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FACULDADE SÃO BENTO DA BAHIA CURSO DE PÓS GRADUAÇAO LATO SENSU EM METODOLOGIA E DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR ANTONIO CARLOS CARNEIRO BARROSO O USO DE NOVAS TÉCNICAS NA GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA 8

Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

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Page 1: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

FACULDADE SÃO BENTO DA BAHIA

CURSO DE PÓS GRADUAÇAO LATO SENSU EM METODOLOGIA E DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR

ANTONIO CARLOS CARNEIRO BARROSO

O USO DE NOVAS TÉCNICAS NA GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA

Salvador

2007

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ANTONIO CARLOS CARNEIRO BARROSO

O USO DE NOVAS TÉCNICAS NA GRADUAÇÃO MATEMÁTICA

Monografia apresentada como trabalho de conclusão do curso de especialização em metodologia e didática do ensino superior para obtenção de grau de especialização.

Orientadora: Alicia Lose

Salvador

2007

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Dedico aos meus pais,

Francelino e Elizabeth, com

todo amor de filho.

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Page 4: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais pelo carinho, atenção e estimulo para os estudos.

A minha Esposa Elisângela Santos Barroso pela força dada, revisão gramatical e

digitação do trabalho.

Á professora Alicia Lose, minha orientadora pela disponibilidade e apoio constante.

Ao Manoel, Paulo, Luise e os demais colegas de curso, pela convivência sadia.

Ao grupo de Funcionários da Faculdade São Bento pelo tratamento dispensado e

pela oportunidade da convivência e de poder aprender e produzir o presente

trabalho

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Feliz aquele que ensina

o que sabe e aprende o

que ensina.

(Cora Carolina)

1 INTRODUÇÃO

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O uso de novas técnicas na graduação matemática Não, é fácil escrever. E duro como quebrar rocha. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados. [...] O que me proponho contar parece fácil e á mão de todos. Mas sua elaboração é muito difícil. Pois tenho que tornar nítido o que está quase apagado e que mal vejo. Com mãos de dedos enlameados apalparem o invisível na própria lama. (Clarice Lispector)

Ao longo de muitos séculos, convivemos com duas matemáticas. Elas são

parentes próximos, mas têm características suficientemente díspares para criar

grandes dilemas no seu aprendizado.

A primeira é fruto do esforço de contar e desenvolver técnicas para lidar com

coisas que podem ser medidas.

Conta-se a caça abatida. Estipulam-se pesos e distâncias. Atribuem-se

números diferentes a superfícies diferentes.

O desenvolvimento histórico dessa matemática requereu esforço crescente de

abstração. A invenção do zero foi um grande salto, um número para medir uma

quantidade ausente. Aos poucos, o trato com as propriedades dos números adquiriu

vida própria. A matemática se separou das coisas que contava. Somamos 5+7 sem

considerar se são laranja ou inimigos abatidos.

Ao cabo de sucessivas mensurações, verifica-se que o quadrado da

hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos. Mais o achado se distancia da

observação e vira o teorema de Pitágoras, demonstrando por via simbólica e lógica.

A matemática prospera, formaliza-se prescinde da observação do mundo real para o

seu avanço. De fato, virou apenas um capítulo especializado da lógica que

tampouco precisa descrever um mundo real.

O fato de que a matemática não precisa do mundo real para desabrochar e

crescer não significa que a maioria das pessoas possa aprendê-la longe dele. Com

efeito, pesquisas revelam que são poucos os que conseguem aprender e tirar

proveito de uma matemática despida das coisas e entes que ela mede. Por exemplo,

nos Estados Unidos, menos da metade dos alunos do Ensino Médio entende essa

segunda matemática, elegantíssima, mas puramente abstrata. Todavia, eles chegam

a ela aprendendo antes a primeira matemática, que é a arte e a técnica de lidar com

coisas que podem ser contadas e medidas.

É a mesma matemática, mas a que os alunos entendem é aquela vestida de

mundo real.

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Acontece que ensinamos a segunda matemática e não a primeira. Um

levantamento recente no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada mostra

que nenhum livro de Ensino Médio brasileiro contextualizado a disciplina. Ou seja,

as escolas ensinam à matemática abstrata que é incompreensível para a memória e

deixam de ensinar aquela em que se resolvem os problemas quantitativos do mundo

real que é compreensível e mais útil para quase todos. Ainda que o objetivo fosse

chegar a segunda matemática, o caminho é pela via da primeira.

O ensino da matemática tende a focalizar os formalismos matemáticos e os

refinamentos crescentes das soluções. Contudo, o aprendizado útil para os não

matemáticos é transformar um problema real em uma solução na qual se aplicará

alguns algoritmos. Começa tudo com o desafio de decifrar as palavras e domar os

conceitos. Aí já encalham muitos. Em segunda, se apresenta o desafio de fazer o

casamento do problema encontrado com alguns algoritmos. A escola lida com o que

vem depois, que é o tratamento mecânico de formula a ser usada.

A matemática nasce no mundo real, para resolver problemas concretos. E é

somente assim que muitos alunos conseguem aprendê-la. A matemática ensinada

nos livros didáticos e nas aulas convencionais não é inteligível para a memória. Daí

a inevitável tragédia, documentada pelos péssimos resultados nos teste aplicados

nos alunos brasileiros.

O mundo atual apresenta aos seus profissionais novos e grandes desafios. E

avanços científicos e tecnológicos, a rapidez dos processos de comunicação,

derrubando as barreiras geográficas e colocando os limites de tempo sob um novo

prisma, a transformação dos processos culturais, a proliferação da área

multidisciplinares de conhecimento, as informatizações globais e intensivas, com a

disseminação do uso de computadores domesticam, a cada dia mais poderosos,

indicam a necessidade de uma reflexão profunda sobre o processo de formação de

recursos humanos.

A Universidade não pode se furtar ao seu papel de formar profissionais dentro

dessa nova perspectiva científica e de se voltar para a sociedade brasileira como

disseminadora de novas tecnologias que venham a se construir em soluções para

alguns de seus complexos problemas sociais, econômicos e culturais.

Dentro dessa perspectiva de buscar soluções e disseminar novas técnicas e

métodos se insere este trabalho.

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2 OBJETIVO

Pesquisar novas técnicas, métodos e ferramentas para o uso de recursos

computacionais e tecnologias de informação na educação.

Produzir texto e hipertextos apropriados para uso em curso a distância.

Usar os recursos computacionais para explorar e integrar aspectos gráficos,

geométricos, numéricos e analíticos. Valorizar o pensamento matemático e não

simplesmente desenvolver habilidades mecânicas. Desenvolver no aluno a

criatividade por meio da modelagem matemática de situações reais, sob um ponto

de vista construtivista. Relacionar e integrar as áreas do conhecimento matemático e

as várias áreas do conhecimento. Para que possamos atingir os nossos objetivos

neste programa dividimos esse trabalho em cinco seções. Na primeira tentaremos

demonstrar a utilidade do uso dos jogos no ensino da matemática. A segunda seção

se intitula a influência de calculadora na resolução de problemas. A terceira seção

tentará mostrar a etnomatemática e a formação do educador matemático. A quarta

seção se intitula o uso meio digital no ensino da matemática. Na quinta seção

abordaremos, o tema modelagem matemática e o papel do professor numa

investigação matemática. Por fim, tentaremos verificar se o que está sendo ensinado

em nossas escolas é de fato matemático.

3 O USO DE JOGOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA

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Page 9: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

A busca de novas estratégias para o ensino da matemática tem influenciado

discussões no âmbito da educação matemática devido a uma capacidade de

adequar o trabalho escolar a uma nova realidade. Embora a recomendação do uso

de recursos didáticos seja feita em quase todas as propostas curriculares na prática,

nem sempre há clareza sobre o papel desses instrumentos no processo de ensino

aprendizagem.

Em contrapartida consideramos os jogos como instrumentos mediadores para

promover aprendizagens.

Vygotsky (1987) trabalha com a noção de que a relação do homem com o

mundo não é uma relação direta, mas fundamentalmente, uma relação

mediada. Essa mediação se dá pelo instrumento e pelos signos. O instrumento é

um elemento interposto. Nesse caso o jogo passa a ser mediada por esse elemento.

Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, permitindo

que estes sejam apresentados de modo atrativo, favorecendo a criatividade na

elaboração de estratégias de resolução e busca de resolução.

Na tentativa de corrigir as jogadas fracassadas, o aluno começa a se organizar,

controlando seu comportamento através de cuidados análogos as etapas

determinadas por Polya (1977) para resolução de problemas: leitura atenta das

regras do jogo para compreender o que é permitido e possível; levantamento de

dados e formulação de hipóteses, execução da estratégia escolhida a partir da

hipótese inicial; avaliação da hipótese isso é a verificação da eficiência da jogada

para alcançar a vitória.

Antes de apresentarmos o jogo vejamos duas situações problemas:

Situação 1: Felipe tem 23 carrinhos e quer reparti-los igualmente entre seus cinco

primos. Como poderá fazer isso?

Situação 2: Uma florista tem 23 rosas para fazer arranjos. Como quer colocar cinco

rosas em cada arranjo, quantos arranjos ela conseguira fazer?

No primeiro caso, sabe-se que a distribuição deve ser feita entre cinco crianças, mas

não se sabe quantos elementos ficarão para cada um. Essa idéia de “repartir

igualmente”, e é também a idéia que a maioria das pessoas tem a respeito da

divisão.

No segundo caso, sabemos que cada arranjo deve conter cinco rosas, então,

a florista irá montar um de cada vez até não ser mais possível. Assim só no final da

ação ela saberá quantos arranjos foram feitos. Temos aqui, portanto, uma situação

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contraria a anterior: sabemos quantos elementos há em cada grupo, mas não

sabemos quantos grupos serão formados. Essa é a idéia de “medida” na divisão

23.5, por exemplo, a idéia da medida é expressa da seguinte forma: quantas vezes o

5 cabe em 23?

Geralmente, trabalhamos a divisão apenas com idéia de repartição em partes

iguais, porém, obtivemos que situações resolvidas por ações diferentes podem ser

solucionadas da mesma maneira, ou seja, usando o mesmo algarismo (23 : 5).

Outra questão importante de ser trabalhada com as crianças, quando se fala em

divisão, é a relação existe entre o resto e o divisor.

Seria possível introduzir a idéia de repartir igualmente, a idéia de medir, e a relação

existente entre o resto e o divisor por meio de um jogo?

Historicamente os métodos de ensino da matemática foram enfatizados na

memorização de técnicas e no emprego de modelos facilitados. A repetição deste

quadro desestimulante e carente de desafios gera, alem de tudo, um sentimento

generalizado tédio e aborrecimento.

Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, permitindo

que estes sejam apresentados de modo atrativo, favorecendo a criatividade na

elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Numa atmosfera

favorável ao desenvolvimento, a criança é independente, utiliza a sua própria

iniciativa prosseguindo os seus interesses, diz exatamente o que pensa, faz

perguntas, experimenta e tem muitas idéias.

Bruner (1976) destaca a importância da exploração ativa na solução de

problemas como uma forma preferível e natural de aprender. Enfatiza aprendizagem

que introduz a criança em diferentes formas de pensar, que constituem habilidades

importantes para aprender a aprender.

No decorrer das jogadas, os alunos começaram a aprender a relação

existente entre o resto e o divisor, ou seja, a partir de um determinado número de

jogadas, eles poderão observar que a quantidade de sementes que sobram (o resto)

nunca é maior que o número do cartão sorteado (divisor).

3.1 O ASPECTO LÚDICO E EDUCATIVO DO JOGO

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Apesar da forte ligação entre o jogo e a aprendizagem, há ainda muitas

divergências de idéias em relação á utilização deste recurso didático por parte das

pessoas que estão diretamente ligadas á formação das crianças. Assim, alguns

teóricos dominam este fato de paradoxo do jogo educativo.

Tudo acontece de acordo com o ritmo da criança e encerra um aspecto aleatório e

incerto. Se a liberdade faz o valor das aprendizagens efetuadas no jogo, também

produz a incerteza quanto aos resultados. De onde a impossibilidade de definir de

modo preciso ás aprendizagens sobre o jogo. Este é o paradoxo do jogo, espaço de

aprendizagem cultural fabuloso e incerto, ás vezes aberto, mas também fechado em

outras situações: sua indeterminação é seu interesse e, ao mesmo tempo, seu

limite.

Se refletirmos sobre os critérios que nos permitem definir a especificidade de

um jogo seu aporte educativo pode parecer provável. Por exemplo, se houver:

exercício da decisão; relação com a regra; ação na incerteza; riso; possibilidade de

tentativas, em outras palavras elimina-se o paradoxo na prática pedagógica ao se

preservar a liberdade de brincar da criança. Desde que não entre em conflito com a

ação voluntária da criança, a ação pedagógica intencional do professor deve refletir-

se na organização do espaço, na seleção dos jogos e na interação com a criança.

Se as características de jogo forem mantidas, o interesse educativo pode estar

presente.

O jogo surge, então, como um sistema de sucessões de decisões. Esse

sistema se expressa através de um conjunto de regras, pois as decisões constroem

um universo lúdico partilhado ou partilhável com outros.

As regras fazem parte do nosso quotidiano e estão implícitas na nossa

conduta desde muito cedo. No jogo podem ser combinadas de forma arbitraria,

criada pelo inventor do jogo ou pelos próprios jogadores.

As regras são fatores muito importantes para conceitos de jogo. Todo jogo tem suas

regras. São estas que determinam aquilo que vale dentro do mundo temporário por

ele circunscrito. Na tentativa de resumir as características formais do jogo considera

como uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com o qual não

se pode obter qualquer lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais

próprios, segundo certa ordem e certas regras.

O educador deve intervir oferecendo materiais, espaço e tempo adequado

para que a brincadeira aconteça na sua essência, ou seja, movida pelo desejo,

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garantindo o desenvolvimento organizacional, imaginativo e a capacidade de

construção de conceitos e conhecimento pessoais de seus alunos. Pode estimular a

imaginação das crianças, despertando idéias, questionado-as para que busquem

uma solução para os problemas que surgem ou mostrando varias formas de

resolução, promovendo um momento de opção pela alternativa que acharem mais

convenientes.

Enfim, não se pode ignorar o jogo, nesse caso trata-se de ultrapassá-lo, de

propor atividades que conservem o que havia de incontornável no jogo, colocando-o

a serviço de um projeto pedagógico consciente.

Propondo o trabalho/ jogo como atividade fundamental. Questiona as tarefas

escolares (respectivas e enfadonhas) apostas aos jogos (atividades lúdicas, recreio),

apontando como essa dualidade presente na escola, reproduz a dicotomia trabalho/

prazer, gerada pela sociedade capitalista industrial.

A noção de jogo enriqueceu-se e carrega contradições e tensões internas que

permitem compreender a diversidade dos discursos produzidos a partir do próprio

termo.

É importante que o educador confronte-se com a própria concepção epistemológica

do jogo que, sem dúvida, influencia sua prática.

Entre a teoria e a prática existe um conjunto de agentes complicadores enraizados

em nossos sistemas de ensino, e diante desta realidade, o professor considera-se

como parte do problema, pois não basta prover apenas de recursos pedagógicos.

Para possibilitar ao aluno a construção do seu conhecimento através de

atividades com jogos, é fundamental conhecer as potencialidades e as restrições do

jogo escolhido, ter um planejamento didático-pedagógico adequado para que o jogo

realmente funcione como uma ferramenta na construção do conhecimento

matemático do aluno. Este planejamento requer

do profissional atitude de disponibilidade para a atualização, abertura de espírito,

empenho, responsabilidade e flexibilidade para mudanças.

O jogo não é mais um trabalho disfarçado e o trabalho, um jogo disfarçado,

mas são atividades ainda mais complementares porque implicam atitudes diferentes

da parte da criança, porque supõem a construção de situações diferentes da parte

do educador.

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4 A INFLUÊNCIA DA CALCULADORA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

A calculadora, uma das ferramentas que o homem desenvolveu para atender

as suas necessidades de fazer cálculos, tem sua utilidade reconhecida, há muito

tempo, fora da sala de aula.

Entretanto, ainda hoje seu uso escolar estar cercado de duvidas e

preconceitos infundados. Este artigo apresenta uma pesquisa, realizada em 2000

em uma escola da rede pública estadual de Pernambuco, que visavam investigar a

influência da calculadora na sala de aula de matemática na resolução de problemas

matemáticos abertos. Seu objetivo foi observar como os alunos modificavam seus

procedimentos quando passavam a usar a calculadora nessa resolução. Os

resultados mostram que a calculadora pode servir para agilizar a resolução e,

principalmente potencializar o calculo mental.

A mão do homem foi a primeira máquina de calcular de todos os tempos.

Foram os dedos das mãos e dos pés os primeiros instrumentos que o homem

primitivo utilizou para atender a diferentes necessidades como a de controlar a

quantidade de animais dos rebanhos utilizados em seu sustento.

A origem da civilização, com o conseqüente desenvolvimento do comércio,

fez com que o homem criasse instrumentos cada vez mais sofisticados para a

contagem dos objetos, como por exemplo, os diversos tipos de ábaco, as tabelas e

réguas de calculo. A calculadora deve ser entendida como uma das etapas mais

avançadas de todo esse processo de desenvolvimento.

Atualmente, já não faz mais sentido afirmar que as calculadoras devem ser

evitadas na sala de aula de matemática porque os alunos não iriam mais raciocinar

nem se interessar em aprender a tabuada. Muitos deles têm acesso a essa maquina

desde muito cedo.

O uso da calculadora, para resolver cálculos trabalhosos, já era defendido na

década de 60. Entretanto, ainda hoje discutimos, na escola pública, se devemos ou

não usá-la, enquanto nas escolas particulares, onde estudam as camadas da

sociedade mais favorecidas economicamente, já são usados computadores há

algum tempo.

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4.1 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS COM O USO DA CALCULADORA

Para explorarmos os diferentes quadros na resolução de um problema, é

importante que o professor elabore problemas diferentes daqueles usuais ou

fechados nos termos de Medeiros (1999). Estes últimos, os problemas padrão ou

problemas clássicos usualmente trabalhados em sala de aula de matemática,

limitam a criatividade do aluno, porque tem certas características que podem gerar

verdadeiras regras de contrato didático.

Entre as características desses problemas fechados está o fato de poderem ser

resolvidos pela aplicação de um ou mais algoritmo, sendo preciso entrar a operação

“certa” e realizá-la sem erro.

Algumas palavras como ganha, na adição, e perder na subtração, permitem

ao aluno “adivinhar” a operação a fazer, possibilitando ao aluno transformar a

linguagem usual em linguagem matemática. Além disso, o problema vem, em geral,

sempre após a apresentação de determinado conteúdo ou algoritmo; todos os dados

necessários à resolução do problema se encontram no enumerado, raramente se

encontrando dados inúteis. Os números e as soluções são simples; o contexto do

problema, em geral, nada tem a ver com a realidade cotidiana.

É sempre possível encontrar uma resposta para a questão matemática

colocada por meio desses problemas, e o professor a conhece antecipadamente.

Então, o aluno deve sempre encontrar uma solução que pode ser corrigida em caso

de erro.

Essas características indicam, na maioria das vezes implicitamente, o que o

professor e o aluno farão nessa atividade em que os problemas são tratados como

uma coleção de exercícios variados. A tarefa do aluno é encontrar a solução

esperada pelo professor e, para isso, ele precisa identificar a solução típica daquele

problema. Esta situação pode levar o aluno a uma atitude de dependência, de

memorização de conhecimentos.

O professor considera que o aluno no aprende por reprodução, isto é, basta

resolver muito desses problemas semelhantes aquele recentemente feito para ele

aprenda a resolver problemas com o conteúdo estudado.

Ao trabalhar com os problemas matemáticos em uma atividade diferente da usual,

novas regras de contrato didático poderão ser estabelecidas. Nessa nova situação,

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os problemas serão preparados pelo professor e apresentado aos alunos de outra

maneira. Os problemas abertos, que podem ser apresentados nessa nova atividade,

podem ser uma alternativa para provocar rupturas no contrato didático.

Os problemas abertos se caracterizam por não terem vínculo com os últimos

conteúdos estudados, evitando as regras de contrato didático já arraigado. Por

estarem em um domínio conceitual familiar, permitem que os alunos tenham

condições de resolvê-los. E, sobretudo, por possuírem enunciado curto, os

problemas abertos podem permitir ao aluno conquistar as primeiras idéias em um

novo estudo. Isso pode dar a impressão, bemvinda, de que o problema é de fácil

solução, fazendo que o aluno se interesse em encontrá-la.

Um problema aberto também possui uma ou mais soluções. Além disso, ele

pode ser trabalhado em grupo, evitando eventuais desencorajamentos, diminuindo o

medo de não conseguir resolver, aumentando a chance de produção de conjecturas

num intervalo de tempo razoável e possibilitando o surgimento de riscos conflitos

sócio cognitivos. Esse conflito ocorre entre dois ou mais indivíduos, quando

confrontam suas diferentes opiniões.

O objetivo visado na “resolução” do conflito é conduzir os protagonistas a um

progresso comum em relação ao conhecimento em jogo na situação.

Um problema aberto tem por objetivo permitir que o aluno desenvolva um

processo de resolução de problema que nós chamamos de “processo cientifico”, ou

seja, nele o aluno desenvolverá a capacidade de tentar, supor, testar e provar o que

for proposto como solução para o problema, implicando uma oposição aos

problemas fechados.

A utilização de problemas não usuais ou abertos exigirá do aluno uma postura

diferente da que sempre se observa quando resolvem os problemas fechados,

porque o próprio enunciado do problema não permite que ele encontre a resposta

como de costume. Nesse momento, a calculadora poderá ajudá-lo a concentra-se no

processo de resolução ao invés de se preocupar com o calculo repetitivos.

Com a utilização da calculadora na resolução de problemas abertos, o aluno

poderá compreender melhor o sentido dos problemas matemáticos escolares, uma

vez que a falta de compreensão quanto ao significado da matemática estudada na

escola é uma das grandes queixas dos alunos. “A questão essencial do ensino da

matemática é então: como fazer para que os conhecimentos ensinados tenham sido

para o aluno?”

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A calculadora pode ajudar nessa compreensão da matemática, principalmente

se ela for usada para descobrir fatos e propriedades. Mas não somente nisso.

O uso sensato das calculadoras contribui para a formação de indivíduos aptos a

intervirem numa sociedade em que a tecnologia ocupa um espaço cada vez maior.

Nesse cenário ganham espaço indivíduos com formação para a diversidade,

preparados para investigar problemas novos, com capacidade para codificar e

decodificar, se comunicar, tomar decisões, aprender por si. Todos esses atributos

são necessários para a formação do homem de hoje, não importando se ele é

marceneiro, metalúrgico, bancário ou empresário. Calculadoras e computadores são

as ferramentas de nosso tempo.

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Page 17: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

5 A ETNOMATEMÁTICA E A FORMAÇÃO DE EDUCADORES MATEMÁTICOS

Os alunos agora são muito mais importantes que o professor no espaço

escolar, portanto todo sistema de ensino estaria a serviço do educando. Essas duas

formas de compreensão do espaço escolar levam-nos a um sistema de exclusão,

pois, com as mudanças sociais, uma nova perspectiva tem alertado que no espaço

escolar, tanto o aluno como o profissional em educação é componente importante.

Nenhum ocupa um espaço mais destacável nesse processo. Portanto, a proposta

para tempo futuros não caberá o ensino da matemática na perspectiva tradicional,

mas métodos educacionais que respeitem o aluno/professor num movimento de

diálogo.

Para dar resposta ao fracasso da metodologia da matemática moderna, os

educadores representam à metodologia da resolução de problemas.

A resolução de problemas é encarada como uma metodologia educacional,

em que o professor propõe ao aluno situações problemas, caracterizado por

investigação e exploração de novos conceitos. Nessa metodologia, também o aluno

pode formular problemas, para que os seus colegas resolvam, tornando a

matemática um conhecimento mais próximo do educando. Mesmo tendo a história

nos mostrando que a resolução e formulação de problemas fazem parte das buscas

que levaram o homem a ampliar seus conhecimentos e facilitar a sua vida, esse

método trouxe esperanças para a classe profissional. Mas parece que, com o

decorrer do tempo, já não era mais a resposta dos que permanecem na educação.

Pensou-se na necessidade de uma metodologia onde o aluno estivesse mais perto

do cotidiano do aprendiz e dos problemas que este enfrentava no seu cotidiano.

Apareceu, então, a modelagem matemática, a modelação matemática e a teoria dos

jogos.

A modelagem matemática e a modelação têm dado a oportunidade de romper

a dicotomia entre a matemática da escola formal e a vida real. Quando existe a

oportunidade de o educador levar os alunos até os problemas da vida real, como,

por exemplo, a produção de vinho, o educador com os alunos, elabora os modelos

matemáticos possíveis para a resolução do problema apresentado; quando ele não

tem essa oportunidade, ele apresenta um problema real na sala de aula e ai o

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Page 18: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

resolve. O resolver na prática, a produção do vinho, com modelos matemáticos, é o

que denominamos de a modelagem matemática; já o resolver problemas da vida

real, na sala de aula, com modelos matemáticos, denominamos a modelação

matemática.

Quanto à metodologia do uso dos computadores acredita-se que tem o poder

de dar ao aluno a autoconfiança na sua capacidade de criar e fazer matemática. O

computador é mais uma ferramenta no uso escolar e deve estar a serviço da

educação vinte e quatro horas por dia, uma vez que se trata de um material caro. É

quase inconcebível nos momentos atuais não utilizarmos esta preciosa ferramenta.

Junto a esse uso, existe a ampla discussão quanto ao uso das calculadoras. Grupos

de professores alegam que a calculadora limita e bloqueia o pensar matemático e

dificulta a compreensão das definições e a demonstração de teoremas. Outros

grupos de educadores matemáticos, porem, caracteriza essa ferramenta como

necessária e indispensável para o desenvolvimento da matemática nos dias atuais.

Quanto à etnomatemática, apesar de ser uma linha também nova, tem suas

características específicas. Ela valoriza a matemática dos diferentes grupos

socioculturais e propõe uma maior valorização dos conceitos matemáticos informais

construídos pelos alunos através de suas experiências, fora do contexto da escola.

Essa linha apresenta mais visivelmente três correntes internas. A primeira é a do

educador que parte para conhecer um grupo social/cultural e, após uma descrição

de caráter etnográfico propõe um modelo educacional para dialogar com grupo

estudado e conduzi-los á matemática escolar. O outro seguimento é a descrição do

grupo e, nesse caso, o pesquisador não interfira, mas tem a oportunidade de

apresentar ao pares, num dialogo acadêmico, os resultados da investigação. Na

terceira linha, o estudo se dá com a descrição e a possível interpretação á partir da

visão do grupo estudado. Nesse caso, o grupo sociocultural estudado continuará

tomando suas próprias decisões, e o pesquisador apresentarão ao pares a

compreensão dos dados levantados no dialogo, mas que esta compreensão seja a

partir da visão dos sujeitos.

Todo jovem é fonte inesgotável de capital social. Incluindo aqueles que

nasceram, ficaram então ou simplesmente parecem deficientes. Este é o desafio

criativo quer os profissionais da mídia precisam enfrentar daqui por diante. Incluir, no

todo da população infanto juvenil brasileira, crianças e adolescentes em

desvantagem física, sensorial, motora ou intelectual. Lembrando que essa

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desvantagem relativa, causada por barreiras impostas pelo meio ambiente humano,

ideológico e físico. Será menor quanto mais eficiente forem os meios de

comunicação no desejo de derrubar essas barreiras. A caminhada de um mundo

inclusivo e de uma mídia para toda a imprensa deve estabelecer como

responsabilidade sua, provar á comunidade que pessoas com deficiência são

geradoras de capital social.

Sabemos que o papel da mídia pode torna-se um papel educador. Diante

desse quadro que se declina, é precária a possibilidade, dentre os métodos de

ensino apresentados, para dar-se encaminhamento á construção de uma sociedade

inclusiva no campo do conhecimento matemática.

O método tradicional já é declarado um grande formador de barreira social,

considerando como um filtro social. A corrente metodológica resolução de

problemas, história da matemática, modelagem/modelação matemática, aponta pelo

mesmo caminho do tradicional, uma vez que priorizam o pensamento lógico de

Descartes, não estão atentas as diferenças socioculturais e não valida a formulação

de conceitos matemáticos informais. Talvez, esta corrente, sob um novo enfoque

atualizado e acoplado a uma nova postura do educador possa vir a ser revitalizadas.

A teoria dos jogos também terá de ser repensada uma vez que, se pensarmos

somente na aplicação de jogos para sistematizar conceitos, pode tornar as aulas

com os jogos será uma causa desmotivada, pois nem todos os alunos de uma sala

de aula farão continuidade no especifico do conhecimento matemático.

5.1 O RESGATE DOS BRINQUEDOS NA ETNOMATEMÁTICA

Minha prática pedagógica está centrada na importância do brincar, buscando

resgatar os valores dos brinquedos e brincadeiras que pais/avós dos alunos

vivenciaram em tempos atrás. Penso que esse tema está diretamente ligado com a

realidade em que meus alunos estão vivenciando nesse momento. Nossa Escola

está impedida de proporcionar, aos alunos, aqueles minutos de recreio em razão de

estarmos passando por um período de ampliação do prédio. Em vista disso, o pátio

que antes era “invadido” por alunos com “sede” de brincar, agora dá espaço para

barulhentos caminhões, patrolas e materiais de construção em geral. O único

espaço vago, até o final desse ano letivo, é na entrada da Escola, que talvez regule

com o tamanho de uma sala de aula. 

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Como Monteiro (2004, p.440) relata é nesse contexto vivenciam que devemos

procurar identificar os usos e práticas dos saberes matemáticos ali presentes, bem

como a interpretação que os indivíduos fazem dessas práticas e saberes. Segundo a

autora, a pluralidade cultural de um grupo é evidenciada no cotidiano dos alunos, em

suas diferenças e proximidades nas formas de resolver seus problemas; desse

modo, é fundamental que o professor bem como a equipe pedagógica da escola se

volte com um olhar crítico para o cotidiano em que estão inseridos. Monteiro (2004,

p.441). Concordo quando a autora salienta que a equipe pedagógica da Escola

também deve ter um olhar crítico para a situação dos alunos, pois muitos

professores acabam assumindo sozinhos os problemas de um contexto que, na

realidade, tem que ser assumidos por toda a comunidade escolar.

O trabalho surte mais efeito e as questões podem ser melhores resolvidas

quando há um engajamento de todos. Tendo em vista toda essa realidade, tenho por

objetivo, desenvolver um projeto voltado para o resgate dos brinquedos que foram

utilizados pelos pais/avós na sua infância. Assim, pensei que pudesse conciliar essa

idéia e trazê-la para a sala de aula, tentando suprir a necessidade de esse brincar e

até mesmo das brincadeiras violentas que fazem parte da realidade cultural desses

alunos. “Incorporar a cultura, á vida dos alunos nas práticas pedagógicas está sendo

analisado em diversas teorizações como uma das possibilidades para construir um

currículo que busca a inclusão social”. Schmitz ( 2004, p. 411)

Por que, então, resgatar esses brinquedos que antigamente eram usados e

até fabricados no quintal de casa e hoje se encontra tão esquecidos nesse contexto?

Pela Escola estar localizada em um bairro de periferia, as brincadeiras vivenciadas

por nossos alunos estão muito voltadas para a violência.

Penso que trazendo à tona alguns desses brinquedos, poderei ao menos

proporcionar momentos em que os alunos descobrissem outras brincadeiras

interessantes e que também proporcionassem prazer. A partir desses argumentos,

sublinho uma afirmação feita por D’Ambrósio ( 2004, p.46) onde diz que,

naturalmente, em todas as culturas e em todos os tempos, o conhecimento, que é

gerado pela necessidade de uma resposta a problemas e situações distintas, está

subordinado a um contexto natural, social e cultural.

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Page 21: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

O presente projeto tem como aportes teóricos o campo da Etnomatemática e esta

“procura entender a realidade e chegar à ação pedagógica de maneira natural

mediante um enfoque cognitivo com forte fundamentação cultural” (PCNs, 1998,

p.33).  O termo Etnomatemática foi proposto em 1975, por Ubiratan D’Ambrósio para

descrever as práticas matemáticas de grupos culturais, sejam eles uma sociedade,

uma comunidade, um grupo religioso ou uma classe profissional. Essas práticas são

sistemas de símbolos, organização espacial, técnicos em construção, métodos de

cálculos, sistemas de medida, estratégias de dedução e de resolução de problemas

e qualquer outra ação que possa ser convertida em representações formais.

(D’Ambrósio (2002, p 48) A transdiciplinariedade está bem presente na proposta que

pretendo desenvolver, pois, sobretudo, necessitamos dessas transações entre as

disciplinas para enriquecer e aprofundar cada conteúdo desse projeto. 

Tendo em vista estas considerações o programa etnomatemática

intrinsecamente traz uma atitude transdisciplinar, decorrente de outra visão de

natureza e de realidade, e que, ao partir da confrontação de disciplinas, faz aparecer

dados novos engendrando uma nova interfundamentação destas disciplinas

D’Ambrósio (2004, p.53). Para tentar estimular nessas crianças o gosto por

brincadeiras mais saudáveis e que podem muito bem ser realizadas dentro de uma

sala de aula, pretendo buscar através dessa prática o resgate dos brinquedos

relacionando-os aos estudos que venho fazendo sobre a Etnomatemática. Para

Frankstein (1997, p.4) “a matemática ocorre em contextos, integrada com outros

conhecimentos do mundo”.

Acredito que um assunto como este é de suma importância, pois as crianças

necessitam das brincadeiras e porque não aproveitar a situação que estamos

vivendo em relação ao espaço e unir algumas vivências partindo da família deles?

Acredito que, com a execução dessa prática, os alunos darão mais valor a certas

brincadeiras, pois terão a oportunidade de criar seus próprios brinquedos os quais

farão parte das nossas aulas até o final deste ano letivo. Concordo com as

explanações de Monteiro (2004, p.445) quando diz que a etnomatemática nos

permite pensar no conhecimento como algo impregnado de valores culturais e

sociais não fragmentados, constituindo-se de elementos mais amplos que os

conteúdos específicos. Esse conhecimento recheado de vida é o que entendo por

etnomatemática.

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Page 22: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

Os argumentos utilizados para defender minha justificativa vêm ao encontro

com as idéias trazidas pelos autores citados nesse capítulo, pois acredito na

Etnomatemática e sei que esta tem muito a nos “ensinar”, pois é partindo de uma

realidade cultural de um grupo de pessoas, que buscaremos alternativas para

oferecer aos nossos alunos e as alunas uma aprendizagem significativa voltada para

a realidade social e o que é principal, contemplando essas classes sociais que se

encontram marginalizadas por uma sociedade capitalista. 

Segundo Knijnik (2004) na visão da etnomatemática há um especial interesse

em dar visibilidade às histórias daqueles que têm sido sistematicamente

marginalizadas para não se constituírem nos setores hegemônicos da sociedade. 

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Page 23: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

6 MODELAGEM MATEMÁTICA

A busca de novas metodologias de ensino da matemática deve ser constante,

no momento fala-se muito sobre Modelagem Matemática, mas mesmo após quase

vinte e cinco anos de discussões e estudos ainda existem muitas dúvidas sobre a

Modelagem Matemática, na ocasião tivemos a oportunidade de debater juntamente

com professores mestres e doutores na área em questão sobre as dificuldades e os

benefícios de trabalharmos com a modelagem no ensino de nossos alunos.

Em princípio, os estudos envolviam modelos de crescimento cancerígenos.

Também foi realizada uma experiência com a Modelagem, pelo professor Rodney,

com turma regular de Engenharia de Alimentos, na disciplina de Cálculo Diferencial

e Integral, que possuía programa definido. A experiência foi muito satisfatória. na

educação brasileira a Modelagem Matemática teve início com os cursos de

especialização para professores, em 1983, na Faculdade de Filosofia Ciências e

Letras de Guarapuava - FAFIG, hoje Universidade Estadual do Centro-Oeste –

UNICENTRO. 

Com o início do Programa de Mestrado em Ensino de Matemática pela

UNESP – Campus de Rio Claro, a Modelagem angariou adeptos, pois a grande

preocupação sentida consistia em encontrar formas alternativas para o ensino de

Matemática que trabalhassem ou que tivessem a preocupação de partir de situações

vivenciadas pelo aluno do ensino de 1º e 2º graus, atualmente ensino Fundamental

e Médio. 

Os primeiros trabalhos enfocando a Modelagem como uma alternativa para o Ensino

de Matemática, começou a ser elaborados sob forma de dissertações e artigos, a

partir de 1987. Em 1999 foi realizada a 1º Conferência Nacional.

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Page 24: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

6.1 MODELAGENS MATEMÁTICA E O ENSINO APRENDIZAGEM

Devido ao grande avanço das tecnologias informáticas muitas das atividades

do nosso cotidiano passaram a ser feitas por máquinas, com os computadores

surgiu, por exemplo, a “Era da Informática” onde as informações se difundiram em

grande escala revolucionando o modo de vida da humanidade.

Com toda esta revolução ocasionada pela informática, os conceitos

matemáticos tornaram-se implícitos, pois os programas de computação são capazes

de realizar cálculos em uma fração de segundo, o que manualmente levariam horas

para o ser humano resolver.com essa facilidade que a informática proporciona,

houve uma desmate matização natural das pessoas em geral, ocasionando deste

modo, uma desvalorização dos conhecimentos matemáticos, ou seja, para que

decorar fórmulas ou teoremas, se no computador elas já estão todas armazenadas?

A matemática pode servir como “poder para alguém” agindo como um

instrumento de controle social, pois afinal, os números governam o mundo, decisões

são tomadas a partir de fórmulas, de cálculos, de estatísticas, planejamentos de

governo são decididos através da matemática, decisões estas que afetam as vidas

de todos aqueles que a elas se submetem neste sentido muitas pessoas questionam

sobre o papel da matemática na formação de nossos alunos, qual o professor que

nunca ouviu aquela velha pergunta que os alunos sempre fazem: pra que serve esta

matéria que eu estou aprendendo?

 Talvez uma resposta para esta questão possa ser a Modelagem Matemática,

pois ela tem como objetivo interpretar e compreender os mais diversos fenômenos

do nosso cotidiano, devido ao “poder” que a Modelagem proporciona pelas

aplicações dos conceitos matemáticos. Podemos descrever estes fenômenos,

analisá-los e interpretá-los com o propósito de gerar discussões reflexivas sobre tais

fenômenos que cercam nosso cotidiano.

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Page 25: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

6.2 O QUE É MODELAGEM MATEMÁTICA?

A Modelagem Matemática é uma metodologia alternativa para o ensino de

Matemática que pode ser utilizada tanto no ensino fundamental como no ensino

médio. A partir de conceitos gerais, procura-se mostrar a importância da Matemática

para o conhecimento e compreensão da realidade onde se vive. Uma forma de

avaliar se a Modelagem Matemática é eficiente no processo de ensino-

aprendizagem é estabelecer um paralelo entre o ensino tradicional e o ensino

através da Modelagem Matemática, abordando aspectos como a pedagogia

adotada, a criatividade, o interesse pelo estudo de Matemática, a motivação e

entusiasmo por parte dos alunos, e a avaliação do que eles realmente aprenderam

com a Modelagem Matemática, levando o professor a refletir sobre a sua

metodologia de ensino da matemática.

É evidente que a Modelagem Matemática não deve ser usada como uma única

metodologia de ensino, o professor no exercício das suas atividades, deve sempre

procurar a melhor metodologia de ensino da matemática, como por exemplo: jogos,

brincadeiras, a história da matemática, metodologia dos três momentos, resolução

de problemas, enfim usar todos os seus recursos para obter o melhor resultado

possível no ensino da matemática. O grande desafio hoje é fazer o aluno

compreender o seu papel na sociedade, de agente ativo e transformador da sua

realidade, e a importância da matemática no seu dia-a-dia.

A Modelagem Matemática não deve ser utilizada apenas para justificar o

conteúdo que está sendo ensinado, mas sim deve valorizar a razão, o motivo pelo

qual o aluno deve aprender matemática, e a importância que isto representa na

formação dele como cidadão responsável e participativo na sua sociedade.

Primeiramente não existe modelagem sem modelo, logo Modelação é uma prática

de modelagem onde acredito ser lícito utilizar a Modelagem Matemática para o

ensino específico de um determinado conteúdo que o professor necessita ensinar

dentro do programa de ensino.

Fazer Modelagem Matemática não é apenas resolver problemas no quadro

usando situações do cotidiano, como acontece com muitos professores hoje que

pensam estar fazendo modelagem, na verdade eles apenas estão resolvendo um

problema como outro qualquer, segundo Biembengut (1999) “a criação de modelos

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Page 26: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

para interpretar os fenômenos naturais e sociais é inerente ao ser humano. A própria

noção de modelo está presente em quase todas as áreas: Arte, Moda, Arquitetura,

História, Economia, Literatura, Matemática. Aliás, a história da Ciência é testemunha

disso!”.

Neste sentido pode-se dizer que Modelagem Matemática é o processo que

envolve a obtenção de um modelo que tenta descrever matematicamente um

fenômeno da nossa realidade para tentar compreendê-lo e estudá-lo, criando

hipóteses e reflexões sobre tais fenômenos, em primeiro lugar, o professor que

deseja ensinar Modelagem Matemática precisa aprender a fazer modelagem, em

sua essência, no processo de desenvolvimento, em suas raízes e utilizá-la como

estratégia de ensino da matemática. em segundo lugar, ter em mente que a

Modelagem Matemática pode ser um caminho para despertar no aluno o interesse

por conteúdos matemáticos que ainda desconhece ao mesmo tempo em que

aprende a arte de modelar, matematicamente os fenômenos do cotidiano, vários

motivos são colocados como obstáculos na implantação da modelagem no ensino

da matemática, como por exemplo: falta de tempo, falta de condições físicas e

financeiras, às vezes torna-se dispendioso fazer uma atividade de modelagem,

cobrança por parte de supervisores e diretores na preparação para o vestibular.

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Page 27: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

6.3 O QUE ESTA SENDO ENSINADO EM NOSSAS ESCOLAS

É claro que qualquer concepção do ensino da matemática deve pensar sobre

o que está sendo ensinado, bem como sobre o significado, a gênese, a estrutura e a

produção de conhecimentos. Seja qual for à resposta para a questão anteriormente

formulada, é fato que a abordagem adotada na maioria de nossas escolas é mero

transmissão de dados. Este tipo de informação é uma ajuda imprescindível na

compreensão das dificuldades que os alunos sentem no aprendizado da matemática

e, que, em geral, o professor conhece de forma muito precária, tais dificuldades

residem no desenvolvimento dos limites que esta ciência apresenta, na

incompreensão das relações que se estabelecem entre ele e as outras áreas do

conhecimento e na impossibilidade de se ler e escrever matemática.

Embora, a nosso ver, a descontextualização da matemática seja um dos

maiores equívocos da Educação Moderna, o que efetivamente se constata é que a

mesma matemática ensinada em todo mundo, com algumas variantes que são bem

amas estratégias para atingir um conteúdo universalmente acordado como devendo

ser a bagagem de toda criança que passa por um sistema escolar. Neste ambiente

ocorrem “supostos diálogos”, onde o professor faz perguntas ás quais os alunos

respondem com silêncio. Difícil detectar o que este silêncio significa: talvez

hesitação, mede, ou quem sabe respeito, indignação, indiferença, dúvida ou até

mesmo insegurança. O silêncio, neste caso, representa, antes de tudo, autoridade e

autoritarismo. É a ausência de esta exercida e fundamentada num embate não-

diagológico, de comunicação fictícia, num monólogo teatral.

É preciso desmistificar a sala de aula como ponto de encontro de alunos

totalmente ignorantes com os professores totalmente sábios a sua frente lhes

repassando informações referentes ao conhecimento matemático. Devemos

entender a sala de aula como um local onde interagem alunos com conhecimentos

do senso comum, que almejam a aquisição de conhecimentos sistematizados, Neste

sentido, educar em matemática requer objetivos, concretizados em conteúdos,

planejamento da ação educativa e ferramentas que as potencialize e, por fim,a

avaliação dos resultados do que se realizou. A atividade permite um ciclo completo

no processo criativo do professor, que parte dos conhecimentos que detém, mas

que ao participar de uma dinâmica de trabalho, em que partilha significado, sofrerá

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Page 28: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

modificações no seu modo de fazer o seu objetivo principal como profissional:

criação e desenvolvimento de atividades educativas.

Um dos objetivos essenciais do ensino da matemática é preciosamente que o

que se ensine esteja carregado de significados, tenham sentido para o aluno. O

sentido de um conhecimento matemático se define não só pela coleção de situações

em que este conhecimento é realizado como teoria matemática ou como situações

em que o sujeito o encontrou como meio de solução, mas também pelo conjunto de

concepções que rejeita, de erros que evita, de economias que procura de

formulações que retorna. Compreender o objeto do conhecimento matemático

significa inicialmente ter consciência de que ele tem algum tipo de existência e que

essa existência é algo que depende de aspectos históricos e sociais. Para isso,

devemos inicialmente observar como a matemática se apresenta e compreender

que a investigação e a descoberta sempre se constituíram, ao longo dos séculos,

como essenciais na matemática, bem como as suas fontes inspiradoras, um mundo

exterior com seus problemas e sua própria estrutura interna.

Cortella (1998, p.102) deixa este aspecto bem claro ao afirmar que

Quando um educador (a) nega (com ou sem intenção) aos alunos a compreensão das condições, históricas e sociais de produção do conhecimento, termina por reforçar a mitificação e a sensação de perplexidade, impotência e incapacidade cognitiva.

A escola do século XXI tem por desafio formar pessoas aptas ás mudanças,

autônomas, solidárias e criativas, que sejam capazes de lidar com as incertezas em

busca de uma sociedade mais justa e uma vida mais digna e solidária. Num mundo

onde a criatividade é o novo paradigma para a resolução dos mais variados

problemas. Criatividade aqui é entendida como a capacidade de sermos suficientes

flexíveis para sairmos do seguro, do conhecido, do imediato e assumirmos riscos ao

propormos o novo, o possível.

O ensino de matemática para nós é algo maior que provocar o raciocínio

lógico-dedutivo do aluno, que tantas vezes aparece como objetivo da disciplina em

planos de cursos. Através do conhecimento da história da matemática é possível

aprender o presente, entender o passado e projetar o futuro. Além disso, é muito

mais fácil formar técnicos hábeis em cálculos do que cidadãos que questionem

cidadãos críticos acreditam ser esse um dos motivos para tanta resistência ao modo

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Page 29: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

como deveríamos aprender e ensinar matemática: de modo reflexivo, crítico e

historicamente localizada. A participação do cidadão em uma sociedade moderna,

complexa, requer, portanto, o desenvolvimento de habilidades básicas, através de

uma aprendizagem significativa, utilitária da matemática, que o possibilite conquistar

muito mais do que o exercício de direitos e deveres.

A participação dos educadores é, portanto, preparar as novas gerações para

o mundo em que terão que viver. Isso quer dizer proporcionar-lhes o ensino

necessário para que adquiram as destrezas e habilidades que vão necessitar para

seu desempenho, com comodidade e eficiência, no seio da sociedade que

enfrentarão ao concluir sua escolaridade. A educação matemática deve visar a

construção de um saber que capacite nossos alunos a pensar e a refletir sobre a

realidade, assim como a agir e transformá-la. Dessa forma, será possível que eles

encontrem a razão e o motivo para aprender matemática. E gostar!

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Page 30: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

7 CONCLUSÃO

O percurso perseguido para disserta o tema “uso de novas tecnologias na

graduação matemática” nos colocou na presente iniciação cientifica.

A formação em matemática nos autoriza falar sobre este tema. Não satisfeito com a

abordagem dada neste tema, tentamos mostrar a necessidade de refletirmos no que

foi abordado e reproduzido pelos intelectuais e técnicos que lidam com esta

temática. Neste sentido e acreditando poder colaborar com a sua discussão, no

espaço acadêmico, optamos por exercitar um caminho metodológico em analise de

discurso. As técnicas em suas diferentes formas e usos constituem um dos

principais agentes de transformação da sociedade, pelas implicações que exerceu

no cotidiano das pessoas. Estudos e experiências evidenciam que a calculadora é

um instrumento que pode contribuir para a melhoria do ensino da matemática.

Embora os computadores ainda não estejam amplamente disponíveis para a maioria

das escolas, eles já começam a integrar muitas experiências educacionais,

prevendo-se sua utilização na maioria das escolas em curto prazo. Quanto aos

softwares educacionais é fundamental que o professor aprenda a escolhê-los em

função dos objetivos que pretende atingir e de sua própria concepção de

conhecimento e de aprendizagem.

Os jogos também representam uma conquista cognitiva, emocional, moral e

social. Sendo um estimulo para o desenvolvimento do raciocínio lógico.

Finalmente, um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno que eles provocam

no aluno, que gera interesse e prazer. Por isso é importante que os jogos façam

parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a potencialidade

educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver.

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Page 31: Minha monografia o uso de novas técnicas na graduação em matemática

REFERÊNCIAS

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