na natureza e acometem o homemmamiacuteferos reacutepteis peixes artroacutepodes e plantas Satildeo distinguidos de outrasbacteacuterias por seu tamanho diminuto e pela ausecircncia total de parede celular(Figura 1) A ausecircncia de parede celular eacute um fator de diferenciaccedilatildeo que leva agraveconstituiccedilatildeo dos micoplasmas em uma classe denominada de Mollicutes (dolatino mollis delicado e cutis parede) Usualmente utilizam-se de hospedeiros etecidos especiacuteficos provavelmente em decorrecircncia da sua exigecircncia nutricionalnatural e obrigaccedilatildeo do modelo de vida parasitaacuteria Satildeo primariamente encontra-dos em mucosas do trato respiratoacuterio e urogenital nos olhos no tubo digestivona glacircndula mamaacuteria e nas articulaccedilotildees (Razin et al 1998)

Economicamente as espeacutecies mais importantes relatadas para pequenos rumi-nantes satildeo classificadas como Mycoplasma mycoides cluster Este clusterconsiste dos seguintes exemplares M mycoides subespeacutecie mycoides smallcolony (colocircnias pequenas) M mycoides subespeacutecie mycoides large colony(colocircnias grandes) M mycoides subespeacutecie capri M capricolum subespeacuteciecapricolum M capricolum subespeacutecie capripneumoniae e sorogrupo bovino 7Aleacutem destas outras espeacutecies como o M agalactiae M conjunctivae Movipneumoniae e a cepa F38 (tambeacutem causadora de pleuropneumonia) exercemimportante papel para as espeacutecies caprina e ovina (DaMassa et al 1992Gutierrez et al 1999)

10 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

No Brasil estudos relataram a ocorrecircncia e a importacircncia da micoplasmoseprincipalmente na atual descriccedilatildeo da presenccedila da Agalaxia Contagiosa emcaprinos na regiatildeo nordeste (Nascimento et al 1986 Nascimento et al 2002)O primeiro relato de isolamento no Brasil de Mycoplasma ovipneumoniaeocorreu no Rio de Janeiro por Nascimento amp Nascimento no ano de 1982(Nascimento amp Nascimento 1984)

Fig 1 Microscopia de Mycoplasma mycoides subsp mycoides Small colony

O M mycoides subespeacutecie mycoides large colony e o M mycoides subespeacuteciecapri compartilham de muitas caracteriacutesticas soroloacutegicas antigecircnicas egenocircmicas sendo ambos associados a alta mortalidade em rebanhos caprinos(Gutierrez et al 1999)

As espeacutecies envolvidas nas infecccedilotildees em animais apresentam tropismo porleucoacutecitos polimorfonucleares e macroacutefagos A entrada do agente na ceacutelula dohospedeiro inicia-se pela ligaccedilatildeo do mesmo na superfiacutecie celular do animalEnfatiza-se que a localizaccedilatildeo intracelular por um curto periacuteodo de tempo torna-seum mecanismo de escape do patoacutegeno levando agrave proteccedilatildeo dos micoplasmascontra os efeitos do sistema imunoloacutegico e da accedilatildeo de antibioacuteticos o que dificultaa erradicaccedilatildeo dos micoplasmas em cultivos celulares infectados (cerca de 10 a87 dos cultivos celulares satildeo infectados por micoplasmas) determinandotambeacutem o estabelecimento de infecccedilotildees crocircnicas ou latentes (Razin et al 1998)

ww

wm

yc oplasma-expcom

11Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Os achados mais expressivos no que se refere aos micoplasmas satildeo asinteraccedilotildees destes com o sistema imune ativaccedilatildeo de macroacutefagos manifestaccedilotildeesautoimunes e componentes da ceacutelula micoplaacutesmica que atuam comosuperantiacutegenos A interaccedilatildeo com o sistema imune envolve a induccedilatildeo de reaccedilotildeesespeciacuteficas que incluem a produccedilatildeo de anticorpos de diferentes classes esubclasses opsonizaccedilatildeo e fagocitose dos organismos e reaccedilotildees natildeo especiacuteficas(Cassel et al 1985 Razin et al1998)

A habilidade dos micoplasmas em modular a resposta imune do hospedeirocontribui para suas propriedades patogecircnicas capacitando-os a suprimir osmecanismos de defesa e estabelecer uma infecccedilatildeo crocircnica persistente Potentestoxinas natildeo apresentam associaccedilatildeo com os micoplasmas Entretanto os produ-tos toacutexicos do metabolismo destes como peroacutexido de hidrogecircnio e radicaissuperoacutexidos tecircm sido incriminados como causa de danos oxidativos nasmembranas celulares dos hospedeiros (Wang et al 1993 Razin et al 1998)

Em pequenos ruminantes os micoplasmas satildeo associados a doenccedilas respiratoacuteri-as mastites artrites doenccedilas da esfera reprodutiva e lesotildees oculares (Tabela 1)Destacam-se entre estas enfermidades a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC) e a Agalaxia Contagiosa que satildeo designadas pela Organizaccedilatildeo Internaci-onal de Epizootias (OIE) como enfermidades da lista B pelo impacto econocircmicoque ocasionam nos rebanhos (Contagius2004 Nicholas 2002)

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmi-co das Micoplasmoses em Peque-nos Ruminantes no Brasil

As descriccedilotildees de micoplasmose caprina e ovina no Brasil datam de 1942quando ocorreu um surto de pleuropneumonia e mastite em caprinos no Estadode Satildeo Paulo A partir de entatildeo vaacuterias espeacutecies de micoplasmas foram isoladose identificados em nossos rebanhos determinando vaacuterios quadros cliacutenicos Em2001 diagnosticou-se atraveacutes do leite liacutequidos articulares e lavados de condutoauditivo externo a presenccedila do M agalactiae em caprinos procedentes daParaiacuteba e outras regiotildees do Nordeste ateacute entatildeo considerado inexistente noBrasil As perdas econocircmicas foram elevadas visto que o surto determinou umamorbidade (total de animais doentes no rebanho) de 100 mortalidade de532 e queda na produccedilatildeo de leite de 90 apesar da realizaccedilatildeo de tratamen-to com antibioacutetico (Azevedo et al 2002 Nascimento et al2002) Surto de

12 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ceratoconjuntivite infecciosa no Brasil tambeacutem foi relatado por Gregory et al(2003) no Estado de Satildeo Paulo onde 50 do rebanho estava acometido pelaenfermidade

Considerando-se que as micoplasmoses determinam altas morbidades nas suasmanifestaccedilotildees acometendo animais em diversas fases produtivas e alta mortali-dade na pleuropneumonia contagiosa subentende-se que as perdas econocircmicasestatildeo impliacutecitas nestes indicadores e que portanto a profilaxia e o controle daenfermidade direcionam o melhor caminho para minimizar o impacto econocircmiconegativo determinado pelas micoplasmoses

Espeacutecie Locais de IsolamentoTonsilas uacutebere articulaccedilotildees

M agalactiae ouvido externoolhos trato genital

M arginini Tonsilas trato respiratoacuterio olhosM auris Ouvido externoM bovis Pulmatildeo

M capricolum subesp Tonsilas uacutebere articulaccedilotildees tratocapricolum respiratoacuterio ouvido externo

M capricolum subesp Trato respiratoacuteriocapripneumoniaeM conjunctivae Olhos trato respiratoacuterio

M mycoides subesp capri Trato respiratoacuterioM mycoides subesp Tonsilas uacutebere

Articulaccedilotildees trato respiratoacuterioMycoides (LC SC) ouvido externo

(aacutecaros do ouvido) olhosM ovipneumoniae Tonsilas trato respiratoacuterio olhos

M putrefaciens Uacutebere articulaccedilotildeesouvido externo (aacutecaros)

M yeatsii Tonsilas pulmotildees uacutebere ouvido externo

Tabela 1 Espeacutecies de micoplasmas que acometem caprinos e ovinos e seuslocais usuais de isolamento

Fonte Nascimento (2003)

13Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Principais Micoplasmoses

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC)

A Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) foi primeiramente descrita naAlgeacuteria por Thomas em 1873 Na maioria dos casos os caprinos apresentavamapenas um dos pulmotildees acometido (McMartin et al 1980) A contagiosidadeda enfermidade natildeo foi inicialmente reconhecida por tratar-se na eacutepoca de umaenfermidade endecircmica em muitas regiotildees Ao passar do tempo a mesma foiestudada em virtude da ocorrecircncia de surtos reconhecendo-se posteriormentea alta contagiosidade da mesma (Nicholas 2002)

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da PPCC trata-se do Mycoplasma capricolum subespcapripneumoniae Entretanto outras espeacutecies tais como Mycoplasma mycoidessubesp mycoides Large Colony (LC) Mycoplasma mycoides subesp capriMycoplasma ovipneumoniae e Mycoplasma arginini tambeacutem podem estarenvolvidos (Martrenchard et al 1995) A mortalidade eacute variaacutevel de acordo coma espeacutecie de micoplasma envolvida na infecccedilatildeo pela variaccedilatildeo na patogenicidadeAs micoplamoses satildeo descritas em diferentes formas de evoluccedilatildeo nos pequenosruminantes aguda hiperaguda e crocircnica Na forma hiperaguda a morte ocorreentre trecircs a cinco dias na forma aguda o aparecimento dos sinais cliacutenicos podeocorrer entre 15 a 30 dias poacutes-infecccedilatildeo e a forma crocircnica assemelha-se agrave formaaguda da doenccedila ocorrendo neste caso resoluccedilatildeo pela encapsulaccedilatildeo da lesatildeoaguda determinando ou natildeo o teacutermino do processo infeccioso (Ojo et al 1980)

Animais de todas as idades e sexo podem ser acometidos A doenccedila aguda eacutemais observada em rebanhos natildeo acometidos de aacutereas recentemente afetadas Atransmissatildeo pode ocorrer tanto com a introduccedilatildeo de animais infectados em rebanhossusceptiacuteveis quanto no contato de animais sadios com secreccedilotildees contaminadas oudurante o acesso de tosse de animais infectados (Nicholas 2002)

A ocorrecircncia da pneumonia em ovinos e caprinos eacute influenciada por diversosfatores ambientais e de manejo ocorrendo a associaccedilatildeo de outros agentesinfecciosos juntamente com as espeacutecies de micoplasmas em concomitacircncia como estresse (Muumlller et al1998) Algumas espeacutecies como M capricolumcapripneumoniae apresentam alta patogenicidade levando ao agravamento dos

14 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

sinais cliacutenicos De forma contraacuteria o M ovipneumoniae eacute caracterizado pelobaixo poder patogecircnico entretanto pode alterar a atividade de macroacutefagosalveolares em ovinos sem que seja fagocitado permanecendo infectante noanimal (Niag et al 1997)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosO periacuteodo de incubaccedilatildeo geralmente eacute em torno de 10 dias podendo variar dedois a 28 dias Os primeiros sinais cliacutenicos observados satildeo dificuldade nalocomoccedilatildeo e febre (variaccedilotildees entre 410C e 420C) embora os animais continuemse alimentando e ruminando Posteriormente satildeo observados sinais de dispneacuteiaepisoacutedios de tosse corrimentos nasais mucopurulentos e salivaccedilatildeo intensa Nafase terminal o animal natildeo se locomove e vem agrave oacutebito Nas formas subagudas ecrocircnicas os sinais cliacutenicos satildeo verificados apenas quando os animais satildeosubmetidos a condiccedilotildees de exerciacutecio

As lesotildees patoloacutegicas satildeo localizadas principalmente nos pulmotildees e na pleuradenominando-se de pleuropneumonia normalmente com ocorrecircncia de hepatizaccedilatildeounilateral pleurite e acuacutemulo de liacutequido pleural A pleura em muitos casos estaacuteaderida ao diafragma pericaacuterdio e caixa toraacutecica O exsudato pleural pode sersolidificado em forma gelatinosa (fibrina) (Figura 2) revestindo os pulmotildees

Fig 2 Aderecircncia de fibrina (seta) em pulmatildeo de caprino lobo cardiacuteaco

Embrapa C

aprinos

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

copy Embrapa 2004

Exemplares desta publicaccedilatildeo podem ser adquiridos na

Embrapa CaprinosEstrada SobralGroaiacuteras Km 04 Caixa Postal D 10CEP 62011-970 - SobralCEFone(0xx88) 3677-7000Fax(0xx88) 3677-7055Home page httpwwwcnpcembrapabrE-mail saccnpcembrapabr

Comitecirc de Publicaccedilotildees

Presidente Eneas Reis LeiteSecretaacuterio-Executivo Ana Clara Rodrigues CavalcanteMembros Expedito Aguiar Lopes

Joseacute Ubiraci Alves Tacircnia Maria Chaves Campecirclo

Supervisor editorial Alexandre Ceacutesar Silva MarinhoRevisor gramatical Joseacute Ubiraci AlvesNormalizaccedilatildeo bibliograacutefica Tacircnia Maria Chaves CampeloFoto(s) da capa Arquivos da Embrapa CaprinosEditoraccedilatildeo eletrocircnica Alexandre Ceacutesar Silva Marinho

1a ediccedilatildeo1a impressatildeo (2004) 300 exemplares

Todos os direitos reservadosA reproduccedilatildeo natildeo-autorizada desta publicaccedilatildeo no todo ou em parte constitui violaccedilatildeodos direitos autorais (Lei no 9610)

CDD 63639089

Micoplasmoses em pequenos ruminantes Andreacutea Alice da Fonseca Oliveira [et al] Sobral Embrapa Caprinos 200429 p il (Documentos Embrapa Caprinos ISSN 1676-7659 53)

1 Doenccedila animal Micoplasmose Caprino 2 Doenccedila animal Micoplasmose Ovino 3 Ovino Micoplasmose 4 Caprino Micoplasmose I Oliveira Andreacutea Alice da Fonseca II Embrapa Caprinos IIITiacutetulo IV Seacuterie

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraMeacuted Vet DSc em Medicina VeterinaacuteriaEmbrapa Caprinos Estrada SobralGroaiacuteras Km 04Caixa Postal - D10 CEP - 62011-970 - SobralCEEmbrapa Caprinosandreacnpcembrapabr

Francisco Selmo Fernandes AlvesMeacuted Vet DSc em Microbiologia Veterinaacuteriaselmocnpcembrapabr

Raymundo Rizaldo PinheiroMeacuted Vet DSc em Ciecircncia AnimalEmbrapa Caprinosrizaldocnpcembrapabr

Lea ChapavalMeacuted Vet DSc em CiecircnciaEmbrapa Caprinosleacnpcembrapabr

Alice Andrioli PinheiroMeacuted Vet DSc em Ciecircncia AnimalEmbrapa Caprinosalicecnpcembrapabr

Autores

Apresentaccedilatildeo

Os caprinos e ovinos representam um importante segmento da pecuaacuteria nordesti-na gerando fonte de renda e constituindo a base alimentar para o homem docampo A abordagem de enfermidades que acometem estas espeacutecies eacute defundamental importacircncia para o criador permitindo uma terapecircutica adequadabem como medidas de controle e profilaxia especiacuteficas impedindo desse modoa disseminaccedilatildeo das doenccedilas para outros animais

O conhecimento sobre os aspectos epidemioloacutegicos as manifestaccedilotildees cliacutenicas otratamento adequado as formas de diagnoacutestico e as medidas de controle eprofilaxia que impeccedilam a disseminaccedilatildeo das enfermidades satildeo de caraacuteter funda-mental pois uma vez instaladas torna-se muito difiacutecil o seu controle e a elimina-ccedilatildeo de possiacuteveis portadores do agente

O presente documento refere-se a um importante complexo de enfermidadesinseridas na sanidade de caprinos e ovinos as micoplasmoses Elaborado deforma didaacutetica este documento poderaacute ser utilizado como fonte de conhecimentopara teacutecnicos e produtores de pequenos ruminantes bem como fonte de consul-ta para profissionais e acadecircmicos de Medicina Veterinaacuteria

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraPesquisadora

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo 09

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmico das Micoplasmosesem Pequenos Ruminantes no Brasil 11

Principais Micoplasmoses 13

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) 13 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 13 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 14 Ceratoconjuntivite Infecciosa 15 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 15 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 15 Agalaxia Contagiosa 16 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 16 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 17

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses 19

Achados Epidemioloacutegicos e Cliacutenicos 19 Isolamento e Identificaccedilatildeo 19 Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicos 20 Anaacutelise Molecular 21 Reaccedilatildeo em Cadeia da Polimerase 21

Tratamento das Micoplasmoses 21

Controle e Profilaxia das Micoplasmoses 22

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

Micoplasmoses emPequenos Ruminantes

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraFrancisco Selmo Fernandes AlvesRaymundo Rizaldo PinheiroLea ChapavalAlice Andrioli Pinheiro

Introduccedilatildeo

Os micoplasmas satildeo organismos difundidos na natureza e acometem o homemmamiacuteferos reacutepteis peixes artroacutepodes e plantas Satildeo distinguidos de outrasbacteacuterias por seu tamanho diminuto e pela ausecircncia total de parede celular(Figura 1) A ausecircncia de parede celular eacute um fator de diferenciaccedilatildeo que leva agraveconstituiccedilatildeo dos micoplasmas em uma classe denominada de Mollicutes (dolatino mollis delicado e cutis parede) Usualmente utilizam-se de hospedeiros etecidos especiacuteficos provavelmente em decorrecircncia da sua exigecircncia nutricionalnatural e obrigaccedilatildeo do modelo de vida parasitaacuteria Satildeo primariamente encontra-dos em mucosas do trato respiratoacuterio e urogenital nos olhos no tubo digestivona glacircndula mamaacuteria e nas articulaccedilotildees (Razin et al 1998)

Economicamente as espeacutecies mais importantes relatadas para pequenos rumi-nantes satildeo classificadas como Mycoplasma mycoides cluster Este clusterconsiste dos seguintes exemplares M mycoides subespeacutecie mycoides smallcolony (colocircnias pequenas) M mycoides subespeacutecie mycoides large colony(colocircnias grandes) M mycoides subespeacutecie capri M capricolum subespeacuteciecapricolum M capricolum subespeacutecie capripneumoniae e sorogrupo bovino 7Aleacutem destas outras espeacutecies como o M agalactiae M conjunctivae Movipneumoniae e a cepa F38 (tambeacutem causadora de pleuropneumonia) exercemimportante papel para as espeacutecies caprina e ovina (DaMassa et al 1992Gutierrez et al 1999)

10 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

No Brasil estudos relataram a ocorrecircncia e a importacircncia da micoplasmoseprincipalmente na atual descriccedilatildeo da presenccedila da Agalaxia Contagiosa emcaprinos na regiatildeo nordeste (Nascimento et al 1986 Nascimento et al 2002)O primeiro relato de isolamento no Brasil de Mycoplasma ovipneumoniaeocorreu no Rio de Janeiro por Nascimento amp Nascimento no ano de 1982(Nascimento amp Nascimento 1984)

Fig 1 Microscopia de Mycoplasma mycoides subsp mycoides Small colony

O M mycoides subespeacutecie mycoides large colony e o M mycoides subespeacuteciecapri compartilham de muitas caracteriacutesticas soroloacutegicas antigecircnicas egenocircmicas sendo ambos associados a alta mortalidade em rebanhos caprinos(Gutierrez et al 1999)

As espeacutecies envolvidas nas infecccedilotildees em animais apresentam tropismo porleucoacutecitos polimorfonucleares e macroacutefagos A entrada do agente na ceacutelula dohospedeiro inicia-se pela ligaccedilatildeo do mesmo na superfiacutecie celular do animalEnfatiza-se que a localizaccedilatildeo intracelular por um curto periacuteodo de tempo torna-seum mecanismo de escape do patoacutegeno levando agrave proteccedilatildeo dos micoplasmascontra os efeitos do sistema imunoloacutegico e da accedilatildeo de antibioacuteticos o que dificultaa erradicaccedilatildeo dos micoplasmas em cultivos celulares infectados (cerca de 10 a87 dos cultivos celulares satildeo infectados por micoplasmas) determinandotambeacutem o estabelecimento de infecccedilotildees crocircnicas ou latentes (Razin et al 1998)

ww

wm

yc oplasma-expcom

11Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Os achados mais expressivos no que se refere aos micoplasmas satildeo asinteraccedilotildees destes com o sistema imune ativaccedilatildeo de macroacutefagos manifestaccedilotildeesautoimunes e componentes da ceacutelula micoplaacutesmica que atuam comosuperantiacutegenos A interaccedilatildeo com o sistema imune envolve a induccedilatildeo de reaccedilotildeesespeciacuteficas que incluem a produccedilatildeo de anticorpos de diferentes classes esubclasses opsonizaccedilatildeo e fagocitose dos organismos e reaccedilotildees natildeo especiacuteficas(Cassel et al 1985 Razin et al1998)

A habilidade dos micoplasmas em modular a resposta imune do hospedeirocontribui para suas propriedades patogecircnicas capacitando-os a suprimir osmecanismos de defesa e estabelecer uma infecccedilatildeo crocircnica persistente Potentestoxinas natildeo apresentam associaccedilatildeo com os micoplasmas Entretanto os produ-tos toacutexicos do metabolismo destes como peroacutexido de hidrogecircnio e radicaissuperoacutexidos tecircm sido incriminados como causa de danos oxidativos nasmembranas celulares dos hospedeiros (Wang et al 1993 Razin et al 1998)

Em pequenos ruminantes os micoplasmas satildeo associados a doenccedilas respiratoacuteri-as mastites artrites doenccedilas da esfera reprodutiva e lesotildees oculares (Tabela 1)Destacam-se entre estas enfermidades a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC) e a Agalaxia Contagiosa que satildeo designadas pela Organizaccedilatildeo Internaci-onal de Epizootias (OIE) como enfermidades da lista B pelo impacto econocircmicoque ocasionam nos rebanhos (Contagius2004 Nicholas 2002)

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmi-co das Micoplasmoses em Peque-nos Ruminantes no Brasil

As descriccedilotildees de micoplasmose caprina e ovina no Brasil datam de 1942quando ocorreu um surto de pleuropneumonia e mastite em caprinos no Estadode Satildeo Paulo A partir de entatildeo vaacuterias espeacutecies de micoplasmas foram isoladose identificados em nossos rebanhos determinando vaacuterios quadros cliacutenicos Em2001 diagnosticou-se atraveacutes do leite liacutequidos articulares e lavados de condutoauditivo externo a presenccedila do M agalactiae em caprinos procedentes daParaiacuteba e outras regiotildees do Nordeste ateacute entatildeo considerado inexistente noBrasil As perdas econocircmicas foram elevadas visto que o surto determinou umamorbidade (total de animais doentes no rebanho) de 100 mortalidade de532 e queda na produccedilatildeo de leite de 90 apesar da realizaccedilatildeo de tratamen-to com antibioacutetico (Azevedo et al 2002 Nascimento et al2002) Surto de

12 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ceratoconjuntivite infecciosa no Brasil tambeacutem foi relatado por Gregory et al(2003) no Estado de Satildeo Paulo onde 50 do rebanho estava acometido pelaenfermidade

Considerando-se que as micoplasmoses determinam altas morbidades nas suasmanifestaccedilotildees acometendo animais em diversas fases produtivas e alta mortali-dade na pleuropneumonia contagiosa subentende-se que as perdas econocircmicasestatildeo impliacutecitas nestes indicadores e que portanto a profilaxia e o controle daenfermidade direcionam o melhor caminho para minimizar o impacto econocircmiconegativo determinado pelas micoplasmoses

Espeacutecie Locais de IsolamentoTonsilas uacutebere articulaccedilotildees

M agalactiae ouvido externoolhos trato genital

M arginini Tonsilas trato respiratoacuterio olhosM auris Ouvido externoM bovis Pulmatildeo

M capricolum subesp Tonsilas uacutebere articulaccedilotildees tratocapricolum respiratoacuterio ouvido externo

M capricolum subesp Trato respiratoacuteriocapripneumoniaeM conjunctivae Olhos trato respiratoacuterio

M mycoides subesp capri Trato respiratoacuterioM mycoides subesp Tonsilas uacutebere

Articulaccedilotildees trato respiratoacuterioMycoides (LC SC) ouvido externo

(aacutecaros do ouvido) olhosM ovipneumoniae Tonsilas trato respiratoacuterio olhos

M putrefaciens Uacutebere articulaccedilotildeesouvido externo (aacutecaros)

M yeatsii Tonsilas pulmotildees uacutebere ouvido externo

Tabela 1 Espeacutecies de micoplasmas que acometem caprinos e ovinos e seuslocais usuais de isolamento

Fonte Nascimento (2003)

13Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Principais Micoplasmoses

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC)

A Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) foi primeiramente descrita naAlgeacuteria por Thomas em 1873 Na maioria dos casos os caprinos apresentavamapenas um dos pulmotildees acometido (McMartin et al 1980) A contagiosidadeda enfermidade natildeo foi inicialmente reconhecida por tratar-se na eacutepoca de umaenfermidade endecircmica em muitas regiotildees Ao passar do tempo a mesma foiestudada em virtude da ocorrecircncia de surtos reconhecendo-se posteriormentea alta contagiosidade da mesma (Nicholas 2002)

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da PPCC trata-se do Mycoplasma capricolum subespcapripneumoniae Entretanto outras espeacutecies tais como Mycoplasma mycoidessubesp mycoides Large Colony (LC) Mycoplasma mycoides subesp capriMycoplasma ovipneumoniae e Mycoplasma arginini tambeacutem podem estarenvolvidos (Martrenchard et al 1995) A mortalidade eacute variaacutevel de acordo coma espeacutecie de micoplasma envolvida na infecccedilatildeo pela variaccedilatildeo na patogenicidadeAs micoplamoses satildeo descritas em diferentes formas de evoluccedilatildeo nos pequenosruminantes aguda hiperaguda e crocircnica Na forma hiperaguda a morte ocorreentre trecircs a cinco dias na forma aguda o aparecimento dos sinais cliacutenicos podeocorrer entre 15 a 30 dias poacutes-infecccedilatildeo e a forma crocircnica assemelha-se agrave formaaguda da doenccedila ocorrendo neste caso resoluccedilatildeo pela encapsulaccedilatildeo da lesatildeoaguda determinando ou natildeo o teacutermino do processo infeccioso (Ojo et al 1980)

Animais de todas as idades e sexo podem ser acometidos A doenccedila aguda eacutemais observada em rebanhos natildeo acometidos de aacutereas recentemente afetadas Atransmissatildeo pode ocorrer tanto com a introduccedilatildeo de animais infectados em rebanhossusceptiacuteveis quanto no contato de animais sadios com secreccedilotildees contaminadas oudurante o acesso de tosse de animais infectados (Nicholas 2002)

A ocorrecircncia da pneumonia em ovinos e caprinos eacute influenciada por diversosfatores ambientais e de manejo ocorrendo a associaccedilatildeo de outros agentesinfecciosos juntamente com as espeacutecies de micoplasmas em concomitacircncia como estresse (Muumlller et al1998) Algumas espeacutecies como M capricolumcapripneumoniae apresentam alta patogenicidade levando ao agravamento dos

14 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

sinais cliacutenicos De forma contraacuteria o M ovipneumoniae eacute caracterizado pelobaixo poder patogecircnico entretanto pode alterar a atividade de macroacutefagosalveolares em ovinos sem que seja fagocitado permanecendo infectante noanimal (Niag et al 1997)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosO periacuteodo de incubaccedilatildeo geralmente eacute em torno de 10 dias podendo variar dedois a 28 dias Os primeiros sinais cliacutenicos observados satildeo dificuldade nalocomoccedilatildeo e febre (variaccedilotildees entre 410C e 420C) embora os animais continuemse alimentando e ruminando Posteriormente satildeo observados sinais de dispneacuteiaepisoacutedios de tosse corrimentos nasais mucopurulentos e salivaccedilatildeo intensa Nafase terminal o animal natildeo se locomove e vem agrave oacutebito Nas formas subagudas ecrocircnicas os sinais cliacutenicos satildeo verificados apenas quando os animais satildeosubmetidos a condiccedilotildees de exerciacutecio

As lesotildees patoloacutegicas satildeo localizadas principalmente nos pulmotildees e na pleuradenominando-se de pleuropneumonia normalmente com ocorrecircncia de hepatizaccedilatildeounilateral pleurite e acuacutemulo de liacutequido pleural A pleura em muitos casos estaacuteaderida ao diafragma pericaacuterdio e caixa toraacutecica O exsudato pleural pode sersolidificado em forma gelatinosa (fibrina) (Figura 2) revestindo os pulmotildees

Fig 2 Aderecircncia de fibrina (seta) em pulmatildeo de caprino lobo cardiacuteaco

Embrapa C

aprinos

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraMeacuted Vet DSc em Medicina VeterinaacuteriaEmbrapa Caprinos Estrada SobralGroaiacuteras Km 04Caixa Postal - D10 CEP - 62011-970 - SobralCEEmbrapa Caprinosandreacnpcembrapabr

Francisco Selmo Fernandes AlvesMeacuted Vet DSc em Microbiologia Veterinaacuteriaselmocnpcembrapabr

Raymundo Rizaldo PinheiroMeacuted Vet DSc em Ciecircncia AnimalEmbrapa Caprinosrizaldocnpcembrapabr

Lea ChapavalMeacuted Vet DSc em CiecircnciaEmbrapa Caprinosleacnpcembrapabr

Alice Andrioli PinheiroMeacuted Vet DSc em Ciecircncia AnimalEmbrapa Caprinosalicecnpcembrapabr

Autores

Apresentaccedilatildeo

Os caprinos e ovinos representam um importante segmento da pecuaacuteria nordesti-na gerando fonte de renda e constituindo a base alimentar para o homem docampo A abordagem de enfermidades que acometem estas espeacutecies eacute defundamental importacircncia para o criador permitindo uma terapecircutica adequadabem como medidas de controle e profilaxia especiacuteficas impedindo desse modoa disseminaccedilatildeo das doenccedilas para outros animais

O conhecimento sobre os aspectos epidemioloacutegicos as manifestaccedilotildees cliacutenicas otratamento adequado as formas de diagnoacutestico e as medidas de controle eprofilaxia que impeccedilam a disseminaccedilatildeo das enfermidades satildeo de caraacuteter funda-mental pois uma vez instaladas torna-se muito difiacutecil o seu controle e a elimina-ccedilatildeo de possiacuteveis portadores do agente

O presente documento refere-se a um importante complexo de enfermidadesinseridas na sanidade de caprinos e ovinos as micoplasmoses Elaborado deforma didaacutetica este documento poderaacute ser utilizado como fonte de conhecimentopara teacutecnicos e produtores de pequenos ruminantes bem como fonte de consul-ta para profissionais e acadecircmicos de Medicina Veterinaacuteria

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraPesquisadora

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo 09

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmico das Micoplasmosesem Pequenos Ruminantes no Brasil 11

Principais Micoplasmoses 13

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) 13 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 13 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 14 Ceratoconjuntivite Infecciosa 15 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 15 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 15 Agalaxia Contagiosa 16 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 16 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 17

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses 19

Achados Epidemioloacutegicos e Cliacutenicos 19 Isolamento e Identificaccedilatildeo 19 Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicos 20 Anaacutelise Molecular 21 Reaccedilatildeo em Cadeia da Polimerase 21

Tratamento das Micoplasmoses 21

Controle e Profilaxia das Micoplasmoses 22

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

Micoplasmoses emPequenos Ruminantes

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraFrancisco Selmo Fernandes AlvesRaymundo Rizaldo PinheiroLea ChapavalAlice Andrioli Pinheiro

Introduccedilatildeo

Os micoplasmas satildeo organismos difundidos na natureza e acometem o homemmamiacuteferos reacutepteis peixes artroacutepodes e plantas Satildeo distinguidos de outrasbacteacuterias por seu tamanho diminuto e pela ausecircncia total de parede celular(Figura 1) A ausecircncia de parede celular eacute um fator de diferenciaccedilatildeo que leva agraveconstituiccedilatildeo dos micoplasmas em uma classe denominada de Mollicutes (dolatino mollis delicado e cutis parede) Usualmente utilizam-se de hospedeiros etecidos especiacuteficos provavelmente em decorrecircncia da sua exigecircncia nutricionalnatural e obrigaccedilatildeo do modelo de vida parasitaacuteria Satildeo primariamente encontra-dos em mucosas do trato respiratoacuterio e urogenital nos olhos no tubo digestivona glacircndula mamaacuteria e nas articulaccedilotildees (Razin et al 1998)

Economicamente as espeacutecies mais importantes relatadas para pequenos rumi-nantes satildeo classificadas como Mycoplasma mycoides cluster Este clusterconsiste dos seguintes exemplares M mycoides subespeacutecie mycoides smallcolony (colocircnias pequenas) M mycoides subespeacutecie mycoides large colony(colocircnias grandes) M mycoides subespeacutecie capri M capricolum subespeacuteciecapricolum M capricolum subespeacutecie capripneumoniae e sorogrupo bovino 7Aleacutem destas outras espeacutecies como o M agalactiae M conjunctivae Movipneumoniae e a cepa F38 (tambeacutem causadora de pleuropneumonia) exercemimportante papel para as espeacutecies caprina e ovina (DaMassa et al 1992Gutierrez et al 1999)

10 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

No Brasil estudos relataram a ocorrecircncia e a importacircncia da micoplasmoseprincipalmente na atual descriccedilatildeo da presenccedila da Agalaxia Contagiosa emcaprinos na regiatildeo nordeste (Nascimento et al 1986 Nascimento et al 2002)O primeiro relato de isolamento no Brasil de Mycoplasma ovipneumoniaeocorreu no Rio de Janeiro por Nascimento amp Nascimento no ano de 1982(Nascimento amp Nascimento 1984)

Fig 1 Microscopia de Mycoplasma mycoides subsp mycoides Small colony

O M mycoides subespeacutecie mycoides large colony e o M mycoides subespeacuteciecapri compartilham de muitas caracteriacutesticas soroloacutegicas antigecircnicas egenocircmicas sendo ambos associados a alta mortalidade em rebanhos caprinos(Gutierrez et al 1999)

As espeacutecies envolvidas nas infecccedilotildees em animais apresentam tropismo porleucoacutecitos polimorfonucleares e macroacutefagos A entrada do agente na ceacutelula dohospedeiro inicia-se pela ligaccedilatildeo do mesmo na superfiacutecie celular do animalEnfatiza-se que a localizaccedilatildeo intracelular por um curto periacuteodo de tempo torna-seum mecanismo de escape do patoacutegeno levando agrave proteccedilatildeo dos micoplasmascontra os efeitos do sistema imunoloacutegico e da accedilatildeo de antibioacuteticos o que dificultaa erradicaccedilatildeo dos micoplasmas em cultivos celulares infectados (cerca de 10 a87 dos cultivos celulares satildeo infectados por micoplasmas) determinandotambeacutem o estabelecimento de infecccedilotildees crocircnicas ou latentes (Razin et al 1998)

ww

wm

yc oplasma-expcom

11Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Os achados mais expressivos no que se refere aos micoplasmas satildeo asinteraccedilotildees destes com o sistema imune ativaccedilatildeo de macroacutefagos manifestaccedilotildeesautoimunes e componentes da ceacutelula micoplaacutesmica que atuam comosuperantiacutegenos A interaccedilatildeo com o sistema imune envolve a induccedilatildeo de reaccedilotildeesespeciacuteficas que incluem a produccedilatildeo de anticorpos de diferentes classes esubclasses opsonizaccedilatildeo e fagocitose dos organismos e reaccedilotildees natildeo especiacuteficas(Cassel et al 1985 Razin et al1998)

A habilidade dos micoplasmas em modular a resposta imune do hospedeirocontribui para suas propriedades patogecircnicas capacitando-os a suprimir osmecanismos de defesa e estabelecer uma infecccedilatildeo crocircnica persistente Potentestoxinas natildeo apresentam associaccedilatildeo com os micoplasmas Entretanto os produ-tos toacutexicos do metabolismo destes como peroacutexido de hidrogecircnio e radicaissuperoacutexidos tecircm sido incriminados como causa de danos oxidativos nasmembranas celulares dos hospedeiros (Wang et al 1993 Razin et al 1998)

Em pequenos ruminantes os micoplasmas satildeo associados a doenccedilas respiratoacuteri-as mastites artrites doenccedilas da esfera reprodutiva e lesotildees oculares (Tabela 1)Destacam-se entre estas enfermidades a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC) e a Agalaxia Contagiosa que satildeo designadas pela Organizaccedilatildeo Internaci-onal de Epizootias (OIE) como enfermidades da lista B pelo impacto econocircmicoque ocasionam nos rebanhos (Contagius2004 Nicholas 2002)

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmi-co das Micoplasmoses em Peque-nos Ruminantes no Brasil

As descriccedilotildees de micoplasmose caprina e ovina no Brasil datam de 1942quando ocorreu um surto de pleuropneumonia e mastite em caprinos no Estadode Satildeo Paulo A partir de entatildeo vaacuterias espeacutecies de micoplasmas foram isoladose identificados em nossos rebanhos determinando vaacuterios quadros cliacutenicos Em2001 diagnosticou-se atraveacutes do leite liacutequidos articulares e lavados de condutoauditivo externo a presenccedila do M agalactiae em caprinos procedentes daParaiacuteba e outras regiotildees do Nordeste ateacute entatildeo considerado inexistente noBrasil As perdas econocircmicas foram elevadas visto que o surto determinou umamorbidade (total de animais doentes no rebanho) de 100 mortalidade de532 e queda na produccedilatildeo de leite de 90 apesar da realizaccedilatildeo de tratamen-to com antibioacutetico (Azevedo et al 2002 Nascimento et al2002) Surto de

12 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ceratoconjuntivite infecciosa no Brasil tambeacutem foi relatado por Gregory et al(2003) no Estado de Satildeo Paulo onde 50 do rebanho estava acometido pelaenfermidade

Considerando-se que as micoplasmoses determinam altas morbidades nas suasmanifestaccedilotildees acometendo animais em diversas fases produtivas e alta mortali-dade na pleuropneumonia contagiosa subentende-se que as perdas econocircmicasestatildeo impliacutecitas nestes indicadores e que portanto a profilaxia e o controle daenfermidade direcionam o melhor caminho para minimizar o impacto econocircmiconegativo determinado pelas micoplasmoses

Espeacutecie Locais de IsolamentoTonsilas uacutebere articulaccedilotildees

M agalactiae ouvido externoolhos trato genital

M arginini Tonsilas trato respiratoacuterio olhosM auris Ouvido externoM bovis Pulmatildeo

M capricolum subesp Tonsilas uacutebere articulaccedilotildees tratocapricolum respiratoacuterio ouvido externo

M capricolum subesp Trato respiratoacuteriocapripneumoniaeM conjunctivae Olhos trato respiratoacuterio

M mycoides subesp capri Trato respiratoacuterioM mycoides subesp Tonsilas uacutebere

Articulaccedilotildees trato respiratoacuterioMycoides (LC SC) ouvido externo

(aacutecaros do ouvido) olhosM ovipneumoniae Tonsilas trato respiratoacuterio olhos

M putrefaciens Uacutebere articulaccedilotildeesouvido externo (aacutecaros)

M yeatsii Tonsilas pulmotildees uacutebere ouvido externo

Tabela 1 Espeacutecies de micoplasmas que acometem caprinos e ovinos e seuslocais usuais de isolamento

Fonte Nascimento (2003)

13Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Principais Micoplasmoses

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC)

A Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) foi primeiramente descrita naAlgeacuteria por Thomas em 1873 Na maioria dos casos os caprinos apresentavamapenas um dos pulmotildees acometido (McMartin et al 1980) A contagiosidadeda enfermidade natildeo foi inicialmente reconhecida por tratar-se na eacutepoca de umaenfermidade endecircmica em muitas regiotildees Ao passar do tempo a mesma foiestudada em virtude da ocorrecircncia de surtos reconhecendo-se posteriormentea alta contagiosidade da mesma (Nicholas 2002)

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da PPCC trata-se do Mycoplasma capricolum subespcapripneumoniae Entretanto outras espeacutecies tais como Mycoplasma mycoidessubesp mycoides Large Colony (LC) Mycoplasma mycoides subesp capriMycoplasma ovipneumoniae e Mycoplasma arginini tambeacutem podem estarenvolvidos (Martrenchard et al 1995) A mortalidade eacute variaacutevel de acordo coma espeacutecie de micoplasma envolvida na infecccedilatildeo pela variaccedilatildeo na patogenicidadeAs micoplamoses satildeo descritas em diferentes formas de evoluccedilatildeo nos pequenosruminantes aguda hiperaguda e crocircnica Na forma hiperaguda a morte ocorreentre trecircs a cinco dias na forma aguda o aparecimento dos sinais cliacutenicos podeocorrer entre 15 a 30 dias poacutes-infecccedilatildeo e a forma crocircnica assemelha-se agrave formaaguda da doenccedila ocorrendo neste caso resoluccedilatildeo pela encapsulaccedilatildeo da lesatildeoaguda determinando ou natildeo o teacutermino do processo infeccioso (Ojo et al 1980)

Animais de todas as idades e sexo podem ser acometidos A doenccedila aguda eacutemais observada em rebanhos natildeo acometidos de aacutereas recentemente afetadas Atransmissatildeo pode ocorrer tanto com a introduccedilatildeo de animais infectados em rebanhossusceptiacuteveis quanto no contato de animais sadios com secreccedilotildees contaminadas oudurante o acesso de tosse de animais infectados (Nicholas 2002)

A ocorrecircncia da pneumonia em ovinos e caprinos eacute influenciada por diversosfatores ambientais e de manejo ocorrendo a associaccedilatildeo de outros agentesinfecciosos juntamente com as espeacutecies de micoplasmas em concomitacircncia como estresse (Muumlller et al1998) Algumas espeacutecies como M capricolumcapripneumoniae apresentam alta patogenicidade levando ao agravamento dos

14 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

sinais cliacutenicos De forma contraacuteria o M ovipneumoniae eacute caracterizado pelobaixo poder patogecircnico entretanto pode alterar a atividade de macroacutefagosalveolares em ovinos sem que seja fagocitado permanecendo infectante noanimal (Niag et al 1997)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosO periacuteodo de incubaccedilatildeo geralmente eacute em torno de 10 dias podendo variar dedois a 28 dias Os primeiros sinais cliacutenicos observados satildeo dificuldade nalocomoccedilatildeo e febre (variaccedilotildees entre 410C e 420C) embora os animais continuemse alimentando e ruminando Posteriormente satildeo observados sinais de dispneacuteiaepisoacutedios de tosse corrimentos nasais mucopurulentos e salivaccedilatildeo intensa Nafase terminal o animal natildeo se locomove e vem agrave oacutebito Nas formas subagudas ecrocircnicas os sinais cliacutenicos satildeo verificados apenas quando os animais satildeosubmetidos a condiccedilotildees de exerciacutecio

As lesotildees patoloacutegicas satildeo localizadas principalmente nos pulmotildees e na pleuradenominando-se de pleuropneumonia normalmente com ocorrecircncia de hepatizaccedilatildeounilateral pleurite e acuacutemulo de liacutequido pleural A pleura em muitos casos estaacuteaderida ao diafragma pericaacuterdio e caixa toraacutecica O exsudato pleural pode sersolidificado em forma gelatinosa (fibrina) (Figura 2) revestindo os pulmotildees

Fig 2 Aderecircncia de fibrina (seta) em pulmatildeo de caprino lobo cardiacuteaco

Embrapa C

aprinos

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

Apresentaccedilatildeo

Os caprinos e ovinos representam um importante segmento da pecuaacuteria nordesti-na gerando fonte de renda e constituindo a base alimentar para o homem docampo A abordagem de enfermidades que acometem estas espeacutecies eacute defundamental importacircncia para o criador permitindo uma terapecircutica adequadabem como medidas de controle e profilaxia especiacuteficas impedindo desse modoa disseminaccedilatildeo das doenccedilas para outros animais

O conhecimento sobre os aspectos epidemioloacutegicos as manifestaccedilotildees cliacutenicas otratamento adequado as formas de diagnoacutestico e as medidas de controle eprofilaxia que impeccedilam a disseminaccedilatildeo das enfermidades satildeo de caraacuteter funda-mental pois uma vez instaladas torna-se muito difiacutecil o seu controle e a elimina-ccedilatildeo de possiacuteveis portadores do agente

O presente documento refere-se a um importante complexo de enfermidadesinseridas na sanidade de caprinos e ovinos as micoplasmoses Elaborado deforma didaacutetica este documento poderaacute ser utilizado como fonte de conhecimentopara teacutecnicos e produtores de pequenos ruminantes bem como fonte de consul-ta para profissionais e acadecircmicos de Medicina Veterinaacuteria

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraPesquisadora

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo 09

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmico das Micoplasmosesem Pequenos Ruminantes no Brasil 11

Principais Micoplasmoses 13

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) 13 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 13 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 14 Ceratoconjuntivite Infecciosa 15 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 15 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 15 Agalaxia Contagiosa 16 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 16 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 17

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses 19

Achados Epidemioloacutegicos e Cliacutenicos 19 Isolamento e Identificaccedilatildeo 19 Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicos 20 Anaacutelise Molecular 21 Reaccedilatildeo em Cadeia da Polimerase 21

Tratamento das Micoplasmoses 21

Controle e Profilaxia das Micoplasmoses 22

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

Micoplasmoses emPequenos Ruminantes

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraFrancisco Selmo Fernandes AlvesRaymundo Rizaldo PinheiroLea ChapavalAlice Andrioli Pinheiro

Introduccedilatildeo

Os micoplasmas satildeo organismos difundidos na natureza e acometem o homemmamiacuteferos reacutepteis peixes artroacutepodes e plantas Satildeo distinguidos de outrasbacteacuterias por seu tamanho diminuto e pela ausecircncia total de parede celular(Figura 1) A ausecircncia de parede celular eacute um fator de diferenciaccedilatildeo que leva agraveconstituiccedilatildeo dos micoplasmas em uma classe denominada de Mollicutes (dolatino mollis delicado e cutis parede) Usualmente utilizam-se de hospedeiros etecidos especiacuteficos provavelmente em decorrecircncia da sua exigecircncia nutricionalnatural e obrigaccedilatildeo do modelo de vida parasitaacuteria Satildeo primariamente encontra-dos em mucosas do trato respiratoacuterio e urogenital nos olhos no tubo digestivona glacircndula mamaacuteria e nas articulaccedilotildees (Razin et al 1998)

Economicamente as espeacutecies mais importantes relatadas para pequenos rumi-nantes satildeo classificadas como Mycoplasma mycoides cluster Este clusterconsiste dos seguintes exemplares M mycoides subespeacutecie mycoides smallcolony (colocircnias pequenas) M mycoides subespeacutecie mycoides large colony(colocircnias grandes) M mycoides subespeacutecie capri M capricolum subespeacuteciecapricolum M capricolum subespeacutecie capripneumoniae e sorogrupo bovino 7Aleacutem destas outras espeacutecies como o M agalactiae M conjunctivae Movipneumoniae e a cepa F38 (tambeacutem causadora de pleuropneumonia) exercemimportante papel para as espeacutecies caprina e ovina (DaMassa et al 1992Gutierrez et al 1999)

10 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

No Brasil estudos relataram a ocorrecircncia e a importacircncia da micoplasmoseprincipalmente na atual descriccedilatildeo da presenccedila da Agalaxia Contagiosa emcaprinos na regiatildeo nordeste (Nascimento et al 1986 Nascimento et al 2002)O primeiro relato de isolamento no Brasil de Mycoplasma ovipneumoniaeocorreu no Rio de Janeiro por Nascimento amp Nascimento no ano de 1982(Nascimento amp Nascimento 1984)

Fig 1 Microscopia de Mycoplasma mycoides subsp mycoides Small colony

O M mycoides subespeacutecie mycoides large colony e o M mycoides subespeacuteciecapri compartilham de muitas caracteriacutesticas soroloacutegicas antigecircnicas egenocircmicas sendo ambos associados a alta mortalidade em rebanhos caprinos(Gutierrez et al 1999)

As espeacutecies envolvidas nas infecccedilotildees em animais apresentam tropismo porleucoacutecitos polimorfonucleares e macroacutefagos A entrada do agente na ceacutelula dohospedeiro inicia-se pela ligaccedilatildeo do mesmo na superfiacutecie celular do animalEnfatiza-se que a localizaccedilatildeo intracelular por um curto periacuteodo de tempo torna-seum mecanismo de escape do patoacutegeno levando agrave proteccedilatildeo dos micoplasmascontra os efeitos do sistema imunoloacutegico e da accedilatildeo de antibioacuteticos o que dificultaa erradicaccedilatildeo dos micoplasmas em cultivos celulares infectados (cerca de 10 a87 dos cultivos celulares satildeo infectados por micoplasmas) determinandotambeacutem o estabelecimento de infecccedilotildees crocircnicas ou latentes (Razin et al 1998)

ww

wm

yc oplasma-expcom

11Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Os achados mais expressivos no que se refere aos micoplasmas satildeo asinteraccedilotildees destes com o sistema imune ativaccedilatildeo de macroacutefagos manifestaccedilotildeesautoimunes e componentes da ceacutelula micoplaacutesmica que atuam comosuperantiacutegenos A interaccedilatildeo com o sistema imune envolve a induccedilatildeo de reaccedilotildeesespeciacuteficas que incluem a produccedilatildeo de anticorpos de diferentes classes esubclasses opsonizaccedilatildeo e fagocitose dos organismos e reaccedilotildees natildeo especiacuteficas(Cassel et al 1985 Razin et al1998)

A habilidade dos micoplasmas em modular a resposta imune do hospedeirocontribui para suas propriedades patogecircnicas capacitando-os a suprimir osmecanismos de defesa e estabelecer uma infecccedilatildeo crocircnica persistente Potentestoxinas natildeo apresentam associaccedilatildeo com os micoplasmas Entretanto os produ-tos toacutexicos do metabolismo destes como peroacutexido de hidrogecircnio e radicaissuperoacutexidos tecircm sido incriminados como causa de danos oxidativos nasmembranas celulares dos hospedeiros (Wang et al 1993 Razin et al 1998)

Em pequenos ruminantes os micoplasmas satildeo associados a doenccedilas respiratoacuteri-as mastites artrites doenccedilas da esfera reprodutiva e lesotildees oculares (Tabela 1)Destacam-se entre estas enfermidades a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC) e a Agalaxia Contagiosa que satildeo designadas pela Organizaccedilatildeo Internaci-onal de Epizootias (OIE) como enfermidades da lista B pelo impacto econocircmicoque ocasionam nos rebanhos (Contagius2004 Nicholas 2002)

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmi-co das Micoplasmoses em Peque-nos Ruminantes no Brasil

As descriccedilotildees de micoplasmose caprina e ovina no Brasil datam de 1942quando ocorreu um surto de pleuropneumonia e mastite em caprinos no Estadode Satildeo Paulo A partir de entatildeo vaacuterias espeacutecies de micoplasmas foram isoladose identificados em nossos rebanhos determinando vaacuterios quadros cliacutenicos Em2001 diagnosticou-se atraveacutes do leite liacutequidos articulares e lavados de condutoauditivo externo a presenccedila do M agalactiae em caprinos procedentes daParaiacuteba e outras regiotildees do Nordeste ateacute entatildeo considerado inexistente noBrasil As perdas econocircmicas foram elevadas visto que o surto determinou umamorbidade (total de animais doentes no rebanho) de 100 mortalidade de532 e queda na produccedilatildeo de leite de 90 apesar da realizaccedilatildeo de tratamen-to com antibioacutetico (Azevedo et al 2002 Nascimento et al2002) Surto de

12 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ceratoconjuntivite infecciosa no Brasil tambeacutem foi relatado por Gregory et al(2003) no Estado de Satildeo Paulo onde 50 do rebanho estava acometido pelaenfermidade

Considerando-se que as micoplasmoses determinam altas morbidades nas suasmanifestaccedilotildees acometendo animais em diversas fases produtivas e alta mortali-dade na pleuropneumonia contagiosa subentende-se que as perdas econocircmicasestatildeo impliacutecitas nestes indicadores e que portanto a profilaxia e o controle daenfermidade direcionam o melhor caminho para minimizar o impacto econocircmiconegativo determinado pelas micoplasmoses

Espeacutecie Locais de IsolamentoTonsilas uacutebere articulaccedilotildees

M agalactiae ouvido externoolhos trato genital

M arginini Tonsilas trato respiratoacuterio olhosM auris Ouvido externoM bovis Pulmatildeo

M capricolum subesp Tonsilas uacutebere articulaccedilotildees tratocapricolum respiratoacuterio ouvido externo

M capricolum subesp Trato respiratoacuteriocapripneumoniaeM conjunctivae Olhos trato respiratoacuterio

M mycoides subesp capri Trato respiratoacuterioM mycoides subesp Tonsilas uacutebere

Articulaccedilotildees trato respiratoacuterioMycoides (LC SC) ouvido externo

(aacutecaros do ouvido) olhosM ovipneumoniae Tonsilas trato respiratoacuterio olhos

M putrefaciens Uacutebere articulaccedilotildeesouvido externo (aacutecaros)

M yeatsii Tonsilas pulmotildees uacutebere ouvido externo

Tabela 1 Espeacutecies de micoplasmas que acometem caprinos e ovinos e seuslocais usuais de isolamento

Fonte Nascimento (2003)

13Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Principais Micoplasmoses

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC)

A Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) foi primeiramente descrita naAlgeacuteria por Thomas em 1873 Na maioria dos casos os caprinos apresentavamapenas um dos pulmotildees acometido (McMartin et al 1980) A contagiosidadeda enfermidade natildeo foi inicialmente reconhecida por tratar-se na eacutepoca de umaenfermidade endecircmica em muitas regiotildees Ao passar do tempo a mesma foiestudada em virtude da ocorrecircncia de surtos reconhecendo-se posteriormentea alta contagiosidade da mesma (Nicholas 2002)

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da PPCC trata-se do Mycoplasma capricolum subespcapripneumoniae Entretanto outras espeacutecies tais como Mycoplasma mycoidessubesp mycoides Large Colony (LC) Mycoplasma mycoides subesp capriMycoplasma ovipneumoniae e Mycoplasma arginini tambeacutem podem estarenvolvidos (Martrenchard et al 1995) A mortalidade eacute variaacutevel de acordo coma espeacutecie de micoplasma envolvida na infecccedilatildeo pela variaccedilatildeo na patogenicidadeAs micoplamoses satildeo descritas em diferentes formas de evoluccedilatildeo nos pequenosruminantes aguda hiperaguda e crocircnica Na forma hiperaguda a morte ocorreentre trecircs a cinco dias na forma aguda o aparecimento dos sinais cliacutenicos podeocorrer entre 15 a 30 dias poacutes-infecccedilatildeo e a forma crocircnica assemelha-se agrave formaaguda da doenccedila ocorrendo neste caso resoluccedilatildeo pela encapsulaccedilatildeo da lesatildeoaguda determinando ou natildeo o teacutermino do processo infeccioso (Ojo et al 1980)

Animais de todas as idades e sexo podem ser acometidos A doenccedila aguda eacutemais observada em rebanhos natildeo acometidos de aacutereas recentemente afetadas Atransmissatildeo pode ocorrer tanto com a introduccedilatildeo de animais infectados em rebanhossusceptiacuteveis quanto no contato de animais sadios com secreccedilotildees contaminadas oudurante o acesso de tosse de animais infectados (Nicholas 2002)

A ocorrecircncia da pneumonia em ovinos e caprinos eacute influenciada por diversosfatores ambientais e de manejo ocorrendo a associaccedilatildeo de outros agentesinfecciosos juntamente com as espeacutecies de micoplasmas em concomitacircncia como estresse (Muumlller et al1998) Algumas espeacutecies como M capricolumcapripneumoniae apresentam alta patogenicidade levando ao agravamento dos

14 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

sinais cliacutenicos De forma contraacuteria o M ovipneumoniae eacute caracterizado pelobaixo poder patogecircnico entretanto pode alterar a atividade de macroacutefagosalveolares em ovinos sem que seja fagocitado permanecendo infectante noanimal (Niag et al 1997)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosO periacuteodo de incubaccedilatildeo geralmente eacute em torno de 10 dias podendo variar dedois a 28 dias Os primeiros sinais cliacutenicos observados satildeo dificuldade nalocomoccedilatildeo e febre (variaccedilotildees entre 410C e 420C) embora os animais continuemse alimentando e ruminando Posteriormente satildeo observados sinais de dispneacuteiaepisoacutedios de tosse corrimentos nasais mucopurulentos e salivaccedilatildeo intensa Nafase terminal o animal natildeo se locomove e vem agrave oacutebito Nas formas subagudas ecrocircnicas os sinais cliacutenicos satildeo verificados apenas quando os animais satildeosubmetidos a condiccedilotildees de exerciacutecio

As lesotildees patoloacutegicas satildeo localizadas principalmente nos pulmotildees e na pleuradenominando-se de pleuropneumonia normalmente com ocorrecircncia de hepatizaccedilatildeounilateral pleurite e acuacutemulo de liacutequido pleural A pleura em muitos casos estaacuteaderida ao diafragma pericaacuterdio e caixa toraacutecica O exsudato pleural pode sersolidificado em forma gelatinosa (fibrina) (Figura 2) revestindo os pulmotildees

Fig 2 Aderecircncia de fibrina (seta) em pulmatildeo de caprino lobo cardiacuteaco

Embrapa C

aprinos

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo 09

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmico das Micoplasmosesem Pequenos Ruminantes no Brasil 11

Principais Micoplasmoses 13

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) 13 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 13 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 14 Ceratoconjuntivite Infecciosa 15 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 15 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 15 Agalaxia Contagiosa 16 Aspectos Etioloacutegicos e Epidemioloacutegicos 16 Aspectos Patoloacutegicos e Cliacutenicos 17

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses 19

Achados Epidemioloacutegicos e Cliacutenicos 19 Isolamento e Identificaccedilatildeo 19 Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicos 20 Anaacutelise Molecular 21 Reaccedilatildeo em Cadeia da Polimerase 21

Tratamento das Micoplasmoses 21

Controle e Profilaxia das Micoplasmoses 22

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

Micoplasmoses emPequenos Ruminantes

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraFrancisco Selmo Fernandes AlvesRaymundo Rizaldo PinheiroLea ChapavalAlice Andrioli Pinheiro

Introduccedilatildeo

Os micoplasmas satildeo organismos difundidos na natureza e acometem o homemmamiacuteferos reacutepteis peixes artroacutepodes e plantas Satildeo distinguidos de outrasbacteacuterias por seu tamanho diminuto e pela ausecircncia total de parede celular(Figura 1) A ausecircncia de parede celular eacute um fator de diferenciaccedilatildeo que leva agraveconstituiccedilatildeo dos micoplasmas em uma classe denominada de Mollicutes (dolatino mollis delicado e cutis parede) Usualmente utilizam-se de hospedeiros etecidos especiacuteficos provavelmente em decorrecircncia da sua exigecircncia nutricionalnatural e obrigaccedilatildeo do modelo de vida parasitaacuteria Satildeo primariamente encontra-dos em mucosas do trato respiratoacuterio e urogenital nos olhos no tubo digestivona glacircndula mamaacuteria e nas articulaccedilotildees (Razin et al 1998)

Economicamente as espeacutecies mais importantes relatadas para pequenos rumi-nantes satildeo classificadas como Mycoplasma mycoides cluster Este clusterconsiste dos seguintes exemplares M mycoides subespeacutecie mycoides smallcolony (colocircnias pequenas) M mycoides subespeacutecie mycoides large colony(colocircnias grandes) M mycoides subespeacutecie capri M capricolum subespeacuteciecapricolum M capricolum subespeacutecie capripneumoniae e sorogrupo bovino 7Aleacutem destas outras espeacutecies como o M agalactiae M conjunctivae Movipneumoniae e a cepa F38 (tambeacutem causadora de pleuropneumonia) exercemimportante papel para as espeacutecies caprina e ovina (DaMassa et al 1992Gutierrez et al 1999)

10 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

No Brasil estudos relataram a ocorrecircncia e a importacircncia da micoplasmoseprincipalmente na atual descriccedilatildeo da presenccedila da Agalaxia Contagiosa emcaprinos na regiatildeo nordeste (Nascimento et al 1986 Nascimento et al 2002)O primeiro relato de isolamento no Brasil de Mycoplasma ovipneumoniaeocorreu no Rio de Janeiro por Nascimento amp Nascimento no ano de 1982(Nascimento amp Nascimento 1984)

Fig 1 Microscopia de Mycoplasma mycoides subsp mycoides Small colony

O M mycoides subespeacutecie mycoides large colony e o M mycoides subespeacuteciecapri compartilham de muitas caracteriacutesticas soroloacutegicas antigecircnicas egenocircmicas sendo ambos associados a alta mortalidade em rebanhos caprinos(Gutierrez et al 1999)

As espeacutecies envolvidas nas infecccedilotildees em animais apresentam tropismo porleucoacutecitos polimorfonucleares e macroacutefagos A entrada do agente na ceacutelula dohospedeiro inicia-se pela ligaccedilatildeo do mesmo na superfiacutecie celular do animalEnfatiza-se que a localizaccedilatildeo intracelular por um curto periacuteodo de tempo torna-seum mecanismo de escape do patoacutegeno levando agrave proteccedilatildeo dos micoplasmascontra os efeitos do sistema imunoloacutegico e da accedilatildeo de antibioacuteticos o que dificultaa erradicaccedilatildeo dos micoplasmas em cultivos celulares infectados (cerca de 10 a87 dos cultivos celulares satildeo infectados por micoplasmas) determinandotambeacutem o estabelecimento de infecccedilotildees crocircnicas ou latentes (Razin et al 1998)

ww

wm

yc oplasma-expcom

11Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Os achados mais expressivos no que se refere aos micoplasmas satildeo asinteraccedilotildees destes com o sistema imune ativaccedilatildeo de macroacutefagos manifestaccedilotildeesautoimunes e componentes da ceacutelula micoplaacutesmica que atuam comosuperantiacutegenos A interaccedilatildeo com o sistema imune envolve a induccedilatildeo de reaccedilotildeesespeciacuteficas que incluem a produccedilatildeo de anticorpos de diferentes classes esubclasses opsonizaccedilatildeo e fagocitose dos organismos e reaccedilotildees natildeo especiacuteficas(Cassel et al 1985 Razin et al1998)

A habilidade dos micoplasmas em modular a resposta imune do hospedeirocontribui para suas propriedades patogecircnicas capacitando-os a suprimir osmecanismos de defesa e estabelecer uma infecccedilatildeo crocircnica persistente Potentestoxinas natildeo apresentam associaccedilatildeo com os micoplasmas Entretanto os produ-tos toacutexicos do metabolismo destes como peroacutexido de hidrogecircnio e radicaissuperoacutexidos tecircm sido incriminados como causa de danos oxidativos nasmembranas celulares dos hospedeiros (Wang et al 1993 Razin et al 1998)

Em pequenos ruminantes os micoplasmas satildeo associados a doenccedilas respiratoacuteri-as mastites artrites doenccedilas da esfera reprodutiva e lesotildees oculares (Tabela 1)Destacam-se entre estas enfermidades a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC) e a Agalaxia Contagiosa que satildeo designadas pela Organizaccedilatildeo Internaci-onal de Epizootias (OIE) como enfermidades da lista B pelo impacto econocircmicoque ocasionam nos rebanhos (Contagius2004 Nicholas 2002)

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmi-co das Micoplasmoses em Peque-nos Ruminantes no Brasil

As descriccedilotildees de micoplasmose caprina e ovina no Brasil datam de 1942quando ocorreu um surto de pleuropneumonia e mastite em caprinos no Estadode Satildeo Paulo A partir de entatildeo vaacuterias espeacutecies de micoplasmas foram isoladose identificados em nossos rebanhos determinando vaacuterios quadros cliacutenicos Em2001 diagnosticou-se atraveacutes do leite liacutequidos articulares e lavados de condutoauditivo externo a presenccedila do M agalactiae em caprinos procedentes daParaiacuteba e outras regiotildees do Nordeste ateacute entatildeo considerado inexistente noBrasil As perdas econocircmicas foram elevadas visto que o surto determinou umamorbidade (total de animais doentes no rebanho) de 100 mortalidade de532 e queda na produccedilatildeo de leite de 90 apesar da realizaccedilatildeo de tratamen-to com antibioacutetico (Azevedo et al 2002 Nascimento et al2002) Surto de

12 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ceratoconjuntivite infecciosa no Brasil tambeacutem foi relatado por Gregory et al(2003) no Estado de Satildeo Paulo onde 50 do rebanho estava acometido pelaenfermidade

Considerando-se que as micoplasmoses determinam altas morbidades nas suasmanifestaccedilotildees acometendo animais em diversas fases produtivas e alta mortali-dade na pleuropneumonia contagiosa subentende-se que as perdas econocircmicasestatildeo impliacutecitas nestes indicadores e que portanto a profilaxia e o controle daenfermidade direcionam o melhor caminho para minimizar o impacto econocircmiconegativo determinado pelas micoplasmoses

Espeacutecie Locais de IsolamentoTonsilas uacutebere articulaccedilotildees

M agalactiae ouvido externoolhos trato genital

M arginini Tonsilas trato respiratoacuterio olhosM auris Ouvido externoM bovis Pulmatildeo

M capricolum subesp Tonsilas uacutebere articulaccedilotildees tratocapricolum respiratoacuterio ouvido externo

M capricolum subesp Trato respiratoacuteriocapripneumoniaeM conjunctivae Olhos trato respiratoacuterio

M mycoides subesp capri Trato respiratoacuterioM mycoides subesp Tonsilas uacutebere

Articulaccedilotildees trato respiratoacuterioMycoides (LC SC) ouvido externo

(aacutecaros do ouvido) olhosM ovipneumoniae Tonsilas trato respiratoacuterio olhos

M putrefaciens Uacutebere articulaccedilotildeesouvido externo (aacutecaros)

M yeatsii Tonsilas pulmotildees uacutebere ouvido externo

Tabela 1 Espeacutecies de micoplasmas que acometem caprinos e ovinos e seuslocais usuais de isolamento

Fonte Nascimento (2003)

13Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Principais Micoplasmoses

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC)

A Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) foi primeiramente descrita naAlgeacuteria por Thomas em 1873 Na maioria dos casos os caprinos apresentavamapenas um dos pulmotildees acometido (McMartin et al 1980) A contagiosidadeda enfermidade natildeo foi inicialmente reconhecida por tratar-se na eacutepoca de umaenfermidade endecircmica em muitas regiotildees Ao passar do tempo a mesma foiestudada em virtude da ocorrecircncia de surtos reconhecendo-se posteriormentea alta contagiosidade da mesma (Nicholas 2002)

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da PPCC trata-se do Mycoplasma capricolum subespcapripneumoniae Entretanto outras espeacutecies tais como Mycoplasma mycoidessubesp mycoides Large Colony (LC) Mycoplasma mycoides subesp capriMycoplasma ovipneumoniae e Mycoplasma arginini tambeacutem podem estarenvolvidos (Martrenchard et al 1995) A mortalidade eacute variaacutevel de acordo coma espeacutecie de micoplasma envolvida na infecccedilatildeo pela variaccedilatildeo na patogenicidadeAs micoplamoses satildeo descritas em diferentes formas de evoluccedilatildeo nos pequenosruminantes aguda hiperaguda e crocircnica Na forma hiperaguda a morte ocorreentre trecircs a cinco dias na forma aguda o aparecimento dos sinais cliacutenicos podeocorrer entre 15 a 30 dias poacutes-infecccedilatildeo e a forma crocircnica assemelha-se agrave formaaguda da doenccedila ocorrendo neste caso resoluccedilatildeo pela encapsulaccedilatildeo da lesatildeoaguda determinando ou natildeo o teacutermino do processo infeccioso (Ojo et al 1980)

Animais de todas as idades e sexo podem ser acometidos A doenccedila aguda eacutemais observada em rebanhos natildeo acometidos de aacutereas recentemente afetadas Atransmissatildeo pode ocorrer tanto com a introduccedilatildeo de animais infectados em rebanhossusceptiacuteveis quanto no contato de animais sadios com secreccedilotildees contaminadas oudurante o acesso de tosse de animais infectados (Nicholas 2002)

A ocorrecircncia da pneumonia em ovinos e caprinos eacute influenciada por diversosfatores ambientais e de manejo ocorrendo a associaccedilatildeo de outros agentesinfecciosos juntamente com as espeacutecies de micoplasmas em concomitacircncia como estresse (Muumlller et al1998) Algumas espeacutecies como M capricolumcapripneumoniae apresentam alta patogenicidade levando ao agravamento dos

14 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

sinais cliacutenicos De forma contraacuteria o M ovipneumoniae eacute caracterizado pelobaixo poder patogecircnico entretanto pode alterar a atividade de macroacutefagosalveolares em ovinos sem que seja fagocitado permanecendo infectante noanimal (Niag et al 1997)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosO periacuteodo de incubaccedilatildeo geralmente eacute em torno de 10 dias podendo variar dedois a 28 dias Os primeiros sinais cliacutenicos observados satildeo dificuldade nalocomoccedilatildeo e febre (variaccedilotildees entre 410C e 420C) embora os animais continuemse alimentando e ruminando Posteriormente satildeo observados sinais de dispneacuteiaepisoacutedios de tosse corrimentos nasais mucopurulentos e salivaccedilatildeo intensa Nafase terminal o animal natildeo se locomove e vem agrave oacutebito Nas formas subagudas ecrocircnicas os sinais cliacutenicos satildeo verificados apenas quando os animais satildeosubmetidos a condiccedilotildees de exerciacutecio

As lesotildees patoloacutegicas satildeo localizadas principalmente nos pulmotildees e na pleuradenominando-se de pleuropneumonia normalmente com ocorrecircncia de hepatizaccedilatildeounilateral pleurite e acuacutemulo de liacutequido pleural A pleura em muitos casos estaacuteaderida ao diafragma pericaacuterdio e caixa toraacutecica O exsudato pleural pode sersolidificado em forma gelatinosa (fibrina) (Figura 2) revestindo os pulmotildees

Fig 2 Aderecircncia de fibrina (seta) em pulmatildeo de caprino lobo cardiacuteaco

Embrapa C

aprinos

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

Micoplasmoses emPequenos Ruminantes

Andreacutea Alice da Fonseca OliveiraFrancisco Selmo Fernandes AlvesRaymundo Rizaldo PinheiroLea ChapavalAlice Andrioli Pinheiro

Introduccedilatildeo

Os micoplasmas satildeo organismos difundidos na natureza e acometem o homemmamiacuteferos reacutepteis peixes artroacutepodes e plantas Satildeo distinguidos de outrasbacteacuterias por seu tamanho diminuto e pela ausecircncia total de parede celular(Figura 1) A ausecircncia de parede celular eacute um fator de diferenciaccedilatildeo que leva agraveconstituiccedilatildeo dos micoplasmas em uma classe denominada de Mollicutes (dolatino mollis delicado e cutis parede) Usualmente utilizam-se de hospedeiros etecidos especiacuteficos provavelmente em decorrecircncia da sua exigecircncia nutricionalnatural e obrigaccedilatildeo do modelo de vida parasitaacuteria Satildeo primariamente encontra-dos em mucosas do trato respiratoacuterio e urogenital nos olhos no tubo digestivona glacircndula mamaacuteria e nas articulaccedilotildees (Razin et al 1998)

Economicamente as espeacutecies mais importantes relatadas para pequenos rumi-nantes satildeo classificadas como Mycoplasma mycoides cluster Este clusterconsiste dos seguintes exemplares M mycoides subespeacutecie mycoides smallcolony (colocircnias pequenas) M mycoides subespeacutecie mycoides large colony(colocircnias grandes) M mycoides subespeacutecie capri M capricolum subespeacuteciecapricolum M capricolum subespeacutecie capripneumoniae e sorogrupo bovino 7Aleacutem destas outras espeacutecies como o M agalactiae M conjunctivae Movipneumoniae e a cepa F38 (tambeacutem causadora de pleuropneumonia) exercemimportante papel para as espeacutecies caprina e ovina (DaMassa et al 1992Gutierrez et al 1999)

10 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

No Brasil estudos relataram a ocorrecircncia e a importacircncia da micoplasmoseprincipalmente na atual descriccedilatildeo da presenccedila da Agalaxia Contagiosa emcaprinos na regiatildeo nordeste (Nascimento et al 1986 Nascimento et al 2002)O primeiro relato de isolamento no Brasil de Mycoplasma ovipneumoniaeocorreu no Rio de Janeiro por Nascimento amp Nascimento no ano de 1982(Nascimento amp Nascimento 1984)

Fig 1 Microscopia de Mycoplasma mycoides subsp mycoides Small colony

O M mycoides subespeacutecie mycoides large colony e o M mycoides subespeacuteciecapri compartilham de muitas caracteriacutesticas soroloacutegicas antigecircnicas egenocircmicas sendo ambos associados a alta mortalidade em rebanhos caprinos(Gutierrez et al 1999)

As espeacutecies envolvidas nas infecccedilotildees em animais apresentam tropismo porleucoacutecitos polimorfonucleares e macroacutefagos A entrada do agente na ceacutelula dohospedeiro inicia-se pela ligaccedilatildeo do mesmo na superfiacutecie celular do animalEnfatiza-se que a localizaccedilatildeo intracelular por um curto periacuteodo de tempo torna-seum mecanismo de escape do patoacutegeno levando agrave proteccedilatildeo dos micoplasmascontra os efeitos do sistema imunoloacutegico e da accedilatildeo de antibioacuteticos o que dificultaa erradicaccedilatildeo dos micoplasmas em cultivos celulares infectados (cerca de 10 a87 dos cultivos celulares satildeo infectados por micoplasmas) determinandotambeacutem o estabelecimento de infecccedilotildees crocircnicas ou latentes (Razin et al 1998)

ww

wm

yc oplasma-expcom

11Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Os achados mais expressivos no que se refere aos micoplasmas satildeo asinteraccedilotildees destes com o sistema imune ativaccedilatildeo de macroacutefagos manifestaccedilotildeesautoimunes e componentes da ceacutelula micoplaacutesmica que atuam comosuperantiacutegenos A interaccedilatildeo com o sistema imune envolve a induccedilatildeo de reaccedilotildeesespeciacuteficas que incluem a produccedilatildeo de anticorpos de diferentes classes esubclasses opsonizaccedilatildeo e fagocitose dos organismos e reaccedilotildees natildeo especiacuteficas(Cassel et al 1985 Razin et al1998)

A habilidade dos micoplasmas em modular a resposta imune do hospedeirocontribui para suas propriedades patogecircnicas capacitando-os a suprimir osmecanismos de defesa e estabelecer uma infecccedilatildeo crocircnica persistente Potentestoxinas natildeo apresentam associaccedilatildeo com os micoplasmas Entretanto os produ-tos toacutexicos do metabolismo destes como peroacutexido de hidrogecircnio e radicaissuperoacutexidos tecircm sido incriminados como causa de danos oxidativos nasmembranas celulares dos hospedeiros (Wang et al 1993 Razin et al 1998)

Em pequenos ruminantes os micoplasmas satildeo associados a doenccedilas respiratoacuteri-as mastites artrites doenccedilas da esfera reprodutiva e lesotildees oculares (Tabela 1)Destacam-se entre estas enfermidades a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC) e a Agalaxia Contagiosa que satildeo designadas pela Organizaccedilatildeo Internaci-onal de Epizootias (OIE) como enfermidades da lista B pelo impacto econocircmicoque ocasionam nos rebanhos (Contagius2004 Nicholas 2002)

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmi-co das Micoplasmoses em Peque-nos Ruminantes no Brasil

As descriccedilotildees de micoplasmose caprina e ovina no Brasil datam de 1942quando ocorreu um surto de pleuropneumonia e mastite em caprinos no Estadode Satildeo Paulo A partir de entatildeo vaacuterias espeacutecies de micoplasmas foram isoladose identificados em nossos rebanhos determinando vaacuterios quadros cliacutenicos Em2001 diagnosticou-se atraveacutes do leite liacutequidos articulares e lavados de condutoauditivo externo a presenccedila do M agalactiae em caprinos procedentes daParaiacuteba e outras regiotildees do Nordeste ateacute entatildeo considerado inexistente noBrasil As perdas econocircmicas foram elevadas visto que o surto determinou umamorbidade (total de animais doentes no rebanho) de 100 mortalidade de532 e queda na produccedilatildeo de leite de 90 apesar da realizaccedilatildeo de tratamen-to com antibioacutetico (Azevedo et al 2002 Nascimento et al2002) Surto de

12 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ceratoconjuntivite infecciosa no Brasil tambeacutem foi relatado por Gregory et al(2003) no Estado de Satildeo Paulo onde 50 do rebanho estava acometido pelaenfermidade

Considerando-se que as micoplasmoses determinam altas morbidades nas suasmanifestaccedilotildees acometendo animais em diversas fases produtivas e alta mortali-dade na pleuropneumonia contagiosa subentende-se que as perdas econocircmicasestatildeo impliacutecitas nestes indicadores e que portanto a profilaxia e o controle daenfermidade direcionam o melhor caminho para minimizar o impacto econocircmiconegativo determinado pelas micoplasmoses

Espeacutecie Locais de IsolamentoTonsilas uacutebere articulaccedilotildees

M agalactiae ouvido externoolhos trato genital

M arginini Tonsilas trato respiratoacuterio olhosM auris Ouvido externoM bovis Pulmatildeo

M capricolum subesp Tonsilas uacutebere articulaccedilotildees tratocapricolum respiratoacuterio ouvido externo

M capricolum subesp Trato respiratoacuteriocapripneumoniaeM conjunctivae Olhos trato respiratoacuterio

M mycoides subesp capri Trato respiratoacuterioM mycoides subesp Tonsilas uacutebere

Articulaccedilotildees trato respiratoacuterioMycoides (LC SC) ouvido externo

(aacutecaros do ouvido) olhosM ovipneumoniae Tonsilas trato respiratoacuterio olhos

M putrefaciens Uacutebere articulaccedilotildeesouvido externo (aacutecaros)

M yeatsii Tonsilas pulmotildees uacutebere ouvido externo

Tabela 1 Espeacutecies de micoplasmas que acometem caprinos e ovinos e seuslocais usuais de isolamento

Fonte Nascimento (2003)

13Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Principais Micoplasmoses

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC)

A Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) foi primeiramente descrita naAlgeacuteria por Thomas em 1873 Na maioria dos casos os caprinos apresentavamapenas um dos pulmotildees acometido (McMartin et al 1980) A contagiosidadeda enfermidade natildeo foi inicialmente reconhecida por tratar-se na eacutepoca de umaenfermidade endecircmica em muitas regiotildees Ao passar do tempo a mesma foiestudada em virtude da ocorrecircncia de surtos reconhecendo-se posteriormentea alta contagiosidade da mesma (Nicholas 2002)

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da PPCC trata-se do Mycoplasma capricolum subespcapripneumoniae Entretanto outras espeacutecies tais como Mycoplasma mycoidessubesp mycoides Large Colony (LC) Mycoplasma mycoides subesp capriMycoplasma ovipneumoniae e Mycoplasma arginini tambeacutem podem estarenvolvidos (Martrenchard et al 1995) A mortalidade eacute variaacutevel de acordo coma espeacutecie de micoplasma envolvida na infecccedilatildeo pela variaccedilatildeo na patogenicidadeAs micoplamoses satildeo descritas em diferentes formas de evoluccedilatildeo nos pequenosruminantes aguda hiperaguda e crocircnica Na forma hiperaguda a morte ocorreentre trecircs a cinco dias na forma aguda o aparecimento dos sinais cliacutenicos podeocorrer entre 15 a 30 dias poacutes-infecccedilatildeo e a forma crocircnica assemelha-se agrave formaaguda da doenccedila ocorrendo neste caso resoluccedilatildeo pela encapsulaccedilatildeo da lesatildeoaguda determinando ou natildeo o teacutermino do processo infeccioso (Ojo et al 1980)

Animais de todas as idades e sexo podem ser acometidos A doenccedila aguda eacutemais observada em rebanhos natildeo acometidos de aacutereas recentemente afetadas Atransmissatildeo pode ocorrer tanto com a introduccedilatildeo de animais infectados em rebanhossusceptiacuteveis quanto no contato de animais sadios com secreccedilotildees contaminadas oudurante o acesso de tosse de animais infectados (Nicholas 2002)

A ocorrecircncia da pneumonia em ovinos e caprinos eacute influenciada por diversosfatores ambientais e de manejo ocorrendo a associaccedilatildeo de outros agentesinfecciosos juntamente com as espeacutecies de micoplasmas em concomitacircncia como estresse (Muumlller et al1998) Algumas espeacutecies como M capricolumcapripneumoniae apresentam alta patogenicidade levando ao agravamento dos

14 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

sinais cliacutenicos De forma contraacuteria o M ovipneumoniae eacute caracterizado pelobaixo poder patogecircnico entretanto pode alterar a atividade de macroacutefagosalveolares em ovinos sem que seja fagocitado permanecendo infectante noanimal (Niag et al 1997)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosO periacuteodo de incubaccedilatildeo geralmente eacute em torno de 10 dias podendo variar dedois a 28 dias Os primeiros sinais cliacutenicos observados satildeo dificuldade nalocomoccedilatildeo e febre (variaccedilotildees entre 410C e 420C) embora os animais continuemse alimentando e ruminando Posteriormente satildeo observados sinais de dispneacuteiaepisoacutedios de tosse corrimentos nasais mucopurulentos e salivaccedilatildeo intensa Nafase terminal o animal natildeo se locomove e vem agrave oacutebito Nas formas subagudas ecrocircnicas os sinais cliacutenicos satildeo verificados apenas quando os animais satildeosubmetidos a condiccedilotildees de exerciacutecio

As lesotildees patoloacutegicas satildeo localizadas principalmente nos pulmotildees e na pleuradenominando-se de pleuropneumonia normalmente com ocorrecircncia de hepatizaccedilatildeounilateral pleurite e acuacutemulo de liacutequido pleural A pleura em muitos casos estaacuteaderida ao diafragma pericaacuterdio e caixa toraacutecica O exsudato pleural pode sersolidificado em forma gelatinosa (fibrina) (Figura 2) revestindo os pulmotildees

Fig 2 Aderecircncia de fibrina (seta) em pulmatildeo de caprino lobo cardiacuteaco

Embrapa C

aprinos

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

10 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

No Brasil estudos relataram a ocorrecircncia e a importacircncia da micoplasmoseprincipalmente na atual descriccedilatildeo da presenccedila da Agalaxia Contagiosa emcaprinos na regiatildeo nordeste (Nascimento et al 1986 Nascimento et al 2002)O primeiro relato de isolamento no Brasil de Mycoplasma ovipneumoniaeocorreu no Rio de Janeiro por Nascimento amp Nascimento no ano de 1982(Nascimento amp Nascimento 1984)

Fig 1 Microscopia de Mycoplasma mycoides subsp mycoides Small colony

O M mycoides subespeacutecie mycoides large colony e o M mycoides subespeacuteciecapri compartilham de muitas caracteriacutesticas soroloacutegicas antigecircnicas egenocircmicas sendo ambos associados a alta mortalidade em rebanhos caprinos(Gutierrez et al 1999)

As espeacutecies envolvidas nas infecccedilotildees em animais apresentam tropismo porleucoacutecitos polimorfonucleares e macroacutefagos A entrada do agente na ceacutelula dohospedeiro inicia-se pela ligaccedilatildeo do mesmo na superfiacutecie celular do animalEnfatiza-se que a localizaccedilatildeo intracelular por um curto periacuteodo de tempo torna-seum mecanismo de escape do patoacutegeno levando agrave proteccedilatildeo dos micoplasmascontra os efeitos do sistema imunoloacutegico e da accedilatildeo de antibioacuteticos o que dificultaa erradicaccedilatildeo dos micoplasmas em cultivos celulares infectados (cerca de 10 a87 dos cultivos celulares satildeo infectados por micoplasmas) determinandotambeacutem o estabelecimento de infecccedilotildees crocircnicas ou latentes (Razin et al 1998)

ww

wm

yc oplasma-expcom

11Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Os achados mais expressivos no que se refere aos micoplasmas satildeo asinteraccedilotildees destes com o sistema imune ativaccedilatildeo de macroacutefagos manifestaccedilotildeesautoimunes e componentes da ceacutelula micoplaacutesmica que atuam comosuperantiacutegenos A interaccedilatildeo com o sistema imune envolve a induccedilatildeo de reaccedilotildeesespeciacuteficas que incluem a produccedilatildeo de anticorpos de diferentes classes esubclasses opsonizaccedilatildeo e fagocitose dos organismos e reaccedilotildees natildeo especiacuteficas(Cassel et al 1985 Razin et al1998)

A habilidade dos micoplasmas em modular a resposta imune do hospedeirocontribui para suas propriedades patogecircnicas capacitando-os a suprimir osmecanismos de defesa e estabelecer uma infecccedilatildeo crocircnica persistente Potentestoxinas natildeo apresentam associaccedilatildeo com os micoplasmas Entretanto os produ-tos toacutexicos do metabolismo destes como peroacutexido de hidrogecircnio e radicaissuperoacutexidos tecircm sido incriminados como causa de danos oxidativos nasmembranas celulares dos hospedeiros (Wang et al 1993 Razin et al 1998)

Em pequenos ruminantes os micoplasmas satildeo associados a doenccedilas respiratoacuteri-as mastites artrites doenccedilas da esfera reprodutiva e lesotildees oculares (Tabela 1)Destacam-se entre estas enfermidades a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC) e a Agalaxia Contagiosa que satildeo designadas pela Organizaccedilatildeo Internaci-onal de Epizootias (OIE) como enfermidades da lista B pelo impacto econocircmicoque ocasionam nos rebanhos (Contagius2004 Nicholas 2002)

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmi-co das Micoplasmoses em Peque-nos Ruminantes no Brasil

As descriccedilotildees de micoplasmose caprina e ovina no Brasil datam de 1942quando ocorreu um surto de pleuropneumonia e mastite em caprinos no Estadode Satildeo Paulo A partir de entatildeo vaacuterias espeacutecies de micoplasmas foram isoladose identificados em nossos rebanhos determinando vaacuterios quadros cliacutenicos Em2001 diagnosticou-se atraveacutes do leite liacutequidos articulares e lavados de condutoauditivo externo a presenccedila do M agalactiae em caprinos procedentes daParaiacuteba e outras regiotildees do Nordeste ateacute entatildeo considerado inexistente noBrasil As perdas econocircmicas foram elevadas visto que o surto determinou umamorbidade (total de animais doentes no rebanho) de 100 mortalidade de532 e queda na produccedilatildeo de leite de 90 apesar da realizaccedilatildeo de tratamen-to com antibioacutetico (Azevedo et al 2002 Nascimento et al2002) Surto de

12 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ceratoconjuntivite infecciosa no Brasil tambeacutem foi relatado por Gregory et al(2003) no Estado de Satildeo Paulo onde 50 do rebanho estava acometido pelaenfermidade

Considerando-se que as micoplasmoses determinam altas morbidades nas suasmanifestaccedilotildees acometendo animais em diversas fases produtivas e alta mortali-dade na pleuropneumonia contagiosa subentende-se que as perdas econocircmicasestatildeo impliacutecitas nestes indicadores e que portanto a profilaxia e o controle daenfermidade direcionam o melhor caminho para minimizar o impacto econocircmiconegativo determinado pelas micoplasmoses

Espeacutecie Locais de IsolamentoTonsilas uacutebere articulaccedilotildees

M agalactiae ouvido externoolhos trato genital

M arginini Tonsilas trato respiratoacuterio olhosM auris Ouvido externoM bovis Pulmatildeo

M capricolum subesp Tonsilas uacutebere articulaccedilotildees tratocapricolum respiratoacuterio ouvido externo

M capricolum subesp Trato respiratoacuteriocapripneumoniaeM conjunctivae Olhos trato respiratoacuterio

M mycoides subesp capri Trato respiratoacuterioM mycoides subesp Tonsilas uacutebere

Articulaccedilotildees trato respiratoacuterioMycoides (LC SC) ouvido externo

(aacutecaros do ouvido) olhosM ovipneumoniae Tonsilas trato respiratoacuterio olhos

M putrefaciens Uacutebere articulaccedilotildeesouvido externo (aacutecaros)

M yeatsii Tonsilas pulmotildees uacutebere ouvido externo

Tabela 1 Espeacutecies de micoplasmas que acometem caprinos e ovinos e seuslocais usuais de isolamento

Fonte Nascimento (2003)

13Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Principais Micoplasmoses

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC)

A Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) foi primeiramente descrita naAlgeacuteria por Thomas em 1873 Na maioria dos casos os caprinos apresentavamapenas um dos pulmotildees acometido (McMartin et al 1980) A contagiosidadeda enfermidade natildeo foi inicialmente reconhecida por tratar-se na eacutepoca de umaenfermidade endecircmica em muitas regiotildees Ao passar do tempo a mesma foiestudada em virtude da ocorrecircncia de surtos reconhecendo-se posteriormentea alta contagiosidade da mesma (Nicholas 2002)

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da PPCC trata-se do Mycoplasma capricolum subespcapripneumoniae Entretanto outras espeacutecies tais como Mycoplasma mycoidessubesp mycoides Large Colony (LC) Mycoplasma mycoides subesp capriMycoplasma ovipneumoniae e Mycoplasma arginini tambeacutem podem estarenvolvidos (Martrenchard et al 1995) A mortalidade eacute variaacutevel de acordo coma espeacutecie de micoplasma envolvida na infecccedilatildeo pela variaccedilatildeo na patogenicidadeAs micoplamoses satildeo descritas em diferentes formas de evoluccedilatildeo nos pequenosruminantes aguda hiperaguda e crocircnica Na forma hiperaguda a morte ocorreentre trecircs a cinco dias na forma aguda o aparecimento dos sinais cliacutenicos podeocorrer entre 15 a 30 dias poacutes-infecccedilatildeo e a forma crocircnica assemelha-se agrave formaaguda da doenccedila ocorrendo neste caso resoluccedilatildeo pela encapsulaccedilatildeo da lesatildeoaguda determinando ou natildeo o teacutermino do processo infeccioso (Ojo et al 1980)

Animais de todas as idades e sexo podem ser acometidos A doenccedila aguda eacutemais observada em rebanhos natildeo acometidos de aacutereas recentemente afetadas Atransmissatildeo pode ocorrer tanto com a introduccedilatildeo de animais infectados em rebanhossusceptiacuteveis quanto no contato de animais sadios com secreccedilotildees contaminadas oudurante o acesso de tosse de animais infectados (Nicholas 2002)

A ocorrecircncia da pneumonia em ovinos e caprinos eacute influenciada por diversosfatores ambientais e de manejo ocorrendo a associaccedilatildeo de outros agentesinfecciosos juntamente com as espeacutecies de micoplasmas em concomitacircncia como estresse (Muumlller et al1998) Algumas espeacutecies como M capricolumcapripneumoniae apresentam alta patogenicidade levando ao agravamento dos

14 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

sinais cliacutenicos De forma contraacuteria o M ovipneumoniae eacute caracterizado pelobaixo poder patogecircnico entretanto pode alterar a atividade de macroacutefagosalveolares em ovinos sem que seja fagocitado permanecendo infectante noanimal (Niag et al 1997)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosO periacuteodo de incubaccedilatildeo geralmente eacute em torno de 10 dias podendo variar dedois a 28 dias Os primeiros sinais cliacutenicos observados satildeo dificuldade nalocomoccedilatildeo e febre (variaccedilotildees entre 410C e 420C) embora os animais continuemse alimentando e ruminando Posteriormente satildeo observados sinais de dispneacuteiaepisoacutedios de tosse corrimentos nasais mucopurulentos e salivaccedilatildeo intensa Nafase terminal o animal natildeo se locomove e vem agrave oacutebito Nas formas subagudas ecrocircnicas os sinais cliacutenicos satildeo verificados apenas quando os animais satildeosubmetidos a condiccedilotildees de exerciacutecio

As lesotildees patoloacutegicas satildeo localizadas principalmente nos pulmotildees e na pleuradenominando-se de pleuropneumonia normalmente com ocorrecircncia de hepatizaccedilatildeounilateral pleurite e acuacutemulo de liacutequido pleural A pleura em muitos casos estaacuteaderida ao diafragma pericaacuterdio e caixa toraacutecica O exsudato pleural pode sersolidificado em forma gelatinosa (fibrina) (Figura 2) revestindo os pulmotildees

Fig 2 Aderecircncia de fibrina (seta) em pulmatildeo de caprino lobo cardiacuteaco

Embrapa C

aprinos

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

11Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Os achados mais expressivos no que se refere aos micoplasmas satildeo asinteraccedilotildees destes com o sistema imune ativaccedilatildeo de macroacutefagos manifestaccedilotildeesautoimunes e componentes da ceacutelula micoplaacutesmica que atuam comosuperantiacutegenos A interaccedilatildeo com o sistema imune envolve a induccedilatildeo de reaccedilotildeesespeciacuteficas que incluem a produccedilatildeo de anticorpos de diferentes classes esubclasses opsonizaccedilatildeo e fagocitose dos organismos e reaccedilotildees natildeo especiacuteficas(Cassel et al 1985 Razin et al1998)

A habilidade dos micoplasmas em modular a resposta imune do hospedeirocontribui para suas propriedades patogecircnicas capacitando-os a suprimir osmecanismos de defesa e estabelecer uma infecccedilatildeo crocircnica persistente Potentestoxinas natildeo apresentam associaccedilatildeo com os micoplasmas Entretanto os produ-tos toacutexicos do metabolismo destes como peroacutexido de hidrogecircnio e radicaissuperoacutexidos tecircm sido incriminados como causa de danos oxidativos nasmembranas celulares dos hospedeiros (Wang et al 1993 Razin et al 1998)

Em pequenos ruminantes os micoplasmas satildeo associados a doenccedilas respiratoacuteri-as mastites artrites doenccedilas da esfera reprodutiva e lesotildees oculares (Tabela 1)Destacam-se entre estas enfermidades a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC) e a Agalaxia Contagiosa que satildeo designadas pela Organizaccedilatildeo Internaci-onal de Epizootias (OIE) como enfermidades da lista B pelo impacto econocircmicoque ocasionam nos rebanhos (Contagius2004 Nicholas 2002)

Situaccedilatildeo Atual e Impacto Econocircmi-co das Micoplasmoses em Peque-nos Ruminantes no Brasil

As descriccedilotildees de micoplasmose caprina e ovina no Brasil datam de 1942quando ocorreu um surto de pleuropneumonia e mastite em caprinos no Estadode Satildeo Paulo A partir de entatildeo vaacuterias espeacutecies de micoplasmas foram isoladose identificados em nossos rebanhos determinando vaacuterios quadros cliacutenicos Em2001 diagnosticou-se atraveacutes do leite liacutequidos articulares e lavados de condutoauditivo externo a presenccedila do M agalactiae em caprinos procedentes daParaiacuteba e outras regiotildees do Nordeste ateacute entatildeo considerado inexistente noBrasil As perdas econocircmicas foram elevadas visto que o surto determinou umamorbidade (total de animais doentes no rebanho) de 100 mortalidade de532 e queda na produccedilatildeo de leite de 90 apesar da realizaccedilatildeo de tratamen-to com antibioacutetico (Azevedo et al 2002 Nascimento et al2002) Surto de

12 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ceratoconjuntivite infecciosa no Brasil tambeacutem foi relatado por Gregory et al(2003) no Estado de Satildeo Paulo onde 50 do rebanho estava acometido pelaenfermidade

Considerando-se que as micoplasmoses determinam altas morbidades nas suasmanifestaccedilotildees acometendo animais em diversas fases produtivas e alta mortali-dade na pleuropneumonia contagiosa subentende-se que as perdas econocircmicasestatildeo impliacutecitas nestes indicadores e que portanto a profilaxia e o controle daenfermidade direcionam o melhor caminho para minimizar o impacto econocircmiconegativo determinado pelas micoplasmoses

Espeacutecie Locais de IsolamentoTonsilas uacutebere articulaccedilotildees

M agalactiae ouvido externoolhos trato genital

M arginini Tonsilas trato respiratoacuterio olhosM auris Ouvido externoM bovis Pulmatildeo

M capricolum subesp Tonsilas uacutebere articulaccedilotildees tratocapricolum respiratoacuterio ouvido externo

M capricolum subesp Trato respiratoacuteriocapripneumoniaeM conjunctivae Olhos trato respiratoacuterio

M mycoides subesp capri Trato respiratoacuterioM mycoides subesp Tonsilas uacutebere

Articulaccedilotildees trato respiratoacuterioMycoides (LC SC) ouvido externo

(aacutecaros do ouvido) olhosM ovipneumoniae Tonsilas trato respiratoacuterio olhos

M putrefaciens Uacutebere articulaccedilotildeesouvido externo (aacutecaros)

M yeatsii Tonsilas pulmotildees uacutebere ouvido externo

Tabela 1 Espeacutecies de micoplasmas que acometem caprinos e ovinos e seuslocais usuais de isolamento

Fonte Nascimento (2003)

13Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Principais Micoplasmoses

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC)

A Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) foi primeiramente descrita naAlgeacuteria por Thomas em 1873 Na maioria dos casos os caprinos apresentavamapenas um dos pulmotildees acometido (McMartin et al 1980) A contagiosidadeda enfermidade natildeo foi inicialmente reconhecida por tratar-se na eacutepoca de umaenfermidade endecircmica em muitas regiotildees Ao passar do tempo a mesma foiestudada em virtude da ocorrecircncia de surtos reconhecendo-se posteriormentea alta contagiosidade da mesma (Nicholas 2002)

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da PPCC trata-se do Mycoplasma capricolum subespcapripneumoniae Entretanto outras espeacutecies tais como Mycoplasma mycoidessubesp mycoides Large Colony (LC) Mycoplasma mycoides subesp capriMycoplasma ovipneumoniae e Mycoplasma arginini tambeacutem podem estarenvolvidos (Martrenchard et al 1995) A mortalidade eacute variaacutevel de acordo coma espeacutecie de micoplasma envolvida na infecccedilatildeo pela variaccedilatildeo na patogenicidadeAs micoplamoses satildeo descritas em diferentes formas de evoluccedilatildeo nos pequenosruminantes aguda hiperaguda e crocircnica Na forma hiperaguda a morte ocorreentre trecircs a cinco dias na forma aguda o aparecimento dos sinais cliacutenicos podeocorrer entre 15 a 30 dias poacutes-infecccedilatildeo e a forma crocircnica assemelha-se agrave formaaguda da doenccedila ocorrendo neste caso resoluccedilatildeo pela encapsulaccedilatildeo da lesatildeoaguda determinando ou natildeo o teacutermino do processo infeccioso (Ojo et al 1980)

Animais de todas as idades e sexo podem ser acometidos A doenccedila aguda eacutemais observada em rebanhos natildeo acometidos de aacutereas recentemente afetadas Atransmissatildeo pode ocorrer tanto com a introduccedilatildeo de animais infectados em rebanhossusceptiacuteveis quanto no contato de animais sadios com secreccedilotildees contaminadas oudurante o acesso de tosse de animais infectados (Nicholas 2002)

A ocorrecircncia da pneumonia em ovinos e caprinos eacute influenciada por diversosfatores ambientais e de manejo ocorrendo a associaccedilatildeo de outros agentesinfecciosos juntamente com as espeacutecies de micoplasmas em concomitacircncia como estresse (Muumlller et al1998) Algumas espeacutecies como M capricolumcapripneumoniae apresentam alta patogenicidade levando ao agravamento dos

14 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

sinais cliacutenicos De forma contraacuteria o M ovipneumoniae eacute caracterizado pelobaixo poder patogecircnico entretanto pode alterar a atividade de macroacutefagosalveolares em ovinos sem que seja fagocitado permanecendo infectante noanimal (Niag et al 1997)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosO periacuteodo de incubaccedilatildeo geralmente eacute em torno de 10 dias podendo variar dedois a 28 dias Os primeiros sinais cliacutenicos observados satildeo dificuldade nalocomoccedilatildeo e febre (variaccedilotildees entre 410C e 420C) embora os animais continuemse alimentando e ruminando Posteriormente satildeo observados sinais de dispneacuteiaepisoacutedios de tosse corrimentos nasais mucopurulentos e salivaccedilatildeo intensa Nafase terminal o animal natildeo se locomove e vem agrave oacutebito Nas formas subagudas ecrocircnicas os sinais cliacutenicos satildeo verificados apenas quando os animais satildeosubmetidos a condiccedilotildees de exerciacutecio

As lesotildees patoloacutegicas satildeo localizadas principalmente nos pulmotildees e na pleuradenominando-se de pleuropneumonia normalmente com ocorrecircncia de hepatizaccedilatildeounilateral pleurite e acuacutemulo de liacutequido pleural A pleura em muitos casos estaacuteaderida ao diafragma pericaacuterdio e caixa toraacutecica O exsudato pleural pode sersolidificado em forma gelatinosa (fibrina) (Figura 2) revestindo os pulmotildees

Fig 2 Aderecircncia de fibrina (seta) em pulmatildeo de caprino lobo cardiacuteaco

Embrapa C

aprinos

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

12 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ceratoconjuntivite infecciosa no Brasil tambeacutem foi relatado por Gregory et al(2003) no Estado de Satildeo Paulo onde 50 do rebanho estava acometido pelaenfermidade

Considerando-se que as micoplasmoses determinam altas morbidades nas suasmanifestaccedilotildees acometendo animais em diversas fases produtivas e alta mortali-dade na pleuropneumonia contagiosa subentende-se que as perdas econocircmicasestatildeo impliacutecitas nestes indicadores e que portanto a profilaxia e o controle daenfermidade direcionam o melhor caminho para minimizar o impacto econocircmiconegativo determinado pelas micoplasmoses

Espeacutecie Locais de IsolamentoTonsilas uacutebere articulaccedilotildees

M agalactiae ouvido externoolhos trato genital

M arginini Tonsilas trato respiratoacuterio olhosM auris Ouvido externoM bovis Pulmatildeo

M capricolum subesp Tonsilas uacutebere articulaccedilotildees tratocapricolum respiratoacuterio ouvido externo

M capricolum subesp Trato respiratoacuteriocapripneumoniaeM conjunctivae Olhos trato respiratoacuterio

M mycoides subesp capri Trato respiratoacuterioM mycoides subesp Tonsilas uacutebere

Articulaccedilotildees trato respiratoacuterioMycoides (LC SC) ouvido externo

(aacutecaros do ouvido) olhosM ovipneumoniae Tonsilas trato respiratoacuterio olhos

M putrefaciens Uacutebere articulaccedilotildeesouvido externo (aacutecaros)

M yeatsii Tonsilas pulmotildees uacutebere ouvido externo

Tabela 1 Espeacutecies de micoplasmas que acometem caprinos e ovinos e seuslocais usuais de isolamento

Fonte Nascimento (2003)

13Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Principais Micoplasmoses

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC)

A Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) foi primeiramente descrita naAlgeacuteria por Thomas em 1873 Na maioria dos casos os caprinos apresentavamapenas um dos pulmotildees acometido (McMartin et al 1980) A contagiosidadeda enfermidade natildeo foi inicialmente reconhecida por tratar-se na eacutepoca de umaenfermidade endecircmica em muitas regiotildees Ao passar do tempo a mesma foiestudada em virtude da ocorrecircncia de surtos reconhecendo-se posteriormentea alta contagiosidade da mesma (Nicholas 2002)

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da PPCC trata-se do Mycoplasma capricolum subespcapripneumoniae Entretanto outras espeacutecies tais como Mycoplasma mycoidessubesp mycoides Large Colony (LC) Mycoplasma mycoides subesp capriMycoplasma ovipneumoniae e Mycoplasma arginini tambeacutem podem estarenvolvidos (Martrenchard et al 1995) A mortalidade eacute variaacutevel de acordo coma espeacutecie de micoplasma envolvida na infecccedilatildeo pela variaccedilatildeo na patogenicidadeAs micoplamoses satildeo descritas em diferentes formas de evoluccedilatildeo nos pequenosruminantes aguda hiperaguda e crocircnica Na forma hiperaguda a morte ocorreentre trecircs a cinco dias na forma aguda o aparecimento dos sinais cliacutenicos podeocorrer entre 15 a 30 dias poacutes-infecccedilatildeo e a forma crocircnica assemelha-se agrave formaaguda da doenccedila ocorrendo neste caso resoluccedilatildeo pela encapsulaccedilatildeo da lesatildeoaguda determinando ou natildeo o teacutermino do processo infeccioso (Ojo et al 1980)

Animais de todas as idades e sexo podem ser acometidos A doenccedila aguda eacutemais observada em rebanhos natildeo acometidos de aacutereas recentemente afetadas Atransmissatildeo pode ocorrer tanto com a introduccedilatildeo de animais infectados em rebanhossusceptiacuteveis quanto no contato de animais sadios com secreccedilotildees contaminadas oudurante o acesso de tosse de animais infectados (Nicholas 2002)

A ocorrecircncia da pneumonia em ovinos e caprinos eacute influenciada por diversosfatores ambientais e de manejo ocorrendo a associaccedilatildeo de outros agentesinfecciosos juntamente com as espeacutecies de micoplasmas em concomitacircncia como estresse (Muumlller et al1998) Algumas espeacutecies como M capricolumcapripneumoniae apresentam alta patogenicidade levando ao agravamento dos

14 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

sinais cliacutenicos De forma contraacuteria o M ovipneumoniae eacute caracterizado pelobaixo poder patogecircnico entretanto pode alterar a atividade de macroacutefagosalveolares em ovinos sem que seja fagocitado permanecendo infectante noanimal (Niag et al 1997)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosO periacuteodo de incubaccedilatildeo geralmente eacute em torno de 10 dias podendo variar dedois a 28 dias Os primeiros sinais cliacutenicos observados satildeo dificuldade nalocomoccedilatildeo e febre (variaccedilotildees entre 410C e 420C) embora os animais continuemse alimentando e ruminando Posteriormente satildeo observados sinais de dispneacuteiaepisoacutedios de tosse corrimentos nasais mucopurulentos e salivaccedilatildeo intensa Nafase terminal o animal natildeo se locomove e vem agrave oacutebito Nas formas subagudas ecrocircnicas os sinais cliacutenicos satildeo verificados apenas quando os animais satildeosubmetidos a condiccedilotildees de exerciacutecio

As lesotildees patoloacutegicas satildeo localizadas principalmente nos pulmotildees e na pleuradenominando-se de pleuropneumonia normalmente com ocorrecircncia de hepatizaccedilatildeounilateral pleurite e acuacutemulo de liacutequido pleural A pleura em muitos casos estaacuteaderida ao diafragma pericaacuterdio e caixa toraacutecica O exsudato pleural pode sersolidificado em forma gelatinosa (fibrina) (Figura 2) revestindo os pulmotildees

Fig 2 Aderecircncia de fibrina (seta) em pulmatildeo de caprino lobo cardiacuteaco

Embrapa C

aprinos

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

13Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Principais Micoplasmoses

Pleuropneumonia Contagiosa Caprina(PPCC)

A Pleuropneumonia Contagiosa Caprina (PPCC) foi primeiramente descrita naAlgeacuteria por Thomas em 1873 Na maioria dos casos os caprinos apresentavamapenas um dos pulmotildees acometido (McMartin et al 1980) A contagiosidadeda enfermidade natildeo foi inicialmente reconhecida por tratar-se na eacutepoca de umaenfermidade endecircmica em muitas regiotildees Ao passar do tempo a mesma foiestudada em virtude da ocorrecircncia de surtos reconhecendo-se posteriormentea alta contagiosidade da mesma (Nicholas 2002)

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da PPCC trata-se do Mycoplasma capricolum subespcapripneumoniae Entretanto outras espeacutecies tais como Mycoplasma mycoidessubesp mycoides Large Colony (LC) Mycoplasma mycoides subesp capriMycoplasma ovipneumoniae e Mycoplasma arginini tambeacutem podem estarenvolvidos (Martrenchard et al 1995) A mortalidade eacute variaacutevel de acordo coma espeacutecie de micoplasma envolvida na infecccedilatildeo pela variaccedilatildeo na patogenicidadeAs micoplamoses satildeo descritas em diferentes formas de evoluccedilatildeo nos pequenosruminantes aguda hiperaguda e crocircnica Na forma hiperaguda a morte ocorreentre trecircs a cinco dias na forma aguda o aparecimento dos sinais cliacutenicos podeocorrer entre 15 a 30 dias poacutes-infecccedilatildeo e a forma crocircnica assemelha-se agrave formaaguda da doenccedila ocorrendo neste caso resoluccedilatildeo pela encapsulaccedilatildeo da lesatildeoaguda determinando ou natildeo o teacutermino do processo infeccioso (Ojo et al 1980)

Animais de todas as idades e sexo podem ser acometidos A doenccedila aguda eacutemais observada em rebanhos natildeo acometidos de aacutereas recentemente afetadas Atransmissatildeo pode ocorrer tanto com a introduccedilatildeo de animais infectados em rebanhossusceptiacuteveis quanto no contato de animais sadios com secreccedilotildees contaminadas oudurante o acesso de tosse de animais infectados (Nicholas 2002)

A ocorrecircncia da pneumonia em ovinos e caprinos eacute influenciada por diversosfatores ambientais e de manejo ocorrendo a associaccedilatildeo de outros agentesinfecciosos juntamente com as espeacutecies de micoplasmas em concomitacircncia como estresse (Muumlller et al1998) Algumas espeacutecies como M capricolumcapripneumoniae apresentam alta patogenicidade levando ao agravamento dos

14 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

sinais cliacutenicos De forma contraacuteria o M ovipneumoniae eacute caracterizado pelobaixo poder patogecircnico entretanto pode alterar a atividade de macroacutefagosalveolares em ovinos sem que seja fagocitado permanecendo infectante noanimal (Niag et al 1997)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosO periacuteodo de incubaccedilatildeo geralmente eacute em torno de 10 dias podendo variar dedois a 28 dias Os primeiros sinais cliacutenicos observados satildeo dificuldade nalocomoccedilatildeo e febre (variaccedilotildees entre 410C e 420C) embora os animais continuemse alimentando e ruminando Posteriormente satildeo observados sinais de dispneacuteiaepisoacutedios de tosse corrimentos nasais mucopurulentos e salivaccedilatildeo intensa Nafase terminal o animal natildeo se locomove e vem agrave oacutebito Nas formas subagudas ecrocircnicas os sinais cliacutenicos satildeo verificados apenas quando os animais satildeosubmetidos a condiccedilotildees de exerciacutecio

As lesotildees patoloacutegicas satildeo localizadas principalmente nos pulmotildees e na pleuradenominando-se de pleuropneumonia normalmente com ocorrecircncia de hepatizaccedilatildeounilateral pleurite e acuacutemulo de liacutequido pleural A pleura em muitos casos estaacuteaderida ao diafragma pericaacuterdio e caixa toraacutecica O exsudato pleural pode sersolidificado em forma gelatinosa (fibrina) (Figura 2) revestindo os pulmotildees

Fig 2 Aderecircncia de fibrina (seta) em pulmatildeo de caprino lobo cardiacuteaco

Embrapa C

aprinos

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

14 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

sinais cliacutenicos De forma contraacuteria o M ovipneumoniae eacute caracterizado pelobaixo poder patogecircnico entretanto pode alterar a atividade de macroacutefagosalveolares em ovinos sem que seja fagocitado permanecendo infectante noanimal (Niag et al 1997)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosO periacuteodo de incubaccedilatildeo geralmente eacute em torno de 10 dias podendo variar dedois a 28 dias Os primeiros sinais cliacutenicos observados satildeo dificuldade nalocomoccedilatildeo e febre (variaccedilotildees entre 410C e 420C) embora os animais continuemse alimentando e ruminando Posteriormente satildeo observados sinais de dispneacuteiaepisoacutedios de tosse corrimentos nasais mucopurulentos e salivaccedilatildeo intensa Nafase terminal o animal natildeo se locomove e vem agrave oacutebito Nas formas subagudas ecrocircnicas os sinais cliacutenicos satildeo verificados apenas quando os animais satildeosubmetidos a condiccedilotildees de exerciacutecio

As lesotildees patoloacutegicas satildeo localizadas principalmente nos pulmotildees e na pleuradenominando-se de pleuropneumonia normalmente com ocorrecircncia de hepatizaccedilatildeounilateral pleurite e acuacutemulo de liacutequido pleural A pleura em muitos casos estaacuteaderida ao diafragma pericaacuterdio e caixa toraacutecica O exsudato pleural pode sersolidificado em forma gelatinosa (fibrina) (Figura 2) revestindo os pulmotildees

Fig 2 Aderecircncia de fibrina (seta) em pulmatildeo de caprino lobo cardiacuteaco

Embrapa C

aprinos

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

15Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Ao exame histopatoloacutegico do tecido pulmonar observa-se infiltradosserofibrinosos com presenccedila de ceacutelulas inflamatoacuterias principalmente neutroacutefilosnos alveacuteolos brocircnquios septo intersticial e tecido conectivo subpleural Edemasintra e interlobular tambeacutem podem estar presentes assim como infiltradosconstituiacutedos por ceacutelulas mononucleares (Nicholas 2002)

Ceratoconjuntivite Infecciosa

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosA ceratoconjuntivite infecciosa eacute conhecida mundialmente como enfermidade queafeta a regiatildeo ocular de ovinos e caprinos As espeacutecies de micoplasmas envolvi-das neste processo satildeo principalmente o Mycoplasma conjunctivae e oMycoplasma agalactiae

Relatos de surtos de ceratoconjuntivite principalmente em ovinos satildeo descritospor Rodriguez et al (1996) no sul da Espanha e Janovsky et al (2001) naSueacutecia No Brasil Gregory et al (2003) descreveram o primeiro surto deceratoconjuntivite infecciosa em caprinos adultos no Estado de Satildeo Paulo Osanimais apresentavam como principal manifestaccedilatildeo cliacutenica opacidade de coacuterneahiperemia conjuntival secreccedilatildeo ocular seromucosa e blefaroespasmos Ateacuteentatildeo a ocorrecircncia da enfermidade nos caprinos era sempre descrita comoassociada a quadros multissistecircmicos causados por M mycoides subsp capri eM mycoides subsp mycoides LC em caprinos jovens (Nascimento et al1986) que apresentavam manifestaccedilotildees tiacutepicas de pneumonia associada aoutras manifestaccedilotildees cliacutenicas como ceratoconjuntivite e artrite

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosA enfermidade usualmente envolve a superfiacutecie ocular com sinais cliacutenicosiniciais de lacrimejamento hiperemia da conjuntiva (conjuntivite) eblefaroespasmos Com o agravamento dos sintomas a enfermidade evoluienvolvendo a coacuternea tornando-a opaca (Figura 3) e determinando quadros deirite e ceratite podendo levar o animal agrave perda da visatildeo

Histologicamente um abundante infiltrado de neutroacutefilos determina aacutereas denecrose de liquefaccedilatildeo e neoformaccedilatildeo vascular na coacuternea que estaacute associada agravemigraccedilatildeo de neutroacutefilos e ceacutelulas mononucleares induzindo uma ceratite agudaou subaguda (Rodriguez et al 1996)

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

16 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Fig 3 Opacidade total da coacuternea em caprino com perda da visatildeo

Embrapa C

aprinosAgalaxia Contagiosa

A agalaxia contagiosa eacute uma das principais enfermidades infecciosas causada pormicoplasmas sendo recentemente diagnosticada no Nordeste brasileiro empequenos ruminantes (Azevedo et al 2003) A doenccedila cliacutenica foi descritaprimeiramente por Metaxa na Itaacutelia em 1816 (Madanat et al 2001) e atualmen-te ocorre em muitos paiacuteses que produzem estas espeacutecies intensivamente Apesarda denominaccedilatildeo a enfermidade acomete animais de ambos os sexos determi-nando quadros inaparentes leves agudos ou crocircnicos

Aspectos Etioloacutegicos e EpidemioloacutegicosO agente causal da doenccedila o Mycoplasma agalactiae foi isolado inicialmente em1923 Embora a agalaxia contagiosa natildeo apresente alta mortalidade amorbidade da doenccedila no rebanho pode encontrar-se entre 30 e 60 Areduccedilatildeo ou completa parada na produccedilatildeo de leite quadros de mastite ou aocorrecircncia de abortos torna a enfermidade responsaacutevel por consideraacuteveis perdaseconocircmicas (Madanat et al 2001)

Em ovinos particularmente o M agalactiae eacute considerado como o agenteetioloacutegico claacutessico da agalaxia contagiosa Entretanto outras espeacutecies de

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

17Micoplasmoses em pequenos ruminantes

micoplasma podem determinar sinais cliacutenicos e patoloacutegicos semelhantes empequenos ruminantes

O agente etioloacutegico eacute sensiacutevel ao aumento de temperatura sendo inativado em cincominutos a 600 C ou em um minuto a 1000 C Satildeo sensiacuteveis tambeacutem agrave radiaccedilatildeoultravioleta e agrave degradaccedilatildeo do ambiente Desinfetantes como formalina cloro eoutros podem destruir o agente em 15 a 20 minutos (Bergonier et al 1997)

A doenccedila eacute disseminada rapidamente e a transmissatildeo ocorre a partir do contato deanimais sadios com portadores ou animais e meio ambiente infectados por descar-gas nasais fezes urinas e excreccedilotildees articulares Em animais jovens a ocorrecircncia dadoenccedila acontece pela ingestatildeo de leite e colostro contaminados podendo o agenteser excretado no leite por no miacutenimo 12 meses e no maacuteximo 8 anos quando ossinais cliacutenicos satildeo mais brandos (DaMassa amp Brooks 1991)

A presenccedila de portadores do microrganismo representa um seacuterio risco para asauacutede animal pois estes carreiam o agente no trato genital ou no condutoauditivo Outras espeacutecies de ruminantes tais como bovinos camelos ou peque-nos ruminantes silvestres podem funcionar como reservatoacuterios paraMicoplasmas (DaMassa 1990 Perrin et al 1994)

Aspectos Patoloacutegicos e CliacutenicosEm condiccedilotildees naturais a porta de entrada do microrganismo pode ser a via oralmamaacuteria ou respiratoacuteria Em animais infectados oralmente as ceacutelulas intestinaisseratildeo o siacutetio de ligaccedilatildeo primaacuteria e adesatildeo Infecccedilotildees e subsequente colonizaccedilatildeoda glacircndula mamaacuteria pelo M agalactiae satildeo resultados de teacutecnicas de ordenhaincorretas ou defeitos no equipamento de ordenha (Kinde et al 1994)

Animais infectados desenvolvem bacteremia acompanhada por febre ocorrendoa disseminaccedilatildeo do agente agrave glacircndula mamaacuteria olhos linfonodos articulaccedilotildees etendotildees Animais gestantes podem abortar O periacuteodo de incubaccedilatildeo ocorre entreum e dois meses

O sinais cliacutenicos observados em animais infectados satildeo anorexia letargia indispo-siccedilatildeo e mastite que conduz agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de leite e agrave agalaxia propria-mente dita O leite apresenta aspecto amarelado com consistecircncia aquosatornando-se gradativamente de aspecto purulento Quando as articulaccedilotildees satildeoafetadas a artrite ocorre normalmente no carpo e no tarso com acuacutemulo de

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

18 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

liacutequido sinovial (Figura 4) e em casos crocircnicos um quadro de anquilose podeser observado O acometimento ocular ocasiona sinais cliacutenicos semelhantes aosdescritos na ceratoconjuntivite infecciosa Ocorrem tambeacutem associaccedilotildees entrecasos de vulvovaginites granulosa em cabras com a presenccedila do Mycoplasmaagalactiae

Embrapa C

aprinos

Fig 4 Artrite em articulaccedilatildeo carpo metacarpiana de caprino decorrente deinfecccedilatildeo crocircnica por Mycoplasma agalactiae

Ao exame macroscoacutepico post-mortem de animais acometidos com artrite osachados podem ser resumidos em sinoviteartrite muco-purulenta nas articula-ccedilotildees afetadas

Diagnoacutesticos das Micoplasmoses

Achados Epidemioloacutegicos e CliacutenicosOs achados epidemioloacutegicos e cliacutenicos das micoplasmoses em pequenos rumi-nantes fornecem informaccedilotildees valiosas para um correto diagnoacutestico entretantonatildeo podem ser utilizados separadamente dos exames laboratoriais pois eacute deextrema importacircncia a realizaccedilatildeo do diagnoacutestico diferencial da micoplasmose comoutras enfermidades que determinam quadros cliacutenicos semelhantes principal-mente Listeriose Lentiviroses abortos ocasionados por Chlamydia ouCampylobacter ceratoconjuntivites e mastites ocasionadas por outros microrga-

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

19Micoplasmoses em pequenos ruminantes

nismos Outro importante fator eacute a dificuldade de diagnoacutestico dos portadoresinaparentes (natildeo apresentam sinais cliacutenicos) que passam desapercebidos(Madanat et al 2001)

Estudos realizados por Gutierrez et al (1999) determinaram variaccedilotildees nosvalores hematoloacutegicos de caprinos jovens inoculados experimentalmente com Mmycoides subesp mycoides e verificaram uma leucopenia acompanhada dedepleccedilatildeo de neutroacutefilos e linfoacutecitos atribuiacuteda agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas brancassanguumliacuteneas na induccedilatildeo da septicemia refletindo-se em um processo agudoVerificaram uma diminuiccedilatildeo do fibrinogecircnio trombocitopenia e eritrocitopeniarelatada tambeacutem em infecccedilotildees naturais assim como baixos niacuteveis dehemoglobina Apesar dos significantes achados hematoloacutegicos estes por si soacutenatildeo satildeo suficientes para diagnosticar a enfermidade (Nayak amp Bhowmik 1988)

Isolamento e IdentificaccedilatildeoO isolamento das diversas espeacutecies de Micoplasma eacute realizado a partir demateriais como

middot Macerado de fragmentos de tecidos lesionados (pulmatildeo linfonodosregionais e glacircndula mamaacuteria) obtidos de animais necropsiados

middot Material obtido atraveacutes de swab nasal orofaringe vaginal e ocular

middot Coleta de leite sangue e urina

middot Coleta de exsudatos articulares

middot Material obtido de lavados bronco-alveolares e conduto auditivo (portadores)

As amostras satildeo cultivadas em meios especiacuteficos como o Hayflick modificadoAgar PPLO e SP4 (para crescimento de micoplasmas fastidiosos) entre outrosAs placas satildeo incubadas a 370C (sob condiccedilotildees de microaerofilia) com leiturasdiaacuterias por um periacuteodo de 21 dias tempo necessaacuterio para crescimento demicoplasmas originadas de pequenos ruminantes As colocircnias apresentamaspecto de ovo frito (Figura 5) satildeo transparentes variando de 50 a 500 mmde diacircmetro e satildeo visualizadas em microscoacutepio estereoscoacutepico com aumento de100 vezes (Nascimento et al 2002)

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

20 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

A caracterizaccedilatildeo bioquiacutemica das espeacutecies eacute realizada por testes de sensibilidade agravedigitonina fermentaccedilatildeo da glicose hidroacutelise da ureacuteia e arginina atividade dafosfatase e digestatildeo da caseiacutena entre outros

Fig 5 Aspecto de ovo frito em colocircnias de Mycoplasma mycoidesw

ww

myc oplasm

a-expcom

Meacutetodos SoroloacutegicosImunoloacutegicosApesar da relativa quantidade de testes soroloacutegicos empregados no diagnoacutesticodas micoplasmoses em pequenos ruminantes natildeo existe ainda um teste quepossa ser amplamente recomendado (Nascimento et al 2003)

Alguns meacutetodos soroloacutegicos de identificaccedilatildeo incluem a ImunofluorescecircnciaImunoperoxidase Indireta ELISA (mais recentemente utilizando-se a teacutecnica deDot-Immunoblotting) Fixaccedilatildeo de Complemento (FC) Teste de aglutinaccedilatildeo emlaacutetex (maior sensibilidade que a FC) Imunohistoquiacutemica (a partir de fragmentos detecidos obtidos em animais necropsiados) e Imunocitoquiacutemica (a partir de lavadosbronco-alveolares punccedilatildeo de liacutequido articular e punccedilatildeo de glacircndula mamaacuteria)

Anaacutelise MolecularReaccedilatildeo em Cadeia de Polimerase (PCR)Consiste na detecccedilatildeo de fragmentos de DNA e RNA de determinado microrganis-mo que podem ser repetidamente amplificados e detectados com maior rapidezsensibilidade e especificidade A despeito das suas vantagens a PCR tambeacutemapresenta limitaccedilotildees como em outras teacutecnicas de diagnoacutestico tais como

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

21Micoplasmoses em pequenos ruminantes

ocorrecircncia de falso-positivos (pela amplificaccedilatildeo de outros produtos) e baixaespecificidade do primer (presenccedila de inibidores da polimerase na amostra)(Vaneechoutte amp Van Eldere 1997)

Tem sido previamente relatado em detecccedilotildees diretas de DNA de M agalactiaeem amostras de leite de ovelha sendo considerada como a melhor teacutecnica paradetecccedilatildeo direta do agente em leite apresentando vantagens sobre os meacutetodostradicionais de diagnoacutestico na raacutepida detecccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo do Cluster deMycoplasma mycoides (Hotzel et al 1996 Tola et al 1997)

Apesar dos avanccedilos das pesquisas com uso da PCR na detecccedilatildeo de espeacutecies deMicoplasmas de pequenos ruminantes o seu uso no Brasil ainda eacute restrito poisfaz-se necessaacuteria a padronizaccedilatildeo da teacutecnica aleacutem da decisatildeo de que espeacuteciesiratildeo compor o diagnoacutestico (Nascimento 2003) o que natildeo impossibilita oavanccedilo de novas pesquisas avancem neste sentido

Tratamento das Micoplasmoses

O tratamento das micoplasmoses baseia-se principalmente na antibioticoterapiasistecircmica por longo periacuteodo caso contraacuterio a probabilidade de reicindivas eaparecimento de cepas resistentes eacute muito provaacutevel Exceto a penicilina ououtros antibioacuteticos b-lactacircmicos com atuaccedilatildeo na parede celular que satildeo inativoscontra os micoplasmas pela ausecircncia de parede celular na mesma vaacuteriosantibioacuteticos e quimioteraacutepicos tecircm sido utilizados (Tabela 2) (Hannan 2000Madanat et al 2001 Nascimento 2003)

Mesmo com a realizaccedilatildeo do tratamento as micoplasmoses podem reaparecerapoacutes o teacutermino do mesmo entretanto em ocasiotildees de surtos o tratamento deveser preconizado ateacute que sejam adotadas medidas de controle adequadas Otratamento sintomaacutetico eacute tambeacutem recomendado como a utilizaccedilatildeo desecretoliacuteticos em casos de pneumonia tratamento local da glacircndula mamaacuteria emcasos de mastites e utilizaccedilatildeo de coliacuterios agrave base de antibioacuteticos aos quais osmicoplasmas apresentem sensibilidade

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

22 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

Tabela 2 Principais quimioteraacutepicos sistecircmicos utilizados nas diversas manifes-taccedilotildees cliacutenicas da micoplasmose em pequenos ruminantes

Controle e Profilaxia

O controle e a profilaxia das micoplasmoses em pequenos ruminantes eacute funda-mental para o sucesso da criaccedilatildeo uma vez que o tratamento torna-se medida deurgecircncia A erradicaccedilatildeo da doenccedila eacute desejaacutevel poreacutem trabalhosa e muitas vezesimpossiacutevel pois considerando a presenccedila de animais portadores eassintomaacuteticos no rebanho a eliminaccedilatildeo do agente de determinada propriedade eacutedifiacutecil

Algumas medidas podem ser adotadas para controle

middot medidas de biosseguranccedila na propriedade capazes de impedir a infecccedilatildeode animais satildeos tendo-se o cuidado na introduccedilatildeo de novos animais

middot realizaccedilatildeo de quarentena para detecccedilatildeo de possiacuteveis doentes

middot detecccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de portadores inaparentes no rebanho

middot separaccedilatildeo das crias ao nascimento impedindo contato com suas matildeessubstituindo o colostro por sucedacircneo ou termizando-se (56oC30 minutos) ocolostro procedente das matildees (Nascimento et al 2002)

Antibioacutetico Dosagem Duraccedilatildeo Via de Espeacuteciesadministraccedilatildeo Susceptiacuteveis

MagalactiaeTilosina 1mL5kgdia 5 dias IM e Cluster

de M mycoidesEnrofloxacina 05mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppOxitetraciclina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppLincomicina 1mL10kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppCiprofloxacina 1Ml20kgdia 5 dias IM Mycoplasma sppNorfloxacina 1mL10kgdia 5 dias IM ou Mycoplasma spp

subcutacircneaIM = IntramuscularFonte Ourotetra (2000) Tylan (2000) Flotril (2002) Ciprodez (2004) Linco-spectin (2004)

Norflomax (2005)

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

23Micoplasmoses em pequenos ruminantes

middot medidas higiecircnicas durante a ordenha

middot desinfecccedilatildeo correta de instalaccedilotildees e equipamentos de ordenha

middot isolamento e separaccedilatildeo de animais com sintomatologia cliacutenica do resto dorebanho para tratamento

A proteccedilatildeo vacinal contra a Pleuropneumonia Contagiosa Caprina tem sidopossiacutevel ao longo dos anos com o uso de autovacinas administradassubcutacircneamente oriundas de extratos pulmonares de animais afetados Vacinasinativadas com saponinas e fenol como tambeacutem as produzidas com culturas dacepa F38 determinam boa imunidade Entretanto as vacinas comerciais para asmicoplasmoses em pequenos ruminantes ainda natildeo satildeo encontradas BrasilAnimais jovens a partir de 10 semanas podem ser vacinados sem que ocorra ainterferecircncia dos anticorpos maternos (Nicholas 2002)

As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-semais efetivas do que as inativadas que determinam reduzida respostaimunoloacutegica Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactaccedilatildeonormal eacute reduzida e as lesotildees articulares e oculares satildeo diminuiacutedas entretanto oanimal permanece excretando o patoacutegeno atraveacutes do leite por um longo periacuteodo(Madanat et al 2001)

Consideraccedilotildees Finais

As infecccedilotildees micoplaacutesmicas apesar de causarem enormes prejuiacutezos agrave exploraccedilatildeopecuaacuteria da caprino-ovinocultura ainda satildeo pouco estudadas nos paiacuteses emdesenvolvimento principalmente no Brasil

Um fator importante a ser considerado eacute a condiccedilatildeo de portador inaparente quealguns animais detecircm eliminando o agente por vaacuterios anos constituindo fonteconstante de contaminaccedilatildeo para outros animais e possibilitando a difusatildeo dadoenccedila As perdas econocircmicas decorrentes da ausecircncia de apetite o baixorendimento de carcaccedila queda na produccedilatildeo de leite condenaccedilatildeo de carcaccedilas egastos com medicamentos tornam as micoplasmoses um importante problemaprincipalmente em paiacuteses onde a caprinocultura eacute expressiva

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

24 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

O diagnoacutestico das micoplasmoses em caprinos eacute muitas vezes dificultado porcondiccedilotildees de isolamento identificaccedilatildeo do microrganismo e pela natildeo disponibili-dade de antisoro e antiacutegeno para realizaccedilatildeo dos testes soroloacutegicos e obtenccedilatildeo dedados epidemioloacutegicos existentes que possam determinar o diferencial entremicoplasmose e outras enfermidades similares O estabelecimento de testesdiagnoacutesticos seguros e eficientes para a detecccedilatildeo da infecccedilatildeo eacute assunto queainda demanda muitas pesquisas envolvendo biologia molecular e outrasteacutecnicas de avanccediladas

O avanccedilo do conhecimento sobre micoplasmose caprina facilitaraacute a implantaccedilatildeode medidas de controle desta infecccedilatildeo em rebanhos problemas e assim promo-veraacute um impacto na reduccedilatildeo das perdas econocircmicas determinando um aumentoda produtividade

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

25Micoplasmoses em pequenos ruminantes

AZEVEDO E O CASTRO R S TABOSA I M ALMEIDA V M SANTOSL P BANDEIRA D A ARAUacuteJO M D ALMEIDA J F NASCIMENTO ER Comportamento da Agalaxia contagiosa em caprinos e ovinos no Nordestebrasileiro In CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BUIATRIA 11 CON-GRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA 5 CONGRESSO NORDESTINO DEBUIATRIA 3 2003 Salvador Sanidade base da economia pecuaacuteria programafinal livro de resumos Salvador Associaccedilatildeo Brasileira de Buiatria 2003 p 71Resumo157

BERGONIER D BERTHELOT X POUMARAT F Contagious agalactia ofsmall ruminants current knowledge concerning epidemiology diagnosis andcontrol Review Science Technology OIE v 16 n 3 p 848-873 1997

CASSEL G H CLYDE W A J DAVIS J K Mycoplasmal respiratoryinfections In RAZIN S BARILE MF (Ed) The mycoplasmas OrlandoAcademic Press 1985 v 4 p 69-106

CIPRODEZ ciprofloxacino injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Paulo RobertoAndreoli Satildeo Paulo Ceva Sauacutede Animal 2004 Bula de remeacutedio

CONTAGIOUS caprine pleuropneumonia In INSTITUTE FOR INTERNATIONALCOOPERATION IN ANIMAL BIOLOGIES Disponiacutevel em httpwwwvmiastateeduservicesinstituresiicabiicabhtm Acesso em 07 dez2004

Referecircncias Bibliograacuteficas

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

26 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

DaMASSA A J The ear canal as a culture site for demonstration ofmycoplasmas in clinically normal goats Australian Veterinary Journal v 67n 7 p 267-269 1990

DaMASSA A J BROOKS D L The external ear canal of goats andother animals as a Mycoplasma habitat Small Ruminants Research v 4n1 p 85-93 1991

DaMASSA A J WAKENELL P S BROOKS D L Mycoplasmas of goatsand sheep (Review article) Journal Veterinary Diagnostic Investigation v 4p 101-113 1992

FLOTRIL 10 enrofloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Leocircnidas ResendeRio de Janeiro Shering-Plough 2002 Bula de remeacutedio

GREGORY L CARDOSO MV BIRGEL JUNIOR E H TEIXEIRA S RSOUZA R M PACHECO W A BIRGEL E H BENESI F J Surto deceratoconjuntivite infecciosa dos caprinos causada por Mycoplasma conjunctivaeem caprinos adultos criados no Estado de Satildeo Paulo Arquivos InstitutoBioloacutegico Satildeo Paulo v 70 n 2 p 199-201 2003

GUTIERREZ C RODRIGUEZ J L MONTOYA J A FERNANDEZ AClinico-pathological and haematological findings in goats kids experimentallyinfected simultaneously with Mycoplasma mycoides subsp capri andMycoplasma mycoides subsp mycoides (large colony type) Small RuminantResearch v31 n 3 p187-192 1999

HANNAN P C T Guidelines and recommendations for antimicrobial minimuminhibitory concentration (MIC) testing against veterinary mycoplasma speciesVeterinary Research v 31 p 373-395 2000

HOTZEL H SACHSE K PFUTZNER H A PCR scheme for differentiation oforganisms belonging to the Mycoplasma mycoides cluster VeterinaryMicrobiology v 49 p 31-43 1996

JANOVSKY M FREY J NICOLET J BELLOY L GOLDSCHMIDT-CLERMONTE GIACOMETTI M Mycoplasma conjunctivae infection is self-maintained in theSwiss domestic sheep population Veterinary Microbiology v 83 p 11-22 2001

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

27Micoplasmoses em pequenos ruminantes

KINDE H DaMASSA A J WAKENELL P S PETTY R Mycoplasmainfection in a commercial goat dairy caused by Mycoplasma agalactiae andMycoplasma mycoides subsp mycoides (caprine biotype) Journal VeterinaryDiagnostic Investigation v 6 p 423-427 1994

LINCO-SPECTIN soluccedilatildeo esteacuteril cloridrato de lincomicina injetaacutevel Responsaacutevelteacutecnico Andreacute Luiz Silveira Satildeo Paulo Pfizer 2004 Bula de remeacutedio

MADANAT A ZENDULKOVA D POSPSIL Z Contagious agalactia of sheepand goats A review Acta Veterinary Brno v 70 p 403-412 2001

MARTRENCHARD A BOUCHEL D ZOYEM N Isolation and experimentalstudies of Mycoplasma mycoides subsp mycoides LC and Mycoplasmaovipneumoniae in goats in northern Cameroon Small Ruminant Research v 16n 2 p 179-184 1995

McMARTIN DA MACOWAN K J SWIFT LL A century of classicalcontagious pleuropneumonia from original description to aetiology BritishVeterinary Journal v 136 p 507-515 1980

MUumlLLER E E NASCIMENTO E R METTIFOGO E REIS A C F dosFREITAS J C de NASCIMENTO M da G F do Isolamento de Mycoplasmaarginini e Actinomyces pyogenes de ovino com pleuropneumonia RevistaBrasileira de Medicina Veterinaacuteria v 20 n 3 p 118-119 1998

NASCIMENTO E R do Micoplasmose caprina e ovina In SIMPOacuteSIO INTER-NACIONAL SOBRE O AGRONEGOacuteCIO DA CAPRINOCULTURALEITEIRA=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE AGRIBUSINESS OF THEGOAT MILK INDUSTRY 1 SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS EOVINOS DE CORTE=INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SHEEP AND GOATPRODUCTION 2 ESPACcedilO APRISCO NORDESTE 1 2003 Joatildeo PessoaAnais=Proceedings Joatildeo Pessoa EMEPA 2003 p 141-151

NASCIMENTO E R do NASCIMENTO M G F FREUNDT E AANDERSEN H Isolation of Mycoplasma mycoides from outbreaks of caprinemycoplasmosis in Brazil British Veterinary Journal v 142 p 246-257 1986

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

28 Micoplasmoses em pequenos ruminantes

NASCIMENTO M G F NASCIMENTO E R do Isolamento de Mycoplasmaovipneumoniae de caprinos com pneumonia In CONGRESSO BRASILEIRO DEMEDICINA VETERINAacuteRIA 19 1984 Beleacutem Anais Beleacutem SociedadeBrasileira de Medicina Veterinaacuteria 1984 p 304

NAYAK N C BHOWMIK M K Mycoplasmal polyarthritis associated withsepticaemia in kids Clinico-haematological and biochemical studies IndianJournal Veterinary Pathology v 12 p 13-17 1988

NIAG M ROSENBUSCH R F LOPEZ-VIRELLA J KAEBERLE M LExpression of functions by normal sheep alveolar macrophages and theiralteration by interaction with Mycoplasma ovipneumoniae VeterinaryMicrobiology v 58 p 31-43 1997

NICHOLAS R A J Improvements in the diagnosis and control of diseases ofsmall ruminants caused by mycoplasmas Small Ruminants Research v 45 n2 p145-149 2002

NORFLOMAX Norfloxacina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico Carlos HenriqueHenrique Satildeo Paulo Ourofino 2005 Bula de remeacutedio

OJO M O KASALI O B OZOYA S E Pathogenicity of caprine strain ofMycoplasma mycoides subsp mycoides for cattle Journal of ComparativePathology v 90 p209-215 1980

OUROTETRA LA oxitetraciclina injetaacutevel Responsaacutevel teacutecnico CarlosHenrique Henrique Satildeo Paulo Ourofino 2000 Bula de remeacutedio

PERRIN J MULLER R ZANGGER N NICOLET J Infections a Mycoplasmamycoides subsp mycoides LC chez des cabris beacutezoard au jardin zoologique deBerne Schweizer Archives Tierheilk v 136 p 270-274 1994

RAZIN S YOGEV D NAOT Y Molecular biology and pathogenicity ofMycoplasmas Microbiology and Molecular Biology Reviews v 62 n 4 p1094-1156 1998

RODRIGUEZ J L POVEDA J B RODRIGUEZ F ESPINOSA de LosMONTEROS A RAMIacuteREZ AS FERNAacuteNDEZ A Ovine infectious

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993

29Micoplasmoses em pequenos ruminantes

keratoconjunctivitis caused by Mycoplasma agalactiae Small RuminantResearch v 22 p 93-96 1996

TOLA S ANGIOI A ROCCHIGIANI AM IDINI G MANUNTA D GALLERIG LEORI G Detection of Mycoplasma agalactiae in sheep milk samples bypolymerase chain reaction Veterinary Microbiology v 54 p 17-22 1997

VANEECHOUTTE M VAN ELDERE J The possibilities and the limitations ofnucleic acid amplification technology in diagnostic microbiology JournalMedical Microbiology v 134 p 188-194 1997

WANG R Y SHIH J W WEISS S H GRANDINETTI T PIERCE P FLANGE M ALTER H J WEAR D J DAVIES C L MAYUR R K LO SC Mycoplasma penetrans infection in male homosexuals with AIDS highseroprevalence and association with Kaposis sarcoma Clinical InfectiousDisease v 17 p 724-729 1993