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Documento em desenvolvimento ... FÓRUM DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA E CO-GERAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – INEE Av. Pres. Wilson, 164 – 13º andar – Castelo, Rio de Janeiro - RJ 1 (Minuta de Carta ao MME sobre GD) Senhora Ministra, Motivados pela Proposta de Modelo Institucional do Setor Elétrico e no intuito de oferecer sugestões construtivas, levamos à sua elevada consideração algumas observações e sugestões relacionadas com uma das principais áreas de atuação do Instituto Nacional de Eficiência Energética - INEE, que visam aumentar a eficiência energética da oferta e da utilização da energia. As soluções que vêm sendo adotadas e têm sido consideradas para se atender às necessidades de energia elétrica a longo prazo baseiam-se predominantemente na Geração Central (GC), ou seja, construção de poucas unidades de grande porte, associadas a longos sistemas de transmissão. Desta forma, exclui-se ou minimiza-se, a priori, a Geração Distribuída (GD) na qual a energia elétrica é gerada junto ou próximo ao consumidor, independente da sua potência ou propriedade, usando tecnologias de alta eficiência, notadamente a co-geração, que , em muitos países, chega a responder por mais de 20% da geração elétrica. Como envolve também diversas fontes de energia, ajustadas às condições locais, o tema é muitas vezes tratado de forma dispersa ou dirigido a uma tecnologia ou fonte específica. O documento anexo foi preparado pelo INEE, através do FÓRUM de Geração Distribuída e Co-geração, e apresenta um tratamento mais geral do tema, propondo ações para retirar algumas barreiras que dificultam o emprego da GD mesmo quando ela é a melhor solução para toda a sociedade. Como ficam situadas próximas das cargas, as unidades de GD, além de suprir energia, podem desempenhar um papel importante, mesmo quando paradas na medida que aumentam as reservas de potência junto às cargas; reduzem, assim, os riscos de instabilidade e aumenta-se a confiabilidade de fornecimento. Como apenas alguns setores da economia têm capacidade de realizar a GD de forma competitiva, a grande maioria dos consumidores de eletricidade continuará dependendo do sistema interligado. Portanto, é possível afirmar que a GD não compete e, sim, complementa e melhora o sistema de GC existentes e futuros. Embora a GC tenha dominado a produção elétrica pelas economias de escala que compensava a construção dos complexos sistemas de interligação, a GD sempre foi empregada para aumentar a eficiência de certos processos produtivos, aumentar sua segurança e/ou atender sistemas isolados. As tecnologias da GD e a possibilidade de seu uso integrado ao sistema aperfeiçoaram-se após as crises do petróleo, viabilizando formas eficientes de geração e utilização de resíduos de processo, disponíveis, hoje, em quantidades apreciáveis. Esta possibilidade aumentará com a oferta do gás

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(Minuta de Carta ao MME sobre GD)

Senhora Ministra,

Motivados pela Proposta de Modelo Institucional do Setor Elétrico e no intuitode oferecer sugestões construtivas, levamos à sua elevada consideraçãoalgumas observações e sugestões relacionadas com uma das principais áreasde atuação do Instituto Nacional de Eficiência Energética - INEE, que visamaumentar a eficiência energética da oferta e da utilização da energia.

As soluções que vêm sendo adotadas e têm sido consideradas para se atenderàs necessidades de energia elétrica a longo prazo baseiam-sepredominantemente na Geração Central (GC), ou seja, construção de poucasunidades de grande porte, associadas a longos sistemas de transmissão.

Desta forma, exclui-se ou minimiza-se, a priori, a Geração Distribuída (GD) naqual a energia elétrica é gerada junto ou próximo ao consumidor, independenteda sua potência ou propriedade, usando tecnologias de alta eficiência,notadamente a co-geração, que , em muitos países, chega a responder pormais de 20% da geração elétrica. Como envolve também diversas fontes deenergia, ajustadas às condições locais, o tema é muitas vezes tratado de formadispersa ou dirigido a uma tecnologia ou fonte específica.

O documento anexo foi preparado pelo INEE, através do FÓRUM de GeraçãoDistribuída e Co-geração, e apresenta um tratamento mais geral do tema,propondo ações para retirar algumas barreiras que dificultam o emprego da GDmesmo quando ela é a melhor solução para toda a sociedade.

Como ficam situadas próximas das cargas, as unidades de GD, além de suprirenergia, podem desempenhar um papel importante, mesmo quando paradasna medida que aumentam as reservas de potência junto às cargas; reduzem,assim, os riscos de instabilidade e aumenta-se a confiabilidade defornecimento. Como apenas alguns setores da economia têm capacidade derealizar a GD de forma competitiva, a grande maioria dos consumidores deeletricidade continuará dependendo do sistema interligado. Portanto, é possívelafirmar que a GD não compete e, sim, complementa e melhora o sistema deGC existentes e futuros.

Embora a GC tenha dominado a produção elétrica pelas economias de escalaque compensava a construção dos complexos sistemas de interligação, a GDsempre foi empregada para aumentar a eficiência de certos processosprodutivos, aumentar sua segurança e/ou atender sistemas isolados. Astecnologias da GD e a possibilidade de seu uso integrado ao sistemaaperfeiçoaram-se após as crises do petróleo, viabilizando formas eficientes degeração e utilização de resíduos de processo, disponíveis, hoje, emquantidades apreciáveis. Esta possibilidade aumentará com a oferta do gás

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natural distribuído (canalizado ou a granel) que facilita o emprego da co-geração, a forma mais eficiente de aproveitar a energia deste combustível .

A GD, no Brasil, deverá ter um crescimento gradativo, como resposta natural àcorreção de estruturas tarifárias, à maior capilaridade da distribuição do gásnatural e, no caso específico do segmento sucro-alcooleiro, à necessidade demodernizar os sistemas de vapor das usinas de cana, construídas há cerca deduas décadas pelo PROALCOOL. Acrescente-se que, depois da crise de 2001,os consumidores são mais informados , têm uma atitude pró-ativa na questãoenergética, com clara focalização na GD. Observe-se que o potencial brasileirode GD é elevado e a rapidez de seu desenvolvimento tornar-se-á capaz dedesempenhar um papel transiente importante.

Não há hoje restrições técnicas ou legais à GD interligada ao sistema. Asbarreiras à sua expansão são culturais: trabalhar com este cenário exige, naprática, mudar um paradigma em um país onde a expansão da oferta com aGC é uma história de sucesso.

Entretanto, um cenário hoje baseado exclusivamente na GC, para atender anova demanda com investimentos privados, configura-se pouco provável. Suaimplantação com recursos e garantias públicos, porém, só se viabilizaria se osetor voltasse a contar, na demarragem, com as mesmas condições especiaisexistentes no passado (anos 60/70) tais como: créditos do Banco Mundial,fortes investimentos diretos dos estados e mecanismos tarifários e fiscais maisfavoráveis do que os atuais.

Um cenário englobando as duas alternativas, com ênfase crescente na GD,parece ser a forma mais eficaz para atender a nova demanda por energiaelétrica, em bases atraentes para a iniciativa privada. Nele, a equaçãofinanceira é alavancada pela entrada de grande número de novos atores,atendendo-se a demanda de forma mais ajustada a seu crescimento,resultando em menos investimentos ociosos. Neste cenário, ainda, a reduçãodas perdas de transmissão alavanca em 10% ou mais o valor da nova energia.

O desenvolvimento da GD de forma harmônica com o sistema pode ser maisrápido e efetivo se o Governo e os reguladores considerarem este como umcenário natural e trabalharem com normas e diretrizes que não pressuponham,implicitamente, apenas a GC. Poderia o Governo contribuir para que empresascom tradição no setor percebam a GD como uma oportunidade para novosnegócios. As economias nos sistemas de transmissão, a redução de perdas e oaumento da eficiência vão reduzir os custos da energia e ampliar a geraçãoelétrica, além de criar mais empregos por kWh que as alternativas tradicionais.

Acreditamos que este cenário reforça e complementa o novo modeloapresentado por V. Excia. para o setor elétrico. Colocando-nos à disposição deV.Excia, aproveitamos a ocasião para solicitar uma audiência à qualpretendemos levar representação expressiva de entidades e pessoasinteressadas mais diretamente no tema.

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Atenciosamente, INEE / FÓRUM

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PELODESENVOLVIMENTO

DA GERAÇÃODISTRIBUÍDA NO

BRASIL

julho 2003versão 30/7

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ÍNDICEÍNDICE _________________________6

CONCEITO de GD ________________7

APLICAÇÕES ____________________8

Economias de escopo (produçãoconjunta de energia) ______________8

Resíduos combustíveis _______________ 8Co-geração________________________ 8

Fontes Renováveis ________________8

Geração Complementar de Ponta ____8

Melhoria da qualidade da energia____9

Emergência _____________________9

Geradores Móveis ________________9

Serviços Ancilares ________________9

COMPLEMENTARIEDADE ENTREGD&GC ________________________10

VANTAGENS DA GD_____________11

Rapidez de desenvolvimento _______11

Menores dificuldades ambientais____11

Equacionamento do PPA__________11

Menores Descontinuidades ________11

Prestação de serviços ancilares _____11

Baixa exposição cambial __________11

Menores Reservas Centrais ________11

Mais Intensiva em Mão de Obra ____11

Menores Riscos Empresariais ______11

Uso Racional do Gás Natural_______12

Ganhos Externos ________________12

Menos Perdas no Sistema _________12

LT x GD - Redução de Custos ______12

Custos Marginais Decrescentes _____12

Solução Permanente _____________12

Créditos de Carbono _____________12

SETORES DE GD E POTENCIAIS _13

INDÚSTRIAL __________________13

COMERCIAL__________________13

SERVIÇO _____________________13

RESIDENCIAL________________ 13

AGENTES _____________________ 14

Empreendedores de GD__________ 14

Entidades de Crédito ____________ 14

Hospedeiros ___________________ 14

Distribuidoras de energia_________ 14

Empresas de Gerador Móvel______ 14

Fabricantes de equipamentos,consultores, projetistas, instaladores 14

TECNOLOGIAS ________________ 15

Tecnologias e Equipamentos de GD_ 15Gerador Convencional (Diesel/Otto) ___ 15Foto-Voltáico_____________________ 15Co-geração ______________________ 15PCH____________________________ 15Micro-turbinas ____________________ 15Células Combustíveis ______________ 16Eólico __________________________ 16Sistemas de Controles/Gestão da GD ___ 16Acumuladores de Energia (baterias ecapacitores)______________________ 16Gaseificadores de biomassa__________ 16Frio de absorção.__________________ 16

VEH_________________________ 16

Fontes Primárias _______________ 16

Energia de origem fóssil__________ 16

Outras Fontes Primárias _________ 17

BARREIRAS À GD ______________ 18

Planejamento__________________ 18

Novos Atores __________________ 18

Estrutura Tarifária _____________ 19

Padrão de Qualidade desigual_____ 19

“Back-up” ____________________ 19

Papel duplo da distribuidora ______ 19

Conexão______________________ 19

Operação das reservas de potênciapresente da GD ________________ 20

O binômio oferta x consumo ______ 20

“Marketing” da GD baseado emtecnologia_____________________ 20

MRE ________________________ 20

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Ação Direta Junto a Setores comPotenciais de GD Elevados ________21

Questão do Mercado _____________22

Aperfeiçoar Ferramentas dePlanejamento___________________22

Gestão coordenada da GD _________23

Aperfeiçoar a estrutura tarifária ____24Back-up _________________________ 24

Articulações com Outros Setores ____25BNDES _________________________ 25Setor de Gás Natural________________ 25Administrações Municipais __________ 25ONS e GD _______________________ 25

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CONCEITO de GDA GD refere-se à geração elétricaproduzida próxima ao local onde ela éconsumida. Importa acrescentaralguns pontos a fim de que se torneclaro este conceito:

• a GD pode ter diversas fontesprimárias de energia, tantorenováveis (biomassa, lixo etc.)quanto não renováveis (sobretudogás natural).

• a GD não se vincula a umatecnologia específica. Há muitaspossibilidades técnicas operandoe várias em desenvolvimento.

• a GD não implica em propriedade;a gestão do(s) equipamento(s)gerador(es) junto ao consumidorpode ser de propriedade eoperado por este ou por terceiros,inclusive empresas elétricas.

• a GD não implica em dimensõesde geração máxima ou mínima.Pode ser formada por unidades debaixíssima potência (de menos de1 kW em placas solares); dezenasde kW a alguns MW (unidades deemergência, ponta e/ou co-geração) mas pode ir de dezenasa centenas de MW (usinas decana, fábricas de papel, refinariase siderúrgicas).

Embora o interesse prático da GDprenda-se aos sistemas interligados,os avanços econômicos nesta áreaapresentarão, reflexos nos sistemasisolados pois, com o aumento daescala de uso nos sistemasinterligados, fatalmente os preços dosequipamentos para sistemas isoladostenderão a se reduzir.

Para a aplicação dos conceitos epropostas aqui discutidas, não há

necessidade de definir a GD para finslegais.

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APLICAÇÕESPara o consumidor, a energia elétricadeve atender as necessidades deconsumo através de um padrão dequalidade definido e a um preçomódico. Tecnicamente, é indiferentese a energia ofertada tem origem emusinas distantes ou se é produzidaparcial ou totalmente no local.

No passado, as unidades de GD(auto-produtores) eram normalmenteisoladas do sistema. Com o progressodas técnicas digitais e de controle,hoje, a unidade de GD pode sersincronizada e operar em paralelocom o sistema sem problemas.

A potência a ser instalada na GDpode ser maior ou menor que asnecessidades do consumidor, ouseja, a GD tanto pode atender acarga próxima como pode – até olimite de sua capacidade - apoiar osistema.

O uso da GD em bases regularesocorre quando há oportunidade deproduzir a energia localmente comqualidade e a um custo compatíveisaos da energia distribuída ou, então,quando se exige uma qualidadesuperior àquela ofertada pela redepública. As hipóteses para que ocorrauma geração regular de energia são,basicamente, as seguintes:

Economias de escopo (produçãoconjunta de energia)Em alguns processos produtivos, épossível produzir eletricidade deforma integrada ao processo,reduzindo o custo do produto e o daenergia; nesses casos, a pequenaescala de produção é compensadapelos ganhos (economia de escopo).Esta economia ocorre quando hágeração de resíduos combustíveis ouquando há co-geração.

Resíduos combustíveisConstituem-se de resíduos,normalmente agressivos ao meioambiente sub-produtos inevitáveis daindustrialização e da aglomeraçãourbana. São exemplos os gases daindústria siderúrgica, palhas daindústria arrozeira; palhas e bagaçoda indústria canavieira; lixo orgânicodos serviços de coleta e dedisposição final do lixo urbano, lodode esgoto etc.

Co-geraçãoaproveitamento local do calor (quenão pode ser transportado a longasdistâncias) inerente ao processo degeração elétrica sob a forma devapor, água quente e/ou fria, sem quehaja perda da energia térmica comoocorre na geração em grandescentrais termelétricas .

Fontes RenováveisO aproveitamento de fontesrenováveis em GD se manifesta dediversas formas – biomassa, solarhidráulica (PCH), eólica, etc. - edepende da sua disponibilidade pertodo local de consumo. Esta forma deGD tira proveito dos avançostecnológicos e custos decrescentespara este aproveitamento.

Geração Complementar de PontaMuitas empresas operam unidades deGD, em bases regulares, no horáriode ponta, pois o custo marginal docombustível utilizado, neste horário, éinferior ao da energia elétrica.

Esta forma de geração resulta daestrutura das tarifas horo-sazonais;nelas, a tarifa de energia, no horáriode ponta, é até 10 vezes maior que astarifas fora de ponta. Daí se originauma busca, por parte do consumidor,de uma alternativa mais barata,

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quando ele não consegue reduzir oseu consumo neste período, gerandouma ociosidade, dessas unidades deGD, na maior parte do dia : elaspodem, assim, oferecer energia aterceiros no local onde operam.

Melhoria da qualidade da energiaQuanto mais centralizada for ageração, maior será a influência daslongas distâncias e mais elevados oscustos para garantir a qualidade(sobretudo a continuidade defornecimento) da energia junto aosconsumidores na medida em queurge manter reservas distantes. Paratanto são necessárias redundânciaspara o sistema. Assim, uma vocaçãonatural da GD, mesmo que não gereregularmente energia, reside noaumento da confiabilidade local eregional, quando se trata dequalidade de suprimento.

EmergênciaPara garantir a continuidade doserviço, um grande número deconsumidores (indústrias, hospitais,condomínios etc.) mantêm sistemaspróprios de geração aptos aoperarem por períodos curtos, emmomentos de falhas no suprimentoelétrico. A ociosidade própria destasinstalações permite usá-las parafornecer energia para terceiros.

Geradores MóveisJá existe um contingente importantede geradores sobre rodas que sãodeslocados para atendernecessidades transientes tais comoshows, eventos etc. Pela grandeflexibilidade que têm, estesequipamentos podem vir adesempenhar um papel importante nosistema.

Serviços AncilaresAs unidades de GD interligadas aosistema (operando em paralelo)acham-se aptas a apóia-lo através darealização dos chamados “serviçosancilares”, efetivando-os com baixocusto; estes serviços podem vir a serremunerados por este apoio. Dentreeles, citam-se:

• Melhora do fator de potência.• Regulariza a voltagem localmente• “Black start”.• Atende surtos de demanda.• Evita apagões localizados.• Melhora do sinal elétrico

(diminuição de harmônicos).

Pressupõe-se que os geradores daGD estão interligados a uma centralque “sabe” qual a situação do sistemae liga ou desliga unidades geradorasem função das necessidades dosistema na região. Ver mais no tópicosobre Comercializadores e nastecnologias (Gestão Coordenada daGeração Distribuída).

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COMPLEMENTARIEDADEENTRE GD&GC

Uma característica do sistema elétricobrasileiro é a sua dependência depoucas unidades centrais de grandeporte, construídas para aproveitar osrecursos hídricos com altacapacidade e baixo custo dedesenvolvimento. Com isto foiconstruído um sistema complexo,com “baixa densidade” que atendeuma carga eqüivalente à daInglaterra através de um sistema deabrangência geográfica européia ( iriade Lisboa a Moscou).

O sistema tem alguns inconvenientescomo as perdas de energia edificuldade para garantir aestabilidade inerentes aos sistemasmuito extensos. Além disso, é precisoinvestir em redundâncias paragarantir a continuidade do serviçojunto aos consumidores finais.

De um ponto de vista energético, aGD tem as virtudes complementares,pois aumenta a qualidade da energiasuprida junto aos consumidores finaise se constitui em um “exército dereserva” que permite eliminarredundâncias do sistema totalmentebaseado na GC.

O recurso à GD no passado recente,teve uma participação relativamentemodesta pela inexistência detecnologia adequada, cujoaperfeiçoamento, a um nível mundial,teve grande desenvolvimento depoisda crise do petróleo. Outrasdificuldades culturais e legais sãodiscutidas em detalhes mais adiante.

Note-se que a capacidade de gerarde forma descentralizada, e em baseseconômicas, é característica dealguns setores específicos da

economia; desta forma, a GD nãocompete diretamente com a GC masa complementa. No período detransição, como o que ora vive o setorelétrico, a GD pode vir a atender,através da produção de excedentesou de liberação de ociosidades, parteda expansão, a custos reduzidos.

A possibilidade de complementar aGC com a GD simplifica-se a partir daabertura legal do sistema: eliminou-seo monopólio e admitiu-se conexão detodas as formas de geração, de formaindependente da sua dimensão.

Portanto, na medida em que ocorreesta complementação, na medida emque não há GD sem a existência daGC (não obstante poder existir a GCsem a GD), o futuro do Setor Elétricopassará pelo crescimento da GD,desde que algumas medidas sejamtomadas, principalmente aquelasque permitam a expansão das redesde gás canalizado.

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VANTAGENS DA GD

Rapidez de desenvolvimentoPelas escalas envolvidas, assoluções poderão ser muito rápidas,principalmente em face da pequenamaturação dos investimentos, secomparados com aquelas próprias daconstrução de grandes centrais,sejam hidrelétricas sejamtermelétricas.

Menores dificuldades ambientaisAs dificuldades ambientais, na GD,diluem-se naturalmente. Em face daalta eficiência energética, inerente àGD, e, em alguns casos, atransformação dos resíduos emenergia útil, haverá um impactoredutor nas emissões poluentes.

Equacionamento do PPAAntes de uma decisão de GC, énecessário garantir um comprador, alongo prazo, para a energia atravésda assinatura de um PPA ("PowerPurchase Agreement" ). Na GD, oprojeto já nasce com um compradordefinido para toda a energia térmica enormalmente uma parte importanteda elétrica.

Menores DescontinuidadesNa GD, o crescimento da oferta nascerazoavelmente casado com oaumento da carga pois cadaconsumidor buscará a sua soluçãoprópria quando uma elevação de suacarga assim o exigir.

Prestação de serviços ancilaresA GD permite a instituição de algunsserviços ancilares, já citados; de fato,constitui reservas com capacidade deproduzir respostas rápidas àsnecessidades do sistema (“reservasquentes”): “black–start”, controle dafreqüência, redução de reativos etc.

Baixa exposição cambialO mercado brasileiro já possuicapacidade para atender a demandade equipamentos e de instalaçõesdecorrentes da implementação daGD; sobretudo nos processos em quehá queima de resíduos de processo.

Menores Reservas CentraisNo sistema brasileiro, as reservasconvencionais situam-se muito longedas cargas, fato que envolvecomplexos sistemas de transmissão,existência de linhas ociosas eocorrência de maiores riscos de“apagões”. Assim, desde que serevejam as bases do planejamentodas LTs, considerando “âncoras” deGD, esta modalidade ensejará umamaior estabilidade no sistema elétricobrasileiro com menoresinvestimentos.

Mais Intensiva em Mão de ObraObviamente, para projetar e instalaruma mesma potência de GC com GD,a última emprega muito mais mão deobra; essa "deseconomia de escala" écompensada pelos outros ganhos daGD. Note-se que certas formas de GD- associadas à biomassa - tambémfixam no campo grandes contingentesde mão de obra.

Menores Riscos EmpresariaisA descontinuidade de projetos de GCde elevada potência apresenta custoselevados para a sociedade, como seobservou na década de 90 quandodezenas de bilhões de dólaresficaram imobilizados em obras pormuitos anos, pagando juros pesados.A mesma dificuldade se observourecentemente, com unidadestermelétricas de grande porte. Orecurso à GD pode reduzir,consideravelmente, estes riscos paraempreendedores e para as entidadesde crédito.

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Uso Racional do Gás NaturalUm maior impulso à GD redundaráem outro, na mesma proporção, aouso do Gás Natural distribuído. Comefeito, os principais clientes que seutilizam desta fonte necessitam decalor no processo, são candidatos adesenvolver co-geração onde mais de80% da energia do GN é usada noprocesso. Este fato vai permitir umacorreção da política que inicialmenteprevia usar a maior parte do GN naGC (grandes termelétricas) embora,para estas, a eficiência seja beminferior, de no máximo, 50%, nosgeradores com ciclo combinado emenor ainda naqueles em cicloaberto.

Ganhos ExternosA GD propicia ganhos econômicosindiretos importantes junto aos seushospedeiros, reduzindo custos daenergia térmica e os associados ànecessidade de se desfazer deresíduos. A experiência tambémmostra que as modificações doprocesso em geral levam estesconsumidores a um uso mais racionalde todas as formas de energia.

Menos Perdas no SistemaCom a GD é preciso instalar umapotência entre 10 e 15% menor, queseriam perdidos no sistema baseadoem GC. Estes ganhos sãocompartilhados por todos osconsumidores.

LT x GD - Redução de CustosAlém das economias diretaspercebidas por hospedeiros da GD,há economias para o sistemaderivadas de investimentos a menorem LT, redução da ociosidade deequipamentos, uso de resíduoscombustíveis com custo zero ou

negativo, que acabam se refletindo naredução de custos para todos.

Custos Marginais DecrescentesAs grandes termelétricas estão hojeperto dos limites teóricos de eficiênciae as hidrelétricas de menor custo epróximas dos locais de consumo jáforam desenvolvidas. As dificuldadespara ampliar os Sistemas deTransmissão e atender grandescidades também vêm aumentando. Acomponente ambiental que nopassado não era computada hoje temum valor importante. Estes fatoresfazem prever uma tendência de custode investimento crescente namargem.

A GD, com o aperfeiçoamento demuitas tecnologias, encontra-sejustamente na curva descendente decustos como será visto adiante.

Solução PermanenteEm função da crise de energia de2001, que resultou no racionamento,para mitigar os riscos inerentes aosistema, ocorreu a instalação de umgrande número de geradores em umavisão de operação por um período decinco anos, como se os problemas dosistema fossem transitórios.

A GD, ao contrário, cria uma condiçãopermanente pois, mesmo na hipótesede que um de seus hospedeirosinterrompa seus negócios, ao mesmotempo, acontecerá uma reduçãosemelhante de carga no local.

Créditos de CarbonoVários projetos de GD reduzememissões de CO2 e já vêm recebendorecursos internacionais quealavancam o investimentomonetizando as economias externasque eles propiciam.

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SETORES DE GD EPOTENCIAISO conceito de potencial usado noplanejamento tradicional (GC) noBrasil, prende-se às hidrelétricas,para as quais há metodologiasobjetivas, em função das vazões dorio, altura da queda, topografia egeologia do local, grau deregularização etc.. As usinastérmicas, neste planejamento, entramcomo uma “variável livre”.

No caso da GD, a análise pode serfeita considerando os potenciaisteóricos das diversas fontes primáriasdisponíveis e analisando os setoresda economia que poderiamdesenvolvê-las.

O estudo mais abrangente disponívelconsta do capítulo 4 do PlanoDecenal da ELETROBRÁS 2000/2009 e indica que o potencial técnico1

de GD no setor industrial, em 1999,era de 12,5 GW (20% da potênciainstalada) e que o potencialtermodinâmico2 apurado seria de,pelo menos, 21,5 GW.

Este estudo não inclui o potencial dossetores comerciais e de serviços que,com o aumento da oferta do gásnatural distribuído (canalizado ouvendido a granel), acrescenta outros2 a 4 GW. Não inclui tambémgeradores de emergência e de pontaque podem ter papel importante comoreserva de potência descentralizada.

Em síntese, é preciso conhecermelhor estes potenciais mas oimportante a notar, no momento, éque eles têm uma dimensão que não

1 Avaliação feita a partir de uma análise deindústrias representativas.2 Avaliação do potencial teórico considerando osinsumos setoriais de energia elétrica e demandapor energia térmica

não pode ser desprezada como umadas importantes formas de atender asnecessidades futuras de energia.

Pela rapidez com que podem serimplantados podem desempenhar umpapel fundamental na transição demodelos que vivemos hoje. A seguir,uma lista dos principais setores daeconomia com potencial de GD.

INDÚSTRIALSiderugiaPetroquímicaRefinariasQuímicaPapel e celuloseAlimentos e BebidasCanavieiroFrigoríficosArrozMadeireiroMoveleiroCerâmicaVidroCimentoTextilPneumáticos3

COMERCIALShoppingsSupermercadosCondomínios

SERVIÇOLixo UrbanoLodo de EsgotoAeroportosHospitaisFrio Distribuído

RESIDENCIALCondomínios

3 Além de atender necessidades de energia doprocesso, este setor é obrigado a eliminar pneususados na proporção que vende novos e uma dasformas tem sido de usá-los como combustível.

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AGENTESOs prinicipais agentes da GD estão aseguir explicitados:

ComercializadoresEntidades criadas no bojo da novalegislação setorial, oscomercializadores são aquelesagentes que unem os interesses dosprodutores de excedentes vendáveisde energia aos dos consumidoreslivres disponíveis para adquirir estesexcedentes, negociando e fechandocontratos de compra e venda,“aluguel” das linhas dasconcessionárias de energia elétricaenvolvidas.

A possibilidade do comercializadordes/ligar unidades de GD portelecomando pode ser um importanteinstrumento de integração sistêmica.

Empreendedores de GDInvestidores interessados emimplementar unidadesdescentralizadas tendo, comogarantia, a aquisição da energiagerada (frio ou calor e eletricidade, nocaso de cogeração, ou eletricidade,aliada ou não a uma outra forma deenergia, no caso da utilização deresíduos) pelo consumidor e/ougarantia, deste consumidor, paravender os excedentes para terceirosou para a concessionária; poderáeste agente, também, operar aunidade assim construída.

Entidades de CréditoComo os investimentos de GD sãorelativamente elevados vis-à-vis oshospedeiros, é importante o papeldas entidades de crédito - bancoscomerciais e/ou agências dedesenvolvimento - nodesenvolvimento da GD.

Importa anotar que muitas destasentidades ainda estão voltadas parafinanciar a GC e precisam adaptar osprocedimentos às características dosinvestimentos em GD, notadamentetransferindo para os departamentosespecíficos, descentralizados, asnegociações relativas à implantaçãodas diversas unidades, uma unidadede GD como um equipamento. Assimfinanciar uma unidade de co-geraçãopara um Hospital seria tão naturalquanto financiar um equipamento deRaio-X. Pelas razões já apontadas -menor risco empresarial e diluição derisco , menor exposição de crédito aum único setor - pode aumentar aatratividade.

HospedeirosSão os consumidores produtores deresíduos combustíveis ou usuários defrio ou de calor (cogeradores) que“hospedam” as unidadesdescentralizadas.

Distribuidoras de energiaSão as concessionárias distribuidorasde energia elétrica e de gáscanalizado.

O interesse das distribuidoras de gásno caso é óbvio. O interesse daDistribuidoras elétricas também éevidente quando se verifica que ela éobrigada a comprar energia em algumlocal e a GD pode reduzir anecessidade de investimentos emreforço de subestações e outraseconomias. Além disso, abre umasérie de oportunidades de negóciosem associações com hospedeiros eoutros atores

Empresas de Gerador MóvelEste pouco estudado segmento(pelos setores tradicionais) pode terum papel importante complementar

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ao atual em função da suamobilidade.

OutrosFabricantes de equipamentos,consultores, projetistas, einstaladores destes equipamentossão outros atores de óbviaidentificação que completam o quadrodos agentes envolvidos na GD

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TECNOLOGIASA GD não está associada a uma fontede energia primária ou a umatecnologia específica; da mesmaforma, sequer se relacionaexclusivamente a equipamentosgeradores.

Após a crise do petróleo, houve umaexplosão de criatividade paraaumentar a eficiência no lado daoferta de energia e para incorporarfontes renováveis. Estas tendênciasforam reforçadas nos anos 90 com amaior conscientização sobre osefeitos negativos para o meioambiente provenientes tanto do usoineficiente de qualquer forma deenergia quanto do uso das energiasfósseis em particular.

Hoje, as tecnologias encontram-seem variados estágios de evolução,algumas já perfeitamente viabilizadasno momento presente e outras aindacom perspectivas de custosdecrescentes. Neste contexto, oobjetivo deste documento não éfocalizar cada caso mas apenasrealizar um breve registro da situaçãoatual.

Tecnologias e Equipamentos deGD

Gerador Convencional (Diesel/Otto)Apesar do domínio tecnológico, estamodalidade ainda vêm sofrendoaperfeiçoamentos constantes,dirigidos estes aperfeiçoamentos parao seu uso como GD, operando em co-geração e usando gás natural e/ougases pobres, como os do lixo.

Foto-VoltáicoOs custos desta modalidade acham-se em franco decréscimo. Hábastante tempo, esta tecnologia estásendo usada em sistemas “off-grid” e

as primeiras aplicações de “peak-shaving” já estão acontecendo;conseqüentemente, a suaparticipação como GD elevar-se-á,especialmente, em regiões de altainsolação.

Co-geraçãoTecnologia dominada que compete,com vantagens, com a geraçãocentral de gás natural em razão desua elevada eficiência; é insuperávelnas situações em que a energiaprimária deriva-se de resíduos doprocesso industrial.

PCHDesprezada no passado (poucasforam construídas na era da GC evárias desativadas nos anos 80),podem ter um papel importante naGD se integradas a unidades de GDque complementem suasazonabilidade. É o caso típico deusinas de cana na região Sudesteque é perfeitamente complementar àPCH.

Incentivos existentes à PCH sãotípicos da visão da GC o que explicao pequeno desenvolvimento.

Micro-turbinasTubinas a gás, com potências entre30 e 200 kW, podem ser empregadastanto como meras geradoras quantoem ciclos de co-geração. Hoje sãoequipamentos de alta confiabilidade,com tecnologia dominada pordiversos fabricantes. Já sãocompetitivos (~ 1.000 - 800 US$/kW)para condições especiais de GD. Asvendas estão crescendo e os custosde fabricação têm tendênciadecrescente com o aumento dasvendas.

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Células CombustíveisTecnologia eletro-química quetransforma a energia química doscombustíveis diretamente em energiaelétrica, sem necessidade deexplosão e sem partes móveis. Trata-se de uma unidade de co-geraçãocom elevada eficiência para unidadesde qualquer tamanho.

A tecnologia já é comercializada (hátrês unidades na Copel com 200 kWcada), ainda tem custos elevadosmas pode ter grande impactotecnológico pois permitirá, em face desua flexibilidade e dimensão, umaampla disseminação; com custosdecrescentes. Diversos fabricantes jáestão anunciando a entrega deunidades de pequeno porte visandosua operação em residências e emcondomínios.

EólicoEsta modalidade já está sendoempregada no Brasil, onde tem sidofeito um grande esforço naidentificação de locais com ventosapropriados. Como as PCHs, estepotencial pode desempenhar umpapel de GD se integrado a outrassoluções para garantir a continuidade.

Sistemas de Controles/Gestão da GDOs sistemas de controle e de tele-comando são tecnologias dominadasque têm reduzido constantementecustos, com a revolução digital.

A possibilidade de coordenarunidades de GD pois seráfundamental para integrar sistemasàs redes de distribuição públicas comelevada confiabilidade.

Acumuladores de Energia (baterias ecapacitores)Diversos progressos têm ocorrido nodesenvolvimento destes

equipamentos que aumenta aconfiabilidade da GD para ciclos maiscurtos.

Gaseificadores de biomassaque permitirão duplicar a eficiência dageração a partir do uso de biomassa.

Lixo urbano/Lodo de SaneamentoHá diversas tecnologias ofertadas etestadas para gerar energia elétricausando este material orgânico comocombustível. Como permite que asprefeituras se livrem do ônus dadisposição final deste material, aeconomia da geração pode seralavancada pelo custo evitado.

Frio Por absorçãoTecnologia que transforma o calordiretamente em frio, de grandeimportância na produção de frio emsistemas de co-geração de um paístropical.

Frio DistribuídoA distribuição de calor em países friospara aquecimento é um dos serviçosde energia mais antigos do mundo epor isso a tecnologia de distribuiçãode frio está crescendo podendoatender situações brasileirasespecíficas

VEHO veículo elétrico híbrido é uma novatecnologia de veículos com umgerador a bordo. Estacionados podemservir para garantir a continuidade deoferta no local. Como já há mais de300 mil destes veículos em circulaçãoé possível que no futuro tenham umpapel importante a desempenhar.

Fontes PrimáriasAs fontes de energia da GD tantopodem se originar de combustíveisfósseis tradicionais quanto de outrasorigens.

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Energia de origem fóssilDentre as fontes tradicionais, a GDpoderá vir a assumir um papelaltamente relevante com ocrescimento da rede de distribuiçãodo gás natural que, no Brasil, aindatem uma penetração restrita. pois aorientação que norteou aimplementação das redes dedistribuição de gás foi o de seu usoem grandes centrais térmicas.

Outras Fontes de Energia PrimáriaUma vantagem importante da GDreside em permitir o acesso acombustíveis de baixo custo que seinviabilizam quando transportados,mesmo a curtas distâncias, em facede sua baixa densidade energéticaaliada, muitas vezes, à necessidadede equipamentos especiais.

Estes materiais hoje, em sua grandemaioria, representam estorvos paraas comunidades locais pois poluemos ambientes onde ocorrem; são eles:

• Resíduos de processoindustrial.

• Resíduos agro-industriais.• Resíduos urbanos (lixo e lodo

de esgoto).

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BARREIRAS À GD

Teoricamente é indiferente o localonde a energia é injetada no sistemainterligado. A GC como forma deatender a nova demanda elétrica, noentanto, domina o pensamento doSetor Elétrico brasileiro. Por muitotempo, foi a forma de garantirmenores custos pelas escalas deprodução que compensavam todos osproblemas de interligação.

O conceito acabou sendo instituídono planejamento, na operação, nasnormas técnicas, estrutura das tarifase comerciais reforçando o monopóliodo suprimento central como “um dadoda razão pura”. Assim, por exemplo,quando se decidiu aumentar a ofertado gás natural no Brasil, ele foipraticamente todo destinado atermelétricas de grande porte comeficiência bem inferior à que seobteria através da co-geração.

Quando o sistema foi "aberto" para aqualquer geração, independente dadimensão dos geradores muitasdificuldades e barreiras artificiais àGD permanecem, deixando claro queas maiores dificuldades a seremenfrentadas pela GD são de naturezacultural como adiante destacado.

PlanejamentoA inadaptação dos instrumentos deplanejamento constitui-se em umabarreira importante à introdução daGD que, quando considerada, o écomo uma parcela de energia a serreduzida do mercado. As sofisticadasferramentas usadas não consideramos potenciais de geração fora de uma"lista" com um conjunto de usinas4

4 O Plano 2000/2009 .(capitulo) dedica umcapítulo ao potencial de cana, conclui que háenergia abundante (60 Twh), a custo competitivo ea informação é simplesmente desprezada.

devidamente catalogadas,comprometendo qualquer resultadoque se pretenda realista de um pontode vista do país por desprezar osexpressivos potenciais de GD.

Como a atividade de planejar o setordeve continuar, é essencial que seconsidere a GD como uma forma real.Como está ligada a decisõesdescentralizadas, é precisoconsiderar um comportamento médiocoletivo como, aliás, é feito nasprojeções de demanda.

Assim, por exemplo, se fordesenvolvido, ainda que parcialmenteo potencial de geração com cana, atopologia das LTs na região sudesteserá bem diferente com adescentralização das reservas depotência.

Novos AtoresO desenvolvimento da GD dependeda percepção de uma nova atividadepara milhares de novos agentes quetêm potenciais de geração e têm queperceber as vantagens e ganhosassociados a hospedarem este tipode facilidade. Por razões históricas,foram levados a uma atitude passivaem relação ao suprimento deeletricidade tida como um item deinfra-estrutura, obrigação do governo.

A desinformação ainda se configuracomo uma barreira. Até a crise de2001, por exemplo, poucos sabiamque os preços da energia iriamaumentar a partir de 2003, à medidaque acabassem os contratos da“energia velha”.

O nível de informação sobre o tema,no entanto, aumentou muito e hojeexiste a percepção de que ainda háproblemas potenciais e que elesdetêm parte da solução. Este

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processo se acelerará com aexistência de mais Comercializadorese Empreendedores de GD e à medidaque agentes de crédito tiverem linhasespecificas para a GD.

Estrutura TarifáriaAlgumas distorções das estruturastarifárias e que não refletem os custosda energia para os consumidores dãosinais econômicos distorcidos,causando perdas para asdistribuidoras e para os consumidoressobretudo os que têm potencial dedesenvolver unidades de GD.

Uma destas distorções reside nastarifas de ponta/fora de ponta nasquais o preço da energia na ponta éaté dez vezes maior que a da ponta.Este sinal muito forte foi criado hámais de vinte anos para condiçõescompletamente diferentes das atuaise hoje pode indicar soluções de GDnão otimizadas ao sinalizar apenas ageração de ponta.

Recentes debates mostram que astarifas para as altas tensões sãosubsidiadas, inviabilizando a co-geração em muitos processos que ,noexterior usam esta forma eficiente deGD.

Padrão de Qualidade desigualAs condições de continuidade defornecimento ao consumidor final(tempo das interrupções efreqüência) variam de consumidorpara consumidor e as condiçõespioram à medida que o consumidorse afasta da fonte de geração.

Se a qualidade do serviço fossepadronizada - o que se justifica poistodos pagam a mesma tarifa -, adistribuidora teria uma percepçãomais clara das soluções de GD quetêm grande vantagem competitiva

para aumentar a confiabilidadelocalmente .

“Back-up”Em um sistema interligado, todos osgeradores (GC e/ou GD), devem seapoiar mutuamente para garantir aqualidade do serviço. Na GC, háalguns mecanismos como o MRE e oapoio de back-up à GD é reguladopela Resolução ANEEL 371/99.

Papel duplo da distribuidoraA distribuidora detém, em si própria,o duplo papel de "porta de entrada"no sistema e de “comercializadora”podendo levar a dificuldades eentende haver conflitos deinteresses.

ConexãoNo cenário de GC , a energia tem umfluxo uni-direcional entre a geração(G) e os “consumidores”(C) :

G→→ T→→D→→C

Com a GD, surge a figura do“acessantes” e o fluxo pode ser:

G→→ T→→D↔↔C/G

onde alguns antigos "consumidores"se tornam eventuais geradores.

A Resolução ANEEL 281/1999, temas normas gerais de conexão mas, naprática, dirige-se mais às relaçõesentre empresas elétricas, para asquais existem normas técnicas bemdefinidas da operação coordenada.

Falta detalhar os “Procedimentos deDistribuição” para evitar os problemasda relação das distribuidoras comacessantes de GD. Hoje, a Resoluçãotrata o assunto na base da “boavontade”, imprópria para uma relaçãocomercial muito assimétrica (

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Parágrafo Único do Art. 12,subtranscrito):

“As condições técnicas da conexão,aplicadas pelas concessionárias oupermissionárias, não deverão conterexigências discriminatórias emrelação àquelas aplicadas aos demaisusuários”.

A ausência de normas para umafigura criada pela lei tende adiscriminar a GD5. Como mostrado,esta tendência ocorre mais porquestões culturais do que por umaameaça econômica real.

Operação das reservas de potênciapresente da GDA ausência de uma formatecnicamente organizada paraintegrar a GD ao Sistema Elétrico éuma barreira.

O binômio oferta x consumoO MAE vê o "mercado" através deum modelo matemático que tem apretensão de calcular preços comose houvesse um ambiente demercado aberto.

A experiência da crise mostrou, naprática, o total desajuste do usodeste modelo (que na verdade erauma adaptação de um instrumentoconcebido com outro objetivo) comseus diversos artificialismos,lançando incertezas a algunsinvestimentos em GD.

Ademais, neste contexto, não hácomo instituir o mercado futuro, porexemplo, para o “back-up” de GD.

5 Em diversas palestras o gerente da central deco-geração do jornal O GLOBO menciona adificuldade para vender energia durante o dia paraa sua filial na mesma cidade.

“Marketing” da GD baseado emtecnologiaA introdução da GD no Brasilassociou-se a tecnologias ou a fontesprimárias específicas, como a PCH, abiomassa e a eólica. A focalizaçãosegmentada e, conseqüentemente,incompleta, por vezes atéinadequada, de algumas fontes e detecnologias, estimulou a ocorrênciade medidas especiais, com subsídiose/ou características que, aoprivilegiarem esta ou aquelaalternativa, desestimulam outras, emdetrimento do interesse maior dosconsumidores e do próprio sistema.

A ausência de uma visão global e nãosegmentada da GD configura-secomo uma barreira a ser transposta.

MRE

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CONCLUSÕES E PROPOSTASDiante dos aspectos levantados, umcenário para atender a nova demandade energia elétrica usando a GDcomo base é uma ação semarrependimentos.

As propostas adiante são açõesorientadas para reduzir barreirasculturais e normativas, assim comopara eliminar sinais econômicosdistorcidos. Nenhuma das sugestõesé limitativa ou dependente de outras,podendo todos os estudosdemandados e medidas decorrentescorrerem em paralelo.

Ação Direta Junto a Setores comPotenciais de GD Elevados

Sugere-se que o Governo se articuleobjetivamente com os setores esegmentos de grande potencial deGD a fim de 1) avaliar os potenciais e2) avaliar em que condiçõesconsideram desenvolver estespotenciais, suas conveniências, asbarreiras que enxergam, asvantagens e as condições específicasde cada um. Uma solicitação do MMEterá, hoje, uma resposta pronta eefetiva e encontrará estesempreendimentos com uma atençãomais aguçada para questõesenergéticas após os problemasrecentemente vividos e asperspectivas de aumentos de tarifas.

Objetivo: melhorar o grau deinformação tanto do Governo quantodestes consumidores sobre o papelda GD no atendimento da demanda.

Modernização das Normas de

• Aperfeiçoar a Resolução ANEEL281/99 (o INEE já encaminhouàquele órgão um documento arespeito).

• Acelerar a publicação do capítulodos “Procedimentos deDistribuição” que regula asquestões específicas dosconsumidores que operam emparalelo com o sistema (estaregulação em separado não trazdificuldades pois este é o únicotema novo na relaçãodistribuidora/acessante introduzidacom as reformas) ;

• Criar normas simétricas nasrelações do acessante de GD coma concessionária, em especialaquelas que tratam do “back-up”,para que ambos, geradordescentralizado e concessionária,assumam funções recíprocas emque tanto o GD venha em socorrodo sistema como vice-versa,separando claramente ambas asfiguras.

• Sugere-se que a regulamentaçãodos serviços ancilares considere aGD como parte importante nesteprocesso.

• Estabelecer regras que permitama consideração, privilegiando-as,das usinas de GD que permitam aredução dos riscos hidrológicos dosistema (estranhamente, só seprevê, hoje, tratamento específicopara as PCHs que, em muitoscasos, por serem a fio d´água, nãobeneficiam o sistema durante operíodo seco, repetindo, apenas, operfil do sistema elétricobrasileiro).

• Dar consistência às questõesderivadas do custo de transporte:fornecer sinais econômicosadequados para orientarcorretamente os novos entrantes.

• criar regras claras e rituaisdistintos aplicáveis às rotinas paraacesso à rede e para acomercialização .

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Objetivo: desde que foi aberto oacesso ao sistema, há mais de quatroanos, nunca foi regulada a relação doGD com as distribuidoras. Talcondição, se irrelevante em algumassituações, pode criar sériosproblemas operacionais e desegurança para a concessionária epara os consumidores, especialmentequando existe excedente exportávelda GD ou até mesmo quando sebusca sanar ou administrar problemasna rede.

Questão do MercadoA implantação do conceito "demercado", através do MAE, fracassoucomo forma de atrair investimentospara a nova geração elétrica. Valeressaltar os parcos resultadosobtidos, no que concerne aosinvestimentos em GC: há poucosparticipantes na medida em que osriscos são elevados em face daelevada concentração deinvestimentos.

Por outro lado, junto aos potenciaisGD, algumas características demercado se mostraram efetivas, comoficou demonstrado no leilão dasdisponibilidades de quotas de energiadurante a recente crise6. Organizadaa oferta de GD, esses aspectospodem crescer de importância, pois amaioria dos produtores, nesta faixa,têm um interesse marginal em venderenergia ao sistema e umaorganização externa, como umcomercializador, pode, sem dúvida,suprir convenientemente este papel.

Vale evidenciar, por exemplo, que,em meio a todas dificuldades para a

6 Quem podia reduzir o consumo além da quota deracionamento vendia esta "capacidade" paraoutros que estavam na situação oposta. Osnegócios feitos em bolsa iniciaram com o "preçoMAE", acima de 600 R$/MWh, e em três mesescaíram para 100 R$/MWh.

implantação de novas usinas, cercade 400 Mw de geração no setor decana ocorreram e os contratos decompras de GD de uma empresasubiram de 190 Gwh, em 1999, para1300 Gwh, em 2003.

Na "reforma do mercado”, a ter lugarno novo marco regulatório, éimportante que se mantenham certascaracterísticas que podem serviabilizadoras do desenvolvimento daGD.

Objetivo: É importante manter eincentivar figuras como os"comercializadores" para ajudarem aorganizar as sobras e os contratos desegurança para o sistema.

Aperfeiçoar Ferramentas dePlanejamento

O Setor Elétrico planeja e opera,essencialmente, na perspectiva daoferta; a administração dademanda37, de fato, é tratada comouma "curiosidade politicamentecorreta", com esforços esparsosneste sentido; na prática, só foiacionada na situação de crisequando, já em 1998, era a únicaestratégia de “não arrependimento”disponível.

Discutir e aperfeiçoar as ferramentasde planejamento para que sejamneutras quanto às tecnologias ereconheçam os potenciais de GD quepossam ser incorporados nos estudosde soluções globais.

7 Mesmo para leigos, a série histórica dosreservatórios mostra que era necessária algumaintervenção a partir de 98. A única possível, paradar uma "folga" de dois a três anos de umcrescimento de 4 – 5% aa seria atuar junto àdemanda de forma gradual e planejada. O governotinha os instrumentos, mas a cultura o mantevemanietado.

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Objetivo: melhorar as soluçõesresultantes dos modelos e programasmatemáticos que, por nãoconsiderarem as hipóteses de GD naexpansão do sistema, podemapresentar resultados inadequadosdo ponto de vista do país, com viésdesfavorável a esta alternativa.

Gestão coordenada da GDAs unidades de emergência e degeração de ponta, hoje, sãoinstaladas considerando apenas acarga a que servem; dotados desistemas de teleprocessamento, estasunidades poderiam ser“despachadas” remotamente de modoa atender, subsidiariamente, asnecessidades locais ou regionais dosistema. No modelo GC, isto é feitocom um custo bem mais elevado,aumentando-se a capacidade dasLTs e criando mais redundâncias.

Se utilizada a GD, como seriammilhares de unidades - muitas commenos de 1 MW - não teria sentidouma operação centralizada. Sobre oassunto, o INEE já apresentou àANEEL uma proposta concreta sobreo tema que hoje não é nem proibidonem regulado.

Criar os meios para que asinstalações de GD ligadas emparalelo com o sistema - inclusive deemergência e/ou ponta - possam ser“despachadas” por uma mesacontroladora que, por sua vez, estaráem contato com as distribuidoras paracoordenar este atendimento remoto.

Objetivo: permitir que as unidades deGD operem como um “exército dareserva” do sistema central, reduzindoa necessidade de investir em linhaspara trazer ponta de locais remotos,diminuindo as redundâncias e

melhorando a confiabilidadelocal/regional.

Aperfeiçoar a estrutura tarifária

Trabalhar para a eliminação dasprincipais distorções tarifárias,notadamente :

• Dar realidade às tarifas dosuprimento em altas tensões.

• Estruturar as tarifas horo/sazonaisem que a energia do horário deponta é até 10 vezes que a defora de ponta.

• Estabelecer sinais de qualidade.• Explicitar tarifas de GD segundo

fórmula simples.

Objetivo: As distorções tarifáriasalteram a atratividade natural deempreendimentos de GD; diversosprocessos industriais, co-geradoresno exterior, no Brasil preferem nãoaproveitar as suas potencialidadesespecíficas em razão dos sinaisdistorcidos que terminam porincentivar a manutenção doatendimento convencional,desestimulando a alternativa da GD,extremamente mais eficiente e commaiores resultados para o conjunto dasociedade.

Back-upCorrigir as tarifas de back-up paraque venha a cumprir um papel deneutralidade no relacionamento entreo gerador e a distribuidora.Identificaram-se alguns destesproblemas, a saber:• Diferenciar as paradas de

emergência daquelasprogramadas (já citadoanteriormente).

• Permitir o escambo entre adistribuidora e o geradordescentralizado.

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• Prever a figura do “back-up” paraa concessionária (um serviçoancilar)

• Rever os parâmetros muito rígidosquanto à proteção e aoparalelismo.

• Troca de energia.• Previsibilidade quanto aos preços:

as regras correspondentes,indexadas ao preço MAE de curtoprazo, não permitem umaprevisibilidade adequada.

Articulações com Outros SetoresImporta estabelecer articulações comsetores e/ou segmentos a fim degerar as condições necessárias aodesenvolvimento harmônico da GD.São elas:

BNDESAs linhas de investimento BNDES têmum departamento específico na áreade infra-estrutura dirigido a empresasespecializadas em energia. Estaestrutura acaba reforçando o modeloda GC e dificulta a explicitação denovos negócios de GD, com menorexposição de risco.

Como diversas soluções de GD são,também, redutoras de emissão degases de efeito estufa, recomenda-seque o BNDES faça captações eaplicações destes novos recursos,recursos estes que deverão aumentarcom a quase certa próximaaprovação do Protocolo de Kyoto.

Objetivo : os financiamentos de GDfariam parte dos pacotes deempréstimos para empreendimentosde setores da economiavocacionados para a GD .

Setor de Gás NaturalA política do GNP tomou, como base,a demanda de poucas unidades de

GC de grande porte; este pressupostoprovocou um freio na implementaçãode uma rede de distribuição maisextensa, de forma a permitir umaampliação da GD, notadamente emunidades de co-geração comeficiências de mais de 80%. Com ofracasso das térmicas, a energiadistribuída esbarra em uma rederestrita, impeditiva a uma rápidaexpansão do próprio uso do gás.

Objetivo : adaptar a política para umamaior distribuição, como, porexemplo, fez Portugal que preparou omercado antes mesmo da chegadado gás.

Administrações MunicipaisO envolvimento das administraçõesmunicipais com a GD envolve, pelomenos, duas frentes que podem sertrabalhadas de forma sistemática :

Geração elétrica com resíduosurbanos – a transformação do lixocombustível em energia elétrica éuma das principais soluções para queas prefeituras se livrem desteincômodo.

Frio/calor distribuídos - a tecnologiade frio por absorção permite que seinstale, no país, serviços dedistribuição de frio e a do calor,plenamente dominada no HemisférioNorte, pode ser transplantada, semdificuldades, para as regiões do Suldo país.

Objetivo : aumentar o grau deconsciência destas administraçõespara questões específicas

ONS e GDA operação do sistema brasileirocompreende, hoje, cerca de 300usinas térmicas controladas edespachadas centralmente. Não há

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um espaço claramente definido, nalógica do sistema atual, para a GD,normalmente geradora de pequenaspotências. Urge, assim, estabelecercondições para que o despacho e orespectivo planejamento de unidadesdeste porte, espalhadas pela rede dedistribuição, possam secomplementar com a GC.

Objetivo: Criar as condições técnicasnecessárias para otimizar osuprimento elétrico com a introduçãoda GD em larga escala.