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MODELO DE PROGRAMAÇÃO LINEAR INTEIRA COMO FERRAMENTA PARA OTIMIZAR A CAPACIDADE DE ATENDIMENTOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM UBSS DE MANAUS - AM Thiago Maciel Neto (UFSC) [email protected] Dmontier Pinheiro Aragao Junior (UFSC) [email protected] Mirian Buss Goncalves (UFSC) [email protected] Antonio Sergio Coelho (UFSC) [email protected] Este artigo propõe mudanças na dinâmica da distribuição de trabalho das auxiliares de enfermagem nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Manaus, sugerindo uma escala que minimize a demanda não atendida. A utilização da Pesquisa Operacional ppossui relevância na tomada de decisão no que diz respeito à decisão em problemas de elaboração de escalas, para a formulação do problema, o modelo proposto foi estabelecido para qualidade dos serviços de saúde prestados nos setores de enfermagem da UBS Dr. Geraldo Magela. O método utilizado foi o PLI (Programação Linear Inteira), uma vez que este é um método que permite a identificação de uma solução ótima para o problema, auxiliando assim a tomada de decisão; os dados foram fornecidos pela secretaria da unidade. O modelo foi testado através do software LINDO® (Linear INterative, and Discret Optimizer 6.1), os resultados fornecidos apontam uma redução do tempo ocioso nos setores de enfermagem, diminuição da demanda não atendida e por conseguinte melhor eficiência na prestação do serviço. A solução ótima para distribuição de trabalho das auxiliares de enfermagem é o Setor Preparo (triagem), pois existe uma demanda muito alta, visando a otimização dos serviços foi indicado a retirada de uma auxiliar do Consultório de Enfermagem e uma da Sala de Curativo, melhorando assim a qualidade nos serviços. A aplicação do método aponta aos profissionais de saúde, o melhor lugar para seus atendimentos e consequentemente aumentando seu nível de atendimento, ao mesmo tempo permite ao gestor e ao chefe de enfermagem tomar decisões no que diz respeito à qualidade nos serviços oferecidos. Palavras-chaves: Programação Linear Inteira; Problema de Escalas; Tomada de Decisão. XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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MODELO DE PROGRAMAÇÃO LINEAR

INTEIRA COMO FERRAMENTA PARA

OTIMIZAR A CAPACIDADE DE

ATENDIMENTOS NOS SERVIÇOS DE

SAÚDE EM UBSS DE MANAUS - AM

Thiago Maciel Neto (UFSC)

[email protected]

Dmontier Pinheiro Aragao Junior (UFSC)

[email protected]

Mirian Buss Goncalves (UFSC)

[email protected]

Antonio Sergio Coelho (UFSC)

[email protected]

Este artigo propõe mudanças na dinâmica da distribuição de trabalho

das auxiliares de enfermagem nas Unidades Básicas de Saúde (UBS)

de Manaus, sugerindo uma escala que minimize a demanda não

atendida. A utilização da Pesquisa Operacional ppossui relevância na

tomada de decisão no que diz respeito à decisão em problemas de

elaboração de escalas, para a formulação do problema, o modelo

proposto foi estabelecido para qualidade dos serviços de saúde

prestados nos setores de enfermagem da UBS Dr. Geraldo Magela. O

método utilizado foi o PLI (Programação Linear Inteira), uma vez que

este é um método que permite a identificação de uma solução ótima

para o problema, auxiliando assim a tomada de decisão; os dados

foram fornecidos pela secretaria da unidade. O modelo foi testado

através do software LINDO® (Linear INterative, and Discret

Optimizer 6.1), os resultados fornecidos apontam uma redução do

tempo ocioso nos setores de enfermagem, diminuição da demanda não

atendida e por conseguinte melhor eficiência na prestação do serviço.

A solução ótima para distribuição de trabalho das auxiliares de

enfermagem é o Setor Preparo (triagem), pois existe uma demanda

muito alta, visando a otimização dos serviços foi indicado a retirada de

uma auxiliar do Consultório de Enfermagem e uma da Sala de

Curativo, melhorando assim a qualidade nos serviços. A aplicação do

método aponta aos profissionais de saúde, o melhor lugar para seus

atendimentos e consequentemente aumentando seu nível de

atendimento, ao mesmo tempo permite ao gestor e ao chefe de

enfermagem tomar decisões no que diz respeito à qualidade nos

serviços oferecidos.

Palavras-chaves: Programação Linear Inteira; Problema de Escalas;

Tomada de Decisão.

XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no

Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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1. Introdução

Uma das mais instigantes e intricadas tarefas que o homem enfrenta no seu dia a dia é a de

tomar decisões, e fazer escolhas em direção a criação de escalas de trabalho mais adequadas é

um desafio já abordado por alguns autores na literatura como: o trabalho de Rangel e Évora

(2007) intitulado Elaboração automática da escala periódica de trabalho dos profissionais de

enfermagem, Beppler e Leite (2009) em Sistema para geração de escalas de plantões médicos

e Maenhout e Vanhoucke (2007) na construção de uma lista de programação para uma equipe

de enfermeiras. Esse problema se torna ainda mais crítico quando se trata de gestores e

profissionais da área da saúde, pelo fato deste ser um serviço de necessidade básica. Gomes e

Almeida (2002) ressaltam que tomar decisões complexas é determinantemente uma tarefa

difícil que pode ser vivenciada por um individuo ou um grupo, pois tais decisões devem estar

muito bem coligadas com os interesses, a missão e o objetivo de determinada instituição.

O gestor público de qualquer unidade de saúde tem a responsabilidade de atingir metas e de

fornecer para os usuários uma boa qualidade nos atendimentos com destaque para o setor de

enfermagem. Poltosi (2003) fala que “a pesquisa operacional é a busca de uma solução

considerando a organização como um todo, resolvendo conflitos de interesses entre seus

componentes. Atualmente existem diferentes aplicações, como: indústria, governo,

instituições financeiras e hospitais. Entre vários estudos encontram-se, alocação de recursos,

distribuição e transportes, mistura de materiais, carteira de investimentos e planejamento de

produção”.

Entretanto, esses relatos mostram que a utilização dessas ferramentas no processo decisório

efetivamente melhora a qualidade dos resultados. Dado que a decisão é de inteira

responsabilidade do gestor, correndo riscos em cada uma delas, faz-se necessário o

conhecimento de novos instrumentos decisórios que possam auxiliá-los.

A Pesquisa Operacional é indicada para resolver problemas complexos para auxiliar na

tomada de decisão, além de projetar e operar sistemas em situações que requerem alocações

eficientes de recursos escassos. Este trabalho apresenta uma estruturação de um modelo de

decisão utilizando Programação Linear Inteira (PLI), para auxiliar a tomada de decisão dos

gerentes das Unidades Básicas de Saúde, no que diz respeito à distribuição de trabalho nos

setores de enfermagem.

Conforme Soubeiga (2003 apud Poltosi 2007, p.12) “o problema de escalonamento de pessoal

tratam da determinação apropriada da necessidade de força de trabalho, alocação e designação

de tarefas a esta força de trabalho ao encontro de requisitos internos e externos de uma

organização”. O não investimento no hospital ou centro de saúde, a má utilização dos

recursos, o baixo investimento em educação em saúde e a pequena busca por tecnologia de

informação por partes dos gestores; podem ocasionar em um serviço de má qualidade,

aumentando as filas, e sobrecarregando alguns profissionais enquanto outros trabalham com

relativa ociosidade. Conseqüentemente à baixa eficiência elevam-se os gastos no setor

público.

Jaumard, Semet e Vovor (1997), afirmaram que “as especificações de deslocamento de

pessoal nos setores podem ser incluídas nas exigências da demanda, dando cobertura a essa

mesma demanda e melhorando a qualidade neste cuidado”.

Desenvolver uma medida exata de satisfação do paciente revela muitos aspectos de

cuidados recebidos pelo paciente. Logo, para se medir a satisfação deve-se

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incorporar dimensões de aspectos de cuidado técnicos, interpessoal, social e moral.

(ARROYO 2007, p. 19).

Nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Manaus os problemas relativos à falta de Recursos

Humanos na maioria dos setores é uma constante, conforme a gestora da UBS Dr. Geraldo

Magela, (Informação verbal, Dezembro 2010), enormes filas se formam gerando reclamações

nos corredores devido à demora no atendimento. As auxiliares de enfermagem se

sobrecarregam para atender os usuários, mas ainda não é suficiente para atender a demanda.

Contudo é de extrema necessidade que os gestores saibam “como” os serviços podem ser bem

distribuídos mesmo com a quantidade de servidores disponíveis, para suprir as necessidades

dos usuários que buscam o atendimento.

Simões (2007) identifica que um dos princípios do Serviço Único de Saúde (SUS) conforme o

Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) é a racionalização dos serviços, a fim de

oferecer ações e serviços de acordo com as necessidades da população e com os problemas

mais freqüentes em cada região; e a eficácia e eficiência, a fim de prestar serviços de

qualidade e solucionar as demandas locais, individuais ou coletivas, por meio das técnicas

mais adequadas, a realidade local e a disponibilidade de recursos, eliminando o desperdício e

zelando para que os recursos públicos sejam gastos de forma mais produtiva possível.

Este estudo explora o uso de métodos de PLI no problema de distribuição de trabalho nos

setores de enfermagem, em uma unidade básica de saúde em Manaus. Para alcançar a

distribuição ótima, é necessário traçar e cumprir metas, um ponto a ser destacado nesse

processo é conhecer a realidade da unidade. Para uma maior resolutividade dos gargalos

institucionais, faz-se necessário o respaldo metodológico na distribuição de trabalho, e não

utilizando-se de procedimentos manuais que na maioria das vezes levam em conta apenas

interesses pessoais.

É prática das enfermeiras chefes segundo o Manual de procedimentos da Secretaria de Estado

do Amazonas (2001), que realizem as seguintes ações e procedimentos que devem transcorrer

da seguinte forma: Realização de palestras sobre combate ao uso de drogas para jovens e

adolescentes na unidade básica. Abordando o tema Saúde da Mulher para mães e professoras

das escolas adjacentes. Orientação em grupo semanal, explanando os temas: prevenção de

câncer de mama, colo, útero; planejamento familiar, prevenção de DST/AIDS. Levantamento

e busca ativa das mulheres, da área de abrangência da unidade, e a realização da coleta

citopatológico, e elaborar uma escala de trabalho para as auxiliares de enfermagem. Nesse

último, o método utilizado pela enfermeira é de maneira manual, sem nenhum critério

aparente.

Esse método de escalas deve ser qualificado para tratar problemas complexos de uma maneira

bem simples, principalmente para a enfermeira chefe, sem que onere o processo ou exija

muitos investimentos. A enfermeira chefe, é a pessoa que tem a responsabilidade por cada

decisão tomada e seus evidentes riscos para a equipe e para os serviços prestados aos

usuários, por isso se faz necessário o conhecimento de instrumentos que possam ser utilizados

na tomada de decisão.

O objetivo deste trabalho é minimizar a demanda não atendida na unidade e distribuir de

maneira coerente as auxiliares de enfermagem nos setores, sob ponto de vista real que se

encontra a unidade de saúde. Proporcionando ao gerente e a enfermeira chefe da unidade o

conhecimento de uma estratégia para o alcance da satisfação as profissionais. A metodologia

utilizada para alcançar os objetivos da pesquisa foi à pesquisa-ação, que tem por princípio o

desenvolvimento do trabalho em conjunto com o gestor.

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A solução ótima para distribuição de trabalho das auxiliares de enfermagem é o Setor Preparo

(triagem), pois existe uma demanda muito alta, visando a otimização dos serviços foi indicado

a retirada de uma auxiliar do Consultório de Enfermagem e uma da Sala de Curativo,

melhorando assim a qualidade nos serviços. A aplicação do método aponta aos profissionais

de saúde, o melhor lugar para seus atendimentos e consequentemente aumentando seu nível

de atendimento, ao mesmo tempo permite ao gestor e ao chefe de enfermagem tomar decisões

no que diz respeito à qualidade nos serviços oferecidos.

2. Metodologia

Definiu-se um posto de saúde para estudo, os atendimentos diariamente em cada setor de

enfermagem. A escolha dos setores foi realizada de forma a contemplar todos os setores

envolvidos na tomada de decisão. Foi desenvolvido então um modelo de Programação Linear

Inteira (PLI), que aplicado, permitiu alcançar os resultados melhores que a realidade da UBS

estudada.

Para implementação do modelo, foi utilizado o software LINDO®(Linear INterative, and

Discret Optimizer 6.1). Sendo seus módulos divididos em entrada e saída de dados e a

geração do novo cenário nos setores.

3. Caracterização do problema

3.1 Escala e Distribuição de Trabalho de Enfermagem

A elaboração de escalas e distribuição de trabalho para auxiliares de enfermagem em UBSs,

não é ainda vista de maneira coerente no ponto de vista da produtividade perante os gestores

públicos. Contudo a realidade aponta as enormes filas nos setores que se formam gerando

reclamações nos corredores devido à demora no atendimento. As auxiliares se esforçam para

atender os usuários, mas ainda não é suficiente para atender a demanda.

Na UBS Dr. Geraldo Magela não é diferente, a mesma é situada na periferia de Manaus, e

funciona de segunda a sexta, com os horários de atendimento das 07:00 às 18:00 onde oferece

os serviços de atenção primária de saúde como: curativo, inalação ou nebulização, vacina,

atendimento ginecológico. Geralmente no turno matutino há uma demanda muito maior do

que no turno vespertino, devido o atendimento médico ser feito na maioria das vezes pela

manhã, isso acarreta uma busca excessiva ocorrendo assim às filas na unidade, o tabela 1

mostra a quantidade de atendimento por dia e mês.

Outro aspecto importante é a falta de auxiliares nos setores, atualmente a unidade possui 14

(quatorze) auxiliares de enfermagem, tabela 2, sendo que 3 (três) aposentaram deixando o

quadro funcional incompleto com 11 (onze) auxiliares, tabela 3, o correto seria 16 (dezesseis)

auxiliares de enfermagem na unidade.

Setores Atendimento

Dia

Atend.

Matutino

Atend.

Vespertino

Atendimento

Mês

Média

Atendimento

Curativo 30 20 10 630 5 minutos

Inalação 40 25 15 840 7 minutos

Preparo 192 160 32 4.032 9 minutos

Vacina 45 30 15 945 8 minutos

Consultório

Gineco.

16 0 16 336 15 minutos

Fonte: Secretaria UBS (2011)

Tabela 1- Quantidade de atendimento por dia e mês

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Hoje na UBS a escala é feita manualmente pela enfermeira, com apenas um critério, é

verificado se alguma auxiliar de enfermagem irá gozar férias ou está de licença médica

durante o mês, em relação a quantidade de pessoas nos setores não há parâmetros de

distribuição, tendo muitas vezes que contar com a boa vontade das profissionais

Vale a pena ressaltar, que no final do mês é verificado se cada setor atingiu ou não as metas

estipuladas pela Secretaria Municipal de Saúde, com isso os gestores medem os desempenhos

através das produções mensais, apesar de atingir a meta, as auxiliares de enfermagem vem

enfrentando uma grande dificuldade, a sobrecarga de trabalho, desmotivando esses

profissionais, gerando assim outro tipo de reclamação, atendimento de péssima qualidade.

Dessa maneira, identificou-se uma oportunidade de formular um modelo que facilite e agilize

o atendimento nos setores de enfermagem na unidade, uma vez que a escala feita não

corresponde à realidade da UBS.

N. de Funcionários por

setor

Auxiliares

Matutino

Auxiliares

Vespertino

Setores Matutino Vespertino

Curativo 1 1 Rosa Jasmim

Inalação 1 1 Margarida Lírio

Preparo 2 2 Girassol/Cravo Miosótis/Dália

Vacina 2 2 Camélia/Tulipa Papoula/Narciso

Consultório

Gineco.

1 1 Hortência Orquídea

Fonte: Secretaria UBS (2011)

Tabela 2- Quadro de Funcionários Anterior

N. de Funcionários por

setor

Auxiliares

Matutino

Auxiliares

Vespertino

Setores Matutino Vespertino

Curativo 0* 1 - Jasmim

Inalação 1 1 Margarida Lírio

Preparo 2 1* Camélia/Tulipa Miosótis

Vacina 1* 2 Tulipa Papoula/Narciso

Consultório

Gineco.

1 1 Hortência Orquídea

*.: Saída de Funcionários aposentados na unidade.

Fonte: Secretaria UBS (2011)

Tabela 3: Quadro de Funcionários Atual

3.2 Distribuição do Trabalho

Uma das principais causas da baixa na produtividade é a má distribuição do trabalho como,

por exemplo, volume de trabalho, tempo, custos, capacitação dos funcionários e entre outros

que podem ter conseqüências relevantes não só para empresa ou setor, mas para cada

funcionário.

O alcance dos objetivos organizacionais se encontra atrelado ao desempenho

eficiente e eficaz nos níveis individual, grupal e organizacional. Tal preceito é

considerado válido tanto para organizações públicas em que um desempenho

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precário repercute em serviços de baixa qualidade e insatisfação dos usuários.

(ZANELLI, ANDRADE e BASTOS, p.2004)

Poltosi (2007) afirma que a principal dificuldade em alocar pessoal de enfermagem está na

qualidade de decisão sobre os números de trabalhadores necessários. Quando existe uma má

distribuição na quantidade de trabalhos, alguns funcionários estarão trabalhando a mais que

outros ficando mais ociosos. Com a sobrecarga dos empregados nos setores, ocorre um

desgaste desnecessário na mão-de-obra. Enquanto os funcionários ociosos terão perda

considerável de produção nos setores.

O QDT (Quadro de Distribuição do Trabalho) é um instrumento utilizado com o

objetivo de se analisar as diversas atividades atribuídas a cada uma das unidades

orgânicas existentes numa empresa, visando aferir a carga de trabalho e a

nacionalidade de sua distribuição. (CURY 2007, p. 413)

Esta análise se desenvolve, segundo o mesmo autor, pelos seguintes pontos. Fator tempo:

considerando o tempo consumido pelas diversas atividades; Fator capacidade profissional:

procura um equilíbrio entre as atribuições e responsabilidades dos empregados nos seus

cargos; Equilíbrio no volume de trabalho dos diversos empregados.

4. Problemas de Programação Linear

Um modelo de programação linear é uma importante técnica utilizada na Pesquisa

Operacional, onde ela sempre tem como função objetivo (FO) minimizar ou maximizar z (1),

sendo que a função ao objetivo é sujeita às diversas restrições, e tanto função objetivo, quanto

as restrições são representadas por equações lineares (DANTZIG e THAPA, 2003).

Dantzig (1963) explica que a simplicidade do modelo envolvido e a disponibilidade de uma

técnica de solução programável em computador como o Simplex facilita sua aplicação.

A função objetivo pode ser representada por:

z = (1)

Sujeito às restrições de recursos:

z = (2)

4.1 Programação Linear Inteira (PLI)

Alguns problemas reais requerem o uso de variáveis que assumem somente valores inteiros.

Quando isso acontece tem-se um problema de Programação Linear Inteira (PLI). Este

problema pode ser definido com a formulação a seguir:

maximizar ou (minimizar)

z= g0 (x1,x2,...xn) (3)

sujeito a :

gi (x1,x2,...xn ) (≤ ou = ou ≥) bi, i ϵM = {1,2,...,m} (4)

xj ≥ 0, j N = {1,2,...,n} (5)

xj inteira, j I N (6)

no qual xj , j N são variáveis, gi i M U{0} são funções das variáveis x1,x2,...xn, e bi, i M são

constantes conhecidas. Se I = N, isto é, todas as variáveis são inteiras, então o problema é dito

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de PI. Caso contrário, se I e N, então chama-se de problema de Programação Linear Inteira

Mista (PLIM).

Em muitos dos problemas abordados em PI, as funções gi,{0}UM são lineares e o modelo

pode então ser descrito como mostra a equação (8) a seguir:

maximizar ou (minimizar)

z= (7)

sujeito a :

(8)

x j ≥ 0, j N (9)

x j inteira, j I N (10)

Onde, cj, aij e bi são constantes conhecidas para todo i e j, e xj são variáveis não negativas. Se

I = N, isto é, todas as variáveis são inteiras, então se tem um problema Programação Linear

Inteira (PLI). Se IN, então o problema é de Programação Linear Inteira Mista (PLIM).

Muitos modelos práticos de PLI restringem algumas das variáveis inteiras para valores “0” ou

“1” e, neste caso, tem-se um problema de Programação Linear Inteira Binária (PLIB). Estas

variáveis são usadas para decisão: sim (“1”) e não (“0”).

Segundo Goldbarg (2000) esse modelo é básico para a compreensão de todos os outros

modelos de Programação Matemática. Outra vantagem está na eficiência dos algoritmos de

solução, disponibilizando alta capacidade de cálculo.

5. Resultados

O modelo não foi implantado no ambiente real de onde foram coletadas as informações, o

teste realizado se comportou de maneira aceitável, conforme o estudo a seguir.

5.1 Modelo Proposto

Primeiramente o problema foi modelado, através de um modelo de programação linear inteira,

com o objetivo (FO) de minimizar z (11), que busca a minimização da capacidade ociosa da

unidade. O modelo permite a customização da carga horária específica para cada setor e turno

, esta escala é estabelecida em minutos por dia de trabalho. O número de auxiliares de

enfermagem que serão alocadas a cada setor e turno também são variáveis determinadas pelo

modelo, porém obedecendo a restrição de utilizar toda a mão obra disponível na unidade (13).

A demanda de usuários é estipulada para cada setor e turno, sendo que um tempo médio de

cada atendimento é levado em consideração para a determinação do tempo necessário para

atendimento destas demandas, visto que em cada setor diferentes tipos de procedimentos são

realizados. Outras restrições importantes para o modelo são as que definem a ociosidade

como sendo o expediente em minutos das pessoas alocadas por dia num turno e setor

específico, menos a capacidade ociosa em minutos por dia neste turno e setor, deve ser menor

ou igual ao tempo médio de atendimento de pacientes no setor multiplicado pela demanda de

atendimentos neste setor (12). Todas as variáveis do modelo também precisam ser inteiras e

positivas (14, 15).

A função objetivo pode ser representada por:

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8

(11)

sujeito às restrições:

(12)

(13)

(14)

(15)

em que,

: variável de decisão, capacidade ociosa em minutos por dia no turno i no setor j;

: número de pessoas alocadas por dia no turno i e no setor j;

: demanda em atendimentos de pacientes por dia no turno i e no setor j;

: expediente em minutos por dia de trabalhadores alocados no turno i e no setor j;

: tempo médio de atendimento de pacientes no setor j;

: número de turnos;

: número de setores;

: número de funcionários disponíveis na unidade;

5.2 Aplicação do método proposto

O modelo inicia-se pela divisão de cada setor por turnos de serviço, conforme tabela 4,

sabendo que cada auxiliar de enfermagem na UBS trabalha 6 horas por dia, o número de

auxiliares disponíveis é 11, e que tanto demanda, quanto tempo médio de atendimento

obedecem aos dados já apresentados na tabela 1. Pode-se organizar as variáveis de decisão

conforme a tabela 4.

Curativo Inalação Preparo Vacina Consultório

Ginecológico

Turno

matutino X1 X2 X3 X4 X5

Turno

vespertino Y1 Y2 Y3 Y4 Y5

Turno

matutino OCM1 OCM2 OCM3 OCM4 OCM5

Turno

vespertino OCV1 OCV2 OCV3 OCV4 OCV5

Fonte: Autor (2011)

Tabela 4: Setor por turno do posto estudado

Para resolver o problema de PLI foi utilizado o software LINDO, modelando o problema

conforme código abaixo.

Min ocm1 + ocm2 + ocm3 + ocm4 + acm5 + ocv1 + ocv2 + ocv3 + ocv4 + ocv5

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9

st

x1 + x2 + x3 + x4 + x5 + y1 + y2 + y3 + y4 + y5 > 11

360x1 – ocm1 < = 100

360y1 – ocv1 < = 50

360x2 – ocm2 < = 175

360y2 – ocv2 < = 105

360x3 – ocm3 < = 1440

360y3 – ocv3 < = 288

360x4 – ocm4 < = 240

360y4 – ocv4 < = 120

360x5 – ocm5 < = 0

360y5 – ocv5 < = 240

end

GIN 20

A solução encontrada pelo software para o problema após a execução do modelo está

apresentada na figura 1, ao observar na solução podemos verificar que, X3 no setor Preparo

matutino, a enfermeira deve alocar 4 (quatro) auxiliares de enfermagem para garantir uma

melhor fluidez no atendimento. No X5 setor Consultório Ginecológico, está zerou porque não

existe atendimento neste turno e no Y1 setor Curativo, no turno vespertino possui uma

demanda baixa, sugerindo que remaneje a auxiliar para outro setor com demanda alta. Nos

demais setores a solução ficaria a presença de uma auxiliar de enfermagem. A solução

apresenta ainda uma demanda não atendida de 50 no setor de curativo durante o turno da tarde

(Row 4).

Figura 1 – Solução encontrada pelo modelo

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Podemos analisar o cenário atual através da figura 2, o turno vespertino apresenta um elevado

grau de ociosidade comparado com turno matutino. Com a escala de distribuição atual das

auxiliares de enfermagem, percebe-se que no turno vespertino a oferta é maior que a

demanda. Outro ponto a ser destacado é no setor Preparo durante o turno matutino a demanda

é muito maior que a oferta, assim como o setor vacina matutino, revelando um desequilíbrio

na criação da escala, implicando em sobrecarga nas auxiliares.

Figura 2- Cenário atual da UBS

Com aplicação do método, figura 3, pode-se observar que a distribuição das auxiliares de

enfermagem está mais adequada, sugerindo que haja um equilíbrio na oferta da unidade, e

conseqüentemente ocorra uma queda considerável de ociosidade no turno vespertino. Outro

ponto a se destacar, é o equilíbrio no setor preparo onde há um equilíbrio tanto na oferta

quanto para demanda, e ainda na vacina, onde também ocorreu um significativo equilíbrio.

Figura 3- Novo Cenário para UBS

6. Considerações Finais

O método desenvolvido possibilitou a criação de estratégias para satisfazer e atender as

necessidades das profissionais de enfermagem, assim como para os usuários, reduzindo o

tempo de espera geral e suprindo melhor a demanda. Além disso, o resultado fornece a

demanda não atendida, como é visto na solução do problema, servindo como argumento para

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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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gestora da UBS reivindicar mais auxiliares de enfermagem, favorecendo assim a continuidade

na prestação de serviços de modo eficaz e melhorando a satisfação dos usuários.

A análise dos resultados dá uma melhor alternativa para os profissionais e para os usuários da

UBS estudada, percebe-se a colocação de 4 (quatro) auxiliares de enfermagem no setor

preparo, mesmo que os setores com pouca produtividade como consultório ginecológico

matutino e curativo vespertino fiquem sem profissionais. Este estudo permite que a gestora e

enfermeira chefe, responsável pela criação da escala, realize modificações na distribuição de

trabalho de modo equilibrado, diminuindo os problemas de sobrecarga e a ociosidade das

auxiliares de enfermagem.

Este modelo, ou variações dele, pode ser implementado em outros casos de determinação de

escalas de trabalho, principalmente quando o foco do tomador de decisão é o aumento da

produtividade dos funcionários.

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