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Ano I / Nº 1 / Abril de 2012 INTERATIVA Pedra Letícia Conheça essa banda que une humor e música de qualidade El Camargo Pintor da região agora mostra seu trabalho até no exterior Paraquedismo Esporte radical propicia um “salto” para fortes emoções E D I Ç Ã O D E L A N Ç A M E N T O Um espetáculo diário Cenário de gravações de filmes e comerciais, Itu é considerada “Cidade Vale do Sol”. Entenda o porquê

Revista Interativa

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Revista elaborada pelos alunos André Roedel, Ana Kelly e Patrícia Cunha, da Faculdade Prudente de Moraes (Itu/SP)

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Ano I / Nº 1 / Abril de 2012

INTERATIVA

Pedra LetíciaConheça essa banda que une humor e música de qualidade

El CamargoPintor da região agora mostra

seu trabalho até no exterior

ParaquedismoEsporte radical propicia um “salto” para fortes emoções

E D I Ç Ã O D E L A N Ç A M E N T O

Um espetáculo diárioCenário de gravações de filmes e comerciais, Itu é considerada “Cidade Vale do Sol”. Entenda o porquê

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ÍNDICE

Editorial (página 3)

Conheça a banda Pedra Letícia (páginas 4 e 5)

Paraquedismo em Boituva (páginas 6, 7, 8 e 9)

Itu, Vale do Sol (páginas 10, 11, 12, 14 e 15)

El Camargo, artista da região (páginas 16, 17, 18 e 19)

Virada Cultural Paulista (páginas 20 e 21)

Faz de conto (página 22)

Com a palavra (página 23)

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Editorial

Foi ao ver uma imagem do pôr-do-sol em Itu que pensamos na capa desta revista. E também foi essa mesma imagem que nos chamou a atenção para os outros assuntos que colocamos

aqui.

Há uma frase clichê que diz: “Se abriu um mar de possibilidades”, para algo ou alguém. No nosso caso, se abriu um céu. Desses colori-dos, de tantas cores que mal sabemos nomeá-las. Que se faz esplen-doroso por aqui em dois momentos especiais, ao amanhecer e ao cair da noite. É até uma metáfora: temos duas oportunidades no dia de tornar a vida mais bela. Duas chances que talvez desperdiçamos diariamente de tornar nosso dia realmente mais colorido.

E talvez a gente passe a vida inteira olhando as possibilidades de uma única perspectiva. Olhando no máximo, horizontalmente, sem nos darmos conta de que talvez exista algo maior, mais legal e mais apaixonante se nos dermos a chance de olharmos para o alto. De contemplarmos o céu.

Por isso, nesta edição, não nos limitamos a sermos lineares. Alça-mos voos. Nossa mente e imaginação se ampliaram ao aumentar-mos nosso campo de visão, o que nos levou a pensar na sensação de liberdade que só os pássaros têm ao voar. E então voamos até Boituva para entender essa atração pelo ar que todo ser humano tem.

Fomos ao céu também ao admirar as obras do artista plástico boi-tuvense, El Camargo, que nos fez viajar com sua arte, na entrevista que deu a revista.

E alcançar o céu é mais fácil do que se imagina. Não precisa mergu-lhar em frases poéticas e nem em belíssimas obras de arte.

O dom de fazer rir pode levar qualquer pessoa a um estado celes-tial. E isso o pessoal da banda Pedra Letícia faz de maneira excep-cional. Você vai entender melhor na matéria sobre a banda.

Belas imagens nos levam ao céu. Boa comida também. Alegria, amor, compartilhar a vida com pessoas queridas na mesa de um bar é estar no paraíso. E com tudo isso, temos uma única certeza. Nosso céu, não é mais nosso limite e sim nossas possibilidades!

Um céu de possibilidades

Expediente Revista InterativaJornalistas Responsáveis:André RoedelPatrícia CunhaKelly FreireTiragem: 1.000 exemplares

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É assim que o vocalista Fabiano Cambota descreve o grupo goiano que surgiu em 2005 e que se apresenta no início de maio em Sorocaba. Conheça um pouco mais sobre os novos integrantes do cenário do pop rock humorístico nacional

Música e comédia sempre caminharam juntas. O maior

expoente brasileiro dessa mistura foram os Mamonas Assassinas que, em meados dos anos 1990, arrancavam boas risadas da plateia de seus shows, sempre com letras engraçadas e cheias de duplo sentido. O trágico fim da banda deixou um vazio no cenário do “humor musical” nacional.

Uma banda mundialmente desconhecida

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Esse período durou quase uma década e só terminou com o nascimento da Pedra Letícia, em 2005. A banda goiana, atualmente formada por Fabiano Cambota no vocal e violão, Thiago Sestini na percussão, Kuky Sanchez no baixo, Xiquinho na guitarra e Zé Junqueira na bateria, venceu o quadro “Garagem do Faustão”, do Domingão do Faustão, em 2009 e conquistou o Brasil com suas letras irreverentes, sempre aliadas a uma alta qualidade musical. Agora, com quase sete anos de estrada e colecionando sucessos, eles se apresentam no Plaza Hall Sorocaba, no dia 04 de maio (mais informações no quadro “Serviço”).

Mas quase que a Pedra Letícia toma um caminho totalmente diferente desse que conhecemos. No início, os músicos faziam shows mais caretas, sem o humor que os consagram hoje em dia. Foi uma amiga de Cambota, o líder da trupe, que disse aos integrantes da banda que reproduzissem nos palcos a descontração mostrada nas apresentações da banda entre amigos, nos churrascos da vida.

E o que significa Pedra Letícia? “O nome tem uma história interessante: ele não tem significado nenhum”, explicou Cambota, em entrevista ao Programa do Jô. Significado não tem, mas uma explicação sim: Renato Aragão, o eterno Didi, parodiava a música “Bijuterias”

de João Bosco trocando o trecho “minha pedra é ametista” por “minha pedra Letícia”. Foi daí que os músicos tiraram o nome da banda.

Ainda de acordo com o líder da Pedra Letícia, a tarefa de encontrar um sentido para o nome fica para os fãs. Ele ainda conta que a melhor explicação veio de um médico. “Letícia vem de leite e tirar leite de pedra é uma coisa que vocês fazem com o rock em Goiás”. Tumdumtss!

Internet

Além das músicas engraçadas e do carisma de seus integrantes, a Pedra Letícia tem uma grande aliada: a internet, que abriu as portas e ainda serve como o principal veículo de divulgação da banda. Hoje o perfil da banda no Twitter tem mais de 30 mil seguidores e a páginas no Facebook quase 10 mil fãs.

O primeiro grande sucesso, a música “Teorema de Carlão”, tem mais de 860 mil visualizações no YouTube. Somando todos os vídeos, os internautas já viram mais de 25

milhões de vezes a trupe de Goiás na tela do PC. Nada mau para quem começou com uma apresentação pequena, para cerca de 50 espectadores, em um bar de Goiânia, não?

Sucesso

Depois da já clássica “Teorema de Carlão”, a banda emplacou outros sucessos, como “Eu não toco Raul” e “Como que Ocê Pôde Abandoná Eu?”. O último álbum lançado, “Eu Sou Pedreiro”, foi produzido em São Paulo por Tadeu Patolla, renomado produtor musical que já trabalhou com Charlie Brown Jr., Biquini Cavadão, Jorge Benjor, Wilson Sideral, entre outros grandes artistas.

“A pegada é mais rock’n’roll, devido a evolução da banda e da entrada dos novos integrantes. Mas a característica da banda está sempre evidente, visões bem humoradas de situações cotidianas”, disse Cambota sobre o trabalho mais recente, lançado em 2011, e que contou até com a colaboração do humorista e apresentador Danilo Gentili na composição de uma das músicas.

Show da banda Pedra Letícia - 04 de maioLocal: Plaza Hall Rua Cabreuva, 530 - Jardim IguatemiSorocaba - SPCEP 18085-340Telefone: (15) 3011-3323e-mail: [email protected]

Info

“Pegue uma baranga, diga que a ama, chama pra assistir DVD. Detona a Juliana Paes, critica a Aline Morais, declame: ‘Eu prefiro você!’”

(Trecho da música “Teorema de Carlão”)

Veja +bit.ly/teoremadecarlao

Música

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Um salto radical

Paraquedismo

Que tal um voo sem asas?Por Patrícia Cunha

Quem já ouviu falar na pequena cidade de Boitu-va? Localizada no inte-

rior, a 100 km da capital de São Paulo, o município, que conta com quase 50.000 habitantes, valoriza até hoje seus costumes e tradições conservadas nas variadas atividades econômicas, artes e gastronomia. As marcas da colonização enriquecem até hoje a cultura da cidade e con-

tribuem no sucesso e na criativi-dade de um povo vencedor. Ela oferece a todos os seus morado-res e visitantes o aconchego de um lugar ideal para descanso e tranquilidade.

Mas para quem pensa que Boituva, só por ser no interior, apresenta características iguais a todas as outras pequenas cidades, não sabe que apesar

do aconchego e lugar ideal para desfrutar e contemplar tamanha beleza e sossego, ela também oferece muito lazer e diversão e um espaço totalmente livre para a prática de um esporte para lá de radical e totalmente dedicado à aventuras: o paraquedismo.

Conhecida como Capital do Paraquedismo, Boituva é consi-derada um centro de referência

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Foto: divulgação

nacional e internacional deste tipo de esporte, por abrigar o Centro Nacional de Paraquedis-mo, que possui mais de 30 anos de existência.

O local se tornou uma atração para quem gosta de curtir fortes emoções e é dotada de uma excelente infraestrutura, recebe pessoas de todo o Brasil e tam-bém do exterior. Todas reunidas

para desfrutarem de uma ex-periência única e recheada de emoções: saltar de paraquedas.

Semanalmente, o Centro Nacio-nal de Paraquedismo abre suas portas para essa opção de lazer e esporte inusitado, que propor-cionam para adultos, crianças e adolescentes de ambos os sexos, saltos em quedas livres sempre acompanhados de um instrutor.

O Centro Nacional do esporte na cidade conta com 16 esco-las homologadas para o ensino do esporte, com instrutores habilitados e inspecionados pela Confederação Brasileira de Paraquedismo. Todos os dias, do nascer ao pôr-do-sol, a área pos-sui aviões sempre disponíveis e cursos para saltos individuais e saltos duplos com instrutores técnicos, que possibilitam ao

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aluno uma ascensão desde o primeiro salto.

E é exatamente neste local que Felipe Bartchewsky realizou uma de suas melhores experi-ências, seu primeiro salto de pa-raquedas. “Foi sensacional, uma das melhores sensações que já senti”, conta ele. Por ser um sal-to duplo, Felipe apenas treinou a posição em queda livre e como teria que ficar na saída do avião e no momento do pouso.

Mas, insatisfeito, se aventurar no ar só uma vez não bastou para ele. Através de um treina-mento especial e mais específi-co, bem diferente do seu pri-meiro treinamento, o rapaz se preparou dessa vez para saltar sozinho. Mas os cuidados tam-bém foram grandes. “Antes des-se momento acontecer, fiz aula teórica com um instrutor quali-ficado para conhecer a estrutura do equipamento, situações de emergência, treinamento de solo, direção do vento, como devia me posicionar, controlar o paraquedas, deslocar para os lados e como girar, enfim todas as situações que precisava saber fazer para me virar sozinho.”

Felipe saltou sozinho, porém, acompanhado de dois instru-tores, com toda preparação e treinamento de solo e todos os aspectos necessários. Exis-tem dois cursos mais comuns para quem tem interesse em se tornar paraquedista: o ASL (Accelerated Static Line) e o AFF (Accelerated Free Fall).

No curso AFF, a pessoa salta sozinha desde o primeiro salto, que possui sete níveis. Do nível um ao três, ela é acompanhada por dois instrutores, e, do nível quatro ao sete, por apenas um. Jó no nível oito que é o de gradu-ação, o salto pode ser realizado sozinho sem nenhum instrutor durante a queda livre. Felipe está no nível três e já sente a diferença em saltar sozinho. “Quando saltei com o instrutor, eu tive um auxílio, sem o instru-tor, eu preciso saltar com mais responsabilidade.”

O interesse pelo paraquedis-mo para esse apaixonado pelo esporte surgiu pelo fato de ele frequentar Boituva desde pequeno. “Todos os finais de semana paraquedistas saltavam praticamente em cima da minha

chácara, e por isso tive vontade de fazer um salto. É adrenalina pura, muito boa, você se sente leve e solto e a sensação é de que realmente está voando.”

Como surgiu

De acordo com a Confederação Brasileira de Paraquedismo, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o paraquedismo não é um esporte novo. Na verdade ele vem do eterno sonho do ser humano, destinado a viver no chão, o sonho de voar.

Voar livremente utilizando so-mente seu próprio corpo, assim como fazem os pássaros. O so-nho tem início registrado ainda na mitologia, que mostra Deda-do e seu filho Ícaro na busca de alçar voo com asas de penas de pássaro ligadas por cera.

Em 1306, aparecem registros de acrobatas chineses que se atiravam de muralhas e torres empunhando um dispositi-vo semelhante a um grande guarda-chuva que amortecia a chegada ao solo. Em 1495, Leonardo da Vinci escreveria em suas notas: “Se um homem

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PA R A F E L I P E B A R T C H E W S K Y, O M E L H O R M O M E N T O D O S A LT O É A Q U E D A L I V R E

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dispuser de uma peça de pano impermeabilizado, tendo seus poros bem tapados com massa de amido e que tenha dez braças de lado, pode atirar-se de qual-quer altura, sem danos para si”. Da Vinci é considerado também o precursor como projetista de um paraquedas.

Dobragem

Muita gente não sabe, mas o pa-raquedismo é muito mais segu-ro do que parece e os acidentes são raríssimos. Para quem pula pela primeira vez, principalmen-te, o momento de alívio é quan-do o paraquedas se abre e existe um segundo paraquedas para emergências.

Mas, para garantir a segurança de quem quer se aventurar, é preciso algumas medidas com o paraquedas. E essas precauções são feitas através da manuten-ção feita pelo dobrador.

Dobrar esse instrumento do esporte, para um leigo, a primei-ro momento, pode soar como “pegar todo aquele tecido e cor-dinhas, enrolar tudo e ensacar na mochila.” Mas não é bem isso que acontece.

Há 12 anos na profissão, o do-brador Richard Antunes exerce essa função por amor. Ele, que também é paraquedista por lazer, tem mais de 30 mil do-

Curiosidades- Existe um modelo desenvolvido pelas fábricas de paraquedas e, que, hoje são utilizados como padrão de dobragem.

- Um paraquedas principal demora no máximo sete minutos para ser dobrado. Para uma pessoa que não tem muita prática, pode demorar até 40 minutos.

- O dobrador Richard já dobrou 87 paraquedas em um dia, mas, normalmente, a média é de 50.

bragens anotadas e conta que o paraquedas tem de ser dobrado de uma maneira que proporcio-ne uma abertura com as linhas esticadas e desembaraçadas, e que tenha uma desaceleração progressiva da queda livre até o momento em que todo o velame esteja aberto. “Caso o velame abra muito rápido, pode ocorrer lesões ao paraquedista, visto que ele está a uma velocidade terminal de 250KM/H.”

O dobrador de paraquedas também deve ter atenção com a separação das linhas, para que não enrosquem no tecido. “Caso isso ocorra, o velame pode rasgar, ou até mesmo abrir com uma pane, necessitando que o paraquedista utilize o procedi-mento de emergência, liberando o paraquedas principal e abrin-do o paraquedas reserva.”O profissional dessa área tem

de zelar pela integridade do seu cliente e, também, pela ma-nutenção do seu paraquedas, prestando atenção e alertando o cliente assim que algum sinal de desgaste ocorra ou algo que possa comprometer a seguran-ça do paraquedista. “Um bom dobrador de paraquedas tem de dobrar de uma maneira que garanta a segurança do seu cliente, e que assegure também a integridade do paraquedas da pessoa que você presta serviço”, fala Antunes.

Se o paraquedas não for dobra-do corretamente, pode rasgar durante a abertura, fazendo com que ele abra mais rápido, ma-chucando o paraquedista. “Pode estourar linhas e até mesmo ter uma pane, sendo necessário uti-lizar o procedimento de emer-gência para acionar o paraque-das reserva.”

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FELIPE AGUARDANDO O MOMENTO DE ENTRAR NO AVIÃO

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O espetáculo diário do Vale do Sol

Por Kelly Freire

C A V A L G A D A A O P Ô R - D O - S O L N A F A Z E N D A C A P O A V A

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São 17h45min de um dia qualquer em início de outono. O céu de um azul

profundo começa a se colorir em muitas matizes que vão de um amarelo ouro a um púrpura escuro. No meio dessa explo-são de cores, impossível de ser copiada pela astúcia humana, um globo laranja latejante e in-candescente se move como num solo de balé.

O cenário ao fundo é uma rodo-via movimentada, onde luzes brancas e vermelhas rumam sentido a um horizonte infinito, sem começo ou fim. Os pensa-mentos e problemas mundanos são incapazes de se deliciar com tamanho espetáculo. Uma pena.

Em minutos pequenos, o colo-rido sai de cena. As cortinas se fecham deixando de consolo um céu de veludo coberto de minús-culos pontos brilhantes.

Essa descrição pode parecer poética demais, mas o nascer e o pôr do sol no céu de Itu são dig-nos de toda a poesia, tamanha beleza que apresentam diaria-mente.

Mas por que esse fenômenos da natureza cotidianos ganham nuances de extrema beleza por

aqui? A resposta está na geogra-fia. Ou na generosidade Divina.

Cidade Cinema

Estamos no interior paulista e o ambiente decidiu ser dife-rente em Itu. Prova disso, é a vegetação existente na região. A floresta de transição semidesci-dual preserva espécies de mata atlântica e cerrado vivendo em harmonia em um mesmo am-biente. Por estas terras é comum encontrarmos Jequitibás mile-nares – espécie típica de mata atlântica e símbolo da primeira estrada parque do país – ao lado de retorcidos e rugosos cambarás – árvores de cerrado, que não morrem quando pegam fogo e são conhecidas em alguns lugares como “fênix do cerrado”.

Além disso, o terreno onde Itu e algumas cidades da região estão localizadas é chamada pelos ge-ógrafos de depressão periférica, que é como se estivéssemos no fundo de um vale.

Luis Saldanha, professor de ge-ologia da Universidade Estadual Paulista – Unesp de Botucatu, explica que por estar neste vale, o vento passa dissipando as nu-vens e a poluição o que faz com que o céu se mantenha sempre

límpido. Assim, o sol também aparece de forma mais translu-cida, sem muita interferência. Isso permite uma luminosidade especial para a cidade, o que favorece filmagens e fotos ao ar livre.

Foi nas décadas de 60 e 70 o auge do cinema em Itu. Muitas fazendas eram locadas para a gravação de filmes e comerciais para a TV.

Outro fator importante para as locações era a vegetação árida existente em alguns locais com espécies de cerrado como os mandacarus. Esses cenários serviam para a indústria cine-matográfica porque barateavam o custo da produção já que não precisavam se deslocar para o nordeste.

Os melhores locais para assis-tir a esse espetáculo gratuito

São muitos os locais para se admirar o pôr do sol em Itu. Na década de 90 por exemplo, os jovens ituanos descobriram um lugar onde podiam ter uma vista privilegiada da cidade e conse-quentemente do pôr-do-sol.

Claudia Arruda, professora, 36 anos conta que nos dias de

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Ei, dor!Eu não te escuto maisVocê não me leva a nadaEi, medo!Eu não te escuto maisVocê não me leva a nada

E se quiser saberPra onde eu vouPra onde tenha SolÉ pra lá que eu vou

Ei, medo!Eu não te escuto maisVocê não me leva a nadaEi, medo!Eu não te escuto maisVocê não me leva a nada

E se quiser saberPra onde eu vouPra onde tenha SolÉ pra lá que eu vou

É pra lá que eu vou

E se quiser saberPra onde eu vouPra onde tenha SolÉ pra lá que eu vou

Yeah! Han!Caminho do Sol, eh!Lá lararará!Caminho do Sol, eh!

E se quiser saberPra onde eu vouPra onde tenha SolÉ pra lá que eu vou

E se quiser saberPra onde eu vouPra onde tenha SolÉ pra lá que eu vouÉ pra lá que eu vou

O Sol - Jota Quest

V E J A O C L I P E D E S S A M Ú S I C A E M B I T . L Y / J O T A Q U E S T S O L

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horário de verão ela e sua turma costumavam subir a ladeira do “Morro da Cruz”, para tomar vinho, conversar e admirar esse espetáculo da natureza. “Quan-do chegávamos lá em cima, sempre encontrávamos outras turmas e esses momentos sem-pre viravam uma festa. Fazía-mos novas amizades, começáva-mos namoros e víamos de outro ponto de vista a cidade crescer”. Relembra Claudia.

O local ainda existe em Itu, mas o acesso é precário e pelo aumento da violência as pes-soas deixaram de frequentar o mirante. Ainda é possível, com muita boa vontade e coragem chegar até o morro. Lá em cima, uma cruz e um pequeno altar abandonados são lembranças do tempo em que as pessoas podiam desfrutar da beleza do lugar. A vista da cidade cinzenta ainda é de tirar o fôlego, con-trastando com o abandono e descaso de um dos locais com a vista mais bonita da cidade.

Mas há outros locais tão espe-ciais para se admirar o nascer e pôr do sol em Itu quanto o Morro da Cruz. Quem percorre a Rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto que liga Itu a Jun-diaí tem várias opções.

O Camping das Pedras, por exemplo, tem uma formação geológica privilegiada com vales cobertos por rochas magmáti-cas de aproximadamente 500 milhões de anos e uma energia ímpar. Caminhar ao final da tarde pelo descampado repleto de rochas em formas variadas e observar as cores que resultam do sol se pondo é uma experiên-cia inesquecível.

Já no Camping Cabreúva esse

espetáculo é tão valorizado que a equipe de recreação promo-ve passeios até o Mirante da Figueira para se vivenciar esse fenômeno da natureza. A cami-nhada demora uma hora em mé-dia por um local cuja vegetação se assemelha à caatinga. Duran-te o percurso é possível encon-trar tatus, teiús e mandacarus, além de uma vista incrível.

Na Fazenda do Chocolate, o melhor local para se admirar o pôr do sol é a Pedra Baleia, um granito róseo cujo formato se assemelha ao mamífero gigante. Deste lugar é possível observar o percurso sinuoso do Rio Tietê, respirar o ar puro da floresta remanescente com espécies de Mata Atlântica e ao longe as silhuetas de algumas cidades da região como Cabreúva e Salto.

Ainda há outros ambientes de localização privilegiada em Itu para se comtemplar esse be-líssimo espetáculo, como por exemplo, a Fazenda Capoava, o Camping Carrion e o Parque do Varvito.

Mas, se você estiver andando pelas ruas da cidade ao cair da tarde, pare um pouco e observe. É bem provável que se emocio-ne com o céu daqui. O presente mais bonito que Deus podia nos dar.

Parque do Varvito

Rua Parque do Varvito s/n – Par-que Nossa Senhora da Candelária

Funcionamento: de terça a do-mingo, das 8h as 17h. Entrada e

estacionamento gratuito.

Grupos de excursão é obrigatório o agendamento prévio.

Onde conferirPara quem ficou curio-

so e quer admirar de perto essa beleza, nós

damos o endereço:

O S O L S E P Õ E N O P E S Q U E I R O T I O O S C A R

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Fazenda do Chocolate

Rodovia dos Romeiros, km 90

Aberto todos os dias, das 8h30 as 18h.

Entrada e estacionamento gratui-tos

Trilhas devem ser agendadas e são tarifadas

Camping Carrion

Av. Dr. Lauro Souza Lima, 1300 – Vila Martins, próximo a saída do

km 80 da Castelo

Aberto diariamente, das 8h as 18h.

Abre para hospedagem em cha-lés ou barracas.

Fazenda Capoava

Estarda Itu-Jundiaí, km90 (pegar estrada de terra e seguir as pla-

cas - 8 km)

Aberto diariamente, necessário reservar.

VIP Fone (11) 2118-4100

O S O L S E P Õ E N O P E S Q U E I R O T I O O S C A R

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Dono de habilidosas mãos e de um talento sem igual. Assim é o boituvense

pintor, artista plástico e res-taurador, Edson Benedito Leite Camargo, mais conhecido como El Camargo. Mas é na pintura e nas artes plásticas que esse brilhante artista, que já foi pin-tor de paredes, vem recebendo grandes destaques.

Formado em artes plásticas pela Academia Real de Belas Artes de Avaré, esse artista de 32 anos já representou a cidade de Boi-tuva em diversas exposições e já realizou grandes conquistas

e premiações. Uma delas, foi a "Grande Medalha de Ouro", no 15º Salão de Artes Plásticas de Catanduva, o segundo maior prêmio do evento, concorrendo na categoria Moderna com obra Catástrofe. Também ganhou me-dalha de bronze com sua obra "Pintor de Paredes" na exposi-ção de artes no lançamento da Coletânea Cristal de Talentos, na Casa da Fazenda Morumbi (São Paulo).

Sucesso também fora do país, em 2011, ele participou de ex-posições nos Emirados Árabes e recebeu medalha de bronze. Na

China, expôs suas obras no Art Canton e levou medalha de pra-ta, por votação popular. Agora, em junho de 2012, El Camar-go, se prepara para expor suas obras na Art Gallery de Londres, na Inglaterra.

Você está prestes a expor seu trabalho pela terceira vez no exterior Qual é sua expecta-tiva? O que isso lhe trouxe e traz de experiência?

El Camargo: Nas duas viagens anteriores, Emirados Árabes e China, só consegui enviar meus quadros, mas nessa exposição

Sucesso na pinturaConheça a história desse ilustre artista e pintor de paredes que agora mostra seu trabalho até no exterior

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O C A T A D O R D E S U C A T A S , H O M E N A G E M A O T I O D E E L C A M A R G O

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de Londres, irei junto com as minhas obras. A expectativa é grande, espero que minha obra seja bem vista pelo público que irá prestigiar a exposição. Minha participação nesses eventos já me proporcionou uma visão ampla de como direcionar meu trabalho e traz um estimulo para a minha criatividade e aprendizado.

Como e quando você desco-briu que tinha talentos para pintar quadros?

El Camargo: Foi através da minha profissão como pintor residencial de paredes. Certa vez, observei um artista plástico executar uma pintura com efeito esponjado em uma coluna de parede numa residência. Então, resolvi fazer o mesmo trabalho na parede da casa da minha mãe, o que me levou a crer que eu possuía certa facilidade em pintar.

De quantas exposições você já participou? Quais consideram as mais importantes?

El Camargo: Já foram aproxi-madamente 30 exposições. A primeira mais importante foi em Catanduva, pois foi através des-sa participação eu ganhei meu primeiro prêmio.

Qual é o seu estilo de pintura?

El Camargo: Tenho um estilo de pintura moderno e contemporâ-neo, voltado para novas tendên-cias.

Quantos prêmios você já rece-beu com o seu trabalho?

El Camargo: Foram quase 20 prêmios recebidos. Entre eles troféus, medalhas e menções E L C A M A R G O T R A B A L H A N D O E M U M A D E S UA S O B R A S

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de Londres, irei junto com as minhas obras. A expectativa é grande, espero que minha obra seja bem vista pelo público que irá prestigiar a exposição. Minha participação nesses eventos já me proporcionou uma visão ampla de como direcionar meu trabalho e traz um estimulo para a minha criatividade e aprendizado.

Qual é sua principal fonte de inspiração?

El Camargo: Ela está principal-mente na realidade dos aconte-cimentos naturais e humanos.

Tem alguma obra sua que você considera mais especial? Por quê?

El Camargo: Sim. A obra “Pintor de Parede”, porque ela homena-geia todos os pintores de pare-des. Eu sou um deles e, também porque foi a primeira obra a ser exposta fora do país.

Em sua opinião, qual é o dife-rencial que tem que apresen-tar um pintor de quadros?

El Camargo: Estar antenado no mundo e conseguir passar para a tela a realidade dos aconteci-mentos.

Quais pintores brasileiros famosos você admira? E por quê?

El Camargo: Gosto muito do trabalho do Gustavo Rosa,

Romero Britto e, em especial Beatriz Milhazes, pois eles são artistas que em vida foram con-sagrados.

Que tipos de obras você costu-mam fazer parte da sua expo-sição?

El Camargo: Obras polêmicas e bem atuais.

Qual a quantidade de quadros que fazem parte do seu acervo hoje?

El Camargo: Meu acervo parti-cular consta no momento de 30 a 40 obras.

Existe algo que você ainda so-nha ou queira realizar como pintor?

El Camargo: Sim, claro! Estou apenas no início de uma gran-de caminhada para conquistar meus objetivos.

Tem algum lugar específico que você ainda gostaria de expor seus quadros? Existe um lugar (centro cultural) em especial? Por quê?

El Camargo: Sim, na galeria de São Paulo Fortes Vilaça, que hoje é mensão em âmbito mun-dial na vigência e qualidade da arte contemporânea brasileira. Em alguma Bienal também de São Paulo e Veneza. Porque eu sei que quando meus trabalhos estiverem em um desses lugares meus objetivos foram alcança-

dos.

Entrega de Quadros

O pintor já teve a oportunidade de homenagear com seu traba-lho, duas pessoas bem conhe-cidas na mídia, que passaram por Boituva. O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin e o cantor Luan Santa-na. Uma tela com a imagem da mulher do governador Lú Alck-min, que é grande admiradora da arte moderna, foi entregue ao governador. E uma tela com o tema da música “Meteoro,” fazendo referência a um “mete-oro do bem” para o cantor Luan Santana.

Inédito

Durante um mês, desde o dia 23 de março até o dia 23 de abril, El Camargo, está tendo sua primei-ra oportunidade de fazer uma exposição individual, realizada na Casa de Artesanato da Prefei-tura de Avaré.

Apoio

Para mostrar seu trabalho na galeria Art Gallery de Londres, na Inglaterra, El Camargo conta com a ajuda da empresa Eric Art, que tem como dono Eric Landmayer Junior, que trabalha há 35 anos como crítico de arte .A empresa vem sendo a respon-sável pela divulgação da obra do artista no exterior e acreditou desde o começo no seu trabalho e talento.

“Estou apenas no início de uma grande ca-minhada para conquistar meus objetivos”

(El Camargo)

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O Q U A D R O M U L H E R Í N D I A É U M A M I S T U R A D A M U L H E R D E H O J E C O M A M U L H E R D O PA S -S A D O . F O I U M D O S Q U A D R O S Q U E E L C A M A R G O M A I S D E M O R O U A P I N TA R . C O M E Ç O U E M 2 0 0 7 , F O I L A N Ç A D O E M 2 0 0 9 E O P Ú B L I C O T E V E A C E S S O À O B R A S O M E N T E E M 2 0 1 1

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Um evento gratuito que atrai anualmente um público circulante de

milhões de pessoas durante 24 horas de programação cultural ininterrupta. Essa é a Virada Paulista, evento organizado pela Secretaria de Cultural e que reú-ne as diferentes classes sociais, todas as faixas etárias, inúme-ras tribos, numerosas plateias, todos os horários.

A cidade é tomada por uma

imensa variedade de ritmos e estilos, por artistas consagrados e emergentes, por apresenta-ções de dança e teatro; sessões de cinema; discotecagens, performances; bandas, orques-tras, exposições, intervenções e diversos tipos de artes circenses e de rua.

A Virada Cultural Paulista

Inspirada na Virada Cultural da capital, a Virada Cultural Pau-

lista não para de crescer desde sua primeira edição em 2007. Naquele ano foram 200 atra-ções em 10 cidades e o públi-co chegou a 200 mil pessoas. Em 2008 foram 476 atrações, atingindo um público de mais de 738 mil pessoas. Em 2009, a Virada contou com 560 atrações e levou um milhão de pessoas para as ruas. Em 2010 chegou a 1,5 milhão. E em 2011, mais de 1.000 atrações contaram com um público de 1,7 milhão de

Virada Cultural Paulista 2012 leva arte para todo o estado

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pessoas.

A Virada Cultural Paulista 2012 terá palcos em Americana, Araçatuba, Araraquara, Assis, Barretos, Bauru, Botucatu, Cam-pinas, Caraguatatuba, Diadema, Franca, Indaiatuba, Jundiaí, Marília, Mogi das Cruzes, Mogi--Guaçu, Piracicaba, Presiden-te Prudente, Santa Bárbara D’Oeste, Santos, Santo André, São Caetano do Sul, São Carlos, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, São José dos Cam-pos e Sorocaba.

Na programação de 2012, destaque para nomes consagra-dos da música brasileira como Dominguinhos, Luiz Melodia, Zélia Duncan, Lobão, Ultraje a Rigor, Titãs e Pitty com o pro-jeto Agridoce em parceria com o guitarrista Martin. Alguns artistas participam pela primei-ra vez do veneto: Gal Costa, com o novo show Recanto, Nando Reis, Emicida, Gaby Amarantos, Planta e Raiz, Fernanda Abreu e Roberta Sá. Além de jovens talentos como Filipe Catto, Fepa, Letuce, Daniel Gonzaga, Marcelo Jeneci, Thiago Pethit, Mariana Aydar, Gabriel Sater e Karina

Buhr, Tulipa Ruiz, Nina Becker e 5 à Seco.

Como na edição passada, a Virada traz artistas estrangei-ros. Neste ano haverá shows de Ky- Mani Marley e Fernando Ferrer, além de Arto Lindsay, que participa do show da pau-listana Cibelle, destaque no exterior. Outra artista brasileira com carreira internacional, que vive atualmente na Holanda, é Ceumar.

Confira o que vai rolar de melhor na nossa região:

Indaiatuba

A Virada Cultural de Indaiatuba acontece entre os dias 19 e 20 de maio. Com atrações serão gratuitas o evento acontecerá em dois espaços, com palco externo (no Parque Ecológico) e palco interno (na Sala Acrísio de Camargo), das 18h de sábado até 18h de domingo. Destaque para as apresentações de Emici-da e Negra Li.

Sorocaba

Atrações circenses e musica

alternativa são os destaques da virada deste ano. A banda local Maria Madame, também se apresenta levantando a gale-ra ao som de samba roque de primeira.

Moraes Moreira se apresenta as 00h00 do dia 20 e às 18h a festa se encerra com a Banda Moveis Coloniais de Acajú.

Junidaí

Batalha de Sabre de Luz e Cos-play são os destaques da virada em Jundiaí. Exposição de ilustra-ção e quadrinhos também é uma boa pedida. Já as atrações musi-cais são Titãs e Teresa Cristina, imperdível.

Campinas

Léo Jaime abre as atrações da Virada em Campinas, as 19h30. Na programação muitas inter-venções teatrais e circenses in-vadem os espaços campineiros. Musica eletrônica e Pitty são os destaques deste ano.

Confira a programação completa em: http://bit.ly/viradapaulis-ta2012

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Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola-da, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?— Deixe-me, senhora.— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu-lha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.— Mas você é orgulhosa.— Decerto que sou.— Mas por quê?— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você igno-ra que quem os cose sou eu e muito eu?— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-daço ao outro, dou feição aos babados...— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adian-te, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...— Também os batedores vão adiante do imperador.— Você imperador?— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subal-terno, indo adiante; vai só mos-trando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é

que prendo, ligo, ajunto...Estavam nisto, quando a costu-reira chegou à casa da barone-sa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baro-nesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costu-reira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa co-migo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...A linha não respondia; ia andan-do. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silen-ciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperan-do o baile.Veio a noite do baile, e a barone-sa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agu-lha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um

lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da ba-ronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplo-matas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das muca-mas? Vamos, diga lá.Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca-beça grande e não menor ex-periência, murmurou à pobre agulha: — Anda, aprende, tola. Cansas--te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um profes-sor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Um ApólogoM A C H A D O D E A S S I S

Machado de Assis era cario-ca, mulato, gago e epilético. Foi fundador da Academia Brasileira de Letras. Como cronista, escre-veu para vários jornais do Rio de Janeiro. Tinha um estilo parti-cular de escrever que tornava o leitor quase que seu confidente. Por isso, era genial.

Faz de conto

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Com a palavra

Sabe aquela sensação de posse que te insulta quan-do alguém pede uma infor-

mação que você batalhou para conhecer? Pois é nessa coisa de valorizarmos nossos grupos, nossas memórias, nossos bra-sões, que exercitamos a pior faceta da tutela: o egoísmo.

Um exemplo de péssima ad-ministração cultural é o Turis-mo que, na maioria das vezes, revela-se como um território de ninguém e cheio de oportunida-des. Porém, dos grandes pro-blemas nos destinos turísticos está a criação de um universo paralelo ambientado para os outros, enquanto a população do pólo receptor fica à margem, defendendo-se dos "invasores", pois geralmente não são incluí-dos no processo.

Pensar duas cidades dentro de uma é contradizer o próprio Turismo. Talvez por uma imatu-ridade contemporânea, Itu fez isso.

O Berço da República parece uma criança que, na década de 1970 e principalmente às custas do trabalho de Francisco Fla-viano de Almeida, o Simplício, percebeu ter um brinquedo que ninguém tinha. E assim a super proteção dos egoístas no playground concebeu um novo comportamento no povo, pois foi na periferia que os ituanos encontraram uma cidade. Nas calçadas sem censura. Nas vielas dos pares.

Hoje, com exceção de algumas ruas, na maioria das esquinas

do centro eles se revelam órfãos, têm medo de entrar no Museu Republicano e vergonha de ler um livro sem pressa no Espaço Cultural Almeida Júnior. Eles não ficam à vontade em um restaurante da cidade e gran-de parte nunca foi ao Parque do Varvito. Vêem uma grande bobagem na "história das coisas grandes", acham que a Fazen-da do Chocolate cobra entrada e que os campings são lugares apenas pra passar um dia e de-pois ir dormir em casa.

Quando frequentam as igrejas do circuito "Roma Brasileira" não conseguem entender a in-trigante proximidade das igrejas católicas no único traçado de ruas do século XVIII pra contar história. Eles não fazem parte dessa história.

Além de micro-ações, a cidade precisa de um projeto maior, que toca naquilo que é mais sensível em um povo. Itu preci-

sa de orgulho. Daquele orgulho que temos em compartilhar as nossas coisas. Precisa de um portal turístico funcional, belos espaços públicos de convivência, eventos de interesse integrativo e, principalmente, de ações que envolvam a comunidade como um pai que convida os filhos pra "contar vantagem". Ações que acolham escolas, grupos religio-sos, sindicatos, associações de bairro e outras entidades repre-sentativas.

Itu precisa daqueles tapumes em obras públicas para quando, reveladas, surpreenderem os próprios ituanos, antes de qual-quer coisa.

Corram que ainda é tempo! Eles estão lá embaixo do orelhão afrontando os turistas, reafir-mando seu território e zomban-do dos "trouxas que vêm ver as coisas grandes".

Alex Pinheiro é gerente de relacionamento da Fazenda do Chocolate. Sua formaçãoé em turismo e eventos. Apaixo-nado pela comunicação, abusa e usa com maestria seu maior dom: A acidez.

Com a palavraA L E X P I N H E I R O

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