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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL E DOS RECURSOS HÍDRICOS WATERSON CALADO DOS REIS ASPECTOS BIOECOLÓGICOS DA ESPÉCIE UCIDES CORDATUS (LINNAEUS, 1763), CAPTURADA NO MUNICÍPIO DE COLARES, PARÁ, BRASIL. BELÉM 2019

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL E DOS RECURSOS HÍDRICOS

WATERSON CALADO DOS REIS

ASPECTOS BIOECOLÓGICOS DA ESPÉCIE UCIDES CORDATUS (LINNAEUS,

1763), CAPTURADA NO MUNICÍPIO DE COLARES, PARÁ, BRASIL.

BELÉM

2019

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WATERSON CALADO DOS REIS

ASPECTOS BIOECOLÓGICOS DA ESPÉCIE UCIDES CORDATUS (LINNAEUS,

1763), CAPTURADA NO MUNICÍPIO DE COLARES, PARÁ, BRASIL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao curso de Engenharia de Pesca, da

Universidade Federal Rural da Amazônia –

UFRA, como requisito para obtenção do grau

de Bacharel em Engenharia de Pesca.

Área de Concentração: Ecologia Aquática.

Orientadora: Profª. Drª.

Kátia Cristina de

Araújo Silva

Co-orientador: Engº. Agrônomo Pedro Arthur

Abreu Leite

BELÉM

2019

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Bibliotecas da Universidade Federal Rural da Amazônia

Gerada automaticamente mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

R375a Reis, Waterson ASPECTOS BIOECOLÓGICOS DA ESPÉCIE UCIDES CORDATUS (LINNAEUS, 1763),CAPTURADA NO MUNICÍPIO DE COLARES, PARÁ, BRASIL. / Waterson Reis. - 2019. 42 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de Engenharia de Pesca, Campus Universitáriode Belém, Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, 2019. Orientador: Profa. Dra. Katia Cristina de Araújo Silva Coorientador: Prof. Pedro Arthur Abreu Leite.

1. Caranguejo-uçá. 2. Cajueirinho. 3. Bem-tivi. I. Cristina de Araújo Silva, Katia , orient. II. Título

CDD 639.56098115

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Dedico,

Aos Meus pais Waldemir dos Reis (in

memórian); Alda Ataide Calado e aos meus

filhos a qual tenho muito amor! E por todos

eles nunca desisti de minha tão sonhada

graduação!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente, a Deus por me conceder saúde física e mental e assim ter a

oportunidade de concluir este curso.

Aos meus amados pais, Waldemir dos Reis, minha formação de caráter! (no céu olhando por

mim) e especialmente a minha mãe Alda Ataide Calado, exemplo de mulher; mãe e amor que

sempre esteve e está a meu lado em todos os momentos felizes e árduos.

As minhas queridas irmãs, Glaucia Kely Calado dos Reis e Gleicy Raimunda Calado dos

Reis, verdadeiras guerreiras no qual tive o privilégio de ensinar e aprender muito ao lado

delas.

A minha amada vó, Blandina Cordovil Rodrigues, uma gostosura de mulher que Deus

mandou a terra para me dar carinho e amor.

Minha querida madrinha, Nilza Ieda Magalhães Calado, obrigado por seus ensinamentos;

dedicação e incentivo.

A todas as minhas namoradas e esposas a qual tive a oportunidade de desfrutar dos momentos

mais incríveis de minha vida, compartilhando sentimentos mútuos de muito amor; dedicação;

respeito; e inspiração.

Aos meus 5 filhos, companheiros de experiências e aventuras maravilhosas, dádivas de Deus

e meus eternos tesouros, Waterson Bellard Calado, meu primogênito e amado amigo, Wendy

Simone Rolim Calado, amada filha e presente Divino, Fernanda Rolim Pureza; Helena Rolim

Pureza e João Vitor Rolim Pureza, amados filhos do coração.

A toda a minha grande família, tios, tias, primos e sobrinhos, pelos momentos de muito

aprendizado; carinho e confraternização.

A todos os professores da graduação em Engenharia de Pesca pelos ensinamentos.

A todos os colegas e amigos de turma pela qual eu passei em muito boa convivência.

A Profª. Drª. Kátia Cristina de Araújo Silva, pela sua orientação e confiança.

A Profª. Drª. Rosália Furtado Cutrim Souza, pelo apoio, dedicação e confiança.

Ao amigo Pedro Arthur Abreu Leite, pela amizade e confiança depositados em mim, quando

me concedeu a experiência de dois anos como pesquisador do projeto “IMPLANTAÇÃO DA

REDE DE PESCA E AQUICULTURA DA AMAZÔNIA” na Agência de Desenvolvimento

da Amazônia – ADA e também pelos dois anos como estagiário (SUBPROJETO

MONITORAMENTO DE MANGUEZAIS DO PARÁ Ecologia do caranguejo-uçá) da

Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM, e por ter me concedido a

oportunidade de trabalhar com uma parte dos dados do Projeto, que são as bases deste

trabalho de conclusão de curso.

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Um líder não é alguém a quem foi dada uma

coroa, mas quem foi dada a responsabilidade de

fazer sobressair o melhor que há nos outros.

(Jack Welch)

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RESUMO

O caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), é um decápodo braquiúro de hábito

semiterrestre, habita o ecossistema manguezal, onde escava galerias no lodo em zonas entre-

marés, com profundidade que variam de 0,5 m a 1,5 m, ocorre no Atlântico Ocidental:

Flórida, Golfo do México, Antilhas, norte da América do Sul, Guiana e Brasil, do Amapá até

Santa Catarina. O presente estudo teve como objetivo analisar os aspectos biológicos da

espécie U. cordatus, capturada no município de Colares, Estado do Pará, Brasil. As coletas

foram realizadas em meses intercalados no período de abril a novembro de 2009, nos horários

de baixa-mar e com o auxílio de catadores de caranguejo. A captura foi realizada pelo método

do “braceamento” e com auxílio de um “gancho”. Nos laboratórios adaptados no município,

foi realizada a identificação, a diferença sexual e a biometria. Foram analisados 414

exemplares, sendo 228 indivíduos capturados em Cajueirinho, correspondendo a 104 machos

e 124 fêmeas, e 186 em Bem-tivi, correspondendo a 92 machos e 94 fêmeas. O comprimento

da carapaça dos machos variou entre 3,60 a 6,80 cm (média de 5,43 cm) e para as fêmeas 3,00

a 5,60 cm (média 4,39 cm). A largura da carapaça teve uma variação entre 4,60 a 7,80 cm

(média 5,43 cm) para machos, e entre 4,40 a 7,40 cm (média de 5,79 cm) para fêmeas. O peso

dos machos variou de 24,00 a 131,00 g (média de 73,71 g) e o das fêmeas 27,00 a 190,00 g

(média 95,98 g). O teste t de Student revelou que as médias das variáveis biométricas dos

machos e das fêmeas apresentam diferença estatisticamente significante. As regressões

estimadas para relacionar a largura com o comprimento da carapaça e peso individual total de

machos e fêmeas apresentaram forte correlação entre as variáveis para o município. As

regressões estimadas para relacionar a largura da carapaça (medida independente) com o

comprimento da carapaça e peso individual total (medidas dependentes) de machos e fêmeas

de U. cordatus, capturados em Cajueirinho e Bem-tivi, apresentaram forte correlação entre

suas variáveis. Durante o período de estudo, o número de machos foi menor que o de fêmeas

para os dois manguezais, em termos percentuais a participação de machos foi de 48,20% e de

51,80%, para fêmeas.

Palavras-chave: Caranguejo-uçá. Cajueirinho. Bem-tivi.

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ABSTRACT

The land crab, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), is a braquiúro decápoda of semiterrestre,

inhabit the mangrove ecosystem, where it digs galleries in the silt, whith depth that vary from

0,6 m to 1,5 m, occurs in the occidental Atlantic: Florida, Gulf of Mexico, Antilles, north of

the South America, Guianas and Brazil, from Amapá to Santa Catarina. The presente study

aimed to analyze the biological aspects of the species U. cordatus, captured in the of Colares,

State of Pará, Brazil. Samples were collected monthly from April to November 2009, the low

tide times and with the aid of crab fishermen. The capture was performed by the method of

“braceamento” and with the aid of a “hook”. In laboratories adapted in the municipalities, it

identification was performed, the sexual difference and biometrics. The very analyzed 414

specimens, 228 individuals in Cajueirinho, corresponding to 104 males and 124 femeles, and

186 in Bem-tivi, corresponding to 92 males and 94 females. The carapace length of males

ranged from 3.60 to 6.80 cm (mean 5.43 cm) and for females 3.00 to 5.60 cm (mean 4.39 cm).

The width of the carapace has a range from 4.60 to 7.80 cm (mean 5.43 cm) for males and

between 4.40 to 7.40 cm (mean 5.79 cm) for females. The weight of males ranged from 24.00

to 131.00 g (mean 73.71 g) and females of 27.00 to 190.00 g (mean 95.98 g). The Student’s t-

test showed that the average of the biometric variables of males and females shuw a

statistically significant difference for both municipalities. The regressions estimated to relate

the width to the length of the carapace and individual total weight of males and females

showed a strong correlation between the variables for the municipalitie. The estimated

regressions to relate carapace width (independent measures) with carapace length and total

individual weight (dependent measures) of U. cordatus males and for femeles, captured in

Cajueirinho and Bem-tivi, show a strong correlation between their variables. During the study

period, the number of males was lower than that of females for both mangroves, in percentage

terms the participation of males was 48.20% and 51.80% for females.

Keywords: Land crab. Cajueirinho. Bem-tivi.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Espécime de caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763). ....................... 17

Figura 2 – Vista dorsal da espécie U. cordatus, mostrando os cinco pares de pereiópodos (P1

a P5) e a estrutura denominada cefalotórax, mais conhecida popularmente por

carapaça. ............................................................................................................ 20

Figura 3 – Diferença de coloração do caranguejo-uçá, U. cordatus (Linnaeus, 1763) .......... 20

Figura 4 – Estágios de desenvolvimento larval de U. cordatus (Linnaeus, 1763). ................ 24

Figura 5 – Mapa de localização da área de coleta dos exemplares de U. cordatus (Linnaeus,

1763) capturados no Município de Colares......................................................... 26

Figura 6 – Esquema das áreas de coletas. ............................................................................ 27

Figura 7 – Método do “braceamento”, utilizado na captura dos indivíduos de caranguejo-uçá.

.......................................................................................................................... 28

Figura 8 – Instrumento denominado “gancho”, utilizado na captura do caranguejo-uçá. ...... 29

Figura 9 – Vista ventral de um exemplar macho de U. cordatus (Linnaeus, 1763). .............. 30

Figura 10 – Vista ventral de um macho de U. cordatus evidenciando a localização dos

pleópodos, do telso e dos seis somitos abdominais. ............................................ 31

Figura 11 – Vista ventral de uma fêmea de U. cordatus (Linnaeus, 1763). .......................... 31

Figura 12 – Vista ventral de uma fêmea de U. cordatus (Linnaeus, 1763) evidenciando a

localização dos gonóporos, dos pleópodos, do telso e dos seis somitos abdominais.

.......................................................................................................................... 32

Figura 13 – Medidas do comprimento e largura da carapaça de caranguejo-uçá................... 32

Figura 14 – Equação de regressão estimada para a relação comprimento – largura da carapaça

de machos e fêmeas de U. cordatus (Linnaeus, 1763), capturados no Município de

Colares, no período de abril a novembro de 2009. .............................................. 37

Figura 15 – Equação de regressão estimada para a relação peso individual total – largura da

carapaça de machos e fêmeas de U. cordatus (Linnaeus, 1763), capturados no

manguezais Cajueirinho e Bem-tivi no Município Colares, no período de abril a

novembro de 2009. ............................................................................................ 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número de indivíduos total de caranguejo-uçá, por Manguezal e separados por

sexo. .................................................................................................................. 34

Tabela 2 – Número de indivíduos para determinação de Comprimento e Largura da carapaça

(CC e LC) e Peso Individual total (PI) de caranguejo-uçá, no município e

separados por sexo. ............................................................................................ 34

Tabela 3 – Valores mínimos, máximos, médias e desvio padrão para comprimento da

carapaça (CC), largura da carapaça (LC) e peso individual total (PI) de machos e

fêmeas de caranguejo-uçá, capturados nos manguezais de Cajueirinho e Bem-tivi

no municipio de Colares. N= número de indivíduos; DP = desvio padrão. .......... 35

Tabela 4 – Comparação entre os valores médios de comprimento da carapaça (CC), largura

de carapaça (LC) e peso individual total (PI), de machos e fêmeas de caranguejo-

uçá de acordo com outros estudos.................................................................... ...... 35

Tabela 5 – Comparação do comprimento médio da carapaça entre machos e fêmeas de

caraguejo-uçá, capturados nos manguezais do Município de Colares no ano de

2009. N= número de indivíduos; S2= variância; Gl= grau de liberdade; tcal= t

calculado; ttab= t tabelado. .................................................................................. 36

Tabela 6 – Comparação da largura média da carapaça entre machos e fêmeas de caraguejo-

uçá, capturados nos manguezais do Município de Colares no ano de 2009. N=

número de indivíduos; S2= variância; Gl= grau de liberdade; tcal= t calculado; ttab=

t tabelado. .......................................................................................................... 36

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2 OBJETIVOS...................................................................................................................15

2.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 15

2.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 15

3 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 16

3.1 Sistemática ............................................................................................................... 16

3.2 Sinonímia ................................................................................................................. 17

3.3 Nomes em Outras Línguas ...................................................................................... 17

3.4 Distribuição Geográfica .......................................................................................... 18

3.5 Habitat ..................................................................................................................... 18

3.6 Hábito ...................................................................................................................... 18

3.7 Morfologia ............................................................................................................... 19

3.8 Hábito Alimentar..................................................................................................... 21

3.9 Ciclo de Desenvolvimento ......................................................................................... 22

3.9.1 Muda (Ecdise) ............................................................................................................ 22

3.9.2 Processo Reprodutivo ................................................................................................. 23

3.9.3 Desova ...................................................................................................................... 23

3.10 Defeso ....................................................................................................................... 24

3.11 Doença do caranguejo letárgico – DCL ................................................................ 25

4 MATERIAIS E METODOS ................................................................................... 26

4.1 Área de estudo ......................................................................................................... 26

4.2 Coleta de Dados......................................................................................................... 27

4.2.1 Campo ........................................................................................................................ 27

4.2.2 Laboratório ............................................................................................................... 29

4.2.2.1 Identificação ............................................................................................................. 30

4.2.2.2 Dimorfismo Sexual................................................................................................... 30

4.2.3 Biometria .................................................................................................................. 32

4.3 Análise dos dados .................................................................................................... 33

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 34

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5.1 Determinação do tamanho total mínimo, médio e máximo do comprimento e

largura da carapaça (CC e LC), e do peso individual total (PI) de machos e

fêmeas ...................................................................................................................... 34

5.2 Relação entre as medidas lineares de largura e comprimento da carapaça

(LC/CC) e largura da carapaça e peso individual total (LC/PI)............................ 36

5.2.1 Relação entre largura e comprimento da carapaça (LC/CC) ....................................... 36

5.2.2 Relação largura da carapaça e peso individual total (LC/PI) ...................................... 36

5.3 Relação entre as medidas lineares de largura de comprimento de carapaça

(LC/CC) e largura de carapaça e peso individual (LC/PI)......................................37

5.3.1 Relação entre largura e comprimento de carapaça (LC/CC) .........................................37

5.3.2 Relação largura e peso individual total (LC/PI).................. ..........................................38

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 39

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 40

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1 INTRODUÇÃO

O caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), pertence ao subfilo dos

crustáceos na infraordem dos braquiúros, grupo que compreende os caranguejos e os siris, e a

família dos Ucididae (NG; GUINOT; DAVIE, 2008).

Segundo Melo (1996), esta espécie encontra-se distribuída em áreas de manguezais,

desde a Flórida (EUA) até o Estado de Santa Catarina (Brasil).

A espécie pode ser encontrada em ambientes estuarinos onde escava suas galerias no

sedimento consolidado. Por apresentar uma grande parte na fase adulta, essa espécie é

apreciada como alimento em várias regiões brasileiras, possuindo, portanto, grande

importância econômica (HATTORI; PINHEIRO, 2003).

É o segundo maior crustáceo encontrado no manguezal, constituindo a espécie mais

explorada para o consumo humano (OLMOS; SILVA, 2003). Os indivíduos desta espécie

apresentam carapaça subelíptica, coloração variando de azulada a arroxeada e avermelhada,

quelípodos desiguais para machos e fêmeas e franjas de pelos nos pereiópodos dos machos, a

qual é reduzida ou ausente nas fêmeas (MACHADO, 2010; MELO; 1996; CASTRO, 1986).

Os espécimes habitam em galerias que variam entre 0,5 e 1,5 m de profundidade,

apresentando apenas um indivíduo, sendo muito pronunciado o territorialismo da espécie.

Durante o ciclo de maré enchente os indivíduos se abrigam nas tocas, onde se alimentam de

vegetais, restos de matéria orgânica em decomposição; algas; poríferos e sedimento (PAIVA,

1997; MELO, 1996; IVO; DIAS; MOTA, 1999).

Algumas adaptações de decápodos estão presentes no caranguejo-uçá. Entre estas se

destacam a habilidade para suportar a disponibilidade limitada de água devido às inundações

da maré e exposição do substrato, bem como a alta salinidade intersticial e a baixa

concentração de oxigênio nas galerias. Embora registros da literatura disponíveis assinalem

que este animal é passível de ser explorado com relativa intensidade sem entrar em situação

de sobrepesca (PAIVA, 1997), a exploração desordenada, a utilização de artes predatórias, e

principalmente a destruição do seu habitat poderão comprometer o estoque da população

explorada (FERREIRA-CORREIA et al., 2008).

A época da reprodução, conhecida como andada ou carnaval, caracteriza-se pela saída

dos indivíduos de suas tocas em grandes quantidades para acasalar, tornando-se extremamente

vulnerável à captura. Nesta ocasião é comum os machos do caranguejo-uçá liberarem espuma

ao redor de seu corpo, próximo às galerias, facilitando seu reconhecimento pelas fêmeas. A

fêmea é arrastada pelo macho para sua toca e assume um decúbito dorsal, enquanto o macho a

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14

cobre depositando o líquido seminal com auxílio do pênis nas aberturas na base do terceiro

par de pereiópodos. Durante o desenvolvimento dos ovos, estes são protegidos pelos

pleópodos (CASTRO, 1986; MACHADO, 2010; MOTA-ALVES, 1975).

O crescimento dos indivíduos ocorre com a ecdise (troca da carapaça), quando os

caranguejos se aprofundam nas tocas, tornando sua disponibilidade bastante reduzida

(CASTRO, 1986).

O referido trabalho tem como base buscar conhecimento sobre os aspectos da

bioecológicos do caranguejo-uçá no município do Nordeste Paraense, afim de obter melhores

conhecimentos sobre este recurso pesqueiro, e assim contribuir para sustentabilidade no

manejo dessa espécie no local de estudo.

A fim de contribuir para a sustentabilidade da captura do caranguejo-uçá e evitar a

sobre pesca e o colapso do estoque, tendo em vista que há um forte extrativismo direcionado

para esse recurso, em virtude de seu potencial econômico.

Portanto, é de extrema necessidade que seja intensificado os estudos acerca da

bioecologia deste recurso pesqueiro. Desta forma, o presente estudo visa fornecer subsídios

para que a exploração do caranguejo-uçá na região investigada seja realizada de forma

consciente e ordenada, assegurando a manutenção dos estoques em níveis adequados de

exploração e garantindo a conservação da espécie em seu ambiente natural.

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15

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo analisar aspectos biológicos da espécie Ucides

cordatus (Linnaeus, 1763) capturada no município de Colares, e proceder aos estudos da

ecobiologia do caranguejo-uçá no manguezal local tendo em vista o uso sustentável e

permanente deste ambiente.

2.2 Objetivos Específicos

Determinar o tamanho mínimo, médio e máximo da carapaça, e do peso;

Relação entre as medidas lineares do comprimento da carapaça e largura da carapaça

(CC/LC);

Relação peso/largura da carapaça

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16

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Sistemática

A classificação sistemática do caranguejo-uçá Ucides cordatus (Linnaeus, 1763)

expressa até o nível de superfamília é a proposta por Martin e Davis (2001) e os demais níveis

estão de acordo com Ng, Guinot e Davie (2008), então esse pode ser enquadrado nas

seguintes categorias taxonômicas.

Reino Animalia

Filo Arthropoda

Subfilo Crustacea Brünnich, 1772

Classe Malacostraca Latreille, 1802

Subclasse Eumalacostraca Grobben, 1892

Superordem Eucarida Calman, 1904

Ordem Decapoda Latreille, 1802

Subordem Pleocyemata Burkenroad, 1963

Infraordem Brachyura Linnaeus, 1802

Seção Eubrachyura Saint Laurent, 1980

Superfamília Ocypodoidea Rafinesque, 1815

Família Ucididae Števĉić, 2005

Subfamília Ucidinae Števĉić, 2005

Gênero Ucides Rathbun, 1897

Espécie Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Figura 1)

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17

Figura 1 – Espécime de caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763).

Fonte: O autor.

3.2 Sinonímia

Foram encontradas as seguintes sinonímias para a espécie Ucides cordatus: Cancer

cordatus Linnaeus, Cancer uca Herbst, Cangrejos Ajas de Manglar Parra, Ocypode cordata

Latreille, Ocypode fossor Latreille, Ocypode uca De Haan, Gecarcinus uca Lamarck,

Goniopsis fossor Desmarest, Uca uca Latreille, Uca una Guérin, Uca lavis Milne Edwards,

Uca cordata White, Uca pilosipes Gill, Ucides cordatus Rathbun (RATHBUN, 1918).

3.3 Nomes em Outras Línguas

Segundo Cervigón et al. (1992) o caranguejo-uçá possui os seguintes nomes vulgares:

caranguejo-uçá, catanhão ou caranguejo verdadeiro (Português – Brasil), cangrejo capucho

fantasma (Espanhol); crabe mantou (Francês), Ghost crab (Inglês).

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3.4 Distribuição Geográfica

De acordo com Costa (1972 e 1979), os primeiros estudos escritos sobre caranguejo-

uçá foram publicados em meado do século XVI, porém as primeiras referências sobre a

distribuição geográfica da espécie foram realizadas no início do século XIX.

Branco (1993) e Melo (1996), relatam que a espécie ocorre no Atlântico ocidental:

Flórida, Golfo do México, Antilhas, norte da América do Sul, Guiana e Brasil – do Amapá até

Santa Catarina.

3.5 Habitat

Segundo Melo (1996). O caranguejo-uçá, encontra-se em ambientes pantanosos, entre

as raízes das árvores do mangue e constroem suas galerias em áreas de água salobra. Este

relata que as galerias construídas são largas, sempre retas e relativamente rasas. O autor

também argumente que às vezes o U. cordatus ocupa galerias de outras espécies, como as

dos gêneros Cardissoma (Latreile, 1825), Uca (Leach, 1814) e Goniopsis (De Haan, 1833).

Nascimento (1993) relata que o caranguejo uçá vive nos manguezais em zonas entre

marés, escavam galerias no lodo com profundidade que variam de 0,6 m a 1,5 m, dependendo

da época do ano e, de acordo com Costa (1979) são habitadas por um único indivíduo,

apresentando geralmente uma abertura com dimensões proporcionais ao porte de seu

habitante.

3.6 Hábito

Algumas adaptações de Decápodos estão presentes no caranguejo-uçá. Entre estas se

destacam a habilidade para suportar a disponibilidade limitada de água devido às inundações

da maré e exposição do substrato, bem como a alta salinidade intersticial e a baixa

concentração de oxigênio nas galerias. Embora registros da literatura disponíveis assinalem

que este animal é passível de ser explorado com relativa intensidade sem entrar em situação

de sobrepesa (Paiva, 1997), a exploração desordenada, a utilização de artes predatórias, e

principalmente a destruição do seu habitat poderão comprometer o estoque da população

explorada (Ferreira-Correia et al., 2008).

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De acordo com Pinheiro e Fiscarelli (2001) a espécie U. cordatus é um crustáceo

braquiúro semiterrestre, que possui hábito noturno e que vive na região intertidal, onde

constrói suas galerias no sedimento do manguezal. O autor relata que os caranguejos adultos

ocorrem em áreas de sedimento lodoso, com predomínio de silte e argila (<0,05 mm),

diferente dos indivíduos nos estágios juvenis que são mais frequentes em sedimento arenoso,

com predomínio de areia fina (0,2 a 0,05 mm).

Nordhaus (2003) constatou em suas pesquisas, utilizando binóculos e filmagens com

câmera infravermelha, que embora o caranguejo uçá seja ativo durante a noite, este tem hábito

predominantemente diurno, pois depende da visão para coleta de folhas.

3.7 Morfologia

Como descrito por Pinheiro e Fiscarelli (2001). Como ocorre com outros crustáceos

decápodos, o corpo do caranguejo-uçá (Figura 2), é dividido em segmentos (somitos), alguns

dos quais se encontram fundidos à exemplo do cefalotórax. Um conjunto de segmentos com

função similar recebe o nome de tagma, sendo o primeiro o cefalotórax, conhecido

popularmente como carapaça. Uma estrutura ampla, mais larga que comprimida e exibi um

tênue achatamento dorso-ventralmente e a segunda o abdome.

Nos segmentos cefálicos existem dois pares de antenas que possuem função sensorial

referente ao tato, olfato e como órgão de equilíbrio, sendo o menor as antênulas e o maior as

antenas; e três pares de estruturas associadas à boca que são as mandíbulas, maxílulas e

maxílas, essas estruturas são utilizadas no pré-processamento do alimento, bem como durante

a limpeza e circulação da água nas câmaras branquiais. Nos segmentos do tórax, existem três

pares de maxilípedes que, além das funções táctil e olfativa, auxiliam na manipulação do

alimento, oclusão da boca e das demais estruturas bucais; e cinco pares de apêndices

locomotores denominados pereiópodos, conhecidos popularmente como pernas (PINHEIRO;

FISCARELLI, 2001) (Figura 2).

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Figura 2 – Vista dorsal da espécie U. cordatus, mostrando os cinco pares de pereiópodos (P1 a P5); sendo (P1)

denominado Quelípodo, e a estrutura denominada cefalotórax, mais conhecida popularmente por

carapaça.

Fonte: O autor.

Segundo Pinheiro e Fiscarelli (2001), ainda pode ser observada uma características

com relação a coloração dos quelípodos - “patas” e do cefalotórax - “carapaça” da espécie na

fase jovem pode ser lilás ou roxa, que permanece inalterada na fase adulta, embora possa

adquirir tonalidade ferruginosa ou marrom escura pouco antes da troca do exoesqueleto,

quando geralmente são confundidos com outras espécies. Dependendo da época do ano a

espécie pode apresentar coloração que varia de azul celeste ao marrom escuro (Figura 3).

Figura 3 – Diferença de coloração do caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763).

Fonte: O autor.

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3.8 Hábito Alimentar

A espécie U. cordatus realiza a captura do alimento durante a baixa mar nas

proximidades das tocas. Este infere que o alimento prontamente é levado para o interior da

toca, constituindo-se principalmente de folhas em decomposição, frutos e sementes de

Avicenia shaueriana, e em algumas ocasiões foi possível observar a ingestão de bivalves e

grastrópodas (BRANCO, 1993).

Alimenta-se principalmente de folhas velhas e amarelas que caem das árvores do

manguezal, por essa razão são considerados basicamente herbívoros. Estas folhas são

capturadas e armazenadas nas galerias, sendo coletadas na maré baixa (KOCH, 1999).

Em estudos realizados em manguezais do Itacorubi (SC), por Branco (1993),

evidenciaram que dos 123 estômagos de caranguejo-uçá analisados, 93 continham alimento;

entre estes indivíduos, 95% apresentavam alimentos de natureza vegetal, 53% de origem

animal e 73% tinham no conteúdo estomacal sedimento misturado com matéria orgânica.

Entre os vegetais o itens mais frequentes foram a raiz, com 66%, seguindo-se a casca, com

51%. O item crustáceo foi o mais frequente entre os animais, com 18%, seguindo-se os

moluscos com 15%.

Nascimento (1993) observou em laboratório que o caranguejo-uçá, em cativeiro

apresenta o mesmo comportamento que no habitat natural; quando as folhas são postas à sua

disposição, o animal as arrasta para o interior da toca, onde são armazenadas e passam a

sofrer um processo de decomposição transformando as folhas em uma pasta recoberta por

fungos. Esta autora sugeriu que os caranguejos alimentam-se dos fungos e das proteínas por

eles produzidas e, ao analisar o conteúdo estomacal do caranguejo-uçá, a mesma observou a

presença de bactérias proteolíticas (Bacillus pumilus, Achromobacter ticas e uma terceira

espécie não identificada), que também seriam o alimento do caranguejo-uçá. A autora infere

que as bactérias se encontram na “pasta” formada a partir do ataque de fungos, às folhas

conduzidas pelos caranguejos para o interior de suas tocas.

Nordhaus (2003) não concorda com Nascimento (1993), pois em seus estudos

observou que a espécie U. cordatus não estoca folhas por muitas semanas, que seriam

necessárias para a colonização destes organismos.

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3.9 Ciclo de Desenvolvimento

No ciclo de desenvolvimento do caranguejo-uçá é possível diferenciar as fases

principais de muda (ecdise), acasalamento (andada) e desova (NASCIMENTO, 1993).

3.9.1 Muda (Ecdise)

Para que ocorra o crescimento dos crustáceos é necessário que haja uma troca

periódica do exoesqueleto rígido. O fenômeno da troca desse exoesqueleto é chamado de

muda ou ecdise, enquanto o exoesqueleto antigo descartado é popularmente conhecido como

“casca” ou exúvia. (ALVES; NISHIDA, 2002).

De acordo com Nascimento (1993), a média de duração dessa fase é de 5 a 6 horas. O

clímax da ecdise ocorre quando a carapaça se rompe na parte posterior, e imediatamente o

animal começa a retirar o corpo “mole” (só músculo) que é recoberto por uma fina membrana.

No princípio o caranguejo não se movimenta parecendo estar morto quando se encontra fora

da carapaça antiga pois, permanece estático. A membrana que reveste o corpo em contato

com a água incha e juntamente com a substância leitosa vai endurecendo. Após 12 a 18 horas,

o animal está completamente recuperado e com nova carapaça endurecida. Então, abandona a

toca no alto manguezal e se dirige para a zona entre-marés, onde escava nova toca, retornam

as suas atividades, maiores em tamanho, mas muito magros. Depois de determinado tamanho

de carapaça (entre 60 e 65 mm) cessa o processo de muda.

Existe uma classificação para os estágios de muda do caranguejo-uçá, Drach (1939) os

classificou em quatro:

(Estágio A) – A carapaça é muito fina e pode ser ferida com facilidade pelas unhas existindo

então uma muda recente. Os indivíduos neste estágio movimentam-se com pouca intensidade.

(Estágio B) – Carapaça com consistência de cartilagem oferece resistência quando

pressionada, porém ainda mudando de forma.

(Estágio C) – Carapaça dura, não muda de forma (sem quebrar) quando pressionado é o

estágio mais estável e duradouro.

(Estágio D) – Com a carapaça fofa como se estivesse se desprendendo do corpo, indivíduo

muito próximo da muda.

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3.9.2 Processo Reprodutivo

Nascimento (1993) relata que a reprodução da andada ou carnaval é a denominação

que as comunidades litorâneas conferem ao comportamento que o caranguejo-uçá apresenta

em determinadas épocas do ano, quando todos os machos e fêmeas saem de suas tocas e

caminham sobre o sedimento do manguezal com o propósito reprodutivo.

Mota Alves (1975), relata que o acasalamento do caranguejo uçá ocorre com a fêmea

em posição de decúbito dorsal, ocasião em que o macho a cobre e deposita o líquido seminal

nas aberturas existentes na base do terceiro par de patas, com o auxílio do pênis. Os

espermatozoides encapsulados são transferidos para os receptáculos seminais da fêmea, onde

ficam armazenados. A parede dos receptáculos secreta um líquido que enche os ovidutos e,

em contato com a água endurece, de tal modo que o esperma não pode atingir as vias genitais

femininas. Fonteles Filho (2011) relata que o caranguejo-uçá além de realizar cópula com

fecundação interna, também retém os ovos no abdômen, sendo uma espécie ovulípara. A

estratégia de reter os ovos no abdômen, de acordo com este autor, confere a fêmea maior taxa

de fertilização e menor taxa de mortalidade.

3.9.3 Desova

No processo de desova acontece o extravasamento do líquido espermático do

receptáculo seminal fecundando os óvulos, quando se aglomeram em cachos, ficando os ovos

presos aos endopoditos dos pleópodos da fêmea (MOTA ALVES, 1975).

Pinheiro e Fiscarelli (2001) relatam que após a desova, os ovos apresentam diâmetro

com média variando entre 0,42 mm a 0,44 mm, aumentando para 0,53 mm a 0,54 mm,

quando próximos à eclosão, provocando um aumento de 22 a 26% em tamanho e 91,7% em

volume. Os autores argumentam que o número de ovos postos por desova está diretamente

relacionado com o tamanho da fêmea, apresentando correlação positiva. Mota Alves (1975)

também relata em estudo realizado no rio Ceará no Estado do Ceará que o número de ovos

depende do tamanho da fêmea e que pode variar de 64.000 a 195.000 ovos.

De acordo com Abrunhosa et al. (2002), em meio natural as larvas de caranguejo-uçá

eclodem no estuário e geralmente são carregadas seguindo a corrente dos rios em direção ao

oceano, onde vão passar todo o período larval.

Rodrigues e Hebling (1989) em estudo realizado em laboratório sobre o completo

desenvolvimento larval de U. cordatus observaram que a espécie passa por sete estágios

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larvais antes de adquirir morfologia parecida à do adulto, caracterizando-a como de

desenvolvimento indireto. Os autores relataram que ao eclodir o animal passa por seis

estágios de zoea (I a VI) e um de megalopa (Figura 4), nessa fase é possível verificar o

achatamento do cefalotórax e quelípodos formados. Segundo estes autores as variáveis

ambientais são importantes na duração média do desenvolvimento larval completo, para o

presente estudo a duração média foi de dois meses em temperatura de 25 °C e salinidade de

24%0.

Figura 4 – Estágios de desenvolvimento larval de U. cordatus (Linnaeus, 1763).

Fonte: Adaptado de Rodrigues e Hebling (1989).

3.10 Defeso

A portaria IBAMA Nº 034/03-N, de 24 de junho de 2003, proibi anualmente, no

período de 1º de dezembro a 31 de maio, a captura, a manutenção em cativeiro, o transporte, o

beneficiamento, a industrialização e a comercialização da espécie Ucides cordatus, conhecida

popularmente por caranguejo nos Estados do Pará e do nordeste, ficando delegado aos

Gerentes executivos do IBAMA, nos estados estabelecerem os dias de defeso à espécie,

referente ao período da reprodução (BRASIL, 2003).

A implementação destas medidas mais rígidas de controle, tais como tamanho mínimo

de captura e período de defeso, os estoques continuam a decair. Fatores como crescimento das

cidades próximo aos manguezais, acidentes ambientais e, recentemente o aparecimento de

uma doença altamente letal a DCL (Doença do Caranguejo Letárgico) sobre as populações de

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caranguejo-uçá, vem demonstrando que apenas a regulamentação da cata do caranguejo não é

suficiente para garantir a sustentabilidade da exploração da espécie pelas populações

ribeirinhas por um longo tempo (SILVA et al., 2006).

Os autores acima citados também relatam, que a comunidade científica e os órgãos

ambientais vêm realizando esforços para ampliar o conhecimento sobre a biologia do animal e

tentando melhorar as medidas administrativas e legais para tentar reverter este quadro.

Durante o ano diversos encontros são realizados com a participação dos catadores de

caranguejo, membros da comunidade científica e agentes de fiscalização com o objetivo de

estabelecer medidas de ordenamento.

3.11 Doença do Caranguejo Letárgico (DCL)

Em um estudo desenvolvido desde 2004 pelo Grupo Integrado de Aquicultura e

Estudos Ambientais da Universidade Federal do Paraná (GIA/UFPR), financiado pelo

Governo do Estado de Sergipe, existe um agente causador da patologia, batizada de Doença

do Caranguejo Letárgico (DCL). Que de acordo com Silva et al. (2006), desde 1997 episódios

de mortandade em massa de populações de caranguejo-uçá vêm sendo registrados na região

Nordeste.

Tais mortes são causadas por um patógeno que se trata de um fungo negro do grupo

dos ascomicetos. Este micro-organismo se espalha pela hemolinfa e afeta diversos órgãos do

caranguejo, principalmente o sistema nervoso e o coração, então esses animais perdem a

capacidade de coordenação dos movimentos, e a manifestação mais visível da doença é a

letargia. Trazendo em poucos dias a morte destes indivíduos (SILVA et al., 2006).

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4 MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo teve como base os dados do Projeto Rede de Pesquisas Aplicadas

para Suporte ao Desenvolvimento Integrado e Sustentado da Pesca e Aquicultura no Estado

do Pará – REPAPAQ, subprojeto Ecobiologia do caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus,

1763) e monitoramento dos manguezais, convênio 070/2008 do Governo do Estado do Pará e

da Universidade Federal do Pará – UFPA.

4.1 Área de Estudo

O presente estudo foi realizado em áreas de manguezais localizadas no município de

Colares, situado na mesorregião do Nordeste Paraense, microrregião do Salgado, há 63 km da

Capital. O município apresenta um clima tropical quente e úmido, com um período chuvoso

bem acentuado nos meses de dezembro a maio e uma estação menos chuvosa nos meses de

junho a novembro (MARTORANO et al., 1993).

Figura 5 – Mapa de localização da área de coleta dos exemplares de U. cordatus capturados nos Manguezais no

Município de Colares

Fonte: O autor.

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4.2 Coleta de Dados

4.2.1 Campo

As coletas foram realizadas em meses bimestrais intercalados no período de abril a

novembro de 2009, nos horários de baixa-mar e com o auxílio de profissionais. De acordo

com Santa Fé e Araújo (2013) podem ser identificados como catadores ou pescadores de

caranguejo. Em virtude do atraso na liberação da segunda parcela do recurso financeiro não

foi possível realizar as coletas de janeiro a abril de 2010.

Devido à extensão dos manguezais, utilizou-se como referência o leito do rio e foram

traçadas três linhas paralelas, com distância de 100 m cada. Sobre cada uma destas linhas

foram marcadas três áreas de 25 m2, marcadas com corda de nylon da mesma coloração para

cada linha, sendo uma no centro, uma a esquerda e uma a direita da área localizada no centro,

totalizando nove áreas amostrais (Figura 6) (SILVA et al., 2009).

Figura 6 – Esquema das áreas de coletas.

Fonte: Adaptado de Silva et al. (2009).

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A captura dos exemplares foi realizada com as mãos nuas pelo método de

“braceamento” (Figura 7) – essa técnica é feita de forma manual, com os pescadores

introduzindo o braço nas galerias, onde os animais se abrigam, para retirá-los após serem

imobilizados – e com auxílio de um instrumento denominado “gancho” (Figura 8) – que é

introduzido dentro da toca para movimentar o caranguejo do fundo até a abertura da toca,

facilitando a captura (ARAÚJO, 2006).

Figura 7 – Método do “braceamento”, utilizado na captura dos indivíduos de caranguejo-uçá.

Fonte: O autor.

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Figura 8 – Instrumento denominado “gancho”, utilizado na captura do caranguejo-uçá.

Fonte: O autor.

Antes da captura, tomou-se o cuidado de identificar o número de galerias fechadas e

abertas (ocupadas e vazias).

Após a coleta, os indivíduos foram lavados e acondicionados em gelo e encaminhados

aos laboratórios adaptados no município.

4.2.2 Laboratório

No laboratório adaptado no município foi realizada: a identificação, a diferença sexual

e a biometria. É importante ressaltar que os indivíduos com um dos quelípodos ausentes ou

com mais de dois pereiópodos perdidos de um mesmo lado foram considerados muito

danificados e não tiveram seus pesos determinados. No entanto, caranguejos com pereiópodos

perdidos quando pesados, tiveram acrescidos ao seu peso individual total o peso do

pereiópodo semelhante ao perdido.

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4.2.2.1 Identificação

A identificação da espécie foi realizada de acordo com a chave sistemática de Melo

(1996), onde relata que o Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) apresenta a carapaça

transversalmente sub-elíptica, pouco mais larga do que longa fortemente convexa

longitudinalmente. Largura fronto-orbital não mais do que 2/3 da largura máxima da carapaça

nos machos adultos. Fronte se alargando em direção à base, não sub-espatular. Margens

regularmente curvadas, convergindo posteriormente.

4.2.2.2 Dimorfismo Sexual

A diferença sexual foi realizada com base nas características morfológicas externas

diferenciadas de machos e fêmeas de acordo com Pinheiro e Fiscarelli (2001). Esses relatam

que nos machos, o abdômen é alongado, estreito, com formato próximo ao triangular (Figura

9), tendo como função alojar os apêndices abdominais que são utilizados como órgãos

copulatórios, sendo por isto denominado de gonopódios, possuem apenas dois pares de

pleópodos, associados ao primeiro e segundo somitos, respectivamente (Figura 10). De

acordo com os autores citados acima, verifica-se que a quantidade de “pêlos” (cerdas)

presente na face ventral do segundo ao quinto par de patas é densa.

Figura 9 – Vista ventral de um exemplar macho de U. cordatus (Linnaeus, 1763).

Fonte: O autor.

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Figura 10 – Vista ventral de um macho de U. cordatus (Linnaeus, 1763) evidenciando a localização dos

pleópodos, do telso e dos seis somitos abdominais.

Fonte: Adaptado de Pinheiro e Fiscarelli (2001).

Enquanto que nas fêmeas o abdômen é semicircular, alargado (Figura 11), servindo

para alojar os pleópodos, proteger a massa de ovos e as duas aberturas sexuais denominadas

de gonóporos, possuem quatro pares com dois ramos (birremes), presentes apenas no segundo

ao quinto somito abdominal (Figura 12). A quantidade de “pêlos” (cerdas) presente na face

ventral do segundo ao quinto par de patas apresenta um número extremamente reduzido,

sendo mais esparsas e com menor espessura (PINHEIRO; FISCARELLI, 2001).

Figura 11 – Vista ventral de uma fêmea de U. cordatus (Linnaeus, 1763).

Fonte: O autor.

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Figura 12 – Vista ventral de uma fêmea de U. cordatus (Linnaeus, 1763) evidenciando a localização dos

gonóporos, dos pleópodos, do telso e dos seis somitos abdominais.

Fonte: Adaptado de Pinheiro e Fiscarelli (2001).

4.2.3 Biometria

As principais medidas coletadas foram do comprimento da carapaça (CC) – medida

tomada no plano de simetria, sobre o dorso do corpo, a partir da margem anterior da fronte até

atingir a parte posterior da carapaça; e da largura da carapaça (LC) – medida tomada ao nível

do primeiro par de pereiópodos correspondente à sua maior dimensão (Figura 13)

(BOTELHO; DIAS; IVO, 1999); foram medidas com um paquímetro de aço (precisão de 0,1

mm).

Figura 13 – Medidas do comprimento e largura da carapaça de caranguejo-uçá.

Fonte: Adaptado de Pinheiro e Fiscarelli (2001).

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Após as medidas do comprimento e largura da carapaça, foi obtido o peso individual

total (PI) de cada indivíduo com auxílio de uma balança analítica com precisão de 0,1 g.

4.3 Análise dos dados

A determinação das medidas de mínimo, máximo e também das médias do

comprimento e a largura da carapaça, assim como do peso foram obtidos com o auxílio do

programa Microsoft Office Excel 2010.

Para comparar o comprimento médio da carapaça e da largura entre fêmeas e machos

para o período total foi utilizado o teste “t” de Student, em que admite duas hipóteses H0 (as

médias são iguais, não tendo diferença entre as mesmas) e Ha (as médias são diferentes,

existindo diferença significativa entre as mesmas) ao nível de significância de 5%, sendo o

Grau de liberdade = (número de machos + número de fêmeas) - 2, estabelecido pelo teste

bilateral (IVO; FONTELES FILHO, 1997).

Para representar a relação entre as medidas lineares de largura e o comprimento da

carapaça do caranguejo-uçá para machos e fêmeas, foi utilizada a equação linear do tipo Y =

bX + a. A relação entre a largura da carapaça e o peso total foi ajustada conforme a equação

do tipo Y = AXb (modelo potencial) (ZAR, 1996; IVO; FONTELES FILHO, 1997).

Os dados foram agrupados por mês para analisar as frequências totais e por sexo.

Posteriormente, foi realizada a proporção sexual por mês e para o período total, para

identificar as diferenças na proporção esperada de 1:1 (macho:fêmea), os dados foram

submetidos ao teste estatístico χ2

(qui-quadrado), utilizando como valor crítico 3,84 para k =

2, grau de liberdade = 1 e α = 0,05 (ZAR, 1996; IVO; FONTELES FILHO, 1997).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

No período de abril a novembro de 2009, no município de Colares, nos manguezais de

Cajueirinho e Bem-tivi foram coletados 414 exemplares de Ucides cordatus. Sendo 228

indivíduos capturados no Manguezal Cajueirinho, correspondendo a 104 machos e 124

fêmeas, e 186 no manguezal Bem-tivi, correspondendo a 92 machos e 94 fêmeas (Tabela 1).

Tabela 1 – Número de indivíduos total de caranguejo-uçá, por manguezal e separados por sexo.

Manguezais Número

Total Machos Fêmeas

Cajueirinho 104 124 228

Bem-tivi 92 94 186

Total 196 218 414

Fonte: O autor.

5.1 Determinação do tamanho total mínimo, médio e máximo do comprimento e largura

da carapaça (CC e LC), e do peso individual total (PI) de machos e fêmeas

No Município de Colares, foram determinados o comprimento e a largura da carapaça

de 414 indivíduos, sendo 196 machos e 218 fêmeas, dos quais 312 indivíduos foram

amostrados para determinação do peso individual total, correspondendo a 163 machos e 149

fêmeas (Tabela 2).

Tabela 2 – Número de indivíduos para determinação de Comprimento e Largura da carapaça (CC e LC) e Peso

Individual total (PI) de caranguejo-uçá, no Município e separados por sexo.

Município Colares Números

Total Machos Fêmeas

Comprimento e Largura de Carapaça

(CC e LC) 196 218 414

Peso Individual total (PI) 163 149 312

Fonte: O autor.

O comprimento da carapaça dos machos compreendendo as duas áreas de coleta

variou entre 3,60 cm a 6,80 cm (média de 5,43 cm) e para as fêmeas 3,00 cm a 5,60 cm

(média 4,39 cm). A largura da carapaça teve uma variação entre 4,60 cm a 7,80 cm (média

5,43 cm) para machos, e entre 4,40 cm a 7,40 cm (média de 5,79 cm) para fêmeas. O peso dos

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machos variou de 24,00 g a 131,00 g (média de 73,71 g) e o das fêmeas 27,00 g a 190,00 g

(média 95,98 g) (Tabela 3).

Tabela 3 – Valores mínimos, máximos, médias e desvio padrão para comprimento da carapaça (CC), largura da

carapaça (LC) e peso individual total (PI) de machos e fêmeas de caranguejo-uçá, capturados nos manguezais

Cajueirinho e Bem-tivi no Munícipio de Colares. N = número de indivíduos; DP = desvio padrão.

Medidas

Variáveis

CC (cm) LC (cm) PI (g)

Macho Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea

Mínimo 3,60 3,00 4,60 4,40 24,00 27,00

Máximo 6,80 5,60 7,80 7,40 131,00 190,00

Média 5,43 4,39 5,43 5,79 73,71 95,98

DP 0,67 0,56 0,67 0,76 24,09 37,08

N 196 218 196 218 163 149

Total Geral 414 414 312

Fonte: O autor.

Os caranguejos coletados nos manguezais Cajueirinho e Bem-tivi no município de

Colares apresentam tamanhos médios de comprimento e largura da carapaça, assim como

peso individual total superior aos exemplares analisados por Ivo, Dias e Mota (1999), com

exceção de um exemplar onde se obteve o valor médio de 4,39 fêmea no Comprimento de

carapaça (CC), no delta do Rio Parnaíba, Piauí; Botelho, Dias e Ivo (1999), nos estuários dos

Rios Formoso e Ilhetas, Pernambuco; e Monteiro e Coelho Filho (2004), no estuário do Rio

Paribe, Itamaracá, Pernambuco (Tabela 4).

Tabela 4 – Comparação entre os valores médios de comprimento da carapaça (CC), largura de carapaça (LC) e

peso individual total (PI), de machos e fêmeas de caranguejo-uçá de acordo com outros estudos.

Autor Local

CC (cm) LC (cm) PI (g)

Ivo, Dias e Mota (1999) Delta do Rio Parnaíba (PI) Machos 4,55 5,89 87,10

Fêmeas 4,39 5,61 72,50

Botelho, Dias e Ivo (1999)

Rio Formoso (PE) Machos 4,08 5,19 65,40

Fêmeas 4,01 5,09 56,60

Rio Ilhetas (PE) Machos 3,42 4,46 44,60

Fêmeas 3,40 4,38 39,20

Monteiro e Coelho (2004) Rio Paribe (PE) Machos 3,63 4,64 52,98

Fêmeas 3,21 4,06 35,05

Fonte: O autor.

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5.2 Comparação das médias do comprimento e da largura da carapaça (CC e LC) entre

machos e fêmeas para o período de coleta

5.2.1 Comparação das médias do comprimento da carapaça (CC)

Ao comparar o comprimento médio da carapaça entre machos e fêmeas dos indivíduos

coletados em Colares foi observado que existe diferença estatisticamente significante, haja

vista que o tcal= 0,83 é inferior ao ttab= 1,97 rejeitando a hipótese de nulidade do teste t, ou

seja, os machos são maiores que as fêmeas (Tabela 5).

Tabela 5 – Comparação do comprimento médio da carapaça entre machos e fêmeas de caranguejo-uçá,

capturados nos manguezais do Munícipio de Colares no ano de 2009. N= número de indivíduos;

S2= variância; Gl= grau de liberdade; tcal= t calculado; ttab= t tabelado.

Comprimento médio da carapaça

Sexo N S2 Gl tcal ttab Hipótese

Macho 196 0,35 137 0,83 1,97 Rejeita H0

Fêmea 218 0,37

Fonte: Resultado da pesquisa.

5.2.2 Comparação das médias da largura da carapaça (LC)

Para comparação da largura média de carapaça entre machos e fêmeas notou-se que o

valor de tcal= 4,09 é maior que ttab= 1,96 indicando haver diferença estatisticamente

significante, ou seja, os machos são mais largos que as fêmeas (Tabela 6).

Tabela 6 – Comparação da largura média da carapaça entre machos e fêmeas de caranguejo-uçá, capturados nos manguezais do Munícipio de Colares no ano de 2009. N= número de indivíduos; S2= variância;

Gl= grau de liberdade; tcal= t calculado; ttab= t tabelado.

Largura média da carapaça

Sexo N S2 Gl tcal ttab Hipótese

Macho 196 0,59 358 4,09 1,96 Rejeita H0

Fêmea 218 0,50

Fonte: Resultado da pesquisa.

O teste t de Student revelou que as médias das variáveis biométricas dos machos e das

fêmeas apresentam diferença estatisticamente significante para ambos os manguezais, ou seja,

machos e fêmeas não possuem o mesmo comprimento e largura de carapaça. Confirmaram a

presença de machos maiores e mais largos que as fêmeas, sugere-se então, o crescimento dos

machos em maior regularidade em relação as fêmeas nesta região.

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5.3 Relação entre as medidas lineares de largura e comprimento da carapaça (LC/CC) e

largura da carapaça e peso individual total (LC/PI)

As regressões estimadas para relacionar a largura da carapaça (medida independente)

com o comprimento da carapaça e peso individual total (medidas dependentes) de machos e

fêmeas de U. cordatus, capturados em Colares, apresentaram os seguintes resultados:

5.3.1 Relação entre largura e comprimento da carapaça (LC/CC)

Para os dois manguezais no Município de Colares os machos apresentaram equação

linear correspondente a CC = 0,26 LC + 0,71 e as fêmeas CC = 0,06 LC + 0,76, onde o

coeficiente de correlação é igual a 0,9596 para machos e para fêmeas 0,9431, indicando forte

correlação entre as variáveis (Figura 14).

Figura 14 – Equação de regressão estimada para a relação comprimento e largura da carapaça de machos e

fêmeas de U. cordatus (Linnaeus, 1763), capturados no manguezais Cajueirinho e Bem-tivi no Município de

Colares, no período de abril a novembro de 2009.

Fonte: O autor.

Machos

CC= 0,26 LC + 0,71

r= 0,9596

n= 196

Fêmeas

CC= 0,06 LC + 0,76 r= 0,9431

n= 218

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5.3.2 Relação largura da carapaça e peso individual total (LC/PI)

Foram estimadas as correlações para largura da carapaça e peso individual total dos

indivíduos de Colares e foram geradas as seguintes equações potenciais PI = 1,0007 LC2,9672

para machos e PI = 1,0006 LC3,1026

para fêmeas, onde o coeficiente de correlação é igual a

0,9690 e 0,9655, respectivamente, indicando forte correlação entre as variáveis (Figura 15).

Figura 15 – Equação de regressão estimada para a relação peso individual total e largura da carapaça de machos

e fêmeas de U. cordatus (Linnaeus, 1763), capturados no manguezais Cajueirinho e Bem-tivi no Município

Colares, no período de abril a novembro de 2009.

Fonte: O autor.

Observamos que os resultados acima de coeficientes de correlação das variáveis

apresentaram forte correlação.

Fêmeas

PI= 1,0006 LC3,1026

r= 0,9655

n= 149

Machos

PI= 1,0007 LC2,9672

r= 0,9690

n= 163

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6 CONCLUSÃO

Nas áreas de manguezais estudadas do município de Colares foi possível observar que

os machos possuem comprimentos, larguras e pesos médios diferentes das fêmeas, sendo

possível deduzir que para o período total a média dos comprimentos e larguras, e foram

maiores para machos em relação às fêmeas, ocorrendo um resultado diferente com relação ao

peso onde as fêmeas foram predominantes com maior peso em relação aos machos.

As regressões estimadas para relacionar a largura da carapaça (medida independente)

com o comprimento da carapaça e peso individual total (medidas dependentes) de machos e

fêmeas de U. cordatus, capturados em Cajueirinho e Bem-tivi, apresentaram forte correlação

entre suas variáveis.

Durante o período de estudo, o número de machos foi menor que o de fêmeas para os

dois manguezais, em termos percentuais a participação de machos foi de 48,20% e de

51,80%, para fêmeas.

Com tudo deduzimos então, que com os resultados acima descritos no município de

Colares para dois manguezais alvos do estudo, onde existe a maior predominância de fêmeas

em relação aos machos e de estas fêmeas possuírem maior peso comparado aos machos pode

se dar ao fato de que os catadores locais procedem sua exploração com boa conduta,

respeitando a proibição da captura da condurua e preservando um maior tempo para a captura

do macho para realizar seu melhor crescimento, mantendo assim o uso sustentável do recurso.

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