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MÓNICA A. A. VIEIRA
LICENCIADA EM QUÍMICA (UP.;
FACULDADE DE CIÊNCIAS UNIVERSIDADE DO PORTO
Contribuição para o Estudo Energético de Compostos Heterocíclicos
Dissertação para Mestrado em Química na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
QD516 VIEmC
2006
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
-"ACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO
2006
MÓNICA A. A. VIEIRA
LICENCIADA EM QUÍMICA (U.P.
FACULDADE DE CIÊNCIAS UNIVERSIDADE DO PORTO
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Contribuição para o Estudo Energético de Compostos Heterocíclicos
Dissertação para Mestrado em Química na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
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DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO
2006
Agradeço sinceramente...
À Doutora Maria das Dores M. C. Ribeiro da Silva, pelo incansável apoio e
orientação e por me ajudar sempre a olhar em frente.
Ao Professor Doutor Manuel A. V. Ribeiro da Silva, chefe do Grupo de
Investigação em Termoquímica do Departamento de Química da Universidade do Porto,
pela amizade e pela possibilidade concedida de desenvolver este trabalho.
A todos os Professores e Colegas de trabalho do Grupo de Termoquímica, pela
ajuda constante e companheirismo. Agradeço, em especial, a amizade dos que
partilharam comigo momentos mais difíceis...à Ana Lobo, à Luciana Damasceno, ao
André Monteiro, ao Luís Spencer e ao meu querido Emanuel Sousa.
Aos meus Pais, pela paciência e apoio, pelo amor e carinho incondicional... Ao
meu mano, Mário, por conseguir partilhar o mesmo espaço físico comigo nas alturas de
má disposição matinal. Adoro-vos!
Ao Bernardo, por tudo... À D. Maria Inês Aguiar, pela amizade e compreensão.
Ao Sr. António Aguiar, com muita saudade. Ao Tomás, pelos momentos de brincadeira
e companheirismo.
A todos os meus amigos que, de uma forma ou de outra, me acompanharam e
apoiaram no decorrer deste trabalho.
Aos meus colegas da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto, em
especial ao Ricardo Ferraz e ao Ruben Fernandes, por me terem ajudado a conciliar as
aulas com o trabalho de investigação. À Doutora Cristina Prudêncio, pela amizade e
carinho.
Ao Jorge, pelo carinho irrestrito e por todas as vezes que me fazes sorrir...
À Fundação para a Ciência e Tecnologia, pela concessão de uma bolsa de
investigação no âmbito do projecto POCTI (44471/QUI/2002), que permitiu
desenvolver o trabalho preliminar para o que aqui está descrito.
A todos aqueles que, de alguma forma, me ajudaram e apoiaram e que, por
lapso, não são referidos.
I
II
Resumo
O presente trabalho constitui uma contribuição para o estudo
termoquímico dos compostos orgânicos heterocíclicos azotados. Foram estudados seis
compostos: aminopirazina, 1,4 dióxido de 2,3,5-trimetilpirazina, 1,4 dióxido de
tetrametilpirazina, 1,4 dióxido de 2,3-dimetil-7-cloroquinoxalina, 4-cloro-7-
nitrobenzofurazano e 4-nitro-2,l,3-benzotiadiazola.
Realizaram-se estudos por calorimetria de combustão (as determinações para os
compostos clorados e o derivado com enxofre foram efectuadas num calorímetro de
bomba rotativa, enquanto as determinações para os restantes compostos foram
efectuadas num calorímetro de bomba estática), com o objectivo de determinar a
energia mássica de combustão de cada um dos compostos e consequente cálculo das
entalpias molares de combustão padrão ( p° = 0,1 MPa ), no estado cristalino, a
T = 298,15 K. As entalpias molares de sublimação padrão de todos os compostos foram
determinadas por Microcalorimetria Calvet de Altas Temperaturas. A partir dos valores
destes parâmetros termoquímicos, calculou-se a entalpia molar de formação padrão, no
estado gasoso, para cada um dos compostos.
Para os compostos 1,4-dióxido foram ainda calculadas as respectivas entalpias
médias de dissociação da ligação azoto-oxigénio.
Ill
IV
Abstract
This work is a contribution to the thermochemical study of nitrogen
heterocyclic organic compounds. Six compounds have been studied: aminopyrazine, 1,4
dioxide of 2,3,5-trimethylpyrazine, 1,4 dioxide of tetramethylpyrazine, 1,4 dioxide of
2,3-dimethyl-7-chloroquinoxaline, 4-cholo-7-nitrobenzofurazane and 4-nitro-2,l,3-
benzotiadiazole.
The combustion calorimetry (rotating bomb in the case of chlorinated
compounds and the compound with sulphur, and static bomb for the other compounds)
was used to measure the massic energy of combustion of each compound in the
crystalline state and so to derive the standard ( p° = 0,1 MPa ) molar enthalpies of
combustion at the temperature of 298.15 K. The standard molar enthalpies of
sublimation of all the compounds were determined by High Temperature Calvet
Microcalorimetry. From those thermochemical parameters, the standard molar
enthalpies of formation, in the gaseous phase, were derived for each compound.
For the 1,4-dioxide compounds, the mean enthalpies of dissociation of the
nitrogen-oxygen bond were also derived.
v
VI
Resume
Le travail présenté est une contribution à l'étude thermochimique des composés
organique hétérocyclique azotés. Six composés ont été étudiés : aminopyrazine, 1,4-
dioxyde de 2,3,5-trimetilpyrazine, 1,4-dioxyde de tetrametilpyrazine, 1,4-dioxyde de
2,3-dimetil-7-chlorequinoxaline, 4-chlore-7-nitrobenzofurazane et 4-nitro-2,l,3-
benzotiadiazole.
Des études par calorimétrie de combustion ont été réalisé (les déterminations
pour les composés chlorés et le dérivé sulfuré ont été réalisé dans un calorimètre de
bombe rotative, tandis que les déterminations pour les autres composés ont été
déterminés dans un calorimètre de bombe statique), avec l'objective de déterminer
l'énergie massique de combustion de chacun des composés et conséquent calcule
d'enthalpies molaires de combustion standard (p° = 0,1 MPa), en état cristallin, à
7 = 298,15 K. Les enthalpies molaires de sublimation standard de touts les composés
ont été déterminés par Microcalorimétrie Calvet de Hautes Températures. A partir des
valeurs de ces paramètres thermochimiques, l'enthalpie molaire de formation standard a
été calculée, en état gazeux, pour chacun des composés.
Pour les composés 1,4-dioxyde les respectives enthalpies moyennes de
dissociation de la liaison nitrogène-oxygène ont été calculé.
VII
VIII
índice geral
índice geral
Resumo I I !
Abstract v
Resume v "
índice Geral , x
índice de Tabelas x l "
índice de Figuras x v n
índice de Símbolos X I X
Capítulo 1 - Introdução 3
1.1- Enquadramento do trabalho 3
1.2 - Compostos estudados 5
1.3- Estudo calorimétrico 7
1.4 - Unidades e intervalos de incerteza 8
1.5- Referências 10
Capítulo 2 - Técnicas Calorimétricas 15
2 . 1 - Calorimetria de combustão 15
2 .1 .1- Fundamentos da técnica 17
2.1.1.1- Variação da temperatura adiabática 17
2.1.1.2-Calibração 21
2.1.1.3- Auxiliares de combustão 26
2.1.1.4 - Correcções para o estado padrão 26
2.1.1.5- Cálculo da energia mássica de combustão padrão 28
2.1.1.6- Cálculo da entalpia molar de combustão e de formação 29
padrão
2.1.2 - Descrição dos sistemas calorimétricos 29
2.1.2.1 - Calorímetro de combustão de bomba estática 29
2.1.2.1.1- Bomba estática de combustão 30
2.1.2.1.2 - Vaso calorimétrico 30
2.1.2.1.3- Banho termostatizado 33
2.1.2.2 - Calorímetro de combustão de bomba rotativa 33
2.1.2.2.1 - Bomba rotativa de combustão 34
IX
índice geral
2.1.2.2.2 - Vaso calorimétrico 35
2.1.2.2.3 - Banho termostatizado 36
2.1.3- Descrição de uma experiência 37
2.1.3.1 - Bomba estática de combustão 38
2.1.3.1.1- Análise de dióxido de carbono 3 9
2.1.3.1.2 -Análise de ácido nítrico 41
2.1.3.2 - Bomba rotativa de combustão 41
2.1.3.2.1 - Análise de óxido de arsénio (III) 42
2.1.3.2.2 - Análise de ácido nítrico 43
2.2 - Microcalorimetria Calvet de Altas Temperaturas 44
2.2.1 - Fundamentos da técnica 44
2.2.2 - Descrição do sistema calorimétrico 46
2.2.3 - Descrição de uma experiência 49
2.2.4 - Cálculo da entalpia molar de sublimação padrão 50
2.3 - Referências 52
Capítulo 3 - Resultados experimentais 57
3.1 - Tratamento dos compostos e preparação de soluções 57
3.1.1 - Compostos estudados 57
3.1.2-Soluções 58
3.1.2.1 - Solução de óxido de arsénio (III) 58
3.1.2.2 - Solução padrão de ácido clorídrico 0,1000 mol-dm"3 59
3.1.2.3 - Solução padrão de tiossulfato de sódio 0,1000 mol-dm"3 59
3.1.2.4 - Solução de triiodeto 0,05 mol-dm"3 59
3.1.2.5 - Solução de ácido clorídrico 0,1 mol-dm"3 59
3.1.2.6 - Soluções de hidróxido de sódio 59
3.1.2.7 - Solução de cozimento de amido 60
3.1.2.8-Água 60
3.2 - Resultados experimentais obtidos por calorimetria de u ~ 6 0
combustão
3.2.1 - Resultados experimentais obtidos nos estudos por CCE 60
3.2.1.1- Calibração do calorímetro 60
3.2.1.2 - Determinação das energias mássicas de combustão 60
x
índice geral
66
67
67
padrão para os compostos estudados
3.2.1.3 - Cálculo das entalpias molares de formação padrão, em
fase condensada
3.2.2 - Resultados experimentais obtidos nos estudos por CCR 66
3.2.2.1 - Calibração do calorímetro 66
3.2.2.2 - Determinação das energias mássicas de combustão
padrão para os compostos estudados
3.2.2.3 - Cálculo das entalpias molares de formação padrão, em
fase condensada
3.3 - Resultados experimentais obtidos por MC AT 72
3.3.1 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão da
aminopirazina
3.3.2 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do
1,4-dióxido de 2,3,5-trimetilpirazina
3.3.3 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do
1,4-dióxido de tetrametilpirazina
3.3.4 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do
4-nitro-2,1,3-benzotiadiazola
3.3.5 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do
4-cloro-7-nitrobenzofurazano
3.3.6 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do
1,4-dióxido de 2,3-dimetil-4-cloroquinoxalina
3.4-Referências 87
73
75
77
79
82
84
Capítulo 4 - Discussão de resultados 91
4.1 -Entalpias molares de formação padrão, no estado gasoso 91
4.2 -Entalpia média de dissociação da ligação N - 0 para os derivados
heterocíclicos 1,4-dióxido
4.3 -Considerações sobre a energética da aminopirazina 95
4.4 -Considerações aos resultados dos derivados da benzoxodiazola e 96
da benzotiadiazola 4.5 -Referências 99
XI
índice geral
XII
índice de tabelas
Indice de Tabelas
Tabela 1.1:
Tabela 3.1:
Tabela 3.2:
Tabela 3.3:
Tabela 3.4:
Tabela 3.5:
Tabela 3.6:
Tabela 3.7:
Tabela 3.8:
Tabela 3.9:
Tabela 3.10:
Tabela 3.11:
Tabela 3.12:
Tabela 3.13:
Tabela 3.14:
Fórmulas de estrutura dos compostos estudados
Compostos estudados: representação estrutural e pontos de fusão
Resultados das experiências de combustão com ácido benzóico (NBS -
Standard Reference Material 39j, Acw° (cert) = (26434 ± 3) J • g"1 )
Energia mássica de combustão padrão da aminopirazina - 1,00 cm de
H2O como solução de bomba
Energia mássica de combustão padrão do 1,4-dióxido de 2,3,5-
trimetilpirazina - 1,00 cm3 de H20 como solução de bomba
Energia mássica de combustão padrão do 1,4-dióxido de
tetrametilpirazina - 1,00 cm3 de H20 como solução de bomba
Resumo dos resultados obtidos para os três compostos estudados por
CCE
Resultados das experiências de combustão com ácido benzóico (BDH,
Thermochemical Standard, Acw° (cert) = (26434,9 ± 3,7) J • g"'
Energia mássica de combustão padrão do 4-nitro-2,l,3-benzotiadiazola -
10,00 cm3 de H20 como solução de bomba
Energia mássica de combustão padrão do 4-cloro-7-nitrobenzofurazano
- 15,00 cm3 de AS2O3 como solução de bomba
Energia mássica de combustão padrão do 1,4-dióxido de 2,3-dimetil-4-
cloroquinoxalina - 15,00 cm3 de As203 como solução de bomba
Resumo dos resultados obtidos para os três compostos estudados por
CCR Valores de correcção da entalpia do naftaleno gasoso, a diferentes
temperaturas
Resultados para confirmação da constante de calibração do calorímetro,
com naftaleno, 7=371 K, tfaH°m (C10H8 ) = (84,38 ±0,05) kJ-mor1
Resultados experimentais para os ensaios a branco, para a mesma
temperatura, T= 371 K
6
57
62
63
64
65
66
68
69
70
71
72
72
73
73
XIII
índice de tabelas
Tabela 3.15: Resultados experimentais de MC AT obtidos para a aminopirazina 74
Tabela 3.16: Valores para o cálculo de correcção fi/T - i/29815K1 para a 75
aminopirazina
Tabela 3.17: Resultados para a calibração do calorímetro, com naftaleno, à
temperatura T= 389 K, AËcrH°m (C10Hg) = (87,03 + 0,05) kJ-mol"1
Tabela 3.18: Resultados experimentais de MCAT obtidos para o 1,4-dióxido de 76
2,3,5-trimetilpirazina
Tabela 3.19: Valores para o cálculo de correcção ÏHT - H29815K1 para o 1,4-dióxido 76
de 2,3,5-trimetilpirazina
Tabela 3.20: Resultados para a calibração do calorímetro, com naftaleno, à
temperatura T = 425 K, AëcrH°m (C!0H8) = (93,82± 0,05)kJ-mol"1
Tabela 3.21: Resultados experimentais para os ensaios a branco, para a mesma 78
temperatura, 7 = 425 K
Tabela 3.22: Resultados experimentais de MCAT obtidos para o 1,4-dióxido de ., . . 78
tetrametilpirazina Tabela 3.23: Valores para o cálculo de correcção [HT - H29SI5K1 para o 1,4-dióxido
79 de tetrametilpirazina
Tabela 3.24: Resultados para a calibração do calorímetro, com naftaleno, à 80
temperatura T= 385 K, Acgr//° (C10H8) = (86,4810,05) kl-mol"1
Tabela 3.25: Resultados experimentais para os ensaios a branco, para a mesma 80
temperatura, T- 385 K
Tabela 3.26: Resultados experimentais de MCAT obtidos para o 4-nitro-2,l,3-81
benzotiadiazola
Tabela 3.27: Valores para o cálculo de correcção \HT - H2n 15K1 para o 4-nitro-81
2,1,3-benzotiadiazola
Tabela 3.28: Resultados experimentais de MCAT obtidos para o 4-cloro-7-82
nitrobenzofurazano
Tabela 3.29: Valores para o cálculo de correcção \HT - H29S ]5K 1 para o 4-cloro-7-J 83
nitrobenzofurazano
Tabela 3.30: Resultados para a calibração do calorímetro, com naftaleno, à 84
XIV
índice de tabelas
temperatura T= 440 K, A*CTH0m (C10H8)= (96,82 ±0,05) kJ-mol"1
Tabela 3.31: Ensaios com 1,4-dióxido de 2,3-dimetil-7-cloroquinoxalina, T= 440 K 85
Tabela 3.32: Valores de correcção para o 4-cloro-7-nitrobenzofurazano 86
Tabela 4.1: Parâmetros termoquímicos determinados 91
Tabela 4.2: Entalpia média de dissociação da ligação N-0 para os compostos
heterocíclicos 1,4-dióxido estudados
Tabela 4.3: Valores de incrementos observados para derivados da piridina e da 96
pirazina
XV
índice de tabelas
XVI
índice de figuras
índice de figuras
Figura 2.1 : Curva temperatura-tempo típica de uma experiência de combustão
Figura 2.2: Ciclo termoquímico para a determinação do equivalente energético
do calorímetro, com a bomba vazia, e(cal)
Figura 2.3: Ciclo termoquímico para aplicação das correcções de Washburn
Figura 2.4: Bomba estática de combustão
Figura 2.5: Esquema do calorímetro de bomba estática
Figura 2.6: Representação esquemática do sistema calorimétrico
Figura 2.7: Representação esquemática da bomba rotativa de combustão
Figura 2.8: Representação esquemática do vaso calorimétrico
Figura 2.9: Vista de topo do banho termostatizado
Figura 2.10: Representação esquemática dos tubos de absorção
Figura 2.11: Representação esquemática de um Microcalorímetro Calvet de Altas
Temperaturas
Figura 2.12: Representação esquemática de uma termopilha
Figura 2.13: Termograma típico de um ensaio realizado num MCAT
Figura 2.14: Ciclo termoquímico para o cálculo de AeaH^ (T = 298,15 K)
18
25
27
31
32
34
35
36
37
40
47
47
48
50
XVII
índice de figuras
XVIII
índice de símbolos
índice de símbolos
A H° (cr) Entalpia molar de formação padrão, no estado cristalino
A8 H ° Entalpia molar de sublimação padrão
A H° (g) Entalpia molar de formação padrão, no estado gasoso
CCE Calorimetria de combustão em bomba estática
CCR Calorimetria de combustão em bomba rotativa
MCAT Microcalorimetria Calvet de Altas Temperaturas
SI Sistema Internacional de Unidades
°C Graus celsius
K Kelvin
cal Caloria
J Joule
a Desvio padrão da média de um conjunto de resultados
x i Valor de uma medição
3c Valor médio de um conjunto de medições
CC Calorimetria de combustão
u Contribuição para a variação de temperatura devida ao calor de
agitação da água k Constante de arrefecimento do calorímetro
T Temperatura da vizinhança do sistema
T Temperatura de convergência do sistema
„ Valor da derivada da temperatura em ordem ao tempo, para a
temperatura média do período inicial
g Valor da derivada da temperatura em ordem ao tempo, para a
temperatura média do período final
T . Temperatura média para o período inicial
T Temperatura média para o período final
AT Variação da temperatura para o sistema com funcionamento adiabático
T Temperatura inicial do período principal
T Temperatura final do período principal
XIX
índice de símbolos
A corr Correcção térmica para as trocas de calor entre o calorímetro e a vizinhança
E Equivalente energético do calorímetro
e(cal) Equivalente energético do calorímetro com a bomba vazia
Ei Equivalente energético, no estado inicial
E{ Equivalente energético, no estado final
£ i Equivalente energético do sistema, no estado inicial
et Equivalente energético do sistema, no estado final
Acu (cert) Energia específica de combustão, nas condições de certificaçã
AU Variação da energia interna
ACU Energia de combustão
PBI Processo de bomba isotérmico
AU" Variação da energia interna, nas condições padrão
AÍ/2 Correcções de Washburn
A Í / I , Í Correcções de Washburn para o estado inicial
AUzj Correcções de Washburn para o estado final
AU° c m
Energia molar de combustão padrão
AH° c m
Entalpia molar de combustão padrão
rpm Rotações por minuto
Hz Hertz
A Amperes
F Faraday
V Diferença de potencial
b Constante característica do material
Q Quantidade de calor
e Constante de calibração do calorímetro
M Massa molar
XX
Capítulo 1
CAPÍTULO 1
1 - Introdução
1.1- Enquadramento do trabalho
1.2- Compostos estudados
1.3 - Estudo calorimétrico
1.4 - Unidades e intervalos de incerteza
1.5-Referências
1
Capítulo 1
Capítulo 1
1 - Introdução
A Termodinâmica é um ramo da ciência que se interessa pelo estudo da energia
e suas transformações. No caso particular das reacções químicas, ocorrem variações de
energia que se manifestam sob a forma de calor. A Termoquímica ocupa-se, então, do
estudo quantitativo das variações térmicas que acompanham as reacções químicas.
A partir de estudos termoquímicos para um dado composto, podem ser
determinados valores de parâmetros que permitam um melhor conhecimento e
interpretação da sua reactividade e estrutura. O conhecimento de valores de parâmetros
termoquímicos de diferentes tipos de compostos é de grande importância quer do ponto
de vista puramente químico - interpretação da estrutura e reactividade dos compostos -
quer na sua aplicação prática em diferentes áreas - indústria química, bioquímica,
química ambiental, ciências da saúde, etc.
A grande dificuldade com que a Termoquímica se depara é o facto de existirem
cada vez mais compostos com importante aplicabilidade, mas para os quais os dados
são relativamente escassos. Com o objectivo de contribuir para ultrapassar esta
limitação, têm vindo a ser realizadas medições de propriedades termoquímicas para
compostos seleccionados de diferentes classes e, a partir dos resultados obtidos, têm
sido desenvolvidos modelos para a estimativa desses mesmos parâmetros para outros
compostos afins. A determinação dos parâmetros termoquímicos pode ser efectuada por recurso a
técnicas calorimétricas que permitem avaliar a energia envolvida nas reacções em
estudo. O Grupo de Termoquímica da Faculdade de Ciências do Porto tem-se dedicado
ao estudo de várias classes de compostos orgânicos, sendo de realçar o interesse pelo
estudo de compostos orgânicos heterocíclicos azotados, em que este trabalho se insere.
1.1 - Enquadramento do trabalho
O Grupo de Termoquímica da Faculdade de Ciências do Porto tem vindo a
desenvolver, como foi referido, estudos para algumas "famílias" de compostos
orgânicos heterocíclicos azotados, em particular de derivados N-óxido, com o objectivo
final de avaliar a entalpia de dissociação da ligação azoto-oxigénio em posição terminal
(1). Tal implica o conhecimento dos valores da entalpia molar de formação padrão, na
fase gasosa, dos derivados 7V-óxido e dos correspondentes compostos sem a ligação N-
3
Capítulo 1
O. Neste trabalho, continuou-se o estudo de derivados da pirazina (2-5) e da pirazina
tyiV-dióxido (6), da quinoxalina (3,4) e da quinoxalina N.iV-dióxido (6, 7, 8) e do
benzofurazano (9,10), contribuindo para a base de dados que permite calcular a entalpia
de dissociação da ligação N-0 em diferentes vizinhanças químicas, bem como para o
estudo energético dos correspondentes heterociclos azotados.
Neste trabalho foi, ainda, efectuado o estudo termoquímico experimental de um
composto derivado do 2,1,3-benzotiadiazola, com o objectivo de estender o estudo a
compostos com anéis heterocíclicos contendo enxofre como heteroátomo (substituição
do átomo de oxigénio do benzofurazano por um átomo de enxofre).
As "famílias" de compostos orgânicos heterocíclicos, com azoto na sua
constituição, têm sido alvo de grande interesse e de estudo, a nível farmacológico e
medicinal, porque apresentam actividade anti-tumoral, anti-bacteriana, anti-vírica e anti-
fungica. Têm também interesse na área da indústria, com aplicações na síntese de
polímeros, transporte de cargas eléctricas e recobrimento anti-corrosivo de materiais
metálicos. A aplicação destes compostos torna-se ainda mais interessante quando se
trata de derivados JV-óxido e N,N- dióxido, uma vez que esta característica lhes confere
actividade oxidante relevante. Muitos compostos com ligações azoto-oxigénio na sua
constituição desempenham funções importantes a nível biológico, por libertação do
grupo NO ou pela sua desoxigenação a nível celular.
As quinoxalinas e seus derivados polifuncionais têm vindo a ser estudados
afincadamente, nos últimos anos, devido às suas actividades biológicas e de interacções
com o ADN (11-18). As quinoxalinas, dependendo da sua estrutura, podem actuar como
agentes anti-diabéticos (19), anti - HIV (20), anti-fúngicos e anti-tumorais (para
quinoxalinas 2,3-dissubstituídas) (21). As quinoxalinas são, ainda, utilizadas na síntese
de polímeros com conjugação TI, devido às suas propriedades como transportadores de
electrões (22).
As pirazinas, assim como as quinoxalinas, também têm grande aplicação a nível
biológico, uma vez que apresentam actividade anti-bacteriana (23, 24), mas o seu estudo
tem convergido para os efeitos anti-proliferativos e de apoptose, com aplicação anti-
tumoral no combate a tumores sólidos. Assim como para algumas quinoxalinas, o efeito
de apoptose celular é aumentado com o aumento do poder oxidante destas moléculas,
quando estas apresentam uma ou duas ligações azoto-oxigénio.
A aplicação dos benzofurazanos é mais restrita no campo biológico, podendo ser
utilizados como marcadores de ATP-ases (25); contudo, os estudos de propriedades
4
Capítulo 1
termoquímicas e de estabilidade desta classe de compostos, particularmente os de
derivados com substituições nitro, têm sido objecto de interesse recente pela sua
importância na área dos propulsores e explosivos (26, 27).
Os compostos derivados do benzotiadiazola têm grande aplicação, nas culturas
agrícolas, como indutores de resistência sistémica adquirida e como activadores de
expressão genética (28, 29). Têm, ainda, aplicação na produção de polímeros usados em
dispositivos fotovoltaicos e díodos emissores de radiação infravermelha (30).
Alguns destes compostos heterocíclicos azotados são, também, usados como
herbicidas e fungicidas. Combinando o uso destes compostos azotados aos fertilizantes,
que são ricos em nitratos, aumenta-se o risco de estes não serem completamente
absorvidos pelas plantas e de serem arrastados pelos lençóis freáticos e pelos rios,
atingindo concentrações elevadas, em águas para consumo. Quando os nitratos
alcançam o sistema digestivo humano, as bactérias transformam os nitratos em nitritos.
Estes últimos impedem o sangue de fazer uma eficaz absorção do oxigénio, causando
problemas graves de saúde, que afectam mais as crianças do que os adultos. Além deste
factor, têm sido realizados estudos para determinar qual a relação entre os nitritos e o
aparecimento de tumores cancerígenos. O uso de compostos azotados, em grande
escala, na indústria e na agricultura é preocupante, do ponto de vista ambiental (31).
A caracterização energética destes derivados heterocíclicos constitui, assim, uma
tarefa de fundamental importância, na medida em que os dados termoquímicos
fornecem informações essenciais para o esclarecimento do comportamento estrutural e
reaccional dos compostos.
1.2 - Compostos estudados
Os compostos estudados ao longo deste trabalho são apresentados na tabela 1.1,
sendo de referir que não foi possível concluir o estudo do 1,4-dióxido de 2,3-
difenilquinoxalina, uma vez que os ensaios de combustão com este composto não
decorreram com sucesso.
Apesar do interesse na aplicabilidade destes compostos nas áreas já referidas, os
dados termoquímicos disponíveis na literatura são escassos, pelo que este estudo é uma
contribuição para a determinação de parâmetros termodinâmicos, como as entalpias
5
Capítulo 1
molares de formação padrão, no estado cristalino, Af//°(cr), as entalpias molares de
sublimação padrão, Afri7°, e as entalpias molares de formação padrão, no estado
gasoso, A f#°(g).
Tabela 1.1: Fórmulas de estrutura dos compostos estudados
I*H>
Aminopirazina
1,4-dióxido de 2,3,5-trimetilpirazina o
1,4-dióxido de tetrametilpirazina
1,4-dióxido de 2,3-difenilquinoxalina
4-nitro-2,1,3-benzotiadiazola
\ /
NCfe
4-cloro-7-nitrobenzofurazano
CHj
CHj
1,4-dióxido de 2,3-dimetil-7-
cloroquinoxalina
6
Capítulo 1
1.3 - Estudos Calorimétricos
Para a determinação dos parâmetros termoquímicos, recorreu-se a técnicas
calorimétricas que permitissem a determinação de valores para a entalpia molar de
formação padrão, no estado cristalino, bem como as correspondentes entalpias de
sublimação. A conjugação destes dois tipos de parâmetros permite o cálculo dos
respectivos valores de entalpia molar de formação padrão, no estado gasoso; no caso de
derivados JV.N-dióxido foi, ainda, possível calcular as entalpias médias de dissociação
da ligação N-O. As técnicas utilizadas foram a Calorimetria de Combustão - estática
(CCE) e rotativa (CCR) - e a Microcalorimetria Calvet de Altas Temperaturas (MCAT).
Estas técnicas, assim como os aparelhos utilizados, são descritos no capítulo 2.
Para a determinação da entalpia molar de formação padrão, para compostos
orgânicos no estado cristalino, Af / /° (cr), recorreu-se à calorimetria de combustão. Esta
técnica apresenta-se em duas variantes: a CCE e a CCR. Para que seja possível a
determinação de Af//° (cr), a reacção de combustão tem que ser rápida, completa e tem
que se conhecer rigorosamente o estado físico e as concentrações de todas as espécies
presentes no vaso reaccional, quer no início, quer no final da reacção. Para garantir que
a reacção seja rápida e o mais completa possível, esta realiza-se numa atmosfera com
excesso de oxigénio, sendo a bomba pressurizada a 3,04 MPa. O estado físico dos
produtos de reacção é garantido pela adição de uma determinada quantidade de solução
de bomba ao vaso reaccional, solução essa que varia, dependendo da constituição dos
compostos em estudo.
Assim, compostos constituídos apenas por carbono, hidrogénio, oxigénio e azoto
foram estudados por CCE, sendo a descrição da reacção apresentada no capítulo
seguinte (equação 2.1). A solução de bomba adicionada nestes estudos foi água
desionizada porque, sendo os produtos de reacção bem definidos - dióxido de carbono,
C02 (g), e água, H20 (1) - consegue-se, desta forma, saturar a atmosfera em vapor de
água, garantindo que toda a água formada se encontre no estado líquido.
Os compostos halogenados ou sulfurados foram estudados recorrendo à CCR.
Estes compostos não podem ser estudados por CCE porque, no caso de recurso a esta
técnica, não se consegue definir rigorosamente o estado final. De facto, a presença de
halogéneos e de enxofre, numa reacção de combustão, leva à formação de uma mistura
de produtos finais, constituída por compostos com números de oxidação diferentes. Por
recurso à CCR, consegue-se, com a adição de uma solução de bomba adequada, a
7
Capítulo 1
formação de uma solução do ácido do elemento respectivo (cloro ou enxofre) presente
na constituição do composto estudado, conduzindo à formação de uma solução com
concentração facilmente mensurável; as reacções de combustão de compostos clorados
e sulfurados são também apresentadas no capítulo seguinte.
A entalpia molar de formação padrão, no estado cristalino, A f / /° (cr), traduz
uma medida da energia associada às forças inter e intramoleculares, uma vez que, ao
avaliar a energia envolvida numa reacção de combustão, esta reflecte a energia
associada à quebra de ligações intramoleculares, mas também a energia envolvida na
eliminação de interacções intermoleculares. Assim, para ser possível, a partir de
parâmetros termoquímicos, calcular a entalpia molar de formação padrão, para os
compostos na fase gasosa, A f#° (g), é necessário determinar a energia envolvida nas
interacções intermoleculares para, por diferença, determinar A f #° (g). Ao determinar a
energia envolvida na passagem de um composto da fase cristalina à fase gasosa, avalia-
se, então, a grandeza das forças intermoleculares. A variação de energia envolvida nesta
transformação física é a entalpia molar de sublimação padrão, A* r / /° . Para os
compostos estudados, determinou-se A*r#° a partir de estudos calorimétricos
realizados num Microcalorímetro Calvet de Altas Temperaturas, com capacidade para
medir variações muito pequenas de propriedades do sistema em estudo, sendo descrito
no capítulo 2.
1.4 - Unidades e intervalos de incerteza
Neste trabalho, foi adoptado o Sistema Internacional de Unidades (SI).
A conversão de valores de temperatura expressos em graus celsius (°C) para kelvin (K) foi feita através da expressão 1.1.
77K = / /°C + 273,15 (1.1)
Os valores de energia expressos em calorias (cal), retirados da literatura, foram
convertidos em joule (J) a partir da expressão 1.2.
1 cal = 4,184 J (1.2)
8
Capítulo 1
As massas atómicas usadas neste trabalho são as recomendadas pela I.U.P.A.C.
e foram retiradas da "Tabelas de Massas Atómicas Relativas" de 2001 (32).
Para que os resultados experimentais obtidos com base nas medições
termoquímicas possam ser comparados, as incertezas associadas têm que ser
uniformizadas. Segundo Rossini (33), o intervalo de incerteza associado a qualquer
resultado de uma medição termoquímica deve ser o dobro do desvio padrão da média do
conjunto de seis resultados, a, a que corresponde um grau de confiança de 95%. O
desvio padrão da média, a, é calculado pela expressão 1.3, em que n é o número de
medições independentes (n > 6), x i o valor de cada medição e x o correspondente
valor médio.
a ~ \ n{n-\)
No que se refere aos ensaios de calorimetria de combustão, o desvio padrão total
do valor médio de uma energia de combustão foi calculado, incluindo incertezas
associadas às calibrações, de acordo com
<V° = >/<,+<»«. +(7ly +aluL ( L 4 )
sendo
(j - desvio padrão da média do equivalente energético do calorímetro; ecal
desvio padrão da média da energia mássica de combustão padrão do ácido
benzóico usado como calibrante;
desvio padrão da média da energia mássica de combustão padrão do
composto;
u - desvio padrão da média da energia de combustão padrão da substância
auxiliar.
^ « A B
CTAcM»
9
Capítulo 1
1.5 - Referências:
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3. V. M. F. Morais, M. S. Miranda, M. A. R. Matos, J. Chem. Thermodynamics, 36,377-383,2004.
4. M. A. V. Ribeiro da Silva, V. M. F. Morais, M. A. R. Matos, C. M. A. Rio, G.
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5. V. M. F. Morais, M. S. Miranda, M. A. R. Matos, Org. Biomol. Chem., 1, 4329-
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7. M. D. M. C. Ribeiro da Silva, J. R. B. Gomes, J. M. Gonçalves, E. A. Sousa, S.
Pandey, W. E. Acree, Jr., J. Org. Chem., 69, 2785-2792, 2004.
8. M. D. M. C. Ribeiro da Silva, J. R. B. Gomes, J. M. Gonçalves, E. A. Sousa, S.
Pandey, W. E. Acree, Jr., Org. Biomol. Chem., 2, 2507-2512, 2004.
9. W. E. Acree, Jr., S. G. Bott, S. A. Tucker, M. D. M. C. Ribeiro da Silva, M. A.
R. Matos, G. Pilcher, J: Chem. Thermodynamics, 28, 673-683,1996.
10. M. L. P. Leitão, G. Pilcher, W. E. Acree Jr., A. I. Zvaigzne, S. A. Tucker, M. D.
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U .C . Bailly, M. J. Waring, Biochem. J., 330, 81-87,1998.
12. K.J. Addess, J. Feigon, Nucleic Acids Res., 22, 5484-5491,1994.
13. J. E. Branka, G. Valletta, A. Jarry, C. L. Laboisse, Biochem. J., 323, 521-524, 1997.
14. J. Balzarini, A. Karisson, C. Meichsner, A. Ps. G. Riess, E. De Clercq, J. P.
Kleim,, J. Virol., 68, 7986-7992,1994.
15. W.G. Stilwell, R.J. Turesky, R. Sinha, P.L. Skiper, S.R. Tannenbaum, Cancer
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10
Capítulo 1
16. G.N.A. Nallas, K.J. Brewer, Inorg. Chim. Acta, 253, 7-13,1996.
17. M. Milkevitch, E. Brauns, K.J. Brewer, Inorg. Chem., 35, 1737,1996.
18. S.M. Moinar, G. Nallas, J.S. Bridgewater, KJ. Brewer, J. Am. Chem. Soe, 116,
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19. E. R. El-Bendary, M. B. El-Ashmawy, A. M. Braghash, I. A. Shehata, M. M. El-
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21. Michael J. Waring, Taibi Ben-Hadda, Ann T. Kotchevar, Abdelkrim Ramdani,
Rachid Touzani, S. Elkadiri, A. Hakkou, M. Bouakka, T. Ellis, Molecules, 7,
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24. C. G. Bonde, N. J. Gaikwad, Bioorganic & Medicinal Chemistry, 12, 2151-
2161,2004. 25. H. Linnertz, P. Urbanova, E. Amler, FEBS Letters, 419, 227-230,1997.
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27. Z. Feng-qi, C. Pei, H. Rong-zu, L. Yang, Z. Zhi-zhong, Z. Yan-shui, Y. Xu-wu,
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28. C. E. Marchi, M. F. Borges, M. L. V. Resende, Ciência e Agrotecnologia, 2002.
29. J. Gõrlach, S. Volrath, G. Knaut-Beiter, G. Hengy, U. Beckhove, K. Kogel, M.
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30. C. J. Brabec, C. Winder, N. S. Sariciftci, J. C. Hummelen, Adv. Funct. Mater.,
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31. N. J. Bunce, "Environmental Chemistry", 2nd edition, Wuerz Publishing Ltd.,
Winnipeg, Canada, 1994. 32. R. D. Loss, Pure Appl. Chem., 75, 1107, 2003. 33. F. D. Rossini, Assignements of Uncertainties to Thermochemical Data, em F.D.
Rossini, Editor, Experimental Thermochemistry, Volume 1, Capítulo 14,
Interscience, New York, 1956.
11
Capítulo 1
12
Capítulo 2
CAPÍTULO 2
2 - Técnicas Calorimétricas
2.1 - Calorimetria de combustão
2.1.1 - Fundamentos da técnica
2.1.1.1- Variação da temperatura adiabática
2.1.1.2-Calibração
2.1.1.3- Auxiliares de combustão
2.1.1.4 - Correcções para o estado padrão
2.1.1.5- Cálculo da energia mássica de combustão padrão
2.1.1.6 - Cálculo da entalpia molar de combustão e de formação
padrão
2.1.2 - Descrição dos sistemas calorimétricos
2.1.2.1 - Calorímetro de combustão de bomba estática
2.1.2.1.1- Bomba estática de combustão
2.1.2.1.2 -Vaso calorimétrico
2.1.2.1.3 - Banho termostatizado
2.1.2.2 - Calorímetro de combustão de bomba rotativa
2.1.2.2.1 - Bomba rotativa de combustão
2.1.2.2.2 - Vaso calorimétrico
2.1.2.2.3 - Banho termostatizado
2.1.3 - Descrição de uma experiência
2.1.3.1 - Bomba estática de combustão
2.1.3.1.1 -Análise de dióxido de carbono
2.1.3.1.2 - Análise de ácido nítrico
2.1.3.2 - Bomba rotativa de combustão
2.1.3.2.1 -Análise de óxido de arsénio (III)
2.1.3.2.2 - Análise de ácido nítrico
2.2 - Microcalorimetria Calvet de Altas Temperaturas
2.2.1 - Fundamentos da técnica
13
Capítulo 2
2.2.2 - Descrição do sistema calorimétrico
2.2.3 - Descrição de uma experiência
2.2.4 - Cálculo da entalpia molar de sublimação padrão
2.3 - Referências
14
Capítulo 2
2 - Técnicas Calorimétricas
O conhecimento da energia envolvida nas reacções químicas é de grande
importância para o estudo da estrutura e reactividade das substâncias, sendo possível
quantificá-la a partir de medições calorimétricas. A calorimetria tem, assim, aplicação
em áreas tão vastas como a do desenvolvimento de novos fármacos, a do controlo de
qualidade em processos industriais ou a do estudo de metabolismos em sistemas
biológicos.
Para o desenvolvimento do estudo descrito neste trabalho, as técnicas
calorimétricas foram seleccionadas de forma a ser possível obter resultados que, por
tratamento adequado, permitissem determinar as entalpias molares de formação padrão,
no estado gasoso, dos compostos em estudo.
2.1 - Calorimetria de Combustão
A calorimetria de combustão (CC) é o método mais usado na determinação de
entalpias molares de formação padrão de compostos orgânicos, no estado condensado,
uma vez que a reacção que ocorre neste tipo de estudos é, normalmente, rápida,
completa e inteiramente caracterizável, quer no estado inicial, quer no estado final.
Dependendo da constituição dos compostos estudados, recorre-se à calorimetria de
combustão em bomba estática ou em bomba rotativa.
A calorimetria de combustão em bomba estática (CCE) é utilizada no estudo de
compostos constituídos apenas por carbono, hidrogénio, oxigénio e azoto, para os quais
ocorre a reacção traduzida pela equação (2.1), sendo todos os produtos de reacção
facilmente analisáveis pelo que, consequentemente, se torna possível a definição
rigorosa do seu estado final. Por recurso a esta técnica foram estudados três compostos
derivados da pirazina: a aminopirazina, o 1,4-dióxido de 2,3,5-trimetilpirazina e o 1,4-
dióxido de tetrametilpirazina.
C a H b O c N d ( c r , l ) + -^-^^02(g)^aC02(g)+|H20(l) + | N 2 ( g ) (2.1)
Para o estudo de compostos orgânicos com outros elementos na sua constituição,
além dos referidos anteriormente, como halogéneos e enxofre, recorre-se à calorimetria
15
Capítulo 2
de combustão em bomba rotativa (CCR), uma vez que o uso de uma bomba estática não
conduz a um estado final de reacção que possa ser definido com rigor. Em CCR, de
acordo com a constituição do composto em estudo, é colocada uma solução adequada
no interior da bomba que, após a ignição, e por movimento de rotação da bomba,
permite não só a lavagem do seu interior, mas também um contacto mais eficiente com
os produtos de combustão, conduzindo à sua solubilização, com consequente obtenção
de uma solução final homogénea e facilmente caracterizável.
Neste trabalho, foram estudados três compostos, recorrendo à técnica de CCR,
dois compostos clorados e um composto sulfurado.
Para compostos clorados, a reacção de combustão origina, em percentagens
variáveis, cloro molecular e anião cloreto, como o traduzem as equações (2.2) e (2.3).
CaHbOcNdCle(cr,l) + b c a +
4 2 0 2 ( g ) ^
e „, _ d . , , , b - > a C 0 2 (g) + - C l 2 (g) + - N 2 (g) + - H 2 0 ( l )
CaHbOcNdCle(cr,l) + a + (b-e)
02 (g) + e n (b-e)
aC02 (g) + - N 2 (g) + e(HCl-nH20)(aq)
H20(1)
(2.2)
(2.3)
Para se obter um estado final bem definido, adiciona-se à bomba, no início da
experiência, uma solução de óxido de arsénio (III), que reage com o cloro de acordo
com a equação química (2.4).
^Cl 2 (g) + -ÍAs203 (aq) + - |H 2 0( l ) ^eHCl (aq ) + A s 2 0 5 (aq) (2.4)
Considera-se, então, que todo o cloro reage exclusivamente segundo a reacção
traduzida pela equação (2.3) e que o óxido de arsénio é oxidado segundo a equação
(2.5).
As203 (aq) + 0 2 (g) -> As205 (aq) (2.5)
16
Capítulo 2
O volume de solução de óxido de arsénio (III) colocado no interior da bomba
depende do teor em cloro do composto em estudo. Pretende-se, com esta adição, obter
uma solução final de ácido clorídrico hidratado com 600 moléculas de água (HC1-600
H20). Para compostos sulfurados, adiciona-se água desionizada à bomba, no início da
experiência. A quantidade de água desionizada adicionada, assim como no caso de
compostos clorados, depende do teor em enxofre do composto em estudo, pretendendo
obter-se uma solução de ácido sulfúrico hidratado com 115 moléculas de água
(H2S04-115 H20). A reacção de combustão dá-se segundo a equação química descrita
em (2.6):
CaHbOcNdSe (cr, 1) +
d
( b c 3e a + — + - + —
l 4 2 2j 02 (g) + 115e + e - -
2 H20 (1) ->
(2.6) -» a C 0 2 (g) + - N2 (g) + e (H2S04 -115 H20) (aq)
Na solução final de bomba, encontra-se, ainda, ácido nítrico, formado pela
oxidação do azoto, na presença de água, segundo a equação química (2.7).
- N2 (g) + 1 0 2 (g) + i H20 (1) -» HNO3 (aq) (2.7)
A combustão de compostos orgânicos halogenados e sulfurados origina produtos
corrosivos. Para resolver este problema, usam-se bombas de combustão revestidas
internamente a platina ou tântalo.
2 .1 .1- Fundamentos da técnica
2.1.1.1- Variação da temperatura adiabática
A partir dos valores de temperatura, registados no decurso de um ensaio de
combustão, obtém-se uma curva típica Temperatura = f (tempo), cuja representação
gráfica está esquematizada na figura 2.1.
17
Capítulo 2
tempo, t Figura 2.1: Curva temperatura-tempo típica de uma experiência de combustão
Pela análise da variação de temperatura, T, ao longo do tempo, /, podem
distinguir-se três períodos, que correspondem às seguintes fases da experiência de
combustão:
- período inicial, no qual a temperatura varia apenas devido ao calor de agitação
e à transferência de calor entre o calorímetro e o banho termostatizado;
- período principal, no qual se dá a combustão dentro da bomba, provocando
uma variação rápida da temperatura; a contribuição dos dois efeitos térmicos referidos
anteriormente, embora pequena, continua presente durante este período;
- período final, no qual a variação de temperatura volta a dever-se apenas ao
calor de agitação e à transferência de calor entre o calorímetro e o banho termostatizado.
É de salientar que, no caso das experiências realizadas em bomba de combustão
rotativa, tem ainda que se considerar o calor devido à rotação da bomba, presente nos
períodos principal e final.
18
Capítulo 2
Assim sendo, a variação de temperatura nos períodos inicial e final é traduzida
pela expressão 2.1:
— = u + k(Tv-T) (2.1) àt
onde u representa a contribuição para a variação de temperatura devido ao calor de
agitação da água, k representa a constante de arrefecimento do calorímetro, Ty e T
representam as temperaturas da vizinhança e do calorímetro, respectivamente.
A temperatura do calorímetro tende para uma temperatura de convergência, Tx,
temperatura atingida se se prolongasse o ensaio, com agitação, durante um período de
tempo infinitamente grande. Ao atingir Tx, T = TX e —- = 0. Então, da expressão 2.1, at
vem:
TV=TX-- (2.2) k
e, substituindo Ty na expressão 2.1, obtém-se:
^ = ^(7-.-7-) (2.3) at
áT Considerando que g, e g{ representam, respectivamente, os valores de —
para as temperaturas médias Tmi e Tm{ dos períodos inicial e final, a partir das
expressões 2.2 e 2.3 obtêm-se, respectivamente, as expressões 2.4 e 2.5.
k= 8' S{ (2.4) ■Vf "" -Vi
u = g< +k(TmJ-TmJ) (2.5)
19
Capítulo 2
Combinando as expressões 2.2 e 2.5, e substituindo k, traduzido na expressão
2.4, resulta a relação 2.6, em que se relaciona directamente a temperatura atingida para
um tempo infinito com as temperaturas médias dos períodos inicial e final.
Considera-se que as curvas T = f (/) são lineares para os períodos inicial e final,
no intervalo de tempo estudado.
T — 4-T — m. f ° f m, i i» _ , 'tIm,{ ~ (2.6)
Os valores de Tmi e de Tm f são obtidos por extrapolação numérica das curvas
que representam os períodos inicial e final. Os valores de g{ e gf são determinados
pelo método dos mínimos quadrados.
A variação da temperatura adiabática, A7^d, é a elevação de temperatura que se
observaria se o processo de combustão ocorresse em condições adiabáticas e na
ausência de efeitos térmicos laterais, sendo o seu valor calculado a partir da expressão
(2.7).
Arad = (rf-7;)+Arcorr (2.7)
Nesta expressão, 7] e Tf representam as temperaturas inicial e final do período
principal e ATcon representa a correcção térmica para as trocas de calor que se dão entre
o calorímetro e a sua vizinhança, assim como para o calor de agitação e, no caso das
experiências utilizando a bomba rotativa de combustão, para o calor de rotação.
A correcção térmica, ATC0IT, foi calculada com base no método descrito por
Coops et ai. (1), que pressupõe que a variação de temperatura devida ao calor de
agitação, u, é constante e que a variação de temperatura relativa às trocas de calor entre
o calorímetro e a sua vizinhança segue a lei de arrefecimento de Newton, sendo,
portanto, proporcional à diferença entre as temperaturas T e Tv, como está indicado na
equação 2.1. O valor de ATwn pode ser obtido pela integração das expressões 2.1 ou
2.3. Usando como exemplo a expressão 2.3, obtém-se:
20
Capítulo 2
àTcm =k)(Tœ -T)dt = k(Tx -Tm){t{ - O (2.8)
A expressão analítica da função T = f(í), no período principal, é desconhecida.
Assim, o valor de temperatura média, Tm é calculado pelo método de Regnault-
Pfaundler (1), que pode ser aplicado se se fizerem n registos de temperatura, T, em
intervalos de tempo iguais, At. Então, o valor Tm é calculado a partir da expressão 2.9.
T = At ( n -1 T T \ T, - T; ' î ' r , * ^ l . ^ - . i j ; r^ii^j-i.-^- (2.9)
Em CCR, também tem que se ter em conta a energia associada à rotação da
bomba, que não é constante ao longo de toda a experiência, uma vez que só se inicia no
período principal, após a ignição. Good et ai. (2) demonstraram que, se a rotação da
bomba se iniciar no instante em que se atinge 63% da variação total de temperatura
verificada no período principal, e se for mantida até ao final da experiência, a variação
de temperatura provocada pela rotação está incluída na expressão 2.8. Considerando-se,
no período principal, que a temperatura varia exponencialmente com o tempo,
Tm = 0,63(Tf -T{), o que significa que a rotação deve ser iniciada no instante tm do
período principal.
No presente trabalho, ATad foi calculada pelo programa "LABTERMO"(3).
2.1.1.2 -Calibração
O equivalente energético do calorímetro, E, define-se como a quantidade de
energia necessária para elevar de uma unidade a temperatura do calorímetro e do seu
conteúdo. O seu valor pode ser determinado através de uma calibração eléctrica, na qual
se mede a variação de temperatura do sistema, provocada pelo fornecimento de uma
quantidade rigorosamente conhecida de energia eléctrica, por efeito Joule, de uma
resistência com valor bem definido, durante um certo intervalo de tempo, ou através da
combustão de uma substância padrão. As calibrações eléctricas são realizadas apenas
em laboratórios de certificação, pelo que a calibração dos calorímetros de combustão
21
Capítulo 2
usados neste trabalho foi realizada recorrendo à combustão de ácido benzóico,
substância recomendada como padrão calorimétrico.
O valor do equivalente energético do calorímetro varia do estado inicial para o
estado final, uma vez que ocorrem alterações no interior do calorímetro, resultantes da
transformação de reagentes em produtos, que apresentam capacidades caloríficas
diferentes. Então, os resultados de calibração são, normalmente, referidos a um sistema
calorimétrico padrão, o qual não sofre alterações com as experiências. O valor do
equivalente energético deste sistema, constituído pelo calorímetro, a bomba vazia, o
sensor de temperatura e uma dada massa de água de referência, será designado por
£(cal). Assim, o valor do equivalente energético, nos estados inicial e final,
respectivamente E{ Q E{, será dado pelas expressões (2.10) e (2.11).
^ = £ ^ 1 ) + (2.10)
£ f=£(cal) + ef (2.11)
Nestas expressões, st e e{ representam os equivalentes energéticos dos
conteúdos da bomba, respectivamente no estado inicial e no estado final, sendo os seus
valores obtidos pelo somatório das capacidades caloríficas dos reagentes e produtos
presentes, conforme se representa em (2.12) e (2.13).
^ = 2 1 , 1 5 4 ^ ( 0 , ) + 4 , 1 7 1 ^ ( H 2 0 , l ) + l , 2 1 m (AB,cr) + +2301 w i (H 2 O,g)+0 ,136 m (Pt) + 1,2 m (alg) (2AT>
£f =21,154 nf (O 2 ) + 2301 m{ ( H 2 0 , g ) + 30,338 n ( C 0 2 ) + +0,136 m ( P t ) + c v ( s o l ) m (sol) ( 2-1 3)
Nestas expressões:
/ x _ s representam a quantidade de oxigénio presente, em fase gasosa, « , (0 2 j , « f(02)
nos estados inicial e final;
m (H 2 O, 1) massa inicial de água líquida;
/w(AB,cr) massa de ácido benzóico;
22
Capítulo 2
m(Pt) massa de platina;
w(alg) massa de algodão;
quantidade de dióxido de carbono presente, em fase gasosa, no "(C02 ,g)
estado final; massa de água, em fase gasosa, presente nos estados inicial e
m,(H20,gWH20,g) final; capacidade calorífica mássica, a volume constante, da solução de
cv(sol) bomba final;
m(so\) massa de solução de bomba final.
Como se referiu anteriormente, os calorímetros usados neste trabalho foram
calibrados através da combustão de ácido benzóico. Foram usadas duas amostras de
ácido benzóico, uma para cada um dos calorímetros: ácido benzóico - NBS - Standard
Reference Material, 39j, para a calibração do calorímetro de bomba estática e ácido
benzóico BDH, Thermochemical Standard, para os ensaios de calibração do calorímetro
de bomba rotativa. As energias específicas de combustão, nas condições de certificação,
Acw (cert), são, respectivamente, (26434 ± 3) J-g"1 e (26434,9 ± 3,7) J-g"1. Estes
valores verificam-se apenas se as experiências se realizarem sob as seguintes condições:
- combustão realizada a uma pressão inicial de oxigénio/? = 3,04 MPa e referida
à temperatura T = 298,15 K;
- massa de ácido benzóico (m(AB)/g) e massa de água (w(H20)/g), adicionadas à
bomba, numericamente iguais a 3 vezes o volume interno da bomba, (F/dm ).
O valor da energia mássica de combustão certificada do ácido benzóico pode ser
corrigido para as condições de bomba, por multiplicação por um factor/ calculável a
partir da expressão 2.14 (1):
/ = 1 + 1 0 - 197(P-3,04) + 4 2 Í m < A B ^ - 3 l + 3 0 Í W ( H ^ - 3 j - 4 5 ( r - 2 9 8 , 1 5 ) V J
(2.14)
O erro associado não será superior a IO"6 se as condições de bomba satisfizerem
os seguintes requisitos:
23
Capítulo 2
2,03 MPa < p < 4,05 MPa
2 g - d m - 3 < m ^ < 4 g - d m - 3
2g-dm- 3 < W ^° / ) /<4g-dm- 3
293,15 K < T <303,15 K
Para as experiências de calibração, a variação da energia interna associada ao
processo de bomba isotérmico, At/(PBl)5 corresponde ao somatório das contribuições
energéticas relativas a todos os processos que ocorrem dentro da bomba, ou seja, à
combustão do ácido benzóico e às reacções laterais. Para se calcular AUÍPBl),
recorre-se à expressão 2.15.
Ai7(PBI) = Ací/(AB) + Ací/(alg) + AC/(HN03) + AÍ/(ign)-Ací/(C) (2.15)
na qual:
AC£/(AB) representa a energia de combustão do ácido benzóico, nas condições de bomba;
Ac£/(alg) representa a energia de combustão do algodão, de fórmula empírica CH, 686O0843,
sendo Acw° (alg) = -16240 J-g"1 (1);
A£/(HN03) representa a energia de formação de uma solução de ácido nítrico 0,1 mol • dm"3, a
partir de [N2 (g), 0 2 (g), H20 (g)], sendo Afí/° (HN03) = -59,7kJ-mol'1(4);
AC/(ign) representa a energia de ignição, calculada pela expressão Aí/(ign) = -j/ícfa2 - V{2)
onde C é a capacidade do condensador e Vi e V{ são as voltagens inicial e final,
respectivamente;
Ací/(C) representa a energia de combustão do carbono, sendo Acu° (c) = -33 kJ-g"'(4).
O valor de e(cal) pode ser calculado com base no ciclo termoquímico
apresentado na figura 2.2.
24
Capítulo 2
Calorímetro + Reagentes AU=0 Calorímetro + Produtos
(7f+ArcorT)
(e(cal) + £i) (298,15-7i)
Calorímetro + Reagentes
7=298,15 K
(e(cal) + £f) (298,15 -T(- Arcorr)
A£/(PBI) Calorímetro + Produtos
7=298,15 K
Figura 2.2: Ciclo termoquímico para a determinação do equivalente energético do
calorímetro, com a bomba vazia, e(cal)
A partir do ciclo apresentado, pode-se estabelecer a expressão 2.16, que permite
o cálculo do equivalente energético do calorímetro:
e(cal) = [ - A L / ( P B I ) + (7;-298,15) e, + (298,15-7;-ArcorT) e f]
AT; (2.16)
ad
A massa de água que se adiciona ao vaso calorimétrico varia de experiência para
experiência, mas os resultados são corrigidos para a massa de água de referência de
cada calorímetro. Para as experiências de combustão realizadas nos sistemas utilizados
para este estudo, a massa de água de referência, para a bomba rotativa, é de 3965,0 g e,
para a bomba estática, de 2900,0 g.
Para a calibração do calorímetro de bomba estática, foram realizados ensaios, em
conjunto com outros investigadores (5), tendo-se obtido o valor médio
s (cal) = (15546,5 ± 1, l) J • K"1, de acordo com os resultados apresentados na tabela 3.2.
25
Capítulo 2
Foram realizados ensaios de calibração para o calorímetro de combustão de
bomba rotativa, conduzindo ao valor médio £ (cal) = (20371,7 ± 3,2) J • K"1, que confirma
o valor anteriormente determinado por outros investigadores (6). Assim, para os
cálculos realizados, manteve-se o valor médio usado até então,
s (cal) = (20369,0 ± 2,3) J • K"1. Os resultados dos ensaios realizados são apresentados na
tabela 3.7.
2.1.1.3- Auxiliares de combustão
Os auxiliares de combustão são substâncias usadas para controlar ou melhorar a
combustão dos compostos em estudo, com a finalidade de obter combustões limpas e
evitar a formação de produtos indesejáveis (7). Neste trabalho, usou-se o «-hexadecano
como auxiliar de combustão no estudo do 4-cloro-7-nitrobenzofurazano, para evitar
combustões explosivas, que conduziam a combustões incompletas, com formação de
grandes resíduos de carbono.
2.1.1.4- Correcções para o estado padrão
Para o cálculo da variação de energia interna, associada ao processo de bomba
em condições isotérmicas, A£/(PBI), pode-se estabelecer a expressão 2.17, recorrendo
ao ciclo termoquímico apresentado na figura 2.2.
A^(PBI) = -[e(cal) + Am(Hp)cp(H20,l)]A7;d+(7:-298,15)^+(298,15-rf-ArcoJ£f (2.17)
Nesta expressão:
Am(H20) - diferença entre a massa de água adicionada ao vaso calorimétrico e a
massa de água de referência;
Cp(H20,1) - capacidade calorífica mássica da água líquida, a pressão constante.
26
Capítulo 2
Os valores de AÍ/(PBl) obtidos desta forma referem-se ao processo de
combustão, decorrendo isotermicamente, realizado nas condições de bomba, sendo
dependentes das condições em que ocorre cada experiência. Torna-se, então, necessário
corrigir estes valores para as condições padrão. As correcções aplicadas são conhecidas
como correcções de Washburn, cientista que referiu, pela primeira vez, a necessidade de
as introduzir (8) nos resultados de combustão de compostos constituídos apenas por
carbono, hidrogénio e oxigénio. Mais tarde, estas correcções foram alargadas a
compostos com outros elementos, nomeadamente compostos com azoto (9), cloro (10) e
enxofre (11).
A variação de energia interna associada ao processo de bomba isotérmico,
realizado nas condições de bomba, à temperatura de referência de 298,15 K, A£/(PBI),
pode ser relacionada com a correspondente variação, nas condições padrão, AU , à
mesma temperatura, conforme se evidencia no ciclo termoquímico apresentado na
figura 2.3. Com base neste esquema, pode-se estabelecer a relação (2.18), onde At/^ é
o termo associado às correcções de Washburn, calculado por 2.19.
Reagentes Condições de bomba
T= 298,15 K
At/ I, i
Reagentes Condições padrão
7=298,15 K
A£/(PBI)
Al/°
Produtos Condições de bomba
T= 298,15 K
Aí/: i . f
Produtos Condições padrão
7=298,15 K
Figura 2.3: Ciclo termoquímico para aplicação das correcções de Washburn
At/°=AÎ/(PBl)-AC/s (2.18)
27
Capítulo 2
AUZ=AU^-AUU (2.19)
As contribuições energéticas mais significativas para o cálculo de AUli e At/Zf
referem-se aos processos:
- estado inicial: - compressão das fases gasosa, líquida e sólida de uma pressão de
0,1 MPa até 3,04 MPa;
- vaporização da água presente na bomba até à saturação da fase
gasosa;
- dissolução da fase gasosa na fase líquida;
- estado final: - descompressão das fases gasosa, líquida e sólida até à pressão de
0,1 MPa;
- remoção de gases da fase líquida;
- remoção das espécies presentes na solução final e obtenção de
concentrações de referência.
2.1.1.5 - Cálculo da Energia Mássica de Combustão Padrão
A energia mássica de combustão padrão de um dado composto, à temperatura de
298,15 K, Acwc°omp, é calculada a partir da expressão 2.20.
Au" = {
c comp w(comp) A£/(PBl)-A£/(ign)-At/(alg)-A£/(HN03)--A£/(aux)-AEt/ + At/(C)
AU° -Zr?*- (2.20) M
Nesta expressão, os símbolos utilizados têm o significado apresentado abaixo.
Os símbolos que se repetem da expressão (2.15) têm o mesmo significado.
M - massa molar do composto, em g-mol"1
AU (aux) - energia de combustão da substância auxiliar;
AZU - correcções de Washburn;
28
Capítulo 2
m (comp) - massa de composto usada;
Ac£/c°omp - energia molar de combustão padrão do composto.
2.1.1.6 - Cálculo da entabia molar de combustão e de formação padrão
Para cada um dos compostos, depois de se conhecerem os valores da energia
mássica de combustão padrão, calcula-se a energia molar de combustão padrão, AcUm,
bem como a entalpia molar de combustão padrão correspondente, Ac i/° , recorrendo à
expressão (2.21), onde An representa a variação do número de moles de espécies
gasosas presentes na reacção de combustão idealizada.
AcH°m=AcU°m+AnRT (2.21)
O valor da entalpia molar de formação padrão de um composto, no estado
condensado, Af i/° (cr), calcula-se com base no valor da respectiva entalpia molar de
combustão padrão, Ac/f°, e nos valores das entalpias molares de formação padrão de
todas as espécies envolvidas na reacção de combustão, a T= 298,15 K, por recurso à lei
de Hess, como referido em 3.2.1.3 e em 3.2.2.3.
2.1.2 - Descrição dos Sistemas Calorimétricos
2.1.2.1 - Calorímetro de Combustão de Bomba Estática
O calorímetro de combustão de bomba estática, usado neste trabalho, foi
construído e montado pela primeira vez no National Physical Laboratory (NPL),
Teddington, Middlesex, Reino Unido (12, 13). Mais tarde, foi transferido para
Manchester (14), e, posteriormente, para o laboratório de Termoquímica do
Departamento de Química, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (15).
29
Capítulo 2
2.1.2.1.1 - Bomba Estática de Combustão
A bomba estática de combustão está representada na figura 2.4, sendo
constituída, essencialmente, por três partes: o corpo da bomba, a cabeça da bomba
(ambos construídos em aço inoxidável) e o anel, constituído por uma liga de
bronze/alumínio. As paredes da bomba têm uma espessura de 0,8 cm e suportam
pressões elevadas. O seu volume interno é de 0,290 dm3. Para fechar a bomba, coloca-se
a cabeça sobre o corpo, sendo as duas partes apertadas pelo anel, através da sua rotação.
A vedação da bomba é conseguida por um o-ring, que é colocado numa ranhura entre o
corpo e a cabeça da bomba.
A cabeça da bomba sustenta um eléctrodo isolado do resto da bomba e um outro
eléctrodo, não isolado, que funciona também como suporte do cadinho de platina. Na
parte exterior, existem ainda duas válvulas, uma de admissão e outra de evacuação de
gases.
Para que o circuito eléctrico fique fechado, faz-se, em cada experiência, a
ligação entre os eléctrodos através de um fio de platina, ao qual se prende uma das
extremidades de um fio de algodão, sendo a outra extremidade posta em contacto com a
amostra. A ignição é feita pela descarga de um condensador de capacidade 1400 uF que,
ao provocar a incandescência do fio de platina, queima o fio de algodão, servindo este
de rastilho para queimar a amostra.
2.1.2.1.2 - Vaso calorimétrico
O vaso calorimétrico é um recipiente de cobre revestido a ródio, com 14,3 cm de
diâmetro interno e 24,5 cm de altura, encontrando-se esquematizado na figura 2.5. No
interior do vaso calorimétrico (A) encontra-se outro cilindro, de menor diâmetro (B), em
aço inoxidável, suportado por três pés de latão, também revestidos a ródio. A tampa do
vaso calorimétrico (C), que é adaptada ao cilindro interior, suporta um agitador em
hélice, com cinco pás (D), ligado a um motor Dunkermotor/1500 rpm, que o faz rodar
com uma velocidade de 8 Hz. Este agitador assegura a circulação constante da água.
Para evitar perdas de água, sob a forma de vapor, existe um o-ring de neopreno (E) entre
a tampa e o vaso calorimétrico. Também para impedir a perda de vapor de água, e para
regular a rotação da hélice, o recipiente em torno do eixo do agitador (F) contém uma
porção de óleo de silicone. Na tampa do vaso, existe uma abertura que permite a saída
30
Capítulo 2
(A)
I I I
í (B)
Figura 2.4 : Bomba estática de combustão (retirado de referência 16):
(A) vista geral; (B) os três constituintes da bomba estática de combustão
1-Anel 2 - Cabeça da bomba 3 - Corpo da bomba
31
Capítulo 2
► F
Figura 2.5: Esquema do calorímetro de bomba estática (retirado da referência 16).
A - Vaso calorimétrico
B - Cilindro concêntrico com o vaso calorimétrico
C - Tampa do vaso calorimétrico
D - Hélice de cinco pás do agitador
E - O-ring de neopreno
F - Recipiente metálico que envolve o eixo da hélice do agitador e contém o óleo de
silicone
G - Sonda de termístor
H - Resistência eléctrica interna
I - Bomba calorimétrica
32
Capítulo 2
de ar, aquando da introdução da sonda de temperatura (G). Esta abertura é fechada pelo
aperto de um parafuso contra uma anilha de polietileno.
A sonda de temperatura usada (G) é uma sonda de termistor (Thermometries,
standard serial No 1030), que mede a temperatura da água, no interior do vaso
calorimétrico, com uma precisão de ± IO"4 K. Estas temperaturas são registadas por um
nano voltímetro Hewlett Packard 3 4420 A, de alta sensibilidade, num interface com o
programa "LABTERMO" (3), que calcula a variação de temperatura, corrigida para
condições de adiabaticidade.
2.1.2.1.3 - Banho Termostatizado
O banho termostatizado é constituído por um vaso cilíndrico de paredes duplas e
por uma tampa, ambos revestidos exteriormente por corticite. Dentro das paredes do
banho, incluindo a tampa, circula água, termostatizada a 301K, proveniente de um
tanque externo, com 40 dm3 de capacidade, acoplado ao banho calorimétrico.
A temperatura da água é controlada por um controlador TRONAC, inc, PTC -
41, e a sua circulação é assegurada por uma bomba centrífuga Extrema, 50 Hz, 2500
dm3/h, que bombeia a água desde o tanque externo até ao interior da parede dupla do
vaso cilíndrico, passando, em seguida, pela tampa e regressando, novamente, ao tanque.
No fundo do vaso termostatizado, existem três pinos, que suportam o vaso
calorimétrico e asseguram que a distância entre o vaso calorimétrico e as paredes e base
do banho é de, aproximadamente, 1 cm.
2.1.2.2 - Calorímetro de Combustão de Bomba Rotativa
O calorímetro usado neste estudo é também originário do National Physical
Laboratory (NPL), em Teddington (17), e foi instalado, mais tarde, em Manchester,
Reino Unido (18). Posteriormente, o sistema foi transferido para o Departamento de
Química da Faculdade de Ciências da Universidade de Porto, tendo sido instalado e
sujeito a algumas modificações (19).
O sistema calorimétrico (figura 2.6) é, basicamente, constituído pela bomba
rotativa de combustão, pelo vaso calorimétrico e pelo banho termostatizado.
33
Capítulo 2
pnr® • ® ® 7. \ \
Figura 2.6: Representação esquemática do sistema calorimétrico (Retirado de referência 19):
A - banho termostático; B - vaso calorimétrico; C - motores de agitação do banho termostático; D - motor de agitação da água do vaso calorimétrico; E - motor de rotação da bomba; F - sistema de circulação da água.
2.1.2.2.1 - Bomba Rotativa de Combustão
A bomba rotativa de combustão (figura 2.7) é, tal como a bomba estática,
anteriormente descrita, constituída por três partes: a cabeça, o corpo e o anel. É
construída em aço inoxidável e revestida, interiormente, a tântalo. O seu volume interno
é de 0,329 dm . As paredes da bomba têm 1 cm de espessura, o que a torna capaz de
suportar pressões elevadas. A bomba é fechada pelo aperto do anel, na rosca existente no
corpo da bomba. A vedação é assegurada por um o-ring.
No corpo da bomba existe um sistema que permite a rotação da bomba, nas
direcções axial e longitudinal. Na tampa da bomba (figura 2.7), encontram-se duas
válvulas (uma para admissão e outra para saída de gases) e dois eléctrodos (um isolado e
um outro, não isolado), um dos quais, o não isolado, funciona como suporte do cadinho.
O circuito é fechado com um fio de platina, que é preso entre duas roscas, para
estabelecer o contacto eléctrico entre os eléctrodos. Ao fio de platina prende-se uma das
34
Capítulo 2
extremidades de um fio de algodão, que funciona como rastilho; a outra extremidade do
fio de algodão é colocada em contacto com a amostra. A ignição é feita pela descarga de
um condensador de capacidade 1281 uF, que provoca a incandescência do fio de platina
e queima o fio de algodão, havendo, então, transmissão da chama à amostra.
(A) (B)
Figura 2.7: Representação esquemática da bomba rotativa de combustão (Retirado de referência 19)
(A): vista de perfil (corte);
(B): vista de topo.
1 - válvula de admissão de gases; 2 - válvula de saída de gases; 3 - contacto eléctrico; 4
- suporte do cadinho; 5 - cadinho de platina; 6 - tubo de entrada de gases.
2.1.2.2.2 - Vaso Calorimétrico
O vaso calorimétrico (figura 2.8) é constituído por um recipiente de cobre,
revestido internamente a ouro, no interior do qual se encontra o sistema de rotação, em
que se encaixa a bomba de combustão. O vaso é fechado por uma tampa, que se ajusta
com o auxílio de uma barra de alumínio adaptada a dois encaixes metálicos de forma
cilíndrica. Na parte superior do vaso encontram-se orifícios apropriados ao ajuste de um
agitador e à introdução de um termómetro de quartzo Hewlett-Packard, HP-2804 A, com
35
Capítulo 2
uma sensibilidade de ± 1 x IO"4 K. Existem ainda os contactos eléctricos necessários
para a aquisição de dados e controlo do sistema calorimétrico.
O controlo do sistema calorimétrico é feito através de um conjunto de comandos
dos motores de agitação da água do vaso, de rotação da bomba, de descarga do
condensador e da resistência de pré-aquecimento da água do vaso. Este sistema de
controlo foi desenvolvido no Departamento de Química (19) e está ligado a um
computador Olivetti, 250E, onde foi instalada uma interface IEEE-488 National
Instruments e uma placa de relés Advantech, PCL-725. O programa de aquisição de
dados permite a representação, em tempo real, dos valores de temperaturas, em
intervalos de 10 s, e a realização da experiência, por introdução de dados para o
momento de início desta; o programa permite, ainda, o cálculo do valor de Arad, pelo
método de Regnault-Pfaundler (1).
Figura 2.8: Representação esquemática do vaso calorimétrico (Retirado de referência 19) A - bomba de combustão; B - sistema de rotação da bomba; C - contactos eléctricos; D -
agitador; E - orifício de entrada do termómetro.
2.1.2.2.3 - Banho Termostatizado
O banho termostatizado (figura 2.9) é constituído por recipiente cilíndrico e por
uma tampa, na qual se encontram orifícios que permitem a introdução dos veios dos
36
Capítulo 2
motores de agitação da água, de rotação da bomba e da sonda do termómetro descrito
anteriormente. Nas paredes do banho, incluindo a tampa, circula água, termostatizada a
299 K. A temperatura da água é mantida por um controlador de temperatura Tronac
PTC-41 e homogeneizada por um sistema de dois motores de agitação.
Figura 2.9: Vista de topo do banho termostatizado (Retirado de referência 19)
A - cavidade do vaso calorimétrico; B - entrada dos veios dos agitadores; C - orifício para a resistência de aquecimento; D - orifício para a sonda do controlador de temperatura; E -orifício para a resistência auxiliar; F - orifício para entrada do termómetro.
2.1.3- Descrição de uma experiência
Todos os compostos estudados são sólidos, à temperatura ambiente, pelo que
foram pulverizados e prensados em forma de pastilha. A massa de cada pastilha foi
determinada numa balança analítica Mettler AE 245, com uma precisão de ± IO"5 g. Na
mesma balança, determinou-se, também, para cada experiência, a massa de algodão e a
massa do cadinho ou, para as experiências realizadas em bomba rotativa, a massa do
conjunto cadinho e anel de platina.
A montagem do sistema é feita na cabeça da bomba, para os dois sistemas,
embora, para a bomba de combustão rotativa, se inverta a posição da cabeça da bomba.
Faz-se a ligação entre os eléctrodos com um fio de platina, ao qual se prende uma das
extremidades do fio de algodão, previamente pesado. Coloca-se o anel no suporte e
encaixa-se o cadinho, contendo a pastilha. Coloca-se a outra extremidade do fio de
37
Capítulo 2
algodão em contacto com a amostra, preferencialmente debaixo desta para que se
consiga garantir a combustão da pastilha.
De acordo com o descrito em 1.3 e em 2.1, para as experiências realizadas na
bomba estática de combustão, pipeta-se 1,00 cm3 de água desionizada para o interior da
bomba; para as experiências realizadas na bomba rotativa de combustão, no caso de
compostos clorados, pipeta-se um volume previamente determinado (15,00 cm3) de uma
solução de óxido de arsénio (III) 0,1 mol-dm"3; para o caso de compostos sulfurados,
adiciona-se um volume previamente determinado (10,00 cm3) de água desionizada.
Adapta-se o o-ring à cabeça da bomba e apertam-se as duas partes com o anel.
Faz-se o desarej amento da bomba por duas vezes, para eliminar o azoto existente
no ar, e pressuriza-se a 3,04 MPa com oxigénio. No caso dos compostos sulfurados, não
se faz o desarejamento da bomba porque o azoto atmosférico catalisa a conversão
quantitativa do enxofre em ácido sulfúrico.
Coloca-se a bomba fechada e pressurizada dentro do vaso calorimétrico. É de
referir que, para o sistema de bomba rotativa, a bomba é previamente invertida, de forma
lenta, para que o fio de algodão e a pastilha não fiquem molhados, antes da sua
introdução no vaso calorimétrico. A combustão, neste caso, dá-se com a bomba
invertida, para proteger as válvulas e o o-ring da chama.
Fecha-se o circuito, estabelecendo ligação entre os contactos eléctricos
necessários para que ocorra a combustão.
Adiciona-se, ao vaso calorimétrico, uma massa de água, que é de 2900,0 g para
as experiências em bomba estática, e de 3965,0 g para as experiências em bomba
rotativa. A massa de água é medida numa balança Mettler PM 11-N, com uma precisão
de ± 10" g. Fecha-se a tampa do banho termostatizado e adaptam-se os veios dos
motores de agitação e, no caso da bomba rotativa de combustão, o veio do motor de
rotação da bomba. Estabelecem-se os contactos eléctricos e introduz-se a sonda do
termómetro.
2.1.3.1 - Bomba estática de combustão
Para as experiências realizadas em bomba estática de combustão, activa-se o
sistema de aquisição de dados, introduzindo todos os parâmetros necessários para o
registo da experiência. Liga-se o motor de agitação e o nanovoltímetro, antes do início
da aquisição de valores de temperatura. A temperatura da água é elevada até cerca de
38
Capítulo 2
297,99 K, de forma a que seja possível registar, pelo menos, 100 valores de temperatura,
antes da ignição da amostra, que é provocada à temperatura de 298,15 K. Antes de se
iniciar a experiência, espera-se que a variação de temperatura do sistema regularize. A
experiência termina quando se conclui o registo de 350 valores de temperatura,
adquiridos em intervalos de 10 s, correspondendo 150 valores ao período inicial e 100
valores a cada um dos períodos principal e final da experiência.
Depois de terminada a experiência, desligam-se todos os aparelhos e contactos
eléctricos. O sistema é desmontado e a bomba retirada do interior do vaso calorimétrico.
Seguidamente, procede-se à análise dos produtos de reacção, começando-se pela recolha
de C02, resultante da combustão da amostra. Verifica-se, no final da recolha, e após a
abertura da bomba, a eventual existência de resíduos sólidos no seu interior. Em caso
negativo, determina-se a quantidade de ácido nítrico formada. Finalmente, calcina-se o
cadinho de platina.
2.1.3.1.1 - Análise de dióxido de carbono
A quantidade de dióxido de carbono formado em cada experiência faz-se com o
intuito de determinar a quantidade de composto queimada. A análise de C02 é feita
recorrendo a um método gravimétrico, usando-se, como absorvente, NaOH em suporte
de sílica - Carbosorb, BDH 12-20 mesh, com autoindicador.
Para proceder à recolha, a bomba é ligada, pela sua válvula de evacuação de
gases, a um sistema de recolha de C02, constituído por um tubo de pyrex, em forma de
U, cheio com perclorato de magnésio, que é um agente exsicante. A este tubo, adaptam-
se dois tubos de absorção, ligados em série, que se ligam a um manómetro, para controlo
do fluxo de saída de gases.
Os tubos de absorção usados neste trabalho (figura 2.10) são, antes de qualquer
recolha, desarejados com oxigénio, durante cerca de 15 minutos, a 0,4 MPa. São, então,
pesados numa balança Mettler - Toledo - AT201, com precisão ± 10"5 g. Estes tubos são
constituídos por duas partes, unidas através de uma rosca de plástico. A parte maior (C)
é cheia com Carbosorb e a parte menor (B), com perclorato de magnésio, Mg(C104)2-
Nas extremidades de cada uma das partes constituintes dos tubos é colocada lã de vidro,
que evita a obstrução dos orifícios existentes nos cones para a passagem de gases.
39
Capítulo 2
ft- ■ A
c ) B
C D
V Q- A
Figura 2.10: Representação esquemática dos tubos de absorção: 1 - tubos vazios; 2 -
tubos cheios e montados.
A - cones de alumínio com roscas
B - parte menor do tubo de absorção
C - parte maior do tubo de absorção
D - rosca de junção das duas partes do tubo
E - perclorato de magnésio
F - carbosorb
G - lã de vidro
O Carbosorb reage com o C02, de acordo com a equação química 2.22, sendo o
perclorato de magnésio, Mg(C104)2, usado para absorver o vapor de água formado.
C 0 2 (g)+2NaHO(s)-> Na 2 C0 3 (s) +H 2 0(g) (2
A recolha de C02 tem que ser feita lentamente, abrindo a válvula de evacuação
de gases, até que se atinja, no interior da bomba, a pressão atmosférica. A bomba é
depois pressurizada, por duas vezes, a 1,50 MPa, e despressurizada, de forma a garantir
a recolha total do CO2 formado pela combustão da amostra.
Depois de terminada a recolha, fecham-se os tubos e deixa-se que estes atinjam o
equilíbrio térmico, durante um período não superior a 24 horas. Após este período, os
40
Capítulo 2
tubos são pesados e, pela diferença de massa observada, determina-se a quantidade de
CO2 recolhida.
Quando a recolha de C02 termina, abre-se a bomba e observa-se,
cuidadosamente, o seu interior, de forma a verificar a existência de resíduos de carbono
ou de composto. A presença destes resíduos é um sinal de uma combustão incompleta,
pelo que, se se verificar a sua existência, numa extensão significativa, a experiência é
rejeitada.
2.1.3.1.2 - Análise de ácido nítrico
Os compostos que apresentam azoto na sua constituição, como é o caso de todos
os compostos estudados, formam, na presença de água, HNO3, que aparece na solução
final de bomba. Quando não existe azoto na constituição dos compostos, a presença de
HNO3 na solução final é explicada pela existência de azoto como contaminação do
oxigénio usado na pressurização da bomba. A formação de HNO3 é traduzida pela
equação química (2.23).
) / N 2 ( g ) + % 0 2 ( g ) + ) / H 2 0 ( l ) ^ H N 0 3 ( a q ) (2.23)
A determinação da quantidade de HNO3 formada é importante, uma vez que a
energia libertada neste processo é significativa, relativamente à energia total do processo
de combustão. Para se proceder a esta determinação, lava-se o interior da bomba, assim
como o cadinho, o anel e a cabeça da bomba com água desionizada e recolhem-se as
águas de lavagem para um matraz. Esta solução é titulada, por volumetria ácido-base,
com uma solução de NaOH, usando, como indicador, o vermelho de metilo.
2.1.3.2 - Bomba rotativa de combustão
Para as experiências realizadas em bomba rotativa de combustão, a temperatura
inicial da experiência é previamente estimada, tendo em conta que se pretende que a
temperatura final seja de 298,15 K. Aquela estimativa é feita, considerando-se a
quantidade de energia libertada pela massa de amostra e o calor de agitação, sendo o
respectivo valor inicial de temperatura introduzido no programa de aquisição de dados.
O termómetro é ligado na máxima sensibilidade (IO-4 K). Tal como descrito em 2.1.3.1,
41
Capítulo 2
as temperaturas são registadas em intervalos de 10 s. Quando se dá início à experiência,
a resistência de aquecimento é accionada automaticamente, caso a temperatura da água
seja inferior à temperatura introduzida no programa. Depois de atingido o estado em que
a variação de temperatura é regular, a experiência é iniciada. Após o registo de 125
pontos, correspondentes ao período inicial, é feita a ignição e, sete pontos depois, altura
em que se atinge 63% da variação de temperatura observada no período principal, é
iniciada a rotação da bomba. A rotação mantém-se até ao final da experiência, que
termina quando tiverem sido registados 350 pontos (100 pontos do período principal e
125 pontos do período final).
Após a conclusão da experiência, desligam-se todos os contactos eléctricos,
desmonta-se o sistema e retira-se a bomba do vaso calorimétrico. Libertam-se os gases
lentamente e abre-se a bomba, para análise dos produtos de combustão.
O primeiro passo da análise dos produtos de combustão consiste na observação
cuidadosa do interior da bomba, para verificar a existência de resíduos sólidos de
carbono ou de composto, que são resultado de uma combustão incompleta. Quando se
verifica a existência destes resíduos, a experiência é rejeitada sempre que a quantidade
de carbono presente no cadinho seja superior a 1 mg. Caso a massa de carbono seja
inferior a este valor e esteja contida no cadinho, pode-se fazer a correcção energética
correspondente.
Para o estudo do composto de enxofre, a solução final de bomba foi transferida
para um matraz, assim como as sucessivas águas de lavagem do interior da bomba. Para
os compostos clorados, a solução de bomba e as águas de lavagem foram transferidas
para um balão volumétrico de 100 cm3.
O cadinho e o anel são calcinados e, depois de arrefecidos, são pesados, para se
determinar a perda de massa de platina.
2.1.3.2.1 - Análise de óxido de arsénio (IH)
A determinação da quantidade de óxido de arsénio (III) presente na solução final
para todas as experiências realizadas com compostos clorados é feita por iodimetria (20),
usando uma solução de triiodeto 0,05 mol-dm"3 como titillante. Como indicador, usa-se
uma solução de cozimento de amido. A titulação é feita a duas tomas de 20,00 cm3 da
solução final de bomba diluída.
42
Capítulo 2
A equação química que descreve a reacção de titulação é:
As203 (aq) + 21" (aq) + 2H20(l) o As205 (aq) + 6F (aq) + 4H+ (aq) (2.24)
2.1.3.2.2 - Análise de ácido nítrico
O ácido nítrico presente na solução final é determinado pelo método de Devarda
(20), que se baseia na redução do ião nitrato a amoníaco, por reacção com a liga de
Devarda, em meio alcalino. A liga de Devarda é constituída por 50% de cobre, 45% de
alumínio e 5% de zinco. A equação que descreve a reacção de redução é descrita pela
equação química (2.25).
3N03(aq)+8Al(cr) + 5HO-(aq)+2H20(l)^8A10-(aq) + 3NH3(g) (2.25)
Mede-se uma toma de 50,00 cm3 de solução de bomba final diluída para um
balão de destilação. Dilui-se, com água desionizada, até um volume de cerca de 250 cm .
Adicionam-se 3 g de liga de Devarda e, lentamente, uma solução saturada de
hidróxido de potássio. Deixa-se a reacção decorrer durante cerca de 1,5 horas, fazendo a
recolha do NH3 destilado para um matraz com 50,00 cm3 de HC1 0,1 mol-dm"3.
À solução recolhida no matraz com o HC1 adicionam-se 30,00 cm3 de uma
solução de NaOH 0,2 mol-dm"3. Faz-se a titulação, por volumetria de retorno, do excesso
de hidróxido, com uma solução de HC1 0,1000 mol-dm"3. O indicador usado é o
vermelho de metilo.
O volume de titillante gasto é comparado com o volume do mesmo titulante,
gasto num ensaio a branco, no qual se faz a titulação de uma solução com 50,00 cm de
HC1 0,1 mol-dm"3 e 30,00 cm3 de NaOH 0,2 mol-dm"3.
Para a solução de bomba referente a estudos com compostos sulfurados,
admite-se que todo o enxofre presente na constituição da amostra é convertido em
H2S04. Toda a solução, assim como as águas de lavagem, é usada para a determinação
da quantidade de HNO3 formado, pelo método descrito anteriormente.
43
Capítulo 2
2.2 - Microcalorimetria Calvet de Altas Temperaturas
A Microcalorimetria Calvet de Altas Temperaturas (MCAT) é uma técnica
calorimétrica que permite a determinação de entalpias de sublimação ou vaporização dos
compostos em estudo. Este método permite medir o calor gerado em reacções muito
lentas e tem, ainda, a capacidade de medir com precisão quantidades de calor muito
pequenas. As maiores vantagens na utilização deste método são: a utilização de
quantidades muito pequenas de amostra (=3 mg), facilidade e rapidez de execução.
2.2.1 - Fundamentos da técnica
O princípio do funcionamento do microcalorímetro Calvet foi descrito por E.
Calvet (21), consistindo, essencialmente, na utilização de duas células calorimétricas
gémeas, dando-se numa delas (célula de amostra) a sublimação ou vaporização do
composto em estudo, enquanto a outra funciona como célula de referência. As células
são introduzidas nas cavidades respectivas, dentro de um bloco isotérmico de elevada
inércia térmica.
Nas experiências para medição da entalpia molar de sublimação dos compostos
estudados utilizou-se a técnica de sublimação em alto vácuo, técnica desenvolvida por
Skinner e colaboradores (22, 23). O procedimento experimental consiste, basicamente,
no seguinte:
a) introdução de uma pequena quantidade de amostra de composto num capilar de vidro;
b) este capilar e o seu par, com massa semelhante e vazio, são introduzidos,
simultaneamente, nas respectivas células gémeas;
c) posteriormente, faz-se a evacuação do sistema.
O erro introduzido nos resultados obtidos é inferior a 5% (22) e advém do facto
de os processos não decorrerem em condições de perfeito equilíbrio durante toda a
experiência.
O contacto entre as células e o bloco isotérmico faz-se através de um grande
número de termopares, ligados em série, que rodeiam as células, distribuindo-se
uniformemente em torno destas. São os termopares que conduzem o calor entre as
células calorimétricas e o bloco, medindo a diferença de potencial entre ambos. As
44
Capítulo 2
termopilhas, correspondendo ao conjunto de termopares que rodeiam as células, estão
ligadas em oposição, pelo que, quando não existe qualquer perturbação no calorímetro, a
diferença de temperatura entre as duas células é nula. Consegue-se, assim, eliminar
efeitos de flutuações de temperatura no calorímetro, uma vez que essas flutuações
atingem, de igual modo, as duas células.
Quando ocorre a sublimação de um composto, as células passam a encontrar-se a
temperaturas diferentes. A temperatura a que se encontra a célula de referência é
considerada como zero, fazendo-se então a medição da diferença de temperatura entre as
células, que se deve exclusivamente ao processo em estudo, a decorrer na célula de
amostra. Esta variação de temperatura, AT, é proporcional à diferença de potencial, V,
criada nos termopares. Esta proporcionalidade entre a diferença de potencial e a
diferença de temperatura entre a superfície externa da célula de amostra e a superfície
interna do bloco isotérmico é descrita (21) por 2.26, onde b é a constante característica
do material e n é o número total de termopares que constituem a pilha.
V = n-b-AT (2.26)
Apesar de os termopares cobrirem a quase totalidade da superfície externa da
célula calorimétrica, há uma pequena parte que não é coberta, através da qual se dão
perdas de calor e que é necessário contabilizar. Para tal, realizam-se experiências de
calibração, à mesma temperatura a que se realizam os ensaios com o composto em
estudo, usando um padrão termoquímico. Assim, é possível determinar uma constante de
proporcionalidade entre o calor envolvido no processo em estudo e a área do
termograma registado ao longo da experiência.
A quantidade de calor, Q, envolvida no processo de sublimação do composto em
estudo determina-se pela expressão (2.27), em que k representa a constante de calibração
do calorímetro, que é dependente da temperatura. Os potenciais inicial e final devem ser
iguais, traduzindo-se num valor idêntico inicial e final da linha de base.
Q = k-\v-àt (2.27)
45
Capítulo 2
2.2.2 - Descrição do sistema calorimétrico
O microcalorímetro utilizado neste estudo é um protótipo de um
microcalorímetro de células gémeas, construído pela Setaram (Setaram HT 1000).
Conforme está representado na figura 2.11, o bloco calorimétrico, constituído por
um material cerâmico de elevada inércia térmica, contém duas cavidades, que se
dispõem simetricamente no centro do bloco e onde são introduzidas as células
calorimétricas. Em volta das células encontram-se termopares, ligados em série, e que se
ligam, alternadamente, à parede das células e ao bloco calorimétrico.
As células calorimétricas são constituídas por um tubo de vidro pyrex, com um
cilindro numa das extremidades, que é introduzido num outro cilindro metálico. O tubo
tem comprimento suficiente para ficar parcialmente fora do bloco calorimétrico e
permitir a ligação ao sistema de vácuo. Através deste tubo é, também, possível a
introdução da amostra na célula.
O bloco calorimétrico é mantido a uma determinada temperatura, definida de
acordo com o fenómeno em estudo. Esta temperatura é controlada por um controlador
ADAM e lida através de um termopar Pt/Pt-Rh (10%), que se encontra junto às
cavidades, no interior do bloco.
O conjunto constituído por uma célula calorimétrica e pelos termopares que a
rodeiam é denominado por termopilha, sendo a sua representação apresentada na figura
2.12.
46
Capítulo 2
REVESTIMENTO CERÂMICO
BLOCO ISOTÉRMICO
7 \
ENTRADA DAS CÉLULAS
X
TERMOPILHAS
Figura 2.11: Representação esquemática de um Microcalorímetro Calvet de Altas
Temperaturas (Retirado da referência 3)
Figura 2.12: Representação esquemática de uma termopilha (Retirado da referência 3)
A - célula
B - termopares
C - bloco isotérmico
47
Capítulo 2
Como foi referido anteriormente, as duas termopilhas existentes no
Microcalorímetro Calvet estão ligadas em oposição. O sinal da diferença de potencial
gerado pelas termopilhas é amplificado (amplificador Setaram BN), sendo, de seguida,
adquirido por um multímetro Fluke 45. O sinal obtido é registado pelo programa
LABCALVET (3), instalado num computador PC 8086, que permite a visualização de
um termograma, como está esquematizado na figura 2.13. Com este programa é
possível, ainda, além do registo do termograma ao longo de toda a experiência, fazer o
tratamento de dados. A área da curva de um termograma corresponde ao valor do
integral JV • át, apresentado em 2.27.
%
o.oo
-0.10
-0.20-
-0J0-
-().40
-O.J0-
-0.60
-0.70 ÎO0 1000
I 1500 2000
Tempo /s
Figura 2.13: Representação de um termograma típico de um ensaio realizado num
MCAT
O sistema de vácuo é constituído, basicamente, por uma linha de vácuo de vidro
e por duas bombas de vazio, uma rotativa e uma difusora. A bomba rotativa Edwards,
modelo E2M5, faz um vácuo primário no sistema, enquanto que a bomba difusora
Edwards, modelo 63, faz um vácuo mais eficiente, denominado fino. Na linha de vácuo,
encontra-se uma "trap" mergulhada em azoto líquido, para evitar que qualquer
quantidade de composto entre nas bombas, além de uma válvula comutadora.
48
Capítulo 2
2.2.3 - Descrição de uma experiência
Antes de se iniciar qualquer estudo, é necessário definir a temperatura a que se
vai operar e deixar que o sistema estabilize.
Preparam-se tubos capilares de vidro, fechados numa das extremidades, com uma
massa de aproximadamente 20 mg e fazem-se pares com massas semelhantes (diferença
inferior a 0.1 mg). Os capilares são pesados numa balança analítica Mettler CH-8606,
com uma precisão de ± 10" mg.
Enche-se um dos capilares com o composto em estudo, previamente pulverizado,
e faz-se uma nova pesagem deste capilar. Por diferença, calcula-se a massa de composto
usada em cada ensaio experimental. O outro capilar fica vazio e funciona como
referência.
Inicia-se o programa de aquisição de dados e lançam-se os capilares,
simultaneamente, nas respectivas células, ou seja, o capilar com o composto na célula de
amostra e o capilar vazio na célula de referência.
Fecha-se o sistema, fazendo a ligação dos tubos das células à linha de vácuo.
Com a bomba rotativa, faz-se primeiro um vácuo primário e, seguidamente, faz-se um
vácuo fino, com a bomba difusora.
O processo de sublimação inicia-se e a experiência dá-se por concluída quando,
por visualização do termograma, se verifica que o sistema voltou à linha de base. O
regresso à linha de base indica um equilíbrio térmico entre a célula de amostra e a célula
de referência.
Seguidamente, elimina-se o vácuo do sistema, fechando a válvula comutadora, e
deixa-se entrar ar na zona da linha de vácuo entre a válvula e as células. Desliga-se a
bomba difusora e deixa-se entrar ar no resto do sistema. Desliga-se, então, a bomba
rotativa.
Procede-se à limpeza das células.
Apesar de as massas dos capilares usados em cada experiência serem muito
semelhantes, elas não são exactamente iguais e esta diferença afecta o fluxo de calor. E
necessário, portanto, fazer uma correcção devido a este efeito. Para se determinar o
termo correctivo a introduzir nos resultados finais, fazem-se ensaios a branco, nos quais
49
Capítulo 2
se introduzem capilares de massa semelhante, vazios, nas células calorimétricas e faz-se o registo do fluxo de calor.
2.2.4 - Cálculo da entalpia molar de sublimação padrão
Nestes estudos, a sublimação dos compostos ocorre à temperatura a que o
sistema calorimétrico se encontra e o bloco cerâmico compensa o calor envolvido na
transformação. O processo de "sublimação" de qualquer composto, X, é genericamente
representado por:
X (cr, T = 298,15 K) —'sLm.H*ãL> X (g, T) (2.28)
O valor da variação da entalpia molar de sublimação observada, .ëJ cr,298,i5K m , é calculado a partir da expressão (2.29), onde jV-dt é a área limitada
pela curva do termograma registado no estudo do composto, M é a massa molar de X e
m é a massa de amostra usada. Aquela área é corrigida para a temperatura, T, a que o
sistema se encontra pela constante de calibração k, determinada experimentalmente.
\g,T TTO "cr,298,15K' r zm
M-k-jV-dt
m (2.29)
A partir deste valor, calcula-se a entalpia molar de sublimação padrão, A* r #° ,
para a temperatura 7 = 298,15 K, atendendo ao ciclo termoquímico apresentado na
figura 2.14.
\%,T TTO " 0-,298,15-° m
ASCTK(T=: 298,15 K)
X(g,r = 298,15 K)
^298,15-^111
Figura 2.14: Ciclo termoquímico para o cálculo de Afr#° ( T = 298,15 K)
50
Capítulo 2
Do ciclo termoquímico representado na figura 2.14 resulta a expressão (2.30) que
permite o cálculo da entalpia molar de sublimação do composto, A*r/7°, à temperatura
de referenciar- 298,15 K.
A * X ( T = 298,15K) = Ò%WK - AT29SJ5KH°m(g) (2.30)
O valor de A29gl5K//°(g) foi estimado, para cada composto em estudo, a partir
de um Método de Grupos, usando valores tabelados (24) e admitindo a aditividade das contribuições entálpicas dos diferentes grupos que constituem o composto.
51
Capítulo 2
2.3 - Referências:
1. J. Coops, R. S. Jessup, K. van Nes, "Calibration of Calorimeters for
reactions in a Bomb at Constant Volume", em F. D. Rossini, Editor,
Experimental Termochemistry, Volume 1, Cap. 3, Interscience, New York,
1956. 2. W. D. Good, D. W. Scott, G. Waddington J. Phys. Chem, 60, 1080 - 1089,
1956. 3. L. M. N. B. F. Santos, Estudo Termoquímico de algumas P-dicetonas,
monotio - P-dicetonas e respectivos complexos metálicos, Dissertação para
Doutoramento em Química, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto,
1995. 4. The NB S Tables of Chemical Thermodynamics Properties, J. Phys. Ref.
Data, 11, Supplement n° 2,1982.
5. E. A. Sousa, R. A. Monteiro, Comunicação Pessoal, Departamento de
Química, Faculdade de Ciências do Porto, 2005.
6. A. F. O. Santos, L. G. Damasceno, Comunicação Pessoal, Departamento de
Química, Faculdade de Ciências do Porto, 2004.
7. J. D. Cox, "Test and Auxiliary Substances in Combustion Calorimetry", em
S. Sunner, M. Mansson, Editor, Experimental Chemical Thermodynamics,
Volume 1, Pergamon Press, Oxford, 1979.
8. E. W. Washburn, J. Res. Nat. Bur. Standards, 10, 525 - 558,1933.
9. W. N. Hubbard, D. W. Scott, G. Waddington, "Standard States and
Corrections for Combustion in a Bomb at Constant Volume", em F. D.
Rossini, Editor, Experimental Termochemistry, Volume 1, Cap. 5,
Interscience, New York, 1956.
10. L. Smith, W. N. Hubbard, "Combustion in a Bomb of Organic Chlorine
Compounds", em F. D. Rossini, Editor, Experimental Termochemistry,
Volume 1, Cap. 8, Interscience, New York, 1956.
11. G. Waddington, S. Sunner, W. G. Hubbard, "Combustion in a Bomb of
Organic Sulfur Compounds", em F. D. Rossini, Editor, Experimental
Termochemistry, Volume 1, Cap. 7, Interscience, New York, 1956.
52
Capítulo 2
12. A. R. Challoner, H. A. Gundry, A. Meethan, Phil. Trans. Roy. Soc. London,
Ser. A, 274, 553 - 582,1955.
13. H. A. Gundry, D. Harrop, A. J. Head, G. B. Lewis, J. Chem.
Thermodynamics, 1, 321 - 332,1969.
14. J. Bickerton, G. Pilcher, J. Al-Taklin, Chem. Thermodynamics, 16, 373 -
378,1984.
15. M. D. M. C. Ribeiro da Silva, L. M. N. B. F. Santos, A. L. R. Silva, O.
Fernandes, W. E. Jr. Acree, J. Chem. Thermodynamics, 35, 1093 - 1100,
2003.
16. R. A. R. Monteiro, Seminário Científico, Faculdade de Ciências do Porto, 2004.
17. J. D. Cox, H. A. Gundry, A. J. Head, Trans. Faraday Soc, 60, 653,1964.
18. M. D. M. C. Ribeiro da Silva, P. Souza, G. Pilcher, J. Chem.
Thermodynamics, 21, 173,1989.
19. J. M. Gonçalves, Dissertação para Doutoramento em Química, Faculdade
de Ciências, Universidade do Porto, 1996.
20. A. I. Vogel, A Textbook of Quantitative Inorganic Analysis, Longmans,
Green and Co., London, 1948.
21. E. Calvet; "Microcalorimetry of Slow Phenomena" em F. D. Rossini; Editor;
Experimental Thermochemistry, Interscience, New York, Volume 1, Cap. 12,
1956.
22. F. A. Adedeji; D. L. S. Brown; J. A. Connor; M. L. Leung; M. I. Paz-
Andrade; H. A. Skinner: J. Organometal. Chem.; 97, 221 - 228; 1975.
23. J. A. Connor; H. A. Skinner; Y. Virmani; J. Chem. Soc. Soc. Faraday
Trans.; 68,1754.
24. R. D. Stull, E. F. Westrum, G. C. Sinke, The Thermodynamics of Organic
Compounds, Wiley, New York, 1969.
53
Capítulo 2
54
Capítulo 3
CAPÍTULO 3
3 - Resultados experimentais
3.1 - Tratamento dos compostos e preparação de soluções
3.1.1 - Compostos estudados
3.1.2-Soluções
3.1.2.1 - Solução de óxido de arsénio (III)
3.1.2.2 - Solução padrão de ácido clorídrico 0,1000 mol-dm"3
3.1.2.3 - Solução padrão de tiossulfato de sódio 0,1000 mol-dm"3
3.1.2.4 - Solução de triiodeto 0,05 mol-dm'3
3.1.2.5 - Solução de ácido clorídrico 0,1 mol-dm"3
3.1.2.6 - Soluções de hidróxido de sódio
3.1.2.7 - Solução de cozimento de amido
3.1.2.8-Água
3.2 - Resultados experimentais obtidos por calorimetria de combustão
3.2.1 - Resultados experimentais obtidos por CCE
3.2.1.1 - Calibração do calorímetro
3.2.1.2 - Determinação das energias mássicas de combustão
padrão para os compostos estudados
3.2.1.3 - Cálculo das entalpias molares de formação padrão, em
fase condensada
3.2.2 - Resultados experimentais obtidos por CCR
3.2.2.1 - Calibração do calorímetro
3.2.2.2 - Determinação das energias mássicas de combustão
padrão para os compostos estudados
3.2.2.3 - Cálculo das entalpias molares de formação padrão, em
fase condensada
3.3 - Resultados experimentais obtidos por MC AT
55
Capítulo 3
3.3.1 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão da
aminopirazina
3.3.2 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do 1,4-
dióxido de 2,3,5-trimetilpirazina
3.3.3 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do 1,4-
dióxido de tetrametilpirazina
3.3.4 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do 4-nitro-
2,1,3 -benzotiadiazola
3.3.5 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do 4-
cloro-7-nitrobenzofurazano
3.3.6 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do 1,4-
dióxido de 2,3-dimetil-7-cloroquinoxalina
3.4-Referências
56
Capítulo 3
3 - Resultados Experimentais
Neste capítulo apresentam-se os resultados obtidos experimentalmente no estudo
dos diversos compostos, assim como os valores calculados para a entalpia molar de
formação padrão, no estado condensado, para a entalpia molar de sublimação padrão e
para a entalpia molar de formação padrão, no estado gasoso. Para os compostos
contendo ligações N-O, os resultados permitiram, ainda, calcular a energia média de
dissociação da ligação azoto-oxigénio (ver capítulo 4).
3.1 - Tratamento dos compostos e preparação de soluções
3 .1 .1- Compostos estudados
Todos os compostos estudados neste trabalho foram sintetizados e caracterizados
por W. E. Acree, na Universidade de North Texas. Imediatamente antes do estudo de
cada um dos compostos, estes foram sujeitos a purificação adicional, por sublimação a
pressão reduzida. O ponto de fusão de cada um dos compostos estudados foi também
confirmado, num aparelho para medição de pontos de fusão, Stuart Scientific SMP2,
estando os valores obtidos registados na tabela 3.1.
Tabela 3.1: Compostos estudados: representação estrutural, fórmula molecular, massa
molar e pontos de fusão
Composto Fórmula
estrutural
Fórmula
molecular
Massa molar /
g-mol"1
Ponto de fusão
/K
Aminopirazina ^J r*t
C4H5N3 95,103 392
1,4-dióxido de
2,3,5-
trimetilpirazina O
C7H,o02N2 154,166 406
1,4-dióxido de
tetrametilpirazina
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C8Hi202N2 168,193 496
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57
Capítulo 3
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C6H302N3S 181,113 383
4-cloro-7-
nitrobenzofurazano
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1,4-dióxido de 2,3-
dimetil-7-
cloroquinoxalina
O
o
C10H9O2N2CI 224,643 472
3.1.2-Soluções
Para a análise dos produtos das reacções de combustão, há a necessidade de usar
soluções com um título rigoroso. A preparação das soluções utilizadas no decorrer deste
trabalho é descrita nos pontos que se seguem.
3.1.2.1 - Solução de óxido de arsénio (III)
Adicionam-se 17g de As203 (Aldrich 99,95-100,05%) a 950 cm3 de água num
balão de destilação. A mistura é refluxada até dissolução praticamente completa do
sólido. Deixa-se arrefecer, filtra-se a solução e dilui-se a 1000 cm .
A solução é titulada por iodimetria (1), usando como titulante uma solução
padrão de triiodeto 0,05 mol dm"3 e como indicador cozimento de amido. A equação que
descreve a reacção de titulação é traduzida em (3.1).
As203(aq)+2l3(aq)+2H20(l)-As205(aq)+6r(aq) + 4H+(aq) (3.1)
Ao longo deste trabalho utilizaram-se duas soluções de óxido de arsénio, com
concentrações 0,09667 mol-dm"3 e 0,08683 mol-dm"3.
58
Capítulo 3
3.1.2.2 - Solução padrão de ácido clorídrico 0,1000 mol-dm"3
A solução é preparada por diluição rigorosa de uma solução de HC1 (ampola
volumétrica Titrisol, Merck).
3.1.2.3 - Solução padrão de tiossulfato de sódio 0,1000 mol-dm"3
Esta solução é preparada por diluição rigorosa de uma solução volumétrica de
tiossulfato de sódio (ampola volumétrica Titrisol, Merck).
3.1.2.4 - Solução de triiodeto 0,05 mol-dm"3
Dissolvem-se 10 g de iodeto de potássio (Merck, p.a.) em 20 cm3 de água. Na
solução resultante, dissolvem-se 6,3 g de iodo (Merck, p.a.) e dilui-se a 500 cm3.
A solução é titulada por iodometria (1), sendo o titulante uma solução padrão de
tiossulfato de sódio 0,1000 mol-dm"3. O indicador usado é o cozimento de amido.
A equação que traduz a reacção de titulação é:
2S2032"(aq) + I3-(aq) m 3r(aq)+S406
2-(aq) (3.2)
3.1.2.5 - Solução de ácido clorídrico 0,1 mol-dm"3
Esta solução, usada na determinação de HN03 pelo método de Devarda, é
preparada por diluição de um volume apropriado de uma solução de ácido clorídrico
concentrado (Merck, p.a.).
3.1.2.6 - Soluções de hidróxido de sódio
Preparam-se soluções de NaOH (concentrações 0,1 mol-dm"3, para análise das
soluções de bomba estática, e 0,2 mol-dm"3e 0,01 mol-dm"3, para análise das soluções de
bomba rotativa) por solubilização de NaOH (Merck, p.a.) em água. As respectivas
concentrações rigorosas são determinadas periodicamente por volumetria ácido-base,
59
Capítulo 3
usando a solução padrão de HC1 0,1000 mol-dm"3 e como indicador o vermelho de
metilo.
3.1.2.7 - Solução de cozimento de amido
Trituram-se 2g de amido e lg de ácido salicílico com um pouco de água. A
mistura é adicionada a 500 cm3 de água fervente, que é mantida em ebulição até se obter
uma solução límpida.
3.1.2.8 -Água
Para a preparação de soluções e lavagens da bomba usa-se água desionizada.
Como líquido calorimétrico, usa-se água destilada.
3.2 - Resultados experimentais obtidos por calorimetria de combustão
3.2.1 - Resultados experimentais obtidos nos estudos por CCE
3.2.1.1 - Calibração do calorímetro
Os resultados experimentais obtidos na determinação do equivalente energético
do calorímetro encontram-se registados na tabela 3.2. O valor do equivalente energético
do calorímetro foi determinado em colaboração com outros investigadores (2),
conforme está indicado na referida tabela.
3.2.1.2 - Determinação das energias mássicas de combustão padrão para os
compostos estudados
Os compostos estudados por CCE foram a aminopirazina, o 1,4-dióxido de
trimetilpirazina e o 1,4-dióxido de tetrametilpirazina. Os resultados experimentais
obtidos, assim como as correspondentes energias mássicas de combustão padrão e os
desvios padrão da média são apresentados nas tabelas 3.3, 3.4 e 3.5, respectivamente.
Para o 1,4-dióxido de 2,3-difenilquinoxalina foi também iniciado o seu estudo por CCE,
mas não foi possível concluí-lo, uma vez que os valores de percentagem de recolha de
C02 foram muito baixos para todos os ensaios realizados, indiciando alguma anomalia
60
Capítulo 3
no composto, que não se conseguiu identificar. Por este motivo, o estudo foi interrompido.
61
Capítulo 3
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Capítulo 3
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Capítulo 3
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Capítulo 3
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65
Capítulo 3
3.2.1.3 - Cálculo das entalpias molares de formação padrão, em fase condensada
Com base nos valores da energia mássica de combustão padrão, obtidos para os
três compostos estudados, calcularam-se os valores da energia molar de combustão
padrão, AcU°m , e da entalpia molar de combustão padrão, ACJJ°, estando os resultados
apresentados na tabela 3.6. Os valores para a entalpia molar de formação padrão, no estado condensado,
Af H°m , para compostos de fórmula molecular CaHbOcNd, são determinados a partir da
expressão 3.1.
Af//:(œmposto,cr) = a.Af//:(C02,g) + . A f / / : ( H 2 0 , l ) - A X (3-1)
Para o cálculo, usam-se os seguintes valores da literatura (3):
V C ( € 0 ^ ) = -(393,51 + 0,13)^-0101-1
Af#° (H20,1) = -(285,830 ± 0,042) kJ • mol"
Tabela 3.6: Resumo dos resultados obtidos para os três compostos estudados por CCE
Composto ActC(cr) Ac//:(cr) A f /Ç(cr) kJ-mol-1 kJ-mol ' kJ-mol •i
~ Aminopirazina - (2384,7 ± 1,0) - (2384,1 ± 1,0) 95,5 ±1,4
l,4-dióxidode2,3,5-trimetilpirazina - (4112,0 ± 1,1) - (4113,2 ± 1,1) -(70,5 ±1,4)
1,4-dióxido de tetrametilpirazina - (4754,1 ± 2,8) - (4756,6 ± 2,8) - (106,5 ± 3,0)
3.2.2 - Resultados experimentais obtidos nos estudos por CCR
3.2.2.1 - Calibração do calorímetro
Os resultados experimentais obtidos para a confirmação do equivalente
energético do calorímetro apresentam-se na tabela 3.7. Estes ensaios de calibração do
calorímetro de bomba rotativa foram realizados com o objectivo de verificar o
equivalente energético determinado anteriormente por outros investigadores (4),
66
Capítulo 3
s = (20369,0 ± 3,0) J-K" . Dado que os resultados aqui obtidos (tabela 3.7) são
concordantes com os anteriores, interromperam-se os ensaios e usou-se o valor
anteriormente determinado (4).
3.2.2.2 - Determinação das energias mássicas de combustão padrão para os
compostos estudados
Os compostos estudados por CCR foram o 4-nitro-2,l,3-benzotiadiazola, o 4-
cloro-7-nitrobenzofurazano e o 1,4-dióxido de 2,3-dimetil-7-cloroquinoxalina. Os
resultados experimentais obtidos, assim como os correspondentes valores médios da
energia mássica de combustão e os respectivos desvios padrão da média são
apresentados nas tabelas 3.8, 3.9 e 3.10, respectivamente.
E de referir que no caso do composto 4-cloro-7-nitrobenzofurazano se usou um
auxiliar de combustão («-hexadecano, Aldrich 99+%), com
^ , = - ( 4 7 1 6 4 , 3 1 3 , 6 ) 1 - ^ ( 5 ) .
3.2.2.3 - Cálculo das entalpias molares de formação padrão, em fase condensada
Com base nos valores da energia mássica de combustão padrão, obtidos para os
três compostos estudados, determinaram-se os valores das respectivas energias molares
de combustão padrão, Ací/° , e das entalpias molares de combustão padrão, A c / /° .
O valor para a entalpia molar de formação padrão de cada um dos compostos, no
estado condensado, Af / / ° , é determinado, com base na lei de Hess, a partir da equação
química 3.3, para o composto com enxofre, e a partir da equação química 3.4, para os
compostos com cloro. Os resultados calculados são apresentados na tabela 3.11.
CaHbOcNdSe (cr, 1) + b c 3e a + — + — + —
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/ 02 (g) + 115e + e H20 (1)
-» a C02 (g) + - N2 (g) + e (H2S04 -115 H20) (aq)
CaHbONdCl (cr,l) + a + (b-e)
02 (g) + en -(b-e)
H20 (1)
->aC0 2 (g) + - N 2 (g) + e(HCl-600H2O)(aq)
(3.3)
(3.4)
67
Capítulo 3
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Capítulo 3
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70
Capítulo 3
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4
71
Capítulo 3
Para o cálculo, usaram-se os seguintes valores da literatura:
A X ( H2 S 0 4 e m l l 5 H 2 0 , a q ) = -(887,84 ± 0,40) kJ-mol'1 (3)
A f / / ° ( H C l e m 6 0 0 H 2 ° > a c l ) = -(166,54 ± 0,01)kJ-mol'1 (3)
Tabela 3.11: Resumo dos resultados obtidos para os três compostos estudados por CCR
composto M ^ MM£ MÍM kJ-mol-1 kJ-mol ' kJ-mol
4-nitro-2,l,3-benzotiadiazola - (3572,8 ± 1,4) - (3572,2 ± 1,4) 180,3 ± 1,6
4-cloro-7-nitrobenzofurazano - (2843,2 ± 3,7) - (2836,4 ± 3,7) 165,8 ±3,8
1,4-dióxido de 2,3-dimetil-7-
cloroquinoxalina - (5238,4 ± 3,8) - (5238,4 ± 3,8) - (6,6 ± 3,9)
3.3 - Resultados experimentais obtidos por MCAT
Para a determinação das entalpias molares de sublimação, nas condições da
experiência, foram realizadas experiências de calibração e ensaios a branco para todas
as temperaturas utilizadas no estudo dos compostos.
O valor da entalpia molar de sublimação do naftaleno foi determinado para cada
temperatura utilizada. À temperatura T = 298,15 K, o valor da entalpia molar de
sublimação padrão é AëCTH°m = 17,42 ±0,05 kcal-mol"1 (6). A partir deste valor e de
valores de |i/T -H29Sl5K\ existentes na literatura (6), apresentados na tabela 3.12,
calcularam-se os valores da entalpia de sublimação do naftaleno para as temperaturas de
trabalho.
Tabela 3.12: Valores de correcção da entalpia do naftaleno gasoso, a diferentes
temperaturas
77 K [HT-H29Sl5K]/ kcal• mol"
" 2 9 8 ÕTXJ 300 0,06
400 3,81
72
Capítulo 3
500 8,58
Seguidamente, apresentam-se os resultados relativos a cada um dos estudos
efectuados.
3.3.1 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão da aminopirazina
Para o estudo deste composto, foram realizados ensaios com naftaleno (tabela
3.13) para confirmação da constante determinada recentemente por outro investigador
(7), e =(18,98 ± 0.11) mJ-V"! -s'1. Uma vez que os resultados obtidos confirmaram o
valor anteriormente determinado para esta temperatura, os ensaios foram interrompidos,
tendo sido usado aquele valor da constante (7) para os cálculos dos resultados referentes
à aminopirazina.
Tabela 3.13: Resultados para confirmação da constante de calibração do calorímetro,
com naftaleno, 7=371 K, àsCTH°m (C10Hg) = (84,38 ±0,05) tt-mol"'
Ensaio m /mg A/Ws e / m J - V V
1 6,488 22,41403 18,24
2 3,611 11,70491 18,71
3 4,392 13,54589 19,88
Foram realizados ensaios a branco (tabela 3.14) que também confirmaram o
valor obtido anteriormente pelo mesmo investigador (7), .4 = (5,13 8) V-s, pelo que se
continuou a usar este valor, para efeitos de cálculo.
Tabela 3.14: Resultados experimentais para os ensaios a branco, para a mesma
temperatura, 7= 371 K
Ensaio A / V-s
Î 8,497651
2 6,139210 3 5,827631 4 4,147859 5 3,855621
73
Capítulo 3
4 = (5,69±l,68)V-s
Os resultados obtidos no estudo da aminopirazina são apresentados na tabela
3.15, assim como os respectivos valores de AgCTH°*s ^KK (7/=298,15 K).
Tabela 3.15: Resultados experimentais de MCAT obtidos para a aminopirazina
Ensaio m /mg T/K i 4 / V - s Ag,371K ir obs
^ 0 - , 2 9 8 1 : 7 3 m L ^ T -"298,15KJ
kJ-mol"1 AfX(r=298,15K)
Ensaio m /mg T/K i 4 / V - s kJ -mor1
L ^ T -"298,15KJ
kJ-mol"1 kJ-mol"1
1 2.590 371 142.6473 100.82 92,26
2 3.528 371 186.2061 95.83 87,27
3 4.684 371 248.0821 95.49 86,93
4 2.200 371 123.5421 103.35 8,56 94,79
5 3.584 371 188.8698 95.65 87,09
6 3.622 371 188.3129 94.37 85,81
7 5.226 371 294.2416 101.22 92,66
A g W =(98,1 ± 2,7) kJ-mol"1 A«ff° (r=298,15K) = (89,5 ± 2,7)kJ-mor
O valor obtido para [HT -H29SA5K J/ kJ-mol"1 foi calculado com base no método
de grupos apresentado no esquema 1, a partir de valores disponíveis na literatura (6).
M-fe
Esquema 1: Método de grupos usado para o cálculo de \_HT - H29Sl5¥L ] para a
aminopirazina.
74
Capítulo 3
Tabela 3.16: Valores para o cálculo de correcção [//T - H29S15K ] para a aminopirazina
\_Hj - "298 ,15KJ | _ " T -"298,15KJ
T/K kcal ■ mol"1 kcal ■ mol"1
Piridina Aminobenzeno Benzeno Aminopirazina
298 0,00 0,00 0,00 0,00 300 0,04 0,05 0,04 0,05 400 2,26 3,08 2,37 2,86
500 5,09 6,84 5,36 6,30
371 cr I T ■-!
2,04
3.3.2 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do 1,4-dióxido de 2.3.5-
trimetilpirazina
No estudo do 1,4-dióxido de 2,3,5-trimetilpirazina, foram realizados ensaios de
calibração com naftaleno. O valor da AêCTH°m, a T = 389 K, para o naftaleno, foi
calculado como descrito em 3.3. O valor de branco usado, A = (7,34±0,05)V-s, foi
determinado por outro investigador (7), para a mesma temperatura. Os resultados
obtidos são apresentados na tabela 3.17.
Tabela 3.17: Resultados para a calibração do calorímetro, com naftaleno, à temperatura
T= 389 K, Acg
r//° (C10Hg) = (87,03 ±0,05) kJ-mol" i-i
-i _-i Ensaio m /mg A IV-s e/mJ-V -s
Ï 4,3752 147,36 19,20
2 2,8790 89,96576 20,09 3 3,5810 131,9516 17,46 4 5,0144 180,0164 18,17 5 4,4595 151,8330 19,02
e=(l8,79±0,45)mJ.V's1
75
Capítulo 3
Os resultados obtidos no estudo do 1,4-dióxido de 2,3,5-trimetilpirazina são
apresentados na tabela 3.18, assim como os respectivos valores de A^.//°bs e
&eaH°m (7^298,15 K).
Tabela 3.18: Resultados experimentais de MCAT obtidos para o 1,4-dióxido de
2,3,5-trimetilpirazina
Ensaio m /mg r/K A/Y-s Ag,389K xj-obs
L^a^.9SKrJm | _ " T ^ 2 9 8 , 1 5 K J
kJ-mol'1 A^#°(r=298,15K)
Ensaio m /mg r/K A/Y-s kJ-mol-1
| _ " T ^ 2 9 8 , 1 5 K J
kJ-mol'1 kJ-mol"1
1 2,3710 389 97,79963 128,45 111,21
2 3,4020 389 148,8008 132,95 115,71
3 4
2,4558 3,0268
389 389
110,2255 129,7966
138,67 131,24
17,24 121,43 114,00
5 3,1564 389 137,7753 133,18 115,94
6 2,9270 389 130,2539 136,17 118,93
ASKKKbs =033,4 ± 2,9) kJ-mol - i Ag
aH°m (r=298,15K) = (116,2 ± 2,9)kJ-mor
O valor obtido para [HT -H29S15K J/ kJ-mol"1 foi calculado com base no método
de grupos seguidamente apresentado, a partir de valores disponíveis na literatura (6).
+2 NO
Esquema 2: Método de grupos usado para o cálculo de \_HT-H29(SUKj para o
1,4-dióxido de 2,3,5-trimetilpirazina
Tabela 3.19: Valores para o cálculo de correcção \_HT - H29SlSK ] para o 1,4-dióxido de
2,3,5-trimetilpirazina
T/K
298
kcal • mol"
3-metilpiridina 2-metilpiridina Piridina Benzeno
0,00 0,00 0,00 0,00
NO
0,00
|_-"T - " 2 9 8 , 1 5 K J
kcal • mol'1
1,4-dióxido de 2,3,5-
trimetilpirazina
0,00
../.
76
.../...
Capítulo 3
300 0,05 0,05 0,04 0,04 0,01 0,09 400 2,85 2,86 2,26 2,37 0,34 4,62 500 6,38 6,40 5,09 5,36 0,73 10,19 389
. -1-1
4,12
3.3.3 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do 1,4-dióxido de
tetrametilpirazina
No estudo do 1,4-dióxido de tetrametilpirazina, foram realizados ensaios de
calibração com naftaleno. O valor da AsCTH°m, a T = 425 K, para o naftaleno, foi
calculado como descrito em 3.3. Realizaram-se também ensaios a branco, para a mesma
temperatura. Os resultados obtidos são apresentados nas tabelas 3.20 e 3.21.
Tabela 3.20: Resultados para a calibração do calorímetro, com naftaleno, à temperatura
T = 425 K, Ac8r//° (C10H8 ) = (93,82 ± 0,05) kJ- mol"1
i „-i Ensaio m /mg A/V-s s/mJ-V -s
Ï 4,2742 184,6378 16,94
2 2,8019 122,6972 16,71
3 2,4623 103,2097 17,46
4 3,7725 162,2641 17,02
5 3,6976 162,2459 16,68
6 3,0450 138,9236 16,04
£=(16,81 ±0,19) mJ-V-'-s-1
77
Capítulo 3
Tabela 3.21: Resultados experimentais para os ensaios a branco, para a mesma
temperatura, T = 425 K
Ensaio Al Ws
1 13,37616
2 15,73443
3 11,73443
4 12,10031
5 11,00122
6 15,64988
^ = ( 1 3 , 2 2 ± 0 , 8 4 ) V - S
Os resultados obtidos no estudo do 1,4-dióxido de tetrametilpirazina são
apresentados na tabela 3.22, assim como os respectivos valores de Aj;r//°bs e
AlH°m(T= 298,15 K).
Tabela 3.22: Resultados experimentais de MC AT obtidos para o 1,4-dióxido de
tetrametilpirazina
Ensaio m/
mg r /K
Ag,425K rrobs f / y . „ acrí98K-"m | _ - " T -^298,15KJ
kJ-mol"1
Ag
cr /Y° (7=298,15K)
Ensaio m/
mg r /K
kJ-mor1 | _ - " T -^298,15KJ
kJ-mol"1
Ag
cr kJ-mor1
1 2,3607 425 102,65 138,77 110,36
2 3,5023 425 154,39 135,30 106,89
3 2,3967 425 99,63 133,13 28,41
104,72
4 2,0931 425 88,20 136,99 28,41
108,58
5 2,7563 425 119,83 136,47 108,06
6 2,5958 425 110,70 134,97 106,56
Ag,425K rrobs A c r , 2 9 8 K / 7 m = (135,9 ± 1,6) kJ-mol"1 A ^ ( r = 2 9 8 , 1 5 K ) = = (107, 5 ± l,6)kJ-mor'
O valor obtido para [HT -H29iA5K \l kJ-mol"1 foi calculado com base no método
de grupos apresentado no esquema 3, a partir de valores disponíveis na literatura (6).
78
Capítulo 3
o
Esquema 3: Método de grupos usado para o cálculo de ÏHr -H29S1JK1 para o
1,4-dióxido de tetrametilpirazina
Tabela 3.23: Valores para o cálculo de correcção \HI - H29S15K1 para o 1,4-dióxido de
tetrametilpirazina
r /K
L T - " 2 9 8 , 1 5 K J
kcal • mol"1 | _ - " T ""298.15K J
kcal-mol"1
r /K 3-metilpiridina 2-metilpiridina Piridina Benzeno NO
1,4-dióxido de
2,3,5-
trimetilpirazina
298
300
400
500
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
0,05 0,05 0,04 0,04 0,01
2,85 2,86 2,26 2,37 0,34
6,38 6,40 5,09 5,36 0,73
0,00
0,10
5,22
11,50 425 6,79
7 - = 4 2 5 ^ ^ - ^ , ^ ] = 2 8 , 4 ^ ^ 0 1 - 1
3.3.4 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do 4-nitro-2,l,3-
benzotiadiazola
No estudo do 4-nitro-2,l,3-benzotiadiazola, foram realizados ensaios de
calibração com naftaleno. O valor da Acgr/7,°n, a T = 385 K, para o naftaleno, foi
calculado como descrito em 3.3. Realizaram-se, também, ensaios a branco, para a
mesma temperatura. Os resultados obtidos são apresentados nas tabelas 3.24 e 3.25.
79
Capítulo 3
Tabela 3.24: Resultados para a calibração do calorímetro, com naftaleno, à temperatura
T=385K, A^r//:(C10H8) = (86,48±0,05) kJ-mol'1
-i „-i Ensaio w/mg A/Y-s e/mJ-V-s'
1 1,719 58,34 19,95
2 3,669 136,54 18,13
3a 3,631 125,26 19,56
4 3,679 137,98 17,99
5 2,620 90,11 19,62
6 4,173 141,91 19,84
1 „-1 £=(!9,18±0,13)mJ-V"1-s
Tabela 3.25: Resultados experimentais para os ensaios a branco, para a mesma
temperatura, 7= 385 K
Ensaio A I V-s
Î 8,54322
2 7,947858 3 9,435871 4 6,844659 5 8,483741
A = (8,25 ±0,84) V-s
Os resultados obtidos no estudo do 4-nitro-2,l,3-benzotiadiazola são
apresentados na tabela 3.26, assim como os respectivos valores de A^ri/°bs e
A'H°m(T= 298,15 K).
80
Capítulo 3
Tabela 3.26: Resultados experimentais de MC AT obtidos para o 4-nitro-2,l,3-benzotiadiazola
Ensaio m /mg r /K AIV-s A g,385K r robs
^ 0 - , 2 9 8 1 ^ 0 1 m /mg r /K AIV-s kJ-moF1
1 2,255 385 78,16 120,44
2 2,176 385 72,11 115,16
3 1,760 385 58,34 115,19
4 3,264 385 114,35 121,74
5 2,112 385 66,84 109,97
6 2,167 385 64,24 102,97
|_-"T - " 2 9 8 , 1 5 K J
kJ-mol"1 A«r//,°n(r=298,15K)
kJ • mol"
14,00
106,44 101,16 101,19 107,74 95,97 88,97
Aë89
58
KK/e=(H4,2±5,7)kJ.mol - í A c X (r=298,15K) = ( 100,2 ±5,7 )kJ-mor'
O valor obtido para |//T - H29S15K j / kJ-mol"1 foi calculado com base no método
de grupos, segundo o esquema 4, seguidamente apresentado, a partir de valores disponíveis na literatura (6).
= 2 N-fe
HfeC a-b -2 0 ¾ Hj + cy^NO, c 3 ^
Esquema 4: Método de grupos usado para o cálculo de \HI - H2gs 15K1 para o 4-nitro-
2,1,3-benzotiadiazola
Tabela 3.27: Valores para o cálculo de correcção ÏHT - H2gs 15K ] para o 4-nitro-2,l,3-
benzotiadiazola
T= 385 K, [HT-Hm<l5K] = 14,00 kJ-mol"
L T -"298.15KJ
kcal • mol"1 |_-"T ^ 2 9 8 , 1 5 K J
kcal • mol"1
T/K aminobenzeno benzeno sulfureto de hidrogénio
Metano dimetilo molecular
nitropropano propano 4-nitro-2,l,3-
benzotiadiazola
298
300
400
0,00
0,05
3,08
0,00
0,04
2,37
0,00 0,00 0,00
0,04 0,02 0,013
1,98 0,93 0,707
0,00
0,05
2,82
0,00
0,04
2,05
0,00
0,057
3,973 385 3,35
81
Capítulo 3
3.3.5 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do 4-cloro-7-
nitrobenzofurazano
A temperatura para o estudo do 4-cloro-7-nitrobenzofurazano é a mesma que em
3.3.1. Os valores de brancos e da constante de calibração usados são os mesmos que os
apresentados nesse ponto. Os resultados obtidos no estudo do 4-cloro-7-
nitrobenzofurazano são apresentados na tabela 3.28, assim como os respectivos valores
de AscrH°Js e A ^ I ( 7 = 298,15 K).
Tabela 3.28: Resultados experimentais de MCAT obtidos para o 4-cloro-7-
nitrobenzofurazano
Ensaio m /mg 77 K A/Ws A S t 1 > T - * W ] A^(r=298,15K) kJ-mor1 kJ-mol1 kJ-mol"1
1 3,324 371 95,4457 114,64 102,23 2 3,234 371 93,1421 115,13 102,71 3 3,747 371 110,5575 116,98 104,56 4 3,274 371 87,7620 107,49 95,08 5 5,227 371 166,7311 124,57 112,15 6 2,469 371 63,3143 105,03 92,61 7 4,362 371 136,0131 120,01 107,59 8 3,766 371 120,1290 123,36 110,94 9 2,266 371 63,6226 112,53 100,12 10 3,204 371 90,1136 110,25 97,84
A S M 5 =(115,0 ± 4,1) kJ-mor1 A'aH°n (r=298,15K) = (102,6 ± 4,l)kJ-mor
O valor obtido para [HT -H29Sl5K \l kJ-mol"1 foi calculado com base no método
de grupos, segundo o esquema 5, seguidamente apresentado, a partir de valores
disponíveis na literatura (6).
82
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Capítulo 3
3.3.6 - Determinação da entalpia molar de sublimação padrão do 1,4-dióxido de 2,3-
dimetil-7-cloroquinoxalina
No estudo do 1,4-dióxido de 2,3-dimetil-7-cloroquinoxalina, foram realizados
ensaios de calibração com naftaleno. O valor da Agr#°, a T = 440 K, para o naftaleno,
foi calculado como descrito em 3.3. Realizaram-se também ensaios a branco, para a
mesma temperatura. Os resultados obtidos são apresentados nas tabelas 3.30 e 3.31.
Tabela 3.30: Resultados para a calibração do calorímetro, com naftaleno, à temperatura
T= 440 K, àêcrH°m (C10Hg)= (96,82 ±0,05)kJ-mol"1
Ensaio m/mg A/W-s s/mJ-Y'l-s'1
5,078 197,19 18,26
3,947 147,05 18,64
3,894 157,72 17,24
2,533 94,34 17,84
2,252 78,18 18,68
3,929 162,11 16,96
e= (17,94 ±0,29) mJ-V'-s"1
Os resultados obtidos no estudo do 1,4-dióxido de 2,3-dimetil-7-
cloroquinoxalina são apresentados na tabela 3.31, assim como os respectivos valores de
Ag/Tbs e Ag H° (T= 298,15 K). Os dois últimos ensaios foram determinados para a cr m cr m v " -7
temperatura T = 436K. Para estes, os valores da constante de calibração e de brancos
usados foram determinados por outro investigador (5) e têm os valores
£=(16,78 ±0,12) mJ-V'-s"1 e ^=(l4,736±0,005)V-s, respectivamente. Para a
temperatura T = 440K, o valor de branco usado foi o mesmo.
84
Capítulo 3
Tabela 3.31: Ensaios com 1,4-dióxido de 2,3-dimetil-7-cloroquinoxalina, T= 440 K
Ensaio m/
mg T/K
A g,4440K ryobs 4 / Y S Acr,298K-"m L ^ T -"298,15KJ
kJ-mol"1
Acg
r//°(r=298,15K) m/
mg T/K
kJ-mor1 L ^ T -"298,15KJ
kJ-mol"1 kJ-mor1
1 4,565 440 158,932 152,03 114,03 2 3,280 440 114,232 156,54
38,00 118,54
3 3,945 440 136,124 152,57 38,00
114,57
4 3,915 440 134,879 152,45 114,45 5
6
2,477
4,079
436
436
83,958 150,19
154,784 156,66 37,78
112,41
118,88 Ag,440K
iAcr,298K #°bs=(l53,4± 2,1) kJ-mol"1 à'aH°m (r=298,15K)=( H5,5±2,l)kJ-mor'
O valor obtido para [HT -^298,ISK y kJ-mol"1 foi calculado com base no método
de grupos, segundo o esquema 6, seguidamente apresentado, a partir de valores
disponíveis na literatura (6), excepto para o 1,4-dióxido de 2,3-dimetilquinoxalina, que
foi retirado da referência 8.
Esquema 6: Método de grupos usado para o cálculo de [//T - H29S15K1 para o 1,4-
dióxido de 2,3-dimetil-7-cloroquinoxalina
85
Capítulo 3
Tabela 3.32: Valores de correcção para o 1,4-dióxido de 2,3-dimetil-7-cloroquinoxalina
[#T- -"298.15K J L"T -"298,15KJ
r / K kcal • mol"1 kcal • mol"1
1,4-dióxido de 2,3-
dimetilquinoxalina clorobenzeno Benzeno
1,4-dióxido de 2,3-dimetil-7-
cloroquinoxalina
298 0,00 0,00 0,00 0,00
300 0,092 0,05 0,05 0,102
400 5,734 2,77 2,77 6,134
500 12,740 6,13 6,13 13,51
440 9,08
436 8,79 ,-i
r=440K,[//T-//29815K] - 38,00 kJ-mol-
T =436 K,[//T-//29815K ] - 36,78 kJ-mol"
86
Capítulo 3
3.4 - Referências
1. I. Vogel, A Textbook of Quantitative Inorganic Analysis Including Elementary
Instrumental Analysis, Longmans, London, 1961.
2. E. A. Sousa, R. A. Monteiro, Comunicação Pessoal, Departamento de Química,
Faculdade de Ciências do Porto, 2005.
3. The NBS Tables of Chemical Thermodynamics Properties, J. Phys. Réf. Data,
11, Supplement n°2,1982.
4. A. F. O. Santos, L. G. Damasceno, Comunicação Pessoal, Departamento de
Química, Faculdade de Ciências do Porto, 2004.
5. M. Miranda, Comunicação Pessoal, Departamento de Química, Faculdade de
Ciências do Porto, 2004.
6. D. R. Stull; E. F. Westrum; G. C. Sinke; The Chemical Thermodynamics of
Organic Compounds. Wiley; New York, 1969.
7. E. A. Sousa, Comunicação Pessoal, Departamento de Química, Faculdade de
Ciências do Porto, 2005.
8. E. A. Sousa, Dissertação para Doutoramento em Química, Faculdade de
Ciências, Universidade do Porto, 2005.
87
Capítulo 3
88
Capítulo 4
CAPÍTULO 4
4 - Discussão de resultados
4.1 - Entalpias molares de formação padrão, no estado gasoso
4.2 - Entalpia média de dissociação da ligação N - 0 para os derivados
heterocíclicos 1,4-dióxido
4.3 - Considerações sobre a energética da aminopirazina
4.4 - Considerações aos resultados dos derivados da benzoxodiazola e da
benzotiadiazola
4.5 - Referências
89
Capítulo 4
90
Capítulo 4
4 - Discussão de resultados
A determinação da entalpia molar de formação padrão, no estado condensado,
Af77°(cr), e da entalpia molar de sublimação padrão, A^r//°, para cada um dos
compostos estudados, conduz a valores com base nos quais é possível calcular os
valores das respectivas entalpias molares de formação padrão, no estado gasoso,
A f//°(g). Para os derivados A^N-dióxido estudados é, ainda, possível calcular a
entalpia média de dissociação da ligação azoto-oxigénio, / D / / ° ( N - 0 ) \ , por
comparação dos valores de Af H°m (g) desses compostos com os valores de Af H°m (g) dos
correspondentes compostos sem este tipo de ligações.
4.1 - Entalpias molares de formação padrão, no estado gasoso
O valor de Af//°(g) é uma medida da energia das ligações intramoleculares e
pode ser calculado a partir do valor de Af//°(cr) - que é uma medida da energia
envolvida nas ligações intra e intermoleculares - e do valor de àgcxH°m - que é uma
medida da energia relativa apenas às forças intermoleculares. Assim, a partir do
conhecimento destes parâmetros termoquímicos, determinados experimentalmente e
apresentados no capítulo anterior, calculou-se, para cada um dos compostos estudados,
o valor de Af H°m (g). Os resultados obtidos são apresentados na tabela 4.1.
Tabela 4.1: Parâmetros termoquímicos determinados
AX(cr) &IK A{H°Jg) kJ-mol"1 kJ-mol"' kJ-mol"1
cr aminopirazina
1
o
1,4-dióxido de 2,3,5-trimetilpirazina
95,5 ±1,4 89,5±2,7 185,0±3,0
-(70,5 ±1,4) 116,2 + 2,9 45,7±3,2
.../...
91
Capítulo 4
1... o I
Ob
-(106,5 ±3,0) 107,5±1,6 1,0 + 3,4
1,4-dióxido de tetrametilpirazina
180,3 ±0,9 100,2 + 5,7 280,6±5,8
4-nitro-2,1,3-benzotiadiazola
\ / 165,8 ±3,8 102,6±4,1 268,4±5,6
4-cloro-7-nitrobenzofurazano
-(6,6 ±3,9) 115,5±2,1 108,9 ±4,4
1,4-dióxido de 2,3-dimetil-7-
cloroquinoxalina
4.2 - Entalpia média de dissociação da ligação N-O para os derivados
heterocíclicos 1,4-dióxido
Para uma molécula diatómica A-B, define-se entalpia de dissociação da ligação,
D°, como a variação de energia interna molar padrão, Ar£/°, à temperatura T = 0 K,
para a reacção descrita em (4.1), considerando que (A-B), A e B se encontram nos
respectivos estados vibracionais fundamentais.
(A-BXg) -> A(g) + B(g) (4.1)
A entalpia de dissociação padrão daquela ligação, DH°9S15K, corresponde à
variação da entalpia molar de reacção padrão, A r / / ° , à temperatura T = 298,15 K, para
a reacção traduzida em (4.1), podendo o seu valor ser obtido a partir de medições
termoquímicas. Para a dissociação de uma molécula poliatómica, a diferença máxima
entre D0° e D//2°9815K é de aproximadamente lOkJ-mol" (1).
92
Xe
&
<r
AXC
Capítulo 4
Para um composto contendo uma ligação azoto-oxigénio, genericamente
representado por RN-O, a entalpia de dissociação molar padrão da ligação N-O,
DH^(N-0), corresponde à entalpia molar padrão da reacção (4.2), considerando que
todas as espécies se encontram nos respectivos estados padrão.
RN-0(g)^RN(g) + 0(g) (4.2)
Assim, se se conhecerem as entalpias de formação padrão, no estado gasoso,
A f#°(g), de todas as espécies envolvidas na reacção, pode-se calcular o valor de
D//°(N-0), com base na lei de Hess, recorrendo à expressão 4.1. O valor de
Af H°m (O, g) está descrito na literatura, sendo A{H°m (O, g)=249,18 ± 0,10 kJ • mol"1 (2).
DH°m (N-0)=AfH°m (RN, g) + AfH°m (O, g) - AfH°m (RN-O, g) 4.1
Para compostos com duas ligações azoto-oxigénio, O-NRN-O, é possível
definir a primeira e a segunda entalpias de dissociação da ligação N-O, o cálculo das
quais implicaria o conhecimento das entalpias de formação, no estado gasoso, das
espécies O-NRN-O, NRN-0 e NRN. Dado que, no caso presente, não existem dados
disponíveis para os valores de Af//° (NRN-O, g) , foi calculada a entalpia média de
dissociação da ligação azoto-oxigénio, ^D//°(N-0)\, que corresponde a metade do
valor da entalpia da reacção descrita por (4.3).
O-NRN-O(g) -> NRN(g) + 20(g) (4.3)
O valor ÍDH°m(N-O))pode ser determinado por comparação do valor de
Af//°(g) para o composto em estudo (O-NRN-O) e o valor de Af//°(g) do
correspondente derivado sem as ligações N-O (NRN). No caso dos compostos 1,4-
dióxido estudados neste trabalho não é possível diferenciar as duas ligações, uma vez
que não existem dados termoquímicos disponíveis para os correspondentes derivados N-
óxido (derivados da pirazina ou quinoxalina, contendo apenas uma ligação azoto-
93
Capítulo 4
oxigénio). Os valores de (D//°(N-0)\ calculados para os três derivados 1,4-dióxido
estudados são apresentados na tabela 4.2.
Tabela 4.2: Entalpia média de dissociação da ligação N-0 para os compostos
heterocíclicos 1,4-dióxido estudados o
HX^-A^ X x^ o
(DH: (N-O)) kJ-mol"1
Af^m(g) 45,7 + 2,0 74,3 + 2,7(3)
kJ-mol-1 263,5 + 3,4
1
o
A X ( g ) 1,0 + 3,1 54,7 + 4,5(3)
kJ-mol"1 276,0 + 5,5
jc^c XXX V*°(g ) 108,9 + 4,0 [142,2 + 4,81* kJ-moï1
265,8 + 6,2
*valor estimado a partir do esquema 4.1.
ax" • xcx ■ ax a" • o 172,9 ± 3,0 w 141,6 ± 2,8 w 202,9 ± 2,0 w 52,0 ± 1,3 w 82,6 ± 0,7
Esquema 4.1: Estimativa do valor de Afi/° (g) para o 2,3-dimetil-7-cloroquinoxalina.
Os resultados apresentados na tabela 4.2 parecem evidenciar que o poder
oxidante dos compostos 1,4-dióxido é diminuído pelo aumento do número de grupos
substituintes alquilo. No que se refere ao derivado clorado do 1,4-dióxido de
quinoxalina, a entalpia molar média de dissociação da ligação N - 0 é superior à
94
Capítulo 4
calculada para o 1,4-dióxido de 2,3-dimetilquinoxalina
DHl (N-0)) = (260,9 + 2,7) kJ-mol"1) (6), o que aponta, também, para um menor
poder oxidante do composto clorado.
No que se refere aos derivados alquilados do 1,4-dióxido de pirazina, os valores
obtidos para a entalpia média de dissociação da ligação N - 0 são superiores aos obtidos
para o 1,4-dióxido de pirazina ((DH°m (N-O)} = (254,0 ±2,3) kJ • mof1 ) (7). Esta
situação é comparável à já descrita relativamente à entalpia média de dissociação da
ligação N - 0 no 1,4-dióxido de quinoxalina
((/)//° (N-O)) = (255,8 + 2,0) kJ-mol"')(7) e no 1,4-dióxido de 2,3-dimetilquinoxalina
( ( / ) / / ^ - 0 ) ) = (260,9 + 2,7)^-1^1^)(6) .
De facto, o conhecimento de valores de /)//° (N-O) permite ordenar os
compostos estudados relativamente ao seu poder oxidante. Considerando as reacções
representadas em (4.4) e (4.5) para os pares oxo-redutor XO/X e YO/Y, as respectivas
entalpias molares de reacção padrão podem ser calculadas recorrendo aos valores das
entalpias molares de formação padrão das espécies nelas envolvidas.
X(g) + V2 O(g) -> XO(g) \Hm (X/XO) (4.4)
Y(g) + V* 0(g) -* YO(g) Ar//m (Y/YO) (4.5)
Para a reacção envolvendo os dois pares oxo-redutores,
XO(g) + Y(g) -> YO(g) + X(g) (4.6)
verifica-se que, se \TArSm\ « \àrHm\ e Ar//m(X/XO) > Ar//m(Y/YO), então a
reacção traduzida em (4.6) é termodinamicamente favorecida.
4.3 - Considerações sobre a energética da aminopirazina
O estudo apresentado para a aminopirazina vem reforçar o estudo recentemente
apresentado para outras pirazinas monossubstituídas (8). A tendência observada na
variação relativa das entalpias de formação, pela introdução de um substituinte no anel
( (
95
Capítulo 4
heteroaromático da pirazina (Pz), é consistente com a da piridina (Py), embora os
incrementos para os derivados da pirazina apontem para uma menor estabilização,
comparativamente com idêntica substituição na piridina. Por observação dos valores
apresentados na tabela 4.3, confirma-se, também, que o incremento verificado por
introdução de um grupo NH2 estabiliza mais o anel piridínico do que o anel pirazínico.
Tabela 4.3: Valores de incrementos observados para derivados da piridina e da pirazina
AX(g) kJ-mol"1
Incremento kJ-mol"1
Py 140,4±0,7(5)
-22,3 ±1,3 NH2Py 118,l±i,l(y)
-22,3 ±1,3
Pz 196,l±l,3(lU)
-11,1 + 2,4 NH2Pz 185,0 + 2,0
-11,1 + 2,4
4.4 - Considerações aos resultados dos derivados da benzoxodiazola e da
benzotiadiazola
Os dados termoquímicos disponíveis na literatura para a classe das
benzoxodiazolas são escassos (11, 12) e a maioria dos que existem referem-se a
derivados N-óxido (benzofuraxanos). Com o objectivo de avaliar a entalpia de
dissociação da ligação N - 0 em alguns derivados do benzofuraxano foi necessário
proceder à estimativa de valores da entalpia molar de formação padrão, no estado
gasoso, À f#°(g), para os correspondentes derivados do benzofurazano (12), pois não
foi possível dispor dos compostos para proceder às determinações experimentais.
O estudo termoquímico do 4-cloro-7-nitrobenzofurazano, descrito neste
trabalho, constitui, assim, mais uma contribuição para o estabelecimento da relação
entre energética e estrutura nesta classe de compostos. Uma estimativa do valor de
Á f#°(g) para o 4-cloro-7-nitrobenzofurazano, baseada no esquema 4.2, conduz aos
valores [278,6 ± 6,6 JkJ-moi"1 ou [276,0 ± 7,0 JkJ-mol"1, dependendo dos dados
disponíveis na literatura para proceder a tal estimativa.
96
Capítulo 4
Do ponto de vista entálpico, verifica-se que o resultado experimental para a
Af//°(g) do 4-cloro-7-nitrobenzofurazano, 268,4 ± 4,3 kJ-mol"1, aponta para uma
estabilização, relativamente ao valor previsto por um esquema de grupos.
[306,6±6,2](12) 168,1±1,9(4) 196,1±1,3(10)
ou
[306,6±6,2](12) [269,6±2,5](12) 300,2±2,1 ( I1)
Esquema 4.2: Estimativa da Afi/° (g) para o 4-cloro-7-nitrobenzofurazano
Embora com os dados actualmente disponíveis não seja possível uma discussão
inequivocamente fundamentada (à diferença de 8 - 10 kJ-mol"1 entre os valores
estimados e o medido experimentalmente está associada uma elevada incerteza), os
grupos substituintes -Cl e -NO2 permitem uma mais extensa deslocalização electrónica
e, consequentemente, será de esperar uma estabilização da estrutura. Será, contudo, de
referir também que a presença do grupo -NO2 numa posição muito próxima do átomo
de azoto do anel "furazano" possa criar impedimento estereoquímico, o que, de certo
modo, pode contrariar parcialmente o efeito anteriormente referido.
No que se refere ao 4-nitro-2,l,3-benzotiadiazola, não foi possível encontrar
qualquer resultado na literatura relativo a este tipo de compostos, o que impede
conclusões acerca deste estudo. É de salientar, porém, que o valor de
Af//°(4-nitro-2,l,3-benzotiadiazola, g)=280,6±5,8 kJ-mol"1 é mais baixo do que o
estimado para a correspondente benzoxodiazola:
97
Capítulo 4
Af//°(4-nitrobenzofurazano, g)= [306,6 ±6,2] kJ-mol'1 (12). Para cada um destes
compostos, a entalpia de formação, no estado gasoso, é a entalpia de reacção traduzida
por (4.7) e por (4.8), em que todas as espécies estão no estado padrão.
Ar//° =[306,6 + 6,2] kJ-mor'Ol)
ArH°m =280,6 + 5,8 kJ- mol
O valor positivo mais elevado da entalpia da reacção, no caso da benzoxodiazola
aponta para que a entalpia de formação de duas ligações N - 0 não "compensa" a
entalpia de rotura da ligação O-O, comparativamente com o facto de, na
benzotiadiazola, a formação de duas ligações N-S "compensar", em maior extensão, a
elevada energia gasta na dissociação da molécula Sg.
É ainda de referir que a caracterização energética deste composto será
complementada com os resultados de um estudo termoquímico teórico, a ser
desenvolvido actualmente por Morais (13), e com os resultados da dependência da sua
capacidade calorífica com a temperatura (14).
98
Capítulo 4
4.5 - Referências:
1. W. E. Acree Jr., G. Pilcher, M. D. M. C. Ribeiro da Silva, J. Phys. Chem. Ref
Data, 34, 553, 2005.
2. J. D. Cox, D. D. Wagman, V. A. Medvedev, CODAT A Key Values for
Thermodynamics, Hemisphere, New York, 1989.
3. M. A. V. Ribeiro da Silva, V. M. F. Morais, M. A. R. Matos, C. M. A. Rio, C.
M. G. S. Piedade, Struct. Chem., 7, 329-336,1996.
4. V. M. F. Morais, M. S. Miranda, M. A. R. Matos, J. Chem. Thermodynamics,
36, 377-383, 2004.
5. J. B. Pedley, Thermochemical Data and Structures of Organic Compounds,
Vol. 1, Thermodynamics Research Center, College Station, TX, 1994.
6. M. D. C. M. Ribeiro da Silva, J. R. B. Gomes, J. M. Gonçalves, E. A. Sousa, S.
Pandey, W. E. Acree, Jr., J. Org. Chem., 69, 2785-2792,2004.
7. W. E. Acree, Jr., J. R. Powell, S. A. Tucker, M. D. M. C. Ribeiro da Silva, M. A.
R. Matos, J. M. Gonçalves, L. M. N. B. F. Santos, V. M. F. Morais, G. Pilcher,
J. Org. Chem., 62, 3722-3726,1997.
8. M. D. M. C. Ribeiro da Silva, M. S. Miranda, C. M. V. Vaz, M. A. R. Matos, W.
E. Acree, Jr., J. Chem. Thermodynamics, 37, 49-53, 2005.
9. J. Bickerton, G. Pilcher, G. Takhin, J. Chem. Thermodynamics, 16, 373-378,
1984.
10. J. Tjebbes, Acta Chem. Scand, 16, 916-921,1962.
11. M. L. Leitão, G. Pilcher, W. E. Acree Jr., A. I. Zvaigzne, S. A. Tucker, M. D. M.
C. Ribeiro da Silva, J. Chem. Thermodynamics, 22, 923-928,1990.
12. W. E. Acree Jr., S. G. Bott, S. A. Tucker, M. D. M. C. Ribeiro da Silva, M. A.
R. Matos, G. Pilcher, J: Chem. Thermodynamics, 28, 673-683,1996.
13. V. M. F. Morais, Comunicação Pessoal, 2006.
14. M. J. Sottomayor, M. A. A. Vieira, Resultados não publicados.
99
Capítulo 4
100