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rosa Moça
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7/21/2019 Moça, me dá uma rosa!
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Moça,me dá uma rosa!
Mário Barreto
França
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Era um triste contraste aquele,
distinguidoNuma encosta escarpada e num vale
florido:
Lá no morro, o barraco ao vento seinclinava;No vale, um palacete, entanto, se
enfeitavaDe rosas, de jasmins, de pássaros
joviaisQue adejavam, cantando, os lindos
roseirais...
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O barraco de zinco e o bangalô de pedra
- Onde a miséria mora e onde a farturamedra -Eram naquela parte estreita da paisagemAntônimos cruéis que, na louca voragem
Da vida singular, excêntrica ou profana,onfundem na incerteza a indaga!"o
#umana$$$
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Qual a causa que leva um dia anipot!ncia
" dar rumo diverso a cada umae#ist!ncia,
Que $s ve%es se coloca em
destaque c&ocante,'omo revolta muda ou protesto
gritante(
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)or que, sem ter no*+o ainda do pecado,á de nascer algu-m
surdo, cego, aleijado()or que será, meu Deus,que, pobre e sofredor,
e arrasta, muita ve%,quem s/ pratica o amor(
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E o eco repercute, aolonge, os brados meus:0 )ara ser manifesta a
grande%a de Deus1
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No casebre de %inco, um garotopretin&o
2ivia a contemplar das pal&as doseu nin&o,
Lá embai#o, ao sop- do morro
proletário, formoso jardim do seu son&o
diárioQue, $ sua alma infantil de
ing!nuo espectador,3epresentava o c-u numa festa de
flor.
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Numa certa man&+ de ensolarado bril&o,
garoto desceu do morro, maltrapil&o,E ficou enlevado, a contemplar, assim, vi*o tropical de t+o belo jardim...
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'omo era tudo ali cromático e festivo1
)or-m aquela flor, de rubro muito vivo,
E#ercia sobre ele uma fascina*+o,
Que a mundos irreais sua imagina*+o
Levava a percorrer em v4os de magia,
Nas asas alvi0a%uis de sua fantasia...
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E, nesse doce enlevo, angélico semblanteEle descortinou, ol#ando-o fascinante,
%o veludo-cristal da corola formosaDaquela rubra flor, daquela linda rosa$$$E, a seu &vido ol#ar, a apari!"o amada- An'o, deusa ou vis"o de algum conto de fada
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aiu da inspira*+o de um son&o rosicler,)ara se revelar simplesmente mul&er:
5ovem, de ol&os a%uis e loira cabeleira0 Nova 6ranca0de0Neve ou 7ata 6orral&eira...E por isso ensaiou um pedido inocente:0 8o*a, me dá uma rosa, uma rosa somente1...
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8as a jovem
falou comdespre%o
invulgar:0 2á emborada91 N+otorne a
importunar1
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garoto ficou ainda um pouco parado;
Depois, triste, bai#ou os ol&os, &umil&ado,
E saiu arrastando os p-s, devagarin&o,
)ela esteira sem lu% do seu pobre camin&o.
'omo l&e pareceu t+o mau e injusto o mundo;
ufocou na garganta um solu*o profundo,
Numa interroga*+o que ficou sem resposta:
0 )or que, por que de mim essa mo*a n+o gosta(
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)or que ao desgra*ado aqui senega tudo,"t- mesmo uma rosa( ... uma
rosa(1...
'ontudo+o pouco ele queria1 E esse
pouco, entretanto,
L&e negavam sem d/, paraaumentar0l&e o pranto...
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mundo - sempre assim: esconde a m+o ao
pobre,)ara fartar na orgia os capric&os do
nobre1
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No outro dia, bem cedo, $s grades do jardim,
garoto de novo estava a ol&á0lo, assim:
Na nsia de retratar na alma sentimental
quadro multicor daquele roseiral,
)ara poder sentir, dentro da pr/pria vida,
son&o irreali%ado, a gl/ria inatingida...
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Quando a jovem surgiu de novo, entre oscanteiros,
eus ol&os outra ve% bril&aram pra%enteiros,
E c&eio de esperan*a, $ jovem t+o formosa,
'om ternura pediu: 0 8o*a, me dá uma rosa1
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"gastada, por-m, com o pedido insistente,
" jovem l&e negou o esperado presente:
0 2á embora da9, se n+o eu c&amo umguarda1...
emendo a interven*+o en-rgica da farda,
pretin&o correu em dire*+o ao morro,
Lan*ando ao ar parado um grito de socorro,
Que n+o ac&ou, naquela espl!ndida man&+,
Qualquer repercuss+o na piedade crist+...
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tempo come*ou a mudar de repente;<at9dico soprava o vento fortemente.
remendo, o /rf+o entrou no barraco de
%inco;2iu as &oras passar: duas, tr!s, quatro,cinco...
E ele, que lá vivia apenas por favor,N+o tin&a pai nem m+e, ele n+o tin&a amor...
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Deitou0se; adormeceu, son&ou com o para9so0 Ed!nico jardim = onde ele viu, iriso, sol resplandecer numa rosa vermel&a0 ua rosa vermel&a1 = e ante ela se ajoel&a...
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Nisto, estran&o rumor, como um forte trov+o,<!0lo um anjo notar, levando0o pela m+o,)ara, de um lindo quadro, erguer o t!nue
v-u:
0 Ele entrava no c-u... ele entrava no c-u1...
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8as, na man&+ seguinte, ouviu0se ocomentário:
Durante o temporal, no morro
proletário,ouve um desabamento; e o pretin&o =coitado1 =
>ng!nuo son&ador = morrera
soterrado...
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ob um sol indeciso, $ &ora costumeira,3egava o seu jardim a jovem jardineira.
)or um gesto instintivo, ergueu o ol&ar $s
grades:0 2ibrava no -ter frio as ondas das saudades =N+o viu, como esperava, o rosto do pretin&o:
0 N+o voltaria mais( eguira outro
camin&o(1...
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E, nessa confus+o de um vago sentimento,entiu no cora*+o fundo arrependimento
De n+o ter satisfeito o anseio do menino...<oi quando algu-m l&e trou#e a not9cia:
0 destinoin&a roubado a vida ao pequenino triste1...
Ela n+o p4de mais; ela n+o mais resiste,)rostrando0se a c&orar...
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E, logo, decidida,irou de seu jardim, n+o s/ a flor
querida,8as todas; e as levou com carin&o e
cuidado)ra com elas cobrir o corpo inanimado
Do pretin&o infeli%...
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E ele, que n+o tiveraNa e#ist!ncia um len*ol, gan&ou da
primavera
?m manto todo em flor, a envolver0l&e,afinal,
'om carin&o e perfume, o corpoangelical...
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E ao peso acusador de l9ricassaudades,
2amos levar depois $s mortas ilus@esodo o rubro rosal das oportunidades,
Que dei#amos passar sem Ateisdecis@es...
Que possamos abrir as grades doego9smo
E oferecer a quem suplica afeto e pa%" rubra flor da f- do eterno
cristianismo,Que na alma, a rescender, n+o murc&a
nunca mais1