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MODELO DE APOSTILA COMENTADA FEITA POR HENRIQUE CORLEONE Lei de execução penal Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: TÍTULO I Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. O presente artigo informa que a Lei de Execução Penal tem duas importantes finalidades, punir o detento e também reintegrá- lo na sociedade. O Estado possui o monopólio do direito de castigar quem infringe as leis penais, sendo assim, haverá uma finalidade do Estado de tentar reeducar os detentos, senão será um ciclo sem fim, enjaular todos que cometerem crimes e soltá-los na comunidade de qualquer maneira, certamente eles retornarão para os presídios. Deve-se criar um ambiente propício para isto, preparando o condenado para a vida social, buscando os meios de reinseri-lo na sociedade. Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal. Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. Dois conceitos importantes para se entender melhor a Lei de Execuções Penais é a distinção entre condenado e internado. Condenado – É o preso que recebeu uma sentença definitiva (não couber mais recurso). Internado – É aquele que, acometido de doença mental, pratica crime que, pela sua inimputalidade (absolutamente incapaz), o Estado não leva-o aos regimes

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MODELO DE APOSTILA COMENTADA FEITA POR HENRIQUE CORLEONE

Lei de execução penalLei nº 7.210 de 11 de julho de 1984

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.

O presente artigo informa que a Lei de Execução Penal tem duas importantes finalidades, punir o detento e também reintegrá-lo na sociedade.

O Estado possui o monopólio do direito de castigar quem infringe as leis penais, sendo assim, haverá uma finalidade do Estado de tentar reeducar os detentos, senão será um ciclo sem fim, enjaular todos que cometerem crimes e soltá-los na comunidade de qualquer maneira, certamente eles retornarão para os presídios.

Deve-se criar um ambiente propício para isto, preparando o condenado para a vida social, buscando os meios de reinseri-lo na sociedade.

Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.

Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.

Dois conceitos importantes para se entender melhor a Lei de Execuções Penais é a distinção entre condenado e internado.

• Condenado – É o preso que recebeu uma sentença definitiva (não couber mais recurso).

• Internado – É aquele que, acometido de doença mental, pratica crime que, pela sua inimputalidade (absolutamente incapaz), o Estado não leva-o aos regimes de grade, mas sim, interna-o em um estabelecimento psiquiátrico.

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No sentido coloquial, a palavra jurisdição designa o território (estado ou província, município, região, país, países-membros etc.) sobre o qual este poder é exercido por determinada autoridade ou Juízo.

Código de Processo Penal é o conjunto de regras e princípios de Direito Processual Penal ou Processo Penal, destinados à organização da justiça penal e aplicação dos preceitos contidos no Direito Penal e na Lei das Contravenções Penais.

Preso provisório é aquele que ainda não recebeu uma sentença definitiva (caiba recurso) ou no caso de expedição de mandado de prisão preventiva e temporária ou decorrente de prisão em flagrante, pronúncia ou sentença condenatória recorrível.

Ela se aplica quando o réu tem a possibilidade de atrapalhar o andamento do processo caso esteja livre, não tenha residência fixa ou não tenha bons antecedentes. Segundo a nova reforma de 2011 do Código de Processo Penal, a prisão provisória deve respeitar dois binômios:

• Necessidade

• Adequação

A prisão provisória deve ser entendida como uma situação excepcional, já que a Constituição Federal estabelece que, não havendo condenação, a regra é a liberdade. Ela se origina de uma necessidade do processo, diferente da prisão plena (ou sanção), que é resultado de uma sentença condenatória. A prisão provisória pode ser dos tipos: temporária, em flagrante, preventiva, decorrente de sentença de pronúncia e decorrente de sentença condenatória decorrida. Logo a prisão preventiva seria uma espécie de prisão provisória (um gênero, mais abrangente).

Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei.

Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política.

A sentença penal condenatória produz, como efeito principal, a imposição da sanção penal ao condenado. Entretanto, se inimputável, a aplicação da medida de segurança. Sabe-se, todavia, que existem efeitos secundários da sentença penal condenatória de natureza penal e extrapenal. O art. 393 do Código de Processo Penal enumera os efeitos da sentença penal condenatória, nestes termos: Art. 393. São efeitos da sentença condenatória recorrível:

• Ser o réu preso ou conservado na prisão, assim nas infrações inafiançáveis, como nas afiançáveis enquanto não prestar fiança;

• Ser o nome do réu lançado no rol dos culpados. O inciso I, acima citado, atesta que advindo sentença condenatória, o réu será recolhido à prisão ou mantido nela em virtude desse provimento jurisdicional como atribuição inerente à condenação.

Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança.

A sociedade deve participar da reintegração do detento, seja através de empresas, grupos religiosos, seja através de convênios para prática de atividade laboral em oficinas ou em alguma ação filantrópica, sempre buscando o bem-estar do

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detento e sua família.

Esta lei prevê a participação do Patronato e do Conselho da Comunidade previstos no art. 61 desta lei como órgãos da Execução da Pena.

TÍTULO II

Do Condenado e do Internado

CAPÍTULO I

Da Classificação

Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal.

A individualização da pena está prevista na Constituição Federal, art. 5, inc. 46.

Na etapa judicial, o magistrado, valendo-se dos parâmetros positivados pelo legislador, fixa a pena in concreto, determinando sua quantidade (p. ex. 4 anos e 06 meses de reclusão) e o regime inicial de cumprimento (aberto, semi-aberto e fechado). Nesse momento, cabe também ao juiz verificar se o condenado faz jus à possibilidade de gozar certos benefícios, notadamente, a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos ou o sursis (suspensão condicional da pena).

Finda a individualização judicial da pena e ocorrendo o trânsito em julgado da condenação, chega-se no momento de aplicá-la ao condenado, mediante os institutos da execução penal. É exatamente na execução penal que ocorre a etapa administrativa da individualização da pena, segundo a qual o seu cumprimento deve se materializar em estabelecimento prisional, observando a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado, bem como seu comportamento carcerário.

Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório.  

Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade.

Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social.

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução.

Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto.

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade,

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observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá:

I - entrevistar pessoas;

II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do condenado;

III - realizar outras diligências e exames necessários.

Juízo da execução é o órgão do judiciário incumbido de acompanhar a execução da pena, apreciar a concessão de livramento condicional, progressão de regime, induto, comutação de pena, remição de pena entre outros.

As penas privativas de liberdade são:

• Reclusão

• Detenção

• Prisão Simples

O exame criminológico é aquele realizado por psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais do Sistema Prisional. A função desse exame, demandado pelo judiciário, é avaliar se o preso “merece” ou não receber a progressão de regime. Ou seja, parte do princípio de que esses profissionais deveriam ter a capacidade de prever se os indivíduos irão fugir ou cometer outros crimes se receberem o benefício da liberdade condicional ou regime semi-aberto.

CAPÍTULO II

Da Assistência

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.

Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.

Art. 11. A assistência será:

I - material;

II - à saúde;

III - jurídica;

IV - educacional;

V - social;

VI - religiosa.

Tem-se que o cumprimento da pena pelo sentenciado objetiva primordialmente,

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sua reestruturação de pensamentos de modo a sugerir-lhe mudanças de atitudes e comportamentos “impondo-lhe” a obediência aos princípios legais, readaptando-o ao convívio social, além de fazer-lhe arrepender-se de ter praticado a ilicitude que deu causa ao cumprimento da pena. Presa ou internada a pessoa, mesmo que provisoriamente, tem o Estado o dever de assistir-lhe prestando a assistência devida na forma da lei.

Egresso significa sair, se afastar, se retirar. É um termo utilizado para designar

alguém que saiu ou que se afastou de algum lugar. É muito frequente a aplicação do

termo em "egresso do sistema prisional", para designar o indivíduo que cumpriu a sua

pena de prisão e saiu em liberdade.

SEÇÃO II

Da Assistência Material

Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas.

Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração.

O art. 88 trata das instalações higiênicas do detento, sendo que o art. 88 desta lei prevê que cada cela individual conterá um aparelho sanitário e lavatório, além de trazer expresso na alínea a, as condições físicas do local, tendo em vista os fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana.

Já o art. 44 em seu parágrafo 2º veda a possibilidade de haver celas escuras.

Em Minas Gerais, o POP (Procedimento Operacional Padrão) irá prever os materiais que serão entregues aos detentos, como roupas, talheres e produtos de higiene individual.

Um servidor público será encarregado de fazer compras para os detentos no comércio local, mas alguns detentos receberão os produtos de higiene, alimentação e remédios através de visitas de parentes e amigos no presídio ou pelos correios.

SEÇÃO III

Da Assistência à Saúde

Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico.

§ 1º (Vetado).

§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento.

§ 3o  Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido.

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A CF/88 prevê que a mãe possa permanecer com seu filho durante o período de amamentação, conforme art. 5, L.

O art. 44 desta lei prevê a contratação de médico particular.

O detento poderá sair do estabelecimento para receber tratamento médico, conforme art. 120, II desta lei.

SEÇÃO IV

Da Assistência Jurídica

Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem recursos financeiros para constituir advogado.

Art. 16.  As Unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais.

§ 1o  As Unidades da Federação deverão prestar auxílio estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exercício de suas funções, dentro e fora dos estabelecimentos penais.

§ 2o  Em todos os estabelecimentos penais, haverá local apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor Público.

§ 3o  Fora dos estabelecimentos penais, serão implementados Núcleos Especializados da Defensoria Pública para a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em liberdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para constituir advogado. 

A CF/88, no art. 5º, LXXIV, garante a assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.

À Defensoria Pública incumbe, em regra, prestar assistência jurídica integral e gratuita às pessoas que não podem pagar pelos serviços de um advogado, sendo a defesa dos financeiramente hipossuficientes (aqueles que não possuem recurso financeiro para pagar advogado) sua função típica. O Defensor é um agente político de transformação social. Não integra a advocacia, pública ou privada, e tem independência funcional no exercício de sua função.

A Defensoria Pública é um dos órgãos da Execução Penal, conforme dito no art. 61, VIII.

Da Assistência Educacional

Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado.

Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da Unidade Federativa.

Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico.

Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua condição.

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Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados.

Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos.

Em junho de 2011, foi aprovada a lei 12.433 que reduz a pena de preso que estuda, sendo que anterior a esta lei, somente haveria a remissão se o detento trabalhasse, pelo menos na lei, pois nas jurisprudências, era dominante a circunstância de que o detento que estudasse teria acesso à remissão.

Com a atual redação (artigo 126, §1º, I, LEP), o condenado poderá ter sua pena remida nas atividades de ensino fundamental, médio, profissionalizante, superior, ou ainda de requalificação profissional, devendo ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados. Para tanto, o número de horas de atividade de estudo necessárias para o desconto de um dia de pena será feita à razão de um dia de pena a cada 12 horas de frequência escolar divididas, no mínimo, em três dias.

Atualmente o quadro de presos que estudam é bastante reduzido, sendo que somente 08 por cento vão às escolas ou faculdades e 64 por cento não completaram o ensino fundamental. Os dados são da ONG Caminhando para a Liberdade.

Segundo a SEDS-MG (Secretaria de Estado de Defesa Social), todas as Penitenciárias dispõem de salas de aulas. Sendo que 24 por cento dos presos frequentam escolas de ensino fundamental, médio ou instituições de Ensino Superior.

SEÇÃO VI

Da Assistência Social

Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade.

• Indivíduo portador de doença mental que não pode ser considerado responsável pelos seus atos, sendo assim, a lei diz que ele será tratado e não punido. O art. 96 prevê que o tratamento será feito em hospital de custódia e tratamento.

Àqueles que praticam crimes e que, por serem portadores de doenças mentais, não podem ser considerados responsáveis pelos seus atos e, portanto, devem ser tratados e não punidos.

O detento será orientado e assistido de maneira que facilite o seu retorno ao convívio social, trazendo-lhe auxílio moral, jurídico e material, exaurindo os problemas de desorientação e desamparo gerados pela crise que provoca a libertação, de forma que o ambiente a que pertence o condenado não seja de alguma forma prejudicial à sua condenação.

Uma das instituições mais adequadas para o processo de recuperação dos condenados é a do Patronato.

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O Patronato faz parte do processo de reintegração social do condenado, principalmente no momento em que deixa o estabelecimento penal. Tem como finalidade precípua o auxílio ao egresso, no seu novo caminho, para que possa superar as dificuldades iniciais de caráter econômico, familiar ou de trabalho que normalmente surgem nessa fase.

Além da função precípua de prestar assistência aos albergados e aos egressos, prevê o art. 79 da LEP outras atribuições ao Patronato.

Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social:

I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;

II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido;

III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das saídas temporárias;

IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a recreação;

V - promover a orientação do assistido, na fase final do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à liberdade;

VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho;

VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima.

Um dos objetivos da pena é ressocializar, fazer o detento retornar ao convívio social, esta lei prevê ampla participação dos profissionais Assistentes Sociais, seja na Comissão Técnica de Classificação, art. 7, na assistência ao Egresso, art. 25, como integrante do Conselho da Comunidade, art. 80 e na execução da pena propriamente dita, conforme o art. em tela.

• Saída temporária: benefício a que tem direito o detento que cumpre pena em regime semi-aberto, que até a data da saída tenha cumprido um sexto da pena total se for primário, ou um quarto se for reincidente. Tem que ter boa conduta carcerária, pois o juiz, antes de conceder a saída temporária, consulta os Diretores do Presídio.

SEÇÃO VII

Da Assistência Religiosa

Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-lhes a participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa.

§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos.

§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de atividade religiosa.

O Estado é oficialmente neutro em relação às questões religiosas, não apoiando nem se opondo a nenhuma religião, sendo assim, a Constituição prevê que o Estado é

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laico, trazendo as seguintes garantias no art. 5.

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

Segundo esta lei, assistência religiosa é um direito do preso. Conforme art. 41, VII.

SEÇÃO VIII

Da Assistência ao Egresso

Art. 25. A assistência ao egresso consiste:

I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade;

II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses.

Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do assistente social, o empenho na obtenção de emprego.

Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei:

I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento;

II - o liberado condicional, durante o período de prova.

Art. 27. O serviço de assistência social colaborará com o egresso para a obtenção de trabalho.

A LEP estabelece duas categorias de egressos. A primeira compreendendo o condenado libertado definitivamente, que pelo prazo de um ano após sua saída do estabelecimento é assim considerado, compreendendo também aqui o desinternado de Medida de Segurança, pelo mesmo prazo. Outra "categoria" é o liberado condicional, mas somente durante o seu período de prova. 

Diante disso, após esses prazos, um ano para o libertado ou desinternado e o período de prova para o liberado condicional, o homem perde a qualificação jurídica de "egresso", bem como a assistência daí advinda. Tal assistência justifica-se face o fenômeno enfrentado pelo homem preso, que o desacostuma de viver em liberdade, adaptando-se ao sistema total, fazendo o preso desaprender a viver liberto. Dessa forma, esse homem quando libertado sofre um choque tão grande quanto aquele sofrido por ocasião da sua prisão. 

Assim, com base inclusive no art. 10, e seu parágrafo único, da L.E.P. e em orientação da ONU justifica-se a assistência que, consiste em orientá-lo e apoiá-lo para reintegrá-lo à vida em liberdade, compreendendo, também, alojamento e alimentação por um prazo máximo de 02 meses, com possibilidade de renovação por uma única vez, tudo conforme art. 25 da L.E.P. 

CAPÍTULO III

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Do Trabalho

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.

§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as precauções relativas à segurança e à higiene.

§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho.

A CF/88 proíbe que o Estado institua a pena de trabalhos forçados no art. 5, XLVII, alínea c, porém, o trabalho é dever e também um direito do preso, é o que diz o art. 39 e desta lei:

Art. 39. Constituem deveres do condenado:

V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;

Art. 41 - Constituem direitos do preso:

II - atribuição de trabalho e sua remuneração;

O direito ao trabalho é um dos elementos fundamentais para garantir a dignidade do ser humano. Quando uma pessoa é presa, ela não perde este direito, na verdade, de acordo com a Lei de Execuções Penais, o trabalho é tanto um direito quanto um dever daqueles que foram condenados e se encontram nos estabelecimentos prisionais.

No entanto, estas atividades não devem se assemelhar a trabalhos forçados, cruéis ou degradantes. O objetivo do trabalho destinado aos presos não é aplicar uma segunda punição àquele que já tem a liberdade cerceada, mas, pelo contrário, reabilitar e ressocializar o preso, auxiliando sua recuperação e preparando-o para a reinserção na vida em sociedade por meio do mercado de trabalho.

O trabalho do preso não está sujeito à CLT. A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) tem como seu objetivo principal é a regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho, nela previstas. O termo "celetista", derivado da sigla "CLT", costuma ser utilizado para denominar o indivíduo que trabalha com registro em carteira de trabalho. Em oposição a CLT, existem funcionários que são regidos por outras normas legislativas do trabalho, como aqueles que trabalham como pessoa jurídica (PJ), profissional autônomo, ou ainda como servidor público pelo regime jurídico estatutário federal.

Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo.

§ 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender:

a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados

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judicialmente e não reparados por outros meios;

b) à assistência à família;

c) a pequenas despesas pessoais;

d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores.

§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue ao condenado quando posto em liberdade.

Suponhamos que o salário mínimo fosse o valor de R$ 600 reais, o detento não poderia receber menos que R$ 450 reais mensais. O preso poderá ser obrigado a indenizar a vítima ou sua família com os frutos de seu trabalho no cárcere. Ou ainda, assistir à sua família, além do valor que eles receberem conforme o auxílio-reclusão.

Atualmente o valor do auxílio-reclusão é de 915,05, nesta data de 18 de agosto de 2012, conforme o Ministério da Justiça. Este valor é recebido pela família dos detentos que contribuíram com o INSS antes de serem presos.

Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade não serão remuneradas.

O detento terá o benefício da remissão e o art. 149 irá regular como será feito esta prestação de serviços à comunidade.

O art. 46, parágrafo 2º do Código Penal informa em quais locais esta prestação ocorrerá.

§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.

SEÇÃO II

Do Trabalho Interno

Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade.

Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento.

A CF/88 proíbe que o Estado institua a pena de trabalhos forçados no art. 5, XLVII, alínea c, porém, o trabalho é dever e também um direito do preso, é o que diz o art. 39 e desta lei:

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Art. 39. Constituem deveres do condenado:

V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;

Art. 41 - Constituem direitos do preso:

II - atribuição de trabalho e sua remuneração;

Preso provisório é aquele que ainda não recebeu uma sentença definitiva (caiba recurso) ou no caso de expedição de mandado de prisão preventiva e temporária ou decorrente de prisão em flagrante, pronúncia ou sentença condenatória recorrível.