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Micro IV: Paradigma ECD: O modelo e seus limites interpretativos Referências básicas: BAIN, J. (1956) Barriers to new competition. Massachusetts: Harvard University Press. KUPFER, D. e HASENCLEVER, L.(eds.) (2002). Economia industrial. Fundamentos teóricos e práticas no Brasil. Rio de Janeiro. Editora Campus. (introdução e cap.6) SCHERER, F.; ROSS, D. (1990) Industrial market structure and economic performance. Boston: Houghton Mifflin, 1990. SYLOS-LABINI, P. (1980) Oligopólio e progresso Técnico. RJ. Forense Universitária

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Modelo ECD

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Micro IV: Paradigma ECD: O modelo e seus limites interpretativos

Referências básicas:

BAIN, J. (1956) Barriers to new competition. Massachusetts: Harvard University Press.

KUPFER, D. e HASENCLEVER, L.(eds.) (2002). Economia industrial. Fundamentos teóricos e práticas no Brasil. Rio de Janeiro. Editora Campus. (introdução e cap.6)

SCHERER, F.; ROSS, D. (1990) Industrial market structure and economic performance. Boston: Houghton Mifflin, 1990.

SYLOS-LABINI, P. (1980) Oligopólio e progresso Técnico. RJ. Forense Universitária

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Situando a questão

Contribuições de Paolo Sylos-Labini e Joe Bain, na década de 50:

A análise da estrutura da indústria, com foco no aspecto de concentração do mercado e ênfase no papel da concorrência - efetiva (firmas estabelecidas) e potencial (firmas potenciais-entrantes) - como elemento regulador dos preços e da produção.

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Situando a questão

Mason, Bain e Sylos-Labini: As contribuições teóricas destes autores propiciaram a base sobre a qual foi construído o paradigma Estrutura- Conduta- Desempenho (ECD).

O modelo E-C-D ocupou um lugar de destaque enquanto ferramenta de análise da teoria microeconômica relacionada com a análise dos padrões de funcionamento de empresas, industrias e mercados a partir da década de 50.

Apesar das críticas e limitações o modelo E-C-D ainda constitui um arcabouço teórico válido que serve como guia para ação política no tocante à regulação.

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O modelo ECD parte da premissa que existem dois tipos de competição:

– Competição Efetiva – estabelecida entre firmas que já estão instaladas num mercado;

– Competição Potencial - estabelecida entre empresas instaladas (Fi) e empresas que pretendem entrar num novo mercado(Fe).

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Objetivos do Modelo ECD:

Buscam derivar de características da estrutura do mercado conclusões acerca do seu desempenho em termos de alguma variável escolhida, supondo para isso que as condutas das empresas são fortemente condicionadas pelos parâmetros estruturais vigentes.

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Objetivos do Modelo ECD:

Busca avaliar como as imperfeições de mercado limitam a capacidade dos ofertantes atender as aspirações e demandas da sociedade por bens e por serviços baratos e eficientes;

Busca explicar como os agentes econômicos que estão do lado da oferta são capazes de tirar proveito de situações estruturais e estabelecer estratégias que lhes aumentem o “poder de mercado”

Existe uma clara referência comparativa aos modelos competitivos

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O modelo toma como ponto de partida que os mercados se organizam de acordo com as suas características estruturais

Estas características impõem limites de conduta aos agentes, à sua ação estratégica

As características estruturais e as ações estratégicas determinam o desempenho econômico

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Hipótese Estruturalista Básica (Bain)

Na tradição original de Bain as condutas não importavam, a ponto de se considerar que a estrutura (grau de concentração, barreiras à entrada, etc.) determinava diretamente o desempenho do mercado (desempenho avaliado em termos do desvio da TX de lucro efetiva em relação à TX ideal em eficiência alocativa – ótimo de Pareto), ou seja, desvio do Preço em relação ao CMg.

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Justificativas de Bain para privilegiar o estudo da relação entre Estrutura-Desempenho (ED) tendo em vista a possibilidade de aplicação empírica da teoria:

1. variáveis de conduta não são essenciais para o desenvolvimento de uma teoria operacional de organização industrial, visto que previsões aceitáveis de desempenho da indústria poderiam ser obtidas a partir de medidas da estrutura industrial;

2. uma teoria que inclua variáveis de conduta gera previsões ambíguas, mesmo que sob as mesmas condições estruturais (vários tipos de desempenho podem resultar de padrões de conduta similares) e;

3. o teste de hipótese envolvendo variáveis de estrutura, conduta e desempenho envolveriam sérias dificuldades de se obterem informações sobre a conduta (BAIN, 1956).

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O PARADIGMA ESTRUTURA-CONDUTA-DESEMPENHO

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(Scherer & Ross, 1990)

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Limitações dos modelos ECD

Enfoque reducionista das estratégias competitivas: consideram apenas a estratégia de preços.

Enfoque simplista dos fatores que explicam as estratégias de preços das empresas: tudo se resolve na motivação da maximização do lucro.

O papel da inovação tecnológica como principal força transformadora capaz de afetar as barreiras à entrada, a estrutura da indústria ou o desempenho das firmas, não é devidamente considerado.

Estratégias competitivas baseadas em relações contratuais de cooperação entre-firmas não são consideradas.

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Limitações dos modelos ECD A reduzida importância atribuída às condutas das

empresas no processo de concorrência constitui uma lacuna importante no modelo E-C-D

Com isso, passou-se a avaliar empiricamente os possíveis feedbacks entre as três categorias o que levou a um enfraquecimento do modelo tendo em vista a múltipla causalidade das relações e a necessidade de encontrar soluções simultâneas para essas relações.

Duas linhas/abordagens, ambas infrutíferas, se destacam neste processo:– Estudos de Caso– Soluções matemáticas (teoria dos jogos)

Os estudos de caso se mostraram poucos generalizáveis, enquanto que o uso da matemática voltou a privilegiar a conduta das empresas como principal variável explicativa do funcionamento dos mercados, desconsiderando o papel das condições básicas da oferta e demanda.

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Questão da endogeneidade

(Gerosky, 1988): “ Se cada empresa escolhe o seu nível de produção (e preços) em função de suas curvas de custo, funções de demanda e de expectativas sobre a conduta dos rivais, o preço de mercado e os produtos de todas as empresas, para uma indústria em equilíbrio, são conjuntamente determinados. Assim, tanto o grau de concentração como os lucros são variáveis endogenamente determinadas e não podem guardar relações de causalidade pré-definidas”

A hipótese da endogeneidade serviu para o desenvolvimento de uma corrente alternativa, na década de 70, baseada na teoria dos jogos. Tal proposição resgata os modelos de Cournot, Bertrand, Nash e outros ligados aos primórdios das teorias sobre oligopólio.

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Os modelos de oligopólio de Bain e Sylos-Labini: pontos em comum

Análise da estrutura da indústria, à luz do paradigma estrutura-conduta-desempenho;

Ênfase no papel da concorrência efetiva (Paolo Sylos-Labini) e potencial (Joe Bain) como forças co-reguladoras dos preços e da produção;

Foco na análise dos efeitos da concentração do mercado sobre a conduta de preços, o desempenho econômico das firmas oligopólicas e a condição de estabilidade da indústria.

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O modelo de Bain: concorrência potencial,

barreiras à entrada e a teoria do preço-limite

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Aspectos inovadores da abordagem de Bain...

Por um lado, a relevância dos impedimentos à livre entrada para a conformação da estrutura do mercado – em oligopólio, ou monopólio como situação limite – já havia sido reconhecida por outros autores (como Kaldor, Hall & Hitch, Andrews e Clark). ...

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Aspectos inovadores da abordagem de Bain

Por outro lado, a abordagem de Bain inova pois:– Desloca a questão das barreiras à entrada para o

centro da análise da estrutura do mercado e da formação dos preços em oligopólio, conceituando-as com mais rigor e aprofundando hipótese sobre seus determinantes, em lugar de tratá-las como mais um elemento a distinguir qualitativamente os mercados chamados imperfeitos ou não plenamente competitivos.

– Sugere que numa situação de oligopólio a ameaça de entrada de novos competidores é um fator decisivo ina determinação do preço, uma vez que estabelece um limite superior para o preço (e portanto para os lucros ceteris paribus) no qual as empresas que exercem a liderança de preços estão seguras de poder manter-se sem induzir à entrada de outras firmas no mercado.

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Condição de entrada

De acordo com Bain, a condição de entrada (e, portanto, o nível das barreiras) “pode ser avaliada pelo grau em que as firmas estabelecidas podem elevar seus preços acima de um nível competitivo sem induzir novas firmas a porem em utilização maior capacidade na indústria”.

A inovação da abordagem consiste na proposta de mensuração do nível das barreiras pela referida relação (ou pela margem de lucro) e na sua inclusão como um dos fatores determinantes das decisões das empresas oligopolistas quanto à estratégia de fixação de preços e margens de lucros a longo prazo.

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Condições de entrada

Influenciam as condutas (estratégias) e o desempenho das firmas já instaladas estabelecendo limites ao aumento de preços dentro da indústria ou um piso para a sua redução

As firmas estabelecidas ameaçam os novos competidores com redução de preços, aumento da oferta ou com excesso de capacidade.

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Barreiras à entrada

Como isso é feito?

Tomando partido de condições estruturais que já existem no mercado e que lhes dão vantagem competitiva sobre entrantes

São as mesmas que estabelecem BARREIRAS À ENTRADA de novos competidores

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Barreiras à entrada

Existem Barreiras Entrada quando uma empresa recém chegada não consegue atingir os níveis de lucros que as empresas antigas desfrutavam no mercado ou quando a sua entrada as situa em desvantagem de custo (ou de preços) perante as já instaladas (Bain).

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Hipóteses principais:

A intensidade da ameaça à entrada, ou seja, a pressão exercida pela concorrência potencial, é também um importante elemento co-regulador dos preços e das quantidades produzidas na indústria, condicionando a conduta e o desempenho das firmas estabelecidas;

O grau de dificuldade/facilidade de ingresso de novas firmas na indústria, que se expressa no nível de barreiras à entrada que caracteriza a indústria, é determinado em função das vantagens competitivas (aqui entendidas em termos de vantagens de custos) que as firmas estabelecidas possuem frente às firmas potenciais entrantes.

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Comportamento estratégico e a noção de preço-limite

Bain (1956) identifica quatro elementos da estrutura de mercado que afetam a capacidade de firmas estabelecidas num determinado mercado prevenirem a erosão de lucros supra normais devido à entrada de novos competidores:– Vantagens absolutas de custo; – Economias de Escala;– Vantagens de diferenciação de produtos;– Requerimentos de capital

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Vantagem absoluta de custos

a. vantagem com relação ao acesso aos fatores de produção ( preço ou qualidade desses fatores)

b. vantagem no que tange ao acesso ao mercado de capitais.

c. controle do acesso à tecnologia e/ou tecnologias que não podem ser imitadas/copiadas.

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Vantagem por Diferenciação de produtos

a. Preferências estabelecidas dos consumidores (fidelidade à marca; credibilidade do produto, etc);

b. Elevado montante de gastos requeridos com publicidade e marketing, e cuja recuperação pressupõe vendas em grande escala;

c. Canais de distribuição já consolidados e/ou práticas a eles associados que limitam o acesso do consumidor a eventuais novos produtos oferecidos por outras (novas) empresas.

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Vantagens por Economias de Escala

a. existência de técnicas ou equipamentos mais eficientes quando associados a escalas de produção mais elevadas;

b. economia de custos administrativos, quando esta ocorrer em função de escalas de produção mais elevadas;

c. economias de aprendizado associadas à maior especialização do trabalho que deriva da produção em grande escala.

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Elevados requerimentos de capital para fazer face ao investimento inicial (barreiras de capital)

a. Quando as empresas estabelecidas possuem vantagem no acesso às condições de financiamento;

b. Quando é necessário um grande volume de capital para permitir a entrada na indústria.

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Economias de escala Ocorre quando o aumento da escala de

produção implica em redução do custo por unidade produzida

Economias de escopo Ocorre quando a produção de mais de

um bem numa mesma instalação produtiva implica numa redução do custo unitário de produção ou distribuição de cada bem individual.

Lembrando que:

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Hipóteses básicas do modelo do preço-limite

1)  A empresa potencial entrante avalia que haja incentivo à entrada se for possível obter lucro econômico puro (extraordinário) imediatamente após a entrada.

2)   A condição de entrada (E) é medida pela margem sobre os custos médios de longo prazo que as empresas estabelecidas podem incluir no preço sem atrair ou induzir a entrada de novas empresasE = Preço /CmeLp Ex: Preço = 10 e Cmelp = 5 ; A margem que define (E) = 100%

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Hipóteses básicas do modelo do preço-limite

3) (E) será tanto maior quanto maiores forem as vantagens de custos da empresa estabelecida mais favorecida em relação à empresa potencial entrante mais favorecida.

4)  O valor da condição de entrada nos leva à definição do preço-limite (PL): o maior nível de preço que, excedendo o preço competitivo (PC), pode ser estabelecido e mantido pela indústria, no longo prazo, sem atrair ou induzir à entrada de novas empresas.

Algebricamente: E = PL – PC ou PL = PC (1 + E) PC5) O nível de barreiras à entrada na indústria será

avaliado pela distância entre o preço-limite (PL) e o preço competitivo (PC; que corresponde ao custo médio mínimo de longo prazo): PL – PC.

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A “condição de entrada” e a conduta de preços da indústria – previstas pelo modelo de Bain

1.   ENTRADA FÁCIL– Quando não há como impedir a entrada. –   As empresas estabelecidas não possuem qualquer

vantagem de custos sobre a empresa potencial entrante. Prevalece o preço competitivo (PC)

2.ENTRADA INEFICAZMENTE IMPEDIDA– Quando há estímulo para fixar o preço acima do

nível correspondente ao preço-limite, induzindo a entrada.

– As empresas estabelecidas possuem pouca vantagem competitiva em relação às potenciais entrantes. O preço que impede a entrada (PL) possibilita lucros relativamente menores que os obtidos fixando-se o preço acima desse nível (impeditivo a entrada):

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A “condição de entrada” e a conduta de preços da indústria – previstas pelo modelo de Bain 3.  ENTRADA EFICAZMENTE IMPEDIDA

– Quando não há motivo para querer fixar o preço acima do nível do preço-limite.

– As empresas estabelecidas possuem significativa vantagem competitiva em relação às potenciais entrantes; o preço que impede a entrada (PL) possibilita lucros mais elevados do que os que seriam obtidos com o estabelecimento de um preço mais elevado, o qual induzisse a entrada de novas firmas:

4. ENTRADA BLOQUEADA – Quando não há, nem mesmo no curto prazo,

nenhum estímulo para elevar o preço a um nível que induza a entrada.

– As vantagens competitivas das empresas estabelecidas são tão significativas que mesmo o preço que impede à entrada é superior àquele que maximizaria os lucros das empresas estabelecidas mais favorecidas.

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ANALISANDO OS EFEITOS DA CONDIÇÃO DE ENTRADA

Os efeitos da condição de entrada sobre as empresas e estruturas de mercado são pensados em termos de:– Eficiência técnica (custos)– Eficiência alocativa (preços)– Grau de estabilidade/ instabilidade

dos mercados: a condição de “equilíbrio” da indústria

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O MODELO PROPÕE QUE A AVALIAÇÃO DESSES EFEITOS DEVE CONSIDERAR TRÊS FATORES DETERMINANTES:

1. O valor da condição de entrada, ou seja, a margem de lucro expressa na distância: PL – PC

– Quanto maior a distância PL – PC ; mais a indústria se afasta da condição de concorrência perfeita

2. A fonte de barreiras à entrada: se esta envolve ou não significativas economias de escala

– Quanto mais fortes as economias de escala, maior necessidade de impedir a entrada para garantir eficiência em custos

3. O grau de concentração atingido pela indústria– Quanto mais concentrada a indústria, mais provável

manter a condição de estabilidade– Quanto mais concentrada a indústria, maior a

possibilidade de existirem práticas “coordenadas” de preços

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O MODELO DE OLIGOPÓLIO DE SYLOS-LABINI

O ponto de partida de Sylos-Labini : a crítica ao Princípio do Custo Total

O “princípio do custo total” (PCT) estabelece que os preços em mercados oligopólicos são determinados pelos custos de produção.

Segundo o PCT, a firma oligopólica fixa o preço de venda do produto tomando como base os custos diretos unitários, acrescentados de uma margem que permita cobrir os custos indiretos unitários e possibilite uma taxa convencional de lucro.

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O MODELO DE OLIGOPÓLIO DE SYLOS-LABINI

P = U + q’U + q’’U U = custos diretos unitários (matérias primas + salários) q’U = custo indireto unitário (K/X) (equipamentos +

instalações)q’’U = lucro unitário (definido com base na taxa

“convencional” de lucro para o setor) Fazendo q’ + q’’= qPodemos simplificar a equação acima, reescrevendo-a

como P = U + q UOnde q = representa o mark-up adicionado aos custos

diretos com o objetivo de recuperar os custos indiretos unitários e garantir a taxa “convencional” de lucro para o setor.

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Exemplo:

Sendo: Quantidade produzida/mês = X = 60 Custo direto total (matérias primas + salários) = U = 80$ Custo indireto total (equipamentos + instalações) = K =

120$ Lucro unitário – definido com base na taxa “convencional”

de lucro para o setor = 20% sobre os custos totais unitários Tem-se que: Custo direto unitário = U/X = 1,3$ Custo indireto unitário = K/X = 2$ Lucro unitário = 20% sobre os custos totais unitários =

(1,3$ + 2$ = 3,3$) = 3,3$ x 20% = 0,66$ P = U + q’U + q’’U P = 1,3$ + 2$ + 0,66$ P = 3,96$ Mark-up (q) =(P – U)/U =(3,96$ - 1,3$)/1,3$ = 2,66$/1,3$

= 2,04 (o preço supera em 204 % o custo direto unitário)

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Principais fatores explicativos dos preços pela fórmula do PCT O “poder de mercado” ou “grau de

monopólio” da firma – determina a capacidade da firma de administrar o seu mark-up e, por conseqüência, o preço de venda do seu produto.

A pressão do mercado: quanto mais intensa a concorrência efetiva ou potencial mais provável que a firma se incline para uma política mais cautelosa de repasse de variações dos custos para os preços (mark-up).

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Principais fatores explicativos dos preços pela fórmula do PCT

O PCT explica como a firma, diante de variações dos custos diretos unitários, e tomando por base o mark-up já definido, pode rapidamente chegar ao novo preço de venda, mas não consegue explicar como se determinou a denominada “taxa convencional” de lucro para o setor.

O PCT não explica o que determina o “poder de mercado” ou “grau de monopólio” da firma.

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Ponto de partida da abordagem de Sylos-Labini

A distinção entre formação do preço pela empresa e determinação do preço da indústria oligopólica

A hipótese de que a determinação do preço em oligopólio é um problema de longo prazo, cuja solução remete a análise da estrutura, conduta e desempenho das firmas na indústria.

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Hipóteses e conceitos operacionais do modelo de sylos labini

Os elementos que definem a estrutura da indústria são: – Extensão absoluta do mercado

(capacidade de oferta da indústria)– Capacidade de absorção do mercado

(elasticidade da demanda)– Distribuição das vendas entre as empresas

que compõem a indústria (market-share)

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A definição da estratégia de preços compete às empresas líderes da indústria e envolve três possibilidades

O modelo supõe que a condição de EMPRESA LÍDER seja exclusividade da GRANDE EMPRESA

Supõe que a Grande Empresa exerce liderança de preço e que as demais empresas são seguidoras de preços.

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ALTERNATIVAS DE ESTRATÉGIAS DE PREÇOS EM OLIGOPÓLIO

(Possíveis condutas da Grande Empresa líder de preço)

- Preço mínimo: manter o preço ao nível correspondente à obtenção da taxa mínima de lucro, correndo o risco de induzir a entrada de novas empresas (pequenas e médias) na indústria.

Preço de Exclusão: impedir a entrada de novas empresas na indústria, devendo, para tanto, manter o preço a um nível inferior ao que garanta a estas empresas a obtenção da taxa mínima de lucro.

Preço de Expulsão: expulsar empresas já em operação na indústria, devendo, para tanto, manter o preço a um nível inferior ao custo direto daquelas empresas.

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O problema estudado por Sylos-Labini: Como se determina o preço de longo

prazo numa indústria oligopólica? Qual a noção de equilíbrio apropriada

para se estudar esse tipo de estrutura de mercado? 

– As respostas dadas pelo modelo de preços de Sylos-Labini:

– O preço será determinado para a indústria em seu conjunto, tomando em conta as variáveis que definem a estrutura técnico-produtiva da indústria, e numa perspectiva de longo prazo.

– O modelo afirma que o preço determinado para a indústria oligopólica será um preço de equilíbrio se e somente se, a esse dado preço, nenhuma empresa for atraída para ou expulsa da indústria.

– Uma vez determinado esse preço “estrutural”, aplica-se integralmente a regra do princípio do custo total enquanto um meio eficiente de recomposição da condição de equilíbrio de preços da indústria e/ou definição de estratégias de preços e de mark-up.

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No curto prazo: aplica-se a fórmula do PCT

Qual tende a ser o comportamento de preços de curto prazo da empresa oligopólica?

Em que situações espera-se que a empresa seja levada a modificar os seus preços de venda?

(A)  Alterações nos custos diretos que atinjam todas as empresas da indústria tendem a ser rapidamente repassadas para os preços: a empresa usa a fórmula P = V + QV para fazer este ajuste de preços.

(B)  Alterações moderadas ou temporárias na demanda não tendem a ser automaticamente repassadas para os preços, ao contrário, possivelmente os preços serão mantidos estáveis.

Page 49: Micro IV -Aula Modelo ECD

A tendência geral dos preços é de que eles se situem em um nível acima do preço de exclusão das empresas menores e relativamente menos eficientes: a guerra de preços não tende a ser a regra em oligopólio.

Quando interessará à grande empresa conviver com empresas menores?

Quando não será interessante uma política agressiva de preços?

– O critério básico será a avaliação do espaço econômico de mercado que se abriria com a expulsão vis-à-vis a capacidade produtiva de uma nova unidade produtiva da grande empresa.

  Quando interessará à grande empresa expulsar

empresas menores estabelecidas na indústria? – Ceteris paribus, uma maior extensão absoluta do

mercado, ao comportar mais plantas produtivas de maior tamanho, torna mais provável uma política agressiva de preços por parte das grandes empresas .

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Conclusões gerais do modelo de Sylos-Labini

A estrutura de custos da indústria é definida com referência ao porte da empresa;

Empresas de maior porte operam com custos unitários de produção mais baixos: efeito economias de escala

  Identifica-se a existência na indústria de diversas

taxas de lucros em correspondência às diversas estruturas de custos

As empresas de maior porte auferem taxas mais elevadas de lucros

Os lucros mais elevados das grandes empresas são de caráter estrutural, ou seja, são não-friccionais.

  O nível de barreiras e/ou o grau de dificuldade de

ingresso na indústria se expressa no tamanho da margem de lucro (preço / custos) da firma mais bem posicionada na indústria: a firma que opera com maior vantagem absoluta de custos.

O modelo supõe que a firma líder de custos será também a que desempenhará o papel de líder de preços na indústria: as outras firmas deverão se guiar por ela.

 

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Conclusões gerais do modelo de Sylos-Labini

O preço de “equilíbrio” da indústria é de caráter pluri-determinado:

Partindo-se de uma dada estrutura inicial da indústria chega-se a um dado preço de equilíbrio para a indústria;

Sendo outros os dados do ponto de partida e/ou supondo que alguma modificação em qualquer um dos dados iniciais, tem-se início uma nova trajetória de determinação do preço de “equilíbrio” da indústria.

  As trajetórias de “equilíbrio” são irreversíveis em sua

determinação e seus efeitos sobre a estrutura e o desempenho da indústria.

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Hipóteses simplificadoras do modelo de Sylos-Labini Uma empresa já instalada na indústria que quiser

ampliar sua capacidade de produção, ou uma concorrente potencial que pretender ingressar na indústria, somente o poderão fazer adotando o método de produção (tecnologia) já existente e apropriado ao porte econômico, escala de produção atual da empresa : O MODELO EXCLUI A POSSIBILIDADE DE INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

Cada empresa somente se expande criando novas instalações iguais àquelas já em operação: O MODELO DECONSIDERA A POSSIBILIDADE DE A EMPRESA (ENTRANTE OU ESTABELECIDA) CONSIDERAR VANTAJOSO OPERAR COM UMA PLANTA DE MENOR TAMANHO

Supõe que se novas empresas vierem a entrar no mercado, aquelas que já estão operando manterão o mesmo nível de produção anterior à entrada: O MODELO EXCLUI A POSSIBILIDADE DE ALIANÇAS OU FUSÕES ENTRE AS EMPRESAS - Esta hipótese é conhecida como o “postulado de Sylos” –