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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PRANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO – LATU SENSU – GESTÃO PENITENCIÁRIA:
PROBLEMAS E DESAFIOS
MONOGRAFIA
AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO DEPEN, NA CASA DE
CUSTÓDIA DE CURITIBA, NO CENTRO DE DETENÇÃO E
RESSOCIALIZAÇÃO DE PIRAQUARA E NA PENITENCIÁRIA CENTRAL DO
ESTADO (2007)
CURITIBA
2007
ii
VANESSA CHRISOSTOMO MARTINS
Monografia apresentada ao Curso de Especialização – Latu sensu – Gestão Penitenciária: Problemas e Desafios, da Universidade Federal do Paraná, como requisito à obtenção do título de especialista.
CURITIBA 2007
iii
TERMO DE APROVAÇÃO
VANESSA CHRISOSTOMO MARTINS
AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO DEPEN, NA CASA DE CUSTÓDIA DE CURITIBA, NO CENTRO DE DETENÇÃO E
RESSOCIALIZAÇÃO DE PIRAQUARA E NA PENITENCIÁRIA CENTRAL DO ESTADO (2007)
Orientador: Prof. Dr. Marcio de Oliveira
Curitiba, 31 de julho de 2007
iv
Dedico este trabalho a meu filho Luigi e minha família, inspiração constante, razão do meu viver, para os quais trabalho para uma sociedade justa e humanizada.
v
AGRADECIMENTOS
A todos que, direta ou diretamente, contribuíram para a realização e divulgação deste trabalho.
Meu especial agradecimento a todas as
pessoas que colaboraram como sujeitos da pesquisa.
Ao meu filho, pela paciência, tolerância e significativa contribuição para a finalização do trabalho.
Agradeço ao professor e orientador Marcio de Oliveira, pelo acompanhamento e revisão do estudo e pelas críticas que propiciaram um maior aprofundamento nas questões polêmicas da pesquisa.
vi
Os atos de comer e beber possam de certa forma, ser considerado como parte do primeiro ato histórico do ser humano, o de sobreviver. Como diria Marx, é preciso estar vivo para fazer história. E este ato de comer tem que se repetir dia após dia, historicamente, dentro das condições sociais postas pela estrutura social para as diferentes classes que a compõem.
Flávio Luiz Schieck Valente
vii
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS.............................................................................................viii LISTA DE GRÁFICOS........................................................................................... ix LISTA DE QUADROS..............................................................................................xi LISTA DE SIGLAS..................................................................................................xii RESUMO................................................................................................................xiii 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1 2 CONCEITOS E HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO DOS PRESOS NO PARANÁ. 4 2.1 BREVE HISTÓRICO DO FORNECIMENTO DA ALIMENTAÇÃO................... 7 2.2 EDITAL DE LICITAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO...................................................11 2.3 NECESSIDADES NUTRICIONAIS...................................................................17 2.4 SIMBOLOGIA DA ALIMENTAÇÃO...................................................................24 2.5 PANORAMA DA ALIMENTAÇÃO ....................................................................26 2.5.1 Na Casa de Custódia de Curitiba – CCC.......................................................26 2.5.2 No Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara – CDRP ..............32 2.5.3 Na Penitenciária Central do Estado – PCE................................................. 33 2.5.4 Análise em conjunto da alimentação oferecida na CCC,CDRP e na PCE...36 3 MATERIAL E MÉTODO............................................................................... ......37 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................39 4.1 ANÁLISE INDIVIDUAL DA PESQUISA DE ALIMENTAÇÃO...........................39 4.1.1 Na Casa de Custódia de CURITIBA – CCC..................................................39 4.1.2 No Centro de Detenção Provisória de Curitiba – CDRP................................52 4.1.3 Na Penitenciária Central do Estado – PCE...................................................66 4.2. ANALISE EM CONJUNTO DA PESQUISA DE ALIMENTAÇÃO....................79 4.2.1 Diagnóstico de como era alimentação antes de entrar para a vida carcerária................................................................................................................79 4.2.2 Avaliação da alimentação pelos presos na CCC, CDRP e PCE................80 5 CONCLUSÃO................................................................................................... 83 REFERÊNCIAS......................................................................................................86 APÊNDICES...........................................................................................................88
viii
LISTA DE TABELAS TABELA 1 -- POPULAÇÃO CARCERÁRIA EXISTENTE NO PARANÁ -2003/2005 .........................................................................................................19 TABELA 2 – NÚMERO DE PRESOS POR FAIXA ETÁRIA NO PARANÁ - 2001/2005........................................................................................20 TABELA 3 -- PROCEDÊNCIA DOS PRESOS NO PARANÁ - 2002/2005 ............................................................................................................21 TABELA 4 – CANTEIROS DE TRABALHO UTILIZANDO MÃO-DE-OBRA DOS PRESOS, PARANÁ - 2001/2005....................................................22 TABELA 5 – PERFIL CRIMINAL DOS PRESOS DA CCC - MAIO 2006............27 TABELA 6 – FAIXA ETÉRIA DOS PRESOS DA CCC - MAIO 2006...................28 TABELA 7 – PROCEDÊNCIA DOS PRESOS DA CCC - MAIO 2006.................28 TABELA 8 – SITUAÇÃO DE ESCOLARIDADE DOS PRESOS DA CCC - MAIO 2006.................................................................................................29 TABELA 9 – COMPARATIVO DOS CONTRATOS VIGENTES DE FORNECIMENTO DE REFEIÇÕES AOS PRESOS DA CCC,CDRP PCE - 2007......................................................................................36 TABELA 10 – PREFERÊNCIA ALIMENTAR DOS PRESOS DA CCC, DAS PREPARAÇÕES SERVIDAS PELA EMPRESA QUE MAIS GOSTAM - MAIO -2007 .................................................................49 TABELA 11 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES SERVIDAS PELA EMPRESA QUE APRESENTAM MENOS ACEITABILIDADE PRESOS DA CCC -MAIO - 2007....................................................50 TABELA 12 – DEMONSTRATIVO DA OPINIÃO DOS PRESOS DA CCC, DAS FORMAS DE MELHORAR A ALIMENTAÇÃO SERVIDA PELA CONTRATADA -MAIO - 2007.........................................................51 TABELA 13 – PREFERÊNCIA ALIMENTAR DOS PRESOS NO CDRP DAS PREPARAÇÕES SERVIDAS PELA EMPRESA QUE MAIS GOSTAM – MAIO – 2007................................................................63 TABELA 14 – DEMONTRATIVO DAS PREPARAÇOES PELA EMPRESA QUE APRESENTAM MENOS ACEITABILIDADE PELOS PRESOS DO CDRP – MAIO – 2007.....................................................................64 TABELA 15 – DEMONSTRATIVO DA OPINIÃO DOS PRESOS DA CDRP, DAS FORMAS DE MELHORAR A ALIMENTAÇÃO SERVIDA PELA CONTRATADA -MAIO - 2007..........................................................65 TABELA 16 – PREFERÊNCIA ALIMENTAR DOS PRESOS NA PCE DAS PREPARAÇÕES SERVIDAS PELA EMPRESA QUE MAIS GOSTAM – MAIO – 2007.............................................................. 76 TABELA 17 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES SERVIDAS PELA EMPRESA QUE APRESENTA MENOS ACEITABILIDADE PELOS PRESOS DA PCE - MAIO - 2007....................................................77 TABELA 18 – DEMONSTRATIVO DA OPINIÃO DOS PRESOS DA PCE, DAS FORMAS DE MELHORAR A ALIMENTAÇÃO SERVIDA PELA CONTRATADA – MAIO – 2007.....................................................78
ix
LISTAS DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO CAFÉ DA MANHÃ PELOS PRESOS DA CCC ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007 .........................................................................................................39 GRÁFICO 2 - DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O CAFÉ DA MANHÃ DOS PRESOS DA CCC ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO – 2007 .......................................................40 GRÁFICO 3 - DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO ALMOÇO PELOS PRESOS DA CCC ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO – 2007................................................................................................41 GRÁFICO 4 - DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O ALMOÇO DOS PRESOS DA CCC ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007 ................................................................................42 GRÁFICO 5 - DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO JANTAR PELOS PRESOS DA CCC ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO -2007..............43 GRÁFICO 6 - DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O JANTAR DOS PRESOS DA CCC.- MAIO - 2007...........................44 GRÁFICO 7 - OPINIÃO DOS PRESOS DA CCC SOBRE A QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO QUANDO ERA ELABORADA NA PRÓPRIA PENITENCIÁRIA - MAIO - 2007....................................................45 GRÁFICO 8 - OPINIÃO DOS PRESOS DA CCC SOBRE A QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO SERVIDA PELA EMPRESA CONTRATADA – MAIO – 2007...................................................................................46 GRÁFICO 9 - OPINIÃO DOS PRESOS NA CCC QUANTO À REPRESENTAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO NA SUA VIDA CARCERÁRIA - MAIO – 2007................................................................................................47 GRÁFICO 10 - OPINIÃO DOS PRESOS DA CCC SOBRE O SIGNIFICADO DA ALIMENTAÇÃO NA SUA VIDA ATUAL– MAIO – 2007..............48 GRÁFICO 11 - DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O CAFÉ DA MANHÃ DOS PRESOS DO CDRP ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO – 2007......................................................53 GRÁFICO 12 - DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O CAFÉ DA MANHÃ DOS PRESOS DO CDRP ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO – 2007......................................................54 GRÁFICO 13 - DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO CAFÉ DA MANHÃ PELOS PRESOS DO CDRP ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO – 2007..............................................................................................55 GRÁFICO 14 - DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DE QUE COMPÕEM O ALMOÇO DOS PRESOS DO CDRP ANTES DA VIDA CARCERÁRIA – MAIO – 2007.....................................................56 GRÁFICO 15 - DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO JANTAR PELOS PRESOS DO CDRP ANTES DA VIDA CARCERÁRIA – MAIO - 2007........57 GRÁFICO 16 - DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DE QUE COMPÔEM O JANTAR ANTES DA VIDA CARCERARIA - MAIO - 2007.............58 GRÁFICO 17 - OPINIÃO DOS PRESOS DO CDRP SOBRE A QUANTIDADE FORNECIDA DE ALIMENTOS – MAIO – 2007.............................59
x
GRÁFICO 18 - OPINIÃO DOS PRESOS DO CDRP SOBRE A QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO SERVIDA ATUALMENTE– MAIO – 2007.............60 GRÁFICO 19 - OPINIÃO DOS PRESOS NO CDRP QUANTO A REPRESENTAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO NA SUA VIDA CARCERÁRIA – MAIO – 2007......................................................61 GRÁFICO 20 - OPINIÃO DOS PRESOS DO CDRP QUANTO AO SIGFNIFICADO DA ALIMENTAÇÃO SERVIDA – MAIO – 2007.............................62 GRÁFICO 21 - DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO CAFÉ DA MANHÃ PELOS PRESOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA – MAIO – 2007...............................................................................................66 GRÁFICO 22 - DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O CAFÉ DA MANHÃ DOS PRESOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA – MAIO – 2007.......................................................67 GRÁFICO 23 - DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO ALMOÇO PELOS PRESOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA – MAIO – 2007 ........................................................................................................68 GRÁFICO 24 - DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÔEM O ALMOÇO DOS PRESOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA – MAIO – 2007.................................................................69 GRÁFICO 25 - DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO JANTAR PELOS PRESOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA – MAIO – 2007...........70 GRÁFICO 26 - DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕE O JANTAR DOS PRESOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA – MAIO – 2007...............................................................................71 GRÁFICO 27 - OPINIÃO DOS PRESOS DA PCE SOBRE A QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO QUANDO ERA ELABORADA NA PRÓPRIA UNIDADE - MAIO – 2007..............................................................72 GRÁFICO 28 - OPINIÃO DOS PRESOS DA PCE QUANTO Á ALIMENTAÇÃO SERVIDA ATUALMENTE – MAIO – 2007.......................................... 73 GRÁFICO 29 - OPINIÃO DOS PRESOS DA PCE QUANTO À REPRESENTAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO NA SUA VIDA – MAIO – 2007......................74 GRÁFICO 30 - OPINIÃO DOS PRESOS DA PCE QUANTO AO SIGNIFICADO DA ALIMENTAÇÃO SERVIDA – MAIO – 2007.............................75
xi
LISTA DE QUADROS QUADRO 01 – DIAGNÓSTICO DA ALIMENTAÇÃO DOS PRESOS ANTES DE ENTRAR PARA A VIDA CARCERÁRIA – MAIO 2007..................79 QUADRO 02 - OPINIÃO DOS PRESOS SOBRE A ALIMENTAÇÃO OFERECIDA PELO DEPEN – MAIO 2007.....................................80
xii
LISTAS DE SIGLAS
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CCC - Casa de Custódia de Curitiba
CFN - Conselho Federal dos Nutricionistas
CDRP - Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara
DEAM - Departamento Estadual de Administração de Materiais
DEPEN - Departamento Penitenciário do Estado do Paraná
DEPEN - Departamento Penitenciário Nacional
DIEM - Divisão de Engenharia e Manutenção
FAO - Organização para Agricultura e Alimentação
FUPEN - Fundo Penitenciário do Estado do Paraná
LEP - Lei de Execução Penal
SEJU - Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania
OMS - Organização Mundial de Saúde
ONU - Organização das Nações Unidas
SEED - Secretaria de Estado da Educação
SPR - Sistema de Informações Penitenciárias
PCE - Penitenciária Central do Estado
xiii
RESUMO
Neste trabalho a autora realiza pesquisa de avaliação da alimentação
fornecida pelo DEPEN aos presos da CCC, CDRP e na PCE, pela contratação de
empresas especializadas do ramo. Foi aplicado um questionário, contendo treze
perguntas aos alunos-presos matriculados no Departamento de Supletivo da
SEED. Foram entrevistados 7% da população carcerária em cada estabelecimento
pesquisado, totalizando 202 presos entrevistados. Após a análise dos dados
obtidos na referida pesquisa verificou-se que a composição dos cardápios
oferecidos, constante nos editais de licitação atende os hábitos alimentares dos
presos antes de entrar para a vida carcerária. Quanto à qualidade foi classificada
como ruim, tanto quando era feita nos presídios pelos próprios presos, como pela
empresa fornecedora de alimentação. Quanto ao significado e a representação da
alimentação diferem em cada estabelecimento penal, delimitando os contornos
sociais, onde um alimento terá um atributo e poderá ser rejeitado por outro.
Observaram-se ainda as preferências alimentares e as preparações com menor
aceitabilidade. Com aplicação dessa pesquisa verificou-se a importância e a
necessidade, pois é um dos instrumentos capazes de medir e avaliar o grau de
satisfação da alimentação fornecida, além de ser um dos indicadores para medir o
regime disciplinar na penitenciária.
Palavras - chave: Avaliação, Pesquisa de alimentação, Penitenciária.
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema à avaliação do fornecimento da
alimentação sob a ótica dos presos do sexo masculino em 03 (três) unidades
prisionais de segurança máxima, que são: Casa de Custódia de Curitiba - CCC,
Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara - CDRP e na Penitenciária
Central do Estado – PCE. Além disto, pretende-se descobrir a representação da
alimentação na vida carcerária dos presos encarcerados nas respectivas
Unidades.
A escolha deste tema é importante para incrementar conhecimentos e
subsídios para identificar e compreender o grau de satisfação da alimentação
oferecida dos presos em 03 (três) penitenciárias de segurança máxima e que
conforme a conceituação do Ministério de Justiça são estabelecimentos penais
destinados a abrigar pessoas presas com condenação em regime fechado. Além
de serem penitenciárias que tem a custodia dos presos do sexo masculino.
Também propiciará uma avaliação da alimentação fornecida nas
respectivas penitenciarias pelas empresas prestadoras de serviços de
alimentação, transportada aos presos na região de Curitiba e em Piraquara, que
são: Coan Alimentação & Serviços, Sabor Alimentação Planejada e Risotolandia
Alimentação Planejada.
A metodologia utilizada nessa pesquisa será a aplicação de um
questionário com os presos dessas Unidades Penais, propiciando subsídios para
compreensão de uma avaliação da alimentação, além da relação simbólica que se
estabelece com a alimentação oferecida pelo Departamento Penitenciário do
Estado do Paraná no cotidiano da vida carcerária dos presos nessas Unidades
Prisionais.
O objetivo do presente trabalho é avaliar o grau de satisfação da
alimentação fornecida pelo DEPEN, nessas 03 (três) unidades penais, pois o item
alimentação é um dos medidores de segurança do Sistema Penitenciário. Além,
de descobrir e identificar a influência da simbologia dos alimentos sobre a rotina
dos presos nessas Unidades Penais. Este dado é um importante fator para
subsidiar uma melhor compreensão dos valores da cultura penitenciária.
2
Além disso, o tema sugerido, ligado à ciência de Nutrição, proporcionará
maiores conhecimentos simultâneos e uma maior integração entre as demais
áreas penitenciárias.
Através dessa pesquisa aplicada aos presos, pretende-se descobrir a
identificação da alimentação e o perfil do consumo alimentar dos presos, antes de
entrarem para a vida carcerária e ainda avaliar o grau de satisfação e de aceitação
da alimentação pelos presos da CCC, CDRP e PCE oferecido pelo Estado do
Paraná, através da contratação de empresas especializadas do ramo pelo pregão
eletrônico nº. 231/2003-DEAM.
Outro dado, que pretende descobrir nessa pesquisa é qual é a
preferência quanto ao modo de preparo da alimentação pelos presos da CCC e da
PCE, quando comparada com o preparo na própria Unidade (autogestão) ou na
forma de transportada, por marmitex. Salientamos que este dado só pode ser
obtido nessas duas penitenciárias, em função de que apenas nelas existiram os
dois modos de preparo da refeição, podendo proporcionar uma avaliação entre os
dois sistemas.
Atualmente o sistema adotado pelo Estado do Paraná é através de
contratação de empresas especializadas do ramo, coma utilização do sistema de
distribuição na forma transportada, ou seja, confeccionada na própria empresa e
distribuídas às Unidades Prisionais.
Esta pesquisa ainda, proporcionará e vislumbrará a visão da alimentação
ofertada sob a ótica do encarcerado, possibilitando verificar se o Estado está
cumprindo o seu papel quanto ao fornecimento do benefício ao preso, através do
fornecimento de uma alimentação adequada do ponto de vista nutricional e
higiênico, proporcionando a manutenção e a saúde do encarcerado, incluindo o
adequado funcionamento das atividades corpóreas dos mesmos, conforme
determina a Lei de Execução Penal.
Neste trabalho também se pretende identificar qual é a influência
ocasionada pela simbologia da alimentação na vida carcerária pelos presos,
importante fator para subsidiar uma melhor compreensão dos valores da cultura
3
presidiária nessas Unidades Penais e verificar se existe uma interação entre os
mesmos.
O presente trabalho tem como objetivo compreender as relações da
alimentação ofertada pelo Estado no cotidiano da vida carcerária e a sua
influência da visão da alimentação sob a ótica dos presos, bem como, explorar
qual é a herança cultural alimentar anterior a sua vida carcerária e o verdadeiro
significado da alimentação sob a ótica dos presos.
Para uma melhor compreensão do trabalho foi dividido em três partes,
sendo que a primeira relata sobre os conceitos teóricos, história da alimentação e
o edital de licitação no sistema penitenciário aos presos do Estado do Paraná.
A segunda parte do trabalho relata sobre a metodologia aplicada na
pesquisa de avaliação aos presos em três unidades que são: CCC, CDRP e na
PCE, com a aplicação de um questionário contendo treze perguntas sobre de
avaliar a alimentação fornecida pelas empresas fornecedoras, sob a ótica dos 202
(duzentos e dois) presos entrevistados, representando 7% de cada
estabelecimento pesquisado.
Finalizando foram abordados os resultados e a discussão encontrada na
referida pesquisa, bem como a conclusão do trabalho, face da importância no
cotidiano que a alimentação tem na vida carcerária.
4
2 CONCEITOS E HISTÓRICO DA ALIMENTAÇÃO DOS PRESOS NO PARANÁ
O Departamento Penitenciário do Estado - DEPEN é o órgão
supervisionador e coordenador dos estabelecimentos penais, que está vinculado a
Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania - SEJU, conforme determina o
Decreto 609, de 23 de julho de 1991.
Sua atribuição básica é o cumprimento das disposições da Lei de
Execução Penal, responsabilizando-se pela custódia, segurança e assistência dos
presos quanto dos egressos do Sistema Penitenciário.
Tem ainda, como competência primordial o oferecimento de assistência
jurídica, psicológica, social, médica, odontológica, religiosa, material, o qual inclui
o item de alimentação, além de desenvolver a reintegração por meio da educação
formal e demais ciências aos internos do Estado do Paraná.
No Brasil, o direito da assistência material aos presos foi concretizado
em 1984, com a edição da Lei nº. 7.210, de 11. 07. 84 que instituem a Lei de
Execução Penal, criada para atender aos postulados das Regras Mínimas para o
Tratamento dos Reclusos e estão reconhecidos no art. 12, onde se conceituou
que: “a assistência material ao preso e ao internato consistirá no fornecimento da
alimentação, vestuário e instalações higiênicas” (MIRABETE, 1984, p.74).
Sobre essa questão, está disciplinado no art. 41, que constitui que o
preso tem direito a: “a alimentação suficiente e vestuário” (MIRABETE, 1984 b, p.
129).
Merece destaque o conceito de Nutrição, conferido no Estatuto
Penitenciário do Estado do Paraná, através do decreto 1.276, tornado público no
Diário Oficial nº. 4.625 de 31.10.95 no art. 33, inciso I, “no fornecimento de água
potável e alimentação variada, suficiente e de qualidade em condições higiênicas
satisfatórias, dentro dos padrões exigidos para atender às necessidades
nutricionais e dietoterápicas” (SECRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA E DA
CIDADANIA, 1995, p.8).
5
De acordo, ainda, no mesmo texto, elaborado pela Secretaria de Estado
da Justiça e da Cidadania (SEJU) são apresentados no inciso II que “a assistência
à saúde a ser prestada por profissionais habilitados compreendendo o
atendimento nutricional e dietoterápico do preso” (PARANÁ, 1995, p.8).
Desta maneira, o processo de alimentação ofertado no Sistema
Penitenciário do Estado do Paraná ficou definido não mais como um sistema
empírico no fornecimento da alimentação, mas como ciência de Nutrição, além de
que a variedade da alimentação ofertada ficou tecnicamente regulamentada.
Com o intuito de fornecer subsídios para a administração prisional nos
estados brasileiros, definido pelo CONSELHO DE POLÍTICA CRIMINAL E
PENITENCIÁRIA estabeleceu no art. 13. que : “ a alimentação será preparada de
acordo com as normas de higiene e de dieta,controlada por nutricionista, devendo
apresentar valor nutricional suficiente para manutenção da saúde e do vigor do
preso”. (BRASÍLIA, 1995, p. 22).
Segundo as Regras Mínimas da ONU, do CONSELHO ECONÕMICO E
SOCIAL, no art.20. pontua se que “ a administração fornecerá a cada preso, em
horas determinadas, uma alimentação de boa qualidade, bem preparada e
servida, cujo valor nutritivo seja eficiente para manutenção da sua saúde e das
suas forças”. (BRASÍLIA, 1984, p.1).
Uma das obrigações básicas das administrações penitenciárias
asseguradas no Manual para servidores penitenciários elaborado pela Secretaria
Nacional de Justiça do Ministério da Justiça do Brasil é que (...) “devem assegurar
a todas as pessoas presas alimentos e bebidas suficientes para que não passem
fome, em intervalos regulares ao longo das 24 horas, sendo que não é
recomendável a última refeição seja fornecida no meio da tarde”. (BRASIL, 1990,
p.59).
6
De acordo com MIRABETE (1983 apud GUZMAN, 1984, p.75) pontifica
que:
“(...) o tema da alimentação nas prisões é de grande importância, não só porque o
interno tem direito a uma alimentação sã e suficiente para sua subsistência normal,
podendo ressentir-se sua saúde da sua insuficiência ou baixa qualidade, mas também
porque é esse um poderoso fator que pode incidir positiva ou negativamente, conforme o
caso, no regime disciplinar dos estabelecimentos penitenciários”.
A administração prisional face essas normas, princípios e determinações
legais são obrigados a cumpri-las como dever e não era casualidade, conforme
determina a Lei de Execução Penal e no Estatuto Penitenciário, bem como em
outras e legislações vigentes.
7
2.1 BREVE HISTÓRICO DO FORNECIMENTO DA ALIMENTAÇÃO
A alimentação é uma das atividades essenciais para a manutenção da
vida e sofre influências quanto à questão cultural nos presídios. Partindo do
pressuposto que o ato de comer constitui-se como um grande ritual, onde estão
contidas umas séries de símbolos e significados, que dizem sobre as percepções
e sentimentos que os presos têm de si e do ambiente que os cercam.
A alimentação nos presídios é a expressão importante na vida cotidiana
da massa carcerária e isto confere a nutrição, características muito particulares
com a responsabilidade de influenciar o cotidiano nos presídios. Os profissionais
de saúde que tratam dos problemas relacionados à nutrição devem considerar os
valores, concepções, percepção e representações da alimentação, bem como os
hábitos alimentares dos presos e a sua cultura alimentar.
Alimentar-se envolve muito mais do que suprir as necessidades
orgânicas, onde vários fatores, como a família, comunidade, padrões culturais,
tradição, crenças e tabus a influenciam. O ato de comer é muito abrangente na
vida do indivíduo, por isso a refeição deve ser prazerosa e balanceada
nutricionalmente e não fazer apenas um papel limitado do fenômeno do comer
puro e simplesmente.
O Departamento Penitenciário do Estado do Paraná, considerando a
linha de atuação e execução de atividade adotada nesses anos para
administração penitenciária, poderia ser divido em 03 (três) períodos citados
abaixo:
a) período de 1980 – nesse período as ações adotadas pelo DEPEN
eram de uma política criminal com o objetivo de humanização nos
presídios, considerando os preceitos da Lei de Execução Penal de
1984, ora vigente até os nossos dias;
b) período de 1990 – nessa década correspondeu as perspectivas de
administração e norteamento das políticas com os princípios do
neoliberalismo, tanto a nível federal e estadual , enfatizando a
gestão privada;
8
c) período de 2000 – nesse período inicia-se a implantação das
políticas penitenciárias considerando os princípios da militarização,
com rigor disciplinar nos presídios.
Partido deste pressuposto, a evolução no fornecimento da alimentação
aos presos no Estado do Paraná deu-se da seguinte maneira, considerando o
modo de preparo da mesma:
a) período de autogestão de fornecimento da alimentação: ocorreu
nos anos de 1980 a 1999. Nesta fase a alimentação dos presos era
preparada pelos próprios presos nas próprias penitenciárias. Os
principais problemas para a eficiência da alimentação neste período
eram: péssimas condições das instalações físicas das cozinhas
existentes nos estabelecimentos penais, bem como a falta de recursos
para a manutenção das mesmas e da falta de recursos orçamentários e
financeiros para aquisição dos gêneros alimentícios;
b) período de transição entre os dois modelos ( autogestão e o da
terceirização): ocorreu em novembro de 1999,com a inauguração da
Penitenciária Industrial de Guarapuava - PIG , onde esta foi a primeira
penitenciária que apresentava a sua operacionalização administrada por
empresa privada., onde o serviço de alimentação foi terceirizado é sub-
contratado por outra empresa especializada no ramo, a qual para a
execução dos serviços, valeu-se de presos e funcionários próprios, mas
ainda atuando nas instalações da própria cozinha da Unidade. Após
essa implantação a terceirização veio gradativamente nas demais
penitenciárias;
c) período de implantação da terceirização da alimentação em todas
as Unidades Penais do Sistema Penitenciário : ocorreu em janeiro de
2004 com a contratação de empresas especializadas no fornecimento
da alimentação, através de embalagens descartáveis número 09, tipo
marmita, destinados aos presos, através de modo transportado.Este
procedimento vem sendo utilizado até a presente data em todos os
presídios do Estado do Paraná.
9
Historicamente o preparo da alimentação no Sistema Penitenciário do
Estado do Paraná foi elaborado nos próprios presídios, sempre utilizando como
mão de obra os presos para elaboração da alimentação nas cozinhas e refeitórios
localizados dentro de cada unidade prisional.
Este fato proporcionava aos internos que estavam implantados nos
canteiros das cozinhas das unidades penais recebessem o benefício da remissão
da pena, ou seja, a cada 03 (três) dias trabalhados, um remido. Outra garantia ao
preso desse benefício é o recebimento pelo Estado, com recurso do FUPEN, de
valor mensal referente ao pagamento do pecúlio dos presos, em virtude do
trabalho realizado.
Com a terceirização da alimentação ocasionou uma gestão de resultados
satisfatórios para a administração pública, ocasionados pela avaliação dos
serviços prestados pelas empresas contratadas e também devido à racionalização
burocráticas ocasionadas pelas centenas de licitações realizadas para aquisição
da matéria - prima para a confecção da alimentação e ainda, a falta de recursos
para a aquisição, bem como os problemas licitatórios constantes para a aquisição
dos mesmos pelo DEAM. Outro fator era a péssima condição das instalações das
cozinhas nas unidades prisionais, devido à insuficiência de recursos
orçamentários e financeiros para a reforma das mesmas.
Através da contratação deste serviço, possibilitou uma melhora nas
condições higiênico-sanitárias da alimentação fornecida aos presos. Este fato é
observado em virtude de que as empresas de refeições coletivas apresentam uma
qualificação melhor nas condições de higiene e de segurança alimentar,
proporcionada pela aquisição de equipamentos de ultima geração existentes nos
estabelecimentos comerciais, adaptando-se com a utilização da legislação
sanitária federal vigente.
Com a contratação das empresas contratadas para o fornecimento da
alimentação transportada em janeiro de 2004, houve uma mudança de paradigma
quanto ao modo de preparo e a modificação do modo do servimento da
alimentação servida aos presos no Estado do Paraná, em função da alteração do
local do servimento da refeição, onde houve a extinção dos refeitórios das
10
unidades prisionais, fazendo com que os presos iniciem a realizar suas refeições
na própria cela.
Outra mudança foi à forma de preparo da alimentação, pois os presos não
elaboram mais as refeições nos presídios e sim somente dentro das instalações
das empresas de refeições coletivas contratadas.
Foi alterado o local de servir as refeições do refeitório para as celas em
função da segurança, em função dos motivos citados abaixo:
a) alteração do perfil do preso;
b) redução dos postos de trabalhos desenvolvidos na penitenciária, em
função de uma diminuição da contratação de agentes penitenciários;
c) diminuição dos acesso de circulação dos presos dentro da
penitenciária.
d) os projetos arquitetônicos dos novos presídios, projetados a partir de
2002 pela DIEM não são previsto áreas para refeitório dos presos,
apenas espaços com função de uso multiuso sem cobertura (1).
Com este fato, inicia-se um novo marco quanto ao fornecimento da
alimentação no Sistema Penitenciário do Estado do Paraná, pois os refeitórios são
fechados e a alimentação ofertada, a partir desta data é através dos marmitex
servidos nas próprias celas, sistema ora vigente e utilizado até o presente
momento em todas as Unidades Prisionais do Estado do Paraná.
Com a adoção do regime de controle e rigor disciplinar com os presos e a
proibição de almoçar nos refeitório, apenas nas celas, alcançou o policiamento
tático e meticuloso, com a imposição rígida de normas regulamentares quanto à
proibição do uso dos refeitórios, controlando assim uma possível insubordinação
da massa carcerária.
(1) De acordo com o Manual para servidores penitenciários, diz que “(...) normalmente os
presidiários não devem ter que se alimentar no mesmo cômodo em que dormem e
deverão receber utensílios individuais e devem ter oportunidade de mantê-los limpos”.
(BRASÍL, 1990, p. 59).
11
2. 2 EDITAL DE LICITAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO Com o intuito de manter e promover a saúde e o bem-estar da população
carcerária foi elaborado o edital de licitação para a contratação de empresas
especializadas no fornecimento de alimentação, de modo transportado, para os
presos do Sistema Penitenciário do Estado do Paraná, através da realização do
primeiro pregão eletrônico nº. 231/2003-DEAM.
Segundo FELLIPPE e REZENDE (2006, p.176) licitação é: “um conjunto
de atividades instrumentais que da segurança à Administração, vinculando o
contrato que dela possa advir, abrindo a todos os cidadãos a oportunidade de, em
pressuposta igualdade de condições, participarem da própria Administração
através da oferta de bens e serviços ao Poder Público” (FELLIPE; REZENDE,
2006, p. 176).
O edital de concorrência é o principal instrumento de que a licitação se
utiliza para descrever os produtos ou serviços pretendidos pela Administração
Pública.
O edital de licitação do Estado do Paraná contém subsídios técnicos para
o fornecimento de uma refeição com qualidade nutritiva, organoléptica e palatável,
além de visar à preservação da qualidade dos alimentos produzidos na própria
empresa até a sua distribuição final nos presídios. Foi optado pelo sistema da
confecção da alimentação na própria empresa para que não houvesse nenhum
contato do alimento in natura e o preso, evitando a possibilidade de estimular a
corrupção dentro dos presídios, entre o alimento preparado e a massa carcerária.
Outro atributo quanto qualidade da refeição entregue é a sua condição
higiênico-sanitária, proporcionada pelo reflexo das características da matéria-
prima e dos processos produtivos empregados pela empresa, fato estes também
solicitados nos referidos editais. Esse edital contém conceitos técnicos de nutrição
e nos postulados legais vigentes, com o intuito de promover indicadores claros
para fiscalizar os contratos de terceirização da alimentação, através das duas
nutricionistas pertencentes ao quadro funcional do DEPEN.
12
Dentro deste contexto foram elaborados os editais de licitação dos
pregões presenciais nº. 400/2005 - DEAM e o de nº. 043/2006-DEAM pela
Secretaria de Estado da Administração e da Previdência, através do
Departamento de Administração de Materiais, baseado nos postulados e os
dispostos contidos no Decreto Estadual nº. 4.880 de 16/10/2001, Lei Federal nº.
10.520 de 17/07/2002, Lei nº. 8.666/93 e suas alterações, Código de Defesa do
consumidor, Decretos Estaduais nº. 2.452 de 07/01/2004, nº. 1.261 de 14/05/2003
e nº. 1.546 de 04/07/2003.
A composição dos cardápios dos presos contida no anexo II, dos pregões
presenciais citados acima, deverá a empresa contratada fornecer diariamente 03
(três) refeições, ininterruptamente, composta por:
a) café da manhã;
b) almoço;
c) jantar.
O café da manhã deverá conter café preto ou com leite, sendo
distribuídos em uma caneca de plástico com no mínimo de 300 ml do referido
produto. O pão francês ou de leite servido deve conter margarina ou doce,
alternados, na quantidade de 02 unidades para cada preso.
Para o almoço e no jantar deverá conter as preparações em cada
refeição, abaixo relacionado:
a) arroz cozido parboilizado tipo 01 ( 250 g);
b) feijão cozido tipo 01 ( carioquinha ou preto, servidos em dias
alternados ( 200 g);
c) prato principal composto na seguinte freqüência: carne
bovina ( 07 vezes por semana), carne de frango ( 04 vezes
por semana) ,carne suína ( 02 vezes por semana) , lingüiça
ou salsicha ( poderá ser servido uma vez por semana), bife
de fígado ou bucho ( uma vez por mês) e os empanados (
uma vez por semana) ;
d) 02 (dois) tipos de complementos, sendo um a base de
massas ou farinhas e o outro a base de vegetais;
13
e) dois tipos de salada, contendo vegetais do grupo A e do
grupo B;
f) 01 (um) tipo de sobremesa (somente aos domingos e para
almoço, sendo alternado o servimento de doce com fruta da
época).
Os diretores dos estabelecimentos prisionais têm como atribuição a
responsabilidade de fiscalizar os contratos de fornecimento da alimentação
entregues pelas empresas contratadas.
Para que se obtenha um grande sucesso e uma real eficiência dos
referidos contratos, caberá aos dirigentes do Estado, supervisionarem os serviços
prestados pelas respectivas empresas, e ainda, deverão conter subsídios técnicos
para que nos editais de licitação seja fornecido uma refeição adequada do ponto
de vista nutricional, higiênico, além de incorporar os hábitos alimentares e as
preferências alimentares da população alvo nos cardápios servidos.
Através da fiscalização, pela contratante, dos serviços a serem
executados pelas empresas contratadas, alcançaremos o objetivo de alcançar a
eficácia dos serviços prestados pela contratada com a execução fiel e o
cumprimento dos dispositivos nos referidos contratos, que é no fornecimento
adequado de uma alimentação aos presos.
Além disto, deverá ser realizado um monitoramento sistemático e periódico
pelos gestores públicos, com a finalidade de avaliar a alimentação servida aos
presos, possibilitando assim, a indicação de parâmetros e indicadores da
eficiência dos contratos e da segurança alimentar nos presídios, através de uma
fiscalização rigorosa por parte do Estado do Paraná nos serviços prestados pelas
empresas contratadas.
Deve-se ter em mente que os gestores públicos têm a responsabilidade
do Estado pelos danos causados através das prestadoras de serviços
contratadas, em caso de entrega de serviço ineficaz ao contido no contrato e
aceito pelo profissional. Diante deste fato, as duas partes em questão, tanto a
contratante como as contratadas devem respeitar os dispositivos nos contratos.
14
Para que haja uma eficiência dos serviços contratados deve-se lembrar o
conceito emanado por MEIRELLES que: (“...)” a legalidade é um princípio básico
da administração pública. Na administração pública não há liberdade nem vontade
pessoal. A eficácia de toda atividade administrativa está condicionada ao
atendimento da lei [sem grifo no original]”. (MEIRELES, 2004, p. 12).
Em janeiro de 2004 deu-se o início de implantação dos serviços de
operacionalização no fornecimento da alimentação transportada em todas as
unidades penais estatais, com exceção apenas de 06 (seis) unidades penais
terceirizadas, através da descrição contida no pregão eletrônico nº. 231/2003-
DEAM.
Apenas em de junho de 2006, as seis unidades terceirizadas passam a
vir, novamente, a serem administração pelo Estado e não mais por empresas
contratadas, marcando uma nova fase para a administração nos presídios no
Paraná, tendo o retorno para o Estado e não mais pelas empresas privadas. Por
determinação governamental, permanece a contratação de refeições aos presos,
através do fornecimento diário de refeições (café da manhã, almoço e jantar) aos
presos, pelas empresas ao Sistema Penitenciário, ininterruptamente, a serem
servidas nas condições descritas no edital número 043/2006 – DEAM em todas as
Unidades Penais.
A partir desta data, caracteriza um marco no fornecimento da alimentação,
através da padronização da refeição servida para todos os presos do Estado do
Paraná, de modo transportado, através de embalagens descartáveis, tipo marmita
ou similar nº. 09 (nove) na própria cela em todas as Unidades Penais, que
totalizam uma quantidade de 19 (dezenove) penitenciárias em todo o Estado do
Paraná.
Para que houvesse eficiência dos serviços de alimentação a serem
prestados pelas empresas privadas ao Estado foi previsto nos editais de licitação
a fiscalização dos contratos pelos gestores públicos e ainda contém subsídios
adequados para proporcionar a segurança alimentar, contribuindo para
estabelecer um comportamento alimentar saudável aos presos, valorizando o
aprendizado através da alimentação pelo respeito à sua cidadania.
15
No caso dos contratos de terceirização da alimentação realizada pela
Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania, a fiscalização ocorre pelas
nutricionistas do DEPEN conforme contido na cláusula sexta: direitos e
responsabilidades da contratante, inciso dois. Para o sucesso dos contratos é
necessária uma supervisão criteriosa com o objetivo de verificar in loco o
cumprimento dos postulados do pregão presencial e dos contratos de
fornecimento vigentes.
O nutricionista é o profissional legalmente habilitado para desenvolver
essa atividade, além de ter conhecimentos técnicos imprescindíveis para uma
possível alteração dos hábitos alimentares adequados, conforme postulado
contido na resolução do Conselho Federal dos Nutricionistas nº. 200/98, que
dispõe sobre o cumprimento das normas de definição de atribuições principal e
específica dos nutricionistas, conforme a área de atuação dos respectivos
profissionais. (1)
Evidenciamos que nos referidos contratos está previsto o número máximo
de refeições a serem entregues pelas empresas contratadas e o faturamento
mensal, deverá ser faturado apenas o quantitativo efetivamente entregue de
refeições pela mesma, através de nota fiscal emitida pela empresa contratada, a
qual é atestada pelo Diretor do estabelecimento penal, para posterior pagamento
pelo contratante. A vigência dos contratos tem a duração de um ano, tendo como
término em 31 de dezembro de 2007.
______
(1) A regulamentação da profissão de nutricionista foi através da promulgação da Lei nº. 5.275 de
1967 que aprovaram o exercício profissional, o qual atualmente foi revogada e substituída pela Lei
nº. 8.234 de 17 setembro de 1991, que cumpre o papel de estabelecer o campo de atuação do
profissional, além de promover instrumentos legais como Conselhos e órgãos fiscalizadores do
exercício legal da profissão.
16
Está determinado que nos contratos de refeições vigentes que o sistema
de distribuição da alimentação será através das caixas hermeticamente fechadas,
através de hot - box, com a finalidade de manter a temperatura da alimentação
servida aos internos,conforme determina a Resolução RDC nº. 216 de 15/09/2004
da ANVISA, a qual define as normas para o regulamento nacional sobre Boas
Práticas para os Serviços de Alimentação . Além de incluir regras que norteiam a
maneira adequada e segura da manipulação, preparo, acondicionamento,
armazenamento, transporte até a venda de alimentação pelas cozinhas industriais.
Outro aspecto que os contratos de fornecimento de alimentação
ocasionaram no Estado do Paraná foi o trabalho de conscientização ecológica,
com medidas preventivas de não agressão ao meio ambiente, incentivando a
coleta e a compactação das embalagens usadas (marmita de poliestireno) na
alimentação dos presos, para finalmente serem doados às entidades assistenciais
pelas empresas contratadas.
17
2.3 NECESSIDADES NUTRICIONAIS
O ato de alimentar é visto como um direito humano fundamental na
medida em que a alimentação constitui-se na primeira condição para a própria
sobrevivência da vida, conforme definição emanada na Política Nacional de
Alimentação e Nutrição pelo Ministério da Saúde no de 1999.
O conceito de qualidade de vida mais utilizado é o da Organização
Mundial de Saúde – OMS, de 1947, que descreve que saúde não é somente a
ausência de doenças, mas a percepção individual de um complexo bem-estar
físico, psíquico, social e espiritual.
O papel das empresas coletivas no Sistema Penitenciário é um
importante veículo para a promoção e manutenção do binômio alimentação –
saúde, focalizada no fornecimento de uma alimentação sadia, adequada,
regionalizada, promovendo uma co - responsabilização social entre o Estado e as
empresas privadas prestadoras de serviços.
Reconhecendo-se a importância do controle do processo de fornecimento
de alimentação aos presos, o DEPEN adota como política nesta área e possibilita
que o profissional nutricionista, pertence ao quadro próprio do Estado, desenvolva
estratégias para acompanhamento e fiscalização do processo da etapa da
produção alimentar aos presos, através do fornecimento de uma alimentação de
boa qualidade.
De acordo com AGUIAR (2003) afirma: (...) “atualmente, é incessante a
busca pela qualidade em todos os setores da atividade humana. Em se tratando
de alimento, qualidade significa competência e profissionalismo. Em sistema de
alimentação coletiva, na busca pela qualidade, o objetivo é fornecer refeições
equilibradas em quantidade e padrões adequados sob o ponto de vista nutricional
e sanitário.” (AGUIAR, 2003, p.135).
No segmento de refeições coletivas, além do controle higiênico sanitário
dos alimentos é importante principalmente a qualidade nutricional desses
alimentos, oferecendo ao público alvo, cardápios que venham atender as
18
necessidades nutricionais da coletividade, trazendo variedade nas preparações,
controle da matéria-prima, respeito aos hábitos alimentares, entre outros.
Considerando o acima exposto, conclui-se que a alimentação ofertada
aos presos pelo DEPEN, deve-se obedecer aos critérios de planejamento dos
cardápios a serem servidos, com a aquisição da matéria prima em perfeito estado
higiênico, onde o alimento tenha condições adequadas para a eficiência do
processo de transformação do alimento in natura até a sua fase final de
preparação em perfeitas condições higiênicas, proporcionando assim uma boa
nutrição em todos os aspectos desde higiênico até nutricional. Estes dados
deverão conter critérios científicos de nutrição, com a finalidade de oferecer o
cada preso o que ele precisa para a sua manutenção da saúde, levando em
consideração os aspectos de composição química dos alimentos, as modificações
que sofrem para serem assimilados e aproveitados pelo organismo, sem perder de
vista, porém a preservação das propriedades nutritivas do material alimentar
utilizado.
Segundo recomendação dos dois Comitês de Especialistas da
FAO/OMS, sobre estimativas das necessidades de energia e proteína, realizado
nos anos de 1971 e 1981, respectivamente, estabeleceu o conceito geral quanto
às necessidades de energia de um grupo saudável está representada por: “(...)
pela média das necessidades dos indivíduos naquele grupo e são determinadas a
partir das estimativas de gasto de energia, na medida do possível. A necessidade
de energia de um homem ou mulher de referência constitui a linha base para a
avaliação das necessidades de energia das pessoas em geral.” (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE, 1998, p.2).
Diante do conceito acima, será definido um preso padrão, que
representará as características similares dos demais membros do grupo, com a
finalidade de definir as necessidades nutricionais dos mesmos.
Esse conjunto de indivíduos similares pode ser chamado de classe, onde
as necessidades de energia dos mesmos são supridas pela média das
necessidades individuais, que são supridas pela quantidade e a qualidade de
alimentos que o indivíduo receber nas 24 (vinte e quatro) horas do dia. Essa
19
alimentação ingerida tem a finalidade de manter equilibrado o organismo,
propiciando um estado de saúde satisfatório do referido grupo, alcançando um
bem-estar físico, mental e social.
É de consenso entre os autores que as exigências nutricionais diárias de
um indivíduo são calculadas de acordo: sexo, atividade física, idade, peso, altura,
estado fisiológico determinado e o clima.
Diante do conceito acima, foi definido um preso padrão, que apresenta
características similares dos demais membros do grupo, com a finalidade de
definir as necessidades nutricionais do mesmo.
O preso padrão a ser utilizado será do gênero masculino, em função de
que a população carcerária do Estado do Paraná é composta pela maioria quando
comparada com o sexo feminino, conforme demonstrado na tabela 1, citada
abaixo.
TABELA 1 – POPULAÇÃO CARCERÁRIA EXISTENTE NO PARANÁ – 2003/2005.
POPULAÇÃO CARCERÁRIA EXISTENTE
GENERO 2003 2005 2006 2007
Homens 7.255 7.809 7.761 9.155
Mulheres 270 386 370 429
TOTAL GERAL 7.525 8.195 8.131 9.584
FONTE: DEPEN - GAP Relatório de atividades
Com relação à faixa etária dos presos verifica-se a maioria dos presos,
estão entre a faixa de idade 21 a 25 anos , quando analisado os dados referentes
aos anos de 2002 a 2005, constantes na tabela 2, localizada abaixo.
20
TABELA 2 – NÚMERO DE PRESOS EXISTENTES POR FAIXA ETÁRIA NO PARANÁ -2001/2005
NÚMERO DE PRESOS EXISTENTES
2001 2002 2003 2004 2005
FAIXA
ETÁRIA
(anos) N % N % N % N % N %
18 a 20 296 6,4 626 9,6 593 7,9 701 8,7 717 8,7
21 a 25 1114 22,8 1644 25,2 1956 26,0 2074 25,7 2109 25,7
26 a 30 1151 24,0 1482 22,7 1832 24,3 1865 23,1 1880 22,9
31 a 35 787 16,0 1002 15,4 1162 15,4 1292 16,0 1340 16,4
36 a 40 626 12,8 770 11,8 856 11,4 833 10,3 847 10,3
41 a 45 406 8,2 471 7,2 539 7,2 625 7,8 620 7,6
46 a 50 220 4,6 280 4,3 313 4,2 322 4,0 346 4,2
51 a 55 105 2,1 126 1,9 135 1,8 184 2,3 169 2,1
56 a 60 101 2,1 71 1,1 81 1,1 88 1,1 93 1,2
61 a 65 19 0,4 28 0,4 35 0,5 49 0,6 46 0,6
66 a 70 16 0,3 16 0,2 15 0,2 15 0,2 18 0,2
Mais 70 12 0,3 9 0,1 8 0,1 10 0,1 10 0,1
TOTAL 4.853 100 6.525 100 7.525 100 8.058 100 8.195 100
FONTE: DEPEN - GAP Relatório de atividades
Quanto à procedência dos presos verifica-se que ao longo dos anos de
2002 a 2005 a maioria tem como origem as cidades do interior do Estado do
Paraná, conforme consta na tabela 3, localizada abaixo. Este dado é importante
veículo para o planejamento dos cardápios a serem servidos, em função dos tabus
e hábitos alimentares da população analisada e atendida.
21
TABELA 3 - PROCEDÊNCIA DOS PRESOS NO PARANÁ, 2002/2005
2002 2003 2004 2005
ORIGEM
TOTAL % TOTAL % TOTAL % TOTAL %
1- Região
Metropolitana
2828
43,3
2895
38,5
2923
36,3
2658
32,4
2 – Interior
· Cidade 3028 46,4 3636 48,3 4077 50,6 4167 50,8
· Área
Rural
518
7,9
722
9,6
793
9,8
1125
13,7
3 – Outros
Estados
151
2,3
272
3,6
265
3,3
245
3,0
FONTE: DEPEN - GAP Relatório de atividades
Para determinar a estimativa necessária de energia da população
estudada neste trabalho foi considerado o desenvolvimento da atividade física
desenvolvido pela mesma, para que seja acrescido em sua ingesta diária. Diante
do exposto acima, foi considerado que os presos desenvolvem atividade leve, em
função de que segundo a autora SÁ (1984, p.63) o conceito desta atividade
descreve que: “são pessoas que desenvolvem atividade física em ambiente
fechado, sendo 75% do tempo sentado ou em pé e 25% do tempo em pé e
movendo-se em média” (SÁ, 1984, p.63).
Segue abaixo, na tabela 4 a descrição dos canteiros de trabalho que
utilizam a mão de obra dos presos no Estado do Paraná nos anos de 2001 a 2005.
Verifica-se que 49,6% da população carcerária estão implantados e 50,4% dos
presos estão sem ocupação, quando analisados com os dados de 2005. Observa-
se que houve um decréscimo na porcentagem dos presos implantados nos
canteiros a partir do ano de 2002, em função do aumento das unidades penais
para presos provisórios, conforme determinado pela Lei de Execução Penal –
LEP, os mesmos não são obrigados ao trabalho e nem ao estudo.
22
TABELA 4 – CANTEIROS DE TRABALHO UTILIZANDO MÃO-DE-OBRA DOS PRESOS NO
PARANÁ, 2001/2005
NÚMERO DE
CANTEIROS DE
TRABALHO
2001
2002
2003
2004
2005
· Manutenção 106 115 126 119 123
Internos ocupados 1216 1210 1188 960 929
· Produção 23 23 27 33 26
Internos ocupados 298 305 268 492 205
· Por convênio 44 76 60 71 91
Internos ocupados 852 1490 1601 1657 2678
· De artesanato 5 6 13 10 13
Internos ocupados 85 104 221 181 250
Total dos canteiros - - - - -
Número de canteiros 178 220 226 233 253
Internos ocupados 2461 3109 3278 3290 4062
TAXA DE OCUPAÇÃO 51% 48% 44% 41% 49,6%
FONTE: DEPEN - GAP Relatório de atividades
Em suma para definir as necessidades estimadas de energia total do
preso padrão foi utilizado neste trabalho as recomendações das Cotas Dietéticas
Recomendadas de 1980 , conforme descreve FRANCO (1992, p.273) que é
“(...)na quantidade de 2.500 calorias para cada preso , onde foi considerado o
desenvolvimento da atividade leve, para um peso médio de 70 kg e uma altura
média 1,78 cm.(FRANCO, 1992,p.273)”
Diante dos fatos acima, os cardápios planejados pelas empresas
contratada e autorizados pelas nutricionistas da contratante são baseados de
acordo nessas exigências nutricionais diárias citadas acima, que são valores
recomendados pela FAO e OMS.
As refeições entregue pelas empresas contratadas, contém em média
1000 calorias em cada refeição fornecida, para o almoço e para o jantar,
distribuídas em 55% de glicídios, 15% de proteína e 30% de lipídios.
23
Quanto ao café da manhã servido contém em média 590 calorias,
compreendendo em 685 g de proteína e 205 g de lipídios, totalizando uma ingesta
calórica diária de em média de 2500 calorias por dia para cada preso.
Conclui-se que a alimentação fornecida aos presos do Estado do Paraná,
sob o ponto de vista nutricional atende as necessidades diárias da população alvo,
conforme determina os postulados da Lei de Execução Penal.
24
2.4 SIMBOLOGIA DA ALIMENTAÇÃO
Nessa pesquisa, pretende-se demonstrar de que maneira que o preso
que está cumprindo pena nas 03 (três) unidades prisionais, interage com o
alimento na prisão, tendo como indicador a alimentação ofertada pelo DEPEN
através do fornecimento da alimentação transportadas por 03 (três) empresas
especializadas do ramo.
Existe uma conexão entre alimentos, a alimentação e o apetite, que
estão relacionados com estímulos sensoriais diferenciados, ocasionados pela sua
forma da preparação culinária da alimentação ofertada. O apetite ou a fome está
vinculado aos centros nervosos cerebrais e é um impulso vital necessário à
ingestão de alimentos para satisfazer as necessidades do organismo,
considerando que existe uma polêmica entre o que representa e significado para o
homem o conceito de apetite e fome.
Segundo FRANCO (1992, p.1) define como “(...) o apetite é uma
manifestação condicionada, agradável, em que os reflexos visuais, olfativos e
gustativos condensam-se sobre algum alimento já ingerido e que causa sensação
agradável. Já a fome pode ser considerada como um instinto primário, às vezes
doloroso, pelas contrações gástricas, capaz de desencadear manifestações
desagradáveis” (FRANCO, 1992, p.1).
Segundo POULAIN (2006, p.256) descreve que o que o conceito de
espaço social alimentar, que A alimentação humana está condicionada por fatores
fisiológicos, onde se alimenta tanto de carnes como de vegetais e sua dieta
alimentarem, depende do lugar onde ele vive e da atualidade dos aspectos
tecnológicos inseridos na alimentação. (POULAIN, 2006, p.256).
Esses condicionantes biológicos e ambientais, segundo o autor, permitem
uma zona de liberdade, onde o homem pode fazer suas escolhas sem imposições
da sua alimentação.
Esta região, denominada de espaço social alimentar não pode ser
aplicado aos presos, porque nas penitenciárias é proibida a entrada de outro
alimento, a não ser a alimentação oferecida pelo Estado, impedindo assim a
25
escolha alimentar pelo preso. Mas em contrapartida o Estado do Paraná oferece
aos presos uma alimentação adequada quanto aos aspectos nutricionais,
higiênico-sanitário e econômico, conforme determina os postulados da Lei de
Execução Penal.
26
2.5 PANORAMA DA ALIMENTAÇÃO
2.5.1Na Casa de Custódia de Curitiba - CCC
A Casa de Custódia de Curitiba foi criada através do decreto 5741 de 28
de maio de 2002 e inaugurada em 07 de agosto de 2002, com uma capacidade de
lotação de 410 presos e atualmente abriga 495 presos, apresentando um
excedente de 85 vagas, conforme dados obtidos no Sistema de Informações
Penitenciária - SPR de março de 2007.
Essa penitenciária está localizada na Cidade Industrial de Curitiba e foi
construída de acordo com os padrões norte – americano, com o uso de material
pré - moldado e de blocos de concreto, os quais impedem a escavação de túneis,
dificultando ainda mais as fugas.
A estrutura física da Unidade é composta por 108 celas, sendo distribuída
cada uma com capacidade de quatro presos em cada cela. Os presos estão
distribuídos em três galerias da seguinte forma:
a) Galeria A: está inserida a maioria dos presos que apresentam
b) Galeria B: estão inseridos na parte de baixo da mesma, os presos
mais comprometidos com o crime organizado e na parte superior fica a
triagem, isolamento preventivo e isolamento disciplinar;
c) Galeria C: estão inseridos os presos em função do comprometimento.
Nessa penitenciária não apresenta refeitório e os presos realizam suas
refeições na própria cela, fornecidos pela empresa contratada em embalagens
descartáveis.
. O tipo de crime dos presos está demonstrado abaixo na Tabela 5 – Perfil
Criminal dos Presos na CCC – Maio 2006.
27
TABELA 5 – PERFIL CRIMINAL DOS PRESOS DA CCC – MAIO 2006
TIPO DE CRIME ARTIGO DO CÓDIGO PENAL NÚMERO DE PRESOS
Tráfico de entorpecentes
Homicídio
Homicídio Qualificado
Furto
Roubo
Latrocínio (Parágrafo 3º)
Extorsão
Extorsão com seqüestro
Estelionato
Receptação
Estupro
Contra a Liberdade sexual
Outros crimes
12
121
121&2º
155
157
157
158
159
171 e172
180
213
214 - 217
-
105
08
98
34
165
18
07
08
01
04
28
03
05
TOTAL GERAL - 484
FONTE: DEPEN – GAP Relatório de Atividades
Quanto à faixa etária dos presos na Casa de Custódia de Curitiba está
definida na Tabela 6 – Faixa Etária dos Presos na CCC – Maio 2006, conforme
demonstrado abaixo:
28
TABELA 6 – FAIXA ETÁRIA DOS PRESOS DA CCC – MAIO 2006
FAIXA ETÁRIA (ANOS) NÚMERO DE PRESOS
18 a 20
21 a 25
26 a 30
31 a 35
36 a 40
41 a 45
46 a 50
51 a 55
56 a 60
61 a 65
66 a 70
24
159
106
75
41
32
22
04
09
06
01
TOTAL GERAL 484
FONTE: DEPEN – GAP Relatório de Atividades
A procedência dos presos por região da Casa de Custódia de Curitiba
está na Tabela 7 – Procedência dos presos na CCC – Maio 2006, conforme segue
abaixo:
TABELA 7 – PROCEDÊNCIA DOS PRESOS DA CCC – MAIO 2006
PROCEDÊNCIA NÚMERO DE PRESOS
Da Região Metropolitana
Do Interior
· Da cidade
· Da área rural
De Outros Estados
11
352
115
06
TOTAL GERAL 484
FONTE: DEPEN – GAP Relatório de Atividades
29
Quanto ao grau de instrução dos presos que se encontram na Casa de
Custódia de Curitiba está demonstrada na Tabela 8 – Situação de escolaridade dos
presos na CCC – Maio 2006, citado abaixo:
TABELA 8 – SITUAÇÃO DE ESCOLARIDADE DOS PRESOS DA CCC – MAIO 2006
ESCOLARIDADE NÚMERO DE PRESOS
Analfabetos
Alfabetizados
1º Grau Incompleto
1º Grau Completo
2º Grau Incompleto
2º Grau Completo
Superior Incompleto
Superior Completo
30
18
297
39
57
34
06
03
TOTAL GERAL 484
FONTE: DEPEN – GAP Relatório de Atividades
Sua administração era realizada por empresa terceirizada e por agentes
de disciplina da empresa, desde a sua inauguração até a data de 01 de junho de
2006, onde o Estado do Paraná assumiu as funções de administração da Unidade
Penal.
Essa unidade é destinada ao atendimento dos presos provisórios
masculinos e a alimentação ofertada pelo DEPEN era terceirizada, mas
apresentava um diferencial quanto às demais unidades prisionais, em função de
que a alimentação era elaborada no próprio local pelos funcionários da empresa
sublocada do ramo da alimentação pela empresa contratada para administrar essa
Unidade Penal.
Esse procedimento ficou vigente nessa penitenciária, desde a sua
inauguração até a data de 01 de junho de 2006, onde o Estado do Paraná
assumiu as funções de administração, acabando com o gerenciamento dos
presídios pelas empresa contratadas . A partir desta data acaba com os serviços
quaterizados de alimentação pela empresa e inicia como as demais unidades com
30
a contratação de fornecimento de refeição transportada aos presos, pelo Estado
do Paraná.
Esclareço que após essa alteração de empresa por parte do governo
estadual ocorreu uma melhora da alimentação, principalmente quanto ao número
e a composição dos cardápios servidos, pois de acordo com implantação e
execução dos contratos de fornecimento da alimentação transportadas, ora
vigentes, proporcionou aos internos dessa Unidade no servimento de mais
complemento vegetal, além de mais um tipo de salada na marmita fornecida.
Diante deste fato, não houve problemas de ordem de ajustamento e
adaptação quanto à alteração na forma de distribuição e preparo da alimentação
fornecida pelos presos nessa unidade penal. Essa era uma das principais
preocupações por parte da Direção da Unidade, em virtude da boa qualidade da
alimentação ofertada anteriormente, por tratar de alimentação confeccionada pelo
sistema de autogestão, ou seja, elaborado no próprio local. Esclareço que a
alimentação preparada no próprio local tem uma qualidade e o sabor melhor
quando comparada com a alimentação transportada.
A partir de junho de 2006, o Estado do Paraná, através do pregão
eletrônico nº. 400/2005, realiza a contratação de empresas para o fornecimento de
alimentação transportada através de embalagens individuais descartáveis nº. 09,
tipo marmitas ou similar, aos presos dessa Unidade Penal.
Com a suspensão e o término pelo governo do Estado do Paraná na
contratação de empresas para administrar os presídios em julho de 2006, em seis
Unidades Prisionais, sendo uma delas a CCC, que é objeto de estudo dessa
pesquisa.
Com essa medida ocorreu nessas unidades terceirizadas, uma mudança
de paradigma quanto ao modo de preparo e distribuição da alimentação fornecida
aos presos, alterando-se a forma do preparo da alimentação de autogestão ou
serviço próprio, ou seja, é quando o alimento é preparado dentro das instalações
das penitenciárias, para ser elaborada na própria empresa contratada, através do
servimento das marmitas e na própria cela.
31
Nessa unidade penal o projeto arquitetônico inicial continha refeitório para
os presos, mas em função da segurança foi optado pela mudança do servimento
da alimentação na própria cela, através das marmitas.
Atualmente, a alimentação fornecida aos presos nessa unidade obedece
aos critérios contidos no pregão presencial nº. 043/2006-DEAM e no contrato nº.
009/06-SEJU de fornecimento de refeições, devendo a empresa contratada
oferecer as 03 (três) refeições contratadas, bem como a composição dos
cardápios descritas nos mesmos documentos citados.
A empresa vencedora deste processo licitatório, realizado pela
modalidade registro de preço, para a contratação do fornecimento de alimentação
transportada aos presos nessa unidade penal foi à empresa Geraldo J. Coan &
Cia Ltda, o qual prestará serviços até a data de 31/12/2007.
32
2.5.2 No Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara - CDRP
O Governador do Estado do Paraná através do decreto nº. 4755 de
03/05/2005, o qual foi publicado no Diário Oficial nº. 6967 na mesma data, torna-
se público a criação na estrutura organizacional do DEPEN, a unidade penal em
nível de execução o Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara – CDR
Piraquara.
A capacidade de lotação nessa unidade é para atendimento de 960
presos do sexo masculino e atualmente apresentam uma população carcerária de
836 presos, segundo dados do Sistema de Informações Penitenciárias - SPR de
março de 2007.
Essa unidade iniciou-se suas atividades com a implantação dos presos
transferidos da extinta Prisão Provisória de Curitiba - PPC, implantando uma
disciplina rígida e ainda não fornecendo nenhum tipo benefício aos presos como:
trabalhar, estudar e ter direito a visitas, como estavam acostumados na PPC.
Em 21 de agosto de 2006 os presos dessa Unidade se rebelaram e
colocam fogo e um das galerias e fizeram seis pessoas de reféns. As mulheres
dos presos fizeram uma manifestação na frente do presídio, denunciando maus
tratos e que os mesmos recebiam comida azeda, conforme artigo de jornal
publicado no Jornal Tribuna do Paraná “Presos rebelam-se em presídio novo”.
A alimentação ofertada desde o início da inauguração nessa Unidade
sempre foi terceirizada conforme as exigências contidas no pregão presencial nº.
043/2006 – DEAM e no contrato nº. 008 /06 – SEJU de prestação de serviço de
nutrição, cocção e fornecimento de refeições transportadas para o CDRP, onde foi
firmado convênio entre a SEJU e a empresa Sabor Alimentação Planejada Ltda e
apresentam como vigência até 31 de dezembro de 2007, prazo definido também
nos demais contratos de refeições realizado entre a SEJU e as empresas
contratadas.
33
2.5.3 Na Penitenciária Central do Estado - PCE É o maior estabelecimento penal de segurança máxima, destinados a
atender os presos condenados do sexo masculino que cumprem pena em regime
fechado. Foi à terceira unidade penal a ser construída no Paraná, sendo
inaugurada em 01 de dezembro de 1954 e está localizada no município de
Piraquara no Paraná.
O regimento interno da Penitenciária Central do Estado – PCE foi
sancionado através da resolução nº. 34/93 – SEJU, onde o Secretário de Estado
da Justiça e da Cidadania aprovou o regimento interno da PCE, como unidade
subdepartamental do DEPEN e da SEJU em 24 de março de1993.
Essa penitenciaria apresenta uma capacidade de lotação de 1.400 presos
e apresenta um excedente populacional de 92 presos, conforme dados do Sistema
de Informações Penitenciárias – SPR, referente ao mês de março de 2007.
A mesma tem como incumbência a promover a reintegração social dos
presos e o zelo pelo seu bem – estar, através da profissionalização, educação,
prestação de assistência jurídica, psicologia, social, médica, odontologia, religiosa,
material, incluindo a alimentação, além da prestação de assistência social aos
familiares dos internos, ou seja, responsabilizando-se pela custodia, segurança e
assistência aos presos.
As suas instalações físicas iniciais que eram da década de 1940,
apresentavam áreas destinadas ao uso da cozinha, padaria, duas câmeras
frigoríficas, refeitório para os presos, onde a alimentação sempre foi elaborada na
própria penitenciária, utilizando como mão-de-obra os presos implantados nesses
canteiros de trabalho. Este fato ocorreu até o início de 2004, onde foi alterada a
forma de cocção da alimentação com a contração das empresas fornecedoras de
alimentação transportadas aos presos de todo o Estado do Paraná.
Em 14 de novembro de 1989 inicia-se uma rebelião nessa penitenciária,
quando oito presos armados com estoques, tesouras e revolver invadem o
refeitório dos funcionários e tomam 51 reféns, entre eles o Diretor e o Vice-diretor
da unidade na época. O término dessa rebelião é ocasionado pela entrada da
34
Polícia Militar na PCE, por ordem do juiz da Vara de Execução Penal, totalizou-se
em onze mortos, sendo dez presos e um funcionário, morto com tiro na cabeça
pelos amotinados.
Após a rebelião foi providenciado reparos nas caldeiras e na cozinha,
além da diminuição do número de presos implantados na cozinha de 50 para 36
presos, os quais estão sob a vigilância dos policiais militares, para preparara a
alimentação dos demais presos. Este fato marca o início de uma mudança quanto
ao conceito da preparação e distribuição da alimentação oferecida aos presos.
Começa a discussão entre os dirigentes as vantagens de possuir uma cozinha
dentro das instalações ou fora das dependências da própria penitenciária.
Em 18 de julho de 2001 inicia-se outra rebelião na PCE onde morre um
agente penitenciário e dois presos na câmara frigorífica. Neste episódio os presos
destroem toda a estrutura física da cozinha. Diante deste fato, fica autorizado e
inicia-se a contratação da primeira empresa fornecedora de alimentação
transportada aos presos da PCE, para o almoço e jantar, através de mamites nº.
09, mediante autorização governamental exarada no processo integrado nº.
5.048.373-8 para atendimento em caráter emergencial por 180 dias. O preço da
refeição paga pelas refeições foi de R$ 2,50 (dois reais e cinqüenta centavos) para
cada refeição, conforme contrato de fornecimento entre a Secretaria de Estado de
Segurança pública e a empresa Risotolândia Ind. e Com.ltda.
A PCE foi à primeira unidade penal que foi terceirizada o serviço de
contratação da alimentação de modo transportado, com a utilização de
embalagens descartáveis tipo marmita nº. 09 ou similar servida na própria cela.
O cardápio fornecido aos presos consistia em 03 (três) refeições, sendo
distribuídas no café da manhã, almoço e jantar. As preparações do almoço e do
jantar consistiam, nas seguintes preparações abaixo relacionadas:
a) arroz;
b) feijão;
c) prato principal;
d) um complemento à base de massas,
e) sobremesa, apenas nos domingos.
35
A partir desta data nunca mais foi elaborado a alimentação pelos internos
na própria penitenciária, apenas pela contratação de empresas especializadas
para o fornecimento de alimentação, através de embalagens descartáveis tipo
mamitas.
Em fevereiro de 2003 os presos da PCE realizam um movimento com
greve de fome protestando por 06 (seis) dias, pela transferência de 14 ( quatorze)
presos integrantes de facções criminosas rivais, entre o Primeiro Comando da
Capital - PCC e o Primeiro Comando de Curitiba – PCP para a Penitenciária
Estadual de Piraquara , além de solicitar a substituição da empresa Risotolândia
Indústria e Comércio de Alimentos, fornecedora de alimentação na época e atual
prestadora de serviços, conforme consta na reportagem do Jornal da Gazeta do
Povo de 24 de fevereiro de 2003.
Em janeiro de 2004 deu-se o início da implantação da terceirização em
todas as Unidades Prisionais do Estado do Paraná, de acordo com as condições e
especificações descritas no edital do pregão eletrônico nº. 231/2003 – DEAM.
Neste pregão houve o acréscimo do servimento de dois tipos de saladas
diariamente aos presos, além de mais um complemento vegetal aos presos, tanto
para o almoço como ao jantar. A empresa ganhadora deste processo licitatório foi
a empresa Risotolândia Indústria e Comércio de Alimentos.
Após esse período até a presente data, sempre o processo de
alimentação permaneceu terceirizado nas unidades penais, sendo mantido através
de renovação dos contratos, através da elaboração de Termo do Primeiro Termo
Aditivo ao Contrato nº. 054/05-SEJU - Pregão Presencial nº. 400/05 - SEJU, o qual
tem como prazo de vigência de 01/01/2007 e término em 31/12/2007 nessa
unidade penal, bem como em todo o Sistema Penitenciário do Estado do Paraná.
36
2.5.4 Análise em conjunto da alimentação na CCC, CDRP e na PCE
Segue abaixo, na tabela 9, as características das unidades prisionais
pesquisadas , bem como as descrições contidas nos postulados dos pregões
presenciais e nos contratos de fornecimento de refeições vigentes, objeto deste
estudo, ora em questão.
TABELA 9 – COMPARATIVO DOS CONTRATOS VIGENTES DE FORNECIMENTO DE REFEIÇÕES AOS PRESOS DA CCC, CDRP, PCE – 2007
DESCRIÇÃO
CCC
CDPR
PCE
Número do pregão eletrônico
043/06 - DEAM
043/06 - DEAM
400/05 - SEJU
Número do contrato de refeição
003/06 - SEJU
008/06 - SEJU
54/05 – SEJU
Preço unitário do desjejum (R$)
1,011
1,002
0,92
Preço unitário do almoço (R$)
3,094
3,095
2,99
Preço unitário do jantar (R$)
3,094
3,095
2,99
Término dos contratos
31/12/2007
31/12/2007
31/12/2007
Empresa contratada Geraldo J. Coan e Cia.ltda.
Sabor Alimentação Planejada ltda.
Risotolândia Indústria e Comércio de
Alimentos Estimativa máxima da despesa diária (R$)
3.559,50
6.904,32
10.695,00
Estimativa máxima da despesa 31 dias (R$)
111.584,50
214.055,00
331.545,00
Numero máximo de presos previstos dia
540
960
1.550
FONTE: SEJU, DEPEN Nota: Dados extraídos dos contratos de refeições
37
3. MATERIAL E MÉTODO
O material utilizado para a elaboração deste trabalho será o produto de
levantamento de documentos sobre alimentação ofertada aos presos, existente no
Departamento Penitenciário do Estado do Paraná – DEPEN, através de pesquisa
documental e de trabalho de campo em 03 unidades de regime fechado,
correspondendo a CCC, CDRP e PCE.
Nessa pesquisa será aplicado um questionário contendo perguntas
abertas e fechadas, onde os presos nessas unidades serão avaliados quanto à
aceitação da alimentação oferecida, a maneira de como era sua alimentação
antes de entrar para a vida carcerária, alem da indicação da simbologia e a
representação da alimentação ofertada pelo Estado na vida carcerária dos presos
dessas unidades penais.
Procedeu-se a escolha nessas unidades penais, por serem
estabelecimentos penais de segurança máxima, destinados ao atendimento
exclusivamente presos do sexo masculino.
A amostragem da pesquisa selecionada será através do método analítico
na Casa de Custódia de Curitiba, no Centro de Detenção e Ressocialização de
Piraquara e na Penitenciária Central do Estado com a aplicação de um
questionário, contendo perguntas abertas e fechadas.
Foi aplicado esse questionário aos alunos-presos matriculados no
Departamento de Ensino Supletivo da SEED da CCC, do CDRP e na PCE, pelas
professoras, conforme modelo contido no Apêndice 01 – Pesquisa sobre a
Alimentação.
A quantidade dos entrevistados representa 7% da população carcerária
existente em cada estabelecimento penal pesquisado e matriculado nas atividades
de ensino formal, sendo entrevistados 34 alunos-presos na CCC, 61 alunos-
presos no CDRP e 107 alunos-presos na PCE, totalizando 202 presos
entrevistados.
Não foi feito o projeto piloto para a validação do questionário aplicado
nessa pesquisa, em função do fato de que o mesmo foi aplicado e
38
operacionalizado, através de orientação emanada pelas professoras de cada
estabelecimento penal.
A apresentação dos resultados e a apresentação dos dados serão através
de observações realizadas e obtidas nos questionários aplicados nas 03 (três)
unidades prisionais, demonstrado através dos gráficos descritos, analisados
analiticamente, ou seja, observando os casos um a um, através de um critério
lógico, cronológico e apresentando os valores estatísticos respectivos.
O próximo passo será a discussão dos resultados encontrados na referida
pesquisa e por último serão as conclusões obtidas, além de que será elaborado
um resumo das apurações dos dados obtidos e a respectiva discussão da
pesquisa.
39
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 ANÁLISE INDIVIDUAL DA PESQUISA DE ALIMENTAÇÃO
4.1.1 Na Casa de Custódia de Curitiba - CCC
O gráfico 1 mostra que dos 34 ( trinta e quatro) entrevistados, 26 (vinte e
seis) desses, ou seja, 76,47% responderam que tomavam todos os dias o café de
manhã com a sua família e 06 ( seis) presos disseram, as vezes, representando
17,64% da população pesquisada.
Conclui-se que 76,47% realizam o café da manhã com a sua família na
convivência familiar.
GRÁFICO 1 – DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO CAFÉ DA MANHÃ PELOS PRESOS DA CCC ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
5,89% 76,47%
17,64%
Todos os dias Às vezes Nunca Respostas anuladas
FONTE: Pesquisa de campo - CCC
40
No gráfico 2 observamos que 26 ( vinte e seis) alunos-presos
entrevistados, representando 76,47% da amostra analisada, tomavam o café da
manhã com sua família,com as seguintes alimentos: café com leite e pão com
margarina.
Analisando o gráfico acima conclui que a alimentação fornecida no café da
manhã aos presos, pelo Estado do Paraná vem respeitando os hábitos
alimentares da sua clientela alvo, adotados pelos mesmos antes de entrar na vida
carcerária. Este fato se torna mais evidente ainda, quando se faz uma
comparação da composição dos cardápios descritos nos editais de licitação para
essa refeição que é no fornecimento das mesmas preparações, que é de: pão
francês ou de leite com margarina ou doce 02 unidades com no mínimo de 50 g
(cada) e café puro ou com leite (300 ml).
GRÁFICO 02 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O CAFÉ DA MANHÃ DOS PRESOS DA CCC ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
8,82% 8,82%
76,47%
5,89%
Café preto Café com leite Café preto, pão com margarina Café com leite, pão com margina Respostas canceladas
FONTE: Pesquisa de Campo - CCC
41
No gráfico 3 acima descrito, observa-se que 20 ( vinte) alunos-presos, ou
seja, 58,82%, responderam que almoçavam na convivência com a sua família
todos os dias e 13 (treze) alunos-presos afirmaram que, às vezes, representando,
38,23%. Verifica-se ainda, que nenhum preso optou pela resposta de que nunca
almoça com a sua família e apenas um não respondeu, ou seja, 2,95% da amostra
pesquisada.
Conclui-se que 58,82% almoçavam na convivência com sua família todos
os dias.
GRÁFICO 03 – DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO ALMOÇO PELOS PRESOS DA CCC ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007 2,95%
58,82%
38,23%
Todos os dias Às vezes Nunca Não responderam
FONTE: Pesquisa de campo - CCC
42
Neste gráfico observa - se que 17 (dezessete) presos responderam que
realizavam o almoço com a sua família utilizando alimentos completos com a
ingestão de saladas cruas e vegetais cozidos suas refeições, representando 50%
da amostra analisada.
Observa-se que 11 (onze) presos do total entrevistados, ou seja, 32,35%
realizavam suas refeições utilizando alimentos incompletos, ou seja, apenas
ingeriam saladas cruas e não os vegetais cozidos.
Conclui-se que no edital de licitação foram considerados os hábitos
alimentares adquiridos dos presos antes de entrar para a vida criminal, quanto ao
fornecimento de uma alimentação qualitativamente completa do ponto de vista
nutricional. Além da inclusão na composição química dos cardápios do almoço do
referido edital, as seguintes preparações: arroz, feijão, prato principal, dois tipos
de complementos (uma a base de massas ou farinha e o outro a base de vegetais)
e dois tipos de saladas na alimentação dos internos.
11,76%
5,89%
50%
GRÁFICO 04 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O ALMOÇO DOS PRESOS DA CCC ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
Completa com saladas cruas e vegetais cozidos Completa sem salada e vegetais cozidos Completo com salada crua e sem vegetais cozidos Completa sem saladas cruas e com vegetais cozidos
32,35%
FONTE: Pesquisa de Campo - CCC
43
O gráfico 5 demonstra que 22 ( vinte e dois) dos entrevistados, ou seja,
64,7% responderam que jantavam todos os dias com a sua família e 11 (onze)
informaram que às vezes, representando 32,35% da população entrevistada.
Observa-se ainda, que apenas uma resposta, ou seja, 2,95% foram anuladas em
função de serem contraditórias,
GRÁFICO 5 – DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO JANTAR PELOSPRESOS DA CCC ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
32,35% 2,95%
64,70%
Todos os dias Às vezes Nunca Respostas anuladas
FONTE: Pesquisa de campo - CCC
44
Observa-se no gráfico 06 que 14 (quatorze) dos entrevistados relataram
que realizavam o jantar com a sua família na convivência, com a utilização de uma
alimentação completa com a ingestão de saladas e vegetais cozidos,
correspondendo 41,17% da amostra.
Verifica-se que 29,41% ,ou seja, 10 (dez) presos, no jantar tinham uma
alimentação completa com a ingestão de saladas cruas e não de vegetais cozidos.
Conclui-se que os presos tinham como hábito alimentar no jantar, realizar
uma alimentação completa, ou seja, contendo todos os nutrientes necessários
para o fornecimento de uma alimentação do ponto de vista qualitativo nutricional,
além de fazer a ingestão de saladas cruas e dos vegetais cozidos com a sua
família.
29,41%
41,17%
8,83%
GRÁFICO 06 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O JANTAR DOS PRESOS DA CCC ANTES DAVIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
Completa sem saladas cruas e vegetais cozidos Completa com saladas cruas e sem vegetais cozidos Completa com saladas cruas e vegetais cozidos Completa sem saladas cruas e com vegetais cozidos Incompleta sem saladas cruas e vegetais cozidos
11,76% 8,83%
FONTE: Pesquisa de campo - CCC
45
No gráfico 7 verifica-se que 19 ( dezenove) dos alunos-presos
entrevistados, ou seja, correspondendo 55,88% , classificaram que a alimentação
ofertada pela administração do presídio terceirizado, foi classificada como ruim.
Nota-se que 06 (seis) dos alunos-presos classificaram como boa à alimentação,
significando 17,64% da amostra e 05 alunos-presos optaram pela classificação da
alimentação como péssima, representando 17,64%.
Esclarecemos que nessa época a alimentação fornecida aos presos nessa
unidade era feita por empresa sublocada que preparava a alimentação nas
instalações da própria penitenciária, por funcionários da mesma empresa e a
composição dos cardápios servidos continham um complemento a menos e
nenhuma saladas servidas.
Diante do exposto, conclui-se que a qualidade da alimentação ofertada,
segundo os presos, é classificada como ruim independente do local onde se
prepara à alimentação, ou seja, na própria penitenciária ou fora das instalações do
presídio, ou seja, de forma transportada.
GRÁFICO 7 – OPINIÃO DOS PRESOS DA CCC SOBRE A QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO QUANDO ERA ELABORADA NA PRÓPRIA PENITENCIÁRIA - MAIO - 2007
17,64%
55,88%
14,73%
11,75%
Ótima Boa Ruim Péssima Respostas anuladas
FONTE: Pesquisa de campo - CCC
46
Neste gráfico 8 observa-se que 18 (dezoito) dos entrevistados
classificaram a alimentação servida atualmente pela empresa, quanto a qualidade,
como ruim e 11 (onze) como boa, ou seja, 32,34%. Além de que 03 (três)
entrevistados classificaram como péssima a alimentação, representando 8,82% da
amostra analisada e ninguém considera ótima a alimentação oferecida pela
empresa. Foram anulados ainda, dois questionários em função de assinalarem
mais de duas respostas representando 5,9% da amostra pesquisada.
Conclui-se que 52,94% da amostra pesquisada classificam a alimentação
fornecida pela empresa contratada como ruim.
Segue abaixo um depoimento encontrado na pesquisa que pode ilustrar
esse fato:
- “Não tenho restrição como de tudo. É falta de educação escolher”.
GRÁFICO 8 – OPINIÃO DOS PRESOS DA CCC SOBRE A QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO SERVIDA PELA EMPRESA CONTRATADA - MAIO - 2007
32,34%
52,94%
8,82% 5,9%
Ótima Boa Ruim Péssima Respostas anuladas
FONTE: Pesquisa de campo - CCC
47
O gráfico 9 mostra que 18 ( dezoito), ou seja, 52,94% dos entrevistados
optaram que a representação da alimentação na sua vida carcerária dos presos é
de manutenção e saúde e 8 ( oito) como sobrevivência, representando 23,53% da
amostra.
Foram anulados oito questionários em função de que assinalaram mais de
uma resposta, representando 23,53% da população.
Conclui-se que a representação da alimentação oferecida pelo Estado na
vida carcerária dos presos para 52,94% da população analisada é de manutenção
e saúde.
23,53%
23,53%
GRÁFICO 09 – OPINIÃO DOS PRESOS NA CCC QUANTO À REPRESENTAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO NA SUA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
Manutenção e saúde Satisfação alimentar Sobrevivência Respostas anuladas
52,94%
FONTE: Pesquisa de campo - CCC
48
Neste gráfico observa-se que quanto ao significado da alimentação
oferecida pelo Estado 11 (onze) dos entrevistados optaram que fosse de
dignidade, representando 32,35% . Observa-se que oito, ou seja, 23,52%
responderam relógio biológico e seis entrevistados relataram que significa
indicativo de horas, perfazendo uma amostragem de 17,64%.Apenas dois
entrevistados optaram como momento de distração, representando 5,89% da
amostra pesquisada.
Cinco dos entrevistados classificaram que o significado da alimentação
como outros e ainda acrescentaram as respostas abaixo:
- “È necessário”;
- “Importante para o meu bem estar”.
Também foram anulados dois questionários respondidos, 5,89% em
função de optarem por mais de duas respostas.
Conclui-se que o significado atual da alimentação na vida dos presos é de
dignidade para 32,35% da amostra pesquisada.
23,53% 32,35%
17,64%
GRÁFICO 10 – OPINIÃO DOS PRESOS DA CCC SOBRE O SIGNIFICADO DA ALIMENTAÇÃO NA SUA VIDA ATUAL - MAIO - 2007
Indicativo de horas Momento de distração Relógio biológico Dignidade Outros Respostas anuladas
5,89% 14,70%
5,89%
FONTE: Pesquisa de campo - CCC
49
TABELA 10 – PREFERÊNCIA ALIMENTAR DOS PRESOS DA CCC, DAS PREPARAÇÕES
SERVIDAS PELA EMPRESA QUE MAIS GOSTAM - MAIO - 2007
PREVERÊNCIAS
ALIMENTARES
NÚMERO DE PRESOS %
Arroz 16 47,05
Carne bovina 10 29,41
Feijão preto 21 61,76
Frango 15 44,11
Empanado de frango 7 20,58
Lingüiça 10 29,41
Molho vermelho 5 14,70
Salada 13 31,23
Ovo 5 14,70
Macarrão 4 11,76
FONTE: Pesquisa de campo - CCC
Na tabela 10 observa-se que 61,76% da amostra analisada tem como
preferência alimentar o feijão e 47,05% optaram pelo arroz, conforme hábito
alimentar dos brasileiros.
Verifica-se ainda, que as preparações dos pratos principais que
apresentam maior aceitabilidade pelos presos nos cardápios servidos pela
empresa contratada são: 44,11% de frango, 29,41% de lingüiça, 20,58% de
empanado de frango.
Nota-se ainda que 31,23% preferem as saladas e 11,76% o complemento
macarrão servido pela empresa.
Os fatos acima relatados podem ser observados nas respostas dos presos
citadas abaixo:
- “A alimentação básica de todos os dias que é o arroz e feijão esse for
possível uma carne ou ovos”;
- “Quando vem com molho e bem temperada e com uma boa mistura”;
- “Arroz, feijão, macarrão, batata, salada e uma mistura, mas que a
alimentação seja temperada”.
50
TABELA 11 – DEMONSTRATIVA DAS PREPARAÇÕES SERVIDAS PELA EMPRESA QUE
APRESENTAM MENOS ACEITABLIDADE PELOS PRESOS DA CCC - MAIO - 2007
PREFERENCIAS
ALIMENTARES
NÙMERO DE PRESOS
%
Abóbora 13 38,23
Arroz 3 8,82
Bucho 3 8,82
Carne de soja 9 26,47
Carne moída 5 14,70
Carne bovina 8 23,52
cenoura 5 14,70
Feijão 6 17,64
Polenta 5 14,70
Quibe 8 23,52
FONTE: Pesquisa de campo - CCC
Nesta tabela 11 verifica-se que a preparação que apresentam um maior
grau de rejeição das preparações servidas pela empresa contratada na opinião
dos presos da CCC é a abóbora, mesmo ela sendo preparada na forma de salada
ou como refogado, de 38,23%.
Quanto ao prato principal observa-se que 26,47% relataram que não
gostam da carne de soja, elaborada na forma de bolo e bolinho. Evidenciou-se
ainda, que 23,52% optaram pela carne bovina, onde relatou que se deve ao mau
preparo das mesmas, como o bife (“mal feito”), a qualidade do bolo de carne e do
bolinho de quibe. Verifica-se ainda, que 14,70% não têm aceitação a carne moída.
Segue abaixo algumas declarações dos presos encontradas na pesquisa:
-”Quando vem comida seca e sem molho com carne de soja”;
-“Alimentos sem temperos, aqueles bifes, arroz mal cozidos e outros”;
- “Quando vêm poucos feijões e carne de soja intragável”;
- “Quase todas, todo dia abóbora, abóbora e abóbora”.
51
TABELA 12 – DEMONSTRATIVO DA OPINIÃO DOS PRESOS DA CCC, DAS FORMAS DE
MELHORAR A ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELA CONTRATADA – MAIO-2007
FORMA DE MELHORAR A
REFEIÇÃO
NÚMERO DE PRESOS
%
Aumento do tempero 28 82,35
Diminuição do tempero - -
Aumento do óleo 26 76,47
Diminuição do óleo - -
Aumento da quantidade 13 38,23
Outros 14 41,17
Não responderam 1 2,94
Respostas anuladas 2 5,88
FONTE: Pesquisa de campo - CCC
Observa-se na tabela 12, verifica-se que 82,35% da amostra
responderam que deveria ser aumentado o tempero servido pela empresa,
76,47% aumentar o óleo e 38,23% aumentar a quantidade da alimentação servida.
Ficou evidenciado que 41,17% da amostra optaram pela respostas que
deveria ser melhorada a alimentação através de outras formas, tais como as
citadas abaixo:
-“Variedades e proporção nas misturas e mais feijão”;
- “Mais carnes”;
- “Creio que deveria ser mais temperada com mais óleo e aumentar a
mistura”;
- “Mais feijão”;
- “Mais cebola no tempero”.
Conclui-se que para que haja uma maior qualidade da alimentação
ofertada pela empresa contratada, segundo a opinião dos presos é necessário que
as preparações sejam mais bem preparadas quanto ao tempero e no óleo.
52
4.1.2 Análise Individual da pesquisa no Centro de Detenção e Ressocialização de
Piraquara - CDRP
Foi realizada uma pesquisa de campo nessa Unidade com a aplicação de
um questionário contendo treze perguntas, onde dez delas classificadas como
fechadas e duas apenas contendo respostas abertas, constante no apêndice 02.
Foram entrevistados pelas professoras 61 (sessenta e um) alunos-presos
implantados no Setor de Educação dessa Unidade. Este universo entrevistado
representa 7% da população carcerária existente nessa unidade.
A Direção da Unidade demonstrou-se interessada em aplicar outros
questionários de alimentação, com uma maior freqüência, com a finalidade de
obter e identificar um diagnóstico da situação alimentar da unidade.
Analisando e interpretando os dados obtidos de como era a alimentação
dos presos antes de entrar para a vida carcerária, observou-se que os mesmos do
ponto de vista qualitativo a alimentação utilizada estava dentro do recomendável,
pois apresentam alimentos de todos os grupos, tanto os energéticos, reguladores
e construtores.
Segue abaixo os resultados encontrados na pesquisa, conforme
demonstrado nos gráficos abaixo.
53
No gráfico 11 verifica-se que dos 61 ( sessenta e um) alunos-presos
entrevistados no CDRP, observou-se que 45 (quarenta e cinco) desses tomavam
o café da manhã com sua família, antes de entrar para a vida carcerária, ou seja,
73,77% da amostra analisada. Quatorze presos responderam que às vezes, ou
seja, 22,95% e apenas um respondeu que nunca, representando 3,28%.
Conclui-se que 73,77% dos entrevistados tomavam café da manhã
na convivência com sua família.
GRÁFICO 11 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O CAFÉ DA MANHÃ DOS PRESOS DO CDRP ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
3,28% 73,77%
22,95% Todos os dias
Às vezes Nunca
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
54
Observa-se no gráfico 12 acima, que dos 61 (sessenta e um)
entrevistados verificou-se que 25 (vinte e cinco) desses, ou seja, 40,98% tomavam
o café da manhã, antes de entrar para a vida carcerária, contendo as seguintes
preparações: café com leite e pão com margarina. Dez responderam que
tomavam café com leite, representando 16,39% e 13 (treze) entrevistados
relataram que utilizava café preto, ou seja, 21,31%.
Foram anulados dois questionários respondidos em função de constarem
duas respostas, representando 8,20% da amostra analisada.
Conclui-se que nos contratos de fornecimento de refeições vigentes no
Estado do Paraná quanto ao item de composição dos cardápios no desjejum foi
respeitado os critérios dos hábitos alimentares dos presos, que é no servimento
das preparações: 02 unidades de pão francês ou de leite com no mínimo 50
gramas cada, com margarina ou doce e 300 ml de café puro ou com leite.
GRÁFICO 12 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O CAFÉ DA MANHÃ DOS PRESOS DO CDRP ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
Café preto Café com leite Café preto, pão com margarina Café com leite, pão com margarina Respostas anuladas
40,98%
21,31%
13,11%
16,39%
8,20%
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
55
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
Neste gráfico 3 observa-se que a grande maioria (60,67%) da população
pesquisada relata que almoçava com sua família antes de entrar para a vida
carcerária. Vinte e três (21) dos entrevistados, ou seja, 37,7% responderam ás
vezes e um (1,63%) entrevistado relatou que nunca almoçava com a família.
GRÁFICO 13 - DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO CAFÉ DA MANHÃ PELOS PRESOS DO CDRP ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
60,67%
1,63%
37,7%
Todos os dias Às vezes Nunca
56
No gráfico 4 observa-se que 24 ( vinte e quatro) dos entrevistados,
39,34%, realizavam uma alimentação completa, do ponto de vista nutricional
qualitativo,com a utilização das saladas cruas e não dos vegetais cozidos com a
sua família durante o almoço. Observa-se, ainda, que 13 (treze) dos entrevistados,
ou seja, 21,32% optaram pela resposta de que realizavam uma alimentação
incompleta sem saladas cruas e sem vegetais cozidos e 10 (dez) presos,
representando, 16,39% ,utilizavam alimentos completos, mas sem a ingestão de
saladas cruas e nem vegetais cozidos. Enquanto que 7 (sete) dos entrevistados,
11,47% optaram por terem uma alimentação completa com a ingestão de saladas
cruas e vegetais cozidos.
Conclui-se a partir das respostas emanadas acima que a alimentação
ofertada pelo Estado durante o almoço está de acordo com os hábitos alimentares
dos presos antes de entrar para a vida carcerária, pois a maior parte dos
entrevistados não tinha como hábito alimentar a ingestão do vegetal cozido e o
Estado oferece este tipo de preparação tanto no almoço como no jantar.
16,39%
6,56%
11,47%
GRÁFICO 14 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O ALMOÇO DOS PRESOS DO CDRP ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
39,34%
Completa com saladas cruas e vegetais cozidos Completa sem salada e vegetais cozidos Completa com salada crua e sem vegetais cozidos Completa sem saladas cruas e com vegetais cozidos Incompleta sem saladas cruas e vegetais cozidos Incompleta com saladas cruas e sem vegetais cozidos Incompleta com saladas cruas e vegetais cozidos
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
21,32%
1,64% 3,28%
57
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
No gráfico 15 acima se observa que 40 (quarenta) dos presos
entrevistados optaram pela resposta de que jantavam com a sua família antes de
entrar para a vida carcerária e 20 (vinte) relataram que às vezes, ou seja, 32,785
da amostra analisada. Enquanto nenhum preso optou pela resposta de nunca
jantar com a sua família na convivência e um preso não respondeu a referida
pergunta.
Conclui-se que a 65,57% dos presos jantavam com sua família todos os
dias.
Todos os dias Às vezes Nunca Não responderam
1,63% 65,57%
32,78%
DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO JANTAR PELOS PRESOS DO CDRP ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
GRÁFICO 15 -
58
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
No gráfico 16 observa-se que 29,5% , ou seja, 18 (dezoito) dos presos
entrevistados o jantar com a sua família antes de entrar para a vida carcerária
eram compostos por uma alimentação completa com a ingestão de saladas cruas
e vegetais cozidos e 14 (quatorze), 22,95%, tinham uma alimentação completa
com saladas crua e sem vegetais cozidos, enquanto, 12 (doze), 19,68% tinham
uma alimentação incompleta sem saladas cruas e sem vegetais cozidos e 8 ( oito)
,ou seja, 13,12% tinham uma alimentação completa com saladas cruas e vegetais
cozidos.
Conclui-se que o edital de licitação quanto ao item composição do
cardápio servida aos presos que é composto pelas preparações no jantar de arroz,
feijão, prato principal, um complemento à base de farináceo e um complemento
vegetal e dois tipos de saladas atende os hábitos alimentares dos presos antes de
entrar para a vida criminal com a sua família.
Completa com saladas cruas e vegetais cozidos Completa sem salada e vegetais cozidos Completa com salada crua e sem vegetais cozidos Completa sem saladas cruas e com vegetais cozidos Incompleta sem saladas cruas e vegetais cozidos Incompleta com saladas cruas e sem vegetais cozidos Incompleta com saladas cruas e vegetais cozidos
3,27%
13,12%
29,5%
22,95%
DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O JANTAR DOS PRESOS DO CDRP ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
GRÁFICO 16 -
19,68% 4,92% 6,56%
59
Neste gráfico 7, observa-se que a maioria dos entrevistados 41 (quarenta
e um) presos, ou seja, 67,21% acham que a quantidade ofertada de alimentação é
inadequada, ou seja, insuficiente. Segue abaixo algumas frases relatadas pelos
entrevistados sobre a quantidade da alimentação:
- “Pode ser pouco um pouco mais, bem temperado está ótimo!”;
- “Mal cozido e pouco alimento, pois a fome aqui dentro é comprida”;
- “Mau feito e muito pouco alimento”;
- “Quantidade pouca (às vezes vem quase vazia)”.
Quanto à solicitação dos presos do aumento do quantitativo de alimentos,
conclui-se que este fato não é recomendável, pois a alimentação ofertada pelo
Estado é adequada sob o ponto de vista nutricional, tanto a nível quantitativo
como qualitativo.
4,93%
27,86%
67,21%
GRÁFICO 17 – OPINIÃO DOS PRESOS DO CDRP SOBRE A QUANTIDADE FORNECIDA DE ALIMENTOS -MAIO - 2007
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
Inadequada
Não Responderam
Adequada
60
No gráfico 18 observa-se que a qualidade atual da alimentação servida
pelas empresas contratadas para os presos do CDRP para 49,18% da amostra,
ou seja, para 30 (trinta) presos acham ruins e 18 (dezoito) presos classificam
como boa, representando 29,5% da amostra e 12 (doze) presos acham péssima.
Enquanto nenhum preso optou pela classificação de ótima.
Este fato pode ser observado em alguns depoimentos encontrados na
pesquisa, citado abaixo:
- “Porque às vezes vem mal cozido e chuchu mal cozido”;
- “Porque às vezes vem azedo é mal cozido, pouco alimento, pois a fome
aqui dentro é cumprida”.
GRÁFICO 18 – OPINIÃO DOS PRESOS DO CDRP SOBRE A QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO SERVIDA ATUALMENTE - MAIO - 2007
19,69% 1,63%
29,5%
49,18%
Ótima Boa Ruim Péssima
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
61
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
No gráfico 19 verifica-se que a representação da alimentação atual na
vida dos presos no CDRP é de 60,65% como sobrevivência, representando 37
(trinta e sete) presos optaram por essa resposta, enquanto 19 (dezenove) presos
responderam manutenção e saúde, correspondendo 31,14% da amostra. Três
presos responderam que era satisfação alimentar, ou seja, 4,91% e 3,30%
optaram pela respostas de outros.
GRÁFICO 19 - OPINIÃO DOS PRESOS NO CDRP QUANTO À REPRESENTAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO NA SUA VIDA CARCERÁRIA -MAIO - 2007
60,65%
3,30% 31,14%
4,91%
Manutenção e Saúde Satisfação Alimentar Sobrevivência Outros
62
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
No gráfico 20 verifica-se que o significado atual da alimentação na vida
carcerária dos presos do CDRP para 17 (dezessete) presos, 27,86% da amostra é
indicativo de horas, enquanto 16 (dezesseis) presos optaram pela resposta de
relógio biológico, correspondendo 22,95% da amostra pesquisada. Oito presos
escolheram a resposta de dignidade, representando 13,11% da amostra, dez
presos pela resposta de outros, ou seja, 16,39% , 14,79% das respostas foram
anuladas e dois presos responderam que era momento de distração,
representando 3,27% da amostra.
GRÁFICO 20 --- - OPINIÃO DOS PRESOS DO CDRP QUANTO AO SIGFNIFICADO DA ALIMENTAÇÃO SERVIDA -MAIO - 2007
27,86%
13,11% 3,27%
1,63%
22,95%
16,39%
14,79%
Indicativo de horas Dignidade Momento de distração Moeda de troca Relógio biológico Outros Respostas anuladas
63
TABELA 13 – PREFERÊNCIA ALIMENTAR DOS PRESOS NO CDRP DAS PREPARAÇÕES
SERVIDAS PELA EMPRESA QUE MAIS GOSTAM - MAIO - 2007
PREFERÊNCIAS
ALIMENTARES
NÚMERO DE PRESOS
%
Arroz 31 50,82
Carne bovina 20 32,78
Empanado de frango 20 32,78
Feijão 29 47,59
Frango 24 39,34
Lingüiça 21 34,42
Macarrão 19 31,14
Massas 6 9,83
Saladas 14 22,95
Respostas em branco 4 5,56
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
Na tabela 13 encontramos as preferências das preparações servidas pela
empresa onde se verifica que 50,82% da amostra pesquisada preferem o arroz e
47,59% o feijão, enquanto, 39,34% preferem frango e 39,34% à lingüiça, 31,14% o
macarrão, 32,78% a carne bovina e o empanado.
Verificou-se ainda pelas respostas obtidas que a preferência das saladas
é de alface, repolho, maionese e cenoura, para o frango são na forma de frito,
para as carnes bovinas quando são preparadas na forma de assadas, picadas,
carne de panela, frita e na forma de bife. Quanto à lingüiça também foi relatado
que a preferência era do tipo calabresa.
Quanto à freqüência da lingüiça nos cardápios para o próximo edital de
licitação para o ano 2008 será aumentada a freqüência de uma vez por semana e
não conforme consta atualmente no edital que é de uma vez por semana
alternada a freqüência com a salsicha tipo vina.
64
TABELA 14 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES SERVIDAS PELA EMPRESA QUE
APRESENTAM MENOS ACEITABLIDADE PELOS PRESOS DO CDRP - MAIO - 2007
PREFERENCIAS
ALIMENTARES
NÚMERO DE PRESOS
%
Acelga refogada 8 13,11
Bucho 30 49,18
Carne bovina com soja 10 16,39
Carne moída como soja 24 39,34
Moela 4 6,55
Soja 29 47,54
Não respondidas 4 6,55
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
Na tabela 14 verifica-se que as preparações servidas pela empresa
contratada que os presos têm menos aceitabilidade é o bucho com 49,18% da
amostra pesquisa, enquanto 47,54%optaram pela soja e 39,34% pela carne moída
como soja, 13,115 acelga refogada e 6,55% moela.
Também se observou pelas respostas relatadas pelos presos que o bucho
deveria ser mais bem preparado, pois apresenta um cheiro forte, conforme
sugestão dos próprios entrevistados. Também foi relatado sobre a forma de
preparo da carne bovina que deveria ser mais bem preparada, principalmente o
bolo de carne que segundo os presos, dizem que vem cru e a carne ainda é
adicionada com a soja. Também foi relatado que quanto os refogados servidos
não gostam do tipo de abóbora e nem da acelga servida na forma de salada ou
refogado.
Segue abaixo um relato de um preso que diz que:
- “Na situação que me encontro aprendi a gostar de todas”.
Em virtude dos dados encontrados sugiro que a empresa realize
orientação nutricional com os presos em função do alto índice de rejeição com a
soja.
65
TABELA 15 – DEMONSTRATIVO DA OPINIÃO DOS PRESOS DOCDRP, DAS FORMAS DE
MELHORAR A ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELA CONTRATADA -MAIO -2007
FORMA DE MELHORAR A
REFEIÇÃO
NÚMERO DE PRESOS
%
Aumento do tempero 47 77,04
Diminuição do tempero - -
Aumento do óleo 29 47,54
Diminuição do óleo - -
Aumento da quantidade 43 70,49
Outros 8 13,11
Não responderam 1 1,63
FONTE: Pesquisa de campo - CDRP
Na tabela 15 observa-se que os presos acham que a alimentação
oferecida pela contratada deveria ser melhorada com 77,04% da amostra
analisada com o aumento do tempero, 47,54% com o aumento do óleo na
alimentação e 70,49% aumento da quantidade e 13,11% optaram pela resposta de
outros.
Para ilustrar essa resposta segue abaixo depoimentos dos presos quanto
ao assunto:
- “É fazer uma alimentação mais caprichada, ter vontade de fazer o
alimento com carinho. Nós somos presos, mas também humanos;”
- “Teria que servir café da tarde de no mínimo quatro alimentações por
dia (café da manhã, da tarde, almoço e jantar);”
- “Pode ser pouco mais bem temperada está ótimo”;
- “Porque vem feito não bem e pouco alimento”;
- “Aquelas sem tempero, ficam sem sabor”.
Conclui-se que segundo os presos a alimentação pela empresa deveria
conter mais tempero e óleo.
66
4.1.3 Análise Individual da Pesquisa Aplicada na Penitenciaria Central do Estado –
PCE
No gráfico 21 observa-se que dos 107 (cento e sete) entrevistados, 72
(setenta e dois) responderam dos presos da PCE responderam que tomavam café
da manhã na convivência com sua família e 30 (trinta) dizerem que às vezes,
representando 28,04% da amostra analisada e um preso disse que nunca tomava
café da manhã, enquanto quatro presos não responderam essa pergunta.
Conclui-se que 67,29% responderam que tomavam café da manhã na
convivência com a sua família antes de entrar para a vida carcerária.
67,29% 0,93% 3,74%
GRÁFICO 21 – DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO CAFÉ DA MANHÃ PELOS PRESOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA -MAIO - 2007
Todos os dias Às vezes Nunca Não responderam
28,04%
FONTE: Pesquisa de campo - PCE
67
FONTE: PESQUISA DE CAMPO - PCE
No gráfico 22 observa-se que dos 107 (cento e sete) dos entrevistados, 65
(sessenta e cinco) presos tomavam o café da manhã, contendo as preparações de
café com leite e pão com margarina e 16 (dezesseis) presos, ou seja, 14,96%
responderam que tomavam café preto com pão com margarina e 10 (dez) presos,
ou seja, 9,35% responderam que tomavam café com leite, enquanto 7 ( sete) , ou
seja, 6,55%, apenas café preto e foram desclassificadas 9 ( nove), representando
8,40% da amostra pesquisada.
Conclui-se que 60,74% dos presos tomavam café da manhã contendo as
mesmas preparações fornecidas no cardápio estipulado pelo Estado, respeitando
os hábitos alimentares dos presos.
Café preto Café com leite Café preto, pão com margarina Café com leite, pão com margarina Respostas anuladas
9,35% 6,55%
14,96%
60,74%
DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕEM O CAFÉ DA MANHÃ DOS PRESOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA -MAIO - 2007
GRÁFICO 22 -
8,40%
68
No gráfico 23 observa-se que dos 107 (cento e sete) entrevistados 52
(cinqüenta e dois) dos presos, ou seja, 48,59% almoçavam com a sua família na
convivência e 50 (cinqüenta), ou seja, 46,73% almoçavam todos os dias com a
sua família, um preso optou pela resposta de nunca e quatro respostas foram
anuladas.
Conclui-se que 48,59% dos presos ases vezes almoçavam com a sua
família antes da vida carcerária.
1,63%
48,59%
46,73%
GRÁFICO 23 – DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO ALMOÇO PELOS PRESOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
Todos os dias Às vezes Nunca Respostas anuladas
0,94%
FONTE: Pesquisa de campo - PCE
3,74%
69
No gráfico 24 observa-se que 51 (cinqüenta e um) presos utilizavam as
preparações no almoço com a sua família frequentemente contendo uma
alimentação a base de ingestão de alimentos completos com saladas cruas e sem
vegetais cozidos, 28 (vinte e oito) presos, ou seja, 26,16% responderam que
tinham uma alimentação completa com saladas cruas e vegetais cozidos. Doze
presos, ou seja, 11,21% optaram pela resposta de que tinham uma alimentação,
mas sem saladas cruas e nem vegetais cozidos, enquanto 09 (nove) presos
disseram que tinham uma alimentação incompleta sem saladas cruas e nem
vegetais cozidos.
Conclui-se que 47,66% tinham uma alimentação a base de alimentos
complementos com a ingestão apenas de saladas cruas e não vegetais cozidos.
1,63%
11,21%
47,66%
GRÁFICO 24 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÔEM O ALMOÇO DOS PRESOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA - MAIO - 2007
Completa com saladas cruas e vegetais cozidos Completa sem salada e vegetais cozidos Completa com salada crua e sem vegetais cozidos Completa sem saladas cruas e com vegetais cozidos Incompleta sem saladas cruas e vegetais cozidos Incompleta com saladas cruas e vegetais cozidos
26,16%
2,82% 8,42%
3,74%
FONTE: Pesquisa de campo - PCE
70
No gráfico 25 mostra que dos 107 (cento e sete) dos entrevistados
disseram que 51 (cinqüenta e um) jantavam na convivência com a sua família e 44
(quarenta e quatro), ou seja, 41,12% , responderam que às vezes, 10 (dez), ou
seja, 9,36% não responderam esta pergunta e 02 (dois), representando 1,89%,
disseram que nunca jantavam com a sua família.
Conclui-se que 47,66% dos entrevistados jantavam com a sua família
antes da vida criminal.
41,12%
1,89% 9,36%
GRÁFICO 25 – DEMONSTRATIVO DA INGESTÃO DO JANTAR PELOS PREOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA -MAIO - 2007
Todos os dias Às vezes Nunca Não responderam
47,66%
FONTE: Pesquisa de campo - PCE
71
No gráfico 26 observa-se que dos 107 entrevistados, 40 (quarenta) presos
responderam que tinha no jantar com a sua família uma alimentação baseada em
alimentos completos com a ingestão de saladas cruas, mas sem a de vegetais
cozidos, 30( trinta) presos, representando 28,04% da amostra analisada, tinham
uma alimentação a base de alimentos completos com saladas cruas e vegetais
cozidos, 22 ( vinte e dois) responderam que tinham uma alimentação a base de
alimentos incompletos sem saladas cruas e sem vegetais cozidos, enquanto 06 (
seis), ou seja, 5,60% tinham uma alimentação incompleta com a ingestão de
apenas saladas cruas.
Conclui-se que 37,39% dos entrevistados tinham no jantar uma
alimentação completa com salada crua e sem vegetais cozidos.
37,39%
5,60%
28,04%
GRÁFICO 26 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES DO QUE COMPÕE O JANTAR DOS PRESOS DA PCE ANTES DA VIDA CARCERÁRIA -MAIO - 2007
Completa com saladas cruas e vegetais cozidos Completa sem salada e vegetais cozidos Completa com salada crua e sem vegetais cozidos Completa sem saladas cruas e com vegetais cozidos Incompleta sem saladas cruas e vegetais cozidos Incompleta com saladas cruas e sem vegetais cozidos
2,8%
FONTE: Pesquisa de campo - PCE
20,57%
5,60%
72
FONTE: Pesquisa de campo - PCE
Neste gráfico 7, verifica-se que a maioria dos entrevistados ( 39 presos),
ou seja, 36,4% achavam ruim quando a alimentação era preparada pelos próprios
presos e dentro das instalações físicas da PCE, 30,84% classificaram como
péssima e 18,69% como boa.
Conclui-se que para os presos o preparo da alimentação tanto na própria
penitenciária ou na empresa será a qualidade da alimentação classificada como
ruim, em função do local onde os presos estão inseridos, ou seja, a prisão.
Para ilustração deste fato segue o depoimento de um preso que
respondeu na pesquisa sobre quais eram preparações que ele mais gostava era:
- “Fazer o alimento na Unidade.”
GRÁFICO 27 - OPINIÃO DOS PRESOS DA PCE SOBRE A QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO QUANDO ERA LABORADA NA PRÓPRIA UNIDADE - MAIO - 2007
Ótima Boa Ruim Péssima Não Responderam
3,73% 18,69%
36,44%
30,84%
10,3%
73
Neste gráfico 8 mostra-se que dos 107 ( cento e sete) entrevistados, 43 (
quarenta e três) presos, ou seja, 40,18% acham que a alimentação fornecida
atualmente pela empresa foi classificada como ruim, 40 (quarenta) presos, ou
seja, 37,37% responderam que acham péssima e 16 (dezesseis) presos,
representando 14,95% da amostra pesquisada acham ótima e um preso, ou
sejam, 0,93% classificou como ótima.
Observou-se que a maior reclamação dos presos deve-se a falta de
tempero e a maneira do preparo da alimentação pela empresa, conforme se
observa nos relatos contidos na pesquisa, citado abaixo:
-“Gostaria que fosse servida uma alimentação bem cozida e bem
temperada”;
-“Uma alimentação qualquer que esteja com tempero”.
- “Uma alimentação normal, mas bem feita”;
-“Não estão preparadas de acordo, gostaria que aumentasse em 75% o
teor dos temperos”;
- “O alimento temperado sem qualquer tipo de creme, carne frita ou ovo
frito”;
- “Nenhuma a comida é péssima”.
GRÁFICO 28 -
OPINIÃO DOS PRESOS DA PCE QUANTO Á ALIMENTAÇÃO SERVIDA ATUALMENTE -MAIO -2007
6,54%
0,93% 14,95%
40,18% 37,37%
Ótima Boa Ruim Péssima Não Responderam
FONTE: Pesquisa de campo - PCE
74
FONTE: Pesquisa de campo - PCE
No gráfico 9, acima descrito, verifica-se que dos 107 ( cento e sete)
entrevistados, 51 ( cinqüenta e um) presos, ou seja, 47,66% responderam que a
alimentação atualmente na sua vida tem a representação de sobrevivência, 45 (
quarenta e cinco) presos, representando 42,05% da amostra responderam que é
de manutenção e saúde,enquanto 08 ( oito) presos, ou seja, 7,47% disseram que
é de satisfação alimentar e três respostas foram anuladas.
Esse fato pode ser exemplificado por um depoimento de um preso
entrevistado que disse:
-“Deus me perdoe, mais só comemos essa comida para não passar
fome”;
-“Nem uma, pois é péssima esta alimentação só comemos para não
passar fome”.
GRÁFICO 29 -
OPINIÃO DOS PRESOS DA PCE QUANTO À REPRESENTAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO NA SUA VIDA -MAIO - 2007
47,66% 2,82% 42,05%
7,47%
Manutenção e Saúde Satisfação Alimentar Sobrevivência Não Responderam
75
FONTE: Pesquisa de campo – PCE
No gráfico 30 verifica-se que dos 107 (cento e sete) dos entrevistados, 38
(trinta e oito) presos acham que o significado da alimentação na sua vida atual é
de relógio biológico, 24 (vinte e quatro) presos, ou seja, 22,42%, responderam que
era de dignidade, 18 (dezoito) presos, ou seja, 16,82% optaram por indicativo de
horas, enquanto 08 (oito) presos, representando 16,85% da amostra assinalaram
a resposta de outros e 05 (cinco) escolheram a resposta moeda de troca.
Conclui-se que a alimentação oferecida pelo Estado aos presos da PCE
tem o significado atual na sua vida para 35,51% da amostra pesquisada como
relógio biológico.
GRÁFICO 30 - OPINIÃO DOS PRESOS DA PCE QUANTO AO SIGNIFICADO DA ALIMENTAÇÃO SERVIDA - MAIO - 2007
Indicativo de horas Dignidade Momento de distração Moeda de troca Relógio biológico Outros
16,82%
3,73% 4,67%
22,42%
35,51%
16,85%
76
TABELA 16 – PREFERENCIA ALIMENTAR DOS PRESOS NA PCE DAS PREPARAÇÕES
SERVIDAS PELA EMPRESA QUE MAIS GOSTAM - MAIO - 2007
PREFERÊNCIAS
ALIMENTARES
NÚMERO DE PRESOS
%
Arroz 43 40,18
Carne bovina 37 34,57
Feijão 41 38,31
Feijoada 14 13,08
Frango 56 52,33
Lingüiça 18 16,82
Macarrão 13 12,14
Saladas cozidas 7 6,54
Saladas cruas 28 26,16
Respostas em branco 7 6,54
FONTE: Pesquisa de campo - PCE
Na tabela 16 verifica-se que da amostra analisada as preparações que tem
maior aceitabilidade pelos presos servidos pela empresa contratada são de
52,33% frango assado, 40,18% para o arroz, 38,31% do feijão, 34,57% da carne
bovina preparada sob a forma de picadão, bife e de cupim. Quanto às saladas
32,71% da amostra analisada preferiam, sendo 26,16% saladas cruas e 6,54%
vegetais cozidos, preferencialmente do tipo repolho e couve-flor. Enquanto
16,82% preferem lingüiça, sendo do tipo calabresa e toscana e 12,14% optaram
pelo macarrão.
Para ilustrar os resultados obtidos nesta tabela, segue abaixo relatos dos
presos encontrados na pesquisa:
- “Quando vem frango com farofa e vem calabresa”;
-“Almoço quando tem carne vermelha juntamente com saladas verduras”;
- “Quando vem frango ou cupim, pois sabemos que estamos comendo”.
carne”;
- “Quando vem carne de picadão é uma comida forte também”.
77
TABELA 17 – DEMONSTRATIVO DAS PREPARAÇÕES SERVIDAS PELA EMPRESA QUE
APRESENTAM MENOS ACEITABILIDADE PELOS PRESOS DA PCE – MAIO –
2007
PREFERÊNCIAS
ALIMENTARES
NÚMERO DE PRESOS
%
Bucho 54 50,46
Carne com soja 10 9,34
Carne moída como soja 19 17,75
Fígado 17 15,88
Ovos cozidos 8 7,47
Panqueca 9 8,41
Polenta 6 5,60
Soja 28 26,16
Não responderam 12 11,21
FONTE: Pesquisa de campo - PCE
Analisando a tabela 17 acima, observa-se que as servidas pela empresa
contratada que apresentam uma menor aceitabilidade pelos presos são 50,46%
de bucho, 26,16% sojas, 17,75% carne moída como soja e com 15,88% fígado.
Segue abaixo alguns relatos dos presos que podem exemplificar este fato,
encontrados na pesquisa:
- “Vocês têm que tirar esse bucho é péssimo”;
- “E quando pagam à comida de carne moída”;
- “Polenta, que se não comer na hora compromete toda a marmita e o
bucho horrível”;
-“ Qualquer alimentação feito de soja como carne moída é ruim,
hambúrguer é ruim e outras”;
- “Carne de soja, pois cheira muito mal e carne picada, pois cheira mal
também”.
78
TABELA 18 – DEMONSTRATIVO DA OPINIÃO DOS PRESOS DA PCE, DAS FORMAS DE
MELHORAR A ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELA CONTRATADA -MAIO- 2007
FORMA DE MELHORAR A
REFEIÇÃO
NÚMERO DE PRESOS
%
Aumento do tempero 90 84,12
Diminuição do tempero - -
Aumento do óleo 74 69,15
Diminuição do óleo - -
Aumento da quantidade 45 42,05
Outros 29 27,10
Não responderam 6 5,60
FONTE: Pesquisa de campo - PCE
Na tabela 18 observa-se que segundo os presos, as formas de melhorar a
alimentação servida pela empresa contratada sejam reavaliadas o preparo das
preparações, com o aumento do tempero para 84,12% da amostra e para 69,15%
com o aumento do óleo, além do aumento da quantidade para 42,05% da amostra
pesquisada.
Este fato pode ser observado conforme respostas encontradas na referida
pesquisa, citada abaixo:
- “Uma alimentação normal, mas bem feita”;
- ”Uma alimentação com mais ferro, com mais cálcio, enfim mais”.
tempero”;
- “As que não vem com temperos e também crua”;
- “Não gosto da comida mal cozida e nem bucho”;
- “Atualmente só vem caldo de feijão, faltam mais temperos”;
-“Tem que temperar a comida, pois não tem tempero nenhum”.
79
4.2 ANALISE EM CONJUNTO DA PESQUISA DE ALIMENTAÇÃO
4.2.1 Diagnóstico da alimentação dos presos antes de entrar para a vida
carcerária
Segue no quadro 1 os resultados consolidados obtido na referida
pesquisa.Observa-se que a maior parte dos presos realizavam as refeições com
seus familiares e era uma prática constante no seu cotidiano, possibilitando que as
refeições familiares proporcionassem a vinculação do eixo com a sociedade,
ocasionada pelas práticas alimentares com seus familiares.
QUADRO 01 – DIAGONÓSTICO DA ALIMENTAÇÃO DOS PRESOS ANTES DE ENTRAR PARA
A VIDA CARCERÁRIA – MAIO 2007
CCC
CDRP
PCE
Tomava café com sua
família?
76,47% todos os dias
73,77% todos os dias
67,29% todos os dias
De que forma era o
café da manhã?
76,47% café com leite,
pão com margarina.
.
40,98% café com leite,
pão com margarina.
60,74% café com leite,
pão com margarina.
Almoçava com sua
família?
58,82% todos os dias
60,67% todos os dias
48,59% às vezes
De que forma era o
almoço?
50% alimentação
completa com salada
crua e vegetais
cozidos
39,34% completa com
salada crua e sem
vegetais cozidos
47,66% completa com
salada crua e sem
vegetais cozidos
Jantava com sua
família?
64,70% todos os dias
65,57% todos os dias
47,66% todos os dias
De que forma era a
jantar?
41,17% completa com
salada crua e vegetais
cozidos
29,50% completa com
salada crua e sem
vegetais cozidos
37,39% completa com
salada crua e sem
vegetais cozidos
FONTE: Dados extraídos da pesquisa de campo - CCC, CDRP e PCE
80
4.2.2 Avaliação da alimentação pelos presos na CCC, CDRP e na PCE
QUADRO 2 – OPINIÃO DOS PRESOS SOBRE A ALIMENTAÇÃO OFERECIDA
PELO DEPEN – MAIO - 2007
CCC
CDRP
PCE
Qualidade da
alimentação
elaborada na própria
penitenciária
55,88% ruim
17,64% boa
_
36,44% ruim
18,69% boa
Qualidade da
alimentação servida
atualmente pela
empresa
52,94% ruim
32,34% boa
49,18% ruim
29,05% boa
40,18% ruim
14,95% boa
Quantidade de
alimentação fornecida
atualmente
_
67,21% adequada
_
Significado atual da
alimentação na sua
vida
32,35% dignidade
27,86% indicativo de
horas
35,51% relógio
biológico
Representação da
alimentação na sua
vida
52,94% manutenção e
saúde
60,65% sobrevivência
47,66% sobrevivência
Preparações servidas
que menos gostam
38,23% abóbora
26,47% soja
49,18% bucho
47,54% soja
50,46% bucho
26,16% soja
Preparações servidas
que mais gostam
61,76% feijão
47,05% arroz
50,82% arroz
47,59% feijão
52,33% frango
40,18% arroz
Maneiras de melhorar
alimentação
82,35% > tempero
76,47% > óleo
38,23% > quantidade
77,04% > tempero
47,54% > óleo
70,49% > quantidade
84,12% > tempero
69,15% > óleo
42,05% > quantidade
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo - CCC, CDRP e PCE
81
As tabelas analisadas evidenciam a variação de cada serviço prestado por
cada empresa contratada, bem como as peculiaridades de cada Unidade Penal.
Verifica-se, através do quadro 2 acima, que as empresas contratadas
devem reavaliar os modos de cozimento de preparo das preparações servidas,
associando com os temperos utilizados pelas mesmas, com o objetivo de reduzir
as insatisfações ocasionadas pelos métodos culinários adotados, ora vigentes,
devendo ser observado, conforme demonstrado na pesquisa os gostos específicos
dos presos e, ainda, devendo a empresa considerar a sua impossibilidade da
escolha alimentar, bem como ambivalência relativo ao local onde se encontra
atualmente e as angústias associadas ao cenário do local dos presídios.
Observa-se ainda no mesmo quadro, que quanto ao aumento do
quantitativo servido, solicitado pelos presos, este fato não está relacionado com as
necessidades nutricionais dos presos, mas sim com o sentimento de comer, não
somente para saciar a sua fome, mas sim o de diminuir as suas angústias,
ocasionadas pelo local da prisão. Lembramos que os editais de licitação estão
descritos em termos qualitativos e quantitativos para o fornecimento de uma
refeição equilibrada. E ainda, foram mantidas as referências alimentares
proporcionadas pelos hábitos alimentares adquiridos antes de entrar para a vida
carcerária, conforme observado na referida pesquisa.
Ressalta-se ainda, da aversão alimentar encontrada na pesquisa pelos
presos sobre a soja e os produtos similares acrescidos nas preparações de carne
bovina, sobre a forma moída e picada. Sugere-se que seja feito uma educação
nutricional e alimentar aos presos, bem como a avaliação dos procedimentos
utilizados nessas preparações, bem como a diminuição quanto à freqüência nos
cardápios utilizados.
Quanto à análise da representação da alimentação pelos presos a
maioria das respostas encontradas está vinculada às necessidades primárias, que
são ligadas à manutenção e saúde e a sobrevivência do preso, ocasionadas pelo
fornecimento pelo Estado de uma ração capaz de alimentá-lo e de satisfazer suas
necessidades alimentares.
82
Partindo do pressuposto que quando o homem pratica o ato de comer, ele
se integra num espaço social, observamos que quanto ao significado da
alimentação na vida atual dos presos, as respostas obtidas na referida pesquisa
são diferentes em cada estabelecimento penal pesquisado.
Para concluir salientamos as palavras de DOTTI, que relata: (...) “as
adequadas previsões sobre assistência em suas mais variadas modalidades
(material, sanitária, jurídica, educacional, social e religiosa) cumprem exigências
fundamentais referentes aos fins pedagógicos das sanções penais,
particularmente no que tange ao processo de diálogo entre presos e a sociedade”.
(DOTTI, 1998, p.208).
83
5 CONCLUSÃO
Pelos resultados apresentados na pesquisa, concluímos que as
composições dos cardápios dos presos oferecidos aos presos do Estado,
constantes nos editais de licitação, atendem os hábitos alimentares dos presos
antes de entrarem para a vida carcerária.
Também se observou que a qualidade da alimentação, segundo a opinião
dos presos é ruim em todas as unidades pesquisadas.
Quanto ao significado atual da alimentação para os presos diferem para
cada estabelecimento penal, sendo encontrado para os presos da CCC em
32,53% dignidade, do CDRP é 27,86% indicativo de horas e na PCE é 35,51%
relógio biológico.
Com relação à representação da alimentação também houve divergências
de respostas entre as unidades, onde foi relatado que é 52,94% de manutenção e
saúde para os presos da CCC e com 60,65% sobrevivência para os presos do
CDRP e da PCE com 47,66%, respectivamente.
Houve predominância nas respostas quanto às três preparações servidas
que mais gostavam: arroz, feijão e frango, enquanto as que menos gostavam
eram: bucho, soja e carne moída, ressaltando que na CCC, além das citadas
anteriormente incluíram a abóbora.
Quanto às formas de melhorar a alimentação, houve um consenso entre as
respostas, quanto à melhora do preparo das preparações servidas com o aumento
da quantidade de tempero, de óleo e da quantidade da preparação, principalmente
do feijão.
Observou-se ainda, que quando o preso está sob a custódia do Estado ele
perde o seu espaço social alimentar, ou seja, diminui o seu direito de escolha
alimentar e acaba o planejamento dos cardápios que irão compor a refeição. Na
prisão os presos têm uma diminuição do poder de escolha alimentar, pois ele só
tem a decisão de optar por comer ou não comer o alimento oferecido pelo Estado,
ou seja, a marmita oferecida.
84
Através desta pesquisa nota-se que a alimentação dos presídios marca no
interior de uma mesma cultura, a definição dos contornos desses grupos sociais,
pois um alimento terá um atributo para um grupo social e será rejeitado por outro.
Diante deste fato, os responsáveis pela administração das empresas e
dos presídios, devem aplicar questionários de pesquisa de satisfação da
alimentação nos presídios aos presos, com certa periodicidade, com o objetivo de
obter indicativos de aceitabilidade da alimentação servida, pois este dado será um
dos indicadores que irão exprimir e exacerbar os problemas intrínsecos da
penitenciária, bem como, da empresa contratada, pois além do alimento possuir
as suas qualidades fundamentais, que são: nutricionais, organolépticas e
higiênicas devera também esta alimentação ser aceita pelo grupo social ao qual
ele está sendo oferecido e inserido.
Através da assinatura da resolução nº. 121/2007 - SEJU em 11 de junho
de 2007, pelo Excelentíssimo Secretário de Estado da Justiça e da Cidadania, a
qual institui a partir de 01 de julho de 2007, no sistema penitenciário do Estado do
Paraná, a definição das normas dos procedimentos para o fornecimento e
distribuição de refeições, além de instituir um cardápio padrão definido pelo
DEPEN em todas as Unidades Penais. Em função desta padronização dos
cardápios deverá ser refeita uma nova pesquisa de avaliação da alimentação com
os presos, com o intuito de comparar os dados encontrados.
Em função de que o DEPEN é o órgão responsável pela coordenação das
políticas penitenciárias a nível estadual, sugere a esse órgão, a reavaliação do
regimento interno do DEPEN, que foi publicado no Diário oficial do Estado do
Paraná em 11 de outubro de 1995, com o norteamento e a definição de
implantação de novas políticas de execução penal para os presídios estaduais em
todas as esferas, adequando-o o mesmo com a prática informal de diversas áreas
que não estão incluídas e vem sendo utilizadas. Esta situação pode ser
exemplificada com a situação das nutricionistas pertencentes ao quadro do
DEPEN, que hoje estão vinculadas informalmente à Coordenação e no regimento
interno do DEPEN, ora vigente, estão subordinadas a Divisão de Suprimentos e
Nutrição, hoje atualmente extinta.
85
Conclui-se que a binômia alimentação - nutrição ao longo dos anos vem se
fortalecendo com um dos temas estratégicos para a segurança dos presídios do
Estado do Paraná, pois envolve vários indicadores no campo disciplinar oferecido
através da refeição aos internos, além de apresentar um caráter estratégico da
intersetorialidade no campo da segurança e na saúde dos presos.
86
REFERÊNCIAS
1.Referências gerais
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88
APÊNDICE