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MODELO DE PROGRAMAÇÃO LINEAR
INTEIRA COMO FERRAMENTA PARA
OTIMIZAR A CAPACIDADE DE
ATENDIMENTOS NOS SERVIÇOS DE
SAÚDE EM UBSS DE MANAUS - AM
Thiago Maciel Neto (UFSC)
Dmontier Pinheiro Aragao Junior (UFSC)
Mirian Buss Goncalves (UFSC)
Antonio Sergio Coelho (UFSC)
Este artigo propõe mudanças na dinâmica da distribuição de trabalho
das auxiliares de enfermagem nas Unidades Básicas de Saúde (UBS)
de Manaus, sugerindo uma escala que minimize a demanda não
atendida. A utilização da Pesquisa Operacional ppossui relevância na
tomada de decisão no que diz respeito à decisão em problemas de
elaboração de escalas, para a formulação do problema, o modelo
proposto foi estabelecido para qualidade dos serviços de saúde
prestados nos setores de enfermagem da UBS Dr. Geraldo Magela. O
método utilizado foi o PLI (Programação Linear Inteira), uma vez que
este é um método que permite a identificação de uma solução ótima
para o problema, auxiliando assim a tomada de decisão; os dados
foram fornecidos pela secretaria da unidade. O modelo foi testado
através do software LINDO® (Linear INterative, and Discret
Optimizer 6.1), os resultados fornecidos apontam uma redução do
tempo ocioso nos setores de enfermagem, diminuição da demanda não
atendida e por conseguinte melhor eficiência na prestação do serviço.
A solução ótima para distribuição de trabalho das auxiliares de
enfermagem é o Setor Preparo (triagem), pois existe uma demanda
muito alta, visando a otimização dos serviços foi indicado a retirada de
uma auxiliar do Consultório de Enfermagem e uma da Sala de
Curativo, melhorando assim a qualidade nos serviços. A aplicação do
método aponta aos profissionais de saúde, o melhor lugar para seus
atendimentos e consequentemente aumentando seu nível de
atendimento, ao mesmo tempo permite ao gestor e ao chefe de
enfermagem tomar decisões no que diz respeito à qualidade nos
serviços oferecidos.
Palavras-chaves: Programação Linear Inteira; Problema de Escalas;
Tomada de Decisão.
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução
Uma das mais instigantes e intricadas tarefas que o homem enfrenta no seu dia a dia é a de
tomar decisões, e fazer escolhas em direção a criação de escalas de trabalho mais adequadas é
um desafio já abordado por alguns autores na literatura como: o trabalho de Rangel e Évora
(2007) intitulado Elaboração automática da escala periódica de trabalho dos profissionais de
enfermagem, Beppler e Leite (2009) em Sistema para geração de escalas de plantões médicos
e Maenhout e Vanhoucke (2007) na construção de uma lista de programação para uma equipe
de enfermeiras. Esse problema se torna ainda mais crítico quando se trata de gestores e
profissionais da área da saúde, pelo fato deste ser um serviço de necessidade básica. Gomes e
Almeida (2002) ressaltam que tomar decisões complexas é determinantemente uma tarefa
difícil que pode ser vivenciada por um individuo ou um grupo, pois tais decisões devem estar
muito bem coligadas com os interesses, a missão e o objetivo de determinada instituição.
O gestor público de qualquer unidade de saúde tem a responsabilidade de atingir metas e de
fornecer para os usuários uma boa qualidade nos atendimentos com destaque para o setor de
enfermagem. Poltosi (2003) fala que “a pesquisa operacional é a busca de uma solução
considerando a organização como um todo, resolvendo conflitos de interesses entre seus
componentes. Atualmente existem diferentes aplicações, como: indústria, governo,
instituições financeiras e hospitais. Entre vários estudos encontram-se, alocação de recursos,
distribuição e transportes, mistura de materiais, carteira de investimentos e planejamento de
produção”.
Entretanto, esses relatos mostram que a utilização dessas ferramentas no processo decisório
efetivamente melhora a qualidade dos resultados. Dado que a decisão é de inteira
responsabilidade do gestor, correndo riscos em cada uma delas, faz-se necessário o
conhecimento de novos instrumentos decisórios que possam auxiliá-los.
A Pesquisa Operacional é indicada para resolver problemas complexos para auxiliar na
tomada de decisão, além de projetar e operar sistemas em situações que requerem alocações
eficientes de recursos escassos. Este trabalho apresenta uma estruturação de um modelo de
decisão utilizando Programação Linear Inteira (PLI), para auxiliar a tomada de decisão dos
gerentes das Unidades Básicas de Saúde, no que diz respeito à distribuição de trabalho nos
setores de enfermagem.
Conforme Soubeiga (2003 apud Poltosi 2007, p.12) “o problema de escalonamento de pessoal
tratam da determinação apropriada da necessidade de força de trabalho, alocação e designação
de tarefas a esta força de trabalho ao encontro de requisitos internos e externos de uma
organização”. O não investimento no hospital ou centro de saúde, a má utilização dos
recursos, o baixo investimento em educação em saúde e a pequena busca por tecnologia de
informação por partes dos gestores; podem ocasionar em um serviço de má qualidade,
aumentando as filas, e sobrecarregando alguns profissionais enquanto outros trabalham com
relativa ociosidade. Conseqüentemente à baixa eficiência elevam-se os gastos no setor
público.
Jaumard, Semet e Vovor (1997), afirmaram que “as especificações de deslocamento de
pessoal nos setores podem ser incluídas nas exigências da demanda, dando cobertura a essa
mesma demanda e melhorando a qualidade neste cuidado”.
Desenvolver uma medida exata de satisfação do paciente revela muitos aspectos de
cuidados recebidos pelo paciente. Logo, para se medir a satisfação deve-se
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incorporar dimensões de aspectos de cuidado técnicos, interpessoal, social e moral.
(ARROYO 2007, p. 19).
Nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Manaus os problemas relativos à falta de Recursos
Humanos na maioria dos setores é uma constante, conforme a gestora da UBS Dr. Geraldo
Magela, (Informação verbal, Dezembro 2010), enormes filas se formam gerando reclamações
nos corredores devido à demora no atendimento. As auxiliares de enfermagem se
sobrecarregam para atender os usuários, mas ainda não é suficiente para atender a demanda.
Contudo é de extrema necessidade que os gestores saibam “como” os serviços podem ser bem
distribuídos mesmo com a quantidade de servidores disponíveis, para suprir as necessidades
dos usuários que buscam o atendimento.
Simões (2007) identifica que um dos princípios do Serviço Único de Saúde (SUS) conforme o
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) é a racionalização dos serviços, a fim de
oferecer ações e serviços de acordo com as necessidades da população e com os problemas
mais freqüentes em cada região; e a eficácia e eficiência, a fim de prestar serviços de
qualidade e solucionar as demandas locais, individuais ou coletivas, por meio das técnicas
mais adequadas, a realidade local e a disponibilidade de recursos, eliminando o desperdício e
zelando para que os recursos públicos sejam gastos de forma mais produtiva possível.
Este estudo explora o uso de métodos de PLI no problema de distribuição de trabalho nos
setores de enfermagem, em uma unidade básica de saúde em Manaus. Para alcançar a
distribuição ótima, é necessário traçar e cumprir metas, um ponto a ser destacado nesse
processo é conhecer a realidade da unidade. Para uma maior resolutividade dos gargalos
institucionais, faz-se necessário o respaldo metodológico na distribuição de trabalho, e não
utilizando-se de procedimentos manuais que na maioria das vezes levam em conta apenas
interesses pessoais.
É prática das enfermeiras chefes segundo o Manual de procedimentos da Secretaria de Estado
do Amazonas (2001), que realizem as seguintes ações e procedimentos que devem transcorrer
da seguinte forma: Realização de palestras sobre combate ao uso de drogas para jovens e
adolescentes na unidade básica. Abordando o tema Saúde da Mulher para mães e professoras
das escolas adjacentes. Orientação em grupo semanal, explanando os temas: prevenção de
câncer de mama, colo, útero; planejamento familiar, prevenção de DST/AIDS. Levantamento
e busca ativa das mulheres, da área de abrangência da unidade, e a realização da coleta
citopatológico, e elaborar uma escala de trabalho para as auxiliares de enfermagem. Nesse
último, o método utilizado pela enfermeira é de maneira manual, sem nenhum critério
aparente.
Esse método de escalas deve ser qualificado para tratar problemas complexos de uma maneira
bem simples, principalmente para a enfermeira chefe, sem que onere o processo ou exija
muitos investimentos. A enfermeira chefe, é a pessoa que tem a responsabilidade por cada
decisão tomada e seus evidentes riscos para a equipe e para os serviços prestados aos
usuários, por isso se faz necessário o conhecimento de instrumentos que possam ser utilizados
na tomada de decisão.
O objetivo deste trabalho é minimizar a demanda não atendida na unidade e distribuir de
maneira coerente as auxiliares de enfermagem nos setores, sob ponto de vista real que se
encontra a unidade de saúde. Proporcionando ao gerente e a enfermeira chefe da unidade o
conhecimento de uma estratégia para o alcance da satisfação as profissionais. A metodologia
utilizada para alcançar os objetivos da pesquisa foi à pesquisa-ação, que tem por princípio o
desenvolvimento do trabalho em conjunto com o gestor.
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A solução ótima para distribuição de trabalho das auxiliares de enfermagem é o Setor Preparo
(triagem), pois existe uma demanda muito alta, visando a otimização dos serviços foi indicado
a retirada de uma auxiliar do Consultório de Enfermagem e uma da Sala de Curativo,
melhorando assim a qualidade nos serviços. A aplicação do método aponta aos profissionais
de saúde, o melhor lugar para seus atendimentos e consequentemente aumentando seu nível
de atendimento, ao mesmo tempo permite ao gestor e ao chefe de enfermagem tomar decisões
no que diz respeito à qualidade nos serviços oferecidos.
2. Metodologia
Definiu-se um posto de saúde para estudo, os atendimentos diariamente em cada setor de
enfermagem. A escolha dos setores foi realizada de forma a contemplar todos os setores
envolvidos na tomada de decisão. Foi desenvolvido então um modelo de Programação Linear
Inteira (PLI), que aplicado, permitiu alcançar os resultados melhores que a realidade da UBS
estudada.
Para implementação do modelo, foi utilizado o software LINDO®(Linear INterative, and
Discret Optimizer 6.1). Sendo seus módulos divididos em entrada e saída de dados e a
geração do novo cenário nos setores.
3. Caracterização do problema
3.1 Escala e Distribuição de Trabalho de Enfermagem
A elaboração de escalas e distribuição de trabalho para auxiliares de enfermagem em UBSs,
não é ainda vista de maneira coerente no ponto de vista da produtividade perante os gestores
públicos. Contudo a realidade aponta as enormes filas nos setores que se formam gerando
reclamações nos corredores devido à demora no atendimento. As auxiliares se esforçam para
atender os usuários, mas ainda não é suficiente para atender a demanda.
Na UBS Dr. Geraldo Magela não é diferente, a mesma é situada na periferia de Manaus, e
funciona de segunda a sexta, com os horários de atendimento das 07:00 às 18:00 onde oferece
os serviços de atenção primária de saúde como: curativo, inalação ou nebulização, vacina,
atendimento ginecológico. Geralmente no turno matutino há uma demanda muito maior do
que no turno vespertino, devido o atendimento médico ser feito na maioria das vezes pela
manhã, isso acarreta uma busca excessiva ocorrendo assim às filas na unidade, o tabela 1
mostra a quantidade de atendimento por dia e mês.
Outro aspecto importante é a falta de auxiliares nos setores, atualmente a unidade possui 14
(quatorze) auxiliares de enfermagem, tabela 2, sendo que 3 (três) aposentaram deixando o
quadro funcional incompleto com 11 (onze) auxiliares, tabela 3, o correto seria 16 (dezesseis)
auxiliares de enfermagem na unidade.
Setores Atendimento
Dia
Atend.
Matutino
Atend.
Vespertino
Atendimento
Mês
Média
Atendimento
Curativo 30 20 10 630 5 minutos
Inalação 40 25 15 840 7 minutos
Preparo 192 160 32 4.032 9 minutos
Vacina 45 30 15 945 8 minutos
Consultório
Gineco.
16 0 16 336 15 minutos
Fonte: Secretaria UBS (2011)
Tabela 1- Quantidade de atendimento por dia e mês
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Hoje na UBS a escala é feita manualmente pela enfermeira, com apenas um critério, é
verificado se alguma auxiliar de enfermagem irá gozar férias ou está de licença médica
durante o mês, em relação a quantidade de pessoas nos setores não há parâmetros de
distribuição, tendo muitas vezes que contar com a boa vontade das profissionais
Vale a pena ressaltar, que no final do mês é verificado se cada setor atingiu ou não as metas
estipuladas pela Secretaria Municipal de Saúde, com isso os gestores medem os desempenhos
através das produções mensais, apesar de atingir a meta, as auxiliares de enfermagem vem
enfrentando uma grande dificuldade, a sobrecarga de trabalho, desmotivando esses
profissionais, gerando assim outro tipo de reclamação, atendimento de péssima qualidade.
Dessa maneira, identificou-se uma oportunidade de formular um modelo que facilite e agilize
o atendimento nos setores de enfermagem na unidade, uma vez que a escala feita não
corresponde à realidade da UBS.
N. de Funcionários por
setor
Auxiliares
Matutino
Auxiliares
Vespertino
Setores Matutino Vespertino
Curativo 1 1 Rosa Jasmim
Inalação 1 1 Margarida Lírio
Preparo 2 2 Girassol/Cravo Miosótis/Dália
Vacina 2 2 Camélia/Tulipa Papoula/Narciso
Consultório
Gineco.
1 1 Hortência Orquídea
Fonte: Secretaria UBS (2011)
Tabela 2- Quadro de Funcionários Anterior
N. de Funcionários por
setor
Auxiliares
Matutino
Auxiliares
Vespertino
Setores Matutino Vespertino
Curativo 0* 1 - Jasmim
Inalação 1 1 Margarida Lírio
Preparo 2 1* Camélia/Tulipa Miosótis
Vacina 1* 2 Tulipa Papoula/Narciso
Consultório
Gineco.
1 1 Hortência Orquídea
*.: Saída de Funcionários aposentados na unidade.
Fonte: Secretaria UBS (2011)
Tabela 3: Quadro de Funcionários Atual
3.2 Distribuição do Trabalho
Uma das principais causas da baixa na produtividade é a má distribuição do trabalho como,
por exemplo, volume de trabalho, tempo, custos, capacitação dos funcionários e entre outros
que podem ter conseqüências relevantes não só para empresa ou setor, mas para cada
funcionário.
O alcance dos objetivos organizacionais se encontra atrelado ao desempenho
eficiente e eficaz nos níveis individual, grupal e organizacional. Tal preceito é
considerado válido tanto para organizações públicas em que um desempenho
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precário repercute em serviços de baixa qualidade e insatisfação dos usuários.
(ZANELLI, ANDRADE e BASTOS, p.2004)
Poltosi (2007) afirma que a principal dificuldade em alocar pessoal de enfermagem está na
qualidade de decisão sobre os números de trabalhadores necessários. Quando existe uma má
distribuição na quantidade de trabalhos, alguns funcionários estarão trabalhando a mais que
outros ficando mais ociosos. Com a sobrecarga dos empregados nos setores, ocorre um
desgaste desnecessário na mão-de-obra. Enquanto os funcionários ociosos terão perda
considerável de produção nos setores.
O QDT (Quadro de Distribuição do Trabalho) é um instrumento utilizado com o
objetivo de se analisar as diversas atividades atribuídas a cada uma das unidades
orgânicas existentes numa empresa, visando aferir a carga de trabalho e a
nacionalidade de sua distribuição. (CURY 2007, p. 413)
Esta análise se desenvolve, segundo o mesmo autor, pelos seguintes pontos. Fator tempo:
considerando o tempo consumido pelas diversas atividades; Fator capacidade profissional:
procura um equilíbrio entre as atribuições e responsabilidades dos empregados nos seus
cargos; Equilíbrio no volume de trabalho dos diversos empregados.
4. Problemas de Programação Linear
Um modelo de programação linear é uma importante técnica utilizada na Pesquisa
Operacional, onde ela sempre tem como função objetivo (FO) minimizar ou maximizar z (1),
sendo que a função ao objetivo é sujeita às diversas restrições, e tanto função objetivo, quanto
as restrições são representadas por equações lineares (DANTZIG e THAPA, 2003).
Dantzig (1963) explica que a simplicidade do modelo envolvido e a disponibilidade de uma
técnica de solução programável em computador como o Simplex facilita sua aplicação.
A função objetivo pode ser representada por:
z = (1)
Sujeito às restrições de recursos:
z = (2)
4.1 Programação Linear Inteira (PLI)
Alguns problemas reais requerem o uso de variáveis que assumem somente valores inteiros.
Quando isso acontece tem-se um problema de Programação Linear Inteira (PLI). Este
problema pode ser definido com a formulação a seguir:
maximizar ou (minimizar)
z= g0 (x1,x2,...xn) (3)
sujeito a :
gi (x1,x2,...xn ) (≤ ou = ou ≥) bi, i ϵM = {1,2,...,m} (4)
xj ≥ 0, j N = {1,2,...,n} (5)
xj inteira, j I N (6)
no qual xj , j N são variáveis, gi i M U{0} são funções das variáveis x1,x2,...xn, e bi, i M são
constantes conhecidas. Se I = N, isto é, todas as variáveis são inteiras, então o problema é dito
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de PI. Caso contrário, se I e N, então chama-se de problema de Programação Linear Inteira
Mista (PLIM).
Em muitos dos problemas abordados em PI, as funções gi,{0}UM são lineares e o modelo
pode então ser descrito como mostra a equação (8) a seguir:
maximizar ou (minimizar)
z= (7)
sujeito a :
(8)
x j ≥ 0, j N (9)
x j inteira, j I N (10)
Onde, cj, aij e bi são constantes conhecidas para todo i e j, e xj são variáveis não negativas. Se
I = N, isto é, todas as variáveis são inteiras, então se tem um problema Programação Linear
Inteira (PLI). Se IN, então o problema é de Programação Linear Inteira Mista (PLIM).
Muitos modelos práticos de PLI restringem algumas das variáveis inteiras para valores “0” ou
“1” e, neste caso, tem-se um problema de Programação Linear Inteira Binária (PLIB). Estas
variáveis são usadas para decisão: sim (“1”) e não (“0”).
Segundo Goldbarg (2000) esse modelo é básico para a compreensão de todos os outros
modelos de Programação Matemática. Outra vantagem está na eficiência dos algoritmos de
solução, disponibilizando alta capacidade de cálculo.
5. Resultados
O modelo não foi implantado no ambiente real de onde foram coletadas as informações, o
teste realizado se comportou de maneira aceitável, conforme o estudo a seguir.
5.1 Modelo Proposto
Primeiramente o problema foi modelado, através de um modelo de programação linear inteira,
com o objetivo (FO) de minimizar z (11), que busca a minimização da capacidade ociosa da
unidade. O modelo permite a customização da carga horária específica para cada setor e turno
, esta escala é estabelecida em minutos por dia de trabalho. O número de auxiliares de
enfermagem que serão alocadas a cada setor e turno também são variáveis determinadas pelo
modelo, porém obedecendo a restrição de utilizar toda a mão obra disponível na unidade (13).
A demanda de usuários é estipulada para cada setor e turno, sendo que um tempo médio de
cada atendimento é levado em consideração para a determinação do tempo necessário para
atendimento destas demandas, visto que em cada setor diferentes tipos de procedimentos são
realizados. Outras restrições importantes para o modelo são as que definem a ociosidade
como sendo o expediente em minutos das pessoas alocadas por dia num turno e setor
específico, menos a capacidade ociosa em minutos por dia neste turno e setor, deve ser menor
ou igual ao tempo médio de atendimento de pacientes no setor multiplicado pela demanda de
atendimentos neste setor (12). Todas as variáveis do modelo também precisam ser inteiras e
positivas (14, 15).
A função objetivo pode ser representada por:
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(11)
sujeito às restrições:
(12)
(13)
(14)
(15)
em que,
: variável de decisão, capacidade ociosa em minutos por dia no turno i no setor j;
: número de pessoas alocadas por dia no turno i e no setor j;
: demanda em atendimentos de pacientes por dia no turno i e no setor j;
: expediente em minutos por dia de trabalhadores alocados no turno i e no setor j;
: tempo médio de atendimento de pacientes no setor j;
: número de turnos;
: número de setores;
: número de funcionários disponíveis na unidade;
5.2 Aplicação do método proposto
O modelo inicia-se pela divisão de cada setor por turnos de serviço, conforme tabela 4,
sabendo que cada auxiliar de enfermagem na UBS trabalha 6 horas por dia, o número de
auxiliares disponíveis é 11, e que tanto demanda, quanto tempo médio de atendimento
obedecem aos dados já apresentados na tabela 1. Pode-se organizar as variáveis de decisão
conforme a tabela 4.
Curativo Inalação Preparo Vacina Consultório
Ginecológico
Turno
matutino X1 X2 X3 X4 X5
Turno
vespertino Y1 Y2 Y3 Y4 Y5
Turno
matutino OCM1 OCM2 OCM3 OCM4 OCM5
Turno
vespertino OCV1 OCV2 OCV3 OCV4 OCV5
Fonte: Autor (2011)
Tabela 4: Setor por turno do posto estudado
Para resolver o problema de PLI foi utilizado o software LINDO, modelando o problema
conforme código abaixo.
Min ocm1 + ocm2 + ocm3 + ocm4 + acm5 + ocv1 + ocv2 + ocv3 + ocv4 + ocv5
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9
st
x1 + x2 + x3 + x4 + x5 + y1 + y2 + y3 + y4 + y5 > 11
360x1 – ocm1 < = 100
360y1 – ocv1 < = 50
360x2 – ocm2 < = 175
360y2 – ocv2 < = 105
360x3 – ocm3 < = 1440
360y3 – ocv3 < = 288
360x4 – ocm4 < = 240
360y4 – ocv4 < = 120
360x5 – ocm5 < = 0
360y5 – ocv5 < = 240
end
GIN 20
A solução encontrada pelo software para o problema após a execução do modelo está
apresentada na figura 1, ao observar na solução podemos verificar que, X3 no setor Preparo
matutino, a enfermeira deve alocar 4 (quatro) auxiliares de enfermagem para garantir uma
melhor fluidez no atendimento. No X5 setor Consultório Ginecológico, está zerou porque não
existe atendimento neste turno e no Y1 setor Curativo, no turno vespertino possui uma
demanda baixa, sugerindo que remaneje a auxiliar para outro setor com demanda alta. Nos
demais setores a solução ficaria a presença de uma auxiliar de enfermagem. A solução
apresenta ainda uma demanda não atendida de 50 no setor de curativo durante o turno da tarde
(Row 4).
Figura 1 – Solução encontrada pelo modelo
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Podemos analisar o cenário atual através da figura 2, o turno vespertino apresenta um elevado
grau de ociosidade comparado com turno matutino. Com a escala de distribuição atual das
auxiliares de enfermagem, percebe-se que no turno vespertino a oferta é maior que a
demanda. Outro ponto a ser destacado é no setor Preparo durante o turno matutino a demanda
é muito maior que a oferta, assim como o setor vacina matutino, revelando um desequilíbrio
na criação da escala, implicando em sobrecarga nas auxiliares.
Figura 2- Cenário atual da UBS
Com aplicação do método, figura 3, pode-se observar que a distribuição das auxiliares de
enfermagem está mais adequada, sugerindo que haja um equilíbrio na oferta da unidade, e
conseqüentemente ocorra uma queda considerável de ociosidade no turno vespertino. Outro
ponto a se destacar, é o equilíbrio no setor preparo onde há um equilíbrio tanto na oferta
quanto para demanda, e ainda na vacina, onde também ocorreu um significativo equilíbrio.
Figura 3- Novo Cenário para UBS
6. Considerações Finais
O método desenvolvido possibilitou a criação de estratégias para satisfazer e atender as
necessidades das profissionais de enfermagem, assim como para os usuários, reduzindo o
tempo de espera geral e suprindo melhor a demanda. Além disso, o resultado fornece a
demanda não atendida, como é visto na solução do problema, servindo como argumento para
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gestora da UBS reivindicar mais auxiliares de enfermagem, favorecendo assim a continuidade
na prestação de serviços de modo eficaz e melhorando a satisfação dos usuários.
A análise dos resultados dá uma melhor alternativa para os profissionais e para os usuários da
UBS estudada, percebe-se a colocação de 4 (quatro) auxiliares de enfermagem no setor
preparo, mesmo que os setores com pouca produtividade como consultório ginecológico
matutino e curativo vespertino fiquem sem profissionais. Este estudo permite que a gestora e
enfermeira chefe, responsável pela criação da escala, realize modificações na distribuição de
trabalho de modo equilibrado, diminuindo os problemas de sobrecarga e a ociosidade das
auxiliares de enfermagem.
Este modelo, ou variações dele, pode ser implementado em outros casos de determinação de
escalas de trabalho, principalmente quando o foco do tomador de decisão é o aumento da
produtividade dos funcionários.
Referências
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de Computação. p. 174-183, 2009.
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