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ESTUDO ZOOLÓGICO MONOGRAFIA LISTA DE MACROFALUNA E INVERTEBRADOS AQUÁTICOS

MONOGRAFIA L MACROFALUNA E INVERTEBRADOS AQUÁTICOShome.fa.ulisboa.pt/~miarq4p5/2010-11/2_SupportElements/1_Town… · 3 Figura 1 – Limites da área de estudo. Apresenta acentuada

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ESTUDO ZOOLÓGICO

MONOGRAFIA

LISTA DE MACROFALUNA E INVERTEBRADOS AQUÁTICOS

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Introdução

Após alguns ensaios e visitas à área de trabalho, optou-se pela caracterização das

principais zoocenoses presentes na região de Óbidos através da utilização de metodologias

específicas para cada um dos grupos faunísticos: os macroinvertebrados aquáticos, a ictiofauna

dulçaquícola, os anfibios e répteis, as aves e os mamíferos. Neste relatório final são apresentados

os objectivos específicos para cada um dos grupos, a metodologia utilizada e os resultados

obtidos. Apresenta-se, igualmente uma breve caracterização da área de estudo em termos de

enquadramento hidrográfico e dos principais tipos de ocupação do solo, aspectos que, em grande

medida, determinam a disponibilidade de habitats e, consequentemente, a ocorrência das várias

espécies.

I.1. Breve Caracterização da Área de Estudo

A área de estudo considerada para a inventariação da fauna corresponde a parte do

Concelho de Óbidos e das suas zonas limítrofes (Figura 1), sendo abrangida pelas cartas

topográficas à escala 1:25000 nº 326 e 338 (Serviços Cartográficos do Exército).

A nível hidrológico, a área inclui a Lagoa de Óbidos, que se caracteriza por um corpo

principal e dois braços, a Oeste o Braço do Bom Sucesso e a Este o Braço da Barrosa; os troços

mais a jusante dos rios Real e Arnóia, que desaguam no corpo principal da lagoa; e um pequeno

troço do Rio da Cal, que desagua no Braço da Barrosa.

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Figura 1 – Limites da área de estudo.

Apresenta acentuada fragmentação quanto à distribuição dos usos e ocupação do solo. A

zona Noroeste, essencialmente florestal, é dominada por eucaliptal Eucaliptus globulus e pinhal

Pinus sp. A Sul predomina a ocupação agrícola que inclui, sobretudo, regadios, pomares e vinhas.

Embora menos representativas na área, ocorrem também algumas zonas de choupal Populus nigra,

de juncal (essencialmente Juncus inflexus, Scirpoides holoshoenus) e de caniçal (principalmente

Phragmites australis e Typha dominguensis), bem como zonas de galeria ripícola (apesar de geralmente

pouco estruturada) junto às linhas de água e, ainda, zonas de sapal na periferia da lagoa.

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II.1. Macroinvertebrados aquáticos

II.1.1. Introdução e Objectivos

Existe um grande número de espécies de macroinvertebrados aquáticos, o que se traduz

numa grande variedade de formas com diferentes níveis de tolerância a diversas alterações

ecológicas. Os principais grupos taxonómicos são os Anelídeos, Moluscos, Crustáceos e Insectos.

Estes organismos constituem um importante elo no processamento da matéria orgânica de

origem vegetal (algas, macrófitos, folhas, troncos, etc.), tendo uma função de reciclagem de

nutrientes nos ecossistemas aquáticos. São ainda a principal fonte de alimento da maioria das

espécies piscícolas (Hauer & Resh, 1996).

Face à intensificação e complexidade das actividades humanas com impactes nos cursos

de água, há uma necessidade crescente de encontrar métodos rápidos e fiáveis que consigam

avaliar o estado ecológico dos ecossistemas aquáticos. O facto das comunidades de

macroinvertebrados aquáticos serem, normalmente, representadas por um largo espectro de

ordens, garantindo uma elevada probabilidade de existirem espécies com vários graus de

sensibilidade numa mesma comunidade, de apresentarem uma mobilidade temporal e espacial

relativamente restrita, o que implica que estes animais estão confinados aos habitats em estudo e,

ainda, o facto de poderem reflectir as condições ambientais por um longo período de tempo, tem

contribuído para a sua crescente utilização na avaliação da qualidade biológica dos cursos de água

(Knobben et al., 1995). Os índices mais comummente utilizados são os índices de diversidade e os

índices bióticos.

O número de espécies por si só não é uma medida completa da diversidade específica de

uma comunidade, a qual depende também da abundância de cada espécie. Os índices de

diversidade têm em consideração tanto o número de espécies como a sua abundância relativa,

sendo utilizados para exprimir a estrutura específica de uma comunidade. Esta depende, por um

lado, de factores abióticos e da quantidade de recursos disponíveis e, por outro, do modo como

os indivíduos interagem e se organizam no espaço (Pité & Avelar, 1996). Considera-se que os

distúrbios nos ecossistemas aquáticos causam uma redução na diversidade, no entanto, uma vez

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que a diversidade específica traduz simultaneamente o número de espécies e a abundância de

cada uma delas, pode acontecer que povoamentos muito diferentes apresentem a mesma

diversidade. Assim, os índices bióticos são, cada vez mais, utilizados como instrumentos

fundamentais na avaliação ambiental (Nixon et al., 1996), pois consideram que a ausência de

algumas espécies mais sensíveis e/ou a ausência de determinados grupos taxonómicos são um

indicador claro de poluição. Além disso, permitem substituir ou complementar as convencionais

análises fisico-químicas, mais dispendiosas e menos abrangentes temporalmente. Um dos índices

bióticos mais utilizados na Europa, o Biological Monitoring Working Party (BMWP), de origem

anglo-saxónica, foi adaptado em 1988 por Alba-Tercedor e Sánchez-Ortega (1988) para as

condições ibéricas – BMWP’.

Com este trabalho pretendeu-se:

1. caracterizar as comunidades de macroinvertebrados aquáticos nos rios Real e Arnóia;

2. comparar a biodiversidade e

3. avaliar a qualidade da água através de índices bióticos.

II.1.2. Métodos

Tendo em consideração a extensão dos cursos dos rios Real e Arnóia foram seleccionadas

3 estações de amostragem, duas no primeiro e uma no segundo (Figura 2). Em cada estação

foram prospectados quatro tipos de habitats (zona bentónica, coluna de água, vegetação imersa

ou flutuante e vegetação da margem), de modo a abranger uma boa diversidade de habitats, e em

cada local de amostragem foram efectuados três replicados. O procedimento geral da

amostragem consistiu em recolhas efectuadas com uma rede de mão ("D-frame net") de armação

metálica com secção triangular de 30 cm de lado e com uma rede de 500 �m de malha, num

tempo constante de 1 minuto de amostragem activa para cada tipo de habitat, de forma a obter

resultados comparáveis. No entanto, a técnica de amostragem variou de acordo com as diferentes

tipologias dos habitats:

1. para a captura dos macroinvertebrados bentónicos recorreu-se à adaptação de

uma técnica semi-quantitativa, o "kick-sampling";

2. para a captura dos indivíduos planctónicos e de superfície fizeram-se batimentos

sucessivos na coluna de água;

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3. para amostrar a vegetação flutuante realizaram-se arrastos horizontais por baixo

da vegetação e efectuaram-se pequenos movimentos verticais do camaroeiro;

4. para amostrar as margens realizaram-se arrastos horizontais ao longo da camada

superior do sedimento, bem como pequenos movimentos verticais do

camaroeiro.

As amostragens foram efectuadas no Inverno e na Primavera, uma vez que não foi

possível efectuar amostragens sazonais.

Figura 2 – Localização das estações de amostragem de macroinvertebrados aquáticos, duas no Rio Real e

uma no Rio Arnóia. Nota: na figura, a estação no Rio Arnóia aparece sobreposta à estação mais a jusante

no Rio Real, dado serem muito próximas.

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Posteriormente, em laboratório, procedeu-se à triagem das amostras recolhidas com

auxílio do corante Rosa de Bengala e subsequente identificação de todos os indivíduos até ao

nível da família (Tachet et al., 1984), com vista à determinação da composição da comunidade de

macroinvertebrados aquáticos.

A diversidade das comunidades dos macroinvertebrados foi analisada com recurso a

índices de diversidade, nomeadamente o Índice de Simpson, D, o Índice de Shannon-Wiener, H’,

e a Equitabiliade, medida da distribuição do número de indivíduos entre taxa. Um índice de

diversidade é uma medida sintética da estrutura de uma comunidade biológica que incorpora dois

aspectos, o número de espécies e a sua abundância relativa. Em relação ao Índice de Simpson,

utiliza-se frequentemente 1/D para que o valor aumente quando aumenta a diversidade.

Portanto, quando só existe uma única espécie, 1/D=1 e H’=0; quando todas as espécies estão

representadas pelo mesmo efectivo, 1/D=S e H’=log2(S), sendo S a riqueza específica (Pité &

Avelar, 1996). Estas variáveis foram calculadas para cada estação. Uma vez que a diversidade

específica traduz simultaneamente o número de espécies e a abundância de cada uma delas, pode

acontecer que povoamentos muito diferentes apresentem a mesma diversidade. No sentido de

obviar esta questão, calcula-se a relação entre diversidade real e a diversidade máxima teórica,

uma medida da equitabilidade, E, da comunidade. O seu valor tende para 0 quando a quase

totalidade dos efectivos pertencem a uma só espécie e é igual a 1 quando todas as espécies estão

igualmente representadas (Pité & Avelar, 1996).

A qualidade da água foi determinada com recurso a índices bióticos. Foi utilizado o

Índice Biótico de Hilsenhoff, HBI, e o Índice Biological Monitoring Working Party, BMWP, que

medem a sensibilidade média individual da comunidade de macroinvertebrados à poluição

(Hilsenhoff 1987 in Griffith et al., 2005; Alba-Tercedor, 1996 e 2000).

II.1.3. Resultados

Carac t erização das comunidades

Foram identificados 4441 indivíduos pertencentes a 40 famílias, 1773 Oligoquetas e 2

Hirudineos (ambos identificados apenas até à Classe) (Tabela 1), totalizando 6216 indivíduos.

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Tabela 1 – Número, Família, Ordem e Classe a que pertencem os indivíduos identificados nos troços dos

rios Real e Arnóia. Em relação aos Oligoquetas e Hirudinea, a classificação resumiu-se à Classe.

Classe Ordem Família Nº indivíduos

Oligocheta … … 1773 Hirudinea … … 2 Gastropoda Archaeopulmonata Ellobiidae 3 Gastropoda Neotaenioglossa Assimineidae 3 Gastropoda Neotaenioglossa Hydrobiidae 36 Gastropoda Basommatophora Lymnaeidae 3 Gastropoda Basommatophora Physidae 308 Gastropoda Basommatophora Planorbidae 5 Gastropoda Heterostropha Valvatidae 12 Branchiopoda Cladocera Daphniidae 761 Branchiopoda Diplostraca Limnadidae 48 Malacostraca Amphipoda Gammaridae 9 Maxillopoda Cyclopoida Cyclopidae 651 Insecta Collembola Isotomidae 525 Insecta Collembola Poduridae 1 Insecta Collembola Sminthuridae 31 Insecta Coleoptera Chrysomelidae 5 Insecta Coleoptera Curculionidae 6 Insecta Coleoptera Dryopidae 4 Insecta Coleoptera Dystiscidae 5 Insecta Coleoptera Elmidae 17 Insecta Coleoptera Haliplidae 10 Insecta Coleoptera Helophoridae 2 Insecta Coleoptera Hydraenidae 66 Insecta Coleoptera Hydrophilidae 36 Insecta Coleoptera Staphylinidae 2 Insecta Diptera Anthomyiidae 1 Insecta Diptera Ceratopogonidae 3 Insecta Diptera Chironomidae 1562 Insecta Diptera Culicidae 47 Insecta Diptera Dolichopodidae 23 Insecta Diptera Simuliidae 151 Insecta Heteroptera Hebridae 14 Insecta Heteroptera Hydrometridae 8 Insecta Heteroptera Mesoveliidae 62 Insecta Heteroptera Naucoridae 9 Insecta Heteroptera Veliidae 1 Insecta Lepidoptera Pyralidae 2 Insecta Megaloptera Sialidae 1 Insecta Trichoptera Brachycentridae 1 Insecta Trichoptera Glossosomatidae 1 Insecta Trichoptera Psychomyiidae 6

Total 6216

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A família mais abundante é a Chironomidae (larvas e pupas de moscas), perfazendo 25% dos

indivíduos identificados, seguida, muito depois, da Daphniidae (crustáceos, normalmente

designados por pulgas-de-água), da Cyclopidae (pequenos crustáceos) e da Isotomidae (pequenos

artrópodes ápteros e com três pares de patas).

Divers idade da comunidade

Na Figura 3 [a); b); c); e d)] são apresentados os valores dos dois índices de diversidade

calculados, o Índice de Simpson e o Índice de Shannon-Wiener, e ainda os valores de

Equitabilidade. Da análise do mesmo é possível verificar que os resultados dos dois índices são

concordantes, ou seja, em ambos verificou-se um aumento dos valores de diversidade do Inverno

para a Primavera. Comparando os valores de diversidade relativamente aos habitats em cada uma

das 3 estações, é possível verificar que, no geral, o habitat Bentónico é o menos diverso,

enquanto que o habitat Margem é o mais diverso. Relativamente aos valores obtidos para as três

estações, verifica-se que no Inverno a estação 2 do Rio Real apresenta valores de diversidade

muito mais baixos do que a estação 1 do mesmo rio e do que a única estação efectuada no Rio

Arnóia. No entanto, na Primavera a situação altera-se, com os valores de diversidade das três

estações muito mais próximos entre si e a registarem-se os valores mais altos para alguns dos

habitats, nomeadamente o Bentónico e o Pelágico, na estação 2 do Rio Real [Figura 3 b) e d)].

Relativamente aos valores de equitabilidade, registou-se um ligeiro aumento do Inverno

para a Primavera [Figura 3 e) e f)]. À semelhança do que acontece nos índices de diversidade,

também relativamente à equatibilidade os valores mais baixos foram registados no habitat

Bentónico, o que indica que este tipo de habitat é, não só o menos diverso, como também

aquele onde há uma maior discrepância na representatividade das espécies.

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Índice Simpson Inverno

00,5

11,5

2

2,53

3,5

44,5

5

5,56

Bentónico Margem Pelágico Vegetação

1/D

Real 1

Real 2

Arnóia

a)

Índice de Simpson Primavera

00,5

11,5

2

2,53

3,5

44,5

5

5,56

Bentónico Margem Pelágico Vegetação

1/D

Real 1

Real 2

Arnóia

b)

Índice Shannon-Wiener Inverno

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

Bentónico Margem Pelágico Vegetação

H'

Real 1

Real 2

Arnóia

c)

Índice Shannon-Wiener Primavera

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

Bentónico Margem Pelágico Vegetação

H'

Real 1

Real 2

Arnóia

d)

Equitabilidade Inverno

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Bentónico Margem Pelágico Vegetação

H'/Hmax

Real 1

Real 2

Arnóia

e)

Equitabilidade Primavera

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Bentónico Margem Pelágico Vegetação

H'/Hmax

Real 1

Real 2

Arnóia

f)

Figura 3 – Valores dos Índices de diversidade de Simpson [a) e b)] e de Shannon-Wiener [c) e d)] e da

medida de Equitabilidade [e) e f)] calculados para o Inverno e para a Primavera em três estações, duas no

Rio Real e uma no Rio Arnóia, e em quatro tipos diferentes de habitats, Bentónico, Margem, Pelágico e

Vegetação.

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II.2. Ictiofauna

II.2.1. Introdução e Objectivos

A fauna piscícola dulciaquícola da Península Ibérica é caracterizada por,

comparativamente ao resto do continente Europeu, apresentar um baixo número de espécies e

um elevado número de endemismos. Estas características são resultantes do isolamento

provocado pela cordilheira dos Pirinéus. Dado a quase total ausência de habitats lênticos, as

espécies ictiológicas presentes na península estão preferencialmente adaptadas a habitats de águas

correntes como os rios1. A grande maioria dos sistemas fluviais da Península Ibérica caracteriza-

se por um regime hídrico irregular durante o ciclo anual, com caudais determinados pelo regime

pluviométrico das bacias (Granado-Lorencio, 1996). Este tipo de regime Mediterrânico, típico de

regiões áridas e semi áridas, é vigente nas Ribeiras do Oeste sendo determinante no tipo de

povoamento íctio das mesmas (Diogo et al., 2000). A caracterização da ictiofauna da área de

estudo teve como principais objectivos:

1. a inventariação dos peixes que ocorrem na Lagoa de Óbidos e

2. a inventariação dos peixes existentes nos dois principais cursos de água, o Rio

Real e o Rio Arnóia.

II.2.2. Métodos

A ictiofauna da lagoa de Óbidos encontra-se largamente documentada, pelo que para a

sua caracterização recorreu-se a informação bibliográfica.

A composição ictiofaunística dos rios Real e Arnóia foi avaliada com recurso a pesca

eléctrica (aparelho Hans Grassl EL-62II) e, posteriormente, completada com a literatura

existente. Tendo em consideração a extensão dos troços incluídos na área de estudo, foram

seleccionados cinco locais de amostragem, três no Rio Real e dois no Rio Arnóia, contudo,

devido ao repressamento dos mesmos no final da Primavera, apenas foi posível amostrar três dos

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cinco locais, dois no Rio Real e um no Rio Arnóia (Figura 4). Em cada local de amostragem, foi

prospectada uma secção de 100 m de comprimento durante aproximadamente 30 minutos. Os

exemplares capturados foram identificados e libertados no local. Apenas foram transportados

para laboratório os exemplares mortos acidentalmente durante o processo de amostragem ou

aqueles que suscitavam dúvidas quanto à sua identificação específica. A amostragem foi realizada

em Maio de 2006.

Figura 4 – Localização das estações de amostragem de ictiofauna, duas no Rio Real e uma no Rio Arnóia.

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II.2.3. Resultados

Apresenta-se em baixo uma tabela com a compilação bibliográfica da ictiofauna presente

na Lagoa de Óbidos (Tabela 4).

Gordo & Henrique, no âmbito de um estudo realizado em 2001 na Lagoa de Óbidos

acerca da estrutura da comunidade piscícola numa lagoa costeira alterada hidrologicamente,

identificaram 41 espécies pertencentes a 20 Famílias, enquanto que, no âmbito do Dossier de

Candidatura (2005), resultado do protocolo celebrado em 2004 entre o Instituto de Conservação

da Natureza, a Câmara Municipal da Caldas da Rainha, a Câmara Municipal de Óbidos e a

Associação PATO com vista à candidatura da Lagoa de Óbidos a Área de Paisagem Protegida de

Âmbito Regional, foram identificadas 55 espécies de 23 Famílias distintas. Com efeito, a

ictiofauna da lagoa engloba espécies residentes, espécies migradoras anádromas, espécies

migradoras catádromas, espécies migradoras marinhas e espécies ocasionais. As espécies

residentes realizam todo o seu ciclo de vida na Lagoa de Óbidos (e.g. os singnatídeos, os

gobiídeos e o Biqueirão Engraulis encrasicolus); as espécies migradoras anádromas são marinhas mas

reproduzem-se nos rios (e.g. a Savelha Alosa fallax); as espécies migradoras catádromas vivem nos

rios mas reproduzem-se no mar (e.g. a Enguia Anguilla anguilla); as espécies migradoras marinhas

reproduzem-se no mar, mas os seus juvenis deslocam-se para águas salobras, onde encontram

protecção e alimento, e retornam mais tarde ao mar (e.g. o Robalo, a Sardinha Sardina pilchardus, o

Ruivo Trigla lucerna, o Salmonete Mullus surmuletus, os linguados e alguns peixes da família

Sparidae) e as espécies ocasionais, como o nome indica, entram na Lagoa de Óbidos

acidentalmente.

Tabela 4 – Compilação bibliográfica das espécies íctias presentes na Lagoa de Óbidos

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Família Nome Científico Nome Comum Gordo & Cabral 2001

Dossier de Candidatura

2005 (a) Alosa fallax Savelha Clupeidae Sardina pilchardus Sardinha

Engraulidae Engraulis encrasicolus Biqueirão Anguillidae Anguilla anguilla Enguia-europeia Belonidae Belone belone Agulha

Hippocampus hippocampus Cavalo-marinho Syngnathus acus Marinha-comum Syngnathidae Syngnathus abaster Agulhinha Dicentrarchus labrax Robalo-legítimo Moronidae Dicentrarchus punctatus Robalo-baila

Mullidae Mullus surmuletus Salmonete-legítimo Diplodus sargus Sargo-legítimo Diplodus vulgaris Sargo-safia Pagellus bogaraveo Goraz Pagellus acarne Besugo Sarpa salpa Salema Sparus aurata Dourada

Sparidae

Spondyliosoma cantharus Choupa Labrus bergylta Bodião-reticulado Labrus viridis Bodião-tordo Symphodus bailloni Bodião Symphodus melops Bodião-vulgar

Labridae

Ctenolabrus rupestris Bodião-rupestre Gobius niger Caboz-negro Gobius paganellus Caboz-da-rocha Pomatoschistus microps Caboz Pomatoschistus minutus Caboz-da-areia Pomatoschistus pictus Caboz

Gobiidae

Pomatoschistus knerii Caboz Callionymus maculatus Peixe-pau-malhado Callionymidae Callionymus lyra Peixe-pau-lira Blennius gattorugine Marachomba-babosa Coryphoblennius galerita Marachomba Parablennius tentacularis Caboz

Blenniidae

Parablennius gattorugine Caboz Chelon labrosus Tainha-liça Liza aurata Tainha-garrenta Liza ramada Tainha-fataça Liza saliens Tainha-de-salto

Mugilidae

Mugil cephalus Tainha-olhalvo Atherina presbyter Peixe-rei

Atherinidae Atherina boyeri Peixe-rei-do-

mediterrâneo

Triglidae Trigla lucerna Ruivo Tabela 4 – Continuação

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Família Nome Ci ent í f i co Nome Comum Gordo & Cabral 2001

Dossier de Candidatura

2005 (a) Psetta maxima Pregado Scophthalmidae Scophthalmus rhombus Rodovalho

Bothidae Arnoglossus lanterna Carta-do-mediterrâneo Pleuronectes platessa Solha-legítima Pleuronectidae Platichthys flesus Solha-das-pedras Buglossidium luteum Língua-de-gato Microchirus azevia Azevia Microchirus ocellatus Azevia-de-malhas Solea lascaris Linguado-da-areia Solea solea Linguado-legítimo

Soleidae

Solea senegalensis Linguado-branco Balistidae Balistes carolinensis Cangulo-cinzento Trachinidae Echiichthys vipera Peixe-aranha-menor Centracanthidae Centracanthus cirrus Boqueirão Carangidae Trachurus trachurus Carapau Anmodytidae Ammodytes tobianus Galeota-menor

(a) Fonte: Santos et al., 1998; Santos et al., 1999 e Departamento de Inspecção das Pescas, 2004a e 2004b.

Da amostragem efectuada nos rios Real e Arnóia, foram capturados 241 indivíduos

pertencentes a 5 espécies diferentes (4 Famílias) (Tabela 5). O Ruivaco Chondrostoma oligolepis foi

a espécie mais abundante com 152 ocorrências, seguido do Muge Liza sp. e da Enguia-europeia

Anguilla anguilla, com 46 e 25 ocorrências respectivamente. Das 5 espécies capturadas, 2 são

exóticas, a Gambúsia Gambusia holbrooki e o Pimpão Carassius auratus.

Tabela 5 – Espécie e Família a que pertencem os indivíduos capturados nas 3 estações de amostragem.

Estação Família Nome Científico Nome comum Nº ind.

Anguillidae Anguilla anguilla Enguia-europeia 18 Cyprinidae Carassius auratus Pimpão 1 Cyprinidae Chondrostoma oligolepis Ruivaco 7 Poecilliidae Gambusia holbrooki Gambúsia 7

Rio Real (RE2)

Mugilidae Liza sp. Muge 35

Anguillidae Anguilla anguilla Enguia-europeia 3 Rio Real (RE3) Poecilliidae Gambusia holbrooki Gambúsia 7

Anguillidae Anguilla anguilla Enguia-europeia 4 Cyprinidae Chondrostoma oligolepis Ruivaco 145 Poecilliidae Gambusia holbrooki Gambúsia 3

Rio Arnóia (AR2)

Mugilidae Liza sp. Muge 11

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16

Rio Real (RE2)

18

1

7 7

35

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Anguilla anguilla Carassius auratusChondrostoma oligolepis Gambusia holbrookiLiza sp.

a)

Rio Real (RE3)

3

7

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Anguilla anguilla

Gambusia holbrooki

b)

Rio Arnóia (AR2)

4 3

11

145

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Anguilla anguilla Chondrostoma oligolepis

Gambusia holbrooki Liza sp.

c)

Figura 5 – Frequência de ocorrência das diferentes espécies ictiofaunisticas amostradas em duas estações

do Rio Real, a) estação RE2 a jusante e b) estação RE3 a montante, e uma no Rio Arnóia, c) estação

AR2.

Comparando as frequências de ocorrência (Figuara 5) verifica-se que, apesar das espécies

presentes nos dois rios serem praticamente as mesmas, no Rio Arnóia (AR2) a espécie mais

abundante é o Ruivaco, ao passo que no Rio Real, na primeira estação amostrada (RE2), as

espécies mais abundantes foram o Muge, seguido da Enguia-europeia, e, na segunda estação

amostrada (RE3), a espécie mais abundante foi a Gambúzia, seguida, novamente, da Enguia-

europeia. De referir ainda que, neste último caso, a Gambúzia e a Enguia-europeia foram as

únicas espécies capturadas, o que poderá indicar uma variação espacial das espécies ao longo do

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17

rio. No entanto, não é possível ter uma clara percepção dessa eventual variação espacial, uma vez

que não foi possível amostrar as duas estações inicialmente planeadas na zona de confluência dos

rios, em consequência das represas para armazenamento de água terem sido, entretanto,

construídas em ambos os rios.

II.2.4. Discussão

Para além de albergar diversas espécies residentes, a Lagoa de Óbidos tem um papel

fundamental enquanto viveiro para várias outras, o que atribui a esta região lagunar uma elevada

importância económica enquanto zona de pesca2. De destacar a presença da Savelha, classificada

como Vulnerável no novo Livro Vermelho de Vertebrados (Cabral et al., 2006). No Dossier de

Candidatura (2005) é referido que os locais de menor intensidade populacional se situam nos

extremos geográficos da Lagoa de Óbidos, ou seja, junto à embocadura e na região mais

profunda do Braço do Bom Sucesso. Alguns dos factores apontados para esta maior pobreza em

espécies e em efectivos populacionais são a especificidade sedimentar (areias grosseiras dunares e

vasas com elevados teores em finos) associada, por um lado, a fortes correntes de maré junto à

embocadura e, por outro, a elevadas diminuições temporárias de oxigénio no Braço do Bom

Sucesso.

Também no âmbito da elaboração do Dossier de Candidatura, a composição

ictiofaunística dos rios Real e Arnóia foi avaliada realizando um esforço de amostragem

semelhante ao efectuado no presente trabalho. Em relação aos resultados obtidos, destaca-se a

detecção em ambos os estudos do Ruivaco Chondrostoma oligolepis, espécie endémica de Portugal

pertencente à família Cyprinidae. Devido às suas exigências ecológicas, as populações desta

espécie estão confinadas às escassas zonas oxigenadas e com vegetação ripícola existentes ao

longo do curso de ambos os rios. Nesse sentido, é importante prevenir a destruição da vegetação

ribeirinha – nomeadamente, em consequência de acções de limpeza das margens e leito dos

cursos de água, da extracção de inertes e tendo em vista o aumento das áreas agricultadas –, pois

conduz à diminuição do grau de ensombramento dos cursos de água, o que se traduz no nível da

temperatura e oxigenação da água e na redução dos locais de abrigo e alimentação dos peixes3.

Outra espécie detectada durante o presente trabalho foi a Enguia-europeia. A Enguia-

europeia é um migrador catádromo e, apesar da sua ampla distribuição em Portugal e na Europa,

encontra-se ameaçada devido à exploração furtiva intensa de larvas nas zonas estuarinas e ao

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18

aumento do número de obstáculos à sua migração (CEZH / RNLSAS, 2004), estando, hoje em

dia, classificada como Em Perigo (Cabral et al., 2006).

II.3 Herpetofauna

II.3.1 Introdução e Objectivos

O conhecimento relativo a este grupo faunístico na área de estudo é relativamente

escasso, limitando-se, essencialmente, à informação constante no Dossier de Candidatura (2005),

no Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal Continental (Loureiro et al., in prep.) e no recém

publicado Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2006). Nesse sentido, a

metodologia adoptada visou, principalmente, contribuir para a inventariação das espécies de

anfíbios e répteis presente na área de estudo e, assim, completar a informação existente.

II.3.2. Métodos

As diversas espécieslistadas para o perímetro da área de estudo (Loureiro et al., in prep.)

utilizam uma grande variedade de habitats, explorando-os de modos muito diferentes, o que faz

com que a estratégia de amostragem mais adequada para este grupo implicasse a combinação de

várias técnicas. Assim, para o presente trabalho a amostragem da herpetofauna foi realizada

através de estações de prospecção semi-intensiva, com duração fixa, com base numa grelha

regular (quadrícula UTM 5 x 5 Km). Este tipo de estratégia consiste numa amostragem

direccionada para os locais com maior probabilidade de ocorrência das espécies em estudo. Nesse

sentido, o observador desloca-se ao longo de um habitat escolhido (terrestre, lótico e/ou lêntico)

durante um período de tempo fixo (e.g. 15 minutos), registando todos os contactos visuais e/ou

auditivos (cantos de anuros). Este tipo de amostragem pressupõe, igualmente, a prospecção de

pedras e troncos ou outros objectos que possam constituir refúgio para as espécies em estudo.

Foram, também, considerados outros indicadores de presença, como dejectos e mudas de pele

(cobras). Nos planos de água (ambientes lênticos - poças temporárias, tanques, nascentes, poços e

charcos), foi efectuada uma prospecção visual, que, sempre que possível, foi complementada por

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19

prospecção intensiva com camaroeiro. Os charcos foram prospectados visualmente em todo o

seu perímetro. Complementarmente, foram registadas todas as ocorrências ocasionais,

designadamente de animais mortos nas estradas (amostragem ad-hoc, essencialmente oportunista).

Tanto os anfíbios como os répteis apresentam um ciclo anual de actividade muito pronunciado,

com o maior pico de actividade a corresponder ao período de reprodução, que, para a maioria

das espécies, ocorre na Primavera. Assim, a amostragem centrou-se essencialmente no mês de

Junho, o que não excluiu o registo de ocorrências ad-hoc noutras alturas do ano.

II.3.3. Resultados

Apresenta-se a baixo um gráfico (Figura 6) com a proporção relativa das várias espécies

de anfíbios detectadas durante o trabalho de campo (estações de prospecção semi-intesiva e

registos ad-hoc).

A espécie que ocorre com maior frequência é a Rã-verde Rana perezi, com mais de metade

do total de anfíbios observados, seguida, muito depois, da Salamandra-de-costelas-salientes

Pleurodeles waltl, da Salamandra-de-pintas-amarelas Salamandra salamandra e do Sapo-comum Bufo

bufo.

37

18

1

11

1 2 1

15

410

139

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Pleurodeles waltl Salamandra salamandra Lissotriton boscai

Triturus marmoratus Alytes obstetricans Discoglossus galganoi

Pelobates cultripes Bufo bufo Bufo calamita

Hyla arborea Rana perezi

Figura 6 – Frequência de ocorrência das diferentes espécies de anfíbios durante o trabalho de campo.

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20

Em relação aos répteis, a espécie mais frequente é a Lagartixa-do-mato-comum

Psammodromus algirus, seguida da Cobra-rateira Malpolon monspessulanus, da Lagartixa-ibérica Podarcis

hispanica e Cobra-de-escada Elaphe scalaris (Figura 7).

3 3

1

7

15

6

10

1 1

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Lacerta lepida Podarcis hispanicaPsammodromus algirus Chalcides striatusCoronella girondica Elaphe scalarisMalpolon monspessulanus Natrix mauraNatrix natrix

Figura 7 – Ocorrência das diferentes espécies de répteis durante o trabalho de campo.

Durante o presente estudo registaram-se três novas espécies relativamente à lista

preliminar das espécies de anfíbios e répteis presentes na região abrangida pela área de estudo

considerada (Tabela 6 - Loureiro et al., in press): o Sapo-parteiro-comum Alytes obstetricans, a

Cobra-lisa-merdional Coronella girondica e a Cobra-de-água-viperina Natrix maura.

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21

Tabela 6 – Lista das espécies de anfíbios e répteis presentes na região abrangida pela área de estudo

considerada.

Nome Científico Nome Comum Loureiro e t a l ., in p ress

Espécies detectadas durante o presente trabalho

Alytes obstetricans Sapo-parteiro-comum Bufo bufo Sapo-comum Bufo calamita Sapo-corredor

Discoglossus galganoi Rã-de-focinho-pontiagudo

Hyla arborea Rela-comum Hyla meridionalis Rela-meridional Pelobates cultripes Sapo-de-unha-negra Pelodytes sp. Rana perezi Rã-verde

Salamandra salamandra Salamandra-de-pintas-amarelas

Lissotriton boscai Tritão-de-ventre-laranja

Anfíbios

Triturus marmoratus Tritão-marmorado Anguis fragilis Licranço Chalcides striatus Fura-pastos Complexo Podarcis Coronella girondica Cobra-lisa-merdional Dermochelys coriacea Tartaruga-de-couro Elaphe scalaris Cobra-de-escada

Emys orbicularis Cágado-de-carapaça-estriada

Lacerta lepida Sardão Lacerta schreiberi Lagarto-de-água Malpolon monspessulanus Cobra-rateira Mauremys leprosa Cágado-mediterrânico Natrix maura Cobra-de-água-viperina Natrix natrix Cobra-de-água-de-colar Podarcis bocagei Lagartixa-de-Bocage Podarcis carbonelli Lagartixa-de-Carbonell Podarcis hispanica Lagartixa-ibérica

Psammodromus algirus Lagartixa-do-mato-comum

Répteis

Psammodromus hispanicus Lagartixa-do-mato-ibérica

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22

II.3.4. Discussão

Tanto para os anfíbios como para os répteis, as espécies com mais observações são,

provavelmente, não só as mais conspícuas, como as mais comuns na área de estudo. Em relação

aos anfíbios foram identificadas no trabalho de campo 11 das 17 espécies existentes em Portugal.

A espécie detectada com estatuto de ameaça mais elevado foi a Rã-de-focinho-pontiagudo

Discoglossus galganoi (Anexo I). No que concerne aos répteis, foram identificadas no trabalho de

campo 9 das 27 espécies existentes em Portugal. No entanto, os registos bibliográficos

permitiram ainda acrescentar mais 8 espécies, o que perfaz um total de 17 espécies com

ocorrência confirmada nesta área. No geral, as espécies detectadas estão classificadas com

estatutos de ameaça baixos, existindo apenas três excepções, o Cágado-de-carapaça-estriada Emys

orbicularis, a Lagartixa-de-Carbonell Podarcis carbonelli e a Lagartixa-do-mato-ibérica Psommodromus

hispanicus (Anexo I).

II.5. Avifauna

II.5.1 Introdução e Objectivos

Apesar de se tratar de uma das maiores lagoas costeiras da costa portuguesa, o património

avifaunístico da Lagoa de Óbidos tem sido pouco estudado, sendo escassa a informação

publicada sobre as aves aquáticas desta lagoa. Lourenço (in press) em 2004/5 analisou a

abundância sazonal de aves aquáticas na Lagoa de Óbidos, com objectivo de documentar a

importância ecológica desta zona húmida no contexto nacional. Nesse sentido, avaliou a

abundância de cada espécie e a importância relativa de limícolas (Charadrii), gaivotas (Laridae),

anatídeos (Anatidae), garças (Ardeidae) entre outros (incluindo Phalacrocoracidae,

Threskiornithidae, Phoenicopteridae, Rallidae e Sternidae) ao longo do ano. Verificou que a lagoa

alberga números significativos de várias espécies de aves aquáticas, particularmente no Inverno, e

que, provavelmente, tem uma relevância considerável como local de paragem para aves

migratórias.

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23

Para além da Lagoa de Óbidos, a área de estudo engloba outros habitats relevantes para a

avifauna, como sejam o caniçal, cuja mancha mais representativa está localizada na zona das

Poças do Vau, ou as galerias ripícolas.

Para a caracterização da avifauna da área de estudo foram definidos dois objectivos:

1. inventariação das aves aquáticas da Lagoa de Óbidos;

2. inventariação geral e quantificação das aves terrestres em toda a área de

estudo.

A inventariação e quantificação de aves nocturnas requerem metodologias muito

intensivas, que não foram possíveis desenvolver no âmbito deste projecto. Deste modo, para a

inventariação destas espécies recorreu-se a bibliografia, bem como ao registo de observações ad-

hoc.

II.5.2 Métodos

Aves Aquát icas

Para a inventariação das aves aquáticas, foram seleccionados 7 pontos de contagem na

lagoa que, no seu conjunto, abrangem visualmente a totalidade do corpo de água da lagoa e

minimizam o risco de duplas contagens (Figura 8). As contagens foram realizadas entre os meses

de Dezembro de 2005 a Fevereiro de 2006, pelo menos uma vez por mês, aquando da maré-vazia

e sob boas condições climáticas (boa visibilidade e ausência de precipitação e de nevoeiro).

Aves Terres t re s

Na inventariação das aves terrestres, optou-se pela utilização de pontos de escuta, com

distância fixa. Este método envolve a contagem de todas as aves a partir de pontos fixos, num

raio e durante um intervalo de tempo previamente estabelecido. Desta forma, são registados

todos os contactos (auditivos ou visuais) de aves isoladas ou de bandos, pousadas ou em voo,

efectuados durante esse intervalo de tempo e que correspondam a exemplares diferentes,

incluindo aqueles que sejam observados à distância (mas dentro do raio considerado). A selecção

dos pontos de escuta foi feita com base numa grelha regular (quadrícula UTM 1 x 1 Km), tendo

sido estabelecido um ponto em cada quadrícula, desde que 60% da sua área estivesse incluída na

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24

área de estudo. Deste modo, toda a área de estudo foi coberta por uma amostragem sistemática

com uma grelha de 1 km2 (Figura 8).

A amostragem foi efectuada nos períodos de maior actividade para as aves, ou seja, nas

primeiras 4 horas após o nascer do Sol e nas últimas 2 horas do dia, sob boas condições

climáticas (boa visibilidade, ausência de precipitação, de nevoeiro e de vento forte). Quanto à

frequência da amostragem, tendo em conta a fenologia das espécies, foram definidos 3 períodos

de contagens, um direccionado para as aves invernantes (Fevereiro), outro para as espécies

nidificantes precoces (Abril) e, um último, para as nidificantes tardias (Maio).

Para a selecção dos pontos consideram-se todos os habitats naturais e semi-naturais,

tendo sido, posteriormente, agrupados em treze classes de habitat:

Canavial – formação delimite de cana instalada ao longo dos cursos de água;

Caniçal – formação de colmos, por vezes acentuadamente juncóide, instalada ao

longo das linhas de água de carácter permanente;

Choupal – formação de choupo;

Eucaliptal e Acacial – revestimento arbóreo artificial, no qual dominam eucaliptos e

formações normalmente densas e estremes, com porte arbustivo ou arbóreo

denso, resultante da proliferação invasiva da acacia Acacia spp.;

Galeria ripícola e paul – formação espontânea estratificada, etária e

composicionalmente diversificada, instalada sobre as margens das linhas de

água e formação instalada sobre solos turfosos pronunciadamente hidratados;

Juncal – formação juncóide instalada ao longo das margens da lagoa de Óbidos e

exibindo tolerância à salinidade;

Mosaico rural – mosaico de parcelas de diverso grau de naturalidade, centrado em

torno de uma ou várias edificações temporárias ou permanentes;

Mosaico urbano e Vegetação de pedreiras – ocupação por edificações e

arruamentos com taxa de impermeabilização do solo superior a 45% e

revestimento residual resultante da extracção de materiais rochosos, onde a

vegetação se encontra confinada a locais não afectados pela exploração;

Pinhal, mato e mosaico de mato e canavial – revestimento arbóreo que, ou por

crescimento livre ou condicionado por práticas silvícolas, se tornará arbóreo,

dominado por pinheiros de espécie indiferenciada, podendo no subcoberto

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25

apresentar matos, normalmente carrascal Quercus coccifera, ou uma matriz de

matos invadido por canas;

Regadio e Pomar – cultivos arvenses subordinados a certas épocas de produção

agrícola, que requerem um sistema de transporte e distribuição de água e

revestimento arbóreo ou de porte arbustivo, constituído por elementos

produtores de frutos utilizados na alimentação humana;

Sequeiro e Relvado – relvado espontâneo natural e cultivo arvense sobre um solo

cuja hidratação resulta apenas da precipitação atmosférica;

Vias de comunicação – inclui a rede viária e rede ferroviária e

Outros – inclui as manchas de Bosque, Vegetação de arriba marítima, Silvado,

Vegetação de aceiro, Vegetação dunar, Vegetação halófita e as Lagoa

temporárias, Charcas e Valados.

Os dados foram analisados de forma exploratória através de uma Análise de

Correspondências, a qual permite descrever as relações mais importantes entre os descritores de

habitat e as espécies. Esta análise foi realizada através do software estatístico R 2.4.0 (R

Development Core Team, 2006).

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26

Figura 8 – Localização numa grelha de 1 x 1 Km dos pontos de contagem de aves aquáticas

e dos pontos de escuta de aves terrestres utilizados nos censos.

II.5.3 Resultados

Aves Aquát icas

Durante as contagens foi identificado um total de 36 espécies (Tabela 7). De destacar o

efectivo médio elevado de Corvos-marinhos Phalacrocorax carbo, Patos-reais Anas plathyrhyncos,

Pilritos-de-peito-preto Calidris alpina, Gaivotas-de-pernas-amarelas Larus cachinnans e de Gaivotas-

d’asa-escura Larus fuscus. Merece ainda atenção a presença em todas as contagens do Ganso-de-

faces-pretas Branta bernicla, uma espécie considerada muito pouco comum em Portugal. Estes

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27

resultados são semelhantes aos anteriormente obtidos para esta zona húmida (Lourenço, in press).

Outro resultado relevante prende-se com o aparente aumento do efectivo de Flamingo

Phoenicopterus roseus ao longo das contagens. Esta espécie é geralmente observada na lagoa ao

longo de todos meses do ano, à excepção de Julho, mas em números inferiores (média: 10,1±3,0,

Lourenço, in press). Esta informação é relevante, tanto mais que a espécie em Portugal não é

comum fora dos locais habituais de ocorrência, como o Estuário do Tejo, o Estuário do Sado e a

Ria Formosa (Farinha et al., 1991, 1992).

Em termos percentuais, as Famílias Laridae e Anatidae são as mais comuns na Lagoa de

Óbidos (Figura 9), com valores médios de ocorrência semelhantes, seguidas da Família

Scolopacidae. No entanto, se considerarmos em conjunto as Famílias Scolopacidae e

Charadriidae (incluiem a grande parte das limícolas), os valores aproximam-se das duas primeiras.

As restantes Famílias correspondem apenas a uma pequena porção (15%) das aves observadas.

Tabela 7 – Resultados das contagens de aves aquáticas na Lagoa de Óbidos de Dezembro de 2005 a

Fevereiro de 2006 e respectiva média e erro padrão. Epad – erro padrão.

Nome Científico Nome Comum Família 29 Dez

13 Jan

01 Fev

15 Fev

Média Epad

Recurvirostra avosetta Alfaiate Recurvirostridae 1 0 0 0 0,25 0,25 Anser anser Ganço-bravo Anatidae 0 1 1 0 0,50 0,29 Calidris canutus Seixoeira Scolopacidae 2 0 0 0 0,50 0,50 Calidris sp. Scolopacidae 0 2 0 0 0,50 0,50 Charadrius sp. Charadriidae 0 3 0 0 0,75 0,75 Larus menalocephalus Gaivota-de-cabeça-preta Laridae 3 0 0 1 1,00 0,71 Tadorna tadorna Tadorna Anatidae 1 2 1 1 1,25 0,25 Tringa totanus Perna-vermelha Scolopacidae 2 2 2 0 1,50 0,50 Platalea leucorodia Colhereiro Threskiornithidae 6 2 0 2 2,50 1,26 Actitis hypoleucos Maçarico-das-rochas Scolopacidae 9 0 2 0 2,75 2,14 Anas acuta Arrábio Anatidae 0 12 0 0 3,00 3,00 Podiceps nigricollis Cagarraz Podicipedidae 3 5 4 1 3,25 0,85 Sterna sandvicensis Garajau Sternidae 3 4 4 6 4,25 0,63 Tachybaptus ruficollis Mergulhão-pequeno Podicipedidae 5 1 14 3 5,75 2,87 Haemantopus ostralegus Ostraceiro Haematopodidae 21 5 4 0 7,50 4,63 Limosa lapponica Fuselo Scolopacidae 12 8 10 0 7,50 2,63

Charadrius alexandrinus Borrelho-de-coleira-interrompida Charadriidae 14 15 5 0 8,50 3,62

Branta bernicla Ganço-de-faces-pretas Anatidae 3 3 0 36 10,50 8,53 Numenius phaeopus Maçarico-galego Scolopacidae 0 3 5 35 10,75 8,15 Egretta garzetta Garça-branca Ardeidae 11 14 12 10 11,75 0,85 Tringa nebularia Perna-verde Scolopacidae 13 13 11 10 11,75 0,75

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28

Calidris alba Pilrito-das-praias Scolopacidae 25 20 2 4 12,75 5,74 Anas clypeata Pato-colhereiro Anatidae 8 14 27 26 18,75 4,64 Numenius arquata Maçarico-real Scolopacidae 34 22 28 12 24,00 4,69 Ardea cinerea Garça-real Ardeidae 31 23 26 25 26,25 1,70 Anas penelope Piadeira Anatidae 11 30 48 31 30,00 7,56 Phoenicopterus roseus Flamingo Phoenicopteridae 29 29 37 39 33,50 2,63

Charadrius hiaticula Borrelho-grande-de-coleira Charadriidae 22 49 34 39 36,00 5,61

Limosa limosa Milherango Scolopacidae 27 47 76 23 43,25 12,11 Fulica atra Galeirão Rallidae 61 60 46 39 51,50 5,39 Pluvialis squatarola Tarambola-cinzenta Charadriidae 47 107 84 92 82,50 12,76 Larus fuscus Gaivota-d'asa-escura Laridae 124 114 47 149 108,50 21,78 Anas crecca Marrequinha Anatidae 120 183 92 43 109,50 29,21 L. cachinnans/fuscus Laridae 117 123 129 87 114,00 9,33 Phalacrocorax carbo Corvo-marinho Phalacrocoracidae 124 73 146 196 134,75 25,51

Larus cachinnans Gaivota-de-patas-amarelas Laridae 144 274 126 174 179,50 33,02

Larus ridibundus Guincho Laridae 190 273 300 63 206,50 53,25 Calidris alpina Pilrito-de-peito-preto Scolopacidae 149 267 402 317 283,75 52,86 Anas platyrhynchos Pato-real Anatidae 448 553 355 300 414,00 55,49

Total 1820 2356 2080 1764 2005,0 135,75

30,429,3

19,9

6,7 6,4

2,64,7

0

5

10

15

20

25

30

35

%

Laridae Anatidae

Scolopacidae Phalacrocoracidae

Charadriidae Rallidae

Outros*

Figura 9 – Percentagem média de ocorrência das Famílias de aves aquáticas detectadas durante as

contagens. Outros* – Ardeidae + Phoenicopteridae + Podicipedidae + Haematopodidae + Sternidae +

Threskiornithidae + Recurvirostridae.

Aves Terres t re s

Entre os dias 13 e 25 de Fevereiro de 2006 foram realizados 94 pontos de escuta,

repetidos nos períodos de 3 a 11 de Abril e de 2 a 9 de Maio de 2006. Na 1ª volta identificaram-se

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29

44 espécies, sendo que o número de espécies por ponto de escuta variou entre 0 e 11, com uma

média de 3.4 espécies por ponto. Em Abril e Maio de 2006 identificaram-se em ambos os censos

47 espécies. O número de espécies por ponto de escuta variou entre 0 e 10, sendo a média de 4.3

espécies no censo de Abril e de 5.0 espécies no censo de Maio.

Fora dos pontos de escuta foram ainda detectadas 5 espécies, a saber Peneireiro-cinzento

Elanus caeruleus, Mocho-galego Athene noctua, Picapau-malhado Dendrocopus major, Tordoveia Turdus

viscivorus e Trigueirão Emberiza calandra. Esta informação complementa a informação obtida

através dos censos, e resulta de registos ad hoc e registo de espécies detectadas fora do perímetro

da circunferência dos pontos de escuta.

Apresenta-se de seguida uma tabela da abundância específica em cada um dos três censos

efectuados, um no Inverno e dois na Primavera (Tabela 8).

Tabela 8 – Número de contactos de cada espécie no censo de Inverno e em ambos os censos de

Primavera.

Nome Científico Nome Comum Ordem Fev-06 Abr-06 Mai-06

Buteo buteo Águia-d'asa-redonda Accipitriformes 7 7 9 Circus aeroginosus Águia-sapeira Accipitriformes 0 1 0 Hieraaetus pennatus Águia-calçada Accipitriformes 1 1 0 Anas platyrhynchos Pato-real Anseriformes 3 17 0 Apus apus Andorinhão-preto Apodiformes 0 0 6 Larus cachinnans Gaivota-de-patas-amarelas Charadriiformes 4 2 0 Numenius phaeopus Maçarico-galego Charadriiformes 0 0 12 Ardea cinerea Garça-real Ciconiformes 1 1 1 Bubulcus ibis Carraceiro Ciconiformes 1 0 0 Streptopelia decaoto Rola-turca Columbiformes 3 15 12 Streptopelia turtur Rola-brava Columbiformes 0 0 5 Alcedo athis Guarda-rios Coraciiformes 0 0 2 Upupa epops Poupa Coraciiformes 0 2 3 Cuculus canorus Cuco Cuculiformes 0 1 1 Falco tinnunculus Peneireiro Falconiformes 1 1 1 Alectoris rufa Perdiz Galliformes 4 4 6 Coturnix coturnix Codorniz Galliformes 0 1 2 Gallinula chloropus Galinha-d'água Gruiformes 4 0 0 Acrocephalus arundinaceus Rouxinol-grande-dos-caniços Passeriformes 0 2 3 Aegithalos caudatus Chapim-rabilongo Passeriformes 0 2 2 Alauda arvensis Laverca Passeriformes 0 2 0 Anthus campestris Petinha-dos-campos Passeriformes 6 0 0

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30

Callandrela brachydactila Calhandrinha Passeriformes 0 0 2 Carduelis cannabina Pintarroxo Passeriformes 81 23 42 Carduelis carduelis Pintassilgo Passeriformes 171 47 64 Carduelis chloris Verdilhão Passeriformes 43 23 18 Cetia cetti Rouxinol-bravo Passeriformes 13 20 11 Cisticola juncidis Fuinha-dos-juncos Passeriformes 6 23 32 Corvus corax Corvo Passeriformes 1 5 0 Corvus corone Gralha-preta Passeriformes 29 19 16 Delichon urbicum Andorinha-dos-beirais Passeriformes 1 27 31 Erithacus rubecula Pisco-de-peito-ruivo Passeriformes 47 24 17 Estrilda astrild Bico-de-lacre Passeriformes 0 1 8 Fringilla coelebs Tentilhão Passeriformes 7 2 0 Galerida cristata Cotovia-de-poupa Passeriformes 5 3 3 Garrulus glandarius Gaio Passeriformes 3 16 16 Hirundo daurica Andorinha-dáurica Passeriformes 0 2 3 Hirundo rustica Andorinha-das-chaminés Passeriformes 15 29 68 Lanius meridionalis Picanço-real Passeriformes 1 2 6 Lanius senator Picanço-barreteiro Passeriformes 0 2 0 Luscinia megarynchos Rouxinol Passeriformes 0 0 3

Tabela 8 – Continuação

Nome Científico Nome Comum Ordem Fev-06 Abr-06 Mai-06

Motacila alba Alvéola-branca Passeriformes 9 10 5 Parus ater Chapim-carvoeiro Passeriformes 9 11 8 Parus caeruleus Chapim-azul Passeriformes 4 3 3 Parus major Chapim-real Passeriformes 3 11 4 Passer domesticus Pardal Passeriformes 10 12 30 Passer montanus Pardal-montês Passeriformes 11 12 21 Phoenicurus ochrurus Rabirruivo Passeriformes 3 3 2 Phylloscopus collybita Felosinha Passeriformes 15 5 4 Phylloscopus trochilus Felosa-musical Passeriformes 4 0 0 Regulus ignicapilla Estrelinha-de-poupa Passeriformes 2 0 0 Saxicola torquatus Cartaxo Passeriformes 23 33 36 Serinus serinus Milheirinha Passeriformes 56 60 74 Sturnus unicolor Estorninho-preto Passeriformes 13 66 14 Sylvia atricapila Toutinegra-de-barrete Passeriformes 5 16 13 Sylvia melanocephala Toutinegra-dos-valados Passeriformes 22 42 49 Troglodytes troglodytes Carriça Passeriformes 20 33 45 Turdus merula Melro Passeriformes 29 49 67 Turdus philomelos Tordo-ruivo Passeriformes 2 0 0 Dendrocopos sp. Piciformes 0 0 1 Jynx torquilla Torcicolo Piciformes 0 0 1

Total 698 693 782

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31

No Inverno, a espécie mais frequente é a Milheirinha Serinus serinus, seguida do Pisco-de-

peito-ruivo Erithacus rubecula, do Melro Turdus merula e da Toutinegra-dos-valados Sylvia

melanocephala; na Primavera, no conjunto dos das duas voltas, a espécie mais frequente é o Melro,

seguida da Milheirinha, da Carriça Troglodytes troglodytes e da Toutinegra-dos-valados. Portanto,

constata-se uma relativa homogeneidade no que concerne às espécies mais comuns na área de

estudo em ambas as estações do ano.

Da observação dos resultados, verifica-se, ao longo dos censos, um aumento do número

de indivíduos detectados de Rola-turca Streptopelia decaoto e de Fuinha-dos-juncos Cisticola juncidis e

uma diminuição em relação ao Pisco-de-peito-ruivo. Por outro lado, algumas espécies foram

apenas detectadas no Inverno, como a Petinha-dos-campos Anthus campestris, a Estrelinha-de-

poupa Rugulus ignicapilla ou o Tordo-ruivo Turdus philomelos, outras apenas na Primavera, como a

Andorinha-dáurica Hirundo daurica, o Rouxinol-grande-dos-caniços Acrocephalus arundinaceus ou o

Rouxinol Luscinia megarynchos, o que está de acordo com a sua fenologia, dado tratarem-se de

espécies, respectivamente, invernantes e estivais.

Relativamente ao número de espécies detectadas por ponto de escuta (Figura 10),

verifica-se um aumento da riqueza específica por ponto da 1ª para a 3ª volta de censo.

Figura 10 – Número de espécies detectadas por ponto de escuta no censo de Inverno e em ambos os

censos de Primavera.

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Nº de espécies detectadas

Inverno

Abril

Maio

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32

Apresentam-se, também, o mapa com o número total de espécies de aves detectadas em

cada ponto de escuta durante o censo de Inverno e o mapa com o número médio de espécies

detectadas por ponto de escuta no conjunto das duas voltas do censo de Primavera (Figura 11).

Pode-se verificar que no Inverno há pontos em que não foram detectadas quaisquer espécies,

situação não verificada na Primavera, onde em todos os pontos se detectou, pelo menos, uma

espécie. Verifica-se, também, uma concordância entre estações quanto a uma menor riqueza

específica na região noroeste da área. Esta zona é maioritariamente ocupada por monoculturas de

pinhal ou eucaliptal, habitats pouco heterogénos, logo com menor disponibilidade de recursos

utilizáveis. Por outro lado, na proximidade de ambos os rios a riqueza específica é elevada, tanto

no Inverno como na Primavera. Neste caso, e ao contrário do sugerido anteriormente, a maior

heterogeneidade de habitats nestas zonas, constituídas por um mosaico de vegetação ripícola,

juncal, caniçal e canavial será um factor preponderante na maior riqueza específica observada.

a)

b)

Figura 11 – Mapas com o número de espécies detectadas por ponto de escuta a) no Inverno e b) na

Primavera.

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33

A Figura 12 a) e b) apresenta os mapas de distribuição das espécies mais comuns na área

de estudo no Inverno e na Primavera. A Milheirinha e o Melro foram as espécies mais comuns

em ambas as estações do ano, embora com maior número de registos de presença na Primavera.

No entanto, tal não significa que nessa altura sejam mais abundantes, apenas mais conspícuas,

uma vez que a Primavera corresponde à época de reprodução da avifauna em geral em que os

machos se tornam mais territoriais e procuram chamar à atenção das fêmeas, o que se traduz

numa maior detectabilidade.

a1) Se rinus s er inu s

b1) Se rinus se rinus

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34

a2) Turdus me rul a

b2) Turdus me rula

a3) Erithacus rubecula

b3) Tro glodyte s t ro glodyte s

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35

Figura 12 – Mapas de distribuição das espécies mais abundantes a) no Inverno e b) na Primavera – a1)

Milheirinha Serinus serinus, a2) Melro Turdus merula, a3) Pisco-de-peito-ruivo Erithacus rubecula; b1)

Milherinha Serinus serinus, b2) Melro Turdus merula, b3) Carriça Troglodytes troglodytes. As bolas sem

preenchimento representam os pontos de escuta nos quais a espécie em questão não foi detectada.

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36

-4 -3 -2 -1 0 1 2

-10

12

3

CA1

CA2

Galeria

Mrural

Juncal

Canavial

Choupal

Canical

Murbano

V iasCom

SequeiroRelv

PinhalMatoCanav

EucaliptAcaciaRegadioPomar

Outros

Arufa

GchloropusPcaeruleusGcristata

Ptrochilus

Satricapila

AcampestrisCjuncidis

Bbuteo

Fcoelebs

Malba

Pater

Pdomesticus

Pmontanus

Ccetti

Sturnus

Hrustica

Pcollybita

Ttroglodytes

Storquata

Smelanocephala

Ccorone

TmerulaCchloris

Erubecula

Sserinus

CcannabinaCcarduelis

-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

CA1

CA

2

Ripi

Mrural

Juncal

Canavial

Choupal

Canical

Urbano

V ias

Sequeiro

PinhalMatos

EucalAcacia

RegadioPomar

Outros

Lmeridionalis

Eastrild

Pcollybita

A rufa

N. phaeopus

M. alba

P. major

B. buteo

A . platyrhynchos

P. ater

S. decaoto

S. atricapila

C. cetti

G. glandarius

P. montanusC. corone

C.chloris

E. rubecula

P. domesticus

C. juncidis

D. urbica

C. cannabina

S. torquata

T. troglodytes

S. unicolor

S. melanocephalaH. rustica

C.carduelis

T.merula

S. serinus

Análise de Correspondência: no que concerne à Análise de Correspondência, apresenta-se

a seguir as ordenações obtidas tanto para o Inverno como para a Primavera (Figuras 13

a) e b)).

Figura 13 – Ordenação obtida pela aplicação da Análise de Correspondência aos dados do censo a)

de Inverno e b) de Primavera.

a)

b)

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37

Da análise da figura, verifica-se que, em ambas as estações, os habitats menos sujeitos a

pressão antropogénica (e.g. Choupal e galeria ripícola), apesar de pouco representados na área de

estudo, são os que possuem correspondências mais fortes com as espécies mais comuns em

ambas as estações do ano, o que reforça a importância relativa destes habitats para a avifauna.

Assim, no Inverno, as quatro espécies mais comuns apresentam fortes correspondências com o

habitat Choupal, demonstrando claramente a sua relevância. Para além do Choupal, a

Milheirinha apresenta ainda uma elevada correspondência com o habitat Galeria ripícola, o

Pisco-de-peito-ruivo e o Melro com as manchas de Sequeiro e Relvado e a Toutinegra-dos-

valados com os habitats Caniçal e Regadio e Pomar. Na Primavera, verifica-se uma forte

correspondência do Melro com os habitats Galeria ripícola e Choupal, da Milheirinha com os

habitatas Caniçal e Canavial, da Carriça com as manchas de Pinhal, mato e mosaico de mato

e canavial e da Toutinegra-dos-valados com o Mosaico rural e com o Choupal. Por outro lado,

os habitas mais intervencionados como as manchas de Regadio e Pomar e de Eucalipatal e

Acacial apresentam correlações fracas com a maioria das espécies, à excepção da Águia-de-asa-

redonda Buteo buteo e da Andorinha-das-chaminés Hirundo rustica que apresentam

correspondências elevadas com as manchas de Regadio e Pomar em ambas as estações e do

Pintassilgo Carduelis carduelis, do Verdilhão Carduelis chloris e da Toutinegra-de-barrete Sylvia

atricapila que no Inverno apresentam correlações fortes com o Eucaliptal.

II.5.4 Discussão

Tendo em conta os resultados obtidos relativamente à comunidade de aves aquáticas que

utilizam a lagoa de Óbidos no Inverno, pode-se concluir que esta área húmida alberga valores

importantes que devem ser preservados. Na verdade, 8 das espécies que ocorrem na lagoa

possuem um estatuto de ameaça de acordo com o novo Livro Vermelho de Vertebrados de

Portugal, a saber o Colhereiro Platalea leucorodia, Flamingo, Pato-colhereiro Anas clypeata, Seixoeira

Calidris canutus, Maçarico-galego Numenius phaeopus, Perna-vermelha Tringa totanus, Perna-verde

Tringa nebularia e Maçarico-das-rochas Actitis hypoleucos (Anexo II). Nesse sentido, recomenda-se

uma gestão conscienciosa da área, tendo em vista uma melhoria das condições ambientais desta

zona húmida e, consequentemente, dos seus valores naturais, e um acompanhamento atento das

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38

actividades que possam causar uma degradação das características nesta área, como, por exemplo,

a forte pressão turística, o crescimento populacional na área da bacia, a construção de barragens

ao longo dos afluentes ou o excesso de poluição transportada para a lagoa4.

No que respeita às aves terrestres, os resultados indicam povoamentos relativamente

pobres num contexto nacional, com a presença, essencialmente, de espécies generalistas e,

maioritariamente, com estatutos de conservação pouco preocupantes (Anexo II). Relativamente

à estrutura da comunidade no Inverno e na Primavera, não parece haver grandes diferenças entre

ambas as estações do ano, apesar de se terem detectado algumas espécies exclusivamente

invernantes ou exclusivamente estivais. Os resultados da Análise de Correspondência indicam

que os povoamento mais diversificados ocorrem nos habitats menos intervencionados, pois é em

relação às pequenas manchas de habitats naturais ou pouco humanizadas, como as galerias

ripícolas e os fragmentos de choupal, caniçal e canavial, que a maioria das espécies possui valores

de correspondência mais elevados. Numa área fortemente intervencionada, como é a área de

estudo, com vastas áreas de regadios, pomares, eucaliptais e pinhais, a conservação destas

pequenas manchas de habitat favorável constitui uma medida de conservação imperativa.

II.6 Mamofauna

II.6.1. Introdução e Objectivos

Os mamíferos são um grupo de animais com uma grande diversidade que inclui espécies

de reduzidas dimensões, os micromamíferos (Insectívoros e Roedores), espécies de médio porte

(Carnívoros) e até espécies voadoras, morcegos (Quirópteros). Todas estas espécies possuem

hábitos essencialmente nocturnos e crepusculares, o que as torna muito difíceis de detectar

(Mathias, 1999).

A caracterização das diferentes comunidades de mamíferos é muitas vezes utilizada na

avaliação da qualidade ambiental. Os micromamíferos são considerados bons indicadores

ambientais devido à sua grande diversidade, posição na cadeia trófica e intervenção directa na

regeneração do suporte vegetal (José, 1995); os carnívoros, por se encontrarem no topo das

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39

cadeias alimentares, são também muito utilizados na avaliação do estado de saúde dos

ecossistemas1; e, por último, o estudo da comunidade de morcegos pode também fornecer

importantes informações sobre a qualidade ambiental, visto ser este o grupo de mamíferos com

mais espécies ameaçadas de extinção em Portugal (Cabral, 2006).

Na área de estudo considerada, a informação para este grupo é muito escassa, existindo

apenas registos para a zona circundante à Lagoa de Óbidos (Dossier de Candidatura, 2005).

Assim, os principais objectivos do estudo da mamofauna na região de Óbidos foram:

1. investigar a biodiversidade de micromamíferos e de mamíferos de médio porte

2. examinar a relação entre a distribuição e a abundância destas espécies nos habitats

mais representativos.

II.6.2 Métodos

Micromamí feros

Para a caracterização da comunidade de micromamíferos recorreu-se a dois tipos de

metodologias: uma metodologia directa, com captura e libertação dos animais através de

armadilhagem, e uma indirecta, com análise de regurgitações de Coruja-das-torres Tyto alba, dado

que a sua dieta se baseia sobretudo neste tipo de presas.

O protocolo de armadilhagem foi desenhado de modo a serem capturadas as espécies

com hábitos terrestres nocturnos ou crepusculares. Assim, foram seleccionados nove locais de

amostragem, consoante o habitat predominante (pinhal, eucaliptal, juncal, regadio,

relvado/silvado, galeria ripícola, pomar, matos e vinhas) (Figura 14), onde foram dispostas 50

armadilhas (preferencialmente tipo Sherman) numa grelha de 5 x 10 m. Este tipo de disposição

permite garantir uma área de amostragem suficientemente grande para cobrir as áreas vitais de

vários indivíduos de várias espécies. A única excepção foi a galeria ripícola, onde se utilizaram 2

linhas de 25 armadilhas em cada margem devido às características específicas deste tipo de

habitat. Depois de iscadas e devidamente posicionadas na grelha de amostragem, as armadilhas

foram cobertas com vegetação ou substrato para se tornarem menos conspícuas. Os indivíduos

capturados, depois de ligeiramente anestesiados com éter etílico, foram identificados e,

posteriormente, processados, o que incluiu medir o peso (g), registar o sexo e a marcação através

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40

de um pequeno corte de pêlo no dorso. Cada sessão de armadilhagem incluiu três noites

consecutivas, com visita das armadilhas ao amanhecer.

Analisou-se a diversidade da comunidade de micromamíferos nos habitats amostrados

através do Índice de Shannon-Weiner (Pité & Avelar, 1996) de forma a considerar-se, não só a

presença ou ausência das espécies, mas também as suas abundâncias. Foi, também, analisada a

diferença na composição específica da comunidade de micromamíferos entre habitats com base

no Coeficiente de Semelhança de Jaccard, que se fundamenta na presença ou ausência das

espécies (Krebs, 1989).

Para a recolha de regurgitações de Coruja-das-torres foi realizada uma prospecção

sistemática de potenciais locais de poiso, como casas abandonadas, celeiros ou estábulos. Esta

coruja tem hábitos alimentares generalistas, o que faz com que qualquer espécie de

micromamífero possa ser potencialmente caçado nas áreas circundantes aos locais de poiso.

Desta forma, para além da identificação das presas, podem, também, obter-se informações sobre

o habitat onde elas terão sido capturadas. A identificação e quantificação das presas de

micromamíferos foram realizadas laboratorialmente através da análise de crânios e maxilas.

Sempre que possível, tentou fazer-se uma identificação até à espécie das mesmas.

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41

Figura 14 – Locais de armadilhagem de micromamíferos.

Mamíferos de Pequeno e Médio Port e

Para a inventariação dos mamíferos de pequeno e médio porte, a metodologia adoptada

baseou-se na prospecção de indícios de presença (dejectos e pegadas) em percursos pedestres de

extensão predefinida. Os percursos foram seleccionados de forma a cobrir uma extensão

considerável em relação à área de estudo e a incluir os biótopos mais representativos, incidindo,

sobretudo, em caminhos de terra batida. Por cada indício detectado registou-se a espécie a que

pertence, a localização e o biótopo envolvente. De forma a compilar o máximo de informação,

foram também registadas todas as ocorrências ocasionais ao longo do trabalho de campo. Foi

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42

também realizada uma pesquisa bibliográfica de forma a complementar os dados obtidos no

trabalho de campo.

II.6.3. Resultados

Nas sessões de armadilhagem efectuadas foram apenas capturadas três espécies, o

Musaranho-de-dentes-brancos Crocidura russula, um dos musaranhos insectívoros mais comuns do

país, e duas espécies de roedores, o Ratinho-do-campo Apodemus sylvaticus e o Rato-das-hortas

Mus spretus, também eles muito comuns e com uma distribuição generalizada (Tabela 9). O

Musaranho-de-dentes-brancos foi a espécie com o maior número de animais capturados,

nomeadamente nos habitats Matos e Relvado e Silvado. Relativamente aos habitats Galeria

Ripícola e Juncal, foi esta, também, a espécie mais capturada, com quatro animais em cada um

dos deles. Nos habitats Eucaliptal e Vinha foram capturados o Ratinho-do-campo e o Rato-

das-hortas, sem que se tenha capturado qualquer indivíduo da espécie Musaranho-de-dentes-

brancos. Apenas no habitat Galeria ripícola foram capturadas as três espécies, sendo este,

portanto, o habitat que apresentou o valor mais alto de riqueza específica, em oposição ao

Pinhal, onde não foi feita qualquer captura.

O valor mais alto no que concerne à diversidade específica foi registado para a Galeria

ripicola (Figura 15), o que confirma a importância deste tipo de habitat como área de refúgio,

alimentação e reprodução para as comunidades de micromamíferos.

Tabela 9 – Número de indivíduos e riqueza específica após armadilhagem nos habitats mais

representativos da área de estudo. Habitats: GR-Galeria Ripícola, Eu- Eucaliptal, Pi-Pinhal, Ju-Juncal, Vi-

Vinha, Ma-Mato, RS-Relvado e Silvado, Po-Pomar, Rg-Regadio.

Nome

Científico Nome Comum GR Eu Pi Ju Vi Ma RS Po Rg

Crocidura russula Musaranho-de-dentes-

brancos 4 0 0 4 0 9 8 1 2

Apodemus sylvaticus Rato-do-campo 1 1 0 1 2 1 1 0 0

Mus spretus Ratinho-ruivo 1 1 0 0 3 0 0 1 1

Total de indivíduos 6 2 0 5 5 10 9 2 3

Riqueza específica 3 2 0 2 2 2 2 2 2

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43

Índice Shannon Weiner H'

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

Galeria

Ripícola

Eucaliptal Pinhal Juncal Vinha Mato Relvado e

Silvado

Pomar Zona

Agrícola

Figura 15 – Resultados da aplicação do Índice de Shannon-Weiner calculado para cada um dos habitats

amostrados.

A aplicação do Coeficiente de Semelhança de Jaccard foi realizada com alguma reserva,

uma vez que só foram detectadas três espécies diferentes. Obtiveram-se valores de semelhança

entre o valor mínimo de 0 e o valor máximo de 1 (Tabela 10). O valor mais baixo de semelhança

foi detectado entre o Pinhal e todos os outros habitats em consequência de não se ter feito

qualquer captura neste habitat. Na situação inversa estão os valores de interacção com máxima

semelhança entre Eucaliptal e Vinha e entre Pomar e Regadio. Em ambos os casos, o alto de

valor de semelhança poderá reflectir o tipo e a intensidade de pressão humana associada a estes

quatro tipos de habitat. Nos restantes três casos em que se registaram valores de semelhança

máximos (Juncal, Mato e Relvado), a situação deverá ser inversa, isto é, o alto valor de

semelhança entre eles deverá estar relacionada com a ausência de intervenção humana. De referir

ainda o elevado valor de semelhança entre o habitat Galeria ripícola e todos os outros (com a

excepção já referida do Pinhal), o que se deve, precisamente, ao facto de este ser o habitat com

maior riqueza específica e onde se registaram capturas de todas as espécies.

A recolha de regurgitações de Coruja-das-torres foi efectuada em sete locais de poiso

detectados após uma prospecção exaustiva da área de estudo (Figura 16).

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44

Tabela 10 – Valores obtidos pela aplicação do Coeficiente de Semelhança de Jaccard, calculado com base

na presença/ausência das diferentes espécies de micromamíferos nos vários habitats amostrados. .

Habitats: GR-Galeria Ripícola, Eu- Eucaliptal, Pi-Pinhal, Ju-Juncal, Vi-Vinha, Ma-Mato, RS-Relvado e

Silvado, Po-Pomar, Rg-Regadio.

GR Eu Pi Ju Vi Ma RS Po Rg

GR 1

Eu l 0,667 1

Pi 0 0 1

Ju 0,667 0,333 0 1

Vi 0,667 1 0 0,333 1

Ma 0,667 0,333 0 1 0,333 1

RS 0,667 0,333 0 1 0,333 1 1

Po 0,667 0,333 0 0,333 0,333 0,333 0,333 1

Rg 0,667 0,333 0 0,333 0,333 0,333 0,333 1 1

Figura 16 – Locais de poiso de Coruja-das-torres detectados na área de estudo.

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45

Após a análise de regurgitações provenientes de sete locais diferentes na área de estudo,

foi possível detectar a presença de nove espécies de micromamíferos (Tabela 11). Foram

observadas presas de Musaranho-de-dentes-vermelhos Sorex granarius, de Musaranho-de-dentes-

brancos Crocidura russula, de Toupeira Talpa ocidentalis, de Rato-de-água Arvicola sapidus, de Rato-

cego Microtus lusitanicus, de Ratinho-do-campo Apodemus sylvaticus, de Rato-preto Rattus rattus, de

Rato-caseiro Mus domesticus e de Rato-das-hortas Mus spretus. Da análise destes resultados é

possível verificar que apenas três destas espécies foram detectadas nas sessões de armadilhagem

efectuadas nos vários habitats da área de estudo, o que demonstra a complementaridade dos

métodos na análise das comunidades de micromamíferos.

Tabela 11 – Número de regurgitações e de presas analisadas nos vários locais de poiso detectados.

Trás do

Outeiro

Bom

Sucesso Caldas Roliça Usseira

Poça do

Vau Óbidos Total

Nº de regurgitações

analisadas 80 6 14 30 1 13 29 173

Média de presas por

regurgitação 4,05 3,83 4,43 5,37 5,00 2,85 4,34 4,27

Nº de presas por espécie

Sorex granarius 20 0 0 2 0 2 6 30

Crocidura russula 57 0 15 42 5 4 31 154

Talpa occidentalis 1 0 0 0 0 0 1 2

Arvicola sapidus 0 0 0 1 0 0 0 1

Microtus lusitanicus 80 13 19 46 0 24 45 227

Apodemus sylvaticus 77 2 10 19 0 3 16 127

Rattus rattus 0 0 1 1 0 0 1 3

Mus domesticus 44 0 14 30 0 0 4 92

Mus spretus 45 8 3 20 0 4 22 102

Total de presas 324 23 62 161 5 37 126 738

O Rato-cego foi a espécie observada com maior frequência na análise das regurgitações

de todos os locais amostrados (Figura 17). O facto de a área de estudo ser maioritariamente

ocupada por Pomares e Regadios, os habitats preferenciais desta espécie, podendo mesmo chegar

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a ser considerada uma praga (Mathias et al., 1999), poderá contribuir para a explicação deste

resultado. Uma das principais características desta espécie são os hábitos fossadores e a

movimentação em complexos túneis subterrâneos por eles escavados que, não sendo exclusiva,

uma vez que estes animais também utilizam caminhos na vegetação para fazer a ligação entre os

vários túneis (Mathias et al., 1999), torna muito difícil a captura com o tipo de armadilhagem

efectuada neste trabalho.

A segunda espécie com uma maior frequência nos vários locais analisados foi o

Musaranho-de-dentes-brancos. O Bom Sucesso foi o único local onde não se observaram

quaisquer presas desta espécie, muito provavelmente devido ao baixo número de regurgitações

analisadas (N=6). No entanto, na única regurgitação analisada proveniente da Usseira todas as

presas observadas pertenciam a esta espécie. Este resultado vem confirmar os resultados já

obtidos na armadilhagem, que indicam esta espécie como uma das mais abundantes na área de

estudo. Aliás, esta é uma das espécies de micromamíferos mais abundantes em Portugal

Continental, dada a sua versatilidade em ocupar biótopos muito diferentes e, muitas vezes,

associados ao homem (Mathias et al., 1999).

As restantes espécies com maiores frequências registadas são também espécies muito

associadas ao homem, quer indirectamente, como o Ratinho-do-campo e o Rato-das-hortas, quer

directamente, como o Rato-caseiro. Estes resultados confirmam, igualmente, os dados já obtidos

nas sessões de armadilhagem, à excepção do Rato-caseiro. Esta excepção poderá ser explicada

pelo facto desta espécie ter preferência por biótopos com grande proximidade a habitações,

condição não verificada em nenhum dos habitats armadilhados.

Apesar de existirem em simpatria no nosso país, o Rato-das-hortas tende a viver

preferencialmente em áreas agrícolas afastadas de habitações, enquanto que o Rato-caseiro

prefere as imediações das populações humanas, vivendo, assim, de forma comensal. Esta

diferença reflecte-se, não só nos resultados das duas metodologias utilizadas, mas também entre

os vários locais de poiso analisados. Assim, nos locais de poiso das Caldas e da Roliça, cujo raio

de caça da Coruja-das-Torres engloba uma maior extensão de Mosaico rural e urbano, as

frequências de Rato-caseiro são superiores às frequências de Rato-das-hortas. Pelo contrário, nos

locais de poiso do Bom Sucesso e da Poça do Vau, que incluem grandes extensões de

Eucaliptal, Pinhal e Matos, apenas foram detectadas presas de Rato-das-hortas. No local de poiso

Trás do Outeiro, onde a diversidade de biótopos é maior e distribuída mais equitativamente, as

frequências entre estas duas espécies são muito similares.

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O Musaranho-de-dentes-vermelhos foi a espécie detectada num maior número de locais:

Poça do Vau, Trás do Outeiro, Óbidos e Roliça. De notar que nestes quatro locais existem

zonas húmidas (Poças do Vau, Lagoa de Óbidos, Rio Arnóia e Rio Real) que proporcionam a

existência dos seus habitats preferenciais – biótopos húmidos com estrato arbustivo e densa

vegetação rasteira. Embora pertencentes à mesma família, o Musaranho-de-dentes-vermelhos é

muito mais exigente do ponto de visto ecológico do que o Musaranho-de-dentes-brancos, o qual

foi por isso detectado em quase todos os locais amostrados com frequências altas de ocorrência.

Bom Sucesso

56,52

8,70

34,78

0

10

20

30

40

50

60

Microtus lusitanicus

Apodemus sylvaticus

Mus spretus

a)

Poça do Vau

5,41

10,81

64,86

8,1110,81

0

10

20

30

40

50

60

70

Sorex granarius Crocidura russula

Microtus lusitanicus Apodemus sylvaticus

Mus spretus

b)

Trás do Outeiro

6,17

17,59

24,6923,77

13,58 13,89

0,31

0

5

10

15

20

25

30

Sorex granarius Crocidura russula

Talpa occidentalis Microtus lusitanicus

Apodemus sylvaticus Mus domesticus

Mus spretus

c)

Óbidos

4,76

0,79

35,71

12,70

0,793,17

17,46

24,60

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Sorex granarius Crocidura russula

Talpa occidentalis Microtus lusitanicus

Apodemus sylvaticus Rattus rattus

Mus domesticus Mus spretus

d)

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Caldas

24,19

30,65

16,13

1,61

22,58

4,84

0

5

10

15

20

25

30

35

Crocidura russula Microtus lusitanicus

Apodemus sylvaticus Rattus rattus

Mus domesticus Mus spretus

e)

Roliça

1,26

26,42

0,63

28,93

11,95

0,63

18,87

12,58

0

5

10

15

20

25

30

35

Sorex granarius Crocidura russula

Arvicola sapidus Microtus lusitanicus

Apodemus sylvaticus Rattus rattus

Mus domesticus Mus spretus

f)

Relativamente à Toupeira, foram encontrados dois crânios completos, um em Trás do

Outeiro e o outro em Óbidos. Apesar de se distribuir por todo o país e de ser muito frequente

em zonas agrícolas, prados e florestas, os seus hábitos marcadamente subterrâneos (Mathias et al.,

1999) fazem com que a predação desta espécie por aves de rapina, e em particular por Coruja-

das-Torres, seja muito pouco significativa.

Por último, foram também observados um crânio completo de Rato-de-água na Roliça e

dois crânios de Rato-preto, um igualmente na Roliça e outro nas Caldas. O Rato-de-água habita,

preferencialmente, margens de cursos de água lentos, canais de irrigação e lagos, ao passo que o

Rato-preto prefere áreas agrícolas ou florestais vivendo, também, na periferia de áreas urbanas

(Mathias et al., 1999). Apesar de poderem ocorrer com grande abundância, no geral, ambas as

espécies apresentam baixas frequências na análise das regurgitações, provavelmente, devido às

suas grandes dimensões que dificultam a sua predação.

Os resultados da prospecção de indícios de presença e dos registos ad hoc permitiram

assinalar nove espécies diferentes de mamíferos (Tabela 12). A espécie mais abundante e com

uma distribuição mais ampla na área de estudo é o Coelho-bravo Oryctolagus cuniculus. Ainda que

com uma menor frequência, foram também registados vários indícios de presença de outras

espécies, tais como o Texugo Meles meles, a Lontra Lutra lutra, e a Raposa Vulpes vulpes. Todas

estas espécies têm em comum o facto dos seus indícios de presença serem facilmente

identificáveis, o que poderá levar a uma sobre-amostragem em relação a outras espécies, como a

Figura 17 – Frequência das diferentes espécies (expressa em percentagem do nº total de indivíduos) nos locais denominados como: a) Bom Sucesso; b) Poça do Vau; c) Trás do Outeiro; d) Caldas; e) Óbidos e f) Roliça. Não é aqui apresentado o gráfico relativo ao local Usseira visto ter sido apenas detectada uma única espécie nesse local.

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Geneta Genetta genetta ou a Doninha Mustela nivalis, cujos hábitos comportamentais ou a

dificuldade na identificação dos indícios levam a uma sub-amostragem. Aliás, através da utilização

de outro tipo de metodologias, nomeadamente faroladas efectuadas no âmbito do trabalho de

campo efectuado para a elaboração do Dossier de Candidatura (2005), foram registadas

ocorrências mais elevadas de Geneta, o que poderá indiciar uma maior abundância desta espécie

na área de estudo.

Tabela 12 – Espécies de mamíferos identificados nos transectos e nos registos ad-hoc.

Nome Cientifico Nome Comum Número de indícios

Erinaceus europaeus Ouriço-cacheiro 1

Arvicola sapidus Rato de água 3

Rattus norvegicus Ratazana 4

Oryctolagus cuniculus Coelho-bravo 11

Mustela nivalis Doninha 1

Genetta genetta Geneta 1

Meles meles Texugo 2

Lutra lutra Lontra 4

Vulpes vulpes Raposa 3

Quirópteros

No presente estudo não foi efectuado trabalho de campo direccionado para os

Quirópteros, foi apenas realizada uma pesquisa bibliográfica que se apresenta na Tabela 13.

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Tabela 13 – Espécies de quirópteros presentes na Lagoa de Óbidos (a).

Nome Comum Nome Científico

Morcego-de-ferradura-mediterrânico Rhinolophus euryale

Morcego-de-ferradura-grande Rhinolophus ferrumequinum

Morcego-de-ferradura-mourisco Rhinolophus mehelyi

Morcego-de-peluche Miniopterus schreibersii

Morcego-de-franja Myotis nattereri

Morcego-rato-grande Myotis myotis

(a) Fonte: Dossier de Candidatura à Classificação de Área de Paisagem Protegida de Âmbito Regional da

Lagoa de Óbidos – Versão preliminar (2005). Instituto de Conservação da Natureza, Câmara Municipal de

Caldas da Rainha, Câmara Municipal de Óbidos e Associação de Defesa do Paul de Tornada – PATO.

II.6.4. Discussão

Foram inventariadas por armadilhagem, transectos e registos ad hoc 17 das 69 espécies de

mamíferos existentes em Portugal. De acordo com o novo Livro Vermelho dos Vertebrados de

Portugal (Cabral et al., 2006) apenas duas delas apresentam um estatuto de ameaça relevante, o

Musaranho-de-dentes-vermelhos, classificado com Informação Insuficiente e o Coelho-bravo,

classificado como Quase Ameaçado (Anexo III). As restantes espécies de mamíferos

identificadas são, no geral, muito comuns.

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51

III. Bibliografia Aguiar, F. C. & Ferreira, M. T. (2005) Human-disturbed landscapes: effects on composition and integrity of riparian

woody vegetation in the Tagus River basin, Portugal. Environmental Conservation 32 (1), pp. 30–41.

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Dossier de Candidatura à Classificação de Área de Paisagem Protegida de Âmbito Regional da Lagoa de Óbidos –

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52

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Pité, M.T. & Avelar, T. (1996) Ecologia das Populações e das Comunidades, Uma abordagem evolutiva do estudo da biodiversidade.

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[1] http://carnivora.fc.ul.pt/

[2] http://en.wikipedia.org/wiki/Sardinian_Warbler

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53

[3] http://lakes.chebucto.org/ZOOBENTH/BENTHOS/tolerance.html

[4] http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89litro

[5] http://www.biorede.ua.pt/text.asp?id=1541

[6] http://www.biorede.ua.pt/text.asp?id=1541

[7]http://www.icn.pt/psrn2000/caracterizacao_valores_naturais/FAUNA/PEIXES/Chondrostoma%20lusitanicum.pdf

[8] http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=13318&iLingua=1

[9] http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=13318&iLingua=1

[10] http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=5276&iLingua=1

[11] http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iCanal=41&iSubCanal=6835&iArtigo=2524&iLingua=1

[12] http://www.socpvs.org/unidades.php?go=7

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Anexo I

Estatuto de Conservação

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IV.1. ANEXO I

Tabela 14 – Nome científico e comum e respectiva família e estatuto de conservação (a) das espécies de anfíbios detectadas durante o presente estudo e listadas na bibliografia (b). Categorias – EN (Em Perigo), VU (Vulnerável), NT (Quase Ameaçado), LC (Pouco Preocupante), NE (Não Avaliado), NA (Não Aplicável).

Nome Científico Nome Comum Estatuto de Conservação

(Continente) Salamantridae

Pleurodeles waltl Salamandra-de-costelas-salientes LC

Salamandra salamandra Salamandra-de-pintas-amarelas LC

Lissotriton boscai Tritão-de-ventre-laranja LC Triturus marmoratus Tritão-marmorado LC Discoglossidae Alytes obstetricans Sapo-parteiro-comum LC Discoglossus galganoi Rã-de-focinho-pontiagudo NT Pelobatidae Pelobates cultripes Sapo-de-unha-negra LC Pelodytidae Pelodytes sp. NE Bufonidae Bufo bufo Sapo-comum LC Bufo calamita Sapo-corredor LC Hylidae Hyla arborea Rela-comum LC Hyla meridionalis Rela-meridional LC Ranidae

Anfíbios

Rana perezi Rã-verde LC (a) Cabral M.J. (coord.) Almeida, J., Almeida, P.R., Dellinger, T., Ferrand de Almeida, N., Oliveira, M.E., Palmeirim, J.M., Queiroz, A.L., Rogado, L. & Santos-Reis, M. (eds.) (2006). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. 2ªed. Instituto de Conservação da Natureza/ Assírio & Alvim. Lisboa. 660 pp. (b) Loureiro, A., Carretero, M.A., Ferrand, N. & Paulo, O. Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal continental. Lisboa Instituto de Conservação da Natureza; in prep.

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56

Tabela 15 – Nome científico e comum e respectiva família e estatuto de conservação (a) das espécies de répteis detectadas durante o presente estudo e listadas na bibliografia (b). Categorias – EN (Em Perigo), VU (Vulnerável), NT (Quase Ameaçado), LC (Pouco Preocupante), NE (Não Avaliado), NA (Não Aplicável).

Nome Científico Nome Comum Estatuto de Conservação

(Continente) Emydidae Emys orbicularis Cágado-de-carapaça-estriada EN Mauremys leprosa Cágado-mediterrânico LC Dermochelydae Dermochelys coriacea Tartaruga-de-couro NA Anguidae Anguis fragilis Licranço LC Lacertidae Lacerta lepida Sardão LC Lacerta schreiberi Lagarto-de-água LC Podarcis bocagei Lagartixa-de-Bocage LC Podarcis carbonelli Lagartixa-de-Carbonell VU Podarcis hispanica Lagartixa-ibérica LC Psammodromus algirus Lagartixa-do-mato-comum LC Psammodromus hispanicus Lagartixa-do-mato-ibérica NT Chalcides striatus Fura-pastos LC Complexo Podarcis Colubridae Coronella girondica Cobra-lisa-meridional LC Elaphe scalaris Cobra-de-escada LC Malpolon monspessulanus Cobra-rateira LC Natrix maura Cobra-de-água-viperina LC

Répteis

Natrix natrix Cobra-de-água-de-colar LC (a) Cabral M.J. (coord.) Almeida, J., Almeida, P.R., Dellinger, T., Ferrand de Almeida, N., Oliveira, M.E., Palmeirim, J.M., Queiroz, A.L., Rogado, L. & Santos-Reis, M. (eds.) (2006). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. 2ªed. Instituto de Conservação da Natureza/ Assírio & Alvim. Lisboa. 660 pp. (b) Loureiro, A., Carretero, M.A., Ferrand, N. & Paulo, O. Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal continental. Lisboa Instituto de Conservação da Natureza; in prep.

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57

IV.2. ANEXO II

Tabela 16 – Nome científico e comum e respectiva família e estatuto de conservação (a) das espécies de aves detectadas durante o presente estudo. Categorias – RE (Regionalmente Extinto), CR (Criticamente em perigo), EN (Em Perigo), VU (Vulnerável), NT (Quase Ameaçado), LC (Pouco Preocupante), DD (Informação Insuficiente).

Nome Científico Nome Comum Estatuto de Conservação (Continente)

Podicipedidae Tachybaptus ruficollis Mergulhão-pequeno LC Podiceps nigricollis Cagarraz NT Phalacrocoracidae Phalacrocorax carbo Corvo-marinho LC Ardeiade Bubulcus ibis Carraceiro LC Egretta garzetta Garça-branca LC Ardea cinerea Garça-real LC Therskiomithidae Platalea leucorodia Colhereiro VU/NT Phoenicopteridae Phoenicopterus roseus Flamingo RE/VU Anseridae Anser anser Ganço-bravo NT Branta bernicla Ganço-de-faces-pretas Tadorna tadorna Tadorna Anas penelope Piadeira LC Anas crecca Marrequinha LC Anas platyrhynchos Pato-real LC Anas acuta Arrábio LC Anas clypeata Pato-colhereiro EN/LC Accipitridae Elanus caeruleus Peneireiro-cinzento NT Circus aeroginosus Águia-sapeira VU Buteo buteo Águia-d'asa-redonda LC Hieraaetus pennatus Águia-calçada NT Falconidae Falco tinnunculus Peneireiro LC Phasianidae Alectoris rufa Perdiz LC Coturnix coturnix Codorniz LC Rallidae Gallinula chloropus Galinha-d'água LC Fulica atra Galeirão LC Haematopodidae Haemantopus ostralegus Ostraceiro RE/NT Recurvirostridae Recurvirostra avosetta Alfaiate NT/LC

Tabela 16 – Continuação

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Nome Científico Nome Comum Estatuto de Conservação (Continente)

Charadriidae Charadrius hiaticula Borrelho-grande-de-coleira LC Charadrius alexandrinus Borrelho-de-coleira-interrompida LC Pluvialis squatarola Tarambola-cinzenta LC Scolopacidae Calidris canutus Seixoeira VU Calidris alba Pilrito-das-praias LC Calidris alpina Pilrito-de-peito-preto LC Limosa limosa Milherango LC Limosa lapponica Fuselo LC Numenius phaeopus Maçarico-galego VU Numenius arquata Maçarico-real LC Tringa totanus Perna-vermelha CR/LC Tringa nebularia Perna-verde VU Actitis hypoleucos Maçarico-das-rochas VU Laridae Larus menalocephalus Gaivota-de-cabeça-preta LC Larus ridibundus Guincho LC Larus fuscus Gaivota-d’asa-escura VU/LC Larus cachinnans Gaivota-de-patas-amarelas LC Sternidae Sterna sandvicensis Garajau NT Columbidae Streptopelia decaoto Rola-turca LC Streptopelia turtur Rola-brava LC Cuculidae Cuculus canorus Cuco LC Strigidae Athene noctua Mocho-galego LC Apodidae Apus apus Andorinhão-preto LC Alcedinidae Alcedo athis Guarda-rios LC Upupidae Upupa epops Poupa LC Picidae Jynx torquilla Torcicolo DD Dendrocopus major Picapau-malhado LC Alaudidae Callandrela brachydactila Calhandrinha LC Galerida cristata Cotovia-de-poupa LC Alauda arvensis Laverca LC Hirundinidae Hirundo rustica Andorinha-das-chaminés LC Hirundo daurica Andorinha-dáurica LC

Tabela 16 – Continuação

Nome Científico Nome Comum Estatuto de Conservação

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(Continente) Motacillidae Anthus campestris Petinha-dos-campos LC Motacila alba Alvéola-branca LC Troglodytidae Troglodytes troglodytes Carriça LC Turdidae Erithacus rubecula Pisco-de-peito-ruivo LC Luscinia megarynchos Rouxinol LC Phoenicurus ochrurus Rabirruivo LC Saxicola torquatus Cartaxo LC Turdus merula Melro LC Turdus philomelos Tordo-músico NT/LC Turdus viscivorus Tordoveia LC Sylviidae Cetia cetti Rouxinol-bravo LC Cisticola juncidis Fuinha-dos-juncos LC Acrocephalus arundinaceus Rouxinol-grande-dos-caniços LC Sylvia atricapila Toutinegra-de-barrete LC Sylvia melanocephala Toutinegra-dos-valados LC Phylloscopus collybita Felosinha LC Phylloscopus trochilus Felosa-musical Regulus ignicapilla Estrelinha-de-poupa LC Aegithalidae Aegithalos caudatus Chapim-rabilongo LC Paridae Parus ater Chapim-carvoeiro LC Parus caeruleus Chapim-azul LC Parus major Chapim-real LC Laniidae Lanius meridionalis Picanço-real LC Lanius senator Picanço-barreteiro NT Corviade Garrulus glandarius Gaio LC Corvus corone Gralha-preta LC Corvus corax Corvo NT Sturniade Sturnus unicolor Estorninho-preto LC Passaridae Passer domesticus Pardal LC Passer montanus Pardal-montês LC Estrildidae Estrilda astrild Bico-de-lacre NA Frigillidae Fringilla coelebs Tentilhão LC Serinus serinus Milheirinha LC

Tabela 16 – Continuação

Nome Científico Nome Comum Estatuto de Conservação (Continente)

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Carduelis chloris Verdilhão LC Carduelis carduelis Pintassilgo LC Carduelis cannabina Pintarroxo LC Emberizidae Emberiza calandra Trigueirão LC

(a) Cabral M.J. (coord.) Almeida, J., Almeida, P.R., Dellinger, T., Ferrand de Almeida, N., Oliveira, M.E., Palmeirim, J.M., Queiroz, A.L., Rogado, L. & Santos-Reis, M. (eds.) (2006). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. 2ªed. Instituto de Conservação da Natureza/ Assírio & Alvim. Lisboa. 660 pp.

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IV.3. ANEXO III

Tabela 17 – Nome científico e comum e respectiva família e estatuto de conservação (a) das espécies de mamíferos detectadas durante o presente estudo e listadas na bibliografia (b). Categorias – CR (Criticamente em perigo), VU (Vulnerável), NT (Quase Ameaçado), LC (Pouco Preocupante), DD (Informação Insuficiente), NA (Não Aplicável).

Nome Científico Nome Comum Estatuto de Conservação (Continente)

Erinacidae Erinaceus europaeus Ouriço-cacheiro LC Soricidae Sorex minutus Musaranho-anão DD

Sorex granarius Musaranho-de-dentes-vermelhos DD

Crocidura russula Musaranho-de-dentes-brancos LC Talpidae Talpa occidentalis Toupeira LC Rhinolophidae Rhinolophus euryale Morcego-de-ferradura-

mediterrânico CR

Rhinolophus ferrumequinum Morcego-de-ferradura-grande VU Rhinolophus mehelyi Morcego-de-ferradura-

mourisco CR

Vespertilionidae Myotis nattereri Morcego-de-franja VU Myotis myotis Morcego-rato-grande VU Miniopteridae Miniopterus schreibersii Morcego-de-peluche VU Leporidae Oryctolagus cunniculus Coelho-bravo NT Muridae Arvicola sapidus Rato-de-água LC Microtus lusitanicus Rato-cego LC Apodemus sylvaticus Ratinho-do-campo LC Rattus rattus Rato-preto LC Rattus norvegicus Ratazana NA Mus domesticus Rato-caseiro LC Mus spretus Rato-das-hortas LC Gliridae Eliomys quercinus Leirão DD Canidae Vulpes vulpes Raposa LC Mustelidae

Mustela nivalis Doninha LC

Mustela putorius Toirão DD

Males meles Texugo LC

Tabela 17 – Continuação

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Nome Científico Nome Comum Estatuto de Conservação (Continente)

Lutra lutra Lontra LC

Viverridae

Genetta genetta Geneta LC

Herpestes ichneumon Sacarrabo LC

(a) Cabral, M.J. (coord.) Almeida, J., Almeida, P.R., Dellinger, T., Ferrand de Almeida, N., Oliveira, M.E., Palmeirim, J.M., Queiroz, A.L., Rogado, L. & Santos-Reis, M. (eds.) (2006). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. 2ªed. Instituto de Conservação da Natureza/ Assírio & Alvim. Lisboa. 660 pp. (b)Mathias, M.L. (coord) (1999). Guia dos Mamíferos Terrestres de Portugal Continental, Açores e Madeira. 1ª ed. Instituto de Conservação da Natureza. Lisboa. 199 pp.