Modulo Mtc Digital

Embed Size (px)

Citation preview

Metodologia do Trabalho Cientfico

FTC DIGITAL | CIDADE DIGITAL 2010

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

IMESInstituto Mantenedor de Ensino Superior Metropolitano S/C Ltda.William OliveiraPresidente

MATERIAL DIDTICOProduo AcadmicaProf. Air Manuel Santana dos Santos

Produo TcnicaPaula Rios | Reviso de Texto

Equipe Ana Carolina Paschoal, Andra Arglo, Andrei Bittencourt, Augusto Sanso, Aurlio Corujeira, Fernando Fonseca, Joo Jacomel, Joo Paulo Neto, Jos Cupertino, Jlia Centurio, Lorena Porto Seres, Lus Alberto Bacelar, Paulo Vinicius Figueiredo e Roberto Ribeiro. Imagens Corbis/Image100/Imagemsource 2010 by IMES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poder ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio, eletrnico ou mecnico, tampouco poder ser utilizado qualquer tipo de sistema de armazenamento e transmisso de informao, sem a prvia autorizao, por escrito, do Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda. 2010 Direitos exclusivos cedidos ao Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda.

www.ftc.br www.faculdadedacidade.edu.br

2

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

APRESENTAOPrezado(a)aluno(a), com grande satisfao que os (as) convidamos a mergulhar neste material que discute os principaisaspectosquecompemaMetodologiadoTrabalhoCientfico.Eleserdegrandeimpor tnciaparaquepossamosapreenderecontextualizaroscontedosdanossadisciplina. RessaltamosqueaMetodologiaCientficanopossuiumhorizontelimitadostarefasdidti cas ou normatizao de trabalhos acadmicos e cientficos. Ela uma disciplina que se preocupa com o contexto da construo do conhecimento, com as condies da produo cientfica e com o papeldosujeitonaformaoetransformaodarealidade. Iniciaremoscontextualizandoarespeitodasrelaesentreoserhumano,acinciaeaconstru odoconhecimento.SeguiremosmediandoadinmicadaMetodologiaCientficaeaUniversidade atravsdemtodos,estratgiasetcnicasparasistematizaodoconhecimento.Abordaremosaes truturaeaorganizaodetrabalhosacadmicoseculminaremoscomoestudodapesquisacientfica atravsdeseusconceitos,tipos,faseseaplicao. Aaptidoparaler,compreender,interpretareproduzirtextoscomproficinciaomaissigni ficativo indicador de bom desempenho acadmico. A versatilidade desta aptido indiscutvel no ambienteacadmico.Atualmente,nopodemosignorarofatodequequalquerumdenspodedis pordeumaquantidadeimensurveldeinformaessobreosdomniosdoconhecimento;oqueno sabemoshierarquizlas,estabelecerasdevidasrelaesentreelas,discerniraquelasquedevamos aplicardaquelasquedevamosdeletar,utilizlasdaformamaisapropriadacomorecursosargumen tativosparasustentarnossojuzodevalor. Na busca de ocupar ou reocupar e melhor definir o seu lugar no mercado do trabalho, o ser humanoseguenabuscadaconsolidaodeseusconhecimentosesetratandodeEnsinoSuperior, crescenteoprocessodedemocratizaoemnossopas,principalmentenoquetangeaEducaoa Distncia.AmodalidadeDIGITALdefatoumanovaticasobreoprocessodeensinoaprendiza gemqueestsendobastantedifundidaeincorporadaporaquelesquebuscamantimaconvivncia comorelativismodascincias.Sendoassim,compartilhamosdavisodequeumaaulaummovi mentoquevaimuitoalmdoslimitesdeespaoetempo. Quantoaoprocessodeconstruodoconhecimento,percebemosqueeleocorrepeladiscusso acercadarealidadeedeseucontexto,exigindoentendimento,compreensoecriticidadedepontos devistaindividuaisemsituaocoletivaedinmica.Destaforma,podemoselegerametodologiada modalidade DIGITAL um instrumento, um ambiente, um espao de construo adequado para se viverumprocessoeducacionalancoradonacomunicao,nocontextoenainformao,engendrados naexpressoenaatitudepartcipedetodososenvolvidosnoprocesso. Estaconstruodosconhecimentosnecessriosparaaaquisiodecompetnciasparaosdis centes dos cursos superiores passa, invariavelmente, por mudanas, de maneira a engajar alunos e alunascomoelementosativos,crticoseautnomos.Estesnoseromaisassimiladoresdeconte dos,masconstrutoresativosdoprprioaprendizado,serescapazesdeinterferirnastrajetriasque lhesdizrespeito,nabuscadeumanovavisonoprocessodeconstruoedesenvolvimentodehabi lidades,capacidadesenovasrealidades.AmodalidadeDIGITALbusca,instigaeacreditanestaca pacidadeintrnsecadoserhumano,masque,emmuitos,seencontraadormecida.3

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

AcreditamosqueumdosmaioresmritosdaMetodologiaCientficaestimularaautonomia,o espritocientficoeoexercciodapesquisa,enfatizandoquetodosnspodemosconstruirhabilida desquefavoreamaproduodeconhecimento,taiscomoosensocrtico,asistematizao,oplane jamento,aobservaoeaaoconscientesobrearealidade.Sendoassim,docentesediscentespas samaser,mutuamente,construtoresdeconhecimentosetransformadoresdestarealidade,rompen do as fronteiras das salas de aula, promovendo um contnuo processo de ensino e aprendizagem. Conhecimento este, alis, em constante processo de mudana. Um conhecimento gil, dinmico, a poiadonumconceitomuitoalmdequalquerestabilidade,incessantementereconfiguradoerecons trudo,disponvelemumadiversidademltiplademeiosefontes,numcontextodemediaotecno lgica,historicamente,jamaisvisto. Eento,oqueestamosesperando?Mosobra. Umforteabraoetimosestudos! Prof.AirManuelSantanadosSantos

4

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

SUMRIO1 BLOCO TEMTICO 1 - A CINCIA E O CONHECIMENTO HUMANO ....................................................... 6 1.1 O SER HUMANO, A SOCIEDADE E O CONHECIMENTO .............................................................. 6 1.1.1 1.1.2 1.1.3 1.1.4 1.2 1.2.1 1.2.2 1.2.3 1.2.4 2 BLOCO TEMTICO 2 - A PRODUO CIENTFICA DO CONHECIMENTO ........................................... 39 2.1 ESTRUTURA E ORGANIZAO DE TRABALHOS ACADMICOS............................................. 39 2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4 2.2 2.2.1 2.2.2 2.2.3 2.2.4 Redao cientfica: apresentao de trabalhos cientficos (normas da ABNT). ............... 39 Redao cientfica: bibliografia, referncias e citaes. ................................................... 46 Resenha, Artigo Cientfico e Seminrio ............................................................................ 51 Projeto de Pesquisa, Estudo de Caso e Monografia.......................................................... 57 Conceito, Finalidades e Requisitos da Pesquisa Cientfica ............................................... 65 Tipos de Pesquisa Cientfica: Quanto sua Natureza, Forma de Abordagem e Objetivos67 Tipos de Pesquisa Cientfica: Quanto ao Ponto de Vista dos Procedimentos Tcnicos.... 70 Pesquisa Cientfica: fases, estrutura e aplicao............................................................... 73 A Metodologia Cientfica e a Construo do Conhecimento................................................ 6 Tipos de Conhecimentos ..................................................................................................... 9 Concepo, Natureza e Dimenses da Cincia................................................................. 14 Reflexes sobre Cincias hoje........................................................................................... 17 Mtodo e Estratgia de Estudo e Aprendizagem............................................................... 21 Leitura e Anlise de Textos................................................................................................ 25 Tcnicas para Sistematizao do Conhecimento: Sublinhar e Esquematizar ................... 30 Tcnicas para Sistematizao do Conhecimento: Fichamento e Resumo ....................... 33

A METODOLOGIA CIENTFICA E A UNIVERSIDADE.................................................................. 21

A PESQUISA CIENTFICA E SUAS FASES.................................................................................. 65

REFERNCIAS ...................................................................................................................................................... 78

5

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

1

BLOCO TEMTICO 1 - A CINCIA E O CONHECIMENTO HUMANOTEMA 1- O SER HUMANO, A SOCIEDADE E O CONHECIMENTOCONTEDO 1 - A METODOLOGIA CIENTFICA E A CONSTRUO DO CONHECIMENTO

1.1 1.1.1

AMetodologiadoTrabalhoCientficoumadisciplinaqueperpassatodocontextodoEnsino Superior.ElaforneceinstrumentosparaaconstruodeumapropostadeUniversidade,deambiente acadmico.OespaonoqualseconstrioEnsinoSuperiorumlocaldeexcelncianodesenvolvi mentodeumpensamento,deanlisecrtica,dereflexosobrearealidadeedeaosobreela.Isso podeserobservadonosomentepormeiodaatuaodosprofissionaisegressosdoEnsinoSuperior, mastambmnodebateenocultivopluralidadedepensamento.Destaforma,percebemosquere gras,tcnicasenormasmetodolgicassoimportantescomoinstrumentosaserviodaproduode conhecimento,dacomunicaodeideiascomomundo,dasocializaodoconhecimento. A disciplina regida pela METODOLOGIA CIENTFICA que corresponde a um conjunto de procedimentosaseremutilizadosnaconstruoeobtenodoconhecimentopormeiodaaplicao do mtodoque, atravs de processos etcnicas, garante a legitimidade do saber obtido. (BARROS; LEHFELD,2007) No contexto de produo cientfica, imprescindvel trabalhar com mtodo e agir com rigor, seguindocritriospreviamentedefinidospelacomunidadeacadmica.aaplicaodomtodoque conferevalidadeecredibilidadeaosresultadosdeumapesquisacientfica.Eleorientaosrumosde umainvestigao.Todotrabalhocientficodeveserbaseadoemprocedimentosmetodolgicos,osquais conduzemaummodopeloqualserealizaumaoperaodenominadaconhecer,ou traagireoutrafazer.Taisoperaessodesempenhadaspeloserhumanoafimde desenvolveradequadamenteumestudo.(FACHIN,2006,p.29.Grifodoautor).

METODOLOGIADOTRABALHOCIENTFICO SegundoBarroseLehfeld(2007),umadisciplinainstrumentalereflexivaquesepropea ampliar habilidades de observao e anlise, desenvolver o esprito crtico, a sistematizao e a seleodeinformaesedadosnabuscadoentendimentodarealidade,aperfeioandooconhe cimentopelaformaoeinformaotcnicocientfica.Asautorasenumeramosobjetivosespec ficosdadisciplina:a)Anlisedascaractersticasessenciaisquepermitemdistinguircinciadeoutrasfor masdeconhecer,enfatizandoomtodocientficoenooresultado; b)Anlisedascondiesemqueoconhecimentocientificamenteconstrudo,abor dandoosignificadodepostuladoseatitudesdacinciahoje; c)Criaodeoportunidadesespeciaisparaoalunocomportarsecientificamente,le vantando e formulando problemas, coletando dados para responder aos questiona mentos,analisando,interpretandoecomunicandoresultados; 6

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

d)Capacitaodoalunoparaqueeleleiacriticamentearealidadeeproduzaconhe cimentos; e)Criaodevetordeinformaesereferenciaisparaamontagemformalesubstan tivadetrabalhoscientficos:resenhas,monografias,artigoscientficosetc.; f)Fornecimentodeprocessosfacilitadoresadaptaodoaluno,integrandoouni versidade,minimizandosuasdificuldadeseapreensesquantosformasdeestudar e, consequentemente, de encontrar os meios de extrair o maior proveito do estudo. (BARROS;LEHFELD,2007,p.0708)

A escolha do mtodo ou dos mtodos que sero aplicados em uma pesquisa varia de acordo comanaturezadecadaproblemaquesedesejainvestigar.Paratanto,precisoconsideraranatureza doobjetoeoobjetivodainvestigao.Essaescolhatemrelaodiretacomareaespecficadacin cianaqualoobjetodeestudoestinserido.Destaforma,porexemplo,asCinciasContbeisnoso fundamentadas nos mesmos mtodos em que se apoiam os estudos da Sociologia ou da Qumica. Issosignificaquenoexisteumnicomtodouniversalmenteaplicvelatodasasreascientficas. Omtodoaorganizao,oplanejamentodoatodepesquisar.responsvelpelaabordagem deumproblemaapartirdaanlisesistemticadassuaspossveissolues,demaneiraaordenaras etapaseasatividadesaseremdesenvolvidascomoobjetivodeconstruirconhecimento.Comoafir mamBarroseLehfeld(2006,p.03),aotraaremadefiniodomtodocomosendoaFormaorde nadadeprocederaolongodeumcaminho.Conjuntodeprocessosoufasesempregadasnainvesti gaonabuscadoconhecimento. Demaneirageral,eledefineoquedeveserfeitonosprocessosdeinvestigao,estudoepes quisa,geralmentepostosemprticanoensinosuperior.MTODOETCNICA O mtodo um plano de ao, formado por um conjunto de etapas ordenadamente dispostas,destinadasarealizareaanteciparumaatividadenabuscadeumarealidade; jatcnicaestligadaaomododerealizaraatividade,fazendoatranscorrerdeforma maishbil,maisperfeita. Omtodo estrelacionadoestratgia, eatcnica,ttica. Paramelhorentenderadistinoentremtodoetcnica,devemoslevaremcontaqueo mtodorefereseaoatendimentodeumobjetivo,enquantoatcnicaoperacionalizao mtodo.Osmtodosaplicadosnascinciashumanasnosoestanques,elesdevemser adequadosacadatipodepesquisa.Astcnicasdepesquisa,porsuavez,emgeral,es torelacionadascoletadedados,ouseja,parteprtica.(FACHIN,2006,p.31)

SegundoSeverino(2002),oEnsinoSuperiorumespaodecontradioederupturasquede ve proporcionar competncia tcnicoprofissional, competncia cientfica e competncia poltica, formandoprofissionaiscompetentesnodomniotcnicodesuashabilitaesdetrabalho,combase emconhecimentoscientficosassimiladosemumprocessodereelaboraodacinciaecomprometi doscomumanovaconscinciasocial.Profissionaiscapazesdecompreenderereavaliarsuaexistn ciaesuaatuaonasociedadeapartirdeumprojetovoltadoparaatransformaoqualitativadessa mesmasociedadeemseutodo,engendradosemumcontextocrticoreflexivoquepossibiliteaam pliaodeumavisodesiedomundo. Desta forma, ao associarmos conhecimento e prtica profissional, cincia e transformao da realidade,percebemosqueaMetodologiadoTrabalhoCientficonoselimitaaosafazeresdidtico pedaggicos.Aosedebruarsobreoestudodomtodoedascondiesdaprpriaproduocientfi ca,essadisciplinaintegrateoriaeprtica,abrangendoaspectoscomoacondiodeserhumano,as relaessociais,aeducaoeocontextoacadmico.

7

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

No nosso cotidiano, o ato de conhecer se manifesta de forma to natural que no nos damos contadasuacomplexidade.Desdecedonosfalamdanecessidadedeaprenderaconheceromundoe ansmesmos.Sendoassim,entramosnaengrenagemdoconhecimentodomundo,consideradoreal, semcolocarempautaoquesignificaconhecer.Contudo,medidaquenosdefrontamosnestare laocomomundo,comosvrioscamposeformasdeconhecimento,entramosnumemaranhadode conceitos,normaseregras. PARAREFLETIR Vocjparouparapensarqueatodomomentoestamosadquirindonovosconhecimentos? Selevarmosemconsideraoqueaprendemoseadquirimosconhecimentocomasrelaes,e queestamosconstantementeinteragindo,sejacompessoas,ouatmesmoconosco,fcil perceber queconhecerumaformadeestarnomundo. Partindo da etimologia da palavra, o termo conhecimento vem do latim cognoscere,quesignificaconhecerpelossentidos.Destaforma,conhecimentoo atributogeralquetemosseresvivosdereagirativamenteaomundocircundan te,namedidadesuaorganizaobiolgicaenosentidodesuasobrevivncia.A funodosujeitoconsisteemapreenderoobjetoeadoobjetoemserapreendido pelosujeito.Daseoriginaoconhecimentodestarelaomtuaentresujeitoe objeto,comofrutodarazohumanaedasexperinciasvivenciadaseacumula dasporestesujeito. Oconhecimentooprodutoresultantedarelaoqueseestabeleceentreosujeito(conscin cia)queconheceeoobjeto(mundo)aserconhecido.Odualismosujeitoeobjetopertenceessncia daconstruodoconhecimento.Vejamosoesquemaaseguir: Oconhecimentoumaformadeestarnomundoeoprocessodoconhecimentomos traaossereshumanosqueelesjamaissoalgumacoisaprontanamedidaemquees tosemprenascendodenovo,quandotmacoragemdesemostraremabertosdiante darealidade.(AMORIMetal,2005,p.07)

Muitassoasconcepesquedemarcamumnovoolharsobreoconhecimentoeaeducaona atualidade:nomaisatransmissodecontedos,esimaformaodesujeitoscognitivoscomcompe tnciasehabilidadesparaenfrentarsituaesinesperadas,solucionarproblemas,acompanharodesen volvimentodoconhecimentoemsuasreasdeinteresseerespeitarapluralidadeculturalplanetria. 8

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

RELAODOSSERESHUMANOSCOMOCONHECIMENTO O sujeito PRODUZ conhecimento quando ele se observa criativamente no mundo, ou seja, quandoelefazconhecimento.Ofazerconhecimentoimplicaexatamenteestardespojadodecertezas absolutasacercadarealidadeeestarabertonosparareavaliar uma verdadedarealidade,como tambmreavaliarsuaprpriacapacidadenotrabalhodoconhecer. Quando passa a USAR o conhecimento, o sujeito est simplesmenteno mundo, ou seja,ade quando a realidade ao conhecimento que j est pronto. E da mesma maneira, aquele que usa no exercita sua capacidade de renovao de vises da realidade, ficando estacionria a maneira de se relacionarcomarealidade.Todautilidadetcnicapropeumconsumodeconhecimento. QuandoosujeitopassaaPOSICIONARSEdiantedoconhecimento,ouseja,quandoageein teragecriticamentenomundo,elerelacionaofazereousardoconhecimentodemaneiradialtica.O conhecimentofeitopelossereshumanoseutilizadoporelesemfunodeles. Vejamosnoquadroabaixoumasntesedecomosedarelaoentreoserhumanoeoconhe cimento: Entenderoconhecimentoentenderanossaprpriarealidade.Logo,nosdeparamoscomelea todoinstante,semnosdarmoscontadisso. SAIBAMAIS: AcessandooartigoMetodologiaCientficaouadoreadelciadeaprenderalereescrever nagraduao. NEVES,JosliaGomes.MetodologiaCientficaouadoreadelciadeaprenderalerees crevernagraduao.In:Partes:asuarevistavirtual.Disponvelem: .Acessoem:04dez.2009.

1.1.2

CONTEDO 2 - TIPOS DE CONHECIMENTOS

Comojvimos,oconhecimentoconsistenumarelaoentreaconscinciacognoscente(osujei to)eoobjetoconhecido.Percebemosqueofenmenodoconhecimento,emborapareasimples,en volveumamultiplicidadedeatos.Emprimeirolugar,ossentidosapreendemouproduzemimagens. Tantomaiscomplexoo fenmenodoconhecimento,maislongoocaminhoindutivooudedutivo percorrido para se chegar a uma concluso. O raciocnio denominase, especialmente, discursivo porqueamentediscorre,corre,flui,movese,caminhandodoantecedenteaoconsequente. Entretanto,almdaformadiscursivadoconhecimentoracional,incumbeapreciaraquestore lativaaoconhecimentointuitivo,isto,imediatoousempassagemdeantecedenteparaconsequente, sem comparaes. Do latin Intuere significa ver; intuio uma espcie de conhecimento que, pela suacaractersticadeatingiroobjetosemmeioousemosintermediriosdascomparaes,asseme lhaseaofenmenodoconhecimentosensorial,especialmentedaviso.9

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

Aintuiosensorialexistecomtodaevidncia,poisossentidosnoanalisam,nocomparam, nojulgam.Oconhecimentoquesetemdatemperaturadaguadeumavasilhasurgeimediatamen te,tologosetocacomamo;oprazerouadorqueseexperimentaumdadodeexperinciainter na apreendido imediatamente. Alm da intuio sensorial deexperincia internae externa, existir umaformadeconhecimentorelacional,intelectual,espiritual,tambmintuitivo? Devese ressaltar que o conhecimento intuitivo no substitui outros modos de conhecimento. Elepodeserdesumaimportncianavidaprticaenasconvicespessoaisdecadaum.Mas,porser deordemdominantementesubjetiva,nopodeaspirarautonomiaouaovalorobjetivodoconhe cimentocientficooudoconhecimentoracionaldiscursivo,cujasconcluses,demonstradas,tmva lorgeraleobjetivo.Ademais,todoconhecimentointuitivodevesubmeterse,posteriormente,aotri bunaldarazodiscursivaoudaexperimentaocientfica. IMPORTANTE Noqueserefereaoconhecimentoracional,podemoscategorizloemquatro: Conhecimento popular, vulgar, emprico ou senso comum; Conhecimento cientfico; Co nhecimentofilosficoeConhecimentoreligiosoouteolgico. Apesardestaseparaometodolgicaecategrica,noprocessodeapreensodarealidadedo objeto, o sujeito pode penetrar nas diversas categorias. Por sua vez, estas formas de conhecimento podemcoexistirnamesmapessoa:aexemplodeumcientista,voltadoaoestudodafsica,podeser praticantededeterminadareligio,estarfiliadoaumsistemafilosficoe,emmuitosaspectosdesua vidacotidiana,agirsegundoconhecimentosprovenientesdosensocomum. Antesdedefinirmoscadaumdeles,precisoindagarnos: Qualacontribuioquecadatipodeconhecimentotraz?Deummodooudeoutro,cada tipodeconhecimentoagregavaloraoSerHumano. CONHECIMENTOPOPULAR,VULGAR,EMPRICOOUSENSOCOMUM Pertinente a diversas denominaes, este tipo de conheci mento resulta do modo espontneo e corrente de conhecer. o conhecimentododiaadiaeseobtmpelaexperinciacotidiana. Essetipodeconhecimentonobuscaascausasdosfenmenose no se constitui como produto de uma reflexo, justamente por nascer da tentativa dos indivduos em resolver problemas da vidadiria.Porexemplo:ohomemdocamposabeplantareco lherdeacordocomosensinamentoseoscostumeslocaisoutra zidos por geraes, que se transformam lentamente de acordo comosacontecimentoscasuaiscomosquaiselesedepara.O conhecimento popular ou senso comum o modo comum, espontneo ou pr crticodamaioriadaspessoasconhecer;vemdatradiooudoouvirdizerdentroda sociedade[...].Cadaumaolongodesuavidavaiacumulandoexperincias,interiori zandotradies,reforandoascomnovoscomportamentosearmazenando,assim,co nhecimentos.Surgefragmentariamente,semmtodoousistemaconformeasocasies davidaaparecem;talconhecimentonoprocuradoporsi,masacontecimentosdavi 10

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

dafamiliar,profissional,religiosaesocialcolocamapessoaapardeinformaes[...]. Esteconhecimentoatingeofato,ofenmenosemsepreocuparcomleismaisgeraisque oexplique,porissogeracertezasintuitivaseprcriticas.(CAMARGO,2004,p.4849)

Suas caractersticas so: superficial por conformarse com a aparncia; sensitivo e valorativo porserreferenteavivncias,estadosdenimoeemoesdavidadiria;subjetivo,poisoprprio sujeitoquemorganizasuasexperinciaseconhecimentos;assistemtico,poisestaorganizaodas experinciasnovisaasistematizaodasideias;acrtico,poisapretensodequeessesconhecimen tos o seja no semanifesta sempre deuma formacrtica; assistemticoporbasearse naorganiza o particular das experincias prprias do sujeito cognoscente e no em uma sistematizao das ideias;verificvel,vistoqueestlimitadoaombitodavidadiriaedizrespeitoquiloquesepode percebernodiaadia;e,finalmente,falveleinexato,poisseconformacomaaparnciaecomoque seouviudizerarespeitodoobjeto.Emoutraspalavras,nopermiteaformulaodehiptesessobre aexistnciadefenmenossituadosalmdaspercepesobjetivas.Osensocomumrepresentaapedrafundamentaldoconhecimentohumanoeestrutu ra a captao do mundo emprico imediato para se transformar posteriormente em umcontedoelaboradoque,pormeiodobomsenso,poderconduzirasoluesde problemas mais complexos e comuns at as formas de soluo metodologicamente elaboradasequecompemoparecercientfico.(BARROS;LEHFELD,2007,p.44)

CONHECIMENTOCIENTFICO oconjuntoorganizadodeconhecimentossobreumdeterminadoobjeto,emespecialobtidos medianteaobservao,aexperinciadosfatoseummtodoprprio.Seusalicercesestonametodo logiaenaracionalidade.Diversamentedoqueacontececomoconhecimentopopular,oconhecimen tocientficonoatingesimplesmenteosfenmenosnasuamanifestaoglobal.Elecaracterizado pela capacidade de analisar, de explicar, de desdobrar, de justificar, de induzir ou aplicar leis, de predizercomseguranaeventosfuturos.Eleexplicaosfenmenosenososapreende. Oconhecimentocientficocrtico,rigoroso,objetivo,nascedadvidaeseconsolidanacerte zadasleisdemonstradas.real(factual)porquelidacomocorrnciaoufatos;constituiumconhe cimento;contingenteeobjetivo,poissuasproposiesouhiptesestmsuaveracidadeoufalsida deconhecidaatravsdaexperincia;sistemtico,jquesetratadeumsaberordenadologicamen te;racional,porconsistiremumconjuntodeenunciadoslogicamentecorrelacionados;verific vel,vistoqueasafirmaes(hipteses)quenopodemsercomprovadasnopertencemaombito11

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

dacincia;falvel,emvirtudedenoserdefinitivo,absolutooufinale,porestemotivo,aproxi madamenteexato:novasproposieseodesenvolvimentodetcnicaspodemreformularoacervo deteoriaexistente.Oconhecimentocientficofactual[...],denotandocoisasqueexistemnoespaoeno tempo. [...] verificvel ou demonstrvel; ele se baseia num mtodo de observao, formulaodehipteseedemonstrao;comesteprocesseatingeascausasdareali dade,formulandoleisgeraiscomprovadamente.[...]analticoenquantodissecaou dissociaaspectosdofenmeno,decompondootodoparaperceberasinterconexesa fimderemontarousintetizarnovamente.[...]metdicoesistemtico,rigorosoecr tico, acumulativo e falvel: a cincia se constri, faz e refaz caminhos. (CAMARGO, 2004,p.4748)

CONHECIMENTOFILOSFICO OprimeirosbioqueutilizouapalavraFilosofiafoiPitgoras,nosculoVI a.C. Em sentido etimolgico, Filosofia significa devotamento sabedoria / amigo dasabedoria,isto,interesseemacertarnosjulgamentossobreaverdadeeafalsi dade,sobreobemesobreomal. ParaAristteles,aFilosofiaeraacinciadetodasascoisaspelasltimascau sas,isto,pelascausaserazesmaisremotaseque,porissomesmo,ultrapassam aspossibilidades,ocampoeomtododascinciasparticulares,aestasincumbea investigaodascausasprximasobservveisecontrolveispelosrecursosdom todocientficoouexperimental. importante destacar que a Filosofia usa princpios racionais, procede de acordo com as leis formais do pensamento, tem mtodo prprio, predominantemente dedutivo, nas suas colocaes crticas.Portanto,elaindaga,traarumos,assumeposies,estruturacorrentesqueinspiramoudo minammentalidadesemdeterminadosperodos,masque,emseguida,perdemvigordiantedeno vasconcepes,quegeralmentehostilizamasanteriores,maneiradascorrentesliterrias,dasartes emgeraloudasreligies. Oconhecimentofilosficodistingueosvaloresquenorteiamasaeshumanas.Elevalorati vo,poisseupontodepartidaconsisteemhiptesesquenopoderosersubmetidasobservao, ashiptesesfilosficasbaseiamsenaexperincia,portanto,esteconhecimentoemergedaexperin ciaenodaexperimentao;porestemotivo,oconhecimentofilosficonoverificvel,jqueos enunciadosdashiptesesfilosficasnopodemserconfirmadosnemrefutados,aocontrriodoque ocorrenocampodacincia;racional,emvirtudedeconsistirnumconjuntodeenunciadoslogica mente correlacionados; sistemtico, pois suas hipteses e enunciados visam a representao coe rentedarealidadeestudada,numatentativadeapreendlaemsuatotalidade;infalveleexato,j queseuspostulados,assimcomosuashipteses,nososubmetidosaodecisivotestedaobservao (experimentao). Portanto, o conhecimento filosfico caracterizado pelo esforo da razo pura paraquestionarosproblemashumanosepoderdiscernirentreocertoeoerrado,unicamenterecor rendosluzesdaprpriarazohumana.

12

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

SAIBAMAIS AATITUDEFILOSFICA:Oque?Porque?Como? CHAUI,Marilena.ConviteFilosofia.Disponvelem: .Acessoem:03dez.2009. CONHECIMENTORELIGIOSO Estetipodeconhecimentoapoiaseemdoutrinasquecontmproposiessa gradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, poressemotivo,taisverdadessoconsideradasinfalveiseindiscutveis(exatas); umconhecimentosistemticodomundo(origem,significado,finalidadeedestino) comoobradeumcriadordivino;suasevidnciasnosoverificveis:estsempre implcita umaatitude defperante um conhecimento revelado. Assim, o conheci mentoreligiosopartedoprincpiodequeasverdadestratadassoinfalveisein discutveis,porconsistirememrevelaesdadivindade. Oconhecimentoreligiosovaifavorecersatitudesticasembuscadobemcomum.Valesali entarqueaprocessualidadedosaber,quercientficoquerfilosfico,deformaalgumavemdene grir a cincia e a filosofia, pelo contrrio, vem reconhecer seu verdadeiro estatuto. S se sentem denegridososcientistasefilsofosobtusosedogmticos,porque,nofundo,noqueremvermor rerseusdolos.Etudoissonadatemavercomceticismo,poisocticosimplesmentenoacredita na possibilidade de conhecimento. Aqui se trata apenas de revelar os limites do conhecimento, nuncadenegarsuapossibilidade. Tantooconhecimentovulgarcomoocientfico,tantooconhecimentofilosficocomooteolgi coalimentamomesmopropsitoelutampelomesmoobjetivo,queodechegarverdadesobreo Homem e sobre o Universo, sobre o ser e sobre cada uma das realidades que constituem infinitos segmentosdanatureza. Paracompreenderefetivamenteostiposdeconhecimento,relacionandoos,analiseatentamen teoquadroabaixo: CaractersticasdosTiposdeConhecimento POPULAR Valorativo Reflexivo Assistemtico Verificvel Falvel Inexato CIENTFICO Real Contingente Sistemtico Verificvel Falvel AproximadamenteExato FILOSFICO Valorativo Racional Sistemtico Noverificvel Infalvel Exato RELIGIOSO Valorativo Inspiracional Sistemtico Noverificvel Infalvel Exato

Fonte:SANTOS,IzequiasEstevamdos.Textosselecionadosdemtodosetcnicasdepesquisacientfica.3.ed.RiodeJaneiro:Impetrus,2002.

13

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

1.1.3 CONTEDO 3 - CONCEPO, NATUREZA E DIMENSES DA CINCIA Cinciasemconscincianosenoarunadaalma. FranoisRabelais. Ohomemsempreempreendeuesforosembuscadaverdade,dacompreensodoreal,daex plicaodesuanaturezainternaedanaturezaexternaqueocerca,semprebuscandodarcontadas questessobreseusurgimento,seupapelnoplaneta,enfimarazodasuaexistncia,amelhorma neiradesuperarosdesafios.Nasdiferentesdimensesdoconhecimentohumano,ohomemapresen tarespostaseavanaquantocompreensodomundo. Vistoqueacinciafrutodatendnciahumanaparaprocurar respostas e justificaes positivas e convincentes. Nesse contedo, iremosanalisaranaturezadacincia,conceituandoseuaspectolgico como mtodo de raciocnio e de inferncia acerca dos fenmenos j conhecidosouasereminvestigados. Acinciaaumentousobremaneiraacapacidadedeinstrumen talizao do ser humano. Desenvolvendo tecnologias avanadas, liberou a mo de obra para atuar na rea de servios e pesquisas cientficas.medidaqueacinciaavana,oindivduosetornaca davezmaiscapazdedominarascircunstnciassuavolta. Etimologicamente,acinciaderivadolatimscientia,isto,conhecimento,arte,habilidade. Elapodeserentendidacomoumasistematizaodeconhecimentos,umconjuntodeproposies logicamentecorrelacionadassobreocomportamentodecertosfenmenosquesedesejaestudar, umconjuntodeconhecimentos,quesedatravsdautilizaoadequadademtodosrigorosos, capazesdecontrolarosobjetos,fatosefenmenosinvestigados.Relacionaseesseconhecimento aosobjetosempricos,passveisdeobservaoeexperimentao. ParaFreireMaia(1991),acinciaumconjuntodedescries,interpretaes,teorias,leis,mo delosetc.,visandoaoconhecimentodeumaparceladarealidade,emcontnuaampliaoerenova o,queresultadaaplicaodeliberadadeumametodologiaespecial,ouseja,ametodologiacientfi ca.JBarroseLehfeld(2007,p.50),definemcinciacomosendoOestudodeproblemasformuladosadequadamenteemrelaoaumobjeto,procu randoparaelesoluesplausveisparautilizaodemtodoscientficos.[...]Enfim, conceituarcinciasignificalevantarpolmicasadvindasdosparadigmasquenortei am o trabalho do pesquisador, havendo, pois, pesquisadores mais pragmticos, ou trosnemtantoeaindaaquelesquebuscamrespostasparaumquestionamentocont nuoecrticosobrearealidade.(BARROS;LEHFELD,2007,p.50)

Dessesconceitosemanaacaractersticadeapresentaracinciacomoumpensamentoracional, objetivo,lgicoeconfivel. Noexisteumanicaconcepodecincia.Podemosdividilaemperodoshistricos,cadaum com modelos e paradigmas tericos diferentes a respeito da concepo de mundo, de cincia e de mtodo, destacandose trs grandes concepes: a cincia grega que abrange o perodo que vai do sculoVIIIa.C.atofinaldosculoXVI;acinciamoderna,dosculoXVIIatoinciodosculo XX;eacinciacontemporneaquesurgenoinciodestesculoatnossosdias.14

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

Com os gregos, a cincia tida como filosofia da natureza. Tinha como nica preocupao a buscadosaber,acompreensodanaturezadascoisasedohomem.Aconcepodecinciamoderna opesecinciagregaeaodogmatismoreligioso.Propecomocaminhodoconhecimento,ocami nhodacincia,atravsdoexperimentar,domedirecomprovar. Surgeocientificismo,isto,aconfianatotalnacincia,valorizandoaracionalidadecientfica, comoseelafossearespostacorretaenicaparaosproblemashumanos,acrenadequeonicoco nhecimentovlidoeraocientficoedequetudopoderiaserconhecidopelacincia.Asdemaisfor masdeentendimentodarealidade,taiscomoareligio,afilosofiaeosensocomumforamdespreza doseconsideradosformasmenoresdeconhecimento. IMPORTANTE ANEUTRALIDADECIENTFICA Aneutralidadecientficaoutromitodacinciamoderna.Muitospensavamqueacincia eraumsaberneutroequeaspesquisascientficasnodeveriamsofrerinflunciasocial,poltica ou econmica. Reflexes posteriores demonstraram que no bem assim que ocorre. Embora o cientista tente produzir conhecimento desvinculado de ideologias, a humanidade corre riscos comaspesquisastecnolgicas.Alemdisso,existeminstituieseempresasquefinanciaminves tigaesquemaislheinteressam,deacordocomoramoaoqualpertencem.Atualmente,ateoria da neutralidade cientfica no se sustenta, pois a perspectiva crtica e autoavaliativa da cincia contemporneaquestionaa quefins se destinamassuasdescobertassem alegar iseno, pois a produocientficanoserealizaforadocontextosocial,polticoeculturalquearodeia. A ideia da neutralidade cientfica extremamente nociva porque pode gerar uma postura passiva e no questionadora no cientista em relao a sua profisso e s implicaes ticas da produocientfica.Aneutralidadecientficapermitiuqueoconhecimentocientficofosseapro priado comfinsaltamentedestrutivos,como foi o caso das pesquisas que levaram construo debombasatmicas. Avisocontemporneadecinciacentrasenaincertezaenarupturacomocientificismo(dog matismo e a certeza da cincia). Ao contrrio da concepo moderna, ela adota a induo para se certificareconfirmarseusestudos.ocontextodecrisedacinciaedarupturadoparadigmacarte siano,fundamentadonaexperinciaeadotandoainduoeaconfirmabilidadeparaconstataracer tezadeseusenunciados.SegundoFerrari(1982,p.3),opapeldacincianavisocontemporneao deproporcionaraumentoemelhoriadoconhecimento;descobertadenovosfatosefenmenos;a proveitamento espiritual, aproveitamento material do conhecimento; estabelecimento de certo tipo decontrolesobreanatureza. PARAREFLETIR Almdamentehumanaecomumimpulsolivre,criaseacincia.Estaserenova,assim comoasgeraes,frenteaumaatividadequeconstituiomelhorjogodohomoludens:acincia, nomaisestritoemelhordossentidos,umagloriosadiverso. JacquesBarzun Emsetratando deanalisar anatureza da cincia, podem ser explicitadas duas dimenses,na realidadeinseparveis,ouseja,acompreensiva(contextualoudecontedo)eametodolgica(ope racional),abrangendotantoaspectoslgicosquantotcnicos.Podeseconceituaroaspectolgicoda cinciacomoomtododeraciocnioedeinfernciaacercadosfenmenosjconhecidosouaserem15

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

investigados;emoutraspalavras,podeseconsiderarqueoaspectolgicoconstituiomtodoparaa construo de proposies e enunciados, objetivando, dessa maneira, uma descrio, interpretao, explicaoeverificaomaisprecisas. PARAREFLETIR Podemosaindaconsideraranaturezadacinciasobtrsaspectos:oconhecimentocient fico,ainvestigaocientficaeodesenvolvimentotecnolgico.Vamosrefletirapartirdadiagra maoaseguir: Osobjetivosdacinciasodeterminadospelanecessidadequeohomemtemdecompreender econtrolaranaturezadascoisasedouniverso.Delineadososobjetivos,cabecinciarealizarsuas trsfunes:descrever,explicarepreverosdadosquecompemarealidadedoestudo,tornandoo mundocompreensvelmedianteainterpretaodoconhecimentocientfico. SegundoFerrari(1982),acinciaaindadeveproporcionaraumentoemelhoriadeconhecimen to,descobertadenovosfatosefenmenos,empregoespiritual,materialefilosficodoconhecimento eestabelecimentodasistematizaodanaturezahumana,daordem,docontrole. Ascinciasdistinguemseporpossurem: Objetividadeoufinalidadepreocupaoemdistinguiracaractersticacomum ouasleisgeraisqueregemdeterminadoseventos; Funoaperfeioamento,atravsdocrescenteacervodeconhecimentos,dare laodohomemcomoseumundo; Objetosubdivididoemmaterial,aquiloquesepretendeestudar,analisar,in terpretarouverificar,demodogeral;formal,oenfoqueespecial,emfacedasdi versascinciasquepossuemomesmoobjetomaterial.

CARACTERSTICASDACINCIA BarroseLehfeld(2007),abordamasseguintescaractersticascomoconstituintesdacincia:ra cionalidade;coerncia;representaodoreal;questionamentosistemtico;analtica;exigeinvestiga o e utilizao de mtodos; agrupa objetos da mesma espcie para a investigao; comunicvel. Vejamos,aseguir,suasdefinies: 16

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

a) Racionalidade: utilizao do raciocnio analtico, lgico e sinttico, desconsiderando as im pressessubjetivasea emoo. Tratase da racionalizao do conhecimento, caracterizada pela sis tematizaoecoordenaometdicadoraciocnio,observao,conclusoeaplicaesfrenteaosfa tos,fenmenoseobjetosdanatureza. b)Coerncia:investigaosistemticaentreaideiaeofato,isto,visaestabelecerconcordncia entreoobjetoeoconhecimento,procurandoaferiraverdadeaumadeterminadarealidade.Numa perspectivacrticavisamatingiraobjetividadeemensuraonapesquisa. c)Representaodoreal:representaumquadroabstratoecodificadodoreal,isto,ocontedo concretoapreendidopelossentidos,pelopensamentosobrearealidadecircundante. d)Questionamentosistemtico:acincia,atravsdeseusestudos,buscasempresuasuperao. Para tanto, lana mo do questionamento contnuo, debate, justificativas, demonstraes e crticas pondoemdvidaalegitimidadedosargumentosedasrazesfundamentais. e) Analtica: delimitao e decomposio do objetivo do estudo. Analisar significa examinar cadafragmentoe/oupartedeumtodo.Tratasedeumestudopormenorizadoqueseempreendeno examedecadapartedeumtodo,tendoemvistaconhecersuanatureza,suaspropores,suasfun es,suasrelaes. f)Exigeinvestigaoeutilizaodemtodos:utilizaorigorosadeestratgiasparapesquisar, indagar, inquirir o fenmeno estudado. Tratase de um caminho pelo qual se atinge determinado objetivo,lanandomodemtodosseguroseconfiveisdesevalidaroconhecimento. g)Agrupaobjetosdamesmaespcieparaainvestigao:tratasedaextensodeumprincpio oudeumconceitoatodososcasosaquesepodeaplicar.Estacaractersticapodeserentendidacomo processopeloqualsereconhecemcaracterescomunsavriosobjetossingulares,daresultaquerna formaodeumnovoconceitoouideia,quernoaumentodaextensodeumconceitojdetermina doquepassaacobrirumanovaclassedeexemplos,afimdefacilitarainvestigaocientfica. h) Comunicvel: uma vez validadas, as descobertas cientficas, so comunicadas sociedade, poisservemdeestmuloresoluodosdemaisproblemasindividuaisesociais. 1.1.4 CONTEDO 4 - REFLEXES SOBRE CINCIAS HOJE

NoinciodosculoXX,oscientistassociaiscomearamaquestionarseomtododeinvesti gaoutilizadopelascinciasnaturaisefsicasdeveriacontinuarsendoaplicadonoentendimento defenmenossociais.Atento,osmtodosdeinvestigaoeramorientadospelaperspectivapo sitivistaquesupunhaQueosfatoshumanossocomoosdanatureza,fatosquecomeamaserobservados taisquais,semideiaspreconcebidas;fatosque,emseguida,devemsersubmetidos experimentao,paraquesepossadeterminarsuaousuascausas;depois,tomando umamedidaprecisadasmodificaescausadaspelaexperimentao,datirarexpli caestogeraisquantopossvel.Esseprocedimentorealizadocomaesperanade determinar, no campo do humano, as leis naturais que o regem. (LAVILLE ; DIONNE,1999,p.31)

17

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

A produo cientfica do sculo XIX entendia a construo da cincia a partir da abordagem positivista,acreditandoqueelapoderiaseraplicadacomsucessoatodososobjetosdeconhecimento, fossemnaturaisousociais/humanos.Noentanto,apercepodequesetratavadeobjetosdenatu rezasdiferenciadas,comgrausdecomplexidadedistintosnotardouaacontecer.Oscientistassoci ais buscaram uma metodologia diferente para as cincias humanas, considerando a dinmica das relaesedosfenmenosqueenvolvemocomportamentodossereshumanos,oqueimpossibilitao estabelecimentodeleisgerais,comumenteaplicadasnosestudosdafsicaoudabiologia.Combase nessasespecificidades,houveumavalorizaodaabordagemmetodolgicapautadanahermenuti ca,quebuscaconhecerapartirdainterpretaodossignificadosdeumtexto,quepodeserentendi docomoaprpriarealidade.Destaforma,aprioridadedascinciassociaisdeveriasevoltarparaa compreenso dos significados das aes dos sujeitos e dos significados que eles atribuem s suas prpriasaes.Paraisso,necessriocolocaressasaesdentrodeumcontextoderelaes,consi derarqueanaturezahumanadiferente,poisoserhumanosujeito,possuivalores,opinieseca pacidadedeagirdemaneiraautnoma,oquefazsuasaesseremimprevisveiseimpossveisdese encaixarememleisgeraisquesirvamparacompreendlas. Morin(2002,apudSANTOS;ROCHA,2007,p.41),avananaquestoquandodiz:[...]odesen volvimentodacincianoseefetuaporacumulaodosconhecimentos,masportransformaodos princpiosqueorganizamoconhecimento.Acincianoselimitaacrescer;transformase. SantoseRocha(2007,p.41),ressaltamqueCabeepistemologiadacomplexidade,combasenopensamentodeMorin(2002),que rompe com vrias posturas da Modernidade, a proposta do pensamento complexo, umanovamaneiradeencararacincia,avidaeouniverso.Arealidadenonemo todo,nemaparte;ambose,aomesmotempo,umnooutro.

Odebateacercadametodologia maisadequada para os diversos objetos de pesquisa, fossem elesdenaturezafsicaousocial,permaneceuativoatadcadade1980e,aindahojeserefletenas discussessobre subjetividadeX objetividade os nosdebates sobre pesquisa qualitativa X pesquisa quantitativa,sabendosequealeiturasubjetivadoobjetodepesquisaestassociadaabordagemda18

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

pesquisaqualitativa,enquantoqueleituraobjetivadoobjetodepesquisaestassociadaabordagem dapesquisaquantitativa.Estudaremosestasquestesmaisadiante.Importasaberqueascinciasem geralsedistanciaramdaperspectivapositivistaeconstruramumaorientaoquerepresentaoseu principalmtododeconstruodeconhecimento:omtodohipotticodedutivo. Aodefinirumobjetodeinvestigao,opesquisadorprecisadelimitareestabelecerumaques toquelheinquieta,isto,oproblemaqueeledesejasolucionar.Aoperceberesteproblema,opes quisadorlevantapossveisrespostasouexplicaeslgicascapazesdefornecerumasoluoparao questionamento inicial: as hipteses. Caber ao pesquisador testar as suas hipteses e conservar a quelaqueelepensasermaisadequadaparaacompreensodoproblema.Quandoconsideraraex plicaoobtidapormeiodahiptesesatisfatriaevlida,opesquisadorjpodedivulglaparaa comunidadecientfica.Paratanto,Dirquaissoasdelimitaesdoproblema,comoaspercebeu,porquesuahiptese legtimaeoprocedimentodeverificaoempregadojustificado.Dessemodo,cada umpoderjulgarossaberesproduzidosesuacredibilidade.Essaoperaodeobjeti vao,comoaconcentraoemumproblema,esthojenocentrodomtodocientfi co.(LAVILLE;DIONNE,1999,p.46).

PARAREFLETIR Emlinhasgerais,esboaseumcaminhoque secaracterizapeladefiniodeum proble ma,levantamentodehiptese(s),verificaoda(s)hiptese(s)econcluso.Confiraoquadroase guir: 19

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

IMPORTANTE QUANTITATIVOVERSUSQUALITATIVO Odesmoronamentodaperspectivapositivistanosedeusemdebatesentreseusdefenso reseadversrios.Essesdebatescontinuamaindahoje.Podeseverificloprincipalmentenaopo sioentrepesquisaquantitativaepesquisaqualitativa A pesquisa de esprito positivista aprecia nmeros. Pretende tomar a medida exata dos fenmenoshumanosedoqueosexplica.,paraela,umadasprincipaischavesdaobjetividadee da validade dos saberes construdos. Consequentemente deve escolher com preciso o que ser medidoeapenasconservaroquemensurveldemodopreciso.Paraosadversriosdessem todo,tratasedetruncaroreal,afastandonumerososaspectosessenciaiscompreenso. Osadversriospropemrespeitarmaisoreal.Quandosetratadorealhumano,afirmam, tentemos conhecer as motivaes, as representaes, consideremos os valores, mesmo se dificil mentequantificveis;deixemosfalarorealaseumodoeoescutemos.Osdefensoresdaquantifi caoapenasdascaractersticasobjetivamentemensurveisrespondem,ento,queesseencontro incontroladodesubjetividadesqueseadicionamspodeconduziraosabermole,depoucava lidade. Esquecem, desse modo, que para construir suas quantificaes, tiveram que afastar in merosfatoreseaplicarinmerasconvenesestatsticasque,dorealestudado,correseoriscode noterrestadograndesubstncia.Masverdadequeoquerestaasseguradoporumprocedi mentomuitorigoroso,testadoepreciso.Ealgunsgostamdeafirmarquesoasexignciasestritas desserigorqueafastamospesquisadoresqualitativos(oqueinfelizmenteparece,svezes,corre to,sobretudo,emvistadosabermatemticoedoestatsticonecessrio!). Narealidade,essedebate,aindaquemuitopresente,parecefrequentementeintileatfalso. Intil,porqueospesquisadoresaprenderam,hmuitotempo,aconjugarsuasabordagens conforme as necessidades. Vse agora pesquisadores de abordagem positivista deixar de lado seusaparelhosdequantificaodeentrevistas,deobservaesclnicasetc.,einversamente,vse pesquisadoresadversriosdaperspectivapositivistaquenoprocedemdeoutromodoquando possveltratarnumericamentealgunsdeseusdadosparamelhorgarantirasuageneralizao. Intil,sobretudo,porquerealmentequerersesituarfrenteaumaalturaestril.Apartir do momento em que a pesquisa centrase em um problema especfico, em virtude desse pro blema especfico que o pesquisador escolher o procedimento quantitativo, qualitativo, ou uma misturadeambos.Oessencialpermanecer:queaescolhadaabordagemestejaaserviodoobje todepesquisa,enoocontrrio,comoobjetivodedatirar,omelhorpossvel,ossaberesdeseja dos. Nesse sentido, centralizar a pesquisa em um problema convida a conciliar abordagens preocupadascomacomplexidadedoreal,semperderocontatocomosaportesanteriores. (LAVILLE;DIONNE,1999,p.43) Podeseclassificarascinciasemduasgrandescategorias:formaiseempricas.Asprimeirastra tam de entidades ideais e de suas relaes, sendo a Matemtica e a Lgica as mais importantes. As segundastratamdefatosedeprocessos,incluemsenestacategoriacinciascomoaFsica,aQumica, aBiologia,aPsicologia.Ascinciasempricas,porsuavez,podemserclassificadasemnaturaisesoci ais.Dentreascinciasnaturaisesto:aFsica,aQumica,aBiologia,aAstronomia.Dentreascincias sociaisesto:aSociologia,aAntropologia,aCinciaPoltica,aEconomia,aPsicologiaeaHistria.

20

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

1.2 1.2.1

TEMA 2 - A METODOLOGIA CIENTFICA E A UNIVERSIDADECONTEDO 5 - MTODO E ESTRATGIA DE ESTUDO E APRENDIZAGEM

Estudarcorrespondeatrabalhar.Exigeempenho,responsvelededicao.Conseguintemente, pressupesacrifcioseescolhasconscientes.Quemdefatoquerestudardeveestabelecerumahierar quiadevaloresemsuavida. Ovocbulometodologiavemdogregomethodos(meta+hodos=caminho)emlatimmethodus, eindicaumcaminhoparachegaraumfim,ouaumdeterminadoresultado.Nosestudos,ametodolo giapretendeofereceraoestudanteosinstrumentosnecessrioseteisparaobterxitonoseutrabalho intelectual,tornandoassimessaatividademenospesadaemaiseficiente. Agirmetodologicamentecondiobsicadequalquerpesquisacientfica,pormaiselementar queseja.Trataseefetivamentedeumconjuntodeprocessosqueoespritohumanodeveempregar na investigao e demonstrao da verdade. No devemos considerar o mtodo como o essencial, lembrarqueeleuminstrumentointelectual,ummeiodeacesso,enquantoainteligncia,juntocom areflexo,descobreoqueosfatosrealmenteso. Umestudoeficazquantosetornasignificativo,isto,quandoosnovosconhecimentosein formaessoassimiladospessoalmente,confrontadoseintegradosnocomplexodeconhecimentos jexistentes,podendoserreutilizadosemoutrassituaes.Assim,oestudocontribuiparaaforma ointegraldapessoaedesuamaturao.Levandoemconsideraoesseaspecto,importanteque aprendamosalgumastcnicasparaestudar. PARAREFLEXO Algumavezvocjparouesequestionouquantoaoseumtododeestudo?Jseperguntou seafaltadecompreensodeumadeterminadaleituraestassociadaacomovocestestudando? FUNDAMENTOSDOMTODODOESTUDO Entreduaspessoasquetenhamomesmograudeescolaridade,processoscognitivossemelhan tes e graus de motivao semelhantes, certamente aquele que fizer uso de um mtodo de estudar compatveltermelhorrendimento.Aeficinciadoestudodependedemtodo,masomtodode pende de quem o aplica, da maneira como o faz, adequandoo as suas necessidades e convices. Podemoscitarcomopontosessenciaisparaeficincianosestudosoquesesegue: Finalidade:desenvolverhbitosdeestudoeficientesquenoserestrinjamape nasadeterminadosetordeatividadeoumatriaespecfica; Abrangncia:servirdeinstrumentoatodosquetenhamasmesmasnecessidades einteresses,emqualquerfasededesenvolvimentoeescolaridade,podendoaper feioarsemedidaqueoindivduoprogride,atravsdeseusprpriosrecursos. FATORESCONDICIONANTESDOESTUDO Oofciodeestudarrequeralgumasqualidadesespecficasquepodemossintetizarnaseguinte trilogia:constncia,pacinciaeperseverana.Aconstnciavenceasimpressesdefalsocansaoque frequentementeseapoderamdoespritoedocorpo.Apersistncia,noentantofazasarticulaesse desenferrujarem, os msculos se revigorarem, a respirao se dilatar, de repente, um novo nimo empurra para frente, coisa semelhantepodeacontecercomos estudos, em vez deceder diantedos21

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

primeirossintomasdefadiga,oestudantedeveromperparafrente,forarasadadaenergiainterior. Eapacinciaparaaguardarcomamoronaturalresultadodosesforosdesenvolvidos. regra de ouro no empreender nada alm da capacidade pessoal. Cada um tem seu ritmo prprioesuaslimitaes.Opresunosoaquelequesejulgasuperioraoquerealmenteepodeser, contentasecomaparnciasefacilmentevtimadeautoiluso.Conhecerosreaislimitespessoais fatordehonestidadeparaconsigomesmoeparacomosoutros.Quandootrabalhofrutodopr prioesforo,entoquetemvalor,mesmonoatingindointeiramenteaqualidadeacadmicaexigi da.Devesedesistirdatentaodesemprequerercompararsecomosoutros.Oqueeumesmosou capazdeproduzir,dentrodasminhascondiespessoais,oquecontribuiefetivamenteparaminha realizaohumana. Portanto,ascondiesfsicaseasdoseuambientedeestudodevemserfavorveis,possibili tandootrabalhoatentoetranquilo.Criarmelhorescondiesfsicasdeestudomelhoraroseuren dimento.Vejaagoraalgunsfatoresedicasquepodemmelhoraroseudesempenhonosestudos: FATORESEXTERNOS: Ambiente:procurase,sepossvel,umlugarsossegado.Oquartodeestudodeve serbemarejadoeiluminado.Noespaodeestudodevemserafastadostodosos objetosquepossamdistraireestudante.Oquenopodefaltarumbomdicio nrio,papeloufichas,lpis,borrachaecaneta.Umaboailuminaoparaestu dos noite, tambm, de fundamental importncia. Cada um deve averiguar suasprpriascondiesdeconcentrao,criandoemtornodesiumazonade silncioqueocapaciteparaotrabalhointelectual.Lembremossemprequeosi lncio indispensvel para concentrao. Logo, rdio, gravador e msicas gri tantessocompletamentedescartados. Intercmbio:degrandeutilidadereunirsedetemposemtemposcomcolegas estudantes para trocar experincias de estudo, confrontar resultados, preparar umexameouumdebateemaula.Essetipodeintercmbioabrenovoshorizon tes,estimulaoesforoeesclarecedvidas.Valeressaltarque,osencontrosde estudosdevemserencaradoscomseriedade,comtarefaseobjetivosdetermina dos,afimdenosedesviarcombatepaposdesnecessrios. Sade:questespsicossomticasinfluemdiretamentenosestudos.svezestra tamsedecasosrelativamentesimplesdeseremresolvidos.Assim,porexemplo, sonolnciaconstanteemperodosdeestudospodetercomomotivaoainade quaodo horriodeestudo outipodealimentao efetuadaantes doestudo. Conserveseemboascondiesdesade; AspectosGerais:cuidedosproblemasfsicosporventuraexistentesequedificul tamasuaatividadedeestudar;cuidedesuahigienepessoalparamanteraboa sade (usando alimentao completa e equilibrada, comendo lenta e modera damente, praticando diariamente exerccios fsicos, equilibrando trabalho com repouso e lazer); procure tomar melhores as condies do seu local de estudo; antesdeiniciaroseuestudo,providencietodoomaterialdequevainecessitare arrumeoconvenientemente;adquiraohbitodeestudarnolugarcerto.Mante nhaseumaterialdeestudodevidamenteorganizado. 22

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

FATORESINTERNOS: Autodisciplina:nocampodaformaointelectualnadasefazsemautodiscipli na.Aconcentraoelementoprimordialnosestudosdependeemboaparte dela,pelofatodeexigirforadevontadeetenacidadenaao.Semestadisposi o firme e empenho decidido no adiantaabsolutamente nada oferecer subs diosmetodolgicos,acompanhamentopessoalnosestudosoutcnicassofistica dasdeaprendizagem. Motivao:umfatorabsolutamentecentralnoestudoamotivao,ouseja,uma disposiointeriorquenosimpulsionaaadotaremanterumestilodevidaeum comportamento que expressam e concretizam valores tidos como importantes. Sem objetivos concretos, que devem ser constantemente lembrados, corremos o riscodedesanimardiantedasprimeirasdificuldadesqueseapresentam,enquan to a experincia de fracasso provoca uma profunda frustrao psicolgica. Ao contrrio,umafortemotivaogaranteumestudoperseveranteebemsucedido. Sensoderealismo:requisitofundamentalnoempreendernadaalmdacapa cidadepessoal.Cadaumtemseuritmoprprioesuaslimitaes.Conheceros reaislimitespessoaisfatordehonestidadeparaconsigomesmoeparacomos outros. Devese desistir da tentao de sempre querer compararse com os ou tros.Oqueeumesmosoucapazdeproduzir,dentrodasminhascondiespes soais,oquecontribuiefetivamenteparaminharealizaohumana. Aceitao decrticas: o espritointelectual se traduz no esprito de observao, no gosto pela preciso e pelas ideias claras, na imaginao ousada,mas regida pelanecessidadedeprova,nacuriosidadequelevaaaprofundarasquestes,na sagacidadeepoderdediscernimento.Naformaodestamenteintelectualacr ticadesempenha um papelprimordial.Criticar exporopinies, julgar, distin guir,analisarparamelhorpoderavaliaroselementosdaproblemticalevanta da.Emsi,nadatemdenegativo,pelocontrrio,elementoimprescindvelem todaverdadeirapesquisacientfica.Oespritocrticodeveserformadoaolongo dosanosdeestudos.Imporseumahonestaautocrticaedisporseaacolhercom benevolnciaascrticasdeoutros,principalmentedoseducadores,contribuilar gamenteparaoprogressonosestudos.Crticasquepartemdasincerapreocupa odofazerooutrocrescerincentivamoestudanteasempredaromelhordesi, enquanto omisses ou elogios, feitos com o receio de ferir sensibilidades, s conduzemaocomodismoefaltadeempenhopessoal. AAPRENDIZAGEM Otodoajudaaaprenderaspartes,nosoaspartesqueajudamaaprenderotodo, portanto,nodeveseprocuraraprenderporpedaos.Todaaprendizagemumaestrutura quedeveserassimiladaglobalmente,portanto,devesepensarsempreemtermosdetotalidadee relaodaspartesentresi. Umestudoeficientepassanecessariamenteportrsetapasque,articuladas,levarooeducan doaatingircommaiseficinciaaaprendizagemdesejada,denominadaaquidesncrese,aprimeira etapa;anlise,aetapaintermediriaesntese,aetapafinal.23

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

Sncreseantesdecomearoestudo,marcaroobjetivo,dizerasimesmoatondevaiche gar,realizarpequenosobjetivosdecadavez.Osplanosmuitoarrojadosterminampordesencora jar.Comearoestudoporumavisodeconjuntosincrticaouglobal,comoquemlumacarta deumflego,vatofim,noparenomeio,emseguidafaaumresumodoqueficou,nopen sandoqueistofoiaprendizagem.Todotrabalhoquenoencadeadofacilmenteseperde.Apren dermedianteumaesquematizaolgica,poisaintelignciaqueoverdadeiroinstrumentoda aprendizagem,fundamental. Anlise a fase analtica procura ver e compreender todos os detalhes. Mas ficando nisso nohaprendizagem,soapenasinformaes,sem,contudoperderanoodeconjuntoadquirida nafasedasncrese.Noesquemaanaltico,procurasecriarumesquemautilizandodiagramas,es boos,setas,crculos,quadrosnosquaisentremtodososdetalhes,demodoquesecoloqueemor demcrescenteoudecrescenteositensdotexto,valorandocadaumdeles.Amelhorformaparaisso vocquemvaidecidir. Sntesenestaetapadeveseprocurarasleisqueregemofenmeno,procurarosprincpios,as causas e estabelecer os pontoschave. Concluses, regras, definies, princpios, esquemas, diagra massosnteses. Estudarpartirdosincrtico(global),passarpeloanaltico(pesquisaeinvestigao)echegar aosinttico.Ningumpodefazerissoporningum. Vejaafiguraaseguiredeformaresumida,percebaospassosbsicosparaumaboacompreen sodetexto. PlanejamentoeOrganizao Nosepodeesperarterxitonosestudossemplanejamentoeorganizao.Oplanejamentodiz respeitoaotempodisponvel,enquantoaorganizaoserefereutilizaoeficientedestetempoem termosdeestudo.Estudoexige,porsuaprprianatureza,autodisciplinaedisponibilidade.Devemos garantiroespaodetemponecessrioparaaatividadeintelectualatravsdeumhorrioelaboradoa partirdasituaopessoal.ElaborarumQuadrodeHorrioprevendoadistribuiodotempode dicado ao estudo um excelente recurso para otimizao do tempo, possibilitando o acompanha mento das tarefas em mdio e longo prazo. Tambm no sentido de contribuir na organizao das atividades,seriabomelaborarumQuadrodeTarefas,possibilitandoacompanharasatividades. RegrasGeraisdeEstudo Asregrasqueseseguemajudamamelhorarorendimentodoestudo.Conheaaseuseascom bomsenso. Estude individualmente, salvo se tiver a certeza de que estudando com outros vocaumentaaprpriaeficcia(discutindopontosdedvidas,porexemplo);

24

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

Tenhaideiaclaradosresultadosquevocdesejaalcanareafastedoseupensa mentotudooquesejaalheioaoseuestudo; Aprendaosconceitos,princpioseregrasgeraisantesdetentarapliclos; Destaqueosaspectosimportantesdesuatarefa,sejaelaqualfor,econsidereos deacordocomessaimportncia; Faaconstantesrevises,aproveitandotaisoportunidadesparaeliminarosseus pontosfracos; Procureresolverassuasdificuldadessozinho,masnodeixedepedirauxliose perceberqueelemesmonecessrio; Distribua bem os seus esforos durante o estudo, ou seja, estude por etapas a matriamuitovasta,importanteoudifcil.Distribuaasetapaspormaisdeum perododeestudo; Aprendaamatriaestudadademodoapoderreduzilaaumaunidade; Apliqueoaprendido,usandosemprequelhesejapossvel. Sevocadotarastcnicasaquiexpostas,empoucotempoteraprendidoaaprender.Seuestu dorendermais,termaioreficcia.Masasregrasapresentadasnodevemescravizlo.Vocdeve rdominlaseapliclascomoumsenhor,usandoasemseuproveito. 1.2.2 CONTEDO 6 - LEITURA E ANLISE DE TEXTOS

precisoler,eprincipalmente,lerbem.Quemnosabelernosaberresumir,nosaberto mar apontamentos e, finalmente, no saber estudar. Ler bem o ponto fundamental para os que quiseremampliaredesenvolverosseusconhecimentos. PARAREFLETIR Lerdarsentidoscoisas,aomundo,vida! Saberleropontodepartidaparadominartodaariquezaqueumtexto,literrioouno, podetransmitir.Bomleitorquemlfazendoaanlise,acompreensoeainterpretaodotexto. Analisarumtextoaprofundarsenacompreensodosdetalhesparaconstruirmentalmentesua snteseouresumo,ouseja,suainterpretao.

25

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

Oprocessodeaprendizagem,noquetangeasatividadesestudantis,depende,dentreoutrose lementos, da capacidade de leitura e assimilao reflexiva dos contedos trabalhados. As leituras necessrias e justificveis podem ser realizadas de modo proveitoso e com menor grau de esforo quandoefetuadascombaseemalgumastcnicas.Oque umaleitura proveitosa,quetcnicaspo demosfazeruso,quecuidadosdevemosterparamaiorproveitoseragoraobjetodonossoestudo. IMPORTANTE VOCSABIAQUEOBOMLEITOR... Lsemtropeos? entendidoportodosegostadoquel? capazdeleremvozaltacomclarezaeexpresso? Sabefazeraspontuaesemodulaescomnaturalidadeeagrado? Revelasepelaleituraoral,porquenol,masinterpretaatravsdaleituraoral? ElementosdaLeitura Aleituraampliaeintegraosconhecimentos,desonerandoamemria,abrindocadavezmais os horizontes do saber,enriquecendo o vocabulrio e a facilidade de comunicao, disciplinando a menteealargandoaconscinciapelocontatocomformasengulosdiferentessobosquaisomesmo problema pode ser considerado. Quem l constri sua prpria cincia; quem no l memoriza ele mentosdeumtodoquenoseatingiu.SegundoLakatoseMarconi(2007,p.15),Lersignificaco nhecer,interpretar,decifrar.Amaiorpartedosconhecimentosobtidaatravsdaleitura,quepossi bilitanosaampliao,comotambmoaprofundamentodosaberemdeterminadocampocultural oucientfico. PARAREFLETIR Apesardetodooavanotecnolgicoobservadonareadecomunicaes,principalmente audiovisuais,nosltimostempos,ainda,fundamentalmente,atravsdaleituraqueserealizao processodetransmisso/aquisiodoconhecimento.Daaimportnciacapitalqueseatribuiao atodeler,enquantohabilidadeindispensvel.Aprenderalernoumatarefatosimples,pois exigeumaposturacrtica,sistemtica,umadisciplinaintelectualporpartedoleitoreessesrequi sitosbsicosspodemseradquiridosatravsdaprtica,daexperincia. Oslivros,demodogeral,expressamaformapelaqualseusautoresveemomundo.Paraen tendlosindispensvelno s penetrar em seu contedobsico, mas tambm ter sensibilidade e espritodebusca,paraidentificar,emcadatextolido,osvriosnveisdesignificaoeasvriasin terpretaesdasideiasexpostasporseusautores. ModalidadesdeLeitura Arealidadedaleituraextremamentecomplexaevariada,vistoqueodilogoqueseestabele ceentreemissorereceptornosedsempredamesmaforma.Asnossasleiturastmorigenseobje tivosbastantediferenciados.Vejamosaseguir: 26

Leiturasdepurainformao:comonoticirios,jornais,revistas; Leiturasdepassatempo:comorevistasemquadrinhos,romancesetc.; Leiturasliterrias:queestabelecemcomunicaontimaentreotextoeoleitor;

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

Leiturasacadmicas:tratasedeumalinguagemcientficaquesecaracterizapelaclare za,precisoeobjetividade.Elafundamentalmenteinformativaetcnica,firmaseem dadosconcretos,apartirdosquaisanalisaesintetiza,argumentaeconclui. Leituradeestudoouinformativa:amaispresente;visacoletadeinformaesparade terminado propsito, destacandose trs objetivos predominantes: 1) certificarse do contedo do texto, constatando o que o autor afirma, os dados que apresenta e as in formaesqueoferece;2)correlacionarosdadoscoletadosapartirdasinformaesdo autorcomoproblemaempauta;3)verificaravalidadedessasinformaes.

CondiesparaumaLeituraProveitosa Paraumestudoproveitosdeumtexto,deumartigooudeumlivro,comboaassimilaode seucontedo,algunspassosfazemsenecessrios: 1)Atenoaplicaocuidadosaeprofundadamente,buscandooentendimento,aassimilao doscontedosbsicosdotexto;2)Intenointeresseoupropsitodeconseguiralgumproveitopor meiodaleitura;3)Reflexoconsideraoeponderaosobreoquesel,observandotodososngu los,tentandodescobrirnovospontosdevista,novasperspectivaserelaes;4)espritocrticolercom espritocrticosignificafazlocomreflexo,noadmitindoideiassemanalisarouponderar,proposi essemdiscutir,nemraciocniosemexaminar;5)Anlisedivisodotemaempartes,determinao dasrelaesexistentesentreelas,seguidasdoentendimentodetodasuaorganizao;6)Sntesere constituio das partes decompostas pela anlise, procedendose ao resumo dos aspectos essenciais, deixandodeladotudooqueforsecundrioeacessrio,semperderasequncialgicadopensamento. TcnicasdeLeitura Aleituranosimplesmenteoatodeler.umaquestodehbitoouaprendizagem,quepres supeumateoriaquefundamenteomtodo;umaestratgiaaserempregada;umconjuntodetcnicas; etreinamento.Noh,portanto,soluesmiraculosas,precisoqueointeressadoconheaosmtodos, verifiqueasuarealcontribuioeatravsdotreinamentoadquirahbitosdeleituramaisadequados. Antesdeiniciarumaleituraimportanteobservarasseguintescondies:a)ambientesosse gado;b)luzemposiocorreta;c)procurarlersemprenomesmolocalenomesmohorrio(issoaju daacondicionaroorganismo);d)posiocorretadolivro:amaisindicadaaqueformeumngulo prximode90grauscomotrax,aumadistnciaaproximadade30cmdosolhos(estesdevemal canarumngulodevisotalquetodaaextensodalinhasejaabarcada,semmovimentoocular);e) nolertendopensamentosqueopreocupamepossamobstruirfrequentementeadinmicadaleitu ra:notrabalharcomduasideiasaomesmotempo(acabanohavendodefiniodenenhuma);f)ler compropsitodefinidoecomdeciso. Quemtempossibilidadedefazerleituraoral,convmque,devezemquando,aexercite.Alei turaoralsempreindicadaquando,apslererelerumpargrafooutrecho,aindanoseconseguiu captarlheosentido. IMPORTANTE ETAPASDALEITURA Decodificao:traduodossinaisgrficosempalavras; Inteleco:percepodoassunto,emissodesignificadoaoquefoilido; Interpretao:apreensodasideiasepercepodasrelaesentretextoecontexto. Aplicao:funoprticadaleitura,deacordocomosobjetivosaqueseprops.

27

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

ANLISEDETEXTO Tendoefetuadoaleiturademaneirametodologicamenteadequada,vocpodeavanarparaa etapasubsequentedoprocessodeaprendizagemqueperpassaaanliseeinterpretao. Valedestacarquepodemosedevemostercriticidadesobreaquiloquelemosououvimos,usan dodonossodiscernimentoparaidentificaronecessrio,justificveleessencial,circunstancial,espor dicoesuperficial,poisaindaquesejamospeloscondicionantessociaiseacadmicosobrigadosarepro duzircertosconhecimentos,nopodemosperderanoodeanliseereflexosobretodasascoisas. Sendoassim,comecemosentoadestacaroqueanalisar.Analisarsignificaestudar,decom por,dissecar,dividir,interpretar.Deacordocomesseconceito,nonosparececlaroqueatodoins tanteestamosanalisando? Aanlisedeumtextorefereseaoprocessodeconhecimentodedeterminadarealidadeeim plica o exame sistemtico dos elementos, portanto, decompor um todo em suas partes, a fim de poderefetuarumestudomaiscomplexo,encontrandooelementochavedoautor,determinarasre laesqueprevalecemnaspartesconstitutivas,compreendendoamaneirapelaqualestoorganiza daseestruturadasasideiasdemaneirahierrquica. Atravsdaanliseiremosobservaroscomponentesdeumconjunto,perceberemossuasposs veisrelaes,ouseja,passaremosdeumaideiachaveparaumconjuntodeideiasmaisespecficas. Aanlisedetextotemcomoobjetos: Aprenderaler,aver,aescolheromaisimportantedentrodotexto; Reconheceraorganizaoeestruturadeumaobraoutexto; Chegaranveismaisprofundosdecompreenso; Interpretarotexto,familiarizandosecomideias,estilosevocabulrios; Reconhecerovalordomaterialseparandooimportantedosecundrio; Desenvolveracapacidadededistinguirfatos,hipteseseproblemas; Encontrarasideiasprincipaiseassecundrias; Percebercomoasideiasserelacionam; Identificarasconcluseseasbasesqueassustentam. Deacordocomessaorientao,aleituradeumtexto,quandofeitaparafinsdeestudo,deveser feita por etapas, ou seja, apenas terminada a anlise de uma unidade que se passar seguinte. Terminadooprocesso,oleitorseveremcondiesderefazeroraciocnioglobaldolivro,reduzin dooaumaformasinttica. TIPOSDEANLISEDETEXTO: 28

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

AnliseTextual:visoglobaldotexto;breveexplicaododocentecomaprimeiraleiturafeita pelodiscente.Sucessivasleituraspermitiroaidentificaodepalavrasepargrafoschaves.Osigni ficadodaspalavrasdesconhecidas,assimcomotermostcnicosdeverserprocuradonodicionrio. AnliseTemtica:permitemaiorcompreensodotexto,aassociaodeideiasdoautorcomas prexistentesnoconhecimentodoestudante.Avaliaodacoernciainternadotexto.Elaboraodo resumoparadiscussoemsaladeaula. AnliseInterpretativa:aapreensodasideiaseestabelecimentoderelaesentreotextoeo contexto.Quandonosperguntamos:oqueoautorquisdizercomisso?,estamosfazendooincio deumainterpretao;estamosbuscandosentidosdotextoquenoestejamescritosliteralmente. Problematizao:atividadeemgrupo.Asquestesimplcitaseexplcitasnotextosolevanta dasedebatidas. SnteseouConclusoPessoal:reelaboraoindividualdoquefoientendidodotexto,resultan donumresumoprpriocomocrticaoureflexopessoal. IMPORTANTE OQUEDEVOIDENTIFICARNUMTEXTO? Tema:ideiacentralouassuntotratadopeloautor,ofenmenoquesediscutenodecorrerdo texto.Emprimeirolugar,buscasesaberdoquefalaotexto.Arespostaaestaquestorevelaotema ouassuntodaunidade. Problema: a apreenso da problemtica, aquilo que provocou o autor, isto , pode ser vistocomooquestionamentodemotivaodoautor. Tese:aideiadeafirmaodoautorarespeitodoassunto.Captadaaproblemtica,ater ceiraquestosurgeespontaneamente:oqueoautorfalasobreotema,ouseja,comoresponde dificuldade,aoproblemalevantado?Queposioassume,queideiadefende,oquequerdemons trar? A resposta a esta questo revela a tese, proposio fundamental: tratase sempre da ideia mestra,daideiaprincipaldefendidapeloautornaquelaunidade. Objetivo:afinalidadequeoautorbuscaatingir.Quemensagemeleesperatransmitircom otexto.Oobjetivopodeestarexplcitoouimplcitonotexto. Ideias Centrais: ideias principais do texto. A cada pargrafo podemos selecionar ideias centraisousecundrias.

SAIBAMAIS Acessandoostextos BETINI,GeraldoAntonio.Leitura,anliseeinterpretaodetextos:porquetodaessa preocupao?Disponvelem: . Acessoem08nov.2009.

29

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

1.2.3 CONTEDO 7 - TCNICAS PARA SISTEMATIZAO DO CONHECIMENTO: SUBLINHAR E ESQUEMATIZAR SistematizaodoConhecimento Anecessidadederompercom a tendncia fragmentadora e desarticulada do processo doco nhecimento, justificase pela compreenso da importncia da interao e transformao recprocas entreasdiferentesreasdosaber.Essacompreensocrticacolaboraparaasuperaodadivisodo pensamentoedoconhecimento,quevemcolocandoapesquisaeoensinocomoprocessoreprodutor deumsaberparceladoqueconsequentementemuitotemrefletidonaprofissionalizao,nasrelaes detrabalho,nofortalecimentodapredominnciareprodutivistaenadesvinculaodoconhecimento doprojetoglobaldesociedade. Portanto,fazsenecessrioaproduoeasistematizaodoconhecimento,nosentidodeam pliar as possibilidades de minimizar a complexidade do mundo em que vivemos. Neste sentido, a interdisciplinaridadeaparececomo entendimentodeumanovaformadeinstitucionalizaraprodu odoconhecimento,possibilitandoaarticulaodenovosparadigmas,asdeterminaesdodom niodasinvestigaes,aspluralidadesdossabereseaspossibilidadesdetrocasdeexperincias.San toseRochaampliamesteraciocnioaoafirmaremqueEssavisoglobal,queabrangeumarealidademaispalpvel,buscaasuperaodafragmen tao do conhecimento pelo resgate do ser humano em sua totalidade, valorizando suas mltiplasinteligncias,estimulandoaformaodeumprofissionalmaistico,democrtico esolidrio.(SANTOS;ROCHA,2007,p.39)

Aseguir,verificaremosasdiversastcnicasdesistematizaroconhecimentoeassuasdevidas aplicaesprticas. TcnicaparaSublinhar Aleiturainformativatambm,denominadadeleituradeestudo,comovisto,pretende,atravs das tcnicas, demonstrar ao estudante como ele deve proceder para melhor estudar e absorver os contedosesignificadosdotexto.Assucessivasetapassoocaminhoaserpercorrido.Paratanto, maisduasoutrastcnicassonecessrias:sabercomosublinharecomoesquematizarvisandoaela boraofuturadeumfichamentooudeumresumo. Emprimeirolugar,devemoscompreenderquecadatexto,captulo,subdivisooumesmopargrafo tmumaideiaprincipal,umconceitofundamental,umapalavrachave,queseapresentacomofiocondu tordopensamento.Comogeralmentenosedestacadorestante,descobriloabasedetodaaaprendiza gem. Na realidade, em cada pargrafo, devese captar esse fator essencial, pois a leitura que conduz compreensofeitadetalmodoqueasideiasexpressassoorganizadasnumahierarquiaparasedesco brirapalavrachave.Aodescobrir,concretizareformularasideiasdiretrizesdospargrafos,encontrase todoofiocondutorquedunidadeaotexto,quedesenvolveoraciocnioquedemonstraasproposies. Anoaprendizagemparaaleiturasinalizaanoaprendizagemparaacompreenso.Parasu perar as possveis dificuldades importa lembrar que a leitura no nasceu pronta, aprendemos pro gressivamentealer.Oatodesublinhar,porsuavez,precisaserdesvinculadodoatodegrifaraleato riamenteaspalavrasouexpresses.Parasublinharcorretamenteotextoprecisoidentificaraideia mestraeseusfundamentos.Areleituracondioindispensvelparaessemovimento,vistoque,a primeiraleituraremeteaoreconhecimentogeraldotexto. Por sua vez, a ideiamestra no se apresenta desprovida de outras que revelam pormenores importantes,gravitandoaoseuredor,comoumaminiaturadosistemasolar.Nasproximidadesda ideia principal aparecem argumentos que a justificam, analogias que a esclarecem, exemplos que a30

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

elucidamefatosaosquaiselaseaplica.poressemotivoqueobomleitorutilizaorecursodesubli nhar, de assinalar com traos verticais s margens, de utilizar cores e marcas diferentes para cada parteimportantedotodo. NormasparaSublinhar Leituraintegraldotexto; Esclarecimentodedvidasdevocabulrio,termostcnicoseoutras; Releituradotexto,paraidentificarasideiasprincipais; Nosublinharaindanaprimeiraleitura; Leresublinhar,emcadapargrafo,aspalavrasquecontmaideiancleoeos detalhesmaisimportantes.Nosesublinhaamesmapalavrarepetidamente; Sublinharapenasasideiasprincipaiseosdetalhesimportantes,usandodoistra osparaaspalavraschaveeumparaospormenoresmaissignificativos.Assina larcomumalinhavertical,margemdotexto,ostrechosmaisimportantes,com dois,osimportantssimos; Assinalar, margem do texto, com um ponto de interrogao, os casos de dis cordncia,aspassagensobscuras,osargumentosdiscutveis; Reconstruiropargrafoapartirdaspalavrassublinhadas; Lerotextosublinhadocomcontinuidadeeplenitude. REFLEXO Apsautilizaodatcnicadesublinhamento,vocdeversercapazdereescreverotexto lidotendocomorefernciaaspartessublinhadasdoprpriotexto. TcnicaparaEsquematizar Depoisdeassinalar,commarcasoucoresdiferentes,asvriaspartesconstitutivasdotexto,a ps sucessivas leituras, devemos proceder elaborao de um esquema que respeite a hierarquia31

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

emanadadofatodeque,emcadafrase,aideiaexpressapodesercondensadaempalavraschave;em umpargrafo,aideiaprincipalgeralmenteexpressanumafrasemestra;efinalmente,naexposio, asucessodasprincipaisideiasconcretizasenospargrafoschave. Noesquema,devemoslevaremconsideraotambmqueasideiassecundriastmdeserdi ferenciadasentresi.Portanto,depoisdedesprezarasnoimportantes,deveseprocurarasligaes que unem as ideias sucessivas, quer sejam paralelas, opostas, coordenadas ou subordinadas, anali sandose sua sequncia, encadeamento lgico e raciocnio desenvolvido. Dessa forma, o esquema emergenaturalmentedotrabalhodeanliserealizado. Assim,teramosatravsdoesquemaumaradiografiadotexto, poisneleapareceapenasoes queleto,ouseja,aspalavraschave,semnecessidadedeseapresentarfrasesredigidas.Deveserelabo radocombasenahierarquiadaspalavras,frasesepargrafoschaveque,destacadosapsvriasleitu ras,devemapresentarligaesentreasideiassucessivasparaevidenciaroraciocniodesenvolvido. Oesquemautilizadocomotrabalhopreparatrioparaoresumo,paramemorizarmaisfacil mente o contedo integral de um texto. Utilizase setas, linhas retas ou curvas, crculos, colchetes, chavesesmbolosdiversos.Podesermontadoemlinhaverticalouhorizontal,importantequenele apareamaspalavrasquecontmasideiasprincipais,deformaclara,compreensvel.Podeserapre sentado emforma de tpicos, organograma ou mapa conceitual. Analise o exemplo de modelo em formadeorganogramaaseguir: NormasparaEsquema Sejafielaotexto; Aponteotemapropostopeloautor,destaquettulos,subttulos; Sejasimples,claro,objetivo,distribuindoorganicamenteocontedo; Subordine,deformahierrquica,ideiasefatos,noosrenaapenas; Faa uma distribuio grfica do assunto, mediante divises e subdivises que representemasuasubordinaohierrquica; Construaoesquemaatravsdechavesdeseparaoouporlistagensitemizadas comdiferenciaodeespaoe/ouclassificaonumricaparaasdivisesesub divisesdoselementos; Lembresequeoesquematem,tambm,umcontedopessoal.Cadapargrafo dotextopossuiaideiacentraleasideiassecundrias.

32

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

1.2.4 CONTEDO 8 - TCNICAS PARA SISTEMATIZAO DO CONHECIMENTO: FICHAMENTO E RESUMO TcnicaparaFichar Fichartranscreverouescreveranotaesemfichas,parafinsdeestudooudepesquisas. medidaqueopesquisadortememmosasfontesdereferncia,devetranscreverosdadosemfi chas,comomximodeexatidoecuidado.Aficha,sendodefcilmanipulao,permiteaordenao doassunto,ocupapoucoespaoepodesertransportadafacilmentedeumlugarparaoutro.Atcer toponto,levaoindivduoaprordemnoseumaterialdeestudo,possibilitandoumaseleocons tantedadocumentaomanuseadaedeseuordenamento. Fichas Paraopesquisador,afichauminstrumentodetrabalhoimprescindvel.Comooinvestigador manipulaomaterialbibliogrfico,queemsuamaiorpartenolhepertence,asfichaspermitem:a) identificarasobras;b)conhecerseucontedo;c)fazercitaes;d)analisaromaterial;e)elaborarcr ticas.Osistemadefichaatualmenteutilizadonasmaisdiversasinstituiesparaserviosadminis trativos e nas bibliotecas, onde, para consulta do pblico, existem fichas de autores, de ttulos, de sriesedeassuntos,todasemordemalfabtica.Apresentamvantagenscomo:a)fcilmanipulao; b)permiteordenao;c)ocupapoucoespao;d)fcildetransportar;e)possibilitaaobtenodein formaesexatas,nahoranecessria. ComposioeEstruturadasFichas A estrutura das fichas,de qualquer tipo,compreende cincopartes principais:cabealho,refe rnciabibliogrfica,corpooutexto,indicaodaobra(quem,principalmente,devella)eolocalem queelapodeserencontrada.Vejamos: Cabealho compreende o ttulo genrico remoto (Temtica), o ttulo genrico prximo(sualeituradottulo),ttuloespecfico,nmerodeclassificaodaficha ealetraindicativadasequncia(quandoseutilizamaisdeumaficha,emconti nuao); RefernciabibliogrficadevesempreseguirnormasdaAssociaoBrasileira de Normas Tcnicas (ABNT). Para procederse corretamente importante con sultartambmaFichaCatalogrficadaobra,quetraztodososelementosneces sriose,naausnciadela,afolhaderostoeoutraspartesdolivro,atobteras informaesnecessriasecompletas.Quandosetrataderevistaseoutrosperi dicos, muitas vezes os elementos importantesdarefernciabibliogrfica locali zamsenalombada.Nocasodejornais,aprimeirapginaqueforneceamaio riadasindicaes; Corpooutextoocontedoqueconstituiocorpooutextodasfichasvariase gundootipoefinalidadedaficha; Indicaodaobraindicaopblicoaoqualsedestinaaobraconformearea deinteresse;porquempoderserutilizada(querparaestudos,pesquisaemde terminadareaouparacamposespecficos); Localizaoondepodeserencontradaaobra,poispossvelquesurjaaneces sidadedeumanovaconsultaposterior. 33

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

IMPORTANTE Ocontedodasfichasserdelineadopelopropsitodecadaumadelas,podendoser:a) fichabibliogrfica;b)fichadecitaes;c)fichaderesumooucontedo;d)fichadeesboo;e)ficha decomentrioouanaltica. FichaBibliogrfica Tambmdenominadadefichadeindicaesbibliogrficas,tratadareuniodeelementosque permitemaidentificao,notodoouemparte,dedocumentosimpressosouregistradosemdiversos tiposdematerial,sendofundamentalmenteosseguintes:autor,ttulo,nmerodaedio(dasegunda em diante); local de publicao; editora; data da publicao; outras informaes (campo do saber; tema;aspectossignificativos).EssasindicaesbibliogrficasobedecemsnormasdaABNT.Consti tuemse, tambm, num grande auxlio no momento de colocar as obras em ordem alfabtica, para organizarabibliografiadeumtrabalho.Recomendase: Serbrevequandosedesejammaioresdetalhessobreaobra,oidealafichade resumo ou contedo, ou, melhor ainda, a de esboo. Na ficha bibliogrfica al gumasfrasessosuficientes; Utilizarverbosativosparasecaracterizaraformapelaqualoautorescreve,as ideiasprincipaisdevemserprecedidasporverbostaiscomo:analisa,compara, contm,critica,define,descreve,examina,apresenta,registra,revisa,sugere. Evitar repeties desnecessrias no h nenhuma necessidade de colocar ex pressescomo:esselivro,estaobra,esteartigo,oautor. FichadeCitaes Enquantoserealizaaleituraanalticaouinterpretativadasfontesbibliogrficas,convmsele cionartrechosdealgunsautores,quepodero(ouno)serusadoscomocitaesnotrabalhoouser virparadestacarideiasfundamentaisdedeterminadosautores,nasobrasconsultadas.Deveseob servarosseguintescuidados: Todacitaodevevirentreaspasatravsdessesinalquesedistingueumaficha decitaesdasdeoutrotipo.Almdisso,acolocaodasaspasevitaque,maistar de,aoutilizaraficha,setranscrevacomodofichadorospensamentosnelacontidos; Apsacitao,deveconstaronmerodapginadeondefoiextradaissoper mitiraposteriorutilizaonotrabalho,comacorretaindicaobibliogrfica; Atranscriodevesertextualissoincluioserrosdegrafia,sehouver.Apse les,colocaseotermosic,emminsculaseentreparntesesoucolchetes; Asupressodeumaoumaispalavrasdeveserindicada,utilizandosenolocal daomisso,trspontosentrecolchetes; Asupressodeumoumaispargrafostambmdeveserassinalada,utilizando seumalinhacompletadepontos; Afrasedevesercomplementada,senecessrioquandoseextraiumaparteou pargrafodeumtexto,estepodeperderseusignificado,necessitandodeumes clarecimento,oqualdeveserintercalado,entrecolchetes; 34

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

Quandoopensamentotranscritodeoutroautor,talfatotemdeserassinalado muitasvezesoautorfichadocitafrasesoupargrafosescritosporoutrapesso a.Nessecaso,imprescindvelindicar,entreparnteses,arefernciabibliogrfi cadaobradaqualfoiextradaacitao. FichadeResumo Apresenta uma sntese bem clara e concisa das ideias principais do autor ou um resumo dos aspectosessenciaisdaobra.Caracterizasepor: Noumsumriooundicedaspartescomponentesdaobra,masexposioa breviadadasideiasdoautor; No transcrio, como na ficha de citaes, mas elaborada pelo leitor, com suasprpriaspalavras,sendomaisumainterpretaodoautor; Ser fielao texto:aspalavras so daquele queescreve afichade resumo, mas a ideiaaapresentadapelo(a)autor(a)daobra. No longa, apresenta mais informaes do que a ficha bibliogrfica, que por suavez,menosextensadoqueadoesboo; Noprecisaobedecerestritamenteestruturadaobra,lendoaobra,oestudioso vai fazendoanotaesdos pontosprincipais. Ao final, redige umresumo,con tendoaessnciadotexto.

35

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

FichadeEsboo Nomomentoemqueoestudanteoupesquisadortemporobjetivoapresentarasideiasprinci paisdaobrasem,contudo,sersucinto,afichaaserutilizadaadeesboo.Masafichaderesumo tambm apresenta as ideias centrais da obra, ento, so sinnimos? No. Conforme Amorim et al (2005,p.36),afichadeesbooassemelhasefichaderesumo,poisapresentaasideiasprincipais doautor,pormdeformadetalhada. Portanto,afichadeesbooeaderesumoseaproximanoquetangeaocupaocomasideias centraisdaobraesediferencia,poisaprimeirapermiteespaoparadetalhamentosaopassoquea segunda,seofizer,sedescaracteriza. FichadeComentrio Nosentidodecompreensodaobra,estudantesepesquisadoresqueobjetivamregistrar,paraa lmdaideiacentraldotexto,oposicionamentoprpriosobreopensamentodo(a)autor(a)encontram nafichadecomentrioumexcelenterecursodesistematizaodaobraedainterpretaosobreela. Pararealizarcomeficinciaafichadecomentrio,importacompreenderqueexplicarecomen tarsosituaesdiferenciadas.Observamosqueaexplicaoestaserviodeumtexto,ocoment riointerrogaseuautor;aexplicaopartedotextoeserestringeaotexto,ocomentriopartedotexto enoserestringeaele.Destemodo,humcompromissomaior,noqualopotencialcrticoeinter pretativosetornaelementofundamental. Comoocarterdocomentriorequerinterpretaopessoal,porvezes,oestudanteoupesqui sadoracabaporsedesvinculardaquestocentraldotexto.indispensvelteradevidaatenopara nofugirdoassunto,umavezque,ocomentrioremete,sim,aoposicionamentodoleitor,masesse posicionamentonoaleatrio,sobreaobrafichadaerequerfundamentaocoerente. TCNICAPARARESUMIR Umresumoumaapresentaobreve,concisaeseletivadeumtextoquepermiteaodestinatrio tomarconhecimentodeumdocumentosemanecessidadedeleraspartescomponentes.ParaMedei ros(2005,p.142),resumoumaapresentaosintticaeseletivadasideiasdeumtexto,ressaltandoa progressoeaarticulaodelas.Neledevemaparecerasprincipaisideiasdoautordotexto. Umresumoprecisaexplicitaraabordagemimplcita,ovalordosachadoseaoriginalidade,se houver.Afinalidadedeseresumirconsistenadifusodasinformaescontidasemlivros,artigos, tesesetc.,permitindoaquemolerresolversobreaconveninciaounodeconsultarotextocomple to.(LAKATOS;MARCONI,2006) Como fazer um resumo depende muito do objetivo ou demanda que se tenha. Ele pode ser umaapresentaodeumsumrionarrativodaspartesmaissignificativas,nodispensandoaleitura dotexto;umacondensaodocontedo,expondoaomesmotempo,tantoametodologiaeasfinali dadesquantoosresultadosobtidos easconcluses,permitindoautilizaoemtrabalhosacadmi cos,dispensando, assim,aleitura posterior do texto original; uma anlise interpretativa de um do cumentocriticandoosdiferentesaspectosinerentesaotexto. ComoResumir Levandoseemconsideraoquequemescreveobedeceaumplanolgicoatravsdoqualde senvolveasideiasemumaordemhierrquica,ouseja,proposio,explicao,discussoedemons trao,aconselhvel,emumaprimeiraleitura,fazerumesboodotexto,tentandocaptaroplano geraldaobraeseudesenvolvimento.36

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

Aseguir,voltasealerotrabalhopararesponderaduasquestesprincipais:dequetrataeste texto?Oquepretendedemonstrar?Comisso,identificaseaideiacentraleopropsitoquenortea ramoautor. SegundoMedeiros,Osprocedimentospararealizarumresumoincluem,emprimeirolugar,descobriro planodaobraaserresumida.Emsegundolugar,apessoaqueoestrealizandodeve responder,noresumo,aduasperguntas:oqueoautorpretendedemonstrar?Deque trataotexto?Emterceirolugar,deveseatersideiasprincipaisdotextoeasuaarti culao.(MEDEIROS,2005,p.143)

Emumaterceiraleitura,apreocupaocomaquesto:comodisse?Emoutraspalavras,trata sededescobriraspartesprincipaisemqueseestruturaotexto.Essepassosignificaacompreenso dasideias,provas,exemplosetc.queservemcomoexplicao,discussoedemonstraodaproposi ooriginal(ideiaprincipal).importantedistinguiraordememqueaparecemasdiferentespartes dotexto.Geralmentequandooautorpassadeumaideiaparaoutra,inicianovopargrafo. Umavezcompreendidootexto,selecionadasaspalavraschaveeentendidaarelaoentreas partesessenciais,podesepassarelaboraodoresumo. TiposdeResumo Comefeito,umresumopodeserdetrstipos: Resumodescritivoouindicativonessetipoderesumodescrevemseosprin cipaistpicosdotextooriginaleindicamsesucintamenteseuscontedos.Esse tipo de resumo diz respeito aosaspectos maisimportantesdo texto de modo apenas indicativo,noqualsoeliminadasaocupaoquantoextensodotexto,suaconstituioe conceitos(dadosquantitativos)ea ocupaocom aidentificaoe anlise dahiptese, do objetivo,daproblemticaedasfundamentaes(dadosqualitativos).Portanto,nodispen saaleituradooriginal.(MEDEIROS,2005,p.143).

Resumoinformativoouanalticootipoderesumoquereduzotextoa1/3 ou 1/4 do original, abolindose grficos, citaes, exemplificaes abundantes, mantendose, porm as ideias principais, informando finalidade, metodologia, resultadoseconclusesdotexto,comoafirmaMedeiros(2005,p.143144),esse tipoderesumopodedispensaraleituradotextooriginalquantosconcluses. Salientaoobjetivodaobra,osmtodoseastcnicasutilizados,osresultadoseas concluses,evitandojuzosdevalor. Resumo crtico favorece de modo significativo construo de saberes, pois almdeapresentarasideiascentraisdotexto,requeraelaboraodejuzosde valorsobreessasideias,detalformaque,emumprimeiromomentoo(a)estu danteoupesquisador(a)precisaidentificaroselementosconstituintesdaobrae, emumsegundomomento,reneesseselementoslanandooolharcrticoecria tivosobreeles.Consistenacondensaodotextooriginala1/3ou1/4desuaex tenso, mantendo as ideias fundamentais, mas permite opinies e comentrios do autor do resumo sobre o trabalho e no sobre o autor, pode se centrar na forma (com relao aos aspectos metodolgicos), do contedo (anlise do teor emsidotrabalho),dodesenvolvimento(dalgicautilizadanademonstrao);e datcnicadeapresentaodasideiasprincipais.37

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

NormasGeraisparaResumir Evitarcomeararesumirantesdelevantaroesquemadotextooudepreparar asanotaesdaleitura; Apresentar,demaneirasucinta,oassuntodaobra; Noapresentarjuzoscrticosoucomentriospessoais(excetooresumocrtico); Respeitaraordemdasideiasefatosapresentados; Empregarlinguagemclaraeobjetiva; Evitaratranscriodefrasesdooriginal; Apontarasconclusesdoautor; Deveseusaroverbonavozativaenaterceirapessoadosingular.

38

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

2

BLOCO TEMTICO 2 - A PRODUO CIENTFICA DO CONHECIMENTOTEMA 3 - ESTRUTURA E ORGANIZAO DE TRABALHOS ACADMICOSCONTEDO 9 - REDAO CIENTFICA: APRESENTAO DE TRABALHOS CIENTFICOS (NORMAS DA ABNT).

2.1

2.1.1

Todaconstruodetextoacadmicopressupeousodenormasquevisamauxiliareuniformi zarosprocedimentos,melhorandoacomunicaodemodogeral,almdeimprimirqualidadeefaci litar o intercmbio de informaes. Desta forma, a normalizao ou o conjunto de procedimentos padronizados se aplica elaborao de documentos tcnicos e cientficos, organizando contedo e formatodestesdocumentosdeformageral. Nocasoespecficodaredaodetextosacadmicosecientficos,estadeveatenderalgumasca ractersticas para que a transmisso da informao e a sua compreenso por parte do leitor sejam eficazes.Algunsdosprincpiosbsicosdestainteraoquedevemexistirentreautoreleitorsoob servadosnascaractersticasdalinguagemcientfica.Vejamosaseguir: Utilizaocorretadanormacultadalnguaportuguesa:escrevererradamente provmdeignorncia(desconhecimentodosfatos)oudedesleixo.Seforporig norncia,informesemelhor,consultedicionrioseagramtica.Seforpordes leixo,oleitor(emembrodaBancaExaminadora)tertododireitodepensarque otrabalhoemsitambmfoifeitocomdesleixo.Sejaporqualrazo,umdes respeitoaoleitor. Clareza de expresso: todo texto escrito deve ser perfeitamente compreensvel pelo leitor. As sentenas esto bem construdas? As ideias esto bem encadea das?Humasequnciaadequadanaapresentaodosseusresultadosedesua argumentao? Leia cuidadosamente o que escreveu como se voc fosse o seu leitor. Preciso na linguagem: a linguagem cientfica deve ser precisa. Cuidado com termosvagosouquepossamsermalinterpretados.Aspalavrasefigurasdoseu texto devero ser escolhidas com cuidado para exprimir o que voc tem em mente. Objetividadenaapresentao:convmselecionaroscontedosquefaroparte doseutexto.Selecioneainformaoquevocdispeeapresenteapenasorele vante.Elaboreumrelatolgico,objetivoe,sepossvel,retilneotantodasobser vaescomodoraciocnio.Istoaindamaisimportanteemumartigo,emquea concisogeralmentedesejadapeloperidicoepeloleitor. 39

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

FORMATODEAPRESENTAO Papelbranco,formatoA4(21cmx29,7cm) Margens:superioreesquerda3cm;inferioredireita2cm.

Espacejamento:espao1,5cmentrelinhasparaotextogerale1,0cmparanatu reza do trabalho, resumo, nota de rodap e citao direta longa (mais de 3 li nhas); TipodeFonte:ArialouTimesNewRoman; TamanhodaFonte:16parattulosdoscaptulos;14parasubttulosdoscaptu los;12paraocorpodotrabalho,textogeral;e10paranaturezadotrabalho,cita odiretalonga,notaderodap,paginaoelegendadasfiguras,grficoseta belas; Siglas:aoaparecerpela1veznotexto:aformacompletadonomeprecedeasi gla,quedeverestarentreparnteses; Paginao:bordasuperiordireitadafolha:2cmx2cm; CapaeFolhaderosto. EstruturadaCapa: Nomedainstituio; Nomedocurso; Nomedoautor; Ttulo; Subttulo,sehouver; Local(cidade)dainstituioondedeveserapresentado; Anodaentrega.40

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

EstruturadaFolhadeRosto: Nomedoautor Ttuloprincipal Subttulo,sehouver Natureza(identificao) Nomedoorientadore,sehouver,coorientador Local(cidade) Anodaentrega. 41

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTFICO

Almdostextosacadmicosproduzidosdurantetodoocursosuperiorediantedasatividades diversassolicitadasporcadadisciplina,importantequetenhamosumavisomaisaprofundadada estruturadotextoacadmico.Somadoaocartermaisaprofundadodapesquisadevemosprojetaro desenvolvimento e construo da monografia ou do trabalho de concluso de curso. Se cada um, duranteoseucurso,elaborarassuasatividadesetextosacadmicosobedecendosnormasdeelabo raocientfica,certamente,quandodasuaconclusodecurso,noternenhumadificuldadeparaa elaboraodotrabalhofinalsolicitado. TEXTOSACADMICOS Ostextosacadmicosdevemserelaboradosdeacordocomnormaspreestabelecidasecomos finsaquesedestinam,devendoserinditosouoriginaisecontriburemnosparaaampliaode conhecimentosouacompreensodecertosproblemas,mastambmserviremdemodeloouoferecer subsdiosparaoutrostrabalhos. Os textos acadmicos, assim como os trabalhos cientficos, originais, devem permitir a outro pesquisador,baseadonasinformaesdadas: Reproduzirasexperinciaseobterosresultadosdescritos,comamesmapreci soesemultrapassaramargemdeerroindicadapeloautor; Repetirasobservaesejulgarasconclusesdoautor; Verificaraexatidodasanlisesededuesquepermitiramaoautorchegars concluses. Apontasecomotrabalhoscientficos,aquelesqueapresentam,simultaneamente,umadasse guintescaractersticas: Observaesoudescriesoriginaisdefenmenosnaturais,espciesnovas,es truturasefunesevariaes,dadosecolgicosetc.; Trabalhos experimentais cobrindo os mais variados campos e representando umadasmaisfrteismodalidadesdeinvestigao,porsubmeterofenmenoes tudadoscondiescontroladasdaexperincia; Trabalhostericosdeanliseousntesedeconhecimentos,levandoproduo deconceitosnovosporviaindutivaoudedutiva;apresentaodehiptesesetc. Ostextosacadmicospodemserrealizadoscombaseemfontesdeinformaesprimriasouse cundriaseelaboradosdevriasformas,deacordocomametodologiautilizada,comosobjetivosdo pesquisadorecomotipodeproblemaqueenfoca.Aseguirsoapresentadasalgumasnormastcnicas utilizadasparaelaboraodetrabalhosetextosacadmicosecientficos,retiradasdaprpriaABNT. ESTRUTURADOTRABALHOCIENTFICO Adisposiodotext