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Ministério Público

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MINISTRIO PBLICOO Ministrio Pblico (MP) um rgo de Estado que atua na defesa da ordem jurdica e fiscaliza o cumprimento da lei no Brasil. Na Constituio de 1988, o MP est includo nas funes essenciais justia e no possui vinculao funcional a qualquer dospoderesdoEstado.

Independente e autnomo, o MP tem oramento, carreira e administrao prprios. Considerado o fiscal das leis, o rgo atua como defensor do povo. papel do MP defender o patrimnio nacional, o patrimnio pblico e social. O que inclui o patrimnio cultural, o meio ambiente, os direitos e interesses da coletividade, especialmente das comunidades indgenas, a famlia, a criana, o adolescente e o idoso.O MP atua tambm na defesa dos interesses sociais e individuais indisponveis e no controle externo da atividade policial. Desta forma, o rgo trata da investigao de crimes, da requisio de instaurao de inquritos policiais, da promoo pela responsabilizao dos culpados, do combate tortura e aos meios ilcitos de provas, entre outras possibilidades de atuao. Os membros do MP tm liberdade de ao tanto para pedir a absolvio do ru quanto para acus-lo.A organizao do MP no Brasil est dividida entre o Ministrio Pblico da Unio (MPU) e o Ministrio Pblico dos Estados (MPE). O MPU compreende os ramos: Ministrio Pblico Federal (MPF); Ministrio Pblico do Trabalho (MPT); Ministrio Pblico Militar (MPM) e Ministrio Pblico do Distrito Federal e Territrios (MPDFT). O MPE possui unidades representativas em todos os Estados.O MPU regido pela Lei Complementar n. 75/1993 e o MP pela lei n. 8.625/1993., sendo que a legislao garante a possibilidade de atuao conjunta entre os rgos na defesa de interesses difusos e de meio ambiente.FUNES INTITUCIONAIS DO MINISTRIO PBLICOSegundo a Constituo Federal, as funes institucionais do Ministrio Pblico so as seguintesI - promover, privativamente, a ao penal pblica, na forma da lei;II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pblicos e dos servios de relevncia pblica aos direitos assegurados nesta Constituio, promovendo as medidas necessrias a sua garantia;III - promover o inqurito civil e a ao civil pblica, para a proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;IV - promover a ao de inconstitucionalidade ou representao para fins de interveno da Unio e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituio;V - defender judicialmente os direitos e interesses das populaes indgenas;VI - expedir notificaes nos procedimentos administrativos de sua competncia, requisitando informaes e documentos para instru-los, na forma da lei complementar respectiva;VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;VIII - requisitar diligncias investigatrias e a instaurao de inqurito policial, indicados os fundamentos jurdicos de suas manifestaes processuais;IX - exercer outras funes que lhe forem conferidas, desde que compatveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representao judicial e a consultoria jurdica de entidades pblicas.ATUAO DO MINISTRIO PUBLICO NO PODER JUDICIRIO Cabe ao Ministrio Pblico, por seus rgos de execuo, acionar o Poder Judicirio para defender os direitos da sociedade, propondo aes ou fiscalizando em aes judiciais propostas por terceiros. Assim ele: Promove ao direta de inconstitucionalidade e ao declaratria de constitucionalidade. Promove representao para interveno federal nos Estados e Distrito Federal. Impetra habeas corpus e mandado de segurana. Promove mandado de injuno Promove inqurito civil e ao civil pblica para proteger os direitos constitucionais, o patrimnio pblico e social, meio ambiente, patrimnio cultural e interesses individuais indisponveis, homogneos e sociais, difusos e coletivos. Promove ao penal publica Expede notificaes ou requisies (de informaes, de documentos, de diligncias investigatrias, de instaurao de inqurito policial autoridade policial.ORGOS DO MINISTRIO PBLICOCada ramo do Ministrio Pblico da Unio tem estrutura e procurador-geral prprios. Alguns rgos, no entanto, abrangem todo o MPU. Esses rgos atuam em questes que se aplicam aos quatro ramos ou em questes comuns ao Ministrio Pblico da Unio e ao Ministrio Pblico Federal. Conselho de Assessoramento Superior do MPUO Conselho de Assessoramento Superior do Ministrio Pblico da Unio opina sobre matrias de interesse geral da instituio, sobretudo projetos de lei, organizao e funcionamento da Secretaria Geral. Alm do procurador-geral da Repblica e do vice, participam do Conselho os procuradores-gerais de cada ramo do MPU. Secretaria Geral do MPU responsvel por todos os servios auxiliares de apoio tcnico e adminsitrativo da instituio. O secretrio-geral escolhido pelo procurador-geral da Repblica. Auditoria Interna do MPUA Auditoria Interna do Ministrio Pblico da Unio tem como funo garantir a efetiva e regular gesto dos recursos e bens pblicos destinados instituio. Para isso, planeja, orienta, coordena e controla a gesto oramentria, financeira, patrimonial e administrativa do MPU. Realiza auditorias, emite pareceres tcnicos para orientar na tomada de decises, faz exame prvio de minutas e editais de licitao e elabora relatrios fiscais do rgo. Escola Superior do MPUA Escola Superior do Ministrio Pblico da Unio um rgo autnomo que tem como funo principal aperfeioar a capacitao tcnico-profissional dos membros e servidores dos quatro ramos da instituio.PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS DO MINISTRIO PBLICOSeus princpios so a unidade, a indivisibilidade e a independncia funcional.Unidade.Significando a capacidade e a possibilidade de os Membros do Ministrio Pblico agirem como se fossem um s corpo, uma s vontade. A manifestao de um deles vale, portanto, como manifestao de todo o rgo.Chimenti diz que o princpio da unidade faz com que seja impossvel a atribuio das funes ministeriais a mais de uma carreira de Estado. O Ministrio Pblico a nica instituio que pode cumprir o papel a si confiado. Na estrutura do Estado, observa, no pode existir outra Instituio com perfil constitucional ou atribuies idnticas. Indivisibilidade.A indivisibilidade decorrncia daquela Unidade, este princpio torna possvel a reciprocidade na atuao, podendo os Membros do Ministrio Pblico substiturem-se reciprocamente sem prejuzo do ministrio comum.Princpio decorrente necessrio do princpio da unidade, a indivisibilidade da Instituio faz com que se admita a atuao de todos os agentes em seu nome. Ela indica, tambm, que o posicionamento de um de seus membros vincula toda a Instituio. Independncia funcional.Pelo princpio da independncia funcional os Membros do Ministrio Pblico no devem subordinao intelectual ou ideolgica a quem quer que seja, podendo atuar segundo os ditames da lei, do seu entendimento pessoal e da sua conscincia. Este princpio inseparvel de qualquer Instituio estatal organizada de forma democrtica. Em sua razo, os membros do Ministrio Pblico possuem liberdade significativa para formar seu convencimento tcnico, demonstrando ou arguindo de acordo com o seu juzo prprio de convico. Os limites que se lhe impem, entretanto, so objetivos na formao do convencimento, no sendo uma decorrncia do princpio a atuao margem da ordem jurdica. A atuao do Ministrio Pblico tcnica e limitada pela lei. No h discricionariedade sem limites e o agente deve sempre motivar seus atos, desde que necessria esta ltima.INGRESSO E PROMOO NA CARREIRA DO MINISTRIO PUBLICO Exige-se para ingresso na carreira do Ministrio Pblico que o pretendente a vaga tenha sido aprovado previamente em concurso pblico de provas e ttulos organizado pela Procuradoria-Geral de Justia e Ordem dos Advogados do Brasil. So requisitos bsicos para ingresso na carreira: a) ser brasileiro; b) ter concludo o curso de bacharelado em Direito, em escola oficial ou reconhecida; c) estar quite com o servio militar; d) estar em gozo dos direitos polticos. Na carreira do Ministrio Pblico o membro pode ser promovido por antiguidade ou por merecimento, sendo essa possibilidade de competncia do Conselho Superior do MP. Ser apurada a antiguidade na entrncia e o merecimento pela atuao do membro do Ministrio Pblico em toda a carreira, com prevalncia de critrios de ordem objetiva, levando-se inclusive em conta sua conduta, operosidade e dedicao no exerccio do cargo, presteza e segurana nas suas manifestaes processuais, o nmero de vezes que j tenha participado de listas, bem como a frequncia e o aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeioamento. obrigatria a promoo do Promotor de Justia que figure por trs vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista. A promoo por merecimento pressupe dois anos de exerccio na respectiva entrncia ou categoria e integrar o Promotor de Justia a primeira quinta parte da lista de antiguidade, salvo se no houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago, ou quando o nmero limitado de membros do Ministrio Pblico inviabilizar a formao de lista trplice.GARANTIAS E IMPEDIMENTOS DOS MEMBROS DO MINISTRIO PUBLICO So garantias dos membros do Ministrio Pblico, a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos. Avitaliciedade adquirida aps dois anos de exerccio, sendo que o membro do MP no poder mais perder o cargo seno por sentena judicial transitada em julgado. O vitaliciamento pode ser impugnado e, quando isso ocorrer, o membro do MP ter seu exerccio funcional suspenso at o definitivo julgamento. Este perodo em que o profissional concursado deste rgo no adquire a vitaliciedade chama-se estgio probatrio. Ainamovibilidadegarante que o membro do MP no seja relocado aps ter assumido suas atribuies em determinada localidade, salvo por motivo de interesse pblico. E, por fim, airredutibilidade de vencimentosassegura que os salrios e demais proventos recebidos por estes profissionais no sejam reduzidos, observado, quanto remunerao, o disposto na Constituio Federal. Assim como as garantias, os membros contratados por esta instituio possuem prerrogativas, sendo essas: de ser ouvido, como testemunha ou ofendido, em qualquer processo ou inqurito, em dia, hora e local previamente ajustados com o Juiz ou a autoridade competente; de estar sujeito a intimao ou convocao para comparecimento, somente se expedida pela autoridade judiciria ou por rgo da Administrao Superior do Ministrio Pblico competente, ressalvadas as hipteses constitucionais; de ser preso somente por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime inafianvel, caso em que a autoridade far, no prazo mximo de vinte e quatro horas, a comunicao e a apresentao do membro do Ministrio Pblico ao Procurador-Geral de Justia; ser processado e julgado originariamente pelo Tribunal de Justia de seu Estado, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada exceo de ordem constitucional; de ser custodiado ou recolhido priso domiciliar ou sala especial de Estado Maior, por ordem e disposio do Tribunal competente, quando sujeito a priso antes do julgamento final; de ter assegurado o direito de acesso, retificao e complementao dos dados e informaes relativos sua pessoa, existentes nos rgos da instituio, na forma da Lei Orgnica. vedado ao membro do Ministrio Pblico receber, a qualquer ttulo e sob qualquer pretexto, honorrios, percentagens ou custas processuais; exercer advocacia; exercer o comrcio ou participar de sociedade comercial, exceto como cotista ou acionista; exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra funo pblica, salvo uma de Magistrio; assim como exercer atividade poltico-partidria, ressalvada a filiao e as excees previstas em lei.ATUAO DO MP COMO CUSTUS LEGIS NO PROCESSO CIVIL O MP deve atuar, como cedio, sempre que a lei assim o determinar, sendo o grosso de suas atribuies concernentes funo decustos legis, ou seja, fiscal da lei. Uma questo interessante diz respeito atuao do MP como interveniente necessrio ao sabor da existncia, por exemplo, de interesse de menores ou maiores incapazes.O MP atua nas aes judiciais versando sobrepedidos de benefcio assistencial (amparo social), com base na Lei Orgnica de Assistncia Social - LOAS,como fiscal da lei. o que estatui expressamente o artigo31da Lei8742/93. Imaginemos que uma criana de 5 anos, vitimada por alienao mental, devidamente representada por seu pai ou sua me, com advogado constitudo, ingresse com uma ao judicial pedindoamparo social para o deficiente. O MP certamente atuar como fiscal da lei porquanto, como deflui do prefalado artigo 31, assim o faz em qualquer caso dessa natureza. Mas nada afasta a incidncia do artigo82,I, doCdigo de Processo Civil, de modo que o MP atua tambm porque existe interesse de incapaz.O aspecto que se quer destacar a coexistncia de duas causas diferentes para a atuao do Ministrio Pblico. Uma, a previso genrica para a LOAS em seuartigo 31; outra, a determinao do artigo82,I, doCPC.Como se dizia fluentemente em tempos idos, o MP pode atuar como fiscal da lei ou, de outra sorte,comocurador.To certo quanto a impertinncia dessa expresso nesse caso o fato de que o MP, atuando por interveno necessria, o faz diante das peculiaridades da situao eleita pela norma.De efeito, a lei no elegeu a necessidade de ateno do MP quando h, por exemplo, interesses de incapazes, seno porque viu ali uma legtimapresuno de hipossuficincia. um autnticoreducionismo dizer-se, to-somente,que o artigo 82 define a atuao doMP como fiscal da lei quando h interesses de incapazes. Ora, muito se fala sobre avontade da lei. Para se conhecer a vontade da lei indispensvel buscar a correta interpretao do Direito mantendo em mente que a Cincia Jurdica um sistema, um todo organizado, vale dizer, um organismo. Da no se poder abstrair a presuno de hipossuficincia que informa a regra que define a necessria atuao do MP quando h interesses de incapazes. Por que o Legislador haveria de se preocupar nesse caso? Porque a hipossuficincia exige uma contrapartida, ou seja, necessita que haja um suprimento. O Direito quer que o incapaz seja representado e que tenha um acrscimo de cuidado por parte do Estado, cuidado esse que depositou nas zelosas mos do Ministrio Pblico. Percebe-se que a atuao que se espera do MP nessa situao no comunga exatamente da mesma natureza da atuao exercida peloParquetno exerccio de seu mister como fiscal da lei.Ento, nosso hipottico rapazinho que pretende o amparo social deve ficar sob os cuidados do MP no zelo e resguardo de seus interesses. J a atuao do mesmo MP essencialmente como fiscal da lei, sob odura Lex sed Lex, do mesmo modo h de ocorrer plenamente. Mas no se concebe que um mesmo Representante do MP exera as duas funes como se fossem apenas facetas de um nico escopo de atuao.O Estado exige que um Representante do MP exera a fiscalizao da aplicao da lei e outro Representante do MP exera o pleno zelo pelos interesses do incapaz. Isso no implica em reconhecimento de um conflito entre ambas as atuaes. Tal pretensoconflito um sofisma que vem desconstituindo a atuao do MP enquanto instituio a quem se destinou, regra bsica, a fiscalizao da aplicao da lei e, no menos importante, osuprimento da hipossuficincianos casos em que a lei assim define.Curiosamente, anos atrs era comum verem-se processos de separao litigiosa de casais com filhos menores acompanhados por nada menos que trs Promotores de Justia. Um como fiscal da lei, um como curador ao vnculo e um como curador de incapazes. E ningum achava estranho ou desviante tal procedimento.A experincia vem demonstrando que a atuao do MP est se tornando vinculada s concepes do profissional que exerce essa funo, o que no consentneo com o Direito. s vezes opina como curador, s vezes como fiscal da lei, nos processos em que h, por exemplo, interesse de menores. Por parte dos juzes, tambm, deveria haver a instigao do MP para se manifestarnuma e noutra dimenso, independentemente do contedo e da livre convico do profissional atuante.Quadros eventualmente reduzidos no podem amparar a subverso do Ordenamento Jurdico, mxime num ponto de tamanha importncia social.