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Projeto CAJUS 0

MINHA CARTILHA DO PROJETO CAJUS - alternativaterrazul.org.br · Os canteiros de hortaliças precisam de um pouco mais de água e esta deve ser limpa e sem sal, mas a cobertura morta

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Projeto CAJUS

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Ficha Catalográfica

Publicação:

Outubro de 2010

Autor:

Paulo Ferreira Maciel

Revisão, Edição, Criação e

Design:

Fernanda Freire do Vale

Impressão e Acabamentos:

Max Cópias Ltda.

Todos os direitos reservados à:

Associação Alternativa Terrazul

Rua: Waldery Uchoa 459- Benfica - CEP: 60020110

Tel: 85.32810246 - e-mail: [email protected]

Web: www.alternativaterrazul.org.br

Diretoria:

Gabriela Barbosa Batista Presidente

Fernanda Rodrigues Machado Farias

Diretora Administrativa

Zélia Franklin Diretora Técnica

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Projeto CAJUS

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APRESENTAÇÃO

O Projeto CAJU É GERAÇÃO DE RENDA E DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL NO BAIXO ACARAÚ visa melhorar a qualidade de vida da população

de oito municípios, no litoral noroeste do Estado do Ceará, através da geração de renda e

do desenvolvimento socioambiental da região. O Projeto baseia-se nos princípios gerais da

Agenda 21 e da Carta da Terra, em articulação com a economia solidária, tendo como foco

as trabalhadoras rurais e os jovens da região.

O “CAJUS” pretende, por meio de cursos e oficinas de agroecologia, formar

trabalhadoras rurais para o beneficiamento e comercialização do pedúnculo do caju e de

outras frutas, como a banana, a manga e o coco.

Como complemento às atividades agroecológicas, o projeto também prevê o apoio

e o fortalecimento das organizações comunitárias, através de alternativas produtivas, de

comércio justo, e de incentivo ao ecoturismo e artesanato local. O projeto CAJUS é uma

ação da Associação Alternativa Terrazul em conjunto com o Centro de Estudos e Apoio ao

Trabalhador e à Trabalhadora (CEAT), financiado pela União Européia.

Público Alvo

Mulheres que vivem da agricultura familiar na zona rural e que estejam em posição de

desemprego, subemprego, ou mesmo, que possuam alguma atividade econômica, mas

desejem ou precisem melhorar sua situação financeira e de suas famílias.

Objetivo Geral

Redução da pobreza na sub-região do Baixo Acaraú (litoral Noroeste do Estado do Ceará),

possibilitando a diminuição dos problemas econômico-sociais da região.

Objetivo Específico

Geração de emprego e renda para as trabalhadoras rurais dos municípios de Acaraú, Bela

Cruz, Cruz, Itarema, Jijoca, Marco, Morrinhos e Santana do Acaraú.

Principais Ações 1

Capacitar trabalhadoras para o domínio da cadeia produtiva (produção,

certificação, comercialização) dos subprodutos de frutas região, principalmente o caju,

gerados na agricultura familiar;

Estruturação de um centro de atividades para beneficiamento dos produtos, onde

ficará localizada a maioria dos equipamentos, assim como a sede da administração do

projeto;

Formação de um núcleo de trabalho destinado a desenvolver o potencial referente

ao artesanato e ao ecoturismo comunitário nos municípios abrangidos pelo projeto;

Fortalecimento das lideranças jovens locais através de cursos e oficinas de

formação;

Realização, durante todo o projeto, de cursos e seminários para a formação e

capacitação continuadas nas áreas de agricultura familiar, artesanato e ecoturismo

comunitário.

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Atividades programadas

1. Capacitação de trabalhadoras nas atividades de produção e comercialização do caju

orgânico, artesanato ecológico e ecoturismo comunitário;

2. Fortalecimento e organização das trabalhadoras rurais em redes de comércio justo e

economia solidária;

3. Combate ao desperdício de alimentos. Estimulo à produção agroecológica com

foco nas diretrizes da Agenda 21;

4. Formação de novas lideranças em trabalhos com a juventude;

5. Estabelecimento de ações auto-suficientes e sustentáveis, baseadas na

agroecologia, nas atividades desenvolvidas pelas comunidades com o caju, o artesanato, e

o ecoturismo.

Esta cartilha lhe dará subsídios para o curso de “Processamento de Frutos e

Economia Solidária, Associativismo e Cooperativismo”. A mesma tem por finalidade

trazer a você os temas que serão tratados. Também abordaremos nestas páginas uma breve

discussão sobre Agroecologia e sistemas de produção agroecológicos. Esperamos que ela

sirva de estímulo ao seu aprendizado, despertando-lhe a curiosidade para saber mais e

aprofundar os temas aqui abordados. Também esperamos que a cartilha sirva guia de

consulta no seu afazer, ora na cozinha ora,nas reuniões e outras atividades do seu grupo,

bem como na interação com outros grupos produtivos.

Boa Leitura e bom proveito!!!

Associação Civil Alternativa Terrazul

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Sumário

APRESENTAÇÃO 2

1. AGROECOLOGIA 5

Quintais produtivos 06

Sistemas Agroflorestais 07

2. CERTIFICANDO A NOSSA PRODUÇÃO 09

3. PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO DE FRUTOS 12

4. RECEITAS DE CAJU PARA APRENDER A FAZER FAZENDO 15

Quanto custa fazer um doce? 20

1. ECONOMIA SOLIDÁRIA 22

2. COOPERATIVISMO 24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28

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1. AGROECOLOGIA

Princípios Básicos

Apresentamos, de forma resumida,os seguintes princípios que nos orientam a

aplicação prática dos distintos sistemas e técnicas de produção baseadas no pensamento

agroecológico:

i- A AGROECOLOGIA é, basicamente, uma proposta alternativa de agricultura

familiar socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável. A

abordagem agroecológica propõe mudanças profundas nos sistemas e nas formas de

produção, estando de acordo com as leis e as dinâmicas que regem os ecossistemas, ou

seja, agroecologia é uma abordagem da agricultura que se baseia nas dinâmicas da

natureza. Dentro delas se destaca a sucessão natural, que permite a restauração da

fertilidade do solo sem o uso de fertilizantes minerais e do cultivo sem uso de agrotóxicos.

Na agroecologia a agricultura é vista como um sistema vivo e complexo, inserido na

natureza e rico em diversidade.

ii- A AGROECOLOGIA não existe isoladamente, sendo uma ciência integradora que

agrega conhecimentos de outras ciências, além de agregar também saberes populares e

tradicionais provenientes das experiências de agricultores familiares de comunidades

indígenas e camponesas. Assim, ela depende muito da sabedoria de cada agricultor,

desenvolvida a partir de suas experiências e observações locais, para o aproveitamento

efetivo do potencial natural dos solos, com a realização dos manejos conforme as

características locais do ambiente, alterando-as o mínimo possível.

iii- A PRÁTICA AGROECOLÓGICA faz oposição direta ao agronegócio, pois

favorece a agricultura familiar ao invés da monocultura latifundiária; a produção

ecológicamente sustentável em detrimento do uso de insumos químicos e de agrotóxicos; a

economia solidária e o comércio justo em contraponto à exploração do trabalhador rural e

do consumo não local da produção.

iv- A AGROECOLOGIA engloba inúmeras ramificações e especializações, como:

agricultura biodinâmica, agricultura ecológica, agricultura natural, agricultura orgânica, os

sistemas agroflorestais, permacultura, etc.

Destes princípios emanam as distintas maneiras de fazer agricultura nas bases

agroecológicas. Uma produção oriunda do espaço agroecológico, portanto, tem

características diferenciadas em essência da produção tradicional advinda da propriedade

rural e também da produção convencional proveniente do agronegócio.

Resumidamente podemos dizer que uma produção agroecológica incorpora as

seguintes características

i. No processo produtivo, as tarefas e trabalhos realizados procuram ser baseadas nos

princípios de equidade social e de gênero, abominando-se relações sociais injustas tais

como: trabalho infantil, trabalho escravo, trabalho sub-remunerado, discriminação e

opressão de gênero, raça, cor ou opção ideológica ou religiosa;

ii. Na implantação ou desenvolvimento da atividade produtiva, o ambiente natural é

considerado como fonte essencial para a vida e, portanto, não pode ser objeto de

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exploração ou de deterioração que ponha em risco seu uso pelas gerações sequintes. As

intervenções visando a produção devem ser orientadas de modo a preservar a

biodiversidade, os solos, a água e assim promovendo-se ações que possibilitem um

equilíbrio bem como garantam uma produção ecologicamente equilibrada;

iii. Os resultados obtidos da produção agroecológica buscam a melhoria da condição

de vida no espaço produtivo e no e espaço de consumo, ofertar alimentos saudáveis,

melhorar a renda no espaço rural e fortalecer relações justas entre consumidores e

produtores.

Experiências Agroecológicas em andamento

No Baixo Acaraú, onde se desenvolve o Projeto Cajus, começam a surgir algumas

experiências agroecológicas que vem sendo desenvolvidas por famílias de agricultores de

diversas formas. Dentre as experiências podemos citar:

Os quintais produtivos

Nos quintais se planta de tudo e também se criam diversos animais. Fruteiras,

hortaliças, macaxeira, batata doce, cana, galinhas, patos, capotes, cabras...

Um pouco de cada coisa é colhido diariamente. Embaixo, na sombra do arvoredo

ciscam as galinhas, os capotes comendo insetos, minhocas, sementes, capim...

Lá no fundo fica a cabra de leite que come as sobras de frutos e legumes e as ramas

das árvores ou umas folhas de macaxeira, batata... Só não pode deixar solta que ela é

danada demais e vai direto comer os pés de tomate e roer os troncos das fruteiras.

Tem quintal mais espaçoso que cabe até para um porco, mas não pode soltar o

bicho o tempo todo, nem deixar ele sair por aí pelos quintais dos vizinhos, senão ele fuça

tudo e acaba com as hortas. Pode ter também uma vaca de leite que ainda dá estrume pra

adubar a horta e as fruteiras.

Na hora de temperar a panela, corre lá no canteiro menino e tira um molho de

coentro, umas folhas de cebolinha, uns pés de alface, uns tomates e pimentões...mas

procura os mais maduros!

Faltou carne? Tem ovos que é boa mistura.

Tem macaxeira, jerimum, feijão, milho um pouquinho de cada dá um almoço bom

demais...

E se sobrar algo? Melhor ainda! Trocamos com os vizinhos por algo que não tem

no nosso quintal.

Vai fazer um suco pra refrescar o calor? Ora, colhe ali umas goiabas no pé...

Tem não? O passarinho comeu? Ora tem nada não! Colhe umas acerolas...algumas

mangas, uns maracujás na cerca, ou limão...

É verão? Ah... nesta época, as fruteiras que exigem mais água estão sem produção?

Nem pensar em acerola, goiaba, graviola...

Tudo bem. Colhe uns tamarindos que o refresco é uma delicia e muito rico em

vitamina C. Mas se já é tempo de caju, colhe logo uma cuia das grandes, lava bem , faz

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uma roda e vamos chupar...mas guardem as castanhas que depois a gente assa e faz paçoca

com rapadura.

É isso que chamamos de quintal... Nele não usamos veneno. Algum bichinho,

formiga ou lagarta está perturbando o sossego das plantas? As galinhas comem e

engordam...

Não precisamos de adubo químico. O estrume da cabra, da vaca, do porco, da

galinha e a folhada, são de primeira qualidade. A terra fica fofa e as plantas ficam uma

beleza.

Nos quintais precisamos de pouca água. Aquela que sobra do banho ou da cozinha

é conduzida adequadamente para as fruteiras e as plantas agradecem com frutos deliciosos.

Os canteiros de hortaliças precisam de um pouco mais de água e esta deve ser

limpa e sem sal, mas a cobertura morta diminui o dessecamento do solo. As árvores e

fruteiras funcionam como quebra-ventos e assim, qualquer água dá de sobra.

Sistemas Agroflorestais

O desenho a seguir representa esquematicamente um Sistema Agroflorestal – SAF,

em pleno desenvolvimento no Maciço de Baturité. Há uma grande variação de desenhos

conforme o clima, os tipos de solos, os objetivos, as necessidades e a percepção de cada

agricultor. O importante no desenho de um SAF é seguir os princípios gerais da

agroecologia, adaptando-os às condições sócio-ambientais, econômicas e climáticas locais.

Fonte: Luiz Vivan, CEPEMA

Em um SAF precisamos dispor de áreas maiores que nos quintais produtivos.

Muitas vezes um sistema agroflorestal resulta de um quintal que aumentou de tamanho e

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evoluiu em termos de qualidade, ganhando novas espécies e ampliando as relações entre

as partes, chegando mais perto de um sistema em equilíbrio.

A quantidade de plantas e a diversidade são maiores que as de um quintal

promovendo interação e equilíbrio. Dessa forma se consegue uma produção maior e

suficiente pra comercializar o excedente produzido.

A comercialização da produção de um SAF pode ser na feira agroecológica, no

mercado municipal, nas bodegas, nos eventos, nos restaurantes ou mesmo de porta em

porta.

Chega a um ponto em que o SAF produz tanto que a família descobre a

necessidade de beneficiar sua produção para, assim, conservá-la por mais tempo e poder

consumir tais produtos nos tempos de escassez e até comercializá-los com maior valor

agregado. Dessa forma o SAF passa a melhorar a condição econômica da família.

Neste momento, os membros da família precisam aprender certas técnicas de

conservação de alimentos e precisam fazer algum investimento em utensílios e

equipamentos para processar os produtos do SAF.

Aqui vem uma nova descoberta: as famílias descobrem que se juntando com outras

para beneficiar, estocar e comercializar em grupos melhora a eficiência econômica. Isto

porque produção coletiva é mais rentável e dá-se a de forma mais eficiente, pois os

investimentos em insumos, matéria prima, máquinas e equipamentos coletivos tornam o

custo de produção menor e aumenta a produtividade.

Custos de produção menor, já sabemos o que significa: oferecer nossos produtos a

preços melhores em condições de disputar mercados com o agronegócio. Oferecendo

produtos de melhor qualidade para as populações urbanas e a preços melhores podemos

conquistar mais parceiros para a agricultura familiar lá nas cidades. É uma corrente que

vai crescendo a nosso favor, no campo e na cidade.

A essa corrente chamamos de Redes de Comércio Justo. As redes fortalecem uma

nova economia, que chamamos de Economia Solidária e mais adiante falaremos sobre o

assunto.

Por outro lado, o grupo descobre ainda que planejando e produzindo coletivamente

o volume produzido é maior, tornando viável atingir o comércio distante. Assim,

planejando e processando a produção coletivamente, a viabilidade econômica da atividade

de processamento de frutos melhora pois reduz custos e aumenta a escala da produção,

utiliza melhor a infra-estrutura de processamento, estocagem, transporte e

comercialização.

Hortas orgânicas, Mandalas, Sistemas Permaculturais

Estes são outros exemplos de sistemas produtivos que se utilizam dos

conhecimentos agroecológicos para produzir de forma sustentável e ecologicamente

apropriada. Cada um destes sistemas produtivos tem características particulares e devem

ser utilizadas conforme a realidade de cada lugar, a percepção dos agricultores, seus

objetivos, enfim suas possibilidades e interações com o espaço onde vive, seja urbano ou

rural.

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2. CERTIFICANDO NOSSA PRODUÇÃO

Plantar, cuidar, adubar, irrigar, colher, processar, armazenar, comercializar são elos

de qualquer cadeia produtiva de cada produto agrícola. Acontece que por conta da

globalização dos mercados, a produção agroecológica, atualmente, carece de acrescentar

mais um elo nesta cadeia produtiva: este elo chama-se CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA.

Os produtos da agroecologia, como sabemos, têm uma qualidade agregada que não

está presente nos produtos da agricultura convencional. Por serem produtos isentos de

contaminantes intencionais (agrotóxicos, adubos sintéticos e outras substâncias não

permitidas) e também por exigir nos processos produtivos e de processamento industrial

uma atitude respeitosa quanto às questões ambientais e sociais, a produção agroecológica

pode agregar ao seu preço um prêmio extra, conseguindo assim um preço melhor que os

preços da produção convencional.

Porém, para que um produto seja reconhecido como de origem agroecológica ele

tem que passar por um processo de certificação porque os mercados estão distantes dos

produtores e por isso eles não são conhecidos pelos consumidores finais. Exige-se, assim,

o estabelecimento de um sistema de confiança que normalmente já existe quando ocorre a

venda direta entre produtor e consumidor ao nível da comunidade local, mas, que deixa de

existir quando aumentam as distâncias entre produtores e consumidores. Nascem dessa

necessidade de garantir a conformidade com os padrões orgânicos de produção. os

sistemas de certificação.

Com o objetivo de promover a garantia de que um produto segue os preceitos da

produção orgânica, a legislação brasileira criou e está em fase de implementação os

padrões para certificar a produção de origem agroecológica. Estes padrões estão definidos

na Lei Federal 10.831 - chamada Lei dos Produtos Orgânicos.

A legislação brasileira da produção orgânica apresenta 3 modalidades de garantia

da qualidade da produção orgânica, são elas:

Destaques da lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003

Art. 1º Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente. § 2º O conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial abrange os denominados: ecológico, biodinâmico, natural, regenerativo.biológico, agroecológicos, permacultura e outros que atendam os princípios estabelecidos por esta Lei. Art. 2º Considera-se produto da agricultura orgânica ou produto orgânico, seja ele in natura ou processado, aquele obtido em sistema orgânico de produção agropecuário ou oriundo de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local. Art. 3º Para sua comercialização, os produtos orgânicos deverão ser certificados por organismo reconhecido oficialmente, segundo critérios estabelecidos em regulamento.

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Certificação por terceiros – é um sistema realizado por empresas privadas

certificadoras credenciadas junto ao Ministério de Agricultura Pecuária e

Abastecimento - MAPA e que são contratadas para este fim pelos agricultores

interessados em certificar sua produção. Este sistema é muito usado por grupos de

médios e grandes agricultores orgânicos. No Brasil existem várias empresas que

promovem a certificação orgânica.

Sistema Participativo de Garantia – SPG – é um sistema no qual os grupos de

produtores e consumidores se juntam, criam seu próprio sistema de verificação da

conformidade orgânica e se credencia junto ao MAPA e dessa formam passa a

acessar o sistema nacional de certificação orgânica, adquirindo o direito ao uso do

selo da produção orgânica. Este sistema interessa de perto a agricultores e

agricultoras familiares pois contribui para a organização e autogestão dos grupos

de produtores além de possibilitar a certificação a um custo relativamente menor

tendo em vista que a maior parte das atividades de verificação de conformidade é

realizada de forma participativa pelo próprio grupo de produtores interessados.

Controle Social na Venda direta – OCS - sistema mais simples de garantia que

permite aos agricultores venderem sua produção diretamente, bastando expor no

ponto de venda uma declaração obtida junto ao MAPA. Este controle é realizado

por uma organização local ou um grupo de produtores que requer junto ao MAPA

seu registro como Organização de Controle Social – OCS. Este registro é bastante

simples, podendo ser feito por um grupo informal - não necessita personalidade

jurídica (CNPJ). Pode ser qualquer entidade local que realize o agrupamento e

acompanhamento dos produtores.

È nossa intenção, estimularmos produtores e produtoras envolvidas no Projeto

Cajus a se organizarem em Organismos de Controle Social – OCS . Num passo seguinte,

pretendemos compor o Sistema Participativo de Garantias – SPG, filiando-se a um

Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade - OPAC. Está em andamento no

Estado do Ceará a constituição da Associação da Rede Cearense de Agroecologia – ARCA

que será credenciada junto ao MAPA para realizar a certificação participativa.

O importante é termos em mente que o processo de certificação é condição

necessária para colocação de produtos da agroecologia no mercado, seja ele pela venda

direta ou pela comercialização. Somente através da certificação podemos fazer uso do selo

de produto orgânico fornecido pelo Sistema Brasileiro da Produção Orgânica – SisOrg.

Dessa forma, convidamos você a participar dessa discussão e iniciar o debate junto

ao seu grupo para que todos entendam o funcionamento dos sistemas de certificação e

venham a se beneficiar de suas vantagens.

Selo brasileiro da produção orgânica – este

selo será exigido a partir de 2010 em

qualquer produto comercializado como

orgânico.

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Vantagens do CERTIFICADO ORGÂNICO para produtores:

• Agrega valor ao produto reconhecido oficialmente como “orgânico” • Permite a entrada em novos mercados diferenciados • Diminui a concorrência com produtos, processos ou serviços que têm menos qualidade, mas uma aparência igual • Permite ao agricultor melhorar sua gestão sobre o que e quanto produz, bem como sobre a unidade de produção • Contribui para melhorar a auto-estima da família • Estimula a melhoria contínua da qualidade e a transição agroecológica dos agricultores • Os(as) agricultores(as) não correm riscos de saúde por intoxicação e doenças degenerativas pela exposição aos agrotóxicos

Vantagens da CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA para consumidores:

• Podem diferenciar mais facilmente pela marca entre produtos de igual aparência, mas com diferentes qualidades; • Economizam tempo e esforço para selecionar os alimentos mais saudáveis; • Traz mais segurança e garantias pelo compromisso

público de qualidade; • Incentiva a postura do consumo responsável e fortalece atitudes de respeito à natureza; • Contribui para a diversificação da oferta de produtos de qualidade; • Aumenta a oferta de produtos no mercado.

Aspectos da Qualidade dos Produtos orgânicos

• Proteção do meio ambiente incorporada ao processo de produção e processamento • Qualidade sensorial • Práticas comerciais justas • Origem do produto atestada • Bem-estar social • Segurança no trabalho • Segurança alimentar • Bem-estar animal assegurado • Rastreabilidade garantida

Certificação Participativa

A Certificação Participativa é “um processo de geração de credibilidade em rede realizado de forma descentralizada, respeitando as características locais, que visa aprimorar a Agroecologia e assegurar a qualidade de seus produtos através da participação, aproximação e compromisso entre os agricultores, os técnicos e os consumidores”.

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3. PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO

DE FRUTOS

Cuidar da terra, plantar, tratar das plantas e finalmente colher a produção nos traz

uma nova pergunta: O que fazer com os frutos do nosso trabalho?

Entendemos o processamento de frutos como uma estratégia de produção e conservação

de alimentos que fortalece a segurança alimentar da família que produz, da comunidade e

até mesmo das cidades. Isto porque através das diversas técnicas de processamento ou

beneficiamento podemos prolongar a vida útil dos produtos agrícolas tornando-os

disponíveis por um período maior e, portanto, possibilitando o seu uso durante boa parte

do ano.

Assim, se na época das safras nós beneficiarmos ou processarmos adequadamente

os frutos colhidos eles poderão ser guardados em casa ou estocados e transportados para

outros lugares. Através do beneficiamento ou processamento torna-se possível o uso

prolongado da produção tanto para o próprio consumo familiar como para a

comercialização em regiões distantes da origem onde foi produzido.

A comunidade e ou consumidores distantes poderão através desta estratégia se

alimentar nas entressafras por longos períodos com alimentos de boa qualidade produzidos

e colhidos nos períodos de safra.

Conservar os produtos agrícolas através do beneficiamento ou processamento,

aumentando a vida de prateleira do produto, nos permite ainda termos uma

comercialização por longo período visto que os alimentos poderão passar mais tempo nas

prateleiras do comércio.

Armazenar alimentos através das práticas de beneficiamento e processamento, bem

definidas e seguindo padrões de higiene e sanidade é ainda uma forma inteligente e

ecologicamente apropriada pois economiza energia, além de diminuir investimentos com

freezers, geladeiras e câmeras frigoríficas que são muito caras e promovem o aquecimento

global.

Queremos estimular junto a participantes do Projeto Cajus o uso da várias

tecnologias acessíveis e de baixo custo para beneficiar ou processar um produto de origem

vegetal, transformando-o em alimentos com maior durabilidade, mesmo quando estocado

em temperatura ambiente ou exposto à venda nas bodegas e mercearias da comunidade ou

nos supermercados das cidades.

Dentre os mais variados produtos de origem agrícola podemos citar algumas

tecnologias mais usadas a seguir:

Matéria prima Tecnologias de

processamento/beneficiamento

Produtos obtidos

Milho e arroz

Moagem ou pilagem

Fubá, xerém,

fécula,amido, massa,

canjica, mucunzá

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Torrefação e moagem Fubá, pipoca

Soja Tostagem e moagem Leite, farelo, carne

Café Torrefação e moagem Café em pó

Frutos carnosos

(manga, caju,

goiaba, abacaxi,

mamão, banana,

jambo, mandacarú,

cirigela, umbu,

cajarana, ciriguela,

laranja da terra,

melancia, jaca,

jenipapo, pimenta,

maxixe, tomate ...)

Cozimento

Doces, geléias,

massa, tijolo,

rapadura e compotas,

pasta

Secagem Fruto-passa ou fruto

seco

Condimentação, salga, acidificação Molhos, pasta, picles

Concentração com mel, rapadura

ou açúcar

Mel, melado, puxa,

caramelo, bombon

Alcoolização, destilação ou

fermentação

Cachaça, vinagre,

licor, mocororó,

vinho, garrafada

refrigerantes,

aguardente

Adição de produtos ou substancias

conservantes, liquidificação,

clarificação

Sucos, cajuinas

Amêndoas e

sementes

oleaginosas ou

corantes (coco,

babaçu, macaúba,

coco catolé, coco

babão, amendoim,

soja, girassol,

semente de jerimum,

gergelim, urucum,

castanha de caju,

castanha do Pará)

Assar ou tostar, cozimento, fritura,

trituramento, prensagem, pilagem

Amêndoa ou

castanha salgada,

paçoca, gersal,

farinhas, amêndoa,

caramelizada,

paçoca,tijolo,

rapadura, espécies,

cocada, azeite,

manteiga, leite, óleos,

colorau

Raízes, bulbos e

tubérculos (batata,

macaxeira,

mandioca, batata-

doce, araruta,

açafrão, gengibre

Trituração, maceração, prensagem,

cozimento, secagem, moagem,

torrefação, tostagem Secagem ao

sol ou em fornos

polvilhos, chips,

picles, doces, balas,

goma, beiju, tapioca,

massa

Caules, colmos – Moagem, prensagem, trituração, Rapadura, mel,

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mamao e outros

caules de fibra mole,

cana de acúcar

cozimento, apuração, fermentação,

Destilação, dessecamento,

Concentração

melaço, alfenim,

açúcar mascavo

Como estamos vendo, a produção agrícola é variada e as formas de aproveita-las

são as mais diversas. O importante é ter em mente que seja qual for a tecnologia escolhida

ela deverá ser apropriada ao tipo de fruto ou parte da planta que queremos beneficiar e

qual o produto que queremos obter.

Na escolha da tecnologia devemos levar em conta menor custo de processamento,

menor gasto energético, durabilidade do produto, gostos e preferências do consumidor,

qualidade, higiene e saúde alimentar.

Aproveitando O Pedúnculo Do Caju

Anacardium occidentale L. é o nome cientifico dessa planta conhecida por todos

nós como Caju e que deu nome ao nosso Projeto Cajus. É uma planta nativa do Ceará,

sendo encontrada em todo o Estado, do sertão à praia, das serras às baixadas. Seu porte é

de tamanho variado, desde o caju anão até o cajueiro gigante. Tem planta que produz mais

cedo (precoce) e tem plantas mais tardias.

Além do aspecto econômico, os produtos derivados do caju apresentam elevada

importância alimentar. Para o Semi-Árido nordestino, a importância é ainda maior, pois os

empregos do campo são gerados na entressafra das culturas tradicionais como milho,

feijão e algodão, reduzindo, assim, o êxodo rural.

O fruto verdadeiro do cajueiro é a castanha que também apresenta tamanhos e

pesos variados. O nosso conhecido caju, na realidade nem é um fruto. Trata-se de uma

dilatação da base da flor – pedúnculo, sabia? A castanha do caju é rica em proteínas,

caloria, carboidratos, gorduras, cálcio, fósforo, ferro e aminoácidos.

Valor Nutricional e Características do Caju

O caju tem cores do vermelho intenso ao amarelo claro. Dependendo da cor, varia

o teor de vitaminas: caju vermelho tem mais vitamina B12, caju amarelo é mais rico em

vitamina C. Os tamanhos e sabores são os mais variados. Há cajus bem compridos (caju

banana), e cajus bem redondos. Uns grandes, outros bem pequenos (cajuí), quanto a

sabores, o caju vai desde o muito doce ao muito azedo havendo também os “travosos”.

O caju é muito rico em vários componentes importantes para nossa alimentação e

nossa saúde, tais como vitaminas, sais minerais, fibras, ácidos e bases. Pesquisas

(Embrapa e outros) indicam que o caju contém cerca de 156 mg a 387 mg de vitamina C,

14,70 mg de cálcio, 32,55 mg de fósforo e 0,575 mg de ferro por 100 ml de suco, além de

ser delicioso trazendo-nos deleite quando consumimos como refrigerante natural. Quanto

mais tempo o caju fica exposto ao ar, mais perde vitamina C, daí porque devemos

consumir o caju ou transformá-lo em suco o mais rapidamente possível após a colheita.

Como o foco do Projeto Cajus é o uso do pedúnculo do Caju, propomos aqui

trabalharmos algumas tecnologias de aproveitamento já bastante usadas e do

conhecimento de muita gente.

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Projeto CAJUS

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4. RECEITAS DE CAJU PARA APRENDER A

FAZER FAZENDO

CARNE BÁSICA DE

CAJU

Ingredientes Como fazer

10 cajus inteiros

150 g de queijo ralado (opcional)

2 cebolas médias picadas

1 pimentao sem a pele e sem as

sementes, picado

5 dentes de alho

2 tomates sem pele e sem sementes

picados

Cheiro verde, sal, colorau e pimenta-

do-reino (opcional e a gosto)

2 colheres tamanho sopa de óleo

Lavar bem os cajus

Retirar cortando a cabeça e o fundo

do caju e fatiar o restante

Espremer bem tirando o sumo,

deixando as fibras bem enxutas (aproveitar

o sumo para outros fins)

Fritar em uma frigideira a fibra de

caju por mais ou menos 5 minutos

Acrescentar os ingredientes e

continuar refogando até cozer bem os

temperos

Servir quente

PAÇOCA DE CAJU

Ingredientes Como fazer

½ Kg de fibra de caju seca ao sol ou

ao forno

2 cebolas picadinhas

2 dentes de alho amassados

2 tabletes de caldo de carne

(opcional)

2 colheres tamanho sopa de óleo ou

manteiga

250 g de farinha de mandioca

Aquecer em uma frigideira a

manteiga

Refogar a cebola e o alho

Acrescentar a fibra de caju seca, os

tabletes de caldo e continuar rfogando,

mexendo sempre até que o Aldo se dissolva

Misturar aos poucos a farinha de

mandioca e continuar mexendo por alguns

minutos

Obs. Servir com bananas ou rodelas

de caju

PASTÉIS DE CAJU

Ingredientes Como fazer

Massa do pastel:

1 ovo inteiro

3 colheres de sopa de óleo ou manteiga

1 xícara (chá) de farinha de trigo

Massa: misturar bem todos os ingredientes,

amassando bem a mistura até obter uma

massa lisa (sovada)

Deixar descansar por 15 minutos

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Sal

Recheio:

1 xícara de carne de caju temperada

2 colheres (sopa) de queijo ralado

(opcional)

Óleo para fritura

Abrir a massa com rolo ou garrafa ate ficar

bem final

Recheiar com um pouco de carne e uma

pitada de queijo ralado (opcional)

Fechar a massa, molhando um pouco a

borda e com um garfo prender as bordas

Levar para fritura no óleo em ponto de

fervura

DOCE DE CAJU

CARAMELADO

Ingredientes Como fazer

1 kg de caju

250 g ou 1 xícara (tamanho chá) de açúcar

Cravo e canela ao gosto

Retirar as castanhas, lavar bem e cortar os

cajus em rodelas eliminando-se ponta e

cabeça

Caramelizar o açúcar e colocar os cajus, o

cravo e a canela, sem adicionar água

Ferver em fogo brando até atingir cor

dourada

Retirar do fogo, deixar esfriar e guardar em

potes de vidro, plástico ou latas

Rotular e armazenar em lugar fresco e

arejado

RAPADURA DE CAJU

Ingredientes Como fazer

1 kg de polpa de caju

2 ou 2,5 kg de açúcar ou ainda

opcionalmente 4 rapaduras de 700 g

Cortar as extremidades dos frutos e

eliminar as imperfeições

Rasgar os cajus à mão, no rasgador ou

passando rapidamente no liquidificador

somente para rasgar – o suco pode ser

usado com outra finalidade

Se for usar rapadura, dissolva as mesmas

em pouca água ao fogo fazendo um mel

grosso

Levar a polpa ao fogo para concentrar um

pouco com metade do açúcar ou com

metade do mel da rapadura

Juntar o restante do açúcar ou restante do

mel da rapadura e mexer até dar o ponto

(largando do fundo da panela)

Retirar a panela do fogo e continuar

mexendo até o ponto de rapadura o cocada,

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Projeto CAJUS

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uns 5 minutos

Colocar nas formas, deixar esfriar e

embalar em papel celofane ou filme

Rotular e armazenar

CAJU AMEIXA

Ingredientes Como fazer

10 Kg de caju sem castanha e retirada a

pele

6,5 kg de açúcar ou rapadura

10 l de água filtrada

10 g de acido sítrico ou 4 colhes de

sobremesa (20 ml ) de suco de limão

Escolher e lavar bem os cajus maduros e

sadios

Retirar as castanhas, cortar as extremidades

Furar os cajus com um garfo e espremer

para retirar parte do suco, dando forma

achatada ao caju (aproveitar o suco para

outro produto)

Preparar o xarope com açúcar e água

filtrada ou usar mel de rapadura e adicionar

metade do acido cítrico ou metade do suco

de limão

Acrescentar os cajus e levar ao fogo baixo

por 4 horas- a partir da fervura - no

primeiro dia

Retirar a panela do fogo e deixar os cajus

na calda até o dia seguinte

Levar novamente ao fogo baixo no segundo

dia e deixar ferver por mais 4 horas

retirando a espuma. Retirar a panela do

fogo e deixar em repouso até o dia seguinte

Acrescentar um pouco de suco de caju ou

água filtrada quando a calda estiver muito

grossa e deixar ferver por mais 2 horas no

fogo brando no terceiro dia

Retirar os cajus-ameixa, colocar e virar

diariamente durante 4 ou 6 dias, ou até

ficarem completamente secos

Guardar em depósitos ou sacos plásticos,

enrolados em papel celofane, bandejas de

isopor ou potes de vidro ou plástico

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DOCE DE CAJU COM

RAPADURA

Ingredientes Como fazer

1/2 Kg de polpa de caju

2 rapaduras de 900 g

50 a 10 g de castanhas de caju moídas

Aferventar o caju triturado, rasgado ou cortado

em água filtrada e suco em quantidades iguais

Colocar para escorrer sobre peneira de taquara

Pesar a massa e colocar a rapadura quebrada na

proporção de 1Kg de massa de caju para 900 g

de caju

Levar ao fogo forte, mexer sempre até formar

uma massa unida despregando da panela

Juntar a castanha moída

Por nas formas e colocar as castanhas inteiras

por cima

Depois de frio, retirar das formas, envolver em

papel impermeável (celofane ou filme) e

acondicionar em caixas de madeira

Guardar em local arejado e seco

LICOR DE CAJU

Ingredientes Como fazer

400 ml de cachaça

600 ml de xarope (mel de caju)

Concentrar o suco clarificado até obter o

mel ou xarope de caju

Deixar esfriar um pouco (45-50 oC)

Juntar para cada parte de xarope uma parte

de cachaça

Engarrafar e tampar (cortiça ou plástico)

Armazenar durante 90 dias para curar (ou

curtir)

GELÉIA DE CAJU

Ingredientes Como fazer

2 Kg de suco clarificado

3 Kg de açúcar

50 g de pectina

10 g de ácido cítrico ( o 2 colheres de

sopa de suco de limão)

Clarificar o suco e levar ao fogo com metade

do açúcar

Deixar ferver e acrescentar o restante do açúcar

bem misturado com a pectina

Continuar a fervura, juntar o ácido cítrico ou o

suco de limão e esperar o ponto de geléia (uns

8 a 10 minutos)

Guardar em vidros esterilizados e tampar ainda

bem quente

Virar o vidro com a tampa para baixo durante 3

minutos

Rotular e armazenar

DOCE DE CAJU EM CALDA

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Ingredientes Como fazer

2,5 Kg de caju sem castanha e sem pele

2,5 kg de açúcar ou 3 rapaduras de 900

g cada

3 g de ácido cítrico ou uma colher

média de suco de limão

1 g de benzoato de sódio

Selecione cajus de tamanhos uniformes e bem

firmes

Lave bem em água potável clorada para retirar

sujeiras e microorganismos

Retirar cuidadosamente a pele dos cajus (com

uma faca inoxidável) para facilitar o cozimento

e dar uma boa aparência ao doce

Fazer o acabamento do caju retirando a parte

onde fica a castanha e o talo do caju

Juntar todos os ingredientes em uma panela (de

preferência inoxidável) com capacidade para 5

Kg

Levar ao fogo e deixar cozinhar por 2 horas

CAJUINA: Bebida refrigerante feita a partir do sumo do caju. O sumo é filtrado,

clarificado e cozido nas próprias garrafas. Ao final apresenta cor amarelada resultante da

caramelização dos acucares contido no caju.

Ingredientes Como fazer

Cajus

2,5 ml de solução de

gelatina a 10% para

cada litro de suco de

caju

Lavar bem os cajus em água limpa e clorada

Extrair o suco manualmente ou prensado ou ainda com

liquidificador

Colocar o suco em recipientes limpos de plástico, vidro ou aço

inox, se possível evitar alumínio e nunca use vasilhames de ferro

Clarificar o suco de caju usando 2,5 ml de solução de gelatina a

10% para cada litro de suco

Misturar lentamente mexendo sempre o suco até a formação de

flósculos de polpa (coágulos)

Deixar o produto em repouso por 20 ou 30 minutos para que o

material em suspensão sedimente (baixando no fundo do

recipiente).

Observe que cada porção de suco apresenta uma composição

diferente, principalmente em relação ao teor de tanino

Controle a qualidade, evitando que ocorra o excesso de gelatina ou

clarificação insuficiente. Isto provoca aparecimento de partículas

no fundo da garrafa quando do envasamento

Fazer o teste de dosagem AA cada lote de suco

Filtrar ou coar o suco em coadores grandes feitos de panos de

algodão, feltro ou flanela várias vezes até que fique bem

translúcido. A filtragem é feita em baldes de plástico.

Colocar o suco clarificado em uma panela e levar ao fogo,

deixando-o aquecer a uma temperatura entre 90 e 95 C por 10 a

15 minutos e filtrar novamente

Envasar a quente

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SUCO INTEGRAL DE CAJU

Ingredientes Como fazer

Cajus maduros, inteiros, doces e firmes

Benzoato de sódio (0,025%) – 1 g para

cada litro

Metabissulfito (0,025%)

Acido cítrico – 1 g para cada Kg de polpa

Lavar bem em água limpa e clorada os

cajus

Extrair o suco, peneirando em uma panela

de acido inox ou vasilhame de plástico ou

vidro

Levar o suco ao fogo, até atingir 90 oC por

3 minutos

Engarrafar, tampar com tampas metálicas

ou plásticas apropriadas

Cozinhar em banho Maria durante 30

minut, em caldeirão forrado com pano

grosso protegendo o fundo da panela para

evitar quebra de garrafas

Resfriar as garrafas e guardá-las em lugar

seco, fresco e abrigadas da luz

MEL NATURAL DE

CAJU

Ingredientes Como fazer

5 litros de caju (clarificado)

5 g de ácido cítrico ou 2 colheres (tipo

sobremesa – 10 ml) de suco de limão

Lavar bem os cajus com água clorada

Extrair o suco e clarificar (mesmo

procedimento da cajuína)

Levar ao fogo brando até ficar com a

consistência de mel

Encher as garrafas com o mel ainda quente

Obs. O mel de caju pode ser feito ainda

acrescentando-se açúcar ou rapadura (500 g

para cada litro de suco clarificado)

Quanto custa fazer um doce?

Aqui queremos orientar como fazer um cálculo de custos do que você produz

(Doce, suco, cajuína,rapadura, carne... enfim, qualquer produto que você venha a

produzir).

Lembre que somente calculando o Custo de Produção você poderá definir um

preço para comercializar o produto que você produzir e, assim, poderá manter sua

produção de uma maneira viável e desenvolvendo sua atividade.

Para calcular o custo de produção, é muito fácil e está ao seu alcance, bastando

apenas um pouco de atenção e organização e conseguir fazer algumas contas. Assim, você

poderá calcular quanto custa fazer um doce ou outro produto qualquer. Comece anotando

os itens que você utiliza, preços e quantidades usadas.

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A tabela a seguir lhe ajudará a fazer suas contas. Preencha cada linha da tabela da

seguinte maneira:

(1) anotando nesta coluna aquilo que você usa para fazer o produto em questão

(2) anotando nesta coluna quanto custa cada unidade consumida ou utilizada na produção

(3) anotando a quantidade de unidades empregadas

(4) anote o custo total de cada item empregado

(A) anote a quantidade total produzida do produto em questão

(B) Anote o custo total para produzir o produto em questao

(C) Divida o custo total pela quantidade de unidades produzidas e assim você saberá

quanto custa cada unidade produzida

Lembre que nesta conta não entra, ainda, o desgaste com máquinas e

equipamentos, com taxas, juros, impostos, comissões, aluguéis etc. Isto deverá ser feito

posteriormente para saber o custo unitário final de seu produto.

Quadro simplificado para cálculo de custos com matéria prima e insumos de

produção:

Nome do Produto a ser produzido

Item utilizado (1) Custo unitário em

R$ (2)

Quantidade

usada (3)

Custo total em

R$ (4)

Quantidade produzida ( A ) ( A ) Custo total

( B )

( B )

Custo por unidade produzida (

C )

C = B / A ( C )=

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5. ECONOMIA SOLIDÁRIA

O Capitalismo é Injusto e Insustentável

O capitalismo se baseia na exploração das pessoas, na destruição do ambiente

natural, na acumulação de capitais por poucos e no consumismo extremo por parte de

poucos e na fome por parte de muitos. No mundo atual, vivemos a era do capitalismo

financeiro onde poucos grupos transnacionais dominam os capitais do mundo tudo. Esses

grandes grupos possuem atuação sobre os mais diferentes ramos de negócios: mineração,

agronegócio, indústria, comunicação, informação, energia, transporte, meio ambiente.

Sustentam seus tentáculos sobre todas as esferas da vida, apropriando-se do patrimônio

natural, genético, biodiversidade, cultura. O capitalismo financeiro acumula riquezas

através de capitais que circulam de país em país “onde se pagar mais juros lá estarão”.

Dormem em um país e acordam em outro lado do mundo.

A Economia Solidária é uma Alternativa ao Caos

Enquanto o capitalismo impõe práticas de consumo insustentáveis e insanas porque

prevalece a idéia de consumir sem refletir sobre o teor, a necessidade, a qualidade e

vitalidade do que se consome, a “idéia básica do consumo solidário é a de que nós

podemos contribuir com o bem viver de todas as pessoas simplesmente selecionando os

produtos que consumimos, dando preferência aos produtos elaborados nas Redes de

Colaboração Solidária” ( Rede de Colaboração Solidária de Curitiba e Ponta Grossa

2.000). Buscar consumir produtos que reflitam reais necessidades para uma vida de

qualidade, sejam eles produtos alimentícios, culturais, de lazer, vestimentas ou outros

também considerados importantes a partir de uma reflexão é garantir o nosso próprio bem

viver e a própria sobrevivência de todos.

A economia solidária não é algo que aconteceu por decreto, nem pela criação de

uma mente privilegiada, pelo contrário, é resultado da construção coletiva de milhões de

trabalhadores em todo o mundo durante séculos de enfrentamento de muitas dificuldades.

A economia Solidária é, então, um movimento social amplo e profundo, cujas raízes

históricas se encontram nas ações, lutas e organizações de trabalhadores como o

cooperativismo, de movimentos populares, do associativismo, do sindicalismo e de grupos

engajados nas universidades e nas igrejas. Um movimento vivo, dinâmico, que se fortalece

e organiza cada vez mais e que começa também a se inserir nas políticas públicas de

Estados em todo mundo, como resultado desta luta e não da “boa vontade” de

governantes.

Assim, pessoas do mundo inteiro estão se unindo para fazer e vivenciar novas

práticas de relações econômicas solidárias porque sabem que os frutos da economia

capitalista dominante, como exclusão social, consumismo, desemprego e degradação do

meio ambiente, são muito amargos e sacrificantes e apontam para a exaustão da vida no

planeta.

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Ou seja, “na economia solidária não existe o “trabalho-proprietário (assalariado)

que separa aquelas/es que produzem do fruto do seu trabalho” (alienação), “tirando a sua

liberdade de uso e distribuição sobre o que se produz” e impondo regimes de trabalho

extenuantes. “Pratica-se, nessa outra economia, a autogestão, um processo democrático de

decisão em que todas/os são livres e responsáveis pelo que fazem no grupo econômico do

qual participam” (busca da autonomia).

Agir de forma solidária implica compromisso entre pessoas. Uma economia

solidária somente é possível quando o espírito da solidariedade está disseminado entre os

membros da comunidade. Entendemos a comunidade como um corpo onde as pessoas

fazem cada uma a sua parte somando esforços e atuando em conjunto com objetivos

definidos também coletivamente.

A economia solidária se propõe romper com a lógica do lucro e da monetarização

dos bens, serviços e natureza, fortalecendo o valor não monetário através de novos

parâmetros éticos e vivenciais, incluindo aí as relações inter-pessoais, a solidariedade, o

ócio, a cultura, o esporte, o meio ambiente, a biodiversidade, a liberdade. Na economia

solidária o mais importante é a vida. “Para tanto, essa economia funciona à partir de

empreendimentos onde todo mundo decide em conjunto, cooperando sem hierarquias ou

patrões.”

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COOPERATIVISMO

Conjunto de idéias que defendem o ato de trabalhar juntos, compartilhando

desafios e resultados. Isto é o que significa cooperativismo. Quem trabalha junto, partilha

dos mesmos problemas e encontra as soluções também de forma conjunta.

Por que cooperar?

Os grupos humanos cooperam há milênios. A própria sobrevivência da espécie

humana é resultado da cooperação e somente desenvolvendo novas formas mais evoluídas

de cooperação a humanidade conseguirá superar a encruzilhada de sobrevivência que

confronta nos dias atuais.

Através da cooperação o gênero humano aprendeu a colher, caçar, pescar e praticar

agricultura. Através da cooperação foi possível construir cidades e países. Construir obras

de irrigação nas civilizações antigas, como os índios Incas e no Egito, seria impossível de

acontecer se não fosse cooperando.

O mundo contemporâneo também coloca desafios aos grupos humanos atuais:

coloca-se de um lado, o sistema capitalista que prima pelo individualismo e privatização

A ilustração ao lado

mostra a percepção de um

artista ao chegar ao Brasil,

logo após o descobrimento,

e verificar um exemplo de

cooperação das populações

nativas na luta pela

sobrevivência, pleno de

respeito pelo meio ambiente

e de atitudes solidárias

entre si.

Primeira ilustração do Cajueiro, de André

Thevet, 1558.

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de riquezas naturais, econômicas e culturais enquanto de outro, encontra-se a grande

maioria das pessoas envolvidas no mundo do trabalho, na produção de riquezas, da cultura

e de conhecimento. Privatização x Cooperação, este é um conflito do mundo atual.

Enquanto a privatização aponta para a rápida dilapidação do que restam de recursos

naturais, de outro a cooperação aponta para a construção de relações igualitárias e

respeitosas entre pessoas, meio ambiente e organizações sociais.

História do Cooperativismo

Em 21 de dezembro de 1844 no bairro de Rochdale, em Manchester ( Inglaterra),

27 tecelões e uma tecelã fundaram a "Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale" com o

resultado da economia mensal de uma libra de cada participante durante um ano. Tendo o

homem como principal finalidade, e não o lucro, os tecelões de Rochdale buscavam

naquele momento uma alternativa econômica para atuarem no mercado, frente ao

capitalismo ganancioso que os submetiam a preços abusivos , exploração da jornada de

trabalho de mulheres e crianças ( que trabalhavam até 16h) e do desemprego crescente

advindo da revolução industrial. Naquele momento a constituição de uma pequena

cooperativa de consumo no então chamado "Beco do Sapo" (Toad Lane) estaria mudando

os padrões econômicos da época e dando origem ao movimento cooperativista *1

O Cooperativismo no Brasil

Remontando no tempo, vamos encontrar em 1610, com a fundação das primeiras

reduções jesuíticas no Brasil, o início da construção de uma espécie de estado cooperativo

em bases integrais. Por mais de 150 anos, esse modelo deu exemplo de sociedade

solidária, fundamentada no trabalho coletivo, onde o bem-estar do indivíduo e da família

se sobrepunha ao interesse econômico da produção. A ação dos padres jesuítas se baseou

na persuação, movida pelo amor cristão e no princípio do auxílio mútuo (mutirão), prática

encontrada entre os indígenas brasileiros e em quase todos os povos primitivos, desde os

primeiros tempos da humanidade.*2

Valores Cooperativistas

As cooperativas baseiam-se em valores de ajuda mútua, responsabilidade,

democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Acredita nos valores éticos da

honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante.*3

Sociedade Cooperativa Sociedade Mercantil

Sociedade de pessoas Sociedade de capitais

Prestação de serviços Lucro

O principal é o ser humano O principal é o capital

Controle democrático: um homem, um voto Cada ação, um voto

Proibição de transferência das quotas-partes a tercerios Possibilidade de transferência de ações a terceiros

Retorno proporcional ás operações Dividendos proporcionais á quantidade de ações

(FONTE: pesquisa na internet, domínio público)

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Os 07 (sete) Princípios do Cooperativismo *4

1 - Adesão voluntária e livre

As cooperativas são organizações abertas à participação de todos,

independentemente de sexo, raça, classe social, opção política ou religiosa. Para participar,

a pessoa deve conhecer e decidir se têm condições de cumprir os acordos estabelecidos

pela maioria.

2 - Gestão democrática

Os cooperados, reunidos em assembléia, discutem e votam os objetivos e metas do

trabalho conjunto, bem como elegem os representantes que irão administrar a sociedade.

Cada cooperado representa um voto, não importando se alguns detêm mais cotas do que

outros.

3 - Participação econômica dos membros

Todos contribuem igualmente para a formação do capital da cooperativa, o qual é

controlado democraticamente. Se a cooperativa obtém uma receita maior que as despesas,

este excedente será dividido entre os cooperados proporcionalmente ao volume de

operações de cada um. O restante poderá ser destinado para investimentos na própria

cooperativa ou para aplicações, sempre de acordo com a decisão tomada na assembléia.

4 - Autonomia e independência

O funcionamento da cooperativa é controlado pelos seus cooperados, que são os

donos do negócio. Quaisquer acordos firmados com outras organizações e empresas

devem garantir e manter essa condição.

5 - Educação, formação e informação

É objetivo permanente da cooperativa destinar ações e recursos para formar seus

cooperados, capacitando-os para a prática cooperativista e, em nosso caso, atendendo aos

objetivos e fortalecimento da nossa cooperativa de consumo. Ao mesmo tempo, buscam

informar o público sobre as vantagens da cooperação organizada, estimulando o ensino do

cooperativismo nas escolas de 1º e 2º graus.

6 – Inter-cooperação

Para o fornecimento do cooperativismo é importante que haja intercâmbio de

informações, produtos e serviços entre as cooperativas, sempre que possível, dinamizando

o setor como atividade socioeconômica. Por outro lado, estando elas organizadas em

entidades representativas formadas para contribuir no seu desenvolvimento, determinam

avanços e conquistas para o movimento cooperativista nos níveis local e internacional.

7 - Interesse pela comunidade

As cooperativas trabalham para o bem-estar de suas comunidades, através da

execução de programas de responsabilidade social, realizados isoladamente ou em parceria

com o governo e outras entidades civis.

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Direitos e Deveres do Cooperado

Direitos Deveres

- Ser consumidor e usuário dos serviços

oferecidos pela cooperativa.

- Participar das atividades econômicas,

sociais e educativas.

- Retorno das sobras proporcional ao valor

de operações no exercício.

- Participar das assembléias gerais,

decidindo pelo voto os assuntos de

interesse da sociedade.

- Debater idéias e decidir, pelo voto, os

objetivos e metas de interesse. Respeitar as

decisões votadas nas assembléias gerais

que representam a vontade da maioria.

- Zelar pelo interesse comum e autonomia

da sociedade. Denunciar, sempre, os

procedimentos indevidos.

- Colaborar no planejamento,

funcionamento, avaliação e fiscalização das

atividades.

- Estimular a integração da cooperativa

com o movimento cooperativista.

(pesquisa na internet Portal do Cooperativismo

Brasil Cooperativo, domínio público)

Definição de Cooperativa

De acordo com a definição proposta pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI),

cooperativa é uma associação de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer

aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, através de uma empresa

de propriedade comum e democraticamente gerida. Cultura da cooperação é uma filosofia

baseada em conceitos e valores humanísticos como solidariedade, confiança e organização

funcional de grupos. Tem como propósito substituir o individualismo pela ação coletiva.

Foi a partir dos conceitos adotados pela cultura da cooperação que o

cooperativismo se desenvolveu. Dados da Aliança Cooperativa Internacional (ACI)

mostram que existem, atualmente, 800 milhões de cooperados em todo mundo. No Brasil,

o cooperativismo mantém seis milhões de cooperados e gera cerca de 160 mil empregos,

de acordo números da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).*5

Ramos do Cooperativismo

Consumo

Agropecuário

Crédito

Educacional

Especial

Habitacional

Infra-Estrutura

Mineral

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Projeto CAJUS

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Produção

Saúde

Trabalho

Transporte

Turismo e Lazer

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

*1, *2, *3, *4, *5 – pesquisas na internet com transcrições ou adaptações parciais -

www.coopesp.org.br/cooperativismo.pdf

“Rede de Colaboração Solidária. Texto

Aproveitamento do caju na alimentação humana – SENAR

Brasil. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento Legislação para os sistemas

orgânicos de produção animal e vegetal/Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo - Brasília:

Mapa/ACS, 2009

Cartilha “Agroecologia e certificação participativa” – Fundação Konrad Adenauer

Apoio N.1” Autor: Euclides André Mance Revisão do Texto: Alexandre de Paula Batista

Publicação: Rede de Colaboração Solidária Curitiba e Ponta Grossa, Março de 2000

Maciel, Paulo F. Notas de aula, palestras pessoais sobre agroecologia, cartilhas e apostilas

de sua autoria;

Pesquisa na internet. Portal do Cooperativismo

Brasil Cooperativo

Vivan – Sistemas Agroflorestais - Fundação CEPEMA

www.coopesp.org.br/cooperativismo.pdf

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