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Moção de Orientação Política XIV CONGRESSO DISTRITAL DO PORTO 1.コ Subscritor: Renato Sampaio

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Moção de Orientação PolíticaXIV CONGRESSO DISTRITAL DO PORTO

1.º Subscritor: Renato Sampaio

PS PORTO POSITIVO

MOÇÃO DE ORIENTAÇÃO POLÍTICA AO XIV CONGRESSO DISTRITAL DO PORTO

MOÇÃO DE ORIENTAÇÃO POLÍTICA AO XIV CONGRESSO DISTRITAL DO PORTO

I – UMA REGIÃO POSITIVA

1. O Porto como locus de desenvolvimento regional

1.1. Um contexto marcado pela crise económica

1.2. O potencial de mudança está num Porto Positivo

1.3. O cluster da economia do Mar

1.4. Um PS/Porto positivo como força mobilizadora da economia

regional

2. Regionalização, Descentralização e Desconcentração como pilares da

reforma democrática do Estado

2.1. Preparar a Criação das Regiões Administrativas

2.2. Desconcentração da Administração Territorial do Estado

2.3. Descentralização de Competências para Municípios

2.4. Novo Quadro de Competências para as Freguesias

3. Os grandes desafios regionais – Um novo paradigma de desenvolvimento

económico-social

3.1. Economia social – a importância do terceiro sector

3.2. Uma política Florestal para o distrito do Porto

3.3. Turismo – actividade económica de relevo para o distrito

3.4. Políticas de Emprego e empreendedorismo

II – UM PARTIDO POSITIVO

1. Uma visão lúcida sobre o nosso passado

2. Uma Renovada exigência e ambição para o futuro

3. PS/Porto – Um espaço qualificado de exercício da cidadania

3.1. Valorizar o papel dos militantes

3.2. Esquerda é Juventude

3.3. Parceiros Iguais – Cidadania Plena

3.4. Reforçar as dinâmicas de abertura à sociedade

3.5. Horizontes Eleitorais

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I - UMA REGIÃO POSITIVA

1. O Porto como “locus” de desenvolvimento regional e nacional

1.1.Um contexto marcado pela crise económica

Os últimos dados do Eurostat sobre a região Norte confirmam uma realidade socioeconómica

que já todos tínhamos intuído. Ainda assim, a crueza dos números não deixou de ser amarga e

revoltante. No espaço de uma década, o Norte foi a única região portuguesa a distanciar-se da

média comunitária no que respeita ao PIB per capita. Em 1997, a riqueza produzida por cada

habitante da região correspondia a 63,6% da média da UE (a Quinze). Dez anos decorridos, o

PIB per capita nortenho caiu para 60,3% da média comunitária. Isto significa que o Norte não

só não recuperou o atraso que tinha em relação aos seus parceiros comunitários como,

comparativamente, ficou mais pobre.

A adesão de Portugal ao euro e o processo de globalização retiraram competitividade aos

nossos sectores exportadores. Ora estes sectores predominam, justamente, na região Norte e

uma boa parte das suas empresas não logrou compensar a valorização do câmbio real com

uma melhoria da produtividade, nem teve condições para concorrer com mercados onde os

custos do factor trabalho são bastante mais baixos. Pela mesma razão, as multinacionais

implantadas no Norte deslocalizaram-se para os países emergentes e a região perdeu

capacidade para atrair Investimento Directo Estrangeiro.

1.2. O potencial de mudança está num Porto Positivo

A revitalização da região Norte obriga à adopção de um paradigma de desenvolvimento

económico baseado no conhecimento. A estrutura produtiva nortenha tem de encontrar o

seu esteio já não tanto nos factores tradicionais de competitividade, mas sobretudo na

valorização económica da investigação científica, da sofisticação tecnológica e do potencial

humano.

A crise económica provocou uma forte redução da procura internacional, designadamente nos

mercados tradicionais de destino dos nossos bens e serviços. Mas a saída para o impasse em

que se encontra a economia nacional passa, incontornavelmente, pelo crescimento das vendas

ao exterior, pelo aumento da intensidade tecnológica das exportações e pela diversificação

dos mercados de destino.

A área geográfica de Braga a Aveiro concentra 1/3 dos portugueses e o Porto, enquanto cidade

metrópole tem condições de mobilizar energias e projectos a favor do distrito, da região e do

país.

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O Porto é, por mérito próprio, sinónimo de força de vontade, conquista, capacidade de

resistência e luta. Foi aqui que nasceu o primeiro movimento revolucionário que teve por

objectivo a implementação do regime republicano em Portugal. Foram as gentes do Porto que

se mobilizaram para a maior manifestação de apoio à volta das candidaturas de Norton de

Matos e Humberto Delgado. Das gentes do Porto nasceram os primeiros movimentos sérios de

oposição a Salazar.

Aqui os conceitos de cidadania, pró-actividade, inovação e conhecimento são verdadeiramente

genuínos, não são importados de outras paragens.

Contra tiradas mediáticas politicamente oportunistas que vendem alguns títulos

depressivos, o Porto contrapõe com a sua vocação empresarial e empreendedora, capital

humano que supera dificuldades e busca oportunidades.

Esta tem sido, aliás, a mensagem do Governo cuja acção governativa já se traduz em muitos

progressos alcançados.

Assistimos, pois, à desejada transição para a economia do conhecimento, embora este

processo não esteja ainda a decorrer com a velocidade e sustentação ideais. Para que tal

aconteça, é fundamental que o Norte seja capaz de produzir bens e serviços transaccionáveis,

com conteúdo de inovação e vocacionados para o exterior.

O Porto é já exportador líquido de tecnologia, não faltam hoje bons exemplos de empresas

de sucesso e inovadoras (só para dar alguns exemplos, no Porto situam-se a maior empresa do

sul da Europa em Software clínico, o maior grupo privado português, o maior grupo

farmacêutico português, o líder mundial no mercado dos derivados de madeira, líder mundial

no fabrico de produtos compósitos para desporto, o líder europeu na criação e gestão de

centros comerciais, várias empresas que são já referencias mundiais em software, etc )

aumentaram os centros de I&D na região com prestígio internacional e as universidades

estão a produzir mais investigação aplicada. (a Universidade do Porto é a maior Universidade

Portuguesa em número de estudantes, de faculdades e de cursos e reconhecida hoje como

uma referência do melhor ensino superior a nível europeu)

Temos hoje uma rede viária e de auto-estradas que constitui uma marca socialista, ao serviço

do desenvolvimento da região.

O aeroporto do Porto, graças ao grande investimento na sua requalificação, é hoje

considerado o melhor aeroporto da Europa (Airport Council International) e vive um

momento de grande crescimento da sua actividade.

O Metro do Porto foi considerado como o melhor novo metropolitano ligeiro do mundo

(União Internacional do Transporte Público) que nasceu da visão de futuro de autarcas

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socialistas e graças à governação do PS e oferece hoje aos cidadãos do distrito um novo

paradigma de mobilidade para o distrito.

O Porto de Leixões é o mais competitivo porto nacional, uma referência nas cadeias

logísticas, plataformas e contexto portuário europeu.

São hoje reconhecidos no nosso distrito os 'clusters' de especialização e vocação exportadora

de excelência em áreas como a biotecnologia, tecnologias da informação e nanotecnologia.

Há, portanto, condições potenciais para que o Norte modernize o seu tecido empresarial com

base no conhecimento e, deste modo, reforce a nossa competitividade externa.

É assim fundamental a aposta no empreendedorismo de base tecnológica, no turismo de

excelência, na cultura e indústrias criativas, na economia do mar e do ambiente.

Outros sectores tradicionais da região podem igualmente ser dinamizados por projectos com

elevada intensidade de I&D, conhecimento e criatividade. As chamadas Indústrias Criativas,

por exemplo, não só têm impacto directo no crescimento económico, no emprego e na

atracção de brainware como também dinamizam os sectores tradicionais. É fácil de imaginar o

valor acrescentado que um impulso de criatividade pode gerar em sectores como os têxteis, o

calçado ou o mobiliário, contribuindo assim para o reforço da sua competitividade.

É na base deste pressuposto que entendemos que o Porto pode dar um contributo importante

não só para a recuperação económica da região como para a sustentabilidade futura do país.

1.3. Economia do Mar

Um dos sectores com mais tradições no Norte é aquele que concentra o vasto conjunto de

actividades ligadas ao mar. Na região, a cultura marítima atravessou séculos de História e

conhece ainda hoje forte enraizamento entre a população. É no mar que o Norte encontra

alguns dos seus mais importantes recursos naturais, a partir dos quais se desenvolvem

actividades com grande peso socioeconómico.

É certo que a nossa frota pesqueira diminuiu e a sua actividade foi condicionada pelas

limitações às capturas, ao mesmo tempo que a indústria conserveira perdeu competitividade,

a construção naval entrou em declínio e as zonas costeiras viram agravar-se os riscos de

erosão. Mas há condições não apenas para revitalizar as actividades tradicionais como para

explorar outras oportunidades económicas da Fileira do Mar: desde a animação turística às

infra-estruturas portuárias, passando por actividades emergentes como a aquacultura, a

biotecnologia marítima, as energias renováveis, a robótica submarina, a engenharia de

sistemas ou a talassoterapia.

A competitividade destas novas actividades da Economia do Mar depende eminentemente

do conhecimento, da investigação científica e da inovação tecnológica. Mas também neste

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particular o Norte está bem servido de recursos físicos e humanos, como prova o futuro

Terminal de Cruzeiros de Leixões. Este projecto, já em andamento, inclui, entre outras

valências, o Parque de Ciência e Tecnologias do Mar da Universidade do Porto, que prevê a

instalação de laboratórios de ponta, a atracção de centros de I&DI e a incubação de start-ups

de base tecnológica. De resto, há muito que a Universidade do Porto dispõe de massa crítica

na investigação marítima, havendo por isso uma plataforma de sustentação científica para as

actividades emergentes do cluster do mar.

1.4. Um PS/Porto Positivo como força mobilizadora da economia regional

Graças a uma acção governativa sem precedentes de investimento no nosso distrito, são já

evidentes os sinais de mudança.

É neste contexto que se exige um PS/Porto forte, responsável e, acima de tudo, exigente

consigo mesmo como potenciador de desenvolvimento económico na região.

Sem falsas modéstias, nos últimos anos, a Federação Distrital do Porto, através do forte

empenhamento pessoal e político de alguns dos seus dirigentes, deu decisivos contributos

para atrair investimento público e privado ao nosso distrito.

Não precisamos de aparecer em títulos de primeira página para vermos implementadas na

nossa região as estratégias que no futuro a farão recuperar do atraso endémico que nos

afecta.

Recusamos o discurso derrotista e mantemos a ambição de construir um PS/Porto com

impulso para maximizar o potencial de crescimento económico que a região encerra. Que não

haja dúvidas: o distrito do Porto apresenta inúmeras vantagens competitivas e, como a

História comprova, o espírito empreendedor integra o ADN da região.

Importa, pois, gizar uma estratégia de desenvolvimento que promova e valorize aquilo que o

Porto sabe fazer melhor. É nessa estratégia que o PS/Porto se assume parceiro das

instituições, do tecido empresarial, das autarquias e das populações.

Importa pois incentivar o relacionamento entre ciência, engenharia e tecnologia, estimulando

as parcerias entre universidades e as empresas. O distrito do Porto pode criar benchmarking

em práticas de investimento em inovação, (tais como desenvolvimento da nanotecnologia,

sector farmacêutico e energias renováveis) assim como criação de clusters de tecnologia do

conhecimento.

É, assim, necessário um PS/Porto com energia para, com a responsabilidade e lucidez

necessárias, reclamar junto do Governo nos canais próprios a atracção de investimentos,

empresas e centros de decisão para o distrito.

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É fundamental relevar o sentido de responsabilidade e serviço público em detrimento de

protagonismos imediatos. É esse sentido cívico que a população do distrito espera de nós - um

PS/Porto mobilizador e protagonista de um projecto político consistente, assente num modelo

de desenvolvimento económico e social capaz de conduzir o distrito do Porto a uma dinâmica

sustentada de afirmação nacional.

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2. Regionalização, descentralização e desconcentração como pilares da

reforma democrática do Estado

A equidade territorial e a descentralização racionalizada de atribuições e competências para

níveis de decisão mais próximos dos cidadãos, corresponde a um compromisso do programa

de Governo do Partido Socialista e a um desafio de eficiência das políticas públicas que

assume particular relevância no actual quadro marcado pela necessidade de resposta à crise

financeira internacional.

Para o PS/Porto a criação das regiões administrativas, o aprofundamento do processo de

descentralização de competências para os municípios lançado pelo primeiro governo de José

Sócrates e coordenação territorial da administração desconcentrada do Estado são processos

de reforma político-administrativa que exigem uma actuação coerente de todas as áreas de

Governo e a colocação destas questões no centro da agenda política.

Com o caminho já percorrido importa dar um novo impulso à Reforma Democrática do Estado

com as seguintes linhas essenciais:

2.1. Preparar a Criação das Regiões Administrativas

A regionalização não pode continuar a ser um mito constitucional por cumprir agitado como

bandeira de combate político inconsequente – A regionalização reforça a eficácia das

políticas públicas, ao aumentar a racionalidade da decisão contribui para a transparência e

contribui para a consolidação orçamental.

A regionalização significa dar legitimidade democrática a uma desconcentração territorial

coerente no respeito pelas competências normativas de âmbito nacional ou de soberania que

cabem ao Governo e pelas matérias de gestão de proximidade a cargo dos municípios.

O núcleo essencial das competências regionais corresponde às actuais missões das CCDR e

demais serviços regionais nos domínios do planeamento, da promoção do desenvolvimento

regional e na definição de redes de serviços públicos regionais.

As regiões devem inicialmente ter competências claras, actualmente pertencentes aos serviços

regionais do Estado, evitando despesismo e duplicação de funções mas sim reforçando a

eficiência, democraticidade e proximidade das decisões.

Um corpo inicial de poderes deve incluir a gestão dos Planos de Ordenamento Regionais, a

definição das redes regionais na saúde e na educação e a promoção da competitividade e da

marca regional em domínios como o turismo, a atracão de investimentos ou a promoção do

potencial agro-florestal.

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A Federação Distrital do Porto do Partido Socialista tem uma grande responsabilidade numa

abordagem séria que leve à concretização deste desígnio. Dessa forma pretendemos contribuir

com a nossa vontade política para preparar o país para a implementação das regiões

administrativas, avançando já para uma fase experimental de governação regional, sem

aumento da despesa pública.

Nesse escopo propomos:

A) Dar visibilidade politica às CCDR que passariam a ter poderes relativamente a todas

as competências regionais actualmente atribuídas aos serviços regionais dos

ministérios.

B) As competências a exercer pela administração central seriam coordenadas pelos 5

governadores civis regionais a quem caberia superintender nos serviços

desconcentrados do Estado, mantendo as competências e como autoridade em

políticas de segurança e protecção civil. Esta alteração não tem efeitos na despesa.

C) Criação de uma Assembleia Regional de eleição indirecta pelas assembleias

municipais da região, agrupadas por Comunidades Intermunicipais, com

competências para aprovar o orçamento das estruturas regionais, planos regionais

e documentos orientadores da acção da CCDR.

D) Manutenção do Conselho Regional como órgão consultivo integrado pelos

presidentes de câmara da região.

Após um período a definir com base em consenso político alargado que permitiria testar o

modelo experimental de governação regional, seria realizado um referendo com base num

modelo concreto de competências, regime de financiamento e, sobretudo, perguntando aos

portugueses se pretendem a eleição democrática directa dos órgãos regionais ou a

manutenção de um sistema misto com um órgão executivo designado pelo Governo e um

órgão deliberativo eleito com base nas assembleias municipais.

Estas propostas são compatíveis com a estratégia de consolidação orçamental e reforçam a

descentralização e a qualidade das políticas públicas. Dependem de vontade política e de

capacidade para gerar consensos políticos alargados e aí o PS/Porto dever estar na linha da

frente pela sua implementação, já que, no nosso entender, destas propostas resultará:

1. Coerência e Visibilidade no modelo de desconcentração da Administração Central;

2. Definição de uma agenda de descentralização para os municípios e a clarificação da

vocação das áreas metropolitanas, das comunidades intermunicipais e das

freguesias;

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3. Criação de um modelo experimental de governação regional com legitimidade

democrática derivada e sem necessidade de referendo;

4. Preparação do referendo sobre a instituição de regiões com legitimidade

democrática com base na experiência do período transitório e com base em

consenso alargado sobre competências e financiamento.

O nosso compromisso com os militantes do distrito e da Região: Com o objectivo de alargar

consensos, mobilizar vontades e estimular o debate na região, propomo-nos organizar um

congresso da Região Norte, envolvendo forças políticas, instituições, agentes económicos e

cidadãos.

2.2. Desconcentração da Administração Territorial do Estado

Nesta matéria, para o PS/Porto é desejável concluir o processo de racionalização de base

regional extinguindo todos os serviços de base distrital ou qualquer outra que não

corresponda ao modelo das cinco regiões.

A representação desconcentrada do Estado deve ser feita preferencialmente numa base

regional coerente sem o que os portugueses não acreditam na vontade de racionalizar e

descentralizar o Estado. A existência de serviços do Estado de âmbito sub-regional deve ser

debatido pelas estruturas regionais tendo como única preocupação a qualidade do serviço

público e a articulação com as CIM a nível de NUTIII como já está a ser feito na gestão dos

fundos comunitários ou nas novas comarcas judiciais de base sub-regional.

O atendimento directo dos serviços públicos a nível local deve ser concentrado nas lojas do

cidadão no quadro do programa do seu alargamento a todos os municípios.

Entendemos que o caminho passa pela atribuição às CCDR da efectiva coordenação de todos

os serviços desconcentrados do Estado nas áreas económicas e sociais, permitindo dessa

forma dar mais visibilidade à dimensão regional das políticas públicas.

Da mesma forma, reclamaremos a atribuição às CCDR e aos órgãos regionais do Estado do

poder de articulação na execução de programas nacionais com as áreas metropolitanas e os

municípios.

2.3. Descentralização de competências para municípios

Para a Federação Distrital do Porto a prioridade deve residir na plena aplicação do princípio da

subsidiariedade e da agenda para a descentralização lançada em 2006 para celebrar trinta

anos de poder local democrático.

É necessário pois envolver os autarcas do PS no distrito neste amplo debate, mas devemos

equacionar as áreas de actuação imediata, que deverão privilegiar a intervenção dos

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municípios nas políticas sociais de proximidade e nos domínios com impacto territorial. São

assim de destacar e a título de exemplo, a descentralização para todos os municípios da gestão

de todo o ensino básico bem como das escolas secundárias integradas ou a participação

alargada dos municípios na definição do âmbito e na gestão dos agrupamentos escolares;

Devemos também concretizar a gestão municipal da acção social escolar, do desporto e da

saúde escolar, assim como a participação efectiva das autarquias na gestão dos agrupamentos

de centros de saúde.

As áreas metropolitanas e as CIM são entidades supramunicipais que articulam a uma escala

necessária a intervenção dos municípios não se confundindo com as regiões administrativas.

Cabe-lhes a definição de prioridades quando é indispensável a articulação entre municípios, a

gestão de redes e a representação em questões supramunicipais.

São os casos, designadamente, da participação na definição de redes e na gestão de

transportes, em articulação com as autoridades metropolitanas de transportes, a gestão do

abastecimento de água, o tratamento de resíduos ou a definição das redes de abastecimento

de energia. Cabe ainda às entidades supramunicipais a gestão da parte descentralizada dos

programas apoiados por fundos europeus.

2.4. Novo quadro de competências para as freguesias

a) O actual contexto

As freguesias são o nível de poder político mais próximo dos cidadãos e dos seus problemas,

constituindo por isso uma mais-valia no quadro da nossa organização político-administrativa.

As freguesias têm assim um papel fundamental na consolidação da nossa democracia, pois

pelo facto de serem o primeiro patamar de poder político, não só prestam um serviço

público à escala local no qual as populações depositam os seus anseios mais legítimos, como

contribuem largamente para a participação pública dos cidadãos.

A Federação Distrital do Porto do Partido Socialista, prestigiando uma das principais conquistas

alcançadas com a Revolução de Abril de 1974 – o Poder Local Democrático - sempre esteve na

linha da frente pela afirmação e valorização das freguesias e da sua actuação, muito pelo

carácter regional da sua acção política, mas também graças ao dinamismo de excelentes

autarcas eleitos nas várias freguesias do distrito do Porto em listas do Partido Socialista.

Se por um lado nos orgulhamos pelo facto de ter sido, mais uma vez, um governo do Partido

Socialista a contribuir para o reforço e credibilização do Poder Local - veja-se os passos

significativos dados em transferência de competências em áreas chave, como é o caso da

educação – por outro lado entendemos que, em consonância com as Grandes Opções do Plano

e com o Programa de Governo, deve partir da Federação Distrital do Porto uma voz firme

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para que o processo de descentralização de competências não fique só pelos municípios,

com vista à consolidação das novas competências das freguesias.

b) O aumento efectivo das competências

Neste contexto, o PS/Porto deve reafirmar o compromisso para uma descentralização mais

efectiva, esperando lançar o debate que contribua para o reforço consistente do papel das

freguesias ao serviço das populações, discutindo, sem complexos, o aumento das

competências das freguesias, suas especificidades e financiamento.

Assim, porque entendemos ser crucial a consolidação da transparência na gestão no poder

local, clarificando as atribuições e competências das freguesias, de forma a acabar com a

sobreposição existente com os Municípios e, nessa medida, diminuir a dependência funcional

e política do campo de intervenção das Juntas de Freguesia – tantas vezes precária – dos

processos de delegação municipal das Câmaras, consideramos essencial aumentar o leque de

competências próprias. Entendemos pois que deve ser revisto o alcance da personalidade

jurídica das Juntas de Freguesia de forma a permitir a celebração de contratos-programa com

a Segurança Social (quer ao nível de candidaturas, quer ao nível de financiamento) assim como

deve ser efectivada a possibilidade das Juntas de Freguesia assegurarem a realização das

pequenas reparações dos estabelecimentos de educação pré-escolar e do primeiro ciclo do

ensino básico, bem como do respectivo equipamento e material didáctico.

Preconizamos ainda a transferência de competências para as freguesias ao nível de

licenciamentos, passando assim a ser possível matricular ciclomotores, motociclos de

cilindrada não superior a 50 cm3 e veículos agrícolas ou licenciar a publicidade comercial na

área da freguesia, ou mesmo licenciar o exercício e realização de espectáculos desportivos e

de divertimentos públicos nas vias, jardins e demais lugares públicos;

c) O financiamento

Ao nível do financiamento, porque temos uma visão positiva da actuação das Freguesias,

assumimos sem complexos que se torna necessário, paralelamente ao processo de reforço

das suas competências, envolver todos os agentes políticos do PS/Porto, especialmente os

autarcas, numa ampla e franca discussão sobre a possível afectação de parte dos impostos

locais ao financiamento das Juntas de Freguesia, assim como a comparticipação das

Freguesias nas receitas geradas pela passagem de infra-estruturas (TvCabo, telefone, Rede

Gás, electricidade, fibra óptica). Entendemos que devem ainda ser aperfeiçoado os termos,

condições e modalidades de recurso ao crédito por parte das Juntas de Freguesia, em termos

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que não comprometam a sustentabilidade do órgão, mas permitam uma maior flexibilidade

financeira no espaço do mandato.

d) Um claro compromisso para um PS/Porto Positivo

Estes são os nossos compromissos que, inseridos no tema central da descentralização, não

poderemos dissociar a questão da necessidade de segmentar as competências das freguesias

em função das suas necessidades e exigências próprias. Com a devida ponderação que a

complexidade deste assunto exige numa abordagem responsável, não pretendemos catalogar

as freguesias por ordem de importância, mas antes respeitar e compreender as especificidades

próprias de cada freguesia, sua população e território.

Neste escopo, não fugiremos ao debate das implicações da capacidade de resposta

diferenciada dos órgãos das freguesias, considerando a sua diferente dimensão, diferentes

características socioeconómicas da comunidade abrangida e diferentes necessidades locais em

função da sua localização geográfica.

Entendemos assim, que a futura Federação Distrital do Porto do Partido Socialista deve

assumir a necessidade da criação de um quadro de competências próprio em função das

diferentes especificidades das freguesias. Para esse efeito, pretende a candidatura PS Porto

Positivo lançar uma ampla e franca discussão interna a este propósito, em articulação com

os autarcas de freguesia, presidentes de Câmara e representantes nas Associações de

Municípios e de Freguesia, culminando essa discussão com I Encontro Distrital de autarcas

de freguesia eleitos em listas do Partido Socialista.

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3. Os grandes desafios regionais – um novo paradigma de

desenvolvimento económico-social

3.1. Economia Social – a importância do Terceiro Sector

a) Contexto

O debate sobre o futuro dos modelos sociais europeus tem-se intensificado nos últimos anos,

sendo invariavelmente acompanhado de um ataque ao Estado Social, como sendo responsável

pelas crises financeiras ou inibidor do crescimento económico, pela afectação de

verbas/despesas públicas consideradas improdutivas.

Vivemos pois um perigoso período de retracção de políticas progressistas, em que os direitos

económicos e sociais conquistados no período pós 2ª Guerra Mundial, começam a ser postos

em causa, a sua sustentabilidade questionada e a sua restrição considerada inevitável. Na

Europa do Norte já se combinam estratégias ousadas de flexibilização do mercado de trabalho,

paralelamente a mais fortes direitos sociais, a uma maior participação dos sindicatos e a uma

estratégia formativa continuada e aprofundada. O modelo do Sul tende a privilegiar a primeira

dimensão, desvalorizando as demais, aspecto que importa redefinir, sob pena de assistirmos à

precarização efectiva dos trabalhadores (não apenas dos mais desqualificados), à regressão

salarial e à emergência de novos grupos vulneráveis à pobreza, como os “working poor”.

A leitura neoliberal desta crise aponta para a regressão do Estado Providência, e em

Portugal, como na Europa, através da direita populista e dos sectores mais conservadores da

sociedade ataca-se o Estado e as suas funções sociais, o sistema de pensões, o Serviço

Nacional de Saúde, a Educação pública e a Administração Pública. Paralelamente, novos

estigmas são lançados nos beneficiários de políticas públicas, não raras vezes associados de

forma demagógica à fraude e ao desperdício.

Preconiza-se a privatização maciça da Segurança Social, da Saúde e da Educação, como

recentemente vimos numa despudorada proposta de revisão constitucional que mais não é do

que um ataque aos referenciais do 25 de Abril e da própria Constituição. Sob o pretexto da

“crise”, abrem-se, para a Direita, caminhos para a selectividade de acesso aos serviços,

aprofundando-se as desigualdades e reforçando-se a capacidade das classes possidentes, ao

mesmo tempo que se transforma o serviço público numa espécie de dimensão assistencialista,

menor e mais rarefeita, logo vocacionada para prestar serviços mínimos e desqualificados às

classes mais frágeis.

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Esta situação é tanto mais preocupante quando percebemos que a Europa governada na sua

quase totalidade por governos conservadores e de direita, vive um período de grandes

alterações da sua dinâmica social e dos agentes económicos envolvidos.

As alterações sociais e económicas exigem a cobertura de novos riscos sociais, tais como o

desemprego de longa duração, a precariedade dos vínculos ou mesmo a inexistência de

vínculos. Estes aspectos fragilizam, no curto prazo, os cidadãos, incapazes de se assumirem

plenamente no mercado de trabalho e no mercado de consumo (o acesso ao crédito aparece

aqui muito condicionado); mas fragilizam também, no médio e longo prazo, o Estado, menos

capacitado para angariar receita fiscal destas “novas modalidades”. As alterações

demográficas, baseadas no envelhecimento da população e no aumento da esperança média

de vida, e consequente diminuição da população activa e desequilíbrio entre activos e

inactivos, pressionam o sistema de pensões, aumentando a necessidade de cuidados de saúde

e de serviços de apoio continuado, necessitando-se de materializar novas estratégias de

intervenção também neste domínio.

Assim a evolução da Europa Social está hoje dependente da análise que conseguirmos fazer

das transformações dos modelos sociais europeus e, principalmente, da nossa capacidade de

enfrentar os desafios que se lhe deparam desde o último quartel do séc. XX e inícios deste

século.

Com efeito, nos últimos 25 anos a sociedade europeia sofreu alterações económicas, sociais e

culturais que necessariamente implicam um reajustamento do papel do Estado como garantia

da promoção universal das políticas sociais.

É neste contexto que entendemos primordial valorizar a Economia Social e pretendemos que

o PS/Porto seja um referencial para um amplo debate e partilha de experiências de um

sector que desempenha já um papel essencial na economia europeia e retrata bem a

importância de criar valor que vai além do económico. De facto, as teorias mais ligadas à

esquerda assumem já o grande corte com o liberalismo: a consideração de que as políticas

sociais são FACTORES PRODUTIVOS no sistema. Claro que isto leva a algumas reflexões, como

a necessidade de tributar as próprias políticas sociais, como factor de igualdade, de reformar o

sistema fiscal e de estabelecer os “mínimos garantidos universais”. Trata-se de afirmar o

carácter produtivo das políticas sociais, isso sim, é central, e leva ao reconhecimento da sua

“sustentabilidade” e do seu potencial de inclusão.

A Economia Social, que se materializa sobretudo através do terceiro sector, assume-se hoje

como um modelo de actividade económica cuja principal potencialidade reside na

capacidade de combinar aspectos de integração social, política e cidadã, com objectivos

económicos. Dessa forma assume a defesa do Estado Providência, não o procurando

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substituir, mas antes configurando um complemento, um prolongamento do Estado na

implementação das suas políticas sociais. A Economia Social não é um complemento; é

sobretudo um instrumento de ajustamento e de correcção dos disfuncionamentos da

economia mais global. Vale a pena sublinhar a noção de “localismo” ou a dinâmica “glocal –

global-local”: de facto, a economia social reforça a dinâmica local, as pertenças, a participação,

contrariando as tendências totalitárias da globalização económica, que rarefaz as identidades.

O terceiro sector surgiu no séc. XIX como complemento estratégico ao capitalismo, tendendo a

poder ser configurada como alternativa, tendo raízes ideológicas heterogéneas que vão do

socialismo em suas múltiplas faces ao cristianismo social, tendo subjacente o propósito de

combater o isolamento do indivíduo face ao Estado e à organização capitalista da produção e

da sociedade. Não cabe aqui fazer a história da economia social, mas importa reconhecer que

se tem assistido na Europa à reemergência deste modelo como antídoto à hegemonia de uma

economia neo-fordista e neo-liberal, que desindividualiza e desidentifica os cidadãos, contra a

privatização do Estado Social, reclamada por grupos de interesse corporativo que teorizam

sobre o colapso do Estado Providência.

b) O contributo do terceiro sector para a economia do país e da região

Para se perceber o impacto económico que este sector atinge, note-se que a Economia Social

constituída por cooperativas, sociedades mútuas, associações e fundações, assim como novas

estratégias técnicas, como o empreendedorismo, o empreendedorismo social, o orçamento

participativo, etc., congrega cerca de 2 milhões de empresas, ou seja, 10% do tecido

empresarial europeu, sendo ainda responsável por mais de 6% do total do emprego gerado

na Europa. No nosso país, as cerca de 9 mil instituições criam ou estão na origem mais de

250 mil postos de trabalho directos, a que podemos acrescentar as 18 mil colectividades que

envolvem 260 mil pessoas.

É então evidente que a importância económico-social do terceiro sector no nosso país vai

muito além do contributo que as organizações sociais prestam aos seus destinatários. O

terceiro sector representa hoje mais de 4% do PIB nacional e pode ter um contributo

expressivo no combate ao desemprego e na mobilização participativa dos cidadãos na

satisfação de necessidades locais e na reabertura de novos nichos de mercado (o turismo

ambiental, o cuidado a idosos, a agricultura biológica, as energias renováveis, etc.).

Com efeito, dadas as suas características de gestão e organização, envolvendo tradicionais ou

novos actores institucionais locais, como as cooperativas, as Igrejas, as ONG, etc., dispõe de

um elevado potencial para gerar e manter empregos estáveis, principalmente porque o tipo de

actividades prestadas no âmbito da economia social, pela sua própria natureza, não são

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susceptíveis de serem deslocalizadas, e, pelo contrário, criam estratégias que são, muitas

vezes, inícios de processos de substituição de importações.

Estamos, pois, perante um sector com elevada importância ao nível sócio-económico, que

como sublinha a resolução do Parlamento Europeu [2008/2250 (INI)] de 19 de Fevereiro de

2009 “ao aliar rentabilidade e solidariedade, desempenha um papel essencial na economia

europeia, criando empregos de elevada qualidade, reforçando a coesão social, económica e

regional, gerando capital social, promovendo a cidadania activa, a solidariedade e um tipo de

economia com valores democráticos que põe as pessoas em primeiro lugar, para além de

apoiar o desenvolvimento sustentável e a inovação social, ambiental e tecnológica”

Felizmente que com o actual Governo do Partido Socialista a economia social passou a fazer

parte da agenda política. Com efeito, o Programa do XVIII Governo Constitucional

estabeleceu como uma das linhas de acção fundamentais, no âmbito da estratégia para

relançar a economia e promover o emprego, o reforço da parceria com o sector social.

Temos o bom exemplo da criação de um Conselho Nacional para a Economia Social (CNES) –

resolução do Conselho de Ministros nº55/2010 – como um órgão do Governo que monitoriza

as políticas e acompanha as estratégias de promoção e desenvolvimento da economia social.

O facto do próprio Primeiro-Ministro presidir ao CNES, exemplifica bem o valor estratégico que

o terceiro sector tem para o desenvolvimento económico e social do nosso país e o

empenhamento pessoal do nosso governo em reforçar o papel do Estado enquanto parceiro

junto das Instituições.

c) O papel do PS/Porto para o reforço da Economia Social no nosso distrito

O papel do PS-Porto será sempre muito mais aprofundado do que a elaboração exclusiva de

diagnósticos. Será sempre um papel consequente com os diagnósticos elaborados, ou seja,

definindo um conjunto de eixos de intervenção passíveis de mobilizarem os eleitos nacionais e

locais do Porto, a partir de iniciativas concretas, elaboradas em intenso contacto com as

instituições representativas e com os técnicos das diversas áreas, e dando corpo a um

conjunto de novas problemáticas sociais que carecem de resposta política.

Assim, muita da acção nestes domínios passarão pelo:

- reforço das capacidades de intervenção da Rede Social, evitando a guetização institucional

dos problemas e das pessoas;

- reforço do estatuto do dirigente do 3.º sector (na dimensão profissional, formativa, social,

etc.), com legislação que motive e proteja estes dirigentes (como já acontece um pouco, por

exemplo, com os Bombeiros);

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- criação de linhas específicas de formação para dirigentes voluntários ou (ainda) não

directamente ligados ao 3.º sector;

- Criação do Plano Nacional para a Economia Social (ou primeiro do Plano Regional, donde sai o

Plano Nacional), numa lógica estratégica, estrutural e participada;

- Mobilização de formação nos domínios do empreendedorismo, do empreendedorismo social,

do cooperativismo e da sustentabilidade a estes actores, mas também a parceiros locais

preferenciais, como Paróquias e Juntas de Freguesia;

- Integração progressiva dos Planos Directores Municipais e dos Planos de Desenvolvimento

Social, permitindo a concretização efectiva e numa estratégia de longa duração das questões

ligadas ao terceiros sector e aos equipamentos com valências sociais;

- Planos de financiamento para manutenção e requalificação (tem havido financiamentos

voltados para os novos equipamentos, mas muitos estão em decadência e sem capacidade

para se reabilitarem, necessitando para tal de programas concretos de apoio e financiamento;

- Realização de um fórum anual com a CNIS, a UIPSS, o Instituto António Sérgio, entre outros,

numa lógica global e reticular;

- Reforço do micro-crédito associado a iniciativa geradas no terceiro sector;

- Criação de estratégias correctas de inserção no mercado, de marketing, etc., no que

respeita ao escoamento dos produtos locais. Se isto, nas zonas urbanas é importante, é-o

mais nas zonas mais interiores, exigindo uma estratégia pública concreta.

- Valorização do eixo central do Cooperativismo, nas suas diversas dimensões, como estratégia

económica (preenche domínios económicos e compete mesmo com a economia capitalista –

veja-se o caso concreto de Mondragon), mas também como estratégia participativa e

identitária (resultante da configuração muito aberta e democrática do cooperativismo).

3.2. Uma Política Florestal para o distrito do Porto

a) Enquadramento

Já lá vai o tempo em que as florestas eram espaços misteriosos, desconhecidos e infinitos.

Cobriam os continentes separando pequenas bolsas dispersas onde a civilização dava os seus

primeiros passos e continuaram por largos séculos a prevalecer no coberto da superfície

terrestre. Mas todos os recursos naturais se relevaram afinal frágeis perante a capacidade

modeladora e tantas vezes destruidora do Homem, mesmo os que aparentavam ser

indestrutíveis, pela sua dimensão e capacidade de regeneração, como as florestas.

A floresta foi, ao longo dos séculos, um elemento essencial da nossa vida como povo e como

Nação.

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Foi com ela que se estruturaram as comunidades após a conquista; foi com ela que se

construíram as pequenas embarcações que nos afirmaram como povo de pescadores e

comerciantes; foi com ela que se materializou a armada portuguesa que daria novos mundos

ao mundo.

Para além disso, a floresta sempre foi um espaço multifuncional, que se ligava, de forma

complementar, às actividades agrícolas e pecuárias.

Hoje, num mundo que se confronta com uma profunda e continuada desarborização,

nomeadamente nas florestas tropicais, onde se assiste ao declínio vegetativo das florestas

europeias por acção dos incêndios florestais e da poluição atmosférica, com crescentes

ameaças ambientais de desertificação, redução da diversidade biológica e do património

genético e das alterações climáticas (efeito de estufa, aquecimento global, buraco de ozono), a

que acresce uma sociedade progressivamente menos rural e mais urbana, cujos espaços

urbanos são muitas vezes agressivos e artificiais assiste-se, cada vez mais, à valorização

crescente das funções ambientais, culturais, paisagísticas e recreativas das florestas.

No entanto, não podemos nem devemos descurar a produção florestal, fundamental na

criação de riqueza no país. É sempre possível conciliar os diversos interesses da floresta.

Refira-se que a economia do sector florestal, sensu lato, não se esgota na indústria

transformadora mas inclui, igualmente, a exploração de recursos silvestres donde se destaca

a caça, a pesca e as pastagens sob coberto, bem como, outras actividades cuja importância

tende a aumentar no país: a exploração de cogumelos, de plantas aromáticas e medicinais, a

apicultura, o turismo de montanha, turismo ambiental, entre outras.

b) O sector florestal no distrito do Porto

O distrito do Porto com uma área de 233 127 ha, administrativamente distribuída por 18

concelhos, detém uma área florestal superior a 90 mil hectares (cerca de 40% da área total).

Contudo, a percentagem dos espaços florestais é variável de concelho para concelho. Com

excepção dos concelhos do Matosinhos, Maia, Porto, Vila Nova de Gaia e Póvoa de Varzim a

área florestal é sempre superior a 1/3 da área total do concelho. Nos concelhos da Trofa e

Valongo a área florestal chega a ultrapassar a 50% da área total do concelho.

Do ponto de vista dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF)i os 18 concelhos do

distrito do Porto distribuem-se por três Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF),

designadamente: o PROF do Tâmega, com 58,8% da área florestal do distrito, inclui os

concelhos de Amarante, Baião, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira,

Paredes e Penafiel); o PROF da Área Metropolitana do Porto e Entre Douro e Vouga, com

21,8% da área florestal, inclui os concelhos de Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de

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Varzim, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia e, finalmente, o PROF do Baixo Minho, com 11,4%

da área florestal, inclui os concelhos de Santo Tirso e Trofa.

Quanto à aptidão dos solos para utilização florestal é na região mais do interior do distrito

que encontramos os solos com aptidão florestal elevada e moderada. Destacam-se com uma

aptidão florestal elevada os concelhos de Amarante, Baião, Lousada, Marco de Canaveses,

Paços de Ferreira e Felgueiras. Relativamente à aptidão agrícola, verifica-se que cerca de um

terço dos espaços ocupados pela agricultura no distrito não têm aptidão para tal, tendo no

entanto aptidão florestal, o que possibilita a conversão em floresta de algumas terras

agrícolas, nomeadamente as mais marginais. Daqui se depreende que uma parte dos solos

com aptidão florestal elevada e moderada se encontra ocupada pela agricultura. Nos

concelhos mais urbanos, com pouca expansão para a floresta, deverá ser privilegiada a

beneficiação dos povoamentos existentes, possibilitando assim a expansão das áreas de

folhosas madeireiras.

O espaço florestal do distrito do Porto é constituído por manchas florestais dispersas num

espaço preponderantemente social e agrícola e áreas arborizadas com alguma continuidade,

ambas assentes num tecido fundiário pulverizado e de pequena dimensão. Quando

caminhamos para o interior do distrito a continuidade do espaço florestal vai tomando

primazia e diminuindo o rendilhado que esta faz na partilha com o espaço agrícola e social.

Daí que, quanto à dimensão da propriedade florestal na região do Entre Douro e Minho,

somente 0,3% das explorações detêm uma área igual ou superior a 100 ha e que a grande

maioria das explorações, (89,7%) apresentam área florestal inferior a 5ha, o que evidencia que

estamos na presença de uma região onde a propriedade florestal apresenta pequena

dimensão. No entanto, verifica-se que os concelhos de Amarante, Baião Paredes, Gondomar,

Marco de Canavesas, Santo Tirso, Trofa e Valongo possuem, à partida, melhores condições

para a criação de unidades suficientemente dimensionadas, sendo necessário um maior

esforço ao nível da aglutinação de áreas florestais nos restantes concelhos

É extremamente pertinente para o futuro florestal do distrito do Porto, a realização de um

estudo, que permita avaliar a capacidade de aglutinação de unidades adjacentes pelas

unidades de maior importância, com o desígnio de criar unidades de gestão com dimensão

significativa.

c) Fogos florestais

Os incêndios são um forte constrangimento à actividade florestal. A ocorrência sistemática de

incêndios em algumas áreas conduz a uma degradação dos solos, impondo-se o

estabelecimento de medidas de conservação e protecção em detrimento de uma exploração

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florestal, que se perspectiva não sustentável, ou a condições de compartimentação efectiva

que limitem a progressão de fogos de grandes dimensões.

A recorrência do fogo neste distrito, está associado: i) à pastorícia, nas regiões mais

montanhosas, no caso da serra da Aboboreira entre os concelhos de Amarante e Baião. O uso

do fogo nestas áreas deve ser objecto de um forte controlo, aconselhando a regulação do

pastoreio e a racionalização das queimadas, que devem ser substituídas pelo fogo controlado.

ii) à pressão demográfica nas regiões mais baixas onde a probabilidade de risco de incêndio é

de elevado a extremo, como acontece nos concelhos de Marco de Canaveses, Paredes,

Penafiel, Santo Tirso, Valongo e Vila do Conde. Gondomar destaca-se por apresentar cerca de

80% da sua área com risco de incêndio elevado ou superior.

Segundo dados oficiais a maior parte do distrito do Porto apresenta um intervalo de retorno

do fogo inferior a 40 anos, o que pode constituir um sério entrave à actividade florestal,

quando a espécie dominante é o pinheiro bravo, como é o caso dos concelhos junto ao vale do

Tâmega. Nestas zonas, a manutenção de um regime de fogo com esta intensidade poderá

eliminar o pinhal bravo da paisagem, por não possibilitar a sua regeneração natural.

Nos casos onde predomina uma silvicultura assente na exploração do eucalipto, com rotações

substancialmente inferiores, a sensibilidade a regimes de fogo elevados será menos limitante,

mas determina igualmente a adopção de medidas minimizadoras do seu impacto.

d) As fileiras florestais e do mobiliário no distrito do Porto

O distrito do Porto assume, no Norte de Portugal e no espaço Ibérico, uma liderança impar no

que se refere à actividade industrial, no que reporta à captação de turismo e no que concerne

às novas industrias culturais. Essa liderança é, ainda, política, por ser aqui que se concentra o

pensamento e a criação, por ser aqui que se situa a maior universidade portuguesa.

Acontece que distrito do Porto é também um território imenso, com particularidades a que

importa dar atenção e problemas que carecem de resposta.

O distrito do Porto contém a maior área florestal da Serra do Marão; O distrito do Porto

contempla uma das maiores áreas comunitárias do país; O distrito do Porto comporta dos

melhores e mais produtivos povoamentos de pinheiro bravo e de eucalipto; o distrito do

Porto beneficia as suas densidades urbanas com a qualidade do património florestal que às

portas da sua área metropolitana concedem uma melhor qualidade ambiental.

Mas é também no distrito do Porto que se concentra o capital de inovação da indústria de

mobiliário que recorre, sempre que possível, à matéria-prima portuguesa.

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Ao mesmo tempo, é pelo Porto de Leixões que, exceptuando a pasta e o papel, saem mais de

60% das nossas exportações de produtos florestais e entram mais de 70% desses mesmos

produtos.

e) Propostas de acção política

O Partido Socialista deve assumir, como estrutura liderante em toda a Região Norte e em

especial no distrito do Porto, uma nova “narrativa” que coloque a florestas e as suas fileiras

no centro do debate.

É por isso que a Federação Distrital do Porto assumirá, nos próximos anos, um papel central

na discussão e concretização de políticas públicas para a floresta.

Assim, a Federação Distrital do Partido Socialista do Porto assume a necessidade da

elaboração do cadastro predial rústico como uma das medidas a concretizar em todo o

distrito nos próximos dez anos. Só esse conhecimento do território poderá permitir um

emparcelamento do território florestal mais rápido, uma política fiscal penalizadora do

absentismo e a gestão concessionada de territórios dependentes da administração florestal

não insertos em Matas Nacionais ou Baldios;

A Federação Distrital do Partido Socialista do Porto assume como prioridade uma nova

política florestal no sentido da prevenção contra incêndios se oriente a actividade e

produção florestal em função do risco de incêndio para a respectiva zona. Exemplificando, as

zonas em que o risco de incêndio é extremo ou muito elevado não são compatíveis com uma

floresta sustentável do ponto de vista da produção lenhosa, o que desaconselha a instalação

de novos povoamentos. Há, assim, que manter e fomentar uma organização territorial da

arborização, da exploração florestal e do uso do solo que resulte em padrões espaciais que

dificultem a expansão do fogo; são de evitar, em particular, as manchas contínuas e extensas

de espécies resinosas.

O PS/Porto deve ainda assumir o património florestal inserto e contíguo ao território da área

metropolitana como elemento de sustentabilidade ambiental economicamente sustentável,

devendo, para este, ser desenvolvido um Plano de Salvaguarda a vigorar até 2025.

Enquanto partido de Governo devemos garantir que o Pólo de Competitividade do Sector

Florestal desenvolverá acções específicas no Norte de Portugal e consagrará os problemas da

produção florestal e das suas insuficiências; Devemos apoiar a indústria de base florestal

garantindo o alargamento de novos mercados e valorizando a sua presença externa.

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O PS/Porto incentivará os processos de produção de energia através de produtos florestais,

quer seja através da instalação de uma central de biomassa ou outras formas de

aproveitamento dos resíduos florestais.

3.3. Turismo – actividade económica de relevo para o distrito

No nosso país o fenómeno do turismo é incontornável. Segundo a Organização Mundial de

Turismo, Portugal é um dos 20 maiores destinos do mundo, com mais de 12 milhões de

Turistas a visitarem-nos anualmente, um número superior à população residente no país.

Se por um lado o turismo é hoje considerado um direito, uma necessidade entre as populações

do mundo ocidental desenvolvido como forma de ocupação dos tempos livres, todos

reconhecemos hoje a importância estratégica para a economia portuguesa da actividade

turística, dado o peso muito significativo no PIB, atendendo à capacidade de gerar riqueza,

emprego (emprego directo entre 5 a 6% da população activa) e ao contributo claro para o

desenvolvimento regional.

Se Portugal se afirma cada vez mais como destino turístico no contexto mundial pelo sol, praia,

gastronomia e herança cultural e patrimonial, a Região Norte deverá ser um dos destinos

nacionais com melhor desempenho, prevendo-se que cresça anualmente a uma taxa de

8.5%, atingindo mais de 1.7 milhões de dormidas em 2015.

Nesse sentido, a Federação Distrital do Porto deverá acompanhar e estimular este

crescimento, devendo assumir claramente o desenvolvimento do Turismo da Região como

um objectivo estratégico para a região e para o distrito.

Trata-se pois de um sector em que o nosso distrito tem sérias vantagens competitivas, desde o

turismo de lazer e negócios na cidade do Porto, passando naturalmente pelo turismo balnear

nos concelhos de Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim, até ao

enorme potencial do turismo rural e natural associado à protecção do Douro.

As novas modalidades de turismo relacionadas com os espaços rurais e naturais assumem

um potencial de crescimento considerável, apresentando-se como resposta às vivências e

preocupações de sectores da sociedade culturalmente mais exigentes e como alternativa ou

complemento ao turismo dito de massa, com frequentes problemas de sustentabilidade, quer

a nível nacional quer a nível mundial.

Em termos gerais, os indicadores apontam para um crescimento regular da procura desta

actividade, por uma clientela culta, com poder económico superior à média, exigente de

qualidade, de genuinidade e em busca das diferenças que o tornam atraente face às restantes

modalidades de turismo.

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São diversos factores que suscitam o desenvolvimento de uma procura crescente do turismo

no espaço rural, nomeadamente o interesse crescente pelo património, a crescente

sensibilidade para as questões ligadas à saúde e ao seu relacionamento com a natureza e a

procura da diferença e das soluções individuais por oposição às propostas de massas.

Por outro lado, numa conjuntura de abandono e depreciação do mundo rural, as actividades

associadas ao turismo no espaço rural podem constituir quer por si só mais um elemento a ter

em conta para o desenvolvimento destes espaços, quer através da dinamização de muitas

outras actividades económicas que dele são tributárias e que com ele interagem.

A Federação Distrital do Porto do Partido Socialista reconhece a importância estratégica do

turismo como instrumento de reanimação dos espaços rurais e naturais e desenvolvimento

económico do nosso distrito, especialmente nos concelhos pertencentes ao Vale do Sousa e

baixo Tâmega, dadas as características para o turismo de natureza e em espaço rural,

associadas à imensa beleza natural da região.

Ao longo da costa do nosso distrito proliferam relevantes pontos de interesse balnear como

as tradicionais praias de Matosinhos ou Póvoa de Varzim, juntamente com os seus portos de

pesca, ou as cosmopolitas praias de Vila do Conde, Porto e Vila Nova de Gaia. O Turismo no

nosso distrito continua a assentar fortemente no turismo de sol e mar. Contando com cerca

de 55 KM de costa, esta continua a ser a oferta turística mais massificada e com maior

significado económico e relevancia geográfica.

É o sector turístico com mais impacto ambiental e social, tal a influência na mobilidade da

população e relevância geográfica, dadas as transformações que desempenha na

transformação dos espaços e da paisagem.

É fundamental assim, valorizar este tipo de turismo, aumentando o número de bandeiras azuis

no distrito (Neste momento existem no distrito 34 praias de bandeira azul, sendo 18 em Vila

Nova de Gaia, 13 em Matosinhos e 3 no Porto) assim como dar especial atenção às

acessibilidades e acções que possam dinamizar a orla costeira e aumentar o número de

visitantes.

Não podemos também deixar de referir o turismo city-break intimamente ligado às

característica da cidade do Porto. O Turismo city-break já representa cerca de 24% das

motivações que levam turistas à cidade do Porto. Com uma localização magnífica junto à foz

do Douro e um conjunto arquitectónico de valor excepcional, o centro histórico da cidade do

Porto é Património da Humanidade desde 1996 e constitui um dos destinos turísticos mais

antigos da Europa. As caves do vinho do Porto, a riqueza do património da cidade, a vida

cultura e de animação fazem do Porto um referencial da nossa região para a actividade

turística.

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Para o PS/Porto é ainda essencial inventariar o património religioso do distrito, para

acompanhar o crescimento do Turismo Religioso, um dos segmentos turísticos que mais se

tem desenvolvido no nosso país, assim como valorizar o mercado de gastronomia e vinhos

que motivam a visita de muitos portugueses e estrangeiros ao nosso distrito.

É assim fundamental para o PS/Porto criar a MARCA TURÍSTICA DO DISTRITO DO PORTO.

Dessa forma e nesse escopo, pretendemos envolver e mobilizar parceiros institucionais,

autarquias e tecido empresarial para intensificar o potencial turística do distrito, dinamizar a

marca Turística distintiva da região, contribuindo dessa forma para a diversificação da

estrutura económica regional e multiplicando as oportunidades de emprego.

3.4. Políticas de Emprego e Empreendedorismo

a) Enquadramento

A promoção da qualidade do emprego, iniciativa empresarial e a qualificação dos portugueses

continuarão a ser nos próximos anos objectivos estratégicos e centrais no desenvolvimento

das políticas públicas do emprego, empreendedorismo e educação.

A aposta na qualidade das políticas de emprego e das qualificações das pessoas, aliando

desenvolvimento sustentável, competitividade e coesão social, será preponderante para criar

dinâmicas de modernização na nossa economia para os desafios da sociedade do

conhecimento, da inovação, do desenvolvimento científico e tecnológico.

A Cimeira de Lisboa definiu a inclusão do emprego e a valorização dos recursos humanos

como um dos pilares fundamentais do desenvolvimento, modernização e competitividade da

Europa do século 21, conciliando esta premissa com a coesão social e o apoio a públicos sociais

mais vulneráveis.

A consecução deste objectivo pressupõe uma estratégia global que vise preparar a transição

para uma economia e uma sociedade baseada no conhecimento, através da aplicação de

melhores políticas no domínio da sociedade da Informação e da Investigação e

Desenvolvimento, bem como da aceleração do processo de reforma estrutural para fomentar

a competitividade e a inovação e da conclusão do mercado interno.

Será este o caminho para que a políticas públicas de emprego, formação e educação possam

intervir sobre os constrangimentos à nossa competitividade e atractividade, assumindo um

papel catalisador nos processos de modernização e mudança, com uma visão estratégica clara

dos desafios que se nos colocam:

Atrair o maior número de pessoas ao mercado de trabalho e reforço da inclusão de

pessoas desfavorecidas;

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Executar políticas de emprego tendo em vista atingir o pleno emprego, melhorar a

qualidade e a produtividade do trabalho e reforçar a coesão social e territorial;

Alargar e aumentar o investimento em capital humano, que o QREN (Quadro de

Referência Estratégico Nacional) e o POPH (Programa Operacional do Potencial Humano) são 2

excelentes exemplos;

Elaborar estratégias eficientes de aprendizagem ao longo da vida, instituída como

prioridade, enquanto factor decisivo para garantir condições de adaptabilidade adequadas às

necessidades de lidar com dinâmicas de mudança permanente e com o desenvolvimento e

recurso crescente às tecnologias de informação;

A aposta no Programa Novas Oportunidades.

b) O necessário impulso regional

Em função da globalização e da constante evolução tecnológica, dos desafios da sociedade da

comunicação e da sociedade aprendente, aliado, algumas vezes por consequência, à

emergência de novos fenómenos e dinâmicas sociais, o desenvolvimento local tem emergido

como um novo paradigma.

As cidades/regiões polarizaram novas vertentes de desenvolvimento e revitalização

urbanística, centralizando nos seus espaços de convergência da modernidade respostas de

qualidade de necessidades duma cidadania responsabilizante e cooperante.

Muitos estudos apontam que é a nível regional que encontramos a emergência dos principias

grupos e pólos inovadores, devido a uma relativa ineficácia nacional de estimular novos pólos

de actividade regionais.

Na sociedade global que vivemos, teremos que implementar respostas equilibradoras e

complementares entre a competitividade, a inovação e modernização do nosso tecido

empresarial com o desenvolvimento de políticas sociais que promovam a cidadania e a coesão

social. Este será um dos grandes desafios das nossas sociedades e o emprego enquanto

elemento chave do desenvolvimento local poderá ser o potenciador de paradigmas

referenciais.

A nível regional, foram definidas as seguintes prioridades de desenvolvimento da Região

Norte para o período 2007-2013:

- Promover a intensificação tecnológica da base produtiva regional;

- Assegurar sustentadamente a competitividade regional;

- Promover a inclusão social e territorial.

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É necessário pois apostar na sociedade e economia do conhecimento e de eleger a inovação

como factor chave do reforço da competitividade da Área Metropolitana do Porto,

tornando-a numa comunidade inovadora, territorialmente ordenada, respeitadora dos

valores ambientais e socialmente coesa.

Estas são as vertentes essenciais de uma estratégia de progresso sustentável para uma região

que se situa aquém dos níveis médios de riqueza comunitários, que está exposta a uma cada

vez maior concorrência de bens e serviços dentro e fora da Europa e que está a viver, por

imposição da economia “mundializada”, um processo rápido de reconversão produtiva com

significativos impactos sociais negativos.

A Área Metropolitana do Porto tem uma vocação específica, em termos nacionais, que é a de

estar no centro de um sistema económico predominantemente constituído por actividades

transaccionáveis e fortemente internacionalizadas, ganhando assim relevo, actual ou

potencial, as actividades terciárias associadas à internacionalização e à competitividade.

Uma política de desenvolvimento tecnológico constitui para a região uma condição de

viabilização necessária da estratégia de inovação e internacionalização.

A aposta continuada durante um período de tempo longo no empreendedorismo de base

tecnológica, representa outro aspecto importante na atractividade da Região na captação de

investimentos, bem como na sua transformação em Região importadora de recursos humanos

qualificados, em contraste evidente com a situação actual.

c) O papel das autarquias locais

É reconhecido o papel fundamental das Autarquias Locais e dos Municípios, em particular, no

desenvolvimento do país e na consequente satisfação das necessidades das populações,

assistindo-se, agora, a uma época de incentivo à descentralização, com a progressiva

transferência de atribuições do Estado para os Municípios e correspondentes novas

competências para os órgãos destes últimos.

É neste contexto de maior protagonismo dos Municípios, com o crescimento das

responsabilidades e correspondente incremento das estruturas organizativas, que se impõe

uma reflexão profunda sobre os novos modelos de gestão e sobre a utilização das modernas

tecnologias, num esforço solidário para a construção de uma imagem diferente, em que a

cultura de exigência, responsabilidade e qualidade do serviço prestado constitua a marca

identificadora dos municípios portugueses no novo milénio.

Pretendemos por isso que a Federação Distrital do Porto seja um impulsionador para que os

municípios no distrito do Porto sejam, assim, a par da sua função basilar de prestador de

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serviços, também e em escala progressiva, promotores de diálogos e dinamizadores da

iniciativa local.

Por isso, as nossas perspectivas políticas e estratégicas apontam para:

Defender o crescimento da economia de forma sustentada e visando a modernização

do tecido empresarial, fazendo do conhecimento, da inovação e da qualificação os

caminhos do progresso;

Apoiar o reforço da coesão social, numa sociedade com menos pobreza e com mais

igualdade de oportunidades, onde os instrumentos de coesão sejam também

ferramentas para o crescimento e a modernização;

Promover a melhoria da qualidade de vida dos portugueses num quadro sustentável

de desenvolvimento, onde a melhoria dos indicadores de bem-estar sejam uma

realidade;

d) O nosso compromisso

Dado que as políticas de emprego são definidas, na sua orientação estratégica, pelo Governo

Central, o PS/Porto deverá assumir no região um papel activo na monitorização das políticas

de emprego no distrito, estreitando os contactos institucionais com o Instituto de Emprego e

Formação Profissional, com as autarquias locais e com entidades mais representativas do

distrito, aparecendo assim como parceiro político privilegiado na resolução deste problema

que tanto tem afectado o nosso distrito e que é transversal aos vários sectores económico-

sociais.

Dessa forma, poderá o PS/Porto envolver e estimular os agentes regionais e as autarquias

para, dentro do contexto da região norte e do distrito do Porto, dar continuidade às práticas

e políticas de combate ao desemprego, aprofundando esse esforço com novas iniciativas e

políticas.

Neste sentido, em articulação com as autarquias do distrito do Porto e envolvendo as forças

vivas do distrito, quer ao nível de serviços descentralizados do Estado, quer ao nível de

Associações e Instituições representativas do tecido empresarial regional, o PS/Porto pretende

servir de plataforma para a reivindicação e criação de um PLANO REGIONAL DE EMPREGO DO

DISTRITO DO PORTO, desdobrado nas especificidades sub-regionais da área Metropolitana

do Porto e do Vale do Sousa e baixo Tâmega.

No âmbito da elaboração deste plano, pretendemos dar enfoque às actividades científicas e

tecnológicas, promovendo a fixação de instituições de investigação e empresas de

desenvolvimento de novos produtos de base tecnológica, assim como a implementação de

diversas medidas através das quais se vise captar o investimento e a criação de novas

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empresas no distrito, capazes de gerar novos postos de trabalho, criando áreas-âncora de

desenvolvimento, como são os casos das incubadoras de empresa e os tecnopólos.

Propomos ainda que, no âmbito da realização desse plano, seja desenvolvido à escala

regional, em articulação com as autarquias, o conceito de ordenamento territorial das

actividades económicas, visando reabilitar as áreas urbanas afectas ao desenvolvimento de

actividades económicas, melhorar a funcionalidade e a coerência desses espaços,

designadamente por meio do respectivo enquadramento conceptual estabelecido na base de

um conjunto de modelos de localização empresarial, com estudos prospectivos de avaliação de

impactos de políticas direccionadas para a fixação empresarial e a atracção das actividades de

investimento, designadamente de investimento directo estrangeiro, a promoção das

vantagens competitivas do distrito, a promoção da educação e formação e o desenvolvimento

da economia e empreendorismo sociais.

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II - UM PARTIDO POSITIVO

1 . Uma visão lúcida sobre o nosso passado

Os militantes do distrito do Porto podem orgulhar-se das indeclináveis responsabilidades que o

Partido Socialista teve para o desenvolvimento económico, social e cultural do distrito e da

Região.

Ao longo dos anos, desde o 25 de Abril, desde a primeira estrutura socialista distrital, a

Federação do Porto, através dos seus sucessivos dirigentes, estruturas concelhias, secções e

muito também graças à visão e acção política dos nossos autarcas, contribuiu de forma

marcante para a dignificação da actividade política no distrito. Afirmamos a necessidade do

exercício activo da cidadania e incentivamos a participação de cidadãos na vida pública para,

dessa forma, consagrarmos valores como a liberdade, pluralismo e tolerância. Não é, pois,

coincidência que o PS/Porto seja a maior federação distrital do país no nosso partido.

Com humildade democrática, assumimos com lucidez e responsabilidade os nossos erros e

derrotas que também sentimos ao longo da nossa história, mas orgulhamo-nos, a justo título,

de ter contribuído em momentos decisivos e de forma determinante para a construção de

uma Região mais competitiva, mais moderna e democrática.

É esta atitude de acção, de vontade, de coragem em tomar opções que faz do PS/Porto uma

força progressista com capacidade para assumir responsabilidades. Não estacionamos numa

atitude meramente crítica geradora de imobilismo, agimos politicamente. Abrimos à

sociedade civil da região, contactamos com o tecido empresarial e com as universidades,

fomos um elo de ligação de muitas instituições e porta-voz de associações e colectividades.

Não precisamos pois de nos “vendermos” às primeiras páginas de jornais para sermos uma voz

activa e firme na defesa do nosso distrito. Porque entendemos que o Porto e a nossa região

ganham com um PS responsável, lúcido e consistente.

Foi graças a essa credibilidade, fruto do empenhamento de muitos militantes, homens e

mulheres com causas, que conseguimos em 2009 o maior resultado eleitoral alguma vez

alcançado pelo PS no distrito do Porto e no país.

Asseguramos, sem hesitações, o necessário apoio ao nosso Governo e ao nosso Secretário-

Geral mesmo nos momentos mais difíceis de ataque ou quando com isso sentíamos menor

popularidade, porque não fazemos depender valores essenciais como a solidariedade de

tacticismo ou conveniências pessoais.

Valorizamos as estruturas e os militantes, que não podem ser encarados como um número.

Criamos um gabinete de acolhimento aos novos militantes, fomentamos as reuniões de

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concelhia e de secção com a estrutura distrital e com órgãos descentralizados da

administração Central do Estado. Descentralizamos a nossa acção política nas estruturas

locais através de várias iniciativas de relevo, que estreitam o contacto entre militantes e

fortalecem a organização e dinâmicas locais das estruturas. Convidamos os militantes para

debates com praticamente todos os membros do Governo em torno de temáticas

fundamentais ao desenvolvimento do distrito e da Região. Promovemos também a formação

política através de debates constantes, das Universidades de Verão e de diversas iniciativas

em que envolvemos militantes e figuras independentes de reconhecido mérito.

Valorizamos também os militantes quando modernizamos os instrumentos de circulação de

informação política no interior da estrutura. Apostamos em novas formas de comunicação

onde transmitimos constantemente a actividade da Federação, documentação de suporte a

tomadas de posições políticas ou informação sobre a actividade do governo. O site da

Federação Distrital do Porto constitui hoje uma importante fonte de informação, de

comunicação e aproximação dos militantes e das estruturas.

Acompanhamos de forma atenta e próxima a realidade de cada concelho, estando sempre

solidários com as estruturas sem nunca deixar de respeitar a sua autonomia e pensamento

próprio, o que potenciou a aposta decidida em novos rostos e novos protagonistas que nos

permitiram, igualmente, alcançar o melhor resultado dos últimos 20 anos nas Autárquicas do

ano passado.

Nestes últimos anos afirmamos um PS distrital interclassista, renovado e com uma juventude

pujante, activa e empenhada. Um PS/Porto que assumiu com coragem projectos e

implementação de políticas que se tornavam absolutamente necessárias para a qualidade de

vida dos nossos cidadãos, um PS/Porto que nunca foi domesticado e resignado ao

politicamente correcto, mas exigente consigo mesmo na defesa do distrito e da região.

2. Uma renovada exigência e ambição para o futuro

Os militantes têm razões para ter orgulho na acção política do PS/Porto no passado, mas cabe-

nos projectar o partido para o futuro, um partido com responsabilidade política suficiente para

estar à altura dos desafios que nos coloca o actual momento.

Um PS/Porto que saiba ser exigente consigo próprio, capaz de responder aos estímulos da

sociedade, ir ao encontro das expectativas mais legítimas da população e capaz de encontrar

as melhores soluções para os problemas da região.

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Pretendemos pois um Partido atento aos sinais e exigências do tempo, um PS/Porto que

tenha coragem de tomar opções inspiradas nos nossos valores e princípios, mas capaz de

ouvir os cidadãos, capaz de discutir abertamente, que incentive a pluralidade de posições e,

dessa forma, garanta a sua vitalidade pelo continuado debate renovador. Um partido atento

aos movimentos civis e aberto às expressões de opinião, com maturidade política suficiente

para equacionar e actualizar as suas posições políticas à luz das mudanças sociais, garantindo

assim a sua permanente actualidade.

Os recentes acontecimentos económicos mundiais emanados da especulação desenfreada dos

mercados financeiros demonstram a actualidade dos valores do socialismo democrático e

acentuam a necessidade da defesa do Estado social, assegurando a sua eficiência e

sustentabilidade. O PS/Porto, potenciando e beneficiando do valor dos seus militantes e

consciente do peso dos seus contributos para a dinâmica do Partido Socialista a nível

nacional, não poderá invocar a sua essência regional para se alhear desta reflexão.

O PS/Porto tem hoje condições para ser um espaço privilegiado de participação política e

reflexão crítica e, dessa forma, dar o seu contributo para a discussão em torno do modelo de

organização social e desenvolvimento económico para Portugal. Não nos resignamos perante

as tentativas de capitulação do socialismo democrático perante a doutrina neoliberal que

profetiza o mercado sem regras e despreza o Estado e as suas funções sociais.

Não encaramos o crescimento da economia separado da coesão social, defendemos a

conjugação do rigor económico com a solidificação dos serviços públicos, sustentamos a

produção de riqueza e a consolidação das políticas sociais. O PS/Porto continuará a apoiar o

Governo na defesa do Serviço Nacional de Saúde – um património valioso do Partido

Socialista que, graças à determinação reformista do Governo, experimentou avanços

significativos nos últimos anos. Reiteramos a defesa duma escola pública de qualidade,

exigente e integradora e sem hesitações, renovamos o compromisso de defesa do sistema

público de Segurança Social.

O PS/Porto deve assim ser intransigente na defesa do interesse público e portador duma

mensagem de confiança para os cidadãos e empresas da região. Queremos um distrito

Positivo, um Porto Positivo, com o nosso empenhamento, com a determinação do Governo,

mas, acima de tudo, confiantes nas potencialidades da região, caminharemos no caminho

positivo da recuperação económica e social.

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3. PS/Porto – Um espaço qualificado de exercício da cidadania

3.1. Valorizar o papel dos militantes

Uma das formas de credibilizar a acção política do PS/Porto passa por valorizar todos aqueles

que dão o seu contributo pela dinâmica e modernização do Partido, transformando-o num

amplo espaço de participação plural, aberta e descomplexada. São os militantes com a sua

convicção, com o seu exemplo de participação, que têm mais contribuído para a afirmação do

projecto político do PS na região.

Importa pois garantir a contribuição das secções e estruturas locais na formação da vontade

política da Federação Distrital, intensificar o debate político interno e atrair um número cada

vez maior de inscritos no partido para a militância activa. Pretendemos, assim, continuar a dar

especial atenção ao acolhimento de novos militantes, para enaltecer o sentimento de

partilha dos princípios e valores do Partido Socialista no momento da filiação.

Torna-se necessário também o alargamento e permanente actualização das bases de dados

que permitem o contacto directo com os militantes através das novas e mais expeditas formas

de comunicação, assim como manter a divulgação na rede permanentemente actualizada das

iniciativas da Federação e do Governo.

Pretendemos valorizar o Centro de Documentação e associa-lo ao Gabinete de Estudos, para

que possa funcionar como verdadeira plataforma de conhecimento ao serviço dos militantes,

incentivando assim a genuína possibilidade de participação no processo de formação de

decisões políticas federativas.

Numa cultura de partilha de responsabilidades e aproximação entre eleito e eleitor,

preconizamos ainda a criação dos “Encontros com o Parlamento”, em que os Deputados

Socialistas eleitos pelo círculo do Porto prestam contas do seu trabalho parlamentar e

apresentam à discussão as iniciativas legislativas em debate na Assembleia da República.

As Comissões Políticas Concelhias são a espinha dorsal da estrutura federativa, como tal,

desejamos estreitar ainda mais as ligações dos órgãos concelhios com a Federação. Nesse

escopo, intensificaremos as reuniões do Secretariado Distrital com os Presidentes de

Comissão Política e faremos reuniões nos concelhos do distrito, com os respectivos

secretariados concelhios, concertando assim as políticas federativas com as dinâmicas locais.

Porque acompanhamos e valorizamos o trabalho das Comissões Políticas Concelhias,

pretendemos ainda rever os meios disponíveis para cada concelhia, de modo a que tenham

meios financeiros suficientes para suportar a sua actividade política. Também aqui,

realçamos a cultura de responsabilidade partilhada entre os vários órgãos e como tal,

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faremos reuniões para previsão orçamental da actividade das Comissões Políticas Concelhias

e consequente monitorização da sua situação financeira.

Pretendemos ainda, em articulação com as Comissões Políticas Concelhias e envolvendo as

Secções do Partido, nomeadamente as Sectoriais, estruturar um Plano de Formação Política

para o distrito, para além de mantermos a já iniciada Universidade de Verão.

Desta forma, estamos certos que criaremos melhores condições de participação para os

militantes das várias estruturas locais, concelhias e temáticas e seremos assim um PS/Porto

potenciador duma militância mais activa que não se resuma à participação nos actos eleitorais.

3.2. Esquerda é Juventude

Mais do que se limitar a apoiar, o PS/Porto deve estimular a actividade da Juventude Socialista

e a participação dos jovens nas decisões do Partido. Pretendemos pois incentivar a

consciência crítica da Juventude Socialista e autenticar a sua mais-valia para a actividade

política do PS/Porto.

Num distrito jovem como é o nosso, a actual vitalidade, pujança e irreverência da Juventude

Socialista incita a renovação de ideias, garante uma mensagem política actualizada e estimula

o dinamismo social do nosso projecto político.

A JS não pode ser encarada como um mero instrumento de auxílio político e é compromisso do

PS/Porto promover a participação e formação política de jovens quadros, num quadro de

efectiva partilha de causas e projectos com a Federação Distrital do Porto da Juventude

Socialista, respeitando sempre a sua autonomia e a sua identidade ideológica.

3.3. Parceiros Iguais - Cidadania Plena

O Partido Socialista há muito que interiorizou a Igualdade entre Mulheres e Homens no seu

código genético. Foi sempre em Governos do Partido Socialista que no nosso país se deram

avanços legislativos nesta matéria, como a nova Lei da Paridade bem espelha. O PS/Porto tem

por isso uma grande responsabilidade em estimular o dinamismo do Departamento

Federativo das Mulheres Socialistas, respeitando a sua autonomia e competências próprias.

É nosso dever empenharmo-nos no cumprimento de listas com representatividade superior a

1/3 e promover uma ampla participação política das mulheres socialistas nos processos de

decisão política da Federação.

Devemos caminhar assim para novas formas de funcionamento e organização interna, com

particular atenção aos horários das iniciativas partidárias que tenham em conta as

exigências de conciliação de tarefas na vida quotidiana. Esta gestão do tempo, apesar de

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encontrar dificuldades materiais de cumprimento em alguns contextos, deve ser acautelada e

observada, de forma a criar condições objectivas para a sua exequibilidade.

Neste sentido, ambicionamos a evolução para novas práticas, porque acreditamos na

reconhecida capacidade empreendedora das mulheres, na sua persistência e pragmatismo, e

entendemos que a sua participação nos domínios da vida política do PS/Porto é uma mais-valia

inquestionável para um projecto político consistente na Federação Distrital do Porto.

3.4. Reforçar as dinâmicas de abertura à sociedade

A qualificação do PS/Porto e do seu projecto político dependerá muito da nossa capacidade de

abrir à sociedade civil da região e de auscultar os cidadãos.

Devemos intensificar a abertura ao debate de ideias com organismos externos de intervenção

cívica e impulsionar a participação de cidadãos não filiados nas actividades do partido.

Propomos assim que a Federação Distrital do Porto passe a contar com estruturas próprias

de consulta e diálogo com cidadãos e instituições, de modo a que o partido se aproxime cada

vez mais da sociedade civil e a sociedade civil tenha uma porta de entrada no partido.

Pretendemos fomentar o aparecimento dos “Clubes de Política” que congreguem militantes e

simpatizantes, dispostos a reflectir e aprofundar temas motivadores de acção política.

Da mesma forma, entendemos salutar o aparecimento de secções temáticas virtuais, onde

cidadãos poderão intercambiar opiniões, conhecimentos e saberes que criarão valor

acrescentado às propostas da Federação. Em articulação com a JS, preconizamos também a

utilização das novas redes sociais na Web para fóruns de discussão aberta à comunidade,

assim como caixas de correio electrónico temáticas, que possam acolher sugestões, críticas e

opiniões dos cidadãos que se sintam tentados a participar. Desta forma, defendemos a

participação da sociedade civil como factor de valorização da nossa actividade política e de

qualificação da própria democracia.

3.5. Horizontes eleitorais

No último ano, o trabalho político da Federação foi absorvido por um ciclo eleitoral exigente,

preenchido por uma sequência tripla de eleições europeias, legislativas e autárquicas.

Também aqui o trabalho político do PS/Porto esteve à altura das exigências, pois os resultados

no distrito foram decisivos para os bons resultados eleitorais a nível nacional. Com efeito, nas

legislativas de 2009 atingimos o maior resultado eleitoral alguma vez alcançado pelo PS no

nosso distrito e nas eleições autárquicas alcançamos o melhor resultado dos últimos 20 anos.

No espaço temporal do mandato federativo que agora se inicia, o primeiro e único desafio

eleitoral certo que teremos são as eleições PRESIDENCIAIS, já em inícios de 2011.

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Todos os actos eleitorais são importantes e em todos se justifica um grande empenhamento

do Partido Socialista e dos seus militantes. As eleições presidenciais não são, portanto,

excepção e merecem o envolvimento da Federação na luta por um Portugal mais solidário,

moderno e progressista. Não fugiremos a esse combate e a Federação Distrital do Porto estará

ao lado do candidato apoiado pelo Partido Socialista, Manuel Alegre. Os militantes do distrito

poderão contar com toda a dedicação da estrutura distrital na campanha presidencial e na

melhor articulação com as estruturas concelhias. Não reduzimos, no entanto, uma candidatura

presidencial a uma disputa partidária e como tal, respeitaremos a consciência individual de

cada militante.

Para além das eleições Presidenciais, não se deve afastar a possibilidade de haver eleições

LEGISLATIVAS nos próximos 2 anos. São vários os sinais que indicam que a desejável

estabilidade política tão necessária no actual momento, é continuamente posta em causa de

forma irresponsável pela obsessão do maior partido da oposição em antecipar as eleições. O

momento politicamente conturbado que se vive no nosso país não dá garantias de

governabilidade até ao fim da legislatura e determina que o PS/Porto esteja prevenido para

a eventual antecipação de eleições legislativas. Quando chegar o momento, o PS/Porto estará

preparado para prestar contas do trabalho feito e demonstrará os resultados obtidos pela

governação socialista na nossa região. Evidenciaremos como o Partido Socialista honrou a

confiança nele depositada e, mais uma vez, lutaremos com toda a nossa energia para que saia

do distrito do Porto um contributo decisivo para um novo mandato de serviço ao país.

Finalmente, a profunda alteração a que o mapa autárquico vai estar sujeito em 2013,

decorrente da limitação do exercício sucessivo de três mandatos, obriga a que o PS/Porto

prepare uma estratégia especificamente orientada para este acto eleitoral. O nosso distrito

assistirá a uma profunda renovação dos titulares de cargos autárquicos e o PS/Porto deverá já

agilizar a preparação destas eleições.

Pese embora as eleições AUTÁRQUICAS sejam posteriores ao horizonte temporal da presente

moção, estamos convictos que um cuidado acompanhamento das concelhias, uma a uma,

permitirá fazer a avaliação conjunta do PS no distrito e possibilitará, atempadamente, orientar

as diferentes estratégias em função das diferentes dinâmicas políticas locais.

Com esse trabalho será possível adequar a estratégia e o apoio político em função do interesse

da concelhia e visibilidade aos novos rostos quando tal se mostre necessário.

Entendemos ser desejável lançar um amplo debate para desenhar os traços essenciais do

projecto autárquico do PS para a Área Metropolitana do Porto e para o Vale do Sousa e

Baixo Tâmega, de forma a garantir a credibilidade dum projecto de governação local no

contexto da região, não obstante a diversidade das circunstâncias locais.

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Assumimos já o objectivo claro de fortalecer a nossa posição no poder local do distrito,

conquistando mais Câmara e Juntas de Freguesia. O Partido Socialista no distrito do Porto tem

uma forte tradição e implementação autárquica e pode-se honrar do trabalho e dedicação dos

nossos autarcas ao serviço das populações e do desenvolvimento local. Nessa medida,

mantemos a orientação de nos apresentarmos com listas próprias às eleições autárquicas em

todo o distrito, com as nossas cores e os nossos programas, sem prejuízo de salvaguardar

sempre as especificidades políticas locais e sem nunca nos sobrepormos à posição das

respectivas Comissões Políticas Concelhias.