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Monografia 10 anos após o sismo de 1 01 1980 volume i red

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  • monografia

    1 O ANOS APS O SISMO DOS AORES DE

    1 DE JANEIRO DE 1980 Aspectos Tcnico-Cientficos

    Volume 1

    Editores

    Carlos Sousa Oliveira Arcindo R. A. Lucas ]. H . Correia Guedes

    LISBOA, 1992

  • - - - - - - - --- --- - -

    O contedo das comunicaes qu e constam d esta Mon ografi a da exclusiva responsabi-lidade d os seus autores.

    Edio conjunta de:

    Governo Regional dos Aores Secretaria Regional da Habitao e Obras Pblicas Secretrio Regional: Amrico Natalino Pereira de Viveiros Delegad o da Ilha Terceira: Pedro Manuel Parreira Brito do Rjo

    Laboratrio Nacional de Engenharia Civil - Lisboa Director: E. R. de Arantes e Oliveira

    Direitos reservados, SRHOP e LNEC, 1992

    Pre-impresso, impresso e acabamento: Sector d e Artes Grficas do LNEC Av. do Brasil , 101, 1799 Lisboa Codex

    ISBN 972-49-1486-0

    II

  • PREMBULO

    O sismo de 1 de Janeiro de 1980 ocorrid o nos Aores foi o que maior impacte produziu em Portugal nos ltimos 200 anos. Teve lugar s 15h 40m e ca usou danos profundos nas ilhas Terceira, So Jorge e Graciosa.

    Os parques habitacional e monumental foram gravemente atingidos, tend o sido afec-tadas para cima de 12 mil edificaes. Sessenta e trs pessoas perderam a vida e dezenas de milhares ficaram desalojadas.

    Dez anos aps o sismo, a maior parte do parque habitacional e do patrimnio monu-mental encontra-se reconstrudo.

    Tendo trabalhado e dado aulas em engenharia ssmica h j uma srie de anos, costu-mo dizer que, quando preciso de alguma informao sobre o sismo da Armnia (1988), vou " prateleira" e tiro um livro. Quando o caso do sismo de So Francisco (1989) tambm l vou. E sobre o sismo dos Aores? O nico elemento coligido e publicado, alis de grande interesse para descrever os diversos aspectos do sismo, A Problemtica da Reconstruo, editado pelo Instituto Aoreano de Cultura em 1983. Sentia, contudo, que o assunto no es tava esgotado.

    A ideia de preparar uma monografia sobre os 10 Anos aps o Sismo dos Aores de 1 de Janeiro de 1980, sendo mais um passo de uma srie de aces levadas a cabo pelo Labo-ratrio Nacional de Engenharia Civil, LNEC, a propsito do sismo, prendeu-se, portanto, com a necessidade de historiar o que se passou durante o sismo e nos 10 anos de recons-truo e de fazer a sntese dos conhecimentos nas suas mltiplas facetas tcnico-cientfi-cas. Assim, conheceremos melhor o passado, e estaremos mais bem preparados para a eventualid ade de outro acontecimento ssmico, que i1elizmente pode ocorrer tanto nos Aores como no continente.

    A iniciativa da Monografia teve o apoio do Governo Regiona l do Aores. Esta enti-dade, por inl rmdio da ecreta ria Regional de Habitao e Obras Pblicas/Delegao da Ilha Terceira, SRHOP I DIT, e o L EC organizaram um Encontro em Angra do Herosmo de 2 a 5 de Outubro de 1990- ond e foi lanado o embrio deste livro.

    Foram ento apresentadas 42 comunicaes e discutidas algumas concluses e reco-mendaes, que constam de um Relatrio de Actividades, transcrito no final da Monografia. Os cinquenta trabalhos que constituem a Monografia, abordando os mltiplos aspectos tcnico-cientficos do sismo dos Aores, descrevem e procuram interpretaes para os efeitos observados, do conta das primeiras reaces , relatam as aces imediatamente postas em prtica, e tentam caracterizar e quantificar todo o processo da reconstru o.

    A Monografia encontra-se organizada por temticas, iniciando-se com aspectos hist-ricos e de enquadramento arquitectnico e urbano; seguem-se os aspectos de ordem sismolgica e tectnica; depois as aces imediatas logo aps o sismo e a constituio do Gabinete de Apoio e Reconstruo (GAR), organjsmo criado propositadamente para o efeito. Um outro tema dedicado ao estud o dos danos ocorridos e s aces de recupe-rao efectuad as qu er do parque habitacional quer do parque mon.umental Finalmente, so apresentados estud os de avaliao do impacto do sismo em termos financeiros e o custo da recuperao.

    Esta publicao vem preencher uma lacun a que importava colmatar. O materia l tra-balhado encontrava-se no arquivo do CAR e disperso por diversos documentos, muitos deles na forma de pequenas notas ou apontamentos, sendo o seu acesso extremamente difcil.

    III

  • Para a rea lizao de algumas das comunicaes, foi necessrio reunir um largo reportrio de dados nunca tratados, nomea damente no que e refere ao efeito do sismo sobre as construes e ao processo de reconstruo. Parte deste reportrio foi transformada em base de dados informatizada, o que permite o acesso, simples e rpid o, a inmeras infor-maes sobre os parques habitacional e monumental.

    Espero bem que a Monografia venha a ser pea fundamental para os es tudiosos do sismo, e uma referncia importante para todos os que o viveram ou os que se interessa m por estas matrias.

    Para fina liza r, queria agradecer queles que, de uma forma ou outra, contriburam para esta publicao. No podendo aqui enumerar todos os intervenientes neste processo, gostaria em primeiro lugar de referir as duas entid ades promotoras, o LNEC e a SRHOP I / DTT, no seio das quais nasceu e se produziu a Monografia. Em segundo lugar, os autores das comunicaes apresentadas. Um ltimo agradecimento ao pessoal da SRHOP / DIT pela colaborao prestada ao longo de todo o trabalho de preparao desta Monogra fia e ao pessoal do Sector de Artes Grficas do LNEC onde se processou toda a fase final do documento.

    Angra do Herosmo e Lisboa, Junho de 1992

    Ca rlos Sousa Oliveira

    IV

  • SESSO DE ABERTURA*

    CONSTITUIO DA MESA (Da esquerda para a direita) Presidente da Assembleia Municipal de Angra do Herosmo- Dr. Melo Alves Secretrio Regional da Sade e Segurana Social- Dr. Antnio Meneses Secretrio Regional da Habitao e Obras Pblicas- Amrico Natalino de Viveiros Presidente da Assembleia Regional dos Aores- Dr. Reis Leite Secretrio Regional da Educao e Cultura- Dr. Aurlio da Fonseca Director do Laboratrio Regional de Engenharia Civil- Eng. ]. M. Cymbron

    DISCURSO PROFERIDO POR S. Ex. O SECRETRIO REGIONAL DA HABITA-O E OBRAS PBLICAS

    "Bastaram poucos segundos para destruir o que, fora de braos, durante sculos, se foi erguendo com o que se tinha e at o que se no tinha, ma s sempre com f no futuro .

    Sacudida que foi a Ilha, ningum podia acreditar no que via. Estonteados pelo balan-cear das empenas, com os olhos enevoados pelo p que se desprendia e evaporava, corno a alma que abandona o corpo, todos gritavam porque algo tinham perdido, naquela tarde do dia 1 de Janeiro de 1980.

    Esfacelada, a Terceira mergulhava numa tristeza prpria do luto que se enverga en-volta nas lgrimas da dor prpria, que se apossa daqueles que choram a perda dos que mais lhes so queridos.

    O desnimo veio com a noite e com ela ficou at ao raiar do dia. A chuva juntou-se no dia seguinte como que a ajudar a assentar o p e a desanuviar

    as ideias, para que se pudesse de novo comear. A preocupao crescia medida que se passava por cada freguesia, tal era o grau de

    destruio que se ia en ontrando. Todos tinham perdido; os que tinham e os que usufruam d bens alheios ou seja,

    proprietrios e rendeiros, e naquela ocasio estava a n a fragilidade material deste mundo, que ao mesmo tempo se mantinha bem vivo.

    A solidariedade humana, brotava espontaneamente, envolta no movimento que extra-vasou dos limites de cada ilha para se tornar num movimento de verdadeira unidade Aoreana, tocando a solidariedade Nacional que chegou e originou os apoios, mesmo que simblicos face dimenso da catstrofe, que de vrios pontos das nossas comunidades foram aparecendo.

    No fim do segundo dia e, feita que estava a vistoria, impunha-se mudar a onda de desnimo, ganhar a confiana no futuro e acumular energias para tomar mo no presente.

    Era preciso limpar as feridas, tratar as tais chagas nascidas com o dia 1 d e Janeiro e semeadas na Terceira, na Graciosa, e em S. Jorge.

    Temia-se o pior porque ainda estava fresca na memria de muitos a partida para a Amrica dos Faialenses e dos Picoenses, por altura da crise ssmica de 1957; partida sem regresso, nica resposta e apoio que os Governantes da poca encontraram para dar aos sinistrados que, sem eira nem beira na sua terra, foram para as terras do Tio Sam, em busca do lugar que aqui no lograram alcanar.

    Acostumados aos sismos, os Aoreanos, de cada vez que eram sacudidos, tomavam tal desgnio como o convite sada; e tal o gosto de arribar a outros rinces do Mundo que, gota a gota, fomos aqui minguando a nossa populao, enquanto ajudavamos na funda-o de vilas e cidades no Brasil e na construo da grande Nao Americana, fazendo, sem se dar por isso, o nosso prolongamento no continente americano.

    * Encontro " I O anos aps o sismo dos Aore de I de Janeiro de 1980", Angra do Herosmo, 2 a 5 de Outubro de 1990

    v

  • A catstrofe de 1 de Jan eiro de 1980 no podia transformar-se num novo ciclo de emigra-o. A palavra de ordem foi por isso: ... "Ficar sem arredar p. Vamos todos reconstruir!'"

    Com apenas trs anos e pouco de existncia de instituies de Governo prprio, o sismo foi um grand e desa fi o para a autonomia.

    Estava lanado o repto capacidade do Governo e das Instituies da Reg io; come-ava a grande marcha da recons truo.

    Aos poucos, e medida que aquilo que parecia fico se tornava cada vez mais na nova realidad e, as perguntas apareciam sem parar. A ansiedade crescia e tod os qu eriam encontrar resposta pronta. Q ueriam saber os objectivos do trabalho, no fund o, queriam saber quais a linhas com que se cozer.

    Duas opes se colocavam ao Governo: Reconstruir de novo, esquecendo o que at ento existira ou; Reconstruir sobre os escombros da vspera, preservando um patrimnio que dos

    aoreanos, mas que tam bm patrimnio mundial. A opo foi a d e reconstruir preservando ao mximo o que outrora existira . Foi uma deciso rpid a como rpido foi o incio da reconstruo. Era preciso apoiar o renascimento da s novas cidades vilas e aldeias, sem esbarrar nos

    meandros da administrao pblica preparada para gerir o quotidiano. O Governo lanou mo de dois instrumentos, que criou:- O GAR (Gabinete de Apoio

    e Reconstruo) e o FAR (Fundo de Apoio e Reconstruo) e em conjunto com o Banco de Portugal e a Caixa Gera l de Depsitos, puseram-se de p os instrumentos de apoio financeiro reconstruo.

    Simultaneamente nasceu o que mais tarde se chamou o Programa de Apoio Auto-Construo cedendo materiais para que o prprio interessado iniciasse a reconstruo da sua casa.

    Tratou-se do rea lojamento e cedo, as escolas que foram albergue de muita gente, puderam retomar a sua funo de ensinar.

    As tendas, montadas em vrios stios, foram dando lugar a pr-fabricados com uma velocidade considerada lenta por quem vivia a agonia dos desa lojados, mas consid erad a impressionante por quantos de fora aqui passavam .

    No havia m os a medir e bem se pode dizer que momentos houve em que eram todos por um e um por todos.

    Como sempre acontece nas grandes catstrofes, o sismo de 1 de Janeiro d e 1980 al te-rou hbitos nas populaes atingidas, modificou alguns costumes e criou certa mente sequelas que s o ar dos anos que vo passando capaz de sarar.

    Foi a mudana de casa dos que no tinham casa prpria, foi o aparecimento dos bairros d e So Joo de Deus e da Terra Ch, foi a decadncia do comrcio tradici onal, foi at o aparecimento em fora dos trabalhadores da construo civil, vindos de outras ilha , do Continente Portugus e a t dos PALOPs.

    Com o sismo d esabaram situaes calamitosas em qu e muitas famlias viviam, veio luz do dia a misria encapotada que dia a dia connosco deambulava sem ser capa z de se mostrar e de dizer -"estou presente" - O sismo provocou um abalo das estruturas fs icas, mas provocou tambm um abalo da nossa estrutura humana.

    O sismo do dia 1 de Janeiro de 1980 teve, apesa r de tudo, efeitos positivos a vrios n5veis. A construo civil, como sabido, um poJo dinamizador da economia e assim acon-

    teceu, sobretudo na Terceira e em So Jorge. A rea dos servios cresceu, e bem se pod e di.zer que houve um salto qualitativo no

    nvel de vida, acompanhando o crescimento das demais parcelas da Regio . O parque habitacional m elhorou substancialmente em qualidade e tambm em. quan-

    tidad e, empregando-se tcnicas de construo inovadoras, nalguns casos arrojadas, com.o as que foram empregues nos edifcios de grand e porte.

    VI

  • Para dar uma ideia dos apoios directos reconstruo, refiro que: Na Terceira foram construdas as seguintes habitaes: Bairro de Santa Luzia ................. .. .................... ...... ..... ....... .. .......... ... ..... ............ .... 197 Fogos Bairro da Terra Ch ......... ... ...... ........ ..... ...... ......... ....... .. .. .. ...... ............................... 299 Fogos Bairro de So Joo de Deus ............................... .. ......................... .. ....... .. ............. 229 Fogos Bairro Joaquim Alves .. .. ............................ ........ ........ .. .. ............ .... ...... .......... ...... .... . 46 Fogos Total dos Bairros- 771 Fogos, correspondendo ao alojamento de .... . 3 826 pessoas. Foram ainda construdas: Pelas Foras Armadas ............................................................................................ 136 Fogos Pela AID Azares ...................................................................................................... 100 Fogos Pelo Governo Regional .............................................. ... ............... .. ................. ... .... 229 Fogos Em So Jorge foram construdos 86 fogos e na Graciosa ..... .. .......... ... ...... ...... 19 fogos. Em termos financeiros, constatamos o seguinte: O Governo gastou 1,7 milhes de contos com a construo dos conjuntos habitacionais

    atrs referidos, atribuiu s Juntas d e Freguesia, para pequenas reparaes, subsdios na ordem dos 393 mil contos e gastou em brigadas de limpeza e equipamento de transporte 1,3 milhes de contos.

    O Governo atravs do GAR forneceu materiais para apoio reconstruo no montante de 1,8 milhes de contos e foram pagas bonificaes de juros no montante de dois milhes d e contos.

    Finalmente, o Governo gastou com a recuperao de monumentos e edifcios pblicos 4,9 milhes de contos, tudo isto a preos constantes.

    Foi, no fundo, toda uma comunidade que esteve em movimento e preciso aproveitar a embalagem para novos desafios.

    A reconstruo foi possvel porque houve vontade poltica para a fazer. A reconstruo foi possvel porque houve confiana nas pessoas e nos orgos do Governo. A reconstruo foi possvel pela solidariedade que se gerou. Passados 10 anos, temos de nos regozijar por quanto est feito e sobretudo porque

    falta faz r muito pouco. No fcil, noutras regies e noutros pases, com mais recursos fazer o que fizemos

    e no tempo em que o fizemos. Podemos dizer que, com a reconstruo, consolidou-se a autonomia e os orgos de

    Governo prprio. Com a reconstruo todos ganhmos !! O Pas tambm ganhou. Como em todos os processos, houve muitas pessoas que ficaram nos alicerces desta

    reconstruo e houve muitas outras que, sem nome estampado na imprensa, fizeram e deram muito da sua vida para que hoje se viva esta realidade.

    A todos estes cidados presto a minha homenagem, e o seu esforo h-de ficar assi-nalado no marco histrico que vamos construir para lembrar aos vindouros que esta Ilha renasceu para o futuro.

    A confiana com que enfrentmos os desafios provenientes do sismo de 1980 a mesma confiana, reforada se possvel, com que temos de encarar os desafios que 1990 nos coloca.

    Temos de nos unir nos grandes desafios do desenvolvimento, e nele todos temos de participar. No se espere que outros o faam primeiro. Temos de ser afoitas e dar o primeiro passo.

    O avano tecnolgico e a velocidade com que se sucedem os factos levam a que os cidados estejam mais virados para o dia a dia, esquecendo o passado recente e, dando pouco va lor Histria.

    Porm para construir melhor o porvir, preciso tirar as lies do passado recente, preciso conhecer a Histria e, preciso que ela tambm se fa a.

    Este Encontro, 10 anos aps o Sismo dos Aores de 1 de Janeiro de 1980, um Encon-tro tcnico-cientfico que muito contribuir para que os Historiadores faam a Histria do que foi a grande ca tstrofe desta dcada.

    Bem vindos por isso!! Estudem o que puderem para deixarem o melhor que souberem."

    vn

  • SESSO DE ENCERRAMENTO*

    CONSTITUIO DA MESA (Da esquerda para a direita)

    Director do Laboratrio Regional de Engenharia Civil- Eng. g f. M. Cymbron Presidente da Assembleia Municipal de Angra do Herosmo - Dr. Melo Alves Secretrio Regional da Habitao e Obras Pblicas - Amrico Nata lino Viveiros Presidente do Governo Regional dos Aores - Dr. Mota Amaral Secretrio Regional da Sad e e Segurana Social- Dr. Antnio Meneses Presidente da Cm ara Municipal de Angra do Herosmo - Dr. Joaquim Ponte Laboratrio Nacional de Engenharia Civil - Prof. EngY. Carlos Sousa Oliveira

    DISCURSO PROFERIDO POR S. Ex. ~ O PRESIDENTE DO GOVERNO DA REGIO AUTNOMA DOS AORES

    " Dez anos aps o sismo de 1 de Janeiro de 1980, que resta ainda sobre ele para dizer? Pelos vistos muita coisa ... O presente Encontro testemunha-o bem . Virado predominantemente para os aspectos

    cientficos e tcnicos, permitiu um trabalho de reflexo interdisciplinar, certamente do maior interesse.

    Felicito, por isso, os organizad ores do Encontro, na pessoa do Secretrio Regional da Habitao e Obras Pblicas, Amrico Viveiros e agrad eo a tod os os qu e para ele trou-xeram apartaes, que sero futuramente de muita utilidade, para ns nos Aores e para muitos outros.

    Minhas Senhoras e meus Senhores: medida que os acontecimentos histricos se distanciam no tempo, melhor se

    perspectivam no seu signifi ca do e nas suas consequncias. O grande terramoto que marcou tragicamente, para os Aores e para os aoreanos, o

    comeo da dcada de 80 no foge a essa regra . Escreve Nemsio, no primeiro texto em qu e lapidarmente d efine o conceito de

    aoreaneidade, que boa parte das nossas crnicas preenchida com os rela tos de funestos d esastres naturais: Erupes vulcnicas, tremores de terra, ciclones, cheias e grandes maresias ... e da parte para afirmar que, para a nossa identidade humana e cultural, a geografia to importante como a histria .

    Estamos aqui, num ponto determinado do globo, fruind o vantagens e sofrend o d es-vantagens do isolamento no meio do oceano, d o famoso anticiclone e dos ventos e d as chuvas que comand a, das incontrolveis fora s terrestres que deram origem s nossas ilhas, e ainda em nossos dias as fazem crescer, mas podem tambm devas t-las e civilizao que aqui construmos e a ns prprios, at em segundos ...

    por isso bem patente, para os aoreanos, a limitao essencial d a condi o huma na. Des ta conscincia no deriva necessriamente, a incerteza, a insegurana, a neurose ... ou, a superficialid ade e a evaso de quem, afinal, d o mundo e de si prprio tenta fugir sem resultad o ... o carcter aoreano forte, confiante, perseverante, - temperado nas adver-sid ades e nas lutas que marcam os 550 anos de vida colectiva nos Aores.

    * Encontro '" I O anos aps o sismo dos Aores de I de Janeiro de 1980"", A ngra do Herosmo, 2 a 5 de Outubro de 1990

    VIII

  • os primeiros tempos do povoamento, tantas e tais foram as catstrofes, tanto o luto e a dor, tanta a dureza do dia a dia, que se no fossem as dificuldad es de transportes para o reino, talvez ningum tivesse ficado por c.

    O impulso de partir sempre surgiu nas nossas ilhas, a reaco imediata face s grandes calamidades.

    Ainda no final da dcada de 50 deste sculo, aps o vulco dos Capelinhas, foi ma cia a emigrao para a Amrica, a benefcio da legislao especial aprovada por iniciativa do en to ainda Senador John Kennedy.

    E quando, em 1963, a terra tremeu em So Jorge derrubando as casas em quase toda a ponta dos Rosais, navio especialmente fretado para o efei to conduziu para Angola, em busca de melhor vida, gente e alfaias agrcolas e animais, qual outra arca de No ...

    Significativamente, em 1980, face a uma destruio de grandeza sem precedentes, a atitude geral foi diferente. E isto marca uma viragem verdadeiramente histrica.

    A palavra de ordem, lanada logo a 4 de Janeiro- enxugar as lgrimas e arregaar as mangas - arrancou imediatamente a reconstruo.

    Sobre o que ento se fez, ao impulso de decises tomadas a quente, sobre os problemas e o seu doloroso significado humano, pode hoje formular-se, e neste Encontro ter-se- feito concerteza, uma apreciao fria e desapaixonada.

    Por mim no me envergonho d e admitir que tenham ento sido cometidos erros. S quem nada faz, nunca se engana. E naqueles dias aflitivos foi preciso fazer muitas coisas e traar rumos, com o tempo depois aferidos e retocados, mas desde logo criando expec-tativas e compromissos com efeito no futuro .

    Nunca me arrependerei porm de ter logo no primeiro dia decidido que a cidade de Angra do Herosmo seria reconstruda segundo a sua traa original.

    Surgiram desde o incio opinies diferentes, precipitadas, inconsequentes, falando de varrer os destroos e erguer aqui uma cidade nova e moderna .. .

    Mas que seria de ns sem a mimosa harmonia dessa cidade, bem como alis, sem as outras cidades e vilas antigas dos Aores?

    Um povo sem passado, tambm no tem futuro .. . e no nosso patrimnio arquitect-nico - na majestosa sobriedade das igrejas e conventos, na beleza altiva dos palcios e casas nobres, na simplicidade das construes rurais - est a memria do nosso viver ilhu multissecular, a marca das geraes que nos antecederam e cujos gnes em ns persistem, muita da personalidade aoreana, da nossa alma.

    A opo pelo restauro e conservao dos monumentos e pela preservao de uma certa tonalidade de arquitectura e paisagem um acto de cultura, mas tem consequncias prticas, em especial, de ordem financeira e poltica, entre ns colectiva e consensualmente assumidas.

    Os meios aplicados para essas finalidades no podem s-lo para outras. H aqui, pois, uma escolha, uma definio de prioridades. Mas o seu resultado, para alm do deleito do esprito, tambm possui efeito econmico positivo. A diferenciao cultural, , nos nossos tempos, um atractivo turstico. Os investimentos feitos neste domnio, em todas a ilhas dos Aores, vo pois ter rentabilidade assegurada no longo prazo.

    O Governo aposta forte na promoo do Turismo como um dos vectores principais do desenvolvimento do Arquiplago. E, em convergncia de posies, a prpria Comunida-de Europeia define tambm formas concretas de apoio para a recuperao e valorizao dos nossos edifcios de especial valor.

    Temos em execuo at 1992, um programa Nacional de interesse Comunitrio, no montante inicial de 18 milhes de contos, incluindo importantes obras de restauro de monumentos em vrias ilhas.

    Naquela fase inicial, porm, aps o sismo, s podamos contar com Deus e com os nossos prprios recursos e energia .

    IX

  • Veio pouco depois ao nosso encontro uma maravilhosa ond a de solidariedade, prove-niente do nosso prprio Pas, antes de mais e como era devido, e tambm de pases amigos, mormente dos Estados Unidos da Am rica e do Ca nad, onde vivem, h vrias geraes, numerosas comunidades aorea nas.

    O Governo da Repblica, ento liderado por Fra ncisco de S Ca rneiro, apressou- e a dar sa tisfa o s solicitaes apresentadas num clima de salutar e eficaz d ilogo, alis sempre por ns desejado c mantido desde o incio da Autonomia e ainda hoje.

    Minhas senhoras e meus senhores: Os resultados da reconstruo esto vista e so motivo de honra para todos os

    aoreanos. Graas s cautelas postas e aos recursos financeiros mobilizados, Angra do Herosmo

    conseguiu at ser inserida, aps o si mo, na lista do Patrimnio Universal da Humanida-de, como marco da expanso europeia no Atlntico.

    Por outro lado, do sismo e dos seus imensos es tragos, foram tiradas lies de imed iata eficcia.

    Criou-se o Servio Regional de Proteco Civi l, qu e ao longo dos anos tem vindo a ser equipado em termos convenientes. A sua capacidade de resposta fo i j testada nas cri ses ssmicas mais recentes e em outras circunstncias de ca lamidade ou de perigo.

    A Universid ade dos Aores foi dotada com os meios necessrios monitoragem dos movimentos tectnicos e vu lcnicos.

    Tem-se feito preveno e exerccios at mesmo nas escolas, tendo em vista prepara r a populao para a eventualidade de uma situao crtica ou de ca tstrofe.

    Muitos edifc ios de construo antiga, pblicos e p rivados, tm sido objec to de beneficiao e fortalecidos.

    Os novos equipamentos colectivos respeitam rigorosa mente as regras anti-ssmicas. Vai-se difundindo uma nova mentalidade, mais serena, face s pecularidades do nosso

    viver ilhu. Apesar de tud o isto, porm, o risco permanece ... e se porventura viessemos a ser

    confrontados, em algum d ia incerto - Deus ta l no permita ... - com uma catstrofe de repercuses parecidas, reagiramos colectivamente da mesma maneira denodada e forte, triunfando sobre as consequncias da adversidade em pouco tempo?

    Por mim julgo que sim. Quero crer que sim ... , mas preciso trabalhar agora e sempre, sem descanso, para consolidar a unidade, a solidariedade, a fraternidade aoreana, que foram o mote da reconstruo, que do contedo e vigor ao projecto da autonomia e inserem os Aores, de cabea ergu ida, no nosso Pas, na Europa e no Mundo."

    X

  • PRINCIPAIS MEDIDAS LEGISLATIVAS*

    Da vastssima legislao produzida pelo Governo da Regio Autnoma do Aores, nos dias imediatos ocorrncia do sismo, bem como ao longo dos anos seguintes, cabe-nos rea lar e transcrever, por considerarmos histricas as seguintes med idas: -A 3 de Janeiro: a constituio do Centro de Apoio ao Sinistrado - A 4 de janeiro: a declarao do estado d e necessidade em todo o Arquiplago;

    a criao do Gabinete de Apoio e Reconstruo- GAR; a criao do Fundo de Apoio e Reconstruo- FAR.

    Despacho Normativo n. 2/80

    As trgicas consequncias do terramoto do dia 1 de Janeiro de 1980 geraram em toda a Regio um grande movimento de solida-riedad e, que se regista com muito apreo. importante assegurar uma coordenao e fic az das div ersas ini ciativas espon-tan ea mente s urgidas, afim d e as fazer corresponder s necessidades. Assim, determino: 1 - So constitudos "Centros de Apoio aos

    Sinistrados da Crise Ssmica de 80" -CASCS 80- nas ilhas de S. Miguel e Faial;

    2- Nas ilhas d e Santa Maria, Pico, Flores e Corvo os CASCS 80 funcionaro em base concelhia, sob orientao dos respectivos presidentes das cmaras municipais;

    3- Os CASCS 80 constituem, em cada ilha ou concelho em que funcion em, a entidade oficial encarregada de recolher d vi v as em espcie, gneros alimentcios, roupas, etc., e de anotar os oferecimentos, que eventualmente sejam feitos, de alojamento, trabalho voluntrio ou outras quaisquer formas de cooperao;

    4- Os CASCS 80 estabelecero o necessrio contacto com o Centro Coordenador a funcionar em Angra do Herosmo, encaminhando as ddivas e outras ofertas conforme for indicado;

    5 - O CASCS 80 d e S. Miguel funciona na Presidncia do Governo, sob orientao d o Director Regional da Comunicao So-cial, Antnio Loureno de Melo;

    6 - designado para integrar tambm o CASCS 80 d e S. Miguel o Comandante dos Bombeiros Voluntrios de Ponta Delgada, lvaro Lemos;

    *Tex1o introdutri o e >eleco das medidas legis lat ivas e laborados pela SR HOP ( r dos Ed.)

    7 - O CASCS 80 do Faial funciona na Secretaria Regiona I dos Transportes e Turismo, sob orientao do Adjunto Dr. Manuel Herberto Medeiros Quaresma.

    Presidncia do Governo, 3deJaneiro de 1980. - O Presidente do Governo Regional, Joo Basco Mota Amaral

    Resoluo N 1/80

    O sismo do dia 1 do corrente constitui, pelos tremendo efeitos d e destruio que causou nas ilhas Terceira, S. Jorge e Graciosa, uma autntica calamidade pblica.

    Contam-se por d ezenas os mortos, h centenas de pessoas feridas; ascendem a milhares os edifcios destrudos ou seriamente afectados; estima-se em cerca de quatro mil o nmero de famlia s cujos lares foram devastados; algumas p ovoae foram praticamente arrasadas; Angra do Herosmo encontra-se muito seriamente arruinada .

    As tarefas de apoio aos sinistrados e de reconstruo tm de mobilizar, em esprito de verdadeira fraternidade, todas as energias e todo o entusiasmo do Povo Aoreano e do seu Governo.

    Atendendo ao alto nvel ClVJCO demonstrado em todas as ilhas em face da catstrofe do dia 1, s indesmentveis provas de solidariedade j surgidas, julga o Governo suficiente r eco nhe ce r publicamente a ex is tncia, na Regio, de estado de necessidade, nos termos da lei geral.

    Assim: O Governo da Regio Autnoma dos

    Aores resolve declarar em estado d e necessidade todo o Arquiplago, de modo especial as ilhas Terceira, S. Jorge e Graciosa, em virtude das consequncias, derivadas do

    XI

  • sismo do dia 1 de Janeiro de 1980 e tendo em vista o apoio aos sinistrados e reconstruo.

    Presidncia do Governo, 4 de Janeiro de 1 980. -O Presid ente do Governo Regional, Joo Basco Mota Amaral

    Resoluo N~ 2/80

    O Governo d a Regio Autnoma dos Aores, considerand o a gravidade e ampli-tude dos problemas emergentes do sismo que, em 1 d ocorrenteseverificou emalgumas ilhas da Regio, com especial incidncia nas ilhas Terceira, S. Jorge e Graciosa, resolve: 1 - cri ad o o Ga binete d e Apoio e

    Reconstruo d os estragos d eri vados da cri se ssmica d e 1980, abreviadamen te d esig nado p or GAR, integra d o n a Presidncia d o Governo e com sed e em Angra d o H erosmo.

    2 - So atribuies d o GAR: a) - representar o Governo perante todas as

    entid ades ofi ciais e particulares no que se relacione com o aux lio aos sinistrad os e reconstruo;

    b) - coordenar a actuao dos diversos d epartamentos, servios e entidades nos primeiros auxlios;

    c) - elaborar as propostas d e planos e programas gerais de auxlio e reconstruo a submeter aprovao do Governo Re-gional e coord enar a sua execuo.

    3 - O GAR d epend e directam ente d o Presidente d oGoverno, que pod er delegar em pessoa a designar por despacho.

    4 - O GAR poder contratar, a prazo, o pessoal necessrio ou proced er sua r equis io junto d os d epa rtam entos centrais e regionais e das autarqui as locais.

    5 - Es ta Resoluo entra imediatamente em vigor.

    Presid ncia do Governo, 4 de Janeiro de 1980. -O Presidente do Governo Regional, Joo Bosco Mota Amaral

    Resoluo N~ 3/80

    A necessidade de acud ir de imediato s consequncias ca lamitosas do sismo do dia 1. d e Janeiro e s subsequentes tare fas d e reconstruo impe a mobilizao, em re-gime d e emergncia, pelos m eios mais

    XII

    simples possveis, d e recursos financeiros muito avultados.

    Po r out ro lad o, o impress io n a n te movimento de solid aried ade pa ra com as vtimas do sismo, alargado a toda a Regio, ao Continente e Madeira, s comunidad es de emigrantes e a t a di versas institu ies e entida d es es trangeiras, precisa de ser enqu ad rado em termos adequados, d e modo a evitar d isperso d e esforos: pela magni tude d os pro ble m as a enfrenta r es ta m o s mani festamente perante uma ques to de Estado, que Regio e ao seu Governo com-pete solucionar.

    Assim, Governo da Regio Autnoma dos Aores resolve: 1 - criad o o Fund o de Apoio e Re-

    construo d os estragos d erivados da crise ssmic a d e 1980 , abrev iada m ente d esignado p or FAR.

    2 - O FAR recolh er tod as as receitas destinadas a auxiliar os sinistrados e a financiar a recons truo e p aga r as d espesas que, com idnticos objectivos, sejam determinados pelo Governo, pelo seu Presidente ou pela pessoa em quem este delegar a d ireco do GAR.

    3 - Tod as as importncias em dinheiro proven ie nt es d e d oao de p essoa s sing ul ares ou colectivas, p bli cas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, obtidas espontneamente ou mediante colec tas, peditrios, subscrio ou outras quaisquer iniciativas, d evem ser entregues ao FAR com a maior brevidade.

    4 - O no cumprimento do disposto no nmer o anteri o r d a r o ri g em a procedimento criminal, por desobedincia contra os responsveis.

    5 - O FAR d epende direc tam ente d o Presidente do Governo, que poder delegar em pessoa a designar por d espacho.

    6 - O Regulamento do FAR ser aprova do por portaria .

    7 - Es ta Resoluo entra imediatamente em vigor

    Presidncia do Govern o, 4 de Janeiro de 1980. - O Presidente do Governo Regional, Joo Basco Mota Amaral

  • NDICE

    Volume 1

    Pre mbulo

    Sesso de abertu ra - Discurso proferido por s Ex o Secretrio Regional da Habitao e Obras Pblicas .

    Sesso de encerramento - Discurso proferido por s Ex o Presidente do Governo da Regio Autnoma dos i~ores .

    ndice

    Angra do Herosmo. Contribuio pa ra o estudo da evoluo histrica da ocupao (a lgu ns testemunhos arqueolgicos) .. ............................ ..

    F. Maduro Dias

    Refl exos do sismo de 80 na forma urba na de Angra .............. .. ]us A Vieira

    Angra do Herosmo. Uma experincia urbansti ca A Tentgal Valente; F. Pires de Morais; A. Vilela Boua; M. Marques de Aguiar

    Cmara Municipa l de Angra do Herosmo - O licenciamento e fiscalizao das obras de reconstru o no concelho decorrentes do sismo de 1/ 1/80.

    Miguel Lima

    Recuperao urbana da cid ade de Angra do Herosmo aps o sismo de 1 de Janeiro de 1980 ... Roberto Leo

    Espao Livre "non "clificandi'' em centros urbanos an tigos A 11a Gonalves da Silva

    lii

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    17

    25

    45

    55

    73

    A segurana e a salvaguarda do patrimnio arquitectnico Srgio Infante

    .... ...... ..... ................ .. 77

    Quantificao do movimento ssmico aqLtand o do sismo d Carlos S. Oliveira

    1 de janeiro de '1980 .... .... .... ............... . ......... 83

    A sismicidad e histrica dos Aores e o sismo de 1 de janeiro de 1980 M. Justina Correia; Paulo A. /?.eis; Jos C. Nunes; Victor S. Moreira

    O t unami do sismo dos Aores de 1/1/80. M. Marcos l?.ita

    127

    .. 135

    Estudo da acti vidade ssmica na ilha de S. Miguel entre 12 de Janeiro e 30 de Setembro de 1980 ... 137 M. Manu ela Mendes

    Sismicidade instrumental dos Aores no perodo 1980-1989. Implicaes neotectnicas . ..... .... ...... . .. ..... . for/o C. Nunes; Jos L. Alves; Victor I-lugo Forjz

    A rede universi t ria el e vigi lncia sismovuJcnica dos Aores (RUVS) .. . Joo C. Nunes

    O regi me tectnico nos Aores ... Jos Madeira; Antnio Ribeiro

    Mod elos tectn icos dos Aores . Frederico Machado

    Geodesia aplicada gcodinmica dos Aores ................ . Joaquim Pagare/e; Jorge T. Pinto

    Resu ltad os preliminares do leva ntamento acromagntico dos Aores Joaquim F. Lu s; J. M. Miranda; L. A Mendes- Victor; l. Abreu

    141

    161

    163

    175

    181

    197

    XIII

  • Estudos da estrutura da crosta e man to su perior nos Aores M. " Luisa Senas; Jos C. Nunes; Victor S. Moreira

    Consideraes sobre o ri sco vulcnico dos Aores Victor 1-/ ugo Forjz

    Sismo de 1 de janeiro de 1980 vis to 43 horas aps. Notas e comentrios . Eduardo Manaas

    205

    .... 21 5

    223

    Primeiros dias depois do sismo. Algumas aces im ediatas - demolies, vistorias e apoio tcni co... 231 A. Rui Andrade

    Aces desenvolvidas pela Direco de Servio de Habitao nos primeiros meses a seguir ao sismo de 1/ 1/80. . . ..... ...... .. .. .... ... ...... .. ........ . . .. .. .... .... ..... ...... ... 235

    Jos Maria Cymbron

    Aces de apoio reconstruo. Notas sobre o funcionamento do Gabinete de Apoio e Reconstruo . 241 f. H. Correia Guedes

    Contribuio para a historiografia d o sismo dos Aores de 1 de janeiro de 1980. Esplio do CAR e documentao sobre a reconstruo . .. .. ......... .. . .. ... 263

    A. Lucas; J. H. Correia Guede , Carlos S. Oliveira Breves notas sobre a aco do Laboratrio Regional d e Engenharia Civil no sismo de 1980

    Jaime Meireles; Rui Camilo .............. 275

    Aces de apoio reconstruo. Demolies especiais .. f. H. Carreia Guedes

    ...... .. ... 279

    Aces de apoio reconstru o. Actividad e de remoo de escombros e entulhos. f. H. Correia Guedes

    O parque habitacional e as igrejas paroquiais aps o sismo de 1/ 1/80 na ilha Terceira Primeiros levantamentos . ..... . .. .. ... .. ........ .. .... ...... ...... ..

    l. Pricles Ortins

    291

    299

    O sismo de 1980 no grupo central dos Aores. Efeitos e aces. Consequncias onze anos depois . . .. ... .. 313 Alberto Soeiro

    Reflexes sobre a poltica de reconstruo seguida aps o sismo de 1980. Recomendaes . .. ..... ...... .. 333 Marcel o Bettencou ri

    A proteco civil e o sismo de 80 .. .. .. 347 Joana Lima Matos

    Notas sobre os princpios a ter em conta na reconstruo de zonas atingidas pelo sismo de 1/ 1/80, nos Aores. .. .......................... .. . 353

    Artur Ravara

    Volume 2

    Caracterizao da edificao de alvenaria tradicional. Elementos para o estudo do comportamento e recuperao do parqu e habitacional aquando do sismo de 1/ 1/80 nos Aores ... ..... ... .. ......... .. 357

    f. H. Correia Guedes; Carlos S. Oliveira Algumas consideraes sobre o com portamento das edificaes com elementos em beto armad o ....... .. . 461

    Carlos S. Oliveira

    Comportamento dinmico d e algumas estrutu.ras d e beto armado durante o sismo: Semforos do Monte Brasil e Praia da Vitria; Hospital de Angra do Herosmo; Depsito elevado de guas da Base A. n.2 4 das Lajes; e Fa rol do Topo, S. Jorge ..

    Carlos S. Oliveira; M. Ritto Corra; Anabela Mart ins

    Comportamento e reparao das redes d e dis tribuio de gua e colectoras de g11 as res iduais domsticas ................ ...... .. .. ..

    Jos Francisco Carvalho

    XIV

    .. . 481

    .. . . 519

  • Compo rtamento e recupe rao das redes de energia elctri ca - ismo 80 .. . ... 523 L Garcia de Vargas; O. Pres lon Brs; A Santos Caiado

    Efei to d o s ismo de 1 de janeiro de 1980 nas infraes truturas de telecomuni cae dos CTT nas ilhas Terceira, Gracio a e S. Jorge . . .. .......... ............... ....... . 533

    }. Data Fran co Metodologia da interveno para a recuperao do parque monumental

    A. Rui Andrade

    Restauro e rees truturao (anti-ssmica) na recupera o de edifcios his tricos na Regio Autnoma dos Aores

    Domingos Vaz Jr

    Reparao e reforo da estrutura de beto armad o do edifcio da escola secundria de Angra do H erosmo .

    JIiio /\ppleton; Joo Almeida; Joo Appleton Conservao e reparao de es truturas. Uma reflexo ....................... ......... .. .... ... .. ... .

    j. Santos Pinto Aces de apoio recons truo de prdios danificados pelo sismo de 80/01/01 nos Aores. Avaliaes e cedncia de materiais. .. ...... ....... .. .... ... .......... . ...... ... .. ... ... .. ..... .

    Ricardo S. Couceiro

    Mtodo de estimao de cus tos d e reabilitao d e edifcios de habitao. M . Moreira Braga; Artur Bezelga

    Anlise de a lguns dados apresentad os nos relatrios d o GAR e de dados da SRHOP sobre a reconstruo . ... ... ...... .... .. . .... .. ... .... .. ............... ...... .. ............ .. ... ..... ... ..... ... .

    A. Lucas; Ca rlos S. Oliveira; ]. J-l. Correia Guedes

    ..... 535

    56

    . ...... .... 607

    . ........ 613

    . .. .... . 615

    . ..... 621

    . .... . 633

    Quantificao dos danos observados no parque habitacional e do p rocesso da reconstruo .. .. .. .. ... ..... .. ... 667 A. Lucas; Carlos S. Oliveira; j. H. Correia Guedes

    Metodologia para a quantificao d os danos observados no parque monumental ........ .. .... ....... ... . . 743 Carlos S. Oliveira; A Lucas; J. H. Correia Guedes; A Rui Andrade

    Uma ava liao das despesas gerais com a reconstruo. Joo E. Brito; j. H. Co rreia Guedes

    Poltica financeira da recons truo. Fontes de fin anciamento. Situao ach1al Carlos Bedo

    Angra d o Herosmo. Alg uns elementos de informao .. F. Maduro Dias

    Relatrio de Actividades do Encontro "10 Anos Aps o Sismo"

    Prembul o ..... . Promoo, Organizao e Secretariado Programa geral . . ..... ... .. ..... .. ............ ............. . Sesses de abertura e encerramento Programa das sesses tcnicas ..... .... ...................................... . Programa da sesso na Pr

  • ,

    ANGRA DO HEROSMO CONTRIBUIO PARA O ESTUDO DA EVOLUO HISTRICA

    DA OCUPAO (ALGUNS TESTEMUNHOS ARQUEOLGICOS)

    F. R. Maduro Dias*

    1. Desde as referncias de Pompeo Arditi no sc. XVI at, mais recentemente, Teresa Bettencourt da Cmara, o desenvolvimento da cidade de Angra do Herosmo, sua implan-tao no terreno e as ques tes histri cas e urbansticas subjacentes tm sido motivo de investigao.

    A presente contribuio no pretend e mais do que si tuar no terreno o conhecimento que, pela via arqueolgica, continuado pela pesquisa documental, se tem hoje da cidade desde o sc. XV, at finais do xvu quand o a mancha que hoje a cidade de Angra fi cou definiti vamente consolidada.

    Angra, preciso nunca esquecer tendo em conta as tcnicas e os materiai s da poca, no existindo em meados do sc. xv j cidade, sede da Diocese, em 1534. Quer isto dizer que em cerca de 70 anos, "ex nihilo", o cerne da cidade foi, todo ele, construd o, apro-veitando ou modificando o terreno escolhido.

    2. O espao escolhido para a cid ade era uma cova, aberta em anfiteatro para sul, atravessada por uma ribeira de guas permanentes no muito caud alosa mas profunda-mente encravada no terreno. A escolha residiu no facto de a costa apresentar trs amplas baas separadas entre si por dois promontrios, o principal dos quais, o Monte Brasil, formando uma formidvel muralha de p roteco contra as intempries.

    Pelo conhecimento actual sabemos que pelo menos duas fa lhas, a do Espigo e a da Memria, atravessavam a cidade no sentido norte/sul. Na poca o que se sabia era que os ventos de oeste eram dominantes, seguidos dos de sud este e que, com a ribeira no fundo do vale, s restavam, para princpio de ocupao, os topos das colinas, nomeada-mente a crista formada pelo outeiro da memria e Corpo Santo.

    O arvoredo, nomeadamente faia e ced ro, ocupava toda a rea, como pode ainda hoje ser testemunhado na abertura de caboucos para novas construes.

    3. Em termos de ocupao humana a charneira que a cidade representa em termos culturais est perfeitamente presente e so palpveis os efeitos, posteriormente conjuga-dos, de hbitos urbansticos medievais, por um lado, das ressonncias renascentistas pro-gressivamente mais sensveis, por outro, e ainda do conhecimento dos navegadores e mareantes.

    A primeira fase do casario parece coincidir com a ocupao da crista de colinas que vai desde a Memria at ao Castelinho. Os arruamentos agarram-se ao terreno, a lgica das curvas de nvel que funciona. Ainda hoje fcil detectar edifcios dos mais arca icos na cidade; pela via histrica, sabe-se que a primeira fortaleza foi o Castelo de S. Lus (1474) e documentos mais recentemente descobertos referem propriedades na zona do Castelinho.

    ainda na poca de lvaro Martins Homem que se desvia a ribeira transformando--a na espinha dorsal do sistema industrial da cidade (com azenhas, alcaa rias e pises de

    * Licenciado em Histria, SREC / GZCAH

  • linh o, a lg un do qua is visveis a inda hoje) e cri ando e pao na zona baixa para a nova cidade qu e ir urgir.

    A ba c nava l q ue quas logo desde incio se comea a de enhar, definir a cidade de modo eviden te, ori en ta nd o a maioria das ruas para o mar, definin do- lhe as fu ne e cri a ndo u ma malha d e a pccto ortogona l mas qu e, na verd ade, apresenta nos a rrua mento o de vio de a lg uns g ra us, necess ri o pa ra evita r a entrad a franca de ventos na cid ad e.

    At ento o eixo principa l norte/ ui (Ru a do St. 12 Esprito/ Ru a Direita), colocand o-- e ' Obre ela a Mi e ri crdia, a ca a da C mara c a casa do Ca pito. Com os terrenos baixo des impedid os e c eixo va i ofrer uma a lterao de 90 graus, aparecendo assim, embora d escentrados, o "cardio" e o "decumanu s", e o qu adriculado de ruas q ue hoje estrutu ra a Baixa da cidade implanta - c, muito embora isso no queira sig nifica r a to tal in existncia d e habitao d o lad o poen te da ribeira, pois perfeitamente na tural que aquilo q ue hoje a fregue ia do Santssi mo Sa lvador tivesse um nascimento pa ra lelo ao da fregu es ia da Conceio.

    Ser sobre a nova rua qu e ir implanta r-se - j o sc. XV I adi antado - a Igreja da S. Ma essa ru a conduzia j antes di so ao celeiro da cidade, o Alto das Covas, o qu a l definia ento o lim ite oeste d a cidade, d eixando de fora o Bairro de S. Pedro.

    4. Um a pecto interessa nte- do ponto d e vista da arqueologia do territrio, se a sim e quiser chan1ar - a olocao dos centros d e poder na cid ad e.

    Quando o povoad o surge sem dvida o Ca pito Donatrio a fi gura mais importante. seja lva ro Martins Hom em (q ue verda deiramente no o foi) seja Joo Vaz Corte Real , o cen tro da cidade cresce ua vo lta com o morro da Memria a servir-lhe de ncleo.

    Po te rio rrnente, aumentada a cidade, a casa da C mara e a Casa dos Vinte e Quatro, situ ada em bora sobre a mesma linha que, pela Rua Direita, leva ao porto, separam-se da casa do Ca pito e insta lam-se na Praa que, progressivamente, ao longo d os sculos ir aumenta nd o de rea, m erc das obras de construo de novos Paos do Concelho.

    o primeiro quarte l do sc. XV I, Pro Anes do Canto, o primeiro que des te apelido pa sou Terceira , instala- e corno o Provedor das Armadas c Naus da ndia. A sua fun o nad a tem a ver com aquela outra de ca riz medieval instalada na base do morro d a Mem ria nem com o Municpio. Pro A. Ca nto depend e directamente el o Rei e a sua acti vidad e exige-l11 o controlo dire to e efi caz de um acesso ao mar. Ser o Porto das Pipas, e o Provedor instala-se na zona do Corpo Sa nto.

    A Igreja, certamente o mais poderoso dos trs e tados tem uma dinmica diferente. Os conventos e m os teiros instalam-se em cintura vo lta da cidade, com forte pred o-

    minncia d e Francisca nos. sobre tudo a Diocese que ao insta lar-se a meio da rua prin-ipal cria um novo plo de poder, longe do d e origem medieval, afastado do comercial

    e em plena urbe burgu esa e merca ntil. Os pa lcios ou sola res e truturam os quarteires dia loga nd o com os conventos por

    form a a assegurar a con veniente ind ependncia de cada um. Rc ta u m morro, o maior de todos e o qu e pode ter uma vid a mais autnom a, o Monte

    Brasil. Q ua ndo a partir d e 15 3 a cidade se torna no ponto de apoio s fro tas de Espanha a q ue outro centro de poder se va i instala r, protegid o por 5 km de mura lha impenetr-vel e tes temunhand o na orga nizao do casa rio interior uma o utra lgica urbans ti ca . A Praa de Armas, contrariamente pequ ena praa portuguesa qu e a Praa Velha e ond e a ma ra a pea centra l, ava ntaja da e, mesmo tend o em conta que se tra ta de uma estrutura milita r, apre nta uma c cala totalmente diferente.

    2

  • Por outro lado a tenso habi tualmente vis vel na praas de Espanha entre o poder r a i o poder de Deu e t pre ente: a casa do Governador tem sua fre-nte, do outro lado,

    a pequena ermida que ervia guarnio. Ta l comportamento bastante diferente do habitual nas praas portugue as, onde u m

    edifcio de grand e p rte marca o centro da atenes ( eja ele civil ou religioso). Em 1645, conquistado o castelo, o portugue es destroem esta mesma tenso com,truindo em lugar proeminente, fronteiro porta de armas, a Igreja de S. Joo Baptista.

    Em fin ais do sc. XVI a cid ade est estruturada c o Bairro de S. Ped ro caminha pro-gre ivan1ente para a absoro pela cid ade que cre ce.

    Apenas trs mom ento con truti vos iro de envolver- e a partir de ento e a t hoje: I - Em meados do sc. XVll, sob a liderana do Capito Joo vila, o que hoje o

    bai rro de S. Joo de Deus con trudo para abrigo de fa mlias de menores recur os.

    II- No anos 50 / 60 do nosso sculo as zonas das chamada avenidas novas e elo Fanai so ocupadas.

    III - A seguir ao ismo de 19 O e in talad o em terrenos talvez melhore para a agricultura do que para a habitao, so con trudos, em tempo record e, os trs ba irros conhecido como: St. Luzia, Lameirinho c Terra-Ch, este ltimo j longe d a cidade.

    ntido o abrandamento que se verifica a partir d e meados d e 600 at aos anos 60 do nosso sculo.

    o di zemo estagnao porque a imagem verti ca l da cidade muda ba tante duran te os sculos XVIII e XIX ubstuindo- e velha habitaes por outras mai aburguesadas.

    Muito mais r ntemente, embora com plano j em preparao data do sismo de 80, o chamado Bai rro do Desterro / Guarita, ocupando uma rea tradicionalmen te usada como barreiro para a produo de telha regional, surgiu, preenchend o um vazio na muralha urbana .

    Ser intere sante do ponto de vista da arqueologia da mentalidades ana lisar no futuro o que na verdade significam histrica, tcnica e culturalmente as nova habi taes ali construd as .

    5. A arqueologia que aqui foi feita e o te temunho que e apresentam cm anexo talvez no corre pondam ao habitual concei to que e tem d esta cincia.

    Como noutro trabalho fi zem o referncia, os tempos de ca t trofe no so os mais aconselhveis; porm, julgamos poder ler no terreno o seguinte:

    a) uma 1 ' ' fase de povoamento sobre a crista de colina ainda de cari ma med ieva l. b) uma 2. fa e, posterior ao de vio da rib ira em que a ressonncias da Renascena,

    os conhecim entos dos navegadore e a nece idade e tratgica de aproveitam ento do p orto originam a Baixa da cidade;

    c) as dinmicas dos di ver o podere que s cruza m na cidade determina m ocupaes preferenciais de determinado e pao urbano ;

    d) a cid ade, pelos te temunho arqu eolgi os encontrados no terreno, ocupa, com uma rapidez qu e pelo meno a n imprcs iona, tod o o a nfiteatro de modo a que em mea dos do culo XVI ela m gra nd e medida o qu Joo Hugo Lin chot n d esenhar em 1589 e qu e no e afa ta muito do centro hi trico de hoje.

    3

  • I I REFERNCIAS

    Cmara, T. B. da - Urbanismo Angren e: da Fundao Quatrocentista Cidade do Renascimento. ln Revista do Ins tituto d e Cultura e Lngua Portuguesa, Dez. de 1989, nY 18.

    Dias, F. R. M. - Pesquisa Arqueolgica aps o Sismo. ln Problemtica da Reconstruo, actas da Vl Semana de Estudos do Instituto Aoriano de Cultura.

    Forjz, V. H. - Carta Geotectnica da Terceira. Esboo Tectnico Preliminar. Jan. 1980. Gaspar, F. - Saudades da Terra , Livro VI. Ed. d o Instituto Cultura l de PDL. Gygax, C. - Contribuio para a Geografia de Angra do Herosmo, Ponta Delgada e Horta . ln

    Boi tim do IHIT. Lima, M. C. Baptista de - Um Ca tela Medieval nos Aores. Jn Castellum: Revista da As-

    sociao Portuguesa dos Am igos dos Castelos. Maldonado, Pe. M. L. -Fnix Angrense. 1. vol. Edio do lnstit. H istrico da Ilha Ter-

    ceira . Pesara, P. A.- Viaggio ali' isola di Madera e alie Azzorre (1567) . ln Documentos para o Estudo

    das Relaes Culturais entre Portugal e Itlia, vol. U, Florena . 1934.

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    SAIA DE ANGRA

    Carta d e l oc

  • Foto 1 - Rua Recreio dos Artistas. Verga de porta em form
  • Foto 4 - Rua da S n." 110. o edi -fc io existente neste loca I fo ram en-con tradas j em reutil izao restos de o mb rei ras e ve rgas desqu inada datveis dos incios do Sculo XV I. Os vos do lado esquerdo da foto ao nvel d o 1.0 an da r - encontrad os in situ aps 1980 - eram idnticos aos referenciados com o nmero 15 e la-deavam um armrio de pa rede, de pedra . . Retirados do local durante a reconstruo do edifcio.

    Foto 5 - Rua da Palha 73-75. Poro de verga g tico-manuelina, Sculo XVJ. Encontrada aps o sismo de 1980, usava em sis tema d e reutilizao como verga de um vo do Sculo XV IJ ou xvm.

    Fo to 6 - P ti o d e Alf nd ega . Presumveis restos da primitiva igre-ja da Misericrdia ou a inda do Sa nto Esprito. Sculo XV I. Actualmente no Museu de Angra do Herosmo.

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  • . - '

    ' ~~

    Foto 7 - Beco ii ru ~ a lero. Ca-chorros d e s uporte no pe rcurso da anti ga ribeira do moinh os . Sculo XV /XVI. Ainda i11 situ.

    Foto 8- Rua Pro A nes do Canto 17--17 A. data da recons-truo foram detectados, em reutili zao, uma ve rga eme-lhante referida em 15, mas sem o pormenor central, no vo centra l r /c e uma poro de verga ou ombr ira de ca nta ria trabaU1ada ao nvel do 1.0 and a r. Sculo XV I. Perdidos d uran te a recons truo.

    12

    ~~

  • Fo to - Largo dos Remdios. Vo do Solar dos Remdios, rc idncia dos Provedore da Armadas. Scul XVI. Aind a in itu.

    Fo o 10 - Lader S Franc-i"co. Mo-inhos de gua - sis tema d e roda vertical - localizados no percu rso da ribeira desviada, ai nda no Sculo XV, por lva ro Ma rtins Homem. Aguar-dam recuperao.

    Foto n - .Rua da Garoupinha L Vo de porta com ar s tas d e quinadas. Finais do cu lo XV meado do Scu-lo XVI. Ainda in situ.

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  • r;oto 12- Rua da Garoupinha 12-'14. Possu i no seu interi or e sob a argamassa colocada aps o sismo 'I 980 vos de aresta desqu_inada semelhantes ao referenciado com o n mero 16.

    Foto 13- La rgo de Santo Cristo. Sob a relva do jard im Central encontram--se os res tos do ca nal da levada da ribeira dos moinhos e, muito possi-velmente, do lava doiro que ali exis-tia. Sculos XV /XVI.

    Foto 14 - Lad eira de S. Francisco. Con vento de S. Francisco. Ac tu al-mente mu eu. Elementos arqu itect-nicos da primiti va igreja do Conven-to Francisca no do sculo XV ond e fo i sepultado Paulo da Gama irmo de Vasco da Gama.

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  • Foto 15 - Ladeira de S. Francisco Antigo Convento de S. Francisco. Vo co m elementos g ti co-m anu eli nos tard ios. Sculo XV I.

    Foto 16 - Rua do Piso 70. Vo de porta com cantarias desquinadas. Finais do Sculo XV.

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  • REFLEXOS DO SISMO DE 80 NA FORMA URBANA DE ANGRA

    f. Alves Vieira*

    1 - INTRODUO

    Serve a abordagem deste tema para tecer algumas consideraes sobre as consequncias, directa ou indirectas, do sismo de 1980 no espao urbano de Angra. Dentro desta temtica, interessa focar essencialmente problemas da estrutura e forma da cid ade, uma vez que so mai s evidentes na sua imagem.

    Para tal, lano desde j duas proposies que em minha opinio condensam a essncia da p roblemtica urbanstica de Angra:

    - A primeira diz respeito notvel consistncia e clareza do legado arquitectnico e urbanstico que a cidade transportou quase at aos nossos dias. Tal conjunto de memrias e de va lores resulta de um processo de evoluo urbana caracterizado por uma singular ca pacidade de agregao e consolidao da forma urbana que garantiu at ao primeiro dia de 1980 uma rica uniformidade e perfeita continuidade morfologia urbana de Angra;

    - A segunda encontra no sismo de 1980 as principais causas para a rotura e d esinte-grao d e algumas da s tend ncias e virtualidades d a evolu o da forma urbana de Angra.

    2 - ASPECTOS MAIS RELEVANTES DA EVOLUO DA FORMA URBANA

    Comearia por referir sumariamente alguns dos aspectos mais relevantes da evolu o da forma da cidad e, dividindo essa evoluo em dois perodos at data do sismo.

    O primeiro perod o orre po11de evoluo de de a g'nese do povoamento, atravs de um crescimento contnuo c de consolid ao, at ao primeiro quartel do sculo XX.

    O segund o perodo marca um novo processo de crescimento urbano, surgindo novos modelos e novas formas de construir a cidade, tanto ao nvel do monumento /equipamen-to como ao nvel de novas reas residenciais.

    A partir de 1920 a evoluo populacional passa a recuperar do decrscimo do sculo XIX, produzindo-se algumas transformaes no espao urbano de Angra.

    os anos 40, os Servios Urbansticos do Estado elaboraram um instrumento d e orien-tao e conduo das novas expanses da cidad e, designad o por Anteplano d e Urbaniza-o da Cidade de Angra do Herosmo e que prope tambm solues para o centro antigo.

    O plano ento elaborado surge no tan to pela necessidade de corresponder ao aumen-to da populao atravs da d efinio de novas reas residenciais, mas mais pela preocu-pao de resolver, por um lad o, situaes e conflitos de ocupao verificadas no ncleo antigo, e por outro, de criar reas para os novos equipamentos do Estado e novas insta-laes para o comrcio c indstria , particulares ou pblicos (Fig. 1).

    Mas a opo mais not vel deste plano foi a reconsiderao final d e algumas das suas propostas referentes ao ncleo central, que no s garantiu uma maior defesa dos valores d a cidade existente como tambm melhorou algumas d as linhas de orienta o do plano, d esignadamente ao nvel da criao da nova malha urbana.

    * Arquitecto, tcn ico da SRJ-IOP

    17

  • Podemos afirmar que sa lvo raras excepes a posterior compreenso e implementao do plano criou novas reas que reproduziram e mantiveram a imagem homognea e contnua do espao urbano de Angra (Fig. 2).

    A matriz de crescimento reticulada e articulada com os tecidos existentes, conjugada com a ocupao atravs do quarteiro encerrado, permitiram que novos programas, novas formas e tcnicas construtivas permanecessem em sintonia com a morfologia urbana man tida at meados deste sculo.

    De modo mais difuso, veri fica ram-se pequenas operaes d e construo habitacional (Figs. 3 e 4) que, quer pelos mecanismos da sua promoo como pelo resultado da sua forma, constituem situaes exemplares na evoluo mais recente da cidade.

    Assim, a cidade chega constituio do actual quadro autonmico conduzida pelo referido Anteplano que no chegou a ser pos teriormente desenvolvido e aprofundado.

    Com o novo regime poltico e administrativo da Regio, os principais centros urbanos dos Aores so catapultados para novas situaes do desenvolvimento.

    Se por um la do passa a existir uma maior aproximao e capacidade de resposta s situaes e problemas emergentes do territrio urbano, por outro, tambm so insta lados e reestruturados servios e meios pblicos capazes de reabilita rem a vocao e a essncia urbana de Angra.

    3- AS ESTRATGIAS DA RECONSTRUO

    Digamos que at ao 1. dia do ano de 1980 Angra era uma cidade adormecida ao nvel da su a conscincia urbanstica.

    Prefiguravam-se significa tivas transformaes mas o seu impacto seria, por certo, aceite como fruto de um desejado progresso regional.

    Com a tard e do trgico dia a realidade passaria a ser outra. Pe rante uma situao de destruio generalizada do seu centro antigo, a cid ade via-se

    com rduas tarefa s a empreender, que no as de um crescimento na tura l e pouco consequente.

    A reconstruo de Angra levantou desde o incio uma srie de problemas que ultra-passavam a capacidade e efi ccia de resposta das instituies e meios loca is e regionais existentes.

    Na total ausncia de um instrumento urbanstico que regulasse a gesto quotidiana do espao urbano de Angra, para a lm da inexistncia de um conhecimento p rofund o e especializado da forma e estrutura urbana, aumentavam-se ainda mais as incertezas sobre as estratgias de reconstruo.

    Ter sid o da concertao dos interesses locais e regionais com as orientaes dos tc-nicos da DGPU que em breve prazo se formularam as bases essenciais da reconstruo e recuperao da cidade.

    Assim, em termos urbansticos a reconstruo de Angra assentou fundamentalmente nas duas seguintes medidas:

    1. Reconstruo da cidade mantendo as suas caractersticas, formas e fun es anteri-ores ao sismo. Es ta estratgia pressupunha uma recuperao constituda pelo somatrio de aces indi vid uais de reconstruo e reabilitao dos respectivos edifcios ou monu-mentos. Para possibilitar a exequibilid ade de tal metodologia foram accionadas medidas legislativas que criavam os sistemas de apoio financeiro s referid as reconstrues;

    2. Criao a breve prazo de um parque habitacional correspondente aproximadamente a 1000 novos fogos com vista a dar resposta s necessidades das populaes desa lojadas e com dificuld ades de se integrarem nos programas de reconstruo do ncleo central.

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  • Embora nestas medidas j esti vessem implcitos os mecanismos e as aces a desenvol-ver, foi no entanto na sua passagem implementao que surgiram os aspectos mais negativos do processo de reconstruo da cidade.

    o existindo um plano ou qualquer outro instrumento que servisse de plataforma de aproximao e adequao realidade, em termos de forma, de contedo, oportunidade e eficcia, as aces preconizadas pela reconstruo produziram um vazio no entendimento global da cidade.

    A cidade seria reconstruda tendo em conta a sua imagem inicial mas no estava partida garantido o seu enquadramento territorial.

    F'ara o ncleo central as orientaes urbansti cas e arquitectnicas pecavam, por vezes, pela fixidez histrica, no entendendo a cid ade como organismo vivo capaz de sedimentar vrios perodos da sua existncia .

    Reconstruir o "tradicional " onde ele j no existia foi no saber olhar a histria da cidade e negar a prpria condio de regionalismo.

    As intervenes unitrias para criao das novas reas residenciais organizadas em bairros isolados corresponderam em parte adulterao da ideia de recuperar a imagem tradicional da cidade.

    Para a produo dessas novas zonas habitacionais no foram exploradas outras hip-teses e solues que pudessem contribuir para a valorizao e consolidao dos tecidos de transio da cidade.

    Perante tal situao, aliada ausncia da oferta de solo urbanizado, Angra v a sua populao fixar-se cada vez mais fora do seu ncleo central e sobretudo nas reas a poente (Fig. 9).

    4- AS NOVAS REAS DE EXPANSO

    O relativo crescimento que a cidade teve na ltima dcada surge como consequncia directa do sismo de 1980 e corresponde essencialmente s novas expanses habitacionais.

    Bairros como o de Santa Luzia e o de S. Joo de Deus constituram factos novos na imagem da cidade, porque o nico at ento existente, da Santa Casa da Misericrdia, tinha uma dimenso reduzida .

    Das novas reas residenciais ressaltam trs conjuntos que apresentam entre si e a cidad e caractersticas bastante distintas:

    Tratam-se do Bairro de Santa Luzia, do Bairro de S. Joo de Deus e mais recentemente da Urbanizao Desterro-Guarita (Figs. 5 e 6).

    O Bairro de Santa Luzia conseguiu produzir solues sati sfatrias para os problemas habitacionais colocados na altura. J estava previsto antes do sismo e a sua aceitao deve--se sua melhor relao com o ncleo antigo, razovel qualidade dos fogos e espaos urbanos privados e colectivos, executados atravs de uma nica obra, e essencialmente ao facto de as habitaes terem sido adquiridas ao abrigo os programas de incentivo re-construo.

    A estrutura deste bairro aproveitou em parte a rede viria existente e limtrofe o que permitiu uma maior integrao no conjunto dos tecidos envolventes. O desenvolvimento volumtrico dos fogos em bloco multifamiliar e dos conjuntos em banda de casas evolutivas e unifamiliares est adaptado topografia do stio e consegue funcionar como prolonga-mento dos tecidos mais antigos da encosta de Santa Luzia (Fig. 7) .

    No Bairro de S. Joo de Deus (e por analogia, no da Terra Ch) so evidentes os conflitos sociais derivados da difcil adequao dos fogos aos hbitos das populaes que os ocuparam, para alm da exagerada concentrao de famlias com origens pouco comuns.

    19

  • Neste ba irro foram implantadas con trues me t lic
  • Mas no mbito destas preocupaes Angra no continua s. Adivinhe-se, por exemplo, qual ser o resultado da imagem urbana que a breve prazo constituir o novo centro cvico d a cid ade da Praia da Vitria .. .

    Fig. 1 - Zona comercia l e indus tri al. Anos 50

    Fig. 2 - Expa nses do sc. XX anteri ores ao ismo- Rua Capito Figue ired o

    21

  • Fig. 3 - Expanses d o sc. XX anteri ores ao sismo - Rua Dr. Jos

    Bruno Ca rreira

    Fig. 4 - Expanses do sc. XX anteriores ao sismo - Rua Dr. Sousa

    Meneses

    Fig. 5- Expa nses ps-sismo - Ba irro de Sa nta Luzia

    22

  • Fig . 6 - Expanses ps-sismo - Bairro S. Joo de Deus

    Fig . 7- Relao do Bairro de Santa Luzia com o ncleo central da cidade

    Fig . 8 - Expanses ps-sismo -Urbanizao do Desterro-Guarita

    23

  • Fig. 9- Expanses para as zonas a poente da cid ade- Pico da Urze,

    S. Ca rlos

    Fig. ] O- Viadu to da via circular ex terna

    Fig. 11 - Fachada fa lsa d e veda de parq ue d e estaciona mento - Ru a da

    Rocha

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  • A. Tentgal Va lente* F. Pires de Morais** A. Vilela Boua***

    ANGRA DO H EROSMO UMA EXPERINCIA URBA STICA

    M. Marques de Aguiar*

    1 - INTRODUO

    Na sequncia do sismo d e 1 de Janeiro d e 1980 que ati ngiu o gru po central do arqu i-plago d os Aores foi constitud a uma equ ipa tcn ica da ento Direco-Gera l do Planea-mento Urbans tico qu e colaborou em di versas aces de apoio reconstru o da cid ade de Angra do H erosmo.

    No seguim ento dessas aces coube, ain da, aos au tores des ta comunicao elaborar o Plano Geral de Urbani zao da cidad e, bem como d iversos Planos de Pormenor para zonas especfi cas.

    Devido amplitude dos temas abordad os pela equipa enquanto integrada nas aces de apoio reconstruo e na elaborao do PGU, pela arti culao conseguida entre as v ri as actuaes e pelas metodologias ad optadas, considerou-se til apresen ta r es ta comu -ni cao, na qual se focam alguns aspectos mais sa liente e que se enquadram nes tas Jornadas. o se p retend e faze r uma des ri o exaustiva do PGU ou das ace - desen-volvidas, mas sim afl orar os principais aspectos relacionad os com os seguintes temas:

    - Reabilitao urbana; - PGU - a pectos mais salien tes .

    2 - A CIDADE DE ANGRA DO HEROSMO

    Como enquadramento d esta comunicao, considera- e conveniente dar uma pers-pecti va, embora genrica, d a cidade de Angra do Hero mo e zonas envolventes . Pa ra tal apresenta-se em anexo a "Sntese do Inq uri to c Anlise" da memria descriti va d o PGU, da qual nos parece de ex trair os seo-uintes aspectos dominantes:

    A cidade de Angra do Herosmo, situada junto ao mar, no sop da encos ta sul da serra do Morio, forma com o espao rural envolvente um. conjunto de caracter ti cas particu-lares: a partir do seu ncleo an ti go de habitat concentrado, a malha urbana desenvolve--se rad ialmente para o interior, numa inter-relao muito ntida do meio rural e urbano. O intim o relacionamento d es tes dois meios, com acentuadas penetra c que atingem o cerne da cidade, constitui um fa ctor de qual idade do ambiente urbano.

    A topografia bastante irregular organiza nd o- e, de um modo geral em platafo rma relativa mente suaves sepa radas por de nvei bruscos dominantemente de orientao nor te/ /sul.

    Arq, CCRN, DGPU A rq., TEVISIL Eng.", CCRN, DGPU

    25

  • A rea do PGU atravessada por diversas tinhas de gua, regra geral profundamente enca ixadas no terreno. Estas linJ1as de gua tm particular interesse na drenagem das guas de superfcie embora sejam raras as de caudal permanente devid o permeabilidade do solo.

    Os solos de maior capacidade agrcola situ am-se sobretudo na zona nascente da rea do PGU, onde a arbori zao s existe como penetrao dos maiores declives ou formando sebes vi vas de proteco elica. Na zona poente aumenta muito a densid ade de arborizao e h escassez de solos de boa qualidade.

    Para alm do interesse paisagstico global d e toda a rea de interveno merecem referncia especial o Monte Brasil e a zona costeira a poente (que di spem d e medidas de proteco estabelecid as pelo Decreto Regional n. 3/80/ A de 1.2.80), a zona costeira a na scente da cidade, importante para o seu enquadramento, e a zona d e S. Carlos.

    Iniciad o o povoamento na segunda m etad e do sculo xv, o aglomerado de Angra desenvolve-se rapidamente, tendo sid o elevado ca tegoria d e cidade em 1534 e apresen-tando j em 1595, com poucas diferenas, o mesmo traado e rea que hoje conhecemos. Trata-se portanto de uma malha urbana com mais de quatro sculos cujo traado regular, que se pode considerar precursor para a poca, es teve na origem da incluso da cidade na Lista do Patrimnio Mundial da UNESCO.

    A grande maioria dos edifcios d a cidad e datam dos sculos xvn, XV lll e XIX (poucos res tand o da poca da fundao), pelo qu e, tambm no que respeita ao patrimnio arqui-tectnico, a cid ade possui um valor ines timvel, particularmente pela homogeneidade e equilbrio do conjunto edificado que chegou aos nossos dias pouco adulterado.

    A populao do concelho de Angra d o H erosmo registou d esde 1960 um acentuado decrscimo que nas freguesias urbanas ating iu 19% entre 1970 e 1981: no entanto este rpido ritmo de diminui o poder estar a a tenua r-se se a tendermos a que praticamente nul a a diferena entre a populao regis tada em Maro de 1981 (Censo 81) e Julho de 1982 (Inqu rito Genri co).

    Nesta ltima data a populao da rea do PGU era de cerca de 15 300 habitantes. A anlise da sua composio etria revela Lun elevado 1dice de envelhecimento, particularmente acen-tuado nas zonas de populao mais estabili zada: reas urbanas centrais e zonas envolventes do Caminho do Meio em S. Carlos. Esta situao, de refl exos sociais negativos, contribui para o desaproveitamento de equipamentos existentes, em particular os escolares.

    A disposio dos ed ifcios na rea d o PGU varia entre uma es trutura regular de quar-teires fechados nas zonas urbanas centrais, uma certa disperso nas zonas suburbanas e uma estrutura filiforme com alguns nuclea mentos nas zonas rurais.

    Na rea do PGU localizam-se cerca d e 40 % dos postos de trabalho dos sectores d e actividades secund ria e terciria da ilha Terceira.

    3- RECONSTRUO E REABILITAO URBANA DE ANGRA DO HEROSMO APS O SISMO

    3.1 - O sismo de l de Janeiro de 1980: seus efeitos e aces de resposta

    O sismo de 1.1.80 teve grande efeitos quer no patrimnio construdo quer no prprio fun cionamento da estrutura urbana de Angra do H erosmo, que poderemos sintetiza r nos seguintes aspectos:

    26

    a) Quase totalidade dos ed ifcios afectados, com cerca de 45% do parque habitacional fortemen te atingid o ou arruinado e eleva do nmero dos edifcios ocupados por servios ou equipamentos inoperacionais;

  • b) Ob truo general iza da da rede viria pelo e combro do edifcios com onsequente impossibilidad e de fu ncionamento dos tran po rtes;

    c) Afectao generaliza da da rede de energia elctri ca e perturbao nas rede de gua e sa nea mento domstico.

    Apesar da desarticulao d as e truturas exis tentes foi possvel uma re posta muito rpida situao gerada pelo si mo. De um mod o gera l, podemos afirmar qu e esta re -posta imediata procurou fundam enta lmente evitar qu er a em igrao macia, que j se tinha observado em crises ssmi cas anteriores no arquiplago dos Aores, qu er o aban-dono da cidade d e Angra do Herosmo, com a quebra psicolgica da populao que tal acarretaria. Neste sentid o, procurou-se repor rapidamente a condies m1ima de fu n-cionamento da cidade, mantendo-se assim a su a vita lidade e capacidade de atraco da populao como centro de servios e d e equipam entos. Destas aces destaca m-se:

    - rpid a desobstru o da rede viria; - reposio d o funcionamento da s red es de infrae ' truturas, mesmo que com solues

    provisrias; - relocalizao de servios e equipamentos em edifcios menos afectados; - realojamento dos habitantes desa lojados em reas livres prximas do centro da

    cid ade; - interveno nas runas que ameaavam perigo.

    Tomadas as medidas referidas hou ve qu e criar as e truturas e condies necess rias rpida reconstruo da cidad e. Os aspectos que reportmos fundamentais para o seu rpido arranque foram:

    - criao de uma es trutura tcnica especfica e re foro das ex istentes com vista a apoiar e coordenar a reconstruo;

    - criao de mecanismos financeiros especficos para a re onstruo (subsdios a fundo perdido, crdito altamente bonificad o, comparticipaes na aquisio e fornecimento de materiais de construo, etc.);

    - estabelecimento de circuitos d e abastecimento das regie afectadas em materiais de construo;

    - desburocratizao, rapidez e eficcia do diversos servios envolvidos no processo; - divulgao das normas tcnicas a qu e se d everia sujeitar a reconstruo. Mas se era urgente lanar o processo de reconstru o, tambm havia que considerar

    que se es ta va a actuar num centro urbano com um valioso patrimnio arquitectnico e urbanstico que corria o ri sco de se perder. Ha via ainda que planear correctam ente o desenvolvimento urbano, nomeadamente na fase inicial a insero de novas zonas desti-nadas a realojamento habitacional, numa situao em que o nico instrumento orientador do desenvolvimento urbano era o Anteplano d e Urbanizao elaborado em 1946 e apro-vado em 1949 e como tal d esactualizado.

    Foi nestas duas vertentes da aco qu e se vi ria a concretiza r a participao da equipa da DGPU entretanto formada e que podemos resumir nos seguintes a pectos:

    apoiar a reconstruo e reabilita o da cidade na per pec tiva da sa lvaguard a do seu patrimnio arquitectnico e urbansti co;

    elaborar estudos sectoriais que, para alm de poderem enquadrar decises imedia-tas, servissem d e suporte elaborao do PGU;

    27

  • apoiar as intervenes a desenvolver com a elaborao d os planos de porm enor necessrios, numa ptica de enquadramento no futuro PGU.

    No primei ro aspecto incl uem-se as aces de apoio gesto, informaes de projectos, definio de critrios de reconstruo e outros ligados reconstru o da cidade e que sero abordados nos pontos seguin tes.

    No segundo poderemos citar, p

  • estas aces (] ou 2 arquitectos, 1 desenhador e 1 fiscal) e a escala da interveno obri-gara m a um esforo de efi ccia e pragmatismo nas solues encontradas, que noutra situao no seriam os mais apropriados. Por outro lado, a inexistncia de um plano que orientasse a reconstruo dificultou em muito casos a apreciao dos projectos numa perspectiva de conjunto. Se nalguns casos foi possvel elaborar estudos de conjuntos edificados qu e permitissem uma correcta integ rao e enquadramento no local das re-construes a efectuar, na maioria dos casos apenas o Inventrio do Patrimnio Arquitec-tnico e o profundo conhecimento da cidade que a equipa adquirira permitiram a correcta anlise d as diversas intervenes.

    Da aco desenvolvida neste mbito parece-nos de salientar trs aspectos:

    1. Sendo a esmagadora maioria de projectos entrados na CM elaborad os por "projec-ti stas" no qualificados (d esenhadores), e no havendo condies para alterar a situao, a actuao da equipa de apoio gest o adoptou as seguintes orientaes: a reconstru o dos edifcios deveria basear-se na reconstruo dos existentes an-

    teriormente ao sismo, aproveitando-se sempre que possvel fachadas e outros elementos estruturais;

    nos casos em que os edifcios seria m reconstrudos d e raiz, os projectos deveriam considerar a linguagem tradicional (modulao das aberturas, guarnio dos vos, coberturas de telha, etc.);

    apesar de a elaborao de projectos ser feita por "projecti stas" no qualificados, adoptou-se a posio pragmtica de inform-los e apoi-los tecnicamente na ela-borao dos projectos de acordo com as orientaes adoptadas;

    sempre que tal era necessrio elaboraram-se solues a lternativas aos projectos apresentados;

    a apreciao da informao dos projectos devia ser omplementada por um bom a poio e orientao das obras em curso.

    2. Co m vista a desburocratizar e tornar mais rpidos e efi cazes os servios da CM ligados apreciao de projectos e licenciamento, foram definidos processos de ac tuao que permitiam em muitos casos o licenciamento provisrio do incio das obras no prprio dia de entrada do projecto na Cmara, aps uma apreciao pelos respectivos tcni cos, seguindo-se ento a aprecia o normal d o projec to e licenciamento definitivo.

    3. Com vista ao eficaz controlo das obras d e reconstru o, seu acompanhamento e orientao foram ainda tomadas as seguintes medidas: reestruturao do arquivo da CM de projectos de obras parti culares, passand o-se

    da sua referenciao por requ erente para a referncia por edifcio; montagem de um sistema de control o e fiscalizao de todas as obras em curso

    no Centro Histrico que permitisse corrigir rapid amente deficincias detectad as.

    Refira-se finalmente qu e tod o o trabalbo d esenvolvido no apoio reconstruo permi-tiu equipa adquirir determinados conhecimentos e pressupostos que se viriam a revelar muito importantes na elaborao do PCU e de que salientamos:

    o tomar de conscincia da alterao de usos que se verificava na rea Central e da deslocao de parte da populao para as zona s envolventes;

    o consolidar da perspectiva de que o PGU teria que ser elaborado com base no princpio de que o desenvolvimento urbano da cidade se deveria apoiar prefe-

    29

  • rencialmente na revitalizao d o seu Centro H istrico, sem esquecer o respeito pelo seu patrimn io arquitectnico e urbansti co;

    a necessidade da interveno e relacionamento com as vrias entidad es e servios com ac tuao na cid ade.

    4 - O PLANEAMENTO URBANSTICO DE ANGRA DO HEROSMO

    4.1 -O sismo de 1.1.80: consequncias no desenvolvimento da cidade

    Para alm dos efeitos imedia tos referid os no ponto 3.1 ., o sismo teve importantes consequncias no d esenvolvim ento de Angra do Herosmo.

    Conforme referido na caracterizao da cidade, o seu desenvolvimento desde finais do scul o XVl fo i extremamente reduzido. No presente sculo assiste-se abertura de algu-mas avenid as e arruamentos nas reas confin an tes com a cidade a nascente e a poente. Executadas de acordo com o Anteplano de Urbanizao, es tas intervenes surgem da necessidade de criar acessos e reas para equipamentos pblicos de carcter econmico nomeada mente os relacionados com o por to.

    Com o sismo a s ituao altera-se signifi ca tivamente. O primeiro efeito do sismo a es te nvel foi gerar a necessidad e de definir novas zonas

    habitacionais que respond essem ca rncia de novos fogos para realojamento de parte da populao afectada. De uma perspectiva inicial d a sua ocupao com habitao provis-ria, desde logo se consid erou a possibilidade de mais tard e as reconverter em zonas d e hab itao definitiva . A loca liza o des tas reas no foi feita com base em qualquer plano, o que viria a susci tar pos teriormente desequilbrios vrios quer no funcionamento das redes quer na distribuio de equipamento, quer ainda na necessidade da sua correcta articulao com o Centro Urbano exis tente e cuja reconstruo desde logo se considerou fundam ental.

    Outro efeito do sismo foi o aumento de presso em zonas perifricas e consequente deslocao de populao do Centro Histrico para elas. De facto, a adopo de novos padres de reas na reconstruo dos fogos (com consequente reduo de capacidade potencia l dos edifcios), a alterao d e uso de edifcios ou parte deles para actividades mais rentveis e a situao altamente favorvel construo ou reconstruo de habita-es geraram um surto de novas construes que, falta de instrumento urbanstico regulador ou de oferta institucional d e terrenos, se comearam a loca liza r nas zonas pe-rifricas da cidade, em que a oferta de terrenos disponveis era maior. Para alm dos efeitos nega ti vos normais que pod eriam resultar desta construo desordenada, ressalta o facto de poder pr em risco certas zonas com um patrimnio ambiental e arquitectnico que se consid erava necessrio preservar.

    Qua nto rea Central da cid ade, detectaram-se igualmente transformaes significa-ti vas. A procura da rentabilizao d os edifcios com consequente introduo de activida-des mais rentveis, a cessao de muitos contratos d e arrendamento devid o runa dos edifcios e as novas exigncias de espao das habitaes originaram uma tendncia para a alterao do uso daquela rea, com um grande peso do sector tercirio e reduzida percentagem de habitao.

    A continuao desta tendncia agra va ria ainda mais a situao de elevada carga d e trn sito daquela zona, o eleva d o nmero d e movim entos pendulares di rios, o desaproveitamento de equipamentos escolares existentes e a desvita lizao d o centro a pa rtir do fim do dia .

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  • Estas alteraes ou tendncias, acre cidas das insuficincias e anomalias d t ctad as ao nvel d a red e viria, d os equipa mento e outras, justificava m cada vez ma is a neces idade de elaborao do PGU, necessidade que viria a ser assu mida, para alm da eq uipa tcnica, pela Cmara Municipal, Direco de Habitao Urbanismo e Ambiente e outros orga-nismos.

    4.2 - O Plano Geral de Urbanizao de Angra do Herosmo - consideraes gerais

    Como consequncia da consciencializao da neces id ad e de um PGU pelas v rias entid ades, referida no ponto anteri or, fo i solicitada DGPU a elaborao daquele instru-mento urbansti co. Para o efeito con tituiu-se em Abril de 1982 uma equipa tcnica com a misso especfica da sua elaborao, a qual agregou tcnicos anteriormente ligados s aces d e apoio j referidas.

    Em virtude do conhecimento da cid ade que a equipa j tinha e das aces anterior-mente d esenvolvidas, a elaborao do PGU iniciou-se numa situao favorvel que pode-remos caracterizar d o seguinte modo:

    Conhecimento profund o d a cidade, do seu pa trim nio, do territrio em estudo e do processo de desenvolvimento urbano em curso;

    Existncia de es tudos sectoriais ca racterizados de aspectos especficos; Existncia de Planos de Pormenor para determinadas zonas; Bom relacionamento j es tabelecido com a autarquia , DHUA e outros servios.

    Como resultado d esta situao, fo i possve l desde logo estabelecer as grandes linhas programticas do PGU, que pod emos sintetiza r em quatro aspectos fundamentais:

    O PGU teria por base o princpio de que o desenvolvimento da cidade se deveria apoiar preferencialmente na revitalizao do seu Centro Histrico;

    Os Patrimnios Arquitectnico, Urban ti o e Ambi ental deveriam ser sa lvaguard a-dos;

    O PCU d everia orientar e controlar a mud ana de usos, em particular da rea cen-tra l;

    As carncias habitacionais deveriam ser supridas preferencialmente pela reocupao de edifcios d esabitados e pela colmatao de zonas d efinidas.

    Com base nestas orientaes e nos elementos e conhecimentos di sponveis foi possvel, em paralelo com os inquritos e recolhas de dad os indispensveis, iniciar a elaborao d as primeiras propostas. Estas viriam posteriormente a ser cotejad as com a anlise dos inqu-ritos e elementos recolhid os, e rectificadas qu ando necessrio.

    Por outro lado, o facto de, em paralelo com o funcionamento de parte d a equipa no porto, se encontrar em Angra um tcnico a orientar os inquritos e recolha de dados permitiu sempre ana lisa r no local a viabili da de dos estudos e propostas que iam surgindo.

    Por este processo foi possvel nove meses depois do incio da elaborao do PGU apresentar e discutir em Angra do Herosmo, com as d iferentes entidad es e a populao, o Estudo Prvio do Plano. Es te continha j as principais orientaes e propostas includ as no PGU, e permitiu a partir da orientar o desenvolvimento da cidade.

    Aceite o Estudo Prvio pelas diversas entidades, prosseguiram os trabalhos da elabo-ra o do PGU d e cujo processo sa lientnmos os seguintes aspectos:

    O facto de se procurar apoiar o desenvolvimento urbano na revita li zao do Centro Histrico, com um Patrimnio Arquitectnico e Urbanstico a salvaguardar, impli-

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  • cou o tud o em porm enor das solu es p ropos tas naquela rea com vista a analisa r a sua viabilidade e im pacto;

    Semelhante e tudos fora m sendo elaborados para as solu es propostas nas reas en volventes, em parti cul ar zonas ml is comprometidas com cons tru es e/ou mais sensveis do ponto de vista ambiental;

    Em para lelo com os es tud os do PGU, fo ram send o elaborados Planos d e Pormenor pa ra zonas especficas em que se pretendia intervir;

    Durante a elaborao do PGU assegurou-se uma cons tante ligao aos orga nismos locais, em particular DI--l UA, com in fo rmao de tod os os processos que pud essem afectar as p ropos tas do PGU e cm alguns casos co m a elaborao d e solues alter-n ativas.

    4.3- O Plano Geral de Urbanizao de Angra do Herosmo- aspectos mais salientes

    Co nforme j refe ri do no se pretend e faze r uma descrio d o PGU, a qual sairia fora do mbito desta comunicao.

    Parece contudo a propriado expor alguns d os aspectos mais sa lientes dos problemas e solues encontradas, apresentand o-se em anexo e para orientao o Programa do Plano.

    a) rea Cen tral Confo rm e j referi do, es ta rea, cujos limites foram estabelecidos com base nos resul-

    tad os do lnqurito, estava sujeita a uma forte tendncia para a terciarizao. Nes ta rea, a percentagem de unidades funcionais ocupad as por habitao rela tiva-

    mente ao seu tota l era j inferi or a. 40%, havento ainda entre 12% e 19% de edifcios em run a ou demolid os (resultados do Inqu rito genrico de Junho de 1982).

    Por outro lado, e em resultado de naqu ela rea se concentrar o maior nmero de pos tos de trabalho, fu nd amen talmente do sector tercirio, a mesma estava na origem de elevados movimentos pendulares d irios (cerca de 1275 entrad as na freguesia de Concei-o e 1475 na da S).

    Como consequncia, e para alm das medidas relacionad as com o trns ito (e que focarem.os mais ad iante) , havia q ue estabelecer no PGU orientaes que travassem as tend n cias registadas.

    Sendo este um el os aspectos mais di fce is de disciplinar, e n o se consid erando efi caz por exemplo o estabelecim ento de ndices el e ocupao pela s ha bitaes e outras ac tivid a-des, uma vez qu e s teriam efeitos para a ori entao da elaborao de Planos de Porme-nor, optou-se por defini r orientaes e normas regulamentares qu e:

    no permi ta m a alterao de uso dos edifcios existentes com excepo d o r I c em qu e se ad mite a introdu o da acti vidade terciri a;

    condicionam a alterao da anterior d isposio elaborao e aprovao de es tudos especfi cos que definiam clara mente as reas a afectar a cada uso, salvaguardando os objecti vos definidos;

    recomend am a criao de incenti vos especiais recuperao e utilizao dos edif-cios d esta rea para habitao.

    Refira-se ainda que, como forma de alivia r a presso do sector tercirio na rea Cen-tral, se definiu uma rea de expanso d estinada a habitao c ao sector tercirio, numa zona contgu a quela, com boa ligao s principais vias exis tentes e previstas e central de camionagem p ropostJ - zona do Des terro-Guarita.

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  • b) Trnsito O eixo estruturador de tod o o sis tema virio da rea do Plano o que se desenvolve

    no sentido na scente-poente, atravessa toda a rea central e ao longo do qual se localiza a maior parte dos servios e estabelecimentos comerciais da cidade.

    Servind o as ligaes interurbanas, ainda nele que se apoia todo o restante sistema virio, que jus tifica s por si que em determinado pontos se observe um valor mdio e dirio de 11 000 veculos. Esta e as restantes vias d o Centro Histrico faziam j parte da es trutura urbana renascentista tal com apa rece definida na ca rta de Linschoten (1595), o que por si s jus tifica m