22
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL GALDENIA CAVALCANTE DE ARAÚJO LUIS GOMES, RN 2016

MINISTERIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE … e que deve ser trabalhado na sala de aula contribuindo para o desenvolvimento integral das crianças de forma prazerosa, interativa e criativa

Embed Size (px)

Citation preview

0

MINISTERIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

GALDENIA CAVALCANTE DE ARAÚJO

LUIS GOMES, RN

2016

1

GALDENIA CAVALCANTE DE ARAÚJO

O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia a Distância do Centro de Educação da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para obtenção do título de

Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da

professora Mestre Rúbia Kátia Azevedo

Montenegro.

LUIS GOMES, RN

2016

2

O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Por

GALDENIA CAVALCANTE DE ARAÚJO

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia a Distância do Centro de Educação da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para obtenção do título de

Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Ms. Rúbia Kátia Azevedo Montenegro (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________

Ms. Jaécia Bezerra de Brito

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________

Esp. Luiz Antônio da Silva dos Santos

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

3

O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Galdênia Cavalcante de Araújo

1

Rúbia Kátia Azevedo Montenegro2

RESUMO

O tema a importância do lúdico e suas contribuições para Educação Infantil, foi escolhido

como trabalho de conclusão do curso de Pedagogia, por se tratar de um assunto bastante

relevante e que deve ser trabalhado na sala de aula contribuindo para o desenvolvimento

integral das crianças de forma prazerosa, interativa e criativa. Além disso, contribui para que

os pequenos expressem seus sentimentos e usem a imaginação através das brincadeiras. Dessa

maneira percebemos a necessidade do professor trabalhar o lúdico na Educação Infantil, pois

leva a criança a aprender de forma divertida os conteúdos e interagir, possibilitando assim o

desenvolvimento de suas potencialidades. Esse trabalho visa esclarecer a relevância da

utilização dos métodos lúdicos pelos professores promovendo o desenvolvimento das crianças

em suas habilidades motoras, sociais e cognitivas. Foram utilizadas referências de vários

autores como PIAGET (1962) VYGOTSKY (1998), OLIVEIRA (2007), WALLON (1979),

entre outros, a fim de se conhecer a relevância de se utilizar a ludicidade na prática

pedagógica e os benefícios que traz para a aprendizagem da criança. Portanto, o presente

artigo faz algumas considerações a respeito da importância do lúdico na Educação Infantil

como forma de desenvolver as habilidades e a socialização dos alunos de forma prazerosa,

contribuindo assim, para uma aprendizagem significativa a partir do conhecimento que a

criança já possui, tornando conscientes os professores e futuros professores sobre a utilização

desse método tão significativo.

Palavras-chave: Ludicidade. Prática Docente. Educação Infantil.

ABSTRACT

The theme "The importance of playfulness and their contributions to Early Childhood

Education" was chosen as the working conclusion of the Pedagogy course, because it is a very

important matter that should be worked in the classroom contributes to the integral

development of children enjoyable, interactive and creative way. It also contributes to the

small express their feelings and use their imagination through play. In this way we realize the

need of the teacher work the playful in kindergarten, because it takes the child to learn in a

fun way the content and interact, thus enabling the development of their potential. This paper

aims to clarify the relevance of the use of ludic methods by teachers promoting the

development of children in their motor, social and cognitive skills. references have been used

1 Graduanda em Pedagogia pela UFRN – [email protected]

2 Orientadora Mestre em Ciências da Educação, Especialista em Mídias na Educação e Psicopedagogia

Institucional e Graduada em Letras – [email protected]

4

by various authors as Piaget (1962) Vygotsky (1998), Oliveira (2007), WALLON (1979),

among others, in order to know the importance of using the playfulness in pedagogical

practice and the benefits it brings to the child's learning. Therefore, this article makes some

considerations about the importance of the play in early childhood education as a way to

develop the skills and socialization of students in a pleasant way, thus contributing to a

significant learning from the knowledge that the child already has, making conscious teachers

and future teachers on the use of this method as significant.

Keywords: Playfulness. Teaching Practice. Children's Education.

1 INTRODUÇÃO

A ludicidade tem um papel relevante no processo de ensino-aprendizagem na escola,

é através dessa ferramenta didática que as crianças desenvolvem suas capacidades cognitivas

e psicomotoras de forma mais rápida e concreta, tornando a aprendizagem mais prazerosa e

eficaz, o que ratifica as concepções do desenvolvimento infantil.

Dessa maneira, percebemos a necessidade do professor trabalhar o lúdico na

Educação Infantil, pois leva a criança a aprender de forma divertida e interativa os conteúdos,

possibilitando assim, o desenvolvimento de suas potencialidades. Para tanto, precisamos

conscientizar os pais, professores e sociedade sobre a importância utilização dessa prática na

escola permitindo que a aprendizagem seja mais concreta e significativa.

As brincadeiras têm na sua proposta pedagógica o objetivo de permitir que a criança

faça uma relação entre o real e o imaginário favorecendo e estimulando a capacidade de

criação, abstração, fantasia, cognição, bem como os aspectos emocionais e sociais na criança.

Diante disso, a escola precisa preparar ambientes favoráveis para que as crianças

possam construir seu próprio pensamento e o aprendizado espontâneo, pois ela é um espaço

de produção cultural, onde os profissionais da educação têm o propósito de resgatar e ensinar

as brincadeiras populares e também inserir o jogo como forma de interação e socialização.

Os objetivos específicos foram: Incentivar o uso de práticas lúdicas na sala de aula;

Estimular a criatividade das crianças através de jogos e brincadeiras; Verificar como a

ludicidade contribui na interação do professor com o aluno; Valorizar os jogos, as

brincadeiras e o brinquedo como metodologia inovadora no processo de ensino-

aprendizagem.

5

No segundo capítulo foi relatado sobre o surgimento do novo contexto da Educação

Infantil e o desenvolvimento de políticas públicas inserindo essa modalidade na educação

básica a fim de que fosse garantido o ensino de qualidade e o desenvolvimento integral da

criança, promovendo assim, mudanças significativas para o ensino.

Neste capítulo também foi mencionado a importância do cuidar, brincar e educar as

crianças na escola, como o professor deve intervir nesse processo e quais suas contribuições

para que aconteça um ensino-aprendizagem mais consistente. Foram realizadas pesquisas

bibliográficas com vários autores que falam sobre o tema como Piaget (1962), Vygotsky

(1998), Oliveira (2007), Wallon (1979) a fim de nos proporcionar maior entendimento sobre a

importância de utilizar esse método tão e significativo para a aprendizagem de nossas

crianças.

No terceiro capítulo denominado o lúdico e suas contribuições para a Educação

Infantil, relatamos a colaboração que os jogos e brincadeiras trazem para a Educação Infantil,

mostrando que a inserção dessa prática na sala de aula motiva as crianças para uma

aprendizagem mais prazerosa e dinâmica, além de propiciar aos educadores instrumentos de

trabalho que auxiliam nesse processo.

Por fim, os estudos realizados buscam enfatizar o significado do brincar no

desenvolvimento da criança, levantando a questão da importância do lúdico no contexto

escolar.

2 A INFÂNCIA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL

A Educação Infantil começou a ter importância a partir do século XVIII, devido o

início da Revolução Industrial na qual houve uma inserção crescente das mulheres no

mercado de trabalho para garantir a sobrevivência da família. Surgiram assim duas

concepções para o atendimento à criança separada em classes distintas: a Assistencial para a

criança pobre, e Educacional para as crianças de classe média.

O atendimento Assistencial tinha por finalidade apenas o cuidar, atender às

necessidades das crianças, e não havia uma preocupação com a educação e a aprendizagem,

ao contrário do Educacional que era voltado para o desenvolvimento cognitivo e afetivo

daquelas. Como fala Oliveira (2000, p. 17),

Assim, enquanto os filhos das camadas médias e dominantes eram vistos

como necessitando um atendimento estimulador de seu desenvolvimento

6

afetivo e cognitivo, às crianças mais pobres era proposto um cuidado mais

voltado para a satisfação das necessidades de guarda, higiene e alimentação.

As primeiras escolas infantis surgiram no Brasil a partir de modelos que foram

desenvolvidos em outros países e que eram utilizados por famílias mais abastadas. Esse

surgimento se deu a partir dos primeiros movimentos populares entre as décadas de 70 e 80

quando os trabalhadores buscavam a democratização da educação e o combate às

desigualdades sociais.

Outro marco importante, que teve um papel decisivo para haver uma legitimação do

direito à educação da criança nos primeiros anos de vida, foi a Constituição Federal de 1988.

Ela trouxe um avanço nos direitos à educação de todas as crianças, como enfatiza no seu art.

208, inciso IV, que define o direito da criança de 0 a 6 anos atendimento à creche e pré-escola

como dever do Estado. Como ressalta Campos (1995, p.18),

A subordinação do atendimento em creches e pré-escolas à área de Educação

representa, pelo menos no nível do texto constitucional, um grande passo na

direção de superação do caráter assistencialista predominante nos programas

voltados para essa faixa etária.

De acordo com os autores Lucas e Machado (2012) as últimas décadas da história da

educação do país representam uma mudança muito expressiva e relevante para a história de

Educação Infantil. O período foi marcado pelas lutas democráticas a favor da educação

pública, em especial a educação infantil. Ampliando-se a demanda e a oferta, bem como a

educação passou a ser tratada como um direito de todos e dever do Estado. Segundo Merisse,

O Movimento de luta por creches, sob influência do feminismo, apresentava

suas reivindicações aos poderes públicos no contexto por direitos sociais e

da cidadania, modificando e acrescendo significados à creche enquanto

instituição. Esta começa a aparecer como um equipamento especializado

para atender e educar a criança pequena, que deveria ser compreendido não

mais como um mal necessário, mas como alternativa que poderia ser

organizada de forma a ser apropriada e saudável para a criança, desejável à

mulher e à família. A creche irá, então, aparecer como um serviço que é um

direito da criança e da mulher, que oferece a possibilidade de opção por um

atendimento complementar ao oferecido pela família, necessário e também

desejável (MERISSE, 1997, p. 49).

No ano de 1998, foi elaborada pelo MEC o Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil (RCNEI) com o objetivo de oferecer uma base nacional comum para a

Educação infantil, assegurando uma formação comum para todas as crianças, propondo uma

7

integração entre o cuidar e o educar, visto que, a aprendizagem e o desenvolvimento se

tornam processos integrados. Segundo o citado documento,

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e

aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o

desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e

estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança,

e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade

social e cultural (BRASIL, 1998, p. 23).

Diante disso, começou uma nova etapa para o surgimento da política educacional

infantil e a consolidação do atendimento educacional para as crianças de 0 a 6 anos, primeiro

com a Constituição Federal de 1988, mais tarde o ECA, que integrou a família como parceira

da escola. Esses foram dispositivos legais que contribuíram para a promulgação da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 de 1996, a qual ratifica a Educação Infantil

como dever de Estado e, sobretudo, afirma a educação como um direito social, incorporando a

Educação Infantil no primeiro nível da Educação Básica.

Esse novo contexto da Educação Infantil contribuiu para o desenvolvimento de

políticas públicas inserindo essa modalidade na educação básica a fim de que fosse garantido

o ensino de qualidade e o desenvolvimento integral da criança, promovendo mudanças

significativas para o ensino.

A educação da criança de 0 a 6 anos ganha, então, significativa importância,

passando a exercer uma função específica no conjunto da educação: a de

iniciar a formação que hoje toda pessoa necessita para exercer a cidadania e

estabelecer as bases, os fundamentos para estudos futuros (LOBO, 2011, p.

155).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, posiciona a criança

em seu lugar de direito na sociedade e estabelece a ela não apenas o caráter assistencialista,

como também, o direito a uma educação de qualidade e o seu desenvolvimento cognitivo e

afetivo. Como diz a LDB nº 9.394/96, art. 3º,

As Instituições de Educação Infantil devem promover em suas Propostas

Pedagógicas práticas de educação e cuidados que possibilitem a integração

entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos, linguísticos e

sociais da criança, entendendo que ela é um ser completo, total e indivisível.

8

A LDB fixa normas mínimas, Diretrizes Curriculares Nacionais, de forma a

assegurar uma formação comum em todo o Brasil. Dessa maneira, à União cabe

estabelecer as normas gerais de educação, enquanto aos estados e municípios cabe

executá-las.

As propostas pedagógicas devem buscar uma interação entre as disciplinas,

promovendo uma igualdade e construindo novas formas de sociabilidade e subjetividade

comprometidas com a ludicidade. Tais propostas têm como eixos norteadores as interações e

as brincadeiras como forma de garantir o desenvolvimento integral da criança.

Além disso, a referida Lei também estabelece a necessidade de formação para o

profissional da Educação Infantil em nível superior e como formação mínima o Magistério

para atender essa nova demanda, promovendo um aprendizado significativo respeitando o

tempo de aprendizagem de cada criança. Como diz o autor:

Perante as obrigações legais assumidas pelo sistema público de educação,

fez-se necessário a transformação da prática de assistência para prática

educativa, com a presença de um docente com formação mínima de ensino

médio para atuarem nas creches, e para a atuação na pré-escola, o próprio

município se responsabilizaria de criar meios para a formação continuada do

professor atuante (NASCIMENTO, 2012, p. 49).

Essa nova perspectiva pedagógica enxerga a criança como ser social, histórico, que

precisa de cuidados especiais para se desenvolver naturalmente de acordo com seu próprio

ritmo, visto que, há uma preocupação em torná-la um ser integral e específico, que merece

atenção em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.

Reconstituir a trajetória da Educação Infantil nos remete a uma progressão. Mesmo

que os avanços deixem muito a desejar pelo menos em âmbito constitucional houve mudança

significativa, uma conquista histórica, em busca da educação de qualidade com base nos

direitos conquistados das crianças.

Por fim, o atual contexto social possui prioridades em relação às épocas passadas,

pois a Educação Infantil hoje tem como papel primordial o desenvolvimento integral da

criança fornecendo-lhe capacidades para compreender melhor o mundo e tornando-a cidadão

ativo e participativo na sociedade em que vive.

9

2.1 EDUCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: construção de conhecimentos significativos

Ser educador na Educação Infantil não é tarefa fácil, é de grande responsabilidade,

pois é o segundo contato que a criança tem após a família. É na escola que ela aprende a

socializar-se, ampliando suas relações e construindo conhecimentos significativos e sua

maneira de ver a vida.

Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil o educar é

entendido como:

Educar significa, portanto propiciar situações de cuidados, brincadeiras e

aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o

desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e

estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança,

e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade

social e cultural (BRASIL, 1998, v.1, p. 23).

O professor precisa levar muito a sério seu trabalho, deve ter uma preocupação

específica de como lidar com as crianças no dia-a-dia, e em situações especiais, necessita

renovar-se sempre e gostar muito do que faz. Para que tenha resultados satisfatórios na sua

função docente deve exercitar o potencial transformador a partir de uma educação voltada

para aprendizagens significativas dos seus alunos, desenvolvendo neles os diferentes

potenciais. O educador infantil Antunes (2006) diz:

É necessário que dominem estratégias de ensino que possibilitem que as

crianças ensaiem, estruturem projetos, façam explorações, elaborem

hipóteses, desenvolvam conjeturas que as ajude a sair do egocentrismo [...],

jamais incutindo conhecimentos, mas intermediando a construção de

conceitos e de significações (ANTUNES, 2006, p. 76).

Além de desenvolver estratégias de ensino, o professor deve ser muito criativo e

ainda fazer a mediação conhecimento/criança, de forma interativa, criando oportunidades para

que essas manifestem suas idéias, linguagem, pensamentos, criatividade, imaginação e suas

relações sociais, despertando nos alunos a curiosidade e a capacidade para entender o mundo

que os cerca, e de ensiná-los os conceitos empregados pela sociedade.

É muito relevante também que tenha uma integração com os outros profissionais da

escola, e com a família para relacionar o ato de educar e ensinar de forma favorável, e dessa

forma contribuir para o trabalho pedagógico eficiente.

10

Assim, podemos compreender que o educar implica a elaboração de atividades

educativas contextualizadas e intencionais direcionadas ao desenvolvimento das crianças.

Segundo Oliveira (2005, p. 48),

A atividade educativa como ação intencional deve ser orientada para a

ampliação do universo cultural das crianças, possibilitando uma

compreensão da realidade e, consequentemente, uma ação transformadora

sobre a mesma.

Diante disso, entendemos que o educar é uma prática muito relevante no processo de

ensino aprendizagem, pois requer que o professor, a escola e família caminhem juntas para

que possa haver um amplo desenvolvimento das crianças em suas faculdades mentais e

físicas permitindo que elas ultrapassem as diversas transformações que ocorrerá ao longo da

vida, de forma equilibrada e sadia.

2.2 CUIDAR COMO ESTIMULADOR DA APRENDIZAGEM

Até pouco tempo atrás, a Educação Infantil tinha apenas uma conotação

assistencialista do ensino. As crianças ficavam nas creches apenas para serem cuidadas, eram

deixadas o dia todo para que seus pais pudessem ir trabalhar, a escola não tinha o objetivo de

ensiná-las. Segundo Montenegro (2001), com o passar do tempo, esta realidade foi ganhando

outra modelagem, a caminho de uma concepção de prática pedagógica mais integradora o que

só foi garantido mais tarde com a implementação da Constituição Federal de 1988 e, com a

Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1996.

Na educação infantil, o “cuidar” é parte complementar da educação, ressaltando o

desenvolvimento integral da criança envolvendo os aspectos afetivos, biológicos, alimentares,

de saúde, entre outros. Nela o professor tem um papel primordial nessa prática a partir do seu

comprometimento e envolvimento em cooperação com os demais profissionais integrando

vários campos do conhecimento.

Como fala nos RCNEI (1998),

O cuidado precisa considerar, principalmente, as necessidades das crianças,

que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes

sobre a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado

também precisam seguir os princípios de promoção da saúde. Para se atingir

os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o

desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes e

procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre

11

desenvolvimento biológico, emocional, e intelectual das crianças, levando

em conta diferentes realidades socioculturais (BRASIL, 1998, p. 25).

O cuidar e o educar, de acordo com as novas diretrizes, devem caminhar juntos, pois

são pontos complementares, quando se fala em Educação de crianças em qualquer

nível. Embora a ação de cuidar e educar sejam processos interligados, uma completa a outra

possibilitando que ambas as práticas construam na totalidade a identidade e a autonomia da

criança, tornando capaz de desenvolver suas habilidades e necessidades.

O atendimento das crianças nas escolas de educação infantil, não deve

limitar-se apenas aos cuidados físicos, necessários, porém não absolutos,

mas ir além ao abranger a necessidade de se criar um ambiente que

proporcione, concomitantemente ao cuidar, oportunidades de exploração e

construção de conceitos referentes ao mundo em que a criança faz parte, e

que dele é sujeito (OLIVEIRA, 2007, p. 15).

Na práxis pedagógica é preciso que o professor possa ajudar a criança a identificar

suas necessidades pessoais, perceber o que ela está precisando, o que pensa, o que sabe sobre

si e sobre o mundo visando uma ampliação do conhecimento e de suas capacidades, tornando-

a mais independente e autônoma.

Não é possível educar sem cuidar, diante disso, o educador deve criar situações que

integrem essas duas práticas no seu planejamento, promovendo situações em constante

aprendizado dos alunos, além de oportunizar um ambiente estimulador associado à realidade

deste.

Nesse processo, é relevante que o professor crie um vínculo com as crianças

conhecendo as suas necessidades, proporcionado-as mais segurança, apoio, incentivo, criando

um ambiente propício, harmonioso, estimulador e consequentemente, criador de atitudes

sérias e produtivas.

Conforme o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998),

É através desta relação, deste vínculo entre o adulto e a criança, que se torna

possível que o professor atenha-se e identifique as necessidades sentidas e

expressas por esta (através do choro, por exemplo), mas, que deste mesmo

modo, a criança tenha ainda condições de se desenvolver e ampliar suas

habilidades e aos poucos, vá tomando consciência de sua capacidade em

busca da autonomia, tornando-se cada vez mais independente (BRASIL,

1998, p. 26).

12

Além disso, a escola tem um papel primordial nesse processo, que é de possibilitar em

seus procedimentos da prática educativa, ações condizentes com as necessidades de

desenvolvimento físico, intelectual e social das crianças contribuindo na construção do

conhecimento, levando sempre em consideração o bem estar desta no âmbito escolar.

Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e

estarem no mundo é o grande desafio da educação infantil e de seus

profissionais. Debates apontam às necessidades das instituições de Educação

Infantil, de incorporem gradativamente as funções de educar e cuidar,

oferecendo às crianças as condições para a aprendizagem que ocorre nas

brincadeiras, e também naquelas advindas de situações pedagógicas

intencionais, planejadas e aplicadas na escola. (BRANDÃO, 2007, p. 86).

Por fim, o cuidar tem que ser considerando como ferramenta indispensável na prática

pedagógica, sempre fazendo uma articulação com o educar, nos processos de construção do

conhecimento para que a criança consiga desenvolver suas capacidades e habilidades de

acordo com suas necessidades.

2.3 O BRINCAR COMO ATIVIDADE CRIADORA

O brincar é uma atividade essencial para as crianças pequenas, pois é através da

brincadeira que elas descobrem o mundo, se socializam e se inserem no contexto social de

maneira espontânea e divertida, desenvolvendo suas capacidades cognitivas, sociais, motoras

e afetivas.

A brincadeira traz uma interação entre todos, propondo à criança desafios e questões

que lhe faça refletir, indicando soluções e resolvendo problemas no seu dia-a-dia, além de

desenvolver sua imaginação bem como o raciocínio e a inteligência. Como afirma Vygotsky

(1984, apud WAJSKOP, 2007, p. 36), “é na brincadeira que a criança consegue vencer seus

limites e passa a vivenciar experiências que vão além de sua idade e realidade, fazendo com

que ela desenvolva sua consciência”.

Desse modo, percebemos que o brincar é uma prática educativa fundamental para a

construção da identidade, na qual a criança pode expressar sua vontade e desejo através das

atividades lúdicas, ampliando sua comunicação através da linguagem e o pensamento

abstrato. Macedo (2005, p. 16) cita que “valorizar o lúdico nos processos de aprendizagem

significa, entre outras coisas, considerá-lo na perspectiva das crianças. Para elas, apenas o que

é lúdico faz sentido”.

13

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) considera o

brincar como uma linguagem infantil, quando associado ao ato de aprender e se apropriar as

crianças aprendem a viver e se apropriam na cultura da qual fazem parte. Sendo assim,

constroem novas possibilidades de ação, interação e a experimentação de diferentes papéis

sociais; a medida que vão criando e imitando diversos personagens, aprendem a se relacionar

com as pessoas.

Brincar funciona como um cenário no qual as crianças tornam-se capazes

não só de imitar a vida como também de transformá-la. Os heróis, por

exemplo, lutam contra seus inimigos, mas também podem ter filhos,

cozinhar e ir ao circo (BRASIL, 1998, p. 22).

Deve-se considerar na Educação Infantil, o brincar como prática de extrema

importância; nessa interação, o professor precisa ampliar os conhecimentos dos alunos a partir

do que sabem, para que possam compartilhar, confrontar suas idéias e hipóteses com a outra

criança a fim de que possam desenvolver seu pensamento cognitivo afetivo e social. Como

cita Kishimoto (2000), sobre Freud,

Cada criança em suas brincadeiras comporta-se como um poeta, enquanto

cria seu mundo próprio ou, dizendo melhor, enquanto transpõe os elementos

formadores de seu mundo para uma nova ordem, mais agradável e

conveniente para ela (KISHIMOTO, 2000, p. 57).

O lúdico encontra-se presente em todas as faixas etárias, sendo no Brasil reconhecido

pela Lei nº 8.069/1990, em seu Capítulo II, Artigo 16º, inciso IV, o direito concedido às

crianças de brincar, praticar esportes e divertir-se. Esse reconhecimento de grande valor no

processo de ensino aprendizagem, mas ainda há divergências sobre sua utilização na escola.

O professor no seu planejamento deve utilizar estratégias e metodologias de ensino

capazes de obter êxito na aprendizagem dos alunos de forma lúdica, interativa, possibilitando

a troca de conhecimentos entre todos, valorizando a brincadeira para o desenvolvimento

global das crianças e não somente como atividade de recreação, mas como prática essencial

na Educação Infantil.

De acordo com Vygotsky (1987),

O brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e

realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de

expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir

14

relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos (VYGOTSKY,

1987, p. 35).

Além disso, no desenvolvimento moral surge um processo de construção de regras,

ou seja, a criança vai começando a respeitar as regras através da brincadeira e com relação ao

desenvolvimento afetivo essa práxis vai facilitando a expressão de seus afetos e emoções, e

por fim, no físico-motor explora o corpo, espaço, interagindo integralmente no meio inserido.

A escola precisa preparar ambientes favoráveis para que as crianças possam construir

seu próprio pensamento e o aprendizado espontâneo, pois ela é um espaço de produção

cultural, onde os profissionais da educação têm o propósito de resgatar e ensinar as

brincadeiras populares e também inserir o jogo como forma de interação e socialização.

Wajskop fala que,

A criança desenvolve-se pela experiência social nas interações que

estabelece, desde cedo, com a experiência sócio-histórica dos adultos e do

mundo por eles criado. Dessa forma, a brincadeira é uma atividade humana

na qual as crianças são introduzidas constituindo-se um modo de assimilar e

recriar a experiência sociocultural dos alunos (WAJSKOP, 2007, p. 25).

Portanto, vimos que o brincar é uma prática indispensável no cotidiano da Educação

Infantil, além do direito da criança ser amparado por lei essa prática favorece a descoberta, a

curiosidade e auxilia na percepção em todas as etapas do seu desenvolvimento contribuindo

para que a aprendizagem ocorra de forma lúdica e natural.

3 O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

O lúdico é indispensável para a aprendizagem dos alunos na Educação Infantil, pois

é através dessa ferramenta didática que as crianças desenvolvem duas capacidades cognitivas

e psicomotoras, de forma mais rápida e concreta, tornando a aprendizagem mais prazerosa e

eficaz. Como afirma Antunes (2004),

as atividades lúdicas tem um papel fundamental na construção do psiquismo

da criança, é no ato de brincar que a criança utiliza elementos da fantasia e

realidade e começa a distinguir o real do imaginário. É através da ludicidade

que ela não desenvolve somente a imaginação, mas também fundamenta

afetos, elabora conflitos e ansiedade, explora habilidades e a medida que

explora múltiplos papeis, fecunda competências cognitivas e interativas

(ANTUNES, 2004, p. 35).

15

Essa prática traz consigo muitas vantagens para a aprendizagem, pois as crianças

constroem o conhecimento através das interações que se estabelecem entre todos os

envolvidos, aprendem a respeitar as diferenças, encontram o equilíbrio entre o real e o

imaginário. A ludicidade ainda ajuda no desenvolvimento de sua identidade e autonomia. De

acordo com Vygotsky (1998),

o brincar é um espaço de aprendizagem onde a criança age além do seu

comportamento humano. No brincar, ela age como se fosse maior do que é

na realidade, realizando simbolicamente, o que mais tarde realizará na vida

real. A criança quando brinca, aprende a se subordinar às regras das

situações que reconstrói (VYGOTSKY, 1998, p. 45).

O brincar desperta na criança suas emoções e sensações e ela aprende a lidar com o

mundo, organizar seus pensamentos e sentimentos, atribuindo sentido ao seu mundo de

acordo com sua interpretação e assimilação. Como enfatiza Maluf (2003),

O brincar proporciona a aquisição de novos conhecimentos, desenvolve

habilidades de forma natural e agradável. Ele é uma das necessidades básicas

da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, social,

emocional e cognitivo (MALUF, 2003, p. 9).

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1988, p. 27)

“a brincadeira é uma linguagem infantil que mantém vínculo essencial com aquilo que é o não

brincar”, ou seja, o lúdico faz com que a criança entenda o mundo real através de uma

linguagem simbólica separando-o do mundo imaginário.

A criança é curiosa e imaginativa, está sempre experimentando o mundo e

precisa explorar todas as possibilidades. Ela adquire experiência brincando.

Participar de brincadeiras é uma excelente oportunidade para que a criança

viva experiências queiram ajudá-la a amadurecer emocionalmente e aprender

uma forma de convivência mais rica (MALUF, 2003, p. 21).

O brinquedo faz com que as crianças vivenciem determinadas situações do dia-a-dia,

supõe uma relação íntima com a criança e a determinação de regras para sua utilização, além

disso, encontra apoio para superar suas dificuldades de aprendizagem, melhorando o seu

relacionamento com o mundo.

Segundo Vygotsky (1998),

16

O brincar é um espaço de aprendizagem onde a criança age além do seu

comportamento humano. No brincar, ela age como se fosse maior do que é

na realidade, realizando simbolicamente, o que mais tarde realizará na vida

real. Embora aparentemente expresse apenas o que mais gosta, a criança

quando brinca, aprende a se subordinar às regras das situações que reconstrói

(VYGOSTSKY, 1998, p. 54).

Na concepção de Vygotsky (1998) a aprendizagem desenvolve-se por meio das

relações sociais o sujeito, pois a partir das relações intra e interpessoais e de troca com o seu

meio, passa a adquirir o conhecimento, ou seja, é através das trocas sociais que a criança vai

se desenvolvendo. Vygotsky (1998) propõe estudar a aprendizagem a partir do conceito de

“Zona de Desenvolvimento Proximal”, o qual ele irá definir como,

A distância entre o nível de desenvolvimento determinado pela capacidade

de resolver um problema e o nível de desenvolvimento potencial,

determinado através da solução de um problema sob a ajuda de um adulto ou

em colaboração com outro colega capaz. (Vygotsky, 1989, p. 89).

A Zona do desenvolvimento proximal se define como a distância entre a capacidade

da criança fazer uma tarefa sozinha e o que ela é capaz de fazer com a ajuda/mediação de

alguém. Nesse sentido, vale salientar que devemos levar em consideração o nível de

desenvolvimento que ela se encontra. Como diz o autor:

A brincadeira cria para as crianças uma zona de desenvolvimento proximal

que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de

desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver

independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento

potencial, determinado através da resolução de um problema sob a

orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais

capaz (Vygotsky, 1998, p. 97).

O professor, nesse processo, tem o papel de mediador, por proporcionar ao educando

a construção do conhecimento através da troca de experiências e a participação coletiva.

Através das brincadeiras pode-se despertar na criança o espírito de companheirismo,

cooperação e autonomia, visto que, esse momento de aprendizado deve estimular também a

compreensão de normas estabelecidas nos jogos e brincadeiras.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL,

1998, v. 1, p. 27),

O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que

assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as

17

crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e

substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel

assumido, utilizando-se de objetos substitutos.

Na prática educativa é indispensável o desenvolvimento de atividades lúdicas, visto

que, o professor no seu planejamento deve incluir essa metodologia, permitindo ao educando

o desenvolvimento de suas capacidades cognoscitivas, motoras e sociais, contribuindo para

uma aprendizagem mais concreta e autônoma. Segundo Campos (2011, p 12),

O jogo, nas suas diversas formas, auxilia no processo ensino-aprendizagem,

tanto no desenvolvimento psicomotor, isto é, no desenvolvimento da

motricidade fina e ampla, bem como no desenvolvimento de habilidades do

pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a

criatividade, o levantamento de hipóteses, a obtenção e organização de dados

e a aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações que, por sua vez,

acontecem quando jogamos, quando obedecemos a regras, quando

vivenciamos conflitos numa competição, etc.

Na educação infantil há muitos momentos de brincadeiras, e a escola deve propiciar

espaços para que as crianças possam explorá-lo, estimulando a interatividade e criatividade

com as outras crianças, favorecendo a construção do conhecimento. Diante disso, Vygotsky

(2009, p. 108) “compreende a brincadeira como uma atividade social da criança. Por meio dos

jogos, ela adquire princípios essenciais para a construção de sua personalidade e compreensão

do seu contexto social”.

O RCNEI (1998) também afirma que, é imprescindível a utilização de jogos e

brincadeiras na escola de forma integrada, a fim de envolver todas as crianças contribuindo

para seu desenvolvimento social.

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e

aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir

para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de

ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito

e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos

da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998, p. 27).

Nesse sentido, a escola deve preparar cantinhos pedagógicos temáticos como

cantinhos de leitura, de jogos, de faz de contas, de artes permitindo a realização de diversas

brincadeiras e atividades para possibilitar a ampliação do brincar através de diferentes objetos,

recursos e linguagens e fazer a criança exercitar sua criatividade. Batista (2009, p. 132)

afirma que “a interação com o espaço e com os objetos influencia ainda a aprendizagem”. As

18

crianças atuam com os objetos e sobre eles, os exploram e descobrem, é assim que os objetos

se tornam significativos para as crianças.

O lúdico é essencial para haver um sucesso no processo pedagógico na escola, pois a

criança desenvolve sua aprendizagem de forma mais significativa em todas as dimensões:

social, cognitiva, afetiva e relacional, além da formação como cidadão crítico e reflexivo para

agir como agente transformador do meio.

Almeida (1995, p. 41) ressalta que,

A educação lúdica contribui e influencia na formação da criança,

possibilitando o crescimento sadio, um enriquecimento permanente,

integrando-se ao mais alto espírito democrático enquanto investe em uma

produção séria do conhecimento. A sua prática exige a participação franca,

criativa, livre, critica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte

comprometimento de transformação e modificação do meio.

Na concepção de Piaget (1962, p. 65) “o brincar oferece a oportunidade da criança de

assimilar o mundo exterior as suas próprias necessidades, sem precisar muito de acomodar

realidades externas”. Fala ainda que “o brincar (para a criança) é uma forma de assimilar o

real e adaptar-se ao mundo social dos adultos, permitindo assim, suprir suas necessidades

afetivas e cognitivas”. Para Piaget (1962), na brincadeira “do faz-de-conta” a criança cria

símbolos lúdicos, desenvolvendo uma linguagem própria, para reviver momentos que julgam

interessantes.

Nesse sentido, a criança ao brincar cria símbolos como forma de interagir e vai

exteriorizando seus sentimentos e exercitando a sua imaginação, se relacionando de acordo

com seu interesse e suas necessidades, ou seja, brincando a criança se expressa, deixa

transparecer o que sente aquele determinado momento.

Na visão de Wallon (1979) o jogo como uma atividade voluntária da criança é lúdica.

Ele ressalta também o papel que as aquisições motoras desempenham progressivamente para

o desenvolvimento individual. Segundo ele, é pelo corpo e pela sua projeção motora que a

criança estabelece a primeira comunicação.

Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,

A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial

com aquilo que é o “não brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no

plano da imaginação, isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da

linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da

diferença existente entre brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu

conteúdo para realizar-se. Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se

19

de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos

significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da

articulação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação

transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade

anteriormente vivenciada. (...) A brincadeira favorece a autoestima das

crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma

criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados

modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações

atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição

infantil (BRASIL, 2002, p. 27).

Assim, as atividades lúdicas contribuem intensamente para o desenvolvimento das

habilidades motoras e intelectuais da criança favorecendo o processo de ensino-aprendizagem,

estimulando a capacidade de criação, abstração, fantasia, cognição, bem como os aspectos

emocionais e sociais na criança.

Por fim, o lúdico é uma prática muito relevante na Educação Infantil, visto que, é

através de jogos e brincadeiras que a criança expressa suas vontades e desejos, desenvolvendo

a imaginação, o raciocínio e a criatividade, envolvendo assim a aquisição da leitura e escrita

de forma mais concreta.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da realização desse trabalho com a colaboração de vários autores

percebemos a importância da ludicidade a ser utilizada por professores na Educação Infantil,

pois é por meio dela que a criança tem um maior desenvolvimento de forma integral das

habilidades cognitivas, motoras e sociais.

O estudo possibilitou entender com maior clareza todos os aspectos relevantes que

trazem brincadeira e os jogos na sala de aula, contribuindo para haver uma aprendizagem de

forma mais concreta e satisfatória, pois através dessas práticas a criança utiliza a sua

criatividade, imaginação e fantasia, permitindo que ela seja livre para imaginar e representar o

seu mundo simbólico.

Por meio do brincar, o professor consegue reconhecer as particularidades de cada

criança, visto que, quando ela brinca exterioriza o que sente e o que quer, além disso, as

atividades lúdicas também ensinam aos alunos a cumprir regras estabelecidas nos jogos,

independente do resultado, aprendem a lidar com frustrações, encontrando resoluções para

qualquer situação, a conviver e a esperar por sua vez.

20

A ludicidade viabiliza o desenvolvimento de várias habilidades cognitivas, motoras,

sociais, afetivas, como também a linguagem, a personalidade e ainda faz com que a

aprendizagem seja realizada de maneira prazerosa.

Portanto, concluímos que na prática pedagógica o professor deve utilizar em suas

aulas o lúdico, através de jogos e brincadeiras com o objetivo de que o ensino-aprendizagem

aconteça de modo mais consistente, pois a criança tem o prazer em aprender brincando com

aulas motivadoras e interativas, ampliando assim suas experiências, desenvolvendo sua

capacidade de raciocínio e adquirindo novos comportamentos.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo:

Loyola, 1995.

ANTUNES, Celso. Educação infantil: prioridade imprescindível. Petrópolis: Vozes, 2004.

BATISTA. C. V. M. Entre fraldas, mamadeiras, risos e choros: por uma prática educativa.

Colaboração: BIANCHINI, L. G. B. Colaboração: BIANCHINI, L. G. B. Londrina:

Maxprint, 2009.

BRANDÃO. C. da F. A educação infantil no Plano Nacional de Educação: a questão da

oferta e do atendimento. In: PASCHOAL, J. D. (Org.). Trabalho pedagógico na educação

infantil. Londrina, PR: Humanidades, 2007, p.77-86.

BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5

de outubro de 1988. Disponível em <www.planalto.gov.br/legislação/leis> acesso dia

29/03/16.

________. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil – Documento introdutório. Brasília:

MEC/SEF, 1998.

________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010.

________. Ministério da Educação e do Desporto. Ministério da Educação e do Desporto. Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996.

________. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Volume 1:

Introdução. Brasília, 1998.

CAMPOS, M. C. R. M. A importância do jogo no processo de aprendizagem. Disponível

em: www.psicopedagogia.com.br. Acesso em 21 de abril de 2016.

21

KISHIMOTO, T. M. Et al. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez,

2000.

LOBO, Ana Paula. Políticas públicas para educação infantil: uma releitura na legislação

brasileira. In: VASCONCELLOS, Vera. (org.) Educação da infância: história e política. 2ª ed.

Niterói: EDUFF, 2011, pp. 133-163.

LUCAS, M. A. O. F.; MACHADO, M. C. G. Percalços da Educação Infantil como direito

da criança: análise da história e da legislação das décadas de 1980 e 1990. Práxis Educativa,

Ponta Grossa, v. 7, n. 1, p. 107-128.

MACEDO, L., PASSOS, N. C., PETTY, A. L. S. Jogos e o Lúdico na Aprendizagem

Escolar. Porto Alegre: Artmed, 2005.

MALUF, Ângela Cristina Munhoz, Brincar, prazer e aprendizado. Petrópolis/RJ: Vozes,

2003.

NASCIMENTO, M. L. B. P. As políticas públicas de educação infantil e a utilização de

sistemas apostilados no cotidiano de creches e pré-escolas públicas. Revista Brasileira de

Educação, v. 17, n. 49, jan.-abr, 2012.

PÁTIO. Como definir uma Pedagogia que oriente o trabalho em creche, Zilma R. de

Oliveira. Ano 5, nº 13, Mar/Jun de 2007.

VYGOTSKY, L. S. apud BORBA, Ângela Meyer. O brincar como um modo de ser e estar

no mundo. In: Brasil MEC/ SEB. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a

inclusão da criança de seis anos de idade/ organização Jeanete Beauchamp, Sandra Denise

Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de

Educação Básica, 2007. p. 35.

WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. 7. Ed. São Paulo: Cortez, 2007, p. 36.

WALLON, Henri. A Evolução Psicológica da Criança. São Paulo; Martins Fontes, 2007.