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MOÇÃO DE ORIENTAÇÃO POLÍTICA NACIONAL MODERNIZAR O PAICV AFIRMAR OS NOVOS CAMINHOS DE SUCESSO DE CABO VERDE Caminhos para uma liderança servidora! FELISBERTO VIEIRA - FILÚ 2 014 016 CABO VERDE

Moção de Orientação Politica Nacional

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M O Ç Ã O D E O R I E N T A Ç Ã O P O L Í T I C A N A C I O N A L

M O D E R N I Z A R O PA I C VA F I R M A R O S N OVO S C A M I N H O S D E S U C E S S O D E C A B O V E R D E

Caminhos para uma liderança

servidora!

FELISBERTO VIEIRA - FILÚ

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C A B O V E R D E

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MODERNIZAR O PAICVAFIRMAR OS NOVOS CAMINHOSDE SUCESSO DE CABO VERDE.

Caminhos para uma liderança

servidora!

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MODERNIZAR PAICV • AFIRMAR OS NOVOS CAMINHOS DE SUCESSO DE CABO VERDE

PREFÁCIO

É minha convicção profunda de que esta eleição de uma nova liderança do PAICV, a 14 de Dezembro de 2014, proporciona o momento certo para ajustarmos as expectativas dos militantes do Partido ao sentir da socie-dade cabo-verdiana. Este momento tem que ser muito mais do que, sim-plesmente, escolher uma pessoa para o elevado cargo do Presidente do Partido. Trata-se, na verdade, de dar oportunidade aos militantes de esco-lher as novas propostas políticas a apresentar à sociedade. A possibilidade de participação dos militantes no escrutínio dessas políticas é o primeiro e mais significativo exercício de democracia partidária, que tornará o PAICV ainda mais forte como organização política.

Este é um encontro com a História ao qual não podemos faltar. A res-ponsabilidade é de todos, e de cada um de nós. Por isso procuro cumprir a minha parte, juntando as minhas ideias e vontade às de muitos outros camaradas subscritores desta Moção, numa vasta conjugação de militan-tes que querem ver o PAICV a protagonizar novos caminhos de liberdade, democracia, Estado de Direito e desenvolvimento com justiça social e res-ponsabilidade ambiental.

Durante 14 anos de governação, o PAICV protagonizou uma transforma-ção sem precedentes em Cabo Verde. Foi uma obra colectiva, participada e reconhecida repetidamente por todo o Povo de Cabo Verde, e no Mundo. Todos temos justo orgulho da obra feita. Este facto cria, por si só, a obriga-ção de fazer ainda melhor, no futuro. Temos o dever e, também, a capaci-dade para fazer muito mais, e cada vez melhor.

O PAICV é um Partido com uma longa trajectória que o credibiliza como uma organização política estruturada, com militantes patriotas e dotados de um alto sentido de ética pública, com quadros experimentados e deter-minados; uma organização capaz de atrair e congregar no seu seio ener-gias de todos os estratos da população, oriundos de todos os cantos do País e da Nação cabo-verdiana espalhada pelo Mundo; uma organização que faz convergir, de forma harmoniosa, as capacidades, os recursos, as sinergias de que dispomos, e os transforma em força de impulsão política;

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uma organização que tem garantido a estabilidade política e impulsiona-do o desenvolvimento na sociedade cabo-verdiana; uma organização que buca despertar o que de melhor tem o nosso povo.

O PAICV representa muito para Cabo Verde, como atesta a história dos últimos 50 anos. Somos um Partido com história, com conquistas, com re-sultados de que muito justamente se orgulham os seus militantes.

O aprofundamento da democracia interna do Partido, como condição para a participação de todos os seus membros, e o aproveitamento de to-das as suas energias e capacidades para a qualificação da acção política, é um compromisso primordial desta candidatura.

Ninguém pode-se dar ao luxo de desperdiçar competências e capa-cidades, no seio do PAICV. O Partido é de todos, e todos os militantes do Partido devem poder sentir que são corpo e alma do PAICV, que participam, que têm oportunidade de intervir, democraticamente, sem qualquer tipo de exclusão ou preferência, na vida, nas decisões que o Partido tem de assumir e nas tarefas que lhe cabe desempenhar na sociedade.

Este é o caminho para que os cidadãos cabo- verdianos continuem a ver no PAICV a força orientadora, vital e coerente para realizar os seus sonhos de sucesso e felicidade. A força política a quem os cabo-verdianos querem continuar a dar o seu voto de confiança.

O Partido de Cabral tem que ser, permanentemente, uma instituição para servir o Povo de Cabo Verde, um instrumento de mobilização de energias e recursos necessários, uma organização que brotou da sociedade e está virada para a sociedade e profundamente impregnada pelos desafios e realizações do dia-a-dia das pessoas e das comunidades.

Um Partido capaz de mobilizar o saber, o conhecimento profundo da rea-lidade e dispor do talento ter os recursos organizativo e de planificação para elaborar, promover e consensualizar na sociedade uma Estratégia de Desenvolvimento, capaz de ganhar a adesão da Nação inteira.

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O sucesso, neste grande empreendimento que vos proponho, é a meta da construção de um Cabo Verde de bem-estar e qualidade de vida, que dê segurança e perspectivas a todos os cabo-verdianos. Uma “démarche” de proximidade e sintonia do Partido com a sociedade é um compromisso estruturante desta candidatura. Propomos um compromisso com uma ci-dadania inclusiva e moderna, que tem o seu foco na pessoa humana e no seu “destino marcado” de felicidade e bem-estar nestas nossas ilhas. Um destino em cuja construção todos devem, podem e se orgulhem de estar implicados. Uma visão da governação do Estado que se traduz em políticas adequadas, direccionadas para incentivar a “explosão” da iniciativa eco-nómica e da dinâmica social, introduzir fórmulas inovadoras de promoção de emprego e rendimentos mais elevados, provocar um crescimento mais acelerado da economia, promover a justiça social, o equilíbrio ambiental, uma gestão administrativa central, regional e local efectiva, próxima e ami-ga do cidadão, e não menos importante: mobilidade social das famílias, de cada um dos seus membros: as crianças, os jovens, os adultos e idosos – num compromisso real e concreto, que seja a verdadeira marca distintiva de um Partido de Esquerda democrática, humanista e moderna, à altura dos tempos que vivemos.

Esta Moção de Estratégia procura, elucidar esta visão. Ainda que seja de forma resumida, propomo-nos enunciar os caminhos e as opções que enformam esta proposta de uma “Liderança servidora de Cabo Verde”, que aposta na superação contínua do Partido, dos seus membros, dos seus programas e metas, da sua relação com a sociedade e a economia, e da sua visão sobre a administração do Estado, tudo para poder melhor servir a Nossa Terra. É nosso propósito dar aos militantes os elementos de ava-liação das propostas que o Partido tem para Cabo Verde.

Convido todos os militantes a abraçarmos, na unidade, com redobrado entusiasmo e força, esta tarefa de fazer o PAICV ser cada vez mais um par-tido do povo, para o povo e com o povo.

Subscrevemo-nos com a humildade de saber que a nossa força está no colectivo, no pluralismo de ideias e na riqueza das contribuições indivi-duais. O “segredo” do PAICV está nesta capacidade de trabalharmos juntos e em harmonia criadora.

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UM PARTIDO AO SERVIÇO DE CABO VERDE

Abraço de Camarada, Felisberto Vieira, (Filú) Candidato

1. Introdução

Reafirmar e consolidar o PAICV enquanto Partido aberto e moderno, por-tador de novas ideias e projectos, com uma visão renovada e em sintonia com as genuínas aspirações de uma sociedade cabo-verdiana em transfor-mação é o grande objectivo estratégico desta candidatura.

Neste quadro é determinante que esta Moção se apresente como um projecto de construção dinâmica e de renovação de ideias, organização e estilo de trabalho do PAICV, de modo a que seja cada vez mais:

Um partido em si próprio – Com consciência dos seus interesses, valores, forças, fraquezas e constrangimentos internos e externos. Com conheci-mento das suas potencialidades, avisado dos riscos e ameaças internos e externos, mas clarividente em relação às oportunidades que se lhe apre-sentam; com inteligência organizacional; capaz de realizar a análise prag-mática e a síntese de todas as forças e fraquezas num quadro interno e externo com oportunidades e ameaças; e que transforme todas condicio-nantes positivas e negativas em factores globais de vantagem comparativa no quadro da conquista e exercício, ético e responsável, do poder político.

Um partido de militantes – que funda a sua força na militância, que crie um ambiente propício e motivador da livre produção e circulação de ideias; que promova a realização política dos seus militantes; que tenha regras es-tatutárias e regulamentares para uma competição política interna, sã, leal e transparente com base em ideias e propostas políticas; que tenha posições justas e realize acções nas quais os militantes se revejam com orgulho.

Um partido para o combate eleitoral - Que acompanhe o quadro demo-gráfico de modo a antecipar a constituição dos cadernos eleitorais; que te-nha políticas e actividades de atracção e integração para os adolescentes e jovens que atingirão a idade de votar; que acompanhe a composição dos

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cadernos eleitorais de modo a identificar os eleitores próximos do partido e outros que poderão ser positivamente influenciados; que faça a auscul-tação permanente da sociedade, de modo a identificar oportunidades e ameaças que poderão condicionar os seus resultados eleitorais.

Um partido para a governação – Que oriente o Governo com princípios e grandes linhas de acção; que o apoie e tome parte activa na defesa e no combate político e na promoção dos princípios e medidas da governação; que esteja atento aos resultados e aos efeitos da acção governativa para potenciar os ganhos e assinalar os resultados menos satisfatórios que de-vem ser melhorados. Que através da acção do Grupo Parlamentar e dos deputados apoie e sustente o Governo no Parlamento por via do voto, da discussão aprofundada dos “dossiers” e de uma argumentação política sé-ria e profunda, capaz de convencer os parceiros e os cidadãos da justeza, legitimidade e ponderação das suas acções.

Um partido de intervenção autárquica – que oriente e acompanhe poli-ticamente os seus eleitos nas Assembleias e Câmaras Municipais; que te-nha uma sensibilidade atenta e próxima da vivência e dos problemas dos municípios em Cabo verde; que tenha uma estrutura apropriada para se ocupar desta vertente do exercício do poder, bem organizada, dotada de um plano de gestão e normas de funcionamento; apetrechada com meios humanos, recursos técnicos e financeiros; atenta, interveniente, dialogante e colaborante com as instituições.

Um partido para a sociedade e para os cidadãos – um partido societá-rio que alinhe com os valores dos direitos humanos, da democracia e da livre participação dos cidadãos na vida política; atento e com capacidade de resposta em relação às demandas sociais num contexto de rápidas e profundas mudanças sociais; aberto ao diálogo com as organizações da sociedade civil, habilitado e com vontade política para encontrar pontos de convergência com elas; capaz de assinalar construtivamente as diferenças em termos de política e de timing para a assunção das suas propostas; ca-paz de transmitir os seus valores, princípios e objectivos e conseguir com que a maior parte da sociedade os compreenda e com eles se identifique; aberto à contribuição das pessoas com olhar de fora e com interesses es-pecíficos de grupo.

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A adaptação organizacional do PAICV a estes propósitos políticos deve passar pela consideração atenta e activa da gestão de um processo de Mu-dança evolutiva, pelo desenvolvimento de uma inteligência organizacional e por uma Comunicação e Interacção Social, pensada de forma ordenada e abrangente.

É nossa profunda convicção que os objectivos que preconizamos são coerentes com os sentimentos e aspirações do povo do partido e uma lar-ga franja de cidadãos, que vêm no PAICV um partido portador de futuro, sempre com capacidades e forças internas para se renovar e adaptar aos desafios incessantes do desenvolvimento da sociedade cabo-verdiana.

Nesta linha de orientação serena, pragmática e inclusiva, a prioridade vai para a abordagem analítica, examinando os melhores métodos e critérios para determinar os activos políticos e estruturais, observar os interesses e as preocupações; avaliar a capacidade organizativa para realizar as mu-danças, bem como apoiar e orientar as estruturas, estatutárias nas suas actividades.

Toda esta mobilização de competências, aptidões e capacidades será ob-jecto de políticas e projectos específicos a começar pela formação de mi-litantes e dirigentes e pela afectação de recursos humanos, sobretudo em função das capacidades de desempenho e das metas e propostas em cada etapa ou para cada área de desenvolvimento do nosso partido.

A expressão prática e funcional da Inteligência Organizacional, com efi-cácia e eficiências de processos, deve revelar-se bem através do funcio-namento dinâmico da Comunicação e Interacção Social que constituem a pedra de toque para que o PAICV acompanhe e esteja em sintonia com todos os processos sociais e com os problemas, necessidades e aspirações da sociedade.

Para tirar vantagens do grande recurso estratégico que é a Comunica-ção, a nossa liderança propõe-se lançar um programa abrangente e prático para a revisão profunda dos meios, métodos e da formação específica para promover uma cultura de informação e interacção com as pessoas, as ins-tituições e a sociedade.

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A estratégia e o planeamento atempados são, nos tempos que correm, a chave do sucesso e ninguém pode ignorar esta realidade. Este é o tempo de definir as nossas estratégias, prioridades e linhas de actuação, sempre ancorados nos valores que norteiam o PAICV.

Ao longo desta reflexão mostramos os nossos propósitos: Liderar um PAICV plural, onde todos e cada um por si tenha o seu lugar, contando com o contributo da experiência de militantes, de autarcas e ex-autarcas, de eminentes responsáveis partidários de ontem e de hoje, em congruência com o voluntarismo, a justa ambição e irreverência de jovens militantes, to-dos implicados e entusiastas do desabrochar de um novo tempo em Cabo Verde e no nosso Partido.

Um PAICV organizado, descentralizado e com meios capazes de po-

tenciar uma intervenção política actual, moderna e na linha antecipatória dos tempos vindouros. Um PAICV com a acção política intensa junto dos nossos militantes e simpatizantes, potenciador de uma política em rede com todas as localidades, concelhos, ilhas e Diáspora. Um PAICV inovador, participativo e mobilizado, com trabalho político activo e empenhado por Cabo Verde, que se mobilize sempre por causas nobres e elevados valores. Um PAICV com as pessoas, seus múltiplos e justos sonhos, que consiga perceber os anseios de cada cabo- verdiano e ser parte na solução dos seus problemas. Um PAICV capaz de delinear e assumir, desde já, um novo projecto político para o País, numa dimensão estratégica de longo futuro político e de estável governação a partir de 2016, com o envolvimento de todos, na concretização vitoriosa dos processos democráticos eleitorais, dos novos desafios de modernização e prosperidade para a nação insular.

Este é o contexto de orientação política que pretendemos para dinamizar o rumo do nosso PAICV nos próximos anos, e imprimir a viragem de Cabo Verde, no caminho traçado, numa conciliação prospectiva do imprevisível e incerto com o pretendido e desejado. Porque o passado, com tudo o que contém de épico e glorioso, responsabiliza-nos nesta porta do futuro. Temos de conseguir compassar a expansão do País com novas perspectivas de ganhos e vitórias.

O que propomos é, como ambicionamos, resultado directo do contributo dum considerável número de militantes e cidadãos comuns, dos seus re-

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sistentes sonhos com o devir, das suas ideias, dos seus exemplos, das suas experiências e das suas obrigações assumidas como militantes e patriotas. Temos mantido um contacto intenso com o país real, de forma e mente aberta, escutando a pluralidade social que se reflecte também dentro do PAICV, sobre como encarar o desafio de preservar os ganhos conseguidos e valorizar ainda mais o futuro.

Ousamos afiançar que as nossas ideias são para provocar, no seu tempo certo, os processos de modernização do Partido Africano da Independên-cia de Cabo Verde e de elucidação dos novos caminhos que se apresentam e se projectam na marcha futura do Povo e da Nação insular – enquanto força estratégica coesa e voltada para uma interacção, consequente e de longo prazo, com a Sociedade, o Estado, a Democracia e a Nação.

Este é o inabalável compromisso da nossa candidatura de liderança do PAICV. Acima de tudo, uma candidatura servidora, que pretende engran-decer um partido com dimensão histórica, que é ponte entre gerações des-ta vibrante vontade de partilhar com todos os cabo-verdianos a maravilho-sa aventura de cumprir o “destino marcado” de felicidade, tão presente na nossa memória colectiva.

Queremos sim protagonizar uma liderança focada em tornar o PAICV mais forte, mais motivado e mais capaz de congregar os cabo-verdianos em torno de novos ideais colectivos.

Queremos sim, um Cabo Verde unido, partilhador, mobilizador, com uma forte componente da juventude e da participação feminina. Para tanto ve-mos um PAICV sempre Junto dos cidadãos, incansavelmente ao lado das populações.

A Candidatura que protagonizamos, é de todos os militantes do PAICV, de todas as gerações que fizeram o Partido, para um Cabo Verde de todos, e para um Cabo Verde sempre vencedor.

Vamos Ganhar, pela certa, os caminhos da inclusão, da inabalável con-

vergência nacional e da modernização, desafios grandiosos que o futuro nos coloca, a todos.

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O PAICV está convidado a discutir, apropriar-se e assumir esta Nova Car-ta Política Servidora, na liberdade de participação e no pluralismo, que são apanágio do nosso Partido.

2. Um Partido com uma história de sucesso

O Partido Africano da Independência de Cabo Verde é um grande Parti-do. Um Partido com história, com conquistas grandiosas, e um Partido de sucesso.

É o Partido da Independência de Cabo Verde, pois foi o PAIGC – Partido de Amílcar Cabral, de que herdou o legado político, que organizou e conduziu o povo de Cabo Verde para a luta de Independência nacional. Uma luta vi-toriosa que foi formalmente concluída com a proclamação da Independên-cia política, a 5 de Julho de 1975.

É o partido da reconstrução nacional, porque coube aos dirigentes, mi-litantes e simpatizantes do PAIGC de Cabo Verde, logo após a indepen-dência, mobilizar o povo das ilhas no território nacional e no seio das co-munidades emigradas para a grande batalha de edificação de um Estado nacional viável e capaz de realizar as aspirações de desenvolvimento do país, na unidade, na paz e em liberdade.

Logo após a independência, foi o PAICV a lançar os fundamentos de um Estado social, que investiu significativamente nos domínios da saúde, da educação e da formação profissional, e da protecção social, criando condi-ções para um desenvolvimento com rosto humano e baseado na capaci-dade do Povo das Ilhas.

Nos registos da história ficou inscrita a política de paz do Estado cabo-verdiano, dirigido pelo PAIGC e mais tarde pelo PAICV. Esta política contri-buiu indelevelmente para a afirmação do País no Mundo, enquanto mem-bro da Organização da Unidade Africana, do Movimento dos Não-alinhados e da Organização das Nações Unidas. Nesse processo, Cabo Verde sempre teve plena consciência das suas condicionantes geográficas e económi-cas, mas também da força dos valores matriciais da nova República, desig-

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nadamente dos valores de dignidade da pessoa humana, independência, respeito pelos direitos humanos e pelos princípios fundamentais do Direito Internacional Público, plasmados na Carta das Nações Unidas.

Nos 40 anos da Independência, que foram anos de estabilidade e de avanço, o PAIGC, e depois o PAICV deixaram também amplamente a sua marca de sucesso, quer na criação das bases do desenvolvimento, quer na criação de instituições públicas funcionais, capazes de agir em prol da realização dos objectivos de progresso e bem-estar para as populações.

O papel do PAICV na história do país também ficou claro na sua con-tribuição enquanto partido que exercia as responsabilidades políticas de governo e que, nos finais da década de 90 do século passado, soube inter-pretar o novo contexto internacional e os anseios do Povo de Cabo Verde, tendo em conta os novos ventos da história. Foi assim, que o PAICV, num exercício de responsabilidade política, propôs à sociedade cabo- verdiana, no início de 1990, um quadro de mudança da organização política do país no sentido de um regime de democracia pluralista e de base competitiva. Ninguém, por certo esquecerá o facto de o PAICV ter, num gesto de patrio-tismo e abertura, buscado a via negocial para a definição do calendário da transição política para a democracia.

Acresce que a implantação e o desenvolvimento do Estado de Direito em Cabo Verde muito devem também ao PAICV, que, contrariamente ao que acontecia noutros países, cedo incorporou no ordenamento jurídico cabo-verdiano normas que limitavam e continham o poder político na sua relação com os cidadãos, e em geral com os administrados. Também, após a mudança do regime político, o PAICV, então no poder, criou as condições para a realização de eleições competitivas livres e justas.

Por isso, os militantes, simpatizantes e amigos do PAICV sentem-se or-gulhosos de pertencerem ou apoiarem a uma organização política que, como nenhuma outra, está intimamente ligada aos sucessos do povo ca-bo-verdiano na construção do seu futuro como Nação independente com um destino político comum.

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2.1. PAICV: Um ideal de esquerda democrática moderna e humanista

Na sua Declaração de Princípios, o PAICV considera-se como uma orga-nização política do Povo cabo-verdiano que defende a liberdade e a demo-cracia e propugna a construção de uma sociedade mais livre, mais justa, mais solidária e mais desenvolvida.

O PAICV define-se também como um Partido da liberdade, da igualdade e da solidariedade.

O PAICV propõe-se ser um Partido plural, inter- geracional, federador de vontades e gerador de consensos e encara-se como um instrumento de transformação social. O PAICV é pois um Partido aberto ao debate de ideias e um Partido que não exclui qualquer geração, pois numa sociedade, como num partido, o diálogo entre as gerações é a única via para dar consistên-cia à acção em prol do desenvolvimento da colectividade. O PAICV é e deve continuar a ser um partido de várias gerações de homens e mulheres, de debate livre de ideias, mas nunca perdendo a finalidade da sua acção em prol do bem comum. Daí a sua missão de unir vontades e construir consen-sos para a prática social e política, em defesa dos supremos interesses dos cabo-verdianos no País e na Diáspora.

O PAICV como partido político é consciente da sua função pedagógica. Daí ser uma escola de cidadania e um factor importante do reforço da par-ticipação democrática dos cidadãos na vida política. É por isso que se em-penha no diálogo com a sociedade civil, cuja acção é determinante, quer como parceira de desenvolvimento do Estado, quer como factor de contro-lo, responsabilização e moderação do exercício do poder.

O PAICV é um partido que defende o Estado de Direito Democrático, en-quanto Estado que se funda na Constituição, e respeita a legalidade, os di-reitos humanos, a separação de poderes, o princípio da proporcionalidade, os direitos processuais e a descentralização do poder.

O PAICV empenha-se na defesa da democracia social e na construção de um Estado de bem-estar social.

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No plano internacional, o Partido promove os Direitos do Homem, a paz, o diálogo e a resolução pacífica dos conflitos internacionais.

O PAICV é um partido que respeita a diversidade e as minorias. Nesta linha, tem defendido políticas de integração dos imigrantes no território cabo-verdiano, indo ao ponto de adoptar reformas eleitorais para propor-cionar o direito dos imigrantes residentes em Cabo Verde a votar nas elei-ções autárquicas, incluindo um estatuto diferenciado para os cidadãos de língua portuguesa residentes no território nacional. Em consequência com tal princípio, o PAICV configurou-se também estatutariamente como um partido em que podem militar cidadãos dos Estados membros da CEDEAO e da CPLP, que residam legalmente no país.

O PAICV é igualmente um Partido com uma ideia moderna de represen-tação política. Assim, ele propugna uma democracia inclusiva, quer no que respeita à representação das mulheres, à igualdade e equidade do género, quer no que diz respeito à participação política dos estrangeiros e apátri-das residentes no país, nos termos da lei, e sem pôr em causa os direitos político-constitucionais ou legalmente reservados aos cabo-verdianos.

Sendo um partido com uma ideia humanista de futuro, defende uma ideia de progresso e de justiça para as novas gerações, uma sociedade que tenha um bom cuidado com os recursos naturais do País e do Planeta, de tal forma que as gerações vindouras possam desfrutar de iguais oportunidades para uma vida com qualidade. Daí o PAICV assumir por inteiro e sem tibieza a causa da defesa do meio ambiente como elemento fundamental do desenvolvimento sustentável e expressão do princípio da solidariedade entre as gerações.

É esta mesma ideia de futuro que alimenta o propósito e a prática do PAICV de desenvolver três agendas especiais: uma agenda para a juventude, uma agen-da para a igualdade e equidade do género e uma agenda para as comunidades no exterior, com vista a dar mais consistência à ideia de uma Nação global ca-bo-verdiana e ao princípio de uma cidadania inclusiva e transfronteiriça.

No plano económico, o PAICV defende uma economia de mercado, en-riquecida pela pluralidade das iniciativas económicas, privadas, públicas e sociais, que tem no bem-estar das populações um fim essencial.

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O PAICV é, assim, um partido moderno da esquerda democrática que propugna valores fundamentais, tais como a independência nacional, a de-mocracia, a dignidade da pessoa humana, a liberdade, a igualdade, a justi-ça, a solidariedade, a unidade nacional, o desenvolvimento sustentável, a responsabilidade ambiental.

2.2. Por um Novo Programa Político

A Lei dos Partidos Políticos de Cabo Verde diz que os partidos políticos são «associações de cidadãos, de carácter permanente, âmbito nacional e constituídas com o objectivo fundamental específico de participar de-mocraticamente na vida política do país e concorrer, de acordo com as leis constitucionais e com os seus estatutos e programas publicados, para a formação e expressão da vontade política do Povo e para a organização do poder político, intervindo no processo eleitoral, mediante a apresentação ou o patrocínio de candidaturas».

Os militantes do Partido têm a consciência de quão importante é o programa político não só para a caracterização e definição política interna mas, sobre-tudo, para definição do seu acervo de valores fundamentais, políticos, éticos, sociais e económicos, e, por conseguinte, para a orientação do partido, a sua coesão interna e a geração de propostas de políticas públicas a bem do País.

Um programa político não é um programa eleitoral, nem tampouco um programa de Governo, mas pode e deve constituir um fundamento impor-tante para a elaboração, quer dos programas eleitorais, quer dos progra-mas de Governo do PAICV.

Ter um programa político aprovado em Congresso, é não só um impera-tivo legal, democrático e de transparência política, mas também um factor imprescindível para se garantir a consistência ideológica do Partido e a sua unidade, sem prejuízo da diversidade de pensamento dos seus filiados, se-jam eles dirigentes ou militantes de base.

Os programas políticos não são eternos. Eles são respostas aos momen-tos históricos vividos em cada época.

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Entendemos que Cabo Verde e o PAICV estão a viver um momento es-pecial da sua história. Após 40 anos de independência e 25 anos após a instauração da democracia pluralista, Cabo Verde é hoje um país de desenvolvimento médio; ao mesmo tempo, regista-se, devido a este fac-to, um certo declínio na ajuda pública ao desenvolvimento; de país da emigração, as Ilhas passaram hoje a país de imigração, atraindo, pela sua estabilidade e suas perspectivas de desenvolvimento, importantes fluxos de imigrantes. Por outro lado, há avanços e desafios vários no que respei-ta aos processos de cooperação intergovernamental, designadamente no âmbito da CPLP e do Fórum PALOP, e nos processos de integração regio-nal, no âmbito da CEDEAO. Ao mesmo tempo, desafios e oportunidades importantes resultam da Parceria Especial com a União Europeia e das relações com relevantes parceiros internacionais, na Ásia e nas Américas. Igualmente, o país reforçou as suas ligações com a Diáspora e enfrenta reptos significativos no domínio do desenvolvimento equilibrado das ilhas e da descentralização, num contexto em que há uma maior vontade de participação no poder por parte das elites e do Povo cabo-verdiano, em geral.

No plano político, Cabo Verde tem hoje um sistema, que é bipartidário mais consolidado e estruturado, resultando daí também desafios importantes. Ao mesmo tempo, a sociedade acompanha mais de perto e com maior criti-cismo a acção dos partidos, o que reforça as responsabilidades destes, en-quanto factores importantes do desenvolvimento e da democracia.

Neste contexto, justifica-se plenamente, o empenho do Partido em clari-ficar a sua natureza, a sua matriz ideológica e as suas principais causas e bandeiras políticas. Será este seculo XXI que já vai na sua segunda década. É isso que nos leva a propor aos militantes a elaboração de um novo Pro-grama Político que reflicta o espírito da época que vivemos e seja um ele-mento de direcção, de mobilização, de transparência política e de coesão na luta em prol do desenvolvimento do nosso País.

Queremos que o PAICV clarifique o seu perfil ideológico e continue a ser um partido moderno, fiel ao seu percurso político, mas capaz de incorporar e equacionar os novos desafios que Cabo Verde enfrenta.

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O novo Programa Político do PAICV não poderá ser fruto de um exercício de escrita nos gabinetes, mas, pelo contrário, deverá resultar de um amplo envolvimento e de uma abrangente discussão entre todos os seus militan-tes e dirigentes de todos os escalões, nas Ilhas e na Diáspora. Só assim, os militantes sentirão e reviverão o Partido como sua criação e como instru-mento democrático do povo para o desenvolvimento do país.

2.3 PAICV uma organização democrática e forte

É desejo de todos os militantes ver o Partido mais organizado, com um funcionamento mais intenso, com os seus quadros mais envolvidos, com maior capacidade de produção de ideias e programas políticos e umaauto-ridade moral para as apresentar e consensualizar na Sociedade.

Há um conjunto de premissas que são necessárias para que tal aconteça. Antes de mais, é indispensável que exista um ambiente de participação de-mocrática devidamente, de modo a estimular, acarinhar e enquadrar a ini-ciativa militante. Devem existir canais, regulados para os militantes exerce-rem, democraticamente, o seu direito de proposição política e de exposição de ideias. De igual modo, os processos decisórios devem dar satisfação à militância moderna e democrática, sem prejuízo da eficácia organizacional pretendida. Nos tempos modernos, de rápida comunicação, a participação política está sujeita a alterações que o Partido deve discutir, aprofundar e evoluir.

O nosso primeiro compromisso nesta matéria será estatuir que as mo-ções de estratégia nacional, ou sobre determinada matéria sectorial, se-jam distribuídas para debate dos militantes 6 meses antes da data da sua apresentação para aprovação, e não 15 dias, como actualmente acontece. Trata-se de estabelecer o hábito de debate aprofundado no seio do Partido e estimular por essa via a participação democrática dos militantes.

Por outro lado, será necessário uma nova abordagem dos níveis de par-ticipação e envolvimento dos simpatizantes e amigos do Partido, como um elo de ligação e abertura permanente do Partido à sociedade, e como fonte de novas ideais, propostas e desafios. O Partido tem de ter os canais es-

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tatutários adequados para exercitar a fluidez e, sobretudo, a intensidade, a regularidade e a consequênciada sua relação com a envolvente social. Nesta matéria também queremos inovar, estimulando o funcionamento de associações e organizações autónomas, mas próximas, tipo “think- tank”, dedicadas ao estudo e produção de ideias e programas, aproveitando a disponibilidade em quadros que vamos tendo em Cabo Verde e o crescente acervo de pesquisas sobre a realidade cabo-verdiana e o Mundo.

A formação dos seus quadros foi sempre o “elo mais forte” do PAICV. Tradicionalmente, temos uma história e um percurso de formação de qua-dros e o Partido precisa continuar a dar atenção à especialização dos seus quadros, a multiplicar as oportunidades de formação, relacionando-se com imaginação e capacidade de proposição com as universidades e institu-tos de pesquisa, e aproveitando também o vasto e privilegiado leque de relações internacionais que temos. O PAICV deve ser visto como uma or-ganização política que tem quadros tecnicamente muito bem preparados e possuidores de uma vasta cultura política, mas com raízes bem fincados na realidade cabo-verdiana.

Temos igualmente de continuar a preparar as nossas estruturas regio-nais e locais para um funcionamento responsável e exigente ao nível local. Cabo Verde é um Estado onde o poder local representa uma parcela impor-tante da implicação dos poderes públicos na vida quotidiana das pessoas. O bem-estar e a qualidade de vida que são as metas finais que queremos para a sociedade cabo-verdiana, estão muitas vezes em jogo ao nível lo-cal, na qualidade das decisões e pertinência dos programas executados nos municípios e nas ilhas. O grau de intervenção política do PAICV tem necessariamente de medir-se pela capacidade de operar com consistência política ao nível local, com intensidade, permanência e com o consequente reconhecimento social, no âmbito local e nacional.

A solidez organizativa do Partido tem de ser equacionada num quadro de boas normas organizativas, mas também num patamar superior de esta-bilidade administrativa, financeira e patrimonial, no qual a participação da militância do Povo do Partido encontre graus maiores de satisfação. Temos de começar pelo salutar princípio da gestão transparente e da prestação regular de contas, condição para que se realize também as contribuições

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militantes – as quotizações regulares e ou extraordinárias. As medidas para um novo estádio de organização partidária estão ao nosso alcance, temos a Base de Dados funcional e em actualização permanente, temos os meios de comunicação disponíveis, as condições de realização estão reunidas. Podemos fazer.

3. O PAICV e a sociedade cabo-verdiana: uma proposta de futuro com mais cidadania, mais qualidade de vida e coesão social.

O destinatário primeiro da acção do PAICV é a Nação e a sociedade ca-

bo-verdiana, com quem temos, desde há muito tempo, um contrato de entendimento e de serviço leal, de partilha de valores e aspirações, indis-pensáveis à coesão da comunidade nacional e à realização progressiva do seu bem-estar colectivo. A base de sustentabilidade e as condições de evolução constante dessa ligação umbilical com a sociedade cabo-verdia-na são matérias que devemos escrutinar juntos com regularidade, para a sua qualificação permanente.

Essa sustentabilidade estriba-se num projecto de vida em plena sobe-rania, em unidade, em liberdade, numa vivência democrática, no respeito pelos direitos inalienáveis da pessoa humana e na aspiração à realização da felicidade e do bem-estar material e espiritual de todos os cidadãos, prescritos no Programa do PAICV e na Constituição da República.

O PAICV tem merecido a renovação da confiança da sociedade cabo-verdiana, com notável recorrência, porque tem sabido respeitar os termos deste contrato social. Tal se deve ao facto de termos no nosso curriculum uma longa história de dedicação patriótica e nobre militância para a causa da emancipação nacional, da construção do Estado e da sua modernização e da transformação das condições de vida em Cabo Verde.

O PAICV partilha valores essenciais com toda a sociedade cabo-verdiana: os direitos e as garantias da pessoa humana, a convivência harmoniosa numa comunidade nacional, a perenidade do pacto de realização conjunta do bem-estar e da felicidade para todos os seus membros. Partilhamos também os valores primordiais da liberdade, da justiça, da equidade, da

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solidariedade, a democracia, a participação, a paz e a convivência harmo-niosa com os outros Povos e Nações, com respeito pelos princípios de au-todeterminação, independência e não ingerência nos assuntos internos de cada Estado.

Mas o compromisso do PAICV tem uma particularidade que decorre da sua condição de partido da esquerda democrática. É a primazia do ob-jectivo de melhoria da qualidade de vida da população, da justiça social e da equidade na distribuição da renda e das oportunidades, e a diminuição progressiva das diferenças sociais, por via de uma constante da política di-reccionada para a mobilidade ascendente dos estratos populacionais mais desfavorecidos. Essa é a nossa marca distintiva como partido político.

Temos também em partilha com a sociedade uma convicção sobre a sus-tentabilidade ecológica, que obriga a um uso dos recursos naturais sub-metido à preservação dos sistemas de sustentação da vida. Toda a nossa política em relação à água, energia, à recuperação dos solos agrícolas, in-vestigação marinha, resíduos tóxicos, poluição, reciclagem, conservação da flora, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para uma ade-quada protecção ambiental, são provas inequívocas de uma prática em perfeita conformidade com os nossos princípios.

Somos também resolutamente defensores de uma partilha do poder na sociedade, com políticas de desenvolvimento e aumento da eficácia e pro-ximidade do Poder local aos cidadãos, devidamente ancorado em sistemas de participação política democrática e de distribuição de recursos. As ne-cessidades de desenvolvimento das ilhas e dos municípios apontam o ca-minho para uma maior capacidade e poder de intervenção das autarquias locais, tendo em conta a realidade arquipelágica do território e a procura de novas sinergias no esforço de desenvolvimento. Devemos ser capazes de conseguir os equilíbrios necessários nesta matéria da Descentralização, optimizando em diálogo com a sociedade, a relação entre a realidade geo-gráfica e a racionalidade administrativa de um Estado de reduzida dimen-são territorial.

Igualmente importante para a manutenção do equilíbrio social tem sido uma justa repartição dos recursos de investimento entre o meio rural e

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urbano, com políticas de valorização das actividades agrícolas e dos rendi-mentos do Sector primário, de estabelecimento de vias de comunicação e desencravamento das comunidades mais isoladas e mais penalizadas no desenvolvimento, ao mesmo tempo que se aposta nas actividades econó-micas modernas nos meios urbanos, com mais facilidade de inserção na economia nacional e global.

Somos um Estado que destina 40% da sua despesa anual aos sectores da educação, saúde, previdência social e habitação, apostando na ascen-são dos grupos sociais mais desprovidos de recursos. São raros os países da África, nem mesmo os mais ricos em recursos naturais, que têm um tal padrão de política social. Essa missão do Governo do PAICV, desde 2001, tem contribuído para resultados notáveis no combate às desigualdades sociais em Cabo Verde e para aumentar os níveis de coesão social.

Tal não significa que não tenhamos pela frente alguns grandes desafios sociais, aos quais devamos dedicar doravante muita atenção, para que se mantenham os termos do contrato social na sociedade cabo-verdiana.

O PAICV deve propor à sociedade cabo-verdiana, respostas para os sen-timentos e prioridades sentidas, desde logo um Pacto para a Segurança e a Paz social que dê garantias de tranquilidade e de uma vida segura e protegida das famílias e dos seus bens, das empresas e dos seus activos, daqueles que nos visitam e pretendem residir em Cabo Verde, longe de quaisquer ameaças da violência e delinquência urbana. Continuamos a ser um País calmo na maior parte do território nacional, mas a insegurança nas duas maiores cidades tem constituído uma preocupação social que não podemos ignorar.

Uma política de prevenção e combate à violência urbana e à delinquência juvenil deve existir, a par do trabalho meritório que temos feito em Cabo Verde no combate à grande criminalidade transnacional, com ajuda de im-portantes parceiros internacionais. Uma política de combate à violência e à insegurança, como acontece noutras partes do mundo, deve basear-se, antes de mais, na prevenção do crime e dos comportamentos anti-sociais, começando pelas “incivilidades”. Deve ser uma política robusta em meios e estratégias, combinando desde a vídeo-vigilância, o combate à posse de

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armas, o policiamento de proximidade, a análise criminalística e a identifi-cação dos “spots” do crime e, claro está, uma intervenção muito decidida de todos os poderes públicos na iluminação pública e na requalificação urbana dos bairros problemáticos. A par da prevenção precisamos também de sofisticar a preparação e a intervenção das forças policiais, a política de reclusão, bem como de um investimento forte no aparelho de reinserção social, particularmente dos Jovens e Menores. Last, but not least, agir no domínio penal, se necessário e de modo aceitável pela comunidade, para aumentar o poder dissuasor das penas.

As ilhas de Cabo Verde devem ser referenciadas, em nossa opinião, como um oásis de Paz e tranquilidade. A nossa sociedade merece e a nossa com-petitividade no Turismo mundial o reclama.

Queremos também ter um Pacto de Solidariedade nacional e territorial, que se consubstancie num vasto entendimento nacional sobre questões importantes para a nossa vida colectiva, como são a descentralização do Poder, a desconcentração administrativa, o exercício da cidadania local, mas que se estenda também às exigências de competitividade territorial, até chegar ao acesso aos bens essenciais como a água, o saneamento, a energia, a um justo preço. Somos um arquipélago e esta realidade terri-torial que são as Ilhas demanda políticas especificamente destinadas a promover o desenvolvimento insular em equilíbrio, essencial para a coesão nacional e social.

Queremos também um Pacto para o Emprego e a Renda que seja, a um tempo factor de crescimento da riqueza nacional e de satisfação social e individual, logo de combate ao desemprego e à pobreza, factor de acres-cida coesão social. Salientamos esta nossa perspectiva particular de olhar para o problema:

1) A nossa perspectiva do foco na pessoa, no indivíduo, integrado na fa-mília e na comunidade concreta, seguindo uma linha que não engana – a da promoção contínua da mobilidade social.

2) A percepção socialmente partilhada de que, numa economia de recur-sos escassos e vulnerabilidades diversas, os poderes públicos têm de ser

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um interventor convicto, sagaz para fazer o bastante, mas suficiente, para mudar a vida das pessoas em concreto.

Por isso propugnamos políticas de promoção do emprego e de aumento de rendimentos das famílias que não se deixam ficar pelas receitas tradi-cionais. A criação quantificada de postos de trabalho deve ser objecto de negociação e concertação dos poderes públicos com as empresas, mesmo com as pequenas unidades produtivas, sejam elas familiares ou de eco-nomia social, mais ou menos formalizadas. A legislação laboral deve ser objecto de amplo entendimento nacional para estimular a criação de em-prego e rendimento, respeitando, é claro, a dignidade do trabalho e dos trabalhadores.

A sociedade cabo-verdiana deseja, a nossa economia precisa e o PAICV também considera indispensável um Pacto sobre a Qualidade da Educa-ção e a sua pertinência social e económica. Temos esta obrigação contra-tual de preparar a sociedade do futuro, de transmitir as bases do “novo contrato social”, de preparar os indivíduos para as economias do futuro, com as novas tecnologias, as novas necessidades humanas, os novos cir-cuitos de circulação humana e de mercadorias no mundo.

Uma sociedade como a cabo-verdiana que tem a circulação no seu ADN, que tem uma longa experiência de emigração, de re-emigração, de retorno e investimento tem que estar preparada para o Mundo do futuro. Prepa-rada para a qualificação profissional ao longo da vida, preparada para co-municar e trabalhar em diversas línguas e ambientes culturais, preparada para entender as necessidades de outrém e poder encetar o caminho da inovação social, tecnológica, comunicacional…

A sociedade cabo-verdiana tem justas e elevadas expectativas sobre a qualidade do meio ambiente, particularmente sobre a continuação, em no-vos patamares, da recuperação ambiental e ecológica iniciada logo após a independência. Precisamos recuperar e restaurar as praias, melhorar a riqueza da nossa cobertura vegetal, proteger o meio marinho e as espé-cies endémicas em perigo de extinção. Mas precisamos também de uma intervenção decidida na requalificação urbana, na continuação do trabalho meritório que temos feito em matéria de ordenamento do território. Estas

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metas são incontornáveis para se atingir uma melhor qualidade de vida, maior coesão social e mais felicidade das pessoas – uma cidadania mais plena em Cabo Verde.

Entendemos que é importante desenvolver iniciativas várias ao nível da organização e junto dos principais decisores políticos do país. Só com uma estrutura fortalecida, dinâmica e activa será possível estarmos vocaciona-dos para apresentar um novo e alongado sentido para Novos Caminhos para Cabo Verde com a Juventude e para a Juventude Caboverdiana.

A Moção de Estratégia Global é composta por várias propostas, mas gos-taríamos de destacar 10 que consideramos fundamentais e orientadoras da nossa actuação:

• Iniciar o processo de discussão de revisão constitucional, com particular orientação para a solidariedade e justiça intergeracionais;

• Discutir um novo modelo de sustentabilidade da segurança social, com particular enfoque nas políticas de natalidade;

• Promover a credibilização da vida pública;• Participar activamente no futuro do projecto de Nação Global e Cosmo-

polita;• Dinamizar medidas para combater o desemprego jovem;• Reorganizar a rede de ensino avançado, ensino superior e apostar no

ensino profissional de excelência;• Apostar na produção de riqueza, na geração económica, no equilíbrio

do território e em políticas de controlo da natalidade;• Elaborar a Carta Política das Novas Gerações, no âmbito da implemen-

tação do Novo Projecto de Sociedade;• Fazer evoluir a estratégia de formação da juventude cabo-verdiana;• Vencer o desafio de desenvolvimento político de Cabo Verde, assente

exaltação dos Novos Caminhos de Sucesso a serem feitos na conver-gência, na estabilidade estratégica de compromissos de longo prazo, e na vontade criativa de novas soluções, a partir das eleições de 2016.

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4. Um Estado de referência pela sua democracia e cidadania

No dia 5 de Julho de 1975, a Nação cabo-verdiana dotou-se de um Es-tado, proclamado para ser a manifestação da sua identidade e existência autónoma, soberana e como seu principal instrumento do desenvolvimen-to e realização de uma sonhada felicidade dos filhos destas Ilhas. Desde então o Estado de Cabo Verde desenvolveu-se, continuamente, primeiro como aparelho administrativo, depois como garante de condições mínimas de existência de educação, de saúde, de segurança da população, depois como promotor das bases do crescimento económico e do relacionamen-to internacional e, mais tarde como o estratega e impulsionador de uma modernização e transformação da sociedade, da economia e das condi-ções de vida nestas Ilhas, bem como de uma vivência democrática, feita de liberdades, direitos e garantias de participação, enfim de uma cidadania mais forte.

Neste processo histórico a Nação cabo-verdiana, o seu Estado, a socie-dade e os cidadãos ganharam imensamente em dignidade e auto-estima, e criaram condições materiais de existência que antes eram apenas do domínio do sonho. Hoje, as aspirações dos cabo-verdianos situam-se num nível muito mais elevado, por isso as suas exigências de desempenho do Estado – afinal até aqui o seu único e principal instrumento de transforma-ção – também projectam-se numa outra dimensão, em alcance, em quali-dade e ritmo expectáveis de realização. Muito justamente, no discurso, nas práticas de governo e na mente de todos nós anda o mote da Reforma do Estado.

Nesta matéria da Reforma do Estado, Cabo Verde é já uma referência em vista de muitas realizações conseguidas, que afinam a racionalidade administrativa e o desempenho económico e que também são, por vezes, motivo de orgulho pela projecção do reconhecimento internacional de tais sucessos. Há evidentemente, ainda muito caminho por fazer, não só para a melhoria dos processos, nomeadamente a simplificação burocrática e agi-lização do desempenho, como sobretudo precisamos de formar, adaptar, desenvolver nova cultura de trabalho, de serviço e de civilidade do elemen-to humano da nossa administração pública central e local. Estamos, feliz-mente, lançados nesse desafio é preciso continuá- lo com determinação e

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ambição de novos patamares. A sociedade cabo-verdiana sabe-o bem e in-centiva quem agarra este desafio com coragem, como o tem feito o PAICV.

Mas não basta que a Reforma do Estado consiga novas racionalidades e rapidez de tramitação dos processos administrativos, encontre novas fun-cionalidades para a economia, objectivos que são efectivamente impor-tantes para os cidadãos e os seus assuntos, para as empresas e os seus negócios e para a eficiência do próprio Estado.

A Reforma do Estado deve abranger também a satisfação individual do cidadão, na integralidade da sua existência, definida nos marcos do que está contratualizado na Constituição da República. Devem também poder estender-se à própria concepção, organização e condições de existência do Estado, à sua sustentabilidade e projecção no futuro. Vista nesta dimen-são mais ampla, a Reforma do Estado deve ser objecto de uma reflexão muito profunda, à qual os militantes e simpatizantes do PAICV não podem estar alheios.

Esta Moção propõe à discussão de todos as metas ambiciosas e alta-mente motivadoras, desde logo a da construção de um Estado que seja referência na comunidade mundial pela “distintividade” e qualidade da sua Cidadania e Participação política. Falamos claramente da adopção de no-vos mecanismos de participação política e de intervenção do cidadão no quotidiano e no devir da comunidade. Falamos concretamente de uma democracia de responsabilidade directa, de uma democracia de “alta in-tensidade”, com responsabilização e partilha maior dos cidadãos, seus re-presentantes eleitos e a sociedade.

Podemos discutir as formas concretas, desde que elas conduzam efec-tivamente a mais democracia “directa”, sem que isso signifique menos de-mocracia representativa, nem retirada ou condicionamento de quaisquer prerrogativas previstas no nosso actual ordenamento constitucional. Es-tamos convencidos de que isso é realizável num Estado da dimensão do nosso, com a homogeneidade cultural, o acesso rápido à informação e as condições tecnológicas que existem actualmente em Cabo Verde. Sobre-tudo com a vontade expressa da cidadania de um desejo de maior envol-vimento nas decisões.

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Trata-se de fazer da participação dos cidadãos o “segredo” de Cabo Ver-de, a sua marca em termos de participação, transparência e boa governa-ção. Depois do percurso que fizemos, da nossa graduação a País de Renda Média, de sairmos da lista dos países que precisam de ajuda prioritária, temos de ser capazes de fazer reluzir o nosso “brand”, e encontrar algo de distintivo e novo para relançar o nosso relacionamento com o Mundo.

Mas, devemos também internamente trilhar com coragem e imaginação o caminho da inovação social e política. O sentimento da nossa sociedade é o da necessidade de um cada vez maior controlo directo da coisa pública, de maior transparência e acesso à prestação de contas dos serviços e ser-vidores públicos, particularmente quando se trate de questões candentes da sua vida pessoal, familiar e da comunidade mais próxima, e de se alçar aos níveis desejados de qualidade de vida.

Somos a favor da existência de um Provedor para a Educação, um bem fundamental para os cidadãos e para as famílias e uma garantia para todos de que o principal “elevador” de mobilidade social tem o seu funcionamen-to sob escrutínio diário, mesmo sob os mais ínfimos aspectos. Trata-se ain-da de uma vigilância directa sobre um nexo fundamental da sobrevivência pacífica da comunidade. A correlação directa e forte entre a baixa escola-ridade, o abandono escolar, a violência, o desemprego e a exclusão social, são ameaças à qualidade de vida que desejamos. O mesmo raciocínio é válido para a existência de um Provedor para a Saúde, matéria em relação ao qual o cidadão tem de ter instâncias de recurso, de modo a poder exer-cer a prerrogativa soberana da sua cidadania, também nesta matéria tão importante para o seu bem-estar.

Uma Justiça que seja percepcionada pelo Povo como sendo justa, propor-cionada e moderna, e que sobretudo seja efectivamente administrada em seu nome – eis mais um desafio para o Estado que os cidadãos cabo-verdia-nos querem. A experiência de um Provedor de Justiça é ainda recente, a Re-forma feita também é recente, precisam ambos de tempo para revelar toda a sua pertinência, capacidade de intervenção e alcance. No entanto, o debate não pode ficar parado, enquanto a sociedade parece acreditar na qualidade das decisões judiciais que são pronunciadas, mas manifesta dúvidas sobre os aspectos operacionais e a temporalidade desse serviço público.

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Numa terra de recursos naturais escassos, mas com um rápido cresci-mento e modernização da sua economia, num País insular de pequena di-mensão, cujo desenvolvimento vem necessariamente da sua integração na economia global, a necessidade de planeamento estratégico não carece de demonstração. Na verdade precisamos de uma fortíssima capacidade de planeamento, para podermos valorizar todo o investimento feito em todo o território nacional, conseguir suscitar as sinergias, a iniciativa, o impulso e a coordenação ao nível local e assim acelerar a implementação dos projectos de desenvolvimento. Essa responsabilidade é do Estado e devemos ter as Reformas e os instrumentos de planeamento requeridos para essa tarefa organizativa de importância estratégica gigantesca.

Somos um Estado-arquipélago que tem uma história e uma identidade nacional consistente, que assenta numa grande homogeneidade cultural e tem um sentido de devir comum. Somos uma comunidade que vem do passado e se lança sem medo no futuro, uma comunidade de destino, uma verdadeira Nação. Esse sentimento de pertença conjuga-se perfeitamente com a nossa realidade de ilhas, um tipo de território que suscita a emer-gência de uma identidade local, perfeitamente compatível com a pertença à Nação, rica da sua diversidade. Esta realidade geográfica e sociológica deve conduzir em direcção às aspirações de equilíbrio de distribuição de Poder no seio da Nação de modo a favorecer o desenvolvimento de todo o seu território, de todos os seus contingentes humanos, nas ilhas e na Diás-pora. A organização do Estado e do Poder deve poder “operar” bem com o sentimento profundo do ser cabo-verdiano, cidadão e ilhéu, sem nenhum tipo de complexos.

O Estado de Cabo Verde deve ser “excepcionalmente activo” no plano internacional. Os cidadãos cabo- verdianos sabem que deve ser assim, pela nossa história, pelas nossas condições de existência e porque nos situamos na “encruzilhada dos oceanos” que ligam os continentes e as civilizações. Estamos ligados ao destino do Mundo há muitos séculos, par-ticipamos dos bons e dos maus momentos e acontecimentos da história deste lado do Mundo.

Sabemos que, com frequência, temos de ir buscar lá fora os recursos e as oportunidades que a Mãe- Natureza não nos deu nas ilhas. Foi sempre

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assim e, provavelmente, continuará a sê-lo por muito tempo. Foi assim que nos tornamos uma Nação “diasporizada”, que é parte da nossa existência e da projecção do nosso futuro. Temos por isso de ser um Estado que é um ”player”, um actor lúcido, que conhece as suas limitações, mas é capaz de aparecer como proponente de soluções inovadoras para a vida colectiva da humanidade, para as nossas preocupações de segurança própria e dos nossos parceiros, para as regras da cooperação para o desenvolvimento, enfim um Estado que assume as suas responsabilidades na formulação de novos instrumentos de relacionamento entre as Nações, designadamente em prol da circulação de bens e pessoas no Mundo.

6. A Economia: Crescimento com Justiça social

Em Cabo Verde, o PAICV marca de forma indelével os grandes resulta-dos de políticas e programas no desenvolvimento das pessoas, na redução da pobreza, no estabelecimento dos equilíbrios sociais e ambientais, bem como na infra-estruturação económica do País. Um processo continuado e ascendente de preparação da sociedade, das pessoas, das instituições, do Estado e da sua administração, para a realização do bem comum e da felicidade tão sonhada por diversas gerações de cabo-verdianos.

A economia de Cabo Verde registou um bom desempenho desde 2001, apesar das limitações, das suas vulnerabilidades e dos desequilíbrios das finanças públicas herdados na conjuntura de então. O crescimento foi robus-to, com aumento rápido e constante do PIB. O PIB nominal, de aproximada-mente 621 Milhões USD em 2002,passou para 1.648 Milhões USD, em 2010.

Na verdade mais do que duplicou num período de 10 anos, com o cres-cimento a acelerar rapidamente no período 2004-2010, o que foi decisivo para a qualificação de Cabo Verde como País de Renda Média. Esse cres-cimento teve um impacto directo no aumento da renda per capita, que actualmente ultrapassa os 3500 USD. O nível da pobreza diminuiu signifi-cativamente, passando de 49% em 1990, para 26,6% em 2007.

Os progressos realizados com os sucessivos governos do PAICV desde de 2001 no desenvolvimento social são evidentes ao nível de educação, da

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saúde, da previdência social, do acesso à habitação, da redução da pobre-za, da melhoria das condições de vida de vastos sectores e grupos sociais, do equilíbrio de género, entre outros avanços de grande significado.

Tal evolução indica que Cabo Verde conseguiu, de 2002 a 2012, reduzir a desigualdade na sociedade (medida pelo Índice de Gini), ainda que o alto nível de desigualdade continue sendo uma preocupação, que não pode ser ignorada, nem subestimada politicamente.

O país também registou um bom desempenho,em vários indicadores de desenvolvimento humano, em comparação com outros países subsarianos de renda baixa. O índice de desenvolvimento humano (índice de IDH) do PNUD, por exemplo, indica que Cabo Verde tem o quinto maior IDH na Áfri-ca Subsaariana, em 2011.

As melhorias contínuas, não apenas da renda, mas também dos indi-cadores políticos e sociais,são ganhos seguros e reais da governação do PAICV. Cabo Verde continua a progredir. No entanto, permanecem desafios críticos, na medida em que o país se eleva na escala de desenvolvimento, os novos patamares são exigentes e devemos depender cada vez mais das nossas capacidades endógenas para integrar e agir em ambiente de concorrência no mercado global.

É um facto que o crescimento abrandou nestes últimos 3 anos, devi-do aos efeitos da crise financeira global e à forte dependência externa de Cabo Verde, particularmente da economia na zona Euro, mergulhada em incertezas e em retracção do crédito e do investimento.

Ninguém pode hoje duvidar que Cabo Verde conheceu no período pós--independência um rápido processo de desenvolvimento assente na boa governação do país e que se traduziu na melhoria significativa do nível de bem-estar dos cabo-verdianos.

Também reconhecemos a existência de um consenso nacional em como a

continuação desse processo de desenvolvimento passa pela aceleração da transformação da economia e da sociedade cabo- verdianas com vista a uma inserção cada vez mais aprofundada e proveitosa na economia internacional.

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O Cabo Verde de hoje apresenta-se dotado de importantes factores de modernidade tais como o nível dos seus recursos humanos, a qualidade das suas instituições e o nível das suas infra-estruturas produtivas e sociais.

Porém, é cada vez mais visível a premente necessidade de acelerar o es-forço com vista a garantir que o país possa oferecer as melhores condições para um crescimento económico mais forte.

Ao mesmo tempo, tem-se consciência de que há que garantir que a apro-priação dos frutos do crescimento se faça de forma cada vez mais equi-tativa e justa. Este desiderato é fundamental para o PAICV, herdeiro do ideário de Cabral, no qual o objectivo da justiça social é uma constante. Mas é também uma condição da sustentabilidade de um ritmo acelerado de crescimento económico e uma expressão do nível de modernidade da sociedade.

Com este duplo objectivo de acelerar o ritmo de crescimento económico e de construir uma sociedade mais inclusiva e justa, propomo-nos mobilizar a vontade dos cabo-verdianos e as competências do país para a realização das reformas necessárias. Nalguns casos trata-se de dar continuidade ao que vem sendo feito, noutros de acelerar o ritmo da sua realização. Devemos, contudo, reconhecer que, à luz dos objectivos que visamos e dos desafios que enfrentamos, somos obrigados a estabelecer roteiros novos a seguir.

Assim, é percepção generalizada de que o sistema de ensino e formação deve ser reorientado para as necessidades da economia e a modernização tecnológica do país, para que se possa a um tempo maximizar o aproveita-mento dos recursos humanos enquanto factor de crescimento económico e garantir que a educação e formação funcionem como factor de integra-ção social pela via da inserção no mundo do trabalho.

Para uma grande parte dos trabalhadores cabo- verdianos a protecção a nível laboral e da previdência social é insuficiente e muitas vezes inexis-tente. Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho é caracterizado por níveis elevados de ineficiência, penalizando o integral aproveitamento do poten-cial de recursos humanos do país. Pelo que se impõe a revisão do código do trabalho e do regime de previdência social a fim de maximizar a criação

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de empregos, conter a expressão da informalidade das relações laborais e garantir à generalidade das famílias adequada e digna cobertura da previ-dência social. A realização destas reformas é algo que devemos sobretudo à jovem geração, a mais penalizada pelo desemprego.

Num país com o nível de desenvolvimento e sobretudo com as carac-terísticas geográficas que Cabo Verde apresenta, o Estado tende a ter comparativamente um papel mais alargado na gestão e promoção do de-senvolvimento. O outro lado deste papel do Estado é que as despesas do Estado tendem a pesar mais relativamente, o que constitui um ónus para a competitividade da economia.

Daí decorre a importância da permanente procura de soluções mais efi-cientes para a organização do Estado e a estruturação e funcionamento da Administração Pública. Cabo Verde está, pelo seu nível de desenvolvimento, reconhecidamente na dianteira no aproveitamento das modernas tecnolo-gias de informação e comunicação, o que se traduziu na melhoria do funcio-namento do Estado e da qualidade dos serviços. Estão em curso importan-tes medidas com vista à reforma do sistema de incentivos dos servidores do Estado, vector igualmente importante da modernização e eficiência da administração pública e cuja implementação com sucesso é crucial.

É contudo inegável que a atenção deve agora ser virada para as ques-tões relativas à organização do Estado e à racionalização das estruturas da administração. Conquanto, neste domínio, os desafios sejam complexos e os aspectos a considerar sejam múltiplos, a preocupação com a eficiência económica deve estar sempre presente.

Para que o Estado possa cumprir as suas importantes funções, nomea-damente a nível social e da promoção do desenvolvimento, deve dispor dos recursos necessários. No estádio de desenvolvimento que o país já alcançou, a mobilização de recursos internos ganha cada vez mais impor-tância. Para tal, a fiscalidade (e a parafiscalidade) deve ser modernizada, orientando-se pelos objectivos de garantir a equidade, favorecer o cresci-mento e a criação de empregos e proteger o ambiente.

Em consonância com estes objectivos, a fiscalidade deve priorizar a tri-butação da despesa e, na tributação do rendimento, aliviar a tributação das

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empresas. Em ordem a favorecer o emprego e melhorar a competitividade das empresas, há que diminuir o ónus que recai sobre a folha de salários.

Com a reforma da tributação da despesa e actual reforma da tributação do rendimento está já bem avançado este processo de modernização fiscal de uma forma geral. Impõe-se agora modernizar a tributação do patrimó-nio, com vista a obter ganhos em termos de equidade fiscal e mobilizar re-cursos adicionais. As enormes necessidades em termos de financiamento de infra-estruturas urbanas e os custos inerentes à melhoria dos serviços urbanos concorrem para acentuar a urgência de se reformar também este domínio da fiscalidade.

O Regime Especial das Micro e Pequenas empresas constitui uma ini-ciativa inovadora na busca de uma fiscalidade e parafiscalidade ajustada à realidade dessas entidades empresariais pelo que a sua implementação eficaz é susceptível de desincentivar a fuga das iniciativas empresariais para a informalidade e favorecer a criação de empregos estáveis e remu-neradores atractivos para a jovem geração com nível de escolaridade e formação mais elevado.

O período de crescimento acelerado da economia foi interrompido pela crise económica e financeira internacional que teve impacto acentuado nas fontes de financiamento da economia, levando o Estado a implementar uma política anti-cíclica baseada num ambicioso programa de infra-estru-turação do País. Em consequência, esgotou-se em grande medida a mar-gem de endividamento do Estado.

O País tem potencialidades para se transformar num destino turístico de nível mundial e beneficia já de alguma notoriedade no mercado internacio-nal que lhe é conferida pela presença de operadores internacionais com amplos canais de distribuição. A aposta estratégica deve ser a um tem-po a criação de condições que garantam a continuidade de investimentos destinados ao alargamento da capacidade de acolhimento de turistas e o enriquecimento da oferta turística nacional, para que haja disseminação dos efeitos do turismo a outros sectores da economia e a outras regiões do país. Só assim conseguiremos maximizar a criação de riqueza e de empre-gos, diversificar a economia e acelerar o seu crescimento.

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A retoma de um ritmo aceitável de crescimento no futuro próximo de-penderá fundamentalmente da capacidade de atracção de Investimento Estrangeiro, de poupanças de emigrantes e do restabelecimento do crédito interno à economia.

A competitividade fiscal, a qualidade dos recursos humanos e a eficiência do mercado de trabalho bem assim a qualidade dos serviços de infra-estruturas e da administração pública são factores essenciais na atracção do investimento estrangeiro que devem no contexto actual merecer atenção acrescida.

Neste período crítico, as remessas e os investimentos de emigrantes são a fonte de financiamento da economia que maior resiliência tem eviden-ciado, sublinhando deste modo a potencialidade das poupanças dos emi-grantes no desenvolvimento do país. Deve ser colocada na ordem do dia a actualização dos incentivos concedidos aos emigrantes para o investimen-to no país. Ganhos significativos podem ser obtidos pela via da reorienta-ção dos investimentos dos emigrantes para os sectores e projectos mais promissores. Aqui papel acrescido caberá ao esforço de informação dos emigrantes sobre as oportunidades de investimento.

Nada ilustra melhor o papel das poupanças dos emigrantes no finan-ciamento da economia nacional do que o facto de constituírem mais de um terço do dinheiro do país. Face, contudo, à crescente dificuldade expe-rimentada pelos bancos na intermediação dessas poupanças, o sistema financeiro deve inovar e oferecer novos produtos aos emigrantes como for-ma de garantir o continuado afluxo de poupanças de emigrantes.

Na origem da estagnação do crédito à economia estão essencialmente o sobreendividamento das empresas e uma atitude aparentemente dos bancos face à assunção de riscos. Considerando que os constrangimentos mais importantes se situam a nível da procura de crédito, as soluções mais eficazes que se oferecem são: a) actuação do Estado com vista à diminui-ção do risco da economia e ao restabelecimento da confiança dos agentes económicos. b) Implementação de mecanismos de partilha de risco em que o Estado assume parte dos riscos. c) redução do grau de alavancagem das empresas pela via de redução da dívida e de aumento de capital.

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Para a viabilização do financiamento é, porém, decisivo que as empre-sas reorientem as suas actividades para projectos empresariais rentáveis. Particular importância deve merecer o financiamento das micro- peque-nas e médias empresas, tanto pelo seu papel no tecido empresarial como pelo volume de empregos que proporcionam. Neste domínio, para além dos mecanismos de partilha de risco, a capacitação em gestão, particular-mente na elaboração de planos de negócios, é fundamental. Atenção deve igualmente merecer os serviços de registo de garantias e a agilização da recuperação de dívidas pela via judicial.

Coloca-se a questão do papel do Estado na economia. É inquestionável o papel que ao Estado cabe na promoção de uma política estrutural que su-porte o crescimento sustentável e acelerado da economia. As opiniões são menos consensuais no que tange ao papel empresarial do Estado. A nossa posição é que a resposta a esta questão não deve ser de forma alguma ideológica mas sim pragmática e à luz da nossa realidade específica. Neste aspecto, é a nossa própria experiência a nos aconselhar que uma condição indispensável ao sucesso das operações de privatização é que o adquiren-te tenha a capacidade e a negócio e realizar os investimentos necessários ao seu desenvolvimento de acordo com as necessidades do país.

De resto, neste domínio, como noutros, devem ser procuradas soluções inovadoras, adequadas à nossa realidade, havendo amplas possibilidades para a configuração de parcerias público-privadas tanto na realização de investimentos em infra-estruturas como no desenvolvimento de projectos empresariais.

7. Para um Cabo Verde com prioridades e exigências.

Os resultados e níveis de desenvolvimento conseguidos pelo País, e os problemas que ainda persistem, colocam desafios enormes a Cabo Verde para alcançar o desenvolvimento e a prosperidade de toda a Nação cabo-verdiana. O PAICV assume-se como defensor de um modelo económico, político, social, cultural e ambiental equilibrado, que satisfaça as necessi-dades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades.

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Assim, todo o Programa do Partido aposta num estilo de desenvolvimen-to económico atento às exigências de melhoria constante das condições de vida da população, ainda que mantendo os equilíbrios orçamentais in-dispensáveis à manutenção da estabilidade económica, financeira. Somos também ecologicamente cautelosos na utilização dos recursos naturais, socialmente comprometidos com a redução da pobreza e a extrema desi-gualdade social.

Esta preocupação com a existência de uma sustentabilidade económica

baseada na promoção do crescimento progressivo, mediante a promoção de investimentos públicos que viabilizem e amparem a iniciativa privada, procura igualmente a regularidade e a estabilidade dos fluxos de investi-mentos, a compatibilidade entre padrões de produção e consumo, de ren-dimento e eficiência fiscais com justiça fiscal, sempre no respeito pelos equilíbrios fundamentais na gestão da economia.

Existem assim metas sociais que são nossos propósitos políticos e que temos de colocar como prioridades estratégicas. Concentram-se em al-guns eixos estruturantes, adiante enunciados:

• Muitos dos investimentos que queremos ver realizados e a viabilização de um tecido de micro, pequenas e médias empresas depende de uma impulsão rápida do rendimento interno, ou seja de um crescimento sus-citado e estimulado do Emprego. As políticas públicas de estimulação do Emprego, numa economia com as nossas características, não po-dem depender apenas da receita clássica: “formação=empregabilidade (provável)”. Em matéria de implementação do Pacto para o Emprego e o Rendimento, precisamos de uma nova visão, inovadora nas soluções e adaptada à nossa realidade e condições. Essa é, sem sombra de dúvi-das, uma prioridade das políticas do Estado.

• Somos um arquipélago cuja economia precisa de ser um todo-nacio-nal estruturado para a rentabilidade económica. Tal pressuposto exige um grande esforço de programação e de articulação entre os investi-mentos na formação e nas infra-estruturas e a racionalidade política e económica da sua distribuição pelas ilhas. Isso é possível apenas com uma forte mobilização do esforço local público e privado, numa parceria

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virtuosa. Nesta matéria também precisamos melhorar continuamente o nosso desempenho.

• Sem dúvidas precisamos ter uma Administração “amiga” da economia, dos negócios, e da iniciativa empreendedora, que tem na governação económica uma das suas prioridades de acção quotidiana, numa arti-culação constante, combinada e programada com a participação dos privados, que permita uma maior eficiência na alocação dos recursos. Trata-se de parceria e proximidade na decisão e no acompanhamento.

• As “novas economias” ligadas às tecnologias de informação e comu-nicação, ao conhecimento, às novas energias e soluções de economia social, ao lazer, à inovação social e à cultura representam um mercado importante de pequenas e médias empresas, cuja dinâmica possa ser estimulada mediante boa regulação e incentivos bem direccionados.

• A criação de novas soluções de acesso ao crédito, com mecanismos adaptados à nossa realidade, compreendendo as garantias e o siste-ma de seguro de créditos, em condições vantajosas para as iniciativas económicas “nascentes”, numa perspectiva de política de Emprego e Rendimento, isto é percebido como investimento de largo espectro e resultados a prazo.

Para materializar essas prioridades e vencer os “desafios críticos” que lhes estão associados, devemos enfrentar com sucesso algumas tarefas essenciais tais como:

a. A valorização da posição geoestratégica de Cabo Verde para a maxi-mização das condições de atractividade do País e a competitividade da sua economia, mobilizando e direccionando investimentos, particu-larmente nos sectores estratégicos dos transportes, do turismo e da economia marítima;

b. O aceleramento do processo de reformas, em especial a simplificação e modernização administrativas, tendo em vista a melhoria do ambien-te de negócios e o evento de uma máquina pública ao serviço do de-senvolvimento;

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c. A formação e qualificação permanente dos Recursos Humanos colo-cados à disposição do Estado, da sociedade e da economia, tendo em conta esse factor fundamental da nossa competitividadee as necessi-dades do mercado global onde estamos inseridos;

d. A promoção do empreendedorismo económico e social, com vista ao dinamismo da sociedade, sua capacidade de interiorizar a inovação com vista aos ritmos elevados de crescimento e a sustentabilidade do nosso desenvolvimento;

e. Uma abordagem mais desenvolvida e diversificada das parcerias es-tratégicas e de novas soluções bem concebidas do tipo “Project Finan-ce” para a continuação do financiamento da infra- estruturação e a da Agenda de Transformação.

8. Cabo Verde: Nação Global com “vantagens comparativas”

Cabo Verde é cada vez mais uma Nação com visibilidade global também pela existência de comunidades estabelecidas em diversas partes do Mundo, e em contínua expansão. A emergência de comunidades cabo-verdianas recentes no Reino Unido, na Dinamarca, na China, ou o seu dinamismo renovado na Argentina, no Brasil e noutras paragens dão conta dessa evolução constante.

Sabemos todos da importância que as comunidades cabo-verdianas no exte-rior têm tido para Cabo Verde, na modernização da vida política, social e cultural, nessa abertura e contacto directo e instantâneo que temos com o Mundo, para não falarmos do facto estruturante que é ter boa parte da massa monetária do País resultante directamente das remessas da emigração, permitindo-nos equi-líbrios financeiros que doutro modo dificilmente poderíamos atingir.

Temos um longo passado de emigração, que se inicia desde o século XVII com a ida dos ilhéus para a costa ocidental africana e a implantação do crioulo nas terras de Casamansa e da então Alta Guiné, e continua depois para as terras da América do Norte e do Sul, de Senegal, Angola e S. Tomé, e mais tarde para os países da Europa. Hoje são comunidades, por vezes, expressivas em número e prestígio nos países de residência, onde cada

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vez mais ganham maior capacidade de interagir na sua própria integração e com Cabo Verde, a terra de sua partida ou de partida dos seus ancestrais.

Temos uma longa experiência acumulada nessa matéria da emigração, as organizações cabo-verdianas no exterior ganham dinamismo e capaci-dade de projecção de sua influência, e com isso o País também ganha em conhecimento e contactos em novos espaços políticos, novos mercados, novas culturas, novos modos de vida, novas oportunidades. A ideia de uma Nação Global, capaz de existir em si e para si, é um projecto de vital impor-tância para Cabo Verde, para a sua afirmação futura como economia, como cultura e como Estado no seio da Comunidade das Nações.

Esta nossa candidatura tem uma visão muito clara de como é central a existência de uma estratégia de longo prazo em matéria de políticas da emigração, bem como a adopção progressiva e intencional de políticas muito mais activas e ousadas em relação à existência e importância das comunidades emigradas na Vida do País, bem como ao reverso da moeda que é ter comunidades imigradas em Cabo Verde.

Esta é certamente uma matéria onde podemos ser activos no plano in-ternacional, usando as nossas “vantagens” de uma longa experiência emi-gratória e o cenário das transformações e do desenvolvimento obtido em Cabo Verde graças à emigração, e à gestão da circulação de contingentes humanos, no momento em que o fenómeno tende a ser encarado como uma ameaça à estabilidade no Mundo. Temos nesta matéria uma visão muito inovadora do que é preciso fazer em Cabo Verde.

9. A Política Externa

A Política externa tem sido um grande trunfo para Cabo Verde, desde o primeiro momento da existência do nosso Estado, e é consensual que se trata de um dos principais recursos não tangíveis do País, de uma grande importância para a nossa sobrevivência, para a defesa da nossa existên-cia e modo de vida soberano, para a organização da nossa vida colectiva e sua transformação, como tem vindo a acontecer, ao longos dos últimos 40 anos.

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Num mundo em rápida mutação e surpreendentes reconfigurações, o Estado de parcos recursos naturais, pequena dimensão territorial e popu-lacional, mas colocado em posição geo-estratégica relevante na circulação e nas transacções mundiais, Cabo Verde não tem escolha senão a de ter uma Política externa de muita clarividência e activismo político na cena mundial. Temos de combinar as nossas alianças tradicionais e antigas, os parceiros que temos tido ao longo destes tempos, os relacionamentos pri-vilegiados que temos à conta da presença, conhecimento, afectos e con-tactos das comunidades cabo-verdianas em diversos pontos do mundo, e ainda a emergência de novos espaços de poder económico, comercial e de influência política no Planeta.

Devemos combinar ainda dados importantes da nossa identidade como sejam a posse de uma língua falada em vários continentes, a familiaridade cultural que advém da nossa génese como Povo de encontro e síntese cul-tural, e a trajectória de Povo ligado ao mar, à circulação e mobilidade, para ampliarmos o leque e a nossa capacidade de relacionamento, diversificar ainda mais os nossos parceiros e as modalidades da cooperação interna-cional com novas regiões do Mundo, desde logo com o nosso próprio con-tinente africano.

Antigamente a Política externa e a diplomacia eram vistas como uma função do poderio político-militar e económico, determinantes da capa-cidade de influenciar o curso dos acontecimentos e as relações entre os Estados e outros sujeitos internacionais.

O Mundo mudou e Cabo Verde tem a suas “vantagens” que pode utilizar com inteligência, com sabedoria e intencionalidade. Somos um Estado que goza de respeitabilidade e prestígio internacional pelo percurso realizado, pela sua estabilidade, pela democracia e respeito dos Direitos Humanos; um País que ganha visibilidade no turismo, na cultura, no desporto. Somos um Estado que já demonstrou que é capaz de avançar com propostas de Paz e resolução de conflitos internacionais, de aparecer na ajuda à solução de problemas de segurança colectiva, de repressão de tráficos ilegais, e de migrações descontroladas; com ideias inovadoras em matéria de coo-peração internacional para o desenvolvimento; uma sociedade que pode funcionar como exemplo de estruturação para o exercício da democracia,

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da prática de políticas de desenvolvimento e do caminho para atingir níveis progressivos de bem-estar e qualidade de vida da população. Sobretudo, trata-se trilhos e caminhos que já experimentámos, onde os resultados existem e demonstram que somos capazes de os atingir, quando quere-mos e nos organizamos para os resultados.

Nesta candidatura, queremos conseguir muito mais para Cabo Verde, também em matéria de Política externa. Queremos, porque sabemos que podemos conseguir. E queremos com muita força!

Habilitada para apropriar-se da ciência e tecnologia para melhor identifi-car e explorar as fontes de riqueza existentes no nosso país.

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Subscritores da Moção:

1. Felisberto Alves Vieira (Filú)

2. Júlio Lopes Correia

3. Aristides Raimundo Lima

4. Arnaldo Andrade Ramos

5. Carlos Augusto Burgo

5. Amaro da Luz

6. Iva Cabral

7. Nilda Fernandes

8. Fernando Moeda

9. Paula Moeda

10. Adélcia Pires

11. Basilissa Pires

12. Fátima Fialho…

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M O D E R N I Z A R P A I C VA F I R M A R O S N O V O S C A M I N H O S

D E S U C E S S O D E C A B O V E R D E

C A M I N H O S P A R A U M A L I D E R A N Ç A S E R V I D O R A

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