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Moção de Estratégia - Um Novo Ciclo

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Uma Candidatura Integradora Um PAICV moderno e orientado por valores justosUm Cabo Verde desenvolvido e com inclusão social

A Minha “Estória”com o PAICV

Aprendi muito cedo que a política exercida com nobreza e alma serve para mudar o que não está bem, o que não está certo ou não é justo. Serve para transformar a vida das pessoas, a vida de todos nós, e torná-la melhor e mais consentânea com o que DEVE SER de um ponto de vista ético (mas também estético), no quadro dos valores de base cristã que moldaram o essencial do meu credo e da minha postura na vida.

Aprendi também que para sermos eficazes na construção de alternativas políticas, económicas e sociais e na transformação do que pensamos estar errado ou dever ser corrigido, devemos integrar organizações, unir-nos para lutar e construir coligações de mudança e progresso social. Podemos fazer alguma diferença organizando e integrando associações ou qualquer entida-de da sociedade civil e podemos também garantir mudanças fundamentais e estruturantes, integrando partidos políticos, aceitando conscientemente a sua disciplina e modos de funcionamento é certo, mas mantendo-nos sempre como mulheres e homens livres que pensam pela sua própria cabeça, como preconi-zou Amilcar Cabral!

Por isso desde cedo revi-me no PAIGC/PAICV. No PAIGC/PAICV encontrei uma organização progressista com valores modernos e sobretudo justos, que faz política com combatividade, esperança e ambição, interpretando adequa-damente a ambição e a vontade férrea e secular dos cabo-verdianos e cabo-verdianas de buscar melhor vida, de prosseguir a felicidade...

Por isso, desde que tive consciência politica formada e libertada pelas lu-tas do pós 25 de Abril aderi do coração aos combates do PAIGC/PAICV e, em 1984, uma vez regressada ao país vinda da diáspora, ingressei no PAICV.

 

 

Ao longo desses anos exerci plenamente a minha cidadania, exerci o direito de eleger e ser eleita, de militar e fazer politica ativamente, sempre no PAICV, com o PAICV. Aprendi muito no convívio e no trabalho com os seus dirigentes, os seus militantes, amigos e simpatizantes.

No e com o PAICV, exercitei valores como a participação cidadã, a tole-rância, o direito à manifestação livre, respeitadora e respeitada da diferença, aprendi «como se ganha uma bandeira», mas, acima de tudo, como preser-vá-la, honrá-la e dignificá-la. De facto, aprendi também que a busca da DIG-NIDADE de TODOS e TODAS foi a motivação chave que moveu Cabral e os Combatentes da Liberdade da Pátria na fundação do PAIGC e na luta pela inde-pendência nacional e na construção do Estado e do desenvolvimento. O PAICV tem, no essencial sabido manter-se fiel a esse princípio fundador, criando as bases para edificação de instituições nacionais sólidas e credíveis e do desen-volvimento inclusivo, desde 5 de Julho de 1975; participando na construção e consolidação da democracia e honrando as suas regras do jogo tanto na opo-sição como na governação do país; lançando as bases para a transformação económica e social do país e da melhoria significativa da vida das populações, superando o ciclo da dependência da ajuda para o desenvolvimento, como vem acontecendo desde 2001.

Por isso, é para mim muito honroso apresentar-me aos militantes, amigos e simpatizantes do PAICV, nas ilhas e na emigração, e convidá-los a, comi-go, encetar essa caminhada, enriquecer este projeto, levantar essa bandeira e mobilizar Cabo Verde em torno desta certeza: que um Cabo Verde cada vez mais moderno, justo, transformado, com prosperidade partilhada por todos é possível e que a liderança do PAICV, um partido fortemente comprometido com a Vitória desta Nação, é a que melhor garante esse desiderato.

…e as minhas motivações

Enquanto Candidata à liderança do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, quero partilhar com o militante, o amigo e simpatizante do PAICV, com todos e cada um dos cidadãos cabo-verdianos e cidadãs cabo-verdianas que se interes-sam pela política e pelo percurso de Cabo Verde como Estado e Nação as minhas motivações e apelar ao seu envolvimento ativo neste projeto que quer projetar o PAICV para um NOVO CICLO. Um PAICV em consonância com a transformação que estamos a propugnar e a realizar neste querido torrão natal!

4 Moção de Estratégia de Orientação Política Nacional

Cristina Fontes Lima

 

Quero, com a mesma frontalidade com que tenho estado, desde há muitos anos, nas lutas políticas pelo PAICV e por Cabo Verde, assegurar que:

�Candidato-me para liderar um projeto que mantenha o PAICV na lide-rança do processo de desenvolvimento de Cabo Verde, concretizando o sonho de um Cabo Verde desenvolvido em 2030;

�Quero, com o empenhamento ativo e entusiástico de todos, mobilizar cada militante, cada amigo e simpatizante, cada estrutura de base, os órgãos do partido, para que possamos alargar a nossa base de apoio na sociedade cabo-verdiana, em todos os segmentos etários, em todos os estratos sociais e em todas a ilhas e concelhos, nas cidades e no mundo rural, bem como junto das nossas comunidades emigradas;

�Proponho-me impulsionar um PAICV moderno e promotor da moderni-dade, cada vez mais comprometido com os valores que engendraram a sua formação e são as razões da longevidade e da vitalidade desta po-derosa organização partidária, protagonista activo dos momentos mais relevantes da vida da nossa Nação que completa, já no próximo ano, 40 anos de vida como Estado Independente, dono do seu próprio destino;

�Candidato-me porque sinto-me preparada e motivada para dar muito mais ao meu partido, com e no seio do qual tenho vivido e servido o meu país, de varias formas, com diferentes níveis de responsabilidade, mas sempre com muita intensidade e um forte sentido de compromisso e pertença, na construção da nossa rica e nobre historia. Na verdade, sinto-me preparada e suficientemente madura politicamente para guiar o PAICV nesta nova fase da sua caminhada.

�Estou imbuída de uma forte determinação e vontade pessoal de servir Cabo Verde através do Partido, se não assumisse a história e o percurso do PAICV por inteiro, se não tivesse uma visão muito clara do que o PAI-CV precisa neste momento e de que PAICV Cabo Verde precisa, nesta nova etapa de ingentes e renovados desafios para o nosso país, para o nosso continente africano, para a conjuntura política mundial. Um PAICV para um NOVO CICLO da vida do país!

5Moção de Estratégia de Orientação Política Nacional

Juntos por Cabo Verde

 

O nosso PAICV é um Partido com história, um Partido da modernidade, sempre reformista, empreendedor, profundamente comprometido com Cabo Verde e com os sonhos e os anseios dos cabo-verdianos.

40 ANOS APÓS A INDEPENDÊNCIA NACIONAL, CABO VERDE É UM PAÍS VENCEDOR E CONFIANTE

30 anos desta história de sucesso com o PAICV na governação do país!

Cabo Verde mudou profundamente nestes quase 40 anos. Hoje, somos um país soberano, com instituições credíveis e que funcionam, um país estável e democrático, com um claro sentido de desenvolvimento, com cidadãos con-fiantes e que sabem muito bem o que querem para si e para estas suas ilhas. Ora, isso constitui também um permanente desafio para a classe política cabo-verdiana e para os partidos políticos. Ao PAICV, pelas suas particulares respon-sabilidades na história nacional, é exigida sempre uma acrescida capacidade de ajustar-se continuamente aos níveis de exigência e de consciência social e política dos cabo-verdianos, crescendo com a sociedade e ajudando-a a cres-cer cada vez mais e a afirmar-se. Ou seja, a sociedade cabo-verdiana espera sempre mais do PAICV.

Unidos pelo e no nosso denominador comum que é a cabo-verdianidade, construímos todos uma Nação Ganhadora. Ninguém ousa negar tão grande conquista. O PIB per capita, que era, em 1975, de menos de 250 dólares e de 2 mil dólares em 2000, ascende hoje a 4 mil dólares. Mais: temos vindo a aperfei-çoar, a cada ano, o nosso Índice de Desenvolvimento Humano, através da luta contra a pobreza, a criação de riqueza e uma distribuição social efectivamente mais justa.

POR UM PAICV MODERNO E ORIENTADO POR VALORES JUSTOS

6 Moção de Estratégia de Orientação Política Nacional

Cristina Fontes Lima

 

Investimos na Educação e na Saúde como pedras angulares do nosso de-senvolvimento e andamos bem nisso! Vencemos nessas áreas batalhas impor-tantes que devemos agora consolidar para dar saltos qualitativos nos próximos anos! Investimos em especial neste últimos anos na infraestruturação neces-sária à transformação do país e á superação do ciclo de reciclagem da ajuda pública. Criamos as condições para mais formação e informação das mulheres, homens e jovens da nossa terra e por isso mesmo para o surgimento de novas exigências e justas expectativas, ainda que, sem deixar de ser sempre ambi-ciosos, devamos manter os pés bem fincados no nosso chão e ter em conta a nossa realidade.

A nossa ambição em matéria de saber é enorme, é a de dominarmos a ciência, para que as estiagens não nos metam medo, como um dia vaticinou o saudoso Ovídio Martins, para que o nosso mar seja, em vez de fonte de insegu-rança, de risco e de dureza, seja, sim, um mar de oportunidades, que a nossa biodiversidade possa fornecer-nos as bases de uma prosperidade económica amiga do ambiente. Ambições assentes naquilo que de mais valor possuímos: a criatividade, a tenacidade e o talento dos cabo-verdianos. Não há nada que nos inspira mais, que nos maravilha mais do que a cultura cabo-verdiana, por-que ela sintetiza e comunica de modo particularmente belo a experiência de cinco séculos de muitos povos que se encontraram aqui, nesta geográfica única e difícil e tornaram-se num só. Mas hoje queremos recriar a cultura cabo-verdia-na, projectá-la, sob a inspiração do conceito de economias criativas, no mundo todo.

7Moção de Estratégia de Orientação Política Nacional

Juntos por Cabo Verde

 

UM PAICV PARA O NOVO CICLO

Há de facto um novo mundo que se desponta, um novo cidadão com novas necessidades e exigências, há novas formas de relacionamen-to na sociedade e novos centros de poder, pelo que o PAICV para o NOVO CICLO deve protagonizar uma mudança profunda na forma de estar na política e na vida partidária.

O cabo-verdiano e a cabo-verdiana de hoje almejam mais. As mulheres que-rem mais espaços de participação e de afirmação, querem que as políticas públicas e as instituições promovam e garantam os seus direitos. Os jovens querem ser escutados, querem aceder às prestações públicas em condições de equidade, querem vencer pelo mérito e pela capacidade de trabalho e de estudo; seja no acesso aos lugares na administração pública, à educação, à formação profissional, à justiça, à cultura, à saúde, à habitação.

Vivemos um Novo Ciclo, de forma intensa e acelerada. Cabo Verde precisa estar preparado não apenas para viver esse Novo Ciclo quanto, e sobretudo, ganhar com ele. Felizmente, há um novo cidadão e uma nova forma de estar na cidadania que reclamam uma nova forma de estar na política, de estar na so-ciedade e nos partidos políticos. Na verdade, há desafios complexos que a so-ciedade cabo-verdiana, à semelhança das demais sociedades hodiernas, deve enfrentar e para eles encontrar respostas. Esse novo cidadão quer participar na construção dessas respostas e está mais preparado para avaliar os feitos, os desafios e para ser parte da solução. Importa, aliás, ter sempre presente que esse mundo novo que vivemos é sobremaneira mais complexo, sendo certo que confere novas ferramentas aos cidadãos e às organizações, ao mesmo tempo que abre caminho a novas formas de exercício do poder, da cidadania e da política. Esta realidade nova constitui um desafio para os partidos, os gover-nos, as sociedades, os cidadãos.

8 Moção de Estratégia de Orientação Política Nacional

Cristina Fontes Lima

 

Para que o PAICV possa continuar a inspirar e influenciar o processo trans-formacional em Cabo Verde, é preciso que saibamos escrutinar e vencer os enormes desafios que se nos impõem no presente em ordem a sermos um país desenvolvido e sustentável, próspero, e com qualidade de vida, liberdade e justiça para todos. Isto é, é fundamental termos a visão correcta de um Cabo Verde desenvolvido, em processo transformacional avançado, com cidadãos cada vez mais informados e exigentes. Mas é também fundamental que nos en-gajemos com cada vez maior afinco, de forma comprometida, na concretização dessa visão transformacional. Tudo isto exige, acima de tudo, muito trabalho, dedicação, empenho, sentido do bem comum e um incontornável sentido de responsabilidade histórica e ética para com as gerações vindouras.

Por isso, preparar o PAICV para o NOVO CICLO é um desiderato essencial e é missão que esta candidatura se propõe cumprir!

Enquanto partido de homens e mulheres profundamente engajados com o desenvolvimento destas nossas ilhas, escola de cidadania, intérprete atento das vontades sociais de mudança de cada tempo e protagonista das agen-das de transformação, é desafio maior do PAICV motivar e mobilizar os cabo-verdianos para persistir na construção da «utopia do desenvolvimento». Um desenvolvimento inclusivo, que chegue a todos e a todos garanta dignidade e felicidade, um desenvolvimento capaz de inspirar e embalar projectos de vida, individuais e colectivos, por uma Vida que Vale a Pena ser Vivida.

Proponho, por tudo isso, a construção conjunta de um PAICV moderno e com funcionamento efetivo e eficiente mas sempre comprometido com os valo-res matriciais da sua formação. UM PAICV PARA O NOVO CICLO.

MANTER O PAICV NA LIDERANÇA DOS DESTINOS DE CABO VERDE: PREPARAR O PARA UM NOVO CICLO

As sucessivas Moções de Estratégia dos últimos congressos introduzi-ram inovações importantes no funcionamento democrático do PAICV, des-centralizando o seu funcionamento e empoderando as estruturas regio-nais e sectorias. Penso que se pode inovar ainda mais no sentido de mais democraticidade, centralidade e densidade da militancia e das estrutu-ras de base e intensificação e alargamento do debate interno e no sentido da imperiosa necessidade de maior Capacitação das estruturas e dos militantes.

9Moção de Estratégia de Orientação Política Nacional

Juntos por Cabo Verde

 

Desde logo consolidar a importante medida de descentralização/regionalização do Partido com a criação das regiões, no sentido da assunção cada vez mais ampla e responsável pelos órgãos e lideranças regionais, das suas compe-tências e atribuições fazendo com que o processo decisório no Partido seja cada vez mais partilhado. Estender e aprofundar a descentralização/regiona-lização do Partido às estruturas da Diáspora, implementando de imediato a Região Política da América e trabalhando para a criação de outras Regiões. Quem se der ao cuidado de estudar os Estatutos do PAICV na parte respeitante às organizações de base, constata que o militante tem lá muito pouco de orien-tações para responder às naturais angústias de quem tem a responsabilidade de pôr a funcionar o principal relé Partido/Sociedade/Comunidade. E isso é pro-blemático na medida em que não há outros documentos que complementem os Estatutos nesse particular. As bases do partido, como a própria designação o diz, são os alicerces, as raízes dessa imensa e frondosa árvore que é o PAICV. Se as raízes estiverem fracamente penetradas no “chão”, no “húmus”, o equi-líbrio da árvore, a sua força estão em perigo. É contraditório o papel decisivo das bases e a pouca atenção que lhes temos dado em termos de orientação política e organizativa das mais elementares, desde o que é e para que serve uma organização de base, como deve trabalhar, quais são os seus conteúdos e para que fins?

A resposta a essas questões é tanto mais importante quanto sabemos que se registou em muitas Regiões entrada sucessiva de novos militantes sem que houvesse uma socialização adequada e um enquadramento regu-lar pelas estruturas. É tanto mais importante quanto defendo como mais um diferencial da minha candidatura que uma das responsabilidades maiores do partido é a ação política virada para fora concerteza e focalizada nomea-damente na mobilizaçao social para as mudanças e rupturas necessárias, agora, para o desenvolvimento! Desde logo, darei a maior atenção à for-mação e capacitação do militante, do novo militante, mas também a forma-ção e superação contínua dos militantes. Entre outros, penso intensificar as Universidades do PAI e leva-las a todas as estruturas do país e dadiáspora. Nesse sentido, propugno também por exemplo a criaçao de um Gabinete do Militante que o acolha desde que entre no partido, que o ouça enquanto indivi-dualidade e lhe garanta a formaçao politica e o coaching/superaçao pessoal de

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Cristina Fontes Lima

 

que possa precisar para ser um membro consciente dos seus direitos e deveres e logo que posso ser ativo e efetivo nas varias estruturas em que milite. De igual modo dou uma importância especial ao resgate e consolidação dos valores do PAICV, os de Amilcar Cabral, estribados, na camaradagem, na lealdade, na honestidade, na entreajuda!

No meu projeto dou relevo, repito, à melhoria da informação do militante e da comunicação intrapartidária, para que os militantes e amigos do Partido participem mais na vida do grande Partido que é o PAICV.

MAIS PROTAGONISMO PARA AS ESTRUTURAS DE BASE, O MILITAN-TE, O AMIGO E O SIMPATIZANTE

Por conseguinte, impõe-se-nos a responsabilidade de chamar e envolver todos na empreitada de pensar, projectar, planear, enquanto vamos realizando, um Cabo Verde cada vez melhor. Esse Cabo Verde sonhado, desejado, tem de ser sentido e vivido por todos os cabo-verdianos. Queremos pois contribuir para uma grande mobilização societal em torno da Estratégia rumo a um Cabo Verde desenvolvido.

O militante do PAICV, o amigo e simpatizante, a estrutura de base, devem ser alavancas e protagonistas de maior relevo neste processo. Cada militante, cada estrutura de base deve poder compreender plena e cabalmente os desa-fios que Cabo Verde enfrente e por isso, a sua missão, o seu papel, o que dele é esperado e como ele deve agir, na sua comunidade, no seu local de trabalho, na sua universidade, no centro de formação que frequenta, na sua organização religiosa, na associação de bairro, na sua agremiação desportiva, para que o PAICV seja essa referencia moral, esse património de Cabo Verde, esse timo-neiro no qual a maioria dos cabo-verdianos possa continuar a rever-se, no qual queiram militar e com o qual desejem trabalhar por este Cabo Verde que todos amamos, que nos orgulha e para o qual todos queremos contribuir para que continue a progredir e a vencer.

Esta Candidatura propõe um projecto novo, um projecto que nos permite lançar um novo olhar sobre o Partido, estabelecer novos compromissos sobre a forma de estar na política e no Partido para que possamos estar melhor pre-parados para este NOVO CICLO do país.

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Juntos por Cabo Verde

 

Com esta Candidatura, tenho em vista um PAICV capaz de potenciar e va-lorizar os grandes feitos da Governação dos últimos 14 anos, capaz de dar corpo a um tempo novo que nos impõe novos e maiores desafios. Na verdade, proponho-vos um novo quadro de compromissos essenciais. E é assim que aos camaradas, aos militantes, aos amigos e simpatizantes apresento:

1. Uma candidatura e um projecto que garantem a Liderança do PAICV na condução do processo transformacional de Cabo Verde, um processo que é não apenas inequivocamente útil quanto necessário à sociedade cabo-verdiana.

2. Uma nova visão para a organização e o funcionamento do partido, tendo presente a necessidade de modernizar o seu funcionamento, abrir o seu funcionamento à sociedade e dar mais espaço aos amigos e simpatizan-tes também e de reinventar a camaradagem.

3. A determinação de fazer com que o PAICV seja cada vez mais um par-tido da modernidade em Cabo Verde, profundamente devedor e realiza-dor dos princípios e valores da esquerda humanista, com uma identida-de e um código de actuação claramente identificáveis na sua forma de estar na política e na governação, um partido empreendedor, promotor constante da equidade e da justiça social, um partido de cidadãos e da cidadania, apostado em mobilizar os cidadãos para a política enquanto actividade nobre e movida pelo objectivo de realizar o bem comum, bem como em levar a política feita com elevação para a esfera do exercício da cidadania plena.

4. A aposta decidida em, no seio do PAICV, promover e liderar:

i. Uma efetiva e estratégica comunicação interna e externa que, em permanência, informa, forma, dá combate político e mobiliza;

ii. A formação do militante para que, onde quer que esteja, faça a dife-rença pela positiva, seja visto e aceite como um agente de mudan-ça, um cidadão pleno, interessado na resolução dos problemas da sua comunidade, solidário e tolerante;

iii. A criação em cada Região Politica de um Gabinete do Militante que possa acompanhar a sua plena integração no PAICV e proporcio-

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Cristina Fontes Lima

 

nar-lhe oportunidades de formação e superação pessoal e esteja à escuta dos seus anseios e preocupações;

iv. Um sério investimento na organização e no efectivo funcionamento das estruturas do Partido a todos os níveis, mas muito especialmen-te as estruturas de base, afinal a fundação do Partido, sem a qual não podemos almejar uma organização forte, dinâmica, coesa e útil à sociedade, um Partido no qual cada militante conhece bem a sua missão e a cumpre com abnegação e amor a Cabo Verde.

v. A criação de mecanismos de intervenção social do Partido, chaman-do cada militante, amigo e simpatizante a contribuir com o seu tem-po, o seu saber, e com os meios que puder trazer para edificação de uma ampla rede de solidariedade que também cuida, ampara e contribui para a promoção social do militante e respectiva família, do amigo e do simpatizante. Para tal, proponho a criação da Funda-ção PAICV para materializar essa ideia e mobilizar as vontades, as capacidades e as disponibilidades do partido, canalizando-as para uma forte e inspiradora acção de promoção da cidadania, de amiza-de e companheirismo entre os amigos e militantes, da responsabili-dade e da solidariedade social, capaz de contribuir para a redução da conflitualidade entre as pessoas na sociedade, da pobreza, da exclusão social, contribuir para que mais jovens possam estudar, definir e organizar com sucesso os seus projectos de vida, mais famílias tenham uma vida condigna, que os bairros das nossa cida-des sejam verdadeiros habitat, espaços de realização e de exercício da cidadania, contribuindo para um projecto colectivo inclusivo e de bem-estar.

A Juventude do PAICV é sem dúvida o viveiro do partido, logo, a ela todo o cuidado que se dispensa a um viveiro, mas também o papel reser-vado ao viveiro.

A Juventude do PAICV é o presente e o futuro do partido, que reproduz e faz perenes os seus valores mais caros, ao mesmo tempo que contribui como ne-nhuma outra estruturado PAICV para a sua renovação e o seu ajustamento aos novos tempos, ao Mundo Novo, ao Novo Ciclo que se desponta. A Juventude do PAICV deve erigir-se como intérprete e a força de pressão junto e no interior

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Juntos por Cabo Verde

 

do Partido das aspirações das novas gerações de indivíduos e de famílias ca-bo-verdianas. Ela deve ser por isso, e no esteio de Amílcar Cabral e dos funda-dores do PAICV ser patriótica, generosa, inconformada, combativa, irreverente e livre! A JPAI não deve ser mera caixa de ressonância do Partido, muito pelo contrário, deve a JPAI inquietar o partido com temáticas, debates e questiona-mentos novos, inovadores e renovadores do pensamento político, das práticas e da agenda político-partidária. Uma liderança esclarecida e promotora da tole-rância e da liberdade de pensamento e de expressão, incentivadora da liberda-de de acção e criação, deve poder encontrar na JPAI o interlocutor privilegiado para melhor compreender e responder aos anseios dos jovens e dos tempos novos que vivemos. Não se deve poupar esforços, no investimento na forma-ção politico partidária da JPAI, no apoio à sua reestruturação e revitalização, para que seja um espaço de participação politica atractiva para os jovens, mes-mo para aqueles que não queiram ter filiação partidária, mas querem livremente e em cada momento avaliar as plataformas e os programas e participar, como amigo ou simpatizante, e nas estruturas da JPAI, contribuir e participar, através da Juventude do PAICV e das suas estruturas, veicular ideias e projectos. Que-remos uma JPAI pujante, criativa, livre, autêntica, mas consciente da herança deste partido e das suas responsabilidades na construção de uma sociedade mais justa e mais solidária, mais tolerante e democrática, amiga e defensora do ambiente, comprometida com a valorização da património histórico e cultural da Nação Global cabo-verdiana.

A Federação das Mulheres do PAICV - as Mulheres do PAICV são a raiz e a seiva revitalizadora da resistência e da tenacidade do Partido Tambarina.

Elas têm desempenhado um papel fundamental nos grandes embates polí-ticos dos últimos anos. Por isso, a Federação das Mulheres do PAICV deve ser efectivamente capaz de federar, para assim ter cada vez maior protagonismo no seio do Partido. Ela ela deve poder ajudar o partido desde as estruturas de base ao topo, a melhorar a sua interacção com a sociedade, com as organiza-ções da sociedade civil, na promoção e na defesa de valores tão caros ao PAI-CV como a equidade, a libertação das energias das mulheres e o alargamento da sua participação na esfera publica e na vida politica, maior participação das mulheres nas empresas e nos lugares de decisão, formulação e implementação das politicas publicas.

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Cristina Fontes Lima

 

A Federação das Mulheres do PAICV será a melhor porta-voz e a mais eficaz agente de transformação junto daqueles que ainda estão excluídos e querem apropriar-se das ferramentas que permitem-lhe a ascensão e a mobili-dade social: Nesse sentido devemos trabalhar de forma determinada no NOVO CICLO: pois ainda é tempo para grandes campanhas e acções sociais de gran-de alcance e intencionalidade, desta vez o combate à infoexclusão ou pela positiva a promoção da infoinclusão, que abre ao novo cidadão e à nova cidadã um mundo Novo e sem fronteiras, a formação e a qualificação profissional, a capacitação social, politica e cidadã, para que todas e cada uma das mulheres cabo-verdianas, Cá e Lá, natural das ilhas ou imigrante, desenvolvam todo o seu potencial, continuem a contribuir para uma sociedade mais equitativa, in-clusiva, integradora, confiante, respeitadora da diferente e empreendedora. A Federação das Mulheres é o instrumento privilegiado do PAICV na melhoria do sistema de cuidados, no combate à exclusão social, na capacitação das comu-nidades e das respectivas lideranças, para que possamos prosseguir o sonho de construir um Cabo Verde Desenvolvido, promotora da felicidade, arquitecta de um projecto colectivo onde Viver Vale a Pena!

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Juntos por Cabo Verde

 

UM NOVO CICLO DE TRANSFORMAÇÃO ECONÓMICA E SOCIAL

Continuar o sonho e a empreitada, rumo a um Cabo Verde mais Pros-pero, mais Inclusivo, um Cabo Verde Desenvolvido.

POR UMA VIDA QUE VALE A PENA SER VIVIDA!

Para este Novo Ciclo, novas Políticas publicas que assegurem um de-senvolvimento mais inclusivo, segurança social para todos, menos con-flitualidade e maior coesão sociais -

Defendo que a correcta organização do ambiente em que vivemos propor-ciona felicidade, estimula a tolerância, a solidariedade, a criatividade, aumenta a produtividade e o gosto pelo trabalho, reduz drasticamente os níveis de con-flitualidade e insegurança, contribui para que as pessoas vivam com melhor saúde. Queremos poder trabalhar com essa determinação: proporcionar felici-dade aos cabo-verdianos e mobilizar todas as nossas competências para um projecto de vida que VALE a PENA SER VIVIDA e que faça destas ilhas, um arquipélago de felicidades, de paz e segurança.

Proponho um projeto de sociedade em que as pessoas estejam no centro das atenções para Uma Vida que Vale a Pena ser Vivida, e em que inequi-vocamente, a Coesão Social seja um Imperativo, a finalidade do processo transformacional de Cabo Verde, em que a realização do bem-comum seja a razão de ser da política e da existência do Estado. Um Estado promotor e provedor da equidade, da justiça social, da valorização do mérito individual e colectivo, da inclusão e da coesão social, assumidos por todos como valores a propugnar, a resgatar, construir e fortalecer, nas relações com os cidadãos, nas empresas, nas organizações, nas agremiações e na nossa relação comunitária.

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Cristina Fontes Lima

 

Ora num tempo em que o crescimento económico apresenta-se como um dos maiores desafios do mundo e de Cabo Verde, em particular, cabe também aos poderes públicos e às sociedades encontrarem as melhores formas de garantir que os ganhos sociais acumulados ao longo dos últimos anos serão consolida-dos e os direitos sociais assegurados. Ora esse desafio requer uma correcta e tempestiva reformulação das políticas públicas, da postura de cada cidadão, das despesas e da organização do aparelho do Estado.

A luta por um desenvolvimento assente num crescimento com coesão social constitui desde sempre um pilar fundamental do ideário do PAICV. A coesão so-cial deve ser parte integrante do crescimento, para que este possa traduzir-se em desenvolvimento, aceitando-se mesmo alguma arbitragem entre o objectivo da eficiência económica e a equidade.

Actualmente, a coesão social é vista cada vez mais como uma condição essencial da eficiência económica e de um crescimento sustentado no longo prazo. Sociedades com menor desigualmente social tendem a conhecer taxas mais robustas de crescimento e períodos de crescimento mais longos.

Duplamente, por razões ideológicas e de aceleração do ritmo de crescimen-to de forma sustentável, a promoção da coesão social é, por conseguinte, um imperativo maior na construção de uma sociedade que ofereça aos cabo-verdianos um nível crescente de bem-estar, assente num sentido mais apurado do bem-comum e da responsabilidade colectiva.

Na década de noventa acentuou-se a desigualdade entre os cabo-verdia-nos. Com a governação do PAICV tem havido uma gradual redução dos índices de desigualdade de 2001 a esta data. Não obstante os enormes avanços con-seguidos, a verdade é que combater as desigualdades sociais constitui um dos grandes desafios futuros. Importa, pois, atacar com determinação e prioridade este flagelo social com políticas públicas apropriadas.

Adaptara estrutura territorial da economia. Historicamente assente na agri-cultura de sequeiro, às oportunidades de uma economia de serviços, levou à concentração populacional nas tradicionais maiores aglomerações urbanas bem como nas principais ilhas turísticas, onde o contraste social é bem visível.

Modernizar a organização económica. A diferenciação social foi favore-cida pela deslocação da dinâmica económica para a informalidade. Devem

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Juntos por Cabo Verde

 

ser atacados os factores restritivos, entre os quais, o carácter restritivo da lei do trabalho e o elevado ónus decorrente do regime geral de previdência social. Atenção deverá ser dada ao elevado nível de precaridade das relações laborais dos trabalhadores do sector informal e da protecção social das res-pectivas famílias.

Melhorar a gestão e planificação dos bairros periféricos e espontâneos. A falta de uma gestão planificada da transformação da estrutura territorial da economia e a deficiente capacidade de resposta da administração municipal, associadas às características da economia informal e à precariedade dos ren-dimentos proporcionados pelo auto-emprego, levaram à emergência de bairros espontâneos nas periferias das cidades onde as condições de habitação são extremamente deficitárias e o acesso a serviços é difícil.

Promover o emprego digno para as camadas desfavorecidas. O acesso das famílias desfavorecidas ao emprego digno é ainda deficitário, erigindo-se o de-semprego como um dos maiores desafios da sociedade cabo-verdiana. O fe-nómeno do desemprego ganha maiores proporções no seio da camada jovem, com o aumento do nível de escolarização e consequente expectativa de acesso ao emprego no sector formal.

Alargar a protecção social. Uma vertente fundamental da protecção social em Cabo Verde é a Pensão Social que abarca uma maioria esmagadora dos idosos e deficientes. Este é um programa cujo financiamento deve ser progres-sivamente aumentado de modo a possibilitar tanto o alargamento do número de beneficiários como o aumento do valor da prestação, possibilitando a melhoria progressiva das condições de vida dos elementos mais frágeis da sociedade.

PARA O NOVO CICLO, UMA NOVA ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO, DA FORMAÇÃO, DO CONHECIMENTO E DA VALORIZAÇÃO DOS CABO-VER-DIANOS E DA SUA CAPACIDADE CRIADORA E PRODUTIVA.

Uma via fundamental para a integração e ascensão social é a educação. Em Cabo Verde, o nível de escolaridade obrigatória é elevado, tendo-se prati-camente generalizado o ensino secundário. A jusante emergiu o ensino univer-sitário que se encontra em rápida expansão.

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Cristina Fontes Lima

 

É, no entanto, cada vez mais visível que o sistema de ensino carece de uma reconversão, com vista a potenciar a sua contribuição o desenvolvimento inte-gral do indivíduo, para a formação de um cidadão cada vez mais consciente dos seus deveres e direitos, a integração social e profissional das pessoas, para o crescimento económico, para a modernização do país e da sociedade.

A realização deste desiderato passa grandemente pela universalização da educação pré-escolar, o alargamento do ensino básico obrigatório para 12 anos de escolaridade, mas cada vez mais orientado para um ensino pertinente capaz de formar o cidadão, o indivíduo, despertar o gosto pelo saber e pelo conheci-mento, pelas ciências e pelas letras, mas também assegurar a sua orientação para a formação profissional, com vista a garantir maior empregabilidade dos jovens, a sua integração no mundo do trabalho e consequentemente a realiza-ção dos seus projectos de vida.

Isto, sem prejuízo do desenvolvimento de um ensino superior voltado para a formação de quadros de acordo com a visão de desenvolvimento do país e acessível a todos, promotora e incentivadora do mérito, mas com um objectivo de maior alcance: contribuir para o desenvolvimento da ciência, da inovação e do conhecimento.

A nossa ambição é a construção paulatina de um verdadeiro sistema na-cional de Ciência e Tecnologia, capaz de gerar ganhos de eficiência e de pro-dutividade às nossas organizações administrativas, empresariais, educativas, sanitárias e outras, capaz de valorizar a nossa preciosa biodiversidade e sus-ceptível de nos ensinar a lidar da melhor forma com as especificidades da con-dição geoclimática de Cabo Verde atrás de uma agricultura economicamente rentável e amiga do ambiente. Queremos pôr de pé um sistema de ciência e tecnologia que trabalhará para gerar ganhos de compreensão e soluções de melhoria traduzíveis em bem-estar social em matérias como a exploração dos recursos do mar, as fontes de energia renováveis, os materiais de construção, entre outras. A Ciência é uma das novas fronteiras da nossa caminhada, por-que é através dela que Cabo Verde se transformará numa economia inovadora e competitiva. Por isso damos particular atenção à evolução das universidades e à qualidade de formação que ministram à nossa juventude e acarinhamos os clubes de ciência que vêm surgindo nos liceus, os centros e os grupos de pes-quisa que vêm aparecendo nas universidades. São sementeiras.

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Juntos por Cabo Verde

 

Programas de aprendizagem co-financiados pelo Estado podem constituir um pilar essencial do sistema de formação, voltado para crianças que abando-nam ou em risco de abandono do sistema de ensino e que tendem a provir de famílias mais pobres e de menor capital social.

A par desta reorientação do sistema de ensino, a aceleração do ritmo de criação de empregos, particularmente para a jovem geração, poderá ser favo-recida por reformas adequadas a nível da legislação laboral e da previdência social.

O objectivo das reformas laborais deve ser a criação de empregos duráveis e justamente remunerados, contribuir para a melhoria da organização das rela-ções de trabalho, logo, para aumentar a produtividade das empresas e nunca o de promover o despedimento e aumentar a precaridade laboral e social. Além de favorecer a criação de empregos, essas reformas farão diminuir a segmen-tação do mercado de trabalho, conduzindo por esta via a uma sociedade mais integrada.

Por isso, as reformas nos domínios da regulação do mercado de trabalho e da segurança social devem ser complementadas com políticas públicas coe-rentes nos domínios da educação e da formação profissional, da fiscalidade, do sistema judicial, da mobilidade e transportes, de habitação e do desenvolvi-mento urbano.

O NOVO CICLO RECLAMA NOVAS E CONSISTENTES POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO URBANO, QUALIFICAÇÃO DO HABITAT, MOBILIDA-DE E CONECTIVIDADE

Num processo de inevitável e acelerada urbanização, a integração social passa por uma adequada atenção ao ordenamento do território, ao planeamen-to urbanístico e à melhoria das condições de habitação, particularmente nos centros urbanos em rápida expansão.

A melhoria das condições de vida das populações nas periferias urbanas requer a construção de infra-estruturas urbanas, destacando-se claramente o acesso á água potável, em quantidade e qualidade desejáveis e a sistemas adequados de tratamento dos resíduos líquidos e sólidos orgânicos e inorgâni-

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Cristina Fontes Lima

 

cos, correctas políticas de desenvolvimento urbano: a disponibilização de lotes para construção e o apoio à auto-construção assistida, mas também programas públicos de habitação inclusiva e de interesse social.

“A imagem de uma cidade espelha a forma como a construção é financia-da”. Com a posse legal do terreno e relações laborais estáveis, as famílias já podem junto dos bancos antecipar fluxos futuros de rendimento, deixando a construção da habitação de ser gradual, com todos os benefícios daí adve-nientes.

As politicas de habitação de desenvolvimento urbano têm um potencial gerador de inclusão social e de qualidade de vida incomensurável, pelo que devem continuar a merecer toda a atenção dos poderes públicos, mas numa relação dialéctica de promotor, facilitador, mobilizador e responsabilizador, pois o cidadão deve ser chamado à participação efectiva, a pronunciar sobre as op-ções de politica e comparticipar, na medida dos seus rendimentos e das suas capacidades, nos custos e na valorização do seu habitat, da sua comunidade, da sua habitação familiar, dos equipamentos públicos e do património colectivo edificado.

A assunção pelos municípios das suas responsabilidades na promoção do desenvolvimento e na promoção da integração social pressupõe uma forte e determinada aposta na organização e capacitação institucional da administra-ção local, para além da adequada capacidade financeira.

A participação dos municípios nas receitas cobradas pelo Estado será sem-pre uma fonte essencial do financiamento dos municípios. Futuramente, porém, o reforço da capacidade financeira dos municípios passará cada vez mais pela tributação do património, com a vantagem desta ser amiga da equidade social, por ter elevada progressividade. Nesta perspetiva, o imposto sobre o patrimó-nio pode ser adequadamente configurado para proporcionar isenção às famí-lias mais pobres, estimular a poupança e o investimento, facilitar a mobilidade territorial, associado a adequadas políticas de acesso à propriedade fundiária e à habitação, ao mesmo tempo que permite a mobilização de recursos signifi-cativos que devem ser igualmente canalizados para o investimento na melhoria efetiva das condições de vida das pessoas e das famílias, na qualificação das cidades e do habitat em geral.

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Juntos por Cabo Verde

 

UM CABO VERDE COM MAIS E MELHOR SAÚDE

Um desafio superior a ser enfrentado pela sociedade cabo-verdiana é o de garantir um nível adequado de cuidados de saúde aos cidadãos, colocando-se a questão da educação para a saúde bem como o seu financiamento como questões fulcrais. Se ao Serviço Nacional de Saúde cabe sobretudo a presta-ção de cuidados de saúde e a implementação de programas de saúde pública, ao cidadão informado, formado, consciente das suas responsabilidades na pro-moção da sua saúde e da saúde dos seus familiares e concidadãos, cabe uma fatia não negligenciável de responsabilidade. Queremos poder contratualizar com os cidadãos e com as comunidades parâmetros de qualidade de vida e de saúde, através de programa que implicam o Sistema Nacional e Saúde, os municípios, as empresas e o cidadão, enquanto membro da comunidade e enquanto indivíduo. No capítulo das doenças transmissíveis, mas também das chamadas doenças da modernidade, como a diabetes e outras doenças meta-bólicas, a tensão arterial, as doenças do coração, o câncer, essa parece ser via menos custosa, mas também com maior probabilidade de sucesso. Estamos determinados a pressionar positivamente o sistema de saúde para encetar vias mais ousadas, que envolvam e impliquem activamente o utente e a família, mas também e, desafiar os sistema de segurança e previdência social a darmos aos nossos doentes novas soluções de tratamento para que tenham melhor qualidade de vida, mas também que partilhemos a responsabilidade da saúde com a sociedade, com o utente, com a família, deixando que ela participe mais, confiando que o doente, a sua família e a sociedade são parte do sistema de prevenção, tratamento e cura e não apenas utente!

Quanto ao financiamento da saúde, caberá aos diferentes esquemas de seguro de saúde, devendo existir um esquema, financiado com recursos do Estado, para garantir aos carenciados assistência médica e medicamento-sa condigna. É de se encorajar o desenvolvimento de soluções mutualistas, aproveitando e ampliando os efeitos de algumas experiências resultantes de iniciativas da sociedade, dos sindicatos, cooperativas, etc, visando financiar, sobretudo aos mais carenciados, a comparticipação nos custos com a saúde e segurança social.

A batalha dos equipamentos está praticamente ganha: mais três ou cinco anos de investimentos consistentes, na linha das políticas em curso, serão suficientes para que tenhamos a carta sanitária praticamente cumprida, em

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matéria de equipamentos sanitários. A batalha que ainda importa vencer prende-se com a modernização constante das soluções tecnológicas, a es-pecialização do pessoal médico, e de enfermagem, a interdisciplinaridade e a diferenciação no sistema de cuidados e a qualificação do atendimento. Estamos a fazer o caminho, mas queremos acelerar o passo, a complexi-ficação da sociedade cabo-verdiana e a nossa ambição de, também em matéria de saúde, prestar serviço ao exterior, aos nossos emigrantes, ao turismo, assim exige.

NESTE NOVO CICLO, O DESAFIO DE UMA EFECTIVA REFORMA DO SISTEMA DE JUSTIÇA E SEGURANÇA INTERNA E DEFESA

O desenvolvimento económico e social conhecido por Cabo Verde nos últimos 40 anos é a todos os títulos extraordinários. É todavia inegável que emergiram novos Problemas/desafios que inquietam a sociedade cabo-verdia-na, perturbam a paz social e podem comprometer o ritmo do desenvolvimento económico.

A segurança urbana constitui um tema de actualidade, mais do que uma mera questão estatística, há um sentimento de insegurança que incomoda e cerceia liberdades e direitos. O direito de usufruir do espaço público, o direito de inviolabilidade do domicílio, o direito à justiça pertinente e geradora de con-fiança, porque tempestiva/célere, inteligível e próxima do cidadão. Ora reverter o quadro ou as tendências actuais de falta de confiança nas instituições que devem garantir a segurança dos cidadãos e na justiça reclamam medidas enér-gicas, uma nova abordagem, um amplo e comprometido diálogo societal sobre as formas e os meios que devem ser organizados e efectivamente postos ao serviço da protecção e segurança dos cidadãos e da resolução dos diferendos e conflitos.

Sobre a Justiça e sobre a segurança devemos abrir os espíritos para rup-turas profundas, para novas abordagens, experimentar novos modelos, novas respostas, sem quaisquer complexos, dentro do quadro constitucionalmente estabelecido, mas também considerando que a Constituição pode sempre ser revisitada, sobretudo se o objectivo for conforma-la com necessidades profun-das e desafios maiores da sociedade.

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Juntos por Cabo Verde

 

É neste sentido que proponho-me a trabalhar com um forte engajamento de todos, ouvindo todos os quadrantes, mas desenvolver uma visão, uma estra-tégia, programas e acções que colham a anuência de largas franjas da socie-dade cabo-verdiana, dos agentes da justiça e da segurança, para uma acção determinada e enérgica no sentido de repormos os níveis de segurança e de paz social que o desafios de desenvolvimento de Cabo Verde requerem, que tranquila e devolve os direitos ao usufruto do espaço publico e á tranquilidade no domicilio, que reduza os níveis de conflitualidade e de confiança e aumente os níveis de confiança nas instituições.

Combater a criminalidade urbana, devolver a paz e o espaço publico ao cidadão nos principais centros urbanos, mas também adoptar politicas e pro-gramas preventivos que impeçam que as mudanças económicas positivas em curso no mundo rural não sejam acompanhados de elevação dos níveis de con-flitualidade e criminalidade, afrontar por todos os meios os tráficos, os ilícitos e garantir, através de uma extensa rede de parceria e colaboração, a segurança nos mares interiores e territoriais de Cabo Verde, serão objectivos a prosseguir com vigor e obstinação.

Participar activamente na governação dos programas regionais e suprana-cionais visando a segurança e o combate a todas as forma de tráfico no Atlânti-co, garantir a segurança na nossa Sub-região e no Mundo, bem assim a defesa de recursos estratégicos como a paz, o Estado de Direito, o respeito pelos Direitos Humanos e a tranquilidade dos cidadãos, deve continuar a merecer atenção primordial do PAICV, enquanto partido ecuménico e com reconhecida responsabilidade histórica, em Cabo Verde, em África e no mundo.

NESTE NOVO CICLO, ACELERAR A TRANSFORMAÇÃO ECONÓMICA

No que tange à economia e ao tecido produtivo, a ordem de largada está dada. A Agenda de Transformação resultante de um vasto consenso envol-vendo actores sociais, económicos e políticos, interpreta bem os anseios da Nação Cabo-verdiana. Há uma visão bem clara, a rota está bem traçada: Fazer de Cabo Verde um Centro Internacional de prestação de serviços de alto valor acrescentado. Fazer de Cabo verde um país competitivo à escala global.

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Apostar no desenvolvimento e na qualificação do turismo, fazendo de Cabo Verde um destino de sonho, alicerçado na beleza dos nosso mares e praias e das nossas montanhas, na singularidade das ilhas, na morabeza das nossas gentes, porque sabemos acolher e proporcionar tranquilidade, descontração, paz e felicidade, porque a nossa música embala e acalenta a alma, porque cuidamos da natureza e conservamos a nossa memória e o nosso património coletivo, porque proporcionamos saúde, ambiente sã, saneado e seguro.

Devemos agir, trabalhar de forma determinada na organização, construção dessas respostas, desses valores, activos intangíveis de elevado valor acres-centado.

Na economia marítima e nos negócios ligados aos transportes aéreos e à industria da aviação, fazer de Cabo Verde uma referencia em África no que diz respeito a viagens e turismo, que os nossos aeroportos se qualifiquem e se apresentem como os mais acolhedores e simpáticos para o passageiro que transita entre a Europa, a América Latina e a África e nas rotas de interface com o continente Asiático, fazendo de Cabo Verde uma plataforma de serviços, um ponto de escala pertinente, atrativo, porque também uma Duty Free Zone, onde se pode comprar a preços competitivos, mas também relaxar, consumir cultura, desfrutar das mais belas praias e aprazíveis banhos do mundo, saborear as nossas delicias do mar, num ambiente seguro e acolhedor fazer negócios, de-sembarque e transbordo, a preços competitivos e com garantia de segurança jurídica e estabilidade politica.

Uma opção clara e decidida pelo desenvolvimento do potencial agrícola das ilhas, contribuindo para a segurança alimentar, redução da nossa depen-dência externa, mas também apostar em produtos orientados para mercados nichos, de elevado valor acrescentado, e para a nossa diáspora, o mercado da saudade.

Cabo Verde como um HUB digital, Praça Financeira, Centro de Cultura, a aposta na Economia Criativa, onde todos podem criar e a partir de onde todos podem levar ao mundo a suavidade do aroma e do sabor de uma cultura que soube sintetizar a diversidade cultural do planeta e oferecer ao mundo a «Alma Crioula, forma de estar e de ser na diversidade e na sua síntese».

Uma pequena economia, um mercado exíguo e disperso, num país com ainda 40 anos de vida e de construção, tem de saber inspirar, inovar, recriar e

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Juntos por Cabo Verde

 

assim encontrar o seu nicho, o seu lugar ao sol, mas para tal precisa compreen-der o tempo da acção e da decisão e saber seleccionar os seus parceiros.

Estaremos nos próximos anos, forte e determinadamente a trabalhar nessa direcção, num registo em que o empreendedor, o operador económico, o cida-dão consumidor sejam muito mais actores e protagonistas, em que o contri-buinte, empresa ou cidadão, seja parte activa e solidariamente responsável na definição da política fiscal e da priorização da alocação dos recursos gerados pela economia, pela capacidade produtiva dos cabo-verdianos.

Escutamos os operadores económicos, as empresas, as associações em-presariais, jovens empresários e empreendedores, na sua reivindicação para uma melhor qualidade de resposta da administração pública, sobretudo no que diz respeito ao tempo de resposta e ao atendimento. É importante intensificar o recurso às soluções tecnológicas colocadas ao dispor da administração e do ci-dadão para mais desburocratização pretendida pelo cidadão utente, sobretudo no que tange á concretização dos negócios e dos investimentos.

É preciso fazer mais, definir políticas activas, que permitam implicar mais o cidadão utente, o empresário e suas agremiações na gestão dos actos e da burocracia públicos. Obviamente, formar o servidor público, consistente e continuamente, mas também instituir mecanismos eficientes de seguimento e avaliação do desempenho da administração na sua relação com a economia, o mercado e o cidadão utente são respostas de primeira centralidade, se quiser-mos acelerar os resultados das mudanças pretendidas, implementadas e em implementação.

A hora é do sector privado! Que ao Estado doravante, neste Novo Ciclo, cabe essencialmente actuar sobre os factores geradores de competitividade e potenciadores de oportunidades no mercado interno, mas acima de tudo no mercado global. Que o Estado deve concentrar e capacitar-se para assumir com maior eficiência e eficácia as funções inspectivas, de fiscalização e regu-lação do mercado, mas igualmente de concepção de políticas e sua avaliação com objectividade e intencionalidade.

O esforço de infraestruturação requer ainda um forte engajamento do Esta-do, pois há domínios que ainda reclamam muito investimento público, nomea-damente no que tange a produção e disponibilização da água para satisfazer as necessidades do tecido produtivo, na indústria, na agricultura e na pecuária,

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no uso doméstico; o saneamento, domínio fulcral para um país que tem no tu-rismo e nos serviços a sua principal base económica; ainda nas infraestruturas marítimo-portuárias e aeroportuárias; no desencravamento das comunidades; nas infraestruturas de apoio ao sector pesqueiro e ao desenvolvimento rural e ainda nas telecomunicações. Ora esses investimentos são ainda fundamentais para que a possa economia alcançar níveis adequados de competitividade e Cabo Verde possa competir com as economias concorrentes e atrair volumes mais significativos de investimento directo estrangeiro.

Para os jovens empreendedores e empresários, para os empreendedores e empresários fora da capital, do centro do poder, precisamos assegurar equi-dade e mérito no acesso aos incentivos, ao mercado público, às prestações públicas de promoção do empreendedorismo, e da iniciativa privada. Nas ilhas, temos que alargar as oportunidades económicas e as prestações públicas de promoção do empreendedorismo e da iniciativa privada e, encurtar, agilizar e embaratecer os actos da administração.

Por uma politica fiscal incentivadora do investimento permanente no tecido produtivo e na desenvolvimento do tecido empresarial privado, amiga da iniciativa privada, geradora de riqueza, estimuladora da poupan-ça pessoal e familiar - encontrar o justo equilíbrio entre uma política fiscal que garanta ao Estado os recursos necessários ao cumprimento das suas funções regalianas, em modalidades cada vez mais eficientes, enxutas e proporciona-doras de poupança de recursos, por um lado, e a politica fiscal e de regula-ção que garante às empresas os recursos de que precisam para empreender, inovar, investir e modernizar o sector produtivo, gerar emprego e proporcionar desenvolvimento profissional aos seus colaboradores e servidores e aos cida-dãos incentivos para poupar e investir, investir na aquisição de património, na educação diferenciada dos filhos, na sua saúde, na sua formação e continua valorização profissional, na cultura e no lazer será a pedra angular, a tónica fun-damental, o paradigma, cujos vértices e contornos serão talhados e delineados numa abordagem distinta.

Preconizo estabilidade nas políticas fiscais, pois a iniciativa empresarial privada e o investimento directo estrangeiro precisam de estabilidade fiscal. Preconizo medidas fiscais mais consentâneas com os desafios deste Novo Ci-clo, em que a criação de novos postos de trabalho, logo de novas empresas, e atracção do investimento externo constituem preocupações fundamentais da

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governação do país; considero possível um relacionamento mais próximo e saudável entre a administração fiscal e o contribuinte, cidadão ou empresa, que veja na empresa, no operador económico, no empreendedor um parceiro e protagonista do Novo Ciclo económico que o país quer encetar.

Tanto no diagnóstico como na construção das repostas, mas acima de tudo na sua operacionalização, implicar o Estado, a administração, nas suas diferen-tes formas, naturezas e atribuições, empresas, sindicatos e cidadãos, através das associações de defesa do consumidor, mas também recorrendo a todos os mecanismos que permitem ouvir e implicar o cidadão e o operador económico, continuando a aposta no diálogo social e conferindo maior pertinência aos Con-selhos Estratégicos em processo de instalação para a dinamização dos vários clusters, mas também da efectiva operacionalização do Conselho Económico e Social, alargando a pertinências das agremiações empresariais, das ordens profissionais e criando espaços mais consistentes para acolhimento do contri-buto da academia e da ciência.

Uma economia que gera inovação e modernização, dinâmica de investi-mento, diversificação e crescimento é a que deve nortear este Novo Ciclo e suportar a Estratégia de Desenvolvimento no horizonte 2030.

Uma Economia que gera emprego e externalidades suficientes para dinami-zar uma maior diversificação do tecido empresarial e espaços de oportunidades para empreendimentos que mobilizem as energias dos jovens, as oportunida-des proporcionadas pelas novas tecnologias e pela maior abertura do país ao mercado africano e ao mercado global.

Uma economia capaz de mobilizar o investimento directo estrangeiro, so-bretudo nas actividades de ponta, de prestação de serviços de base tecnológi-ca, financeiros, de cultura lazer, que actuem na agregação de valor ao produtos e sua colocação noutros mercados com maior valor acrescentado e elevado potencial de criação de emprego, conhecimento e competitividade,

A problemática do financiamento da economia, do desenvolvimento do teci-do empresarial e da internacionalização a economia cabo-verdiana merece ser enfrentada, analisada e equacionada, no limite das nossas possibilidades, mas também num quadro de parceria publico-privado consistente compromissório e dinâmico.

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Continuar a apostar no agronegócio, nas potencialidades da pecuária para gerar emprego inclusivo, no investimento industrial e no desenvolvimento de estímulos à empresarialização do sector da agricultura e da pecuária, a ins-talação de empresas no mundo rural e nas ilhas tidas por periféricas visando reduzir as assimetrias e alargar o centro económico do pais a todas as ilhas, levando as oportunidades a todo o pais e desenvolvendo as potencialidades de todas ilhas.

Nos últimos anos temos podido provar que a cultura não é só alimento para a alma e riqueza imaterial/intangível, tem valor económico e com políticas de fo-mento corretas que priorizem o investimento valorização, promoção, formação e na qualificação dos criadores da cultura e criação artístico-cultural também é pão e gerado de riqueza e valor tangível, de emprego e projetos empresariais e de vida. Continuaremos a trabalhar nessa direção para que a cultura seja per-cecionada como um sector económico como qualquer outro e mobilizando os criadores a qualificar a sua criação e a orienta-lo para o mercado, aproveitando as oportunidades abertas pelo crescimento do turismo, pelo aumento substan-cial de cabo-verdianos no pais e na diáspora que consomem o lazer, a arte e a cultura, mas também pelo enorme interesse que Cabo Verde, a sua riqueza cultural, os seus ganhos de percurso, a sua boa imagem no plano internacional vem despertando em vários pontos do mundo, dando assim novos mercados e novos palcos aos produtores da cultura e das artes.

Apostaremos nos próximos anos nas tecnologias de informação e comu-nicação, no mais amplo recurso à banda larga, como veículo para produzir, vender disponibilizar produtos e serviços, associado aos importantes projectos em curso, nomeadamente, o Data Center, o Parque Tecnológico, elementos fundamentais do Cluster TIC, a Governação Eletrónica, o Mundu Novu, a Es-tratégia Nacional de Banda Larga, para desenvolver o enorme potencial de geração de novos e qualificados empregos e de uma decidida contribuição para a modernização do tecido empresarial nacional, através da incubação de em-presas de ponta, ainda pequena e medida dimensões, dinamizadas por jovens empreendedores.

Novos e inovadores empreendimentos, novas empresas e serviços terão de ser desenvolvidas aproveitando todas as oportunidades económicas proporcio-nadas pelo mar, porque Cabo Verde é essencialmente mar e porque desenvol-ver um competitivo Cluster de actividades ligadas ao mar está ao nosso alcance

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Juntos por Cabo Verde

 

e estamos a caminhar passos largos na criação das condições infraestrutu-rais, institucionais, técnicas e tecnológicas para o efeito. Com determinação podemos competir e vencer, encontrar o nosso nicho e apostar na qualidade: nas pescas (base de operações, porto logístico, transbordo, processamento e transformação, exportação por via aérea do pescado fresco, pesca desportiva etc.), na reparação naval, no transhipment, no recreio náutico, no bunkering, nos registo internacional de navios, na prestação de serviços de segurança, no Ship-chandler, turismo de cruzeiros, na formação de marítimos e o crewing, na investigação e na pesquisa oceanográfica física e biológica etc.

Temos ao nosso dispor um mar de oportunidades e a sua transformação em negócios efectivos requerem investimentos importantes em logística, nas instituições e nas pessoas, num quadro fiscal e parafiscal atractivo e coeren-te, mas também na mobilização de parcerias altamente qualificada, capaz de trazer mercado, know-how e capital. Neste particular, o envolvimento do sector privado nacional e estrangeiro é fundamental e deve merecer a melhor atenção no quadro das políticas públicas e na condução os dossiers. Sermos capazes de agir no tempo certo, aproveitando efectivamente as oportunidades que se nos oferecem é o principal factor crítico de sucesso.

AMBIENTE SAUDAVEL, ENERGIAS LIMPAS

Num país pequeno e frágil, arquipélago e fortemente marcado pela disper-são territorial, pela seca e pela escassez de recursos hídricos e de massa ve-getal, o equilíbrio ambiental é um bem de primeira necessidade.

As mudanças climáticas tendem a aumentar os níveis de vulnerabilidades globalmente, mas espera-se maiores impactos nos territórios naturalmente vulneráveis e marcados pela escassez de recursos. Como pequeno Estado insular, Cabo Verde é particularmente vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas, requerendo esta problemática uma atenção especial e a adopção de programas apropriados visando reduzir a vulnerabilidade do país.

Assim, gerir com parcimónia e responsabilidade intergeracional os recur-sos naturais e ambientais é prioritário e imprescindível. De todas os domínios, aquele que detém o maior potencial para um pacto de grande amplitude social, porque no que tange à preservação dos recursos do ambiente cada cidadão

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conta, e sem o envolvimento de cada um os ganhos são diminutos. Para além das políticas públicas, neste domínio, a educação, a formação e a informação são os recursos fundamentais. Investir na sensibilização e na mobilização quer dos cidadãos, das empresas e das instituições para a protecção e valorização dos recursos do ambiente deve constituir o eixo central da acção pública.

Cabo Verde dispõe de uma biodiversidade única, de uma enorme extensão marítima, cuja preservação se impõe, e que constituem recursos a serem trans-formados em oportunidades de desenvolvimento e de criação de emprego.

Conhecer melhor os recursos que escondem, ordena-los, adoptar uma cor-recta e equilibrada politica de protecção e valorização da nossa biodiversidade marinha e costeira são desafios a enfrentar com forte engajamento da comuni-dade científica nacional e mobilização da comunidade científica universal, mas também dos cidadãos e das empresas. Devemos contribuir para que o Atlântico seja um paraíso para os mamíferos marinhos, num projecto que deve implicar todos os países do arco do Atlântico nos três continentes, mas especialmente os arquipélagos da Macaronésia. Cabo Verde pode aspirar um papel de relevo no diálogo global sobre a gestão do Oceano Atlântico, também na sua dimen-são de pulmão, de reserva biológica do Planeta. A educação para o ambiente deve ser dirigida a todos, utilizando todos os meios disponíveis: escolas, média, redes sociais, empresas e suas agremiações, associações profissionais e des-portivas, ONG, Igrejas etc.

O saneamento básico, a gestão responsável dos resíduos sólidos urbanos e das aguas residuais, a massificação das tecnologias e das técnicas de re-ciclagem, seguindo a máxima de reutilizar o máximo dos recursos não biode-gradáveis, adopção de hábitos de consumo amigos do ambiente, a utilização racional da agua e a promoção da sua reutilização são programas que pelos efeitos benéficos na saúde, na qualidade de vida, na valorização do espaço e da paisagem, na competitividade global do país e gestão responsável dos re-cursos intergeracionais merecerão a nossa atenção empenhada e programas e medidas consistentes e coerentes. Na próxima década Cabo Verde deve dar o salto no que tange às politicas publicas nos domínios do saneamento básico, de gestão de resíduos sólidos urbanos, no que tange à preservação das áreas florestadas, aumento substancial da massa florestal e dos espaços verdes, no campo e nas cidades, na disponibilização da agua e de sistemas de saneamen-to adequados, na gestão dos recursos hídricos, atenção a outras variáveis am-

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bientais que concorrem para a qualidade de vida, como o controlo do ruído, da qualidade do ar, maior assunção da responsabilidade ambiental nos sectores de transportes, construção civil, turismo e industria, devendo adoptar progra-mas de controlo de emissão de gases com efeito de estufa, de recurso às ener-gias renováveis e ao tratamento e reutilização as aguas residuais. Programas como a preservação e a promoção de florestas e hortos urbanos, associados à requalificação urbana, programas de habitação de interesse social, à promoção da saúde e do ambiente serão levadas acabo com entusiasmos e numa estreita interacção com as comunidades, as escolas e as empresas.

Entre 2002 e 2012, devido ao aumento anual da demanda de energia e o aumento de preços dos combustíveis fósseis, o custo das importações de combustíveis foi multiplicado por um factor 12. Se a demanda de energia e os preços de combustíveis fósseis continuar para a próxima década ao mesmo nível, as despesas de importação irão ser multiplicados por um factor 18 pres-sionando fortemente a balança de pagamentos de Cabo Verde e reduzindo a competitividade de nossa economia e a capacidade de acesso a energia das nossas populações.

Sendo o potencial de produção em energia eólica e solar muito superior a demanda em energia de Cabo Verde, o nosso principal objetivo será de maxi-mizar a penetração de energias renováveis e a longo prazo criar uma socie-dade independente das energias fósseis. Cabo Verde tem o potencial de ser o primeiro país no mundo a criar uma economia verde dando assim uma grande contribuição à luta contra os efeitos das mudanças climáticas.

Os estudos já realizados demostrem que é possível, somente com as ener-gias renováveis, respondermos a demanda total de eletricidade e produzir ao mesmo tempo um enorme excesso de energia barato oferecendo uma oportu-nidade única para o alargamento da base económica de Cabo Verde. A energia pode ser transformada em cerca de 140 milhões de metros cúbicos de água dessalinizada para ser utilizado no desenvolvimento da agricultura, sem contar o desenvolvimento do turismo ecológico e a construção de uma sociedade de conhecimento prestadora de serviços de tecnologia avançada.

Pelo seu caracter transformacional da nossa economia e da nossa socieda-de o nosso programa irá portanto, dar uma atenção especial ao aproveitamento do enorme potencial em energias renováveis do nosso país e ao desenvolvi-

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mento de um programa de eficiência energética capaz de reduzir os custos da energia no médio longo prazo e gerar benefícios na nossa balança de paga-mentos, mas também na nossa peugada ecológica.

EMPODERAR JOVENS E GARANTIR IGUALDADE DE GÉNERO

São estas duas dimensões fundamentais para a aferição do sucesso das políticas públicas nos próximos anos neste NOVO CICLO!

O empoderamento das mulheres mas sobretudo e de uma forma mais mo-derna e abrangente uma política de igualdade e equidade de género suficiente-mente transversalizada nos diferentes sectores da esfera pública mas também da esfera privada, é essencial para a refundação da sociedade em moldes mais justos e o reforço da democracia e do princípio universal de todos os direitos para todos. É a pedra basilar da reconstrução e reforço do Sistema de cuidados e proteção (cuidados para os idosos, confortando-os, as crianças e adolescen-tes dando-lhes balizas e o sentido da responsabilidade, da economia reprodu-tiva que garante que a economia produtiva cresça e floresça) na sociedade e garantia de construção de uma vida que VALE a Pena ser Vivida.

Garantir á Juventude o empoderamento necessário para que tome nas suas mãos as rédeas do futuro, possa inovar e energizar os ciclos de desenvolvi-mento tem sido o segredo das vitórias do PAICV e desta Nação Jovem! Rejeitar atitudes paternalistas e assistencialistas (coitaditas no limite …) em relação aos jovens deste país é condição para que continuem a construir o futuro e tomar o testemunho nas gerações anteriores para mais progresso e bem-estar nestas ilhas. Apesar da conjuntura nacional e internacional difícil que vivemos e que condiciona uma dinâmica maior na frente da criação de empregos, novas ou outras oportunidades estão a surgir que permitem aos jovens não desistir do seu projeto de vida, dos seus sonhos para o futuro. Não poderão talvez ir a direito na construção desses projetos. Terão às vezes que cortar por atalhos e esforçar-se mais, mas continua a ser possível dizer-lhes e facilitar-lhe o mais possível a construção do projeto de vida que escolheram para si. Responsa-bilidade e muito trabalho continuam a ser a via para a construção do futuro desses jovens. O Estado e as instituições têm que estar mais perto deles, ul-trapassar burocracias e ineficiências e facilitar-lhe o caminho. Há espaço para mais medidas e boas medidas (a nível de incentivos, de acesso ao credito, a

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novos produtos financeiros com o leasing, da formação profissional, da adequa-ção dos perfis dos que procuram emprego em relação aos empregos que são oferecidos) para incentivar a concretização de tantos projetos de vida que têm sabido esperar e não desistem! Não devem desistir, mas devem contar com melhores respostas.

MAIS E MELHOR DEMOCRACIA,

MAIS PODER PARA AS ILHAS E CONCELHOS NUM ESTADO ARQUI-PÉLAGO

Neste complexo debate em curso sobre a descentralização e regionaliza-ção só num aspeto parece que estamos todos de acordo: queremos, jovens, mulheres e homens deste país mais rapidez na implementação das medidas que facilitem a vida aos cidadãos e as empresas, que permitam a criação do emprego e o acesso ao rendimento.

Estaremos atentos ao debate em curso e posicionar-nos-emos nesse qua-dro por soluções de morfologia do Estado que respondam o mais eficazmente possível a essas expectativas e á necessidade vital de aproximação das popu-lações dos níveis de decisão efetiva e ao mesmo tempo não percam de vista a necessária racionalização das despesas públicas no contexto em que vivemos (ter os pés assentes no chão das ilhas é preciso!) e ponderem o custo/benefício de estruturas estaduais ou de poder local.

Neste Novo Ciclo devemos incentivar e promover a cidadania e a partici-pação política e cívica dos ilhéus. Quanto mais cidadã, mais forte e democráti-ca será sociedade cabo-verdiana. Decididamente, devemos poder enfrentar e combater as razões profundas que levam muitos cabo-verdianos a afirmarem que têm receios de falar da política e a considerar que não há igualdade peran-te a lei, conforme dados de estudos e inquéritos.

Rigor e firmeza na aplicação das leis da República e na observância do «due process» a nível da administração central e do poder local são essenciais para melhorar esse estado de coisas. Ninguém deve estar acima da lei e ela deve ser efectivamente para TODOS. A lógica de «para adversários a lei e para os mais próximos TUDO» não pode nunca ser tolerado, pois ela mina os

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fundamentos do estado de direito e fere o princípio da igualdade entre todos os cidadãos. Esta postura deve ser cada vez mais consistentemente nortear os actos públicos e as decisões que afectam as pessoas. Critérios transparentes e claros ajudam a fazer a vida em sociedade mais tranquila e justa, tornam a vida em sociedade mais previsível, estimula o convívio, a negociação e a par-ticipação na esfera pública, credibiliza as instituições e reforça a estabilidade necessária ao desenvolvimento e ao progresso.

A criação das condições para uma maior presença das mulheres e dos jo-vens na esfera pública, nos órgãos de decisão política, na consolidação e na qualificação da nossa e democracia, torna-a mais rica e pujante, porque reflec-tindo melhor a composição plural da nossa sociedade.

UMA NAÇÃO GLOBAL FORTE: CÁ E LÁ, CABO-VERDIANOS SEM DIS-TINÇÃO

Reforçar a construção da Nação Global é uma prioridade. Uma Nação sem distinção entre os que estão nas ilhas e os que estão fora, todos unidos na cabo-verdianidade. Esta é uma força determinante para que o país vença a ba-talha para o desenvolvimento pleno. Em tudo o que fazemos há que incorporar a dimensão diáspora para que não haja nenhuma distinção entre os cabo-ver-dianos que estão cá nas ilhas e os que estão espalhados pelo mundo.

Historicamente, a diáspora cabo-verdiana desempenhou um papel dos mais importantes na construção do país, não só pelas remessas mas também pela sua participação ativa em todos os grandes momentos. Hoje, um elemento-cha-ve é a promoção das “remessas de conhecimento” irrigando o país do conheci-mento adquirido, crítico para levarmos avante a estratégia de transformação de cabo Verde. Importante será colocar a diáspora em rede para se estabelecer uma conectividade forte a favor de Cabo verde.

Devemos dar toda a atenção às estruturas partidárias na emigração, na sua organização e no seu relacionamento com as estruturas centrais, e encontrar novas fórmulas que facilitem a participação dos militantes, simpatizantes e ami-gos na vida partidária e do país.

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MAIS CABO VERDE NA CEDEAO, NA ÁFRICA E NO MUNDO

Estamos a viver num mundo complexo, instavel e perigoso. Começam a desenhar-se novas linhas de interesses regionais e globais, que, ultrapassan-do ou extravasando as tradicionais fronteiras ideologico-politicas herdadas da segunda guerra mundial, tornam difícil uma leitura mais objectiva e segura das relaçoes de forças no mundo deste inicio de seculo 21. Paralelamente a uma afirmação progressiva de potencias regionais - os ditos paises emergentes - es-taremos a assistir a fracturas cada vez mais pronunciadas entre blocos, a agu-dização de interesses politicos regionais e/ou globais contraditórios e ao que alguns apelidaram de guerra de civilizações. Se a isso devemos juntar os con-flitos gerados por organizaçoes mafiosas e pelo terrorismo, as consequencias desastrosas para a economia mundial de movimentações financeiras licitas e illicitas a nivel global, não podemos senão manifestar uma profunda preocupa-ção perante um cenário mundial que exige firmeza de propositos, uma visão clara dos interesses nacionais e um alinhamento solidario com os objectivos e interesses da nosso regiao e do nosso continente no quadro da construçao de uma parceria descomplexada e de interesses partilhados com todos os nossos parceiros a nivel global.

Para esta Candidatura, é fundamental que as Relações Externas sejam cada vez mais um domínio de consenso, o que claramente interpela diferen-tes sujeitos do Estado mas também a sociedade no seu todo e, claro está, os partidos políticos de igual forma. Temos de estar unidos naquilo que é essencial no nosso relacionamento com outros Estados e organismos inter-nacionais, sempre tendo presente que muito da nossa existência e afirmação no concerto das Nações depende da forma como projetamos e defendemos os nossos interesses supremos e da sagacidade com que nos exprimirmos em sintonia.

Este é um princípio ao qual o PAICV sempre concedeu a maior relevância e é minha firme intenção preservá-lo e aprofundá-lo, seja nas instâncias inter-nacionais em que o nosso Partido tenha assento, seja enquanto Partido da governação, seja ainda caucionando ações que contribuam para fazer crescer, na sociedade, o entendimento segundo as Relações Exteriores são território resguardado de disputas ou quezílias que fiquem aquém da boa defesa do interesse nacional ou mesmo signifiquem prejuízo para este.

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Neste país pequeno, na verdade um pequeno Estado insular, com vulne-rabilidades várias, fortemente dependente do exterior e sujeito, já pela sua lo-calização geográfica, a ameaças globais de diferente natureza, temos de ter sempre a serenidade política para convergir na melhor promoção e defesa dos nossos interesses perante terceiros, na arena internacional.

Razão por que propugno uma agenda e uma ação decidida em ordem à nos-sa integração dinâmica na nossa região, desde logo no quadro da CEDEAO. Esta Comunidade é o espaço natural de complementaridade para o nosso país, impondo-se que as nossas especificidades enquanto país-arquipélago sejam devidamente tidas em conta e justifiquem medidas consentâneas. É certo que a nossa participação na Comunidade tem crescido e é valorizada, mas importa aprofundá-la ainda mais. Mesmo o sucesso da nossa aposta em fazer de Cabo Verde uma plataforma logística e de serviços de alto valor depende, muito se-riamente, da nossa integração regional e do quanto formos, na verdade, uma porta de entrada no continente.

Mas não apenas para aqui na região em que estamos inseridos é que defendo que a nossa participação tem de ser mais intensa. Também no con-tinente africano no seu todo. Temos de estabelecer mais intensas pontes de contacto e de conhecimento. Temos de estimular os nossos jovens, em parti-cular os quadros e os empresários, a procurar oportunidades no continente e a constituir parcerias que os façam crescer e afirmar-se em ambientes mais competitivos mas que também signifiquem ganhos para o país, pelo que es-tarei atenta ao desenvolvimento de mecanismos que favoreçam e apoiem ações nesse sentido.

Num plano mais virado para o institucional, entendo que devemos melhorar a nossa presença no continente, estando lá onde as capacidades permitam estar de modo permanente, mas participando sempre lá onde os ganhos de visibilidade, interação e utilidade para o país sejam evidentes.

Sobre os desenvolvimentos na esfera político-diplomático mas também no atinente às dinâmicas económicas, as quais são felizmente promissoras e tra-duzem um forte sentido de crescimento, temos de prestar a maior atenção, acompanhando e exprimindo o nosso juízo sempre com liberdade e coerência, seja ao nível da CEDEAO, seja em instâncias de âmbito continental, como é o caso da União Africana.

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Entendo e defendo que a nossa voz na cena internacional tem de sempre fazer eco dos valores e princípios que nos são sagrados e que estão na essên-cia do nosso Estado de Direito Democrático.

Num plano mais global, esta linha de coerência tem de ajudar-nos a apro-fundar a Parceria Especial com a União Europeia, levando cada vez mais as suas muitas virtualidades e percorrendo outras avenidas que ela propicia como, por exemplo, a da Parceria para a Segurança e Estabilidade.

Da mesma forma, importa aprofundar as relações com os nossos parceiros tradicionais mas também mobilizar novos, particularmente no âmbito da diplo-macia económica, visando explorar novas fontes de financiamento e de parce-ria que respondam ao diferente formato das nossas necessidades enquanto país de desenvolvimento médio, mas de renda ainda baixa.

Mas assim também em instâncias universais, como as Nações Unidas, onde devemos continuar a fazer ouvir a nossa voz e a ajudar a garantir suces-so a agendas de interesse comum para a humanidade. Falo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio e da necessidade de erguer a agenda post-2015, como falo de desafios particularmente sensíveis para um país como Cabo Ver-de. Caso das Mudanças Climáticas.

Para esta Candidatura, o PAICV deve contribuir intensamente para que a atuação de Cabo Verde no mundo seja guiada por um permanente sentido de defesa e promoção dos interesses superiores da Nação, de promoção sem descanso da paz e da concórdia entre os povos, do diálogo e da resolução pacífica de dissensos, do respeito escrupuloso pela dignidade da pessoa hu-mana, da realização do desenvolvimento e do bem-estar como um direito da família humana e um dever imperativo para os Estados.

Em suma, entendo e defendo que, para o PAICV, a projeção externa do país deve traduzir a coerência e a constância de uma política de Estado que, já no plano interno, tem a sustentá-la uma linha de boa governação, de aprimo-ramento constante do Estado de Direito Democrático e de realização do bem comum.

Juntos por Cabo Verde.

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