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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA AGRÍCOLA ELISA DE SOUZA JUNQUEIRA REZENDE MODELO DE DETECÇÃO DE MASTITE EM VACAS LEITEIRAS USANDO TERMOGRAFIA INFRAVERMELHO CAMPINAS 2017

MODELO DE DETECÇÃO DE MASTITE EM VACAS LEITEIRAS … · Mastitis Área de concentração: Construções Rurais e Ambiência Titulação: Doutora em Engenharia Agrícola Banca examinadora:

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRÍCOLA

ELISA DE SOUZA JUNQUEIRA REZENDE

MODELO DE DETECÇÃO DE MASTITE EM VACAS

LEITEIRAS USANDO TERMOGRAFIA INFRAVERMELHO

CAMPINAS

2017

ELISA DE SOUZA JUNQUEIRA REZENDE

MODELO DE DETECÇÃO DE MASTITE EM VACAS

LEITEIRAS USANDO TERMOGRAFIA INFRAVERMELHO

Tese apresentada à Faculdade de Engenharia

Agrícola da Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para obtenção do

título de Doutora em Engenharia Agrícola, na área

de concentração Construções Rurais e Ambiência.

Orientadora: Profa. Dr

a. Daniella Jorge de Moura

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA

ELISA DE SOUZA JUNQUEIRA REZENDE, E

ORIENTADA PELA PROFa. DR

a. DANIELLA

JORGE DE MOURA.

_________________________________

Assinatura da Orientadora

CAMPINAS

2017

Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura

Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Model of detection of milk cows using infrared thermography

Palavras-chave em inglês:

Infrared technology

Dairy catlle

Mastitis

Área de concentração: Construções Rurais e Ambiência

Titulação: Doutora em Engenharia Agrícola

Banca examinadora:

Daniella Jorge de Moura [Orientador]

Douglas D' Alessandro Salgado

Luciane Silva Martello

Sandra Maria Pinto

Thayla Morandi Ridolfi de Carvalho Curi

Data de defesa: 30-01-2017

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Agrícola Powered by

Este exemplar corresponde à redação final da Tese de Doutorado defendida por Elisa de

Souza Junqueira Rezende, aprovada pela Comissão Julgadora em 31 de janeiro de 2017, na

Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas.

_________________________________________________________________________

Profa. Dr

a. Daniella Jorge de Moura – Presidente e Orientadora

FEAGRI/UNICAMP – Campinas

_________________________________________________________________________

Prof. Dr. Douglas D´Alessandro Salgado – Membro Titular

UNESP – Tupã

_________________________________________________________________________

Profa. Dr

a. Luciane Silva Martello – Membro Titular

FZEA/USP – Pirassununga

_________________________________________________________________________

Profa. Dr

a.Sandra Maria Pinto – Membro Titular

UFLA – Lavras

_________________________________________________________________________

Profa. Dr

a. Thayla Morandi Ridolfi de Carvalho Curi – Membro Titular

Faculdade Anhanguera - Campinas

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de

vida acadêmica da discente.

Ao mеu esposo, José Luiz, sem ele não seria

possível, aos meus filhos, Gabriel е Miguel, que

iluminam os meus pensamentos.

DEDICO

AGRADECIMENTOS

A Deus por esse momento importante de conclusão, colocando pessoas no meu caminho, que

colaboraram com meu crescimento profissional e pessoal.

À minha orientadora, professora Daniella Jorge de Moura, pela oportunidade, amizade e

orientação. Muito obrigada Dani!

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola (FEAGRI) e a CAPES pela

concessão da bolsa de estudos.

À secretaria de pós-graduação pela atenção de sempre.

Ao meu esposo José Luiz e filhos (Gabriel e Miguel), pela compreensão durante o período de

curso, incentivo e ajuda em todos os momentos.

Aos meus pais, Mauro e Celeste, por estarem sempre presentes em minha vida.

Ao professor Douglas, por toda ajuda, apoio e orientação fundamental na etapa final e

contribuição nas análises estatísticas. Pelo aceite em participar da banca!

Aos membros da banca examinadora, professora Luciane, professora Sandra e Professora

Thayla, pelas importantes sugestões neste trabalho.

As minhas amigas de todas as horas: Dagmar, Lívia e Simone.

A todos os amigos do IFSULDEMINAS, em especial o Campus Inconfidentes, pela

possibilidade de executar o experimento. Agradeço ao professor Edu Max por acreditar em

meu trabalho como professora. Aos alunos do Curso de Engenharia Agronômica Taís, Stela,

Bruna, Jusiele, Alessandra, Tulio e o funcionário João por toda a ajuda na condução do

experimento.

MUITO OBRIGADA!

“Não fazemos uma foto apenas com uma câmera;

ao ato de fotografar trazemos todos os livros que lemos,

os filmes que vimos, a música que ouvimos,

as pessoas que amamos”.

(Ansel Adams)

RESUMO

Apesar do desenvolvimento de diversas estratégias de controle e prevenção, a mastite

continua sendo a doença que traz perdas econômicas significativas para os produtores de leite.

Este trabalho teve como objetivo principal, avaliar a capacidade de detecção da mastite

subclínica utilizando a termografia infravermelho em diferentes áreas do corpo do animal

como úbere, olho e vulva, associados aos testes para diagnóstico de mastite. Para isso,

utilizou-se da análise multivariada de componentes principais, onde se mostram graficamente

as associações entre as variáveis estudadas. Tal procedimento é utilizado em diversas áreas do

conhecimento para identificar dessa forma quais variáveis são fortemente correlatas ou não

correlatas. A pesquisa foi conduzida no IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes, MG.

Foram utilizadas doze vacas da raça Holandesa preta e branca. As avaliações foram realizadas

duas vezes ao dia por animal, durante as ordenhas da manhã e à tarde. Para coleta de dados,

antes da ordenha foram feitas as imagens térmicas de diferentes áreas do corpo (úbere, olho e

vulva), 3x3 termográficas da região lateral do lado direito do úbere, olho e vulva com um total

de 6 imagens por animal/dia. O california mastitis test (CMT) foi realizado imediatamente

após a limpeza dos tetos. No final da ordenha foram realizadas 12 coletas de leite para

posterior análise de contagem de células somáticas (SCC) contagem bacteriana total (TBC). A

análise de componentes principais e a análise de agrupamento se mostraram eficazes para

seleção de variáveis potencialmente preditoras da SCC. Sendo imagem termográfica do úbere

(IRTU) e imagem termográfica da vulva (IRTV) as melhores escolhas para predição de

contagem de células somáticas. Concluiu-se que com apenas uma variável preditora

(temperatura termográfica do úbere) foi possível estabelecer um modelo de alta eficiência por

permitir predizer o diagnóstico da mastite subclínica com alta precisão. Assim, indica-se que

IRTU é a melhor escolha como variável preditora de SCC, quando comparada com a TBC.

Palavras-chave: Imagem infravermelha; Bovino leite; Diagnóstico de mastite; Método não-

invasivo; Temperatura da superfície.

ABSTRACT

Despite the development of various control and prevention strategies, mastitis remains the

disease that brings significant economic losses to dairy farmers. The main objective of this

study was to evaluate the ability of infrared thermography to detect different areas of the

animal's body such as udder, eye and vulva, associated with tests for mastitis diagnosis. For

this, we used the multivariate analysis of principal components, where the associations

between the studied variables were graphically shown. This procedure is used in several areas

of knowledge to identify which variables are strongly correlated or uncorrelated. The research

was conducted at IFSULDEMINAS - Campus Inconfidentes, MG. Twelve cows of the Dutch

breed were used. The evaluations were performed twice a day, per animal, in the milking of

the morning (07:00 h) and in the afternoon (18:00 h). For data collection, before thermal

milking was done thermal images of different areas of the body (udder, eye and vulva), three

thermographic photos of the lateral region of the right side of the udder, eye and vulva with a

total of 6 images per animal / day. The california mastitis test (CMT) was performed

immediately after cleaning the ceilings. At the end of milking, milk samples were collected

for further analysis of somatic cell counts (SCC) total bacterial count (TBC). Principal

component analysis and clustering analysis proved to be effective in selecting potential

predictors of SCC. Being thermographic udder temperature (IRTU) and thermographic

temperature of the vulva (IRTV) are the best choices for predicting somatic cell counts.

It was concluded that with only one predictive variable (thermographic udder temperature) it

was possible to establish a high efficiency model because it allows to predict the diagnosis of

subclinical mastitis with high precision. Thus, it is indicated that IRTU is the best choice as a

predictive variable of SCC, when compared to TBC.

Keywords: Infrared image; Dairy cattle; Diagnosis of mastitis; Non-invasive method; Surface

temperature.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Capítulo 1

Figura 1 – Produção brasileira de leite................................................................................ 18

Figura 2 – Sistema óptico do Termovisor........................................................................... 24

Capítulo 2 – Artigo 1

Figure 1 – Images obtained through an infrared camera with measurement of points in

the udder and teats (A), eye (B), vulva (C)…………………………………….................

38

Figure 2 – Principal components of IRTU (udder), IRTE (eye), and IRTV (vulva)

obtained by the thermographic camera and SCC (somatic cell count), CMT (California

Mastitis Test) and MT (mug test), which are results of the tests for the diagnosis of

mastitis………………………………….…………………………………………………

41

Figure 3 – Clustering of IRTU, IRTV, SCC and CMT variables according to

similarity………………………………...……………………………………………......

41

Capítulo 2 – Artigo 2

Figure 1 – Images obtained from an animal with subclinical mastitis, with the

measurement of the 70 points on the udder and teats, using an infrared camera…………

48

Figure 2 – Model adjustment to the data………………………………………………..... 49

Figure 3 – Percentage accuracy in the predicted classification………………………… 51

LISTA DE TABELAS

Table 1 – Concordant and discordant scores between observed and predicted

results…………………………………………………................................................

50

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CCS ou SCC: Contagem de Células Somáticas

TIV ou IRT: Termografia Infravermelho

IRTU: Imagem termográfica do úbere

IRTV: Imagem termográfica do úbere

IRTE: Imagem termográfica do úbere

CMT: California mastitis test

CT: teste caneca de fundo escuro

TR: temperatura retal

PLT: produção leite total

CBT ou TBC: Contagem bacteriana total

MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Céls/mL: células por mililitro

UFC/mL: unidades formadlras de colônia por mililitro

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 ..................................................................................................................... 15

1 INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................. 15

1.1 Justificativa ........................................................................................................... 16

1.2 Objetivos ................................................................................................................ 16

1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................ 16

1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 17

2.1 Bovinocultura de leite ............................................................................................ 17

2.2 Mastite .................................................................................................................... 19

2.2.1 Mastite clínica ............................................................................................... 19

2.2.2 Mastite subclínica .......................................................................................... 20

2.2.3 Mastite quanto ao tipo de agente causador..................................................... 21

2.3 Diagnósticos da mastite no rebanho .................................................................... 21

2.3.1 Contagem de Células Somáticas (SCC) ......................................................... 21

2.3.2 California Mastitis Test (CMT) ...................................................................... 22

2.4 Contagem Bacteriana Total (TBC)........................................................................ 23

2.5 Termografia Infravermelho (IRT) ........................................................................ 23

2.6 Aplicações da termografia infravermelho na produção animal ......................... 25

2.7 Regressão ................................................................................................................. 26

2.8 Análise de Agrupamento......................................................................................... 27

2.9 Análise Multivariada de Componentes Principais .............................................. 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 29

CAPÍTULO 2: ARTIGOS.................................................................................................

34

ARTIGO 1: ASSOCIATION ANALYSIS BETWEEN THERMOGRAPHIC

RESULTS AND MASTITIS DIAGNOSIS……………………………………………..

35

ABSTRACT ...................................................................................................................... 35

1 INTRODUCTION ........................................................................................................ 36

2 MATERIAL AND METHODS.................................................................................... 37

3 RESULTS AND DISCUSSION.................................................................................... 39

4 CONCLUSIONS............................................................................................................ 42

REFERERENCES............................................................................................................. 42

ARTIGO 2: MODELING, CLASSIFICATION AND PRE-VALIDATION OF

SUBCLINICAL MASTITIS DIAGNOSIS BASED ON UDDER TEMPERATURE..

45

ABSTRACT ...................................................................................................................... 45

1 INTRODUCTION ........................................................................................................ 45

2 MATERIAL AND METHODS.................................................................................... 47

3 RESULTS AND DISCUSSION.................................................................................... 48

4 CONCLUSIONS............................................................................................................ 51

REFERERENCES............................................................................................................. 52

DISCUSSÃO...................................................................................................................... 54

CONCLUSÕES GERAIS................................................................................................. 55

APÊNDICES ..................................................................................................................... 56

15

CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO GERAL

No Brasil, a mastite continua sendo a doença que traz perdas econômicas

significativas para os produtores de leite. Os principais prejuízos causados pela mastite bovina

incluem a redução de produção de leite em função da mastite subclínica, custo dos casos de

mastite clínica, custo do descarte e morte prematura de alguns animais, gastos com honorários

veterinários e aquisição de medicamentos, descarte de leite com resíduos de antimicrobianos.

A mastite pode representar um perigo para a saúde dos consumidores, não só, pela

presença de agentes zoonóticos eliminados através do leite. Outro potencial fator de risco está

relacionado com a execução de medidas preventivas ou terapêuticas, de forma inadequada,

que resultam na presença de resíduos no leite de antibióticos (SILANIKOVE et al., 2010).

A classificação da mastite em dois tipos principais quanto sua forma de

manifestação. Chama-se mastite clínica quando são evidentes os sinais da inflamação e

mastite subclínica onde o processo inflamatório necessita de testes de campo como o

california mastitis test (CMT) ou de laboratório como a contagem de células somáticas (SCC)

para seu diagnóstico. Os de campo são mais simples e podem ser realizados diariamente no

momento da ordenha. No entanto, os métodos de diagnósticos mais precisos nem sempre

podem ser executados, considerando as dificuldades inerentes à rotina de campo e ao seu alto

custo (RIBEIRO JÚNIOR et al., 2008).

Tendo em vista a necessidade de melhoria na pecuária leiteira de todo país, o

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), juntamente com

universidades, centros de pesquisa e indústrias de laticínios, elaboraram a Instrução

Normativa 51 (IN-51), de 18 de setembro de 2002 (BRASIL, 2002), para melhorar a

qualidade do leite produzido no país. Como não foram atingidos os limites estabelecidos tanto

para contagem de células somáticas (SCC) como para contagem bacteriana total (TBC) pela

maioria dos produtores, e evitando deixar de fora da cadeia produtiva do leite um número

muito grande de propriedades, a IN-51 foi revista.

Em dezembro de 2011 foi publicada a IN-62, foram instituídos novos parâmetros

para SCC e TBC para as diferentes regiões do país e por períodos. No momento, de acordo

com o MAPA, admite-se para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste a SCC e TBC 400.000

céls/ml de leite e 100.000 UFC/ ml de leite, respectivamente (BRASIL, 2011).

16

Para os produtores, reduzir a mastite significa melhorar a qualidade do leite,

melhorar o manejo de ordenha, investir em tecnologias e equipamentos mais modernos. O

diagnóstico da mastite realizado de forma precoce e eficaz é uma das medidas mais

importantes no controle desta doença. Portanto, termografia infravermelho pode ser

empregada em predições, detecções de doenças, assim como outras aplicações na produção

animal (STEWART et al., 2007).

Na hipótese desse trabalho podemos dizer que a termografia infravermelho (IRT)

permite detectar, de forma precoce e compatível com a contagem de células somáticas (SCC)

e california mastitis testis (CMT), a mastite subclínica. Outra hipótese do trabalho é que IRT

pode ser eficiente usando diferentes áreas do corpo do animal como úbere, olho e vulva.

1.1 Justificativa

Um grande desafio para produtores de leite é o controle da mastite. A forma

subclínica é a mais importante, pois causa maiores prejuízos devido à redução da produção e a

alteração da composição do leite. Caracteriza-se pela ausência de alterações visíveis no leite

ou no úbere.

O uso IRT na produção animal, como método auxiliar em diagnóstico de

patologias, capaz de identificar alterações locais de temperatura, expressas na superfície da

pele, com a vantagem, em muitos casos, de identificá-las ainda no início da doença, mesmo

antes do aparecimento dos primeiros sinais clínicos, tornando-a, assim, uma tecnologia que

pode aumentar a eficiência dos diagnósticos.

Atualmente, existem vários trabalhos científicos publicados com uso da IRT

(COLAK et al., 2008; HOVINEN et al., 2008; POLAT., 2010; BORTOLAMI et al., 2015) no

diagnóstico de mastite. Assim, torna-se importante o uso do processamento de imagens

termográficas durante a rotina de ordenha para detecção de mastite subclínica, com o

tratamento dos casos subclínicos no período seco, e iniciando a ordenha a partir dos animais

sadios colocando para o final aqueles que estejam com mastite por último.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

17

Avaliar a capacidade de detecção de mastite utilizando a termografia

infravermelho em diferentes áreas do corpo do animal como úbere, olho e vulva, associados

aos testes (SCC, CMT) para diagnóstico de mastite.

1.2.2 Objetivos específicos

- Determinar um estudo de associação entre resultados de medição da temperatura

de superfície por câmera termográfica e testes de diagnóstico de mastite em bovinos de leite,

para selecionar àquelas mais propensas para um modelo preditivo de diagnóstico em função

da temperatura captada pela câmera;

- Desenvolver um modelo preditivo do diagnóstico de mastite subclínica em

função de temperatura de superfície médias obtidas por meio da câmera termográfica;

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Bovinocultura de leite

A produção brasileira de leite em 2014 foi de 35,17 bilhões de litros,

representando um aumento de 2,7% em relação à registrada no ano anterior (Figura 1). De

acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2015) o Brasil ocupou a

quinta posição no ranking mundial de produção de leite em 2014. Nas últimas décadas,

muitos progressos em termo de melhoria da qualidade do leite foram obtidos, entretanto, tanto

na produção quanto na industrialização do leite, um dos fatores que mais reduzem a qualidade

e a quantidade do produto é a mastite.

De acordo com Zoccal (2015) a produtividade média da produção de leite no

Brasil foi de 1.525 litros/vaca/ ano, em 2014, correspondendo a um crescimento de 2,2% em

relação à observada em 2013 (1.492 litros/vaca/ano), o que indica que a atividade, em geral, é

desenvolvida em sistemas de produção pouco especializados. As principais razões para essa

baixa produtividade incluem a utilização de animais sem aptidão para produção de leite ou

com potencial genético inapropriado; manejo alimentar, reprodutivo e sanitário inadequado;

falta de assistência técnica; e baixo nível de instrução dos produtores (57% dos produtores

tem pouca instrução) o que dificulta a utilização adequada do estoque de tecnologias

disponíveis (CARVALHO et al., 2010)

18

Figura 1 – Produção brasileira de leite

Fonte: IBGE (2015)

O estado brasileiro maior produtor de leite é, historicamente, Minas Gerais, que,

em 2014, produziu 9,37 bilhões de litros, correspondente a 26,6% da produção nacional. Em

segundo lugar encontra-se o estado do Rio Grande do Sul, seguido por Paraná, Goiás, Santa

Catarina, São Paulo, Bahia, Rondônia, Mato Grosso e Pernambuco, respectivamente (IBGE,

2015). A produção do leite em Minas Gerais é bastante diversificada, verifica-se que em

algumas regiões predomina a pecuária familiar, com volume de produção variando entre 50 a

300 litros de leite por dia. Outras regiões, porém, são classificadas como produção de média e

grande escala, com volumes médios anuais predominantes acima de 500 litros de leite por dia

(BORGES, 2010).

A realidade brasileira segundo o IBGE (2009), é que existem 1.349.326

propriedades rurais que produzem leite, desse total, 1.002.653 possuem um rebanho que varia

de 2 a 49 cabeças. Do total de propriedades, 145.595 possuem tanques de resfriamento de

leite, sendo 115.297 com capacidade de 1.000 litros. Segundo Zoccal et al. (2012), estima-se

que 2,3% das propriedades leiterias são especializadas e atuam como empresa rural

profissionalizada, por outro lado, 90% dos produtores são considerados pequenos, com baixo

volume de produção diário, baixa produtividade por animal e pouco uso de tecnologia.

O mercado do leite atravessa um período de mudanças, uma vez que a

remuneração deste produto pela indústria passa a ser realizada de acordo com as novas

exigências referentes à qualidade do leite previstas nas novas legislações (BRASIL, 2011),

afetando tanto o produtor quanto a indústria. Por outro lado, a seguridade alimentar também

merece destaque, pois o consumidor, cada vez mais, exige alimentos saudáveis. Dessa forma,

19

o produtor necessita alterar a forma de obtenção, que vem sendo praticada há décadas, a fim

de adequar-se à legislação e às exigências do mercado consumidor, mantendo a atividade

rentável (PICOLI et al., 2014).

2.2 Mastite

A inflamação da glândula mamária é denominada de mastite ou mamite. É

causada por microrganismos, tais como bactérias sendo estes considerados os agentes mais

importantes, além de fungos, leveduras e algas. Essa resposta inflamatória da glândula

mamária tem por objetivos a eliminação do microrganismo causador, a neutralização de

toxinas e a regeneração dos tecidos danificados.

A mastite se inicia quando os microrganismos conseguem ultrapassar a barreira

anatômica do teto e multiplicam-se na glândula mamária. A invasão microbiana pode ocorrer

por diversas formas, como colonização da pele e do canal do teto entre as ordenhas,

flutuações de vácuo durante a ordenha que trazem os microrganismos para dentro do teto.

Após a invasão, ocorre intensa migração de leucócitos do sangue para leite, com o objetivo de

eliminar o agente patogênico.

O impacto econômico da ocorrência de mastite no sistema de produção de leite,

reuniram quatro fatores principais responsáveis pelos prejuízos: perdas de produção de leite

devido à mastite subclínica, custos dos casos clínicos, custos de descarte e morte prematura,

prejuízos da indústria por redução na qualidade e no rendimento industrial de derivados

(LANGONI et al., 2015).

A doença possui caráter multifatorial e, portanto, o conhecimento de seus fatores

determinantes em regiões leiteiras é necessário para sua prevenção e controle em rebanhos

bovinos (CUNHA et al., 2015). Quanto a forma de manifestação e em decorrência do agente

etiólogico, à via de transmissão da mastite é dividida em clínica e subclínica e, quanto ao tipo

de agente causador da doença é classificada como contagiosa e ambiental.

2.2.1 Mastite clínica

A mastite clínica manifesta-se pelo aparecimento de edema, aumento de

temperatura, endurecimento e dor na glândula mamária e ou aparecimento de grumos, pus ou

qualquer alteração das características do leite. O exame visual do leite deve ser realizado a

cada ordenha e pode ser executado com auxílio de métodos diagnósticos como o teste de

20

Tamis, o qual consiste na identificação de grumos no leite em caneca com fundo escuro

(RUEGG, 2012).

O tratamento deve ser feito imediatamente, tanto por via intramamária como

sistêmica, sendo esta última recomendada para prevenir a endotoxemia pela entrada das

bactérias na corrente sanguínea. As perdas representadas pelo descarte do leite e o risco à

sobrevivência da vaca justificam plenamente o tratamento durante a lactação.

No entanto, os maiores prejuízos são causados pela mastite subclínica, a

contaminação ocorre principalmente durante a ordenha, por meio das teteiras, mãos dos

ordenhadores, só que pelo fato de esta ter caráter silencioso e não despertar tanto a atenção

dos produtores. Além disso, por não poder ser diagnosticada previamente.

2.2.2 Mastite subclínica

A mastite subclínica caracteriza-se pela ausência de alterações visíveis no leite ou

no úbere, mas apresenta redução da produção, mudanças na composição, aumento da

contagem de células somáticas (SCC), dos teores de cloreto, sódio e proteínas séricas, e

diminuição dos teores de caseína, lactose e gordura do leite O processo inflamatório na

mastite provoca mudança na composição do leite elevando a contagem de células somáticas,

causando impacto na qualidade e produção do leite (DIAS, 2007).

Philpot e Nickerson (1991), verificaram que quantificar a perda associada à

mastite subclínica é mais difícil, mas de acordo com esta forma de apresentação da doença é

de 15 a 40 vezes mais prevalente do que a forma clínica. Além da maior prevalência em

relação à mastite clínica, casos subclínicos são de longa duração, difíceis de detectar. As

infecções subclínicas são importantes do ponto de vista epidemiológico, pois se constituem

em reservatórios ou fonte de patógenos para outros animais do rebanho.

Os casos subclínicos, são facilmente disseminados no rebanho, oferecendo ao

produtor uma falsa impressão de tranquilidade em relação à ocorrência de mastite (BUENO et

al., 2002). Portanto, não é possível diagnosticá-la sem a utilização de testes auxiliares, tais

como: California mastitis test (CMT), o Wisconsin mastitis test (WMT), a condutividade

elétrica do leite e a contagem de células somáticas (SCC). O principal indicador da mastite

subclínica é o aumento da SCC no leite (SANTOS e FONSECA, 2007).

21

2.2.3 Mastite quanto ao tipo de agente causador

Os casos de mastite contagiosa caracterizam-se pela alta incidência da forma

subclínica. São geralmente de longa duração e alta SCC. Esse tipo de mastite é causado por

microrganismos cujo habitat preferencial é o interior da glândula mamária e a pele dos tetos.

A transmissão ocorre principalmente durante a ordenha dos animais, por meio de algum

elemento de ligação entre um quarto infectado e um quarto sadio, como por exemplo as

teteiras e as mãos do ordenhador.

A mastite ambiental é causada por agentes, cujo principal reservatório é o

ambiente em que a vaca vive, principalmente onde há acúmulo de esterco, urina, barro e cama

orgânicas. Esse tipo de mastite caracteriza-se por alta incidência de casos clínicos, geralmente

de curta duração, grande parte das novas infecções ocorre durante o período entre as

ordenhas. Os patógenos ambientais estão disseminados por todo ambiente da vaca, é

praticamente impossível erradicar esse tipo de mastite (SANTOS e FONSECA, 2007).

2.3 Diagnósticos da mastite no rebanho

2.3.1 Contagem de células somáticas (SCC)

Fisiologicamente, as células somáticas do leite são o conjunto de células de defesa

e se constituem em macrófagos (60%), linfócitos (25%), neutrófilos (15%) em seu total de

99%, os leucócitos, ou seja, os glóbulos brancos do sangue e 1% de células epiteliais

secretoras. A presença de células epiteliais no leite é o resultado da descamação normal e

renovação do epitélio secretor da glândula mamária. Nos animais com mastite ocorre inversão

e a maioria das células somáticas é composta de leucócitos (LANGONI, 2006; SANTOS e

FONSECA, 2007).

A SCC é uma ferramenta importante para monitorar o estado inflamatório da

glândula mamária, são responsáveis pela fagocitose no combate dos microrganismos

invasores, após a invasão bacteriana ocorre rápido aumento da SCC do quarto infectado

(RAINARD e RIOLLET, 2006). O objetivo dessas células é eliminar as bactérias existentes,

visto que se o caso de mastite for resolvido a SCC do leite retorna aos limites normais dentro

de algumas semanas. Quando o sistema imune não elimina o agente causador a SCC

permanece acima do limite normal por longo período, ainda que possa sofrer variação ao

longo do tempo.

22

Os resultados da SCC podem ser obtidos a partir de amostras de quartos mamários

individualmente, amostras compostas oriundas dos quatro quartos e de amostras do tanque

visando monitorar a qualidade do leite. Considera-se como normal de 100.000 a 200.000

cél/ml de leite. Resultado superior a 200.000 cél/ml são indicativos de infecção subclínica

(HARMON, 2001; SANTOS e FONSECA, 2007).

Em 2004, Ribas et al. chamaram a atenção para implantação de sistemas de

pagamento por qualidade, com base nos resultados das análises de gordura, proteína, lactose

e/ou de sólidos totais, e da contagem de células somáticas, segundo aos autores isso

possibilitaria ao país se enquadrar nos padrões internacionais de qualidade, necessários à

manutenção e conquista de oportunidades de mercado.

2.3.2 California Mastitis Test (CMT)

O California Mastitis Test (CMT), é um dos testes mais populares e práticos para

diagnóstico da mastite subclínica. O seu princípio baseia-se na estimativa da SCC no leite. O

CMT é um teste rápido, realizado no momento da ordenha, onde se utiliza um kit disponível

comercialmente (SCHALM e NOORLANDER, 1957), composto por um reagente que, ao

entrar em contato com o leite, em quantidades iguais (2mL), rompe a membrana dos

leucócitos liberando o material genético, formando um gel. Os resultados são expressos em 5

escores: negativo, traços, +, ++ ou +++ (SANTOS e FONSECA, 2007).

De acordo com Bressan et al. (2000), apesar de não ser realizado pela maioria dos

produtores, o CMT é um excelente auxílio no monitoramento diário ou semanal das mastites

nos rebanhos leiteiros, pois avalia o grau de infecção em cada quarto do úbere de uma vaca.

As principais situações em que o uso do CMT é recomendando são as seguintes: detecção de

mastite subclínica em vacas recém-adquiridas, determinar qual quarto mamário é o que se

encontra infectado, quando a vaca apresenta alta SCC na amostra composta de leite e detecção

mensal da mastite subclínica do rebanho, quando não for possível a SCC.

Langoni (2000) relata que a subjetividade do resultado do CMT representa um

aspecto negativo, principalmente no que se refere a dosagens erradas de reagente e de leite e

da falta de padronização da leitura, que estará sujeita a variações, de acordo com o

profissional que estará realizando o teste.

23

2.4 Contagem Bacteriana Total (TBC)

A contagem bacteriana total (TBC) do leite cru é um teste utilizado para avaliar a

qualidade microbiológica do leite, indicando as condições de higiene na obtenção e no

manuseio do leite nas propriedades. Altos valores indicam falhas na higiene dos equipamentos

de ordenha, resfriamento, tempo e temperatura de armazenagem do leite, resultando em um

produto com menor rendimento para queijo, diminuição do tempo de prateleira e falta de

estabilidade dos produtos, prejudicando o processamento de derivados (HILL et al., 2011).

Em um estudo recente, a relação entre SCC e a TBC de rebanhos leiteiros foi

avaliada, buscando-se assim identificar a importância e utilidade da aplicação da SCC do

tanque como indicador das condições higiênicas de produção. Para tanto, foram estudados

mais de 70 mil resultados de SCC e TBC de rebanhos leiteiros europeus, cujo limite máximo

legal para a SCC é de 400.000 céls/ml para o leite destinado ao consumo humano. Todo o

conjunto de dados foi analisado quanto à correlação entre a SCC e TBC.

Quando foram analisados todos os dados do estudo, o coeficiente de correlação

entre SCC e TBC foi baixo (0,18), indicando, neste caso, que a SCC do tanque não fornece

informações suficientes sobre as condições higiênicas de produção de leite no conjunto dos

rebanhos estudados. No entanto, quando foram categorizados os rebanhos que ultrapassaram o

limite máximo de SCC de 400.000 céls/ml (cerca de 12% do total estudado), o coeficiente de

correlação entre SCC e TBC foi de 0,84, indicando uma alta correlação entre estes dois

critérios de qualidade.

Estes resultados demonstram que os rebanhos com maiores médias de SCC

apresentaram as piores condições de higiene na produção de leite, o que pode ser um dos

fatores relacionados com a dificuldade de controle de mastite. Desta forma, o estudo descrito

indica que a porcentagem de rebanhos que excedeu o limite máximo de SCC para a

Comunidade Europeia pode ser usada também para a identificação de problemas de higiene e

reforça mais o conceito de que deficiências de higiene, além de consequências negativas para

a qualidade microbiológica do leite, implicam em maiores obstáculos para o controle da

mastite (RYSANEK e BABAK, 2005).

2.5 Termografia Infravermelho (IRT)

A termografia surgiu mediante os estudos do famoso “pai da medicina”, o médico

grego Hipócrates, no decorrer de suas observações com relação às variações da temperatura

24

em diferentes partes do corpo humano. Seu principal método decorria da esfregação de lama

no corpo dos pacientes, observando as reações que se procediam, concluindo que, no local

onde a lama secava por primeiro era mais quente, portanto, nessa região se processava a

doença (BRIOSCHI, 2003). Assim nasceu termografia.

A técnica é baseada no princípio de que todos os corpos formados de matéria

emitem certa carga de radiação infravermelha, proporcional a sua temperatura. Esta radiação

pode ser capturada em um termograma que expressa o gradiente térmico em um padrão de

cores (EDDY et al., 2001). Desta forma, a termografia pode ser apresentada como um método

não invasivo capaz de avaliar a temperatura através da energia emitida pela superfície do

corpo animal ou de qualquer objeto e transformá-la em uma imagem visível ao olho humano

(ZIPROUDINA et al 2006; SÜMBERA et al 2007).

Portanto, a capacidade do equipamento em distinguir entre dois pontos na imagem

é chamada de Resolução Geométrica ou Resolução Óptica do Sistema. Assim, para a

obtenção de uma imagem de boa qualidade deve-se garantir: contraste térmico; sensibilidade

e boa resolução térmica. A energia emitida pelo objeto em foco, passa pelo sistema óptico do

termômetro ou termovisor e é convertida em sinal elétrico no detector. O sinal é então exibido

como leitura de temperatura e/ou imagem térmica (Figura 2).

Figura 2 – Sistema óptico do Termovisor.

Fonte: Adaptado Maldague (2001).

25

De acordo com Davis e Silva (2004), uma das vantagens da termografia é o

auxílio na percepção e localização de problemas no grau de comprometimento de tecidos. Os

equipamentos de imagem infravermelha são capazes de detectar temperatura a partir 0,05 °C

enquanto a mão humana não é capaz de perceber a temperatura menor de 2°C - 4°C. A

importância deste método para o meio médico veterinário, pois um dos maiores desafios do

médico veterinário é a falta de comunicação por parte do seu paciente animal, sendo assim, a

termografia vem para melhorar o auxílio diagnóstico.

A circulação e o sangue são a base para o uso da termografia, que captura, na pele,

suas atividades, como um padrão fisiológico dinâmico. Assim, a imagem termográfica

aparece como um gráfico de representação da radiação emitida pela superfície da pele, que é

transformado em imagem visível. Quando há alterações na circulação dos tecidos adjacentes à

pele, sua temperatura também sofrerá alteração, mudando o padrão de cor no termograma

(REDAELLI et al., 2013), quantitativamente observado em cada pixel, que representa um

ponto de temperatura.

Para estudos na pecuária e agricultura, a utilização de imagens em infravermelho

pode servir para aprimorar e agilizar técnicas de melhoramento genético de animais e plantas,

agricultura de precisão e diagnosticar de forma pré-clínica sintomas de doenças em animais e

plantas (GODYN et al., 2013).

2.6 Aplicações da termografia infravermelho na produção animal

Atualmente, a produção animal encontra-se em um período de inovação no que

diz respeito aos meios diagnósticos, principalmente no campo do diagnóstico por imagem.

Métodos não invasivos podem ser úteis para obtenção de dados confiáveis sem interferir

diretamente com os organismos, evitando reações de estresse.

A IRT pode ser um método para alcançar esse objetivo, a vantagem dessa técnica

é que elimina a necessidade de conter o animal, contato físico, o uso de sedativos e a leitura

deve ser realizada à distância do animal (IBARRA et al., 2000; STEWART et al., 2005;

CERUTTI et al., 2013).

A IRT é utilizada na detecção da variação da temperatura do olho a fim de

detectar estresse em bovinos de leite. Stewart et al. (2008), trabalharam com bezerros na

descorna com o uso de anestésico local e verificaram que houve uma rápida queda da

temperatura do olho que estava em 38,0°C para 37,8°C e diminuição do tônus parassimpático,

mas quando os mesmos foram castrados sem o uso de anestésico local a temperatura do olho

26

aumentou para 38,6°C e ocorreu um aumento do tônus parassimpático. Os autores concluíram

que, durante um estresse por dor as alterações oculares reguladas sob o controle do sistema

nervoso autônomo podem ser mensuradas usando a termografia infravermelho.

Estudando o uso da IRT como ferramenta auxiliar no diagnóstico de mastite em

ovelhas, Nogueira et al (2013), observaram que houve relação significativa entre as

temperaturas superficiais das glândulas e alterações específicas do tecido glandular, além de

serem observadas diferenças significativas entre as temperaturas superficiais das glândulas e

os resultados do diagnóstico clínico, concluindo que, a termografia permitiu identificar

diferenças de temperaturas entre as metades mamárias saudáveis ou com mastite subclínicas

daquelas com mastite clínica em estágio crônico e que esta técnica, se associada ao

diagnóstico clínico e/ou microbiológico, tem potencial para ser uma importante ferramenta no

diagnóstico e prognóstico de mastite em ovelhas e auxiliar na tomada de decisões, bem como,

na adoção de novas práticas de manejo em rebanhos de ovelhas deslanadas.

Dessa forma, essa tecnologia pode ser utilizada como ferramenta de auxílio na

tomada de decisão que confira melhoria de processos e aumento de eficiência nos sistemas de

produção de leite, contribuindo de forma ímpar para um melhor e mais eficiente diagnóstico.

Principalmente no que diz respeito ao bem-estar animal, pode e deve ser usada nos sistemas

de produção animal como alternativa aos métodos tradicionais de obtenção de temperaturas

superficiais, trazendo mais precisão, exatidão e praticidade na manipulação de dados

(ROBERTO et al., 2014).

2.7 Regressão

“O termo ‘regressão’ foi proposto pela primeira vez por Sir Francis Galton em

1885 num estudo onde demonstrou que a altura dos filhos não tende a refletir a altura dos

pais, mas tende sim a regredir para a média da população. Atualmente, o termo “Análise de

Regressão” define um conjunto de técnicas estatísticas usadas para modelar relações entre

variáveis e predizer o valor de uma ou mais variáveis dependentes (ou de resposta) a partir de

um conjunto de variáveis independentes (ou preditoras) (MAROCO, 2003).

Para investigar a relação entre duas variáveis, x e y, podemos representar os

valores das variáveis no gráfico de dispersão. Afirma-se que existe uma relação linear entre as

variáveis se os dados se aproximarem de uma linha reta. A partir da observação do diagrama

de dispersão verificamos se a correlação entre as duas variáveis é mais ou menos forte, de

acordo com a proximidade dos pontos em relação a uma reta.

27

O coeficiente de determinação é mais indicado para medir a explicação da reta de

regressão. Assim, quanto mais próximo de 1 estiver o valor do coeficiente de determinação,

maior a porcentagem da variação de y explicada pela reta estimada, e por consequência, maior

a qualidade do ajustamento.

Maroco (2003) afirma que a presença ou ausência de relação linear pode ser

averiguada a partir de dois pontos distintos:

a) quantificando a força dessa relação, e para isso usamos a análise de correlação;

b) ou explicitando a forma dessa relação, fazendo uso da análise de regressão.

Ambas as técnicas, apesar de intimamente ligadas, diferem, pois na correlação

todas as variáveis são aleatórias e desempenham o mesmo papel, não havendo nenhuma

dependência, enquanto na regressão isso não acontece. Assim, a análise de regressão estuda o

relacionamento entre uma variável denominada de dependente, y, e uma ou várias variáveis

independentes, x, (x1x2,...,xp). Caso se considere apenas uma variável independente definimos

de análise de regressão simples, caso usemos duas ou mais variáveis, de análise de regressão

múltipla (SANTOS, 2007).

2.8 Análise de Agrupamento

Segundo Lattin (2011) a maior parte de análise de agrupamento é realizada com

objetivo de se tratar da heterogeneidade dos dados. Tendo em vista a dificuldade de se

examinar todas as combinações de grupos possíveis em um grande volume de dados,

desenvolveram-se diversas técnicas capazes de auxiliar na formação dos agrupamentos.

Desse modo, o dendograma não é apenas um conjunto de agrupamentos, mas uma

estrutura com toda a hierarquia dos agrupamentos gerados sobre o conjunto de exemplos

inicial. Em consequência, essa forma de representação possibilita ao pesquisador escolher o

nível de corte do dendograma que corresponde ao conjunto de clusters mais apropriado para a

aplicação. Para montar um dendograma gráfico são desenhados arcos, que representam os

agrupamentos entre os clusters. A altura de cada arco indica a distância (ou similaridade) que

resultou no agrupamento dos clusters aos quais suas extremidades estão conectadas. Espera-se

que bons clusters sejam compactos de modo que seus elementos apresentem alta similaridade,

enquanto que a similaridade com os elementos de outros clusters seja a menor possível. Uma

maneira de verificar essa compactação é analisar a altura dos arcos que agrupam os cluster,

pois quanto menor a altura, mais compactos serão os clusters (ZAIANE, 2003).

28

Por outro lado, a junção entre clusters distintos deve apresentar pouca

similaridade, consequentemente, o arco que os une deve ser maior em relação aos arcos que

unem seus sub-clusters. Um arco com altura aproximadamente igual à altura dos arcos que

formam seus sub-clusters não representa uma divisão natural dos clusters que ele agrupou. A

diferença expressiva entre a altura de um arco e os arcos formados anteriormente a ele, é um

indicador de que os clusters agrupados são totalmente distintos e que provavelmente não

representam o mesmo conceito. Essa diferença na altura dos arcos indica a separação ou

junção natural de clusters (METZ, 2006).

2.9 Análise Multivariada de Componentes Principais

A Análise de componentes principais – ACP ou PCA (do inglês Principal

component analysis) foi primeiro introduzido por Pearson em 1901 e desenvolvida de forma

independentemente por Hotelling em 1933. A PCA trata-se de uma técnica estatística capaz

de representar dados multivariados em um subespaço de dimensão reduzido, de modo que a

distância entre os pontos, que representam as amostras nesse subespaço, corresponda o tanto

quanto possível às dissimilaridades entre os pontos no espaço de dimensão original (SILVA et

al., 2005).

Segundo Regazzi (2000), apesar das técnicas de análise multivariada terem sido

desenvolvidas para resolver problemas específicos, principalmente de Biologia e Psicologia,

podem ser também utilizadas para resolver outros tipos de problemas em diversas áreas do

conhecimento. A análise de componentes principais é a técnica mais conhecida, contudo é

importante ter uma visão conjunta de todas ou quase todas as técnicas da estatística

multivariada para resolver a maioria dos problemas práticos.

A análise multivariada tem sido empregada por diversos autores (PEREIRA,

2005; SALGADO, 2006; VERCELLINO, 2012; MEDEIROS, 2013). A técnica de

componentes principais é empregada com o objetivo de dar visibilidade a um conjunto de

dados, reduzindo-se o número de variáveis. Com isso, um grande número de variáveis

correlatas diretamente observáveis, são reposicionadas por novas variáveis não correlatas, não

observáveis e, portanto, mais complexas (SALGADO, 2006).

Depois que os gráficos são gerados, as relações ou associações são observados,

primeiramente, analisando-se a magnitude dos vetores. Assim, os vetores com pequena

magnitude são pouco explicados pelas componentes principais e, portanto, não devem ser

considerados nas análises. Todavia, os vetores com direção e sentido semelhantes, estão

29

fortemente associados positivamente, ou seja, o aumento do tempo ou da frequência de uma

variável está associado ao aumento da outra variável. Já em situações em que se observam

vetores com direções semelhantes, mas em sentidos contrários, implicam em associações

intensamente negativas, e ainda, os vetores que formam ângulos próximos a 90° não são

correlatos. Entretanto, salienta-se que essas associações não significam, necessariamente, uma

dependência entre os dados, e podem estar vinculadas a outras variáveis, inclusive, que não

tenham sido inseridas na análise (PEREIRA, 2005; SALGADO, 2006).

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CAPÍTULO 2: ARTIGOS

Os artigos apresentados a seguir foram escritos conforme regras da Journal of

Dairy Science, como um dos requisitos para a obtenção do título de doutora em Engenharia

Agrícola na área de Construções Rurais e Ambiência.

The articles presented below were written according to the rules of the Journal of

Dairy Science, as one of the requirements for obtaining a Doctorate Degree in Agricultural

Engineering in the field of Rural Constructions and Ambience.

35

ASSOCIATION ANALYSIS BETWEEN THERMOGRAPHIC RESULTS AND

MASTITIS DIAGNOSIS

Elisa de Souza Junqueira Rezendea* , Daniella Jorge de Mouraa , Douglas

D´Alessandro Salgadob , Luciane Silva Martelloc , José Luiz de Andrade Rezende

Pereirad

a,*Corresponding author. Current Address: Faculdade de Engenharia Agrícola da

Universidade Estadual de Campinas (Feagri UNICAMP Campinas), Brazil. E-mail:

[email protected]

b Faculdade de Ciência e Engenharia Agrícola da Universidade Estadual Paulista

(UNESP Tupã), Brazil

c Faculdade de Zootecnia e Engenharia dos Alimentos (FZEA USP Pirassununga),

Brazil

dInstituto de Educação Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IFSULDEMINAS

Inconfidentes), Brazil.

ABSTRACT

Animal production is in a period of innovation on the diagnostic means, especially by

the image. The use of non-invasive equipment that values animal comfort and well-

being became essential; in this context, we can highlight the infrared thermography.

This study aimed to determine the association variables between the results of the

surface temperature measurement, by the thermographic camera, and those from

mastitis diagnostic tests in dairy cattle to select the most prone variables for a

diagnostic predictive model as a function of temperature captured by the camera.

Principal component factor analysis was used to evaluate these results.

Subsequently, the cluster analysis method was applied. The research was conducted

at the IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes, Minas Gerais State, Brazil. Twelve

Holstein cows were used for this purpose. The collection period consisted of 2 days,

and the frequency was twice a day, in the morning (7:00 a.m.) and in the afternoon

(6:00 p.m.). The diet was maintained according to the routine on the farm. Thermal

images were recorded before milking in different areas of the body (udder, eye, and

vulva) by a thermographic camera, taking a total of 72 thermographic images. The

California Mastitis Test (CMT) was performed immediately after cleaning the teats. At

the end of milking, milk samples were collected for later analysis of somatic cell

36

counts (SCC). Principal component analysis and cluster analysis proved to be

effective in selecting potential predictor variables of SCC. Udder thermographic

temperature (IRTU) and vulva thermographic temperature (IRTV) were the best ones

to predict SCC.

Keywords: multivariate analysis; Dairy cattle; Diagnosis of mastitis; infra-red;

Surface temperature.

1 Introduction

Despite the development of several control and prevention strategies, mastitis is

still the most damaging disease to dairy activity. The detection of mastitis cases is

fundamental, and it is necessary for the producer to correctly define mastitis, which is

characterized by changes in milk characteristics such as color, production of lumps in

clinical cases, and normal milk in subclinical cases; however, with an increase in

somatic cell counts (SCC/mL of milk), diagnosed by electronic counting, which

indicates there is a correlation between SCC and occurrence of subclinical mastitis

(PANTOJA et al., 2009), or visually by the California mastitis test (CMT).

The severity of each case is associated with the time elapsed from the

diagnosis to the treatment, suggesting the practice of early diagnosis. Thus,

thermography is a suitable tool since it has been satisfactorily applied in veterinary

medicine and animal production as a tool for preventive diagnosis, avoiding stress

reactions. In cattle, infrared thermography has been used as a diagnostic tool to

detect disease (STELLETTA et al., 2012). In dairy cows, thermography is a potential

method for the detection of mastitis, since the symptom of this disease is the local

temperature increase due to the inflammatory reactions, besides being a quick

painless and non-invasive method (SCOTT et al., 2000, COLAK et al., 2008).

The increase in the udder surface temperature caused by mastitis infection

occurs before other clinical symptoms and was identified by thermography (WILLITS,

2005). Therefore, it is necessary to provide information on this type of technology

from the development of experiments under real conditions similar to those found in

Brazil. In addition, the thermographic camera is becoming less expensive every year,

while the prevalence of mastitis remains high (COLAK et al., 2008).

37

According to Regazzi (2000), multivariate analysis techniques can be used to

solve problems such as reduction in the dimensionality of variables, group

observations or variables according to similarities, in several areas of knowledge,

such as agronomy, phytotechnology, zootechny, ecology, biology, psychology,

medicine, forest engineering, etc. In the specific case of the principal component

analysis, many directly observable correlated variables replace new non-correlated,

non-observable, and therefore more complex variables.

This study aimed to determine an analysis methodology between the results

from temperature measurements in the udder, eye, and vulva, using the

thermographic camera, and those from mastitis diagnostic tests: California mastitis

test (CMT), mug test - Tamis (MT), microbiological analysis (TBC), rectal temperature

(RT), and milk production (MP) in dairy cattle, to select those that are more prone to

a predictive diagnostic model as a function of the temperature captured by the

camera.

2 Material and methods

This study was carried out at the Educational Unit Production (UEP) – dairy

cattle, Campus Inconfidentes in the state of Minas Gerais, Brazil (22° 17'56.8" S and

46° 19'56.1" W). The study protocol was approved by the Ethics Committee for the

Use of Animals (CEUA) of the Federal Institute of Education, Science and

Technology Southern Minas Gerais (IFSULDEMINAS) (No. 19A/2015).

A total of 12 black and white Holstein multiparous cows, with an average weight

of 550 kg, during lactation period (90–100 days of lactation), with an average

production of 25 kg of milk day-1/cow, confined in a free-stall system. The collection

period consisted of 2 days, and the frequency was twice a day, in the morning (7:00

a.m.) and in the afternoon (6:00 p.m.) during milking. The diet was maintained

according to the routine on the farm.

Before milking, the first three jets of milk from each teat, according to the mug

test (Tamis), were collected to diagnose clinical mastitis, checking for presence or

absence of lumps in the milk (RODRIGUES, 2008; RUEGG, 2012). The positive

result obtained from mug test received value (1) and negative results (0), for analysis

purposes. After the Tamis test, the CMT was performed to identify the subclinical

form of the disease; 1 ml of milk from each teat was placed into separate

38

compartments of the CMT tray. Afterward, 1 ml of reagent was then added to each

compartment to perform the read. After mixing the milk with the reagent, carrying out

gentle circular motions, the viscosity of the blend was scored on a five-point scale

(adapted from SANTOS and FONSECA, 2007), where: score 1 = completely

negative reaction, score 2 = traces of a reaction, score 3 = a weakly positive reaction

(+); score 4 = a positive reaction (++), and score 5 = a strongly positive reaction

(+++).

Before the beginning of milking, thermal images from different regions of the

body were made: right udder (IRTU), eye (IRTE) and vulva (IRTV), using a

thermographic camera (FLIR B400®), taking a total of 72 images, which were

collected from a distance of 0.20 m. The equipment was calibrated to an emissivity of

0.98 indicated for biological tissues. The images were stored on a memory card and

then transferred to a portable computer for image analysis, using the

QuickReport®/FLIR-Systems software. From the thermographic images, an average

of the temperatures along the udder surface was calculated, using 70 points (places

randomly chosen on the photos). Four and five points were measured for eye and

vulva, respectively (Figure 1).

(A) (B) (C)

Figure 1 – Images obtained through an infrared camera with measurement of points

in the udder and teats (A), eye (B), vulva (C).

Milk collection was performed for somatic cell count (SCC) analysis, after

finishing the milking in the morning from a sample consisting of the four quarters. The

collection was performed directly from the automatic meter under aseptic conditions,

and the milk was stored in bottles containing bronopol® preservative. After

identification, the samples were conditioned in an isothermal box containing

recyclable ice and sent to the Milk Clinic Laboratory of the Animal Production

Department in the "Luiz de Queiroz" Agriculture Faculty (ESALQ-USP) in Piracicaba,

21,0°C

37,4°CSP01SP02SP03SP04SP05 SP06SP07SP08

SP09 SP10

SP11

SP12

SP13

SP14SP15SP16

SP17

SP18SP19

SP20

SP21SP22

SP23

SP24

SP25SP26SP27

SP28

SP29

SP30

SP31

SP32SP33

SP34

SP35SP36

SP37

SP38

SP39

SP40 SP41

SP42

SP43

SP44SP45

SP46

SP47

SP48

SP49SP50

SP51 SP52 SP53SP54 SP55 SP56

SP57

SP58SP59 SP60

SP61SP62

SP63SP64

SP65SP66SP67

SP68SP69

SP70

20,6°C

37,4°C

SP01

SP02SP03

SP04

23,9°C

36,3°CSP01 SP02

SP03 SP04

SP05

39

São Paulo State, Brazil. SCC analysis was performed using an automated equipment

(Somacount 300®, Bentley Instruments, Chaska MN, USA).

The exploratory data analysis was elaborated using principal component

analysis (PCA) and cluster analysis through the dendrogram, sing the Minitab 17®

statistical software. Thus, the statistical tools allowed to select, among the variables

obtained by the thermographic camera, those most correlated with the variables that

aid in the diagnosis of mastitis in dairy cattle.

The principal components graph was generated, and later the associations

could be observed by analyzing the magnitude of the vectors and the angulations

formed between them. The vectors with small magnitude are little explained by the

principal components; therefore, they were not considered in the analyses. However,

vectors with similar direction and wise are strongly positively associated, i.e., the

increase in the time or frequency of one variable is associated with the increase of

the other variable. On the other hand, vectors with similar directions, but in opposite

wise, imply inversely negative associations, and vectors that form angles close to 90°

are non-correlated.

3 Results and discussion

The IRTU (udder), IRTE (eye), IRTV (vulva) (highlighted in red) variables

obtained through the thermographic camera and the somatic cell count (SCC),

California mastitis test (CMT) and mug test (MT) variables, which resulted from the

tests for mastitis diagnosis, are shown in Figure 2. Based on this figure, the positive

association between the variables from the thermographic camera can be observed,

especially the strong positive relationship between IRTU and IRTV, due to the

positioning of the respective vectors, with the same direction and wise. The positive

association between the variables implies that with the increase of magnitude one is

related to the magnitude increase of another variable.

Regarding the variables of mastitis diagnostic, there is some independence

between the results from mag test and those obtained from the other analyses (CMT

and SCC). However, there is a strong positive relationship between CMT and SCC.

However, the increase in SCC may not necessarily be a sign of clinical mastitis (CT).

In fact, the true health status of the udder should be based only on the presence of

microbial pathogens (HAMANN et al., 2005). Intramammary infection by

40

microbiological culture is associated with increased SCC and CMT score

(SARGEANT et al., 2001). CMT and SCC were correlated with levels of subclinical

mastitis in dairy herds of São Paulo and Minas Gerais (Costa et al. 2000). Herds with

higher SCC also had the highest rates of subclinical mastitis. In fact, there is a high

correlation (r = 0.96) between direct somatic cell count and CMT in cow milk

(THIERS et al., 1999). Silva et al. (2001) also found significant correlations (r = 0.63)

between SCC and CMT. On the other hand, Pereira et al. (1999), evaluating 80

cows, found no significant correlations between SCC and CMT.

The IRTU and SCC variables are strongly correlated with each other and with

the IRTV variable. That is, the higher the temperature of the udder and vulva, the

higher the somatic cell count in milk and the occurrence of subclinical mastitis in the

animals. For Hovinen et al. (2008), in addition to determining a qualitative aspect in

the milk, the somatic cell count is inherently related to the health of a cow's udder,

since a high somatic cell count is an indicative of an inflammatory reaction in the

mammary tissue. Increased local temperature is a characteristic of inflammation, due

to the higher amount of blood flowing through the local vessels. Thus, observation of

the surface temperature in the affected area can be used to diagnose infection or

injury.

There was a strongly positive association between the thermographic variables

IRTU, IRTV and the CMT, which presented vectors with the same direction and

sense, are with each other. Due to the vulva occlusion by the tail suspension, the

vulva temperature control may limit the practical application of infrared thermography

on the farm.

According to Colak et al. (2008), thermographic temperature changes in the

udder allow the detection of various degrees of severity of infection in the mammary

gland, correlation with the CMT (r = 0.92), an effective method to monitor and identify

mastitis.

Polat et al. (2010) found that infrared thermography can be used to detect

subclinical mastitis, by measuring the udder surface temperature, with a diagnostic

capacity similar to that of CMT. Thus, CMT proved to be an essential diagnostic tool

in the dairy farm, used to indicate the maintenance or disposal of cows from the herd

(DE OLIVEIRA et al., 2013). These authors’ finding confirms once again the

promising use of thermography in the cow's udder to efficiently detect mastitis.

Thus, the selection of variables with a strong positive association (CMT, IRTV,

41

SCC and IRTU) (Figure 2) can be used to point out the most promising variables to

study a functional relationship that mathematically explains this association.

Despite the high proximity between the 4 variables mentioned above, it is

possible to quantify and select according to similarity, measured in percentage scale,

the most correlated subgroups of variables.

Cluster analysis uses the dendrogram (Figure 3), which allows a hierarchy of

similarity between the variables, clustering them into a subset of more correlated

variables. Consequently, this method also offers the selection of more promising

variables for the elaboration of a predictive model.

Figure 2 – Principal components of IRTU (udder), IRTE (eye), and IRTV (vulva)

obtained by the thermographic camera and SCC (somatic cell count), CMT

(California Mastitis Test) and MT (mug test), which are results of the tests for the

diagnosis of mastitis.

42

Figure 3 – Clustering of IRTU, IRTV, SCC and CMT variables according to similarity.

The IRTU and IRTV are more similar to each other, according to the degree of

similarity (91.80%). However, SCC also has a high degree of similarity with these

variables (89.79%), which makes it an excellent candidate to be predicted by these

two variables. Therefore, the analyses pointed out an SCC prediction model as a

function of IRTU and IRTV.

4 Conclusions

The multivariate exploratory analysis of data, through principal components,

and the cluster analysis proved to be effective in selecting potential predictor

variables of SCC. It was found some independence between IRTE and SCC. The

IRTU is the best choice for SCC prediction, and SCC is the most accurate test in the

diagnosis of mastitis since it is related to the health of the cow's udder.

This study showed that the udder consists of a sensitive area for mastitis

detection in dairy cattle, using infrared thermography. The increased local

temperature is a characteristic of inflammation, and the verification of the surface

temperature in the affected area can be used to diagnose diseases. A milking routine

with a thermal camera can be used in future studies to detect mastitis during milking.

CMTIRTVIRTUSCC

84,75

89,84

94,92

100,00

Variables

Sim

ilari

ty

43

Declaration of interest

There is no conflict of interest that could be perceived as prejudicing the impartiality

of the research reported.

Funding sources

This research did not receive any specific grant from funding agencies in the public,

commercial, or not-for-profit sectors.

References

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COSTA, E.O.;BENITES,N.R.;THIERS,F.O.;RIBEIRO,A.R.;GARINO JR,F.;SILVA,J.A.B. Somatic cell levels in relation to CMT scores performed on bulk tank samples correlated to subclinical level in São Paulo and Minas Gerais states dairy herds. Napgama, v. 3, n. 2, p. 14-18, 2000.

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44

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STELLETTA C, GIANESELLA M, VENCATO J, FIORE E, MORGANTE M. Thermographic Applications in Veterinary Medicine. In: Prakash RV (ed) Infrared Thermography. In Tech, China, p 117-140, 2012.

THIERS, F. D. O., Benites, N. R., Ribeiro, A. R., & COSTA, E. D. Correlação entre contagem direta de células somáticas e o teste de “California Mastitis Test” (CMT) no leite de vacas. Napgama, ano II, n. 4, p. 9-12, 1999.

WILLITS, S. 2005. Infrared thermography for screening and early detection of mastitis infections in working dairy herds. In: Proceedings of Inframation. Las Vegas, 2005 USA. 1 – 5.

45

MODELING, CLASSIFICATION AND PRE-VALIDATION OF SUBCLINICAL

MASTITIS DIAGNOSIS BASED ON UDDER TEMPERATURE

Elisa de Souza Junqueira Rezendea* , Daniella Jorge de Mouraa , Douglas

D´Alessandro Salgadob , Luciane Silva Martelloc , José Luiz de Andrade Rezende

Pereirad

a,*Corresponding author. Current Address: Faculdade de Engenharia Agrícola da

Universidade Estadual de Campinas (Feagri UNICAMP Campinas), Brazil. E-mail:

[email protected]

b Faculdade de Ciência e Engenharia Agrícola da Universidade Estadual Paulista

(UNESP Tupã), Brazil

c Faculdade de Zootecnia e Engenharia dos Alimentos (FZEA USP Pirassununga),

Brazil

dInstituto de Educação Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IFSULDEMINAS

Inconfidentes), Brazil.

ABSTRACT

Continuous monitoring of mastitis is one of the major challenges for the milk

production chain. Monitoring the somatic cell count in herds to know its current

situation and evolution is the first step towards progress in controlling this disease.

Thus, this study aimed to develop a predictive model for the diagnosis of subclinical

mastitis based on udder surface mean temperatures obtained through the

thermographic camera. This research was conducted at the IFSULDEMINAS –

Campus Inconfidentes, Minas Gerais State, Brazil. Twelve Holstein cows were used.

The collection period consisted of 2 days and the frequency twice a day, in the

morning (7:00 a.m.) and in the afternoon (6:00 p.m.). The diet was maintained

according to the routine on the farm. The thermal images were recorded before the

udder milking using a thermographic camera, which took a total of 48 thermographic

images. At the end of milking, milk samples were collected for later analysis of

somatic cell count (SCC). Based on the tool for the extraction of better subsets of

variables, a tool module belonging to the Minitab 17 software regression analysis, it

was concluded that with only one predictor variable (udder thermographic

temperature) it was possible to establish a high-efficiency model to predict the

diagnosis of subclinical mastitis with high precision.

46

Keywords: thermographic camera; dairy cattle; surface temperature.

1 Introduction

According to the Brazilian Institute of Geography and Statistics - IBGE (2015),

in 2014, Brazil produced 35.17 billion liters of milk, representing an increase of 2.7%

in relation to the previous year, occupying the fifth position in the world ranking of

production. However, mastitis is a disease that affects Brazilian herds and represents

a challenge for producers and the dairy industries (REIS et al., 2003; OLIVEIRA et

al., 2009).

The use of technologies in animal production reduces the manipulation of

animals for diagnosis, as well as evaluate them in their production environment in a

non-invasive way, contributing to increasing the quality, safety and general

productivity (STEWART et al., 2005).

Infrared thermography has been tested as an auxiliary method, both in

improving milking processes and in the early detection of mastitis. New methods for

the detection of mastitis allow the development of products, processes, and services;

thus, the concept of precision livestock can be applied in dairy farms. Historically,

temperature measurement has been used for clinical diagnosis, because it proved to

be a good indicator of health (TAN et al., 2009).

The occurrence of mastitis leads to an increase in the somatic cell count (SCC)

in the milk (SCHROEDER, 1997). According to Fregonesi and Leaver (2001), the

somatic cell count is the best indicator to evaluate mastitis in a herd, since it is an

objective measure that reflects the two forms of the disease, the clinical and

subclinical forms, providing a good indicative of the degree of infection in the

mammary gland.

Somatic cell count determination requires sending the milk sample to a

laboratory, generating an extended waiting time for daily management decisions. In

this way, it makes it difficult for producers to have quick access to results

(RODRIGUES, 2008).

It is important to know some of the mastitis characteristics, such as sensitivity,

specificity, and predictive value, for the correct use of the mastitis diagnostic methods

and interpretation of results. Sensitivity is the ability of the test to produce a positive

result when the cow has mastitis, whereas the specificity is its ability to present a

47

negative result when the cow does not have mastitis. Methods with good specificity

and sensitivity are essential for a correct evaluation of the situation of mastitis

regarding the animal and herd. The predictive value is determined by the interaction

of the following variables: sensitivity and specificity of the test and the prevalence of

the disease in the study group (SANTOS and FONSECA, 2007).

This study aimed to develop a predictive model for the diagnosis of subclinical

mastitis based on average temperatures obtained by a thermographic camera.

2 Material and methods

This study was carried out at the Educational Unit Production (UEP) – dairy

cattle, Campus Inconfidentes in the state of Minas Gerais, Brazil (22° 17'56.8" S and

46° 19'56.1" W). The study protocol was approved by the Ethics Committee for the

Use of Animals (CEUA) of the Federal Institute of Education, Science and

Technology Southern Minas Gerais (IFSULDEMINAS) (No. 19A/2015).

A total of 12 black and white Holstein multiparous cows, with an average weight

of 550 kg, during lactation period (90–100 days of lactation), with an average

production of 25 kg of milk day-1/cow, confined in a free-stall system. The collection

period consisted of 2 days, and the frequency was twice a day, in the morning (7:00

a.m.) and in the afternoon (6:00 p.m.) during milking. The diet was maintained

according to the routine on the farm.

Data were collected before milking. Thus, 48 thermal images from the udder

surface (on the right side) were taken using an infrared camera (FLIR B400®). They

were collected from a distance of 0.20 m, using the equipment calibrated to an

emissivity of 0.98, indicated for biological tissues. Before data collection, the udder

was brushed to remove dirt that could interfere with the images.

The images were stored on a memory card and then transferred to a portable

computer for image analysis, using the QuickReport®/FLIR-Systems software. From

the captured images, at different temperatures along the udder, the software "ponto"

tool was used to obtain the average temperature, which was calculated from 70

points randomly chosen on the udder and teats (Figure 1).

Milk collection was performed for somatic cell count (SCC) analysis, after

finishing the milking in the morning and afternoon from a sample consisting of the

four quarters. The collection was performed directly from the automatic meter under

48

aseptic conditions, and the milk was stored in bottles containing bronopol®

preservative. After identification, the samples were conditioned in an isothermal box

containing recyclable ice and sent to the Milk Clinic Laboratory of the Animal

Production Department in the "Luiz de Queiroz" Agriculture Faculty (ESALQ-USP) in

Piracicaba, São Paulo State, Brazil. SCC analysis was performed using an

automated equipment (Somacount 300®, Bentley Instruments, Chaska MN, USA).

Figure 1 – Images obtained from an animal with subclinical mastitis, with the

measurement of the 70 points on the udder and teats, using an infrared camera.

With the appropriate data structure, regression analysis made possible the

selection of better subsets of variables to elaborate the model with expressively

precision. This procedure known as "bestsubsets" present in the software allowed us

to conclude that only the IRTU variable was sufficient for an excellent explanation of

SCC behavior. The criteria for the selection were the high coefficient of determination

(R2), minimization of the variance of the model, and the irrelevant improvement of

these indexes regarding the addition of another IRTV variable. So, it would not make

sense to include one more variable in the model.

3 Results and discussion

Based on the tool for extraction of better subsets of variables, a tool module of

the Minitab 17 software regression analysis, it was concluded that with only one

predictor variable (udder thermographic temperature), it was possible to establish a

model with a potentially high predictive power. Through the residual analysis and

21,8°C

37,5°CSP01SP02

SP03

SP04

SP05

SP06

SP07SP08

SP09

SP10

SP11

SP12

SP13

SP14

SP15

SP16

SP17

SP18

SP19

SP20

SP21

SP22

SP23

SP24SP25

SP26

SP27

SP28

SP29

SP30

SP31

SP32SP33 SP34

SP35

SP36SP37SP38

SP39

SP40

SP41

SP42SP43 SP44

SP45SP46SP47

SP48 SP49SP50

SP51SP52 SP53SP54SP55SP56

SP57SP58SP59

SP60

SP61

SP62

SP63

SP64 SP65 SP66 SP67

SP68SP69

SP70SP71

49

adequacy of regression assumptions (homoscedasticity, independence, and

normality in the residual distribution of the model) that was elaborated with the Ln link

function (neperian logarithm). The logarithmic transformation of SCC was confirmed

by the Box-Cox optimized transformation method. Thus, the model presented the

following equation:

𝑙𝑛(SCC*) = −14.214 + 0.5574(𝐼𝑅𝑇𝑈)

Or

(SCC*) = 𝑒𝑥𝑝[−14.214 + 0.5574(𝐼𝑅𝑇𝑈)] where, SCC* = SCC 103.

This model presented a coefficient of determination (R2) of 95%, revealing high

adherence to the data, according to Figure 2.

Figure 2 – Model adjustment to the data.

Based on the classification criterion of the somatic cell count, cross-validation

could be elaborated, relating the classification of the observed results with the

predicted classification (Table 1).

Subclinical mastitis can be detected by somatic cell count (SCC), since the

mammary gland infection is the cause of higher interference, given that the defense

41403938373635343332

6000

5000

4000

3000

2000

1000

0

IRTU (ºC)

SC

C*

50

cells migrate from the blood to the infection area to combat the causative agent, and

thus increasing somatic cell count in the milk (ZAFALON et al.,2005; WELLNITZ et

al.,2009).

Thus, SCC is used as an indirect diagnostic criterion for subclinical mastitis, and

its control and monitoring is extremely important because, in addition to being part of

the regulatory requirements of supervisory bodies in Brazil and in several other

countries in the world, this indicator is related to industrial yield, whereas for

producers it is an important tool to control the mammary gland health, raw material

quality, and loss of production (BUENO et al., 2005; WICKSTRÖM et al., 2009).

In Europe, somatic cell count above 200,000 cells/mL it is often considered as

an indicator of mastitis (SCHUKKEN et al., 2003). Similar results were reported by

Rupp et al. (2000), who found that the presence of pathogenic microorganisms in the

mammary gland determines the increase in SCC (>200,000 cells/mL of milk).

Table 1. Concordant and discordant scores between observed and predicted results.

Presence of

Subclinical Mastitis –

Observed

Presence of Subclinical Mastitis – Predicted

Yes No Total

Yes 14 0 14

No 1 9 10

Total 15 9 24

The accuracy of the model corresponds to 95.83%, sensitivity is 100%, and

specificity is equivalent to 90%. These indexes reveal the high efficiency of the

classification from the obtained model.

The Kappa (K) concordance index was used together with the statistical test to

evaluate the significance of the concordant results, reinforcing the indicators

mentioned above. The Kappa index value was 91.30 (P<0.01), indicating that the

concordant values cannot be considered mere chance, but rather strong evidence

that the model, through the predicted SCC result, allows the prediction of mastitis

diagnosis with efficacy and significant reliability (Figure 3).

51

Figure 3 – Percentage accuracy in the predicted classification.

4 Conclusion

The methodology involving regression analysis, including the selection of

variables, was suitable for the development of a simple, efficient and high-reliability

predictor function. This model showed a high efficiency for predicting the diagnosis of

mastitis with high accuracy, mitigating the cost and time required for the clinical

analysis.

Declaration of interest

There is no conflict of interest that could be perceived as prejudicing the impartiality

of the research reported.

Funding sources

This research did not receive any specific grant from funding agencies in the public,

commercial, or not-for-profit sectors.

52

References

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54

DISCUSSÃO

Ao analisar as imagens termográficas, pode-se observar que as variáveis “IRTU”

e “SCC” estão fortemente correlacionadas entre si e com a variável “IRTV”. Isto é, quanto

maior a temperatura do úbere e da vulva, maior contagem de células somáticas do leite e a

ocorrência de mastite subclínica nos animais. Para Hovinen et al. (2008), além de determinar

um aspecto qualitativo do leite, a contagem de células somáticas é inerentemente relacionada

à saúde do úbere de uma vaca, uma vez que uma alta contagem de células somáticas é

indicativa de reação inflamatória do tecido mamário. Aumento da temperatura local é uma

característica de inflamação, devido à maior quantidade de sangue que flui pelos vasos locais.

Assim, a observação da temperatura superficial na área afetada pode ser utilizada para

diagnosticar infecção ou lesão.

Entre as variáveis termográficas “IRTU”, “IRTV” e o teste “CMT”, que

apresentaram vetores com a mesma direção e sentido, apresentam associação fortemente

positiva entre si. Devido à oclusão da vulva pela suspensão cauda, o controle da temperatura

da vulva pode limitar a aplicação prática da termografia infravermelho na fazenda. Cabeça, e

especialmente, o olho e de trás da orelha foram relatados para ser regiões do corpo promissora

para termografia porque essas regiões experimentam obstrução menos visuais em comparação

com o vulva que podem torná-los mais úteis para a detecção de cio com a TIV (HOFFMANN

et al.,2013).

Constata-se que as IRTU e IRTV se assemelham mais entre si, conforme o grau

de similaridade (91,80%). Contudo, a variável SCC também possui alto grau de similaridade

com essas variáveis (89,79%), o que a coloca como uma excelente candidata a ser predita por

essas duas variáveis. Portanto um modelo de predição de SCC em função IRTU e IRTV é o

que as análises apontaram.

Em vacas sadias, são encontradas baixas quantidades de células somáticas,

geralmente menos de 50.000 células/ml). Entretanto, diversos autores consideram que SCC de

até 200.000 células/ml não afeta a produção e a qualidade do leite produzido (BRITO, 1999a).

Na Europa, a contagem de células somáticas acima de 200.000 células/ml é

frequentemente considerada como um indicador de mastite (SCHUKKEN et al., 2003).

Acurácia do modelo corresponde a 95,83%, sensitividade é de 100% e

especificidade equivale a 90%. Tais índices revelam a alta eficiência da classificação oriunda

do modelo obtido.

55

Reforçando os indicadores supracitados, utilizou-se do índice Kappa (K) de

concordância, acompanhado do teste estatístico para resultados concordantes. O valor do

índice Kappa foi de 91,30 (P<0,01), reforçando que os valores concordantes não podem ser

considerados mero acaso, mas sim uma forte evidência de que o modelo, através do resultado

predito de SCC, permite o diagnóstico preditivo de mastite com eficácia e grande

confiabilidade.

Resultados semelhantes foram relatados por Polat et al. (2010), que encontraram

elevação da temperatura, nos casos de mastite clínica. Os resultados destes autores eram

esperados, pois processos inflamatórios aumentam o metabolismo do tecido com incremento na

geração e irradiação de calor (BERRY et al. 2003).

Brito (1999b) relata que o número de células somáticas aumenta em resposta à

inflamação do úbere, a SCC torna-se um método bastante eficaz para se estimar a presença de

mastite subclínica no rebanho.

De acordo com Schwarz et al. (2011), processos inflamatórios podem ocorrer em

glândulas mamárias com valores de SCC de vacas saudáveis (<200.000 céls/ml), sinalizando

mastite latente e presença de bactérias. Na realidade, o verdadeiro estado de saúde do úbere

deve basear-se apenas na presença de patógenos microbianos (HAMANN et al., 2005).

CONCLUSÕES GERAIS

A análise exploratória multivariada de dados, por meio de componentes principais

e a análise de agrupamento se mostraram eficazes para seleção de variáveis potencialmente

preditoras da SCC. Sendo IRTU e ITRV as melhores escolhas para predição de SCC.

Tal modelo apresentou alta eficiência por permitir predizer o diagnóstico da

mastite com alta precisão e sem os custos e o gasto de tempo necessário para a realização das

análises clínicas.

As análises multivariadas de componentes principais e de agrupamento foram

altamente eficientes para selecionar a variável com maior potencial de predizer SCC. Desse

modo, IRTU é a melhor escolha como variável preditora de SCC, quando comparada com a

TBC.

56

APÊNDICES

Apêndice 1 – Protocolo de aprovação do Comitê de Ética no Uso de Animais - CEUA do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais –

IFSULDEMINAS