Mod - Novas Esquerdas

  • Upload
    jpaull

  • View
    235

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    1/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 1/49

    NOVAS ESQUERDAS

    MDULO NICO - NOVAS ESQUERDAS

    Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB

    Curso: Doutrinas Polticas Contemporneas: Novas EsquerdasLivro: NOVAS ESQUERDAS

    Impresso por: JOO PAULO MOREIRA CARVALHO

    Data: tera, 17 junho 2014, 08:46

    http://saberes.senado.leg.br/
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    2/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 2/49

    Sumrio

    Mdulo nico - Novas Esquerdas

    Mdulo nico - Novas Esquerdas

    Unidade 1 - Esquerda e Direita hojePg. 2 - Ps-Revoluo Russa

    Pg. 3 - EixosPg. 4 - SignificadosPg. 5 - Norberto BobbioPg. 6 - HabermasPg. 7 - Opinio de HabermasPg. 8 - ContradiesPg. 9 - ReaesPg. 10 - Processo

    Unidade 2 - Anthony Giddens e a Terceira ViaPg. 2 - ContemporaneidadePg. 3 - Estado-naoPg. 4 - IndividualismoPg. 5 - Esquerda e DireitaPg. 6 - Ao PolticaPg. 7 - EcologiaPg. 8 - CaractersticasPg. 9 - DemocraciaPg. 10 - DimensesPg. 11 - Eixos

    Unidade 3 - A possibilidade da OrtodoxiaPg. 2 - Esquerda EuropeiaPg. 3 - Social-democraciaPg. 4 - Perry AndersonPg. 5 - Crise social-democrataPg. 6 - MudanaPg. 7 - EixosPg. 8 - Social-democraciaPg. 9 - Fluxo de capitalPg. 10 - Perspectivas Social-democraciaPg. 11 - Perspectiva crtica

    Unidade 4 - Os movimentos antiglobalizao

    Pg. 2 - Movimentos sociaisPg. 3 - Do Imperialismo ao ImprioPg. 4 - ProcessosPg. 5 - Mudana de paradigmaPg. 6 - A Nova estrutura de poderPg. 7 - Novas obras e novas agendasPg. 8 - PlanosPg. 9 - Nova situaoPg - 10 ConclusoExerccios de Fixao

    Avaliao Final

    http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    3/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 3/49

    Mdulo nico - Novas Esquerdas

    Estamos no incio de um curso sobre Doutrinas Polticas Contemporneas.Convm, assim, esclarecer alguns pontos sobre o significado do ttulo e a

    forma do curso.

    O que so doutrinas polticas contemporneas?

    Na perspectiva que aqui adotamos, so aquelas correntes de pensamento que

    inspiram e orientam os partidos polticos importantes em termos de

    influncia, voto e acesso ao poder no mundo de hoje. Dito de outra maneira,

    aquelas correntes que definem os objetivos de partidos atuais e, em alguns

    casos, os meios recomendados para alcanar esses objetivos.

    O critrio, portanto, prtico. No vamos discutir correntes de pensamento que alimentaram partidos

    fortes no passado, mas insignificantes no presente. No vamos discutir, por exemplo, uma corrente

    conservadora, uma vez que hoje nenhum partido de peso defende o retorno ordem econmica, social e

    poltica pr-moderna. Pela mesma razo, no discutiremos a corrente anarquista, uma vez que os partidos

    dessa tendncia perderam peso, nos pases onde ainda eram importantes, no perodo entre as duasguerras mundiais.

    Um esclarecimento final necessrio. Grandes correntes de pensamento poltico no so objetos que

    possam ser estudados a partir de uma definio clara, unvoca, aceita por todos. Adversrios e partidrios

    tm interpretaes diferentes de cada corrente, e mesmo no interior de cada uma delas encontramos

    divises importantes. A seleo de assuntos e autores feita no curso , portanto, necessariamente

    parcial. Escolhemos obras de autores consagrados que tratam de temas que a maior parte dos novos

    esquerdistas considera fundamentais. No entanto, outros temas e autores, talvez to importantes quanto

    esses, ficaram de fora. Vamos discutir, para dizer de forma mais precisa, uma seleo de temas e autores

    importantes para esta corrente.

    Na Bibliotecadeste curso, voc encontrar um texto de Marina Silva representativo de um novo modo de

    pensar e agir politicamente.

    .

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    4/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 4/49

    Mdulo nico - Novas Esquerdas

    Ao final deste mdulo, esperamos que voc possa:

    Compreender o sentido da polaridade entre esquerda e direita e as

    ideias, levantadas na dcada de 1980,de um pensador de grandeinfluncia intelectual, mas sem vnculos partidrios, Jrgen

    Habermas.

    Analisar a proposta de um acadmico respeitado, com grande

    influncia noPartido Trabalhista Britnico, Anthony Giddens.Identificar a crise da social-democracia, a partir da perspectiva de

    um de seus crticos esquerda: Perry Anderson.

    Discutir alguns dos desenvolvimentos recentes da ordem capitalista

    mundial a partir da perspectiva de Antnio Negris e Michael Hardt.

    Assim, estudaremos nesta unidade, sobre esquerda e direita:

    Sentido da polaridade; Habermas e a nova intransparncia.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2535&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    5/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 5/49

    Unidade 1 - Esquerda e Direita hoje

    1. O sentido da polaridade

    O primeiro eixo em torno do qual se situaram os plos direita e esquerda define-se pelo valor igualdade.

    Nos desdobramentos da Revoluo Francesatoma forma uma ala igualitarista radical, liderada por Babeuf.Para essa primeira esquerda, a desigualdade social inadmissvel, e tem na propriedade privada a sua

    origem. Era necessrio tomar o Estado e utiliz-lo para a equalizao das condies de vida.

    Cedo, um segundo eixo, uma nova camada de significado, agregou-se fronteira que dividia os partidrios

    da igualdade e os apologistas da desigualdade. O novo eixo se implanta ao longo de uma outra dimenso,

    a da racionalidade econmica, opondo um plo racional, a economia centralmente planificada, a outro

    irracional, materializado no livre jogo das foras de mercado.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2594&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    6/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 6/49

    Pg. 2 - Ps-Revoluo Russa

    preciso lembrar, mais uma vez, que a oposio tinha fundamento na experincia proporcionada pelofuncionamento do capitalismo. Sem intervenes disciplinadoras, o mercado produzia ciclos de expanso eprosperidade econmica, interrompidos por crises de superproduo que davam incio ao ciclo seguinte dedepresso. No momento da crise, a irracionalidade do sistema transparecia: produo abundante e misria

    extrema, falncias em cadeia, desemprego, concentrao de capitais e o recomeo do ciclo em umpatamar mais elevado.

    Aps a Revoluo Russa, mais um campo de significado, umterceiro eixo, se agrega oposio entre esquerda e direita.Num mundo bipolar, no qual o bloco socialista era tido,automaticamente, como o mais avanado, toda oposio aobloco capitalista era percebida como alinhamento potencial aosocialismo. Nessa tica, constituiu-se o eixo que separa o

    polo nacional do polo imperialista. No limite, qualquer lideranaque agisse contra o colonialismo ou contra as formas maismodernas de manifestao dos interesses estrangeirosingressava no campo da esquerda. Ao redor do mundo,inmeras foram as alianas antiimperialistas patrocinadas

    pelos partidos de esquerda.

    Importa ressaltar a novidade desse eixo, completamente estranho ao pensamento de Marx, porexemplo. Para ele, como mostram seus textos sobre a ndia, o colonialismo cumpria, apesar de todas assuas sequelas em termos de perdas de vidas humanas e destruio de formas tradicionais de vida, umpapel civilizador, aproximando do capitalismo e, por conseguinte, do socialismo os povos a elesubmetidos.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2564&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    7/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 7/49

    Pg. 3 - Eixos

    Um quarto eixo, mais recente e com novo significado, de atualidade na conjuntura brasileira, ope, nosparmetros de uma leitura especfica da teoria keynesiana, os partidrios do uso do dficit pblico, parafins de desenvolvimento e justia social, aos defensores do equilbrio oramentrio, ou seja, da imposiode algum limite aos gastos do governo. No contexto da Amrica Latina, a primeira posio identificada

    com a escola da CEPAL. A segunda, elstica, abrange de monetaristas ortodoxos a todos aqueles quedefendam, geralmente na posio de governo, alguma preocupao com as contas pblicas.

    Todos os argumentos a favor da necessidade de construir um novo modelo para a esquerda tm comopostulado, implcito ou no, a obsolescncia da maior parte desses eixos.

    O segundo eixo foi atingido pela queda do socialismo real e pela crise do modelo social-democrata.

    A queda do socialismo real teria demonstrado a inviabilidade da planificao central em situaes decomplexidade econmica. Nas novas condies, a racionalidade ter-se-ia deslocado, de alguma maneira,para o polo do mercado. Qualquer que venha a ser o projeto da esquerda, no poder prescindir dealguma forma de mercado.

    A crise do modelo social-democrata trouxe tona, por sua vez, as limitaes do projeto de domesticao

    do mercado por parte do Estado, nas condies presentes num mundo globalizado.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2528&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    8/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 8/49

    Pg. 4 - Significados

    De maneira anloga, o eixo que ope nao e imperialismo foi completamente alterado nacontemporaneidade. No apenas porque o fim do mundo bipolar retirou a base da afinidade entre osnacionalismos diversos e o bloco socialista, mas, principalmente, pelas consequncias da globalizao naatividade econmica. Nas novas condies, o projeto de recusa completa do capital externo, de auto-

    suficincia econmica do pas, implica estagnao e pobreza. A questo no mais a imposio debarreiras ao investimento externo, mas a abertura controlada, a insero vantajosa no processo deglobalizao.

    Finalmente, a ltima camada de significado que registramos tambm no se manteve inclume smudanas do presente. Discutimos j as razes do esgotamento do modelo keynesiano. Resta enfatizarque, numa economia cada vez mais globalizada e interdependente, a competitividade passa a ser varivelfundamental. Nesse novo quadro, a questo do equilbrio das contas pblicas ganha outra dimenso:indicador da confiana, no apenas dos atores presentes no mercado, mas dos Estados nacionaisparceiros em processos de integrao. Exemplar nesse sentido o exemplo da Unio Europeia, ondegovernos de esquerda assumiram a tarefa de enquadrar a economia de seus pases nos parmetrosacordados.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2560&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2567&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2536&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2567&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    9/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 9/49

    Pg. 5 - Norberto Bobbio

    Em sntese, a postulao do Estado como agente econmico exclusivo ou principal; a defesa do interessenacional ao ponto da excluso do capital estrangeiro; a prioridade do desenvolvimento sobre o equilbriodas contas pblicas; todos esses fatores no so capazes de delimitar hoje, embora j o tenham sido,uma posio de esquerda. Analogamente, a aceitao de mecanismos de mercado, a integrao na

    economia mundial e a preocupao com o dficit no caracterizam, por si, uma posio de direita.

    Nesse quadro, a dvida sobre a validade da distino entre ambos os polos pertinente: se osindicadores tradicionais da diferena perdem validade, h sentido ainda na diferena?

    No plano emprico, a diferena permanece relevante. Os atores polticos continuam a se posicionar e aserem posicionados ao longo da polaridade entre esquerda e direita. medida, no entanto, que a perda designificado dos eixos citados progride, resta como marco definidor apenas o eixo original: a igualdade comovalor.

    Essa a posio, entre outros, de Norberto Bobbio. Para esse autor, o valor da igualdade distingue a

    esquerda e a ope direita, definida pelo apreo ao valor da diversidade. O valor liberdade definiria

    outra

    polaridade, aquela que confronta libertrios e autoritrios. A rigor,

    essa segunda oposio corta transversalmente a primeira, de

    maneira que podemos encontrar tanto libertrios quanto

    autoritrios na esquerda e na direita.

    Portanto, em resumo, a pluralidade de tentativas de produzir um

    novo paradigma para a esquerda decorre do reconhecimento dafalncia dos modelos clssicos, atacados por mudanas objetivasem processo no mundo. Nessa situao, a questo bsica passa aser a construo de novos meios e caminhos polticos para aimplementao do valor distintivo da esquerda, a igualdade.

    Examinaremos a seguir algumas dessas tentativas, produzidas nainterseo dos meios acadmico e poltico.

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    10/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 10/49

    Pg. 6 - Habermas

    2. Habermas e a nova intransparncia

    Apresentamos, em primeiro lugar, o diagnstico produzido pelo cientista social alemo Jrgen Habermas,em meados da dcada de 1980. Nele, as razes da inadequao da poltica clssica da esquerda nova

    situao so analisadas e afirmam-se as linhas gerais de uma nova proposta.

    O autor parte de uma constatao: a articulao entre tempo histrico e tempo utpico, produzida noOcidente, no sculo XVIII, encontra-se hoje comprometida. Vivemos um momento em que os grandesinstrumentos da construo do futuro de acordo com nossos valores a cincia, a tcnica e oplanejamento encontram-se sob suspeio.

    A histria recente forneceu fortes razes para tanto. Afinal, ficou evidente, no sculo XX, a possibilidade

    de utilizao desses instrumentos no para a emancipao humana, mas para a destruio, a dominaoe

    a alienaodo homem. Da que alguns afirmem o fracasso do projeto da modernidade. Se esse diagnstico

    se revelar acertado, efetivamente estaramos assistindo desarticulao do vnculo, que o Iluminismo

    criou, entre histria e utopia, e o retorno desta ltima esfera religiosa.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2547&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2556&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2567&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2567&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    11/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 11/49

    Pg. 7 - Opinio de Habermas

    No entanto, para Habermas, esse diagnstico no correto. Presenciamos,

    hoje, no o esgotamento das utopias em geral, mas o de um tipo especfico

    de utopia: aquela centrada no trabalho. Essa utopia, fundamento dos

    grandes sistemas que dominaram a poltica no sculo XX o comunismo, o

    fascismoe a social-democracia est perdendo, no momento, sua base

    real. Da a sensao de opacidade, de intransparncia, que acomete a

    cidados e analistas das sociedades contemporneas. O modelo social-

    democrata, o nico sistema sobrevivente, perdeu a capacidade de nos

    dizer quem somos e qual o rumo que devemos tomar.

    O centro do sistema estava, como vimos, na procura do pleno emprego. O pleno emprego garantia, aum tempo, o salrio, condio da integrao do cidado como consumidor, e os encargos sociais,condio da manuteno do Estado do bem-estar social, da integrao do cidado sob a forma decliente do Estado, de beneficirio do provimento pblico de sade, educao, previdncia e de todos osdemais produtos das polticas sociais.

    Duas questes se punham, na opinio de Habermas, a um sistema como esse. Em primeiro lugar, qual o

    limite do controle pblico sobre as decises dos capitalistas? Em segundo lugar, at que ponto o

    poder poltico o instrumento adequado para se conseguir a emancipao dos homens?

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2514&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2547&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2547&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2547&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    12/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 12/49

    Pg. 8 - Contradies

    No que diz respeito primeira questo, o sistema apresenta uma limitao clara. O prprio sucesso doEstado do Bem-Estar Socialaciona o mecanismo responsvel por sua eroso. A ampliao da segurana,seja quanto ao nmero de beneficirios, seja quanto s situaes cobertas, impe custos crescentes,cobertos pelos encargos sociais. O custo do trabalho eleva-se e os empresrios so estimulados a adotar

    inovaes tecnolgicas poupadoras de mo-de-obra. Com isso, o pleno emprego tende a distanciar-secomo meta factvel e o sistema mergulha numa c rise de financiamento.

    Quanto segunda questo, Habermas est convencido de que a produo de novas formas de vida,regidas pela igualdade e pela autonomia, tarefa acima das foras do poder estatal. O Estado podepossibilitar a igualdade, mas a preo de abarcar, na vida pessoal do cidado e de sua famlia, um grau deingerncia incompatvel com qualquer ideal de emancipao.

    Aparentemente, portanto, nos encontramos diante de uma contradio. O capitalismo desenvolvido nopode sobreviver sem o Estado do bem-estar social, mas tambm no pode suportar sua expansocontnua.

    Frente a essa situao, o panorama poltico da dcada de 1980 oferecia trs grandes formas de reao.

    A primeira, o legitimismo socioestatal, busca a simples manuteno do modelo. Para tanto, opera no

    sentido de fazer concesses ao mercado at o equacionamento da crise, quando seria possvel retornar

    velha poltica. Seus representantes encontrar-se-iam nas direes dos velhos partidos social-democratas.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    13/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 13/49

    Pg. 9 - Reaes

    A segunda reao dada pelo neoconservadorismo. Postula a predominncia do mercado e a reduo doEstado do bem-estar. Prope tambm uma reduo no domnio da democracia, transferindo decises deinstncias polticas para outras de carter tcnico. Finalmente, empenha-se numa poltica cultural quetem como alvo os intelectuais, vistos como agentes de subverso da tradio.

    A terceira reao a que o autor chama de crticos do crescimento. Rene diversas minorias, jovens,idosos, mulheres, estrangeiros, entre outros; novos movimentos sociais, como os ambientalistas epacifistas; todos, enfim, que recusam a ideologia produtivista comum s duas posies anteriores. Oproblema nesse caso que no h oposio positiva. Partilham todos da grande recusa ao sistema, masno dispem de alternativas a apresentar.

    Para Habermas, a alternativa passa pelo fortalecimento da sociedade civiltanto frente ao Estado quantofrente ao mercado. A soluo social-democrata, o controle do mercado pelo Estado, revelou-seinsuficiente. A contraposio neoconservadora, por sua vez, pretende o controle do Estado por parte domercado, mas no pode ser satisfatria para aqueles que tm a igualdade como norte.

    Resta o fortalecimento da sociedade civil, de todas aquelas instncias regidas idealmente pelasolidariedade e no por dinheiro e poder, meios prprios de mercado e Estado. Esquematicamente, nessas

    instncias Habermas localiza todas as instituies responsveis pela transmisso de crenas e valores,

    pela continuidade da cultura, pela manuteno da integrao social e pela socializao das novas

    geraes.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2559&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2559&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2527&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    14/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 14/49

    Pg. 10 - Processo

    Essa perspectiva no implica, como nas verses clssicas da esquerda, a supresso de Estado e mercado.Precisamos de riqueza para viver em uma sociedade abundante, e o mercado o meio para atingir essefim. Precisamos de acesso garantido a alguns bens pblicos entendidos como direitos do cidado, eapenas o Estado pode prover esse acesso. A questo limitar mercado e Estado nas esferas em que so

    indispensveis e no permitir sua colonizao sobre as esferas regidas pelo meio solidariedade.

    Na verdade, trata-se de atingir, na sociedade civil, consensos quanto aos limites desejveis da atuaodo Estado e do mercado. Esse processo hoje espordico, mas a militncia na poltica cotidiana podetorn-lo regra.

    Nas prximas unidades, discutiremos outras solues propostas mesma questo.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2559&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    15/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 15/49

    Unidade 2 - Anthony Giddens e a Terceira Via

    Nesta unidade, estudaremos as questes ligadas terceira via:

    globalizao;individualismo;esquerda e direita;

    ao poltica;ecologia.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2569&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    16/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 16/49

    Pg. 2 - Contemporaneidade

    Para superar as deficincias que o modelo tradicional da social-democracia apresentava, face s novascondies, Anthony Giddens considera que um novo paradigma para a esquerda, por ele chamadoterceira via, deve enfrentar com sucesso cinco grandes dilemas postos pela contemporaneidade.

    1. Globalizao

    O tema dos mais controversos no debate contemporneo. Num dos extremos da discusso estoaqueles que consideram a questo vazia. Globalizao seria um mito, inventado pelos beneficirios dapresente ordem internacional, com a finalidade de convencer os prejudicados de que sua situao inevitvel. Uma vertente menos radical aceita a realidade do fenmeno, mas no sua novidade. Tratar-se-ia de mera continuidade do processo de expanso do capitalismo, iniciado na poca das grandesnavegaes. No outro extremo situam-se aqueles queconsideram a globalizao um processo objetivo, do planoda realidade material, no da ideologia. Para estes, oEstado Nacional estaria perdendo substncia, a ponto detornar-se, este sim, apenas um mito, subsistindoformalmente por uma questo de inrcia institucional.

    Dados disponveis indicam algumas dimenses objetivasdo fenmeno. No plano comercial, o percentual daeconomia dos pases europeus representado pelocomrcio exterior encontra-se hoje em torno dos 17%,numa tendncia crescente. No auge das polticaskeynesianas, esse percentual era de 7%, e no perodoliberal anterior primeira guerra mundial, 12%.

    A globalizao econmica mais evidente ainda no aspecto financeiro. Hoje os mercados operam emtempo real e bilhes de dlares deslocam-se, diariamente, por todos os continentes procura do

    rendimento melhor e mais seguro.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2569&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    17/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 17/49

    Pg. 3 - Estado-nao

    Mais importantes ainda parecem ser os aspectos no econmicos da globalizao. O tempo e o espaoencolheram e hoje decises tomadas em um continente afetam de imediato os moradores dos demais. difcil supor uma histria diferente, mas a derrocada dos regimes comunistas do leste europeu no se teriaprocessado da mesma maneira sem a presena dos meios de comunicao de massa, particularmente a

    televiso.

    Isso significa que o Estado-nao um mito? No, mas certamente seus poderes tradicionais,principalmente aqueles necessrios gesto de polticas de cunho keynesiano, diminuram. Por outro lado,outras tarefas so deles demandadas. Com o recrudescimento do particularismo e do localismo, exige-sedo Estado a regenerao das identidades nacionais, bem como a articulao entre os diferentes planos deidentidade dos cidados.

    Alm disso, o Estado-nao o ator dos processos de integrao regional, a maneira mediante a qualalgumas de suas antigas atribuies podem ser preservadas, num novo patamar.

    Finalmente, preciso lembrar que, ao contrrio do afirmado por muitos, o processo de globalizao no

    resulta, para Giddens, de foras impessoais e necessrias. Diversos atores, como Estados, empresas ecentros de pesquisa, engajaram-se ativa e conscientemente no desenvolvimento das inovaestecnolgicas que o alimentam.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2567&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2567&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    18/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 18/49

    Pg. 4 - Individualismo

    2. Individualismo

    O prprio sucesso do Estado do Bem-Estar Social

    tornou possvel o desenvolvimento de um novo tipo de

    individualismo, associado multiplicidade de estilos de

    vida disponveis escolha de cada um. Esse novo

    individualismo visto com desconfiana, tanto por

    parte da esquerda social-democrata tradicional

    quanto por parte da nova direita neoliberal.

    Na perspectiva da esquerda, o individualismo assimilado a egosmo e consumismo, considerado um

    produto da importncia excessiva que o mercado veio a tomar nas sociedades modernas. J para a

    direita, o individualismo espelha simplesmente a permissividade que est a enfraquecer as bases morais

    da sociedade. A diversidade moral s pode se desenvolver s custas da tradio, por ela defendida.

    Uma esquerda de novo tipo deve superar o preconceito contra o novo individualismo e assumir como

    legtima a demanda pela coexistncia entre diferentes modos de vida. Deve ainda atentar para o

    problema que essa situao gera: a construo de novas formas, no tradicionais, de produzir

    solidariedade social.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    19/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 19/49

    Pg. 5 - Esquerda e Direita

    3. Esquerda e Direita

    Giddens aceita a definio de Bobbio: esquerda tem como valor diferencial a igualdade. Acrescenta,porm, a dimenso poltica. A seu ver, esquerda toda posio que tenta incrementar a igualdade como uso do aparelho estatal. Esquerda, portanto, quem prope uma poltica de emancipao. Direita, emcontraposio, quem se interessa em manter um Estado de desigualdade ou quem prope medidasque levaro ao aumento dessa desigualdade. Tanto os conservadores clssicos quanto os neoliberaisenquadram-se nessa definio.

    To importante quanto afirmar a persistncia da oposio perceber seu lugar no novo espao da poltica. At hpouco, o confronto entre direita e esquerda praticamente

    estruturava a totalidade do campo da poltica. A igualdadeera a questo principal e todas as demais subordinavam-se a ela. Hoje, a igualdade uma entre outras questes, ea poltica deve abrir espao para outros temas,transversais a essa oposio, como a ecologia, a famlia, aidentidade.

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    20/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 20/49

    Pg. 6 - Ao Poltica

    A poltica de esquerda, a poltica emancipatria, como a chama Giddens, persiste em seu esforo,relevante, de equalizar as oportunidades de vida. Mas no suficiente, hoje, e deve ser complementadapelo que o autor chama de poltica da vida, encarregada de apresentar as opes efetuadas nesseconjunto de questes externas ao eixo direita/esquerda.

    No novo espao que a poltica assume, ganha relevo a posio do centro. No o centro situado entre asextremidades da esquerda e da direita, mas o centro composto pelos novos temas da agenda, queescapam dicotomia. Nesse sentido, a aliana com o centro, um centro radical integrado por verdes,feministas, partidrios da paz, entre outros grupos, passa a ser uma necessidade vital para a esquerda denovo tipo.

    4. Ao poltica

    Na nova configurao que a poltica toma, os partidos perdem o monoplio da representao da vontadedos cidados. Entidades organizadas em torno de objetivos pontuais, o chamado terceiro setor,

    organizaes no-governamentais, grupos de trabalho voluntrio, assumem parcela significativa do espaopoltico.

    O novo projeto da esquerda no pode manter a atitude de desconfiana caracterstica da social-democracia, mas deve estar aberto colaborao com esses novos atores. No entanto, preciso terclaro que participao e colaborao no significam substituio do papel do Estado. Assim como omercado no pode substituir o Estado, sob pena de distores graves, tampouco a sociedade civilpodefaz-lo.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2559&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    21/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 21/49

    Pg. 7 - Ecologia

    5. Ecologia

    A preocupao ecolgica deve tornar-se um trao distintivo da esquerda de novo tipo. Os neoliberais

    tendem a considerar a questo como solvel por meio dos mecanismos de mercado.

    escassez de determinado recurso natural seguir-se-ia a

    elevao de preos e a consequente busca de tecnologias

    alternativas. Giddens cita inclusive o episdio de uma aposta,

    feita em 1980, entre um economista e um militante ecolgico:

    dado qualquer conjunto de cinco recursos naturais, seu preo

    em 1990 seria inferior ao de 1980. No caso da cesta escolhida

    (cobre, estanho, cromo, nquel e tungstnio), efetivamente ospreos caram entre 24 e 78%.

    Deve-se concluir desse exemplo que no existe riscoambiental? Certamente no. O risco existe e quanto maior oconhecimento sobre nossa interveno na natureza, menospodemos prever com segurana seus efeitos nos mdio e longo prazos. O caso da vaca louca tpico,no contexto europeu. No entanto, o mesmo se aplica ao problema do aquecimento global ou ao dosprodutos transgnicos.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2545&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    22/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 22/49

    Pg. 8 - Caractersticas

    Em todos esses casos, as consequncias do risco artificial, aquele criado pelo homem, so de difcildeterminao, e a cautela e algum conservadorismodevem permear as opes da nova esquerda.

    Quais as caractersticas de uma terceira via que enfrente com sucesso os desafios representados pelos

    dilemas mencionados?

    Em primeiro lugar, a participao ativa e constante dos cidados. Assim, em vez de garantir os caminhosa serem trilhados, a poltica da terceira viadeve auxiliar os cidados na definio de seu prprio caminho,incorporando as oportunidades abertas pelas grandes revolues por que passa a humanidade: aglobalizao, a transformao da vida pessoal e o relacionamento com a natureza.

    Em segundo lugar, a articulao de uma poltica emancipatria, que busque a justia social e que drespostas s novas questes que escapam diviso entre esquerda e direita.

    Em terceiro lugar, a liberdade do cidado. Segundo Giddens, a liberdade deve ser entendida comoautonomia, os direitos devem ser acompanhados de responsabilidades e nenhuma autoridade deve ser

    aceita se no for democraticamente legitimada.

    Em quarto lugar, o pluralismo cosmopolita, que ope a terceira via aos protecionismos econmico e

    cultural, reclamados respectivamente pela extrema direita e pela direita como um todo, e ao fechamento

    das fronteiras para a circulao dos trabalhadores.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2569&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2569&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2569&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2527&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2567&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    23/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 23/49

    Pg. 9 - Democracia

    Finalmente, em quinto lugar, um trao de conservadorismo filosfico, de prudncia, para proteger, dosimpulsos de mudana demasiado abruptos, de consequncias inesperadas, o ambiente natural e as novasformas de tradio.

    Esse conjunto de princpios traduz-se, segundo Giddens, em trs grandes eixos programticos: democraciamais ampla e profunda, a reconstruo do Estado do bem-estar sociale o cosmopolitismo.

    No primeiro eixo, a palavra de ordem democratizar a democracia. preciso reconstruir o Estadoexistente de maneira a abrir espao para a participao do cidado. Esse processo comporta cinco

    principais dimenses, algumas das quais subestimadas pelo modelo social-democrata clssico.

    A primeira dimenso da ampliao da democracia a descentralizao dos

    poderes. A nfase deve ser conferida ao poder local, potencialmente maiseficiente que a administrao central e mais democrtico, uma vez que maisprximo do alcance do cidado. Ao contrrio da tradio majoritria naesquerda, a mudana no advm, nessa perspectiva, do poder central, masganha impulso maior com a transferncia de poder para as localidades.

    Transparncia e abertura para a sociedade constituem a segunda dimenso.As novas tecnologias de informao permitem um grau de transparncia da ao governamental antesimpensvel. Quanto maior a facilidade de acesso a todas as informaes sobre recursos pblicos,processos decisrios e aes de governo, maior a democratizao da democracia.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2527&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    24/49

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    25/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 25/49

    Pg. 11 - Eixos

    Esta ltima diretriz preside o segundo eixo programtico, o projeto de reconstruo do Estado do bem-

    estar social, apresentado por Giddens. Trata-se, fundamentalmente, de buscar um novo equilbrio entre

    risco e segurana, face constatao de que impossvel para o Estado eliminar o risco por completo.

    A igualdade, no novo modelo, no pode ser percebida como uniformidade, tampouco como simplesmeritocracia, nos moldes neoliberais. A meritocracia sem regras produz desigualdades extremas. Limitesdevem, portanto, ser impostos distribuio de bens, servios e oportunidades segundo o mrito. Aigualdade, nesse contexto, deve ser vista principalmente como incluso. Em outras palavras, cabe aoEstado assegurar a equalizao das oportunidades e das condies elementares de vida, assim como apresena de todo cidado nessas oportunidades e condies.

    Da mesma maneira, o novo Estado do bem-estar social deve conferir maior nfase participao diretados interessados, em detrimento de processos decisrios burocraticamente controlados. Seria possvelcontrolar dessa maneira o chamado perigo moral: a assimilao da assistncia pblica como um dadopermanente no horizonte de vida do beneficiado, com todas as sequelas em termos de acomodao,perda de perspectiva e queda na auto-estima.

    Por ltimo, quanto ao terceiro eixo programtico, no que diz respeito ao cosmopolitismo, o seu contedo a abertura das fronteiras nacionais livre circulao de trabalhadores e de produtos culturais.

    Vimos, nesta unidade, o caminho que Giddens aponta para a construo de um novo paradigma daesquerda. O autor discrimina os desafios a serem enfrentados, os princpios que devem encaminhar a suasuperao e trs grandes eixos, ou diretrizes, que devem distinguir uma esquerda de novo tipo tanto dasocial-democracia tradicional, quanto da direita, em sua vertente conservadora ou neoliberal. Giddenstrabalha na confluncia dos mundos da cincia e da poltica. Na prxima unidade, vamos examinar umasoluo construda, predominantemente, no debate interno de um partido poltico.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    26/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 26/49

    Unidade 3 - A possibilidade da Ortodoxia

    Analisaremos aqui, sobre a esquerda em geral e a social-democracia, em particular:

    esquerda europeia do norte e do sul;crise social-democrata;perspectiva para a social-democracia.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    27/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 27/49

    Pg. 2 - Esquerda Europeia

    No decorrer das trs ltimas unidades, discutimos algumas das tentativas recentes de encontrar um novoparadigma para a esquerda. Embora diferenciadas, todas partem da premissa do esgotamento dos antigosparadigmas, do socialismo e da social-democracia. Se o curso se encerrasse neste ponto, poderia parecerque a totalidade das foras de esquerda se encontra empenhada na construo de novos modelos, no

    rumo aqui analisado. A realidade no essa. H correntes que recusam como capitulao os movimentosque discutimos, a partir de Giddens e do documento dos Democratas de Esquerda. Para essas correntes,novos modelos so necessrios, mas devem recuperar a radicalidade dos antigos propsitos,particularmente a substituio do capitalismo por uma forma alternativa de organizar a economia e asociedade.

    No seria possvel ignorar, neste curso, esse tipo de argumento. Para guiar a discusso, selecionei, comorepresentativo dessa corrente, o artigo de Perry Andersonque abre uma coletnea de textos por elerecentemente organizada: Um mapa da esquerda na Europa Ocidental.

    1. Esquerda europeia do norte e do sul

    O autor comea por observar que, embora a esquerda majoritria na Europa Ocidental concentre-se, hoje,em partidos de orientao social-democrata, historicamente o continente apresentou duas regiesdiferenciadas, no que respeita ao tipo de partidos de esquerda predominantes.

    Havia, em primeiro lugar, o norte europeu, que se revelou ambiente favorvel ao desenvolvimento dasocial-democracia clssica. Ali, apoiados em sindicatos fortes, progrediram partidos de massa, comcrescimento eleitoral sustentado. Na dcada de 1930, alguns desses partidos j haviam chegado aopoder, mas o crescimento maior ocorreu aps a segunda guerra mundial, at o comeo da dcada de1970. Nesse momento, todos os pases dessa regio Noruega, Sucia, Finlndia e Dinamarca; Holanda,Blgica e Luxemburgo; Gr-Bretanha; Alemanha e ustria encontravam-se sob governo social-democrata.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    28/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 28/49

    Pg. 3 - Social-democracia

    Para esses governos, a estatizao da atividade econmica no era o principal objetivo, embora esseprocesso tenha ocorrido de maneira localizada, principalmente na Inglaterra e na ustria. O centro dapoltica estava em outra parte: na construo do Estado do bem-estar social, com um apoio no plenoemprego e outro no sistema de garantias e benefcios sociais, principalmente previdencirios.

    No entanto, no auge do poderio social-democrata, as condies econmicas que davam sustentao aomodelo comeam a falhar. Diminui o ritmo de crescimento, a inflao acelera e o desemprego comea aespalhar-se. A Europa entra numa situao que foi batizada de estagflao: a inflao ocorria no numperodo de crescimento econmico, como era esperado pela literatura, mas num momento de recesso.

    A social-democracia encontrava-se no governo e foi atingida pela crise. Vimos que suas receitaseconmicas tradicionais passaram, nesse momento, a no funcionar. Pior ainda, foram associadas pelaoposio liberal com as prprias causas da crise. Com um discurso que passou a ter aceitao crescenteno eleitorado, o diagnstico liberal apontou como culpado imediato o dficit pblico, e como culpadoprimeiro, o Estado do bem-estar social, responsvel presumido por esse dficit.

    Seguiram-se, a partir dos conservadores britnicos, em 1979, vitrias sucessivas da oposio de direita.Em poucos anos, o quadro havia mudado e a social- democraciamantinha-se no poder apenas na Sucia.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2528&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    29/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 29/49

    Pg. 4 - Perry Anderson

    No sul europeu, a situao era bem diferente. Pases de industrializao retardatria, onde as elitesagrrias mantinham parcela importante de poder, com forte presena do anarquismona histria de seus

    movimentos operrios, desenvolveram no ps-guerra, no partidossocial-democratas, mas partidos comunistas, como fora maisimportante da esquerda. Na Frana, Espanha, Itlia, Portugal e Grcia,a esquerda era, segundo Perry Anderson, ao mesmo tempo maisfraca e mais radical que no norte do continente.

    Quando a crise atingiu esses pases, os partidos comunistas, naoposio, prepararam-se para tomar o poder, dando incio a processosde renovao, ideolgica e organizacional. No entanto, quem se

    beneficiou da crise foram os partidos socialistas, at ento menores.Em todos esses pases os socialistas experimentaram um rpidocrescimento, superaram eleitoralmente os partidos comunistas eassumiram o poder, na passagem dos anos 70 para os 80.

    No governo, alguns desses partidos renunciaram de imediato a suas antigas propostas e enfrentaram acrise com os remdios recomendados pelo liberalismo: ajuste nas contas pblicas. Outros, como nocaso da Frana e da Grcia, tentaram prosseguir com o programa de estatizaes, redistribuio derenda e combate inflao com crescimento, em vez de restries ao gasto pblico. A tentativafracassou e esses partidos foram obrigados, tambm eles, a dar uma guinada em suas polticas degoverno.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2509&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    30/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 30/49

    Pg. 5 - Crise social-democrata

    Em 1989, sobrevm a queda do socialismo real.

    Esse acontecimento, em vez de fortalecer a social-

    democracia, como uma espcie de prova tardia do

    acerto de suas opes, aprofundou a crise em que

    esses partidos encontravam-se e beneficiou apenas

    o liberalismo.

    Para saber mais sobre a Queda do Muro de Berlim

    2. Crise social-democrata

    Hoje, o fim do Estado do bem-estar social, ao menos na sua forma clssica, patente. O desemprego

    oscila entre 10% e 20% na populao trabalhadora desses pases e a presso da opinio pblica pelareduo de impostos e de gastos intensa. Nessa conjuntura difcil, a esquerda europeia no dispe desolues convincentes a apresentar e concentra-se numa agenda escapista: formas de gesto dosistema, o aumento da agregao social, a justia eleitoral, a modernidade cultural.

    A crise profunda e a esquerda nela submergida parece inerte. O autor compara a prostrao atual daesquerda, pelo menos na sua forma de ver, com a atividade dos liberais, quando na oposio: constituamuma usina de idias e alternativas s propostas governistas. Anderson percebe dois componentesprincipais na crise que atinge a social-democracia. O primeiro refere-se fragmentao da base de apoiodesses partidos e da esquerda, de maneira geral.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionaryhttp://www.bbc.co.uk/portuguese/esp_berlin_img.htmhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    31/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 31/49

    Pg. 6 - Mudana

    At 1960, embora esses partidos dirigissem seu apelo a diferentes classes da sociedade, embora sua

    direo fosse constituda muitas vezes por intelectuais, o ncleo de sua base de apoio, o grupo mais

    numeroso, mais organizado, dotado de maior credibilidade poltica, era a classe operria tradicional, os

    trabalhadores manuais. Era visvel, na expresso da poca, a centralidade operria da base dessespartidos.

    Essa situao mudou por completo, em pouco tempo. O nmero de assalariados cresceu, mas essecrescimento foi acompanhado por um processo de intensa diferenciao e fragmentao, em torno decinco eixos fundamentais.

    O primeiro eixo ope trabalhadores manuais, de colarinho azul, a trabalhadores de escritrio, decolarinho branco. Essa diviso, evidentemente, anterior dcada de 1960, mas o que mudou foi aproporo numrica entre os dois grupos. O trabalhador manual, da indstria, era, at ento, amplamaioria. A partir dessa poca, o crescimento espetacular do setor de servios inverteu a proporo, aoponto de, em alguns pases, o operrio industrial, tradicional, representar hoje menos de um quarto da

    populao economicamente ativa.

    A ao poltica conjunta dos dois grupos de trabalhadores nunca foi automtica, mesmo na situao de

    maioria do operrio industrial. Com a nova proporo, torna-se ainda mais difcil.

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    32/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 32/49

    Pg. 7 - Eixos

    O segundo eixo incide no interior do grupo dos trabalhadores manuais. A gama de habilidades e,consequentemente, de renda, nele presentes ampliou-se em muito. Antes, a regra era que todos ostrabalhadores manuais eram pouco qualificados e ganhavam pouco. Hoje, h uma massa de trabalhadoresmanuais no qualificados que recebem os salrios mais baixos do mercado e setores de trabalhadores

    manuais qualificados, especializados, que recebem salrios muito superiores aos dos trabalhadores noqualificados.

    O terceiro eixo a idade. As polticas de universalizao da educao teriam aproximado, na condiocomum de estudantes, a juventude operria dos jovens vindos de outras classes sociaise criado umacultura jovem uniforme. Por outro lado, com os progressos na rea de sade, o tempo mdio de vida e,consequentemente, a proporo de idosos na populao, aumentaram. Essa faixa de maior idade, inativosem sua maioria, constitua a maior beneficiria do Estado do bem-estar social, concentrando, na forma deaposentadorias e penses, a maior parte dos seus gastos. Anderson lembra que o tempo de vida nacondio de aposentado chega hoje a um tero da vida total. Nesse quadro, os trabalhadores ematividade encontram-se pressionados pelos dois lados da pirmide de idade: os jovens, estudantes queainda no trabalham, e os velhos, que j no trabalham.

    O quarto eixo o gnero. As mulheres ingressaram em massa no mercado de trabalho, numa situao de

    persistente inferioridade salarial em relao aos homens. Conforme o autor, as estruturas sindicais tm

    revelado grande resistncia participao feminina.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2539&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    33/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 33/49

    Pg. 8 - Social-democracia

    Finalmente, o quinto eixo a etnia. Correntes migratrias importantes levaram Europa trabalhadores dasia e da frica, em grandes quantidades. Nos principais pases, hoje, 10% da populao estudantil doensino fundamental so constitudos por descendentes de imigrantes. Essa situao provoca divises

    profundas entre os trabalhadores, que ligam a concorrncia por emprego diferena tnica.

    Num quadro como esse, a reconstituio da base de sustentao dos partidos de esquerda exigir aconsiderao de diferenas em identidade e interesses muito mais profundos do que antes. A mobilizao,mesmo eleitoral, desses grupos variados, tarefa muito mais complexa.

    No entanto, a mobilizao de sua base de apoio no , para Anderson, o nico problema que a social-democraciaeuropia deve enfrentar. To ou mais grave o agravamento progressivo das restries quelimitam o espao para a operao de suas polticas tradicionais.

    No devemos esquecer que as grandes conquistas da social-democraciaforam obtidas com o manejo dealgumas poucas polticas de governo. As variveis trabalhadas por esses governos eram a poltica

    monetria, mediante movimentos nas taxas de juros e cmbio, e fiscal, no rumo do aumento da cargatributria. Como instrumento secundrio figuravam os acordos salariais, negociados pelas entidadesrepresentativas de patres e empregados, sob patrocnio do governo.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    34/49

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    35/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 35/49

    Pg. 10 - Perspectivas Social-democracia

    3. Perspectivas para a social-democracia

    No meio dessa crise profunda, pergunta o autor, sofrer a social-democracia uma nova mutao? No

    incio, seu objetivo era a superao do capitalismo. Em seguida, defendeu reformas parciais, como meio desuperar, aos poucos, o capitalismo. Com o tempo, contentou-se com o pleno emprego e o Estado do bem-estar social, abandonando qualquer projeto de superao do sistema. Que poder fazer agora se desistirdo pleno emprego e do bem-estar social?

    Na viso do autor, a social-democracia, como a conhecemos at hoje, desaparecer. O espectropoltico da Europa ir assemelhar-se ao do Japo e ao dos EstadosUnidos, maiores centros do capitalismo mundial, onde a classe

    trabalhadora jamais teve a mesma expresso poltica. Esses partidos,no entanto, continuaro a existir e a denominarem-se socialistas.Continuaro a reivindicar uma posio de esquerda, mas assumiro atarefa, modesta, de corrigir, quando possvel, as desigualdades docapitalismo. Tero renunciado, por completo - e essa parece ser agrande crtica de Anderson - discusso e construo de ummodelo alternativo de sociedade.

    Em que medida procede a crtica do autor? Na verdade, parece quesua reclamao quanto falta de certeza quanto aos objetivos delongo prazo. A esquerda no sabe hoje se, na economia, haveralgum dia superao da propriedade privada, nem muito menos qual a

    forma da nova organizao da produo. Sabe apenas que a experincia acumulada de mais de umsculo fracassou.

    A avaliao dessa crtica deve considerar a perspectiva do autor quanto ao diagnstico da crise e asindicaes sobre os rumos a serem tomados. A lista de questes que Anderson aponta comoproblemas a demandar posies claras bvia: a restaurao do pleno emprego, a desigualdade entreos sexos, a educao, a nova relao entre Estado e mercado, a crise da democracia. Nada muitodiferente do que vimos como preocupao dos tericos da nova esquerda.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2513&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    36/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 36/49

    Pg. 11 - Perspectiva crtica

    Discutimos, nesta unidade, a crise da social-democraciaa partir de uma perspectiva crtica, esquerdade seu desempenho. Examinamos as diferenas histricas entre a esquerda do norte e do sul da Europa,sua reao s novas condies dos anos 1970, assim como a crise que se seguiu. Vimos, em seguida, as

    razes principais dessa crise e as perspectivas que restam social-democracia, na opinio do autor.

    As solues tampouco escapam desse campo. Contra o desemprego, a reduo da jornada de trabalho eprogramas universais de renda mnima. Contra a desigualdade entre os sexos, creches pblicas, adicionalde renda para a maternidade. Melhoria da qualidade do ensino pblico e a procura de uma formafundamental de equidade: o mesmo gasto por estudante/ano em todas as escolas e regies do pas. Paramudar a forma da propriedade privada, democratizar a estrutura de decises das empresas e alterar adistribuio dos lucros, para contemplar o dividendo social. Para ampliar a democracia, reforar asinstituies polticas da Unio Europia, que j dispe de um Banco Central, de uma moeda comum e decomisses burocrticas diversas de grande poder, mas que no tem ainda um executivo comum eleito,nem um parlamento soberano.

    Todas essas propostas tm lugar na terceira viae no documento dos Democratas de Esquerda. Com esse

    programa estamos no terreno da aceitao do capitalismo ou no da sua superao?

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2569&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    37/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 37/49

    Unidade 4 - Os movimentos antiglobalizao

    1. Os Movimentos Antiglobalizao

    As doutrinas polticas discutidas at este momento acumulam

    uma longa histria de formulao poltica e terica, de

    interveno poltica e de gesto do Estado. As tradies liberal esocialista remontam, com facilidade, a dois ou trs sculos. A

    social-democracia, por sua vez, tem razes num processo de

    diferenciao do movimento socialista ocorrido no incio do

    sculo XX. Mesmo as propostas e argumentos apresentados aqui

    sob o rtulo de novas esquerdas foram desenvolvidos a partir

    das mudanas ocorridas no capitalismo mundial a partir da

    dcada de 1970 e suas consequncias polticas imediatas: as

    vitrias dos partidos conservadores na Europa, a expanso das

    polticas liberais, a reforma dos partidos socialistas e a queda da

    Unio Sovitica. Trata-se, portanto, de uma discussorelativamente amadurecida e consolidada em suas principais

    divises, que perdura j h trs dcadas.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    38/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 38/49

    Pg. 2 - Movimentos sociais

    Outra a situao dos movimentos sociais recentes, classificados genericamente pela imprensa comoanti-globalizao, que ganharam notoriedade a partir da organizao de manifestaes paralelas aosencontros de organizaes e grupos de pases identificados como gestores do mundo globalizado: Fundo

    Monetrio Internacional, G7, Frum Econmico Mundial, Organizao Mundial do Comrcio, entre outros. Aprimeira manifestao ocorreu durante a reunio do FMI em Colnia, em junho de 1999. Em novembro domesmo ano, a reunio da Organizao Mundial do Comrcio, em Seattle, provocou grandes manifestaesque impediram, inclusive, a chegada de vrios delegados ao local da reunio. A reunio do G8 em Gnova,em 2001, por sua vez, ficou marcada pelo conflito entre manifestantes e foras policiais, que provocou amorte de um militante anti-globalizao. Esses movimentos reunem os mais diversos grupos eorganizaes: ONGs de diferentes tipos, ecologistas, pacifistas, anarquistas, sindicalistas, entre outros.Apresentam, no entanto, as seguintes caractersticas comuns:

    no que se refere agenda, a diversificao das questes em foco, sua articulao, comgrandes reas de superposio temtica, e sua unificao, a partir de grandes objetivoscomuns, geralmente de protesto sistmico;

    no que se refere organizao, a valorizao da horizontalidade e a atuao em redes dealcance internacional;

    no que se refere a iderio, a oposio genrica situao atual e, em relao polticainstitucional e aos partidos, uma atitude que vai da desconfiana recusa.

    difcil recuperar um conjunto bem definido de propostas a partir da diversidade de manifestaes queesses movimentos contm. Recm surgidos, no tiveram tempo, ainda, de sedimentar uma tradio deprtica poltica e de discusso sobre ela que mostrasse s claras as propostas comuns e os pontos dedivergncia. Por outro lado, s agora comeam a ser incorporados nas reflexes de alguns autores que

    com eles manifestam afinidade. Para discutir esses movimentos usaremos o livro Imprio, publicado em2000 por Antnio Negri e Michael Hardt. A escolha segue dois critrios: a ambio da obra em termos deexplicao do presente e sinalizao das tendncias futuras e o arsenal de argumentos e autoresutilizados na discusso.

    Seria impossvel, claro, reproduzir nos limites deste curso a riqueza e complexidade da argumentao

    dos autores na sua totalidade. Selecionaremos algumas das linhas de argumentos mais importantes

    relacionadas ao diagnstico da situao poltica atual e s propostas de sua superao.

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    39/49

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    40/49

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    41/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 41/49

    Pg. 4 - Processos

    O terceiro processo foi a difuso pelo mundo das prticas que os autores chamam de formas disciplinares,sediadas num conjunto especfico de instituies: a fbrica, a famlia, a escola, a priso. Ou seja, no

    mundo da modernidade, dominado pela indstria, o controle social dependia ainda da imposio externa deregras aos indivduos. Essas regras, que governavam a diviso do tempo e o comportamento dosindivduos, na produo e fora dela, precisavam vir de fora, apoiadas em penalidades, para vigorar.Exemplos importantes so os regulamentos das empresas e os cdigos penais, fundamentados empenalidades que vo at a demisso, no caso das empresas, e priso, no caso da legislao.

    Esses trs processos desenvolveram-se sem restries no perodo de 25 anos que se seguiu segundaguerra mundial. Coincidem, portanto, com a chamada idade de ouro do capitalismo, momento, como vimosanteriormente, de crescimento continuado, no decorrer do qual as crises pareciam ter sido domesticadas.No final da dcada de 1960, contudo, eclode uma srie de movimentos que, de formas diversas,representam uma oposio importante ao sistema. Os Estados Unidos so derrotados na guerra doVietnam e, nos pases ocidentais, ressurgem a agitao estudantil, as rebelies operrias e os movimentos

    da contracultura. Esse conjunto de movimentos deve ser lido, segundo os autores, como uma acumulaode rebelies, cujo sentido comum foi a recusa poltica ao sistema capitalista. Mesmo a contracultura, designificado aparentemente apoltico, expressou valores e formas de vida anti-produtivistas e deve servista como a recusa consciente insero produtiva no sistema.

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    42/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 42/49

    Pg. 5 - Mudana de paradigma

    Para enfrentar essa crise, o capitalismo recorreu a duas solues diferentes. A primeira constituiu a oporepressiva, que logo revelou sua insuficincia. Tratava-se de impor o retorno situao anterior, como sefosse possvel empurrar de volta os trabalhadores camisa de fora da produo industrial, do fordismo,

    da linha de montagem, do controle das formas disciplinares. A segunda, de maior alcance, foi a mudanade paradigma, opo cujas consequncias completas, segundo os autores, no estamos ainda emcondies de perceber.

    A mudana de paradigma implicou a revoluo cientfica e tecnolgica e um novo padro da produo cujo

    centro deixou de ser a indstria e deslocou-se para os servios, principalmente aqueles vinculados

    comunicao, informao, produo cultural e de conhecimento. O trabalho relevante cada vez mais

    trabalho imaterial, ou seja, aquele que se materializa em servios de difcil mensurao. Esse trabalho

    toma a forma, principalmente, de servios de informtica, aplicados principalmente produo industrial,

    de servios simblicos e culturais e, inclusive, de servios afetivos, como aqueles envolvidos nos

    trabalhos da rea da sade e de cuidados em geral com as pessoas.

    Essa nova forma de produo exige muito mais das capacidades de iniciativa e cooperao dos

    trabalhadores que a produo industrial. Iniciativa e cooperao dos trabalhadores demandam, por sua

    vez, a predominncia dos controles internos sobre os controles externos

    aos trabalhadores. Ou seja, tendem a desaparecer ou ao menos a

    diminuir as formas disciplinares de controle, que haviam sido difundidas,

    com a fbrica e outras instituies, nas dcadas anteriores.

    Torna-se clara, nessa nova situao, a produtividade maior das relaesflexveis de trabalho, quando comparadas com as relaes deassalariamento fixas tpicas da sociedade industrial anterior. Ganhamimportncia o trabalho parcial, temporrio e por tarefa, a figura jurdicado trabalhador autnomo, o processo de terceirizao da produo.

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    43/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 43/49

    Pg. 6 - A Nova estrutura de poder

    3. A nova estrutura de poder

    No plano das relaes internacionais, os resultados so o avano e a intensificao de um processo antesincipiente: a passagem do estgio imperialista do capitalismo para a situao que os autores denominam

    Imprio. No Imprio, os estados nacionais tendem ao encolhimento, ao tempo em que muitas de suasfunes anteriores so assumidas por uma srie de organismos multinacionais, como a OrganizaoMundial do Comrcio, o Banco Mundial, o Fundo Monetrio Internacional, entre outros.

    A nova estrutura de poder que emerge descrita pelos autores como uma pirmide organizada em trscamadas. No alto, na primeira camada, temos a maior potncia mundial, os Estados Unidos, seguidos, logoabaixo, por alguns dos organismos internacionais com poder de definio de polticas e de normatizao,como a OMC, o Frum Econmico Mundial, o G7 e outros. Ainda nesta primeira camada encontramosalgumas associaes internacionais dotadas de grande poder cultural.

    A segunda camada integrada pelas redes de grandes companhias transnacionais, que fazem circular pelomundo dinheiro e mercadorias. Logo abaixo delas, nessa mesma camada, esto os estados nacionais

    menos poderosos, na medida em que retm algumas funes de controle sobre suas populaes e depresso sobre as transnacionais.

    Finalmente, a ltima camada integrada, em primeiro lugar, pelos mesmos estados nacionais de menorpoder e expresso, na medida, agora, em que atuam como representantes de suas populaes epressionam por seus interesses nas instncias de deliberao mundial. Em segundo lugar, integram essaterceira camada as ONGs internacionais dedicadas defesadesses mesmos interesses, como a Anistia Internacional,

    Mdicos sem Fronteiras, entre outros.

    Os autores fazem a analogia entre essa imagem da pirmidee a definio de imprio do historiador romano Polbio, paraquem o governo imperial era a sntese perfeita das formasboas de governo: a monarquia, a aristocracia e ademocracia. Na pirmide, a monarquia, e com ela omonoplio dos meios militares de destruio em massa, dasarmas nucleares, em suma, esto na primeira camada. Aaristocracia, com o gerenciamento do meio de controledinheiro, est na segunda camada. A democracia e suaspossibilidades, assim como o manejo da cultura e dos

    sistemas de comunicao como instrumentos de controle,que os autores chamam de ter, esto situados naterceira camada.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2552&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    44/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 44/49

    Pg. 7 - Novas obras e novas agendas

    3. Novas obras e novas agendas

    Para os autores, uma situao como essa inviabiliza claramente os instrumentos tradicionais de mudanaconstrudos e utilizados pela esquerda. Sindicatos perdem fora com o declnio das relaes de trabalho

    tradicionais. Os estados-naono tm mais o poder de antes, de modo que qualquer resistncia fundadana esperana de mudana a partir do controle do aparelho estatal ilusria. Tambm ilusria seria aexpectativa de mudana a partir dos movimentos de estilo terceiro-mundista, que tendem a ver aresistncia possvel na ao conjugada dos vrios estados subjugados na ordem mundial. As experinciascomunistas ortodoxas, por sua vez, mostraram sua inviabilidade com a queda do regime sovitico e aadoo das reformas capitalistas na China.

    No possvel ainda vislumbrar a forma poltica que poder tomar o movimento pela superao do

    regime capitalista. Mas possvel, sim, apontar seu sujeito: o proletariado, entendido num sentidoamplo, como a totalidade daqueles que trabalham para o capital eso por ele explorados. Nessa acepo, portanto, o proletariadoextrapola o limite dos trabalhadores industriais e confunde-se com oque os autores chamam de multido.

    Esse o sujeito da mudana, movido pelo movimento queconstituiria a contradio principal do sistema. Para a produops-moderna, para a apropriao do lucro nas condies de hoje, oImprio precisa das potencialidades de iniciativa e cooperao doconjunto dos trabalhadores. Prescinde, portanto, das antigasformas disciplinares de controle, mas precisa ainda, ao mesmo

    tempo, manter esses trabalhadores num estado de apatia esubordinaopolticas. Ocorre que difcil, seno impossvel, limitar as potencialidades da cooperaodos trabalhadores ao terreno da produo. Essas potencialidades tendem, sempre, a extrapolar essaesfera e a ingressar na poltica, sob a forma de contestao e rebelio.

    Mas, se impossvel precisar a forma poltica que tomar o movimento de resistncia e luta damultido, os eixos das lutas mais importantes e suas principais palavras de ordem podem ser apontados.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2567&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2567&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    45/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 45/49

    Pg. 8 - Planos

    O primeiro seria a luta pelo direito cidadania global. Numa poca de enorme e crescente mobilidade da

    mo-de-obra, para encontrar o trabalho desejado ou para abandonar aquele recusado, a situao de

    estrangeiro, com tudo que isso implica em termos de privao de direitos, atinge a parcelas crescentes

    dos trabalhadores. A luta pelos direitos de cidadania sinalizaria a conquista dos direitos polticos por parte

    desses trabalhadores.

    O segundo o direito a um salrio social. A flexibilizao das relaes de trabalho e o incremento daspotencialidades da cooperao tornam cada vez mais difcil precisar quem so os responsveis diretos porparcela da produo social. Todos cooperam, todos participam e todos, inclusive aqueles sem empregoformal, devem ter direito ao um salrio social. A luta pela universalizao desse salrio seria, portanto, osegundo eixo de reivindicaes a ser perseguido.

    Finalmente, o terceiro plano de lutas giraria em torno ao direito reapropriao, por parte dostrabalhadores, do produto do seu trabalho. No se trata aqui, para os autores, de salrio, mas de acesso

    aos bens e servios produzidos. Na etapa de predominncia do trabalho imaterial, esse controle estende-se, obrigatria e principalmente, aos produtos que tomam a forma de conhecimento, informao,comunicao e afetos. Ou seja, esse eixo de reivindicaes teria como alvo imediato os direitos depropriedade intelectual que tolhem a livre circulao e apropriao de textos, sons, imagens, idias esoftwares, de maneira geral.

  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    46/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 46/49

    Pg. 9 - Nova situao

    Para finalizar, importa estabelecer a comparao entre essa perspectiva e a dos demais autoresdiscutidos no mbito das novas esquerdas, de maneira a precisar as semelhanas e diferenas entre eles.

    Em primeiro lugar, Negri e Hardt constatam, tal como Habermas e Giddens, uma situao inteiramentenova, na qual as antigas receitas desenvolvidas pela esquerda tradicional, nas suas vertentes comunistae social-democrata, revelam-se inoperantes. Todos esses autores apontam para um conjunto semelhantede mudanas, que engloba cincia e tecnologia, revoluo na produo, classes sociais, representao egesto polticas e sistema de poder internacional. Nesse ponto, nossos autores distinguem-se apenas pelanfase maior posta no conflito e na resistncia anti-capitalista como motor primeiro das mudanas. Comovimos, para eles, a mudana de paradigma constituiu, no fundo, a reao, at o momento eficaz, dosistema acumulao de rebelies que eclodiu ao fim da dcada de 1960.

    Emerge, em segundo lugar, uma diferena importante, marcada de maneira mais clara em relao sposies de Giddens. Vimos que este autor trabalha sua anlise poltica ainda nos marcos do Estadonacional. Para ele a nova situao levanta uma srie de problemas que encontram trs solues bsicas

    possveis, todas elas desenhadas a partir da perspectiva de foras polticas no controle de mquinasestatais de poder. Liberalismo conservador, social-democracia tradicional e terceira via constituem, nasua viso, as trs maneiras bsicas, obviamente com consequncias diferentes, de operar os instrumentosdo Estado em resposta aos problemas contemporneos.

    Em contraposio, para Habermas, Negri e Hardt, a soluo desses problemas encontra-se, claramente,alm do Estado. Embora no seja possvel ainda precisar o operador poltico dessa soluo, claro que,para eles, aquelas trs alternativas diferem apenas em detalhes de gerncia do sistema. Aquilo queGiddens considera esquerda, seja ela velha ou nova, situa-se, na perspectiva de Negri e Hardt, no interiordo sistema, e encontra-se, portanto, alinhado com o compromisso de sua conservao, no de suamudana.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2569&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2518&displayformat=dictionaryhttp://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2539&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    47/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 47/49

    Pg - 10 Concluso

    Concluso

    Da Revoluo Francesaaos dias atuais, vrios eixos de engajamento poltico foram consolidados em torno

    s posies de direita e de esquerda, ensejando o surgimento de polaridades que parecem dissolver-se

    sob a experincia contempornea. Como resultado, a perda de sentido utpico, a intransparncia, a

    sensao de opacidade tornam-se o denominador comum a todas as sociedades. No imaginrio poltico

    que se configura, os pares de opostos, surgidos com a Modernidade e sedimentados em torno do eixo

    igualdade-desigualdade entre os homens, podem fundir-se sob um novo paradigma, que os supera sem os

    abolir, ao escapar da tradicional distino entre esquerdistas e direitistas.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=495&eid=2594&displayformat=dictionary
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    48/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13564 48/49

    Exerccios de Fixao

    Parabns! Voc chegou ao final do curso Doutrinas Polticas Contemporneas: Novas Esquerdas.

    Sugerimos que voc faa uma releitura do curso e resolva os Exerccios de Fixao. O resultado

    no influenciar na sua nota final, mas servir como oportunidade de avaliar o seu domnio do

    contedo. Lembramos ainda que a plataforma de ensino faz a correo imediata das suas

    respostas!

    Porm, no esquea de realizar a Avaliao Final do curso, que encontra-se no Mdulo de

    Concluso. Lembramos que por meio dela que voc pode receber a sua certificao de

    concluso do curso.

    Para ter acesso aos Exerccios de Fixao, clique aqui.

    Boa sorte!

    http://saberes.senado.leg.br/mod/quiz/view.php?id=13565
  • 8/12/2019 Mod - Novas Esquerdas

    49/49

    17/6/2014 NOVAS ESQUERDAS

    Avaliao Final

    Voc chegou ao final do curso Doutrinas Polticas - Novas Esquerdas, que tem como ltima etapa a realizao daAvaliao final. Para acess-la, clique aqui.

    http://saberes.interlegis.leg.br/mod/quiz/view.php?id=12567