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LUCIA DA ROCHA ALVES PINTO TROCAS ORTOGRAFICAS NA APRENDIZAGEM Monografia apresentada para obten,ao do titulo de Especialista no Curso de P6s- Gradua,ao em Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Parana. Orientadora: Prof. Rosilda dos Santos Dallagassa CURITIBA 2001

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LUCIA DA ROCHA ALVES PINTO

TROCAS ORTOGRAFICAS NA APRENDIZAGEM

Monografia apresentada para obten,aodo titulo de Especialista no Curso de P6s-Gradua,ao em Psicopedagogia daUniversidade Tuiuti do Parana.

Orientadora: Prof. Rosilda dos SantosDallagassa

CURITIBA

2001

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SUMARIO

RESUMO.

INTRODUC;iio ..

2 FUNDAMENTAC;iio TEORICA ..

2.1 A ESCOLA BASICA, UMA EVOLUCiio ....

22 A IMPORTANCIA DA ESCOLA.

2.3 0 APRENDIZADO DA ORTOGRAFIA NA ESCOLA .

2.4 FATORES PARA 0 INSUCESSO NA APRENDIZAGEM .

2.5 AL TERNATIVAS CONCEITUAIS SOBRE PROBLEMAS DE

APRENDIZAGEM ..

2.5.1 Modelo Interacional de Adelman ...

2.5.2 Teoria Integrada da In!ormac;ao de Sen! ..

2.5.3 Teoria do Desenvolvimento das Capacidades Perceptivas e

Cognitivas de Satz e Van Nostrand.

2

2

2

4

9

10

10

11

12

2.5.4 Teoria do Atraso de Desenvolvimento da Atenc;ao Seletiva de Ross. 12

2.5.5 Hip6tese de DMicit Verbal de Vellutino . 13

2.5.6 Hip6tese do Educando Inativo de Torgesen ... 14

2.5.7 0 Modelo Hierarquizado de Wiener e Cromer. 15

2.6 CARACTERisTICAS DAS CRIANCAS COM DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM .. 16

2.6.1 Problemas de Atenc;ao .

2.6.2 Problemas PerceptivQs .

2.6.3 Problemas Emocionais .

2.6.4 Problemas de Mem6ria .

2.6.5 Problemas Cognitivos .

2.6.6 Problemas Psicolingiiisticos .

16

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3 DESENVOLVIMENTO.

3.1 AS TROCAS ORTOGRAFICAS NO ENSINO BAsICO.

3.1.1 Altera<;oes au Erros decorrentes da possibilidade de representac;6es

Multiplas.

21

21

23

3.1.2 Altera<;6es Ortogr<;ficas Decorrentes de Apoio na Oralidade ... 26

3.1.3 Omissao de Letras . 28

3.1.4 Altera<;6es por Jun<;ao ou Separa<;ao nao Convencional das

Palavras. 28

3.1.5 Alterac;6es Decorrentes de Confusao entre as Termina<;oes am e ao 28

3.1.6 Generaliza<;ao de Regras . 30

3.1.7 Altera<;6es Envolvendo a Grafia de Fonemas Surdos e Sonoras . 30

3.1.8 Acrescimo de Letras . 31

3.1.9 Letras Parecidas . 31

3.1.10 Inversao de Letras .

3.1.11 Outras Erros .

3.2 ANALISE DOS ERROS ORTOGRAFICOS.

3.2.1 Representa<;6es Multiplas ...

3.2.2 Apoio na Oralidade ...

3.2.3 Omissao de Letras .

3.2.4 Jun<;ao-Separa<;ao de Palavras; Altera<;6es na Segmenta<;ao das

Palavras. 41

3.2.5 Conlusao entre as Termina<;6es am e ao . 42

3.2.6 Generaliza<;ao de Regras . . 42

3.2.7 Substitui<;6es Envolvendo a Grafia de Fonemas Surdos e Sonoros.. 43

31

32

32

33

37

38

3.2.8 Acrescimo de Letras . 45

3.2.9 Conlusao entre Letras Parecidas . 45

3.2.10 Inversao de Letras ....

3.2.11 Outros Erros .

3.3 OS CAMINHOS DOS ERROS ORTOGRAFICOS .

46

47

47

iii

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3.4 METODOS DE APRENDIZAGEM DEFEITUOSOS .

4 CONCLUsAo.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .

48

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54

iv

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RESUMO

Monografia apresentada a Universidade Tuiuti do Parana como requisito para aconclusao do curso de Pos Graduagao de Psicopedagogia, no periodo de 2000 a2001, sob 0 enfoque de estudo de analise dos problemas relacionados com asTracas Ortograficas na Aprendizagem, destacando a importancia da escola primariadesde as primordios, declinando alternativas de estudos te6ricos sabre esteproblema e algumas caracteristicas da criang8 com as provc3veis dificuldades. Comotema principal a analise de uma pesquisa investigativa reallzada com crianc;as dasquatro primeiras series do 1° grau e 0 relato das ocorrencias destas alteragoes.Cansta nesta classificac;ao dos erras pesquisados, urn detalhamento de case a casee finalizando a conclusao que tenta alertar toda uma geraC;:Elopedagogica para umaoutra visao a respeito das trocas ortograficas.

Palavras-chave: Pre-Escola; Ensino; Professor; Metodos.

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INTRODU'YAo

Esle Irabalho pretende enloear de uma lorma analitiea a Irajeloria do erro

ortografico na aprendizagem

Neste aspecto descreve a importancia da escola como geradora de futuros

cidad§os, e convoca a uma reflexao sobre esta conquista, pais S8 hoje ela e urn

dever de toda a crianva como resultado de uma conquista social, antes do secule

XV era urn direito exclusivo concedido aDs "nobres".

A composi<;8o de alguns fatores que determinam 0 insucesso escolar

tambem e descrito nesta monografia, para dar uma visao geral da problematica do

ensine.

No campo patol6gico e cientifico constam neste trabalho algumas das mais

atuais formula96es conceituais de renomados pesquisadores, abordando as

poss[veis causas das dificuldades da crianc;:a no processo de aprendizagem.

No desenvolvrmento do tema propria mente dito e feita uma analise de uma

pesquisa sobre as altera<;6es, ou trocas ortograficas feita com a coleta de dados em

um agrupamento de escolas da rede particular de ensino, com crian<;as de 7 a 11

anos num periodo de sers meses. Consta nesta pesquisa, a classifica<;ao e a

analise geral de todos os trpos de erros encontrados e as possiveis causas Mnao

palologieas" que os preeederam

Concientizando-se que 0 erro ortografico faz parte da transic;ao do

aprendizado, muitas escolas, teoricamente ja 0 admitern como elemento na

construc;ao da escrita, porem na realidade muitos professores ainda ficam ansiosos

com 0 desafio. Em muitos casas estes problemas que se repetern no dia a dia

trazem a tana a figura de urn mau aluna ou incapaz para aprender, que as vezes

escande na realidade urn mau metodo, ou urn professor despreparado, fata que

sera abordado.

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FUNDAMENTACAo TEORICA

2.1 A ESCOLA SASICA, UMA EVOLUCAo

Ha mais de um seculo, nao havia no mundo nenhum pais em que a maieria

da popula,ao nao fosse analfabeta.

o estudo das dificuldades de aprendizagem esta diretamente relacionado

com 0 desenvolvimento das sociedades. Nos seculos XIII e XIV, a entrada para a

escola S8 dava par volta dos treze anos. No seculo XVI, os jesuitas estabeleceram a

entrada para a escola aos sete anos e criaram as "classes de nivel" que podiam ter

crian<;as de oito anos e adultos de vinte e quatro anos. No seculo XVII, nos reinados

de Luis XIII e Luis XIV, a entrada para a escola e criada aos nove e aos cinco anos,

respectivamente. Em pleno seculo XVIII, as mudan.y8s de atitude decorrentes da

filosofia de Rousseau e de Diderot levarn ao "ensina para todos e na base da

diversidade". Mais tarde, jil no ssculo XIX e XX, as idsias de Montessori, Decroly,

Froebelm Dewey, Makarenko, Mendel, Freinet e tantos outros refor9am a

necessidade da escola estar aberta a vida, ao mesmo tempo em que devia ser

obrigat6ria para todos e nao s6 para os filhos dos favorecidos au privilegiados,

A escala foi impondo exigencias ao mesmo tempo em que se fai abrindo a

um maior numero de crianc;:as, aumentando as taxas de escolarizac;:ao, 0 que, como

con sequencia imp1icou obviamente inumeros processos de inadaptavao.

2.2 A IMPORTANCIA DA ESCOLA

Quando os metod os eficazes, nao serviam para a maiona, criava-se

processos de selec;:ao e de segregagao para outras crianc;:as.

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A escola pode humilhar, amea9ar e ate desencorajar, mais do que refon;ar

o eu, libertar ou encorajar a crian98.

Dizemos que mandamos as crian9fjs para a escola para aprenderem, mas 0

que se faz tradicionalmente e ensinar-lhes a pensar erradamente, perdendo elas a

sua espontaneidade e curiosidade, submetendo-as muitas vezes a norm as de

rendimento e eficacia ou a metodos e carrentes pedagogicas que estao na moda.

Temos que ajustar as condi90es internas de aprendizagem isto e, as condi90es da

crian9a as exigEmcias das tarefas educacionais, ou seja, as condi90es externas de

aprendizagem, ou melhor, as condi90es de ensina inerentes ao professor, e ao

sistema de ensino, ou seja, aos seus processos de transmissao cultural. As crian9as

nao podem continuar a ser vitimas de metod os, por mais populares que sejam.

Com base na transmiSS80 de conhecimentos pre-estabelecidos par um

sistema politico-ideol6gico dominante, perde-se a grandeza da educa9ao, urn dire ito

que toda crian9a tern a cultura, respeitando seu perfil de cidadao e a sua origem

s6cio-culturaL

A escola como institui9ao e essencialrnente revel ad ora dos problemas da

criant;:a e nao dos atributos e competencias. A passagem da familia a escola

prima ria constitui uma ruptura muito significativa. Trata-se de uma passagem brutal

de um meio protetor e seguro a um meio aberte e quase sempre inseguro.

Fatores desviantes de desenvelvimento, como sub-cultura mediatizat;:ao,

nutri9aO, padroes de adaptacyao, c6digos IingOisticos, estimula96o, facilita9ao de

experiemcia interpessoais, etc. Seriam abrandados com urn ample prograrna de

seguran9fj social e implanta980 de urn pre-primario de cobertura naciena1.

At;:6es preventivas tanto internas como externas devem ser tomadas na

escola nao esquecendo que entre ambas passam inter -rela96es dialeticas

complexas que refletem a problematica da dificuldade de aprendizagem.

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2.3 0 APRENDIZADO DA ORTOGRAFIA NA ESCOLA

A crianya 56 come98 a vivenciar situa<;oes formais de ensina a partir do

momenta que entra em cantata com urn determinado metodo. Dentro de uma visao

na qual escrever bern e escrever ortograficamente certa, as metodos no geral

tend em a ensinar 0 domfnic da mecanic8. Codificar sons e Istras para poder

escrever e decodificar Istras em sons para poder Jsr. A escrita tende a ser 0

resultado da transcric;ao da oralidade e, neste senti do, grande importancia assume

uma idei8 de que para escrever bern e necessaria saber falar bern, assim como

ouvir bern para falar bern.

Tradicionalmente a escola alfabetiza tendo como pressuposto que a escrita

espelha a oralidade e par esta razao, estrutura as atividades escolares tendo como

objetivo levar as criam;:as a descoberta de um princfpio alfabetico de

correspondencias regulares entre sons e letras. A escrita traduz a oralidade como

se fosse uma mesma lingua. E talvez ai seja a contradigao desses metodos. Se a

lingua escrita traduz a lingua oral, a unica lingua seria a oral. Mas todos as metodos

e todas as avaliagoes tomam como base a lingua escrita, au seja, a lingua escrita

ortograficamente correta. A lingua escrita se ensina, a oral nao, e a lingua avaliada

e a escrita. Nessa avaliagao, a ortografia tem prevalecido sobre 0 funcionamento

dessas IInguas.

o ponto central da alfabetizac;ao parece se preocupar com 0 dominic com a

ortografia e da escrita mecanicamente correta. Sons devem ser associ ados a

simbolos graficos, e 0 modo de pronuncia correta, a referencia para a escrita que

entao devem ser memorizadas ou fixadas na sua forma adequada. Para facilitar tal

processo e rotina que os metodos possuam uma hierarquia de apresentac;ao dos

elementos de escrita, que do ponto de vista de quem ensina, deve ir do mais

simples ao mais complexo. No principia ha como um recorte da linguagem escrita

no qual se procura mostrar aquilo que e regular e que tem maior correspondemcia

com a oralidade, com a crenc;a de que a com preen sao por parte das crianyas esta

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sendo facilitada. Conjuntos silabicos simples formados par consoante vogal

palavras que aparecem as mesmas silabas duplicadas, como em "vov6",

"nene", "Iili" e assim por diante sao selecionadas para a fixaQ80 na automatizaQ80

da escrita, tornando artificial a lingua a ser aprendida.

A tradiQao pedag6gica formulou ao longo do tempo uma serie de

dificuldades na eiaboraQ80 das cartilhas baseando-se em metod os anaHticos -

sinteticos. Iniciam a alfabetizaQao com palavras chaves, depois as sflabas - chaves,

as familias silabicas Simples, au regula res, compostas de consoante e vogal, a

formaQao de palavras e, final mente a escrita das frases. Tais frases limitam-se a

grupos de sentenl'as isotadas, que tem por objetivo a "fixal'ao" de padr6es

ortograficos ja trabalhados. Com freqOencia, as chamadas silabas complexas, que

nao seguem 0 padrao regular de forma9ao consoante vogal, e apresentado mais

tarde, em razao de sua composiQao ser considerada de mais dificil compreensao. A

busca desta chamada "automatizaQao" dos padroes ortograficos e considerada

segundo FARAGO citado por ZORZI (1998, p. 18) "uma das sete pragas do ensino

do portugues, pois nao leva 0 aluno a compreender como funcional 0 sistema"

Oiante deste "modelo" qualquer desvio daquilo que e ensinado pode ser

visto negativamente. A escola nao consegue assimilar 0 erro como um estagio no

processo da aprendizagem; leva isto sim a se pensar que a crianQa por algum

motivo esta com dificuldade e isto e um sinal de uma defici€mcia patol6gica, pois

nao estaria conseguindo associar ou "fixar" a forma de escrever que Ihe e ensinada

Na transiQ80 de oralidade em que a lingua escrita e ensinada, por meios de

rnemorizaQao e automaQao 0 errar e tido como falha por todos que atuam no setor.

Uma das grandes preocupa90es pedag6gicas, 0 erro ortografico e tido como

dificuldades e nao devem ocorrer, criando-se para os casos que surgem, patologias

inexistentes que poderiam na realidade ser encaradas como "disturbios"

Muitas crianQas tern sido encaminhadas para tratamento fonoaudiol6gico

por apresentarem "trocas ortograficasn Vistas em geral, como disturbios, tais tracas

tendem a ser interpretadas como do processo perceptivo visual, quando envolvem

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as chamadas Utrocas pedag6gicas" (5, 55, y, j, g, ch, x) au como falhas no processo

perceptivo auditiv~, quando dizem respeito as chamadas "tracas auditivas~ (f, v, p,

b, t, d).

A escrita pode ser vista como uma representayao simb6lica,

correspondendo a aquisi<;iio de uma nova lingua. Dada a complexidade de tal

sistema de representayao e possivel observar um processo de apropriay80 gradual

pela crianya. As crianyas nao sao aprendizes passiv~s, mas sim ativos. Constroem

seus conhecimentos que transformam a lingua escrita em um objeto de

conhecimento.

A escrita torna-se um instrumento simb6lico, utilizado para a comunicac;ao,

mas tambem algo a ser compreendido, ou seja, ela e tematizada, transformando-se

em um conteudo sobre 0 qual 0 pensamento e dirigido. E para adquirir

conhecimento sobre a escrita a crian9a busca assimilar informagoes que 0 nivel Ihe

oferece. Na realidade aprender a ler nao se resume a associar tetras, sons ou fixar

as formas das palavras, significa isto sim a um processo de conceituayao da

linguagem. Como diz VYGOTSKY (1979, p. 131), "A linguagem escrita e uma

fungao lingufstica distinta, que difere da linguagem oral tanto pela sua estrutura

como pela sua funyao. Ate os seus estagios mais elementares de desenvolvimento

exigem um alto nivel de abstrata9ao"

Admitindo a aprendizagem na escrita como um pracesso de formac;ao de

conhecimento, os erras que surgem na produyao grafica das crianc;as podem ser

reveladores da apropriac;ao de uma nova linguagem e surgiriam como indicadores

de novas hip6teses ortograficas que estariam usanda para a escrita.

Citado em CAGLIARI, (1987-1989), por exemplo, "uma tendE>ncia de se

cansiderar determinadas erros, como um fato inerente a aprendizagem da escrita.

Nesta analise estao quest6es que passam pela concep<;iio de lingua, pel a

abordagem metodologica, e final mente pela propria rela<;ao com a oralidade"

Escrever "cabesa" levanda em considera930 que as tetras "san tern a

mesma forya de u9an corresponde a uma alternativa para escrever 0 som "sa" da

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palavra "cabec;a" Existem outros erras determinados por quest6es metodologicas.

Par exemplo, quando sao apresentadas so mente silabas que seguem 0 padrao de

construc;ao consoante-vogal limitando a escrita a palavras que tern tal regularidad8,

como "sa, 58, si, so, su". Acostumada a tal padrao, a crianc;a pode vir a inverter

]etras em silabas do tipo vogal-consoante ("escova" escrita como "secova") au omitir

letras em silabas tipo consoante-vogal-consoante ("susto" escrito como "suto").

A tendencia e de a crianc;a escrever da maneira como fala, como em

"cadeira" e praduzida como ucadera~, "comprar" como ucompra". A propria tend en cia

de escrever apoiando na oralidade pode ser acentuada em ditados que levam a

crianc;a a ficar atenta como as palavras sao articuladas para depois escreve-Ias.

Quando se orienta a crianya a prestar ateny80 na pronuncia das palavras para

verificar que "calc;a" se escreve com UI" e nao com "un 0 que esta se fazendo

real mente e a falsa ideia de urna correspondencia entre fala e escrita.

Escrita e oralidade podem ser discutidas entre suas relayoes. A oralidade e

entendida como primeira lingua ou, como descreve KATO citado por ZORZI (1998.

p.21),

"(a tala 1), que inicialmenle seNe de apoio primeiro nivel de escrila, a (escrita 1). Portanlo,em suas fases iniciais a escrita sotre grandes influencias da oralidade, porem na medidaque a escrita vai se lomando rnais independente da oralidade e adquirindo caracteristicasque a tornam lingua padrao, (escrita nivel 2), pode produzir transtonnatyoes na propriaoralidade que assim, atingiria oulro nivel, (a tala 2)"

Entao num processo inverso a escrita torna-se uapoio" para a oralidade. Na

medida que estes fatDs va~ ocorrendo, a erro ate entao tido como problemas de

aprendizado par parte da crianc;a, pode ser vista como um fato natural, na

passagem do sistema oral para a sistema escrito de linguagem.

Certos tipos de erros podem ser induzidos pelos metodos de alfabetiza<;iio.

Fica compreensivel entao que a crianc;a venha a cometer certos enganos quando

lida com as letras r, c, ou g, que podem ser mais do que urn som, ou quando tern

que decidir sobre qual forma de representa-Io como e a caso de lsi.

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GNERRE e CAGLIARI citado por ZORZI, (1998, p. 21)

"apOnlam a rela9.30 artificial que as criant:;.as acabam desenvolvendO com a escrita, umavez que e controlada pela escola, que se justifica de tal controle de que estas crian.yasainda nao dominam a ortografia. Para lais autores 0 nao dominio completo da ortografianaQ pode justificar tal procedimento, uma vez que as crianyas apesar de possuir poueosconhecimentos escrevem textos".

KRAMER (1986, p. 13) salienta que "a escrita corresponde a uma

construC;80 de significados, afirmando que a prioridade pedag6gica deve estar

voltada para os uses sociais da lingua escrita e nao para exercfcios visando a

automatizaC;c30 au memorizaC;8o dos significados", criticando 0 usa meramente

escolar que faz da escrita. Chama a atenc;ao dos perigos da exist€mcia exagerada

na corregao ortografica quando a crianga esta iniciando a aprendizagem, uma vez

que dominar a escrita nao implica escrever palavras corretamente.

Para VARLOTTA (1990, p. 99) "a ortografia deve ser vista apenas como um

dos elementos que comp6e um texto e nao 0 mais importante". BARRETO et al.

(1990), tambsm reforgam 0 fato de que escrever silabas, palavras e frases isoladas

nao tem 0 mesmo sentido de se escreverem textos.

SILVA et al. Citado por ZORZI (1998, p. 22), "0 ensino da escrita acaba se

transformando em uma repetic;ao sem fim de atividades com fragmentos de

linguagem, que nao levam em consideragao a condigao natural de falante que e 0

aluno"

De acordo com CAGLIARI (1989, p. 97), a escola, embora se proponha a

ensinar a escrita, nao explica como ela S, e funciona. Em suas palavras, liE preciso

dizer, logo no inicio, 0 que e a escrita, as maneiras possiveis de escrever, a

arbitrariedade dos simbolos, a convencionalidade (... ) as relac;oes variaveis entre

letras e sons, que permitem a leitura. Enfim, e preciso nao camuflar a complexidade

da lingua" .

Estas quest6es nos levam a considerar que a aprendizagem da escrita

envolve multiplos aspectos: os uses, as fungoes e a natureza da Ifngua escrita.

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Aprender a eserever impliea as diverses uses que se faz da eserita, que n<30

se reduzem, como a escola enfatiza ao fazer ditades, c6pias, rela90es, leituras em

voz alta, campletar frases etc. Implica cempreender as funt;:oes saeiais da eserita,

eu seja, que as pessaas leem e eserevem para dar au reeeber informa90es, para

instruir, para eonveneer, para organizar tempo, para questianar, au ate para a

proprio lazer.

2.4 FATORES PARA 0 INSUCESSO NA APRENDIZAGEM

Segundo BLOMQUIST & CONDEMARIN, (1986, p. 16),

1- ... uma das causas mais conhecidas, ainda que nem sempre a mais freqUente, dedificuldades para a aprendizagem da leitura e da escrita e a dislexia especifica. No entanto,se examinarmos as caracteristicas das crianC;as com problemas na leitura numa populaC;8oescolar, verificamos que certo numero delas nao pode ser considerado dislexico. Asmaiorias das dificuldades proveriam de:2- Incapaddade Geral para Aprender. Confunde-se com freqiH~ncia a dificuldade dacrianc;a em captar os significados dos stmbolos graficos com a incapacidade para aprenderna escola. Este poden~ ser resullado de urn individuo com inteligencia deficiente, Que leramuita dificuldade no processo de aprendizagem na alfabetizac;ao, que pode onginar·se apartir de varias causas. A dificuldade para ler e consequencia secundaria, nao especifica.3- Imaturidade no momento da aprendizagem da leitura. Esta caracteristica constitui-sede causa freqUente. no processo da aprendizagem. Pesquisas demonstram que 0 processode ensino sistematico dos simbolos graficos e de leitura deve inidar-se na idade mental deseis an os e meio. Tal como qualquer outro processo de evoluC;ao na crianc;a, como andar,por exemplo, 56 e adquirido com pleno exito quando esle chega com maturidade. Caso 0processo de teitura chegue antes, 0 fracasso pode ser adquirido como uma atitude negativapela crianc;a em relac;ao a esla atividade. 0 crescimento e desenvotvimento da crianc;a nemsempre acontece simuUaneamente para a perfeita assimilac;ao dos metodos deaprendizagem. Estar pronta para ler e escrever implica maturidade em vanes aspectos:cronol6gico. visual, lingUislico, emocional e social.4- AHerat:;:oes no Estado Fisico e Sensorial. A deficiencia na saude tambem pode ser umfator determinante na incapacidade da criant:;:a aprender. Disfunt:;:EIO glandular, carenciavitaminico e nutricional problema coronario-circulat6ria, asma, alergia, tuberculose, etc. 0metabolismo basal allerado causa a convergencia dos othos, causando alterac;ao na visaobinocular 0 que causa: retorno, omissao de palavras, perda de linha. 0 hipotiroidismodificulla a normal fixac;ao da leitura. A doent:;:a na crianc;a dificulta a possibilidade esforc;o eatrasa 0 processo normal do aprendizado da leitura.5- Problemas Emocionais. Existem crianc;as que apesar de serem inteligentes e ter uma6tima saude fisica, sao deficiente na aprendizagem devido a problemas emocionais. Aangustia e a depressao diminuem a eficiencia da aprendizagem: pais excessivamenteseveros, autoritarios ou ansiosos podem originar, par deslocamento, medo do professor oufobia a escola. Aprender na sua essencia significa crescer desenvolver-se e crianc;as comestes problemas ficam escondidos, refugiados num estado de regressao infantit.6- Deficiencia Cultural. A privac;ao cull ural tambem e um dos fatores que podem causarperturbac;oes na aprendizagem da crianc;a. Esludos confirmarn a relat:;:ao existente entre 0ambiente cultural da familia e da comunidade e a rendimento na escola. A criant:;:a que terno contato com elementos de difusao cultural como, Hvros, televisao, viagens, boa

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10linguagem, etc. passui condilfoes privilegiadas para um melhor raciocinio na aprendizagem.Noutro extrema a crianC;8 carente destes valores. a maioria dos valores ensinados nao criacorrela<;oes de significados, a medida que surgem experiencias que nada tern a ver comelas. A motivacao e 0 incentive a aprendizagem ficam compromelidos.

2.5 ALTERNATIVAS

APRENDIZAGEM

CONCEITUAIS SOBRE PROBLEMAS DE

2.5.1 Modelo Interacional de Adelman

Para ADELMAN citado por FONSECA (1995, p. 58),

"0 sucesso ou insucesso escoJar da crianya e funtyao da interal;ao entre SU8S areas fortes(strenglls) e as suas areas fracas (weaknesses), atem de limita/foes e dos fatoresespecificos e situacionais de classe, incluindo as diferen((8S individuais dos professores edos seus diferentes metodos de instruyaow, a seu modelo proposto, rejeita a hip6tese doinsucesso escolar recair totalmente numa desordem da criam;:a.

Quanta maior for a discrepancia entre as caracterfsticas da crian<;a (que de

vem ser recanhecidas) e dos programas, tanto maior sera a falta de aproveitamento

escalar. A despersonaliza<;8o do programa escalar canstitui um fator determinante

no processo de aprendizagem. Quanta maior for a personalizac;ao da instru<;8a,

maior e 0 exito que pressup6e que a professor devera ter um maior conhecimento

de seus alunos. Neste casa teremos que respeitar a cantribuiyao da psicalagia do

desenvolvimenta e da neuropsicologia no sentido de se conhecerem as diferenc;:as

individuais das crian<;as.

ADELMAN citado por FONSECA (1995, p.58), "recomenda a identificac;ao

precoce e a observa<;8o psicopedagagia como forma de antecipa<;8o de preven<;fllo

de problemas, evitando que ela seja vitima das frustra<;oes do insucesso escolar".

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II

2.5.2 Teoria Integrada da Informa,ao de Senf

Esla teoria Proposta par SENF citado par FONSECA (1995, p. 59),

"fundamenta-se na psicologia cognitiva, nos rnodelos de processamento da

informac;ao e nas investiga<;6es sobre memoria, de uma forma clara abrangendo

toda a complexidade da atividade cognitiva humana e sua interdepend€mcia com as

processos de aprendizagem"

Concluiu que 0 organismo humano organiz8 e integra seletivamente a

informac;ao, 818m de utilizar nas diversas formas de comportamento. Numa base de

atenC;80 seletiva, face a informaC;80 recebida, 0 individuo na aprendizagem tera de

processar em unidades integrando-8s numa sequencia temporal caracterizando a

informac;ao ordenada.

Destaca ainda 0 papel da motiv8c;ao, da aten<;Elo seletiva e do refonyo, 81em

de referir da degenerescencia da memoria receptiva, incorporam neste pensamento

as condi90es irrelevantes da tarefa em jogo e a ansiedade.

SENF citado par FONSECA (1995, p. 59) destaca quatro categorias de

deficiencia de aprendizagem:

1- Perturbatrao na receptraoda infonna~o adequada.2- Fracasso em produzir informa~o ordenada.3- Farha na evocatrao de atividades neurologicas no sistema das imagens.4· Falla de conteudo da larefa que obviamente desordena a informatrao em causa.

Para 0 autor, 0 processo de informaC;80 e ativamente organizado e

estruturado pelo proprio individuo (crianga), que atua sobre a informac;ao,

as simi lando ao seu anterior repertorio cognitivo-experimentaL Trata de reconhecer 0

processo de informa9ao dinamico entre 0 processo cognitivo e 0 processo sensorial

e aberto, par manuten9ao e conserva980 de sistemas de retroac;ao. Refor9a ainda,

que a experiencia humana e uma integrayao multissensorial total, que produz a

aprendizagem normal.

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12

2.5.3 Teoria do Desenvolvimento das Capacidades Perceptivas e Cognitivas de

Satz e Van Nostrand

SATZ e VAN NOSTRAND citado por FONSECA (1995, p. 61),

"relacionam as mudan.yas etarias relevantes e que constituem a apropriaryao das pre·aptidoes das aquisir;Oesescalares fundamentals. Neste trabalho aS autores cilaminicialmente a aprendizagem da leitura. Assumem que 0 sucesso escolar exige urn certanivel e numera de aptidoes para aprendizagens escalares. Estas aprendizagens exigem urncerto nivel de pronlidao que necessita requisitos de maturat;:ao, Iraduzindo lima certahierarquia de aquisi90es, num certa nivel de desenvolvimento~

o problema consiste na matura9i!1O cerebral hemisferica, independente de

sua fundamenta9ao hipotetica ainda nao ter sido demon strada.

Tern desenvolvido uma intensa atividade investigativa na busca de sinais

predit1vos no exito ou fracasso na aprendizagem da leitura.

Destacam como estes sinais, as aquisic;:oes ontogeneticas precoces da

percepc;:ao, que colocam em comparaC;:8o, imaturidade e a maturac;:c3o. No

desenvolvimento, as aquisic;:oes perceptivas antecedem as aquisic;:oes conceituais.

A fase de automatizac;:c3o da leitura requer nao 56 capacidades perceptivas, como

capacidade lingOistica, s6 que sua relevancia e diferente no tempo. Na fase inicial

as capacidades perceptivas estao em foco, na intermediaria a automac;:ao enecessaria e na fase final da aprendizagem resultem na edificaC;:Elo de capacidades

lingOisticas e conceituais.

Os autores concluem que: UExiste uma evolw;ao seqOencial entre

aquisic;:oes perceptivas e as aquisic;:oes linguisticas e que esta interaC;:8o reciproca

se manifesta em diferentes periodosH

2.5.4 Teoria do Atraso de Desenvolvimento da Aten,ao Seletiva de Ross.

Para ROSS citado por FONSECA (1995, p. 62), "a aten,ao seletiva e uma

variavel que diferencia 0 nivel de realizac;:ao entre 8 crianC;:8 normal e a com

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deficiencia na aprendizagem" Esse autor da maior €mfase a capacidade de

recodific8C;ElO, ou seja, a reorganizac;:ao da informac;:ao e sua subsequente, imediata

e precisa rechamada para efeitos de expressao ou de produc;:ao.

Demonstrou que as func;6es de rememoriz8gao e de reorganizac;ao da

informac;ao dependem de fatores de desenvolvimento e de maturar;ao,

consubstanciadas numa atenl,(80 seletiva mais control ada e intencionaL 0 exito

escolar depende da aquisiyao de dados aprendidos anteriormente, resultando na

passagem de uma fase para Qutra. Argumenta que ~a crianva com dificuldade de

aprendizagem tern mais problemas porque as aquisi<;6es mais simples, isto e, das

fases anteriores, naG estao suficientemente aprendidas". A atenc;ao seletiva

depende de uma variavel cognitiva, variando diretamente com a sua complexidade.

Neste enfoque 0 autor recomenda 0 exagero na distinc;ao de pormenores de pares

de letras ou de palavras em que a crian9a manifesta dificuldades. Assim 0 realce de

pormenores reclama e motiva outros nfveis de atenc;ao, e conseqOentemente de

aprendizagem.

2.5.5 Hip6tese de Deticit Verbal de Veliutino.

Para VELLUTINO (1977, p. 47) "a deficiencia na aprendizagem surge com a

manifesta980 de uma dificuldade na rememoriza9ao e na renomea9ao de palavras

provocada, por uma falta de informac;ao disponfvel. Esta falta repercute na reduzida

e limitada capacidade de produ98o, confirmando um deficit lingOistico e uma certa

lentidao de idenlifical'ao de usa das palavras".

Oesenvolveu varios trabalhos experimentais com as crian9as com

dificuldades de aprendizagem e concluiu que elas apresentavam deficits

fonol6gicos, semanticos e sintaticos associados a problemas de memoria de curto

termo e de codificayao, sintese e subseqOente de rechamada da informay8o. A

chamada da informayao e fundamental a expressao, onde

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complexos mecanismos de selec;ao da palavra e das suas estruturas componentes.

E necessaria tambem que S8 observem processos de precisao e fluencia.

A perspectiva de VELLUTINO (1977, p. 47) onde cita PERFETTI e

LESGOLD, que falam em "deficits de compreensao" argumentando que "a lenta

decodific89.30 da palavra prejudica as maus leitores, dificultando-Ihes a lembran<;a

da informac;ao contida nas frases previamente lidas. Porque a integrac;ao da

informac;.3o nao S8 opera adequadamente, a compreensao do texto lido e feito com

dificuldades"

o autor contrap6e as concepc;oes perceptivas das dificuldades de

aprendizagem uma concepc;c3o linguistica, criticando aquela par falta de dados

empfricos.

2.5.6 Hip6tese do Educando Inativo de Torgesen.

TORGESEN citado por FONSECA (1995, p.64), encontra-se na linha

cognitiva da dificuldade de aprendizagern, especial mente dedicado aD estudo e

controle das variaveis que caracterizam 0 educando ativo. Segundo 0 autor "a

crianc;a sem problemas de aprendizagem participa ativamente no processo,

adotando inclusive estrategias pr6prias para a realizac;ao das tarefas escolares,

exigindo para isso uma consciencializaC;8o cognitiva geral e uma dirigida

intencionalmente para um fim"

Esta consciencializaC;80 cognitiva requer na verdade a autoconsciencia do

educando, bern como uma exigencia das tarefas em causa.

Afirma ainda que a intenC;80 de aprender garante um plano de aC;80 que

culmina numa aprendizagem eficiente e intencional.

HIRSCH, JANSKY e LANGFORD, (1966) e de KOPPITZ, (1963) citado por

FONSECA (1995, p. 64) "Ao contrario a crian9a ou 0 educando inativo e com

deficiencia de aprendizagem nao manifesta as condi90es antes referidas. A

maturidade destas crianc;as revela-se cognitivamente e emocionalmente, como

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concluiram as trabalhos" E a maturidade geral que interrompe a consciencializac;:ao

cognitiva, condi980 respons8vel pela 8g80 intencional do individuo em SitU8C;:80 de

aprendizagem, exigindo dele uma avaliac;ao realista ajustada dos seus recursos

(negativos au positiv~s). Segundo 0 autor, "a crianC;:8 com deficiencia de

aprendizagem caracteriza-se como tendo maior dependencia em suas atividades

intelectuais, menes perseverang8, mais impulsividade e maior dificuldade em

compreender a realizar dire90es, nao podendo assumir urn papel ativo na sua

aprendizagem" Devido a insucessos acurnulados nas tarefas escolares ecompreensivel que as crian,as pequem por lalta de participac;ao e por inatividade.

2.5.7 0 Modelo Hierarquizado de Wiener e Cromer.

WIENER & CROMER citados por FONSECA (1995, p. 65) "desenvolvem

urn modele que representa uma sequencia hierarquizada de aquisic;oes especificas

antecedentes (A, 8, C, ... ) com correspondE:!ncia em tipos e classes de

comportamento manilestados na aprendizagem da leitura (X1, X2, X3, ...Xn)" 0

modelo estabelece uma relaC;ao na base do exemplo: "Se se da A, entaD se

rnanifesta X1, se se da X1, entaD se revela 8, se 8, entao X2", etc. Se urn dos

antecedentes nao ocerre, 0 comportamento na leltura nao se revela nem se

desenvolve, nem as aquisic;oes subseqOentes se viraG a manifestar em termos

hierarquizados. A sequencia hierarquizada equaciona uma aprendizagem de

subaquisic;oes rna is simples, implicando urna apropriaC;ao evolutiva de processos

especificos que se vao complexificando progressivamente, quer conceitualmente ou

biologicamente.

Esse processo designado por analise de tarefas e por analise de conteudos,

em bora carecendo de variaveis motivacionais, permite ao educando uma

"aprendizagem de sucesso em sucesso", concordante com suas necessidades

educacionais especificas.

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2.6 CARACTERiSTICAS DAS CRIANCAS COM DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM

2.6.1 Problemas de Atenyiio

Muitas crian<;as apresentam a problema de nao selecionar a diferenC;8 entre

as estfmulos relevantes dos irrelevantes.

Distraem-se mais facilmente sendo atraidas par qualquer sinal de distrac;8o.

Par Dutro lado nao mantem par muito tempo as caracteristicas basicas de vigilancia

e alerta. Em ambos as casas existem urn bloqueio na assimilaC;8o aos rnetodos de

aprendizagem.

Neste casa pareee haver urn descontrole do reflexo basico de orientayao,

nao S8 explorando eficientemente as estimulos necessarios.

A crian~ com problemas de deficiencia de aprendizagem normal mente tern

problema de seleyao quando dois ou mais estimulos estao presentes. A presen~

de estimulos concorrentes vern a perturbar a crian9a, tanto a nivel visual como a

nivel auditivo. Esta distra980 inteliere com a percep980 e, subseqOentemente, com

a aten980 e 0 resultado na aprendizagem.

Hoje ja se sabe que a aten980 e controlada pelo tronco cerebral, que tern a

fun980 de regular a entrada e a sele930 integrada dos estimulos, bern como a

criac;.ao de um est ado tonica de controle.

Os sistemas de ativa98o, de excita93o, de inibig30 e de integra980

neurossensorial evidenciam disfun90es, que impedem a ateng80 de fazer face as

situa90es ou tarefas durante um periodo de tempo razoavel, prejudicando, por esse

fato, 0 tratamento subseqOente e eonsciente da informa98o.

Admite-se dar a esse nivel, segundo pesquisadores, urna especie de

bloqueio no processamento de dados, nao possibilitando a analise e a sintese

cortical dos estimulos a aprendizagem. Muitas tarefas desta atividade requerern a

parte do individuo urn isolamento eritieo e pre-perceptivo de varios estimulos.

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o processo da ateng80 requer uma organiz8g8o interna e extern a de

estimulos estes indispensaveis a aprendizagem, casa em contrario as informac;:oes

sensoriais sao recebidas, mas nao sao integradas.

A atenr;80 humana e sensivel intensidade dos estimulos ao contraste de

sua delimitaC;:8o com Qutros estfmulos simultaneos, ao tamanho, a cor, a pOSiC;80 e arela,iio espacial, a propria novidade e aos movimentos dos mesmos.

2.6.2 Problemas Perceptivos

as primeiros passos de tratamento da informaC;8o sensorial parecem

apresentar ambiguidades, sincretismos, confusoes, hesitac;6es, distory:oes, falhas,

etc

Segundo pesquisas, 50% das criang8s na primeira serie, possuem urn

inadequado sensa de percepC;8o, que tende a urn inadequado desenvolvimento

perceptivQ, repercutindo nas dificuldades de aprendizagem, quer quanta a leitura e

escrita, quer quanto ao calculo.

Para a perceP9E1o se dar e necessaria que se opere uma estimula9E1o

sensorial e dentro dela, outro tipo de modalidade sensorial. So depois desta

observancia dessas condi90es se pode analisar a percep9E1o.

o desenvolvimento perceptivo, como acabamos de ver, com preen de uma

hierarquia que tem a sua origem no desenvolvimento motor, de onde poderEio

emergir dificuldades e de estrutura<;Elo perceptiva. 0 reconhecimento do objeto pelo

contorno, forma, comprimento, largura, orienta9E1o, etc. e inseparavel da sua

manipulag80, mot iva pelo qual a percepc;ao envolve reciprocamente urn

componente motor.

Para as crian98s com problemas de percep,iio, 0 aprender numa sala de

aula torna-se algo real mente complicado. As suas perturba90es perceptivas visuais

dificultam-Ihe a compreensao de muitos materials de aprendizagem.

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Distor¢es de ordem, omiss6es de palavras e de estruturas de conex6es,

erras gramaticais, concordancia masculino-feminino, singular-plural, etc. utiliz8C;30

incorreta do tempo dos verbos, etc. revelam problemas em generalizar os principios

que permitem a prodw;3o de frase, evidenciando uma UtiliZ8C;80 incompleta da

linguagem como subsequentes problemas de aproveitamento escolar e inserC;8o

social.

2.6.3 Problemas Emocionais

As crian<;:as com problemas emocionais sao descritas normalmente como

nervosas, fabulosas, desatentas, desarrumadas, traquinas, irrequietas, instaveis e

impulsivas. Evidenciam quase sempre pequenos sinais de instabilidade emocional e

cultivam uma certa dependencia, a que nao e alheia uma certa frustrac;ao.

Seu comportamento social as vezes surge com dificuldade de adaptac;:ao. A

repeti9ao cr6nica do insucesso e 0 seu efeito em termos de expectativas levam a

criac;:ao de fobias e defesas perante as tarefas educacionais.

Impulsividade e perseverarao sao tambem freqOentes e usuais. Fana de

controle de avalia9ao critica, de discernimento, de percep9fi,o social, de cooperar;ao,

de aceita9ao e de prudencia sao comuns nestes casas, pais raramente antecipam e

anteveem as conseqOencias dos seus comportamentos.

Avidas de gratifica9ao imediata, de atenc;:ao constante e sem planifica9ao de

condutas, essas crian9as experimentam certos problemas de organiza9ao do

espa90 e do tempo. Raramente pensam antes de agir, e por isso os inumeros

fracassos.

As crianyas com dificuldade de aprendizagem, nao podem continuar

mergulhadas em envolvimento de amea9a, de estresse e de humilha9ao. Para

melhorar os produtos da aprendizagem, aquilo que no fundo conta para a escola, e

necessaria que se resolva 0 caos interna onde 0 desequilibrio emocional assume

papel relevante importancia nos processos psicologicos de aprendizagem.

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2.6.4 Problemas de Memoria

A memoria constitui 0 processo de reconhecimento e de rechamada do que

foi aprendido, e e retida como sabemos, uma fun<;8o neuropsicologica,

imprescindivel a aprendizagem. Memoria e aprendizagem sao indissociiweis, razao

pela qual as crian<;as com dificuldades de aprendizagem acusam frequentemente

problemas de memoriz8C;8o, conservaC;8o, consolida9ao, retenc;:ao rechamada

visual, rememoriz898o.

A memoria de tern fun~o de atenyao e discrimina«8o das mudanC;:8s,

momenta a momento, que oearre 0 envolvimento e a funC;8o de armazenamento

temporario da informac;ao, quando esta esta a ser processada, manipulada,

organizada e codificada.

A memoria Dcupa urn espac;o especial na aprendizagem. Ao selecionar e

chamar a informayao assimilada e consoli dada, a cerebra combina-a relaciona-a,

classifica-a, reorganiza-a, de forma sequenciada e ordena-a para recepyao.

Na memoria estao fungoes de analise sintese, conexao, seleyao e

associa~o, estrategia, dai a sua inevitavel importancia para a aprendizagem.

Como a leitura, a escrita e a calculo envolvem abstra<;oes que dependem da

memoria em grande parte do longo termo, quaisquer dificuldade neste subtipo au no

da memoria de curto termo complicam a processo da aprendizagem simb6lica. De

certa forma a mem6ria como fen6meno evolutivo que inclui a fun~o de

reconhecimento, inter-relacionada.

2.6.5 Problemas Cognitivos

Como temos analisado as aprendizagens simb61ieas como a leitura, a

eserita e a caleulo, envolvem processos cognitivos muito complexos.

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20

A [eitura, par exemplo, constitu; uma atividade cognitiva que consiste em

extrair significac;6es e sfmbolos visuais. As letras e as palavras impressas sao

interiorizadas a partir de aquisic;6es cognitivas basicas que tern em muitas crianc;as

com dificuldade de aprendizagem S8 encontram fragilmente consolidadas e

estruturadas. Quando lemos e necessaria antes de tudo percepcionar, armazenar e

rechamar as configurac;6es das tetras, das palavras e das frases e posteriormente,

relaciona-Ias com as respectivos equivalentes auditivos, processo cognitivo este 0

qual S8 atinge a aquisi~o de significac;:ao e com 0 qual 0 leitor, nesse momento,

confronta-s8. Tal significado resulla das relac;:6es de conteudo.

A [eitura por can sequencia compreende uma dupla atividade simb61ica em

que as simbolos escritos se transformam em equivalentes falados (fonemas),

elementos estes anteriormente aprendidos e fixados.

Ler e escrever sao produtos finais do cerebro, resultantes de processos de

codificayao e descodificagao que, incontestavelmente, envolvem sistemas sens6rio-

motores, linguisticos e cognitivos extrema mente complexos e integrados.

2.6.6 Problemas PsicolingOislicos

Quando os sinais mais significativos apontam as seguintes problemas: na

compreensao do significado de palavras, de frases, de historias, de conversas, de

dialogas.

Quanta maiar for a consciencia dos segmento de fala e da estrutura da

linguagem (fonetica, morfologica, sintaxe e semantica), ou seja, a conhecimento da

linguistica mais facil, parece ser segundo dados de investigagao, a aprendizagem

da leitura, dal a detecyao precoce desses problemas que acabamos de referir, dal

tambem a integrag80 urgente dessas pre-aptid6es nos curriculos pre-primario e

primario.

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3 DESENVOLVIMENTO

3.1 AS TROCAS ORTOGRAFICAS NO ENSINO BAslCO

Em pesquisa reallzada pelo Doutor em EduC8<;80 e Fonoaudi61ogo Jaime

Luiz Zorzi (1997), com 514 alunos entre 7 e 14 anos cursando as quatro primeiras

series iniciais do primeiro grau, da rede particular de ensina, na cidade de Sao

Paulo, acompanhou num periodo de seis meses a trajetoria de apropriayao do

sistema de escrita e as erras presentes na alfabetizac;ao.

Foram detectados 21.196 modos de escrever as palavras, que divergiam na

forma convencional e que fcram considerados "erras" ou "alterac;6es ortograficas".

A quanti dade e diversidade de tipas de altera<;6es causaram dificuldades para as

criterios de avalia<;ao.

Buscou-se entao modos de classificaC;3o que ja tivessem sido empregados.

Num estudo anterior que procurava investigar tam bam as alterac;:oes

ortograficas, entao classificou-se os erros ortograficos da seguinte mane ira:

1- Transic;:ao fonatica: correspondem aquelas alterac;:6es decorrentes de

uma transic;:ao do modo de falar.

2- Uso indevido de letras: a letra que a utilizada para escrever uma palavra,

em bora pudesse ser uma op.yao de escrita, nao corresponde ao que edelerminado pela ortogratia. Ex: gratar dise em lugar de disse.

3- Hipercorrec;:ao: corresponde a generalizaC;:8o de algumas formas

possfveis de escrita, como por exemplo, a compreensao de que 0 modo

de falar nao corresponde ao modo de escrever.

4- Modificac;:ao da estrutura segmental das palavras: abrangem trocas,

supressao, acrescimo e inversao de letras.

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22

5- Juntura intervocabular e segmenta<;ao' categoria que abrange a escrita

de palavras que nao sao segmentadas de forma convencional.

6- Forma morfol6gica diferente: a variedade dialetal da crian9a pode

dificultar 0 conhecimento da grafia convencional, quando 0 modo de falar

e muito diferente do modo de escrever.

7- Forma estranha de tra~r as letras: tra9ado irregular ou com pouca

precisao das letras, podendo fazer com que as [stras nao fiquem bern

diferenciadas urna das outras.

8- Usa indevido de tetras maiusculas e minusculas.

9- Acentos graficos.

10-Sinaisde pontua9ao.

11-Problemas sintaticos: correspondem a modos de escrever que sao

influenciados par padr6es sintaticos do dialeto que a crian<;8 usa:

CARRAHER (1990, p. 114), tambem interessada nas altera90es da

ortografia, em seus estudos empregou oito tipas para demonstrar os erros:

1- Erros tipo "transcri~ao da fala~.2· Erros par supercorrey~o (hipergeneralizay~o).3- Erros por desconsiderar as regras contextuais: a crianya nao considera 0 fato de que avalor de uma tetra pode depender de seu contexto de ocorrencia, como, por exempto, aJetram s6 pode ser usada antes de p e b.4· Erros de ausencia de nasatizayao: a crianya na~ emprega marcadores para indicar anasalizayao.5- Erros tigados a origem da palavra: 0 modo de escrever a patavra depende nao somenleda fonna como eta e pronunciada, mas tambem da sua origem, como, por exemplo, quandohi! necessidade de decidir se uma palavra e escrita com ~ ou com 55.6- Erros por troca de tetras, principalmente entre consoantes sonoras e surdas.7- Erros nas silabas de estruturas comptexas que envotvem, por exemplo, consoante-vogal-consoante, consoante-consoante-vogat e assim par diante.8- Ausencia de segmenta~ao e segmentayao indevida das patavras.

Porem, as classifica¢es definidas nestes estudos anteriores de quanta aos

chamados erras ortograficos, em bora tenham sido tomadas como referenda para a

elabora<;ao de um modelo, nao foram suficientes para dar conta dos erras

encontrados, uma vez que as mesmos nao estavam sendo vistos como erras de

uma pradu<;ao de textos. Neste prisma de pracesso de apropriayao, esse erro nao

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seria um produto, mas sim urn obstaculo urn conflito a ser superado. A trajetoria de

tais erros se configuraria em um movimento em busca da escrita, 0 que tornaria

passiveI que um mesmo erro pudesse ser analisado de diferentes formas. Assim

sendo a partir depuragao das alterag6es e da busca do que poderiarn apresentar

em comum que essas categorias foram sendo modificadas, au ampliadas, para

tornarem possivel a classificar;ao da grande quantidade e diversidade de erros que

estavam sendo observados.

A partir dai, foi desenvolvido, em razao dos dados desta pesquisa, urn novo

quadro classificatorio composto par 10 categorias au tipos de alterar;6es

ortograficas que foram mais comumente encontradas na escrita das crianr;as em

geral. Foi preciso acrescentar pela autor uma decima primeira categoria para

relacionar "outras formas", ou seja, de certos modos particulares e pouco freqOentes

de escrever palavras que eram encontrados em uma au outra crianr;a, e que nao

podiam ser considerados como dificuldades comuns a maioria dos alunos.

3.1.1 Altera,oes au Erros decarrentes da passibilidade de representa,oes

multiplas

A lingua portuguesa, assim como todos os outros sistemas de escrita

alfabeticos, apresentam como caracteristica primaria uma relar;ao basica entre sons

e letras. Algumas destas relayaes sao consideradas como biunivocas, au seja, a um

determinado som corresponde uma determinada letra. 0 sam ou fonema Ipl egrafado unicamente com a letra p: 0 fonema Iv! e escrito somente com a letra v,

assim como para se escrever 0 fonema If! emprega-se, exclusivamente, a letra f.

Nestes exemplos, ha uma especie de relar;ao de compatibilidade entre a sam e 0

simbolo que representa-o.

Por outro lado, existem outros tipos de relar;6es entre letras e sons nas

quais nao existe tal compatibilidade na forma de grafar. Existem casas em que, para

urn mesmo sam, podem corresponder diversas letras au, inversamente em outros

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casas no qual urna letra pode estar representando diferentes sons. 0 fonema /5/,

por exemplo, pode ser representado par varias letras como 5, 55, C, t;, entre Qutras.

A letra e, por sua vez, pode escrever 0 fonema /5/, assim como 0 fenema Ikf.

Tai5 rela<;oes, nas quais urn mesmo som pode S8r escrito por varias letras

au urna mesma letra pode identifiear diferentes sons, foi atribufdo 0 nome de

"correspondencias multiplas"

Nesta categoria fcram classificadas, aqueJas altera<;6es ortograficas

originadas da confusao que pode ser gerada pelo fato de nao haver formas fixas au

unieas de representac;ao grafica de certos sons. Foram observadas altera<;oes com

rela<;ao as seguintes correspondencias:

a) Erros envolvendo a grafia do fonema lsI porque 0 mesmo pode ser

escrito por uma diversidade de tetras: s (salada, pasta, lapis); ss

(passear; c(cimento); ~ (pedal'o); sc (descer); sc (nac;a); xc (excesso); x

(explicar) e z (nariz). Exemplos: cayador=casador; sera=cera;

travesseiro=traveseiro; cresceu=creseu; explica98o=esplicas8o;

serviyo=serviso; sentindo=centindo; apareceu=paresseu).

b) Erros relativos a grafia do fonema IzJ, que pode ser representado pelas

letras: z (zero); s (casar) e x (examinar). Exemplos: presente=prezente;

fazer=faser; tristeza=tristesa; exemplo=esemplo.

c) Erros envolvendo a grafia do fonema lsi que pode ser grafado com as

letras: x (enxugar) e ch (chegar). Exemplos: manchar=manxar;

churrasco=xurasco; machucado=maxucado; bruxa=brucha.

d) Erros envolvendo escrita do fonema 1,1 que pode ser representado pel as

letras: j (janela) e 9 (geladeira). Exemplos: tijolo=tigolo; jornal=gornal;

girassol=jirassou.

e) Erros relatives a grafia do fonema IkJ que pede ser escrito com as letras

q (querer); c (carro) e k (Katia). Exemplos: sequestrador=secuestrador;

explicayao=expliquacao; quarto=cuarto; ca9ador=qasador.

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f) Erros provocados pelo fato de a letra r poder representar os sons Irrl e

Ir/, dependendo do contexto grafico: quando em posigao inicial de silaba

escreve 0 som Irrl (rede) e quando aparece no final da silaba (barco) ou

no interior das palavras e entre vogais (pared e) grafa 0 som Irl.

Exemplos: churrasco=churasco; cachorra=cachora; macarro3o=macaro3o;

arrependido=arenpemdido.

g) Erros relativos ao fato de que a letra 9 pode representar 0 som III

(geladeira) quando acompanhada das vogais e e i, assim como 0 som

Igl quando antecede as vogais a, 0 e u (galinha, gola, guloso) ou nas

construgoes silabicas com gue e gui (guerra, guitarra). Exemplos:

ja=ga; seguir=segir; jornal=gornau; sangue=sange.

h) Erros produzidos porque a letra c pode representar tanto 0 som Ikl

(coisa) quanto 0 som lsi (cinema). Exemplos: quero=cero;

quebrado=cebrado.

Erros resultantes do uso das letras men para indicar a nasalidade das

vogais nasais, que podem ser escritas das seguintes form as:

1- - a, am e na irma, samba e canta

2- - em e em sempre, pente

3- - im e in limbo, pinta

4- - om e on pombo, conto

5- - um e um Cumbica, junto

As letras men, embora sejam distintas, nessa posigo3ofinal de silaba estao

grafando 0 tra90 de nasalidade das vogais, podendo ser consideradas, portanto,

como letras distintas representando a mesma sam. Exemplos:

perguntou=pergumtou; conselho-comselho; combinar=canbinar; tambem=tanben.

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3.1.2 Altera,6es Ortograficas Decorrentes de Apoio na Oralidade

Nessa sistema alfabetico caracteriza a escrita, e isto impliea

correspOndElncias entre sons e letras, au seja, as sons da fala sao representados

par letras e, inversamente, as letras S8 transformam em sons. Ha, desta forma, urna

rela9.3o entre sons e letras. Existem palavras que sao escritas praticamente do

modo como sao faladas, nao havendo discrepancias entre a forma de talar e a

forma de escrever: dizemos "lata" e escrevemos lata, pronunciamos Usapato" e

tambem escrevemos sapato. Nestes casos, a escrita S8 assemelha a urna

transcri9ao fonetica. Porem, a escrita alfabetica nao signifiea escrita fonetica. Ecomum encontramos palavras que podem ser pronunciadas de uma forma, mas que

sao escritas de outra maneira.Ouvimos uma crian<;a dizendo "Minha mai fatrabaiando pa ganha dinhero" mas que, para ser escrito como um enunciado

convencional, devera se transformar em Minha mae esta trabalhando para ganhar

dinheiro. Nem sempre se escreve da maneira que se fala. 0 padrao acustico-

articulatorio nao coincide com 0 padrao visual ou ortografico.

Nesta categoria foram classificadas aquelas palavras grafadas

erroneamente devido a um apoio no modo de falar para decidir 0 modo de escrita,

quando ha uma divergemcia entre os mesmos. Exemplos: Trabalhar=trabaliar;

dormir=durmi; quente=queiti; se importa=sinporta.

Em rela<;ao aos erras ortograficos, uma questao poderia ser levantada

envolvendo a representagao de ditongos em palavras como usoltou", que acaba

sendo escrita como soutou; "palpite" que e escrita como paupite; "falta" como fauta

e assim por diante. Assim, a letra I acaba sendo substituida pela letra u. Em

palavras nas quais hi! ocorrencia de ditongos deste tipo, observamos que a

semivogal Iwl pode ser representada pel a letra 1 ou pel a letra u: em papel, a

semivogal Iwl e representada pela letra I, enquanto que em chapeu, a mesma

semivogal e escrita cam a letra u. Portanta, e passivel pensarmos que este e urn

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casa de erro em decorremcia de representa96es multiplas, au, urn mesma fonema,

no case uma semivogal, pode ser escrito par mais do que uma letra I au u,

dependendo da palavra.

Apesar de estarmos frente a urn casa que envolve representagao multi pia, a

analise dos erras das criang8s levou-nos a crer que, inicialmente, elas estavam

decidindo a forma de escrever as palavras tomando como referencia a oralidade.

Principalmente nas series iniciais a tendencia fOi, de modo mais Sistematico, de

empregar a letra u para escrever a semivogal. Tomando como passive I referenda

suas caractertsticas foneticas que a aproximam da vogal luI. Ou seja, 0 som da

semivogal estaria sendo assimilado ao som da vogal luI e, assim, a letra a

empregar deveria ser a letra u. E foi esta a tend en cia observada: de a letra user a

mais frequentemente empregada para escrever palavras deste tipo. Nao foi

constatado, de inicio, um conflito de representagao. Este conflito comegou a ser

mais visivel, sobretudo nas series mais avangadas, quando surgiram, com mais

freqOencias, erras como 0 da palavra perguntou que fOI escrita na forma de

pergunto" No en tanto se os agentes principais deste trabalho nao foram

questionados acerca dos motivos que deveria te-Ios levado a utilizar uma ou outra

letra para escrever as semivogais, caberia aqui acrescentar que tem sido possivel:

em ZORZI, (1998, p. 37), "situa<;6es de terapia, com outras crian9as, perguntar-Ihes

porque usam preferencialmente a letra u para escrever palavras como jornal, calga,

bolso e assim por diante. Frente a questao: Por que voce usou esta lera (u) para

escrever esta palavra? a res posta mais comumente encontrada tem sido algo como:

E porquanto a gente fala lui. Ou seja, aparentemente se escreve como se fala"

Diante desta influencia que a oralidade parece estar exercendo no modo de

escrever palavras contendo ditongos com a semivogal Iw/, este tipo de erro foi

relacionado nesta categoria.

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3.1.3 Omissao de Letras

Sao as palavras escritas de modo incompleto, com a falta de urna ou mais

letras, fcram consideradas dentro deste tipo de alterayao ortografica. Palavras

escritas como bombero (bombeiro) nas quais ha amissae da letra i; palavras com

tisera (tesDura), nas quais a letra u tambem e omitida au em palavras do tipo come

(comer), nas quais a letra r esta ausente, nao fcram tidas como omiss6es, mas sim,

escritas apoiadas na oralidade. Exemplo de omissoes: sangue=sague;

coitada=coida; queimar=quemar; comprou=compou.

3.1.4 Altera<;iies por Jun,ao ou Separa,ao nao Convencional das Palavras

Ao usarmos a linguagem oral, as palavras que formam as en unci ados

pod em S8 suceder sem urna clareza de separac;ao entre elas. As palavras nao sao

pronunciadas urna a urna, isoladamente, mas sim em blocos, de pausa em pausa

variando entre si. Portanto as palavras faladas nao se apresentam como unidades.

Porem, a escrita possui criterios nitidos de segmentagao ou de separagao

de uma palavra das outras. No momento em que as criangas usam padr6es de

oralidade para segmentar a escrita ou quando nao estao seguras a respeito do

ponto em que uma palavra camec;:a e do ponto em que termina, podem surgir

alterac;:6es no modo de escrever. Problemas quanto a segmentac;:ao resultam em

palavras unidas entre si ou fracionadas em urn menor numero de silabas do que

deveriam ter. Exemplos: as vezes=asvezes; se perder=siperder; naquele=na quele;

quatrocentos=quatrosentos.

3.1.5 Alterac;:6es Decorrentes de Confusao entre as Terminac;:6es am e ao

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Nesta categoria fcram classificadas as palavras que terminam com am e

que sao grafadas como aD, e vice-versa. Tambem S8 observa nestes casas urna

influencia de padr6es de pronuncia, ou seja, as palavras que term in am com am sao

foneticamente semelhantes aquelas que terminam com ao: "falaram" e pronunciada

como "falarau", da mesma forma que "falarao" e pronunciada como "falarau". Na

verdade, a diferenya nao a fonatica, mas sim, em rela(:ijo a posi<;:ao da silaba tonica

dentro da palavra, falaram e uma palavra paroxitona enquanto falarao e Dxitona.

Quando a crianC;:8 toma como base para a escrita a maneira como as palavras sao

pronunciadas, podem surgir erras deste tipo: am pode virar ao au pode haver

duvidas quanta a forma adequada de grafar. Exemplos: comeram=comerao;

sairam=sairao.

Observa-se neste caso, uma situac;ao idemtica aquela analisada no caso do

apoio na oralidade quanto a escrita das semivogais. Neste caso de distinc;ao entre

am e ao tambem encontramos uma representa~o multipla, au seja, para escrever

a ditanga nasal/awl que aparece na pronuncia da palavra "cantarao", ucomeram" e

assim por diante, temos duas possibilidades: am ou ao, dependendo da tanicidade

das palavras.

A influemcia de padr6es orais foi nitida neste tipo de erro, porque a

tendencia muito mais forte foi a de encontrar palavras que deveriam ser escritas

com am sendo escritas com ao. Provavelmente se deve ao fato de que, a forma

escrita ao esteja proxima do sam do ditongo law/. Observou-se crianc;as que fazem

uma transcric;ao quase que literal do modo de pronuncia: "compraram" se

transforma em "comprarau"; assustam" em "assustau" .

Antes que a crianc;a assimile 0 fato de um mesmo ditongo poder ser escrita

de duas formas diferentes, ela esteja tomando a oralidade como ponto de partida

para suas decis6es quanta ao modo de escrever as palavras. Apesar desta relac;ao

com a oralidade, a autor optou par criar uma categoria de erras a parte, em func;ao

de suas caracteristicas e constante frequencia.

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3.1.6 Generalizagao de Regras

Nesta classificac;ao fcram incluldos tipos de alterac;6es no modo de grafar

palavras que parecem demonstrar 0 modo como as crianc;as generalizam certos

procedimentos de escrita, porem aplicando-os a situac;6es nem sempre apropriadas.

Uma criany8 pode compreender, par exemplo, que embora certas palavras sejam

pronunciadas com 0 som de Iii ou com 0 som de lui, elas podem ser escritas com

as letras e, 0 ou I: umininu" grafa-s8 com e e com o=menino, ~sautu" escreV8-se

com 1 e com o=salto. Nestes casas, 0 fonema IiI transformou-se na letra e enquanto

que 0 fonema luI transformou-se em a e em I.

Generaliz890es dizem respeito ao usa de tais principios de escrita

convencional em situ8c;oes nem sempre apropriadas: "cinema" passa a ser escrito

como "cenema", ucaiub e escrito como "caio~e "chapeu" e substituido por "chapel~

Exemplos: fugiu=fugio; emagreceu=emagresel; cimento=cemento; tesoua=tesolra.

3.1.7 Alterag6es Envolvendo a Grafia de Fonemas Surdas e Sonoras

Foram inseridas as alteragoes nesta categoria de escrita dizendo respeito a

determinadas substituic;6es de grupos de letras que apresentam em comum 0 fato

de representarem fonemas que se diferenciam pelo trago de sonoridade. Os

fonemas Ipl, It!, Ik/, If I, lsi, e lsi sao considerados surdos pelo fato de nao

apresentarem vibrac;ao de pregas vocais quando produzidos. De modo contrario, as

fonemas Ibl, Id/, 19/, lvi, IzI, e 13/, sao considerados sonoros por serem praduzidos

com vibracyao das pregas vocais. 0 tracyo de sonoridade corresponde a unica

distingao entre os pares destes dois conjuntos de fonemas: Ipl x Ib/; It! x Id/; Ikl x

19/; If I xlvi; 151x IzI; 151x 131

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As altera<;6es ortograficas aqui descritas dizem respeito aquelas palavras

que apresentamtraeas entre as letras plb; tid; q clg; flv; ch xlj 9 e grupo de

tetras que representam 0 som lsi versus 0 grupo de letras que representarn 0 som

Izi. Exemplos:pegando=peganto;perdido=perdito;jornal=ehornal;fome=vome.

3.1.8 Acrescimo de Letras

Neste casa das omiss6es, fcram grafadas palavras que apresentavam mais

letras do que na realidade deveriam ter, sendo, por esta razac, consideradas como

altera90es decorrentes do aumento au acrescimo de letras. Exemplos:

machucar=manchugar; apareceu=papareceu; estava=estatava; fugiu;;fuigiu.

3.1.9 Letras Pareeidas

Aqui foram incluldas palavras escritas com erras em razao do usa de letras

incorretas, mas cuja grafia apresentava alguma semelhan<;8 com a letra que deveria

ser utilizada.Tal e 0 aso de tracas entre men (quandoem posil'ao inieial de silaba)

e dos digrafos nh, eh, Ih e el. Exemplos: tinha=timha; eaehorra=eaelorro;

caminho=caminlo; medo=nedo.

3.1.10 Inversao de Letras

Letras em posi9ao invertida no interior da silaba, ou mesmo sflaba em

posi9ao distinta daquela que deveriam ocupar dentro da palavra, formam esle grupo

de palavras que foram consideradas como altera90es decorrentes de inversoes de

posil'ao. Exemplos: pobre=pober; aeordou=areodou; fraquinho=farquinho;

enxugar=enxugra.

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3.1.11 Outros Erres

Este e um caso a parte. Nesta categoria foram incluidas alterayoes

abservadas em casas raros e partjculares, parecendo a crianc;a estar a sua forma

de escrever, ou seja, seus erros nao eram partilhados de uma forma mais freqOente

ou geral como as categorias anteriores. Exemplos: sangue:=jange; preciso:=parcicho;

bruxa:=gurcha; labirintos:=britos.

3.2 ANALISE DOS ERROS ORTOGRAFICOS

Todas as altera90es ortograficas registradas foram classificadas de acordo

com os criterios anteriormente citados, 0 que permitiu trac;ar um quadro geral de

ocorrencia de tais alterac;oes nos 514 alunos de primeira as quartas series de

escolas particulares que participaram da pesquisa.

Observam-se diferentes tipos de alterac;oes ocorrendo em diferentes

momentos, 0 que resulta em uma hierarquia de ocorrencia. Em primeira lugar, as

alteragoes relativas a possibilidade de representac;oes multiplas com 47,5% de

ocorrencias; em segundo lugar as altera90es decorrentes do apoio da oralidade

com 16,8%; em terceira lugar as omissoes de letras com 9,6%; em quarto lugar as

junc;oes e separac;oes nao convencionais, ou erras de segmentac;ao com 7,8%; em

quinto lugar as confusoes entre as terminagoes am e ao com 5,2%; em sexto lugar

as generalizac;6es de regras com 4,6%; em setima posiC;ao as tracas entre surdas e

sonoras com 3,8%; em oitavo lugar os acrescimos de letras e as confus6es entre

letras parecidas ambos com 1,4% das ocorrencias; e final mente, as inversoes de

letras com 0,6%.

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3.2.1 Representa,oes Multiplas

Estas dificuldades apresentaram urn indiee muito alto de ocorrencias. 0

total de erras deste tipo nas quatro series corresponde praticamente a quase

metade de todas as alterac;:6es produzidas, mais especificamente 47,5%. A estes

correspondem em media, 19,7 erros por aluno. Esta altera,ao atingiu na prime ira

serie, 21,1% do total de erros; 12,6% na segunda; 8,5% na terceira e 5,3% na

quarta. Observe-s8 tambem que 0 valor percentual total de 47,5% e muito superior

a frequemcia do segundo tipo de alterac;:oes, ou seja, de escrita com apoio na

oralidade, com 16,8% de todas as ocorrencias.

Apes estes dados a primeira queslao s: par que tal discrepancia entre

valores indicativos das frequencias das alterac;:6es. A soluc;:ao pode ser encontrada

na natureza da propria lingua escrita ou, na caracteristica que definem a escrita

alfabetica. A caracteristica de urn mesmo fonema poder ser representado por

diversas letras ou, inversamente, uma mesma letra poder ser usada para grafar

diferentes fonemas, contra ria um principio de correspondemcias biunivocas entre

sons e letras: para cada som uma letra e vice-versa. A nao existencia de uma

padronizac;ao basica e unica de grafar as palavras pode gerar as altera90es que

aqui sao apontadas.

No entanto 0 simples fato de se apontar a natureza da altera<;ao nao explica

de imediato sua frequencia de ocorrencia. Pensamos que uma porcentagem tao

elevada de erras deste tipo possa ser decorrente da propria frequencia de palavras

da lingua que apresentam como caracteristica a possibilidade de multiplas formas

de representa9aO. Sao palavras envolvendo as letras que representam 0 sam 151 (s,

55, c, ~, sc, sc, x, z), 0 som Izl (z, 5, x), 0 som 151 (x, ch), 0 som 131 (j, g), 0 som Ikl

(c, q, k), as letras men em final de silaba (representando as vogais nasais), 0 usa

da letra 9 (que pode ter os sons de 131 e Ig/), 0 usa da letra r (grafando os sons Irl e

lxi) e 0 usa da letra c (escrevendo os sons Ikl e lsI).

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A riqueza de fonemas com diversas flexibilidades de grafia e alta incidEmcia

dos mesmas nas palavras da lingua pode estar contribuindo para a elevada

freqOencia observada de alterac;oes. Estes fatos parecem tarnar estes aspectos da

escrita como de dificil apreensao par parte dos aprendizes que devem decidir,

dentre as possibilidades de representayao, qual a letra que deve ser usada naquele

momento particular. Acrescente-se, ainda, que nao existem regras basicas que

determinem de quando deve ser usada uma letra au Dutra. Muitas vezes, a forma

correta de escrever e determinada pel a origem da palavra e nao par uma regra

ortogrEifica. Exemplo: general escreve-se com a letra g, enquanto jeito e escrito com

j: seminario escreve-se com s enquanto que para grafar cemiterio emprega-se 0 c.

No geral, ha uma diminui980 pragressiva na quanti dade media de erras de

um ana escolar para 0 outra, porem com a maior incidencia de altera90es sempre

concentrada nas representa96es multipla. Na primeira serie, este tipo de altera9aO,

correspondeu a uma media de 35,2 erras por aluno; na segunda serie correspondeu

a uma media de 21,1 erras par aluno: na terceira, a uma media de 14 erros por

aluno e, na quarta serie, a uma media de 8,5 erras par aluno.

Representa90es multiplas, nao e somente 0 tipo de maior ocorrencia

quando comparamos com 0 total de erras das quatra series conjuntamente, mas

tambem quando analisamos a frequencia em cada uma das series. Este e 0 tipo de

altera980 que, sistematicamente, mais aconteceu em qualquer uma das series

estudadas. Na primeira serie, correspondeu a 49,6% dos 9.026 erras; na segunda

sarie abrangeu 47,2% dos 5679 erras; na terceira serie, atingiu 0 indice de 45,2%

dos 3986 erras produzidos e, na quarta serie, correspondeu a 44,7% dos 2505 erras

registrados. Podemos sup~r, portanto, que, em qualquer momento, a maior

dificuldade dos alunos estava centrada neste tipo de situa9ao. Embora tenha havido

uma diminuiyao gradativa da frequencia de tais altera96es, elas foram as

dificuldades mais observadas em cada uma das series.

Nota-se clara mente que a cada serie que se eleva 0 ensino, diminui a

numera de erras deste tipo, assim como a media de altera96es por crian9as, poram

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sempre permanecendo como a area de maior concentrac;ao de dificuldades. Este

fata pode significar que, embora pouco a pouco as crian<;as aprendam as formas

convencionais de escrita das palavras, 0 fato de haver muitas formas de

representac;ao sempre S8 apresenta como uma Situ8g80 de convite aD erro.

De acordo com 0 numero de alunos em cada uma das series que apresenta

tal tipo de alterag.3o ortografica, pode-s8 constatar que a ocorrencia e de 100% nas

duas primeiras series e que, somente na terceira e quarta series, encontrasse

algumas poucas criang8s que nao cometeram erras deste tipo: 1 dos alunos de

terceira serie (total de 129) e 7 alunos de quarta serie (total de 131). Na primeira

serie, 0 menor numero de erros encontrado em uma das crianC;8s foi 8, enquanto 0

maximo foi de 75. Na segunda serie, a menar numera de erros encontrados entre as

alunos foi 1 e a maximo foi tambem 75. Quanta a terceira serie, houve uma crian<;a

que nao apresentou erros e a que mais produziu este tipo de altera<;oes cometeu 52

erros. Finalmente, na quarta serie, a maximo de erros foi 35 e a minima zero.

Com estes dados: alta frequemcia de ocorrencia, numera medio de erras por

aluno mais eleva do do que nas outras altera<;oes e 0 fato de ser uma dificuldade

que pode ser observada praticamente em todos os alunos de todas as series, nos

conduz a reflexao imediata, se tais altera<;6es (erros/tracas) podem ser atribuidas a

falhas dos alunos ou se devem ser atribuidas a determinadas peculiaridades da

nossa lingua escrita que se apresenta de uma forma complexa e de diffcil

assimila<;ao. Ate mesma na quarta serie, 94,6% das crian9as avaliadas

apresentaram altera96es artograficas em razeo das representa<;6es multiplas.

E certa que os conhecimentos necessarios para poder escrever palavras

que apresentem tais dificuldades nao parecem limitadas a uma questao de

memorizar como elas devem ser grafadas. Isto pode ser aceitavel para dar conta

das palavras que possam ter sido mais treinadas au que sao mais sistematica mente

utilizadas. E 0 que dizer daquelas palavras que a crian<;a poucas vezes viu escritas

au grafadas

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Podemos imaginar algumas possibilidades, Quando a crianC;8 desconhece

que pode haver formas diversas de escrita de urn mesma som, ela pode tomar

como referencia au OP9aO uma determinada letra como que acreditando que para

tal sam deve-se empregar tal letra. ZORZI, (1998) "hipotetizando urn

pseudocorrespondencia biunivDca, a crianc;a pade tender a escrever as palavras

que tenham a sam lsi, par exemplo, utilizando sistematicamente a letra s, como se

houvesse uma representac;ao estevel entre ambos".

Tal hip6tese na crian9a pode advir, do falo de que na realidade, enconlramos algumascorrespondE:mcias biunivocas. Par exemplo, para escrever 0 sam Ivl usamossistematicamente a tetra lvI, para grafar 0 sam /p/, empregamos sempre letfa p, escrever 0sam If 1 usamos a letra f, e assim por dianle. Generalizando tal conhecimento oucanstatacao, a crianca padera acreditar que, para escrever a sam 151, ele deve usar a lelra5, para escrever a sam Izl deve empregar canstantemente a letra z au que, para escrever asam Ikl, e necessaria usar a lelra c. (ZORZI, 1998, p.48)

Esta caracteristica de cada crian9a, concorde, pode ser decorrente de uma

espontaneidade, digamos ate pela facilidade no momenta de escrever pode

tambem, por outro lado, ser acentuada por determinadas formas ou metodos de

alfabetiza9ao que nao enfocam a existencia de formas de grafar que nao sao fixas.

Quase sempre, ha uma tend€mcia de se come9ar ensinando apenas as

correspondencias digamos estaveis, trabalhando-se somente palavras que

constantemente sao grafadas na mesma forma. Quando e necessario a sam 151

para a crian9a sua grafia fica limitada a palavras escritas com a letra s

acompanhada de alguma vogal, formando 0 grupo silabico "sa, se, si, so, su~

Formaliza-se urn treino de palavras contendo a fonema 151 8 que S8 escrevem

sempre com a letra s, como e a caso de sapo, semana, sitio, sopa e sumiu. Esta

forma de ensino pode caracterizar na crian9a a cren9a da exist€mcia de uma escrita

na qual para cada sam existe somente uma letra.

No momenta em que a crian9a ja tern n09aO de que urn mesmo som pode

ser escrito par diferentes letras, embora possa nao conhecer exatamente qual a

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letra correta que grafa a palavra, e 16gleD que ela passa a ter duvidas, que 56 seraa

tiradas S8 perguntar a alguem ou buscar 0 significado num dicionario.

3.2.2 Apoio na Oralidade

o segundo tipo de alterac;oes evidenciadas com maior frequEmcia na

pesquisa, esta ligada aD usa de referenciais de produC;80 de linguagem oral, ou

pistas aCLJstico-articulat6rias, na defini<;ao de produzir a escrita. Do total dos

pesquisados, 16,8% cometeram aUera<;6es que S8 encaixam nesta categoria, uma

forma de escrever com caracteristicas de uma transi<;8o fanatica. No universe da

coleta de erros nas quatro series, 6,9% eram da primeira serie, 4,6% na segunda,

3,3% na terceira e 2% na quarta serie. Pelo total das crianc;:as a media de erras foi

de 7,0 por aluno.

Par serie observa-se que a media de altera96es correspondeu a 11,5 erras

par crian9as na primeira, 7,7 erras na segunda, 5,4 erras na terceira e 3,2 erros na

quarta serie. Estes numeras demonstram tambem que a crianc;:as gradativamente

vao compreendendo que falar e escrever nem sempre mantem uma rela9aO direta,

e como regra geral, nao se escreve do modo que se fala. Entre os alunos da

primeira serie so mente urn nao apresentou palavras com tal altera9aO, as demais,

99,2% do total, apresentaram palavras caracterizando suas maneiras de falar, que

nao compatibilizavam com a modo de escrever. Uma crianc;a apresentou 0 maximo

de 63 erras, contra uma media de 11,5. Na segunda serie, 96,8% das crian9as

criaram altera96es e a media de 7,7 erros por aluno, na terceira serie 89,1% de

altera96es de apoio a oralidade e a media de 5,4 erras par aluno e na quarta serie,

ainda 80,9% das criant;as produziram altera90es com apoio na oralidade e a media

de erro por aluno ficou em 3,2.

Um numero tao alto de crian9as produzindo escrita com base em pistas

acustico-articulatoria, leva a um qU8stionamento quanta 80 nfvel de dificuldades que

as crian9as pod em apresentar para aprender num sistema de representa98o.

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Levando em conta que a linguagem oral constitui como uma lingua mais

8ntiga e que ela tern mais dominic, nao pode causar surpresa 0 fata dela sentir

dificuldade nesta Dutra descoberta, que e a lingua escrita.

Levando em conta que hi! palavras que sao escritas quase que da mesma

maneira que S8 escreve, torna-S8 evidente que a crianC;8 usa ria 0 artificio da

oraHdade, pois e 0 caminho mais curto.

Podemos relatar tambem os metodos pedag6gicos que as vezes nao

enfocam corretamente a maneira da crianC;8 if S8 libertando desta oralidade, pois

aplicando metodos arcaicos e improdutivDS. Qutras formas de ensina enfocam a

crianC;8 a prestar atengao na rnaneira da pronuncia de certas palavras "padroes" e

quando a crianc;:a S8 depara com Qutros grupos de palavras parecidas porem com

outras pronuncias, nao conseguem escrever corretamente.

3.2.3 Omissao de Letras

Ao escrever uma palavra devemos empregar todos as simbolos que Ihe dao

a identidade sonora. Esta grafia de modo c~rreta nao parece algo tao facil para uma

crian<;a. Palavras escritas de modo incompleto correspondem ao terceiro tipo

principal de erras produzidos pelos alunos. Do total de 21.196 erras, 9,6% entraram

nesta categoria, sendo 4,2% na primeira serie, 2,4% na segunda serie, 1,7% na

terceira e 1,3% na quarta, tendo uma media de 4,0 omiss6es por aluno. Nota-se

aqui uma diminuic;:ao a medida que 0 ensino avan<;a. A seguir exemplos de

omiss6es na escrita, observados na pesquisa:

1- Omissao de men em posi<;ao final de silaba: ninguem=niguem;

quem=que; mangueira=magueira; brincando=bricando; sangue=sague;

janjao=jajao.

2- Omissao de vagal em encontro vocalico vagal/vagal: ao

contrario=acomtrario; nao=na; ideias=ideas; eu=e. mais=mis;

cuidei=cudei; mais=mas.

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3- Omissao de silaba completa: comerao=corao; coitada=coida; dele=de

esperto=esper; fantasma=fantas; vassoura=vaSDU.

4- Omissao de consoante em silaba consoantelvogal CV:

procurou=prouru; menino=menio; perdido=perdio; capoeira=apuera;

madeira madeia.

5- Omissao de I final de silaba: falta;fata; palpite;papite; girassol;girasso;

algum=agum; almogou=amogou; azul=azu; expulsaram=espuc;:aram.

6- Omissao de s em final de sHaba (nao plural): assustam=assutam;

mas=ma; construir=contruir; distribuindo=detribuindo; mesmo=memo;

depoi s;depoi.

7- Omissao de consoante em digrafos: vermelho=vermelo;

nenhum=nenem; fininha=finina; coitadinha=coitadina; ganhar=ganar.

8- Omissao de h em inicia de palavras: hora=ora; hoje=oje; ha=a;

homem=omem; hora=ora; helic6ptero=elicoptero.

9- Omissao de r em grupo consonantal: comprou=compou; traz=taz;

compraremos=comparemos; frases=fases; encontra=enconta.

10-0missao de em final de silaba: informayao=infomasao;

vemelho=vemelho; parque=paque; sardento=sadento; perto=peto;

porque;poque.

11-0missao de I em grupo consonantal: explicayao=espiscasom.

12-0missao de consoante em silaba consoante I vogal I vogal - C V V:

contrario=contraio.

13-0missao de vogal em silabas com q: quarto=quto; quando=qundo; que

o;qeo; queria;quria; porque;porqu; que;qe; enquanto;enqunto.

14-0missao de vogal em silaba consoante I vogal: dele;del; chora;chor;

cachorro=cachor; sossegada=susegda.

15-0missao de vogal em sHaba vogal! consoante - V C: crianyas=crinyas.

16-0missao de vogal em silaba consoante I consoante ! vogal I consoante:

CCVC: trabalhar;trabalhr.

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17 -Omissao de vogal em silaba consoante I vogal! consoante: jornal=jornl;

exemplo=exmplo.

18-0missaa de vagal em silaba consaante 1 vagall vagal-CW: tanque=tang.

19-0missao de vogal em sflaba consoante I consoante/ vogal-CCV:

bruxa=brxa; chorava=chrava; travesseiro=trvesseiro.

20-0missaa de consaante 1 vagal em silaba cansaante 1 vagal 1 consaante:

agradecer=agrader; compraram=compram.

A maior frequencia de alteraJ;6es ocorridas com 28,0% fol a de amissaa de

men em final de silaba, quando estas ]stras marcam a nasalidade da vogal.

Indagamos S8 estas crian9C3s nao sabem como representar a nasalidade au S8 a

estrutura vocalica e muito complexa au S8 ambas as causas sao falares das

omissoes apresentadas. Em 2° lugar com 11,2% das ocorrencias apareceu 0 erro

da amissao de vogal em encontro vQcalico. Em 3° lugar apareceu a omissao de

silaba com pi eta com 10,9%. Observamos que com 50,1% estes tres primeiros tipos

de omiss6es representam a maieria das ocorrencias. Nos parece que as omiss6es

de letras estao ocorrendo porque a construg80 silebica nao segue a estrutura

cansaante 1 vagal - CV.

Per outra lado observamos que as erras menos frequentes das omiss6es

surgem de sflabas que nao passu em 0 padrao CV. Observou-se que as crianc;:as ao

produzir a escrita perdem a controle da escrita, pais muitas delas articulam muitas

bern as sflabas, e embera canhecenda as letras que devem usar, fana na realidade

uma sincronia entre a pensar e a grafar.

A crianc;:a naa consegue realizar um pracessamento fanatica que Ihe de a

resposta sonora e instantanea para que possa reproduzi-Ia. E necessaria que a

crianga tenha uma consciencia fanatica, au seja, uma consciencia dos sons que

formam as palavras.

Sao as vezes capazes de definir os fonemas, mas tern duvidas na ora de

grafar, au de urn procedimento de autocontrole de correyao ainda nao plena mente

desenvolvido.

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3.2.4 Jun,8o-Separa,8o de Palavras; Altera,oes na Segmenta,8o das Palavras

Este e considerado 0 quarto principal tipo de erro observado nas crianC;8s 0

que denota que a duvida paira em casas em que naD sabem ande come98 e ande

termina uma palavra. Palavras ligadas indevidamente ou separadas de forma

incorreta correspond em a 7,8% dos erros encontrados; distribufdos em 3,1% para a

primeira serie, 1,9% para a segunda serie, 1,8% para a terceira e 1% para a quarta.

Alteray6es referentes a criterios nao apropriados de segmentaC;80

correspondem a do total de erras 7,4% na 1il serie, 6,9% na 2a, serie, 9,6% na

terceira e 8,4% na quarta serie. A separaC;8o de palavras por meio de espa90 em

branCD e uma conven98o que determinamos entre as palavras, fata que para certas

crian98s ainda nao esta entendida.

Segundo DA SILVA citado por ZORZI (1998, p. 60) "realizou um estudo

sobre a segmentac;:ao de textos espontaneos de crianc;:as de primeira serie,

detectando 0 que denominou de hipo-segmentac;:ao e de hipersegmentac;:ao".

Hipo-segmentac;:ao e a junc;:ao de duas ou mais palavras, como e possivel

observarmos no exemplo: acerteira, asvezes, oque, eutenho. A hipersegmentac;:c;:ao

corresponde a maneira de fazer segmentac;:6es no interior da palavra. Como

exemplo relacionamos a seguir: em tao, a flic;:ao, na quele, come saram. Como

causa tem-se apontado as estrategias de padr6es de linguagem oral.

De acordo com CAGLIARI (1989), as jun,oes podem estar sendo

determinadas pela entoac;ao do falante. Os grupos tonais podem ser um dos

parametros para a segmentac;:ao. Palavras pronunciadas dentro de um mesmo

grupo tonal tendem a ser escritas juntas: "tabomeu" escrevendo "esta born, eu ... ",

"umdia" para" um dia. Outras ocorrencias em consequencia da acentuac;:ao tonica

das plavras pod em acontecer e refletem no modo como as silabas sao separadas:

"na quela" para grafar "naquela", "em tao", pra grafar "entao"

Como acontece no caso anterior, este tipo de erro fica caracterizado pelo

desempenho da linguagem oral 0 que determina os resultados na grafia. Ao longo

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das series gradativamente a crianya vai interpretando melhor estes erras

absorvendo-os com as devidas correc;6es.

3.2.5 Confusao entre as Terminac;oes am e 210

Pela freqOencia, a quinto tipo de erro encontrado as altera<;6es nos finais de

palavras que terminam com am e ao, A tendemcia predominante e de substituir a

terminac;ao am pel a terminac;ao 030. Esta alterac;ao corresponde no total de erras a

5,2% , com ocorrencia de 2,1% na 1a serie, 1,4% na 2a, serie, 1,1% na terceira e

0,6% na quarta.

Esta ocorrencia de erro vai S8 desfazendo gradativamente na evolu.yao das

series pesquisadas, 0 que demonstra urn born nivel de assimilac;ao nas diferen9C3s

entre terminac;6es em am e ao. Nesta amostra demonstramos alguns exemplos de

teminac;6es em am serem grafadas com ao: comec;aram=comec;arao,

procuraram:;;procurarao. Na realidade 0 que se observa e a falta de conhecimento

verbal de presente futuro ou passado. Se os fonemas produzidos sao os mesmos 0

que pode diferenciar e a tonicidade das palavras, como papel determinante. A

crian9a busca a forma mais proxima da termina9ao grafica ao.

3.2.6 Generaliza~ao de Regras

Erramos as vezes quando aplicamas uma regra aprendida em um casa

particular em urn outro caso semelhante a primeira vista e ao qual generalizamos

est a regra.

CAGLIARI, (1989), denomina "hipercorreyiio", e CARRAHER, (1990),

usupercorrec;aon.

Este e a sexto tipo de erro encontrado e que chega 4,6% do total tabulado.

Na 1a serie encontra 1,7% das ocorrencias, na 2a serie 1,35%, na 3a. 0,9% e na 4a

0,7%. Tambem neste caso houve diminui9ao a medida que a sarie avanya. Os

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principais erras encontrados com referencia as generaliz8c;oes de regras

representam grafias indevidas pela falta de conhecimentos ortograficos que sao

adequados a certas palavras. Alguns exemplos:

1- Letra u tfocada por 0: saiu=saio; fugiu=fugio; abriu=abrio;

buscar=boscar.

2- Letra 0 troeada por I: seu=sel; tesoura=tesolra; lalou=lalol.

3- Letra I acrescentada no final verba no passado: pediu=pediul;

levou=levoul.

4- Letra i troeada par e: tristeza=trestesa; insistia=insestia; inteira=entera.

5- Acrescimo da letra i junto as letras (e) e 0 lormando ditongos:

touro=toro; bandeja=bandeija; tijolo=tijoulo.

3.2.7 Substituil'oes Envolvendo a Grafia de Fonemas Surd os e Sonoros

Caracterizadas par substituic;:6es de grupos de letras estas alterag6es sao

representadas por pares de fonemas que S8 diferenciam pelo trago de sonoridade:

p/b; tid; q-c/g; I/v; x-ch/j-g e s/z. Estas alterag6es corresponderam a 3,8% do total

dos erras computados sendo 1,3% de ocorrencia na 1a. serie; 1,4% na 23; 0,7% na

33. e 0,2% na 43. serie.

Apesar de a fato de haver uma progressao de aeertos, chama a atenc;:ao,

porem a fato de que algumas erianc;:as nas series avanc;:adas apresentam um

numero muito elevado de erros. Estes casas se earaeterizam como problemas

partlculares de alunos que nao estao consegulndo diferenciar letras e sons. A seguir

relacionamos os pares apresentados com alterac;:oes:

1- Par q-g. Letra 9 substituida por q: sangue=sangue; preguic;a=prequisa.

Letra 9 escrita como c: gritava=critava. Letra q e c que grafam IkI

substituida pel a letra g, lonema Ig/: basquet=basguete;

cozineira=gozinheira.

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2- Par t-d. Letra d substituida par t: estudam=estutam; vidro=vitro;

dela=tela. Letra t substituida pel a letra d: sentindo;cendindo;

perto=perdo; cirnento=cemendo; enquanto=enquando.

3- Par xlch-jlg. Letra x ou ch trocados por j ou g: paixao=paija; chora=jora;

baixo=baijo; Letra jig trocada por chlx: jornal=chornal; jogo=chogo;

janela=chanela; igreja=igrecha.

4- Par f-v. Letra f trecada par v: falou=valou; sofresse=sovrece; Letra v

tmcada par f: divertido=difertido; vez=fez; vassoura=fassoura; vez=fez;

velas;;;felas.

5- Par $-Z. Traca da letra 5 par z: disso=dizo; disse=dize. Trocas da letra z

par 5: dizia=dissia; Ze=se; tesoura=tessoura; da letra 5 par z: disso=dizo;

desajeitada=dessageitada; zero zero=sero sera; dizer=disser ..

6- Par p-b. Traca da letra p par b: pouco=bouco; sempre=sembre; Traca da

letra b pel a letra p: lembrou=leprou; bastante=pastante; bateu=pateu.

Na pesquisa foi passive I observar, que 42% das crian.;as camete apenas

uma vez este tipa de erro (trocas surdas-sonoras). Acredita-se que tal altera.;ao

deva ser eventual uma vez que as crian.;as nao apresentaram dificuldades

sistematicas quanto a este aspecta da artografia.

CAGLIARI citado por ZORZI (1998, p. 73) "procura explicar tal tipo de troca

de letra fazendo referencia ao fata de que as crianc;as sao, em geral, ensinadas a

escrever em silencio" Isto quer dizer que elas naa devem pronunciar as palavras

que iraa escrever em voz alta, 0 que dificulta ou impede que se deem contas dos

sons que compoem tais palavras.

VYGOTSKY (1979, p. 132) esclarece que "Quando fala, a crian9a tem uma

consciencia muita imperfeita dos sons que pronuncia e nao tern qualquer

consciencia das operac;oes menta is que executa. Quando escreve, tern que tamar

consciencia da estrutura sonora de cada palavra tem que disseca-Ia e reproduzi-Ia

em sfmbolos alfaooticos que tern que ser memorizadas e estudados de antemao".

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3.2.8 Acrescimo de Letras

Aumentar 0 tamanho das palavras, foi uma altera<;ao pouco freqOente entre

as crian<;as. 0 numero total de erras 296 nesta categoria indicou urn indice de 1,4%

dos totais existentes. Na primeira serie tivemos 0,6%; na 23 0,3%; na 33 0,3% e na

4a serie 0,2%. Nesta amostra, foi possivel observar que nao e uma letra qualquer

que as crianc;as tendem a inserir na palavra para aumentar seu tamanho. Existe ista

sim uma duplic8C;80 de determinada letra. Exemple: computador=computadror,

pobre;;probre; porque=prorque.

Outra ocorrencia evidenciada foi a duplicac;ao da letra r em palavra como:

comerao=comerrao; Clarice=clarrice; sera=serra.

Existe ainda Dutra ocorrencia quando a silaba recebe a mais uma letra que

adionada a uma outra, forma um digrafo com nh e Ih. Exemplo: vacina=vacinha;

borboleta=borbotheta.

Em outros casos podemos dizer que sao erros por pura contaminac;ao:

assaltou=asaaltou; fugiu=fuigiu.

No geral, neste tipo de alterac;ao verificamos um numero baixo de casos, 0

que demonstra que neste particular a crianc;a esta assimilando que todo acrescimo

e um erro.

3.2.9 Confusao entre Letras Parecidas

Grafar uma palavra trocando uma letra por ela ser parecida com outra em

termos visuais, nao se apresentou como um raro. Representou do total de erros

apenas 1,3% do total, assim distribuido: 0,6% na 1a. sarie; 0,4% na 2a. serie; 0,2%

na 3a eO, 1% na 4a. serie.

Os erras nesta categoria envolvem confusoes quanto as possiveis

semelhan9as entre letras ou blocos de letras, como se va pela amostra, atingiram

principal mente as letras men e os dfgrafos nh, ch, Ih e cl. Como exemplos tern:

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queimar=queinar; fininha=fiminha; medo=nedo; ou alterando as digrafos:

cachorrao=calhorrao; cheinha=cleinha; caminho=caminlo. Tais 8rros fcram muito

inexpressivos.

3.2.10 Inversao de Letras

A posiC;ao de cada silaba dentro da palavra nao foi um problema para os

alunos. Os erras decorrentes desta caracteristica fcram de 0,6% do total

pesquisado, distribufdos assim: 0,4% na 1a serie; 0,1% na 23; 0,1% na 33 e 0,05%

na 43 serie.

As invers6es mais freqOentes neste case fcram as que S8 relacionam com

as silabas terminadas com a letra r. Perdido, zelador e gorduchinho sao grafadas

como predido, groduchinho e zeladro. Existe uma tendencia de mudanc;a da letra r

da sua posigao original como enxugar=enxugra; perguntar=perguntra, assim como

foi passivel observar a transiy8.o desta letra para Dutra silaba que resultaram em

grafias como aniversario=anirversario e mordomo=modormo. Ainda em relac;ao a

letra r, em posi9ao de grupo ou encontro consonantal, ocorre uma tendemcia de

inversao da posi9ao da letra dentro da silaba, que resultou: magrinha=magirnha;

preguic;a=pirgisa; pobre=pober; magra=magar.

Observou-se que os erros mais numerosos foram os que envolviam a letra

r, e sup6e-se que as silabas compostas de consoante-vogal-consoante, eve com r

no final, ou consoante-consoante-vogal, eev sendo a segunda consoante 0 r,

apresentam uma composi9ao com maior dificuldade de grafar, e considerando

tambem que a letra r e muito versatil encaixando-se em muitos pontos da palavra.

Nota-se que a crian98 sabe identificar nestes casos os sons da palavra, porem nao

sabem a posi9ao correta das letras dentro da palavra

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3.2.11 Outros erros

Nesta classific8y80 computou-se 1,2% do total de erras assim distribuidos:

0,6% na 1i1 serie; 0,3% na 2a; 0,2% na 3a. e 0,08 na 4a serie. Segundo as dad os

44,9% das crianC;8s produziram erras naD classificc3veis. Pelo baixo indice

apresentado neste aspecto conclui-se que os casos apresentados denotam falta de

ateny80 au concentrac;8o.

3.3 OS CAMINHOS DOS ERROS ORTOGRAFICOS

A principia podemos enfocar carater vislvel da evoluC;80 da crianC;8 no

sistema escolar, fato comprovado pelos numeros tabulados na pesquisa.

Existe uma tendemcia de diminuigao de erras na medida em que a crianC;:8

passa de uma serie para Qutra. Podemos dizer que existe uma apropriagao nos

sistema de escrita. E claro no topa de ensaio, ou seja, na quarta serie encontramos

casas em que 0 desenvolvimento de tal dominic 58 demonstre ainda um desafio aos

professores. No caso de alteray6es multiplas 0 que se verifica e que a crianya nao

sendo total mente detentora dos fundamentos basicos para aquele caso opta por

uma das opy6es que tem no momenta. A nossa ortografia cria esta aparente

confusao.

Quando os niveis de erros vao diminuindo indica que a crian<;a comec;a a

considerar regras especificas para cada caso, nao mais se utilizando as chamadas

pistas que dao origem morfol6gica as palavras.

Com relayao as alterac;6es de escrita com apoio na oralidade a crianc;a eloglco comeya a pensar no inicio que escreve como se fala mas que no decarrer do

aprendizado percebe que nao e bem assim.

A linguagem oral ou 0 conhecimento IingOistico e fruta de sua vivencia

externa e que a crian~ traz a escola. Pensar palavras admitir uma convenc;ao

passa a ser um desafio.

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Ao aprender a falar, a crianga foi essencialmente uma grande observadora,

pela necessidade de comunic8C;8o, e dentro deste processo de evoluC;80,

desenvolveu seus proprios valores de oralidade.

o novo passo que e a escrita, passa a ser uma transposiC;80 do oral para

grafado. 0 cantata sistematico com a escrita aD longo das series pode ajudar as

crianC;8s, de uma maneira geral a aprimorar as suas capacidades, e desenvolver

seus conhecimentos para evitarem as alterac;oes ortograficas.

3.4 METODOS DE APRENDIZAGEM DEFEITUOSOS

Instituic;:oes de ensina deficientes podem estar afetando negativamente 0

processo de aprendizagem da crianC;8. Inadequada porque nao esla adaptada para

tratar a crian9CI individual mente, par nao ser sistematica ou porque 0 professor

despreparado nao enfatiza as habilidades basicas e nao utiliza um metodo unico

apropriado. Algumas condigoes metodologicas inadequadas relacionam-se a seguir:

1- Exagerada enfase em algum aspecto do processo, como 0 fonetico, por

exemplo, que pode produzir uma leitura demasiadamente analitica que

limita a compreensao e a velocidade da leitura.

2- Metodo sobrecarregado e monotono, dificil e que descuida os aspectos

infantis na selegao do vocabulario e temas que criam na crianga atitudes

de desinteresse.

3- Falta de flexibilidade com uma rigidez par parte do professor quanto aaplicac;aodo metodo, ou inadequa,ao quanto as diferen,as individuais

das criangas.

4- Falta de instru,ao naquelas habilidades. que por seu nivel de

dificuldade, requerem mais exerdcio.

Toda busca do sucesso escolar e a grande expectativa do sistema social

atual. Uma crianga com insucesso escolar transporta para a vida, urn fator de

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frustrac;ao que rerlete em todo meio, convertendo-se entao motive de

autodesvalorizac;ao do individuo.

Muitas aprendizagens sao adquiridas pelo processo de imitay80 au par uma

simples interaC;80 social, com grande participaC;8o de urn adulto culturalmente

preparado. Provavelmente estes adultos nem sempre estao preparados para urn

acompanhamento.Os agentes do ensina, os professores, nem sempre estaa

interados dos mais atuais metodos pedag6gicos, processos psicol6gicos ou

disturbios neurotogicos que influem no ambiente do aprendiz. 0 papel do

diagnostico precoce de justifica-se no principia da aprendizagem, quando realizado

com uma grande margem de seguranc;a, sem 0 onus da duvida.

A psicologia ou psicopedagogia escolar, naG deve ser mais urn pronto

socorro.

Estatisticamente 15% das crian9as precisam de apoio no inicio de suas

atividades escolares e se tal intervenc;;:ao tardar a percentagem provavelmente dobre

em breve.

A escola nao pode se continuar a ser uma instituic;;:ao hiperseletiva desde 0

comec;;:o da vida escolar de um individuo, preparando as mais dotados e segregando

os menos dotados. Nos parece um racismo s6cio cultural, que escola ajuda a piorar,

em contrapartida de ser um local onde a 6bvio deveria ser a contra rio.

o insucesso escolar e sin6nimo de insucesso social, pois esta crianc;;:a

estara fad ada a ser mais urn ponto negativo nos dados socia is. A liberdade plena de

uma nac;;:aos6 e possivel se seu povo tern urn nivel cultural aceitavel.

Na realidade 0 professor e a pessoa que mais oportunidades tem para

observar a aluno, nao s6 no model a da aprendizagem, mas tambem na evolugao de

comportamentos. Estes professores devem dominar problemas de situac;;:6es

individuais, espon3dicas e coletivas, bem como de linguagem falada e de linguagem

escrita.

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o professor deve estar apta a captar pedagogicamente as caracterfsticas do

comportamento da aprendizagem das criang8s. A 898.0 isolada do professor einsuficiente dai surge a necessidade da escola como urn todo.

T smos que aprender que muito insucesso escolar da crianya e na realidade

urn insucesso do programa pedagogico.

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4 CONCLUsAo

Ao entrar na escola basica a crianc;:a comec;:a a conhecer urn universe

total mente novo, e se defrontar com um ambiente inverso aquele de protegao e

seguranc;a da familia.

E aconselhavel que esta melhor adaptagao dependa de uma interagao

familia-escola.

No processo de aprendizagem, 0 efro faz parte da apreensao neste

processo. Nao podemos diagnosticar de inicio urn carater digamos, patologico, 0

que em muitas vezes S8 verifica, pelo fato do imediatismo de resultados e do

despreparo de certos educadores.

Se considerarmos as altera96es ortograficas provocadas pela crianc;:a como

urn processo de adaptac;ao a urn novo processo de aprendizagem, concluimos que

devemos dar mais tempo e moderac;ao de diagnosticos aDs cases que S8 repetem,

dentro do entendimento pedag6gico que esta previsibilidade determina.

Notamos que certas criancyas nao conseguem acompanhar 0 ritmo das

outras e que provavelmente precisariam, "somente" de mais aten9aO espedfica.

Escrever uma palavra implica, empregar todas as letras que representam

suas qualidades sonoras. Grafar de modo completo as palavras, nao parece algo

tao simples e tao acessivel as crian9as em seus anos iniciais de aprendizado da

eserita.

o uso das convenc;:oes ortograficas para escrever, como pode ser

observado pel a frequeneia das erras e pelas quantidades das crianc;:as que os

produzem, nao pareee ser uma caraeteristiea ou que seja facilmente aprendido

pelas crianr;as. 0 problema pareee nao ser muito simplesmente em memorizar a

forma de eserever as palavras, pareee ser necessaria que a crianya eompreenda a

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diferenga entre falar e escrever, e que nao se escreve como se fala. Antes de

escrever a crianga desenvolve a linguagem oral.

Atraves de pesquisa realizada com criang8s do ensino fundamental,

averiguou-se atraves de testes uma grande quanti dade de alteragoes ortogr<3fieas

ocorridas na linguagem culta. Para poderem classificar tais erras ortograficos foram

usadas dez categorias distintas de enquadramento, e uma decima primeira

categoria chamada de ~outras formasn, que seriam certos mod os particulares e

pouco freqCtentes de eserever palavras. Com a grande gama de distorgoes

ortograficas apontadas no teste, por conta das peculiaridades da lingua portuguesa,

verificou-se a grande dificuldade pela qual as erianc;as passam no momenta em que

estao aprendendo a expressar suas ideias atraves da lingua escrita. A maior

incidencia de erro, com quase 50% de ocorrencia, deu-se com as alterag6es

relativas a possibilidade de representagoes multiplas, as quais seriam solucionadas

no momento da alfabetizagao, onde a crianga aprenderia que nao existe uma forma

fixa de grafar, porque a sonorizag8o indica uma letra mais a grafia se da com outra.

E preciso que se adote avalia90es mais detalhadas e que 0

acompanhamento dos casos seja abordado imediatamente para nao deixar

sequelas de aprendizagem.

Criar urn quadro de avaliagao da crianc;a observando sua evolury8o na

aprendizagem ortografica e mais que necessario. 0 Jado profissional dos

professores tambem deve ser discutido, pois estes formadores de cidadaos, devern

ter uma postura profissional sempre sem deixar de ser amavel nos momentos

certos, porem se policiando para nao se envolver emocionalmente com grupos de

delerminados alunos, tendo 0 maximo cui dado de nao excluir involuntariamente a

crianrya que nao esteja eonseguindo acompanhar 0 metodo imposto e assim sendo

se desinteressando pelo pracesso, e pela propria eseola.

A democratizaryao social e economica anterior a eseola passa a ser a

sOlug8o simplesmente 6bvia, com a implantaryao de um programa pre-prima rio de

eobertura nacional que consiga minimizar todos os fatores de desvios de

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desenvolvimento como a sub-cultura, a deficiencia nutricional, os padroes de

adaptagaa, as c6digas linguisticas etc.

Sabe-se atraves de dados sociol6gicos que estes fatores afetam mais as

crianc;:asque estao nos niveis s6cio-econ6micos desfavorecidos, criando e certo

uma antipatia pelo ambiente escolar.

A escola com seus professores e metodos nao pode continuar a dar

legjtimidade a estas diferenyas, pais as resultados negativos sao visiveis nas ruas.

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