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MINISTÉRIO DA SAÚDE...Figura 9 – Preparo transfusional para procedimentos ... E-mail: [email protected] ROSIMERE AFONSO MOTA Médica Hematologista. Fundacão Centro de Hematologia

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MINISTÉRIO DA SAÚDESecretaria de Atenção à Saúde

Departamento de Atenção Especializada

Manual de EventosAgudos em Doença

Falciforme

Série A. Normas e Manuais Técnicos

Brasília – DF2009

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© 2009 Ministério da Saúde.Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada afonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual emSaúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvsO conteúdo desta e de outras obras da Editora do Ministério da Saúde pode ser acessado na página:http://www.saude.gov.br/editora

Série A. Normas e Manuais Técnicos

Tiragem: 1.ª edição – 2009 – 12.250 exemplares

Elaboração, distribuição e informações:

MINISTÉRIO DA SAÚDESecretaria de Atenção à SaúdeDepartamento de Atenção EspecializadaCoordenação Geral de Sangue e HemoderivadosEsplanada dos Ministérios, Edifício Sede, bloco G, sala 946CEP: 70058-900 – Brasília – DFTel.: (61) 3315-2428E-mail: [email protected] page: http://www.saude.gov.br

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada.Manual de eventos agudos em doença falciforme / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à

Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009.50 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

ISBN 978-85-334-1621-5

1. Doença falciforme. 2. Anemia falciforme. 3. Atendimento de urgência e emergência. I. Título.II. Série.

CDU 616.155.194

Títulos para indexação:

Em inglês: Handbook of acute events in sickle cell diseaseEm espanhol: Manual de ocurrencias graves en la enfermedad falciforme

EDITORA MSDocumentação e InformaçãoSIA, trecho 4, lotes 540/610CEP: 71200-040, Brasília – DFTels.: (61) 3233-1774/2020Fax: (61) 3233-9558Home page: http://www.saude.gov.br/editoraE-mail: [email protected]

Equipe Editorial:Normalização: Valéria Gameleira da Mota

Capa, projeto gráfico: Convênio entre Ministério da Saúde eFundação Universidade de Brasília

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2009/0040

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Crises de dor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20

Figura 2 – Infecções: abordagem do paciente febril . . . . . . . . . .22

Figura 3 – Sequestro esplênico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23

Figura 4 – Síndrome torácica aguda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25

Figura 5 – Acidente vascular cerebral (AVC) . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

Figura 6 – Crise aplásica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28

Figura 7 – Priapismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30

Figura 8 – Colecistite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

Figura 9 – Preparo transfusional para procedimentoscirúrgicos e com contrastes endovenosos . . . . . . . . .34

Quadro 2 – Sinais de perigo na criança com doença

falciforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32.

Quadro 1 – Analgésicos mais utilizados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19

Quadro 3 – Indicações de hemotransfusão nadoença falciforme. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

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REVISÃO TÉCNICA

PAULO IVO CORTEZ DE ARAUJO

Médico Hematologista do Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão

Gesteira (IPPMG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Membro do grupo de Assessoramento Técnico em Doença Falciforme eoutras Hemoglobinopatias - Coordenação da Política Nacional de Sanguee Hemoderivados/DAE/SAS do Ministério da Saúde.

49

Coordenador do Programa de Atenção Integral às Pessoas com DoençaFalciforme da Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro.E-mail: [email protected]

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVC – acidente vascular cerebral

CHM – concentrado de hemácias

Rx – exame radiológico

Hb – hemoglobina

PCR – proteína C reativa

TC – tomografia computadorizada

EQUIPE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

JOICE ARAGÃO DE JESUS

Médica Pediatra. Responsável pela Equipe da Política Nacional de Atenção

Integral às Pessoas com Doença Falciforme e Hemoglobinopatias.

Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS,

do Ministério da Saúde.

Tel.: (61) 3315-2440/2428

E-mail: [email protected]

SILMA MARIA ALVES DE MELO

Bióloga. Equipe da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com

Doença Falciforme e Outras Hemoglobinopatias.Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS,

do Ministério da Saúde.

Tel.: (61) 3315-2440/2428

E-mail: [email protected]

APOIO DA EQUIPE

CARMEN SOLANGE MACIEL FRANCO

Equipe da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença

Falciforme e Outras Hemoglobinopatias.

Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS,do Ministério da Saúde.

Tel.: (61) 3315-2440/2428

E-mail: [email protected]

48

Htc – hematócrito

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APOIO À EQUIPE

ANDRÉIA MARQUES RODRIGUESCoordenadora da Central de Projetos e do Setor de Divulgação e ComunicaçãoSocial do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD/FM/UFMG)..E-mail: [email protected]

MARIA PIEDADE FERNANDES RIBEIRO LEITEBibliotecária. Coordenadora do Setor de Documentação do Núcleo de Açõese Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD/FM/UFMG).E-mail: [email protected]

PATRICIA MAGALHÃES VIANADesigner Gráfico. Setor de Divulgação e Comunicação Social do Núcleo deAções e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD/FM/UFMG).E-mail: [email protected]

VINICIUS DE ANDRADE SILVEIRA UTSCHAssessor de Comunicação. Setor de Divulgação e Comunicação Social do Núcleo

Ações e Pesquisa em Apoio Diagnósticode (NUPAD/FM/UFMG).E-mail: [email protected]

47

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SUMÁRIO

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Dor: sintoma constante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Crises de dor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Infecções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Crise de sequestro esplênico agudo (SEA) . . . . . . . . . . . . . . 23

Síndrome torácica aguda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Acidente vascular cerebral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Crise aplásica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Priapismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Colecistite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Transfusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Preparação para cirurgias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Gravidez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Anexo – Endereços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39

Equipe técnica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

COLABORAÇÃO ESPECIAL

Médica. Hematologista Pediátrica. Hospital das Clínicas da UFMG, FundaçãoCentro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais - HEMOMINAS.E-mail: [email protected]

ANDRÉA CONCEIÇÃO BRITO

CECÍLIA IZIDORO

Professora-Assistente do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgicada Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ.

E-mail: [email protected]

ROSÂNGELA CARRUSCA ALVIMMédica Hematologista. Professora da Faculdade da Saúde e EcologiaHumana - FASEH. Grupo Técnico do Centro de Educação e Apoio paraHemoglobinopatias (CEHMOB-MG)E-mail: [email protected]

CONSULTORES

Médico. Professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade deMedicina da UFMG.E-mail: [email protected]

Médico Endocrinologista. Professor- Assistente do Departamento de ClínicaMédica da Faculdade de Medicina da UFMG.E-mail: [email protected]

Professora. Coordenadora Acadêmico Pedagógica da PUC Minas Virtual.E-mail: [email protected]

ARI DE PINHO TAVARES

SILVIO DE ALMEIDA BASQUES

STELA BEATRIZ TORRES ARNOLD

46

Abordagem das Urgências da Doença Falciforme . . . . . . . . . . . 17

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MILZA CINTRAMédica. Supervisão Técnica do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobino-patias (CEHMOB-MG) do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico(NUPAD/FM/UFMG).E-mail: [email protected]

MITIKO MURAOMédica Hematologista. Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia deMinas Gerais - HEMOMINAS. Serviço de Hematologia Pediátrica do Hospitaldas Clínicas da UFMG. Coordenação Técnica do Centro de Educação e Apoiopara Hemoglobinopatias (CEHMOB-MG).

E-mail: [email protected]

ROSÂNGELA MARIA FIGUEIREDOMédica Hematologista. Fundacão Centro de Hematologia e Hemoterapiade Minas Gerais - HEMOMINAS. Grupo Técnico do Centro de Educação eApoio para Hemoglobinopatias (CEHMOB-MG).

E-mail: [email protected]

ROSIMERE AFONSO MOTAMédica Hematologista. Fundacão Centro de Hematologia e Hemoterapiade Minas Gerais - HEMOMINAS. Grupo Técnico do Centro de Educação e Apoiopara Hemoglobinopatias (CEHMOB-MG).E-mail: [email protected]

VALÉRIA DE ABREU E SILVAAssistente Social. Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia deMinas Gerais - HEMOMINAS. Supervisão Técnica do Centro de Educação eApoio para Hemoglobinopatias (CEHMOB-MG).E-mail: [email protected]

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JOSÉ NELIO JANUARIOMédico. Professor-Assistente do Departamento de Clínica Médica da Faculdadede Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Diretor Geraldo Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD/FM/UFMG), Coor-denação Técnica do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias(CEHMOB-MG), Membro Titular do Grupo de Assessoramento Técnico emDoença Faciforme e outras Hemoglobinopatias do Ministério da Saúde.

E-mail: [email protected]

9

APRESENTAÇÃO

Após oito anos do Programa Nacional deTriagem Neonatalpara a Doença Falciforme, está patente seu significado transfor-mador para o prognóstico clínico das crianças diagnosticadasprecocemente em nosso País.

A despeito do acometimento sistêmico da doença, em ge-ral a abordagem clínica do doente falciforme não exige condu-tas ou procedimentos complexos e onerosos.

Até o quinto ano de vida – período de mais ocorrência deóbitos e complicações graves –, os cuidados profiláticos repre-sentam a essência do tratamento.

O tipo de manejo desses cuidados, seja no lar, na escola eprincipalmentenasunidadesdesaúde,vaideterminaromelhorou pior prognóstico diante da ocorrência de um evento agudo.

Dessa maneira, o manual ora elaborado destina-se a profis-sionais médicos e de enfermagem e tem por fim incorporar, aesses cuidados pro iláticos, uma abordagem clínica atualizada,fprincipalmente durante a admissão de doentes em unidades deurgência.

O objetivo é a plena implantação dessas rotinas em todasas unidades de urgência do País.

44

JÚNIA GUIMARÃES MOURÃO CIOFFIMédica Hematologista. Diretora Técnico-Científica da Fundação Centro deHematologia e Hemoterapia de Minas Gerais - HEMOMINAS.E-mail: [email protected]

MARCOS BORATO VIANAMédico Hematologista. Professor Titular do Departamento de Pediatria daFaculdade de Medicina da UFMG. Assessor de Pesquisa do Centro deEducação e Apoio Social (CEAPS) do Núcleo de Ações e Pesquisa em ApoioDiagnóstico (NUPAD/FM/UFMG) e do Centro de Educação e Apoio paraHemoglobinopatias (CEHMOB-MG).E-mail: [email protected], [email protected]

MARIA CECILIA DE SOUZA RAJÃOMédica. Coordenadora da Saúde do Adulto e do Idoso da SecretariaMunicipal de Saúde de Belo Horizonte.E-mail: [email protected]

MARIA DE FÁTIMA OLIVEIRABióloga. Coordenadora do Centro de Educação e Apoio Social (CEAPS) doNúcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD/FM/UFMG).E-mail: [email protected]

MARIA HELENA DA CUNHA FERRAZMédica Hematologista. Professora Bolsista da Faculdade de Medicina daUFMG. Pesquisadora do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico(NUPAD/FM/UFMG).E-mail: [email protected], [email protected]

O presente trabalho teve como base o “Protocolo de Aten-dimento aos Eventos Agudos da Doença Falciforme” produzidopela equipe técnica do Centro de Educação e Apoio para Hemo-globinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).

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EQUIPE TÉCNICA

MANUAL DE EVENTOS AGUDOSEM DOENÇA FALCIFORME

COLABORAÇÃO:

ANA PAULA PINHEIRO CHAGAS FERNANDESMédica Pediatra. Professora da Faculdade de Ciências Médicas de MinasGerais. Médica da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Supervisora doSetor de Controle do Tratamento (SCT) do Núcleo de Ações e Pesquisa emApoio Diagnóstico (NUPAD/FM/UFMG).E-mail: [email protected], [email protected]

BERARDO NUNAN NETOPsicólogo. Setor de Controle do Tratamento (SCT) do Núcleo de Ações ePesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD/FM/UFMG).E-mail: [email protected]

CARLOS DALTON MACHADOMédico Pediatra. Professor-Assistente do Departamento de Pediatria daFaculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Colaborador do Setor de Controle do Tratamento (SCT) do Núcleo de Açõese Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD/FM/UFMG).E-mail: [email protected], [email protected]

CÉLIA MARIA SILVAMédica Hematologista. Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia deMinas Gerais - HEMOMINAS. Médica da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.E-mail: [email protected]

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A chamada vaso-oclusão falciforme é um processo complexo ede muitos passos, envolvendo células sanguíneas, proteínas plasmá-ticas e componentes da parede vascular. As crises dolorosas repre-sentam a manifestação mais frequente desse processo, afetando -particularmente - as extremidades, a coluna vertebral e o abdome.O mecanismo da dor abdominal não está completamente escla-recido, podendo ocorrer falcização eritrocitária mesentérica e aco-

11

INTRODUÇÃO

Doença falciforme: um compromisso nosso

A doença falciforme é uma das alterações genéticas maisfrequentes no Brasil e no mundo e constitui-se em um grupo dedoenças genéticas caracterizadas pela predominância dahemoglobina (Hb) S nas hemácias: anemia falciforme (Hb SS),Hb SC, S-talassemias e outras mais raras, como as Hb SD e Hb SE.

A produção da hemoglobina S decorre da troca de um ami-noácido na cadeia beta da globina, resultando em profundas al-terações nas propriedades físico-químicas da molécula da Hbquando desoxigenada. Essas alterações culminam na mudançada forma da hemácia para a de foice, sendo este um dos princi-pais mecanismos fisiopatológicos da doença.

A gravidade clínica é variável, mas um contingente significa-tivo de pacientes tem as formas crônica e grave da doença, exa-cerbada pelas chamadas “crises”. A morbidade e a mortalidadesão o resultado de infecções, anemia hemolítica e de microinfar-tos decorrentes de uma vaso-oclusão microvascular difusa.

A hemólise é crônica e manifesta-se por palidez, icterícia,elevações dos níveis de bilirrubina indireta sérica e urobilino-gênio urinário e do número de reticulócitos. Resulta, frequente-mente, na formação de cálculos biliares.

42

SUDESTE

INSTITUIÇÃO ENDEREÇO TELEFONE/FAX

HEMORIOCentro de Hemoterapia eHematologia do Rio de [email protected]@hemorio.rj.gov.br

Rua Frei Caneca, 08CentroCEP: 20211-030 – Rio de Janeiro/RJ

Fone: (21) 2299-9452 /2299-9442Fax: (21) 2224-7030 /2252-3543

HEMOES

Centro de Hemoterapia eHematologia do Espírito [email protected]

Av. Marechal Campos,1.468MaruípeCEP: 29040-090 – Vitória/ES

Fone: (27) 3137-2466 /3137-2458Fax: (27) 3137-2463

HEMOMINASCentro de Hemoterapia eHematologia de Minas [email protected]@hemominas.mg.gov.br

Rua Grão Pará, 882Santa EfigêniaCEP: 30150-340 – Belo Horizonte/MG

Fone: (31) 3280-7492 /3280-7450Fax: 3284-9579

Hemorrede de São [email protected]

Rua Dr. Enéas de CarvalhoAguiar,188 - 7º Andar Sala 711Cerqueira CésarCEP: 05403-000 – São Paulo/SP

Fone: (11) 3066- 8303 /3066-8287Fax: (11) 3066-8125

SUL

INSTITUIÇÃO ENDEREÇO TELEFONE/FAX

HEMEPARCentro de Hemoterapia eHematologia do Paraná[email protected]@pr.gov.br

Fone: (41) 3281-4024Fax: (41) 3264-7029PABX: (41) 3281-4000

HEMOSCCentro de Hemoterapia e Hematologiade Santa [email protected]

Fone: (48) 3251-9741 /3251-9700Fax: (48) 3251-9742

HEMORGSCentro de Hemoterapia eHematologia do Rio Grande do [email protected]@fepps.rs.gov.br

Travessa João Prosdócimo, 145Alto da QuinzeCEP: 80060-220 - Curitiba/PR

Av. Othon Gama D’eça, 756 PraçaD. Pedro I CentroCEP: 88015-240 – Florianópolis/SC

Av. Bento Gonçalves, nº 3722PartenonCEP: 90650-001 - Porto Alegre/RS

Fone/Fax: (51) 3336-6755

continuação

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12

metimento vertebral com compressão de raízes nervosas.

São também decorrentes da vaso-oclusão microvascular os epi-sódios de priapismo, a síndrome torácica aguda e as úlceras crônicas,em especial vadas nos membros inferiores. Já os aci-aquelas obserdentes vasculares cerebrais ocorrem como consequência de alteraçõesnos vasos do sistema nervoso central, estenoses desenvolvidas aolongo dos anos.

Pacientes com doença falciforme são mais susceptíveis àsinfecções bacterianas causadas principalmente pela disfunçãoesplênica secundária aos múltiplos infartos, com a ocorrência deasplenia funcional autoesplenectomiaou de .

São frequentes as manifestações psicológicas adversas própriasde doenças crônicas, tais como baixa autoestima, agravada pelasituação socioeconômica desprivilegiada da maioria dos pacien-tes, o iculdades, principalmenteque lhes acarreta frequentes difna escola e no trabalho.

O prognóstico tem melhorado devido ao diagnóstico precocee à melhor compreensão da doença, desempenhando papel decisi-vo a antibioticoterapia profilática com penicilina, nos cinco primeirosanos de vida, a imunização rotineira e contra germes encapsulados,a excelência da qualidade dos centros de hemoterapia e a sistemati-zação no uso de hemocomponentes e quelantes do ferro. A terapiacom hidroxiureia para os casos mais graves e o rastreamento pelodoppler transcraniano para prevenção primária do AVC são medidasque vêm mudando a história atual da doença falciforme. No entan-to, a doença continua a apresentar altos índices de mortalidade,pois as medidas terapêuticas ainda são insuficientes. Além disso,os investimentos públicos precisam ser ampliados.

A doença leva a disfunções orgânicas múltiplas, o que tor-na o paciente sujeito a complicações cardíacas, renais, oculares,pulmonares, neurológicas, endocrinológicas e nutricionais. Aten-ção deve ser dada às complicações osteoarticulares, como as ne-croses assépticas, particularmente coxofemorais, que devemreceber acompanhamento ortopédico.

41

HEMOPACentro de Hemoterapia eHematologia do Pará[email protected]

Fone/Fax: (91) 3242-6905 /3225-2404

HEMOACRECentro de Hemoterapia eHematologia do Acre

Fone: (68) 3226-4336 /3228-1494 /3248-1377Fax: (68) 3228-1500 /3228-1494

HEMOAP

Centro de Hemoterapia eHematologia do Amapá[email protected]@speeds.com.br

Fone/Fax: (96) 3212-6289

HEMERONCentro de Hematologia eHemoterapia de Rondô[email protected]

CEP: 78900-970 – Porto Velho/RO

Fone: (69) 3216-5490 /3216-5491Fax: 3216-5485

HEMOTOCentro de Hemoterapia eHematologia de [email protected]@saude.to.gov.br

Trav. Padre Eutiquio, n.º 2.109Bairro Batista CamposCEP: 66033-000 – Belém/PA

Av. Getúlio Vargas, n.º 2.787Vila IvoneteCEP: 69914-500 – Rio Branco/AC

Av. Raimundo Álvares da Costa,s/n.º Jesus de NazaréCEP: 68908-170 – Macapá/AP

Av. Circular II, s/n.ºSetor Industrial

301 Norte Conj. 02 Lote ICEP: 77.001-214 – Palmas/TO

Fone: (63) 3218-3287Fax: (63) 3218-3284

CENTRO-OESTE

INSTITUIÇÃO ENDEREÇO TELEFONE/FAX

Fundação Hemocentro de Brasí[email protected]

Fone: (61) 3327-4447 /3327-4462 / 4464Fax: (61) 3327-4442

HEMOGCentro de Hemoterapia eHematologia de Goiá[email protected]

Fone/Fax: (62) 3201-4585PABX: (62) 3201-45704580 / 4590

HEMOMATCentro de Hemoterapia eHematologia de Mato [email protected]

Fone: (65) 3623 0044 /3624 9031 /3321 4578Fone/Fax: (65) 3321 0351

HEMOSULCentro de Hemoterapia eHematologia de Mato Grossodo [email protected]

SMHN Quadra 03 Conj. A bloco 3Asa NorteCEP: 70710-100 - Brasília/DF

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continua

continuação

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Qualquer pessoa, em qualquer momento da vida, podesentir dor, mas (pergunta-se) o que é dor? De que maneira ela semanifesta? Que mecanismos se pode utilizar para amenizar ouimpedir a dor? Há diferentes formas de se sentir dor? A dor limi-ta-se a ser interpretada como um sintoma predominantemen-te físico? As respostas a essas e outras perguntas relativas à dorpassam a ter significado quando se constrói o pensamento rela-tivo ao que seja a dor em si, suas distintas formas de interpreta-ção e seus possíveis tratamentos.

A dor tem importante função no organismo, soando comoum alarme de que alguma estrutura do corpo está sendo afeta-da por algo. É um sinal de alerta. Como uma impressão digital,ela possui características singulares, manifestando-se de ma-neira diferenciada em cada pessoa. Isso independe de causa co-mum relacionada a uma determinada doença.

13

DOR: SINTOMA CONSTANTEPor: Cecília Izidoro

A pessoa com doença falciforme e seus familiares, quan-do submetidos às intercorrências de emergência, encontram-se em situações vulneráveis e de riscos e, portanto, devem serabordados de forma acolhedora e humanizada. A triagem mé-dica é fundamental para uma boa avaliação das medidas iniciaisque devem ser tomadas.

40

HEMOMAR

Centro de Hematologia eHemoterapia do Maranhã[email protected]

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HEMOPICentro de Hematologia eHemoterapia do Piauí

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HEMOPECentro de Hematologia eHemoterapia de [email protected]

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HEMOCECentro de Hematologia eHemoterapia do Ceará[email protected]@hemoce.ce.gov.br

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Fone: (84) 3232-6702 /3232-6767Fax: (84) 3232-6703

Fone: (86) 3221- 8319 /3221-8320Fax: (86) 3221- 8320

Fone: (81) 3421-5430 /3421-6063Fax: (81) 3421-5571

Fone: (85) 3101-2273Fax: (85) 3101-2307

continua

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NORTE

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HEMORAIMACentro de Hemoterapia eHematologia de [email protected]

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Fone: (92) 3655-0100Fax: (92) 3656-2066

Fone: (95) 2121-0859 /2121-0861 / 2121-0860

Nas escolas e faculdades, aprende-se que o alívio da dordeve principalmente considerar a extensão da lesão, a relevân-cia da doença de base e a capacidade do cliente em responder auma proposta de tratamento oferecida pela equipe em direçãoao seu alívio imediato. Essa estratégia de atuação pode ser ade-quada no atendimento inicial ao cliente com dor aguda, masnão obtém a mesma resposta diante da clientela com dor crôni-ca. Nos clientes com dor crônica, é comum a pessoa perder a ca-

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derada relevante, sem, contudo, considerar-se o sofrimentoque envolve perdas na vida de quem as sente.

Outro aspecto a ser considerado é o da formação dos pro-fissionais da saúde, para que se possa abordar a temática daquestão racial nos processos de dor, pois a ausência dessa dis-cussão no âmbito das instituições de ensino dificultaria a com-preensão dos principais aspectos que devem ser consideradosno atendimento à pessoa com doença falciforme que sente dor.Talvez isso possa contribuir para a compreensão e o entendi-

14 39

ANEXO - ENDEREÇOS

Fenafal - Federação Nacional das Associações de Pessoas comDoença FalciformePresidente: Altair LiraE-mail: [email protected] Chile, n.º 25, sala 608 - Ed. Prof. Eduardo de Moraes - Centro -CEP: 40020-000Salvador / Bahia

HemocentrosCentros de Referência em Doença Falciforme nos Estados

NORDESTE

INSTITUIÇÃO ENDEREÇO TELEFONE/FAX

HEMOBACentro de Hematologia eHemoterapia da [email protected]

Av. Vasco da Gama, s/n.ºRio VermelhoCEP: 40240-090 – Salvador/BA

Fone: (71) 3116-5603Fax: (71) 3116-5604

HEMOALCentro de Hematologia eHemoterapia de [email protected]

Av. Jorge de Lima, n.º 58Trapiche da BarraCEP: 57010-300 – Maceió/AL

Fone: (82) 3315-2102Fone/Fax: (82) 3315-2106Fax: (82) 3315- 2103

HEMOSE (Hemolacen)Centro de Hematologia eHemoterapia de [email protected]

Av. Trancredo Neves, s/n.ºCentro Adm. Gov. Augusto FrancoCEP: 49080-470 – Aracaju/SE

Fone: (79) 3259-3191 /3259-3195Fax: (79) 3259-3201

HEMOÍBACentro de Hematologia eHemoterapia da Paraí[email protected]@bol.com.br

Av. D. Pedro II, 1.119TorreCEP: 58040-013 - João Pessoa/PB

Fone: (83) 3218-5690Fax: (83) 3218-7610 /3218-7601PABX: (83) 3218-7600

continua

pacidade de dimensionar, com precisão, a extensão de sua dor,uma vez que, adjacente à dor em si, ocorre uma espécie de sín-drome que implica perda da qualidade de vida resultante deausência de sono, prejuízo da convivência social, diminuição oucessação da atividade sexual, perda da autoestima, ausência deprojeções de vida para o futuro, entre diversas outras razões.

A dor total é o conceito de dor que exige dos profissionaisum olhar multidimensional, levando-se em conta aspectos emo-cionais, espirituais, físicos e sociais. Aplicada a uma modalidadede atendimento, tal perspectiva pressupõe que estejamos aber-tos a compreender o fenômeno doloroso para além dos aspec-tos físicos.

Seria interessante observar que os estudos apontam quealguns desses aspectos da dor crônica podem estar exacerba-dos em determinados grupos sociais, mormente naqueles nosquais seus integrantes trazem consigo grandes perdas sociais.Se não, vejamos: quando o conhecimento produzido sobre dorcrônica é associado ao contexto social das pessoas com doen-

falciforme, percebe-se no pensamento subjacente àça concre-tude dos dados epidemiológicos em si uma forma muito subli-minar de projeção de um imaginário social que ousamos apontarcomo uma dimensão racial. Tanto assim que, na doença falci-forme, a associação da doença à categoria raça ressalta a re-flexão acerca das condições de vulnerabilidade social da popu-lação negra, o que imprime à doença uma característica consi-

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mento das dimensões envolvidas nos cuidados à pessoa quesente dor, amenizando os possíveis sentimentos de impotência,vulnerabilidade e desesperança da clientela.

Sobre os significados da dor, nos estudos, processos deaprendizagem e de assistência direta à clientela devem ser con-siderados como elementos que distinguem as diferentes formasde manifestações, além das representações imaginárias e cole-tivas implicadas. Isso exige sensibilidade por parte do profissio-nal de saúde, o que vai além do conhecimento técnico específi-co, na intenção de aliviar o sofrimento e melhorar a qualidade devida da pessoa acometida pela dor. Para o seu controle eficaz, osprofissionais precisam observar que grande parte de seus esfor-ços concentra-se em entender a pessoa que sente dor, o que im-plica manter a observância das diferenças socioculturais e econô-micas, além das emocionais/espirituais associadas ao gênero eà raça, para que possam selecionar a melhor abordagem para oatendimento à pessoa que sente dor.

NATIONAL INSTITUTE OF HEALTH (NIH).. Bethesda, 2002. 188 p.

SERJEANT, G. R. The painful crisis. In: ______.. 2nd ed. Oxford: University Press, 1992. p. 245-260.

SICKLE CELL ADVISORY COMMITTEE (SCAC).. New York, 2002.

SILVA, C. M. et al. Complicações agudas da doençafalciforme. In: PENNA, F. J. et al.

. Rio de Janeiro: Medsi, 2003. p. 412-421.

The management of

sickle cell disease

Sickle cell

disease

Guidelines for

the treatment of people with sickle cell disease

Manual de urgências em

pediatria

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REFERÊNCIAS

ALVIM, R. C. et al. Inefficacy of piracetam in the preventionof painful crises in children and adolescents with sickle celldisease. ., [S.l.], v. 113, n. 4 p. 228-233, 2005.

ALVIM, R. C.; VIANA, M. B.; BRITO, A. C. Dor na criança comdoença falciforme. In: SILVA, Y. P.; SILVA, J. F.

. Rio de Janeiro: Medsi, 2009. No prelo.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de VigilânciaSanitária.

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DOVER, G. J.; PLATT, O. S. Sickle cell disease. In: NATHAN, D.J.; ORKIN, S. H.

. 6th ed. Philadelphia: WB Saunders, 2003. p. 790-841.

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JANUARIO, J. N.. 2002.

Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde)–UniversidadeFederal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado.. Belo Horizonte: SAS; DNAS, 2004. 224 p.

Acta Haematol

Abordagem da

dor infantil

Manual de diagnóstico e tratamento de doença

falciforme

Nathan and Oski's hematology of infancy and

childhood

Protocolo para portadores de

síndromes falciformes

Incidência da doença falciforme em um

milhão de nascidos vivos em Minas Gerais (1998 - 2001)

Atenção à saúde da

criança

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A analgesia regular deve ser mantida por pelo menos 24 a48 h após a remissão completa da dor, podendo-se retornarpara a via oral, após amenização do quadro. O opioide usadopor até uma semana pode ser descontinuado de forma abrupta.

17

Crises de dor

Os principais fatores desencadeantes da dor são o frio, ostraumas, o esforço físico, a desidratação, as infecções e a hipó-xia. A dor deve ser tratada, inicialmente, com analgésicos co-muns (dipirona ou paracetamol), em doses habituais e fixas porvia oral. Além disso, deve ser iniciada hidratação oral, com águae outros líquidos (1,5 a 2 vezes o valor das necessidades hídricaspara a idade). É importante o tratamento imediato e eficaz dador, mesmo quando inicialmente for de leve intensidade, poisa própria dor pode levar à piora da crise.

Se não houver melhora da dor após essa abordagem ini-cial, o paciente deve ser internado para intensificação do trata-mento. A dipirona venosa regular pode, então, ser introduzida.Não se observando resposta, associa-se codeína a 2% por viaoral ou um anti-inflamatório não-esteroide, podendo-se optarpor medicamentos que tenham em sua formulação a associação

re-de paracetamol com codeína. Essa analgesia deve ser mantidagular, de 6 em 6 horas ou até mesmo de 4 em 4 horas. Não ha-vendo (pormelhora ou constatando-se intolerância imediataexemplo, subs-vômitos), deve-se manter o analgésico comum e

por outro opioide, como morfina (preferen -tituir a codeína cialmente venosa) ou metadona.

ABORDAGEM DAS URGÊNCIASDA DOENÇA FALCIFORME

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Fatores desencadeantes e mantenedores da dor, principal-mente infecções, devem ser prontamente tratados. Dor ósseae edema localizado (com restrição de movimentos e febre) re-querem avaliação ortopédica, além de exame radiológico, he-mograma, hemocultura e dosagem de proteína C reativa (PCR)para investigação de osteomielite, que deverá ser tratada comantibioticoterapia específica sistêmica.

A dor abdominal pode simular abdome agudo cirúrgico.Deve ser tratada com analgesia e hidratação, como os outrosepisódios dolorosos. A observação contínua da evolução doquadro, com propedêutica adequada para abdome agudo,permite afastar outros diagnósticos.

Embora o uso de protocolos para a abordagem da dor sejaimportante para a normatização de condutas, é fundamentalque ela seja individualizada, com avaliações frequentes e valori-zação da queixa dos pacientes.

35

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos convencidos de que a doença falciforme é uma ques-tão de relevância em saúde pública, devendo receber atençãosignificativa por parte daqueles que pensam, programam, inves-tem, executam e avaliam as políticas de saúde em nosso País.

É fundamental que o diagnóstico precoce a partir da triagemneonatal universal se torne uma realidade nacional. Os pacientese familiares necessitam receber informações precisas e ser acom-panhados por equipes multidisciplinares que contemplem acomplexidade da doença. Os profissionais de saúde das UBS edos serviços de urgência devem ter o conhecimento necessáriosobre a doença. Os serviços de urgência devem estar próximosdas suas residências e apresentar resolução adequada doseventos agudos. O paciente deve ser abordado de maneiraglobal para além dessas complicações, ou seja, ter garantidaa sua integridade física e emocional.

Devido ao seu potencial de gravidade, a doença falciformeexige, para o adequado acompanhamento dos pacientes, ava-liações especializadas (cardiológicas, oftalmológicas e outras),além de investigações laboratoriais e de imagens para a detec-ção precoce e melhor acompanhamento de complicações(litíase, miocardiopatia, nefropatia).

Alguns pacientes com intercorrências e complicações têm,inevitavelmente, que ser referenciados aos grandes centros,para atendimentos especializados. No entanto, um grande con-tingente de pacientes pode ser atendido em serviços de saúdepróximos de sua residência, com possibilidade de resolução sa-tisfatória dos eventos.

O uso por mais de 7 a 10 dias exige retirada gradual, para evitarsinais e sintomas de abstinência, devendo-se proceder à re-dução de 50% da dose nos primeiros dois dias, 25% nos doisdias seguintes, e assim sucessivamente até que o opioideesteja com valor analgésico equivalente ao da morfina (0,6mg/kg/dia para crianças ou 30 mg/dia para pacientes acimade 50 kg). Com esse cuidado, os efeitos adversos dos opioidessão insignificantes. Deve-se evitar o uso de meperidina, porsua baixa potência analgésica, pela frequência de efeitoscolaterais e pela importância da dependência química.

É importante a manutenção de hidratação venosa adequadacom soro 4:1 (quatro partes de SGI 5% e uma parte de SF 0,9%),mantendo-se as necessidades básicas, mas respeitando ascondições cardiopulmonares do paciente. Recomenda-se oinício precoce de fisioterapia respiratória e motora.

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nosos. A hidratação venosa deve seguir os mesmos princípios jádescritos anteriormente.

A Figura 9 mostra a abordagem necessária aos pacientes,durante intervenções cirúrgicas e procedimentos com contras-tes endovenosos.

Figura 9 – Preparo transfusional para procedimentoscirúrgicos e com contrastes endovenosos.

Elevar Hb para 10 g/dLe reduzir Hb S para 30%

a 40%: transfusão deCHM e exsanguineo-

transfusão parcial

- Oxigenação adequada- Hidratação venosa: 1 a1,5 vezes o aporte basal

- Manutenção doequilíbrio ácido-básico

- Evitar hipotermia

Elevar a Hbpara 10 g/dL:

transfusãode CHM

Procedimentos com anestesia geral ou com contraste

Cuidados pré, pere pós-operatórios

Duração > 2 horasou uso de contraste

Duração< 2 horas

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Gravidez

A mulher grávida e com doença falciforme deve ser acom-panhada regularmente pelo hematologista e encaminhada para

As condições transfusionais são feitas de acordo com cri-

um ambulatório de pré-natal de alto risco. Crises dolorosas devemser tratadas de maneira usual. Opioides podem ser usados emdoses convencionais.

térios hematológicos e obstétricos. Os hematológicos são Hb <6,0 g/dL, queda de 30% da Hb basal ou sinais de descompensa-ção cardíaca. O parto deve ser conduzido como nas demaisparturientes. A indicação de cesárea obedece critérios obstétricos.Durante o trabalho de parto, deve-se tentar diminuir a dor comanalgésicos e com anestesia peridural, mantendo-se hidratação eoxigenação adequadas. A deambulação precoce no pós-partodeve ser estimulada, devido ao risco de fenômenos tromboem-bólicos e da síndrome tóracica aguda.

Os principais analgésicos e o fluxograma para seu uso es-tão listados no Quadro 1e na Figura 1.

Quadro 1 – Analgésicos mais utilizados

Medicamento Dose Via Intervalo Observações

Dipirona Adulto: 500 mg/doseLactente:10 mg/kg/dose ou40 mg/kg/dia

Pré-escolar: 15-20 mg/kg/doseou 60 mg/kg/dia (máx1g)

Escolar: 25 mg/kg/dose ou100 mg/kg/dia (máx.2g)

4 - 6 hs Pode ser associadaa opioides

Paracetamol Adulto: 500-1000 mg/doseCriança: 10-15 mg/kg/dose

4 hs Pode ser associadaa opioides

Diclofenaco desódio

Adulto: 50 mg/doseCriança: 1 mg/kg/dose

8 - 12 hs

Ácidoacetilsalicílico

Adulto: 500-1000 mg/doseCriança: 10-15 mg/kg/dose

4 - 6 hs Pode ser associadaa opioides

Ibuprofeno Adulto: 400 mg/doseCriança: 10 mg/kg/dose ou30-60 mg/kg/dia

4 - 6 hs

6 - 8 hs

Naproxeno Adulto: 500 mg/dose (inicial) aseguir 250 mg/doseCriança: 10-20 mg/kg/dose

6 - 8 hs

12 hs

Piroxicam 20 mg/dia 24 hs Não recomendadopara criança

Codeína Adulto: 10-20 mg/doseCriança: 1,0-1,5 mg/kg/dose

4 - 6 hs

Morfina Adulto: 10-30 mg/doseCriança: 0,05-0,1 mg/kg/dose(máximo10 mg)

3 - 4 hs

Tramadol 100-400 mg/dose

Oral

Oral

Oral

Oral

Oral

OralIM

OralRetal

OralIVSC

Oral 3 - 4 hs Não recomendadopara criança

Oral,IM,IV

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sangue total, com reposição concomitante de SF 0,9% associadoà transfusão de 300 mL de concentrado de hemácias. Na criança,deve-se observar o limite de retirada de 10% da volemia (aproxi-madamente 7mL/kg) por procedimento. Realiza- se a dosa-gem de Hb S (eletroforese quantitativa) pós-transfusional paraavaliar a eficácia do procedimento.

Quadro 3 – Indicações de hemotransfusão na doença falciforme

Queda da Hb de 2 g/dL ou mais do valor basalcom repercussão hemodinâmicaCrise aplásicaSequestro esplênicoSíndrome torácica agudaHipóxia crônicaCansaço e dispneia com Hb abaixo do nível basalFalência cardíaca

20

Figura 1– Crises de dor.

Medidas de suporte: calor local,massagens, apoio psicológico e outras

Melhora

Crise de dor

INTERNAÇÃO

- Hidratação venosa- Analgésicos comuns(intervalos fixos)

Associar codeínaou anti-inflamatórios

não-esteroides

Não melhora

- Substituir codeínapor morfina

- Manter analgésicoscomuns

Tratamento domiciliar

Não melhora

Não melhora

de hemácias. Em cirurgias com duração prevista para mais de

de pequeno fluxo sanguíneo ou áreas críticas (cirurgias vascu-

Preparação para cirurgias

Durante procedimentos cirúrgicos, deve-se direcionar aatenção ao suporte clínico pré, per e pós-operatório, para evitarhipóxia, desidratação, acidose, hipotermia e hipertermia.

duas horas ou quando a intervenção envolve regiões providas

lares, cardíacas, ortopédicas, neurológicas, oftalmológicas eotorrinolaringológicas), é necessária a redução da Hb S para30 a 40%, além da correção da hemoglobina. Deve-se, então,proceder à transfusão de concentrado de hemácias, sem ultra-

o limite de 10,0 a 11,0 g/dL de hemoglobina. E parapassar evi-tar hiperviscosidade sanguínea, poderá ser necessária a rea-

Em procedimentos cirúrgicos sob anestesia geral, com pre-visão de menos de duas horas de duração, há apenas necessida-de de se elevar a Hb para cerca de 10,0 g/dL, pela transfusão

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lização de exsanguineotransfusão parcial. Os mesmos cuidadossão necessários em procedimentos que utilizem contrastes endove-

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sentam comprometimento cardíaco e necessitam de transfu-sões mais frequentes.

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Infecções

As infecções nesses pacientes são frequentes e, geralmen-te, graves. Constituem causa importante de mortalidade (princi-palmente em crianças) e, por isso, merecem atenção especial.

Os patógenos mais frequentes são as bactérias encapsu-ladas, sendo o pneumococo responsável por mais de 70% dasinfecções. Outros patógenos são: estafilococos, neisséria, myco-plasma e Haemophilus influenzae. As salmonelas podem ser causade infecção grave alcançando a corrente sanguínea, por meiodos fenômenos de vaso-oclusão na microcirculação intestinal.

Crianças com doença falciforme e idade inferior a 3 anossão particularmente propensas a desenvolver septicemias (commortalidade em torno de 20%) e meningites. Deve-se colher ahistória clínica do paciente, além de realizar seu exame físicodetalhado, com atenção especial para a verificação de seu es-tado geral, a piora da palidez e a presença de possíveis focosde infecção (nos ouvidos, na garganta e nos seios da face). De-vem ser solicitados os seguintes exames: hemograma, hemocul-tura, exame radiológico (Rx) do tórax e exame de urina. É im-portante estar atento para a queda nos níveis de Hb e o desviopara a esquerda no leucograma. Se necessário, deve-se realizarRx dos seios da face. Outros exames podem ser solicitados deacordo com a clínica do paciente. A internação está indicada paraa antibioticoterapia, iniciando-se ampicilina venosa (de 100 a200 mg/kg/dia em 4 doses). A identificação de algum foco (uri-nário, osteoarticular, meníngeo) demanda cobertura antimicro-biana específica. O isolamento, em hemocultura, de germes nãocobertos pelo antimicrobiano em uso indica a mudança no es-quema de tratamento. A punção lombar deve ser feita em casossuspeitos de meningite, particularmente em crianças com menosde 1 ano de idade.

tros para a remoção de leucócitos), com triagem negativa paraHb S e fenotipadas (para evitar a aloimunização eritrocitária).

Existemsituaçõesnasquaisaexsanguineotransfusãoparcialé preferível, por possibilitar a redução da Hb S e da hipervisco-

O volume de hemácias a ser transfundido é de 10 mL/kg, atéo limite máximo de 300 mL por transfusão. Deve-se dar preferên-cia a hemácias deleucotizadas (originadas a partir do uso de fil-

Quadro 2 – Sinais de perigo na criança com doença falciforme

Aumento súbito da palidezPiora da icteríciaDistensão abdominalAumento do baço ou do fígadoHematúriaPriapismoDor sem resposta ao tratamentoTosse ou dificuldade respiratóriaFebreAlterações neurológicas (convulsões, letargia,fraqueza muscular, mudança de comportamento)Impossibilidade de ingerir líquidosVômitosSinais de desidratação

Transfusões

Pacientes com doença falciforme apresentam anemia crô-nica, que não é, por si só, indicação de transfusão. As transfu-sões estão indicadas sob circunstâncias especiais e em todas assituações em que a anemia causa repercussões clínicas (Quadro3). Alguns desses pacientes, particularmente os adultos, apre-

32

sidade. Dessa forma, acidente vascular cerebral, síndrometorácica aguda e priapismo intratáveis são indicações deexsanguineotransfusão parcial. No adulto, retiram-se 300 mL de

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Pacientes de qualquer idade com queda do estado geral efebre devem receber a mesma abordagem. Qualquer tipo depneumonia exige hospitalização para antibioticoterapia venosa,suportes clínico e ventilatório.

Os demais pacientes (não-graves) devem ser abordados coma mesma propedêutica, porém o tratamento pode ser ambulatorial

reavalição em 48 horas. Caso estecom ja indicada a antibioticoterapiaempírica se utilizar ampicilina, sendo crianças(febre sem foco), pode-100-200 mg/kg/dia, adulto 500 mg de 6/6 h via oral ou amoxicilinacriança via oral e adulto 500 mg de 8/8 h via oral.50 mg/kg/dia

Figura 2 – Infecções: abordagem do paciente febril.

EXAME FÍSICOANAMNESE

FEBRE

- Anemia (acentuação da palidez),icterícia

- Visceromegalia- Revisão minuciosa dos sistemas- Estado hemodinâmico

- Idade, tipo de hemoglobinopatia- Situação vacinal, uso profiláticode penicilina

- Sintomas associados (dor, quedado estado geral)

- Hemograma / PCR / Hemocultura- Rx tórax PA e perfil- Urina rotina e urocultura- Outros exames de acordo com aclínica: punção lombar e Rx da face

EXAMES LABORATORIAIS

Casos graves comou sem localizaçãode foco infecciosoe/ou pneumonias

Menores de 3 anosde idade; suspeita demeningite e/ou sinaisde perigo (Quadro 2)

Demais pacientes

Tratamentoambulatorial

Reavaliaçãoem 48 horas

Avaliar internação

INTERNAÇÃO

Tratamentodos sintomas

associados

Antibioticoterapiavenosa

Tratamentode suporte

Sem melhora

31

colecistite e colangite, que demandam antibioticoterapia venosanas doses habituais. A ultrassonografia define o diagnóstico.

A colecistite é tratada com ampicilina e gentamicina. A colan-gite, com cefotaxima. Colecistectomia deve ser programada apósa fase aguda.

O mostra a abordagem da colecis-fluxograma da Figura 8

tite.

Figura 8 – Colecistite.

- Dor aguda no quadrantesuperior D do abdome

- Náuseas / vômitos- Piora da icterícia- Febre

INTERNAÇÃO

- Hemograma- Bilirrubinas- Transaminases- Amilase

US abdominal

ticos. No entanto, dores abdominais muitas vezes imputadas àcalculose podem ser devidas às crises vaso-oclusivas abdominais.

Deve-se ficar atento para a possibilidade de ocorrência de

Colecistite Normal

Iniciar antibióticosvenosos

Investigar outrascausas

episódios de dor abdominal e ao aumento da icterícia, à custade bilirrubina direta, se houver obstrução de ductos extra-hepá-

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Crise de sequestro esplênico agudo (SEA)

É a segunda causa mais comum de morte em crianças me-nores de 5 anos de idade. A etiologia é desconhecida; contudo,infecções virais parecem preceder à maioria dos episódios. Naanemia falciforme, o SEA pode ocorrer nos primeiros meses deidade, sendo menos frequente após os 6 anos. Pode acontecer,acima dessa faixa etária, em pacientes nos quais a esplenomegaliaé persistente (Hb SC e S-talassemias).

Os sinais clínicos principais são: o aumento súbito do baçoe a redução intensa da Hb, podendo evoluir para choque hipo-volêmico.

A hospitalização deve ser imediata. A correção da hipo-volemia com soluções cristaloides pode ser feita, enquanto seaguarda a transfusão de hemácias. Normalmente, basta umatransfusão, pois a maior parte do sangue sequestrado retornapara a circulação à medida que a esplenomegalia regride.

A esplenectomia deverá ser programada após duas crisesde sequestro esplênico ou após um primeiro episódio grave.

A Figura 3 resume o tratamento do SEA.

Figura 3 – Sequestro esplênico.

- Aumento abrupto do tamanho do baço- Piora da palidez- Sinais de choque hipovolêmico

INTERNAÇÃO

- Hemograma: queda de Hb e plaquetas- Reticulócitos: aumento (se disponível)

- Correção da volemia com cristaloides(até CHM disponível)

- Transfusão imediata de CHM

30

Figura 7 – Priapismo.

Colecistite

Os pacientes com doença falciforme, como outros porta-dores de hemólise crônica, são propensos ao desenvolvimentode cálculos biliares. Estes podem ser assintomáticos ou levar a

Priapismo

Ausência demelhora

TratamentoCirúrgico

- Intensificaçãoda analgesia

- Hidrataçãovenosa

Avaliaçãourológica

de urgência

Reduçãode Hb S

Esvaziamento docorpo cavernoso

+Injeção local de

fenilefrina

Htc < 25 %

Transfusãode CHM

Htc 25 %>

Exsanguineo-transfusão

parcial

INTERNAÇÃO

Persistência dos sintomas

Tratamento domiciliar:- Analgesia- Hidratação oral- Banhos quentes- Exercício físico

sanguineotransfusão parcial, visando à redução da Hb S para ní-veis iguais ou inferiores a 30%.

A Figura 7 indica a abordagem do priapismo.

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Em caso de queda do hematócrito (Htc), este deve ser cor-rigido para os níveis basais do paciente, com transfusão de con-centrado de hemácias (CHM), 10 mL/kg, até o limite de 300 mL portransfusão. Em casos graves, realiza-se a exsanguineotransfusão

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Síndrome torácica aguda

Pacientes com dor torácica, tosse, dispneia, hipoxemia,prostração e alteração radiológica recente do tórax prova-velmente têm síndrome torácica aguda (STA). Devem recebertratamento hospitalar por se tratar de uma complicaçãomultifatorial, com alto potencial de gravidade. A STA constituia principal causa de morte, em qualquer faixa etária, princi-palmente em adolescentes e adultos. Sua fisiopatologia com-preende pneumonia, infartos, atelectasias e falcização intrapul-monar. A propedêutica infecciosa está indicada, com realizaçãode hemograma, dosagem de proteína C reativa, hemocul-tura e punção pleural se houver derrame.

O tratamento imediato objetiva a correção da hipoxemia, aelevação dos níveis da hemoglobina e a redução da Hb S. A saturi-metria, com oximetria de pulso, deve ser instituída. A oxigenio-terapia está indicada para manter a saturação de O 90%. A2 >gasometria arterial deve ser realizada para confirmação da hipo-xemia. Inicia-se a antibioticoterapia venosa em doses habituaisdevido à alta probabilidade de infecção bacteriana: ampicilina:criança: 100 a 200 mg/kg/dia em 4 doses; adulto: 500 mg em 4doses. Ou cefuroxine: criança 75 a 150 mg/kg/dia (máx. 1 g/dia),EV de 8/8 horas; adulto: 1 a 1,5 g/dose (máx. 5 g/dia), EV de 8/8horas. Ou ceftriaxone: criança: 75 mg/kg/dia (máx. 4 g/dia) EV de12/12 horas; adulto: 1 a 2 g/dose (máx. 4 g/dia) EV de 12/12 horas.Se houver suspeita de Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia

pneumoniae, acrescentar ao tratamento a eritromicina. Criança:30 a 50 mg/kg/dia (máx. 2 g/dia), VO de 6/6 horas; adulto: 250 a500 mg/dose (máx. 4 g/dia) VO de 6/6 horas ou claritromicina(15 mg/kg/dia EV de 12 em 12 horas).

O tratamento objetiva reverter as ereções indesejáveis, ali-viar a dor e preservar a função sexual.

Priapiasmo repetitivo: o tratamento é, frequentemente, do-miciliar. São recomendados banhos mornos, hidratação oral (1,5 a2 vezes as necessidades hídricas), esvaziamento da bexiga, anal-gésicos e exercícios físicos. Caso não haja melhora em poucashoras, o paciente deverá ser hospitalizado, para hidratação e

Priapismo agudo prolongado: as possíveis etiologias são in-fecções - particularmente da próstata, traumas, medicações comefeitos no sistema nervoso central, abuso de álcool, uso de ma-conha ou após atividade sexual. O quadro exige imediata inter-venção urológica: aspiração cavernosa de sangue com injeçãode fenilefrina e, em última instância, o tratamento cirúrgico visandoà drenagem sanguínea por operações abertas.shunts ou porFrequentemente é necessária sondagem vesical. A analgesia po-tente com opioide está indicada.

Concentrados de hemácias estão indicados se não hou-ver melhora nas primeiras horas, podendo ser necessária a ex-

analgesia venosas.

sendo mais frequente após os 10 anos de idade.

Existem três formas clínicas:

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Ereção dolorosa prolongada, que não detumesce pormais de algumas horas. Tipicamente, pode permanecerpor dias ou semanas. É seguida por impotência parcialou completa.

Persistente, frequentemente sem dor, com aumento do•pênis ou enduração que persiste por semanas a anos.Esse padrão normalmente se desenvolve após ataqueprolongado e está frequentemente associado à impo-tência parcial ou completa.

Repetitivo: ereção dolorosa reversível, com detumescên-cia ocorrendo em poucas horas.

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Crise aplásica

A principal causa de aplasia medular eritrocítica na doençafalciforme é a infecção pelo parvovirus B19, que acomete princi-palmente crianças na faixa etária de 4 a 10 anos, devido ao seutropismo pelas células precursoras eritropoiéticas.

25

O uso de broncodilatadores adrenérgicos inalatórios,�2

em doses habituais por micronebulização, de 6 em 6 horas,está indicado, assim como o acompanhamento fisioterápicocom espirometria e exercícios respiratórios.

Está contraindicada a hiper-hidratação (devido ao risco decongestão pulmonar).

Analgésicos opioides devem ser usados com cautela (porcausa do risco de depressão respiratória).

Na Figura 4 está descrita a abordagem do paciente com STA.

Figura 4 – Síndrome torácica aguda28

O quadro inclui febre variável, palidez e fraqueza, podendoevoluir para falência cardíaca em consequência da acentuaçãoda anemia. Observa-se redução acentuada dos níveis de hemo-globina e da contagem de reticulócitos. Trata-se de um eventotransitório. O tratamento consiste na estabilização hemodinâ-mica pela transfusão de hemácias com monitorização até a ele-vação dos reticulócitos.

Figura 6 – Crise aplásica.

Priapismo

O priapismo é a ereção persistente e dolorosa do pênis.Pode ocorrer na doença falciforme em todas as faixas etárias,

Suportehemodinâmico:

oxigênio, hidratação

- Aumento da palidez- Fraqueza, mal-estar- Febre (variável)

INTERNAÇÃO

- Hemograma: reduçãode 2 - 3 g/dL na Hb basal

- Reticulócitos: diminuídos(se disponível)

Transfusão deconcentrado de

hemácias

Tratamentode condições

associadas

parcial, também indicada caso os níveis de Hb e Htc estiveremevitando-se a hi-acima de 10 g/dL e 25%, respectivamente,

perviscosidade sanguínea.

- Analgesia: usaropioides com cautela

- Hidratação (evitarhiper-hidratação); beta-adrenérgico inalatório

- Antibioticoterapia:ampicilina, ceftriaxoneou cefuroxine

- Oxigenoterapia efisioterapia respiratória

- Dor torácica- Taquipneia- Dificuldade respiratória- Febre

INTERNAÇÃO

- Oximetria de pulso- Hemograma / PCR- Hemoculturas- Rx tórax

Em caso de diminuiçãoou hipóxiade Hb

Concentrado de hemácias

Em caso dedos

persistênciasintomas

Reduzir Hb S

Concentrado dehemácias

Htc < 25 % Htc 25 %>

Exsanguineotransfusãoparcial

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Acidente vascular cerebral

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das mais gravescomplicações da doença falciforme. Quando isquêmico,resulta de infarto em áreas irrigadas pelas artérias cerebraisdo polígono de Willis. O AVC hemorrágico, mais comum emadultos, responde por 5% dos casos e apresenta mais mor-bimortalidade. Ocorre em consequência de ruptura de pequenosvasos, a partir de neoformações vasculares ou de aneurismas.

O AVC isquêmico ocorre, principalmente, em pacientescom Hb SS, sendo raro naqueles com Hb SC e S-talassemias.As crianças a partir dos 3-4 anos de idade são mais afetadas,com incidência de 11% até os 18 anos.

Alterações de consciência, déficits neurológicos focais, con-vulsões, paresias, afasia, confusão mental e cefaleia de grandeintensidade ou duração são sinais e sintomas sugestivos deacidente vascular cerebral.

O tratamento do episódio agudo deve ser realizado emregime hospitalar. Os pacientes com sintomas sugestivosprecisam ser submetidos à avaliação neurológica imediata.Deverá ser feita uma tomografia computadorizada do crânio,sem contraste. Se a mesma não apresentar alterações, serárepetida no período de dois a quatro dias, com contraste,após preparo hematológico. A ressonância magnética estáindicada, se disponível. Se a segunda tomografia tambémnão apresentar sinais de AVC, está indicada arteriografia, a serrealizada com os prévios cuidados necessários aos procedimen-tos com contrastes, nesses pacientes.

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O fluxograma da Figura 5 aborda o tratamento para o AVC.

Figura 5 – Acidente vascular cerebral (AVC).

- TC de crânio sem contrastepara diagnóstico

- Ressonância magnética(se disponível)

- Déficit neurológico focal- Convulsões- Alterações da consciência

Normal AVC

Redução da Hb S para< 30 %: exsanguineo-

transfusão parcial

INTERNAÇÃO

Tratamento desuporte de vida

Avaliaçãoneurológica

Eliminaçãode outros

diagnósticosneurológicos:meningites,intoxicação,

abscessocerebral etc.

Repetir TC em2 - 4 dias

Isquêmico Hemorrágico

Redução da Hb Spara < 30 %:

exsanguineo-transfusão parcial

Avaliação etratamento

da causaNormal

Arteriografia

O rastreamento para doença cérebro-vascular pelo dopplertranscraniano deve ser iniciado aos 2 anos de idade e repe-tido anualmente. Os casos com risco médio e alto devem rece-ber acompanhamento e tratamento adequados.

A exsanguineotransfusão parcial deve ser iniciada imediata-mente após estabilização do paciente, para redução do nívelde Hb S para menos de 30%. Os pacientes devem ser monitori-zados, devido à gravidade do quadro.