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16/05/2013
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Os estudantes possuem concepções alternativas resistentes à mudança.
Como concepções alternativas podem ser transformadas ou
substituídas?
Modelos de Ação Didática
• Principal: Modelo da Mudança Conceitual
• Posner (1982) – Mudança Conceitual Mudança de Paradigma
de Kuhn
– Conflito Cognitivo Anomalia
• Hewson & Thorley (1989) – Concepções alternativas
– Concepções científicas (mais plausíveis)
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Mudança Conceitual: condições necessárias
1. Insatisfação com os conceitos existentes (Incapacidade de resolver problemas, compreender situações).
2. Nova concepção inteligível (claro, perceptível, compreendido).
3. Uma nova concepção deve aparecer como verossímil (plausível, coerente).
4. O novo conceito deve sugerir a possibilidade de um programa de investigação frutífero.
Ausubel Aprendizagem significativa
Interação
Conteúdo a (externo à mente do aprendiz)
Conceito subsunçor A (disponível na mente do aprendiz)
a A a’ A’ A’
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Críticas às propostas construtivistas
• Abrangência e Multiplicidade de significados do termo
construtivismo
Críticas às propostas construtivistas
• Solomon (1994) –Sistemas com epistemologias diferentes
precisam coexistir na mente do indivíduo
–Construtivismo não explica a aprendizagem de conceitos totalmente novos para o indivíduo
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Críticas às propostas construtivistas
• Mortimer (2000)
– Ensino para mudança conceitual: pouco efetivo
–Os indivíduos não abandonam suas concepções alternativas
–Propõe a modificação de perfil conceitual
Críticas às propostas construtivistas
• Cachapuz (2000) – Ênfase excessiva na aprendizagem de conceitos
científicos
• Outros autores – Caráter fatalista (o conhecimento não pode ser
transmitido) e permissivo das abordagens (o aprendiz aprende por si só).
– Desconsideração por fatores afetivos
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Perfil Conceitual
Richard A. Duschl, editor de Science Education
Um grande número de estudos que esse periódico recebe para apreciação "continuam a examinar e meramente descrever conceitos alternativos ou
misconceptions de estudantes e professores“.
(Duschl, 1994, p. 206, Science Education, 78(3): 203-208)
É tempo de avançar, pois "sem qualquer investigação ou análise que ajude a promover
um entendimento tanto das fontes dessas concepções quanto das estratégias envolvidas na sua utilização, a pesquisa é simplesmente
descritiva”.
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“Mudança Conceitual = Aprender Ciência”
Contexto
Consenso acerca de seu significado?
A exemplo do que ocorre com 'construtivismo', 'mudança conceitual' se torno um rótulo a
cobrir um grande número de visões diferentes e, até, inconsistentes.
Esse grande sucesso do programa de pesquisa
construtivista levou os mais entusiastas a
falarem em uma "fase pré-paradigmática” das
pesquisas em educação científica. Antes que
pudesse evoluir para num paradigma, o
construtivismo começou a dar sinais de
esgotamento.
Mortimer, 1996
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Construtivismo: sinais de esgotamento
Esgotamento das pesquisas sobre concepções alternativas
Número razoável de artigos na literatura criticando aspectos filosóficos, psicológicos e pedagógicos do construtivismo
"um modelo construtivista de aprendizagem não tem como consequência lógica um modelo construtivista de instrução" (Millar, 1989, p. 589).
• Mudança Conceitual: baseada em conflitos
Experimento Ideias dos alunos
Conflito
Empirismo: é possível modificar e construir novas idéias a partir da
experiência sensorial.
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Construtivismo: limitações e dificuldades
Formação do professor
Tempo
Estratégias que não avançam além do senso comum
Estratégias desconectadas da proposta original
Dificuldade de reconhecer os conflitos
Criação de ideias ad-hoc (adição de hipótese estranha a uma teoria para salvá-la de ser falseada.)
Nem todas as ideias alternativas são úteis na construção do conhecimento científico
Muitas pesquisas
As ideias dos senso comum não são substituídas pelas
ideias científicas
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Perfil Conceitual
Duas premissas:
1. Uma pessoa pode usar diferentes formas de pensar em diferentes domínios;
2. A construção de uma nova idéia pode, em algumas situações, ocorrer independentemente das idéias prévias e não necessariamente como uma acomodação de estruturas conceituais já
existentes.
Perfil Conceitual: origem
• Bachelard em 1940:
– 'noção de perfil epistemológico‘
• Uma única doutrina filosófica não é suficiente para descrever todas as diferentes formas de pensar
quando se tenta expor e explicar um simples conceito.
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Cada indivíduo pode traçar seu perfil epistemológico para cada conceito científico.
Cada zona do perfil é relacionada com um perspectiva filosófica específica, baseada em compromissos epistemológicos distintos.
Cada parte do perfil pode ser relacionada, portanto, com uma forma de pensar e com um certo domínio
ou contexto a que essa forma se aplica.
Realismo: o pensamento de senso comum
Empirismo: ultrapassa a realidade imediata através do uso de instrumentos de medida
Racionalismo Clássico: os conceitos passam a fazer parte de uma rede de relações racionais
Racionalismo Moderno: as noções simples da ciência clássica se tornam complexas e partes de uma rede mais ampla de conceitos
Racionalismo Contemporâneo: ainda em desenvolvimento, que englobaria os avanços mais recentes da ciência
Zonas do Perfil Epistemológico
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Noção de Perfil para o conceito de massa
• Realismo: tem massa aquilo que é pesado
• Empirismo: a massa é medida pela balança
• Racionalismo clássico: a massa é definida como o quociente da força pela aceleração
• Racionalismo moderno: A massa não é mais absoluta no tempo e no espaço, mas torna-se uma função complicada da velocidade.
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Matéria contínua (concepção sensorialista)
Matéria descontínua, isto é, composta por partículas. As partículas a) Apresentam as mesmas propriedades da matéria macroscópica; b) Não possuem espaços entre si; c) São estáticas
Concepção clássica
Concepção quântica
Perfil conceitual referente ao átomo e
estados físicos da matéria
Contribuições da noção de perfil conceitual
– Mostra como os indivíduos lidam com novas idéias;
– As pessoas estão menos preocupadas em tentar solucionar inconsistências em seus próprios conhecimentos;
– Discutir situações em que existam diferentes formas de interpretações da realidade.
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Por uma visão mais plural dos processos de aprendizagem
Como as pessoas enxergam suas próprias experiências de aprendizagem?
27 professores (ciências, física, biologia e matemática)
Questões: 1) Relatar um exemplo de situação em que você sofreu
mudança conceitual. (23 exemplos) 2) Relatar um exemplo de situação em que você
construiu uma concepção nova que passou a coexistir com a velha. (15 exemplos)
Mudança Conceitual
• Concepção Anterior – Ciência conduz a conhecimentos
que são verdades absolutas e imutáveis.
• Concepção atual – Ciência conduz a conhecimentos
que não são verdades absolutas e imutáveis.
• 18 % dos professores mencionaram este exemplo
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Formação de perfil conceitual
• Tempo e espaço são absolutos.
• Tempo e espaço são relativos.
• 11% dos professores mencionaram este exemplo.
• Luz pode ser entendida como onda.
• Luz pode ser entendida como partícula.
• 7% dos professores mencionaram este exemplo.
Por uma visão mais plural dos processos de aprendizagem
• 63% dos professores consideraram ter vivenciado ambas experiências;
• Podem ocorrer, em um mesmo indivíduo submetido à escolarização, ambos processos.
• A formação de perfil conceitual pode ter sido uma etapa intermediária de um processo que resultou em mudança conceitual.
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É importante reconhecer...
• Diversidade de abordagens e concepções
• Processos de ensino e de aprendizagem são complexos e envolvem diversos fatores
• Qual o objetivo do ensino de química
• Onde quero que meu aluno chegue
Bibliografia
• BASTOS, F. et al. Da necessidade de uma pluralidade de interpretações acerca do processo de ensino e aprendizagem em ciências: re-visitando os debates sobre Construtivismo. In: Nardi, R.; BASTOS, F.; DINIZ, R.E.S. Pesquisas em Ensino de Ciências: contribuições para a formação de professores. São Paulo: Escrituras Editoras, 2004.
• MORAES, R. Construtivismo e Ensino de Ciências: reflexões epistemológicas e metodológicas. Porto Alegue: EDIPUCRS, 2000.
• POSNER, G.J.; STRIKE, K.A.; HEWSON, P.W.; GERTZOG, W.A. Acomodacion de un concepto cientifico: hacia uma teoria del cambio conceptual. In: PORLÁN, R.; GARCÍA, J.E.; CAÑAL, P. Construtivismo y Enseñanza de las Ciencias. Sevilla/ESP: Díada Editorial. p. 89-112. (Coleccion Investigación Y Enseñanza)
• RANGEL, A.P. Construtivismo: apontando falsas verdades. Porto Alegre: Editora Mediação, 2002. 79p.
• UFRN. Instrumentação para o Ensino de Química II. Programa Universidade à Distância. Natal: MEC/SED/UFRN. 13p.
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Bibliografia
• BACHELARD, G. (1984). A Filosofia do Não; In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, p. 01-87.
• MILLAR, R. (1989). Constructive criticisms. International Journal of Science Education, 11(5): 587-596.
• MORTIMER, E.F. Construtivismo, mudança conceitual e ensino de ciências: para onde vamos? Investigações em Ensino de Ciências. V.1(1), pp.20-39, 1996
Próxima aula...
• CTS na Educação