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Mineração: maldição ou dádiva? Os modelos pessimista e otimista. Estudos de caso e o exercício da quantificação e da qualificação Maria Amélia Enríquez MME/SGM UFPA/UNAMA

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Mineração: maldição ou dádiva? Os modelos pessimista e otimista. Estudos de caso e o exercício da quantificação e da qualificação

Maria Amélia Enríquez

MME/SGM – UFPA/UNAMA

“A maldição dos recursos naturais não é destino, é escolha.”

(Joseph E Stiglitz )

Estrutura da Apresentação

1. Os modelos que associam mineração e desenvolvimento

2. Exercícios da quantificação e qualificação

3. Abordagem empírica

Três principais abordagens (obs: escala,dimensões)

1. A mineração é um trampolim (locomotiva) para o desenvolvimento

2. A mineração é uma atividade nefasta – “doença holandesa”, “maldição dos recursos” – e insustentável

3. Há possibilidades e grandes desafios

Máquina do desenvolvimento (economia convencional -> políticas do Banco Mundial)

dotação mineral

novos investimentos

geração de emprego, renda e tributos

Aumento do PIB e do PIB

per capita

crescimento e desenvolvimento

mineração gera “eufóricas expectativas”(Willian Freudenburg)

A extração mineral e sua contribuição para a prosperidades das regiões extrativas: 1.Benefícios temporários: salários e impostos.

2.Benefícios potenciais que sobrevivem ao esgotamento da mina1. rede de infra-estrutura, normalmente feita com

investimentos públicos, criada para dar suporte à mineração, tais como: portos, estradas, parques industriais, centros de convenções, investimentos em escolas, em serviços humanos etc

2. possíveis linkages (efeitos de encadeamento), a partir dos investimentos privados em uma rede de outras indústrias independentes dos recursos minerais

Enclave e atraso socioeconômico (economia crítica)

dotação mineral

novos investimentos

Escassa geração de emprego, renda

Enclaves

Desenvolvimento do

subdesenvolvimento

Oportunidades e desafios para a promoção do desenvolvimento

crescimento =desenvolvimento

Investimentos produtivos

geração de emprego,

renda,tributos

aumenta o PIB eO PIB per capita

dotaçãoMineral

EXTERNALIDADES SOCIOAMBIENTAIS

filtrações: oferta regional e participação local no bolo tributário

restrito pelas filtrações e pelo uso que se faz da renda mineira

Desenvolvimento do

subdesenvolvimento

Efeitos em cadeia – produção, consumo e fiscais – e as possibilidades do

desenvolvimento

Diretriz política

Racionalidade econômica:– economizar e investir no fator limitante da produção

Fator limitante da produção no mundo vazio: capital

Fator limitante da produção no mundo cheio: recursos naturais e os serviços ambientais a ele associados

é necessária uma completa reorientação no sistema de preços dos recursos naturais e dos serviços ambientais a fim de adequá-los à nova realidade de um “mundo cheio”

Os efeitos da atividade mineral sãodiferenciados conforme o nível de governo

Nível Nacional – doença holandesa– Saldo de divisas, receitas federais (IRPJ, PIS/COFINS,

IE, CFEM), infra-estrutura e compras nacionais

Nível Regional (Estadual) - encadeamentos– Receitas estaduais (ICMS, CFEM), infra-estrutura,

geração de emprego e compras regionais

Nível Local (municipal) - sustentabilidade– Receitas municipais (ISSQN, CFEM), infra-estrutura,

geração de emprego e compras locais

– Impactos socioambientais

15 municípios de base mineradora e 35 municípios dos entornos não-mineradores

Base de dados

Dimensões do desenvolvimento

sustentável

Indicadores

Ecológica CMMA, órgão ambiental, legislação ambiental, UC municipal, desflorestamento, doenças, gastos com meio ambiente

Econômica PIB, PIB per capita, população ocupada, receita municipal,

Humana (Social) IDHM e seus sub-índices, posição do IDHM no ranking estadual , % pobres, Gini de renda, taxa analfabetismo, anos de estudos

Governança Despesas municipais, índice de presteza orçamentária, número de funcionários por 1.000 habitantes

Dimensão Ambiental

A gestão ambiental das empresas é sensível ao destino da produção

A institucionalização ambiental é maior nos municípios mineradores

A condição do meio ambiente local é variável (tipo de mina, de minério etc.)

NÃO HÁ PADRÃO UNIFORME

reativa no “sistema Sul” e

pró-ativa no “sistema Norte”

Principais achados

1. Municípios mineradores têm desempenho econômico melhor que seu entorno

2. A mineração, por si só, não provoca explosão populacional. O ciclo populacional obedece a implantação dos projetos

3. O IDHM dos municípios mineradores é alto por causa da educação (receita vinculada)

4. A mineração concentra renda no Norte e não concentra no Sul

5. Não há contribuição significativa da mineração ao aumento do emprego

Conclusões (escala local) (1/3)

No Brasil, bem mais do que a base produtiva, os municípios se diferenciam a partir da região geográfica – que é a definidora do contexto socioeconômico, político, cultura etc.

A mineração é um importante fator de crescimento econômico, de ampliação do capital humano e de institucionalização do meio ambiente. Porém, ela não é uma atividade que resolva por si só problemas estruturais de expansão do emprego e de desconcentração da renda. Isso requer políticas públicas adicionais.

Conclusões (escala local) (2/3)

Os efeitos da mineração sobre o desenvolvimento, portanto, dependem do contexto

Para municípios de uma mesma região o acúmulo de capital humano e condições institucionais favoráveis contribuem fortemente para ampliação do potencial de desenvolvimento da mineração

Conclusões (escala local) (3/3)

A mineração gera impactos ambientais, porém, a pressão social, dos mercados, dos acionistas, a força da lei e os marcos regulatórios, amortecem enormemente esse potencial

No entanto, não há marcos regulatórios que determinem o que deva ser um município minerador sustentável, do ponto de vista socioeconômico.

Questões para reflexão

Limites da política pública x ciclos da mineração– Os governos podem usar vários instrumentos no sentido de

evitar a maldição. Um dos instrumentos poderosos é a política de rendas. Mas como fazer isso em um ambiente democrático e considerando que, no Brasil, o setor mineral é totalmente privatizado?

Abordagem analítica e Escolha de políticas– Como diferenciar benefícios temporários dos permanentes?

Quais políticas podem induzir estes últimos?

Efeitos da mineração nas distintas escalas– O município não é uma ilha. Como ele se relaciona com o

seu entorno e com o seu Estado? Quais os efeitos da mineração nestas distintas escalas?