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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
ESTUDO DA OCORRÊNCIA DA MASTITE CLÍNICA E ESTIMATIVAS DE
PARÂMETROS GENÉTICOS PARA CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS,
REPRODUTIVAS E DE LONGEVIDADE EM VACAS HOLANDESAS
Elisa Junqueira Oliveira
Nova Odessa - SP
Janeiro de 2012
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
ESTUDO DA OCORRÊNCIA DA MASTITE CLÍNICA E ESTIMATIVAS
DE PARÂMETROS GENÉTICOS PARA CARACTERÍSTICAS
PRODUTIVAS, REPRODUTIVAS E DE LONGEVIDADE EM VACAS
HOLANDESAS
Discente: Elisa Junqueira Oliveira
Orientador (a): Dra. Lenira El Faro
Co-orientador (a): Dra. Vera Lucia Cardoso
Nova Odessa - SP
Janeiro de 2012
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA,
como parte dos requisitos para obtenção do título
de Mestre em Produção Animal Sustentável.
Ficha elaborada pelo
Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia
Bibliotecária responsável – Ana Paula dos Santos Galletta - CRB8/7166
O48e Oliveira, Elisa Junqueira
Estudo da ocorrência da mastite clínica e estimativas de
parâmetros genéticos para características produtivas, reprodutivas
e de longevidade em vacas holandesas. / Elisa Junqueira
Oliveira. Nova Odessa - SP, 2012.
65p. : il.
Dissertação (Mestrado) - Instituto de Zootecnia. APTA/SAA.
Orientador: Prof. Dra. Lenira El Faro.
1. Mastite animal. 2. Correlação genética. 3. Contagem
de células somáticas. I. El Faro, Lenira. II. Título.
CDD 636.089692
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
ESTUDO DA OCORRÊNCIA DA MASTITE CLÍNICA E ESTIMATIVAS DE
PARÂMETROS GENÉTICOS PARA CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS,
REPRODUTIVAS E DE LONGEVIDADE EM VACAS HOLANDESAS
AUTOR: ELISA JUNQUEIRA OLIVEIRA
Orientador: Dra. Lenira El Faro
Co-orientadora: Dra. Vera Lúcia Cardoso
Aprovado como parte das exigências para obtenção de título de MESTRE em Produção
Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:
Dra. Lenira El Faro
Instituto de Zootecnia – APTA/SAA
Maria Eugênia Zerlotti Mercadante
Instituto de Zootecnia – APTA/SAA
Maria Izabel Merino de Medeiros
Instituto de Tecnologia de Alimentos – ITAL - Tecnolat
Data da realização: 24 de Janeiro de 2012
Presidente da Comissão Examinadora
Prof. Dra. Lenira El Faro
v
Dedico
Aos meus avós Jose Junqueira (in memoriam) e Aparecida
A minha mãe Maria Aparecida
Ao meu namorado Marcus Vinicius,
Por todo apoio e incentivo
vi
vii
Nos caminhos de nossas vidas, sempre encontramos pessoas enviadas por Deus, que nos
auxiliam a cumprir suas diversas etapas. E é com satisfação que digo:
Muito obrigado!
A Deus por estar sempre presente em minha vida e pela paz e segurança nos momentos
difíceis.
Ao Instituto de Zootecnia, pela oportunidade concedida para a realização deste curso.
Aos pesquisadores e funcionários da APTA – Centro Leste pela contribuição durante a
realização deste curso.
A Agropecuária Agrindus, por ter fornecido o conjunto de dados dos animais utilizados
neste trabalho.
A minha orientadora Dra. Lenira El Faro, por acreditar em mim, pela paciência, orientação e
amizade durante todo o curso.
A minha co-orientadora Vera Lucia Cardoso, pelo auxilio e pela colaboração durante o
mestrado.
A Claudia Cristina Paro de Paz, por sempre ter demonstrado boa vontade em me auxiliar nas
análises e por esclarecer varias dúvidas.
Aos membros da banca examinadora Luiz Carlos Roma Junior, Maria Eugênia Mercadante e
Maria Izabel Merino de Medeiros, pelas sugestões para a melhoria deste trabalho.
A minha mãe a minha avó, Maria Aparecida e Aparecida, que mesmo sem saber grande parte
do que está escrito aqui, nunca deixou de dizer: “Vá em frente que você é capaz”.
Aos meus irmãos, Marcela, Marcel e Djalma por estarem sempre presentes.
As minhas sobrinhas Lorena e Yasmin, que estão sempre de braços abertos quando eu posso
ir para casa e me ajuda a recarregar as forças com seus sorrisos.
A minha madrinha Priscila, pelo apoio que sempre me deu, e por levar minha mãe, avó e a
Eula, para assistir minha defesa.
Ao Marcus Vinicius Nakazone, responsável por grande parte desta conquista, pelo
companheirismo e dedicação e por ser alguém que eu sempre posso contar.
A família Nakazone, Marco, Sueli, Patty,Paula, Rogério e Vó Dita pelo apoio e carinho que
me deram, pessoas especiais que considero minha família.
As minhas amigas, Daniella e Suelen, pela amizade e apoio, o que de certa forma ajudou-me
a suprir a saudade de minha família.
viii
Ao Fernando “Guarda” pela ajuda e amizade.
Aos meus colegas de pós-graduação, agradeço nos nomes de Ana Cecília, Lívia, Gisele,
Leandro, Edson e Marco Aurélio, pela convivência e amizade construídas neste período.
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para meu engrandecimento e conquista
de mais esta etapa em minha vida.
ix
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS........................................................................................................... xi
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ xiii
RESUMO.............................................................................................................................. xv
ABSTRACT.......................................................................................................................... xvii
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................................. 1
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 3
2.1 Mastite................................................................................................................ 3
2.2 Fatores que interferem na ocorrência da mastite................................................ 6
2.3 Características produtivas, reprodutivas e de longevidade................................. 9
3 REFERENCIAS.................................................................................................................. 13
CAPÍTULO 2 - OCORRÊNCIA DA MASTITE CLÍNICA EM VACAS DA RAÇA
HOLANDESAS DE ALTA PRODUÇÃO........................................................................................
19
RESUMO............................................................................................................................................ 19
ABSTRACT ....................................................................................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 23
2 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................................. 25
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................................... 27
4 CONCLUSÃO.................................................................................................................................. 35
5 REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 37
CAPÍTULO 3 - PARÂMETROS GENÉTICOS PARA CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS,
REPRODUTIVAS E DE LONGEVIDADE EM VACAS HOLANDESAS.....................................
41
RESUMO ........................................................................................................................................... 41
ABSTRACT........................................................................................................................................ 43
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 45
2 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................................. 47
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................................... 51
4 CONCLUSÃO.................................................................................................................................. 59
5 REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 63
x
xi
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1
TABELA 1 Divisão dos principais agentes bacterianos causadores de mastite
entre os micro-organismos ambientais e contagiosos
4
CAPÍTULO 2
TABELA 1 Análise de variância para a ocorrência de mastite clínica de
acordo com o ano, mês e ordem do parto e com a produção de
leite na lactação, por meio de modelos binomiais
28
TABELA 2 Frequência relativa (FR) da ocorrência da mastite clínica (MC)
em função das ordens de parto (OP1 a OP6).
28
TABELA 3 Frequência de ocorrência de mastite clínica (MC) por fase da
lactação
31
TABELA 4 Frequência da ocorrência da mastite clínica em vacas da raça
Holandesa, de acordo com a época do ano
32
TABELA 5 Médias estimadas e erro padrão de produção de leite aos 305 dias
de acordo com grupos de animais com a presença ou ausência de
mastite clínica
34
CAPITULO 3
TABELA 1 Número de observações (N), médias e desvios-padrão (DP) para
produção de leite até 305 dias na primeira lactação (PR305),
idade ao primeiro parto (IPP), primeiro intervalo de partos (IP),
vida produtiva (VP)
52
TABELA 2 Estimativas de herdabilidade para produção de leite aos 305 dias
na primeira lactação (PR305), idade ao primeiro parto (IPP),
primeiro intervalo de partos (IP) e vida produtiva (VP) e idade ao
descarte (IDESC).
54
TABELA 3 Correlações genéticas na análise 1 (abaixo da diagonal) e
correlação genética na análise 2 (acima da diagonal) entre
produção de leite aos 305 dias na primeira lactação (PR305),
idade ao primeiro parto (IPP), primeiro intervalo de partos (IP),
vida produtiva (VP) e idade ao descarte (IDESC)
56
TABELA 4 Correlação fenotípica na análise 1 (abaixo da diagonal) e
correlação fenotípica na análise 2 (acima da diagonal) entre
produção de leite aos 305 dias na primeira lactação (PR305),
idade ao primeiro parto (IPP), primeiro intervalo de partos (IP),
vida produtiva (VP) e idade ao descarte (IDESC).
58
xii
xiii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
FIGURA 1 Frequência Relativa da mastite clínica (MC) de acordo com o ano
do parto
30
FIGURA 2 Frequência observada de mastite clínica (MC) por quarto infectado
(AD = anterior direito, AE = anterior esquerdo, PD = posterior
direito, PE = posterior esquerdo)
33
CAPÍTULO 2
FIGURA 1 Idade média ao descarte (meses) e número de animais descartados
de acordo com o ano de descarte dos animais
53
xiv
xv
ESTUDO DA OCORRÊNCIA DA MASTITE CLÍNICA E ESTIMATIVAS DE
PARÂMETROS GENÉTICOS PARA CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS,
REPRODUTIVAS E DE LONGEVIDADE EM VACAS HOLANDESAS
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi verificar as frequências de mastite clínica (MC)
estimar os efeitos da classe de MC (presença ou ausência) sobre a produção de leite aos 305
dias e estimar parâmetros genéticos para características produtivas e reprodutivas medidas na
primeira lactação e verificar sua relação com características de longevidade. Para concretizar
os objetivos deste trabalho foram realizados dois estudos, ambos com vacas Holandesas
pertencentes ao mesmo rebanho. No primeiro foram utilizadas 11064 lactações, provenientes
de 5026 animais, com partos ocorridos entre 1999 a 2009. As frequências de ocorrência de
MC foram analisadas de acordo com as ordens do parto, ano do parto, estação do ano, da fase
da lactação e quarto infectado (AD=anterior direito, AE=anterior esquerdo, PD=posterior
direito, PE=posterior esquerdo). De acordo com as frequências, 58,56 % dos casos de mastite
ocorreram no período das águas e 41,44% no período da seca. A frequência da MC por ordem
de parto foi ponderada em relação ao total de lactações, variando de 11,39% no primeiro parto
a 21,18% e 20,27% no terceiro e quarto partos, respectivamente. O terço final da lactação
(200 a 300 dias) foi o período com maior ocorrência de MC (45,33%). Os quartos posteriores
apresentaram maior frequência de MC (54,25%). Os animais com MC apresentaram maior
nível de produção de leite aos 305 dias. No segundo estudo os dados utilizados foram de
animais com partos ocorridos entre os anos 1989 a 2005, provenientes de um rebanho
localizado na região Sudeste do Brasil. As características analisadas foram produção de leite
aos 305 dias na primeira lactação (PR305), idade ao primeiro parto (IPP), primeiro intervalo
de partos (IP), vida produtiva (VP), calculada como o somatório dos dias em lactação e idade
ao descarte (IDESC). Os componentes de variância foram estimados pelo método de Máxima
Verossimilhança Restrita, sob modelo animal multi-características. As estimativas de
herdabilidade para a PR305, IPP, IP, VP e IDESC foram, respectivamente, 0,35, 0,11-0,12?,
0,19-0,20, 0,07 e 0,10. As correlações genéticas entre PR305 x IPP (0,67-0,68), PR305 x IP
(0,22), IPP x IP (0,33-0,40), PR305 x VP (0,02), IPP x VP (0,49), IP x VP (-0,40), PR305 x
IDESC (0,01), IPP x IDESC (0,73) e IP x IDESC (-0,07), indicaram associação genética
positiva, entre a produção de leite e as características reprodutivas, mas nenhuma associação
desta com a longevidade. Houve uma correlação mediana e positiva entre a IPP e a
longevidade, mostrando que o aumento da IPP pode levar a uma maior longevidade, contrário
ao IP.
Palavras-chave: correlação genética, gado leiteiro, herdabilidade, vida produtiva
xvi
xvii
STUDY OF OCCURRENCE OF CLINICAL MASTITIS AND ESTIMATES OF
GENETIC PARAMETERS FOR PRUDUCTIVE, REPRODUCTIVE TRAITS AND
LONGEVITY IN HOLSTEIN COWS
ABSTRACT: The objective of this work was to evaluate the frequency of clinical mastitis
(CM), and to estimate the effects of CM (presence or absence) in the 305-days milk yield and
estimate genetic parameters for productive and reproductive traits measured in
the first lactation and to verify its relationship with longevity traits. To realize the aims of this
study, were carried out two studies, both using records of Holstein cows from the same herd.
The first study we used 11. 064 lactations from 5026 cows, calving between 1999 to 2009.
The frequencies of CM events were analyzed according to the order of calving, the year and
season of calving, the stage of lactation and infected quarter (RA = right anterior, LA = left
anterior, RP= right posterior, LP = left posterior). According to the frequencies, 58.56% of
mastitis cases occurred in the rainy season, and 41.44% occurred in the dry season. The
frequency of CM in the sequences of calving was considered in relation to the total
lactations, ranging from 11.39% in the first calving of the 21.18% and 20.27% in the third and
fourth calving, respectively. The final lactation stage (200 to 300 days) was the period with
the highest occurrence of CM (45.33%). The quarter posterior had a higher frequency CM
(54.25%). Animals with CM showed higher levels of 305-days milk yield. In the second the
data used were from animals with calving occurring between the 1989 to 2005, from cattle
located in Southeastern of Brazil. The traits analyzed were first lactation 305-day milk yield
(Y305), age of first calving (AFC), first calving interval (CI), productive life (PL), calculated
as sum of total lactation days, and the age of culling (AC). Variance components were
estimated by Restricted Maximum Likelihood, applying multi-trait animal models.
Heritability estimates for Y305, AFC, CI, PL and CA were respectively 0.35; 0.11- 0.12;
0.10-0.20; 0.07 and 0.10. The genetic correlations between: Y305 x AFC (0.67-0.68); Y305 x
CI (0.22); AFC x CI (0.33-0.40); Y305 x PL (0.02); AFC x PL (0.49); CI x PL (-0.40); Y305
x CA (0.01); AFC x CA (0.73); CI x CA (-0.07), indicated positive genetic association
between 305-day milk yield and reproductive traits, but weak correlation with longevity. The
positive and median genetic correlation between AFC and longevity suggested that the
increase in AFC could lead to a greater longevity, in an opposite way of CI.
Key Words: genetic correlation, dairy cattle, heritability, productive life
xviii
1
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1 INTRODUÇÃO
A pecuária leiteira é uma das atividades mais importantes do agronegócio brasileiro.
Em decorrência do conhecido valor nutricional e do acesso relativamente fácil por parte da
população, o leite tem uma importante participação na dieta e na cultura alimentar brasileira.
Além da sua importância nutricional, é inegável sua importância socioeconômica, pois
desempenha um papel social importante para o país, representada pela fixação de milhares de
famílias no campo e na geração de milhões de empregos diretos e indiretos. A cadeia
produtiva do leite pode ser encontrada, mesmo que em diferentes aspectos, em todas as
regiões brasileiras atuando como uma atividade geradora de renda, tributos e empregos (REIS
et al., 2001).
Segundo o último levantamento feito pela EMBRAPA (2010), o Brasil teve um
volume produzido de 30.486 bilhões de litros de leite em 2009, o que lhe confere o quinto
lugar em produção de leite, atrás apenas dos Estados Unidos, Índia, China e Rússia.
Entretanto, quando o assunto é produtividade, o Brasil está na décima primeira colocação,
com aproximadamente 1.297 litros\vaca\ano, enquanto que o país mais bem colocado, os
Estados Unidos, alcança a produtividade de mais de 9.000 kg de leite/vaca/ano
(MILKPOINT, 2009). Segundo Stock et al. (2008), os sistemas de produção no Brasil estão
evoluindo, passando de sistemas menos produtivos para sistemas de produção de animais
com maior produtividade e adotando processos tecnológicos mais sofisticados.
2
O aumento da concorrência em todos os setores do agronegócio tem forçado os
produtores a buscar novas estratégias, visando obter ganhos na competitividade, incluindo
maior produtividade e escala de produção (REIS et al., 2001). Neste sentido, novos
procedimentos têm sido adotados, visando o incremento dos níveis de qualidade, desde a
matéria-prima até o produto final.
A eficiência da atividade leiteira é decorrente da quantidade e da qualidade do leite
produzido, sendo esta afetada por fatores associados ao manejo, sanidade, alimentação, ao
potencial genético, à ordenha e ao armazenamento do leite. Contudo uma das principais
causas na queda da qualidade e quantidade do leite é a mastite, doença que provoca maior
prejuízo na pecuária leiteira no Brasil e em grande parte do mundo (ANDRADE et al., 2007) .
Além de ser uma das doenças mais caras para a indústria leiteira e ainda ser
frequentemente encontrada, a mastite é determinante na rentabilidade e na eficiência da
produção leiteira, e está relacionada também aos aspectos ligados à longevidade das vacas nos
rebanhos leiteiros. Dessa forma, torna-se importante diminuir esta incidência a fim de reduzir
os custos com tratamento, melhorar o bem-estar do animal, reduzir o consumo de antibióticos
e, consequentemente o risco de resíduos destes no leite.
Outro aspecto que tem influência direta na eficiência da atividade leiteira no Brasil é a
capacidade produtiva, reprodutiva e a longevidade do rebanho (FERREIRA e MADALENA,
1997). Estudos mostram que os ganhos em produtividade têm levado a redução na eficiência
das características reprodutivas e ao declínio na longevidade, tornando-se importante analisar
como estas se comportam quando a seleção é praticada para maior produção de leite. Portanto
conhecer as estimativas de herdabilidade e as correlações entre estas características torna-se
importante, a fim de realizar um programa de seleção dos animais baseadas nas características
de interesse (PEREIRA, 2008). Uma exploração leiteira deve estabelecer estratégias que
melhorem a qualidade do leite e as características produtivas e de longevidade, traduzindo-se
num aumento da eficiência na atividade leiteira.
O objetivo deste trabalho foi estudar a ocorrência da mastite clínica em função de
fatores ambientais e sua relação com a produção de leite aos 305 dias e obter estimativas de
herdabilidade e correlações genéticas entre as características produtivas e reprodutivas
medidas na primeira lactação, e de longevidade em animais da raça Holandesa.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Mastite
A mastite é definida como processo inflamatório da glândula mamária, caracterizada
por alterações físico-químicas e microbiológicas do leite e alterações patológicas do tecido
glandular mamário. Apresenta complexidade etiológica, ocasionada principalmente por
bactérias que resultam do desenvolvimento de infecção intramamária (LANGONI e
DOMINGUES, 1998). É geralmente infecciosa, podendo ser classificada como clínica ou
subclínica (PHILPOT e NICKERSON, 2002).
A mastite clínica (MC) é facilmente identificada, pois apresenta sinais evidentes, tais
como edema e endurecimento do úbere, aumento da temperatura corporal, dor na glândula
mamária, grumos, pus e/ou qualquer alteração na característica do leite (FONSECA e
SANTOS, 2000). A gravidade dos casos clínicos pode levar os animais à morte e ainda elevar
os custos relacionados à sua incidência, como descarte de animais ainda jovens, gastos com
medicamentos, descarte do leite e redução na produção (DEMEU, 2009). E ainda, de acordo
com Leite et al. (1976), a mastite clínica pode levar à perda total da secreção láctea, além de
representar importante problema de saúde pública.
A mastite subclínica (MSC), embora não possa ser percebida no leite, uma vez que
os patógenos não causam dano suficiente ao tecido alveolar, pode ser detectada pelo aumento
na contagem de células somáticas (CCS) por mililitro de leite (CARVALHO, 2004). A
4
mastite subclínica apresenta maior importância epidemiológica por alastrar-se
silenciosamente pelo rebanho, sem que sejam percebidos sinais macroscópicos à inspeção do
úbere ou de sua secreção (BARBALHO e MOTA, 2001). Segundo Fonseca e Santos (2000),
estima-se que para cada caso de mastite clínica ocorram 35 casos subclínicos.
Segundo Ribeiro et al. (2003) a mastite subclínica é responsável por até 70% das
perdas de produção. De acordo com Brant e Figueiredo (1994), a mastite subclínica no Brasil
é caracteriza-se pela alta incidência, com índices variando de 44,88% a 97,00%, e a redução
na produção de leite entre 25,4% a 43%.
A mastite, nos bovinos, é associada a diferentes agentes infecciosos, sendo que de
acordo com Ribeiro et al. (2006), mais de 140 tipos de micro-organismos podem levar a
ocorrência da mastite. Na Tabela 1 encontra-se a relação dos principais micro-organismos
causadores da mastite, divididos entre ambientais e contagiosos.
Tabela 1- Divisão dos principais agentes bacterianos causadores de mastites entre os micro-
organismos ambientais e contagiosos.
Micro-organismos Ambientais Micro-organismos Contagiosos
Escherichia coli Staphylococcus aureus
Streptococcus uberis Streptococcus agalactiae
Pseudomonas aeruginosa Streptococcus dysgalactiae
Citrobacter spp. Corynobacterium bovis
Enterobacter spp. Mycoplasma spp.
Klebsiella spp.
Bacillus cereus
Bacillus licheniformis
Pasteurella spp.
Streptococcus faecalis
Fungi spp.
Streptococcus spp. (exceto Str.
Agalactiae)
Fonte: Adaptado de Teixeira et al. (2008)
Na mastite contagiosa há uma baixa incidência de casos clínicos e alta incidência de
casos subclínicos, geralmente de longa duração ou crônicos, com alta contagem de células
somáticas. Nesse caso a transmissão se dá por patógenos cujo habitat é a glândula mamária. A
contaminação ocorre através de um elemento de ligação de vaca para vaca, e/ou de quarto
doente para quarto sadio. Isto é possível no momento da ordenha, pelas mãos do ordenhador,
de teteiras utilizadas na ordenha mecânica, além da limpeza inadequada dos tetos, etc
(MARQUES, 2003). Segundo Hachem (2005) moscas também podem ter papel importante
como vetores de agentes bacterianos em fazendas com alta presença desses insetos.
5
A mastite ambiental é causada por micro-organismos que vivem no ambiente de
ordenha ou no curral, principalmente no esterco, e até mesmo na água de bebida ou de
limpeza, onde coliformes e streptococcus são os principais micro-organismos responsáveis
pela doença (SMITH, 1990). A mastite ambiental pode resultar, em alguns casos, em morte
dos animais nos rebanhos afetados, devido ao efeito sistêmico de endotoxinas liberadas por
alguns agentes (MARQUES, 2003).
As perdas provocadas pela mastite referem-se à diminuição da produção de leite,
gastos com tratamento e honorários veterinários, descarte de leite, custos com a reposição de
animais e perda de qualidade (AULDIST e HUBBLE, 1998), levando a mudanças nas
concentrações dos principais componentes do leite (proteína, gordura, lactose e minerais). No
entanto, a redução na produção de leite é o fator que representa as maiores perdas
(ZAFALON et al., 2007).
Embora vários trabalhos na literatura venham sendo conduzidos com o intuito de
quantificar os efeitos da mastite sobre a produção de leite (HORTET et al., 1999;
COLDEBELLA et al., 2004; CUNHA et al., 2008), existe uma grande distinção de resultados,
a qual pode ser atribuída aos diferentes rebanhos avaliados e aos métodos estatísticos
utilizados.
Coldebella (2003) ressalta que a mastite ainda não é uma doença passível de
erradicação, assim todos os esforços devem ser concentrados no sentido de manter sua
prevalência a mais baixa possível. De acordo com Philpot e Nickerson (2002), citado por
Coldebella (2003), deve-se considerar que a mastite é o resultado final da interação entre
diferentes fatores, incluindo: a resistência natural de cada individuo; a higiene do ambiente,
que condiciona a concentração de micro-organismos aos quais a vaca está exposta; o estresse
que a vaca esta submetida; as espécies de micro-organismos, com suas diferentes virulências;
as estratégias de manejo, incluindo alimentação e funcionamento do equipamento de ordenha;
procedimentos de ordenha com ênfase na questão de higiene; conscientização dos
funcionários e outros fatores diversos.
É devido a estes múltiplos fatores que não existe uma ferramenta única para prevenir e
controlar todas estas formas de mastite. Para lidar com esta doença é importante conhecer os
fatores predisponentes a sua incidência a fim de desenvolver um programa de controle.
6
2.2 Fatores que interferem na ocorrência da mastite
O desencadeamento da mastite está relacionado ao animal (hospedeiro), agente
etiológico e ao meio ambiente. Os fatores relacionados ao animal que são identificados como
fatores de risco para a incidência de mastite são: nível de produção, ordem de parto e estágio
da lactação (início e final); e os fatores ambientais, relacionados à incidência da mastite são:
época do ano, manejo e higiene da ordenha, entre outros.
Nível de produção
Com os avanços tecnológicos, as fêmeas bovinas têm sido selecionadas geneticamente
em busca do aumento da produção leiteira. Porém, esta intensificação tem tido um correlato
negativo com a saúde do úbere e a resistência da vaca contra a mastite, aumentando a
ocorrência desta doença nos rebanhos leiteiros (RAINARD e RIOLLETI, 2006).
Segundo revisão feita por Madalena (2007) existe um antagonismo genético entre a
produção de leite e a saúde do úbere. Segundo Emanuelson et al. (1988) e Shook (1989)
existe uma correlação genética desfavorável entre a mastite e a produção de leite. Esta
correlação genética é positiva e pode fazer com que a resistência genética a esta doença se
deteriore nas populações de gado leiteiro que estão sob seleção intensa para aumento de
produção (STRANDBERG e SHOOK, 1989; ROGERS, 1993). Esta correlação pode indicar
que vacas com altos valores genéticos para produção de leite tendem a ser mais suscetíveis à
mastite, e que a incidência de mastite pode aumentar como resposta à seleção para produção
de leite.
Geralmente, a principal ênfase na seleção é dada para a produção de leite, que é
desfavoravelmente correlacionada com a mastite clínica (correlação genética de 0,45) e com a
CCS (correlação genética de aproximadamente 0,15) (MRODE e SWANSONG, 1996;
HERINGSTAD et al., 2000).
Em estudo realizado por Guilloux et al. (2008), os resultados mostraram que o risco
de desenvolver a mastite foi maior em vacas com maiores médias de produção de leite. Sendo
assim, é importante estabelecer paralelamente critérios de seleção que aumentem a produção
de leite e a resistência à mastite.
7
Ordem de parto
A medida que as lactações vão se repetindo, os animais vão se tornando mais
susceptíveis à infecção e são expostos com maior frequência aos patógenos. Segundo Blood e
Radostits (1991), com o aumento da idade ocorre a diminuição da imunidade e o relaxamento
do esfíncter dos tetos e dos ligamentos do úbere.
Em estudos realizados por Heringstad et al. (2005) a frequência de mastite clínica
aumenta a medida que as lactações vão se repetindo, sendo que foram encontrados valores de
15,8%, 19,8% e 24,2% para a primeira , segunda e terceira ordem de parto, respectivamente.
Zwald et al. (2006) também encontraram valores semelhantes para a ocorrência de MC em
relação a ordem de parto de 16%, 20% e 24% na primeira , segunda e terceira ordem de parto,
respectivamente. Estes resultados demonstram que a medida que as lactações vão se repetindo
a frequência de mastite aumenta.
Estágio da lactação
Há uma tendência do aumento de infecção em vacas com período de lactação mais
avançado, o que tem correlação direta com a alta produção leiteira, maior período de
exposição aos patógenos, e onde há uma queda de imunidade devido ao estresse (LARANJA,
1996).
Geralmente, na mastite clínica, a maior ocorrência se dá no período seco, uma vez que
neste tipo de mastite os micro-organismos causadores estão presentes no ambiente, e não
durante a ordenha. Segundo Hogan e Smith (2001), muitas infecções adquiridas durante o
período seco persistem até a lactação e tornam-se casos clínicos. Em pesquisa desenvolvida
por estes autores, 65% dos casos clínicos causados por coliformes ocorrem nos dois primeiros
meses de lactação e geralmente são decorrentes de infecções intramamárias que se originaram
durante o período seco. Infecções estreptocócicas durante o período seco são responsáveis por
56% de casos clínicos ocorridos durante os primeiros dois meses após o parto. Os fatores
responsáveis pela ocorrência da mastite no terço inicial da lactação são a alta produção leiteira
neste período, o processo de secagem mal realizado na lactação anterior, e a falta de
tratamento da vaca seca, além disso, no período seco as vacas não são observadas todos os
dias e ficam alojadas em ambientes sem maiores cuidados, aumentando assim o risco de
novas infecções causadas por agentes ambientais.
8
Época do ano
Geralmente a maior ocorrência dos casos de mastite ambiental ocorre em períodos
chuvosos e de temperaturas elevadas, devido à maior facilidade de veiculação de patógenos e,
provavelmente, em função da queda na imunidade devido ao estresse térmico, além disso,
neste período há também a presença de barro, que é considerado um fator de veiculação dos
patógenos causadores da mastite (LARANJA, 1996; HARMON e RENEAU, 1993). Isto
condiz com os trabalhos desenvolvidos por Magalhães et al. (2006), que encontrou maiores
valores de CCS no verão (janeiro a março). Maiores cuidados devem ser dispensados ao
manejo de limpeza e higiene das instalações neste período.
Manejo e higiene da ordenha
Outro fator que predispõe a ocorrência de mastite no rebanho é o manejo e a higiene
da ordenha, que estão relacionados com a transmissão dos micro-organismos causadores da
mastite. A infecção da glândula mamaria ocorre, na maioria das vezes, por invasão dos micro-
organismos pelo canal do teto, e ascendente a cisterna da glândula. Esta invasão pode ocorrer
através da maquina de ordenha, mãos do ordenhador ou outros materiais contaminados
podendo, no entanto, ocorrer quando os animais estão no curral ou camas contaminadas, ou
no período de tempo entre as ordenhas. Após a ordenha, o canal do teto se mantém aberto
durante 30 a 120 min, o que facilita a penetração dos micro-organismos, portanto recomenda-
se o fornecimento de ração no cocho após a saída do animal da sala de ordenha evitando que
ele se deite (BRITO et al., 2005).
A rotina diária de atividades e o correto manejo de ordenha (higiene, procedimentos e
equipamentos) são as principais medidas preventivas que podem diminuir o número de
animais acometidos pela mastite clínica e subclínica, reduzir a taxa de novas infecções,
diminuir a contagem de células somáticas do rebanho e melhorar a qualidade do leite
produzido, trazendo benefícios diretos aos produtores de leite, indústrias e consumidores
(RUPP et al., 2000).
Medidas simples como a orientação dos ordenhadores sobre a higiene pessoal e dos
animais, linha de ordenha (primeiro as vacas sadias, seguidas daquelas com mastite
subclínica, e por ultimo as com mastite clínica), manejo da ordenha envolvendo desinfecção
dos tetos antes da ordenha “pré-dipping”, secagem completa dos tetos com papel toalha
descartável individual, correta colocação e retirada do equipamento de ordenha, a realização
9
do “pós-dipping” dos tetos após a ordenha, o funcionamento adequado do equipamento de
ordenha, a higiene e o conforto na área de permanência dos animais são essenciais para
diminuir a incidência de mastite. As condições ambientais afetam o ritmo e a magnitude do
crescimento bacteriano em ambientes da vaca (HOGAN e SMITH, 2001).
Em trabalho desenvolvido por Oliveira et al. (2010), a frequência de animais com
mastite foi de 33,7% e 45,3%, em propriedades que realizavam a higienização do teto antes e
após a ordenha e onde os ordenhadores realizavam a profilaxia para manejá-los e para as
propriedades que não realizavam estas praticas, respectivamente.
2.3 Características produtivas, reprodutivas e de longevidade
A eficiência na bovinocultura leiteira depende de características ligadas à capacidade
produtiva e reprodutiva dos animais. A produção de leite tem sido a característica mais
enfatizada nos programas de seleção para bovinos leiteiros, entretanto vários trabalhos têm
mostrado declínio na eficiência reprodutiva e nas características de longevidade nos rebanhos
que estão sob seleção para produção melhorada (MADALENA, 2007).
Para Silva et al. (1998), uma das hipóteses para a existência desta associação
indesejável seria o fato de que vacas com alto valor genético para a produção de leite
poderiam ter eficiência reprodutiva comprometida pelo aumento do estresse. Além disso,
animais de alta produção, como vacas da raça Holandesa, estariam sob maior estresse
fisiológico, que associado ao estresse climático das regiões tropicais e subtropicais, acentuaria
ainda mais o antagonismo entre as medidas de eficiência reprodutiva e a produção de leite.
Como o baixo desempenho reprodutivo das vacas influência a quantidade de leite
produzido por dia de vida produtiva, isso afeta diretamente a rentabilidade e a longevidade
dos animais do rebanho, pelo aumento nos custos com a reposição de animais, de serviços
veterinários, de medicamentos e custos relacionados à compra e a utilização de sêmen
(BERGER et al., 1981; FAUST et al., 1988, citado por FREITAS et al., 2006).
O conhecimento prévio dos parâmetros genéticos das características de interesse
econômico permite que a variação genética seja eficientemente explorada em um programa de
seleção. Destes, irão depender a predição das respostas direta e correlacionada à seleção e a
escolha do método de seleção mais apropriado de modo a obter maior eficiência.
10
A correlação genética indica o sentido e a magnitude de associação genética entre duas
características. Quando a seleção visa obter ganhos em várias características, devem-se levar
em consideração as correlações genéticas e fenotípicas que possam existir entre elas, para se
obter maior eficiência nos programas de melhoramento. O coeficiente de herdabilidade
expressa o quanto da variação fenotípica é atribuída aos efeitos genéticos aditivos dos genes,
o que possibilita identificar o método de seleção a ser empregado nas características
analisadas (PEREIRA, 2008).
Produção de leite
A produção de leite na primeira lactação de uma vaca é o primeiro indicador para o
descarte precoce das fêmeas. Em geral os genes que afetam a produção na primeira lactação
são os mesmos que influenciam nas lactações seguintes, portanto, a primeira, a segunda e a
terceira lactações seriam uma mesma característica (FREITAS et al. 2001).
As herdabilidades estimadas para a produção de leite aos 305 dias na primeira lactação
encontrados na literatura variaram de 0,25 a 0,35 (SILVA et al. 1998; MACHADO et al.,
1999; FERREIRA et al., 2003; MELO et al., 2005; BIGNARDI et al., 2008). Os valores para
as estimativas de herdabilidade para a produção de leite aos 305 dias, considerando todas as
lactações, encontrados na literatura variam de 0,17 a 0,25 (COSTA et al., 1999;
SHWENGBER e BIANCHINI SOBRINHO 1994; FREITAS et al. 2001).
Geralmente, as estimativas de herdabilidade para produção de leite na primeira
lactação são maiores do que para produção de leite em todas as lactações, o que pode ser
explicado pelo fato de que apenas as primeiras lactações são usadas e, no modelo de
repetibilidade, quando se usa todas as lactações, o efeito da seleção pode diminuir a
magnitude da variância aditiva (EL FARO, 2002).
Idade ao Primeiro Parto
A idade ao primeiro parto (IPP) é obtida como a diferença entre a data do primeiro
parto e a data de nascimento da fêmea. É denominada como o inicio da vida produtiva da
fêmea bovina. A IPP é uma característica reprodutiva de grande importância, uma vez que,
segundo Pelicioni et al. (1999), a antecipação da entrada de fêmeas em reprodução é a
maneira mais eficiente, sob o ponto de vista econômico, para proporcionar uma maior vida
11
útil. Além disto, esta característica é de fácil mensuração e não implica em custo adicional
para o sistema de produção (LÔBO et al., 2008).
De acordo com Grossi e Freitas (2002) a IPP é bastante influenciada pela alimentação
e manejo do rebanho, principalmente nos primeiros meses de vida, possibilitando
desenvolvimento satisfatório nas diversas etapas do seu crescimento. Outros fatores também
atuam nesse processo, tais como a verificação correta do cio e habilidade do inseminador,
entre outros. Segundo Gardner et al. (1988), a redução da idade ao primeiro parto permite um
retorno mais rápido sobre o investimento.
As estimativas de herdabilidade para idade ao primeiro parto em animais da raça
Holandesa relatados na literatura variam de 0,05 a 0,49 (TEIXEIRA et al., 1994; SILVA et
al., 1998; GROSSI e FREITAS, 2002; NILFOROOSHAN e EDRISS, 2004; BERTIPAGLIA
et al., 2007; McMANUS et al., 2008).
Intervalo de Partos
O intervalo de partos (IP) é uma característica de grande importância em um rebanho
leiteiro, ele é composto pelo período de serviço e pelo período de gestação. Intervalos de
partos longos podem reduzir a lucratividade dos rebanhos leiteiros, pois há redução na
produção total de leite da vaca em sua vida útil, bem como a redução do número de partos por
vaca ano, resultando posteriormente em um menor número de novilhas disponíveis para
reposição no plantel (FREITAS, 2006; BALANCIM Jr., 2011).
Para o intervalo de partos, as estimativas de herdabilidade encontradas na literatura
geralmente são de baixa magnitude, variando de 0,02 a 0,18 (TEIXEIRA et al., 1994;
ZAMBIANCHI et al. 1999; BERTIPAGLIA et al., 2007; McMANUS et al., 2008). A baixa
estimativa de herdabilidade as características reprodutivas confirma que as mesmas são
fortemente influenciadas por fatores ambientais, mas que pode haver suficiente variabilidade
genética para a obtenção de ganhos por seleção, justificando sua inclusão em programas de
melhoramento genético. Melhorias no manejo nutricional, sanitário e reprodutivo podem ter
efeito mais rápido no incremento destas características do que via seleção (AZEVÊDO et al.,
2006).
12
Longevidade
Longevidade reflete a habilidade de uma vaca permanecer no rebanho, evitando ser
descartada por baixa produtividade, baixa fertilidade ou por doença. Para Tsuruta et al.
(2005), a longevidade combina todas as características que estão diretamente associadas a
capacidade de uma vaca em permanecer no rebanho. Diferentes variáveis têm sido utilizadas
no estudo da longevidade, como características de vida útil (diferença entre a data do primeiro
parto e a data do descarte) e habilidade de permanência no rebanho até certa idade, podendo
ser medida em qualquer ponto da vida do animal, não sendo necessário esperar até o descarte.
A longevidade esta relacionada a características reprodutivas e produtivas, de modo
que uma falha reprodutiva, uma baixa fertilidade, a não reconcepção, entre outros, levará a
animais com baixos níveis de produção e, então, animais inviáveis economicamente. O
aumento da proporção de vacas maduras no rebanho, que produzem mais leite que vacas mais
jovens é outra razão que influencia a produção média do rebanho (VANRADEN e
WIGGANS, 1995).
O que determina e longevidade de um animal é o descarte voluntário e involuntário,
decididos pelos produtores. A tomada de decisão sobre descarte leva em conta a produção de
leite, características ligadas à saúde e reprodução, entre outras. Quando o descarte ocorre
devido à baixa produção de leite, é geralmente chamado de descarte voluntário, enquanto que
o descarte involuntário é devido às outras características. Diminuir o nível de descarte
involuntário melhora a eficiência econômica de um sistema de produção e aumenta as
possibilidades de descarte voluntário (VOLLEMA e GROEN, 1996).
Segundo Coelho et al. (2009), a longevidade deveria ser considerada na estratégia de
seleção, apesar da característica possuir baixa estimativa de herdabilidade (BOLDMAN et al.,
1992; TSURUTA et al., 2005; VAN DER LINDE et al., 2006).
13
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19
CAPÍTULO 2 - OCORRÊNCIA DA MASTITE CLÍNICA EM VACAS DA RAÇA
HOLANDESAS DE ALTA PRODUÇÃO
RESUMO: A mastite é uma doença comum nos rebanhos leiteiros e a que causa grande
impacto devido às perdas econômicas. Objetivou-se neste trabalho verificar as frequências de
mastite clínica (MC) em vacas Holandesas em um rebanho leiteiro de alta produção, bem
como estimar os efeitos da classe de mastite clínica (presença ou ausência) sobre a produção
de leite aos 305 dias. Para esse estudo foram utilizadas 11064 lactações, provenientes de 5026
animais da raça Holandesa, com partos ocorridos entre os anos de 1999 a 2009. A média da
produção de leite aos 305 dias de acordo com a classe de mastite foi estimada pelo método de
quadrados mínimos. Para a análise da mastite como uma variável dependente foi usado um
modelo binomial. As frequências de ocorrência mastite clínica (MC) foram analisadas de
acordo com as ordens do parto (1 a 6), ano do parto , estação do ano (seca e chuva) e da fase
da lactação, dividida em três períodos: início (100 dias), meio (de 100 a 200 dias) e fim (200 a
300 dias) da lactação e, quarto infectado (AD=anterior direito, AE=anterior esquerdo,
PD=posterior direito, PE=posterior esquerdo). De acordo com as frequências, 58,56 % dos
casos de mastite ocorreram no período das águas e 41,44% no período da seca. A frequência
da MC por ordem de parto foi ponderada em relação ao total de lactações, variando de
11,39% no primeiro parto a 21,18% e 20,27% no terceiro e quarto partos, respectivamente. O
terço final da lactação (200 a 300 dias) foi o período com maior ocorrência de casos de MC
(45,33%), sugerindo maior atenção no manejo dos animais nesse período. Os quartos
posteriores apresentaram maior frequência de MC (54,25%). Os animais com MC
apresentaram maior nível de produção de leite aos 305 dias. Como a produção de leite e a
mastite são positivamente correlacionadas, deve-se encontrar um ponto de equilíbrio entre
estas duas características a fim de aumentar a rentabilidade do sistema de produção. O estudo
dos períodos de maior frequência de ocorrência de mastite clínica é fundamental para a
pecuária leiteira, para o direcionamento de um programa de controle dessa doença.
Palavras-chave: bovinos de leite, características produtivas, saúde do úbere
20
21
OCCURRENCE OF CLINICAL MASTITIS IN HIGH PRODUCTION HOLSTEIN
COWS
ABSTRACT: Mastitis is a common disease in dairy herds that causes great economic losses
due to the impact that it causes. The objective of this study was to evaluate the frequency of
clinical mastitis (CM) in high production Holstein dairy cows, and to estimate the effects of
clinical mastitis (presence or absence) in the 305-days milk yield. For this study we used
11.064 lactations from 5026 Holstein cows, calving between 1999 to 2009. The average of
305-days milk yields, according to the class of mastitis was estimated by least squares
method. Analysis of mastitis as a dependent trait, used binomial distribution models. The
frequencies of clinical mastitis (CM) events were analyzed according to the number of calving
(1-6), the year and season (dry and rainy) of calving, and the stage of lactation which is
partitioned into three periods: early (100 days), medium (100 to 200 days) and end (200 to
300 days) and infected quarter (RA = right anterior, LA = left anterior, RP= right posterior,
LP = left posterior). According to the frequencies, 58.56% of mastitis cases occurred in the
rainy season, and 41.44% occurred in the dry season. The frequency of CM according to
number of calving was considered in relation to the total lactations, ranging from 11.39% in
the first calving, to 21.18% and 20.27% in the third and fourth calving, respectively. The third
stage of lactation (200 to 300 days) was the period with the highest occurrence of CM
(45.33%), suggesting greater attention to the handling of animals during this period. The
quarter posterior had a higher frequency CM (54.25%). Animals with CM showed higher
levels of 305-days milk yield than that in the absent classes of CM. As milk production and
mastitis are positively correlated, a balance between these two characteristics should be
focused in order to increase profitability. The study of the periods of greatest frequency
clinical mastitis events is essential for dairy farming, for directing a program to control this
disease.
Keywords: dairy cattle, productive characteristics, udder health
22
23
1 INTRODUÇÃO
Uma das principais causas da queda da qualidade e da quantidade do leite produzido é
a mastite, doença que mais provoca prejuízos na pecuária leiteira no Brasil e em grande parte
do mundo (ANDRADE et al., 2007). A mastite é definida como o processo inflamatório da
glândula mamária, caracterizado por alterações físico-químicas e microbiológicas do leite, e
patológicas do tecido glandular mamário. A mastite apresenta complexidade etiológica, sendo
ocasionada principalmente por bactérias, que resultam no desenvolvimento de infecções
intramamárias (LANGONI e DOMINGUES, 1998). É geralmente infecciosa, podendo ser
classificada como clínica e subclínica (PHILPOT e NICKERSON, 2002).
A mastite clínica é facilmente identificada, pois apresenta sinais evidentes tais como
edema e endurecimento do úbere, aumento da temperatura corporal, dor na glândula mamária,
presença de grumos, pus e/ou qualquer alteração no leite (FONSECA e SANTOS, 2000). No
caso da mastite subclínica (MSC), embora não possa ser percebida no leite, já que os
patógenos não causam dano suficiente ao tecido alveolar, a infecção pode ser detectada pelo
aumento na contagem de células somáticas (CCS) por mililitro de leite (CARVALHO, 2004).
Fonseca e Santos (2000), estimaram que para cada caso de mastite clínica, ocorram 35 casos
subclínicos.
O aumento da contagem de células somáticas é um indicativo, tanto para a qualidade
do leite produzido, quanto para a prevalência de mastite no rebanho, sendo um fator muito
24
importante no processo produtivo. A CCS tem correlação alta com a incidência de mastite
clínica (EMANUELSON et al., 1988). A correlação genética entre a CCS e a incidência de
mastite varia de 0,40 a 0,80, segundo Shook e Schutz, (1994). Portanto, pode ser utilizada
como característica substituta a mastite em programas de melhoramento genético.
Os casos clínicos se tornam um fator de preocupação pela gravidade com que
acometem os animais, podendo levar a morte, bem como aos altos prejuízos ocasionados pela
sua ocorrência, como descarte de animais ainda jovens, gastos com medicamentos, redução na
produção e descarte do leite (DEMEU, 2009).
As fêmeas bovinas têm sido selecionadas geneticamente em busca do aumento da
produção leiteira. Porém, esta intensificação tem tido um correlato negativo com a saúde do
úbere e a resistência da vaca contra a mastite, aumentando a ocorrência desta doença nos
rebanhos leiteiros (RAINARD e RIOLLETI, 2006).
Devido à importância econômica desta doença, o objetivo deste trabalho foi estudar a
ocorrência da mastite clínica em função de fatores ambientais e sua relação com a produção
de leite aos 305 dias.
25
2 MATERIAL E MÉTODOS
As informações usadas no presente estudo foram de lactações de animais da raça
Holandesa, provenientes do rebanho leiteiro da Agropecuária Agrindus, localizada na cidade
de Descalvado/SP, na latitude 21º54’14” sul e longitude 47º37'10" oeste, estando a uma
altitude de 679 metros. Todas as vacas da Agrindus são Holandesas puras e registradas com
pedigree na Associação Brasileira da Raça Holandesa, sendo um dos maiores rebanhos de
gado Holandês registrado no Brasil, com atualmente 1.400 vacas em lactação.
A ordenha é realizada três vezes ao dia, em sistema de ordenhadeira eletrônica onde
os dados de produção de leite e tempo de ordenha são armazenados diariamente. A
propriedade possui um banco de dados de desempenho produtivo, reprodutivo, sanitário, e de
ocorrência de mastite clínica para cada animal e por quarto infectado, e o período de
tratamento. O diagnóstico da mastite clínica é realizado através do teste visual dos primeiros
jatos de leite em fundo escuro (tapete de borracha preto) para a verificação de grumos e
aglomerados no leite.
A propriedade possui de 10 a 11 lotes de manejo, de acordo com o nível de produção,
a fase da lactação e a idade das vacas (primíparas ou multíparas). As bezerras são criadas em
baias individuais até a desmama, que ocorre entre 60-70 dias e, após a desmama, as bezerras
permanecem em piquetes até a parição. Os animais em lactação são confinados em sistema
“free-stall” e a alimentação dos animais é composta por silagem de milho, silagem de tifton
26
pré-seco, feno de tifton, milho, farelo de soja, e suplementação concentrada de acordo com o
nível de produção.
O arquivo de dados analisado, após a realização de consistências, continha 11064
lactações, provenientes de 5026 animais da raça Holandesa, com partos ocorridos entre os
anos de 1999 a 2009. As características analisadas foram: ocorrência de mastite clínica (MC)
para cada animal (dados de mastite clínica repetidos na mesma lactação foram excluídos),
ocorrência MC por quarto infectado (AD=anterior direito, AE=anterior esquerdo,
PD=posterior direito, PE=posterior esquerdo) e produção de leite até os 305 dias (PR305).
Neste estudo a ocorrência (1) ou não ocorrência (0) de mastite ao longo das lactações
foi analisada pelo modelo logístico utilizando PROC GENMOD (SAS, 2003). O modelo
incluiu os efeitos fixos de ano e mês do parto e a ordem da lactação como variáveis
classificatórias e a produção de leite acumulada aos 305 dias como co-variável. A distribuição
padrão usada para análises deste tipo de dados (0 e 1) é a distribuição Binomial, que é um
caso particular de Modelos Lineares Generalizados (McCULLAGH e NELDER, 1989).
Como neste tipo de analise só são incluídas características que possuem distribuição binomial,
não foram incluídas no modelo a fase da lactação e a época do ano em que ocorreu a mastite,
pois estes só possuíam informações de animais com mastite, portanto foi feito somente as
frequências observadas para estas duas variáveis.
As frequências de ocorrência da mastite clínica (MC) foram analisadas de acordo com
as ordens do parto (1 a 6), as estação do ano (seca e chuva) e a fase da lactação (dividida em
três períodos: início (100 dias), meio (de 100 a 200 dias) e fim (200 a 300 dias) da lactação) e
por quarto infectado (AD=anterior direito, AE=anterior esquerdo, PD=posterior direito,
PE=posterior esquerdo) utilizando o procedimento FREQ (SAS, 2003). As frequências de MC
por ordem de parto e ano do parto foram ponderadas pelo número total de lactações.
Adicionalmente, a produção de leite até os 305 dias de lactação (P305) também foi
analisada como variável dependente, considerando-se um modelo linear contendo os efeitos
de grupo de contemporâneos (ano e estação parto), ordem de parto, e ocorrência de mastite,
pelo método dos quadrados mínimos pelo procedimento GLM (SAS, 2003).
27
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A frequência média da mastite clínica (MC) no rebanho foi de 16,73% (1851
lactações) do total de 11064 lactações, durante os 10 anos avaliados, com partos ocorridos
entre 1999 e 2009. Segundo Philpot e Nickerson (2002), o nível internacionalmente aceito de
mastite clínica é de 2 a 5% do rebanho por mês, porém, no Brasil, segundo Costa et al.
(1995), o nível médio de mastite clínica nos rebanhos é 17,5% nas vacas lactantes.
O valor obtido neste estudo foi próximo ao encontrado por Santos (2011), em que a
frequência de MC em animais da raça Pardo Suíço, em propriedades na região de Campinas,
foi de 16,66%. Motta et al. (2011) encontrou uma freqüência de 17, 5 % de mastite clínica em
uma propriedade na região de Angatuba/SP. Entretanto, a frequência encontrada neste estudo
esta acima dos encontrados por Bueno et al. (2002), que realizaram um levantamento em 5
propriedades na região de Pirassununga e encontraram, em 201 animais avaliados da raça
Holandesa e mestiças Holandês x Gir, uma frequência média de mastite clínica de 7,46% dos
animais; a frequência encontrada neste estudo também esta acima dos encontrados por
Ribeiro et al. (2007), que monitorando propriedades leiteiras no Rio Grande do Sul,
diagnosticaram mastite clínica em 1,22% dos quartos mamários avaliados.
Quando a ocorrência da mastite clínica foi analisada como variável resposta pelo
procedimento GENMOD, em que foram incluídos como variáveis classificatórias no modelo
os efeitos de ano e mês do parto e a ordem da lactação e, como covariável, a produção de leite
28
acumulada aos 305 dias, observou-se que a ordem do parto, o ano do parto e a produção de
leite influenciaram significativamente a ocorrência de MC, porém, o mês do parto não
influenciou significativamente (Tabela 1). A época do parto também foi incluída no modelo e
não foi significativa.
Tabela 1 - Análise de variância para a ocorrência de mastite clínica, de acordo com o ano, o
mês e a ordem do parto e com a produção de leite na lactação, por meio de modelos
binomiais.
Fonte de variação Graus de liberdade Qui-quadrado Pr> Qui-quadrado
P305 1 26,39 <0,0001**
Ano do Parto 10 236,88 <0,0001**
Mês do parto 11 13,98 0,2343 ns
Ordem do parto 5 284,69 <0,0001**
ns: não significativo; ** significativo ao nível de 0,01%
Na Tabela 2 estão apresentadas as frequências relativas da MC no rebanho de acordo
com a ordem de parto (OP). Com os resultados obtidos pelo teste do Qui-quadrado pode-se
observar que houve diferença significativa na frequência de MC entre a OP 1 e as OP 2,3,4,5
e 6, e entre as OP 2 e as OP 3,4, 5 e 6. As outras ordens de parto não diferiram
estatisticamente entre si.
Tabela 2 – Frequência relativa (FR) da ocorrência da mastite clínica (MC) em função das
ordens de parto (OP1 a OP6).
Número de animais
Ordem de
Parto
Total Sem MC Com MC FR de MC
(%)*
1 4351 3855 496 11,39 a
2 3194 2563 631 19,75 b
3 1912 1507 405 21,18 c
4 1021 814 207 20,27 cd
5 429 346 83 19,34 cde
6 157 128 29 18,47 cde
*Letras iguais não diferem estatisticamente entre si
A frequência relativa da ocorrência de MC em relação ao número total de lactações no
rebanho variou de 11,39% no primeiro parto a 21,18% e 20,27% no terceiro e quarto parto,
respectivamente, com pequena redução no quinto e sexto partos (Tabela 2). Ocorreu um
aumento considerável na incidência de MC, com o decorrer da vida produtiva do animal,
29
sendo bem menor no primeiro parto, o que era esperado. Estes resultados estão de acordo com
estudos realizados por Heringstad et al. (2005), que relataram que a frequência de mastite
clínica aumenta à medida que as lactações vão se repetindo. Os autores encontraram valores
de 15,8%, 19,8% e 24,2% para a primeira, segunda e terceira ordens de parto,
respectivamente. Zwald et al. (2006) também encontraram valores semelhantes para a
ocorrência de MC de acordo com a ordem de parto de 16%, 20% e 24% na primeira, segunda
e terceira ordens de parto, respectivamente.
Os estudos têm relatado que à medida que as lactações vão se repetindo, os animais se
tornam mais susceptíveis à infecção e são expostos com maior frequência aos patógenos
(FONSECA e SANTOS, 1999). E ainda, segundo Blood e Radostits (1991), com o aumento
da idade ocorre a diminuição da imunidade e o relaxamento do esfíncter dos tetos e dos
ligamentos do úbere. Ladeira (1998) cita que vacas mais velhas (sete a nove anos) são mais
susceptíveis a infecções intramamárias devido a lesões internas e desgaste sofrido pelo
esfíncter do teto e pela glândula em si.
Assim como para a mastite clínica, o aumento da susceptibilidade a mastite subclínica
tem sido relacionado o aumento da idade ou da ordem do parto. Cunha et al. (2008),
estudando a ocorrência de mastite subclínica em animais da raça Holandesa, verificaram que
houve aumento progressivo na CCS com o aumento da ordem de lactação. Menores
estimativas de médias ajustadas de CCS foram observadas por Ostrensky et al. (2000) para
animais da raça Holandesa de primeira lactação e maiores estimativas foram observadas para
animais de cinco ou mais partos.
A diminuição observada na ocorrência da MC para o rebanho em estudo (Tabela 2) na
quinta e na sexta ordens de parto pode ser explicada pelo manejo da propriedade, em que os
animais que apresentam mastite repetidas vezes são descartados do rebanho a partir da
terceira ou quarta ordem de parto. Observa-se que o número de animais que chegaram até a
quinta ou sexta lactações foi bem menor em relação aos demais partos, provavelmente porque,
além do descarte por problemas de mastite, há também o descarte dos animais por problemas
produtivos e reprodutivos, além de problemas relacionados à locomoção.
Com relação ao ano de parto, ocorreu um crescente aumento na ocorrência da mastite
clínica no ano de 1999 e de 2004 (ano em que a ocorrência de MC no rebanho foi maior). A
30
partir do ano de 2004, observou-se um decréscimo na ocorrência de MC até o ano de 2009
(Figura 1).
Figura 1- Frequência relativa da mastite clínica de acordo com o ano do parto
O aumento na ocorrência de mastite clínica entre o final de 1999 e início de 2000,
ocorreu devido à incorporação de um rebanho fechado, proveniente de outra propriedade, com
aproximadamente 250 animais no final de 1998 e mais 150 animais no fim de 1999, causando
estresse no rebanho devido ao aumento do número de animais com a incorporação de animais
novos. Além disso, a construção de um laticínio próprio, próximo instalações dos animais,
pode ter dificultado o manejo e aumentado estresse, que pode ter sido provocado, entre outros
fatores, pelo aumento da circulação de pessoas. Após o término das construções das novas
instalações, a fazenda retomou sua rotina e os níveis de mastite foram controlados.
A principal causa do aumento de mastite no ano de 2004 pode ter sido por problemas
de adaptação do manejo, devido a incorporação de outro rebanho fechado com
aproximadamente 650 animais no 2º semestre de 2003, aliado ao crescimento do próprio
rebanho, causando excesso de animais nos galpões “free stall”.
O excesso de lotação no galpão pode ter ocasionado dificuldades do manejo, levando
ao aumento de umidade e matéria orgânica na instalação, facilitando assim a proliferação e a
permanência dos micro-organismos causadores da mastite. O estresse causado pelo excesso
de lotação no galpão e pela entrada de animais novos no rebanho pode ter ocasionado uma
queda na imunidade dos animais, resultando em maior ocorrência de mastite clínica. A
severidade da doença depende do grau de imunidade do animal.
31
A queda da incidência da MC partir de 2004 pode ter sido resultado da construção de
novos galpões nos anos de 2006 e de 2008, além da construção de instalações para vacas
recém paridas no final de 2010, ocasionando melhorias nas condições ambientais dos animais.
Sistemas como “free-stall”, quando mal projetados, deficientes em ventilação,
drenagem e iluminação têm consequências danosas à saúde do animal. Nessas instalações a
higiene assume importância primordial (PRESTES et al., 2002).
Com relação à fase de lactação (Tabela 3), a maior frequência de casos de MC foi
observada no terço final da lactação (45,33%), resultado este já esperado. Há uma tendência
do aumento de infecção em vacas com período de lactação mais avançado, o que tem
correlação direta com a alta produção leiteira, maior período de exposição aos patógenos,
ocorrendo uma queda de imunidade devido ao estresse (LARANJA, 1996).
Tabela 3- Frequência de ocorrência de mastite clínica (MC) por fase da lactação
Fase da Lactação N Frequência (%)
Inicial 527 28,47
Meio 485 26,20
Final 839 45,33
Ostrensky et al. (2000), analisando escores de células somáticas (ECS), encontraram
valores médios elevados já no início da lactação, com redução dos valores médios de ECS
por volta de 45 dias (menor valor médio), e a partir dos 45 dias os valores aumentaram até o
final da lactação. Nos estudos realizados por Guilloux et al. (2008), o risco de um animal
apresentar mastite subclínica foi maior com o decorrer da lactação. Andrade et al. (2004),
verificaram um aumento significativo da contagem de células somáticas com o avanço da fase
da lactação em vacas da raça Holandesa.
Por outro lado, Voltolini et al. (2001) não encontraram diferença significativa nos
valores de CCS para os diferentes estágios de lactação (início, meio e fim) em rebanhos de
vacas da raça Holandesa no Paraná, atribuindo estes resultados ao bom manejo higiênico
sanitário e, principalmente, às baixas CCS durante toda a lactação, diminuindo a oscilação da
mesma.
Animais em estágio de lactação mais avançado estão em ordenha a mais tempo e,
conseqüentemente, estão mais expostos aos patógenos. Maiores cuidados devem ser
32
dispensados aos animais nesta fase, práticas de manejo como linha de ordenha (ordenhar
primeiro os animais sadios e depois as animais com mastite), uso de “pós-dipping” para evitar
a penetração de micro-organismos, além de limpeza das instalações e dos equipamentos de
ordenha, podem ser eficientes na redução da ocorrência de mastite nesta fase da lactação.
A frequência de MC observada foi de 58,56 % no período das águas e 41,44% no
período da seca (Tabela 4), o que indica que a maior ocorrência da MC se deu no período
chuvoso, o que era esperado, uma vez que na literatura a maioria dos trabalhos relata maior
incidência de casos de mastite ocorrendo em períodos chuvosos e de temperaturas elevadas,
devido à maior facilidade de veiculação de patógenos e, provavelmente em função da queda
na imunidade devido ao estresse térmico (LARANJA, 1996; HARMON e RENEAU, 1993).
A ocorrência de barro, mais comum nesta época do ano, também pode ser considerada um
fator de veiculação dos patógenos. Apesar da maior ocorrência da mastite ter sido observada
no período chuvoso, a diferença na ocorrência da mastite entre os períodos de chuva e seca,
no rebanho em estudo, não é considerada alta, esse fato pode ser explicado pelo fato dos
animais serem criados em confinamento e estarem sofrendo mais ação do manejo do que de
intempéries climáticos.
Tabela 4 – Frequência da ocorrência da mastite clínica de vacas da raça Holandesa, de acordo
com a época do ano.
Época do Ano N Frequência (%)
Chuva (outubro a março) 1084 58,56
Seca (abril a setembro) 767 41,44
Motta et al. (2011), estudando o surto de mastite causada por Arcanobacterium
pyogenes (bactérias relacionados a manifestações clínicas), em uma propriedade leiteira no
município de Angatuba -SP, relataram que o surto de mastite foi marcado por intensa
precipitação pluviométrica, que culminou com excesso de umidade e acúmulo de barro nas
imediações da sala de ordenha.
Em estudo realizado por Santos et al. (2009), em 18 propriedades leiteiras no
município de Icaraí de Minas, foi encontrado interação entre a época do ano (chuva e seca) e a
incidência de mastite subclínica, sendo a mesma, no período chuvoso, significativamente
maior que no período seco. Santos et al. (2007), avaliando a ocorrência de mastite subclínica
em animais de diferentes composições genéticas Holandês x Gir , encontraram maior
frequência (54,68%) na época da chuva. Resultados contraditórios foram encontrados por
33
Bueno et al. (2005), em que o ECS no período das secas foi significativamente maior que no
período das chuvas.
Na época chuvosa aumenta a umidade relativa favorecendo o desenvolvimento e a
disseminação dos agentes da mastite, portanto más condições higiênicas (acúmulo de esterco
e barro) devem ser evitadas, principalmente neste período, devendo dobrar os cuidados com
limpeza e higiene das instalações, a fim de evitar o aumento da ocorrência da mastite nesta
época.
A ocorrência de MC também foi verificada por quarto afetado. As frequências de MC
por quarto afetado foram de 23,51; 22,26; 24,76 e 29,49%, respectivamente para o AD, AE,
PD e PE (Figura 2). Embora próximas, nota-se que o quarto posterior esquerdo, foi o que
apresentou maior frequência de MC. Normalmente, os quartos posteriores são responsáveis
por 60% da produção de leite, o que corrobora com a maior ocorrência de mastite. Além
disso, os quartos posteriores estão mais propensos ao pisoteio quando o animal se deita
(MARQUES, 2003), e pode ter maior injuria física devido ao seu maior volume, o que explica
a maior frequência de mastite nestes quartos.
Figura 2 – Frequência observada de mastite clínica por quarto infectado (AD = anterior
direito, AE = anterior esquerdo, PD = posterior direito, PE = posterior esquerdo).
Para a produção de leite acumulada até os 305 dias de lactação, a média e seu
respectivo desvio padrão foi de 9202,06 ± 2428,02 kg, indicando que as vacas do rebanho em
estudo têm um alto potencial para a produção de leite. Esta média foi semelhante a encontrada
por Silva et al. (2011), cuja a produção média foi de 9066,0 kg para vacas da raça Holandesa
no estado do Rio Grande do Sul. Entretanto, estas produções estão bem acima da média de
produção de leite nos rebanhos Holandeses no Brasil.
34
A média estimada por quadrados mínimos e o seu respectivo erro padrão para a
produção de leite nas duas classes de mastite foram maiores significativamente (P < 0,05)
para os animais que apresentaram mastite clínica (Tabela 5) do que para a classe de animais
sem a mastite clínica. Isso sugere que os animais que apresentaram a doença foram,
provavelmente, aqueles com maiores níveis de produção de leite.
Tabela 5 - Média estimada e erro padrão de produção de leite aos 305 dias de acordo com
grupos de animais com a presença ou ausência de mastite
Mastite N Média
Erro Padrão
Ausência 9213 9191,35
25,62
Presença 1851 9466,42
57,16
Assim como no presente estudo, em estudo realizado por Guilloux et al. (2008), os
resultados mostraram que o risco de desenvolver a mastite foi maior em vacas com maior
produção média de leite.
Embora não tenha sido possível quantificar as perdas na produção de leite, é sabido
que estas podem chegar a 350 kg na lactação, representando até 9,5 % da produção na
lactação (HORTET e SEEGERS, 1998). Degraves e Fetrow (1993) atribuíram a mastite
clínica uma redução de 11% na produção de leite durante a lactação.
A seleção de bovinos tem sido realizada geralmente em busca do aumento da
produção leiteira. Porém essa intensificação tem tido um correlato desfavorável com a saúde
do úbere e a resistência da vaca a mastite, aumentando a ocorrência desta doença nos
rebanhos leiteiros de alta produção e nos rebanhos taurinos (RAINARD e RIOLLETI, 2006;
MADALENA, 2007).
Como a produção de leite e a mastite são positivamente correlacionadas, deve-se
encontrar um ponto de equilíbrio entre estas duas características a fim de aumentar a
rentabilidade da produção.
35
4 CONCLUSÃO
Apesar dos problemas que ocorreram devido à incorporação de novos animais na
propriedade, causando estresse e dificuldades no manejo dos animais, a frequência de mastite
clínica quando comparada aos padrões brasileiros não é considerada alta. No caso do presente
rebanho, o manejo é voltado para prevenção e boas práticas de higiene. Porém a freqüência de
MC relatada neste trabalho esta acima dos padrões mundiais.
Os animais que apresentaram a doença foram aqueles com maiores níveis de produção
de leite, portanto deve-se encontrar um ponto de equilíbrio entre estas duas características a
fim de aumentar a rentabilidade da produção.
Maior atenção deve ser dispensada aos animais no período de maior ocorrência de
mastite, uma vez que na mastite clínica, os agentes são comumente encontrados no local onde
o animal permanece, não existindo medidas especificas de controle. O controle depende
principalmente da conscientização do produtor em relação a limpeza das instalações, higiene
e manejo na ordenha, realização de pré e pós-dipping, tratamento dos casos de mastite, e
descarte dos animais infectados, entre outros.
36
37
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41
CAPÍTULO 3- PARÂMETROS GENÉTICOS PARA CARACTERÍSTICAS
PRODUTIVAS, REPRODUTIVAS E DE LONGEVIDADE EM VACAS DA RAÇA
HOLANDESA
RESUMO: Objetivou-se neste estudo estimar parâmetros genéticos para características
produtivas e reprodutivas medidas na primeira lactação e verificar sua relação com
características de longevidade de vacas da raça Holandesa de alta produção. Os dados
utilizados neste estudo foram de animais com partos ocorridos entre os anos 1989 a 2005,
provenientes de um rebanho localizado na região Sudeste do Brasil. As características
analisadas foram produção de leite aos 305 dias na primeira lactação (PR305), idade ao
primeiro parto (IPP), primeiro intervalo de partos (IP), vida produtiva (VP), calculada como o
somatório dos dias em lactação, e idade ao descarte (IDESC). Os componentes de variância
foram estimados pelo método de Máxima Verossimilhança Restrita, sob modelo animal multi-
características. As estimativas de herdabilidade para a PR305, IPP, IP, VP e IDESC foram,
respectivamente, 0,35, 0,11-12, 0,19-0,20, 0,07, 0,10. As correlações genéticas entre: PR305
x IPP (0,67-0,68), PR305 x IP (0,22), IPP x IP (0,33-0,40), PR305 x VP (0,02), IPP x VP
(0,49), IP x VP (-0,40), PR305 x IDESC (0,01), IPP x IDESC (0,73), IP x IDESC (-0,07),
indicaram associação genética positiva, entre a produção de leite e as características
reprodutivas, mas nenhuma associação desta com a longevidade. Houve uma correlação
mediana e positiva entre a IPP e a longevidade, mostrando que o aumento da IPP pode levar a
uma maior longevidade, contrário ao IP.
Palavras-chave: correlação genética, herdabilidade, idade ao primeiro parto, intervalo de
partos, vida produtiva
42
43
GENETIC PARAMETERS OF PRODUCTIVE, REPRODUCTIVE AND
LONGEVITY TRAITS IN HOLSTEIN COWS
ABSTRACT: The objective of this study was to estimate genetic parameters for productive
and reproductive traits recorded in the first lactation and to verify its association with
longevity traits of high production Holstein cows. The data used for this study were from
animals with calving occurring between the 1989 to 2005, from cattle located in Southeastern
of Brazil. The traits analyzed were 305-day milk yield in the first lactation (Y305), the age of
first calving (AFC), the first calving interval (CI), the productive life (PL), calculated as sum
of lactation days, and the age at culling (AC). Variance components were estimated by
Restricted Maximum Likelihood, applying multi-trait animal model. Heritability estimates for
Y305, AFC, CI, PL and CA were, respectively, 0.35, 0.11- 0.12, 0.10-0.20, 0.07 and 0.10.
The genetic correlations between: Y305 x AFC (0.67-0.68); Y305 x CI (0.22); AFC x CI
(0.33-0.40); Y305 x PL (0.02); AFC x PL (0.49); CI x PL (-0.40); Y305 x CA (0,01); AFC x
CA (0.73); CI x CA (-0.07), indicated positive genetic association between milk production
and characteristics reproductive, but no correlation with longevity. The positive and median
genetic correlation between AFC and longevity suggested that the increase in AFC could lead
to a greater longevity, in an opposite way of CI.
Key Words: age at first calving, calving interval, genetic correlation, heritability, productive
life
44
45
1 INTRODUÇÃO
A produção de leite tem sido a característica mais enfatizada nos programas de
seleção para bovinos leiteiros. Entretanto vários trabalhos têm mostrado declínio na
eficiência reprodutiva e nas características de longevidade nos rebanhos que estão sob
seleção para produção melhorada (MADALENA, 2007), principalmente para raças taurinas,
como a Holandesa, que foram altamente selecionadas para a produção de leite.
O desempenho reprodutivo de uma população de bovinos é fator determinante do
progresso genético anual, apresentando relação desfavorável com a produção de leite. O
baixo desempenho reprodutivo pode ser ainda mais intenso em vacas da raça Holandesa
selecionadas para alta produção de leite em regiões tropicais e subtropicais, devido ao
estresse térmico, com prejuízo para o progresso genético das características produtivas
devido a um pior desempenho reprodutivo (PEREIRA et al., 2000).
A identificação precoce de animais geneticamente superiores é fator decisivo no
processo de produção, uma vez que a eficiência é medida pela taxa de progresso obtido por
unidade de tempo. Além da produção de leite, características como precocidade ao primeiro
parto e intervalos de parto curtos são importantes para aumentar a produção total na vida útil
do animal (VAL et al., 2004)
A longevidade da vaca é uma característica que engloba critérios reprodutivos,
produtivos e econômicos e que pode ser utilizada na avaliação da eficiência do animal no
46
sistema de produção (QUEIROZ et al., 2007). Uma exploração leiteira visa estabelecer
estratégias que melhorem as características reprodutivas e de longevidade, traduzindo-se num
aumento da produção de leite.
O conhecimento prévio dos parâmetros genéticos das características de interesse
permite que a variação genética seja eficientemente explorada em um programa de seleção.
Destes, irão depender a predição das respostas direta e correlacionada à seleção e a escolha do
método de seleção mais apropriado, de modo a obter maior eficiência.
Desta forma, os estudos envolvendo estimativas de parâmetros populacionais para as
características produtivas e reprodutivas medidas na primeira lactação, e as de longevidade se
tornam muito importante na implantação de um programa de seleção e para o direcionamento
no uso de reprodutores nos acasalamentos dirigidos.
Objetivou-se neste trabalho obter estimativas de herdabilidade e correlações genéticas
entre características produtivas e reprodutivas medidas na primeira lactação e características
de longevidade em vacas da raça Holandesa de alta produção.
47
2 MATERIAL E MÉTODOS
Para o presente estudo foram utilizadas informações de desempenho de animais da
raça Holandesa, com partos ocorridos entre os anos de 1989 e 2005, provenientes do rebanho
leiteiro da Agropecuária Agrindus, localizada na cidade de Descalvado/SP, latitude
21º54’14” sul e longitude 47º37'10" oeste, estando a uma altitude de 679 metros. Todas as
vacas da Agrindus são Holandesas puras e registradas com pedigree na Associação Brasileira
da Raça Holandesa, sendo um dos maiores rebanhos de gado Holandês registrado no Brasil.
As características analisadas foram produção de leite acumulada até os 305 dias na
primeira lactação (PR305), idade ao primeiro parto (IPP), primeiro intervalo de partos (IP),
vida produtiva (VP) e idade ao descarte (IDESC).
Neste estudo, os parâmetros utilizados para estimar a longevidade foram a idade ao
descarte e a vida produtiva (definida como o somatório dos dias em lactação durante a vida do
animal). Essa medida de vida produtiva é um pouco diferente do cálculo usual relatado na
literatura. No caso da vida produtiva, são considerados apenas os dias em lactação, ao
contrário da vida útil, que engloba o período entre o primeiro parto e a data do descarte, e que
inclui também o período seco (que é um período de tempo improdutivo).
A consistência do arquivo de dados foi realizada utilizando-se somente os animais que
possuíam a data de descartes do rebanho. Foram excluídos do arquivo animais que possuíam
valores iguais a zero ou desconhecidos para as características PR305, IPP, IP, VP, IDESC.
48
Para realizar a consistência dos dados foram excluídas as lactações em aberto e com produção
igual a zero e, como foram analisadas somente as primeiras lactações, foram mantidas
somente as lactações da primeira ordem de parto. Vacas que não tiveram sua primeira parição
até 40 meses também foram suprimidas. Observações com intervalos de parto inferiores a 300
dias também foram excluídas. O grupo de contemporâneas foi composto por: ano e época do
parto para a PR305 e ano e época de nascimento, para IPP, IP, VP e IDESC. Para todas as
características foi imposto que cada grupo de contemporânea contivesse, no mínimo, cinco
observações. Para todas as características analisadas foram eliminados dados inconsistentes,
cujos valores estivessem fora do intervalo da média ± 3 vezes o desvio padrão. O arquivo de
genealogia contou com 10.584 informações de animais ativos e inativos do rebanho.
O procedimento GLM do SAS foi utilizado para as análises preliminares com a
finalidade de verificar os efeitos fixos que influenciam as características avaliadas, a fim de
incluir os mesmos nos modelos, com objetivo de estimar os parâmetros genéticos.
A estimação dos componentes de variância foi realizada pelo método de Máxima
Verossimilhança Restrita através de um modelo animal, usando o pacote estatístico
WOMBAT (MEYER, 2007). Para todas as características foram considerados os efeitos fixos
de grupo de contemporâneas (GC) e a idade da vaca ao parto (efeito linear e quadrático), e a
duração da lactação (efeito linear) como covariáveis, somente para a PR305. Como efeitos
aleatórios foram considerados os efeitos genéticos aditivos diretos e o efeito de ambiente
temporário.
As características foram analisadas conjuntamente, por meio de análises multi-
características, foram realizadas duas análises, entre as características produtivas e
reprodutivas medidas na primeira lactação e as características de longevidade (VP e IDESC):
Análise 1: PR305, IPP, IP, VP.
Análise 2: PR305, IPP, IP, IDESC.
O modelo animal usado para as características analisadas, na sua forma matricial é
representado por:
Y = Xb + Za + e
49
Em que:
Y = é o vetor de observação para as 4 características (PR305, IPP, IP, VP e IDESC);
b = o vetor de soluções para os efeitos fixos no modelo, contendo as classes de grupos de
contemporâneos para as quatro características e a idade da vaca ao parto e a duração da
lactação (efeitos linear e quadrático) para a PR305, associados com a matriz de incidência X;
a = o vetor de soluções para os efeitos aleatórios genéticos aditivos, associado com a matriz
de incidência Z;
e = o vetor de efeitos residuais.
As pressuposições, para as análises multi -características são:
0
0
Xb
e
a
y
E; e
R0
0G
e
aV
sendo que:
G = A G0 é a matriz de (co)variâncias genéticas aditivas entre as características e;
0
a1 a1a2 a1a3 a1a4
a2 a2a3 a2a4 a3 a3a4
a4
;
A = matriz de parentesco entre os animais;
= produto de kroenecker entre matrizes;
a1, a2 , a3 e a4 = variâncias genética aditivas;
a1a2, a1a3, a1a4, a2a3 , a2a4, a3a4 covari ncia gen tica entre as caracter sticas
R = I R0 é a matriz de (co)variâncias residuais entre as características e;
0
e1 e1e2 e1e3 e1e4
e2 e2e3 e2e4 e3 e3e4
e4
;I = matriz identidade
e1 e2 , e3 e e4 vari ncias residuais
e1e2, e1e3, e1e4, e2e3, e2e4 e e3e4 covari ncia residual entre as caracter sticas
50
51
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A média estimada para a produção de leite e seu respectivo desvio padrão na primeira
lactação foi de 8469,11± 1173,37 kg (Tabela 1), indicando que as vacas desse rebanho são de
alta produção e que, além do alto potencial genético, os animais são criados em sistemas de
produção com boas práticas de manejo e alimentação. Este valor esta próximo ao encontrado
por Val et al. (2004) que encontram média de produção de leite na primeira lactação de vacas
da raça Holandesa de 8026 kg. Estas médias estão bem acima dos valores relatados na
literatura para animais da raça Holandesa criadas no Brasil. Coelho et al. (2009), observaram
média de 6231 kg de produção de leite aos 305 dias na primeira lactação, Melo et al. (2005)
relataram médias de produção de leite de 6246,1 kg em vacas primíparas.
A idade média ao primeiro parto e o respectivo desvio padrão encontrado neste estudo
foi de 27,03 ± 2,98 meses (Tabela 1), valor próximo aos encontrados na literatura para
animais da raça Holandesa cujas médias variaram de 26,8 a 37,1 meses de idade (LEITE et
al., 2001; RIBEIRO et al., 2003; NILFOROOSHAN e EDRISS, 2004; VAL et al., 2004;
WOLFF et al., 2004; COELHO et al., 2009). A média de IPP, na propriedade em estudo, é
desejável e é reflexo de boas práticas alimentação e de manejo reprodutivo das novilhas que
são adotadas no sistema de produção de leite, onde as vacas são inseminadas aos 14-15 meses
de idade. As vacas da propriedade em estudo são inseminadas até três vezes e caso não
emprenhem, é realizada a transferência de embriões (TE).
52
A média estimada e o respectivo desvio padrão do primeiro intervalo de partos para o
rebanho em estudo foi de 456,85±124,43 dias (Tabela 1). Estes valores estão próximos aos
encontrados na literatura para animais da raça Holandesa que variam de 380,73 a 458,0 dias
(WOLFF et al., 2004; BERTIPAGLIA et al., 2007; McMANUS et al., 2008; COELHO et al.,
2009). O valor de IP, maior que o preconizado na literatura, se deve a fatores como longos
períodos secos provavelmente devido às altas produções de leite diárias dos animais desse
rebanho, e às altas persistências de lactação dos animais já observados em estudos de Bignardi
et al. (2008). Isso pode proporcionar balanço energético negativo nas fases iniciais da
lactação, prejudicando a reconcepção das fêmeas primíparas.
A média estimada e o respectivo desvio padrão para vida produtiva foi de 32,44
±16,86 meses (Tabela1). Nota-se o alto coeficiente de variação para esta característica, de
52%. Klassen et al. (1992) e Jairath et al. (1994), encontraram médias do número de dias em
lactação na vida do animal de 30,1 e 23,5 meses, respectivamente, ambos para animais da raça
Holandesa. As médias encontradas para a vida útil, que é o termo mais frequentemente
encontrado na literatura para estimar longevidade, foram de 31,10 e de 30,01 meses, segundo
Nilforooshan e Edriss (2004) e Coelho et al. (2009) , em um rebanhos da raça Holandesa,
respectivamente. Porém estes valores são inferiores aos encontrados por Ribeiro et al. (2003),
em rebanhos leiteiros da raça Holandesa criados em sistema de produção intensivo em
Kentucky, onde a média de vida útil encontrada foi de 53,60 meses. Tsuruta et al. (2005),
encontram valores médios de 34,3 meses, e observaram que rebanhos de alta produção
tinham vida útil mais curta, principalmente pelo manejo de descarte voluntário.
Tabela 1- Número de observações (N), médias e desvios-padrão (DP) para produção de leite
até 305 dias na primeira lactação (PR305), idade ao primeiro parto (IPP), primeiro intervalo
de partos (IP), vida produtiva (VP) e idade ao descarte (IDESC).
Característica N Média DP
PR305 (kg) 1129 8469,11 1173,37
IPP (meses) 1161 27,03 2,98
IP (dias) 1049 456,85 124,43
VP (meses)
IDESC (meses)
1140
1192
32,44
73,68
16,86
22,40
A média de idade ao descarte e o respectivo desvio padrão no presente estudo foi de
73,68 ±22,40 meses (Tabela 1). Estes valores estão próximos aos relatados por Cardoso et al.
(1999), cuja média de idade ao descarte foi de 75,6 meses para animais mestiços no Brasil.
Vollema e Groen (1996), na Holanda, também relataram valores semelhantes, cuja média foi
53
de 68,8 meses. O valor encontrado no presente estudo esta acima dos relatados para animais
da raça Holandesa no Brasil, cuja média foi de 59,2 e 55,64 meses segundo Coelho e Barbosa
(2005) e Coelho et al. (2009), respectivamente. Ribeiro et al. (2003) encontraram média de
idade ao descarte de 53,6 meses nos Estados Unidos.
No presente estudo, o rebanho avaliado possui intenso controle zootécnico e é
realizado o descarte voluntário, devido a problemas produtivos e o involuntário, devido a
problemas reprodutivos, de locomoção e doenças que, na raça Holandesa, tem sido cada vez
mais frequentes. A média de idade ao descarte e o número de animais descartados no rebanho
de acordo o ano de descarte estão representados na Figura 1, onde podemos observar que a
média de idade ao descarte variou de 69,55 meses no ano de 1998 a 77,96 meses do ano de
2006.
Figura 1 – Idade média ao descarte (meses) e número de animais descartados de acordo com o
ano de descarte dos animais.
A estimativa de herdabilidade para a produção de leite aos 305 dias na primeira
lactação neste estudo foi de 0,35 (Tabela 2), o que se assemelha aos relatados por Machado et
al. (1999), Freitas et al. (2001), Ferreira et al. (2003) e Bignardi et al. (2008), para animais da
raça Holandesa na primeira lactação, cujas estimativas foram 0,32, 0,28, 0,26 e 0,25,
respectivamente. Melo et al. (2005), em analise uni-característica encontraram estimativas de
herdabilidade para produção de leite na primeira lactação de 0,27, e em analise bi-
característica encontraram estimativas variando de 0,27 a 0,30. Silva et al. (1998) em analise
conjunta da produção de leite na primeira lactação e idade ao primeiro parto encontraram
estimativas de herdabilidade de 0,35.
54
A magnitude da estimativa de herdabilidade para a produção de leite na primeira
lactação obtida neste trabalho evidência a existência de razoável variabilidade genética
aditiva, o que pode tornar eficiente a seleção para esta característica. Em geral, as estimativas
de herdabilidade para a produção de leite na primeira lactação (PL1), citadas na literatura, são
mais altas do que quando um modelo de repetibilidade é usado. Essa maior estimativa de
herdabilidade para a PL1 é esperada, uma vez que apenas as primeiras lactações foram
usadas. O efeito da seleção praticada após a primeira lactação deve diminuir a magnitude da
variância aditiva.
A estimativa de herdabilidade para a idade ao primeiro parto de 0,11 e de 0,12,
(Tabela 2) encontrada neste trabalho, esta acima das estimativas encontradas por Nilforooshan
e Edriss (2004), que encontraram estimativa de 0,08, e por Silva et al. (1998), que em análise
conjunta com a produção de leite na primeira lactação, obtiveram herdabilidade para IPP de
0,05. Porém estes valores estão abaixo dos relatados por McManus et al. (2008), cuja
estimativa de herdabilidade foi de 0,24 para animais da raça Holandesa criados em
confinamento total no cento oeste do Brasil e por Bertipaglia et al. (2007), que encontraram
estimativa de herdabilidade de 0,23 para vacas Holandesa criadas em clima tropical.
A baixa estimativa de herdabilidade para a idade ao primeiro parto relatada neste
estudo indica que esta característica é fortemente influenciada por efeitos ambientais e que
ganhos importantes podem ser obtidos com a melhoria do manejo reprodutivo dos animais.
Tabela 2- Estimativas de herdabilidade para produção de leite aos 305 dias na primeira
lactação (PR305), idade ao primeiro parto (IPP), primeiro intervalo de partos (IP) e vida
produtiva (VP) e idade ao descarte (IDESC).
Análise 1 Análise 2
P305 0,35 0,35
IPP 0,11 0,12
IP 0,19 0,20
VP 0,06 -
IDESC - 0,10
As estimativas de herdabilidade para o primeiro intervalo de partos neste trabalho
foram 0,19 e 0,20, (Tabela 2). Silva et al. (1998) e Val et al. (2004) encontraram estimativas
de herdabilidade para o primeiro intervalo de partos de 0,12 e 0,10, respectivamente, para
animais da raça Holandesa. Resultados semelhantes a este estudo foram encontrados por
Bertipaglia et al. (2007) e por McManus et al. (2008), para média de intervalos de partos, em
animais da raça Holandesa, cujas herdabilidades foram de 0,19 e 0,18, respectivamente. A
55
herdabilidade para o primeiro intervalo de partos do presente estudo foi superior às
usualmente relatadas na literatura para a média de intervalos de partos, que varia de 0,02 a
0,10 (ZAMBIANCHI et al., 1999; GROSSI E FREITAS, 2002).
As herdabilidades para o IP estimadas neste rebanho confirmam que a característica é
predominantemente influenciada pelos efeitos ambientais, porém esse valor mostra que há
suficiente variabilidade genética para a obtenção de ganhos através da seleção, justificando
sua inclusão em programas de melhoramento genético também devido a sua importância
econômica. Porém, melhorias no manejo nutricional, sanitário e reprodutivo podem ter efeito
mais rápido no incremento desta característica.
A herdabilidade para a VP (Tabela 2) estimada neste trabalho foi de 0,07, o que indica
que a seleção direta para a esta característica ocasionará pequeno progresso genético, o valor
da herdabilidade para esta característica relatados na literatura variou de 0,04 a 0,09
(KLASSEN et al., 1992; JAIRATH et al., 1994; JAIRATH et al., 1995; VOLLEMA e
GROEN, 1996). A estimativa de herdabilidade para IDESC relatada neste estudo foi de 0,10
(Tabela 3), que foi igual à relatada por Hoque e Hodges (1980) para animais da raça
holandesa, porém estimativas de herdabilidade menor do que a encontrada neste estudo foi
relatada por Vollema e Groen (1996), de 0,04. Assim como para a vida produtiva, uma baixa
estimativa foi encontrada para idade ao descarte, indicando que existe pouca variabilidade
genética para se obter ganhos genéticos expressivos via seleção direta para características de
longevidade, e que a seleção indireta de outra característica que sejam favoravelmente
correlacionadas a ela é a maneira mais eficiente se obter ganhos nesta característica. Esta
característica é amplamente influenciada por decisões quanto ao descarte voluntário e
involuntário sendo, portanto, amplamente influenciada por fatores ligados ao meio ambiente.
Além disso, a avaliação genética para estas características de longevidade leva tempo,
pois só pode ser medida após o descarte do animal, aumentando assim o intervalo de gerações
e, consequentemente, diminuindo o ganho genético anual. Atualmente têm sido introduzidas
características relacionadas à capacidade do animal de sobreviver ao descarte, ou habilidade
de permanência no rebanho até determinada idade. Estas têm sido analisadas por meio de
modelos de limiar por apresentarem distribuição binomial. Em analises realizadas por
modelos de limiar as estimativas de herdabilidade são superiores quando comparadas as
características que usam modelo linear (MAIWASHE et al., 2009). Entretanto, as estimativas
de herdabilidade permanecem de baixa magnitude, conforme relatado por Queiroz et al.
56
(2007), utilizando modelo limiar uni-característica, encontraram estimativas de herdabilidade
para habilidade de permanência aos 48, 60 e 72 meses de idade de 0,28; 0,27 e 0,23,
respectivamente.
O estudo da longevidade em vacas Holandesas se faz importante uma vez que estes
animais já foram selecionados, ao longo dos anos, para ter uma menor idade ao primeiro parto
e uma alta produção de leite, tendo assim ocorrido uma deterioração nas características
relacionadas a longevidade. Atualmente, devem-se buscar animais que não sejam tão
produtivos e nem tão precoces quanto à idade ao primeiro parto, mas que apresentem uma
melhor qualidade de vida (evitando problemas de cascos e de úbere) e que,
consequentemente, venham a ser mais longevos.
Tabela 3- Correlações genéticas na análise 1 (abaixo da diagonal) e correlação genética na
análise 2 (acima da diagonal) entre produção de leite aos 305 dias na primeira lactação
(PR305), idade ao primeiro parto (IPP), primeiro intervalo de partos (IP), vida produtiva (VP)
e idade ao descarte (IDESC) .
PR305 IPP IP Análise 2 (IDESC)
PR305 - 0,68 0,22 0,01
IPP 0,67 - 0,40 0,73
IP 0,22 0,33 - -0,07
Análise 1 (VP) 0,02 0,49 -0,40 -
As correlações genéticas entre PR305 e IPP foram 0,67 e 0,68, (Tabela 3) indicando
que a seleção para diminuir a idade ao primeiro parto pode indiretamente diminuir a produção
de leite na primeira lactação. Esse fato pode ser explicado por possíveis limitações biológicas
devido a um desenvolvimento deficiente de novilhas. Além disso, ao iniciarem a vida
produtiva muito cedo e não estiverem em bom estado nutricional, pode ocorrer uma redução
na produção de leite na primeira lactação nestes animais. Isso é bastante comum em animais
zebuínos, que são criados num sistema de manejo a pasto, com pouco incremento alimentar
para o desenvolvimento das novilhas para que elas expressem a sua precocidade sexual.
Ao contrário do relatado neste trabalho, Silva et al. (1998) em um rebanho Holandês, e
Silva et al. (2001) em vacas do ecotipo Mantiqueira, encontraram correlações entre produção
de leite na primeira lactação e IPP de -0,65 e de -0,63, respectivamente. Val et al. (2004)
relataram correlação genética entre estas duas características de -0,20. Vercesi Filho et al.
(2007) relataram estimativas de correlação genética entre a idade ao primeiro parto e
produção de leite de 0,05 para animais mestiços. Pirlo et al. (2000) relataram que a redução da
57
idade ao primeiro parto tem um efeito negativo no rendimento da produção de leite na
primeira lactação e na porcentagem de gordura do leite.
A estimativa de correlação genética (0,22) entre a PR305 e o IP (Tabela 3), sugere a
possibilidade de obter uma resposta correlacionada desfavorável no caso de efetuar a seleção
para aumentar a produção de leite na primeira lactação, o que é esperado, devido ao
antagonismo entre produção de leite e características reprodutivas. O que se preconiza são
animais que tenham um reduzido intervalo de partos e uma alta produção de leite na primeira
lactação. Silva et al. (1998) e Val et al. (2004) relataram correlação genética entre o primeiro
intervalo de partos e a produção de leite na primeira lactação para vacas da raça Holandesa de
0,75 e -0,26, respectivamente. No caso do presente estudo, as lactações foram truncadas aos
305 dias, entretanto, em geral, elas se estenderam por maior período que o usual, de 305 dias,
o que pode explicar esta pequena magnitude.
As correlações genéticas entre IPP e IP foram 0,33 e 0,40 (Tabela 3), o que indica que
embora de pequena magnitude, a seleção para animais mais precoces ao primeiro parto pode
levar à diminuição no primeiro intervalo de partos. Ao contrário do encontrado no presente
trabalho, Val et al. (2004) encontraram antagonismo na seleção para essas duas
características cuja correlação genética foi de -0,69. Para Essl (1998), no melhoramento de
bovinos de leite, tanto a menor idade ao primeiro parto quanto o grande número de ciclos
reprodutivos são desejáveis.
A correlação genética entre PR305 e VP foi de 0,02 (Tabela 3) e entre a PR305 e a
IDESC foi de 0,01 (Tabela 3) e, embora positiva, estas correlações foram quase nulas,
indicando que a seleção para a produção de leite não vai afetar a longevidade do rebanho. Tais
correlações, apesar de serem quase nulas, são favoráveis, uma vez que se tem aplicado uma
forte pressão de seleção para produção de leite nos rebanhos. Jairath et al. (1995) encontraram
correlação genética entre a produção de leite na primeira lactação e o número de dias em
lactação na vida do animal de 0,84. Miller et al. (1967) encontraram correlação genética entre
a vida útil do rebanho e a produção de leite na primeira lactação entre 0,54 e 0,77.
A correlação genética de 0,49 entre a IPP e a VP, e a correlação de 0,73 entre a IPP e a
IDESC, conforme observadas na Tabela 3 indicam que parte dos genes de ação aditiva que
atuam sobre a idade ao primeiro parto também atua sobre a vida produtiva e sobre a idade ao
58
descarte, e que a seleção para reduzir a idade ao primeiro parto pode diminuir também a
longevidade.
Vukasionovich et al. (2001) relataram em seu trabalho que em animais da raça
Holandesa o risco de descarte é levemente maior em vacas que parem mais cedo e
especialmente muito tarde. Esse maior risco de descarte em vacas com maior idade ao
primeiro parto pode estar relacionado com problemas reprodutivos.
A correlação genética entre o IP e VP foi de -0,40 (Tabela 3), indicando que maiores
IP estão associados a uma menor vida produtiva. A seleção indireta para aumentar a vida
produtiva mediante a seleção para redução do primeiro intervalo de partos será mais eficiente
do que a seleção direta para o aumento da vida produtiva, devido à maior estimativa de
herdabilidade para o IP e, também, à antecipação do processo seletivo, uma vez que para
selecionar-se para a VP há necessidade de esperar o descarte dos animais.
A correlação genética entre o primeiro intervalo de partos e a idade ao descarte
(-0,07) indica que o IP pouco afeta a IDESC mas que, mesmo de pequena magnitude, assim
como para a vida produtiva, menores intervalos de partos estão associados a uma maior idade
ao descarte.
Em geral as correlações fenotípicas foram de baixa magnitude e variaram de (0,25 a -
0,21) e de (-0,03 a 0,25) (Tabela 4). O valor da correlação genética entre a IPP e a PR305 e
entre a IPP e a IP foi maior do que a correlação fenotípica. A correlação genética entre a VP e
a IPP foi positiva e desfavorável, já a correlação fenotípica entre as mesmas foi negativa. A
correlação genética entre a IDESC e a IPP também foi positiva e desfavorável, já a correlação
fenotípica entre as mesmas foi nula.
Tabela 4- Correlação fenotípica na análise 1 (abaixo da diagonal) e correlação fenotípica na
análise 2 (acima da diagonal) entre produção de leite aos 305 dias na primeira lactação
(PR305), idade ao primeiro parto (IPP), primeiro intervalo de partos (IP), vida produtiva (VP)
e idade ao descarte (IDESC).
PR305 IPP IP Análise 2 (IDESC)
PR305 - 0,68 0,22 0,01
IPP 0,01 - 0,05 0,00
IP 0,25 0,05 - -0,03
Análise 1 (VP) 0,14 -0,21 -0,06 -
59
O conhecimento das herdabilidades e das associações genéticas entre as características
são importantes na predição das respostas direta e correlacionada à seleção e a escolha do
método de seleção mais apropriado, de modo a obter maior ganho genético, além de auxiliar o
produtor na tomada de decisões sobre o manejo da propriedade.
60
61
4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos para as estimativas das correlações genéticas de características
reprodutivas e de produção de leite evidenciam o declínio nas características reprodutivas
mediante ao aumento da produção de leite.
As estimativas de herdabilidade para as características de IP e IPP indicam que estas
características são fortemente influenciadas por fatores ambientais, entretanto há suficiente
variabilidade genética para obtenção de ganhos através da seleção. Melhorias no manejo
nutricional, sanitário e reprodutivo podem ter efeito mais rápido no incremento desta
característica.
É possível obter ganhos genéticos por meio da seleção para a PR305 devido a sua
estimativa de herdabilidade. Entretanto, a seleção para uma maior produção de leite na
primeira lactação pode, indiretamente, aumentar a idade ao primeiro parto, devido à alta
correlação genética entre elas e também pode levar a um aumento no primeiro intervalo de
partos.
A seleção para a produção de leite na primeira lactação não afeta a nenhuma das
características de longevidade estudadas, entretanto, a propriedade deve ser cautelosa quanto
ao aumento no intervalo de partos e o período de serviço dos animais.
A seleção para aumentar a vida produtiva deve ser realizada mediante a seleção para a
redução do primeiro intervalo de partos.
62
Devem-se buscar animais que não sejam tão produtivos e nem tão precoces quanto à
idade ao primeiro parto, mas que apresentem uma melhor qualidade de vida (evitando
problemas de cascos e de úbere) e que, consequentemente, venham a ser mais longevos.
63
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