Missão Religiosa

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    PLURA, Revista de Estudos de Religio, ISSN 2179-0019, vol. 6, n 1, 2015, p. 144-156.

    Os povos indgenas e a nova misso religiosa: o caso dos

    luteranos na Amaznia (dcadas de 1970-1980)

    Indigenous peoples and the new religious mission: the case of lutherans in theAmazon (1970S-1980S)

    Rogrio Svio Link

    Resumo

    No decorrer da dcada de 1970, como expresso da Teologia da Libertao, toma corpouma nova forma de entender e fomentar a misso entre povos indgenas no Brasil; umamisso que no visa mais a converso desses povos, mas sim a converso da sociedadecomo um todo em favor de seus direitos e demandas. Em 1972, criado o ConselhoIndigenista Missionrio (CIMI) que representa, para a Igreja Catlica, a expressomissionria dessa nova viso teolgica. Dez anos mais tarde, na Igreja Evanglica deConfisso Luterana no Brasil (IECLB), criado o Conselho de Misso entre ndios(COMIN) tambm como expresso dessa teologia e claramente influenciado pelo trabalhodo CIMI. Este artigo quer abordar essa nova perspectiva missionria no mbito doCOMIN e o que possibilitou essa mudana de perspectiva missionria.

    Palavras-chave: Misso Religiosa. Povos Indgena. Teologia da Libertao. COMIN.

    Abstract

    During the 1970s, as an expression of Liberation Theology, takes shape a new way tounderstand and promote the mission among indigenous peoples in Brazil; a mission thataims not converting these people, but the conversion of all society in favor of their rights

    and demands. In 1972, it was created the Conselho Indigenista Missionrio (CIMI) whois, for the Catholic Church, a missionary expression of that new theological vision. Tenyears later, in the Igreja Evanglica de Confisso Luterana no Brasil (IECLB), it wascreated the Conselho de Misso entre ndios (COMIN) also as an expression of thattheology and clearly influenced by the work of CIMI. This article aims to address that newmissionary perspective among COMIN and what enabled that change of missionaryperspective.

    Key-Words: Religious Mission. Indigenous Peoples. Liberation Theology. COMIN.

    _______________________________

    Introduo

    No final da dcada de 1970 e durante a dcada de 1980, a Igreja

    Evanglica de Confisso Lutera no Brasil (IECLB) comea a atuar entre os povos

    indgenas de forma oficial. Antes disso, houve algumas tentativas que no eram

    Doutor em Teologia pela Escola Superior de Teologia (2008), doutorando em Histria pelaUniversidade Federal do Rio Grande do Sul (previso de defesa para 2016) e Ps-Doutor em

    Histria pela Universidade Federal da Grande Dourados (2015). Atualmente professor daFaculdade de Integrao do Ensino Superior do Cone Sul (FISUL). Endereo para correspondncia:Rua Serafim Vargas 66, So LeopoldoRS. Email:[email protected].

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    iniciativas da Igreja enquanto instituio, mas sim de pastores isolados. Em

    1887, como relembra Wilhelm Wachholz (2003, p. 350s, 540s), o pastor Heinrich

    Ernst August Kunert j defendia a necessidade da misso entre os povos

    indgenas. As primeiras tentativas, no entanto, ocorreram somente a partir de1900, mas sem grandes sucessos1. Somente na dcada de 1960 e 1970 a atuao

    missionria da IECLB entre povos indgenas comea a ser mais permanente,

    embora esse trabalho missionrio ainda estivesse pautado por uma perspectiva

    conversionista.

    Na dcada de 1970, a IECLB viu-se envolta em novos desafios decorrentes

    da migrao e colonizao do Centro Oeste e Oeste brasileiros2. Os principais

    foram dar acompanhamento espiritual e assistncia aos migrantes e minimizarconflitos nos locais onde esses migrantes estavam se assentando. A partir da

    migrao dos luteranos do Sul e do Sudeste do Brasil para a Regio Amaznica e

    do acompanhamento da Igreja, surgem dois Snodos (A IECLB subdivide-se

    administrativamente em regies denominadas Snodo): o Snodo Mato Grosso e o

    Snodo da Amaznia. Em decorrncia da abertura de novas reas de colonizao,

    os luteranos vo ser postos em contato com um novo desafio que objeto deste

    estudo, pois estavam entrando em contato e ocupando reas antes pertencentes

    a diferentes povos indgenas. Se o trabalho fora, a princpio, justificado comouma forma de amenizar os conflitos nas novas reas de colonizao, logo

    ganharia um status missionrio prprio decorrente da nova conjuntura latino-

    americana.

    Assim, o trabalho desenvolvido com os povos indgenas a partir da dcada

    de 1970 tem uma nova compreenso do que a misso entre os povos indgenas

    e do que ela visa. Ele foi inspirado pela nova compreenso teolgica que surgiu

    entre as igrejas histricas, especialmente a Igreja Catlica, mas tambm entre as

    igrejas protestantes, grupo ao qual a IECLB se encaixa no campo religioso

    brasileiro. Trata-se da Teologia da Libertao. Em vrias partes do Brasil,

    especialmente nas Novas reas de Colonizao como Rondnia e Mato Grosso, os

    obreiros luteranos atuavam ecumenicamente com os padres e religiosos da Igreja

    Catlica buscando viabilizar o modelo das Comunidades Eclesiais de Base. Nesse

    sentido, a nova proposta missionria da IECLB que comea a ganhar corpo na

    dcada de 1970 foi influenciada pelo trabalho da pastoral indigenista da Igreja

    Catlica, notadamente o Conselho Indigenista Missionrio (CIMI).

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    1. Incios do compromisso missionrio: cristianismo como sinnimo de

    civilizao

    At a colonizao das Novas reas de Colonizao (NAC), a IECLB no

    tinha um trabalho expressivo para com os povos indgenas. Houve uma

    experincia no Mato Grosso e uma no Rio Grande do Sul3. No Mato Grosso, ao

    norte de Junaportanto, dentro da rea de atuao do Snodo da Amaznia,

    foi iniciada uma misso entre os Rikbaktsa, tambm conhecidos como canoeiros,

    pertencentes ao tronco lingustico Macro-J. A misso comeou por causa da

    fundao de uma comunidade em Porto dos Gachos no ano de 1957, cujo

    primeiro pastor foi Johannes Hasenack. O pastor que o substituiu foi Friedrich

    Richter. Ele fez sua primeira viagem para o Mato Grosso em 1960 e, no anoseguinte, j estava residindo em Porto dos Gachos, quando estabeleceu

    contatos com os Rikbaktsas e montou um posto missionrio. Por problemas de

    sade de sua esposa Crdula, regressou Alemanha em maro de 1964. O

    trabalho no posto missionrio ficaria sob a responsabilidade de Fritz Tolksdorf

    at 1969, quando a misso foi ento entregue aos jesutas. Com base nesse

    trabalho, a IECLB instituiu um Conselho de Misso em 1963 para acompanhar e

    apoiar os missionrios e servir como um ponto de referncia e orientao na

    atividade missionria (Zwetsch, 1993, p. 94). Sobre o tipo de misso

    desenvolvida, Zwetsch comenta:

    Na verdade, os exemplos arrolados apontam para uma missocivilizatria. Cristianismo praticamente sinnimo de civilizaoocidental, segundo este pensamento. Encontro aqui uma posturaetnocntrica de carter desenvolvimentista, bem ao esprito dapoca e sem maiores preocupaes com as diferenas e valores dacultura indgena. (Zwetsch, 1993, p. 181)

    No Rio Grande do Sul, a misso foi desenvolvida em Tenente Portela, em

    1964, entre os ndios Kaingang tambm pertencentes ao tronco lingustico

    Macro-J, por iniciativa do pastor Norberto Schwantes (1989, p. 39) que, na

    ocasio, atuava nessa regio. Essa misso, conhecida como Guarita, seguiu o

    caminho tradicional das misses crists na Amrica Latina: visava integrar o

    povo indgena na sociedade envolvente e convert-los ao cristianismo. Para isto,

    construiu-se uma escola com internato para facilitar a integrao do povo

    indgena na sociedade brasileira. O trabalho missionrio propriamente dito foi

    entregue ao Summer Institut of Linguistic4, que estudou a lngua e traduziu oNovo Testamento para o Kaingang (Altmann; Zwetsch, 1980, p. 53).

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    2. Novos rumos para a misso: o Esprito fala atravs dos Outros

    Marco para o trabalho da IECLB entre povos indgenas na dcada de 1970

    foram os dois encontros de Guarita. Um realizado de 31 de julho a 3 de agosto de

    1975 e o outro nos dois primeiros dias do ms de maio de 1976. Com carter

    ecumnico e interdisciplinar, esses encontros reuniram estudantes, professores,

    pastores, socilogos, antroplogos e o pessoal que trabalhava na Misso Guarita.

    Reconhecendo o pecado histrico que as igrejas tm com as populaes

    indgenas, os documentos redigidos a partir do encontro do conta de uma

    indignao com respeito situao dos povos indgenas e conclamam a

    sociedade e a Igreja para buscar aes concretas que diminuam o preconceito,

    criem outras relaes e que ofeream alternativas para a sobrevivncia dosindgenas que restaram5. Zwetsch diz que, na prtica, para a IECLB, esses

    encontros significaram o reconhecimento da crtica feita pela Declarao de

    Barbados em 1971 (Zwetsch, 1983, p. 167s). Um grupo de antroplogos,

    reunidos entre os dias 25 a 30 de janeiro de 1971, a convite do Conselho

    Mundial de Igrejas, discutiu a atuao missionria entre os povos indgenas da

    Amrica do Sul. Eles questionaram o contedo etnocntrico da atividade

    missionria (Suess, 08/11/2007). Assim, a repercusso da Declarao de

    Barbados seria um trunfo contra as foras conservadoras para aqueles obreirosque buscavam uma nova postura missionria nas dcadas de 1970 e 1980.

    A Misso Guarita ainda manteria grande parte de sua estrutura at

    meados da dcada de 1980. A partir de 1986, portanto j numa nova fase do

    trabalho, a misso entre os Kaingang foi ganhando caractersticas novas no

    sentido de uma presena missionria a servio dos indgenas, que significava

    informao, apoio unidade da rea e muito dilogo (Zwetsch, 1993, p. 303).

    Esse ano marcante para a misso Guarita, porque:

    Em 1985, por uma questo menor ligada a uma troca de roupasusadas por artesanato indgena, o cacique Ivo Ribeiro Sales, coma conivncia da FUNAI, expulsou todos os obreiros da Misso daIECLB de Guarita. Com isto, encerrava-se 25 anos de um trabalhomissionrio ininterrupto desenvolvido junto aos Kaingng, dentrode um estilo e uma metodologia desenvolvimentista. (Zwetsch,1993, p. 226)

    Com o acompanhamento dos luteranos em Rondnia, a partir de 1972, os

    obreiros da IECLB tambm sentiram a necessidade de um trabalho missionrioentre os indgenas da regio. Os colonos estavam chegando a uma regio

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    habitada tradicionalmente por povos indgenas e ocupando suas terras. Assim

    tambm foi realizada a experincia de um trabalho com indgenas. O pastor

    Schmeckel, por ocasio de sua visita a Rondnia, j tinha alertado a Direo da

    Igreja, em 1972, para a necessidade de um futuro trabalho entre os indgenas daregio6. Durante a ocupao de Rondnia, o conflito fora inevitvel, pois os

    colonos ocuparam as terras dos indgenas. Altmann e Zwetsch (1980, p. 49)

    relatam que, em Espigo do Oeste, os Suru (famlia lingustica Tupi-Mond)

    foram confinados a um pequeno pedao de terra na periferia da vila e l viviam

    em estado de misria, aprendendo desde logo a mendigar, e sendo objetos de

    uma hipcrita caridade crist daqueles que antes lhes usurparam as terras. Os

    pomeranos que se fixaram naquela regio constantemente reclamavam ao pastor

    Geraldo Schach (primeiro pastor luterano a atuar em Rondnia) que os indgenas

    tinham invadido a sua lavoura e roubado sua plantao. Como afirma Schach,

    outro grande choque cultural foi a questo da nudez.

    s vezes, a gente estava no meio do culto, em Espigo do Oeste, evinham dois, trs, quatro ndios e ndias totalmente nus,entravam na igrejinha e paravam no fundo do corredor, naquelaexclamao, que na poca a gente ouvia deles: uh, uh! Faziamaquele uh de admirao pelo que estava acontecendo. E da agente seguia normalmente com todo o culto, os ndios saam, poiseles no entendiam nada. A gente no entendia a lngua deles,nem eles a nossa. S que depois vinha o problema quando aspessoas diziam: Temos que acabar com essa pouca vergonha,esse problema, esse atentado ao pudor, esses ndios pelados naIgreja. A gente dizia: Mas no tem nada errado nisso, elessempre viveram assim, portanto, pra eles, coisa mais natural,ns que estamos maliciando. Assim comprei a maior briga coma mulherada da comunidade de Espigo do Oeste. Elas diziam:At o pastor est acobertando essa porcaria, essa sujeira, essaimoralidade, est defendendo essas... Usavam tudo quanto nome depreciativo. (Schach, entrevista)

    Como os membros da IECLB estavam em choque cultural com os Suru,

    em 1976 o Coordenador do Departamento de Migrao, Spellmeier, tomou a

    deciso de contratar Wiedemann, que j atuara com os Nambikwra e Rikbaktsa

    no Mato Grosso, para trabalhar como enfermeiro junto aos Suru (Altmann;

    Zwetsch, 1980, p. 28, 49). Por ocasio da 3 viagem s NAC, Spellmeier

    estabeleceu contato com Wiedemann em maio de 19747. No JOREV (1976), essa

    notcia apareceu com o ttulo: As Experincias de um Jovem Indianista, que

    tambm traz um relato da vida de Wiedemann. Com isso, buscava-se apaziguar

    os conflitos entre indgenas e imigrantes (Schach, entrevista). A ideia era

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    amenizar a revolta dos ndios e passar aos colonos o compromisso missionrio

    que deveriam ter em relao aos indgenas. No era um projeto muito refletido,

    porm uma operao de emergncia. Sobre isso, Schach comenta:

    Ento, esses choques fizeram com que a gente refletisse, com oCoordenador do Departamento de Migrao, Arteno Spellmeier,quando adotamos uma primeira soluo. Isto surgiu l pelo anode 1976, no sei mais bem, onde o Arnildo Wiedemann veio,ento, como enfermeiro, mas na verdade a enfermagem era s umpretexto. Ele passava l as guas oxigenadas usava merthiolate,passava uma pomadinha nas feridinhas dos ndios e elesrespeitavam muito isso. Ento, essa amizade que o Wiedemannfazia com os ndios fazia tambm com que a comunidade dosbrancos luteranos tivessem a certeza de que a nossa igreja estfazendo misso com os ndios e que, como tal, havia um relativoclima de convivncia pacfica entre brancos e ndios. Mas a igreja

    como um todo nunca tinha assim uma ideia mais concreta naquesto da misso com os ndios. (Schach, entrevista)

    Como um missionrio das NAC, Wiedemann acompanharia os indgenas

    Suru at a sua transferncia, em 1977, para a rea que estava sendo

    demarcada, na qual j existia um posto da FUNAI e uma aldeia Suru. Os Suru

    que moravam em Espigo do Oeste foram para o posto indgena da linha 14. A

    partir da, Wiedemann passou a trabalhar para a FUNAI.

    3. A misso a partir de uma nova perspectiva missionria

    No final da dcada de 1970 e incio da dcada de 1980, os grupos que se

    preocupam com a misso indgena dentro da IECLB comeam a questionar o

    trabalho como vinha sendo desenvolvido tradicionalmente. Entram em cena

    novas formas de se compreender e estruturar a misso. Sobre essa poca,

    Zwetsch ressalta:

    Chamo a ateno para um novo conceito que comea a ser usadoe que ir ser de fundamental importncia na dcada de 80: oconceito de autodeterminao dos povos indgenas como horizontea partir do qual deveria se redefinir o trabalho missionrio.(Zwetsch, 1993, p. 103)

    Nesse sentido, no dia 2 de outubro de 1978, o secretrio de misso

    Friedrich Gierus assinou uma carta feita a partir de uma reunio do Conselho de

    Misso em maio do mesmo ano. A carta dirigida s comunidades da IECLB e

    trata sobre a situao dos povos indgenas no Brasil e da misso entre eles.

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    Conclamando vozes em defesa dos povos indgenas e reconhecendo seus direitos

    propriedade coletiva, a carta diz que o trabalho missionrio persegue o

    desenvolvimento da comunidade indgena. Para que o Evangelho

    (...) seja palavra viva no seio da comunidade indgena, precisoque nas relaes entre os ndios e no-ndios haja justia. E estajustia s pode concretizar-se com a liberao das terrasindgenas para o uso exclusivo da comunidade indgena. Da queno trabalho missionrio o tema da terra desponta comoprioritrio. (Carta pastoral. In: COMIN, 1992, p. 10-15)

    Zwetsch (1993, p. 109, 111) relembra que o XI Conclio, realizado em

    Joinville, Santa Catarina, entre os dias 19 a 22 de outubro de 1978, foi um

    marco para a Igreja na questo indgena, pois, pela primeira vez na histria da

    IECLB, ela foi colocada como prioridade dentro da ao missionria. Como um

    desdobramento e amadurecimento do XI Conclio, em 1982, foi criado o COMIN

    (Conselho de Misso entre ndios, atualmente Conselho de Misso entre Povos

    Indgenas) em lugar do extinto Conselho de Misso. A partir dessa poca, o

    trabalho missionrio com povos indgenas dentro da IECLB teria um novo rosto.

    Mais do que isso, o COMIN nasceu como expresso desse novo rosto. Ao longo de

    sua existncia, o COMIN fez o entrosamento entre os campos de trabalho, as

    lutas indgenas, a Direo da Igreja e as comunidades. Alm disso, seus obreiros,em diferentes campos no Sul e Norte do Brasil, atuavam em parceria com os

    missionrios do CIMI e de outras igrejas protestantes que tiveram uma proposta

    de trabalho semelhante. Esses protestantes reuniam-se periodicamente no

    Grupo de Trabalho Missionrio Evanglico (GTME), com sede em Cuiab-MT,

    para compartilhar experincias e traar linhas de ao que pudessem ter um

    impacto para dentro de suas igrejas e para as comunidades indgenas. O

    trabalho do GTME, criado em 1979, ainda carece de estudos que avaliem seus

    impactos para o campo indgena e indigenista.

    Seguindo nesta linha de uma reviso crtica do conceito de misso e das

    prticas missionrias, no segundo seminrio do COMIN, realizado em Panambi

    entre os dias 22 a 25 de junho de 1985, os obreiros sentiram a necessidade de

    formular um documento apontando para as caractersticas do trabalho

    missionrio. Dentre as caractersticas, destacam-se: defender a vida e a

    integridade cultural e patrimonial dos povos indgenas; respeitar as culturas e

    o modo de vida destas populaes; favorecer a livre organizao dos povos

    indgenas e sua autodeterminao; a ao pastoral deve se propor afirmao

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    dos povos indgenas como povos indgenas na nossa sociedade, sem

    paternalismo, evitando todo e qualquer tipo de dependncia e buscando a sua

    libertao (COMIN, 1992, p. 20-22). O quarto seminrio (So Leopoldo/RS, 02-

    07/07/1987) tambm produziu um documento no qual se destaca a necessidadede se reconhecer o trabalho dos obreiros leigos na questo indgena (COMIN,

    1992, p. 23-25). Em dezembro de 1991, por ocasio do sexto seminrio do

    COMIN, foi redigida uma mensagem para as comunidades. Nessa mensagem, h

    uma reflexo sobre o que a misso.

    A partir da anlise e estudo da Histria, dos diversos modelos demisso praticados, e da afirmao de nossos compromissosmissionrios nos tempos atuais, entendemos misso comocaminhada conjunta com o povo na insistncia pela vida. Na

    prtica do dia-a-dia, a misso, obra de Deus, vai se definindo,modificando e se atualizando permanentemente. Ela obra deDeus, e ns somos apenas seus colaboradores (1 Co 3). Deus noschama continuamente, primeiro pelos profetas, depois por Cristo,e hoje nos gritos dos povos indgenas, negros, pequenosagricultores, sem terra, mulheres, crianas de rua, e outrosmarginalizados. (COMIN, 1992, p. 33s)

    Assim, as dcadas de 1970 e 1980 formam uma poca de muita discusso

    em torno da misso com povos indgenas e do papel da Igreja em relao

    misso. Neste sentido, estudando a repercusso das notcias sobre a questoindgena veiculadas nos peridicos da IECLB, Zwetsch constata um aumento

    gradual desde a dcada de 1960. Na dcada de 1970, h 69% a mais notcias. J

    na dcada de 1980,

    (...) continua a curva ascendente quanto ao nmero de notciasveiculadas, aprofunda-se a qualidade do contedo, e percebe-seum crescente envolvimento de grupos da IECLB com os assuntosindgenas, no s obreiros e missionrios diretamente envolvidosnas reas, mas tambm de jovens, pastores e leigos que aqui eacol se manifestam. (Zwetsch, 1993, p. 119)

    4. A nova misso e os obstculos dos poderes estabelecidos

    Portanto, quando o trabalho com os povos indgenas em Rondnia se

    inicia em 1978, teve em seu bojo novas formas de se compreender e estruturar a

    misso. J em 1977, a Direo da IECLB tinha decidido montar um projeto

    missionrio para atuar entre os Suru. O secretrio de misso Gierus pediu que

    Wiedmann, que j atuava como enfermeiro, elaborasse um relatrio sobre asituao dos Suru para servir de subsdio para o projeto8. Assim, organizou-se

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    um convnio com a FUNAI tendo como base a experincia de Guarita (Altmann;

    Zwetsch, 1980, p. 50), e que fora assinado em agosto de 19789. Neste sentido,

    cabia IECLB manter um professor, um lingusta e um tcnico agrcola. A

    FUNAI, por sua vez, ficou responsvel pela construo da infra-estrutura: prdioescolar e residncia10. A pastora Altmann e o pastor Zwetsch foram enviados, em

    agosto de 1978, para atuar nesse projeto11. Os dois vinham recentemente da

    Faculdade de Teologia, sendo que Altmann no havia ainda concludo os estudos

    de teologia. Na faculdade, eles foram fortemente influenciados pela Teologia da

    Libertao. Portanto, embora o projeto tenha sido montado nos moldes de

    Guarita, eles estavam imbudos da nova teologia de misso que nascia.

    Com essa nova viso, eles iriam trabalhar entre os Suru. Buscariamorganiz-los politicamente, tentando inseri-los nos movimentos indgenas de luta

    pela terra, e economicamente, tentando viabilizar sua auto-sustentao. Eles

    propuseram uma pastoral de convivncia, na qual procuravam, ao invs de

    evangelizar, se engajar nas lutas do povo, dando, assim, testemunho do

    Evangelho. Altmann (1990, p. 47) define a Pastoral de Convivncia da seguinte

    forma: (...) um processo de reeducao missionria atravs do qual o

    missionrio procura se colocar no mundo a partir do ponto de vista do povo com

    o qual se compromete e tira desta postura todas as consequncias. Veja-se comoAltmann e Zwetsch abordam essa problemtica em 1980:

    Em 1978 foi, ento, iniciada esta caminhada com o povo Suru,dentro de uma nova perspectiva missionria, que recebeu umainfluncia considervel da crtica necessria misso tradicionalfeita pela teologia latino-americana da libertao. Foi a teologia dalibertao que tambm repensou o conceito central daevangelizao, que assim se tornou muito mais abrangente eenraizado no cho da vida e da cultura indgena. Estes novosventos atingiram a reflexo teolgica na IECLB e isto se podenotar na Carta Pastoral s comunidades da IECLB, de outubro de

    1978, onde se procura redefinir o trabalho missionrio da IECLB,nos seguintes termos: O alvo que este trabalho missionriopersegue o desenvolvimento da comunidade indgena, a partirda cultura indgena, pela realizao do Evangelho. Para que esteEvangelho seja palavra viva no seio da comunidade indgena, preciso que, nas relaes entre ndios e no-ndios, haja justia. Eesta justia s pode se concretizar com a libertao das terrasindgenas para o uso exclusivo da comunidade indgena. Da queno trabalho missionrio o tema da terra desponta comoprioritrio. Mais adiante a mesma carta especifica qual ocompromisso missionrio que temos pela frente: Por tudo isso,em nossa perspectiva missionria, entendemos como umcompromisso evanglico estar totalmente solidrios com a lutados ndios para a defesa de sua terra. Nesse sentido, um dosaspectos importantes e prioritrios do nosso trabalho missionrio

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    estar atento s lutas concretas que as lideranas indgenas noBrasil vm levando corajosamente, como ficou mais uma vezmanifesto na sua ltima assemblia de Chefes Indgenas,realizada em maio deste ano, na aldeia xavante de So Marcos,Mato Grosso. (Altmann; Zwetsch, 1980, p. 54s).

    Infelizmente, o trabalho com os Suru no iria durar muito. Em 1979, os

    dois pastores foram expulsos da rea indgena por alguns funcionrios da FUNAI

    (Altmann; Zwetsch, 1980, p. 94). A postura teolgica e poltica adotada por eles

    conflitou com os interesses de alguns funcionrios. Sobre essa questo, Altmann

    e Zwetsch ponderam:

    Talvez esse nosso pressuposto e a maneira como procuramoscoloc-los em prtica, de modo ativo e apaixonado, e que porvezes possa ter parecido aos olhos dos funcionrios da FUNAI zeloexagerado e purismo descabido, tenha contribudo de formadecisiva para a arbitrria expulso que sofremos, justamenteporque nossa postura questionava como questiona todo otrabalho que fica no assistencialismo e no paternalismoautoritrio, como tem sido o caso da FUNAI entre os Suru. Comono acreditamos que esta poltica indigenista tenha futuro emuito menos v servir para a melhor luta indgena (...), spodemos lamentar profundamente que a FUNAI se estruture deforma to monoltica, que a impea de aceitar um trabalhoalternativo e crtico como vnhamos tentando realizar. Evaticinamos que a continuar nesse caminho a FUNAI h de

    perder o resto de moral que, porventura, ainda tenha junto opinio pblica, h de sofrer sempre mais a oposio combativados grupos civis e misses mais comprometidas com a libertaodos povos indgenas do Brasil e, finalmente, contribui para suaprpria auto-extino, porque se coloca contra a histria dospovos indgenas e suas tentativas cada vez mais organizadas detom-la (a histria) em suas mos. (Altmann; Zwetsch, 1980, p.92s)

    Os obreiros de Rondnia posicionaram-se ao lado de Altmann e Zwetsch e

    redigiram, por ocasio de um encontro, em outubro de 1979, um manifesto de

    solidariedade, o qual traz a compreenso da prxis teolgica que movia a atuao

    dos obreiros e obreiras em Rondnia. O que segue a reproduo integral desse

    manifesto:

    Ns, obreiros da IECLB, no Territrio Federal de Rondnia,reunidos em Colorado, entre os dias 20-22 de outubro de 1979,decidimos manifestar-nos em solidariedade aos missionriosRoberto e Lori diante do conflito e ameaas verbal de expulso dosmesmos da rea do grupo indgena Suru, localizado no postoindgena Sete de Setembro que faz parte do parque indgenaAripuan:

    Sentimo-nos no dever de apoiar os colegas Roberto e Lori diantedestes fatos.

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    a) Pois a situao que eles vinham desenvolvendo em seu trabalho a mesma que ns procuramos desenvolver em nossos trabalhos.

    b) A nossa f e o evangelho nos convocam a optar pelos oprimidose marginalizados.

    c) Acreditamos na auto-determinao dos povos indgenas e navalorizao de sua prpria cultura.

    d) Porque, na realidade do posto indgena, nossos colegasprocuraram se identificar tanto quanto possvel com acomunidade indgena, partindo de sua vida e luta.

    Repudiamos os argumentos desprovidos de fundamentos maisconcretos para a proibio verbal do diretor do parque indgenaAripuan para a continuidade do trabalho junto com acomunidade Suru, acusando Lori e Roberto de incompatibilidadecom funcionrios da FUNAI e por interferncia na administraodo parque. Chamamos a ateno de que esta incompatibilidade

    no contra a comunidade Suru, ao contrrio, entre estes estotendo boa aceitao.

    Denunciamos que mais e mais se torna necessrio a observaodo estatuto do ndio nos seus itens bsicos, como so: direito terra, auto-determinao, preservao da cultura e do modode ser e viver do ndio; isto porque sempre de novo interesseseconmicos e polticos da sociedade branca prevalecem contra osinteresses vitais das comunidades indgenas.

    Apelamos ao Conselho Diretor da IECLB que procure averiguar osfatos e tome sria providncia. No no sentido de encobrir os fatosdenunciados, simplesmente substituindo elementos, mas quetome posio clara e objetiva considerando que fatos como estes

    no so isolados mas acontecem dentro de um amplo processo deencarnao da igreja em favor dos oprimidos.12

    Altmann e Zwetsch no conseguiram mais dar continuidade ao trabalho

    entre os Suru. Em vez disso, em 1980, eles iniciaram um novo trabalho entre o

    povo indgena Kulina (autodenominao Madij, famlia lingustica Araw) no

    Alto Purus, no Acre, a convite do CIMI. Eles iniciaram esse trabalho em

    dezembro de 1980 e permaneceram at fevereiro de 1987 (Zwetsch, 1993, p. 363,

    383s).

    Outros trabalhos foram iniciados pelo COMIN a partir dessa nova

    perspectiva missionria e muitos outros missionrios somaram-se a essa causa,

    mas isto no o objeto de estudo deste artigo. Aqui procurei demonstrar e

    apresentar apenas a mudana da postura missionria e o novo enfoque teolgico

    dado misso com povos indgenas. Esse novo entendimento da misso

    enquanto servio ao prximo e no mais como converso s foi possvel porque

    os pastores e pastoras estavam se apropriando das discusses teolgicas e

    sociais que advinham da Teologia da Libertao.

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    Concluso

    Abordando, neste trabalho, a histria da misso da IECLB entre povos

    indgenas, analisei e apresentei como, a partir da dcada de 1970, a Teologia da

    Libertao influenciou e modificou a concepo de misso dessa igreja luterana.

    De uma Igreja que concebia a misso como converso ao cristianismo, a IECLB,

    atravs dos pastores e pastoras que atuavam em campos missionrios, passou a

    uma concepo que visava auxiliar os povos indgenas em sua luta social. O

    trabalho missionrio agora passava pela diaconia, pelo servio ao outro, e no

    mais pela converso. O objetivo era ajudar ou instrumentalizar os povos

    indgenas para que conseguissem ter garantidas suas terras e para que

    pudessem manter sua cultura. O trabalho missionrio no seria maisassistencialista e conversionista. Agora tratava-se de uma concepo missionria

    criticamente poltica. Atravs do COMIN, a IECLB comeou a implementar mais

    sistematicamente essa nova forma de misso. claro que essa forma de entender

    a misso no algo unnime. Ela fruto de enfrentamentos entre diferentes

    correntes teolgicas e, como tal, seu futuro permanece aberto. Como um campo

    em disputa, a Pastoral de Convivncia foi mais um movimento dentro do

    universo religioso luterano, mas um movimento que mudou qualitativamente

    para melhor o relacionamento entre povos indgenas e a igreja luterana e fez comque o trabalho missionrio da IECLB e seu rgo missionrio (COMIN) fossem

    respeitados pelo meio acadmico brasileiro.

    Referncias

    ALTMANN, Lori. Convivncia e solidariedade: Uma experincia pastoral entre osKulina (Madija). Cuiab/So Leopoldo: GTME/COMIN, 1990.

    ; ZWETSCH, Roberto. Pater: o povo Suru e o compromissomissionrio. Chapec: Caderno do Povo-PU, 1980.

    Arquivo da IECLB

    Arquivo do Snodo da Amaznia.

    Arquivo pessoal de Lori Altmann e Roberto Zwetsch.

    COMIN. Caderno do COMIN. n 1, publicao interna, 1992.

    JOREV (Jornal Evanglico Luterano). As experincias de um jovem indianista.Jorev. Porto Alegre, ano XC, n 3, p. 2, 1 quinzena de Fevereiro de 1976.

    LINK, Rogrio Svio. Especialistas na Migrao: Luteranos na Amaznia, oprocesso migratrio e a formao do Snodo da Amaznia 1967-1997. Tese deDoutoramento. So Leopoldo: Faculdades EST/PPG, 2008.

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    PLURA, Revista de Estudos de Religio, ISSN 2179-0019, vol. 6, n 1, 2015, p. 144-156.

    . Luteranos em Rondnia: O processo migratrio e oacompanhamento da Igreja Evanglica de Confisso Luterana no Brasil (1967-1987). So Leopoldo: Sinodal, 2004.

    SASS, Walter. Caminhos sinuosos. So Leopoldo: Oikos, 2012.

    SCHACH, Geraldo. Entrevista. Itapema/SC, 27/05/2001.

    SCHRDER, Ferdinand. Brasilien und Wittenberg: Ursprung und Gestaltungdeutschen evangelischen Kirchentum s in Brasilien. Berlin/Leipzig: Walter deGruyter, 1936.

    SUESS, Paulo. Rompendo o mal-estar na misso. . Acesso em:08/11/2007.

    WACHHOLZ, Wilhelm. Atravessem e ajudem-nos: a atuao da SociedadeEvanglica de Barmen e de seus obreiros e obreiras enviados ao Rio Grande doSul (1864-1899). So Leopoldo: Sinodal, 2003.

    ZWETSCH, Roberto. Com as melhores intenes: Trajetrias missionriasluteranas diante do desafio das comunidades indgenas 1960-1990. Dissertaode Mestrado, Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assuno de So Paulo,1993.

    . Misso e alteridade: a contribuio da pastoral indigenista namissio Deiou os outros como sinais. Estudos Teolgicos, So Leopoldo. vol. 34,1983.

    1Sobre essas tentativas, confira tambm Schrder (1936, p. 250s).2Para uma histria da migrao e atuao da IECLB na regio Amaznica, consulte os trabalhosdo autor (Link, 2004, 2008).

    3 Roberto Zwetsch (1993, p. 134-312) e Walter Sass (2012) escreveram trabalhos queproblematizam a histria dessas experincias missionrias.

    4Instituto Lingustico de Vero. O Summer Institut of Linguistictem origens fundamentalistas.

    5Cf. Encontro sobre o ndio e a misso, Guarita 31/07-03/08/1975. In: Caderno do COMIN. n 1,1992. p. 4-9. Tambm II Encontro de Guarita, 01-02/05/1976. In: Caderno do COMIN. n 1, 1992.p. 7-9.

    6Cf. Carta de Rodolfo Schneider (Porto Alegre/RS) ao Conselho Diretor sobre Trabalho entre osndios, 21/06/1972 (Arquivo da IECLB).

    7Cf. Spellmeier, Arteno. Roteiro da 3 viagem s NAC, 02/05/1974 (Arquivo do Snodo de MT).

    8Cf. Relatrio de Arnildo Wiedmann (Arquivo pessoal de Lori Altmann e Roberto Zwetsch).

    9Cf. Convnio da IECLB com a FUNAI (Arquivo pessoal de Lori Altmann e Roberto Zwetsch).

    10Cf. Convnio da IECLB com a FUNAI (Arquivo pessoal de Lori Altmann e Roberto Zwetsch).

    11Sobre essa experincia missionria, cf. Altmann; Zwetsch (1980) e Zwetsch (1993, p. 107s).

    12Ata do encontro dos obreiros de Rondnia, 21-22/10/1979 (Arquivo do Snodo da Amaznia).

    Recebido em 04/05/2015, revisado em 25/05/2015, aceito para publicao em

    25/05/2015.