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Módulos Do Curso Análise Criminal

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Consiste em módulos práticos do curso de Análise criminal, anotado.

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  • 2Ol! Seja bem-vindo(a) ao curso de Anlise Criminal.A seguir, veja a apresentao do tema proposto, os objetivos esperados, a importncia da anlise

    criminal e como ela fundamental para que se obtenham resultados efetivos no mbito da segurana p-blica.

    Bons estudos!Segundo alguns autores h trs tipos de mentiras sobre a estatstica: as mentiras, as mentiras srias

    e as estatsticas. Veja algumas delas:

    Os nmeros no mentem, mas os mentirosos forjam os nmeros.

    Se torturarmos os dados por bastante tempo, eles acabam por admitir qualquer coisa.

    O historiador Andrew Lang disse que algumas pessoas usam a estatstica como um bbado utiliza um poste de iluminao para servir de apoio e no para iluminar.

    Quais so as razes para que esta viso persista?Por que fazer anlise criminal?

    Estas so algumas das perguntas que serviro de base para os seus estudos sobre o tema em ques-to.

    As principais razes para a produo de impresses distorcidas da realidade a partir das estatsticas so:

    O uso de pequenas amostras Distores deliberadas Perguntas tendenciosas A elaborao de grficos enganosos Presses polticas

    Este curso tem como propsito a construo de um alicerce que amplie a formao de analistas criminais no Brasil. Dessa forma, a perspectiva contribuir para que novos contedos relacionados s mo-dernas tcnicas de anlise sejam agregados em futuro prximo.

    Aqui voc estudar os conceitos bsicos da anlise estatstica que fundamentam o processo de anlise criminal.

    Objetivos do Curso Ao finalizar o curso, voc ser capaz de: Reconhecer a importncia da anlise criminal; Descrever os principais conceitos e aplicaes da estatstica criminal; Identificar as tcnicas e instrumentos que possibilitam a coleta de informaes; Aplicar os conceitos bsicos relacionados estatstica para compreender melhor as tcnicas

    utilizadas na anlise criminal; Identificar os diferentes tipos de mapas, relacionando-os s suas informaes; Compreender os elementos conceituais e metodolgicos necessrios para a ope-racionalizao da anlise criminal.

    APRESENTAO

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    Identificar os diferentes tipos de mapas relacionando s informaes que renem; Compreender os elementos conceituais e metodolgicos necessrios para a operacionalizao

    da anlise criminal.

    Estrutura do Curso O curso est dividido nos seguintes mdulos: Mdulo 1 Por que fazer anlise criminal? Mdulo 2 Coleta de informaes Mdulo 3 Anlise Estatstica Criminal Mdulo 4 Sistemas de Informao Geogrfica Mdulo 5 Operacionalizao da anlise criminal

    Bom curso!

  • 4Apresentao

    Seja bem-vindo(a) ao primeiro mdulo deste curso! Neste mdulo, voc estudar a importncia da anlise criminal frente nova perspectiva de

    policiamento e a sua contribuio para a gesto das aes de segurana pblica.

    Objetivos do mdulo Ao final do mdulo, voc dever ser capaz de: Definir anlise criminal e identificar as contribuies para a gesto da segurana pblica; Compreender os aspectos relacionados nova perspectiva de policiamento e a importncia

    do foco nas aes de anlise criminal; e Classificar a produo de conhecimento em segurana pblica de acordo com as vertentes

    utilizadas.

    Estrutura do mdulo

    O contedo deste mdulo est dividido nas seguintes aulas: Aula 1 A anlise criminal e seu campo de aplicao Aula 2 A anlise criminal frente nova perspectiva de policiamento Aula 3 Anlise criminal X alocao de recursos Aula 4 Focalizao das aes da anlise criminal Aula 5 Vertentes bsicas

    E ento, voc est preparado para iniciar a primeira aula? Nesta aula, voc aprender mais sobre a anlise criminal e o seu campo de aplicao. Vamos l!

    Aula 1: A anlise criminal e seu campo de aplicao

    1.1 Dimenses do campo de aplicao O campo de aplicao da anlise criminal pode ser descrito a partir de duas dimenses principais:

    Orientar os gestores quanto ao planejamento, execuo e redirecionamento das aes do siste-ma de segurana pblica, contribuindo para a melhoria na distribuio dos recursos materiais e humanos; e

    Dar conhecimento populao e a outros rgos governamentais e no-governamentais quanto situao da segurana pblica, auxiliando suas participaes efetivas na gesto e execuo das aes.

    MDULO

    1POR QU FAZER ANLISE CRIMINAL?

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    1.2 Definio A definio de anlise criminal abrange muito mais que um simples traado de grficos, tabelas

    e mapas. Constitui-se no uso de uma coleo de mtodos para planejar aes e polticas de segurana pblica, obter dados, organiz-los, analis-los, interpret-los e deles tirar CONCLU-SES.

    A realizao da anlise criminal envolve, principalmente, o uso de mtodos estatsticos, por meio dos quais tratam as informaes para tentar conhecer as causas que determinam o fen-meno da segurana pblica, buscando identificar, no resultado final, quais influncias cabem a cada uma dessas causas.

    Voc concluiu a primeira aula! Vamos prosseguir?

    Aula 2 A anlise criminal frente nova perspectiva de policiamento

    O modelo atual de alocao eficiente dos gastos pblicos cria a necessidade de repensar a forma como a segurana pblica feita. Os profissionais dessa rea devem se questionar sobre os resultados es-perados de sua atividade profissional, assim como sobre a forma de agir para cumprirem essa expectativa: como fazer mais com menos recursos?

    Para responder a questo levantada no slide anterior como fazer mais com menos recursos? preciso passar da reao para a ao. Ao invs de apenas reagir diante de uma cadeia de incidentes, a principal estratgia para quebrar esse ciclo a execuo de aes preventivas para a criao de ambientes seguros.

    Importante!Essa a nova perspectiva que contrasta com a forma tradicional de pensar policiamento. A atitude

    mais comum o pronto atendimento vtima, mas dessa forma, o alcance de resultados depende somente do aumento do efetivo e da compra de armas e viaturas.

    2.1 Nova perspectiva A nova perspectiva de policiamento requer que:

    A polcia examine de modo detalhado cada um dos problemas a serem abordados, identifica do suas causas;

    Leve em considerao um conjunto bastante amplo de opes para intervir sobre essas causas; e

    Escolha a opo a ser utilizada com base em uma relao de custo e benefcio, pautada no al-cance de resultados.

    Observa-se uma mudana na lgica de gesto, pois o objetivo prioritrio deixa de ser apenas a soluo dos crimes que j ocorreram e passa a ser a manuteno de um ambiente social onde no ocorra nenhum crime, as pessoas possam andar nas ruas tranquilamente e a sensao de segurana seja com-partilhada por todos e todas, independentemente de suas caractersticas culturais, econmicas e naturais.

    2.2 O trabalho do analista criminal

    Atualmente, o trabalho do analista criminal est limitado tabulao dos registros sobre os crimes. Em poucas situaes, observa-se a anlise dos padres de vitimizao, tendo como foco principal a identificao do perfil de quem deve ser preso e, em situaes escassas, essa anlise busca identificar fatores urbanos e populacionais associados aos padres de incidncia criminal.

  • 6Essa situao fica ainda mais precria quando se questiona o uso das concluses dessas anlises na gesto das aes e polticas de segurana pblica. Os processos de tomada de deciso baseados na rotina e na autoridade, marcados pela indiferena quanto aos resultados a serem alcanados em perspectiva sist-mica, ainda prevalecem.

    Uma das explicaes para essa situao a grande falta de analistas criminais bem treinados e compromissados com sua atividade.

    Importante!O bom analista criminal no espera uma demanda de informao para iniciar seu trabalho. Esponta-

    neamente, ele passa todo seu tempo de trabalho buscando identificar problemas que devem ser resolvidos, avalia as principais causas do problema para identificar as respostas com o maior potencial de efetividade e traa um projeto de execuo que sempre parte da diretriz que preciso aprender com os resultados alcan-ados, quer sejam positivos ou negativos.

    Outro importante ponto a ser destacado no trabalho do analista criminal a existncia, entre esses profissionais, de uma concepo modesta sobre a importncia do seu trabalho, visto sempre como um tra-balho de bastidores. preciso repensar essa concepo.

    O analista criminal tem importncia fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos rgos de segurana pblica, pois tem influncia direta sobre o processo de tomada de deciso, assim como sobre a forma de resolver o problema.

    Mais que uma fonte de informaes, o analista criminal deve assumir o papel de conselheiro. Mais que um tcnico especialista em anlise de dados, o analista criminal deve agir como um pesquisador que visa trazer as melhores contribuies possveis da cincia para o aperfeioamento do trabalho policial.

    No quadro funcional dos rgos de segurana pblica, o analista criminal a pessoa com maior conhecimento sobre o processo de produo e coleta de informaes, a anlise de dados e sobre a avaliao de resultados. Alm disso, a pessoa com maior capacidade de encontrar fontes alternativas de dados e relatrios que podem ser utilizados para dar sustentao e aperfeioar as anlises a serem empre-endidas e as concluses a serem alcanadas.

    A importncia do trabalho do analista criminal foi demonstrada em uma pesquisa sobre a efetivida-de das estratgias de ao policial desenvolvida nos Estados Unidos, em 2003.

    Veja na figura 1 um quadro de avaliao de resultados de diferentes estratgias de policia-mento. As estratgias selecionadas pela pesquisa foram distribudas considerando dois eixos principais: a focalizao do objeto alvo da ao (eixo horizontal) e a ampliao do conjunto de estratgias de po-liciamento utilizadas (eixo vertical).

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    A partir da Figura 1, percebe-se que a perspectiva restrita apenas ao reforo da lei foi trocada por uma perspectiva mais abrangente que inclui uma aproximao da polcia com a comunidade, alm da reali-zao de aes sociais.

    Observe que, no contexto da estratgia tradicional, a focalizao baixa e a estratgia envolve apenas o reforo da lei (perspectiva jurdica).

    A pesquisa conclui que no existem evidncias empricas de um resultado efetivo das aes em relao reduo da incidncia criminal. Por outro lado, no policiamento orientado para o problema (Clarke & Eck, 2007), marcado pela focalizao da ao e pelo uso de um conjunto diversificado de estratgias orien-tadas para a soluo dos problemas abordados, a pesquisa identificou fortes evidncias empricas de um resultado efetivo em relao reduo da incidncia criminal.

    O policiamento orientado para o problema tem como principal estratgia de interveno a pro-moo de mudanas nas condies que fazem do crime um problema repetitivo. Ele apresenta um grande avano em relao estratgia tradicional de policiamento, pois objetiva um resultado mais efetivo do que

    o alcanado pelas respostas reativas aos incidentes e pelas patrulhas policiais preventivas.

    Nesta aula, voc viu vrios aspectos sobre o trabalho do analista criminal frente nova perspectiva de policiamento!

    Vamos prosseguir para a prxima aula?

    Aula 3 Anlise criminal X Alocao de recursos

    O aumento de recursos financeiros investidos suficiente para o alcance de resultados?No mbito nacional, uma constatao cientfica de Cerqueira e Lobo (2003) exps que que a efe-

    tiva soluo dos problemas de segurana pblica nunca resultar apenas do aumento dos recursos gastos pelos rgos de segurana pblica. Baseados em informaes sobre os fatores associados incidncia de homicdios em So Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, entre 1980 e 2003, eles concluram que o aumento das despesas com segurana pblica no est relacionado estatisticamente reduo da incidncia de homicdios.

    Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobo (2003), a reduo da desigualdade social foi o nico relacionado diretamente reduo da incidncia de homicdios.

  • 8Cabe ressaltar, no entanto, que os autores consideraram os gastos em segurana pblica sem sepa-r-los e sem analisar as possibilidades de distribuio e aplicao desses recursos efetivos na prpria rea.

    Para alcanar resultados reais, no basta aumentar o volume de recursos financeiros investidos. preciso analisar as alternativas de interveno e investir os recursos conforme as relaes entre custo e benefcio de cada alternativa.

    Essa questo aponta para a importncia do analista criminal, que fornece o subsdio tanto para a tomada de deciso quanto para o investimento. Por fim, a pesquisa destaca a necessidade de trabalhar com estratgias de interveno que ultrapassem o mbito das aes tradicionais de polcia, pois a melhor perspectiva de resultado foi observada quando reunidas todas as estratgias de ao de forma conjunta:

    Aes policiais; Reduo da desigualdade social; e Aumento da renda per capita.

    SAIBA MAIS...Antes de prosseguir, leia o texto em anexo: Recorte 1: A anlise criminal contribuindo para mudan-

    as na poltica nacional., que est nos anexos do curso.

    Nota: H na REDE EAD um curso de Policiamento Orientado para o Problema. Matricule-se para o prximo ciclo, caso ainda no tenha cursado.

    Nesta aula, voc estudou sobre a Anlise criminal e a Alocao de recursos.Vamos prosseguir?

    Aula 4 Focalizao das aes e o trabalho da anlise criminal

    4.1 A dinmica de trabalho do analista criminal

    Em relao dinmica de trabalho do analista criminal, pode-se, didaticamente, dividi-la em quatro etapas:

    Sistematizao e anlise dos dados de segurana pblica, buscando identificar padres de in-cidentes;

    Submisso desses padres a uma profunda anlise buscando identificar suas causas; Identificao de formas de interveno nas relaes causais encontradas para cessar a ocorrn-

    cia dos incidentes; e Avaliao do impacto das intervenes e, caso haja ausncia de impacto, reincio do processo.

    No contexto do policiamento orientado a problemas, as formas de interveno devem ser concebi-das de maneira ampla, no se restringindo apenas s aes tradicionais de polcia. Por outro lado, o fluxo de trabalho de anlise envolve a contnua coleta e sistematizao de novos dados que podem resultar em mudanas radicais nas aes que j vm sendo executadas.

    4.2 A focalizao das aes Para a anlise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas expostas anteriormente pre-

    cisam ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se discute a questo da focalizao das aes:

    A valorizao de uma perspectiva local de ao; e A focalizao de tipos criminais especficos para interveno.

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    4.2.1 A valorizao de uma perspectiva local de ao

    Ao focalizar uma perspectiva mais local, o analista criminal faz com que sua instituio seja mais bem informada, eficiente e capaz de usar seus recursos para reduzir o crime.

    A perspectiva local atribui ao analista criminal maior capacidade para investigar e identificar as causas do problema abordado.

    Essa orientao do trabalho numa perspectiva local prope que o analista:Converse com os policiais sobre como eles concebem seu trabalho; participe diretamente de ativi-

    dades desenvolvidas pelos rgos de segurana pblica; troque informaes com profissionais das empresas de segurana privada; crie uma rede com analistas criminais das regies vizinhas; colete informaes direta-mente com agressores e vtimas; e busque contribuir para aprimorar os processos de coleta de informao.

    4.2.2 A focalizao de tipos criminais especficos para interveno

    A focalizao nos tipos criminais permite ao analista especificar as causas particulares, os atores e as dinmicas de cada tipo de crime, permitindo uma anlise mais apurada do fenmeno criminal.

    Caso essa focalizao no seja realizada e uma categoria criminal ampla (roubo, por exemplo) seja considerada como problema, torna-se difcil identificar as causas do problema. Cada tipo de roubo em estabelecimento comercial, residncia, transporte coletivo, de carga, dentre outros possui suas causas

    especficas, resulta de diferentes motivaes e envolve atores distintos em termos de conhecimento, habili-dade e organizao.

    Importante!

    Cada tipo criminal especfico tem causas particulares e recomenda-se que as intervenes sejam focalizadas em cada um deles separadamente.

    Parabns, voc est quase no fim deste mdulo! Vamos prosseguir para a ltima aula?

    Aula 5 Vertentes bsicas

    5.1 Vertentes da produo de conhecimento para segurana p-blica

    Magalhes (2007) destaca trs grandes vertentes bsicas do trabalho de produo de conhecimento voltado para a gesto em segurana pblica:

    Anlise criminal estratgica; Anlise criminal ttica; e Anlise criminal administrativa.

    Veja a seguir cada uma delas.

    5.1.1 Anlise criminal estratgica (ACE)

    Trata da atividade de produo do conhecimento voltado para o estudo dos fenmenos e suas in-

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    fluncias a longo prazo. Dentre seus principais focos esto: Formulao de polticas pblicas; Produo de conhecimento para reduo da criminalidade; Planejamento e desenvolvimento de solues; Interao com outras secretarias na construo de aes de segurana pblica; Direcionamento de investimentos; Formulao do plano oramentrio; Controle e acompanhamento de aes e projetos; e Formulao de indicadores de desempenho.

    Seu principal objetivo : Trabalhar na identificao das tendncias da criminalidade.

    Exemplificando...Se o analista identifica que o fenmeno criminal apresenta uma tendncia ascendente, essa infor-

    mao ser utilizada para formular e determinar prioridades das aes dos operadores do sistema de segu-rana pblica.

    5.1.2 Anlise criminal ttica (ACT)

    Trata da atividade de produo do conhecimento voltado para o estudo dos fenmenos e suas in-fluncias a mdio prazo. Essa vertente estuda o fenmeno criminal visando fornecer subsdios para os ope-radores de segurana pblica que atuam diretamente nas ruas. Nesse sentido, o conhecimento utilizado pelas polcias ostensivas e investigativas. Dentre seus principais focos esto:

    No caso da Anlise Criminal Ttica, a produo de conhecimento serve para:

    Orientar as atividades de policiamento ostensivo nas atividades preventivas e repressivas. Exem-plo: Identificao de pontos quentes, correlacionando dia e horrios crticos; e

    Subsidiar a polcia investigativa nas solues das ocorrncias criminais, principalmente na busca da autoria e materialidade dos delitos.

    Seu principal objetivo : Trabalhar na identificao de padres das atividades criminais.

    5.1.3 Anlise criminal administrativa (ACA) Trata da atividade de produo do conhecimento voltado para o pblico alvo. A atividade nessa

    vertente se assemelha de um editor-chefe, pois tem o objetivo de selecionar os assuntos divulgados para cada cliente. Dentre seus principais focos esto:

    Fornecimento de informaes sumarizadas para seus diversos pblicos cidados, gestores p-blicos, instituies pblicas, organismos internacionais, organizaes no-governamentais, etc.;

    Elaborao de estatsticas descritivas; Elaborao de informaes gerais sobre tendncias criminais; Comparaes com perodos similares passados; e Comparaes com outras cidades similares.

    Seu principal objetivo : Trabalhar as estatsticas criminais de forma descritiva.

    Finalizando...Parabns! Voc finalizou este mdulo!

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    Aqui, voc aprendeu que: A realizao da anlise criminal envolve, principalmente, o uso de mtodos estatsticos. Por

    meio deles, as informaes so tratadas para que se possa conhecer as causas que determinam o fenmeno da segurana pblica, buscando identificar, no resultado final, quais as melhores aes para cada uma dessas causas;

    O modelo atual de alocao eficiente dos gastos pblicos cria a necessidade de pensar melhor a forma de como se faz segurana pblica;

    O analista criminal tem importncia fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos rgos de segurana pblica, pois tem influncia direta sobre o processo de tomada de deciso, assim como sobre a forma de resolver o problema.

    Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobo (2003), a reduo da desigualdade social foi o nico relacionado diretamente reduo da incidncia de homicdios;

    Para a anlise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas da dinmica de trabalho do analista precisam ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se discute a questo da focalizao das aes: a valorizao de uma perspectiva local de ao e a focalizao de tipos criminais especficos para interveno.

    Agora, para fixar o contedo importante que voc realize os exerccios propostos a seguir.No prximo mdulo voc aprender sobre:

    A descrio dos mtodos de abordagem; A enumerao dos aspectos que devem ser observados na construo de um questionrio; e A identificao das fontes de dados e informaes de segurana pblica.

    Bons estudos!

    Exerccios

    Com base nos conhecimentos adquiridos no mdulo 1, realize as atividades propostas a seguir.

    1. Podemos definir segurana pblica como:a) constituda pelo uso de uma coleo de mtodos para planejar aes e polticas de segurana

    pblica, obter dados, organiz-los, analis-los, interpret-los e deles extrair concluses.b) constituda pelo uso de uma coleo de mtodos para traar grficos, tabelas e mapas.c) constituda pelo uso de uma coleo de mtodos para executar aes e polticas de segurana

    pblica.d) constituda de ferramentas para levantar informaes.

    2. A anlise criminal se enquadra na perspectiva da segurana pblica:

    a) Reativab) Preventivac) Passivad) Proativa

    3. A produo do conhecimento de gesto em segurana pblica pode ser classificada segundo trs

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    vertentes. Considerando estas vertentes, associe a 2 coluna de acordo com a 1:

    (1) Anlise criminal estratgica (ACE)(2) Anlise criminal ttica (ACT)(3) Anlise criminal administrativa (ACA)

    ( ) Trata da atividade de produo do conhecimento voltada para o estudo dos fenmenos e suas influncias no mdio prazo.

    ( ) Trata da atividade de produo do conhecimento voltada para o pblico alvo.( ) Trata da atividade de produo do conhecimento voltado para o estudo dos fenmenos e suas

    influncias no longo prazo.

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    Gabarito

    Resposta correta atividade 1: a alternativa a.

    Resposta correta atividade 2: alternativa: b.

    Resposta correta atividade 3: sequncia: 2; 3; 1).

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    Apresentao

    Ol! Seja bem-vindo ao mdulo Coleta de Informaes.

    Antes de iniciar o contedo desse mdulo, que tal relembrar o que voc estudou no anterior?

    Voc viu a definio de anlise criminal e identificou suas contribuies para a gesto da segu-rana pblica;

    Compreendeu os aspectos relacionados nova perspectiva de policiamento e a importncia do foco nas aes de anlise criminal; e

    Viu a classificao da produo de conhecimento em segurana pblica de acordo com as ver-tentes utilizadas.

    Neste mdulo, voc estudar alguns dos mtodos de abordagem dos fenmenos sociais que po-dem ser utilizados para a elaborao de diagnsticos sobre a situao da segurana pblica e monitoramen-to de resultados das aes e polticas.

    Cabe destacar que um mtodo no exclui o outro. Muitas vezes preciso combin-los, pois cada um possui vantagens e limitaes; a combinao possibilita que se complementem.

    Objetivos do mdulo

    Ao final do mdulo, voc dever ser capaz de:

    Descrever os mtodos de abordagem; Enumerar os aspectos que devem ser observados na construo de um questionrio; e Identificar as fontes de dados e informaes de segurana pblica.

    Estrutura do mdulo

    O contedo deste mdulo est dividido nas seguintes aulas:

    Aula 1 Mtodos de abordagem Aula 2 Construo de um questionrio Aula 3 Fontes de dados e informaes de segurana pblica

    Aula 1 Mtodos de abordagem

    1.1 Abordagem e tcnicas de anlise

    A compreenso dos fenmenos sociais pode ser feita a partir de trs abordagens. Para cada uma das abordagens h tcnicas de anlise especficas, veja a seguir:

    MDULO

    2COLETA DE INFORMAES

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    1. Observao do comportamento que ocorre naturalmente no mbito real. Anlise de contedo Estudo de caso Anlise de dados secundrios

    2. Criao de situaes artificiais e observao do comportamento antes das tarefas definidas para as situaes.

    Avaliao de impacto (laboratrio)

    3. Realizao de perguntas s pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram). Survey Estudo de caso

    1.2 Vantagens e limitaes das tcnicas de anlise

    Anlise de contedo Estudo de caso Anlise de dados secundrios Avaliao de impacto Survey

    Anlise de contedo

    Alguns tpicos de pesquisa so suscetveis ao exame sistemtico de documentos, como romances, poemas, publicaes governamentais, msicas, boletins de ocorrncias etc. As informaes trazidas pelos documentos so sistematizadas, buscando a existncia de semelhanas.

    As principais desvantagens desta tcnica so: O tipo de documento selecionado para o exame pode no ser a medida mais apropriada da

    questo ou fenmeno a ser estudado. A anlise dos documentos sempre envolve um espao de arbitrariedade.

    Estudo de caso

    O estudo de caso envolve a descrio e explicao abrangente dos muitos componentes de uma determinada situao social.

    Num estudo de caso, voc busca coletar e examinar o mximo de informaes possveis sobre o tema. Se o estudo sobre a comunidade, voc aborda a sua histria, seus aspectos religiosos, polticos, eco-nmicos, geogrficos, sua composio racial etc.

    Em resumo, voc procura a descrio mais abrangente e tenta determinar as inter-relaes lgicas dos seus vrios componentes.

    Enquanto a maioria das pesquisas busca diretamente o conhecimento generalizado, o estudo de caso busca o conhecimento abrangente de um s caso. Dessa forma, o conhecimento produzido no ne-cessariamente generalizvel.

    Se o estudo de caso realizado pelo pesquisador que participante no evento ou grupo social estudado, este denominado de Estudo de Caso com Observao Participante.

    Na prtica, como observador participante, o pesquisador pode ou no se revelar como tal. Essa de-ciso tem importantes implicaes metodolgicas e ticas. O pesquisador que admitir que esteja realizando um estudo pode afetar diretamente o fenmeno que pretende estudar.

    Por outro lado, a no identificao do pesquisador pode ter implicaes ticas relativas ao engano. Como estudo de caso, a observao participante busca colher informaes muito detalhadas.

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    A grande desvantagem desse mtodo que o pesquisador dificilmente consegue manter pro-cedimentos sistemticos de pesquisa.

    Anlise de dados secundrios

    A realizao de pesquisas cientficas no envolve, necessariamente, a coleta e anlise de dados ori-ginais (pesquisa de campo). Alguns tpicos de pesquisa podem ser estudados analisando dados j coletados e compilados.

    A anlise dos dados secundrios tem a grande vantagem da economia. O pesquisador no precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas, codificaes, recrutamento de sujeitos experimentais etc.

    A principal desvantagem do mtodo que o pesquisador fica limitado a dados j coletados e compilados por outros, que podem no representar adequadamente a questo que lhe interessa.

    Avaliao de impacto

    A avaliao de impacto procura determinar os resultados das aes e polticas. Para mensurar esses resultados, no basta olhar o objeto de anlise e ver o que aconteceu com ele depois da aplicao da poltica.

    Para garantir que as mudanas observadas so resultantes da poltica empreendida, preciso com-parar o grupo em que ela foi implementada chamado de tratado com um grupo similar que no a expe-rimentou chamado de controle.

    TRATADO: Grupo em que foi implementada a poltica.CONTROLE: Grupo similar em que no foi implementada a poltica.

    Quando se est trabalhando com experimento aleatrio, tambm chamado de experimento puro, bastante simples medir o impacto.

    Os experimentos aleatrios so aqueles em que os tratados e controles so escolhidos de forma aleatria na populao. Esse tipo de estudo muito usado na medicina para testes de remdios.

    Das pessoas inscritas para o teste, so selecionados dois grupos de forma aleatria, por sorteio. Para um grupo distribudo o placebo (grupo controle) e para o outro grupo dado o remdio (grupo

    tratado). Depois do tratamento, compara-se a condio de sade dos dois grupos.

    Se o grupo tratado apresenta melhor condio de sade de que o grupo controle, o remdio tem resultado positivo. Caso contrrio, o remdio no tem resultado.

    Entretanto, na prtica, quase impossvel implementar experimentos aleatrios no caso de polticas pblicas, pois existe um problema tico e moral.

    PARA REFLETIR...

    Sendo o objetivo fazer uma poltica de preveno criminalidade em reas de alta periculosidade da cidade, como escolher uma rea que no vai receber essa poltica?

    Isto justo com a populao desse local?

    Normalmente, as aes e polticas tm desenhos no aleatrios e as avaliaes devem buscar de-senhos no experimentais, denominados por avaliaes de estudos observacionais ou quase-experimentais.

    A implicao do desenho no experimental para a avaliao do impacto que o controle no pode ser comparado diretamente com o tratado, pois os atributos de ambos no so, necessariamente,

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    equivalentes. Para fazer essa comparao necessrio que se apliquem tcnicas estatsticas que tornam o con-

    trole equivalente ao tratado.

    Existem vrias tcnicas para isso, as mais usadas so pareamento com escore de propenso e diferenas em diferenas. Neste curso no sero tratadas essas tcnicas, pois exigem um conhecimento

    avanado em estatstica. Para mais detalhes, veja Ravallion (2001; 2005) e Heckman et al. (1998).

    Survey

    Um survey realizado quando se pretende construir enunciados sobre uma populao, isto , des-cobrir a distribuio de certos traos e atributos, avaliar o impacto de alguma poltica ou ao etc.

    Para que seja vivel, em termos tcnicos e econmicos, a pesquisa realizada em uma amostra cientificamente selecionada da populao, de forma a represent-la. Essa seleo cientfica da amostra permite a extrapolao dos resultados encontrados para a populao, ou seja, se a amostra composta por 50% de homens, pode-se extrapolar o resultado dizendo que nossa populao composta de 50% de ho-mens.

    A coleta de informaes envolve sempre a aplicao de um questionrio, que deve priorizar a cons-truo de questes com respostas fechadas, retirando ao mximo a possibilidade de respostas abertas em formato de texto. Assim, esses instrumentos de coleta de informao favorecem o uso de tcnicas quanti-tativas para anlise dos dados.

    1.3 Mtodos e tcnicas X Aplicaes

    Os vrios mtodos de abordagem dos fenmenos sociais tm aplicaes distintas quanto ao tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informaes a ser coletada. Eles tambm podem ser utilizados de forma complementar quando necessrio.

    Veja abaixo alguns exemplos:

    Quando se precisa de informaes representativas da situao de grandes grupos sociais com menor gasto de recursos e maior rapidez, so utilizados surveys e informaes secundrias, sistematizadas continuamente por rgos de estatstica oficial.

    Essas informaes se agregam no conjunto denominado de informaes quantitativas e se caracterizam por buscar mensurar a questo estudada em nmeros ou categorias. A grande limitao dos dados quantitativos na realizao de pesquisas que eles reduzem a realidade a algumas categorias, deixando de lado muita informao que seria til para uma melhor compre-enso do fenmeno estudado.

    Pesquisas com informaes mais detalhadas: Quando se verifica a necessidade de trabalhar com informaes mais detalhadas, partimos para outro conjunto de informaes denominado por informaes qualitativas. As pesquisas envolvendo a coleta dessas informaes anlise de contedo e estudo de caso so normalmente mais difceis e mais caras de serem realizadas. Ao mesmo tempo em que se conhece a realidade de modo mais detalhado, perde-se capacidade de generalizao dos conhecimentos produzidos.

    Pesquisas na rea de segurana pblica: Como exemplo de pesquisas na rea de segurana pblica, possvel citar:

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    Pesquisas na rea de segurana pblica Tcnicas de anlise

    Pesquisa que analisam informaes trazidas de bases de ocorrncias regis-

    tradas pelas polcias.

    Anlises de dados secundrios.

    Pesquisas de vitimizao. Survey

    Pesquisas que buscam avaliar de forma mais detalhada a criminalidade, envolvendo entre-

    vistas com moradores.

    Estudo de caso.

    Pesquisa mais detalhada realizada por algum que convive com a comunidade.

    Estudo de caso ou, especificamente, pesquisa etnogrfica.

    Aula 2 Construo de um questionrio

    Ol!Na aula anterior voc conheceu os trs mtodos de abordagem dos fenmenos sociais e tambm

    estudou sobre as vrias tcnicas de anlise de tais fenmenos.Dando sequncia ao contedo desse mdulo, agora, voc aprender a construir um questionrio.Preparado(a)? Vamos l!

    O que um questionrio?

    Um questionrio pode ser definido como um:

    conjunto de perguntas sobre um determinado tpico que no testa a habilidade

    do respondente, mas mede sua opinio, seus interesses, aspectos de personali-

    dade e informao biogrfica. (YAREMENKO et al., 1986).

    O objetivo de uma pesquisa determina a forma do questionrio e a maneira da sua aplicao por meio dos conceitos e da populao alvo.

    2.1 Definio e a relao com a pesquisa

    possvel verificar as seguintes interdependncias entre a elaborao de um instrumento e a estratgia de sua aplicao:

    O grau de complexidade dos conceitos determina o nmero de perguntas e sua forma de apre-sentao.

    H uma relao recproca entre caractersticas da populao alvo e complexidade dos conceitos a serem investigados, pois ambos determinam a maneira de transformao dos conceitos em perguntas e sua administrao.

    O tamanho da amostra determina o formato do questionrio em relao ao tipo de entrevistas e ao tamanho do seu contedo.

    O tamanho da amostra determinado pelos recursos disponveis (tempo, dinheiro e recursos humanos).

    2.2. Elaborao de um questionrio

    Na elaborao de um questionrio, o analista criminal deve estar atento tambm aos seguintes

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    fatores:1. Contexto social da sua aplicao;2. Perguntas;3. Estrutura lgica na organizao dessas perguntas; e4. Diferentes formas de coleta de informao.No que diz respeito administrao do questionrio, sendo ele observado como um instrumento

    de coleta de informaes importante apontar que esse processo envolve sempre uma interao entre pes-quisador e respondente.

    A interao pode ocorrer no mbito de uma entrevista presencial, na qual os dois atores so colocados frente a frente numa relao de entrevistador e entrevistado, ou no mbito da resposta a um

    questionrio encaminhado, por exemplo, via e-mail ou correio, no qual ocorre uma interao entre os dois atores pela apresentao do questionrio (na maneira como as questes foram escritas, no agradecimento

    pela disponibilidade de responder ao questionrio, dentre outros fatores). Ou seja, mesmo no preenchi-mento de um questionrio, ocorre uma entrevista, mas nesse caso, a relao entre entrevistado e entrevis-

    tador mediada pelo questionrio.

    2.3 Contexto social da aplicao do questionrio

    A disposio do respondente em revelar algo sobre si mesmo, permitindo o pesquisador obter as informaes desejadas, varia conforme a situao. O pesquisador no tem poder sobre o respondente e precisa convenc-lo de que vale a pena participar da pesquisa.

    Alguns aspectos do contexto social e cultural na interao entre entrevistado e entrevistador devem ser observados, como por exemplo:

    Criao e manuteno de um ambiente de cortesia durante a entrevista. Seriedade no processo de interao, favorecendo a obteno de respostas autnticas. Boa impresso sobre a imagem do pesquisador e da organizao representada por ele. nfase na relevncia do assunto da pesquisa para o entrevistado. Promoo de uma aproximao do entrevistado e do entrevistador em termos culturais. Realizao da pesquisa em um ambiente fsico adequado para o alcance dos melhores resulta-

    dos na realizao da pesquisa.

    2.4 Estrutura lgica do questionrio

    Segundo Dillman (1978), trs coisas devem ser feitas para maximizar as respostas de um questio-nrio:

    Minimizar o custo para o respondente. Maximizar as recompensas para o respondente. Estabelecer a confiana de que a recompensa ser concedida.

    Lembre-se das seguintes recomendaes para o estabelecimento da estrutura lgica do question-rio:

    Muitas pessoas participam de pesquisas por se sentirem importantes em ter sua opinio valori-zada ou pela oportunidade de falar e serem ouvidos. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles

    outra forma importante de recompensar os respondentes.

    Estabelecer contato com o respondente em potencial e assegurar sua cooperao. Para esta-

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    belecer confiana, o entrevistador deve se apresentar e indicar com e para quem trabalha. A seguir, precisa capturar o interesse do respondente pelo tema e para isso, sugere-se ressaltar o quanto opinies e expe-rincias do respondente so importantes. So os primeiros momentos da entrevista que importam para a disposio do respondente em cooperar. Nesse momento, o questionrio e sua importncia devem ser apresentados da forma mais completa.

    Como o respondente pode desistir da pesquisa a qualquer momento, persiste a necessidade de continuar a manter seu interesse durante a realizao da entrevista. Alguns pontos merecem especial ateno para evitar a desistncia no meio do processo da entrevista: a tarefa deve parecer ser breve, preci-so reduzir ao mximo o esforo mental e fsico requerido, eliminar as possibilidades de embarao, qualquer implicao de subordinao e custo financeiro.

    O mnimo de cortesia na despedida consiste em um agradecimento pela valiosa colaborao do respondente, seja de maneira verbalizada no fim da entrevista, seja de maneira escrita no fim do questio-nrio. Muitas pessoas participam de pesquisa por se sentirem importantes em ter sua opinio valorizada ou por poder falar e ser ouvido. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles outra forma importante de recompensar os respondentes.

    2.5 A estrutura do questionrio

    Uma estrutura bem pensada contribui para reduzir o esforo fsico e mental do respondente. Alm disso, assegura que todos os temas de interesse do pesquisador sejam tratados numa ordem objetiva, man-tendo o interesse do respondente em continuar. preciso saber com preciso por que se est incluindo cada pergunta no questionrio.

    Os princpios a seguir podero ajud-lo na estruturao: 1 Princpio: Procure sempre direcionar a estruturao do questionrio da seguinte forma: do

    geral para o especfico, do impessoal para o pessoal, do menos delicado para o mais delicado. 2 Princpio: Disponha as perguntas de modo a obedecer a uma lgica de aproximao. Exem-

    plo: Ao se pesquisar a situao de insegurana, primeiro se pergunta sobre a cidade, depois sobre o bairro e, ento, sobre a rua e a casa onde o respondente reside.

    3 Princpio: Garanta que as perguntas referentes a uma mesma temtica permaneam sempre juntas e recebam uma introduo que ajude o respondente a concentrar-se nela.

    2.6 As perguntas

    As perguntas iniciais servem para estabelecer um relacionamento de confiana entre respondente e pesquisador. Nunca se deve comear o questionrio por perguntas burocrticas (nome, sexo, idade, renda familiar etc.), pois essas questes s tero respostas autnticas quando o respondente desenvolver certo grau de confiana no entrevistador.

    As perguntas burocrticas devem ser inseridas sempre no final do questionrio. Cabe destacar tam-bm que perguntar o nome no incio da entrevista contradiz qualquer afirmao sobre o carter confidencial da entrevista.

    Quais so as caractersticas de uma boa pergunta?

    Uma boa pergunta aquela que gera respostas fidedignas e vlidas e, por essa razo, devem apresentar algumas caractersticas bsicas:

    A pergunta precisa ser compreendida e comunicada consistentemente; As expectativas quanto s respostas precisam ser explicitadas para os respondentes; Os respondentes devem ter todas as informaes necessrias para a resposta; e Os respondentes precisam estar dispostos a responder.

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    2.7 Aspectos a serem observadosA seguir, voc conhecer os principais aspectos a serem observados na elaborao de uma pesquisa:

    LinguagemQuanto linguagem usada na formulao das perguntas, preciso ficar sempre atento populao

    alvo da pesquisa. A compreenso da linguagem utilizada pode mudar de acordo com o pblico.

    Abreviaes, grias ou termos regionais, termos especiais ou sofisticados devem ser evitados.H dois problemas nos questionrios relacionados linguagem. So eles:

    1. A ambiguidade, ou seja, o questionrio permite mais de uma interpretao da pergunta;2. As perguntas podem direcionar as respostas, ento preciso ficar atento escolha das palavras.

    Importante!Uma vez que as questes estiverem elaboradas, pergunte-se:

    O respondente est entendendo o que o entrevistador quis perguntar?O enunciado da pergunta induz a resposta de alguma forma?

    Quanto ao tipo de perguntas, possvel elaborar perguntas abertas e fechadas.Perguntas abertas so indicadas quando no se conhece a abrangncia e variabilidade das poss-

    veis respostas. Esse tipo de perguntas estabelece, no incio da entrevista, um clima receptivo entre pesquisa-dor e respondente e, no final, captura as opinies no cobertas pelas perguntas fechadas.

    As perguntas abertas tambm servem para reforar ao respondente o real interesse nas suas opi-nies.

    Perguntas fechadas so aquelas em que so oferecidas opes para o respondente escolher como resposta. Devem ser utilizadas quando se conhece os tpicos que sero informados pelos respondentes.

    Alm disso, esse tipo de pergunta deve ser usado quando existem muitos respondentes e pouco tempo para a pesquisa.

    2.8 Problemas que devem ser evitados

    A forma com que as perguntas so formuladas e ordenadas no questionrio podem gerar alguns problemas. Ao formular as perguntas preciso verificar se elas no constituem ameaa ao respondente.

    Caso existam razes para supor que o respondente sensvel ao tema, preciso verificar maneiras de encontrar a informao sem provocar constrangimento.

    Outro problema diz respeito ao entrevistado fornecer respostas falsas s perguntas. Um dos moti-vos que o respondente pode ter algo a esconder ou no saber como responder. Por fim, se o respondente no lembrar de alguma resposta, o entrevistador no deve deix-lo constrangido. preciso frisar que as perguntas no constituem em um teste e que natural no ter respostas para todas as perguntas.

    2.9 Escalas de respostas

    Para tornar mais fcil a classificao das respostas s perguntas necessrio que se pense nas esca-las de respostas. As escalas podem ser classificadas em:

    Escala Nominal; Escala Ordinal; Escala Intervalar.

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    A Escala Nominal utiliza smbolos ou nmeros somente para identificar as pessoas, objetos ou categorias. Por exemplo, o gnero, estado civil ou atributos como cor de cabelo, uso de bengala e existncia de tatuagem.

    Mesmo para as medies em escala nominal preciso se preocupar em estabelecer um bom rela-cionamento com o respondente.

    Exemplo: A frase Qual o estado civil de V.Sa? soa melhor do que solicitar simplesmente Estado civil.

    Dependendo da populao alvo e do objetivo da pesquisa, um maior ou menor nmero de alter-nativas apropriado.

    Exemplos: A raa pode ter como categoria apenas: a) brancos e b) no brancos OU a) brancos, b) negros, c) pardos, d) indgenas, e) asiticos e f) outros.

    Lembre-se!O importante que as opes sejam mutuamente exclusivas e cubram todas as alternativas.Na Escala Ordinal, alm de se identificarem as pessoas, objetos ou categorias, ocorre uma orde-

    nao desses elementos. Por exemplo, a hierarquizao da percepo de nveis de violncia entre diferentes locais de uma cidade, status social ou ordem de chegada em uma competio.

    Uma tcnica de mensurao muito utilizada nas cincias sociais para levantar atitudes, opinies e avaliaes a construo de escalas Likert. Nela, o respondente avalia um fenmeno numa escala de, geral-mente, cinco alternativas.

    Para saber mais sobre as escalas Likert, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_Likert.

    O contedo das alternativas varia de acordo com o tema abordado na pergunta. Um ponto interes-sante na utilizao de escalas a deciso quanto ao uso de nmero par ou mpar de alternativas, pois o uso de um nmero mpar de alternativas indica que se criou um ponto neutro no meio da escala, ou seja, foi aberto espao para o entrevistado expor uma posio neutra sobre o tema abordado.

    Independentemente do nmero de alternativas, importante que as opes estejam balanceadas, isto , as direes opostas de respostas devem possuir o mesmo nmero de opes.

    Veja abaixo dois exemplos de perguntas na escala ordinal.

    a) Em termos gerais, o quo satisfeito voc est com as suas condies de trabalho?1. Bastante satisfeito2. Muito satisfeito3. Pouco satisfeito4. Nada satisfeito

    b) O quo seguro, voc se sente ao andar sozinho pelas ruas na regio onde reside ao anoitecer?1. Muito seguro2. Razoavelmente seguro3. Nada seguro

    Na Escala Intervalar, as caractersticas so ordenadas conforme uma dimenso subjacente e os intervalos entre as alternativas tm tamanho conhecido e podem ser comparados.

    Exemplos: O tamanho da populao. O nmero de crimes registrados. O nmero de inquritos concludos.

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    Aula 3 Fontes de dados

    Neste mdulo voc estudou as trs abordagens dos fenmenos sociais e suas respectivas tcnicas de anlise.

    Alm disso, voc tambm aprendeu a construir questionrios de forma apropriada.Agora, na prxima aula, voc estudar sobre as fontes de dados.Vamos l!

    O uso cientfico das informaes de segurana pblica e de justia criminal para a gesto de pol-ticas envolve no apenas informaes especficas dessa rea, mas tambm informaes socioeconmicas e urbanas necessrias para se contextualizar a sua situao.

    Essa contextualizao permite, por exemplo, identificar as causas sociais dos fenmenos de se-gurana pblica e tambm aperfeioar a viso sobre o resultado alcanado. Possibilita, ainda, verificar se as mudanas que ocorrem na segurana pblica tm tambm outras condies alm da atuao dos rgos dessa rea.

    Do ponto de vista da pesquisa social, h um consenso de que apenas as informaes administrati-vas de agncias de segurana pblica e justia criminal no so suficientes para a compreenso dos fenme-nos relacionados incidncia criminal ou violncia.

    Para uma viso efetivamente compreensiva dos fenmenos relacionados a tal problemtica, como enfatiza Kahn (2002), necessrio atentar para as condies gerais de vida da populao.

    3.1 Fontes de dados

    Em seu artigo sobre a importncia dos indicadores como instrumento auxiliar preveno muni-cipal da criminalidade, Kahn (2002) observa que o nvel socioeconmico um fator explicativo para o pre-domnio de eventos criminais especficos em determinadas localidades, muito embora a explicao da sua distribuio seja bastante complexa.

    Outros estudos buscaram entender a relao entre taxas de criminalidade e indicadores socioeco-nmicos. Soares (2008), por exemplo, busca analisar a relao entre desenvolvimento, desigualdade e homi-cdios a partir de uma reviso de vrios estudos empricos que abordam a relao entre taxas de homicdios e variveis sociais e demogrficas, tais quais renda, alfabetizao, urbanizao, migrao, entre outras.

    Dessa forma, desejvel que os bancos de dados sobre criminalidade geralmente compostos por dados administrativos policiais, como registros de ocorrncias -, contenham informaes socioecon-micas da populao local e da infraestrutura urbana.

    Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de segurana pblica e justia criminal so dados policiais, do Ministrio Pblico, da Justia e do sistema prisional, para fins de administrao dos pro-cedimentos de rotina. Em geral, essas informaes no so utilizadas na rea de gesto, pois somente os dados das polcias esto organizados em banco de dados. J os demais, na maioria das vezes, no esto informatizados ou constituem arquivos de formulrios.

    Geralmente, esses dados no contm as informaes necessrias para a avaliao de polticas p-blicas de segurana ou programas particulares. Faltam informaes sociodemogrficas, dos infratores ou demandantes dos servios de justia criminal, dentre outras. Em funo disso, preciso pensar criativamente na utilizao de outras possveis fontes para complementar ou checar as informaes fornecidas pelas bases de dados oficiais.

    3.1.1 Caractersticas e limitaes dos registros das polcias mili-tares e das polcias civis

    Polcia Militar: Os registros da Polcia Militar incluem crimes e ocorrncias diversas, mas no

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    abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, no podem ser usados como base exclusiva de um sistema de informao criminal. O grande problema dessa base de dados est relacionado subnotificao dos crimes, ou seja, muitos indivduos no reportam os crimes polcia.

    Polcia Civil: A Polcia Civil praticamente s registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla gama de incidentes que perturbam a segurana pblica e no chegam a constituir crime. Um dos grandes problemas dessa base de dados tambm a subnotificao dos crimes. Por causa das caractersticas dos dados gerados pelas polcias e suas limitaes, muitas vezes so neces-srias fontes alternativas de informaes.

    3.2 SINESP Sistema Nacional de Estatsticas em Segurana P-blica

    Desde o ano de 2004, a Secretaria Nacional de Segurana Pblica, do Ministrio da Justia, vem despendendo esforos para a concretizao de uma base nacional de dados e informaes de segurana pblica, com o apoio dos entes federados, rgos federais e estaduais, instituies de segurana pblica, profissionais em segurana pblica, pesquisadores e demais parceiros.

    Uma grande ao foi a criao do Sistema Nacional de Estatsticas de Segurana Pblica e Justia Criminal SINESPJC, implantado em 2004, com o mdulo Polcia Civil e posteriormente com o mdulo Pol-cia Militar em 2006. Este sistema teve como principal objetivo iniciar o processo informatizado de coleta de dados estatsticos junto s 27 UFs, em um cenrio que contava apenas com 07 UFs com sistemas de registro de ocorrncias informatizados.

    Neste contexto, a SENASP veio fomentando - junto aos entes federados e por meio de convnios com a Unio - o desenvolvimento, customizao e ampliao de sistemas informatizados de registros de ocorrncias policiais e sistemas de atendimento e despacho das Polcias e Corpos de Bombeiros Militares. O objetivo foi o de melhorar os processos de envio, tratamento e anlise de dados.

    Mesmo com o apoio da SENASP, as instituies de segurana pblica no deixaram de arcar com o nus de ter que alimentar, de forma manual ou minimamente informatizada, a base de dados nacional. Limitaes do SINESPJC no permitiam que sistemas estaduais fossem integrados diretamente ao sistema nacional, tornando o processo de alimentao lento e rduo. Alm disso, havia o problema da falta de pa-dronizao dos formulrios de coleta nos Estados.

    Partindo deste novo cenrio, identificados os problemas e desafios, a SENASP em maio de 2012, juntamente com representantes das Polcias Civis, Militares e Corpos de Bombeiros Militares das 27 Unida-des de Federao, definiu os campos e contedos mnimos dos boletins de ocorrncias e atendimento e despacho das instituies de segurana pblica. Neste mesmo ano, foi promulgada a Lei 12.681, que institui o Sistema Nacional de Informaes de Segurana Pblica, Prisionais e sobre Drogas, com a finalidade de armazenar, tratar e integrar dados e informaes para auxiliar na formulao, implementao, execuo, acompanhamento e avaliao das polticas relacionadas segurana pblica; sistema prisional e execuo penal; e enfrentamento do trfico de crack e outras drogas ilcitas. Com isto, o SINESPJC torna-se o mdulo de estatstica do SINESP.

    Logo aps a criao da lei do SINESP, o Ministrio da Justia, por meio da SENASP, toma o compro-misso de firmar junto s Unidades da Federao 27 termos de adeso ao SINESP, ratificando o compromisso de todos em cooperar com a implantao, manuteno e atualizao do sistema. O no envio dos dados previstos no Termo implica na impossibilidade de receber recursos ou celebrar parcerias com a Unio para financiamento de programas, projetos ou aes de segurana pblica e do sistema prisional.

    Enviar os dados previstos no Termo Possibilidade de receber recursos e celebrar parceiras com a Unio

    O SINESP tem como objetivo sanar o problema da m qualidade de informaes de crime no Bra-sil. Essa m qualidade se deve aos diversos problemas estruturais que impediram, ao longo dos anos, uma

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    melhor qualidade da informao, e, alm disso, a particularidades dos prprios eventos criminais, que, por natureza, so difceis de serem registrados pela populao.

    Por exemplo, furtos e roubos de pequenos valores e casos de estupros, abusos, assdios e coeres, muitas vezes, esto inseridos dentro de contextos pessoais ou familiares, fazendo com que as vtimas rara-mente procurem as autoridades para registro dos fatos.

    3.3 Fontes alternativas de informao

    Pesquisas de vitimizao

    Na maior parte dos crimes, a nica fonte alternativa possvel so as pesquisas de vitimizao, que permitem no apenas estimar a incidncia real do fenmeno, mas tambm o tamanho e o perfil da subnotificao.

    No Brasil, a primeira pesquisa de vitimizao realizada em mbito nacional foi empreendida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), no suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD) de 1988. Depois disso, o IBGE empreendeu outra pesquisa nacional de vitimizao, tam-bm como suplemento da PNAD, no ano de 2009.

    Cabe destacar a Pesquisa Nacional de Vitimizao realizada pelo Ministrio da Justia, de 2010 a 2012, no mbito do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento, pelo Centro de Estudos da Cri-minalidade e Segurana Pblica (CRISP) e Datafolha.

    Para saber mais sobre essa pesquisa, acesse o arquivo Pesquisa de vitimizao, que est nos anexos do curso.

    Outros exemplos de pesquisas de vitimizao empreendidas no Brasil so expostos a seguir:

    Pesquisa de vitimizao ILANUD: Essa pesquisa foi desenvolvida em 2002, a partir da parceria Instituto Latino Americano das Naes Unidades (ILANUD)/Gabinete de Segurana Institucional da Presidncia da Repblica/FIA/Universidade de So Paulo (USP). Ela representativa para os municpios de So Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Vitria.

    Pesquisa de vitimizao INSPER: Essa pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER). O estudo toma como base pesquisas domiciliares com 2.967 pessoas na ci-dade de So Paulo em 2003 e 2008. Os sete tipos de ocorrncia apurados no levantamento so: residncia, veculo, componentes de veculos, crime contra a pessoa, trnsito, agresses e casa de temporada.

    Pesquisa de vitimizao CRISP/UFMG: Essa pesquisa foi desenvolvida nos anos de 2001, 2003 e 2006 pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurana Pblica da Universidade Federal de Minas Gerais (CRISP/UFMG) e representativa para o municpio de Belo Horizonte, no qual foram entrevistadas 6.220 pessoas.

    Outras fontes de dados e informaes:

    No caso de roubos e furtos de carros, os dados das seguradoras so importantes para comprovar tendncias. Entretanto, como nem todos os carros esto segurados, as informaes das seguradoras devem conter menos registros que as das polcias.

    No caso dos homicdios, os dados do Datasus/Ministrio da Sade so geralmente de uma confiabi-lidade superior aos da polcia, pela prpria natureza de sua produo e por estarem submetidos a uma crtica mais detalhada. Mas eles tambm apresentam problemas, como a existncia de uma categoria de mortes violentas de intencionalidade desconhecida, que incluiria homicdios, suicdios e mortes acidentais.

    Para chegar a uma estimativa mais precisa, necessrio submeter essa categoria a uma estimativa que reclassifica uma parte dela como homicdio. Alm disso, a dificuldade maior para utilizar esses dados

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    como indicadores de segurana pblica a demora na sua divulgao, justamente devido ao tempo dedica-do crtica dos dados. De qualquer forma, muito importante que, mesmo com certo atraso, tais registros sejam comparados com os da polcia, para testar a validade dos ltimos.

    Existem inmeras instituies pblicas e privadas que compilam informaes que podem ser rele-vantes para a anlise de crimes, criminosos ou vtimas especficas. Alguns exemplos: as agncias de regula-o dos produtos controlados (tais como armas, lcool ou drogas), agncias reguladoras que fiscalizam instituies bancrias ou de segurana, autoridades fiscais e alfandegrias, departamentos de segu-rana de instituies privadas etc.

    SAIBA MAIS...

    O site do Ministrio da Justia vem se institucionalizando nos ltimos anos como referncia nacional em relao s informaes de segurana pblica. Destacam-se como exemplo de relatrios disponveis nessa pgina:

    Para saber mais sobre o Ministrio da Justia, acesse: http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/se-guranca-publica/estatisticas.

    Efetivo dos rgos Estaduais de Segurana Pblica (2003 a 2007); Anlise das Ocorrncias Registradas pelas Polcias Civis (2004 e 2005); Perfil das Instituies de Segurana Pblica (2004 a 2007); Investimentos dos Governos Estaduais em Segurana Pblica (2005 a 2008); Diagnstico da Percia Criminal no Brasil (2012); Estudo Profissiogrfico e Mapeamento de Competncias: Perfil dos Cargos das Instituies Esta-

    duais de Segurana Pblica (2012); Mulheres nas Instituies de Segurana Pblica (2013); Pesquisa Perfil das Instituies de Segurana Pblica (2013); Pensando a Segurana Pblica (2013).

    H ainda...

    Os portais das Secretarias Estaduais de Segurana Pblica, da Polcia Civil e da Polcia Mili-tar. Quando as informaes estatsticas no esto disponibilizadas no portal preciso fazer um contato telefnico ou por e-mail com os gestores dessas instituies, solicitando-as.

    Os Grupos de pesquisa e portais acadmicos relacionados a essa questo. Censo demogrfico realizado pelo IBGE a cada 10 anos.

    Para saber mais sobre Censo demogrfico, acesse o arquivo Censo, que est nos anexos do curso.

    Finalizando...

    Neste mdulo, voc estudou que:

    A compreenso dos fenmenos sociais pode ser feita a partir de trs abordagens: observao do comportamento que ocorre naturalmente no mbito real; criao de situaes artificiais e observao do comportamento antes das tarefas definidas para as situaes e realizao de perguntas s pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram).

    Para cada uma das abordagens h tcnicas de anlise especficas. Cada uma delas tem vanta-gens e limitaes.

    Os vrios mtodos de abordagem dos fenmenos sociais tm aplicaes distintas quanto ao

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    tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informaes a serem coletadas. Eles tambm podem ser utilizados de forma complementar quando necessrio.

    Um questionrio pode ser definido como um conjunto de perguntas sobre um determinado tpico que no testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinio, seus interesses, as-pectos de personalidade e informao biogrfica. (YAREMENKO et al., 1986).

    Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de segurana pblica e justia criminal so dados policiais, do Ministrio Pblico, da Justia e do sistema prisional, para fins de adminis-trao dos procedimentos de rotina. Em geral, essas informaes no so utilizadas na rea de gesto.

    Os registros da Polcia Militar incluem crimes e ocorrncias diversas, mas no abrangem o con-junto total de crimes e, portanto, no podem ser usados como base exclusiva de um sistema de informao criminal.

    A Polcia Civil praticamente s registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla gama de inci-dentes que perturbam a segurana pblica e no chegam a constituir crime.

    Na maior parte dos crimes, a nica fonte alternativa possvel so as pesquisas de vitimizao, que permitem no apenas estimar a incidncia real do fenmeno, mas tambm o tamanho e o perfil da subnotificao.

    Exerccios

    Com base nos conhecimentos adquiridos no mdulo 2, realize as atividades propostas a seguir.

    Atividade 1.O mtodo de pesquisa de avaliao de impacto inclui:

    a) ( ) Sistematizao das informaes trazidas pelos documentos, buscando a existncia de semelhanas.

    b) ( ) Determinao dos resultados das aes e polticas de segurana pblica.c) ( ) Descrio e explicao abrangente dos muitos componentes de uma determinada situao

    social.d) ( ) Construo de enunciados sobre uma populao.

    Atividade 2.Qual a principal vantagem da coleta de informao por dados secundrios?

    a) ( ) O pesquisador fica limitado a dados j coletados e compilados.b) ( ) O pesquisador tem que selecionar a amostra de forma cientfica.c) ( ) O pesquisador no precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas e codificaes.d) ( ) O pesquisador no pode representar adequadamente a questo que lhe interessa.

    Atividade 3.Em relao s perguntas contidas no questionrio, assinale a afirmativa FALSA:

    a) ( ) As perguntas devem apresentar cinco caractersticas bsicas: a pergunta precisa ser com-preendida e comunicada consistentemente; as expectativas quanto s respostas precisam ser explicitadas para o respondente; os respondentes devem ter todas as informaes necessrias para a resposta; e os res-pondentes precisam estar dispostos a responder.

    b) ( ) As perguntas abertas so indicadas quando no se conhece a abrangncia e variabilidade das possveis respostas. Esse tipo de pergunta estabelece, no incio da entrevista, um clima receptivo entre pesquisador e respondente, e, no final, captura as opinies no cobertas pelas perguntas fechadas.

  • 28

    c) ( ) Quanto linguagem usada na formulao das perguntas, preciso atentar para a sua compreenso pela populao alvo da pesquisa. Abreviaes, grias ou termos regionais, termos especiais ou sofisticados devem ser utilizados para facilitar a compreenso do entrevistado.

    d) ( ) Perguntas em escala nominal utilizam smbolos ou nmeros somente para identificar as pessoas, objetos ou categorias.

  • 29 ead.senasp.gov.br

    Gabarito

    Resposta correta atividade 1: afirmativa b).

    Resposta correta atividade 2: afirmativa c).

    Resposta correta atividade 3: afirmativa c).

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    Apresentao

    Ol, seja bem-vindo(a) ao mdulo Anlise Estatstica Criminal!Neste mdulo, voc estudar os conceitos bsicos relacionados ao estudo da estatstica para com-

    preender melhor as tcnicas utilizadas na anlise criminal.Lembrando que, no mdulo anterior, voc aprendeu a descrever os mtodos de abordagem dos fe-

    nmenos sociais (e as tcnicas de anlise correspondentes). Tambm estudou sobre os aspectos que devem ser observados na construo de um questionrio. E, por fim, conheceu diversas fontes de dados e informa-es de segurana pblica.

    Preparado(a) para aprender mais sobre Anlise Criminal?Ento, vamos l!

    Objetivos do mdulo

    Ao final do mdulo, voc dever ser capaz de:

    Definir os principais conceitos relacionados estatstica; Correlacionar as sries estatsticas aos fatores bsicos que as estruturam; Descrever as formas pelas quais as informaes podem ser apresentadas estatisticamente; Identificar as tcnicas utilizadas na estatstica descritiva; e Definir anlise de regresso.

    Estrutura do mdulo

    O contedo deste mdulo est dividido nas seguintes aulas:

    Aula 1 Conceitos bsicos Aula 2 Sries estatsticas Aula 3 Apresentao dos dados Aula 4 Estatstica descritiva Aula 5 Anlise de regresso

    Aula 1 Conceitos bsicos

    1.1 Estatstica e anlise estatstica criminal

    O termo estatstica surgiu da expresso em latim statisticum collegium, que significa palestra sobre os assuntos do Estado.

    No sculo XVII, o termo Statistik foi utilizado designando a anlise de dados sobre o Estado. Entre-tanto, somente no incio do sculo XIX o termo adquiriu o significado de coleta e classificao de dados, que persiste at hoje.

    A anlise estatstica criminal consiste na aplicao da anlise estatstica aos dados de criminalidade

    MDULO

    3ANLISE ESTATSTICA CRIMINAL

  • 31 ead.senasp.gov.br

    e segurana pblica.

    1.1.1 Estatstica descritiva X Estatstica inferencial

    A estatstica descritiva um ramo da estatstica que utiliza vrias tcnicas para organizar, descrever e sumarizar dados.

    J a estatstica inferencial rene o conjunto tcnicas utilizadas na identificao de relaes entre variveis que representem ou no relaes de causa e efeito.

    1.2 Conceitos bsicos

    Variveis Amostra Populao CensoSo objetos que servem para guardar informa-es e permitem dar nomes a cada uma das partes da informao que se quer guardar. Por exemplo, tratando-se de vitimizao dos indiv-duos, h como variveis distintas: quantos crimes o indivduo sofreu, sua escolaridade, seu gne-ro, sua idade etc.

    uma coleo de dados relativos a uma parte da populao que a representa. usada, na maioria das vezes, por causa da impossibilidade e dos custos de coletar informaes de todos os elementos da populao.

    um conjunto de indi-vduos ou objetos que apresentam pelo menos uma caracterstica em comum.

    uma coleo de da-dos relativos a todos os elementos de uma populao.

    1.3 Fluxo de execuo da anlise estatstica

    O trabalho de anlise estatstica resulta da execuo de quatro etapas: coleta, crtica, apresen-tao e anlise dos dados.

    Coleta de Dados: Aps a definio do problema a ser estudado e o estabelecimento do projeto de pesquisa (objetivo, a forma pela qual os dados sero coletados, cronograma das atividades, custos envolvidos, exame das informaes disponveis e delineamento da amostra), o passo se-guinte a coleta de dados, que consiste na busca ou compilao das informaes em variveis, componentes do fenmeno a ser estudado.

    Crtica dos dados: A reviso crtica dos dados procede com a finalidade de identificar e supri-mir os valores estranhos ao levantamento, os quais so capazes de provocar futuros enganos. Esses valores podem ocorrer, principalmente, por problemas de preenchimento ou digitao dos questionrios.

    Apresentao dos Dados: Convm que as informaes sejam organizadas em conjunto de da-dos - de forma prtica e racional - para facilitar sua apresentao no formato de tabelas, grficos ou mapas. A execuo dessa etapa ocorre de forma interligada prxima etapa (anlise dos dados), pois com o desenvolvimento da anlise possvel descobrir outras tabelas, grficos ou mapas que sejam necessrios para melhor compreenso do fenmeno estudado.

    Elaborao de tabelas / Elaborao de grficos / Elaborao de mapas: So representaes utilizadas para resumir e apresentar os dados de uma pesquisa, visando descrev-la.

    Anlise: Anlise das informaes produzidas a partir da leitura das tabelas, grficos e mapas, sistematizando as concluses em um relatrio.

  • 32

    A execuo desse fluxo da anlise estatstica envolve sempre a possibilidade de retorno primeira etapa da pesquisa (coleta de dados). Tanto a crtica dos dados pode mostrar que a etapa de coleta no foi bem planejada ou executada, quanto s etapas de apresentao e anlise podem evidenciar que os dados coletados so insuficientes para garantir uma boa compreenso do fenmeno estudado.

    Aula 2 - Sries estatsticas

    2.1 O que uma srie estatstica?

    Uma srie estatstica constitui uma coleo de dados estatsticos referidos a uma mesma ordem de classificao, ou seja, uma sequncia de nmeros que se refere a certa varivel.

    A construo de sries estatsticas est estruturada em trs fatores bsicos e esses fatores levam existncia de trs tipos distintos de sries estatsticas:

    Veja a seguir mais detalhes sobre cada srie.

    A srie temporal (cronolgica, histrica, evolutiva ou marcha) identificada pelo carter varivel do fator cronolgico.

    Fonte: SENASP/MJ Pesquisa Perfil Organizacional das Delegacias Especializadas de Atendi-mento Mulher Brasil (2003/2007)

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    A srie geogrfica (territorial, espacial ou de localizao) identificada pelo carter varivel do fator local.

    Tabela 3 Ordenamento das UF por taxas de homicdio (em 100 mil) Brasil 2000-2010*

    Fonte: SIM/SVS/MS *2010: dados preliminares

    A srie especfica (ou categrica) identificada pelo carter varivel do fator fenmeno.

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    Tabela 4 Ocorrncias registradas pelas polcias civis por nmero e taxas por 100 mil habi-tantes (Brasil-2012)

    Aula 3 Apresentao dos dados

    Uma vez que os dados foram coletados, deve-se ter ateno ao examin-los, pois, muitas vezes, o conjunto de valores extenso e desorganizado e h risco de se perder a viso global do fenmeno analisado. Para que isso no ocorra, interessante reunir os valores em tabelas, grficos ou mapas, faci-litando sua compreenso.

    3.1 Construo de tabelas

    Um dos objetivos da construo de tabelas sistematizar os valores que uma ou mais variveis podem assumir, para que se tenha uma viso global da sua variao. Ou seja, a tabela uma maneira de apresentar resumidamente um conjunto de dados.

    1. TTULO DA TABELA Conjunto de informaes, as mais completas possveis, respondendo s perguntas: O qu? Quando? e Onde? localizado no topo da tabela, alm de conter a palavra TABELA e sua respectiva numerao.

    2. CORPO DA TABELA - o conjunto de linhas e colunas que contm informaes sobre a va-rivel em estudo.

    Nota: A substituio de uma informao da tabela pode ser feita pelos seguintes sinais: (...) infor-mao coletada, mas no est disponvel; () informao no coletada e (?) quando h dvida da validade da informao.

    3. RODAP - Elementos complementares da tabela:

  • 35 ead.senasp.gov.br

    1. Fonte: Identifica o responsvel (pessoa fsica ou jurdica) pela sistematizao dos dados nu-mricos.

    2. Notas: o texto que ir esclarecer de forma geral ou especfica algum contedo da tabela.3. Chamadas: Smbolo remissivo atribudo a algum elemento de uma tabela que necessita de

    uma nota especfica.

    3.2 Construo de grficos

    A construo de grficos atende s mesmas finalidades da construo das tabelas, ou seja: representar os resultados de forma simples, clara e verdadeira; demonstrar a evoluo do fenmeno em estudo e obser-var a relao dos valores analisados.

    Veja que a disposio dos elementos idntica das tabelas. Clique sobre cada um para ter acesso a mais informaes.

    Ttulo do grfico: Conjunto de informaes, as mais completas possveis, respondendo s per-guntas: o qu? Quando? e Onde? Localizado no topo do grfico, alm de contar a palavra GR-FICO e sua respectiva numerao.

    Corpo do grfico: a representao grfica da anlise efetuada. Rodap: Elementos complementares do grfico:o Fonte: Identifica o responsvel (pessoa fsica ou jurdica) pela sistematizao dos dados nu-

    mricos;o Notas: o texto que ir esclarecer de forma geral ou especfica algum contedo do grfico; o Chamadas: Smbolo remissivo atribudo a algum elemento do grfico que necessita de uma

    nota especfica

    Na anlise criminal, se trabalha com 4 tipos de grficos. Veja a seguir cada um deles.

    Grficos em colunas

    Conjunto de retngulos dispostos verticalmente, separados por um espao.

    Grficos de Barras

    Conjunto de retngulos dispostos horizontalmente, separados por um espao.

  • 36

    Grfico 2 Percentual da populao que considera ter aumentado a delinquncia nos ltimos 12 meses (Amrica Latina, 2011)

    Grficos em setores

    Representao atravs de um crculo, por meio de setores, sendo muito utilizado quando se quer comparar cada valor de uma srie com o seu total (proporo).

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    Grficos em linhas ou curvas

    Utilizado principalmente para representar sries temporais.

    Aula 4 Estatstica descritiva

    4.1 Parmetros para descrio dos dados

    Como voc estudou anteriormente no curso, a anlise descritiva envolve tcnicas para organizar, resumir e descrever os dados de uma pesquisa.

    Para facilitar a descrio dos dados, so utilizados alguns parmetros que sero apresentados a seguir, didaticamente divididos em cinco grupos:

    1. Parmetros para comparao relativa;2. Distribuio de frequncia;3. Medidas de tendncia central;4. Medidas de disperso;5. Anlise de correlao.

    Estude a seguir sobre cada uma delas.

    4.1.1 Parmetros para comparao relativa

    Proporo

    obtida a partir do clculo de uma parte do conjunto sobre o seu total. Exemplo 1: Considere 10 pessoas retidas em uma delegacia, das quais 4 so homens. A pro-

    poro de homens de 4/10 = 0,4, ou seja, temos 0,4 homens por pessoa retida na delegacia. Exemplo 2: Considere que 20 ocorrncias so registradas em um municpio, das quais 10

    so homicdios dolosos. A proporo de homicdios de 10/20 = 0,5, ou seja, 0,5 homicdios por ocorrncia

  • 38

    registrada no municpio.

    Porcentagem

    As porcentagens so obtidas a partir do clculo das propores, simplesmente multiplican-do-se o quociente obtido por 100 (a palavra porcentagem significa por cem). Enquanto a soma das pro-pores igual a 1, a soma das porcentagens igual a 100, a menos que as partes no sejam mutuamente exclusivas e exaustivas.

    Exemplo: Considerando os exemplos de proporo, h 40% de homens entre as pessoas retidas e 50% de homicdios entre as ocorrncias registradas no municpio

    Razo

    o resultado de um nmero A em relao a um nmero B (A dividido por B).Exemplo: A razo de policiais por viatura no Brasil de (policiais)/(viaturas) = 618.613 / 76.074 =

    8,13, ou seja, h 8,13 policiais por viatura. Cabe ressaltar que a razo busca relacionar quantidades de itens diferentes, como: policiais por

    viatura, PIB por habitantes, recursos financeiros gastos pela polcia militar pelo total do efetivo da polcia militar etc.

    A seguir, voc aprender a calcular a proporo, a porcentagem e a razo, a partir da tabela 6.

    Clculos da proporo, porcentagem e razo Tabela 6

    Proporo de gastos com a subfuno policiamento

    Gasto com a funo policiamento/Gasto total > 18.591.783.723,58/51.547.486.525,76 = 0,36

    Para cada real gasto com segurana pblica, 36 centavos so referentes subfuno policia-mento.

    Porcentagem de gastos com a subfuno policiamento

    0,36 x 100 = 36% Cerca dos 36% dos gastos com a funo segurana pblica no Brasil so referentes subfun-

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    o policiamento

    Razo de gastos com a subfuno policiamento por gastos com a subfuno defesa civil.

    Gastos com a subfuno policiamento/Gastos com a subfuno defesa civil > 18.591.783.723,58/1.630.080.129,49 = 11,40

    Para cada real gasto com a subfuno defesa civil so gastos R$ 11,40 com a subfuno po-

    liciamento

    4.1.2 Distribuio de frequncias

    A distribuio de frequncia o conjunto de mensuraes de frequncias para os dados ob-servados.

    Frequncia absoluta: o nmero de vezes que o valor de uma determinada varivel obser-vado.

    Frequncia absoluta acumulada: a soma das frequncias absolutas dos valores inferiores ou iguais ao valor dado.

    Frequncia relativa: a razo da frequncia absoluta pelo nmero total de observaes. Frequncia relativa acumulada: a soma das frequncias relativas dos valores inferiores ou

    iguais ao valor dado. Distribuio de frequncia: uma forma de apresentar as frequncias. So apresentadas as

    variveis seguidas de suas frequncias absolutas.

    Exemplo: nmero de homicdios ocorridos em 16 cidades distintas.

    A seguir, voc estudar a explicao dos conceitos relacionados distribuio de frequncia, com base na Tabela 8.

    Distribuio de frequncias

    Frequncia absoluta: Na primeira coluna foram colocados, em ordem crescente, todos os possveis nmeros de homicdios ocorridos em 16 cidades. Na segunda coluna, aparecem quantas cidades sofreram aquele nmero de homicdios.

    Observe, na tabela 8, que a frequncia absoluta de 0 homicdio um, ou seja, das 16 cidades analisadas somente uma delas teve 0 homicdio. A frequncia absoluta de 3 homicdios dois, ou seja, duas cidades tiveram 3 homicdios. A frequncia absoluta de 4 homicdios um, ou seja, uma cidade teve 4 homi-cdios, e assim por diante.

    Frequncia absoluta acumulada: Foi construda a terceira coluna da tabela 8 somando-se cada linha a frequncia absoluta.

    Na primeira linha, a frequncia absoluta acumulada coincide com a frequncia absoluta (1). Na segunda linha soma-se a frequncia absoluta acumulada da primeira linha (1) frequncia absoluta da segunda linha (2), obtendo-se uma frequncia acumulada 3. Na terceira linha, soma-se a frequncia absoluta acumulada anterior (3) frequncia absoluta dessa categoria (1), sendo a frequncia acumulada igual a 4, e assim por diante.

    Frequncia relativa: A frequncia relativa dada pela diviso da frequncia absoluta da categoria pelo nmero total de cidades, obtendo-se o percentual das cidades que sofreram aquele nmero de crimes.

    Para obter a frequncia relativa de 0 homicdio, divide-se a frequncia absoluta dessa categoria (1) pelo total (16) (1)/(16) = 0,0625, ou seja, 0,0625 das cidades tm 0 homicdio. Da mesma forma, encon-tra-se que 0,125 das cidades tm 3 homicdios, 0,625 das cidades tm 4 homicdios, 0,25 das cidades tm 5

  • 40

    homicdios.Multiplicando a frequncia relativa por cem, encontra-se a porcentagem das cidades com deter-

    minado nmero de homicdios. Por exemplo: 0,0625 x 100 = 6,25, ou seja, 6,25% das cidades no sofrem homicdios.

    Frequncia relativa acumulada: obtida de forma similar frequncia absoluta acumulada, ou seja, somando-se cada linha a frequncia relativa das categorias dos nmeros de homicdio.

    Na primeira linha, a frequncia relativa acumulada coincide com a frequncia relativa. Na segunda linha, ao se somar a frequncia relativa acumulada da primeira linha (0,0625) frequncia relativa da segun-da linha (0,125), o que resulta na frequncia acumulada de 0,1875.

    Veja agora os grficos utilizados na distribuio de frequncia.

    Histograma

    O histograma um grfico de barras justapostas, com a rea das barras proporcional frequ-ncia absoluta.

    Exemplo:

    Polgono de frequncia

    a representao grfica de uma distribuio de frequncias absolutas. So grficos de linhas que unem os pontos mdios das bases superiores dos retngulos de um histograma.

    Polgono de frequncia acumulada

    a representao grfica de uma distribuio de frequncias absolutas acumuladas. So gr-

  • 41 ead.senasp.gov.br

    ficos de linhas que unem os pontos correspondentes ao limite superior da frequncia acumulada.

    4.1.3 Medidas de tendncia central

    As medidas de tendncia central so indicadores que resumem a distribuio de um conjunto de dados. Esses indicadores devem ser utilizados quando se pretende comparar distintos grupos de dados. Por exemplo: comparaes entre diferentes regies ou comparaes de uma mesma regio em tempos distintos. Outras situaes de utilizao:

    Mdia: a soma de todos os resultados dividida pelo total dos casos. Moda: a observao que ocorre com maior frequncia em uma amostra. Mediana: o valor da varivel que ocupa a posio central nos dados, ou seja, que divide a

    amostra ao meio.

    Exemplo: Considerando os dados hipotticos vistos anteriormente, na tabela 7, as medidas de tendncia central em relao distribuio de homicdios por cidade so:

    Como calcular a mdia, a moda e a mediana?

    MDIA: Somam-se todos os homicdios ocorridos e divide-se por 16, que o nmero de cidades.Mdia = (0+3+3+4+5+5+5+5+6+8+9+10+12+12+14+18)/16 = 119/16 = 7,4375

    MODA: O valor que ocorreu com maior frequncia absoluta. No exemplo citado, o valor 5 ocorreu mais vezes, 4 vezes.

  • 42

    MEDIANA: H duas frmulas para calcular a mediana:Nmero de observao par: Mediana = (X(n/2) + X[(n/2)+1])/2Nmero de observao mpar: Mediana = X[(n+1)/2]

    Para o clculo da mediana, o primeiro passo a ordenao crescente das observaes, como mos-trado no exemplo anterior (clculo da mdia). Aps a ordenao das observaes, identifica-se cada uma delas por um ndice numrico. No exemplo citado X 2 igual a 3, ou seja, a cidade 2, nesta sequncia de cidades em ordem crescente de nmero de homicdios, possui 3 homicdios. No mesmo exemplo, a mediana calculada da seguinte forma:

    Outros conceitos:

    Para compreender melhor os clculos das medidas apresentadas, conhea mais trs:

    Taxa bruta - o estimador mais simples para o risco de ocorrncia de um evento, definindo-se como a razo entre o nmero de eventos ocorridos na rea e o nmero de pessoas expostas ocorrncia desse evento. O clculo da taxa desenvolvido quando se precisa comparar a inci-dncia de fenmenos entre diferentes regies, com tamanho populacional diferente, ou uma mesma regio onde a populao varia com o tempo. O valor da taxa calculado pela diviso do nmero de vtimas efetivas pelo tamanho da populao de risco, ou seja, pelo tamanho da populao que poderia sofrer esse crime, e o valor obtido multiplicado por 100 mil.

    Quartis - So os valores que determinam uma diviso do conjunto de dados em quatro partes iguais.

    Decis - So os valores que determinam uma diviso do conjunto de dados em dez partes iguais.

    Veja no exemplo a seguir como calcular os demais conceitos estudados.

    Exemplo: Veja a Tabela 9 Ocorrncias de estupro registradas pelas polcias civis segundo unidade da federao (Brasil 2010).

    Para ver a Tabela 9, acesse o arquivo de mesmo nome que est disponvel nos anexos do curso.

    Para calcular a taxa por 100 mil habitantes de estupros considera-se a quantidade de registros de estupro como o numerador, a populao como denominador e multiplica-se 100.000.

    Com base na Tabela 9, o clculo da taxa de estupros em Rondnia efetuado pela seguinte frmula:

    (nmero de estupros ocorridos em Rondnia) x (100.000) = 678 x (100.000) = 43,39 (populao em Rondnia) 1.562.409

    A importncia do clculo da taxa verificada, por exemplo, quando se observa que, apesar da Po-lcia Civil do Rio de Janeiro ter registrado 4.418 vtimas de estupro em 2010, a unidade da federao com maior incidncia de estupros foi Roraima, com apenas 302 ocorrncias registradas.

    Dada a diferena de tamanho entre a populao dessas UFs, no Rio de Janeiro foram 27,63 vtimas para cada grupo de 100.000 habitantes e, em Roraima, 67,04 vtimas para cada grupo de 100.000 habitantes.

  • 43 ead.senasp.gov.br

    Clculos

    Para se determinar a taxa de uma regio geogrfica (que rene vrias UFs) no se deve calcu-lar a mdia das taxas das UFs, pois esse clculo no leva em considerao o tamanho da populao de cada UF dentro da regio geogrfica. O correto somar as vtimas de todas as UFs, a populao de todas as UFs e realizar o clculo da taxa mdia da regio geogrfica.

    Veja a seguir a diferena gerada a partir desses dois tipos de clculo.

    Taxa da Regio Sudeste: 10.719/80.364.410 x (100.000) = 13,34 Mdia das taxas das UFs da regio Sudeste: (11,71 + 21,28 + 27,63 + 7,90)/4 = 17,13

    Obs. A Lei Federal 12.015/2009 altera a conceituao de estupro, passando a incluir, alm da con-juno carnal, os atos libidinosos e atentados violentos ao pudor.

    Clculos

    Moda: A amostra da taxa de estupro no apresenta moda, dado que, considerando as casas deci-mais, as taxas de estupro entre as 27 UFs no tm valores repetidos.

    Mediana: A mediana de uma srie de observaes o nmero que fica exatamente no meio da srie quando os dados esto ordenados e o nmero de observaes mpar. Caso o nmero de observaes seja par, a mediana a mdia aritmtica de dois nmeros do meio. Isso significa que, para um conjunto de dados ordenados, a mediana ocupar o centro do conjunto.Mediana: 21,28

    Identificao dos quartis

    Os quartis dividem os dados em 4 partes iguais. A identificao dos quartis pode ser exem-plificada da seguinte forma:

    Identificao dos quartis para a taxa de estupros (por 100 mil hab.) entre as Unidades da Federao

  • 44

    Fonte: MJ/SENASP/SINESP e IBGE.

    4.1.4 Medidas de disperso

    As medidas de disperso so conjuntos de medidas que descrevem a variabilidade de um conjunto de dados e permitem verificar como os dados esto distribudos em torno da tendncia central.

    So medidas de disperso: Amplitude, Varincia, Desvio padro.Para que voc entenda melhor os clculos das medidas de disperso, volte aos dados hipotticos

    da tabela 7.

    Amplitude: a diferena entre o maior e o menor valor dos dados analisados. Se os dados so categricos, a amplitude a diferena entre o limite superior da ltima categoria e o limite inferior da primeira categoria.

    Como calcular a Amplitude?Para calcular a amplitude subtrai-se o maior nmero de homicdios (que o da cidade 16 = 18) do

    menor nmero (que o da cidade 3 = 0). Amplitude = 18 0 = 18

    Varincia: a medida do grau de disperso dos dados em torno da mdia. A varincia mostra

  • 45 ead.senasp.gov.br

    em que medida os dados esto agrupados ou dispersos. A varincia representada por s.

    Como calcular a varincia? Para calcular a varincia na amostra, primeiramente se subtrai o nmero de homicdios em

    cada cidade (X i) da mdia da amostra (X) e depois esse valor elevado ao quadrado.

    Mdia: s2 = [2.(3 7,4375)]2 + (9 7,4375)2 + (0 7,4375)2 + (4 7,4375)2 + [4.(5 7,4375)]2 + (6 7,4375)2 + (8 7,4375)2 + (10 7,4375)2 . [2(12 7,4375)]2 + (14 7,4375)2 + (18 7,4375)2 =

    Mdia = 119/16 = 7,4375

    Em seguida, so somadas as diferenas e o resultado dividido pelo nmero de observao da amostra menos 1 (n-1). Novamente, X i representa o nmero de homicdios (X) que ocorreram na cidade i.

    Desvio Padro: obtido calculando a raiz quadrada da varincia. O desvio padro represen-tado pelo smbolo o.

    Como calcular o desvio padro?Aps descobrir o valor da varincia, calcula-se sua raiz quadrada. Esse resultado o valor do desvio

    padro.

    s = s2 = 22,52971 = 4,74649

    Nota: Todos os pacotes estatsticos, incluindo o Excel, fazem o clculo da varincia e do desvio padro automaticamente.

    Resumindo...

    Exemplo prtico de uso das medidas de disperso

    Aps o diagnstico da situao de um Estado, identifica-se que duas (2) regies se destacam pelas altas taxas de incidncia de homicdios.

    Comparando as medidas de disperso das taxas municipais de homicdios para essas duas regies, descobre-se que em uma delas os valores esto mais dispersos do que na outra regio. Isso signifi-ca que, na regio onde os valores esto menos dispersos, o problema da alta incidncia de homicdios est

  • 46

    distribudo de forma ampla, atingindo grande parte dos municpios da regio.Na regio onde os valores esto mais dispersos, ocorre o contrrio: a incidncia de homicdios est

    concentrada em alguns poucos municpios e outro conjunto significativo de municpios tem incidncia baixa de homicdios. Nesse caso, identificar o grau de disperso dos dados informar se preciso planejar a ao tendo como foco todos os municpios da regio ou apenas alguns que tm a situao mais precria.

    4.1.5 Coeficiente de correlao

    A anlise de correlao tem como objetivo medir a intensidade ou grau de associao linear entre duas variveis, mas sem determinar a relao funcional entre elas, ou seja, sem determinar que uma varivel responsvel pela alterao da outra.

    A anlise feita por meio da interpretao do coeficiente de correlao, permitindo identificar se um fator est associado a outro. Veja o exemplo a seguir.

    Pelo coeficiente de correlao, possvel saber se o desemprego est associado ao aumento da cri-minalidade, mas no possvel saber se o desemprego que causa o aumento do crime ou se o aumento do crime que leva ao aumento no desemprego.

    O coeficiente de correlao mede a intensidade de associao linear entre duas variveis. B: A associao entre nmero de homicdios e nmero de armas de fogo. O clculo do coefi-

    ciente de correlao realizado com base na varincia da amostra, atravs da seguinte frmula:

    A interpretao desse coeficiente simples. Considerando que r sempre um valor entre -1 e +1, temos:

    Se r = 0, no existe correlao; Quanto mais prximo de -1 ou de +1, mais forte a correlao; Se r < 0, existe uma correlao negativa, ou seja, quando uma varivel cresce a outra decresce.

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    No exemplo, quando o nmero de armas de fogo decresce, o nmero de homicdios cresce; e Se r > 0,