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Modernidade e Ps-Modernidade - Pierre Sanches

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Page 1: Modernidade e Ps-Modernidade - Pierre Sanches

1 A MODERNIDADE

Piem 8a-=1IM(Antrop61OSQ ti ProCeuar do DepuumenlO eh SocioIoeia.

Antropoloc" d. 1I11ivanidado Podara! da Minu a-. (lIFMG)

lContertttda apr"liMln&ada DO II' Simp6I:io de EItac:IM Itcn6lúc:oa eSoCol~ "MoeIomidado. Um Pn>jetoloocabadorr, _ pa1aFonllftciaUaivmododec._elaMinu Gania (PUC'MG), .. 28de MIembrode 1992.

tempo mude, que o Mito seja desqualificado comofonte eterna e externa da dignidade . e até dareelídede . de cada momento, para que pOlUIa emergiro p~sente enquanto tal, com o seu valor próprio, nasua qualidade de novo, erigido na ceneciêncie doshomens de uma época, de Uma civilização. em critériode julgamento do passado (Vaz, 1992). Um cort •. Eum corte que estabelece uma hierarquia. Não hámodernidade sem valorização do presente (e até, porprojeção, do futuro). Por "relativo" que seja, oconceito de modernidade não é. por conseguinte, umconceito "neuere": ele classifica e implica umaconcentração de valor num vetar direcional dahist6ria, aquele que vai do passado ao futuro atravésdo presente, momento e [OCUI de sua apreensão. Emomento tanto mais apreciado quanto ele representauma ruptura, advento de um "novo" valor.

Ora, e isto será a nossa segundareflexão, não são t0da8 G8 civilizaçõe. nem to<úu a..scultura. qlU! ordenam cu.im Da "grn.ento. do tempo.Podemos até afirmar que, mesmo se, de fato, seencontram "mcdernídedee" em too... u culeuree etodas as civilizações, no sentido em que todasapreaentam cortes, rupturu e novidades, eere ente anoslla 58 caracteriza . até quase se definir - pelavaloriza.çao do novo relativamente ao "antigo~ ou ao"tradicional". Entre os doi. p6loe da tradição. damodernidade, o valor, no interior du culturas, aedistribui d..igualmente. E, sem d6vida, a noasa 6que meis claramente opte pelo s.gundo d..tes p6loo.Sob outroa climas culturai•• a maioria, ante! que odo Ocidente venha perturbá..los ou recobri-Ice . era areferência à Tradição que valorizava o próprioprNente e permitia acolher sem dramas a novidade:as grandes tranaformaçõe., de origem aógena ouinterna, deviam apresentar-se sob o manto daTradiçio para lecem aceita. Peasa-se, por exemplo,no- inúmera. movimentai messiânicos queantecederam as independinciu políticas pó••coloniais, na ÁCrica e na Oceania: era, 'em dúvida. anovidade d.aa eetruturu aoeiais, da organizaçãopolítica, da implanteção tecnol6gica, da cultura, queestava sendo planejada e introduzida, mas paracn..ta1izar o dMejo coletivo, mobilizar as energiusociaia e ser assim legitimada, esta novidade deviaaparec.r como uma volta • grande Tradiçãor..teurada (Balandiar, 1955, 1957; Qu.iroz, 1965,1968),

Nest. sentido, terceira observação,a ........ cíuilizaçlio I a cíuil~1Jo á4 modernidade. Aai.temática da modernidade marca definitivamente onoaao imaginirio, o nOMO aiatema de percepção, anONa ..cala valorativa. n••de que o Ocidente seconhece como gente, ele aparece· e eobretudo ele seaparece a .i próprio - como feito d. modernidadessue•••v... Por i ••o é impoaível, nele, falar de U17I4

modernidade, mu de uma conjuntura permanente demod.rnidado. O homem ocidental viveparadcmalmenu - ou ..pira a viver - em estado demodernidade. e bem poderia ser este o sentido queelo acaba dando à sua própria hi.toricidad.: um

~'

MODERNIDADE E PÓS.MODERNIDADE1

Modernidad. • P6e·Mod.rnidad•...Uma opoe.çao, apar.nte ou real, .nUe doiamomento. de civilização? Cabe-noe, hoje, antes d..três noites destinado a Iimitá·la • particularizá·la,abordar a problamática da Mod.rnidad. na suageneralidade. Para isto, convém fazer, numaPrimeira Porte, algumaa ob8ervaçõed.

É preciso, antes d. tudo, rc1ativizare$te conceito: Não ui.te, em li. uma "modernidade";sempre ee 6 o "moderno" de alguém. Modornidad. 6relofáo, ti nlação nio-nece••ária. Pua que eURa, ,preciso encontrar, destacar ti privilegiar, no Ouso dotempo, um lugar: o prucntc, • partir do qual o tempoido torna-se "passado". Par.... banalidade, mas nioé. Pois a categoria "tempo" é hiltoricamentemodulada, • o tempo do homem nio lhe 6 dadonaturalmente, como um quadro neutro, onde seordenariam nec......nameote c. momentol.ucueiva­d. sua atividad.. Entre memória, consciência ti

imaginação, oe mode108 de relação são variad08,of.recidoe à ..colha de 6poca11 o civilizaçõea. O tampodo Mito. por a.mpla, • um. eterno prelente, poisatrav6a do mito o "tempo primordial", o t.mpo comoque Cora do tempo, torua·•• eonatantemente pr••ent.ao presente. O próprio do Mito , precioam.nt. fazarcom que o segmento do tempc-fcra-dc-tempc em queo Mito s. projete ••ja arqu.tipicamante vivido comopermanentemente contemporlneo (EUade, 1969,p.48-64; p.61-94). Para hav.r modernidado, aocontrário, é preciso que a repr-entação .ocial do

Anális. & Conjuntura, Belo Horizont., v.7, n. 2.3, moia/dez. 1992

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tempo que amadurece através de uma sucessão demodernidades cumulativas.

Será possível, no entanto, marcarum inicio no tempo para a emergência deste filãocivilizacional? Precisaria buscá-lo, provavelmente,nos séculos seminais do milagre grego, quando, deum lado, a razão· e o seu instrumento o conceito ­veio substituir o Mito como fonte de explicação douniverso e do homem, impondo à consciência do novocidadão pensante o advento de uma nova era, em queo homem, diante de um coamos percebido comopotencialmente organizado, eennr-ee-íe capaz deapreender a ordem das coisas, jogando sobre atotalidade delas a rede de eeua conceitos articuladose hierarquizadce, e reencontrando assim, paraparticipar dele pelo Jogo de "lU própria.instrumentce racicnais, O princípio ontológico eepistemológico que, fora do mundo, explica o mundo,fora do tempo, faz o tempo fluir. Contudo, assimfazendo, eate homem tinha cOllllciincia deestabelecer, entre ele próprio e o universo das coisas,uma refação de tipo inteiramente novo. Sabia-lIe elecriador de um novo tempo, criador do tempo,podemos até dizer, porque da história, ou seja destemomento de "presente" a partir do qual o plUIsadorecebe aentido. A aventura epistemológica e históricado hcmen- ocid.ntal começa com a fTIOfUrnidGtJ.grega (Vaz, 1992, p86-91).

Depois dioto, o tal , o nONO pontoaqui, este homem ocidental nunca mm deixará decontemplar-se & si mesme, prosredindo, como numjogo de amarelinha, de modernidade emmodornidado. Ao acaao, evoquomoo a1l1W'lu d.lu,atravú das quaia ele tomou consciência d. ai próprio:o Renascimento carolíngio do eée. IX, o nueimentode uma civilização urbana e a inatitucionalização darefleaêc oiotemática pela fundação du univonidad..no séc. xn a efiorucência racional e ucolútica,política • eoeética (pen..·.a naa cateclrai.) do oéc.XIll. E, nce oéculoa XIV • XV, a Devotio modorna, oadvento de um. reorsanizaçio total do território emtomo das naçõu "modem..-, o lentimento"mederno" da dramatieidade da aiotinei., que oeproclama contraditoriament& na aibição da corteelw<uoau • opulentaa e na terrlvel expr-.ividadeartíotica doa campoe aantoa e doe monumontoafúnebres. Ara Nova, ata tamb6m, tanto quanto aoutra, que tranaformari a música logo depoia, tantoquanto o.rá •nova· a arquitetura do Quatl'oeonto, ouo Novum Orpnum de Baoon. S.m falar do ponaar,filoo6fico ou e.ol6tlico, que, preparando ..ta últimaM novidade", aerá, ele pr6prio, aentido <:omo novo, noseio dai novas ordena mendieantee, orientando cadavez maia (com Duns Scot, aobratudo com. Ockam) aexplicação do univerao para u chav.. do individuo,do individual, do individual obaoluto at6, cujavontade livre e não & decorrincia da sua esaincia,lógica, racional e neceeeária, tem fundado a ordemdas coiou (Giloon, 1944).

Modernidades sucessivas,experimentadas e eutc-enehaedes como tala, e queculminarão, no séc. XVI, com a irrupção tríplice, emreligião, da Reforma, em antropoviaão, doRenascimento, em cosmografia e geografia, do mundocoperniciano, de um lado, e, enfim, do ~ovo Mund02 ­que somos nós, as Américas. condenadas a que tipode modernidade? CPais do futuro M

? ) Mas aconsciência de modernidade não esmorece depoisdeste paaso gigantesco. Tomarei como testemunhodisto somente um indício, situado ao nível primáriodo vocabulârio: a avalancha de "novidades" que oeséc. XIX e XX projetarão sobre o mercado da cultura.Depois da Nou« Heloisa, de Rousseau, O NovoCriatiani.mo de Saint Simon, O Novo mundoamoroso ou Novo mundo industritü e Soeietârío d.Fourier, o. Nova. Principia. cU Economia Politica,de Siomondi, O Novo Espírito C~ntífico deBacholard, A Ncwa Clio, na Hietôrie, A Ncwa Criticae L'Art Nouueau, o Nouwau Ramon, a NouietleVC6'", o cinema Novo, o N~ looJc., a Nove E.q~r~a Nova Lógica; Ncwi Mir (Novo Mund4! e NEP 114

URSS de Lênin, o Neli! Deal do Roooevelt e aAjrência Ncwa China na China de Mao T., TunlJ; 08

Ncwa. Caminho. da Ontologia, de Hartmann e, porcúmulo - mod.rnidade no pr6prio núcleo do oinal doeterno -, o Novo Ccteci,mo ...

Mas esta permanência - e opulentamanifutaçio - de um critério comtantementereiterado d. valorização do "novo", no decorrer d.noaaa hi.8tória, do '"novo" entendido como o"moderno", que ee opõe 80 "antigo ultrapassado", nionOllevaria & uma relativização ab80luta da categoriaque , o noaoo objeto do reflexão ..te noite? Comefeito, se b' modernidade em todo momento e lugar,ilto equivale a nio haver nenhuma. A modernidadeseria, peJo meJ10ll para noaaa civiliução, um processoem pennanente realização e, por definição, nuncaacabado. Quanto à P60·Modernidade, o oeu concoitomUIDo utaria então deaprovido de sentido.

É, pail, preciso acrucent&r umponto fundamental .. nooaaa reflexõoo • o quinto, oenio houver eapno. Apelar de se constituir, noOcidente, e dade • aua emergência primitiva naGricia, num imenao proceaao de desencadeamento demodarnidadea IUc...ivu, d..ntranhadu um.. duoutra como .. etap.. concatenadu d. um fOffo deartifteio demultiplicado at6 o infinito, a Modernidadeé su.ceptivel de ser periodicizada e, muitoparticularmente, de revelar uma iPl/lu&>{und4m.nt4l • •;"nifü4tiva. É .la - ..ta inflexão, quatem data que tornará I.ptimo folar DAMODERNIDADE, o.m risco de confUllão nemambisilidada.

2t ... 1802 ou um qao A.v..,_ .......... Pedn>~ deM6diel • ~ • pubIk:wIa ClIII'DO II~ NlWIM que !b.ou •imapm u&6p6ca do bcnMal JWanl. 90bn~eoa.~ do tnttiobru:iM:iro l M~ Clàdatal, qtM oh~ 81oe6Clco doNculo XVI Wcia • qu. roi term1Dada eoua o irutitidaaliaDorwolv.eioU:rio do lIkalo xvm P'raDco (1976, p.22-2S) • Andrade(1971, ,.214-210).

Anála. '" Conjuntura, a.Jo Horizonte, v.7, n. 2 e 3, maia'de•. 1992

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Os caminhos que levavam, nosséculos XIV e XV, para a revelaçio do individuo comoa chave, ao mesmo tempo de compreensão douniverso e de organiza~ão do espaço social, vão, comefeito, desembocar, num lapso de três séculos, II!

através de eecntecimentce ao mesmo tempo politicos,religiosos, culturais, têcnico-econêmicee eepistemológicos, numa verdadeira apoteose destemesmo indivíduo. Quando Lutero rejeitava atotalidade eclesial preuistente para reconstruir asua fé, a partir de sua experiência pessoal, pelareconsideração criteriosamente individual dasEscrituras; quando Descartes radicalizava em simesmo e no próprio ato do seu pensar, sua procurade um ponto de partida absoluto para a operação dereccnatruçâo noética do mundo; quando,radicalizando eles também as sugestôes de Rousseau,os revolucionérios parisienses declerevem-ee um"povo" e uma "Neçêo" pela exclusiva determinaçãolivre de cada um doe cidadãos, a noasa civilizaçãoentrava, por etapas mas etapas que marcavam odesdobrar de um mesmo princípio transformador, naaua MODERNIDADE. 3 A Razão por princípio, aeminterferência de fundamento ou de chancelaepistemológicos externos ao homem e ao seu espírito;o Indivíduo por ator e, mais radicalmente, pordesencadeador de uma operação globalizante: a dacorrstr-uçâc de um universo racional, abertodoravante ào reduçõu abatratizantea o aeessível àmanipulação; enfim, por instrumento e condição, oexercício de um radical Liberdade, autonomia diantedoa podere. tanto c6smiC(W quanto eccíeíe e atésobrenaturais, autonomia somente limitada por umadecisão, também ela, individual e livre: submissão àlógica, opção de fé, contrato Boda!. Esta , a"modernidade modoma"(Vaz, 1992, p.92), e queprovavelmente veio para colocar um marco diviaório,do cuja radicalidado e profundidado ó _Iveldiscutir, sem dúvida - e esta diacuaeão ..tá nocoração de debaw atuai., na Antropologia, porezempl04 -, mail cuja ui.tincia , di..ftci1 necar entre,do um lado, o nOIBo pr6prio puaado o n6a moamoa e,per outro lado, entre a nOll.a civilizaçio e o que eramas outras antes que a nossa .. atingiaa. e ..marcasse de sua imaaem.

Deata modernidade acabamoa danomear oa princípioa fundamentoU.. Este. princípiosse desenvolvem criando raíz.. pmCOll.ociai., fazendoenfim emerJir o -homem modemo". AntM d. tudo,ele é. É el ... m..mo e d...ja que dele tambltm emanea aua ~cia. Diante do cariter fundante doexercicio individual d. lUa ruio, o universo daacoiaaa torna-se objetb, divisível e r-edutív.1 aoinfinito, a fim de poder oar aubmatido e

30ral d.... bnnento, 6 daro, nAo _ rMtl&a Mm voI., dittillpDn.eaDlinJu-~. hulh1duo D.Ao .........&e idAntieo a IIQjIliIoou peuoa. auwa.oaúa • tiberdade. Lu.-o. o Au1k1arun.a. K&Dl • H....nAo te mcedMll uam eaminho UJlÜiDMI'. Valioeu ctiIci~, por,............ Ilirdull (I_l.'Quao1O .. díYeni.dade da ·fUIo-, d. o d.ebat. nceIltMDuleretomado em lOrDO du~ j& Uld,pa cie Hor1Ocl (lWO); quaa,loao lndiridualimao•• eDI1crw......... tomo da tdtSu de L. I>maoaL.POI' U. Renaul (1989).

instrumentalizado. Aliás, objeto ob-jectum é para eletudo o que está abaiso, mas também acima destesuhjectum • o Sujeito· em que ele se transformou: omundo material, mas também o das relações sociais,o de seu corpo, o de sua interioridade na medida emque ela transborda dos limites, racionalmentetraçados, da razão; o sobrenatural enfim, e a religião."Onto-antropolôgico" como ainda diz o P. H. de LimaVaz deste segmento de civi.lização. Pelo fato mesmode se achar o homem situado, como Sujeitoinfundado, frente a um mundo cujo conhecimento,analítico • particularizante, constitui para ele umaverdadeira operação de "criação de mundo" (Vaz,1992, p.94). Cada vez mais ele tenderá a fazer ummundo-pera-c-homem, quer dizer um mundoracional, cenheeendo-o. Assim ele se descobriráapetrechado para transformar o próprio mundo-em­si, também ele segundo os ditames da razão. Aasumireste sonho da tecnologia, esta engenharia material deorganização do oiJeU1'1Wné, como queria Saint Simon,bem como eata engenharia social, "administração deaccieee e administração dos homens", serápl"Kisamente franquiar-lIe das leia deste mundo-que­está·af (a natureUl) . descobrir estas leia e obedecer­lhes, é verdade, maa ezatamente na medida,conforme a fórmula célebre, em que, com ieec, s.poaae dobró·las e u1trapasaar .eus limitas· do modoa envolver o universo, doa homens e d.. eoi__, numimenso projeto remador antropocêntrico. Razão eliberdade .ão mutuamente reíerid.u, conforme a"""encial lição "moderna" de Hogol: "Eata faculdedoque o homem pode conaiderar como sendo o que lhe épr6pria, elevada acima da morte e da destruição (... )é capaz de tomar decisões por si-mesma. Ela seanuncia como razão. Seu legislar de nada depende eela não pode buscar seue critérios em nenhuma outraautoridade, na terra ou noa céus" (Mareuse, 1978,p.21).

Neste sentido, o advento damodvnidade indíviduali_ta., que Dumont analisa emopoaição ao "holisme" totalizante e hierárquico demuita .ociedade. tradicionais. ao meemc tempo queelo frapenta as instâncias a oa objetoo doconhecimento para abordá-lae com uma inuoráveloficácia tranofonnadora, tonda paradoulmante aglobaliz'.loa em grandeo aintoaoa explicativas oprojetivu. Para citar somente doi. ezempl08, 8011

axtromoa opoatoa do Isque ideológico, mas bemhomólOlJOll por certoe upectol PlIenciai., tenma. deum lado a IlÍnte.. reeapitulativa du ciências ­indueiv. a ciência da .ociedade • doa Sistema deFilosofia o Siatema de Política Poaitiva(o) de AugusteComte e, se não de Maa, pelo menoe d. certomamamo, uma Filoaofia da Hiat6ria, que pretenda,como a outra, em aentido difennte, é verdad.,deacobrir loio de rentabilização e aotabilidade depoiad.u grandee trlU18formaçÕ&8 a fim d. que poellaacontecor o fim da pró-hiIIt6ria, palo advento do ummundo en6m int.iramente racional, fruto de umprojeto coneciente • volunUrio, pertencente a umahumanidade foite de livrea indivíduoa.

Análioo &: Conjuntura, Bolo Horizonto, v.7, n. 2 o 3, maio/dez. 1992 45

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2 A PÓB-MODERNIDADE

. Se tal é a mcdernidad•• se, apeaardo particularismo histórico que acabama:. dereconhecer, o esquema de "modeenídedea sucessivu"antenormente analisado continua válido, qual poderáser o sentido do conceito de pós-modernidade?Eaeminá-lo-ernos nesta Segunda Parte.

No interior do processomodernizador, cada modertÜdade é seguida pelamo~ernidadeque lhe sucede. Era o nosso postuladoinicial. A Pós-Modernidade não seria, pois, senãouma malchamada "modernidade" relativa a um outroe anterior período, de "rnodernidede" ele também?Mas acabamos de romper este ciclo de modemidaduequivalentes. reconhecendo, no interior da históriaocidental, o caráter paradigmático de Uma entretodas 8S modernidades eaceeeívee. A pós­modernidade a ela relativa será então, ela também,paradigmática e exemplar, carregando nae tinta deuma "novidade" sem precedente? Simplificar assimas coisas seria ignorar outro caráter distintivo da"rnodernídede moderna". S. ela foi (.atá eendo) maiaradi~al que muita.l outraa que a precederam, eprec18amente por s"lo, ela deve conteeear·ae tam"'ma única 'lU., pelo menoe nas manta- proporçõe.,patenteia seue limita e .egrega, COm a auaautocrítica, uma reação diaJética a ..ua própria.princípioe. N.ota medida, a P6e-Modemidad. que lheeerreepeede • e que estamo! upenmentando .mgrau. variado- - será feita da ambigüidade de aer, aomesmo tempo, a continuação uacerbada eincandescente doa caracterea que acabamoa d. lhereconhecer, e a sua contra~ção. Ao mnmo tempoque ela confirma, ela questiona e problematiza. Elapode auim aparecer, tanto como o desaguadouro, ocoroamento e at' a consagração d.. tendinci.."mcdernee", quanto como a aua mm. apdacontradição.

a) Uma nava relação com o Tampo

Em primeiro lupr, é a~ eomo Tempo que ela vem parem quutio.

Com efeito, a Ruio .oberana, noseu afã d. malldar para o Mqu~ento o ngim.ultrap....ado do Mito, np'8dou aeua pr6prioa Mitose. pnmacialmeau, O Mito-matril d. wna relaçiounilinear d. História com o Tempo, or1entadoe queseriam oe doia ~o THor Pro,u.o. Pane. boje aohomem p6e-modemo que mail Ruio•• maia Razioezperimental (a Razão modema por -.eelinoa), oobriga a p.rd.r ••ta certeza. a prosnoeticar para aHistória a possibilidade de andar por ceminbcw ante­nunca andadoe. Decerto, a abertura do futuro para oindefinido eonetituía·.. em po.tulado, pelo meaOllrelativo, para alguna p.nsadorea da mod.rnidad•.Penlo, naa Ciônciaa Sociai.,. no srand.....mplo d.Weber. Mu preo.amente e.ta convicção nio oconatituiria como um arauto e um precunor d. pÓll­modernidade? Finalmente, •• ata Dão , .enio •

exacerbação e a negação concomitantes da primeiraterna-se impossível traçar entre elas marc~diacrânicos definitivos e nítidos. Bem como repartirentre ela~ o contingente dos teóricos (I, quem sabe,menos ainde dos atare:!! sociais). Continuando aseguir a lição de Weber, talvez seja factivel o desenhodo tipo ideal du duas modernidades sucessivas~me5mo ~insiatindo sobre o "talvez"), mas nunca almputaçao a cada uma delas de uma parte concretado real social.

Em todo case, esta revteec dar~lação ao, Tempo nã~ se reduz à relativizaÇÃO tãosimples. ~a perspectiva da pós·modernidade umavez verilicadotl 08 limite. da ASsunção pelo homemmoderno de Uma identidade prometeana, estarevisão eng. Uma real correção de rumos. Emdire-ção ao irracional, dirão alguna' muito aocontrário, pelo reconhecimento da "raci~nalidade doirracion.aI·, ou. do considerado como tal por certamodernidade tnunfant., dirão outro. (Bastid. 1971~.228). Pois seria realmente racional o segu.iment~implacável da lógica t.cnocrática, com o rioco de pôrem pengo a emstênoa mesmo do "objeto~ de suaoperação? A este respeito, a pós-modernidade estáatravessada de tenaõe8, que mail abaixoreencontraremoe.

Outra revi.io da relação ao tempoparee. ~stir ainda, mail autil e latente, na p6a­modermdad•. Ela também portedora de contradiçõe.,quem sabe malS radicais, pois diz respeito ao próprioproj.to democrático. A liberdade, tanto civil. políticaquanto eeonâmica (o mercado), tomada comoprincipi~ absoluto, nio 216 implica sua pr6priacontradiçio, bem o .abemoa (abeoluta, ela não podeser para tod~i generalizada, nio pode aer absoluta),como' bUleada na permanente poelibilidade • maisainda, na contemporin.a apologia - da constantediaponibilidad. par. a mudança da escolha. Ora, talvolubilidade inatitucionalizada impede por d.t\niçioa constituição de proj.toe de 10llfo alcanc., fora oúnico proj.to d. abooiutizar a liberdade .m.tencialdo individuo. À afimera vontade doa atores pres.ntesl!Iac:rifica·.e, poia, o projeto de um mundo para ..gerações vindouru, projeto que implica um mínimode garantiaa inatitucionaia d. estabilidad•. úto como perilJOd. var .mersir, tanto daa camadaa populareequanto de 'esmentos .Utária-, oe movimento.fundam.ntaliataa que, desde e.tore. da. doil úlü, oziita e o 1UDita, até ac. movimento. evangilicoecreacioníatu amerieaaoe, pueando peloe integrilltucatóliCOll, parecem nr, também el.., ...tadoe pelapõe-mod.rnidad., frutoa de ouaa t.nailes • fiáia aalsuna de seue prindpioa reativoe, quandopretend.m inv.rter radicalm.nte a r.lação modernaao T.mpo • reencontrar a .ternidad.. Umaeternidad~deeaa vez, e contra outru aepiraçõea peSe.modemu, congelada., enrijecida e solidamenteinatitucionalizada, ao 8l<tramo opa.to daqu.la.ternidad. (.ará ela au.incia d. qualqu.r Proj.to?)que p.....ru.m alguna, diecípuloa do também põe­mod.mo Rimbaud:

46 Análi.e'" Conjuntura, Belo Horizonte, v.7, Q. 2.3, maio/dez. 1992

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"NÓ3 a encontramos, O quAl

A Eternidade.É o mar fundidoNo .al".

b) Cma relação polivalente com a Totalidade

Eu diria que o que está em jogo aquisão as r-elações entre grandezu: relações entre omdivíduo e os grupos sociais, de grandezashierarquizadas, que, reagrupando-o com alguns deseus semelhantes, lhe proporcionam identidedete):relações dos grupos sociais entre si; enfim relações detodos, individuo e grupos, com o englobante que osporta e os nutre: a totalidade social e c6smica.

Ao nível das relaçõell relaçõea entreindividuo e grupos, o modelo "mcdernc" destereagropamento instaurou-se, no fim do séc. XVIll, na"Nação" (Hcbebewn, 1992). Fruto da "vontade geral",este ambíguo resultado da convergência de vontadesindividuais que, no entanto, se impõe a elu, a ~açio

modema ccnatitui um ser coletivo ficcional (nosentido de "feito", "fabricado") e não mais orgânicoou natural. Como num recente Congresso o declaravaum jornalista polonês, expressando exatamente oprojeto moderno: "nôe SOm0.9 nações porque qUCT"Crn05

sê-lo" (Globo, 1992. p.153). Elo oe opunha aooim à.sressurgencias póe-mcder-naa das "ccmunidad..-, desengue, de cultura. de hiot6ria, de roligião, étnIcao,que a atualidade vê, em toda p~e, reemerJlr àHist6ria, como "identidades do ser", aegundo aezpreasão, no mesmo Congre..o, de um SOCIólogoiugoslavo, identidades que confrontam. as"idontidadoo do fazer" (Globo, 1992, p.152).

Entende-se bem: o fio condutor16gico da pôe-mcdernidede bom podorie não estarnestas reooW'll'ênci.. limitandamente identitári.. "que, por sua vez. uma simples anAlise de conjunturanão parece capaz de explicar • mu, quem sabe, nadireção precisamente op~ta: no ala..raamento durelações entre grandezaa sociaia em dir.ção atotalidades cada vee maio ampl.. e abrangentaa. ANação torna-.. estreita para a modernidadecontemporln... No entanto,-" que cheaou o tempodao triboo". COIUItata, livro ap6e livro. um ooci610lJ0 dasociedada p~·induatrial(Maffesoli. 1988. 1992). E écerto que pcdemce entandar por "tribe", nio umagrupamento de caráter tradicional. holiaticamenteantecedente ao indivíduo • a ele impoeto, porexemplo, pelos oeua laços de oangue. m.. ~ grupopredominantemente elenve e nUlnte, de dim.na~.

reduzidao. dotado de relaça.. quente. m.. frq....secíalmente eficiente. apeear de poucoilllltitucionalizado, e baseado nu vontadea d. adellãoindividuais. Uma "eomurudade" se 88 quiser, masnum sentido upecificamente pee-mcdemc. Mesmoaaaim, no entanto. a dimenaio "'tnica" da tribotoma-se, tamb'm ele, proente. A Naçio, qUI tende ase desfazer pela abertura a um plano maior, .oCre

também ameaça de implosão a partir da reafirmaçãodos seus elemento•. Sa verdade, se a progressivadissolução de laços herdados como naturais ~os d~

etnias, das provínciaa, das "naeicnalidedealingüísticaa e culturais) a favor do ú~co. laçoformalmente nacional encarnava e cristalizavaontem, em processo social concreto oriundo de umprojeto político, a lógica modema, hoje, é a mesmalógica que se prolonga ambiguamente além delaprópria, na produção do seu anticorpo.

Com efeito, o principio moderno daXação correspondeu à vontade de criação de umcorpo político racionalmente formalizado, quereunisse politicamente, sob a autoridade de umEstado 8 dentro de um determinado território,"ccmunidedes" de menor porte e lastreadaa porprcsamídedee biológicas ou culturais. Este princípiolevou séculos para impor sua hegemonia sobre atotalidade do espaço geográfico. Por um lado, aliás,essa sua uajet6ria não chegou ainda a termo (pense­se na África, no Oriente médíc etc.), maa por outrolado, onde ela o conseguiu não foi sem ccneeeeõee aotipo de organiução que precedeu a Nação: ao mesmotempo que elta implicava que 011 laços regionais decultura 8 de parentesco paaaaasem a serconsiderados como cbeoletoe, ela continuava herdeirada energia eceiel que tradicionalmente emanavadeles. Deste modo, tranaferia sebre li antigulealdades, ao meemo tempo que encontrava novaforça de eceeêc e energia coletiva nas preteo.sÕ8eexpanaioniotaa e englobadoras dos eotadoo"Naçõoo: aera do NaçÕ4!a foi tam~m a era dos Impérios. Maaos Imp'riOll nlÍram (o último foi o da UniêcSoviética) e, para os agrupamento. "naturais" querealUl'Jiram de l!IUU nlÍaa (ou, às vetes,contribuiram para destruí-Ice), o único modelodisponível continua muita vezes sendo o do Estado­~eção.

o movimento histórico que tendia aaboolutizar a ~ação ..tá, poia, a puaarsimultaneamente por trêl etap..: ao mumo tempoque ele continua afirmando a sua traj.t6ria própria,ele manif..ta, por um lado, o esgotamento de ouaalimitaçõu e, por outro lado, começa a sofrer o embat.daa "comunidad.." de nini inferior que elo haviarecalcado. Aui.timoe então, no bojo de.te imbróglio,a um ciclo de dramáticu confusões. Em inúmerosc.aaa. poderia tratar-.. de uma .implee - emborasadia e víeeeral .. reivindicaçio de identidade: umgrupo .ocial ..pira a oar reconhecido como definidopor um laço .ocietal concreto e "natural",particulerizado e de ãmbito limitado;. ao mesmotempo ele ~vindica uma referinaa pnVlleglada aum e.paço geosráfico. E .... dupla reivindicaçãoaparece-Lh. como rumeraindo depois de umacomprulio e opreaaio histórica maia ou menosprolonpdao. Seria então precioo • e possível" que talreivindicação fONO objeto de negociação criativa como Eatado concernido, com a comunidade du Nações,orientando-.e em direção a formas institucionaisinódita.l. Mao , inf.lirmente de modo embaralhado e

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conseqüentemente totalizante que os dois níveis dapretensão que ela implica emergem nu consciênciascoletivaa. O primeiro deates níveis é o da radicaltomada de consciência de um N68, aebre uma bAse~orgânica", linguíarice, cultural, hist6rica - real ouimginâria, pouco importa -; o segundo, o da traduçãodesta utopia nos termos institucionais e políticos deEstado-Nação, o único modelo de poder soberano quea modernidade deixou subsistir para canalizar ospossíveis da imaginação política. Pensa-se na ex­Tchecceícvéquíe. numa versão pacífica do problema,mas também mais ambiguamente, na ex-l"niãoSoviética: "Há um ano publicamos naa Notícúu deMoscou um mapa dos conllitOll etnotemtoriai8 naUnião Soviética, confessava recentemente umgeógrafo russo, conselheiro de Eltsin. Elecompreendia 56 casos. Hoje, 8 lista é de 172 caace, eela não pára de crescer. Não s6 a cada mês, mas acada semana. Isto' extremamente perig080" (Glcbe,1992, p.154). Paasa-ae então a pensar, num registromais dramático, na ex-Iugcalévia. Tal ii o ladoameaçador de uma pós-modernidade problemática,que parece repor em Jogo simultaneamente, numimbr6glio não-desatado, todas as dimel1SÕelcontraditórias da História.

Felizmente, a cri.e da p6e­modernidade .egrega também outro modelo. Ao ladode, ou contraposta a uma totalidade "nacional"exclusiva, além mesmo dos de.enhoa j' positivoa depossíveis futuras ConfodoraÇÕH ou Fedoraçõu,começa a amanhecer a perspectiva de totalidade.articuladaa em diversos níveis, sem que em nenhumdeles estas totalidades determinem o fechamento deum si-mesmo homogêneo. Toda uma juventudecatalana, por exemplo, espera da eonetituiçio de UmaEuropa unida, vale di:er da emorgiDcia de umatotalidade maior, não somente a relativizaçio d..soberaniu neeioneie estanques, mas uma articulaçãode níveie taia que aeja poall'Ível aer em certosdomínio. espanholou francês, em outroa catalão, emoutros porque nio membro da realidademediteITlnea cara a Braudel, em outro. europeu,conforme seriam atuado ou potencializadaavírtualidados de ordom política, oconômica, cultural .ou outras. Na murna direção, foi notado, porexemplo, entre CM reeultadOll do recente reCerendumfrancês a roopeito da Europa, quo uma perspectivamais aberta e pc.itiva que a m'dia nacionaldesenhava-ee prec:iaamente' nu reaiõea maiatrabalhadas por aspiraÇÕM autonomiataa. Atrav" deuma nova articulação da grand_ a pequena e amaior, peJW8-ae ~m e.capar do que, na únicapre.enço modarna da Nação, pMo sar el<perimentadocomo con.trangedor, coator • utarilmente fechado.

Por testemunha. que começam amultiplicar-ee, sate modelo aparece a esta • outrasjuventudes, do Oeste e do Leste, como uma promeaaadaquilo que chamam. de "modernidade",evidentemente pela força da e:zpre.llio. Trata-.e, defato, de uma revisão póa-modema da relaçÕM entretotalidadel de niveill e naturez.a difenntM, revi.io

que não deixa mais simplesmente face a face 08 doisgrandes adversários de ontem: o nacional e ointernacional (cf. o drama das Internacionaisoperárias ou socialistaa por ocasião das duas guerrasmundiais), nem dissolve o nacional específico nahomogeneidade de um multinacional econâmico oucultural, mas que rearticula, de alto a baixo, níveil einstâncias do social como que numa operação deabertura. E S8 os exemplos foram emprestados daatualidade internacional, não foi por pensar que oBrasil esteja isento do pipocar desta problemática.Externamente, a questão dos espaços econômicossupranacionais, e internamente a questão regionalbem como a das "naçõea ~ indígenas e dos seusterrit6rios não chegaram, quem sabe, a revelar aindatodas aa suu potencialidades, ao mesmo tempodisruptivaa e criativamente reintegradoraa.

Quanto à articulação do socialhumano sobre um coamos também visto comosocializado, no nível de generalidade em que nossituamos aqui muito pouco precisa ser dito, pois estábem presente a cada um de nós o problema queconstituem, para o planeta e seul rnoradoree, oelimite. de tolerância da natureza. A evidente mascompla:a solução é a da tranafonnaçio d.. relaçõel"tradicionalmente modernu- do homem-sujeito­ebsclutc com o seu objeto natural, em relaçãeo detipo ecológico. Neste sentido, junto com afragmantação du grandeo unidades soeiai. o apulverização dOI conjuntoa, nasce na p6s­modernidade a coneciência de outra Totalidade, naqual o indivíduo se sabe imerse umbilica1mente. Umavez maie, as tendênciaa centrípetaa se articulamdialetieament. com um reencontro, que poderiaparecer pr'-modemo, de unidade. menoresreatitWdu a certa autonomia com grandezas maiores8 globalm.nte encompaaaadoraa.

Ma. Neu reformulaçõee todassupõem ainda duoo outroo relativizações: a do eepeçce a doo idantidadeo.

c) Uma porooidade doa eepaçoa

A. fronteiras tomam-oa poroeoo e&li triboo voltam asar nômad.... AIgune milhares deence de eed.ntaried.ade talvez Connem um p&rinteeebíatérieo, afinal de curta duração, frenta aoe temposloosoa do fonõmano humano. Tal 6. polo mano-. aopiniio do preoidante do Banco Europou deDetIIeDvolvimento. Grand.. eapaÇOlJ, em ecdee 011

continentM, ••tão se corwtituindo a cavalo doCronteUu nacionaã-j as miJnlçõe., internu eatem.., le intenaiJieam, aa viageD8, sobretudo dejoveM, acabam rneetindo-Ie d. uma relativacontinuidade; u uniões internacionaie estáveia,ontem raras ou eacandaloau, tornam·lIe corriqueirae,multiplicando 00 famílias culturalmente"l!Iincrética.e"~ Da capitai. ignoram aa fronteira., 81!1

manif••taçÕ88 e sobretudo invenções culturai. não eeconcebem Oleie ••m um coeficiente mmmo deitinerlncia. As raizes, lem se perder, mudam de

48 Antliae .. Corliuntura, Belo Horizonte, v.7, n. 2 e 3, mai<>'da•. 1992

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sentido, e poucos filhos consideram como "aeu" ohumo que foi o doe seus pai•.

Generalização contemporânea deum velho fenômeno, já analisado por R.Baatide em 8etratando du &ligiõea Afi"icanaa no BrC18u (a

"interpenetração das dvilizaçÕ8s"), e a propósito doqual ele podia constatar o fato espantoso de"eupereatructuras" que viajam, arrancadas a sua."infre-estrueurea", as quais acabam recompostas porela no território de sua chegada. O interesse doexemplo é duplo. Primeiro, ele noa permite aludir aoimenso jogo de universos simbélieoe que hojeatravessam mares, furam fronteiras e manifestamuma crescente porosidade cultural. No Brasil, porexemplo, religiões e até cultura induatrial japonelaa,influências orientais de todo tipo, quando nem aChina nem a índia representam aqui póloeeconômicoa dominantes; exportação de Umbanda eCandomblé brasileiros para o Uruguai e a Argentina;troca de pentecostalismos: o americano aqui, osbrasileiros nos EUA, na América Central e no Caribe.E que dizer da múaice, da transformação doambiente doméstico pela técnica, doa padrõell decomportamento?

É bem verdade, maia uma vez, que ovetor principal da modernidade contemporânea, quevai neste sentido, está ocaaionando uma reaçio emsentido contrário e, enquanto citava ates fatos decirculação ampliada e de convivênoa maia ou menOllpacífica, deviam rondar aa susa mem6rias 08 tr6jrica.acontecimentos já corriqueiroa na Alemanha. oemenos trágico. mas também preocupantes havidoeem outras parta do velho Continente e _ recentes

agrell!lões contra roqueiros ou nordutinoa no Rio eem São Paulo. Também a relativização dee Cronteirué relativa e, se ela abri oa porca do tecido sociaJ,acontece que a pós-modernidade também ati

empareda. Trete-ee aqui de um perilloeo deeafio. Maao mesmo tempo, se ele for vencido, de um.prodigiosa promessa. Seri. o nONO mundo capo d.estabeJecer as eondiçõee, por fusuea e fdpi. quesejam, para que 8e implante no e.paço da noa..trocas .ociais o oncontro plural o dialopl daculturaa - não o .eu confroato nlm o simpl.. rolocompreasor da hom~eisação - que, nu IUalvertente8 maia poaitiv... ricaa, • p6ll-modernidadeaponta? E.tu condiÇÕ&e nio .io simpl8l, muitomeneá simplórias e, •• do chamadu a deeabrocharao nível cultural, não deizam de d.itar uigãocianum misto, ele meemo c:ulturaJiudo, d. demop-afia,de lIConomia • do política. Inataurou••e, na póo.modernidade, o debate .obre a natureza I umodalidade. da frontairu.

Ma '0 ""omplo de Batide nOlpermite outra viagem ainda, em direçio delta VIZ àrearticulação das identidad.e.

d)Uma relativização da identidad81

Alguns de vocês provavelmente selembram do princípio que permitia, segundo aanálise de Baatido, que a. adepta. do Candomblépostam viver, nas diflcea condições daindustriaJização brasileira incipiente, uma vidaharmoniosa entre dois mundos, ou melhor, ao mesmotempo em dois mundos: o do mercado, o de suacomunidade religiosa. O "princípio de corte", que fazcom que não se atue senão uma identidade social porvez ... O que supõe que se as têm váriaa. Ora, taJparece ser a conatatação mais musiva dos estudioaoada pós-modarrudade, sobretudo no campo da religião.Estaria em declínio o tempo em que imperava, parareger a construção das identidades sociais, a estritaobservação do princípio básico da lógica: não se podeser ao meamo tempo isto e aquilo, ou ainda:impoasível de, ao mesmo tempo, ser e não ser? ~omundo religioso p6s-moderno, a lei parece, aocontrário, ser a de uma construção comp6sita II - eia apaJavra que a p6e-modernidade obriga a reavalizar ­eíncrénce. Talvez "eeléríee" at'. pois não se trata, emgeral, de montagens institucionaia visando àeoerêneia, mu de projeta. identitários indívidueis,bricolagefU qUI tomam como lei qusae única aresposta aos anaeioe lubjetivOll. O indivíduo noprololll'amento, aqui, de uma modernidadetriunfanta é critério supremc para oaber a tribo que,no momento, lhe convém. E mesmo em caso de umaadelão institucional de princípio, eJe conaerva umamarpm importante de autonomia. Constataçãoprovavelmente universal, qUI se multiplica emeetudOl recentea, a propósito de vários países daEuropa, doo EstadOl Unidoe, da Comunidade d...NaçàMl, do Brui1, e que seria provavelmente possíveleetender, aJ6m do campo d.. reliJi,õea, àquele d_ideologia e àquele da política. O nível definidor dovisÕl' do mundo, das ortodoaiu I do ortopraxiu,situa·.1 cada vez menos nas inatituições5, porveneráve~ que e.uticamente, el.. pOdam continuara parecer a alguna. O critério paasou • ser oindivíduo, nu BUU nec••lidadal subjetivamenteuperimentad.., e.piritual e corporalmente. M.. umindividuo que, delta vez" ao contrú'io do HomoMod.emlH, reencontra, em re1açio ao Todo com oqual ele e. qUlr em comunhão, um laço participativomareadamentl emocional, qUI al,una julgam-relicioeo", "reliJioao pOC" natun&aH

, escreveuroctlntemente um antrop610s0 (Soar.., 1989).Individuo e Totalidad. Maior dio-se a mão, tendendoa ilJD.orar roveia intennedi6riOll, ontem sólidos Idoei.6riOl.

É verdade, mail uma vee, que seoNerva também a uacerbaçio atuaJ do princípioinv....o: identidad.. váriu, al8umu dei..propriamente inatitucionaia, vi~'1 reforçando,tendendo para a ezc1ulividad•• penae-ee, no Brasil,noe P'Up08 pentecoetai., no Santo Daime, a certOlmovimentoa anti·l'incriticoe que atraveuam. o campodo CandombJ', a tendinci.. no interior do

"Pua licor alUO.......pIo.conlIra e-pidw (1991). Bibtio8rab.-.ncial1Obn o tema, ..M-:r- (1SK»1).

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Movimento Carismático, ao Movimento Negro - ou,em espaços mais amplos, nas sociedades ou gruposnacionais, religioeoe, às vezes uma coiaa e outraindissoluvelmente, que aspiram a "reencontrar" e~ reassumir SUl\3 raízes'·. Paradozalmente, a volta àsraizes é também um leitmotiv cultural, político (8comercial) da p6s-modernidade.

Na verdade, a tarefa do mundocontemporâneo está em reconhecer a legitimidademas também os limites, redefinir a densidade e aarticulação das duas dimensões que umasidentidades sociais topicamente situadas implicam:os fluxos de autoconsciência determinadoa portradições, e as fronteiru. No êxito ou freeeeec destaredefinição joga-se o destino da sociabilidade humanade amanhã. Criadores de cultura de um lado, eresponsáveis politicol de outro, têm a poadaresponsabilidade de administrar, cada um no nívelpróprio onde se eserce a sua influência, tanto arepresentação quanto o gerenciamento destas duasdimensões, impedindo que a aua exacerbaçãoestanque de vez a renovação eoeial que s6 pode advirdo diálogo e da convivência, ou que o seuesvaziamento dilapide o lutro d.. continuidades,criando uaim, pela iIUlleguranÇA do vazio, um e.paçoperigosamente aberto ao fundernentalism« da reação.De um lado, sim, "precillamoe de uma ideologiapluraliata: a das ideneidedee múltiplas. a quecensiste em explicar que o mundo' foito de tal modoque qualquer poeaibilidado do aerre1J1lção total est6descartada (Raiaky. 1992, p.161); mao tamb6m ,importante que "08 sistemas de valor de cada famíliaespiritual e d. cada comunidade se conservem eencontrem no seu próprio fundo oe recunoeneces.wÁrioa para o seu dellenvolvimento (Levi­Strauee, 1983, p.15).6

e) Um novo 01haraobro a Vordade

Parece que COm esta última notaçãoentranhamoe maia um grau nu profund.ua da p6e­modernidade, e qUI se deecortina panorama mai.perturbedor. poia , o próprio l'eIÍme da modernarazio quo eatá aendo aqui d..afiedo. O homem pós­moderno, pensando acompanhar, aliú, tendino..muito proeentea na ciincia de NU tampo(Capra,1988), nio eepera realiaar pelo dnico caminhoracional o seu encontro com a Realidad•. A emoçio, •arte, o aexo paradoulmente, 01. tamb6m,eaquartejado entA uma compultoio i orrança e acarga de uma ezperl'ncia que .. quer míatica .entram de pleno direito no NU empreendimentoepistemoI6,ico. A imapm, maU ainda que odiseurtlo, entre,u-Lhe-i, upera ele, o mundo. Emesmo quando d. diaeurao •• trata, e1. tende arejeitar as "'grandes D&lTatiV..... de teori..recapitulativu e abrangentM, para II cindir ..narrativa- parciaia, claa quail ele ..pera menoe uma·prova· do que um convencimento (Lyotard, 1986). Aretórica l!l o interc.lmbio d. uperiinciaa pe••oaia

&p.....""'00 aporia, d ......... ou...... Dabray(I~I)II Pinkieb'aut.(1987).

contam, no limite, mais do que uma prova lógica efriamente adminiatrada. À modernidade da Razioparece ter sucedido a pós-modernidade da Fé, seentendennoB por tal não mais o assentimentoracional à contundência da prova, mas a convicção deque a "proposição" oferecida corresponde àexpectativa de um desejo - amparado, para não seabandonar à pura impulsividade transit6ria esuperficial, por uma eaper-iêncie eventualmenteprolongada e sobretudo compartilhada (Charuey,1990).

Que será a "realidade.", aliás? Oreferente do diecurae de verdade é menos importanteque o discurso enquanto tal, discurso feito depalavru ou de signos. E a grande matriz onde seproce..a tal alquimia é a da comunicaçãogeneralizada (Baudrillard, 1976; Lipevetsky, 1983).

Finalmente, como dizia um dosarautoa emblomáticoo da pÓl-modernidade no finalde uma brilhante conferência, que acabava deconstituir-se para o ouvinte numa experiênciafascinante de fabricaçio sob os seus olhos de um"real" universo feito de Verbo: "Yio sei •• isso éverdade, mas é o que eu penso. Aliás, nem tenhocerteza de perwá·lo. E meamc ino não temimportincia".

SCONCLUSÃO

Duas palavras pare concluir. Aprimeira para dizer o quanto sinto que este duploretrato, ao mesmo tempo contrastado e homogêneo, épobre e inauftciente. IncoMcientemente talvez setonha utilizado para pintá-lo às próprias coresevan..eente. e ru,azea com que a p6II-modemidadelO.ta ao mesmo tempo de •• apre8entar e de seesconder. Em que medida ute retrato noa dizrNpeito? Imacin.·•• que cada um de n6e e cada umad. nOS&U relaçõe. eejam tecida., no eeu meis íntimo,com M fie. variepda. da modernidade, de seuepílJOno e contraponto pt.·modemo, sem esqueceraquilo de que nunca •• falou, enquanto ficou lIempAprMeJ1te ao ouvido interior: a pré-modernidade. SeriaprecUo rotomar ponto por ponto o dito - o o nio dito ­para fazer aparecer o quanto aubai.te d.ambigüidade na relação, por cima da modernidade,entro a póo-modornidade e o peno de fundotradicional contra o qual a modernidade montou oaou conário. Mao a p6e-modernidade nio aeria pós­moderna ee ela tivu.e que esclarecerconceitualmente a que veio. E sobretudo niosenamcw 068 homena do século XX e do BruiJ, senio conviv....m em n6e, vida de noua vida, afunda reforincia col.tive e o absoluto individual, oenraizamento da mem6ria, o dilaceramento daconac:ílncia, a lIoltura futurUt8 d. imaainação; juntocom a modernidade, a sua moldura de "pré" e "pós".Reata·noe, com este emaranhado nce pó, conseguircaminhar para fazer a nOll•• história...

50 Anlili.e .. Co(\juntw'a, Belo Horizonte, v.7, n. 2 e 3, maicYdez. 1992

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Um último ponto, enfim: pouco sefalou do Brasil, já que ele vai ser objeto daa duupróximas conferências. Mas nêc se pode acabar semlembrar que, ao contrário de eutroe espaços sociaisem que a modernidade fincou fundo suas raízes, ahistória conservou-o sempre como um mistoheterogêneo de "pré" e, já, de "pós". Se ele tenta,hoje, e dolorosamente, introduzir um cânon racionale coerente na espesaura toda de sua vida social epolítica, ele continua vivendo, em váriaa das camadasdessa espessura, uma contemporaneização do queprecedeu e do que se seguiu à modernidade"racional". Será isto sua fraqueza, sua força? Épossível observar hoje em dia, na Europa, interesserenovado pelo Brasil. Na medida em que 08 países doVelho Ocidente constatem, desconcertados, que eeprocessam neles todas as reformulaçõesperturbadoras da qua .0 falou, alguns do. seuseetudícece olham para o Brasil como para umaeventual fonte epiatemclôgica e um pcestvelinspirador de modelos. "Afinal, dizem eles, o Braeílparece conhecer de há muito alguna dessesfenômenos que invadem hoje nOlls", sociedades: anegação prática do princípio de identidade, oconvencimento numa base convivia! e sobretudo,talvez, o sincretismo. E de tudo isso ele ainda nãomorreu! .. Que lições poderia nos dar neata n08laproblemática péa-mcderna?" Ouvindo isto, Iembre-eedo "mcdernieta" O....a1d do Andrado o do seuManifesto Antropófago:

"Somo« cORC"'timu. A6 ídi"u tomam conta,reasem, queimam gmU 1IQ.I prCJffU públiccu.(...) Acreditar rIM ainaU, aereditar noai,..trumerot"" e ,.". ut...u...(...)

Nunca fo~ couquizadlJ•. Vi....mo. alrtWÚ

de um Direito .tmdmbuJo. F;-moo Crioto1I<U.,.7 no B4hia. Ou em &Um do PaNi.

Mtu l1URC4 admiIi~ o "....,imcnto d416gica entra M.. (...)

Nunea fo~ catcquizadoo. Fin~ foiCanuwol" (Manif..to... 1959, p.192·197).

Bem o labemCM, o Carnaval nãopoderia impararf ~inJaD, em nenhumA vida ~al

que não ae qu.u-a wicid-L Mu ..U ai, como um.mo_, rolativizador e rnitalizador. E a p6a.modarnidade? Talvez, ela tamb6m, nio poooaraaumir, sozinha, toda uma época ou uma civilizaçio.Talvez, ela tamb6m, aio p.... d. um momento. MaeeU aí, como uma vertente constantementede.afiadora doo .aboroo "utituídoo e das ootruturaademuiadamente racionai.. Quem labe sena ela,para 08 outroa, o seu neceuário Camaval?

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