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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Promotoria de Justiça Defesa do Patrimônio Público Uberab1 Autor....: MP-PJ-CrCEAP Réus..: Gilberto Eurípedes Bernardes + 4 Autos..: V. Cível..: Espécie.: Ação civil pública p/ improbidade administrativa c.c. pedido.... Tipo-petição.: peça inicial Exmo.Sr.Dr.Juiz de Direito de UMA das Varas Cíveis da Comarca de UBERABA- MG. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS , por seu Promotor de Justiça, com atribuição de CRIMINAL e de CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL , nesta Comarca de Uberaba, no uso de suas atribuições legais e legitimado nos termos dos artigos 127, caput, e 129, caput e inciso III, da Constituição Federal; artigos 6º e 81 do Código de Processo Civil; artigos 1º, 25, inciso IV, letras "a" e "b", e 26, inciso I, da Lei federal nº 8.625, de 12/02/93 (Lei Orgânica Nacional do MP); artigos 1º, 66, inciso VI, letras "a" e "b", 67, inciso I, da Lei Complementar estadual nº 34, de 12/09/94 (Lei Orgânica Estadual do MP); artigo 5º, caput, da Lei federal nº 7.347, de 24/julho/85 (Lei da Ação Civil Pública); artigo 17, caput e § 4º, da Lei federal nº 8.429, de 02/06/92 (Lei de Improbidade Administrativa), vem, respeitosamente, à presença de V.Exa. para propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E DANOS PATRIMONIAIS contra a pessoa de GILBERTO EURÍPEDES BERNARDES , 3º Sargento-PM, CARLOS ANTÔNIO LOPES , 3º Sargento-PM, VALTER LUIS DE OLIVEIRA , Cabo-PM, ADALBERTO LUÍS DA COSTA e ADILMA APARECIDA DA SILVA , todas melhor identificadas e qualificadas ao final, com base nos fatos e fundamentos jurídicos adiante expostos, a saber:

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS 5ª Promotoria de Justiça — Defesa do Patrimônio

Público — Uberab1

Autor....: MP-5ª PJ-CrCEAP — Réus..: Gilberto Eurípedes Bernardes + 4 — Autos..: — V. Cível..: Espécie.: Ação civil pública p/ improbidade administrativa c.c. pedido.... — Tipo-petição.: peça inicial

Exmo.Sr.Dr.Juiz de Direito de UMA das Varas Cíveis da Comarca de UBERABA-

MG.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS

GERAIS, por seu 5º Promotor de Justiça, com atribuição de CRIMINAL e de

CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL, nesta Comarca de Uberaba, no

uso de suas atribuições legais e legitimado nos termos dos artigos 127, caput, e 129,

caput e inciso III, da Constituição Federal; artigos 6º e 81 do Código de Processo Civil;

artigos 1º, 25, inciso IV, letras "a" e "b", e 26, inciso I, da Lei federal nº 8.625, de

12/02/93 (Lei Orgânica Nacional do MP); artigos 1º, 66, inciso VI, letras "a" e "b", 67,

inciso I, da Lei Complementar estadual nº 34, de 12/09/94 (Lei Orgânica Estadual do

MP); artigo 5º, caput, da Lei federal nº 7.347, de 24/julho/85 (Lei da Ação Civil

Pública); artigo 17, caput e § 4º, da Lei federal nº 8.429, de 02/06/92 (Lei de

Improbidade Administrativa), vem, respeitosamente, à presença de V.Exa. para propor a

presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE

POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

E DANOS PATRIMONIAIS

contra a pessoa de GILBERTO EURÍPEDES BERNARDES, 3º Sargento-PM,

CARLOS ANTÔNIO LOPES, 3º Sargento-PM, VALTER LUIS DE OLIVEIRA,

Cabo-PM, ADALBERTO LUÍS DA COSTA e ADILMA APARECIDA DA SILVA,

todas melhor identificadas e qualificadas ao final, com base nos fatos e fundamentos

jurídicos adiante expostos, a saber:

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I — DA LEGITIMAÇÃO DO MINISTÉRIO

PÚBLICO PARA A PROPOSITURA DE AÇÃO

VISANDO À PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO

PÚBLICO E DA MORALIDADE ADMINIS-

TRATIVA:

A legitimação do Ministério Público decorre da lei.

Inicialmente, cumpre analisá-la sobre o prisma constitucional, nos exatos termos dos

artigos 127, caput, e 129, caput e inciso III, da Carta Constitucional. O legislador

constituinte atribuiu ao "Parquet", dentre as funções institucionais mencionadas no

artigo 127 — defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses

individuais indisponíveis — a defesa dos "interesses sociais", quer estes se apresentem

como interesses difusos ou coletivos. No âmbito daqueles, afigura-se o patrimônio

público e social, não se podendo deixar de inserir neste último a moralidade

administrativa, o que se depreende do teor do inciso III, do artigo 129, da Carta da

República, onde está inscrito como função institucional do Ministério Público a

promoção do inquérito civil e da ação civil pública "para a proteção do patrimônio

público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos". (grifo

nosso)

Portanto, a legitimação do Parquet, para a proteção do

patrimônio público e social, é recebida diretamente da Carga Magna. No âmbito do

ordenamento infraconstitucional, vem ela disciplinada em vários diplomas legais, dentre

os quais a Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do MP), nos seus artigos 1º, e 25,

inciso IV, letras "a" e "b", e 26, inciso I; a Lei Complementar estadual nº 34/94 (Lei

Orgânica Estadual do MP), nos seus artigos 1º, 66, inciso VI, letras "a" e "b", 67, inciso

I; a , a Lei federal nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), nos artigos 1º, inciso IV, e

5º, caput; e a Lei federal nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), nos artigos

17, caput e § 4º. Mister registrar, ainda, que a legitimidade para agir vem embasada no

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artigo 81 do Código de Processo Civil, que permite ao Ministério Público o exercício

do direito de ação, quando expressamente autorizado por lei.

Não bastasse o ordenamento constitucional e

infraconstitucional, a jurisprudência de nossos Tribunais Federais e Estaduais é bastante

farta e definida no condizente à legitimação do Ministério Público para a promoção da

defesa do patrimônio público e social, bem assim da moralidade pública. Nesse

sentido já se pronunciou o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, podendo citar o RE nº

181715/SP, julgado em 06/08/96, sendo Relator o Min.Marco Aurélio. Já o SUPERIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA proferiu inúmeros julgamentos no mesmo diapasão,

podendo citar, dentre os vários acórdãos, aquele no REsp nº 167783, pela Primeira

Turma, originário de Minas Gerais, sendo Relator o Ministro JOSÉ DELGADO, julgado

em 02/06/98, publicado no DJ em 17/08/98. Assim, a questão está, há muito tempo,

pacificada e firmada.

Na doutrina, há muito tempo, mesmo antes da

jurisprudência, está pacificado tal entendimento, podendo ser citados, dentre os vários

doutrinadores renomados, Nélson Nery Júnior, Hugo Nigro Mazzilli, Camargo

Mancuso, Édis Milaré. Antes da vigência do atual texto constitucional — Carta de 1988

—, a legitimidade do Ministério Público estava limitada no caso de desistência da ação

popular, quando então assumia a sua titularidade.

A legitimidade do Ministério Público é ordinária, ou

autônoma, e concorrente, além de o ser disjuntiva, no exercício de seu poder-dever de

proteção aos interesses difusos e coletivos; será extraordinária quando se tratar de

defesa de interesses individuais homogêneos ou indisponíveis, figurando então como

substituto processual. É este o entendimento predominante, dentre os quais pode-se

mencionar os conceituados juristas NÉLSON NÉRY, GRINOVER, WATANABE,

MANCUSO; não faltando voz a defender que a atuação Ministerial na defesa daqueles

interesses — difusos ou coletivos — é extraordinária e, como tal, ocorreria a

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Público — Uberab4

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substituição processual, visto que o titular desses interesses seria a comunidade, a

sociedade, conforme lição de NIGRO MAZZILLI.

II — DOS FATOS:

Visando à profunda e eficiente elucidação de fatos

consistentes na prática de irregularidades ocorridas na realização de obra de reforma do

destacamento da Polícia Militar no Município de Veríssimo e nos acontecimentos

relacionados à instalação de prostíbulo na cidade, comércio ilegal de arma de fogo,

prática de jogos de azar, utilização de veículo oficial para fins particulares, uso de

quintal do imóvel do destacamento para criação de galinhas e uso de energia para fins

pessoais, compreendido entre os anos de 2010 e 2011, cujas irregularidades estão a

configurar ilícitos criminal e administrativo, além de atos de improbidade

administrativa, foi instaurado INQUÉRITO CIVIL de nº MPMG-0701.11.000593-4 pela

5ª Promotoria de Justiça, com incumbência do CONTROLE EXTERNO DA

ATIVIDADE POLICIAL desta Comarca, consoante demonstra cópia inclusa.

Inúmeras providências foram tomadas, em busca da

apuração dos fatos e identificação de todos os responsáveis pelas irregularidades e

acontecimentos ilícitos ali elencados, colhendo-se provas documentais e testemunhais,

objetivando o embasamento da presente ação e de outras ações judiciais a serem

propostas para efetiva proteção do patrimônio público e da moralidade administrativa,

bens e valores estes que compõem o patrimônio social da comunidade integrante desse

Município de Veríssimo.

O inquérito civil — denominado MPMG-

0701.11.000593-4 — possui em torno de 864 folhas, acondicionadas em 5 (cinco)

volumes, os quais possuem numeração própria.

Segundo apuração dos fatos noticiados nos autos do

inquérito civil, em sua portaria inaugural (fls.02/05) e decisões já exaradas

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determinando várias providências, além da instauração de inquérito policial militar e

procedimento administrativo disciplinar, as irregularidades são sérias e graves,

impondo-se correção e recomposição dos graves e sérios prejuízos à moralidade

administrativa e ao patrimônio público.

Por isso, é possível afirmar a existência de inúmeras

irregularidades praticadas por alguns dos policiais militares lotados no Município de

Veríssimo.

As irregularidades perpetradas consistiram na (ou no):

Recebimento de doações em dinheiro/cheque para reforma da sede do

Destacamento da Polícia Militar de Veríssimo, sem formalização em termos de

doação exigidos legalmente, implicando em enriquecimento ilícito;

Exigência de vantagem em dinheiro da pessoa de ADILMA APARECIDA

SILVA, proprietária de prostíbulo na cidade, para possibilitar-lhe a exploração da

prostituição livremente;

Omissão na fiscalização e repressão do jogo do bicho na cidade, com fortes

suspeitas de enriquecimento ilícito;

Omissão na repressão a pessoas inabilitadas que conduziam veículos na cidade,

dentre eles o filho do vereador Adalberto e do Sgtº EURÍPEDES, e bem assim da

pessoa de Angélica de Jesus da Silva;

Exigência de vantagem em dinheiro e gênero da sra.Angélica de Jesus da Silva,

proprietária de açougue na cidade, para não prendê-la e nem registrar TCO contra a

mesma, implicando em enriquecimento ilícito;

Utilização de veículo oficial para fins particulares;

Utilização de bens (móveis e imóvel) e de energia elétrica, para fim de criação de

galinhas e seu abate nas dependências da sede do Destacamento;

Favorecimento ao tráfico ilícito de armas;

Revelação de programação de operações de caráter repressivo, de que detinham

conhecimento em razão das funções;

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Vale asseverar que todas essas irregularidades foram

realizadas com o único fim de auferir benefícios e promover privilégios a pessoas

ligadas aos policiais militares, ora réus, implicando com isso em prejuízos à moralidade

pública e administrativa em razão da prática de condutas ilícitas e ímprobas,

ultrapassando ademais as raias de condutas omissivas ou de ações meramente culposas.

Impõe-se, a seguir, fazer o detalhamento das

irregularidades genericamente apontadas e atribuídas aos agentes e pessoas físicas

envolvidos com os fatos noticiados no caderno inquisitorial do Parquet.

Passa-se a seguir a descrever de forma mais detida e

detalhada as inúmeras condutas irregulares praticadas na realização da reforma da

sede do Destacamento Policial de Veríssimo e demais acontecimentos.

Para maior facilidade e melhor compreensão, evitando-se

repetições enfadonhas ao proceder sua análise e confrontação com os fatos verificados e

demonstrados na investigação, serão listadas a seguir essas várias incorreções e

irregularidades relacionadas às práticas ilícitas e ímprobas, uma vez que as ações e

condutas estão correlacionadas. Da análise do conjunto dessas ilicitudes e

irregularidades perniciosas aos interesses públicos e institucionais da POLÍCIA

MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, sobressairá conclusão clara de que elas

produziram prejuízos graves à moralidade pública e administrativa e à própria imagem e

conceito dessa Instituição e porque não dizer da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ESTADUAL como um todo.

Serão analisadas as seguintes irregularidades, sendo

algumas em conjunto e outras de forma individualizada, já noticiadas anteriormente, a

saber:

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01 — Recebimento de doações em dinheiro/cheque

para reforma da sede do Destacamento da Polícia

Militar de Veríssimo, sem formalização em termos de

doação exigidos legalmente, implicando em

enriquecimento ilícito

Para a reforma do imóvel em que está sediado o

Destacamento da Polícia Militar na cidade de Veríssimo, houve o consentimento e

orientação do então comandante do 4º BPMG, Cel.Lunardi, em razão da iniciativa dos

policiais militares Sgt.LOPES e Cb VALTER. Houve manifestação dessa iniciativa ao

comandante da 191 Cia., Cap.WESLEY, que acertou com o comando do Batalhão, que

buscariam parcerias para o empreendimento da reforma do destacamento policial de

Veríssimo. A orientação do capitão foi a de que essas doações fossem documentadas.

Segundo os militares do Destacamento informaram ao

Cap.WESLEY, a reforma consistiria em fazer o muro, uma garagem coberta e na

colocação de grades em todas as janelas do imóvel, além fazer a junção de alojamento

com a sala de atendimento ao público (fls.253/254).

Essa documentação, todavia, não ocorreu em todas as

doações feitas por empresas e pessoas físicas da cidade de Veríssimo.

Houve confecção do termo de doação somente em relação

às doações feitas pelas empresas CERTRIM, Grupo Monte Verde, Usina Tijuco e pelo

sr.Luiz Carlos dos Santos Francisco (Fazenda Nova Trindade). Os Termos dessas

doações se encontram respectivamente a fls.51 (47), 56 (52) e 58 (54). Estas doações

foram feitas em observância às normas vigentes.

Não se elaborou nenhum orçamento e projeto da reforma

do imóvel sede do Destacamento policial militar.

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Além das doações formalizadas legalmente, houve

inúmeras outras doações de pessoas físicas em diversos valores em dinheiro e em

materiais de construção.

Todas essas doações, as formalizadas e as não

formalizadas, foram angariadas com a intermediação dos militares graduados Sargento

EURÍPEDES, Sargento LOPES e Cabo VALTER.

Os graduados Sgt LOPES e Cb VALTER, apesar de suas

negações na fase de apuração do Inquérito Policial Militar, receberam diretamente

algumas doações em dinheiro de pessoas físicas. A pessoa de LUIZ FERNANDO

(fls.209) afirma que entregou R$ 400,00 aos dois graduados, sendo R$ 200,00 em

dinheiro, como doação própria, e R$ 200,00 em cheque, como doação de seu primo

João Carlos Sepúlveda. O ex-prefeito de Veríssimo sr.REINALDO afirma que doou a

quantia de R$ 250,00 ou R$ 350,00, em cheque, aos dois graduados. No mesmo sentido,

a sra.ADILMA APARECIDA SILVA fez doação R$ 500,00 em dinheiro e o sr.LUIZ

CARLOS FERNANDES (CAPIVARA) entregou R$ 50,00 para a placa de identificação

e outros R$ 50,00 deixou na Casa de Materiais de Construção do sr.ADALBERTO,

então Vereador de Veríssimo.

Vale anotar que a maioria das doações feitas pelas pessoas

físicas foram entregues em dinheiro na Casa de Materiais de Construção do

sr.ADALBERTO, então Vereador de Veríssimo, que reverteria em materiais de

construção para a referida reforma do Destacamento. Isso foi feito por orientação dos

graduados às pessoas que ofertaram as doações.

Não houve controle por parte dos graduados comandantes

do Destacamento das doações em dinheiro ou em materiais de construção. Houve

enorme desorganização desse controle, que ficou nas mãos de pessoa estranha à

Corporação militar. Tudo foi deixado nas mãos do sr.ADALBERTO, dono de Loja de

Materiais de Construção e Vereador da cidade de Veríssimo.

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O sgt LOPES – comandante da fração militar - entregou à

autoridade responsável pela investigação militar uma relação de pessoas que efetuaram

doação, que não confere com a relação apresentada pelo sr.ADALBERTO. Houve

pessoas que afirmaram ter feito doações que não constaram de nenhuma dessas relações.

Apurou-se, pela relação apresentada pelo

sr.ADALBERTO, que as doações deixadas em sua Loja de Construção importaram no

montante de R$ 4.570,00. Mas há informes de que algumas pessoas teriam deixado

material pago nesse local e que não foi contabilizado nessa relação. É o que se vê do

relatório de fls.267, item 1.1.

Os nomes das pessoas que efetuaram as doações em

material de construção (geralmente sacos de cimento) e em dinheiro se encontram

relacionadas nos demonstrativos de folhas 267 (item 1.1.) e 270 (item 1.4.).

Além das doações em sacos de cimento e em dinheiro, há

outros materiais que teriam sido doados e que não tiveram destino certo, a obra de

reforma do Destacamento policial de Veríssimo. Há fortes suspeitas de que alguns

materiais de construção adquiridos junto à Casa de Materiais de Construção do

sr.ADALBERTO não teriam sido entregues no referido Destacamento.

Essa suspeita se baseia no fato de que o sr.ROMEU, dono

de uma Loja de Materiais de Construção em Veríssimo, afirma que a pessoa de DÉLIO,

de uma determinada Fazenda, teria comprado em seu estabelecimento a quantia de

3.000 (três mil) tijolos para a obra do Destacamento. Houve a entrega de apenas 1.500

(um mil e quinhentos) tijolos, sendo que o restante ficou no depósito aguardando a

retirada (ver depoimento de fls.123/124). Este esclarecimento espanca a dúvida surgida

de uma conversa que o Sd.TIAGO (fls.73/79) teve com a pessoa de GERÔNIMO

FERREIRA, no sentido de que este indagara sobre o Cb VALTER, alegando que teria

transportado 5.000 tijolos de Conceição das Alagoas para o depósito do sr.ROMEU, e

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que esse material teria sido adquirido pela pessoa com o apelido de “JACARÉ”,

morador de Veríssimo. Este foi ouvido e negou ter vendido tijolos para as Casas de

Materiais de Construção de Veríssimo e que tivessem como destino a obra de reforma

do Destacamento. Sempre vendeu tijolos para tais Casas, mas não com destino à

mencionada obra.

Por sua vez, o sr.ADALBERTO assevera que entregou

todos os tijolos ali adquiridos pela empresa USINA TIJUCO, que fez doação de

materiais de construção no montante de R$ 3.000,00. Dentre esses materiais (termo de

doação de fls.56), estão 1.000 tijolos e 300 tijolinhos. Todavia, o pedreiro que executou

a obra da reforma, sr. ISMAEL FELICIANO (fls.125/126) afirma que foram gastos em

torno de 1.000 a 1.500 tijolos para a construção do muro da frente. Já por sua vez o

engenheiro civil LUIZ CARLOS FURTADO, da Prefeitura Municipal de Veríssimo,

afirmou que seriam necessários para a obra de reforma a quantia de 1.000 (um mil

tijolos), conforme se vê de seu depoimento de fls.215. De outro lado, o

sr.ADALBERTO, em seus depoimentos de fls.205/206, assevera que todos os tijolos

adquiridos em sua Casa de Materiais de Construção foram entregues no Destacamento.

Portanto, há fortes suspeitas de que o sr.ADALBERTO não tenha entregue os tijolos na

obra, apesar de afirmar nesse sentido. Isto deverá ser apurado com a apresentação,

oportunamente, das notas fiscais que o mesmo tenha emitido para a comprovação de sua

afirmação.

Asseverou, ainda, o referido engenheiro civil LUIZ

CARLOS, por contato telefônico com o Oficial presidente da investigação militar

(fls.269, no tópico da conclusão do item 1.2.), que levou um pedreiro no local e este

pode afirmar que para a construção do muro da frente do Destacamento seriam gastos,

além dos 1.000 tijolos, a quantia aproximada de 35 sacos de cimento, 50 sacos de filito

e 6 metros de areia média.

Segundo ficou apurado na investigação (ver item 1.1. do

relatório de fls.267/268), pela verificação dos controles apresentados pelo Sgt LOPES e

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sr.ADALBERTO, teriam sido arrecadados em cimento a quantia de 116 (cento e

dezesseis) sacos, sendo 56 doados pela comunidade e 60 pela USINA TIJUCO.

Há fortes suspeitas de que tenha havido o enriquecimento

por parte dos policiais militares graduados, ora réus, e pelo sr.ADALBERTO, dono da

Casa de Materiais de Construção onde as doações eram deixadas pelas inúmeras pessoas

da localidade de Veríssimo.

02 - Exigência de vantagem em dinheiro da pessoa de

ADILMA APARECIDA SILVA, proprietária de

prostíbulo na cidade, para possibilitar-lhe a exploração da

prostituição livremente.

Para estabelecer-se na cidade Veríssimo, a sra.ADILMA

visando à exploração sexual, teve a cooperação dos policiais e graduados Sgt LOPES e

Cb VALTER, que inclusive obtiveram vantagem econômica para tanto. É o que se vê

das declarações prestadas pela sra.ADILMA APARECIDA DA SILVA na investigação

policial militar, cujo depoimento está a fls.148/149.

Objetivando instalar-se na referida cidade, a sra.ADILMA

esteve no Destacamento policial e conversou com o Sgt LOPES. Logo em seguida a

uma conversa que mantiveram, do lado de fora, o Sgt LOPES saiu na viatura policial

com a sra.ADILMA, com o propósito de arrumar uma casa onde funcionaria o

PROSTÍBULO que esta pretendia montar naquela cidade. Esteve na companhia de

ambos a pessoa conhecida por TATU, filho do então Prefeito da cidade, que tinha

conhecimento de imóveis para alugar na cidade, sendo que o mesmo foi quem indicou o

imóvel para que a sra.ADILMA alugasse para funcionar o referido prostíbulo.

Além de não combater a exploração sexual na cidade, os

réus SGT LOPES e CB VALTER cooperaram para que a casa de prostituição da

sra.ADILMA se estabelecesse na cidade de Veríssimo.

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Autor....: MP-5ª PJ-CrCEAP — Réus..: Gilberto Eurípedes Bernardes + 4 — Autos..: — V. Cível..: Espécie.: Ação civil pública p/ improbidade administrativa c.c. pedido.... — Tipo-petição.: peça inicial

Como recompensa a essa cortesia dos policiais graduados,

a sra.ADILMA repassou-lhes dinheiro que eles solicitaram a título de empréstimo, mas

não chegaram a devolver-lhe a vantagem solicitada.

Em determinada ocasião, o Sgt LOPES solicitou à

sra.ADILMA a quantia de R$ 400,00 (quatrocentos reais), alegando que precisava do

dinheiro em razão de um acidente com seus familiares.

Depois de quinze dias desse fato, o graduado Cb

VALTER também esteve na casa de prostituição e solicitou da sra.ADILMA a quantia

de R$ 200,00 (duzentos reais), dizendo que precisava fazer uma viagem à cidade do

Prata.

Em outra ocasião, quando a sra.ADILMA esteve no

Destacamento policial, os graduados SGT LOPES e CB VALTER solicitaram dela um

caminhão de areia ou tijolos para a reforma da sede daquela unidade. Eles disseram à

sra.ADILMA que o valor correspondente era em torno de R$ 500,00, sendo que no

momento ela não pode dispor do recurso. Todavia, três dias depois a sra.ADILMA

levou o dinheiro e entregou ao Sgt LOPES.

Houve, ainda, em outra data, quando a sra.ADILMA

esteve no Destacamento, ocasião em que a tropa estava em instrução, solicitação pelo

Sgt LOPES de dinheiro para a realização da Festa do Dia das Crianças, o que foi

prontamente atendido. Este fato é afirmado pelo Sd THIAGO, pelo Sd SÍVLIO e pelo

Sd PYRAMIDES em seus depoimentos de fls.73/79; 80/85; e 66/72, respectivamente.

Não só esses dois graduados auxiliaram e cooperaram

com a sra.ADILMA, para a instalação e exploração sexual na cidade, mas também o

graduado SGT EURÍPEDES tinha conhecimento da situação e chegou a freqüentar o

prostíbulo, tendo utilizado os serviços de uma das moças que ali prestava os serviços

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sexuais. Além de não combater a exploração sexual na cidade, o referido policial

chegou a fazer uso dos serviços sexuais, obtendo vantagem pelo seu comportamento

omissivo.

Na operação realizada no dia 10 de dezembro de 2010,

desencadeada na cidade pelo CAP WESLEI RODRIGUES ROSA, conforme se vê de

seu depoimento de fls.138/139, em quatro horas de trabalho, houve a prisão da

sra.ADILMA APARECIDA DA SILVA, em face da exploração de Casa de Prostituição

na cidade. A respeito da exploração sexual foram conduzidas 11 (onze) pessoas para a

Delegacia de Polícia. Houve lavratura de boletim de ocorrência nesse sentido a fls.27/36

03 - Omissão na fiscalização e repressão do jogo do

bicho na cidade, com fortes suspeitas de enriquecimento

ilícito.

Os graduados Sgt LOPES e Sgt EURÍPEDES, que foram

comandantes do Destacamento policial de Veríssimo, bem assim o graduado Cb

VALTER sabiam da prática ilegal do jogo do bico na cidade. Há longos doze (12) anos

isso acontecia abertamente, inclusive em praça pública.

Houve omissão dolosa na fiscalização dessa jogatina. Isso

era tão notório na cidade, que houve prisão de um elemento em praça pública, quando

fazia apostas de jogo do bicho, por ocasião da operação desencadeada na cidade pelo

CAP WESLEI RODRIGUES ROSA, conforme se vê de seu depoimento de fls.138/139.

Essa situação está amplamente noticiada no documento de

fls.17/20, onde o referido Oficial noticia, por meio de ofício ao comando do 4º BPM,

várias irregularidades perpetradas pelos graduados do Destacamento de Veríssimo,

dentre elas a questão do jogo do bicho.

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Na operação realizada no dia 10 de dezembro de 2010, em

quatro horas de trabalho, houve condução de 16 (dezesseis) pessoas envolvidas com a

infração contravencional do jogo do bicho, sendo presas 03 (três) agentes dessa prática,

sendo um na praça pública. Houve lavratura de boletins de ocorrência nesse sentido

(fls.21/26).

Houve comentários de que os graduados Sgt LOPES e Cb

VALTER estariam recebendo vantagem indevida para fazer vistas grossas sobre essa

prática delitiva. Os Sd.THIAGO e Sd PYRAMIDES chegaram a ouvir informações

nesse sentido, consoante se vê de seus depoimentos de fls.73/79 e 66/72. O valor da

propina seria na ordem de R$ 1.000,00, mas isso não ficou demonstrado nos autos da

investigação policial militar.

04 - Omissão na repressão a pessoas inabilitadas que

conduziam veículos na cidade, dentre eles o filho do

vereador Adalberto e do Sgtº EURÍPEDES, e bem assim

da pessoa de Angélica de Jesus da Silva.

05 - Exigência de vantagem em dinheiro e espécie da

sra.Angélica de Jesus da Silva, proprietária de açougue

na cidade, para não prendê-la e nem registrar TCO contra

a mesma, implicando em enriquecimento ilícito.

A omissão dos graduados do Destacamento de Polícia de

Veríssimo era flagrante e ostensiva.

Era prática constante do filho do Vereador

ADALBERTO, de nome LUIZ ALBERTO XAVIER DA COSTA, e do filho do Sgt

EURÍPEDES, cujo nome não é possível informar ainda, dirigirem pela cidade em que

pese serem menores de idade à época. Todo mundo sabia dessa situação e nada

acontecia.

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Os testemunhos do Sd PYRAMIDES (fls.66/72), Sd

THIAGO (fls.73/79), do Sd SILVIO (fls.80/85) e Sd NILTON (fls.130/132) são

uníssonos nesse sentido. No mesmo sentido é o depoimento da testemunha MOISFRAN

(fls.122/123)

Segundo o Sd PYRAMIDES, havia orientação dos

graduados para que os soldados não efetuassem a apreensão do filho do Vereador

ADALBERTO, menor de idade.

Quanto ao filho do Sgt EURÍPEDES, este próprio admitiu

que o mesmo dirigia o caminhão para fretes na vias da zona rural, não admitindo que ele

o tenha dirigido na cidade. (depoimento de fls.109/113). Esclarece o Sgt EURÍPEDES

que o veículo era seu e depois vendeu a seu filho.

Houve, também, vistas grossas em relação à pessoa

inabilitada de nome ANGÉLICA JESUS DA SILVA, por parte do graduado Sgt

EURÍPEDES. Este graduado chegou a procurar pela referida senhora para exigir

dinheiro para deixá-la circular livremente pela cidade e sem fazer sua prisão. Recebeu

dela a quantia de R$ 100,00, metade em carne de boi e metade em dinheiro. O Sgt

EURIPEDES teria dito a ANGÉLICA que enquanto ele fosse comandante do

Destacamento ela poderia circular livremente pela cidade e nada lhe aconteceria. Isto

está demonstrado pelo depoimento de ANGÉLICA a fls.96, e bem assim pelos

depoimentos do Sd THIAGO (fls.73/79), de SILVIA HELENA (fls.144) e de

MERIANNE DA SILVA (fls.145).

Na operação realizada no dia 10 de dezembro de 2010,

desencadeada na cidade pelo CAP WESLEI RODRIGUES ROSA, conforme se vê de

seu depoimento de fls.138/139, em quatro horas de trabalho, houve condução do menor

LUIZ ALBERTO XAVIER DA COSTA e a prisão de seu pai o Vereador

ADALBERTO LUIS DA COSTA, sendo o primeiro pelo fato de dirigir uma

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caminhoneta GM modelo C14, placa GZG-9217, e o segundo pelo fato entregar veículo

a menor de idade (seu filho). Houve lavratura de boletim de ocorrência nesse sentido a

fls.37/42.

06 - Utilização de veículo oficial para fins particulares.

O graduado e comandante do Destacamento Sgt

EURÍPEDES utilizou-se de viatura, em diversas ocasiões, para fins particulares.

Era freqüente o Sgt EURÍPEDES levar sua filha até à

Rodovia para que ela pudesse pegar o ônibus para ir à Escola Tiradentes, na cidade de

Uberaba. A Rodovia fica distante 12 Km da cidade de Veríssimo. No período da tarde,

ele novamente ia buscar a filha na Rodovia, quando esta retornava da Escola.

Era comum o referido graduado levar sua família para a

área rural, para passear, sendo que em uma dessas vezes ele levou a família em uma

cachoeira e prainha existentes no Município de Veríssimo, e bem assim para pescar.

Houve situação em que o Sgt EURÍPEDES chegou a

colocar seu filho menor na viatura oficial e com ele fazer patrulhamento pela cidade.

Nesse sentido sãos depoimentos do Sd.PYRAMIDES

(fls.66/72), o Sd SILVÍO (fls.80/85) e o Sd THIAGO (fls.73/79. A testemunha BRUNO

DOS SANTOS também afirma em seu depoimento de fls.87 que viu o referido

graduado e família e a viatura oficial numa prainha existente perto da cidade.

O próprio graduado, em seu depoimento de fls.109/113,

reconhece que duas ou três vezes chegou a fazer uso de veículo oficial, justificando que

isso se deu quando seu carro teria estragado em via pública. Sobre seu filho, admitiu que

já chegou a colocá-lo em viatura oficial quando de patrulhamento pela cidade, mas isso

se deu quando estava sozinho e pelo fato que estava com problemas do coração.

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O Sgt LOPES chegou a fazer uso de veículo nesse

sentido. Isso se deu quando a sra.ADILMA o procurou no Destacamento para obter

ajuda para a localização de imóvel para fim de instalação de prostíbulo na cidade. O

graduado colocou referida senhora no veículo oficial e passeou pela cidade, fazendo-se

acompanhar o elemento identificado pelo apelido de TATU, filho do então Prefeito de

Veríssimo.

07 - Utilização de bens (móveis e imóvel) e de energia

elétrica, para fim de criação de galinhas e seu abate nas

dependências da sede do Destacamento;

O graduado e Sgt EURÍPEDES, quando assumiu o

comando do Destacamento em substituição ao Sgt LOPES, passou a criar galinhas no

imóvel. A criação visava a interesses pessoais. Não se sabe se visava fins lucrativos

.

Além dessa situação, o referido graduado levou para

dentro do Destacamento um aparelho FREEZER particular, para acondicionar as

galinhas que fossem ali abatidas. Com isso, além do uso do imóvel indevidamente, ele

fez uso da energia elétrica do imóvel, cujo tempo de uso não ficou apurado na fase

inquisitorial.

O próprio graduado Sgt EURÍPEDES admite os fatos em

seu depoimento de fls.109/113, asseverando que não tinha autorização para a criação de

aves e uso de energia elétrica do imóvel. Ele justificou que a criação das galinhas seria

para a festa de confraternização de final de ano para os militares do Destacamento,

situação esta desconhecida por todos estes militares.

08 - Favorecimento ao tráfico ilícito de armas.

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Há informações de testemunhas que o Sgt LOPES se

prontificou a intermediar a venda de uma arma de fogo para o indivíduo conhecido

como CAPIVARA, de nome LUIZ CARLOS FERNANDES, com o propósito de lucro.

A venda seria para uma mulher, cujo nome não foi revelado.

O próprio CAPIVARA afirma em seu depoimento de

fls.97/98 que conseguiu adquirir uma arma de um cigano e perguntou ao graduado Sgt

LOPES se conseguiria munição para si. Segundo ele, o graduado pediu-lhe para levar a

arma até o Destacamento, pois que havia uma mulher interessada na sua aquisição. O

referido CAPIVARA assevera que não chegou a levar a arma, pois não sabia da real

intenção do graduado, desconfiando que ele pudesse apreender a arma.

Há relatos de policiais militares – Sd.PYRAMIDES

(fls.66/72), Sd. NILTON (130/132), Sd.THIAGO (fls.73/79) e Sd SÍLVIO (fls.80/85) –

de que uma arma de fogo havia sido repassada por CAPIVARA ao Sgt LOPES. E que

este chegou a fornecer munições ao referido indivíduo, o que teria ocorrido por mais de

uma vez.

09 - Revelação de programação de operações de

caráter repressivo, de que detinham conhecimento em

razão das funções.

Era comum os graduados Sgt EURÍPEDES e Cb

VALTER passarem informações sigilosas às pessoas do povo na cidade de Veríssimo.

O Sd.PYRAMIDES (fls.66/72) afirma que certa vez os

mencionados graduados participaram de uma reunião com o comandante do 4º BPM,

TenCel LUNARDI, onde este disse que mandaria soldados alunos para a cidade de

Veríssimo. No outro dia, “toda a cidade já estava sabendo e ficavam perguntando sobre

a operação”. Nesse sentido é o depoimento do Sd.SÍLVIO (fls.80/85).

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O Sd.THIAGO e Sd.SÍLVIO tomaram conhecimento de

pessoas na cidade de que haviam sido avisadas que teria operação para repressão ao

crime. Essas informações eram repassadas principalmente para os lugares alvos de

drogas, bar do baiano e jogo do bicho.

A testemunha MÁRCELO LÉLIS CAETANO, em seu

depoimento de fls.89, asseverou que em determinada data foi procurado pelo Sgt

EURÍPEDES, que o orientou a guardar o carro que estava com a documentação

atrasada, pois iria ser realizada uma operação na cidade, mas que isso acabou não

acontecendo.

Nesse mesmo sentido é o depoimento da testemunha

MARCO AURÉLIO DOS SANTOS HORTÊNSIO (fls.88), que afirma ter ouvido

comentários na cidade de que quando há operações as pessoas são avisadas com

antecedência.

Os valores a serem ressarcidos dependerão, naturalmente,

de apuração em liquidação de sentença.

Dá-se por encerrada a descrição de todas as

irregularidades, passando a seguir para os fundamentos jurídicos propriamente da

pretensão exordial, não obstante vários desses fundamentos já terem sido apresentados

quando da análise dos fatos tido como irregulares. E isso foi necessário para visualizar e

entender, com maior facilidade, o porquê dos fatos noticiados e a sua própria dinâmica

em si.

III — DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

Feito esta exaustiva e completa apuração e comprovação

dos fatos narrados e noticiados, consistentes em inúmeras irregularidades e práticas

fraudulentas e omissões dolosas, com prejuízos sérios ao patrimônio público e à

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moralidade administrativa, e bem assim a identificação de todos os seus responsáveis,

torna-se imperioso promover o devido enquadramento ou adequação dos fatos reais

aos fatos abstratos.

Importa dizer aqui que essa operação — adequação ou

enquadramento — se fará quanto aos fatos abstratos considerados condutas ímprobas e

tipificadoras dos atos de improbidade administrativa de que trata a Lei federal nº 8.429,

de 02 de julho de 1992, que regulamenta o artigo 37 caput e § 4º da Constituição

Federal, em seus artigos 9º, 10 e 11 e respectivos incisos, buscando a efetivação plena

das conseqüências previstas no artigo 12 e incisos, implicando estes últimos em

violação do princípio da probidade administrativa.

Não bastasse essa responsabilidade pela prática de

improbidade administrativa, de natureza "sui generis" ou eclética, tem-se a

responsabilidade civil para uma completa proteção do patrimônio público e social,

buscando o pleno ressarcimento deste.

Por que "sui generis" ou eclética? Porque o ato de

improbidade congrega conseqüências de natureza diversa, quais sejam, administrativa

— com a perda do cargo, função, emprego ou mandato; política — com a suspensão dos

direitos políticos; e civil — com a responsabilização pelos danos patrimoniais e morais

causados ao patrimônio público e à moralidade administrativa e aplicação de

penalidade consistente na multa de até três vezes o valor da lesão ou do ganho

indevidamente obtido.

Pretende-se com a presente ação principal — com pedidos

cumulativos e alternativos — de forma eficaz e efetiva, proteger integralmente o

patrimônio público e a probidade administrativa violentados pelas ações ilícitas e

imorais acima noticiadas. Essas ações — fatos reais — tipificam condutas ímprobas,

que representam grandes e graves prejuízos à sociedade verissimense, além de

contribuir para o descrédito e desrespeito para com a Administração Pública Estadual e

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à Instituição Polícia Militar, cuja imagem está comprometida e seu conceito abalado

perante a opinião pública em virtude do cometimento das inúmeras, inacreditáveis e

perplexas irregularidades já mencionadas.

De antemão, penetrando na questão dos instrumentos ora

utilizados para a proteção do patrimônio público e moralidade administrativa, é

importante trazer à colação o dispositivo do artigo 83, da Lei 8.078/90 (Código de

Defesa do Consumidor), aplicável à espécie por força do artigo 21, da Lei nº 7.347/85

(Lei da Ação civil Pública), que estabelece: "Para a DEFESA dos direitos e interesses

protegidos por este Código SÃO ADMISSÍVEIS TODAS AS ESPÉCIES DE

AÇÕES CAPAZES DE PROPICIAR SUA ADEQUADA E EFETIVA TUTELA."

(grifo nosso).

Não quer isso significar a utilização de quaisquer

instrumentos processuais para a efetiva tutela de interesses desse jaez, já que isso

significaria violação e desprezo às técnicas e normas consagradas pela ciência

processual, que as tem criado e construído ao longo de dezenas de anos, proporcionando

a idéia de que se não deverá guardar sintonia e coerência entre os fundamentos jurídicos

e pedidos e nomenclatura das medidas judiciais. Portanto, a definição da nomenclatura

utilizada para a presente ação está consentânea com o núcleo dos objetos dos pedidos —

imediato e mediato — cuja tutela quer tornar efetiva e plena: a responsabilidade pelos

danos causados à moralidade pública, ao patrimônio público, à probidade administrativa

e à imagem da Administração Pública, representada pela Executivo estadual, um dos

Poderes do Estado Democrático de Direito.

O presente Tópico III será, pois, dividido em duas partes

ou sub-tópicos, consistentes em: a) primeira parte onde discorrerá sobre conceituação

geral a respeito da atuação da administração pública e seus agentes políticos e públicos;

b) segunda parte onde serão tratados os atos de violação à PROBIDADE

ADMINISTRATIVA (improbidade administrativa), de que emanam como

conseqüências a suspensão dos direitos políticos do (agente) ímprobo; perda do cargo,

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mandato, função ou emprego; ressarcimento dos danos causados ao erário; e

indisponibilidade dos bens (garantia do efetivo ressarcimento), nos termos dispostos no

artigo 37, parágrafo 4º, da CF. E isto será feito de modo a facilitar a compreensão dos

fundamentos jurídicos e dos pedidos ao final apresentados, guardando o máximo de

coerência e lógica entre a exposição daqueles e a formulação destes, com vistas à plena

concretização do princípio da efetividade da lei, que se busca com o exercício da

presente tutela jurisdicional. Sem a vigorosa e eficiente atuação do órgão jurisdicional

competente, esse princípio ficará comprometido e, por conseqüência, o todo social

estará ressentido e prejudicado. É pois o órgão jurisdicional — quando independente,

imparcial, probo e eficiente — o guardião dos valores, princípios e liberdades públicas

consagrados no Texto Constitucional, o que somente é admitido no Estado Democrático

de Direito.

A— PRIMEIRA PARTE — Da conceituação geral a

respeito da atuação da administração pública e seus

agentes políticos e públicos —:

Para uma completa e apurada definição e adequação das

ações reais às condutas abstratas traçadas no ordenamento jurídico constitucional e

infraconstitucional, no que tange às condutas ímprobas e tipificadoras dos atos de

improbidade administrativa de que trata a Lei federal nº 8.429, de 02 de julho de 1992,

que regulamenta o artigo 37 caput e § 4º da Constituição Federal, — para posterior

aplicação das conseqüências estabelecidas nos casos em que os mesmos incorram em

violação por ações ou omissões dos agentes públicos e terceiros partícipes e

beneficiários diretos ou indiretos, — imperativo se torna discorrer sobre o que o

legislador constituinte e ordinário (ou infraconstituinte) consideraram a respeito da

atuação da administração pública e de seus agentes políticos e públicos.

Importante buscar na Carta da República a disciplina

firmada pelo legislador maior quanto à atuação da administração pública e seus agentes

políticos e públicos.

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O Estado tem como principal finalidade a consecução do

bem geral do povo. Já no preâmbulo da Constituição da nossa República Federativa o

legislador constituinte fez condensar e traçar os objetivos, os fundamentos e os

princípios a que deveria perseguir e materializar, visando à concretização daquela

finalidade, quando diz que

"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia

Nacional Constituinte para INSTITUIR um ESTADO

DEMOCRÁTICO, destinado a assegurar o exercício dos direitos

sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o

desenvolvimento, a igualdade e a justiça como VALORES

SUPREMOS de uma SOCIEDADE fraterna, pluralista e sem

preconceitos, FUNDADA NA HARMONIA SOCIAL e

COMPROMETIDA, na ordem interna e internacional, com a

SOLUÇÃO PACÍFICA DAS CONTROVÉRSIAS, promulgamos, sob

a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

FEDERAL DO BRASIL." (grifo nosso)

Por essa razão, no artigo 1º, o constituinte estabeleceu que

"A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e

Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e

tem como FUNDAMENTOS":

"I — a soberania;

II — a cidadania;

III — a dignidade da pessoa humana;

IV — os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V — o pluralismo político."

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Não sem razão fixou-se no artigo 3º, da Carta Maior, que

a República brasileira tem como OBJETIVOS FUNDAMENTAIS:

"I — construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II — garantir o desenvolvimento nacional;

III — erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as

desigualdades sociais e regionais;

IV — promover o bem de todos, sem preconceitos de

origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas

de discriminação."

Vale, ainda, observar que a Constituição da República fez

consagrar, orientada por aquele grande norte — finalidade principal do Estado: o bem

comum do povo —, em seu artigo 1º, parágrafo único, que "TODO PODER EMANA

DO POVO, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos

termos desta Constituição". E, em consagração ao princípio de separação ou divisão de

poderes talhado por MONTESQUIEU no século das luzes (XVIII), inscreveu-se em seu

artigo 2º que "São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o

Legislativo, o Executivo e o Judiciário". (grifo nosso)

Na lição primorosa do jurista austríaco HANS KELSEN,

a Constituição constitui-se na LEI FUNDAMENTAL DO ESTADO. Como lei maior

de um sistema jurídico, deve condensar em seu seio princípios e normas em absoluta

harmonia, pois do contrário não seria sistema. Destarte, ao tratar da organização

político-administrativa do Estado brasileiro, em seu Título III, Capítulo I e seguintes, em

sintonia com aqueles objetivos e fundamentos acima epigrafados, fez consagrar para a

Administração Pública uma gama de princípios e normas no artigo 37, caput, incisos e

parágrafos.

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Público — Uberab25

Autor....: MP-5ª PJ-CrCEAP — Réus..: Gilberto Eurípedes Bernardes + 4 — Autos..: — V. Cível..: Espécie.: Ação civil pública p/ improbidade administrativa c.c. pedido.... — Tipo-petição.: peça inicial

São princípios cogentes e norteadores para administração

pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios, os seguintes:

legalidade

impessoalidade

moralidade

publicidade

eficiência

Estes princípios são, em verdade, descendentes dos

princípios nucleares consagrados pelo legislador constituinte ao estabelecer no artigo

1º, da Constituição Federal, a espinha dorsal da ordem jurídico-constitucional, quando

diz que o Brasil é uma República e que se constitui em Estado Democrático de Direito,

quais sejam

estado de direito

republicano

democrático

Deverá, pois, o agente público, no exercício do poder

estatal, obedecer a estes princípios maiores e a outros expressos de forma explícita ou

implicitamente, e bem assim às normas insertas no ordenamento constitucional, em

especial no referido dispositivo do artigo 37, caput, incisos e parágrafos, e mesmo no

ordenamento infraconstitucional. O seu descumprimento implicará em desvio de

finalidade ou abuso de poder, sujeitando-se às conseqüências previstas pelo

ordenamento jurídico ordinário e constitucional.

É imperativo que o administrador público, como agente

do Estado, exercite o poder que lhe é conferido pelas leis de modo a atender à finalidade

primordial daquele ente: a concretização do bem geral do povo. Portanto, no exercício

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do poder político ou estatal que lhe é conferido, em busca da materialização deste

objetivo estatal, fica o agente público adstrito aos limites impostos pelo ordenamento

jurídico, exsurgindo daí que somente poderá atuar dentro dos limites estabelecidos pelo

ordenamento jurídico, tanto nas situações em que lhe é imposta uma conduta vinculada

quanto naquelas em que lhe é possível uma atuação discricionária.

Vale anotar aqui a lição do saudoso mestre HELY LOPES

MEIRELLES, ao tratar dos princípios básicos da Administração Pública, em sua

imorredoura obra "Direito Administrativo Brasileiro", pág.82, 22ª edição atualizada,

Editora Malheiros, afirmando que

"A eficácia de toda atividade administrativa está condicionada ao

atendimento da lei."

Acrescenta, ainda, o eminente administrativista:

"Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal.

Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não

proíbe, na Administração Pública SÓ É PERMITIDO FAZER O

QUE A LEI AUTORIZA. A lei para o particular significa "poder fazer

assim"; para o administrador público significa "DEVE FAZER

ASSIM"." (grifo nosso)

Todo esse arcabouço jurídico — doutrinário e legal —

orientará o debate a respeito dos dois principais fundamentos adiante explicitados.

B — SEGUNDA PARTE — Dos atos de violação à

PROBIDADE ADMINISTRATIVA (improbidade

administrativa), de que emanam como conseqüências a

suspensão dos direitos políticos do (agente) ímprobo;

perda do cargo, mandato, função ou emprego;

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ressarcimento dos danos causados ao erário; e

indisponibilidade dos bens (garantia do efetivo

ressarcimento) —:

Nesta parte, para a eficiente operação de adequação ou

enquadramento das ações reais às condutas abstratas traçadas no ordenamento jurídico

constitucional e infraconstitucional, quanto aos fatos consistentes em atos de violação à

PROBIDADE ADMINISTRATIVA, torna-se imperativo discorrer sobre o que o

legislador ordinário ou infraconstituinte considerou atos de improbidade

administrativa e quais as conseqüências estabelecidas nos casos em que os mesmos

incorram em violação por ações ou omissões dos agentes públicos e terceiros partícipes

e beneficiários diretos ou indiretos.

Portanto, aqui serão tratados a respeito dos atos violadores

da PROBIDADE ADMINISTRATIVA, ou seja, das condutas ímprobas e tipificadoras

dos atos de improbidade administrativa de que cuida a Lei federal nº 8.429, de 02 de

julho de 1992, insertos em seus artigos 9º, 10 e 11 e respectivos incisos, que

regulamenta o artigo 37 caput e § 4º da Constituição Federal, extraídas dos atos e ações

noticiados no tópico I — DOS FATOS, e que serão melhor demonstrados em tópico

adiante, em que se fará a adequação ou enquadramento dos fatos reais aos fatos

abstratos no aspecto debatido neste sub-tópico.

Serão debatidas, ainda, as conseqüências que emanam

dessas condutas de improbidade, previstas no artigo 12 e incisos, da referida lei, quais

sejam: suspensão dos direitos políticos do (agente) ímprobo; perda do cargo, mandato,

função ou emprego; ressarcimento dos danos causados ao erário; e indisponibilidade dos

bens (garantia do efetivo ressarcimento).

Far-se-á, ainda, uma narrativa do conceito de probidade e

improbidade administrativa e de outros princípios norteadores da Administração

Pública, o que contribui para a completa compreensão de toda a sistemática jurídica

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atinente à atividade administrativa da Administração Pública e aos seus agentes públicos

e políticos.

Feito isso, vale asseverar que a nossa Lei Fundamental,

em seu artigo 37, parágrafo 4º, ao tratar das conseqüências em caso de o administrador

público praticar ações que impliquem em desobediência aos comandos constitucionais

e legais, consistindo em atos de improbidade administrativa, fez inserir severas

penalidades, dentre elas as seguintes:

suspensão dos direitos políticos;

perda da função pública;

indisponibilidade dos bens;

ressarcimento dos danos causados ao erário.

Importa lembrar que, além destas graves conseqüências,

de natureza diversa ou vária — administrativa, política e civil —, fica o administrador

público ímprobo sujeito à responsabilidade penal.

São estes os termos do mencionado dispositivo:

"Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos

direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos

bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em

lei, sem prejuízo da ação penal cabível." (grifo nosso)

Necessário — como já dito acima — discorrer sobre o que

são atos de improbidade administrativa, que ensejam a aplicação das penalidades

previstas no dispositivo constitucional. A seguir cuidar-se-á da definição doutrinária e

legal dos mencionados atos, fazendo-se ainda uma remissão ao entendimento e

posicionamento da jurisprudência pátria.

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No conceito doutrinário, improbidade administrativa

significa a negação ou violação dos princípios e valores informadores da atividade

administrativa do Estado por seus agentes, motivados por inferiores interesses pessoais

e de grupos. É a corrupção administrativa, que representa a perda ou inexistência de

senso de valor e moral por parte do agente público. É a perversão, a destruição, a

depravação dos valores humanos, morais e espirituais consagrados por uma determinada

comunidade e num determinado tempo em seu ordenamento jurídico.

Na dicção do eminente jurista JOSÉ AFONSO DA

SILVA, o conceito de MORALIDADE ADMINISTRATIVA não se confunde com o

de PROBIDADE ADMINISTRATIVA, significando esta uma forma daquela. Seria

aquela gênero; esta espécie. Para se compreender a distinção entre uma e outra,

necessário conceituá-las.

Na afirmação do mestre JOSÉ AFONSO, in "Curso de

Direito Constitucional Positivo", pág.616, 14ª edição, Malheiros, ao falar da moralidade

como princípio constitucional,

"A idéia subjacente ao princípio é a de que a MORALIDADE

ADMINISTRATIVA não é moralidade comum, mas moralidade

jurídica." (grifo do autor) Prosseguindo em sua lição, esclarece o citado

jurista que "Essa consideração não significa necessariamente que o ato

legal seja honesto. Significa, como disse Hauriou, que a moralidade

administrativa consiste no conjunto de "regras de conduta tiradas da

disciplina interior da Administração." (grifo nosso).

Em seguida, ao dizer da possibilidade de desfazer o ato

administrativo com base na violação deste princípio, mas conforme a lei, preleciona:

"....a moralidade administrativa não é meramente subjetiva, porque não é

puramente formal, porque tem conteúdo jurídico a partir de regras e

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princípios da Administração. A lei pode ser cumprida moralmente ou

imoralmente. Quando sua execução é feita, por exemplo, com o intuito

de prejudicar alguém deliberadamente, ou com o intuito de favorecer

alguém, por certo que se está produzindo um ato formalmente legal, mas

materialmente comprometido com a moralidade administrativa." (grifo

do autor e nosso)

Para HELY LOPES MEIRELLES (in Direito

Administrativo Brasileiro, pág.83/84, 22ª edição, Malheiros), fazendo referência a

HAURIAU,

"A moralidade administrativa constitui, hoje em dia, pressuposto de

validade de todo ato da Administração Pública (DF, art.37, caput). Não

se trata — diz Hauriou, o sistematizador de tal conceito — da moral

comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como "o conjunto de

regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração".

Segundo HAURIOU, citado por HELY LOPES, "o agente

administrativo, como ser humano dotado da capacidade de atuar, deve,

necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o honesto do desonesto. E,

ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta.

Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o

injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas

também entre o honesto e desonesto." Após dizer que "o ato

administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também

a lei ética da própria instituição, porque nem tudo que é legal é honesto,

conforme já diziam os romanos: "non omne quod licet honestum este", o

mestre francês citado por HELY MEIRELLES conclui que "A moral

comum é imposta ao homem para sua conduta externa; a moral

administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna,

segundo as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua

ação: o bem comum." (grifo do autor e nosso)

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Não diferente é o entendimento de CELSO ANTÔNIO

BANDEIRA DE MELLO, ao discorrer sobre o princípio da moralidade administrativa,

in "Curso de Direito Administrativo, 8ª edição, Malheiros, página 69, para quem, de

acordo com tal princípio,

"a Administração e seus agentes têm de atuar na conformidade de

princípios éticos. Violá-los implicará violação ao próprio direito,

configurando ilicitude que assujeita a conduta viciada a invalidação,

porquanto tal princípio assumiu foros de pauta jurídica, na

conformidade do art.37 da Constituição."(grifo nosso)

Assevera, ainda, o ilustre jurista, fazendo referência ao

mestre espanhol JESUS GONZALES PERES,

que no âmbito do princípio da moralidade compreendem-se os

"chamados princípios da lealdade e boa-fé", fazendo acrescentar que em

obediência a estes "cânones" a Administração "haverá de proceder em

relação aos administrados com sinceridade e lhaneza, sendo-lhe

interdito qualquer comportamento astucioso, eivado de malícia,

produzido de maneira a confundir, dificultar ou minimizar o

exercício de direitos por parte dos cidadãos." (grifo nosso)

Arrematando a definição de moralidade administrativa,

o eminente Ministro JOSÉ AUGUSTO DELGADO do SUPERIOR TRIBUNAL DE

JUSTIÇA, em artigo publicado na RT nº 680, páginas 34/46 ("O Princípio da

Moralidade Administrativa e a Constituição Federal de 1988"), leciona que

"A moralidade comum se baseia em um conjunto sistemático de normas

que orientam o homem para a realização de seu fim. Isto é, o do homem

realizar, pelo exercício de sua liberdade, a perfeição de sua natureza. O

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caráter de generalidade posto na moralidade comum é o traço marcante

diferenciador da moralidade administrativa. Esta, ao contrário da

moralidade comum, implica, tão-somente, na necessidade de que os

atos externos e públicos dos agentes detentores de poder e de

atribuições sejam praticados de acordo com as exigências da moral e

dos bons costumes, visando uma boa administração." (grifo nosso)

Em outro tópico, assim pronuncia o ilustre Ministro:

"O bem administrar se constitui numa atuação conjuntural que produza,

eficazmente, condições para que o fim a que se destina o Estado seja

atingido. Por isso, se torna bem claro que bem comum e moralidade

administrativa são ideais que jamais se podem objetivar de modo total

em simples regramento de direito positivo. Eles se caracterizam e se

tornam visivelmente presentes através das ações concretas do

administrador público quando se apresentam totalmente desprovidas

de qualquer desvio ou abuso de poder. A moralidade administrativa,

como a moralidade comum, é imanente ao direito por não exprimir-lhe

mais que a própria validez da norma. Ela é parte íntima do direito

positivo, que a tem como pressuposto fundamental. A sua violação

implica em tornar inválido e censurável o ato praticado com apoio

na norma, mesmo que não exista qualquer dispositivo regrado

expresso dizendo a respeito."

Finalizando seu pensamento, diz JOSÉ DELGADO:

"A obediência ao princípio da moralidade administrativa impõe ao agente

público que revista todos os seus atos das características de boa-fé,

veracidade, dignidade, sinceridade, respeito, ausência de emulação,

de fraude e de dolo. São qualidades que devem aparecer, de modo

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explícito, em todos os atos administrativos praticados, sob pena de serem

considerados viciados e sujeitos aos efeitos da nulidade." (grifo nosso)

Por último, vale anotar o lúcido entendimento esposado

pelo Ministro-aposentado DEMÓCRITO RAMOS REINALDO, do egrégio SUPERIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA, em artigo publicado na RT nº 711, páginas 17/22, intitulado

"O Princípio da Moralidade na Administração Pública....", cujo teor é o seguinte:

“A Constituição Federal, como se afirmou, alhures, elevou de forma

explícita, a “moralidade” administrativa ao primado de princípio,

cognado ao da “legalidade”, erigindo-a em interesse social relevante

e juridicamente protegida, ao mesmo tempo em que legitimou o

cidadão brasileiro a postular a declaração de nulidade de qualquer

ato administrativo violador do princípio ético tutelado. O

constituinte, portanto, estabeleceu nítida distinção: “juridicizou a

“moralidade”, definindo-a como “princípio”, para viger,

paralelamente, com o da “legalidade”. A distinção é evidente e

necessária. A moralidade administrativa integra o direito

(constitucional) como elemento de observância indeclinável

(irretorquível), mas não está ínsita na legalidade, nem desta constitui

corolário. O legislador constituinte, ao instituir o princípio, não cuidou

do mero “reenvio” da norma legal à moral, mas, atribui à moralidade

administrativa relevância jurídica, de eficácia plena e mandamental

autônoma — e de vida própria. .... Decorre, daí, que não basta que o

administrador se atenha ao estrito cumprimento da legalidade,

devendo a sua atividade ser balizada e informada pelo princípio

ético, porquanto a declaração de nulidade constitui sanção

constitucional à moralidade administrativa (art.5º, XIX). Cabe, pois,

ao administrador, ao firmar o ato, atender a ambos os princípios. Não

importa, ainda, que o ato administrativo seja “vinculado” (ou regrado), e

que tenha preenchido todas as solenidades exigidas na lei. A moralidade

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alcança os atos da administração de qualquer natureza, sejam

“regrados ou discricionários”. O ato pode ser legal e, ao mesmo

tempo, imoral, incidindo na eiva de inconstitucionalidade.”(grifo

nosso)

Avança o eminente Ministro DEMÓCRITO REINALDO

na exposição de seu pensamento, acrescentando:

“Ouso pensar que, com o advento da nova ordem constitucional, as

teorias sobre o “abuso de poder” perderam, em substância. O que

importa, agora, é que a ação do Administrador se componha nos

limites da “lei” e da “moral”, em cumulação. Não importa indagar,

ainda, se o ato é “vinculado ou discricionário”, ou, se, em relação ao

último, existiu ou não, desvio de finalidade (ou outros quaisquer vícios).

Havendo afronta à moralidade, o ato se inquina de “nulo”, ipso

facto, por contrariar princípio constitucional. Não há, aí, de

perquirir se houve dano à Administração (ou maltrato ao interesse

público) porque este é presumido juris et de jure. A nulidade

independe de verificação do resultado, porque o ato “imoral” é ato

“inconstitucional”, nulo, ineficaz.”(grifo nosso)

No que diz ao conceito de PROBIDADE

ADMINISTRATIVA, adverte o citado jurista JOSÉ AFONSO, na obra mencionada,

que ela

“é uma forma de moralidade administrativa que mereceu consideração

especial pela Constituição que pune o ímprobo com a suspensão de

direitos políticos (art.37, § 4º)”.

Na dicção do citado mestre,

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"A probidade administrativa consiste no dever de o "funcionário

servir a Administração com honestidade, procedendo no exercício

das suas funções, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas

decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira

favorecer". Cuida-se de uma imoralidade administrativa qualificada.

A improbidade administrativa é uma IMORALIDADE

QUALIFICADA pelo dano ao erário e correspondente vantagem ao

ímprobo ou a outrem." (grifo do autor e nosso)

Segundo este jurista,

a violação da moralidade administrativa tem como conseqüência a

"invalidade do ato administrativo"; mas a "improbidade administrativa é

tratada ainda com mais rigor, porque entra no ordenamento

constitucional como causa de suspensão dos direitos políticos do

ímprobo". (grifo nosso - obra citada, página 617)

Para o mestre MARCELO FIGUEIREDO, doutorando e

professor na PUC-SP, in "Probidade Administrativa....", 2ª edição, Malheiros,

após dizer que o princípio da moralidade administrativa "é de alcance

maior, é conceito mais genérico a determinar a todos os "poderes" e

funções do Estado atuação conforme o padrão jurídico da moral, da boa-

fé, da lealdade, da honestidade", assevera que "a probidade......volta-se

a particular aspecto da moralidade administrativa". (grifo nosso)

Acrescenta, ainda, o ilustre professor de direito

constitucional:

"Parece-nos que a improbidade está exclusivamente vinculada ao

aspecto da conduta (do ilícito) do administrador. Assim, em termos

gerais, diríamos que viola a probidade o agente público que em suas

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ordinárias tarefas e deveres (em seu agir) atrita os denominados "tipos"

legais. A probidade, desse modo, seria o aspecto "pessoal-funcional"

da moralidade administrativa. Nota-se de pronto substancial diferença.

Dado agente pode violar a moralidade administrativa e nem por isso

violará necessariamente a probidade, se na análise de sua conduta não

houver a previsão legal tida por ato de improbidade." (grifo do autor e

nosso).

Feita esta digressão, imperiosa é a fixação do conceito de

ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, que nada mais significa do que a

violação e o afrontamento aos princípios nucleares da ordem jurídica, aos princípios

norteadores da Administração Pública, aos deveres e regras de conduta impostos ao

administrador para o exercício eficiente da atividade administrativa visando ao bem

comum geral do povo, resultando ou proporcionando vantagens indevidas e prejuízos ao

patrimônio público e social.

A improbidade administrativa, conforme ensinamento

do mestre JOSÉ AFONSO DA SILVA, "É UMA IMORALIDADE QUALIFICADA

PELO DANO AO ERÁRIO E CORRESPONDENTE VANTAGEM AO

ÍMPROBO OU A OUTREM". (in obra citada, página 616)

Numa definição vulgar, constitui-se ela em

CORRUPÇÃO ADMINISTRATIVA, que se apresenta sob diversas formas e matizes.

É o desvirtuamento, a devassidão, a prevaricação, a degradação, a perversão de valores

democráticos, humanos, espirituais e princípios morais e deveres tais como lealdade,

boa-fé, sinceridade, dentre outros, cometidos pelos agentes públicos no exercício de sua

função, cargo, emprego ou mandato, objetivando fins e vantagens ilícitos espúrios,

indevidos.

Para arrematar, vale transcrever o conceito conciso e claro

firmado pelos juristas MARINO PAZZAGLINI FILHO, MÁRCIO FERNANDO ELIAS

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ROSA e WALDO FAZZIO JÚNIOR, membros do Ministério Público paulista, em sua

obra intitulada "IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - ASPECTOS JURÍDICOS DA

DEFESA DO PATRIMÔNO PÚBLICO", 3ª edição, Atlas, página 40, a saber:

“Na ontologia jurídica, a improbidade administrativa é um fato

jurídico e, como tal, uma conduta humana positiva ou negativa, de

efeitos jurídicos involuntários. Inserta na categoria das ilicitudes, sua

prática, quando detectada, acarreta para seu autor sanções civis,

administrativas e, quase sempre, criminais, posto tratar-se de ilícito pluri-

objetivo, quer dizer, agride de uma só vez diversos bens jurídicos

tutelados pelo Direito Privado, pelo Direito Público e, dentro deste, pelo

Direito Penal." (grifo nosso)

Já na dicção do eminente MARCELO FIGUEIREDO,

após reconhecer a dificuldade doutrinária na fixação dos limites da "improbidade",

“...genericamente, comete maus-tratos à probidade o agente público ou o

particular que infringe a moralidade administrativa." (grifo nosso)

Na regulamentação do artigo 37, § 4º, da Constituição

Federal, o legislador ordinário fez inscrever três categorias ou espécies de atos de

improbidade administrativa:

os que importam enriquecimento ilícito do agente público

os que causam prejuízos ou danos ao erário (fisco)

os que atentam contra os princípios da Administração

A Lei nº 8.429, de 03/06/92 — que regulamentou o

dispositivo constitucional do artigo 37, § 4º — traz em seus artigos 9º, 10 e 11 as

condutas tipificadoras dos atos de improbidade administrativa. No caput de cada artigo,

contém a descrição genérica da conduta e nos seus incisos enumera as várias condutas

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ou ações que configuram aqueles atos ímprobos. Pela leitura do caput, que descreve um

tipo aberto ou genérico, observa-se que as condutas enumeradas em seus incisos NÂO

ESTÃO descritas em "numerus clausus", mas de forma exemplificada ou

enumerativa.

No artigo 9º, caput, o legislador cuida dos atos de

improbidade que IMPORTAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO do agente público,

numa descrição genérica, cabendo aos incisos as condutas tipificadas e que guardam

correspondência com o núcleo daquele. As condutas típicas insertas no caput e incisos

possuem uma característica comum: o agente público aufere vantagem econômica

indevida, para si ou para outrem, em razão do exercício pernicioso do cargo,

função, mandato, emprego ou atividade pública. O teor deste dispositivo é o

seguinte:

"Constitui ato de improbidade administrativa IMPORTANDO

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO auferir qualquer tipo de vantagem

patrimonial indevida em razão do exercício do cargo, mandato, função

emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art.1º desta Lei, e

notadamente." (grifo nosso)

Já no artigo 10, caput, estão previstos os atos ímprobos

que CAUSAM LESÃO AO ERÁRIO, numa tipificação genérica. Nos seus incisos,

traz enumeradas de forma exemplificada as condutas típicas que representam várias

hipóteses de prejuízo ao erário, guardando sintonia com o dispositivo nuclear: qualquer

ação ou omissão — dolosa ou culposa — praticada pelo agente público que enseje o

acarretamento de perda patrimonial ao erário. São estes os dizeres do artigo em

referência:

"Constitui ato de improbidade administrativa QUE CAUSA LESÃO

AO ERÁRIO, qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que

enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou

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dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art.1º desta

Lei, e notadamente:" (grifo nosso)

Por sua vez, o dispositivo do artigo 11, da referida Lei nº

8.429/92, prevê a conduta de improbidade ATENTATÓRIA AOS PRINCÍPIOS

NORTEADORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DEVERES IMPOSTOS

AOS SEUS AGENTES, numa tipificação genérica. Nos seus incisos, enumera as várias

modalidades de conduta caracterizadoras de improbidade administrativa, guardando

correspondência com o dispositivo nuclear contido no caput do referido artigo:

qualquer ação ou omissão que cause violação aos princípios da Administração —

legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade — e aos deveres legais e éticos

no exercício da atividade administrativa — honestidade, imparcialidade, lealdade.

Estabelece o artigo:

"Constitui ato de improbidade administrativa QUE ATENTA

CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINIS-TRAÇÃO PÚBLICA

qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,

imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente."

(grifo nosso)

Vale asseverar que, não obstante o disposto no artigo 5º,

da citada lei, prever que se dará o integral ressarcimento dos danos causados ao

patrimônio público, quando ocorrer "ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente

ou de terceiro", está assente na doutrina que nem todas as condutas tipificadas nos

referidos dispositivos legais admitem a responsabilização decorrente de culpa, seja

mediante ação ou omissão. A conduta firmada no elemento subjetivo culpa somente é

admissível no artigo 10, quando expressa "qualquer ação ou omissão, dolosa ou

culposa"; mas é bom ressaltar que não é possível atribuí-la ao agente que exerce a

função licitamente, não obstante descurar das regras impositivas de sua conduta

funcional. A imposição de qualquer das condutas tipificadas no referido artigo 10 e

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incisos só é possível ao agente que praticar uma conduta ilícita, seja por ação ou

omissão, informada pelo dolo ou culpa.

Para clarear este entendimento, vale anotar o ensinamento

dos ilustres membros do Parquet paulista MARINO PAZZAGLINI FILHO, MÁRCIO

FERNANDO e WALDO FAZZIO, ao discorrerem sobre o referido dispositivo legal e

seus incisos, in "Improbidade Administrativa...", página 75, a saber:

"A interpretação há de ser sistemática. O que a lei visa reprimir, neste

dispositivo, é a conduta ilegal. Não intenta punir quem, agindo

legalmente, por culpa, cause prejuízo ao patrimônio público. Apenas a

perda patrimonial decorrente de ILICITUDE, ainda que culposa,

ensejará a punição do agente público nas sanções do art.12, inciso II."

(grifo nosso)

Prosseguem em sua lição, mais adiante, à página 76:

"O ato de improbidade administrativa supõe que a conduta lesiva ao

erário, dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva, seja ILEGAL." (grifo

nosso)

....................

"Agente público imprudente é o que age sem calcular as conseqüências,

previsíveis para o erário, do ato que pratica. Negligente é o que se

omite no dever de acautelar o patrimônio público. Tanto um como outro

descumprem dever elementar imposto a todo e qualquer agente

público, qual seja, o de zelar pela integridade patrimonial do ente ao

qual presta serviços, à medida que trata-se de patrimônio que, não

sendo seu, a todos interessa e pertence." (grifo nosso)

Acrescentam, por fim, os ilustre juristas:

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"Quando a lei usa a expressão perda patrimonial não significa prejuízo

ou qualquer prejuízo, mas, isto sim, prejuízo decorrente de ação ou

omissão ILEGAIS, vale dizer, lesão, dano."

Já as figuras ímprobas estampadas nos artigos 9º e 11, em

seus caput e incisos, do citado diploma legal, exigem para sua consumação ou

ocorrência, como elemento subjetivo, o dolo, seja através de uma conduta comissiva ou

omissiva. Imperativo, pois, que as condutas ali tipificadas sejam cometidas pelo agente

público ou terceiro com consciência da ilicitude e a vontade de realizar o ato

antijurídico.

Impõe-se, agora, discorrer a respeito dos sujeitos ativos e

passivos dos atos de improbidade administrativa.

Na condição de sujeito passivo, a citada Lei 8.429/92

coloca em seu artigo 1º e § único a pessoa jurídica de direito público interno — União,

Estado, Distrito Federal, Território, Município, Autarquia — e a pessoa jurídica de

direito privado — empresa pública, sociedade de economia mista, empresa com

envolvimento de capitais públicos ou controlado pelo Poder Público. Em resumo, trata-

se da administração pública direta e indireta e fundacional. Assim qualquer entidade

pública ou particular que tenha participação de dinheiro público em seu patrimônio ou

receita anual pode figurar como sujeito passivo dos atos ímprobos.

A seu turno, como sujeito ativo dos atos de improbidade

administrativa, segundo o mencionado artigo 1º, caput, são colocados o agente público,

seja ele servidor ou não, e o particular.

Para a citada Lei, o conceito de agente público é bastante

elástico, consistindo toda pessoa que exerce, permanente ou transitoriamente, com ou

sem remuneração, em virtude de qualquer forma de investidura ou vínculo, seja por

nomeação, eleição, designação ou contratação, cargo, mandato, emprego ou função na

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administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer das esferas de

governo, e bem assim em empresa incorporada ao patrimônio público ou ente privado

para cuja criação ou custeio o erário tenha concorrido ou concorra, ou, ainda, em ente

subvencionado, beneficiado ou incentivado por órgão público. Procurou-se, destarte,

açambarcar todo o tipo de servidor e de exercício de função pública, bem assim a forma

de ingresso no setor público ou entidade de que o poder público participe.

Além do agente público, são aplicáveis as disposições da

referida Lei contra o particular que contribua de alguma forma para prática dos atos de

improbidade administrativa, induzindo ou concorrendo, e bem assim aquele que seja

beneficiário de forma indireta ou direta.

Vale transcrever os dispositivos retromencionados:

"Artigo 2º — Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo

aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por

eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de

investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades

mencionadas no art. anterior." (grifo nosso)

"Artigo 3º — As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,

àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para

a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma

direta ou indireta." (grifo nosso)

Feita esta definição, imperativo, antes de passar à análise

das condutas concretas praticadas pelos Réus, tecer comentários sobres as sanções

previstas na referida Lei nº 8.429/92 para o agente público ou particular que pratique

atos de improbidade administrativa tipificados nos seus artigos 9º, 10 e 11. Tais sanções

estão previstas no artigo 12, caput e incisos I a III.

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As sanções cominadas pela referida Lei independem de

outras de natureza penal, civil e administrativa, consoante estabelece o caput do referido

artigo 12. Tais conseqüências ou penalidades previstas para o cometimento do ato de

improbidade fundam-se em outros dispositivos do citado diploma legal. Vale anotar que

são conseqüência ou materialização dos preceitos dos artigos 5º, 6º e 8º, constituindo-se

em pressupostos daquelas.

As conseqüências estabelecidas pelo artigo 12, da

referida Lei, podem ser resumidas da seguinte forma:

perdimento dos bens ou valores auferidos ou acrescentados

ilicitamente ao patrimônio — nas hipóteses dos arts.9º, 10;

ressarcimento integral do patrimônio público lesado — nos casos dos

arts.9º, 10 e 11;

perda da função pública — nas hipóteses dos arts.9º, 10 e 11;

suspensão dos direitos políticos — de oito a dez anos, ocorrendo a

hipótese do art.9º; de cinco a oito, na do art.10; e de três a cinco, no caso

do art.11;

pagamento de multa civil — de até três vezes o valor do acréscimo

patrimonial, no caso do art.9º; de até duas vezes o valor do dano, na

hipótese do art.10º; e de até cem vezes o valor da remuneração recebida

pelo agente, se verificada a situação do art.11;

proibição de contratação com o Poder Público ou de recebimento de

benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, seja direta ou

indiretamente — em se verificando quaisquer hipóteses dos artigos 9º,

10 e 11.

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Vale transcrever os citados dispositivos contendo os

preceitos embasadores destas sanções, a saber:

“Artigo 5º — Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou

omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral

ressarcimento do dano.”(grifo nosso)

“Artigo 6º — No caso do enriquecimento ilícito, perderá o agente

público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos a seu

patrimônio.”(grifo nosso)

“Artigo 8º — O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público

ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta Lei até o

limite do valor da herança.” (grifo nosso)

É importante asseverar que o legislador ordinário previu

ainda que, na dosimetria das penalidades ou sanções acima mencionadas, deverá o

julgador levar em consideração a extensão do dano causado e o proveito patrimonial

auferido pelo agente. É o que preceitua o § único do artigo 12, da referida Lei.

Por último, é salutar fazer anotar que na aplicação das

cominações estipuladas, para a prática de ato de improbidade administrativa, não se

deverá levar em consideração "a efetiva ocorrência do dano ao patrimônio público" e

nem mesmo a "aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo

Tribunal ou Conselho de Contas", consoante prevê o artigo 21, da mesma Lei.

IV — DA ADEQUAÇÃO DAS CONDUTAS

PRATICADAS PELOS RÉUS ÀS CONDUTAS

TIPIFICADAS NA LEI COMO ATOS DE

IMPROBIDADE — ARGUMENTAÇÃO DA

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SUBSUNÇÃO E DEMONSTRAÇÃO DA

RESPONSABILIDADE:

Feita toda esta necessária e imprescindível explanação,

cumpre, neste tópico, adentrar na análise dos fatos concretos e reais noticiados no tópico

II e seus itens — DOS FATOS — desta, atribuídos aos Réus, e conseqüente adequação

aos fatos jurídicos ou condutas tipificadoras dos atos de improbidade administrativa

previstos na Lei de nº 8.429, de 02 de junho de 1992 — conhecida como lei do

“colarinho branco” ou do “enriquecimento ilícito” —, especialmente nos caput e incisos

dos artigos 9º, 10 e 11.

Neste cotejamento, que deverá ser minucioso, em respeito

ao princípio da efetividade da lei, buscar-se-á a individualização das condutas de cada

co-Réu, após fazer um enunciado geral.

Indubitavelmente, as inúmeras e estarrecedoras ações e

omissões irregulares e ilícitas praticadas pelos Réus estão a configurar atos de

improbidade administrativa. Tipificam estes fatos reais as condutas ímprobas

previstas nos dispositivos dos artigos 9º e 11 e vários de seus incisos, da citada Lei nº

8.429/92, correspondendo a duas das três categorias já enunciadas: a) os que importam

enriquecimento ilícito do agente público; b) os que atentam contra os princípios da

Administração.

Da leitura de toda a descrição fática feita anteriormente —

no tópico "II - DOS FATOS" —, INDISCUTÍVEL que os graduados Sgt LOPES

(CARLOS ANTÔNIO LOPES), Sgt EURÍPEDES (GILBERTO EURÍPEDES

BERNARDES) e Cb VALTER (VALTER LUIS DE OLIVEIRA), no exercício dos seus

cargos e funções, praticaram CONDUTA COMISSIVA e OMISSIVA DOLOSAS

frente às inúmeras e incontáveis irregularidades perpetradas quando integrantes do

Destacamento de Polícia do município de Veríssimo.

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Tendo em vista as inumeráveis e incontáveis

IRREGULARIDADES é que todos esses Réus NÃO PODEM ser eximidos de

nenhuma RESPONSABILIDADE. Praticaram e contribuíram eles para a ocorrência das

condutas irregulares perpetradas durante a reforma do imóvel em que abriga a sede do

Destacamento de Veríssimo e no exercício de seus cargos e funções de policiais

militares.

Importa salientar que os graduados Sgt EURÍPEDES e Sgt

LOPES exerceram a função comissionada de comandantes do Destacamento da cidade e

município de Veríssimo, cujos períodos serão informados no curso do processo.

Importa replicar aqui as condutas ímprobas perpetradas

pelos graduados GILBERTO EURÍPEDES BERNARDES, 3º Sargento-PM,

CARLOS ANTÔNIO LOPES, 3º Sargento-PM, VALTER LUIS DE OLIVEIRA,

Cabo-PM, noticiadas em detalhes no tópico "II - DOS FATOS", subitens 01 a 09.

Todos esses graduados angariaram doações em dinheiro e

material de construção para a reforma do imóvel onde está instalada a sede do

Destacamento policial.

Não houve formalização dessas doações em quase sua

integralidade. O controle ficou por conta de um civil, o sr.ADALBERTO, que era

Vereador da cidade e dono da Loja de Material de Construção, onde as pessoas ali

compareciam a entregavam parte dos dinheiros que seriam destinados à aquisição de

material para a reforma do prédio.

O montante apurado de doações deixadas na referida Loja

de Material de construção foi no importe de R$ 4.570,00, segundo relação apresentada

pelo próprio sr.ADALBERTO (relatório de fls.267, item 1.1.).

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Além dessas doações em dinheiro e sacos de cimento, há

outros materiais de construção que teriam sido doados e que não tiveram o destino certo,

a obra do Destacamento policial de Veríssimo. Isto está bem detalhado no a fls.7 e 8

desta petição.

Há fortes evidências de que os valores deixados na Loja

do sr.ADALBERTO e outros materiais de construção ali adquiridos (com doações

formalizadas) não teriam sido entregues no Destacamento. Isso será demonstrado no

curso do processo, com a apresentação das notas fiscais de entregas de materiais de

construção no referida obra.

Houve doações feitas em dinheiro diretamente aos réus

graduados, especialmente ao Sgt LOPES e Cb VALTER, que não foram empregados na

reforma do Destacamento e muito menos elas foram formalizadas em termos de doação

(ver fls.06 desta petição).

Houve claramente enriquecimento ilícito dos graduados

de recursos obtidos por doações de inúmeras pessoas e empresas para a reforma da sede

do Destacamento de Veríssimo.

No tópico II, item 02, noticiam-se a exigência e o

recebimento de dinheiro pelos graduados Sgt LOPES e Cb VALTER da senhora

ADILMA, que instalou uma casa de prostituição na cidade com o auxílio de ambos.

Além disso, o graduado Sgt EURÍPEDES chegou a utilizar dos serviços sexuais de uma

das moças que trabalhavam no prostíbulo. A exigência dos recursos por aqueles

graduados foi para consentir à sra.ADILMA a exploração sexual na cidade, tendo

também a complacência do Sgt EURÍPEDES.

Houve enriquecimento ilícito por parte dos graduados Sgt

LOPES e Cb VALTER, além de sua omissão no cumprimento do dever legal de

repressão à prática criminosa. No mesmo sentido obrou o Sgt EURÍPEDES, que tinha o

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dever de combater essa criminalidade e acabou sendo seduzido por uma das moças que

freqüentavam a Casa de Prostituição.

A respeito do jogo do bicho, noticiado no item 03, do

Tópico II, houve nítida omissão dolosa dos graduados réus, pois essa prática era aberta

na cidade e acontecia em plena praça pública da cidade. Há suspeitas de obtenção de

vantagens ilícitas por partes desses graduados. A situação era tão desvairada que houve

uma operação sigilosa comandada pelo Cap WESLEI e resultou na condução de 16

pessoas envolvidas nessa prática e 03 delas foram presas. Uma das prisões se deu em

plena praça pública. Ver fls.10/11 desta petição.

Outra omissão dolosa dos graduados réus cinge-se à

repressão a pessoas inabilitadas que conduziam seus veículos na cidade, dentre eles o

filho do Sgt EURÍPEDES e o filho do Vereador ADALBERTO, conforme descrito no

item 04 e 05 do Tópico II. Houve exigência de dinheiro deste graduado à

sra.ANGÉLICA DE JESUS DA SILVA, que repassou a quantia de R$ 100,00, sendo R$

50,00 em dinheiro e R$ 50,00 em carne. Em operação realizada pelo referido CAP

WESLEI, houve a prisão do filho do vereador ADALBERTO, menor de idade, de nome

Luiz Alberto Xavier da Costa, tendo este apreendido e aquele preso por entregar veículo

a menor de idade. Ver fl.11/12 desta petição.

No item 06 do Tópico II, está descrita a conduta dolosa do

Sgt EURÍPEDES na utilização de veículo oficial para fins particulares. Era freqüente o

gradua levar sua filha até à Rodovia para que ela pegasse o ônibus para vir à Escola

Tiradentes nesta cidade de Uberaba. No retorno, ele a buscava no mesmo lugar. Em

várias ocasiões este graduado levou sua família para passeios na região da cidade de

Veríssimo.

No mesmo sentido o Sgt LOPES chegou a fazer uso da

viatura oficial para levar a sra.ADILMA, quando esta este na cidade de Veríssimo para

alugar imóvel visando instalar uma Casa de Prostituição. Ver fls.13 desta petição.

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Não só fez uso de veículo o Sgt EURÍPEDES, mas

chegou a utilizar o imóvel da sede do Destacamento para criação de galinhas, que

seriam abatidas e colocadas no Freezer de sua propriedade que ali instalara. É o que está

descrito no item 07, do Tópico II.

Sobre o favorecimento de tráfico de arma, noticiado no

item 07, do Tópico II, atribui-se ao Sgt LOPES a intermediação de venda de arma para o

indivíduo apelado de CAPIVARA, cujo nome é LUIZ CARLOS FERNANDES.

Por último, no item 09 do Tópico II, descreve-se a

conduta comissiva dos graduados Sgt EURÍPEDES e Cb VALTER de revelarem

programação de operações de caráter repressivo na cidade. Tratava-se de informações

sigilosas obtidas em reunião com o Comando do 4º BPM e no outro dia toda a cidade já

estava sabendo dessas operações. Ver fls.14 desta petição.

Desnecessário tecer novos comentários sobre as

irregularidades lançadas no tópico II – DOS FATOS e seus subitens, e das inúmeras

provas documentais e testemunhais ali apresentadas e trazidas para o bojo dos autos,

demonstrando já de antemão e robustamente as condutas comissiva e omissiva dolosas

dos agentes públicos mencionados, causando sérios e graves danos à moralidade pública

e administrativa, pedindo vênia a este ilustre e conspícuo Magistrado para remetê-lo à

sua leitura e análise, sendo que na fase processual própria o Autor fará a transcrição dos

tópicos mais importantes, evitando-se algumas repetições, o que seria deveras

enfadonho, bem assim à leitura de todos depoimentos testemunhais colhidos durante as

investigações.

A — ENQUADRAMENTO DAS CONDUTAS DOS

AGENTES PÚBLICOS QUE PRATICARAM AS

CONDUTAS DE IMPROBIDADE:

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Da análise dos fatos reais demonstrados e atribuídos

aos co-Réus, agentes públicos e particulares, pode-se inferir que aqueles — os agentes

públicos — devem responder pelos seguintes atos de improbidade administrativa, nos

termos da referida Lei nº 8.429/92, que a seguir será melhor explicitado, a saber:

01 — GILBERTO EURÍPEDES BERNARDES:

Observação..: exercia o cargo de 3º Sargento PM na cidade de Veríssimo e

chegou a exercer o cargo de Comandante do Destacamento desta cidade, cujo

período será informado no curso do processo. Suas condutas ímprobas estão

narradas e descritas no tópico II-DOS FATOS e seus subitens de 01, 02, 03, 04,

05, 06, 07, e 09 e no tópico “IV-DA ADEQUAÇÃO DAS CONDUTAS...”

___________

Tipificação..: Artigo 9º, caput e incisos I, IV, V e XII; 10, caput e incisos XII e

XIII; e Artigo 11, caput e incisos I, II, III.

02 — CARLOS ANTÔNIO LOPES:

Observação..: exercia o cargo de 3º Sargento PM na cidade de Veríssimo e

chegou a exercer o cargo de Comandante do Destacamento desta cidade, cujo

período será informado no curso do processo. Suas condutas ímprobas estão

narradas e descritas no tópico II-DOS FATOS e seus subitens de 01, 02, 03, 04,

08 e 09 e no tópico “IV-DA ADEQUAÇÃO DAS CONDUTAS...”

____________

Tipificação..: Artigo 9º, caput e incisos I, IV, V e XII; 10, caput e incisos XII e

XIII; e Artigo 11, caput e incisos I, II, III.

03 — VALTER LUIS DE OLIVEIRA:

Observação..: exercia o cargo de Cabo PM na cidade de Veríssimo, cujo

período será informado no curso do processo. Suas condutas ímprobas estão

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narradas e descritas no tópico II-DOS FATOS e seus subitens de 01, 02, 03, 04 e

09 e no tópico “IV-DA ADEQUAÇÃO DAS CONDUTAS...”

___________

Tipificação..: Artigo 9º, caput e incisos I e V; 10, caput e incisos XII; e Artigo

11, caput e incisos I, II, III.

É possível que, no curso do processo, sejam identificados

outros agentes públicos co-responsáveis, quando então o Autor promoverá o aditamento

da inicial, na forma da lei.

Passa-se, agora, à transcrição de todas as condutas

previstas nos vários dispositivos mencionados, aplicáveis a esses agentes públicos, e

consideradas atos de improbidade administrativa, para em seguida proceder à

operação de adequação dos fatos reais aos fatos jurídicos em relação aos demais co-réus

— terceiros agentes públicos ou particulares.

No artigo 9º, caput, o legislador cuida dos atos de

improbidade administrativa, como já falado anteriormente, que importam

enriquecimento ilícito. Vale observar que as condutas típicas previstas no caput

guardam correspondência com aquelas insertas nos seus incisos, possuindo como

característica comum o seguinte: o agente público aufere vantagem econômica

indevida, para si ou para outrem, em razão do exercício pernicioso do cargo,

função, mandato, emprego ou atividade pública.

Eis o teor do caput do artigo 9º e de seus incisos I, IV, V e

XII, anotando-se que os grifos feitos são nossos:

Caput:

"Constitui ato de improbidade administrativa IMPORTANDO

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO auferir qualquer tipo de

vantagem patrimonial indevida em razão do exercício do cargo,

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Público — Uberab52

Autor....: MP-5ª PJ-CrCEAP — Réus..: Gilberto Eurípedes Bernardes + 4 — Autos..: — V. Cível..: Espécie.: Ação civil pública p/ improbidade administrativa c.c. pedido.... — Tipo-petição.: peça inicial

mandato, função emprego ou atividade nas entidades

mencionadas no art.1º desta Lei, e notadamente:"

Inciso I:

"RECEBER, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou

imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou

indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou

presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa

ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das

atribuições do agente público;"

Inciso IV:

“UTILLIZAR, em obra ou serviço particular, veículos,

máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de

propriedade ou à disposição de qualquer das entidades

mencionadas no art.1º desta lei, bem como o trabalho de

servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por

essas entidades.”

Inciso V:

“RECEBER vantagem econômica de qualquer natureza, direta

ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de

azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou

de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal

vantagem.”

Inciso XII:

“USAR, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores

integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no

art.1º desta lei.”

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Autor....: MP-5ª PJ-CrCEAP — Réus..: Gilberto Eurípedes Bernardes + 4 — Autos..: — V. Cível..: Espécie.: Ação civil pública p/ improbidade administrativa c.c. pedido.... — Tipo-petição.: peça inicial

No artigo 10, caput, o legislador cuida dos atos de

improbidade administrativa, como já falado anteriormente, que CAUSAM LESÃO

AO ERÁRIO, numa tipificação genérica. Nos seus incisos, traz enumeradas de forma

exemplificada as condutas típicas que representam várias hipóteses de prejuízo ao

erário, guardando sintonia com o dispositivo nuclear: qualquer ação ou omissão —

dolosa ou culposa — praticada pelo agente público que enseje o acarretamento de

perda patrimonial ao erário.

São estes os dizeres do caput do artigo 10 e de seus

incisos XII e XIII, em referência, cujos grifos são nossos:

Caput:

"Constitui ato de improbidade administrativa QUE CAUSA

LESÃO AO ERÁRIO qualquer ação ou omissão, dolosa ou

culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,

malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das

entidades referidas no art.1º desta Lei, e notadamente:"

Inciso XII:

"PERMITIR, FACILITAR ou CONCORRER para que

TERCEIRO se enriqueça ilicitamente;"

Inciso XIII:

“PERMITIR QUE SE UTILIZE, em obra ou serviço

particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de

qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer

das entidades mencionadas no art.1º desta lei, bem como o

trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados

por essas entidades.”

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Público — Uberab54

Autor....: MP-5ª PJ-CrCEAP — Réus..: Gilberto Eurípedes Bernardes + 4 — Autos..: — V. Cível..: Espécie.: Ação civil pública p/ improbidade administrativa c.c. pedido.... — Tipo-petição.: peça inicial

Por sua vez, o dispositivo do artigo 11, da referida Lei nº

8.429/92, prevê a conduta de improbidade ATENTATÓRIA AOS PRINCÍPIOS

NORTEADORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E AOS DEVERES

IMPOSTOS A SEUS AGENTES, numa tipificação genérica. Nos seus incisos,

enumera as várias modalidades de conduta caracterizadoras de improbidade

administrativa, guardando correspondência com o dispositivo nuclear contido no caput

do referido artigo: qualquer ação ou omissão que CAUSE VIOLAÇÃO aos

princípios da Administração — legalidade, moralidade, impessoalidade,

publicidade — e aos deveres legais e éticos no exercício da atividade administrativa

— honestidade, imparcialidade, lealdade.

Eis o que estabelecem o caput do artigo 11 e seus incisos

I, II e III, observando-se que os grifos são nossos:

Caput:

"Constitui ato de improbidade administrativa QUE ATENTA

CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINIS-TRAÇÃO PÚBLICA

qualquer ação ou omissão que viole os deveres de

honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às

instituições, e notadamente:"

Inciso I:

“PRATICAR ato visando fim proibido em lei ou regulamento

ou diverso daquele previsto, na regra de competência;"

Inciso II:

“RETARDAR ou DEIXAR DE PRATICAR, indevidamente,

ato de ofício;"

Inciso III:

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“REVELAR FATO OU CIRCUNSTÂNCIA de que tem

ciência em razão das atribuições E QUE DEVA

PERMANCER EM SEGREDO."

Dá-se, por encerrado, o enquadramento das ações ilícitas e

imorais das co-Réus agentes públicos que praticaram os atos de improbidade

administrativa acima especificados.

B — ENQUADRAMENTO DAS CONDUTAS DOS

TERCEIROS — PARTICULARES — QUE

INDUZIRAM OU CONCORRERAM PARA A

PRÁTICA DA IMPROBIDADE OU DELA

BENEFICIARAM-SE:

Feito o enquadramento das ações ilícitas e imorais dos co-

Réus agentes públicos que praticaram os atos de improbidade administrativa acima

especificados, impõe-se fazer a adequação das condutas dos demais co-Réus,

particulares, que tiveram participação na sua realização, concorrendo para sua

efetivação, nos termos do artigo 3º acima referido.

No que tange à conduta do terceiro, seja agente público

ou pessoa estranha à administração pública, que tenha participação no ato de

improbidade, quer INDUZINDO ou CONCORRENDO para sua efetivação, ou mesmo

dele beneficiando-se de qualquer maneira, direta ou indiretamente, aplica-se-lhe as

disposições da referida Lei 8.429/92, consoante estabelece seu artigo 3º.

Eis o teor do referido dispositivo:

"As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,

ÀQUELE que, mesmo não sendo agente público,

INDUZA ou CONCORRA para a prática do ato de

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improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma

direta ou indireta." (grifo nosso)

Assim, quanto aos terceiros — particulares — que

INDUZIRAM e CONCORRERAM para a prática dessas condutas ilícitas e ímprobas,

bem assim BENEFICIARAM-SE com essa prática, deve a adequação de suas condutas

ser a seguinte, a saber:

01 — ADALBERTO LUÍS DA COSTA:

Observação.:. Era a pessoa responsável pelo depósito dos recursos amealhados

pelos graduados réus junto às pessoas físicas e jurídicas da cidade de Veríssimo.

Além de ser dono da Loja de Materiais de Construção em Veríssimo, era

Vereador desse Município. Não só reteve os valores deixados pelas diversas

pessoas da comunidade e empresas ali sediadas, como também não chegou a

entregar todos os materiais adquiridos na sua loja para a reforma da sede do

Destacamento de Veríssimo. Suas condutas ímprobas estão narradas e descritas

no tópico II-DOS FATOS e seus subitens de 01 e 04-05 e no tópico “IV-DA

ADEQUAÇÃO...

___________

Tipificação..: Artigo 3º combinado com os seguintes: Artigo 9º, caput e inciso

V; Artigo 10, caput e incisos XII e XIII; e Artigo 11, caput e incisos I, II, III.

02 — ADILMA APARECIDA DA SILVA —:

Observação..: Era a proprietária da Casa de Prostituição instalada na cidade de

Veríssimo com o auxílio dos graduados réus e obteve destes a complacente

omissão para a exploração da atividade sexual, que é proibida pela legislação

penal. Beneficiou-se da prática de improbidade dos graduados e repassou a dois

deles dinheiro para não ser molestada as sua atividade criminosa. Suas condutas

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ímprobas estão narradas e descritas no tópico II-DOS FATOS e seus subitens de

01 a 04 e no tópico “IV-DA ADEQUAÇÃO...”

___________

Tipificação..: Artigo 3º combinado com os seguintes: Artigo 9º, caput e inciso I

e V; Artigo 10, caput e incisos XII; e Artigo 11, caput e incisos I, II, III.

Portanto, a participação de todos estes co-Réus, como

terceiros, particulares, decorre da situação de INDUZIREM e CONCORREREM para

a prática de alguns dos atos de improbidade atribuídos aos agentes público

mencionados, conforme se extrai da descrição meticulosa dos fatos e provas

documentais e testemunhais trazidas para o bojo do inquérito civil, que instrui a

presente.

Ora, a indução e concorrência para a prática dos atos de

improbidade não só foram conscientes e intencionais, como também tiveram o grande e

único móvel de obterem benefícios diretos.

Importa dizer, ainda, que a situação do terceiro

beneficiário do ato ímprobo praticado pelo agente público, verificando-se ou não a

indução ou o concurso de terceiro, assemelha-se àquela do receptador do direito penal,

aplicando-se-lhe no que couber as conseqüências previstas na Lei de improbidade

administrativa. Vale observar que o dispositivo em discussão não exige o liame

psicológico entre o terceiro beneficiário e o agente público no cometimento do ato de

improbidade. Basta a ocorrência do ato ímprobo e a comprovação da fruição de

benefício dele decorrente por terceiro para que este seja também responsabilizado.

Por essa razão, além dos mencionados beneficiários,

outros poderão vir a responder pelas disposições legais, o que poderá ocorrer no curso

do processo, quando então se fará o necessário aditamento, da peça inaugural, na forma

da lei processual, mediante a proposição de ação própria.

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V — DAS SANÇÕES IMPOSTAS PELA LEI EM

RAZÃO DA PRÁTICA DE ATOS DE

IMPROBIDADE PELOS RÉUS:

Passa-se, doravante, a tratar das conseqüências impostas

pelo legislador ordinário às condutas ímprobas praticadas pelos co-Réus, previstas no

dispositivo do artigo 12, caput, incisos I, II e III, da Lei nº 8.429/92.

Consoante já falado, o fundamento jurídico-constitucional

para a punibilidade daqueles que praticam atos de improbidade administrativa está

assentado no dispositivo do artigo 37, § 4º, da Constituição Federal. Vale relembrar que

as condutas tipificadoras destes atos ensejam a aplicação das seguintes cominações, sem

prejuízo da sanção penal, a saber:

Suspensão dos direitos políticos;

Perda da função pública;

Indisponibilidade (e perda) dos bens;

Ressarcimento dos danos causados ao erário (fisco).

Estas graves cominações devem ser aplicadas ao

administrador ímprobo independentemente das sanções de natureza civil,

administrativa e penal, conforme dispõe o dispositivo do artigo 12, caput, da Lei nº

8.429/92, que regulamenta aquele dispositivo constitucional, cujo teor é o seguinte:

"Independentemente das sanções penais, civis e

administrativas, previstas na legislação específica, está

o responsável pelo ato de improbidade sujeito às

seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada

ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do

fato:" (grifo nosso)

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Nos incisos I, II e III do mencionado artigo 12, estão

estabelecidas as sanções, que já foram especificadas de forma objetiva no tópico III,

subitem B-Segunda Parte, quando se tratou dos “Fundamentos jurídicos”, desta

petição inicial, no caso de cometimento de condutas ímprobas, dentre as quais aquelas

atribuídas aos co-Réus agentes públicos. Vale asseverar que estas cominações têm,

também, fundamento nos artigos 5º e 6º da citada lei, como já frisado. Faz-se aqui

apenas um sucinto resumo delas, deixando-se para à frente o detalhamento das

cominações que devem ser fixadas aos Réus pela prática das condutas que lhes são

imputadas.

Eis o resumo de forma genérica:

TIPO DE COMINAÇÃO APLICADA HIPÓTESE LEGAL PREVISTA

Perdimento dos bens ou valores

auferidos ou acrescentados ilicitamente

ao patrimônio;

Nas hipóteses dos arts.9º e 10;

Ressarcimento integral do patrimônio

público lesado;

Nos casos dos arts.9º, 10 e 11;

Perda da função pública;

Nas hipóteses dos arts.9º, 10 e 11;

Suspensão dos direitos políticos;

De oito a dez anos, ocorrendo a

hipótese do art.9º; de cinco a oito, na

do art.10; e de três a cinco, no caso do

art.11;

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Pagamento da multa civil;

De até três vezes o valor do acréscimo

patrimonial, no caso do art.9º; de até

duas vezes o valor do dano, na

hipótese do art.10º; e de até cem vezes

o valor da remuneração recebida pelo

agente, se verificada a situação do

art.11;

Proibição de contratação com o Poder

Público ou de recebimento de

benefícios ou incentivos fiscais ou

creditícios, seja direta ou

indiretamente.

Em se verificando quaisquer hipóteses

dos artigos 9º, 10 e 11;

Feita esta apresentação geral, impõe-se agora a fixação

das cominações às condutas praticadas pelos co-Réus pessoas físicas, na condição de

terceiros concorrentes ou indutores, sejam agentes públicos ou particulares, isto é, que

concorreram ou induziram à realização dos atos ímprobos atribuídos aos agentes

públicos, ou deles são benecifiários, devendo ser feita a dosimetria na proporção da

maior ou menor intensidade e grau de participação de cada um deles, especialmente no

referente aos prejuízos produzidos com estas e quem foram os maiores beneficiados

com isso, e procedendo-se da seguinte forma:

NOME DO RÉU

IMPUTADO

TIPO DE CONDUDA

PRATICADA

COMINAÇÃO QUE

DEVE SER

IMPOSTA

TODOS OS TERCEIROS —

PARTICULARES — ACIMA

MENCIONADOS:

Artigo 3º combinado com

os seguintes:

Artigo 9º, caput e inciso I e

V

Artigo 12, inciso I

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Artigo 10, caput e incisos

XII e XIII;

Artigo 12, inciso II

Artigo 11, caput e incisos I,

II e III

Artigo 12, inciso III

Eis, pois, as severas cominações que devem ser impostas

aos Réus, em razão da prática dos atos de improbidade administrativa sobejamente

demonstrados, sendo uns na condição de agentes públicos e outros na condição de

terceiros concorrentes ou indutores, além de beneficiários daqueles atos ímprobos.

Vale observar, de antemão, inobstante a existência de

sanções idênticas para as condutas tipificadas nos artigos 10 e 11, da Lei nº 8.429/92, o

que levaria ao entendimento de que seria o caso de aplicação do princípio da

eventualidade, que essa situação não está a impedir o reconhecimento de todas as

condutas imputadas aos Réus, pois que se constituem em fundamentos da ação. Por isso,

não estará o juiz impedido de reconhecer mais de um fundamento na formulação da

sentença, devendo deixar naturalmente de aplicar as sanções porventura

coincidentes, que constituem o objeto do pedido. Assim, estará fazendo realização o

princípio da efetividade da lei primado pela predominância do interesse público sobre o

particular. Na dosimetria das cominações é que deverá levar em conta o número e

intensidade das condutas ímprobas e da participação dos terceiros e benefícios por eles

auferidos.

No que diz respeito aos valores a serem

RESSARCIDOS, deve ser observado o que ficou articulado anteriormente, no tópico

“II - DOS FATOS", pedindo vênia ao eminente Juiz para que remetê-lo à leitura e

consideração do parágrafo constituído pelo subitem 01 — (“Recebimento de doações em

dinheiro/cheque para reforma da sede do Destacamento da Polícia Militar de

Veríssimo, sem formalização em termos de doação exigidos legalmente implicando em

enriquecimento ilícito”) —, evitando-se a repetição desnecessária e enfadonha.

Ressalva-se que ali foram colocados para se ter um visão antecipada sobre as

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conseqüências e repercussões das condutas, além naturalmente de constituírem fatos

existenciais. Naquela narrativa há uma abordagem sobre os valores a serem devolvidos,

o que seria mais apropriado neste tópico, entretanto há indiscutivelmente uma certa

conexão entre si.

Pede-se vênia para transcrever apenas três trechos desse

subitem 06, do tópico II — DOS FATOS —, a saber:

.....................................

“Além das doações formalizadas legalmente, houve

inúmeras outras doações de pessoas físicas em diversos valores em

dinheiro e em materiais de construção.

Todas essas doações, as formalizadas e as não

formalizadas, foram angariadas com a intermediação dos militares

graduados Sargento EURÍPEDES, Sargento LOPES e Cabo VALTER.

Os graduados Sgt LOPES e Cb VALTER, apesar de suas

negações na fase de apuração do Inquérito Policial Militar, receberam

diretamente algumas doações em dinheiro de pessoas físicas. A pessoa de

LUIZ FERNANDO (fls.209) afirma que entregou R$ 400,00 aos dois

graduados, sendo R$ 200,00 em dinheiro, como doação própria, e R$

200,00 em cheque, como doação de seu primo João Carlos Sepúlveda. O

ex-prefeito de Veríssimo sr.REINALDO afirma que doou a quantia de

R$ 250,00 ou R$ 350,00, em cheque, aos dois graduados. No mesmo

sentido, a sra.ADILMA APARECIDA SILVA fez doação R$ 500,00 em

dinheiro e o sr.LUIZ CARLOS FERNANDES (CAPIVARA) entregou

R$ 50,00 para a placa de identificação e outros R$ 50,00 deixou na Casa

de Materiais de Construção do sr.ADALBERTO, então Vereador de

Veríssimo.

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Vale anotar que a maioria das doações feitas pelas pessoas

físicas foram entregues em dinheiro na Casa de Materiais de Construção

do sr.ADALBERTO, então Vereador de Veríssimo, que reverteria em

materiais de construção para a referida reforma do Destacamento. Isso foi

feito por orientação dos graduados às pessoas que ofertaram as doações.

Não houve controle por parte dos graduados comandantes

do Destacamento das doações em dinheiro ou em materiais de

construção. Houve enorme desorganização desse controle, que ficou nas

mãos de pessoa estranha à Corporação militar. Tudo foi deixado nas

mãos do sr.ADALBERTO, dono de Loja de Materiais de Construção e

Vereador da cidade de Veríssimo.

O sgt LOPES – comandante da fração militar - entregou à

autoridade responsável pela investigação militar uma relação de pessoas

que efetuaram doação, que não confere com a relação apresentada pelo

sr.ADALBERTO. Houve pessoas que afirmaram ter feito doações que

não constaram de nenhuma dessas relações.

Apurou-se, pela relação apresentada pelo

sr.ADALBERTO, que as doações deixadas em sua Loja de Construção

importaram no montante de R$ 4.570,00. Mas há informes de que

algumas pessoas teriam deixado material pago nesse local e que não foi

contabilizado nessa relação. É o que se vê do relatório de fls.267, item

1.1.

Os nomes das pessoas que efetuaram as doações em

material de construção (geralmente sacos de cimento) e em dinheiro se

encontram relacionadas nos demonstrativos de folhas 267 (item 1.1.) e

270 (item 1.4.).

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Além das doações em sacos de cimento e em dinheiro, há

outros materiais que teriam sido doados e que não tiveram destino certo,

a obra de reforma do Destacamento policial de Veríssimo. Há fortes

suspeitas de que alguns materiais de construção adquiridos junto à Casa

de Materiais de Construção do sr.ADALBERTO não teriam sido

entregues no referido Destacamento.

Essa suspeita se baseia no fato de que o sr.ROMEU, dono

de uma Loja de Materiais de Construção em Veríssimo, afirma que a

pessoa de DÉLIO, de uma determinada Fazenda, teria comprado em seu

estabelecimento a quantia de 3.000 (três mil) tijolos para a obra do

Destacamento. Houve a entrega de apenas 1.500 (um mil e quinhentos)

tijolos, sendo que o restante ficou no depósito aguardando a retirada (ver

depoimento de fls.123/124). Este esclarecimento espanca a dúvida

surgida de uma conversa que o Sd.TIAGO (fls.73/79) teve com a pessoa

de GERÔNIMO FERREIRA, no sentido de que este indagara sobre o Cb

VALTER, alegando que teria transportado 5.000 tijolos de Conceição

das Alagoas para o depósito do sr.ROMEU, e que esse material teria sido

adquirido pela pessoa com o apelido de “JACARÉ”, morador de

Veríssimo. Este foi ouvido e negou ter vendido tijolos para as Casas de

Materiais de Construção de Veríssimo e que tivessem como destino a

obra de reforma do Destacamento. Sempre vendeu tijolos para tais Casas,

mas não com destino à mencionada obra.

Por sua vez, o sr.ADALBERTO assevera que entregou

todos os tijolos ali adquiridos pela empresa USINA TIJUCO, que fez

doação de materiais de construção no montante de R$ 3.000,00. Dentre

esses materiais (termo de doação de fls.56), estão 1.000 tijolos e 300

tijolinhos. Todavia, o pedreiro que executou a obra da reforma, sr.

ISMAEL FELICIANO (fls.125/126) afirma que foram gastos em torno

de 1.000 a 1.500 tijolos para a construção do muro da frente. Já por sua

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vez o engenheiro civil LUIZ CARLOS FURTADO, da Prefeitura

Municipal de Veríssimo, afirmou que seriam necessários para a obra de

reforma a quantia de 1.000 (um mil tijolos), conforme se vê de seu

depoimento de fls.215. De outro lado, o sr.ADALBERTO, em seus

depoimentos de fls.205/206, assevera que todos os tijolos adquiridos em

sua Casa de Materiais de Construção foram entregues no Destacamento.

Portanto, há fortes suspeitas de que o sr.ADALBERTO não tenha

entregue os tijolos na obra, apesar de afirmar nesse sentido. Isto deverá

ser apurado com a apresentação, oportunamente, das notas fiscais que o

mesmo tenha emitido para a comprovação de sua afirmação.

Asseverou, ainda, o referido engenheiro civil LUIZ

CARLOS, por contato telefônico com o Oficial presidente da

investigação militar (fls.269, no tópico da conclusão do item 1.2.), que

levou um pedreiro no local e este pode afirmar que para a construção do

muro da frente do Destacamento seriam gastos, além dos 1.000 tijolos, a

quantia aproximada de 35 sacos de cimento, 50 sacos de filito e 6 metros

de areia média.

Segundo ficou apurado na investigação (ver item 1.1. do

relatório de fls.267/268), pela verificação dos controles apresentados pelo

Sgt LOPES e sr.ADALBERTO, teriam sido arrecadados em cimento a

quantia de 116 (cento e dezesseis) sacos, sendo 56 doados pela

comunidade e 60 pela USINA TIJUCO.

Há fortes suspeitas de que tenha havido o enriquecimento

por parte dos policiais militares graduados, ora réus, e pelo

sr.ADALBERTO, dono da Casa de Materiais de Construção onde as

doações eram deixadas pelas inúmeras pessoas da localidade de

Veríssimo.” (grifos do original)

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Autor....: MP-5ª PJ-CrCEAP — Réus..: Gilberto Eurípedes Bernardes + 4 — Autos..: — V. Cível..: Espécie.: Ação civil pública p/ improbidade administrativa c.c. pedido.... — Tipo-petição.: peça inicial

Os valores a serem ressarcidos dependerão, naturalmente,

de apuração em liquidação de sentença.

Não há dúvida de que a situação versada nesta ação civil

pública por ato de improbidade administrativa e por danos patrimoniais traz grave

preocupação a todos aqueles que, com o suor de seu trabalho e em busca de um lugar ao

sol, buscam viver em sociedade com um mínimo de dignidade e depositam confiança

naqueles que governam seus destinos. Estarão a questionar certamente: para que foram

eleitos nossos agentes públicos? Para a busca do bem geral do povo — fonte de poder e

destinatário de seu exercício — ou para a defesa de seus próprios e egoísticos interesses,

de apaniguados, de grupos, de bajuladores, etc.?

Vale lembrar aqui — como já se fez em várias outras

ações dessa mesma natureza e não que é demais reafirmar — a fala precisa e sempre

presente de ECLESIASTES, filho de DAVID, rei de Jerusalém, cujo livro fora escrito

entre os séculos III e II antes de Cristo (in Livro do Eclesiastes, Bíblia Sagrada, Edições

Paulinas, 13ª edição, página 721), com os seguintes dizeres:

"TODAS AS COISAS TÊM O SEU TEMPO, E TODAS ELAS

PASSAM DEBAIXO DO CÉU SEGUNDO O TEMPO QUE A

CADA UMA FOI PRESCRITO." (grifo nosso)

É chegado o tempo — espera-se que já não o tenha

passado para muitos — de os cidadãos buscarem uma participação na vida política de

sua Comunidade, a fim de que contribuam efetivamente para a solução dos problemas

políticos e sociais que os afetam no cotidiano. Necessária uma cobrança diuturna de

todos os que detêm uma parcela do poder político ou estatal, em especial dos que

recebem a incumbência de administrar os recursos que sofregamente contribuem com a

pesada carga tributária vigente no País, para que realmente promovam a defesa dos

legítimos interesses da sociedade, aplicando corretamente esses recursos arrecadados e

conduzindo os negócios públicos com transparência e honestidade.

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Público — Uberab67

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Fica aqui uma vez mais um alento e um alerta a todos os

cidadãos que exercem seu direito de eleger e mesmo àqueles que ainda não conseguiram

adquirir a cidadania, para que busquem a participação política na comunidade em que

vivem, pois só assim os problemas por todos enfrentados hão ter uma solução plausível

e condizente com os mais elevados interesses sociais. Somente com a participação

política é que se vai conseguir espancar os maus governantes, fazendo fortalecer cada

vez mais o nosso REGIME DEMOCRÁTICO e consagrar e concretizar realmente o

ESTADO DE DIREITO.

É salutar anotar que as responsabilidades civil,

administrativa e penal são autônomas e independentes entre si, podendo ser exigidas

além da responsabilização do agente público em razão da prática de ato de improbidade

administrativa.

Nesse sentido estabelece a Lei nº 8.429/92, quando dispõe

em seu artigo 12, caput, que “Independentemente das sanções penais, civis e

administrativas, previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de

improbidade sujeito às seguintes cominações:” Além do que, a Carta Magna, em seu

artigo 37, § 4º, ao cuidar das conseqüências dos atos ímprobos, diz que estes

"importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a

indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas

em lei, sem prejuízo da ação penal cabível." (grifos nossos) Para arrematar, a Lei

federal 8.112/90, que dispõe sobre o regime jurídicos dos servidores públicos civis da

União, em seu artigo 121 estabelece que "O servidor responde civil, penal e

administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições." (grifo nosso) Por

fim, cumpre asseverar que é princípio consagrado na legislação, jurisprudência e

doutrina a independência das responsabilidades civil, administrativa e penal,

acrescentando-se com Texto Constitucional vigente a responsabilidade decorrente do

ato ímprobo.

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Público — Uberab68

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Não fosse admissível, não teria a própria Lei que cuida da

improbidade administrativa, no dispositivo referido, excepcionado a independência das

responsabilidades civil, administrativa e penal da responsabilidade decorrente da

conduta ímproba perpetrada pelo agente público. Seria um contra-senso a exceção feita

pelo legislador ordinário ao regulamentar o artigo 37, § 4º da Constituição Federal.

Fora isso, importante relevar que a Lei da Ação Civil

Pública — nº 7.347/85 — em seu artigo 3º estabelece: "Regem-se pelas disposições

desta lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos

morais e PATRIMONIAIS CAUSADOS: I - ao meio ambiente; II - ao consumidor; III

- a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IV - a

qualquer outro interesse difuso ou coletivo; V - por infração da ordem econômica."

(grifo nosso) Consoante já discursado no tópico I (“DA LEGITIMAÇÃO....”) desta, o

patrimônio público e a moralidade administrativa constituem espécies de interesses

difusos, compondo o gênero interesses sociais. Dentre estes, ainda, podem ser incluídos

o próprio regime democrático, o sistema republicano, o estado de direito, para citar

alguns mais.

V — DO FORO E DO JUÍZO COMPETENTE:

A competência do foro, para as ações mencionadas no

artigo 1º, caput e incisos, da Lei nº 7.347/85 — de responsabilidade por danos morais e

patrimoniais aos interesses difusos e coletivos — é estabelecida pelo "local onde

ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a

causa." É o que determina o artigo 2º, do referido Diploma legal.

Indiscutivelmente, os danos visados pelas condutas

narradas anteriormente, à evidência prejudiciais aos interesses difusos já noticiados,

ocorreram nesta Comarca, não só no caso da improbidade administrativa, como também

em ralação ao patrimônio público.

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No que diz respeito ao JUÍZO COMPETENTE, a

presente causa deverá ser processada e julgada por um dos juízos cíveis desta Comarca.

VI — DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO TOTAL OU

PARCIAL DA TUTELA:

Admissível é a antecipação dos efeitos da tutela pleiteada

— total ou parcialmente — quando, existindo prova inequívoca que possibilite o

convencimento da verossimilhança da alegação, se façam presentes os seguintes

pressupostos:

haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;

ou fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o

manifesto propósito protelatório do réu.

São as exigências nucleares insertas no dispositivo do

artigo 273, caput e incisos I e II, do CPC.

Havendo, pois, o expresso requerimento da parte sobre

os efeitos ou alguns dos efeitos pretendidos com a ação e a concretização de quaisquer

daquelas situações previstas na norma processual, poderá o juiz conceder a

antecipação da tutela reclamada.

O único impedimento à concessão está expresso no § 2º,

do artigo citado, ou seja, quando "houver perigo de irreversibilidade do provimento

antecipado." (grifo nosso)

Consoante lição do eminente NÉLSON NÉRY DA

SILVEIRA, diferente do que ocorre nas medidas cautelares (in "Código De Processo

Civil Comentado...", 4ª Edição, Editora RT, página 748),

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“A tutela antecipada dos efeitos da sentença de mérito não é tutela

cautelar, porque não se limita a assegurar o resultado prático do processo,

nem a assegurar a viabilidade da realização do direito afirmado pelo

autor, mas tem por objetivo conceder, de forma antecipada, o próprio

provimento jurisdicional pleiteado ou seus efeitos. Ainda que fundada

na urgência (CPC 273, I), não tem natureza cautelar, pois sua finalidade

precípua é adiantar os efeitos da tutela de mérito, de sorte a propiciar

sua imediata execução, objetivo que não se confunde com o da medida

cautelar (assegurar o resultado útil do processo de conhecimento ou de

execução ou, ainda, a viabilidade do direito afirmado pelo autor)." (grifo

nosso)

Importa dizer que, em qualquer tipo de ação de

conhecimento, seja de natureza declarativa, condenatória ou constitutiva, será possível

a antecipação da tutela.

Portanto, não se deve ter qualquer comedimento na

concessão dessas medidas ou postulação, especialmente quando a questão se tratar

de dar proteção plena e eficaz aos interesses e direitos difusos e coletivos.

Por meio da presente ação civil pública, com pedidos

cumulativos, busca-se garantir a plena reparação dos prejuízos causados à probidade

administrativa e ao patrimônio público pelos Réus, com base na prática de atos de

improbidade.

A — PROIBIÇÃO DE CONTRATAÇÃO COM O

PODER PÚBLICO:

Importante, ainda, seja concedido ao Autor o pedido de

antecipação parcial da tutela, em virtude da prática de atos de improbidade, consistente

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Público — Uberab71

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na “proibição de contratação com o Poder Público ou de recebimento de benefícios

ou incentivos fiscais ou creditícios, seja direta ou indiretamente” em relação a todos

os Réus — pessoas físicas, especialmente quanto ao réu ADALBERTO LUÍS DA

COSTA Vereador e proprietário de Loja de Material de Construção em Veríssimo, ao

final formulado cumulativamente com vários outros pedidos, em razão de serem-lhe

atribuídas as condutas tipificadas nos artigos 9º, 10, caput, e 11, caput, e alguns de seus

incisos, combinados com o artigo 3º, da Lei de Improbidade Administrativa, conforme

acima afirmado.

Por derradeiro, vale anotar que, presente o interesse

público, não se há de titubear na concessão de quaisquer medidas assecuratórias ou da

prestação perseguida na ação principal ou mesmo antecipatórias da tutela à pretensão

reclamada. Trata-se, pois, do interesse geral do povo que se pretende fazer respeitar.

Imperativo, pois, é a concessão da antecipação total ou

parcial das tutelas reclamadas na presente ação civil pública, porque presentes os

requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico processual, através do artigo 273, CPC.

Em caso de descumprimento do ordenamento desta

imposição, que seja aplicada multa pecuniária aos seus destinatários, ficando o valor a

critério deste ínclito Juízo.

Não há qualquer perigo de irreversibilidade do

provimento jurisdicional ora reclamado antecipadamente.

VII — DOS PEDIDOS:

POSTO ISTO, ante os fatos e fundamentos jurídicos

articulados anteriormente, e com base nos dispositivos citados no preâmbulo desta, vem

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, por seu 5º

Promotor de Justiça, com atribuição de DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO, com

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sede situada à Rua Lauro Borges, nº 97, centro, Fórum "Mello Viana", pavimento

superior, à presença de V.Exa. a fim de propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE

POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

E DANOS PATRIMONIAIS

contra as pessoas de GILBERTO EURÍPEDES BERNARDES, brasileiro,

casado, 3º Sargento-PM, portador do CPF nº 651.293.936-00, pertencente ao 1º Pelotão

da 212ª CiaPM, do 4º BPMMG, sob o nº de matrícula 091.738-5, domiciliado e

residente de Uberaba-MG, na Rua São Mateus, nº 607, Bairro Olinda, podendo ser

localizado no seu local de trabalho situado na Av. Guilherme Ferreira, nº 1633 (AISP-

158), Bairro Cidade Jardim, Uberaba-MG;

CARLOS ANTÔNIO LOPES, brasileiro, casado, 3º

Sargento-PM, portador do CPF nº 697.034.506-87, pertencente ao 1º Pelotão da 191ª

CiaMG, do 4º BPMMG, sob a matrícula nº 091738-5, domiciliado e residente nesta

cidade de Uberaba-MG, na Rua Venezuela, nº 48, Bairro Fabrício, podendo ser

localizado no seu local de trabalho situado na Praça Magalhães Pinto, nº 530, Bairro

Fabrício, nesta cidade de Uberaba-MbG;

VALTER LUIS DE OLIVEIRA, brasileiro, casado,

Cabo-PM, portador do CPF nº 476.487.406-72, pertencente ao 4º BPMMG, sob o nº de

matrícula 093.038-8, domiciliado e residente na cidade de Veríssimo, MG, na Rua

Primeiro de Maio, nº 638, Bairro Conjunto Ana Cláudia, podendo ser localizado no seu

local de trabalho situado na Rua Alcino Alves da Silva, nº 121, Centro, Veríssimo, MG;

ADALBERTO LUÍS DA COSTA, brasileiro,

divorciado, comerciante e Vereador em Veríssimo, portador do CPF nº 863.446.686-87,

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domiciliado e residente na cidade de Veríssimo, MG, na Av. João Ítalo da Silva, nº 402;

e

ADILMA APARECIDA DA SILVA, brasileira, solteira,

comerciante, portadora do CPF nº 449.314.689-91, domiciliada e residente na cidade de

Uberaba, MG, na Rua Agosto, nº 154, Vila Arquelau,

pleiteando o ACOLHIMENTO dos pedidos e

requerimentos adiante especificados, a saber:

I — DOS PEDIDOS — EM CARÁTER DE URGÊNCIA — DE

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA TOTAL OU PARCIAL:

Por força do dispositivo contido no artigo 273, caput e incisos I e II, do

Código de Processo Civil, arrimando-se nas provas inequívocas trazidas

à colação, que possibilitam a formação serena e segura do juízo de

verossimilhança da argumentação acima epigrafada, além de estarem

presentes os requisitos de fundado receio da irreparabilidade de dano ou

mesmo de impossibilidade de sua reparação se acaso aguardar o

provimento jurisdicional que se pretende nesta na ação civil pública,

ausente ainda o perigo de irreversibilidade do provimento antecipatório,

requer o Autor seja-lhe concedida a antecipação parcial de alguns dos

efeitos da tutela pleiteada, especificamente o de:

A — PROIBIÇÃO DE CONTRATAÇÃO COM O PODER

PÚBLICO — UM DOS EFEITOS CONSEQÜENTES DA

PRÁTICA DE IMPROBIDADE —: requer seja concedido ao Autor a

tutela parcial quanto a um dos efeitos dos pedidos decorrentes da prática

dos atos de improbidade em relação a todos os Réus — pessoas físicas—,

especialmente quanto ao réu ADALBERTO LUÍS DA COSTA

Vereador e proprietário de Loja de Material de Construção em

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Público — Uberab74

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Veríssimo, no sentido de decretar a PROIBIÇÃO DE

CONTRATAÇÃO COM O PODER PÚBLICO OU DE

RECEBIMENTO DE BENEFÍCIOS OU INCENTIVOS FISCAIS

OU CREDITÍCIOS, SEJA DIRETA OU INDIRETAMENTE, em

razão da verificação de hipóteses constantes dos artigos 9º, caput, 10,

caput, e 11, caput, e alguns de seus incisos, combinados com o artigo 3º,

da Lei de Improbidade Administrativa, consoante já explicitado no

subitem A, tópico VI, constituindo-se este um dos pedidos cumulativos

da presente ação, em virtude das razões e fundamentos epigrafados no

tópico IV.

Todo este pedido deve ser ao final concedido e confirmado em sentença

de mérito;

II — DOS PEDIDOS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS:

Quanto aos demais pedidos cumulados e alternados, em face tudo o que

já ficou explicitado e fartamente demonstrado, requer o Autor sejam ao

final acolhidos os pedidos seguintes:

A — CONDENAÇÃO DOS RÉUS NAS SEGUINTES SANÇÕES

EM RAZÃO DA PRÁTICA DE CONDUTAS DE IMPROBIDADE:

A-01 — SANÇÕES QUE DEVEM SER APLICADAS EM RELAÇÃO

AOS RÉUS AGENTES PÚBLICOS QUE PRATICARAM AS

CONDUTAS ÍMPROBAS — GILBERTO EURÍPEDES

BERNARDES, CARLOS ANTÔNIO LOPES, VALTER LUIS DE

OLIVEIRA — OBSERVANDO-SE O GRAU MÁXIMO QUANDO

FOR POSSÍVEL, EM RAZÃO DA CONFIGURAÇÃO DAS

HIPÓTESES APRESENTADAS NO QUADRO DE FIXAÇÃO DAS

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COMINAÇÕES DOS TÓPICOS IV, subitem A, e V — "DAS

SANÇÕES IMPOSTAS" — DESTA PEÇA INAUGURAL:

01 — perdimento dos bens ou valores auferidos ou acrescentados

ilicitamente ao patrimônio — em razão da configuração das hipóteses

dos arts.9º e 10;

02 — ressarcimento integral do patrimônio público lesado — em

virtude da ocorrência dos casos dos arts.9º, 10 e 11;

03 — perda da função pública — por força da verificação das hipóteses

dos arts.9º, 10 e 11;

04 — suspensão dos direitos políticos — pelo período de oito (8) a dez

(10) anos, por força da ocorrência da hipótese do art.9º, desprezando-se

as demais hipóteses previstas;

05 — pagamento de multa civil — de até três (3) vezes o acréscimo

patrimonial, na hipótese do artigo 9º; de até duas (2) vezes o valor do

dano, na hipótese do art.10º; e de até cem (100) vezes o valor da

remuneração recebida pelo agente, se verificada a situação do art.11,

aplicando-se a que atingir o maior valor em atendimento aos interesses

da sociedade ;

06 — proibição de contratação com o Poder Público ou de

recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, seja

direta ou indiretamente — em razão da verificação das hipóteses dos

artigos 9º, 10 e 11;

A-02 — SANÇÕES QUE DEVEM SER APLICADAS EM RELAÇÃO

AOS RÉUS TERCEIROS AGENTES PÚBLICOS E PARTICULARES

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QUE INDUZIRAM E CONCORRERAM PARA A PRÁTICA DOS

ATOS DE IMPROBIDADE OU QUE SE BENEFICIARAM DELES —

ADALBERTO LUÍS DA COSTA e ADILMA APARECIDA DA

SILVA — OBSERVANDO-SE O GRAU MÁXIMO EM RELAÇÃO AO

COMERCIANTE E VEREADOR E O GRAU MÍNIMO EM RELAÇÃO À

OUTRA CO-RÉ:

01. — Aquelas sanções constantes dos subitens 01, 02, 04, 05 e 06, do

item A-01, retromencionadas, observando-se o grau máximo em

relação ao Vereador e comerciante ADALBERTO; sendo em que

relação à outra co-ré devem ser aplicadas em grau mínimo;

02. — Proibição de contratação com o Poder Público ou de

recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, seja

direta ou indiretamente — em razão da verificação das hipóteses dos

artigos 10 e 11.

B — CONDENAÇÃO DE TODOS OS RÉUS À SUCUMBÊNCIA:

B-01 — Condenação dos Réus ao pagamento de custas e todas despesas

processuais e extra-processuais, computando-se nestas aquelas

verificadas nos autos do inquérito civil, extração de cópias xerográficas e

outras despesas a serem comprovadas, em razão do princípio da

sucumbência, em proporção maior para as agentes públicos ímprobos e

terceiros concorrentes e indutores (pessoas físicas);

C — OUTROS PEDIDOS:

C-01 — Requer seja determinada a CITAÇÃO, por Oficial de Justiça,

pessoalmente, de todos os Réus, nos termos do artigo 213 e seguintes do

CPC e do artigo 17, parágrafos 7º, 8º e 9º, da Lei nº 8.429/92, nos

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respectivos endereços residenciais e comerciais, para responderem aos

termos da presente ação principal, que deverá ser processada no rito

ordinário;

C-02 — Requer, também, seja determinada a CITAÇÃO do ESTADO

DE MINAS GERAIS, na pessoa de seu representante máximo, o

sr.Governador, ou do sr.Procurador-Geral do Estado, mediante carta

precatória, para integrar a lide na condição de litisconsorte passivo

necessário, querendo, para o fim de defender os atos impugnados ou

refutá-los na defesa do interesse público, assumindo a posição que lhe

convier, o que faz em razão de entendimento jurisprudencial, não

obstante deixar de haver qualquer pedido que implique em prejuízo aos

cofres públicos quanto aos atos de improbidade, o que faz porém no

intuito de evitar futura nulidade processual (artigo 17, § 3º da Lei

8.429/92 c.c. o artigo 6º, § 3º, da Lei 4.717/65);

C-03 — Requer, no que tange à citação de todos os Réus residentes e

situados nesta Comarca, especialmente dos agentes públicos, que a

citação se faça dentro do prazo estabelecido no Código de Processo

Civil;

C-04 — Seja oficiado à Prefeitura Municipal de Veríssimo, onde o

Vereador e comerciante Adalberto Luis Costa possui domicílio e

residência, e bem assim ao Governo Federal, através do Gabinete da

Presidência, e ao Governo do Estado de Minas Gerais, através do

Gabinete do Senhor Governador, para o fim de comunicar-lhes a decisão

de concessão da antecipação parcial da tutela reclamada nesta ação

correspondente à "proibição de recebimento de benefícios ou

incentivos fiscais ou creditícios, seja direta ou indiretamente",

remetendo-lhes cópias desta e da respectiva decisão; solicitando-lhes

outrossim seja comunicado aos demais órgãos de sua esfera sobre dita

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antecipação da tutela. O mesmo deverá ser feito em relação à Associação

dos Municípios do Brasil — AMB —, pedindo-se ao seu presidente seja

feita comunicação, pelo modo mais rápido e eficaz, sobre da antecipação

da tutela concedida a todos os Municípios do País, remetendo-se ao

mesmo cópia da inicial e da decisão;

C-05 — Produção de provas documentais, além das já carreadas,

testemunhais, periciais, e de quaisquer outras que forem necessárias para

o convencimento deste excelso órgão jurisdicional;

D-06 — Requer seja, ao final, seja a determinada a observância, pelo

Oficial de Justiça, dos termos do artigo 172, § 2º, do CPC , nos atos de

citação dos Réus e na execução da medida de antecipação de tutela se

concedida.

VIII — VALOR DA CAUSA:

Dá-se à presente causa, nos termos dos artigos 258 do

CPC, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), apenas para os fins fiscais e processuais.

Nestes termos,

Por ser de justiça e direito ao acolhimento da presente

ação em todos seus termos e pedidos,

Juntando-se os autos do inquérito civil nº MPMG-

0701.11.000593-4, instaurado pela 5ª Promotoria de

Justiça desta Comarca (em número de 05 volumes,

contendo em torno de 864 folhas carimbadas e

numeradas);

Page 79: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS 5ª Promotoria ... · —5ª Promotoria de Justiça Defesa do Patrimônio ... utilização de veículo oficial para fins particulares,

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS 5ª Promotoria de Justiça — Defesa do Patrimônio

Público — Uberab79

Autor....: MP-5ª PJ-CrCEAP — Réus..: Gilberto Eurípedes Bernardes + 4 — Autos..: — V. Cível..: Espécie.: Ação civil pública p/ improbidade administrativa c.c. pedido.... — Tipo-petição.: peça inicial

Pede deferimento.

Uberaba, Triângulo Mineiro, Minas Gerais, 28 de junho

de 2012 (Quinta-feira).

__________________________________________

LAÉRCIO CONCEIÇÃO LIMA — 5º Promotor de

Justiça — Criminal e Controle Externo da Atividade

Policial — Comarca de Uberaba.

Açãocivilresp-danosimprobidade-05-Militares-Veríssimo.doc